Atualização clínica sobre avanços dos dispositivos
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Atualização clínica sobre avanços dos dispositivos
Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 1 www.eyeworld.org The News Magazine of the American Society of Cataract & Refractive Surgery Anexo para EyeWorld Março 2010 • Baseado na Discussão em Mesa-Redonda no AAO 2009 e r b o s a c i n í l c o ã ç a z i s l o a v i t i Atu s o p s i d s o d s s o o ç c n i a v m l a á t f o s o c i g r ú r i c o visc Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 2 2 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos OVDs Participantes Dr. Samuel Masket é professor de oftalmologia clínica, Jules Stein Eye Institute, David Geffen School of Medicine, Los Angeles. $ ! $ $ $ $ $$ $ $ $$ $ por Dr. Samuel Masket ! $ $ Baseado na Discussão em Mesa-Redonda ocorrida no Congresso da Academia Americana de Oftalmologia de 2009 em São Francisco, Califórnia. $ Dr. Charith N. Fonseka é oftalmologista do National Eye Hospital, Colombo, Sri Lanka. Dr. Abhay R. Vasavada é fundador e diretor do Iladevi Cataract and IOL Research Center, Raghudeep Eye Clinic, Ahmedabad, Índia. Dr. Steve A. Arshinoff, é instrutor clínico de oftalmologia, Universidade de Toronto, Toronto. Dr. Prin RojanaPongpun é chefe do Glaucoma Service and International Affairs, Departamento de Oftalmologia, Universidade de Chulalonkorn, Bangkok, Tailândia. Patrocinado por verba educacional irrestrita da Alcon, Inc. Quando considero o quão longe chegamos na cirurgia de catarata, em todos os campos, penso que mais importante que as lentes dobráveis – talvez ainda mais importante que a própria faco – foi o advento dos OVDs. Quando começamos a implantar lentes, nós não tínhamos nenhum OVD. Em muitos pacientes, não era possível implantar com sucesso sem extrair o vítreo. Pegávamos uma agulha de 22-gauge, inseríamos através da pars plana e aspirávamos o vítreo com o objetivo de criar espaço para implantar a lente. Como resultado, as taxas de complicação eram uma preocupação e poucos cirurgiões conseguiam implantar lentes em um percentual significativo de seus pacientes. Uma vez que os OVDs chegaram ao mercado, cirurgiões de todos os níveis conseguiram alcançar bons resultados em diversas situações clínicas, o que possibilitou um nivelamento do jogo, de modo a não ser mais essencial ser um cirurgião super-habilidoso. Acredito que o fato de estarmos fazendo globalmente cerca de 12 milhões de cirurgia por ano se deve aos OVDs e não à faco ou às lentes dobráveis. Temos que respeitar os OVDs e o que eles fazem. Conforme segue a evolução da tecnologia e dos resultados que esperamos alcançar, os agentes viscoelásticos devem ser mais e mais específicos para a tarefa. Estamos discutindo a comparação entre os agentes com sulfato de condroitina e os agentes com hidroxipropil metilcelulose (HPMC), que ainda está sendo usada em muitos mercados ao redor do mundo. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 3 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos 3 Questão 1: Características críticas dos OVDs Dr. Masket: Que atributos são importantes para você, como cirurgião, quando considera os agentes a serem utilizados em seus pacientes? Dr. Fonseka: O critério mais importante para mim é a proteção do endotélio, assim como o que os OVDs com sulfato de condroitina proporcionam ao tecido. Isto supera todos os outros atributos dos OVDs. Dr. Masket: Pesquisas nos últimos dois anos demonstram que 95% dos cirurgiões acredita que a proteção endotelial é o fator chave. Mas, existem outros atributos dos viscoelásticos que também são importantes. Acho que foi Bob Osher quem disse que o critério mais importante na avaliação da qualidade da cirurgia é a acuidade visual no período pré-operatório precoce, o que pode ser traduzido por transparência corneana. Quais os outros atributos que lhe permitem alcançar a transparência corneana? Dr. Vasavada: Não conseguirei falar o suficiente sobre a importância da proteção endotelial, mas, uma vez reconhecido isto, o outro componente é a