Capítulo 5: Transformações Lineares
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Capítulo 5: Transformações Lineares
5 Livro: Introdução à Álgebra Linear Autores: Abramo Hefez Cecília de Souza Fernandez Capítulo 5: Transformações Lineares Sumário 1 O que são as Transformações Lineares? 2 Núcleo e Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 3 . . . . . . 124 2.1 O Núcleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 2.2 A Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 2.3 O Teorema do Núcleo e da Imagem . . . . . . . . . 134 Operações com Transformações Lineares 123 . . . . . 144 124 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES As funções naturais no contexto dos espaços vetorais, as chamadas de transformações lineares, formam uma classe muito especial de funções que têm muitas aplicações na Física, nas Engenharias e em vários ramos da Matemática. 1 O que são as Transformações Lineares? As funções nas quais se está interessado na Álgebra Linear são as funções cujos domínios e contradomínios são espaços vetoriais e que, além disso, preservam as operações de adição de vetores e de multiplicação de um vetor por um escalar. Isto é o conteúdo da denição a seguir. Sejam V e é uma função (i) (ii) W espaços vetoriais. Uma transformação linear de V em W T : V → W que possui as seguintes propriedades: T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + T (v2 ), T (av) = aT (v), para quaisquer para quaisquer v em V e a v1 e em v2 em V; R. As propriedades (i) e (ii) são equivalentes à seguinte propriedade: T (v1 + av2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ), para quaisquer v1 e v2 em V e para qualquer a em (1) R. É esta caracterização das transformações lineares que utilizaremos, por ser mais prática, para mostrar que determinada função entre espaços vetoriais é uma transformação linear. T: V →W é uma transformação linear se, e somente se, para todos v1 , . . . , vr ∈ V e todos a1 , . . . , ar ∈ R, tem-se que Mostra-se por indução (veja Problema 1.1) que uma função T (a1 v1 + · · · + ar vr ) = a1 T (v1 ) + · · · + ar T (vr ). (2) Vejamos a seguir alguns exemplos. Exemplo 1. A função transformação linear. T : R2 → R, dada por T (x, y) = x + y , é uma 1. 125 O QUE SÃO AS TRANSFORMAÇÕES LINEARES? v1 = (x1 , y1 ) ∈ R2 , v2 = (x2 , y2 ) ∈ R2 De fato, se e a ∈ R, temos que T (v1 + av2 ) = T (x1 + ax2 , y1 + ay2 ) = x1 + ax2 + y1 + ay2 = (x1 + y1 ) + a(x2 + y2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ). Portanto, T é uma transformação linear de Exemplo 2. A função T : R3 → R2 , R2 dada por em R. T (x, y, z) = (x − y, y − z), é uma transformação linear. v1 = (x1 , y1 , z1 ) ∈ R3 , v2 = (x2 , y2 , z2 ) ∈ R3 De fato, se e a ∈ R, então T (v1 + av2 ) = T (x1 + ax2 , y1 + ay2 , z1 + az2 ) = (x1 + ax2 − (y1 + ay2 ), y1 + ay2 − (z1 + az2 )) = ((x1 − y1 ) + a(x2 − y2 ), (y1 − z1 ) + a(y2 − z2 )) = (x1 − y1 , y1 − z1 ) + a(x2 − y2 , y2 − z2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ), mostrando que Exemplo 3. T é uma transformação linear de A função R3 em R2 . T : R → R, dada por T (x) = 5x, é uma transformação linear. De fato, se x1 , x2 , a ∈ R, temos que T (x1 + ax2 ) = 5(x1 + ax2 ) = 5x1 + a5x2 = T (x1 ) + aT (x2 ). Portanto, T é uma transformação linear de R Na realidade, toda transformação linear de x ∈ R, onde c Exemplo 4. em R. R em R é da forma T (x) = c·x, é uma constante real; e reciprocamente (veja Problema 1.2). A função T : R2 → R3 , dada por T (x, y) = (0, 0, 0), transformação linear. De fato, dados v1 e v2 em R2 e dado a ∈ R, tem-se que T (v1 + av2 ) = (0, 0, 0) = (0, 0, 0) + a(0, 0, 0) = T (v1 ) + aT (v2 ), é uma 126 CAPÍTULO 5. mostrando que T TRANSFORMAÇÕES LINEARES é uma transformação linear. V e W são espaços vetoriais, a função T : V → W , dada por T (v) = 0, v ∈ V , é uma transformação linear, chamada transformação nula . A transformação nula de V em W será também denotada por 0. Mais geralmente, se Exemplo 5. A função T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (x2 , y) não é uma transformação linear. Com efeito, se tomarmos v1 = (1, 0) e v2 = (−1, 0), então T (v1 + v2 ) = (0, 0) 6= (2, 0) = T (v1 ) + T (v2 ). Exemplo 6. função f (x) um polinômio arbitrariamente T : R[x] → R[x], dada por T (p(x)) = p(f (x)), é Seja xado em R[x]. A uma transformação linear. p1 (x), p2 (x) ∈ R[x] De fato, se e a ∈ R, temos que T (p1 (x) + ap2 (x)) = p1 (f (x)) + ap2 (f (x)) = T (p1 (x)) + aT (p2 (x)), mostrando que Exemplo 7. T é uma transformação linear. T : Rn → Rm é uma transformação linear se, e números reais aij , com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n, tais que Uma função somente se, existem T (x1 , . . . , xn ) = (a11 x1 + · · · + a1n xn , . . . , am1 x1 + · · · + amn xn ), fazendo jus ao adjetivo linear associado à palavra transformação. Para a demonstração deste resultado, veja Problema 1.3. Como a maioria dos resultados a seguir é evidente para espaços vetoriais nulos, vamos sempre considerar o domínio e o contradomínio de uma transformação linear como espaços vetoriais não nulos. Como consequência da propriedade (1), temos que uma transformação T : V → W transforma o vetor nulo de V T (0) = 0. De fato, linear no vetor nulo de W, ou seja, 0 = T (0) − T (0) = T (0) + (−1)T (0) = T (1 · 0 − 1 · 0) = T (0). 1. 127 O QUE SÃO AS TRANSFORMAÇÕES LINEARES? T ter como domínio e contradomínio espaços T (0) = 0 não implica que ela seja uma transformação Porém, o fato de uma função vetoriais e satisfazer linear, como mostra o Exemplo 5. Uma propriedade importante de uma transformação linear é que ela ca totalmente determinada se conhecermos seus valores nos vetores de uma base de seu domínio. Mais precisamente, temos o resultado a seguir. Seja α = {v1 , v2 , . . . , vn } uma base de um espaço vetorial V . Sejam w1 , w2 , . . . , wn vetores de um espaço vetorial W . Então existe uma única transformação linear T : V → W tal que T (vj ) = wj para todo Teorema 5.1.1. 