vitoria de nelio
Transcrição
vitoria de nelio
Cecília Rocha e Clara Araújo Ilustrações de Impact Storm Nélio, um menino de 11 anos, levantou-se do banco da praça onde dormira naquela noite. Sentia frio. Perambulando pelas ruas com outras crianças, acostumara-se com esta vida ao relento. Dona Honorina, sua mãe, não conseguira fazê-lo ficar ao seu lado. A miséria os atingira depois da morte de seu marido, e Nélio, desde então, vendia balas nos sinais de trânsito, até que um dia fugiu de casa. Dona Honorina, aflita, tentou encontrá-lo, mas foi em vão. O menino desapareceu e ninguém mais o viu pelas redondezas. — Hoje está fazendo muito frio! – exclamou Nélio para a turma que o acompanhava. — Preciso tomar alguma coisa quente. Os meninos, meio debochados, sorriam e diziam: — Ora, Nélio, você ainda está dormindo? Não sonhe. Quem vai nos aquecer com uma sopa quentinha? Será a sua mamãezinha? Nélio, aborrecido com a gozação, saiu a correr e separou-se de seus companheiros... Às vezes eles o chateavam com tantas brincadeiras sem graça. Mas gostava de tê-los por perto, pois era mais seguro enfrentar, em grupo, os perigos das ruas. Tão distraído estava com seus pensamentos que não notou que um senhor o olhava fixamente, parado à porta de uma pequena loja. — Oi, menino! – chamou o homem. Nélio assustou-se. Não gostava de pessoas estranhas. — O senhor está falando comigo? — É claro. Qual é o seu nome? — Chamo-me Nélio. – respondeu o garoto. — Percebi que você está com frio. Não tem agasalho? — Não. Vivo nas ruas e perdi a manta velha que possuía. — Venha comigo. Vou lhe dar um casaco. Nélio, meio desconfiado, seguiu o bom homem. Ao entrar na loja, reparou que era uma mercearia, bem sortida de bebidas (leite, refrigerantes, sucos) e alimentos. Sentiu fome. O senhor foi até os fundos da loja, abriu um armário e deu-lhe um casaco de lã, do seu tamanho. — Tome-o para você. Tenho certeza de que fará bom uso dele. Nélio estava impressionado, nunca recebera um presente tão bonito como aquele! — Chamo-me Augusto e quero ajudá-lo com mais alguma coisa. Nélio pensou e disse: — Posso pedir o que eu quiser? Augusto sorriu e respondeu: — Pode. — O senhor me daria um sanduíche? Estou com fome, pois há dois dias não como. — Darei não só o sanduíche, mas também outros alimentos. Que tal um chocolate quentinho e biscoitos? — Oba, que gostoso!