inflamação. Independentemente da transparência corneana, se usarmos certos viscoelásticos (outros que não sejam a base de sulfato de condroitina), podemos ter um grau de moderado a grande de flare e células, o que pode não apenas causar problemas de segmento anterior, mas também ser um fator de risco para edema macular cistóide. Dr. Masket: Você poderia se estender um pouco mais sobre esse assunto? Existe algum tipo de produto em particular com o qual você vê esta reação inflamatória? Dr. Vasavada: Todos nós sabemos muito bem que a hidroxipropil metilcelulose (HPMC) é a culpada na maioria dos casos. A realidade é que muitos cirurgiões ao redor do mundo ainda usam metilcelulose e não trocam por nenhum outro viscoelástico, ou apenas em raras ocasiões usam um coesivo ou Viscoat (sulfato de condroitina e hialuronato de sódio, Alcon, Forth Worth, Texas). Eu mudei de metilcelulose para estes produtos há mais de dez anos e houve uma melhora dramática em termos de inflamação. Dr. Masket: Dr. Arshinoff, você é o reologista entre nós, então me diga qual é a grande questão em termos de proteção endotelial e OVDs na sua opinião. Dr. Arshinoff: Quando escolhemos o OVD, nós queremos escolher algo que torne a nossa cirurgia o mais fácil possível para o paciente e queremos, portanto, ter córneas transparentes e bons resultados no primeiro dia. Obviamente, é mais prazeroso para nós, no primeiro dia de pós-operatório, um paciente vendo 20/20 e córnea transparente, não teremos dor de cabeça. Queremos alcançar córneas transparentes e o que todos concordam – e todos têm concordado durante anos – é que o sulfato de condroitina é o melhor conteúdo de um dispositivo para preservar córneas saudáveis e transparentes no primeiro dia. Mas, em muitos locais nós precisamos economizar dinheiro. Este é o problema. Dr. Masket: Dr. RojanaPongpun, no meu entender as tendências no cenário internacional são semelhantes às tendências atuais nos maiores mercados, nos quais os pacientes apresentam certas expectativas. Você tem visto os resultados esperados pelos pacientes e os resultados precoces (muito bons) como fatores significativos na sua escolha do que usar, particularmente em relação aos OVDs? Dr. RojanaPongpun: As expectativas dos pacientes estão muito altas e, com a introdução das lentes Premium, eles estão exigindo ainda mais. Ao considerar os OVDs, devemos olhar para a facilidade cirúrgica. O segundo fator deve ser a transparência corneana e penso no custo como terceiro fator. Em muitos países, cirurgiões podem usar apenas um viscoelástico – o mais custo-efetivo. Dr. Masket: Quando olhamos o custo global do paciente com catarata, não é somente sobre o quanto o produto custa por si só. É sobre o que devemos fazer “ O critério mais importante para mim é a proteção do endotélio, assim como o que os OVDs com sulfato de condroitina proporcionam ao tecido ” Dr. Charith Fonseka para cuidar do paciente durante o período peri-operatório, o número de consultas, talvez o número de colírios para acalmar o olho inflamado. O custo global da cirurgia no período peri-operatório total é a chave determinante que deve ser considerada versus o custo inicial apenas do produto no momento do procedimento. Dr. Fonseka: Existem dois cenários diferentes. Vou resolver que o paciente pague, porque há um grande percentual de situações em muitos mercados nos quais a facoemulsificação está se expandindo. Pacientes não entendem os efeitos de um bom OVD versus um ruim no seu cuidado em longo prazo. Isto pode ser terrivelmente significativo se a córnea pode ser afetada, quando uma mudança simples pode prevenir este problema. Um pequeno aumento de custo pode salvá-los ao longo do tempo. Dr. Arshinoff: Vou comentar sobre o sistema hospital/multi-pagador, como temos no Canadá. A instituição concentra no que é pago inicialmente pelo produto, porque não se envolve com o que acontece com os pacientes que retornam para tratamentos adicionais, incluindo até mesmo transplante de córnea. Por fim, quem sofre é o paciente e, como médicos, estamos muito preocupados com o que pode acontecer. Temos que educar tanto os pacientes como os gerentes das instituições sobre o valor de bons OVDs, de modo a atingir o melhor para os nossos pacientes. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 4 4 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos Questão 2: De onde veio a HPMC? “ [HPMC] não permanece de forma adequada no olho ou protege a córnea tão bem como o sulfato de condroitina ou ácido hialurônico ” Dr. Steve Arshinoff Dr. Masket: Há um grupo de OVDs com mesma faixa de preço e, então, há HPMC. Existe alguém que conheça a história do uso da HPMC e que esteja lidando com ela? Dr. Vasavada: Eu a utilizei por muitos anos. A forma como tem sido fabricada é uma questão. A combinação de fluído com diferentes pH e osmolaridade ao serem combinados é outra questão. Quando você usa o OVD após uma ruptura de cápsula posterior e, se a metilcelulose está lá, ela causará vitreíte. Quando a metilcelulose se combina com uma fluídica ruim ou olhos complicados, torna-se uma péssima combinação. Dr. Arshinoff: Acho que, se vamos falar sobre a metilcelulose, HPMC, temos que entender sua história para, então, descobrir porque a usamos, mesmo sendo um OVD tão ruim. Em 1976 não havia nenhum OVD. Nós tentamos usar tudo o que podíamos encontrar para manter o espaço. Um médico na Alemanha (Fechner) apareceu com a idéia de usar HPMC e ele mesmo produziu. Então, após ele, o Moorfields Eye Hospital (Londres) começou a produzí-la. A HPMC tinha todas as formas de impurezas e causou um problema com inflamação. A primeira empresa a fazer HPMC comercial era da Índia. Eles precisavam de algo melhor que ar ou ringer, mas que também fosse barato. Na verdade, isto foi um avanço para os médicos que não tinham recurso para pagar pelo Healon (hialuronato de sódio, Abbott Medical Optics, Santa Ana, Calif.), que foi, em 1980, o primeiro OVD liberado no mundo. Penso que, se olharmos para o caminho percorrido, a HPMC foi um bom produto para o tempo para o qual foi projetada. Mas, no momento em que estamos agora, à medida que realizamos cirurgias mais complexas e queremos alcançar níveis de qualidade cada vez mais altos, ela não facilita em nada a cirurgia. Este é o problema real. Realmente não é um bom OVD e apresenta muitos problemas relacionados, como já citado. Mas, é barato, e é sobre isto que estamos discutindo. Não estamos dis- cutindo sobre transparência corneana ou manutenção de espaços, porque não há dúvida alguma sobre a supremacia dos OVDs mais novos e mais caros existentes no mercado atualmente. Dr. Masket: Não é bom devido à questão das impurezas ou isto é um problema de reologia? Dr. Arshinoff: Não mantém o espaço de forma eficiente. Não permanece de forma adequada no olho ou protege a córnea tão bem como o sulfato de condroitina ou ácido hialurônico. Simplesmente não é bom como OVD. Dr. Masket: Dr. Arshinoff, como você é o reologista, porque não se estende sobre as propriedades reológicas? Dr. Arshinoff: Quando avaliamos os OVDs, nós medimos a capacidade do mesmo de permanecer dentro do olho. A HPMC simplesmente não sai de maneira eficaz. Sua viscosidade não altera muito com a taxa de cisalhamento. É relativamente plana, então, ao contrário do grupo de produtos como Healon ou Viscoat e DisCoVisc (sulfato sódico de condroitina, hialuronato de sódio, Alcon), não há uma redução significativa da viscosidade do HPMC ao passarmos de um cisalhamento baixo para o alto. Isto nos ajuda a entender reologicamente porque vem com seringas e cânulas maiores; é mais difícil injetar no olho. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 5 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos 5 Questão 3: Os desafios do uso da HPMC Dr. Masket: Uma de suas considerações sobre a reação inflamatória é a habilidade de remover HPMC ao final da cirurgia. Se, isto incita uma reação, é interessante remover do olho. Mas, isto é praticamente impossível com HPMC, certo? Dr. Vasavada: É muito difícil e, mesmo quando aspiramos por trás da LIO, 99,9% das vezes detecto metilcelulose no dia seguinte. É impossível removê-la. Dr. Masket: E sobre a elevação da PIO como resultado disso? Dr. Arshinoff: O aumento da PIO é um dos problemas mais interessantes e mal compreendidos em relação aos OVDs. O problema é que o pico da PIO é máximo entre 8 e 12 horas após a cirurgia. Ninguém mede a PIO neste período. Ninguém vai trazer o paciente de volta às 4 da manhã ou à meia-noite para medir sua pressão intraocular. Se deixado no olho, qualquer OVD vai causar picos de pressão e o pico de pressão será proporcional à quantidade deixada. Mas o pico de pressão não é tão alto no primeiro dia pós-operatório porque não medimos na 12ª hora do pósoperatório. Dr. Fonseka: A pressão intraocular nos olhos examinados no primeiro dia de pós-operatório está diretamente relacionada à quantidade de inflamação. Se tivermos um olho inflamado, a pressão intraocular pode ser bem alta. Outro ponto é que perdemos muito tempo tentando remover HPMC e, enquanto fazemos isto, estamos usando muito fluido de infusão, o que também é lesivo para as estruturas intraoculares. Dr. Masket: Outro ponto importante, pelo fato de termos que lavar com grande quantidade de fluído é que além do volume maior, aumenta a quantidade de impurezas que podem vir no fluído. Dr. Arshinoff: Uma coisa muito boa em relação ao sulfato de condroitina é que podemos deixar um pouco no olho. Dr. Masket: Em nossos países, vocês tem tido problemas ao longo dos anos com a fabricação de agentes que não vinham conforme as especificações? Quais os problemas que vocês tiveram? Dr. Vasavada: A imprevisibilidade é um problema. HPMC pode causar inflamação séria. Também tivemos detecção de fungos em alguns frascos produzidos localmente. Inflamação e contaminantes são os principais problemas. Dr. Masket: Dr. RojanaPongpun, e quanto ao Sudeste Asiático? Existe algum produto que particularmente problemático e que deveria ser removido do mercado? Dr. RojanaPongpun: Fico feliz porque na maior parte do Sudeste Asiático a HPMC não é mais aceita, mesmo quando os pagadores são terceiros, como as agências governamentais. Dr. Masket: E no Sri Lanka? Você se recorda de algum produto problemático e que teve que ser removido? Dr. Fonseka: Recentemente tivemos um surto relacionado a um lote particular de HPMC. Estes são comercializados em cilindros pré-preenchidos de modo que ainda podemos ter ataques muito sérios. Temos pacientes que posteriormente perderam seus olhos. Isto levanta muitas questões litigiosas. Dr. Masket: Então, as inconsistências de fabricação parecem ser um tema comum. Será que isto ocorre por ser a HPMC de base vegetal? Todos os nossos problemas vão embora quando eliminamos a metilcelulose? Dr. Arshinoff: A questão é simplesmente que a sua performance não é boa durante a cirurgia. Vamos dizer que você é um cirurgião excelente com uma taxa de complicação de 0,2% e que, ao utilizar metilcelulose, atinge uma taxa de complicação de 3%. Isto é uma diferença enorme. Haverá muita gente retornando para novos procedimentos, problemas, acompanhamento e você “ Na maior parte do Sudeste Asiático a HPMC não é mais aceita, mesmo quando os pagadores são terceiros, como as agências governamentais ” Dr. Prin RojanaPongpun definitivamente não terá economizado dinheiro ou se poupado. Você pode ter economizado o dinheiro do hospital, porque ele não está pagando pelas complicações, mas não terá poupado o paciente ou você próprio. Cirurgiões têm a sua performance avaliada pelas taxas de complicações. Se você tem uma alta taxa de complicação em conseqüência de usar dispositivos inferiores, você estará na realidade destruindo a sua própria clínica. O seu tempo será gasto lidando com complicações ao invés de estar realizando novos casos. Dr. Fonseka: Em nossa parte do mundo, a maioria dos cirurgiões tem uma alta proporção de casos complexos comparado aos países ocidentais. Dr. Arshinoff: Cirurgiões querem usar bons OVDs para tornar seus casos mais fáceis, porque isto torna tudo muito melhor. Isto reduz suas taxas de complicação. Dr. Vasavada: Acho que isto é muito importante – o aspecto global – e temos que aconselhar mais o paciente e pressionar pela qualidade. Dr. Fonseka: Nós aprimoramos os nossos microscópios, mas não pressionamos por viscoelásticos do mesmo modo. Penso que uma das razões é que as pessoas não entendem bem os viscoelásticos. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 6 6 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos Questão 4: Entendendo a importância do melhor OVDs “ Podemos usar máquinas antiquadas e ter o trabalho feito, mas não podemos usar proteção reológica antiquada e ter o trabalho feito. ” Dr. Samuel Masket Dr. Masket: Penso que o principal fator no sucesso da cirurgia de catarata e implante é o OVD, e não algum outro avanço. Mas, não acho que isto seja reconhecido pelos cirurgiões ou por terceiros pagantes. Dr. Arshinoff: O que seria mais problemático: usar uma máquina de faco com oito anos de uso ou não usar um OVD? Você teria um desastre com a máquina mais moderna existente caso não usasse um OVD, enquanto ao usar uma máquina mais velha, você apenas apertaria os botões de forma diferente. Com um bom OVD, a cirurgia continua terminando bem, mesmo que leve mais tempo para se conseguir uma córnea transparente. Dr. Masket: Um aparelho de faco novo e reluzente com todos os novos parâmetros de energia é muito emocionante para o cirurgião. Acho que o OVD não desperta o mesmo interesse ou atração para o cirurgião e, de alguma maneira, essa mensagem deve ser passada adiante. Vamos falar sobre os agentes que temos hoje em dia, particularmente os agentes com base de sulfato de condroitina, e como eles nos possibilitam obter a proteção que os nossos pacientes precisam e requerem. Dr. Arshinoff: O interessante sobre OVDs é ter sido o início com o Healon, depois tivemos o Viscoat e, então, tivemos a idéia de usá-los em conjunto. Uma companhia tentou fazer um dispositivo que apresentasse todas as propriedades sob diferentes condições de fluxo e apareceram com o Healon 5 (AMO), que troca as propriedades quando as taxas de fluxo são alteradas. Então, a Alcon apresentou o DisCoVisc para tentar cobrir todas as propriedades de um dispositivo ao fazê-lo tanto viscoso como dispersivo, porque todos os dispositivos viscosos eram coesivos e todos os de baixa viscosidade eram dispersivos. Dr. Masket: Eu uso DisCoVisc e Viscoat quando opero um paciente com guttata, que são pessoas com as córneas comprometidas. Já fiz um bom número de casos – 400 a 500 – e mantiveram córneas transparentes. Uso o Viscoat contra o endotélio e o DisCoVisc por todas as suas características, particularmente pela transparência. Eu uso em pacientes com doenças endoteliais para poupá-los de transplantes de córnea e até o momento eles estão muito bem. Dr. Arshinoff: Mas ninguém de nós usa HPMC em casos complicados. Isto não deve nem ser considerado. Dr. Masket: Este foi um ponto importante levantado. Podemos usar máquinas antiquadas e ter o trabalho feito, mas não podemos usar proteção reológica antiquada e ter o trabalho feito. Dr. Arshinoff: Certo. Você não pode usar soro ou ar. Dr. Masket: Você até poderia utilizar LIOs com vinte anos e alcançar um bom resultado. Dr. Arshinoff: O paciente ainda poderia enxergar. Mas, posso falar para vocês, sem um bom OVD, eu nunca faria cirurgia de catarata bilateral, o que faço em 90% das vezes. O DisCoVisc é retido na câmara anterior mesmo após o implante da LIO Fonte: Dr. Abhay Vasavada Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 7 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos 7 Questão 5: Proteção contra radicais livres Dr. Masket: Alguém tem interesse na discussão sobre radicais livres? usando métodos laboratoriais estabelecidos, o que foi feito por nós. Dr. Vasavada: Penso que a proteção de radicais livres é muito importante, especialmente em olhos complicados. Fizemos um estudo com a Alcon que demonstrou que ao usarmos sulfato de condroitina versus Healon puro, ou ProVisc, ou hialuronato de sódio, a proteção de radicais livres é muito melhor com o OVD a base de sulfato de condroitina. Penso que isto deve ser mantido em mente em todos os casos, mas principalmente em olhos complicados. Dr. Masket: Onde o OVD entra em ação em termos de radicais