1 ≤ j ≤ n. Demonstração Tomemos v ∈ V. Como α é uma base de de modo único como uma combinação linear dos vetores de Dena T: V →W A função T V , v se escreve α, digamos v = a1 v1 + a2 v2 + · · · + an vn . (3) T (v) = a1 w1 + a2 w2 + · · · + an wn . (4) por a1 , a2 , . . . , an são uniT é uma transformaSuponhamos que w = está bem denida, pois os números reais v. a em R camente determinados a partir de Além disso, ção linear. e De fato, tomemos b1 v1 + b2 v2 + · · · + bn vn . w em V. Como v + aw = (a1 + ab1 )v1 + (a2 + ab2 )v2 + · · · + (an + abn )vn , segue que T (v + aw) = (a1 + ab1 )w1 + (a2 + ab2 )w2 + · · · + (an + abn )wn = (a1 w1 + a2 w2 + · · · + an wn ) + a(b1 w1 + b2 w2 + · · · + bn wn ) = T (v) + aT (w). Para mostrar que T (vj ) = wj , xe j, onde 1 ≤ j ≤ n. vj = 0v1 + · · · + 1vj + · · · + 0vn , Como 128 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES segue de (4) que T (vj ) = 0w1 + · · · + 1wj + · · · + 0wn = wj . Vejamos agora que T é a única função com as propriedades desejadas. Para isto, suponhamos que S(vj ) = wj para todo linearidade de S S : V → W seja uma transformação j , com 1 ≤ j ≤ n. Tomemos v ∈ V . linear tal que Por (3) e pela (propriedade (2)), temos que S(v) = a1 S(v1 ) + a2 S(v2 ) + · · · + an S(vn ). Como S(vj ) = wj para todo 1 ≤ j ≤ n, obtemos S(v) = a1 w1 + a2 w2 + · · · + an wn = T (v). Como v∈V Exemplo 8. foi tomado de modo arbitrário, segue que S = T. Para determinarmos a transformação linear T : R2 → R3 tal T (1, 1) = (0, 2, 1) e T (0, 2) = (1, 0, 1) devemos, pelo Teorema 5.1.1, 2 vericar que α = {(1, 1), (0, 2)} é uma base de R e calcular as coordenadas 2 de um vetor de R na base α. Ora, como α é linearmente independente e dim R2 = 2, temos que α é uma base de R2 . Além disso, se (x, y) ∈ R2 , então que (x, y) = a1 (1, 1) + a2 (0, 2) se, e somente se, a1 = x e a2 = y−x . 2 Portanto, y−x T (x, y) = xT (1, 1) + T (0, 2) 2 y−x = x(0, 2, 1) + (1, 0, 1) 2 y−x x+y = , 2x, . 2 2 Problemas 1. 1.1 129 O QUE SÃO AS TRANSFORMAÇÕES LINEARES? Sejam V e W dois espaços vetoriais e T: V → W uma função. Prove que as seguintes armações são equivalentes: T (u + v) = T (u) + T (v) qualquer a em R; (a) (b) e T (av) = aT (v), T (u + av) = T (u) + aT (v), para quaisquer para quaisquer u e v em V u e v em e qualquer a V e em R; (c) em 1.2 T (a1 v1 + · · · + ar vr ) = a1 T (v1 ) + · · · + ar T (vr ), V e quaisquer a1 , . . . , ar em R. Mostre que existe c∈R tal T : R → R é uma transformação que T (x) = cx, para todo x ∈ R. 1.3 Seja T : Rn → Rm uma função. Mostre que se, e somente se, existem números reais aij , T com para quaisquer v1 , . . . , vr linear se, e somente se, é uma transformação linear 1≤i≤m e 1 ≤ j ≤ n, tais que T (x1 , . . . , xn ) = (a11 x1 + · · · + a1n xn , . . . , am1 x1 + · · · + amn xn ). Sugestão T é da forma desejada, escreva (x1 , . . . , xn ) = e1 , . . . , en é a base canônica de Rn . Ponha T (ei ) = Para mostrar que x1 e1 + · · · + xn en , onde (a1i , . . . , ami ) e use a igualdade 1.4* por (2). A recíproca é uma vericação fácil. V = M(n, n) e seja B em V . Dena a função T : V → V T (A) = AB + BA para toda matriz A em V . Mostre que T é uma Considere transformação linear. 1.5 Mostre que a função T : M(m, n) → M(n, m), denida por T (A) = At , é uma transformação linear. 1.6 Dada uma transformação linear calcule em função de (a) 1.7 T (u + v); u e (b) T tal que T (u) = 2u T (v) = u + v , v: T (3v); (c) T (−3u); (d) T (u − 5v). Quais das funções abaixo são transformações lineares? Justique as res- postas dadas. (a) e T : R3 → R3 , onde T (x, y, z) = (x + y, x − z, 0). 