México 1968 UEF

Transcrição

México 1968 UEF
XIX JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA: MÉXICO 1968
Principais dados:
Países participantes
112
Atletas
5530
Eventos
172 em 20 esportes
Cerimônia de abertura
12 de outubro
Cerimônia de encerramento
27 de outubro
Abertura oficial
Presidente Gustavo Díaz Ordaz
Juramento do atleta
Pablo Garrido
Tocha
Enriqueta Basilio
Estádio principal
Estádio Olímpico Universitário
Os Jogos Olímpicos de 1968 foram realizados na Cidade do México entre 12 e 27 de
outubro de 1968. Pela primeira vez os Jogos foram sediados na América Latina e a
altitude de 2.300m acima do nível do mar da capital mexicana gerou controvérsias
sobre os danos que o ar mais rarefeito poderia causar no desempenho dos atletas.
Realmente, a altitude prejudicou o desempenho dos atletas nas provas de resistência
e de longa distância, como o ciclismo, a natação e a maratona, mas em compensação
ajudou a provocar uma chuva de recordes mundiais e olímpicos nos eventos mais
curtos e de esforço mais rápido como as corridas de menos de 800m, halterofilismo,
lançamento de dardo e outros.
O ano de 1968 foi um ano bastante confuso e violento, com a guerra do Vietnã, a
Revolução Cultural na China, a invasão soviética da Tchecoslováquia tendo como
consequência a Primavera de Praga , revoltas estudantis, marchas pelos direitos civis
e enfrentamentos raciais por todo o planeta.
O México também deu sua contribuição ao clima que marcava esta época, quando
tropas federais do governo reprimiram com violência centenas de estudantes durante
manifestações na Praça das Três Culturas, dez dias antes da cerimônia de abertura
dos Jogos, no que ficou conhecido como o Massacre de Tlatelolco, manchando
irremediavelmente o espírito olímpico pregado pelo COI e por seu fundador, o Barão
de Coubertin, quase provocando o cancelamento do evento.
Pela primeira vez o número de nações participantes passava da centena, numa
demonstração de prestígio, interesse e popularidade inegáveis conquistados pelos
Jogos Olímpicos, que atraíram o comparecimento de 112 países, num total de 5.516
atletas, sendo 781 do sexo feminino.
Nesta edição o percurso da tocha olímpica seguiu a mesma rota feita pelo navegador
Cristóvão Colombo quando descobriu a América, saindo da Espanha, passando pelas
Bahamas até chegar a Vera Cruz na costa mexicana. A conclusão do revezamento
trouxe pela primeira vez na história uma mulher – a atleta Norma Enriqueta Basílio –
que teve a honra de entrar no estádio lotado carregando a tocha para acender a pira
olímpica.
Esta edição também ficou marcada como os Jogos dos atletas afro-americanos, tanto
pela sua performance espetacular nos eventos em que participaram, quanto pelos
inéditos protestos políticos e raciais que trouxeram para dentro do apolítico movimento
olímpico.
A imagem mais marcante desta Olimpíada e que se tornou um ícone fotográfico dos
anos 60 (veja abaixo), foi proporcionada pelos dois atletas negros norte-americanos
Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros rasos, que após
receberem suas medalhas no pódio, levantaram seus braços esticados com as mãos
cobertas por luvas negras e punhos fechados (saudação "black power" do partido
revolucionário negro dos Panteras Negras), em protesto pela segregação racial e
apoio aos movimentos negros em seu país, e abaixaram a cabeça enquanto seu hino
nacional tocava no estádio. Após seu ato, transmitido ao vivo pela televisão para o
mundo todo, os dois foram expulsos da delegação americana e da vila olímpica.
O que é menos conhecido sobre o protesto dos dois atletas dos EUA é que o segundo
colocado na prova, o branco australiano Peter Norman, apoiou o gesto de ambos,
carregando consigo no pódio uma insígnia do Olympic Project for Human Rights,
organização que repreendia o racismo. Foi também Norman quem sugeriu que Smith
e Carlos dividissem o mesmo par de luvas, o único disponível no momento, razão pela
qual o primeiro ergue o braço direito e o segundo, o esquerdo.