livres? Dr. RojanaPongpun: Precisamos fazer com que os clínicos entendam e vejam estes benefícios. Dr. Vasavada: Os clínicos podem não ser capazes de ver isto imediatamente, já que apresenta um impacto em longo prazo. No entanto, é possível medir Dr. Vasavada: Os radicais livres são gerados por varias razões, físicas e químicas. Qualquer dispositivo que recobre e permanece no local irá obviamente ajudar a proteger. Enquanto o HA por si só já demonstrou reduzir os radicais livres, é a adição do sulfato de condroitina que compõe esse efeito. Ela age como um tampão contra a turbulência e tem um impacto reagente alternativo que abranda as moléculas dos radicais livres. Dr. Arshinoff: O Viscoat é bem retido, então eu usaria se essa é a preocupação. Se a maior preocupação são os radicais livres, então você deverá usar uma camada mais espessa de Viscoat, porque ele permanecerá lá. “ Os radicais livres são gerados por varias razões, físicas e químicas. Qualquer dispositivo que recobre e permanece no local irá obviamente ajudar a proteger ” Dr. Abhay Vasavada Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 8 8 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos Questão 6: Técnicas e impactos do OVD Dr. Masket: Estou curioso para saber o que você usa como seu OVD em um caso rotineiro. Na grande variedade de casos de cataratas que você lida, qual o seu agente preferido e como você o utiliza? Dr. RojanaPongpun: Eu uso principalmente a técnica de Soft Shell. Dr. Masket: Algumas pessoas usam DuoVisc como dois agentes separados. Eles usam o Viscoat no início da cirurgia, permitindo que proteja a córnea durante o processo da faco. Devido a sua fácil remoção, eles usam o ProVisc (hialuronato de sódio, Alcon) para o implante da lente. Outro ponto é se você trabalha com Healon 5 e não cria um espaço fluido, você praticamente não consegue fazer a capsulorrexis, a pedra fundamental da cirurgia de catarata. Dr. RojanaPongpun: Não poderia concordar mais, porque para mim, o tamanho e a localização da capsulorrexis são muito importantes para assegurar o implante da lente. Mesmo naqueles casos que falham ou tem uma ruptura da cápsula posterior, mas que consigo ter uma boa capsulorrexis anterior, então eu posso assegurar que o implante irá ocorrer. Dr. Masket: Do ponto de vista da preferência cirúrgica, a habilidade para realizar a capsulorrexis está relacionada ao OVD. Eu prefiro o uso de uma pinça para criá-la. Sempre senti ter mais controle da ponta solta da cápsula. Mas, para isto, preciso de um OVD que mantenha o espaço para mim. DisCoVisc se tornou o meu agente preferido devido à manutenção de espaço durante a capsulorrexis, a qual eu considero a parte mais importante da cirurgia. O OVD é a chave para a capsulorrexis. Dr. Arshinoff, e você? Em uma cirurgia de rotina, qual o seu método padrão e por quê? Dr. Arshinoff: Normalmente tenho muitos OVDs em meu centro cirúrgico. Não tenho apenas um OVD como em alguns lugares. Tenho seis ou oito, de forma que posso escolher entre eles. Penso que a vantagem de usar DisCoVisc em relação ao Viscoat, por exemplo, é ser muito mais estável quando temos cisalhamento de zero. Como você disse, isso torna a capsulorrexis mais fácil. Não há nada comparado ao DisCoVisc em termos de viscosidade de cisalhamento zero. Dr. Vasavada: Descobrimos que a transparência é maravilhosa com o DisCoVisc e posso realizar a capsulorrexis com uma agulha de forma muito controlada sem qualquer problema. Penso que DisCoVisc é um excelente agente para a capsulorrexis em situações complicadas. Dr. Masket: Particularmente as cataratas brancas. Em seu dia a dia, qual os agentes que você usa? Dr. Vasavada: Hoje em dia uso a técnica de Soft Shell – Viscoat e ProVisc – porque o DisCoVisc só chegou ao mercado na Índia no mês passado. Eu vou mudar para DisCoVisc. Mas, em 10 a 15% dos casos eu ainda vou preferir a Soft Shell, usando o Viscoat separado. Agora vou usar DisCoVisc em todas as fases da capsulorrexis, antes da remoção dos fragmentos e antes da I/A do córtex. Será mais fácil para mim porque irá me proporcionar espaço adicional. Poderei, então, usar