130 (b) (c) CAPÍTULO 5. T : R2 → R3 , TRANSFORMAÇÕES LINEARES T (x, y) = (x2 , x, y). " # 2x x − y T : R2 → M(2, 2), onde T (x, y) = . x+y 2y onde (d) T : R2 → R, (e) T : R[x]2 → R[x]2 , onde T (ax + b) = ax2 + bx. (f ) T : R[x]d → R[x]d , onde T (x) = x + a, onde T (x, y) = xy . com 1.8 Determine (a) T (1, 2) = (3, 1, 1) (b) T (1, 1, 1) = (2, −1, 4), T (1, 1, 0) = (3, 0, 1) 1.9 Sejam n e m e a transformação linear e 2 tal que: e T (1, 0, 0) = (−1, 5, 1). V e T : V →W T (v1 ) = T (v2 ) = · · · = T (vn ) = 0 se, uma base de um espaço vetorial uma transformação linear. Mostre que T T : Rn → Rm T (1, 1) = (1, −1, 0); {v1 , v2 , . . . , vn } e somente se a ∈ R. é a transformação nula. Núcleo e Imagem O núcleo e a imagem de uma transformação linear são dois subespaços de seu domínio e de seu contradomínio, respectivamente, que nos fornecem informações valiosas sobre a transformação. Há uma relação importante entre as dimensões do domínio, do núcleo e da imagem de uma transformação linear, que apresentaremos nesta seção e que possui muitas aplicações. 2.1 O Núcleo Seja T: V →W Ker T , é o conjunto W , ou seja, uma transformação linear. O de vetores de V núcleo de T , denotado por que são levados por T no vetor nulo de Ker T = {v ∈ V ; T (v) = 0}. Ker T é um subconjunto não vazio de V , já que T (0) = 0. Mais Ker T é um subespaço de V . De fato, se v1 , v2 ∈ Ker T e se a ∈ R, Note que ainda, 2. 131 NÚCLEO E IMAGEM então v1 + av2 ∈ Ker T , pois T (v1 + av2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ) = 0 + a · 0 = 0. O seguinte exemplo ilustra o fato de que a determinação do núcleo de uma transformação linear, entre espaços vetoriais de dimensão nita, recai na determinação do conjunto solução de um sistema de equações lineares homogêneo. Exemplo 1. Seja T : R4 → R3 a transformação linear denida por T (x, y, s, t) = (x − y + s + t, x + 2s − t, x + y + 3s − 3t). Para determinarmos em R4 Ker T , devemos obter o conjunto de vetores (x, y, s, t) tais que T (x, y, s, t) = (x − y + s + t, x + 2s − t, x + y + 3s − 3t) = (0, 0, 0). Equivalentemente, Ker T é o conjunto solução do seguinte sistema linear homogêneo: x − y + s + t = 0 x + 2s − t = 0 x + y + 3s − 3t = 0 . Resolvendo o sistema acima, obtemos Ker T = {(−2s + t, −s + 2t, s, t) ; s, t ∈ R}. Note que Ker T é um subespaço vetorial de R4 de dimensão 2. Inversamente, o conjunto solução de um sistema de equações lineares homogêneo AX = 0, onde A = [aij ], pode ser interpretado como o núcleo de uma transformação linear. Mais precisamente, é o núcleo da transformação linear T : Rn → Rm , T (x1 , . . . , xn ) = (a11 x1 + · · · + a1n xn , . . . , am1 x1 + · · · + amn xn ). 