O australiano foi muito criticado em seu país natal, onde ainda ocorria legalmente a
segregação da população aborígene, medida a qual ele se opunha. Norman sempre
demonstrou orgulho pelo que fez. Smith, que esteve com Carlos no funeral do
australiano (falecido em 2006), declarou que o segundo colocado "não ergueu seu
punho, mas deu uma mão".
O norte-americano Bob Beamon ganha a medalha de ouro no salto em distância com
aquela que por muitos é considerada a mais espetacular marca já atingida no
atletismo (veja foto abaixo). Ajudado pelo ar rarefeito dos 2.300 m de altura da capital
mexicana, Beamon conseguiu um salto de 8,90m de extensão, mais de meio metro
acima do recorde então vigente, marca tão fantástica que até hoje se mantém como
recorde olímpico e durante mais de vinte anos foi o recorde mundial.
Mantendo a hegemonia da Etiópia na Maratona, Mamo Wolde conquista a terceira
medalha de ouro consecutiva na prova para seu país, correndo no ar rarefeito e
poluído da capital mexicana, cinco dias depois de conquistar a prata nos 10.000m. O
vencedor desta prova, o queniano Naftali Temu, junta sua medalha de ouro às
conquistadas pelos compatriotas Kip Keino e Amos Biwott , nos 1500m e nos 3.000
com obstáculos e os três inauguram a tradição do Quênia no esporte.
Na Cidade do México, todas as provas do atletismo , dos 1500 m até a maratona
foram ganhas por atletas da África, marcando a alvorada do espetacular e completo
domínio que este continente teria no atletismo de longa distância a partir da década de
70 até os dias de hoje.
O homem finalmente quebra a barreira dos 10s para os 100m rasos com Jim Hines,
dos Estados Unidos, que ganha a medalha de ouro com a espetacular marca de
9,90s.
Atletas alemães da parte oriental do país participam dos Jogos com sua própria equipe
como Alemanha Oriental.
A mais popular atleta no México foi a ginasta tcheca Vera Caslavska. Após a invasão
da Tchecoslováquia pelos tanques soviéticos dois meses antes dos Jogos, Caslavska
fugiu do seu país e se escondeu em lugar desconhecido por três semanas, para
reaparecer de repente na capital mexicana e ganhar quatro medalhas de ouro e duas
de prata.No lado masculino, o norte-americano Al Oerter entrou para a história de
recordistas olímpicos ao tornar-se tetracampeão do lançamento do disco.
A ginasta tcheca Vera Caslavska
Duas novidades aconteceram em 1968: o atletismo, o remo, a canoagem, a natação e
as competições eqüestres foram cronometradas manual e eletronicamente, mas pela
primeira vez foram as marcações eletrônicas que se tornaram as oficiais. Além disso,
estes Jogos viram o atleta sueco do pentatlo moderno Gunnar Liljenwall ser o primeiro
desclassificado pelo exame anti-doping. O exame deu positivo para excesso de álcool.
Nestes Jogos, uma nova pista de atletismo, a mais moderna e rápida do mundo, feita
de um novo material chamado tartan, apareceu em competições internacionais.
Este ano marca também a revolução no estilo do salto em altura. Dick Fosbury, um
desconhecido universitário norte-americano, surpreende a todos ao ganhar a medalha
de ouro e quebrar o recorde olímpico da prova saltando de costas a barra de altura e
inventando o salto Fosbury, - em que o atleta corre de frente para a barra, gira no ar e
passa o sarrafo de costas - que a partir daí seria copiado por todos os atletas
especialistas nesta prova. Depois da Cidade do México, o tradicional pulo de frente
para ultrapassar a barra no salto em altura, usado desde Atenas, se tornou
ultrapassado.