a garrafa em uma altura menor no início do procedimento de remoção cortical e daí por diante. Dr. Masket: Dr Fonseka, sei que você tem muitos casos de cataratas avançadas. O que você tem usado de rotina? Dr. Fonseka: Soft Shell, ou então uso apenas o Viscoat. Gosto da sensação de ter um pouco de dispersivo na íris, assim como protegendo o endotélio. Técnica de Soft Shell Fonte: Dr. Abhay Vasavada Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 9 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos 9 Questão 6: Técnicas e impactos do OVD, continuação Cirurgião compartilha suas preferências e técnicas Dr. Steve Arshinoff, instrutor clínico de oftalmologia da Universidade de Toronto, usa diversos dispositivos viscocirúrgicos oftálmicos (OVDs) – mas nenhum que contenha hidroxipropil metilcelulose (HPMC). “Eu não uso pelo simples fato de que eles não são muito viscosos nem muito elásticos”, disse o Dr. Arshinoff. “Em termos do que você espera de um OVD, eles são geralmente os piores. Alguns HPMC mais recentemente modificados apresentam propriedades viscoelásticas melhores, mas a principal razão para usar HPMC é por serem mais baratos”. Dr. Arshinoff acredita que os cirurgiões tenham suas preferências em OVD e ele partilhou algumas das suas. Cirurgiões devem manter em mente que qualquer OVD ou método de uso terá vantagens e desvantagens, e ele é direto sobre tudo isso. Para começar, ele disse que o DisCoVisc (sulfato sódico de condroitina, hialuronato sódico, Alcon, Forth Worth, Texas) pode ser usado com sucesso em todas as etapas da facoemulsificação. O DisCoVisc é o primeiro OVD que combina alta viscosidade e dispersão. “Funciona para todos os passos da faco”, disse Dr. Arshinoff. “Mas você nunca conseguirá com apenas um OVD o que você pode conseguir com uma combinação de diferentes OVDs. O DisCoVisc apresenta propriedades “meiotermo” e não propriedades extremas em relação à viscosidade e dispersãocoesão”. Em casos difíceis ou em complicações, no entanto, Dr. Arshinoff prefere outros OVDs, de acordo com a técnica. Todos vemos pacientes de 80 anos com pseudoexfoliação e instabilidade lenticular", disse ele. “Nesses pacientes, e em outros casos complicados, eu realizo a técnica de soft shell – ou ultimate soft shell”. Dr. Arshinoff explicou que a técnica soft shell pode ser aplicada com sucesso usando Viscoat (sulfato sódico de condroitina ,hialuronato sódico, Alcon), um OVD dispersivo, e ProVisc (hialuronato sódico, Alcon), um OVD coesivo. Os dois são comercializados pela Alcon em uma embalagem descartável chamada DuoVisc. Outra maneira é utilizar a chamada ultimate soft shell, descrita pelo Dr. Arshinoff como o uso de OVDs viscoadaptativos, como o Healon 5 (Abbott Medical Optics, AMO, Santa Ana, Calif.) para bloquear espaço ao invés de preenchê-lo. Ele descreveu esta técnica em artigo publicado no Journal of Cataract and Refractive Surgery de Setembro de 2002. “A técnica de ultimate soft shell compartimenta a câmara anterior utilizando o fluido de baixa viscosidade final – água”, escreveu Dr. Arshinoff. “O uso desta técnica facilita a cirurgia de catarata com OVDs viscoadaptativos e facilita a remoção dos mesmos ao final do procedimento”. Dr. Arshinoff discutiu a importância do sulfato de condroitina. “Há um tempo mais longo de permanência no olho adjacente às células endoteliais corneanas. Sulfato de condroitina quando usado sozinho é um fluido Newtoniano de baixa viscosidade que é muito dispersivo”, disse ele. “Portanto, é protetor para a córnea, pois recobre as células endoteliais sem ser carregado pela irrigação”. “Sulfato de condroitina é de grande ajuda, principalmente nas variantes da técnica de soft shell quando ocorre ruptura da cápsula posterior ou ruptura zonular e, junto com o Healon 5, em casos IFIS, quando o papel físico fundamental é compartimentar espaços, para, então, proteger espaços selecionados da turbulência da irrigação”, disse ele. “Geralmente, o edema corneano no primeiro dia de pós-operatório é minimizado ao utilizar OVDs que contenham sulfato de condroitina, como o Viscoat”. “ Gosto das propriedades do DisCoVisc ao lidar com cataratas brancas porque permite melhor manutenção do espaço. Paralisa a saída do córtex liquefeito e retifica a cápsula anterior ” Dr. Samuel Masket Dr. Masket: Alguém quer fazer algum comentário sobre a alteração de sua técnica de OVD em olhos com comorbidades? Vamos falar sobre como manejamos nossos OVDs ao usar corantes capsulares em cataratas brancas. Dr. RojanaPongpun: Primeiro eu injeto Viscoat para recobrir o endotélio, coloco o azul de Tripan e rapidamente o retiro, porque não preciso de uma grande quantidade de corante na cápsula. Precisamos apenas aumentar a visualização. Dr. Masket: Eu faço sob ar, utilizando o meu próprio método. Faço um pequeno botão de DisCoVisc na incisão acessória para evitar a saída do ar e trabalho sob uma bolha de ar. Não é necessário corar demais a cápsula com o azul de tripan. Depois troco o ar por DisCoVisc. Gosto das propriedades do DisCoVisc ao lidar com cataratas brancas porque permite melhor manutenção do espaço. Paralisa a saída do córtex liquefeito e retifica a cápsula anterior, de modo que gosto muito. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:28 AM Page 10 10 Atualização Clínica sobre Avanços dos Dispositivos Viscocirúrgicos Oftálmicos Questão 7: Porque boa reologia equivale à boa faco “ Faco é, de fato, reologia aplicada. Se não temos boa reologia com o nosso aparelho de faco ou OVDs, não teremos boas cirurgias e os resultados serão ruins ” EyeWorld: Dr. Arshinoff, no Journal of Cataract and Refractive Surgery há alguns anos, o senhor explicou com um diagrama as diferentes propriedades reológicas – coesivo, dispersivo, viscoadaptativo. Ao se deparar com as questões dos OVDs, é mais importante pensar sobre as propriedades reológicas ou sobre a verdadeira face química do OVD? Dr. Arshinoff: É a química do OVD que resulta nas propriedades reológicas do mesmo, então esta é uma questão de difícil resposta. Você quer ter um componente químico que seja não tóxico, proteja, se relacione bem com os tecidos. Mas você quer tê-lo em uma embalagem que seja reologica e funcionalmente muito boa para nós. Estamos mais exigentes com as lentes multifocais, pequenas detalhes começam a fazer diferença. Todos esperam que sua cirurgia seja perfeita: capsulorrexis perfeita, lente perfeita, bordos totalmente cobertos, cápsula totalmente transparente e córnea perfeita. Dessa forma, então, o paciente Dr. Steve Arshinoff Um OVD dispersivo é acrescentado durante a remoção de fragmentos de umacatarata densa para proteger o endotélio Fonte: Dr. Abhay Vasavada Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:29 AM Page 11 pode enxergar bem com lentes multifocais. O mais importante é usar OVDs de boa qualidade para alcançar este resultado, caso contrário, não irá funcionar. Se tivermos um paciente com lente multifocal que retorna cinco anos depois com perda de células endoteliais e edema inicial de córnea, sua visão será horrível e isso será um problema enorme. Estamos dizendo: “O cirurgião deve abandonar a HPMC”. Mas ao mesmo tempo, a comunidade deveria ser mais crítica em relação ao modo com o qual estamos operando, porque se estamos causando dano endotelial, todos os truques elaborados usados não servem de nada. Nós, simplesmente, complicamos a nossa cirurgia por coisas simples que deixamos de fazer. Os OVDs são de importância vital para uma boa cirurgia. Faco é, de fato, reologia aplicada. Se não temos boa reologia com o nosso aparelho de faco ou OVDs, não teremos boas cirurgias e os resultados serão ruins. “ Todos esperam que sua cirurgia seja perfeita. O mais importante é usar OVDs de boa qualidade para alcançar este resultado, caso contrario, sua visão será horrível em cinco anos. ” Dr. Steve Arshinoff O anexo foi produzido pela EyeWorld sob verba educacional da Alcon. Copyright 2010 ASCRS Ophthalmic Corporation. Todos os direitos reservados. As visões expressas aqui não refletem necessariamente as do editor ou corpo editorial e não implica endosso pela EyeWorld ou ASCRS. Alcon supplement Portugues 2:Layout 1 4/7/10 8:29 AM Page 12 VIS555P