132 CAPÍTULO 5. Se uma transformação linear T TRANSFORMAÇÕES LINEARES T (v) = 0 só T (0) = 0, tem-se é injetiva, então a equação v = 0. De fato, sendo T injetiva e como T (v) = 0 = T (0) implica que v = 0. Fato curioso, é que possui a solução que vale também a recíproca desta propriedade, como mostraremos a seguir. Seja T : V → W uma transformação linear. Temos que T é injetiva se, e somente se, Ker T = {0}. Proposição 5.2.1. Demonstração A implicação direta foi provada no comentário acima. Su- Ker T = {0}. Tomemos u e v vetores em V . Se T (u) = T (v), então T (u) − T (v) = 0. Equivalentemente, T (u − v) = 0. Assim, u − v ∈ Ker T . Como Ker T = {0}, segue-se que u − v = 0, logo u = v , mostrando a injetividade de T . ponhamos agora que Por exemplo, a transformação linear do Exemplo 1 não é injetiva, pois Ker T 6= {(0, 0, 0, 0)}. Já a transformação linear dada por T (x, y)=(x−y, x+y), (x, y) ∈ R2 , é injetiva, pois Ker T = {(0, 0)}. 2.2 A A Imagem imagem de T Im T = T (V ). Como junto não vazio de de fato, T : V → W é o conjunto 0 ∈ Im T , logo ele é um subcon- de uma transformação linear T (0) = 0, W. temos que Deixaremos como exercício para o leitor vericar que, Im T é um subespaço vetorial de W (veja Problema 2.1). A seguinte proposição mostra como podemos determinar geradores para a imagem de uma transformação linear. Seja T : V →W uma transformação linear. Se {v1 , . . . , vn } é um conjunto de geradores de V , então {T (v1 ), . . . , T (vn )} é um conjunto de geradores de Im T . Em particular, dim Im T ≤ dim V . Proposição 5.2.2. Demonstração {v1 , . . . , vn } gera Seja V, v w ∈ Im T e tomemos v∈V é uma combinação linear de v = a1 v1 + · · · + an vn . T (v) = w. Como v1 , . . . , vn , digamos, tal que 2. 133 NÚCLEO E IMAGEM Pela linearidade de T (cf. (2) da Seção 1), temos que w = T (v) = a1 T (v1 ) + · · · + an T (vn ), w é uma combinação linear de T (v1 ), . . . , T (vn ). Im T , segue que Im T = G(T (v1 ), . . . , T (vn )). ou seja, em Exemplo 2. Como w é arbitrário Calculemos a imagem da transformação linear apresentada no Exemplo 1. Pela Proposição 5.2.2, devemos determinar o espaço gerado pela imagem de um conjunto de geradores de R4 . Vamos calcular, então, o espaço gerado por T (1, 0, 0, 0) = (1, 1, 1), T (0, 0, 1, 0) = (1, 2, 3) T (0, 1, 0, 0) = (−1, 0, 1), e T (0, 0, 0, 1) = (1, −1, −3). Pelo Teorema 3.4.1, basta reduzir a matriz 1 1 1 −1 0 1 1 2 3 1 −1 −3 à forma escalonada. Ora, 1 1 1 1 1 1 1 −→ −→ −1 0 1 L2 → L2 + L1 0 1 2 0 L3 → L3 − L2 1 2 3 L3 → L3 − L1 0 1 2 L → L + 2L 0 4 4 2 L4 → L4 − L1 1 −1 −3 0 −2 −4 0 Assim, {(1, 1, 1), (0, 1, 2)} é uma base de Im T , ou seja, Im T = {(x, x + y, x + 2y) ; x, y ∈ R}. 1 1 0 0 1 2 . 0 0 134 CAPÍTULO 5. 2.3 O Teorema do Núcleo e da Imagem TRANSFORMAÇÕES LINEARES O seguinte resultado é um teorema importante que relaciona a dimensão do núcleo à dimensão da imagem de uma transformação linear quando V T : V → W, tem dimensão nita. Seja T : V → W uma transformação linear, onde V tem dimensão nita. Então Teorema 5.2.3. (Teorema do Núcleo e da Imagem) dim Ker T + dim Im T = dim V. Demonstração uma base de vetores em V Suponhamos que Ker T . dim V = n. Seja (1) α = {u1 , u2 , . . . , um } Como qualquer conjunto linearmente independente de tem no máximo n vetores (Teorema 3.3.3), segue que m ≤ n. Vamos considerar dois casos: m = n. Neste caso, dim Ker T = dim V e, consequentemente, pelo Teorema 3.3.6, Ker T = V . Isto implica que Im T = {0}, portanto, dim Im T = 0, mostrando Caso 1. que a fórmula (1) é válida. Caso 2. m < n. α de modo a obtermos uma base β de V , digamos β = {u1 , u2 , . . . , um , vm+1 , . . . , vn }. Note que a fórmula (1) é vericada se provarmos que {T (vm+1 ), . . . , T (vn )} é uma base de Im T . Pela Proposição 5.2.2, temos que Im T = G(T (vm+1 ), . . . , T (vn )). Para provarmos Pelo Teorema 3.3.5, podemos completar que esses vetores são linearmente independentes, consideremos a equação bm+1 T (vm+1 ) + · · · + bn T (vn ) = 0, que equivale a termos bm+1 vm+1 + · · · + bn vn ∈ Ker T. Como α é uma base de Ker T , existem b1 , b2 , . . . , bm em R tais que bm+1 vm+1 + · · · + bn vn = b1 u1 + b2 u2 + · · · + bm um , 2. 135 NÚCLEO E IMAGEM ou seja, b1 u1 + b2 u2 + · · · + bm um − bm+1 vm+1 − · · · − bn vn = 0. Sendo β uma base de V, a equação anterior se verica somente se todos os coecientes da combinação linear são iguais a zero. Em particular, · · · = bn = 0. bm+1 = Em geral, para mostrarmos que uma função é bijetiva, devemos mostrar que ela é injetiva e sobrejetiva. No entanto, se a função é uma transformação linear entre espaços vetoriais de mesma dimensão nita, então, exatamente como no caso de funções entre conjuntos nitos de mesma cardinalidade, basta vericar que ela ou é injetiva ou é sobrejetiva; a outra condição é automaticamente satisfeita. Provaremos este fato a seguir com o auxílio do teorema do núcleo e da imagem. Note que esse resultado não é consequência do resultado para funções entre conjuntos nitos, pois um espaço vetorial sobre R, quando não nulo, é um conjunto innito. Seja T : V → W uma transformação linear entre espaços vetoriais de dimensão nita. Se dim V = dim W , então as seguintes armações são equivalentes: Proposição 5.2.4. (i) T é injetiva; (ii) T é sobrejetiva. Demonstração Pelo Teorema do Núcleo e da Imagem, dim Ker T + dim Im T = dim V. Sendo dim V = dim W , podemos escrever a igualdade acima como dim Ker T + dim Im T = dim W. Suponhamos que T consequentemente, seja injetiva. dim Ker T = 0. Pela Proposição 5.2.1, Segue então, de (2), (2) Ker T = {0} e, que dim Im T = 136 CAPÍTULO 5. dim W , W. mostrando que T TRANSFORMAÇÕES LINEARES é sobrejetiva, já que, pelo Teorema 3.3.6, Im T = W . Esses dois espaços têm mesma dimensão, portanto, de (2) temos que dim Ker T = 0, o que garante que Ker T = {0}. Pela Proposição 5.2.1, segue que T é injetiva. Suponhamos agora que T Im T = seja sobrejetiva, ou seja, Exemplo 3. Veriquemos que a transformação linear T : M(2, 2) → R4 , dada por " T #! a b c d = (a + b, b + c, c, a + b + d) é uma função bijetiva. dim M(2, 2) = dim R4 , segue, que T é uma função injetiva. Ora, como vericarmos da Proposição 5.2.4, que basta Como a igualdade " T só ocorre quando Proposição 5.2.1, #! a b = (0, 0, 0, 0) c d a = b = c = d = 0, T é injetiva. Observamos que a condição cessária. temos que dim V = dim W , Ker T = {0}. Pela na Proposição 5.2.4, é ne- De fato, consideremos a transformação linear T : R3 → R2 dada T (x, y, z) = (x, y). Temos que T é sobrejetiva, mas não é injetiva. Já a 2 3 transformação linear T : R → R dada por T (x, y) = (x, y, 0) é injetiva, mas por não é sobrejetiva. T : V → W uma transformação linear bijetiva. Logo, existe a função −1 inversa T : W → V de T . A função T −1 é também uma transformação linear . Com efeito, consideremos w1 e w2 em W e a em R. Como T é bijetiva, existem únicos vetores v1 e v2 em V tais que T (v1 ) = w1 e T (v2 ) = w2 . Seja 2. 