John Akhwari, da Tanzânia, fica mundialmente famoso após completar a maratona em
último lugar, com a perna enfaixada e o joelho deslocado por uma queda. Interrogado
depois pelos jornalistas porque havia continuado assim mesmo, foi simples e humilde
na resposta: "Meu país não me mandou aos Jogos Olímpicos para começar a
maratona, mas sim para terminá-la".
Os Jogos do México foram a primeira de três participações olímpicas do futuro
presidente do Comitê Olímpico Internacional Jacques Rogge, competindo na vela.
Trinta e três anos depois, em 2001, ele se tornaria o Presidente da entidade. Esta
também foi a primeira participação olímpica do nadador Mark Spitz, com duas
medalhas de ouro. Esta seria discreta em relação a sua participação seguinte, quatro
anos depois, onde ganharia sete medalhas de ouro.
Portugal teve uma presença discreta no México. Os 20 atletas da comitiva portuguesa
não se adaptaram às condições em que as provas foram disputadas. Na corrida de
3000 metros obstáculos em atletismo, Manuel de Oliveira, que tinha sido quarto
classificado na edição anterior dos Jogos, falhou claramente em sua participação e
não conseguiu sequer se clasificar para a final.
Participação brasileira
O Brasil esteve presente nos Jogos do México com 84 atletas para disputar 13
modalidades. Com eles conquistaria três medalhas, uma de prata, no atletismo com
Nelson Prudêncio (Salto Triplo) e duas de bronze, no boxe sua primeira (e até agora
única) medalha olímpica com Servílio de Oliveira na categoria Peso Mosca (imagem
abaixo); e na vela Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes na categoria Flying Dutchman.
Nestas Olimpíadas, outros resultados expressivos foram a marca de 1,74 metros no
salto em altura, obtida por Maria da Conceição Cypriano, e a vitória na final B do
double skiff com Harry Klein e Edgar Gijsen.
Modalidades disputadas
Atletismo
Basquetebol
Boxe
Canoagem
Ciclismo
Esgrima
Futebol
Ginástica
Halterofilismo
Hipismo
Hóquei sobre a grama
Lutas
Natação
Pentatlo moderno
Pólo aquático
Remo
Saltos ornamentais
Tiro
Vela
Voleibol
Quadro de medalhas
Posição
País
Ouro
Prata
Bronze
Total
1
Estados Unidos
45
28
34
107
2
União Soviética
29
32
30
91
3
Japão
11
7
7
25
4
Hungria
10
10
12
32
5
Alemanha Oriental
9
9
7
25
6
França
7
3
5
15
7
Checoslováquia
7
2
4
13
8
Alemanha Ocidental
5
11
10
26
9
Austrália
5
7
5
17
10
Grã-Bretanha
5
5
3
13
11
Polônia
5
2
11
18
12
Romênia
4
6
5
15
13
Itália
3
4
9
16
14
Quênia
3
4
2
9
15
México
3
3
3
9
16
Iugoslávia
3
3
2
8
17
Países Baixos
3
3
1
7
18
Bulgária
2
4
3
9
19
Irã
2
1
2
5
20
Suécia
2
1
1
4
21
Turquia
2
22
Dinamarca
1
4
3
8
23
Canadá
1
3
1
5
24
Finlândia
1
2
1
4
Etiópia
1
1
2
Noruega
1
1
2
27
Nova Zelândia
1
2
3
28
Tunísia
1
1
2
2
25
Paquistão
1
1
Venezuela
1
1
29
31
Cuba
4
32
Áustria
2
2
4
33
Suíça
1
4
5
34
Mongólia
1
3
4
35
Brasil
1
2
3
Bélgica
1
1
2
Coreia do Sul
1
1
2
Uganda
1
1
2
Camarões
1
1
Jamaica
1
1
36
4
39
41
42
Argentina
2
2
Grécia
1
1
Índia
1
1
República da China
1
1

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