137 NÚCLEO E IMAGEM Portanto, T −1 (w1 + aw2 ) = T −1 (T (v1 ) + aT (v2 )) = T −1 (T (v1 + av2 )) = v1 + av2 = T −1 (w1 ) + aT −1 (w2 ). isomorsmo . Dois espaços vetoriais que possuem um isomorsmo entre eles serão ditos isomorfos, o que, Uma transformação linear bijetiva é chamada em grego, signica que possuem mesma forma. Os isomorsmos desempe- nham um papel importante na Álgebra Linear. R4 e M(2, 2) T : R4 → M(2, 2) dada por Por exemplo, são espaços vetoriais isomorfos, pois a função " x y T (x, y, z, t) = z t # é um isomorsmo. Pelo Teorema 5.2.3, segue que se dois espaços vetoriais de dimensão nita são isomorfos, então eles têm a mesma dimensão. O próximo resultado mostra que a recíproca desta armação é também verdadeira, ou seja, espaços vetoriais de mesma dimensão nita são isomorfos. Se V e W são espaços vetoriais de dimensão n, então V e Teorema 5.2.5. W são isomorfos . Demonstração Para provarmos que V e W são isomorfos, devemos mostrar que existe uma transformação linear bijetiva de V α = {v1 , . . . , vn } e β = {w1 , . . . , wn } bases de V v ∈ V , podemos escrever de modo único e v = a1 v1 + · · · + an vn , com a1 , . . . , a n ∈ R . em W. Para isto, tomemos W , respectivamente. Dado 138 CAPÍTULO 5. Dena, então, T: V → W monstração do Teorema 5.1.1, por T TRANSFORMAÇÕES LINEARES T (v) = a1 w1 + · · · + an wn . Pela de- está bem denida e, além disso, T é uma transformação linear. T é bijetiva basta provarmos, se v = a1 v1 + · · · + an vn e Para provarmos que que T é injetiva. Ora, pela Proposição 5.2.4, 0 = T (v) = a1 w1 + · · · + an wn , a1 = · · · = an = 0, pois {w1 , . . . , wn } v = 0, mostrando que Ker T = {0}. segue-se que V Dois espaços vetoriais W e é uma base de W. Logo, isomorfos são essencialmente o mesmo espaço vetorial, exceto que seus elementos e suas operações de adição e de multiplicação por escalar são escritas diferentemente. propriedade de V que dependa apenas de sua estrutura de espaço vetorial W, isomorsmo de V em W , somente se, {v1 , . . . , vn } é permanece válida em Exemplo 4. Seja W e vice-versa. T : V → W é um uma base de W se, e Por exemplo, se {T (v1 ), . . . , T (vn )} é base de V (veja Problema então uma o subespaço de " # " 1 −5 1 M1 = , M2 = −4 2 −1 M(2, 2) " e # 1 −7 M4 = . −5 1 W. Para encontrarmos uma base e a dimensão de de espaço gerado. 2.4). gerado por # " # 1 2 −4 , M3 = 5 −5 7 Vamos encontrar uma base e a dimensão de W não usaremos a denição Em vez disso, usaremos a noção de espaço linha, que nos auxilia a exibir uma base de subespaços de espaços vetoriais Assim, qualquer isomorfos a subespaços de " # n R Rn e, consequentemente, de . x y 4 é um isomorsmo de R em M(2, 2), t z temos que W é isomorfo ao espaço G(v1 , v2 , v3 , v4 ), onde v1 = (1, −5, −4, 2), v2 = (1, 1, −1, 5), v3 = (2, −4, −5, 7) e v4 = (1, −7, −5, 1). Temos que a Ora, como T (x, y, t, z) = 2. 139 NÚCLEO E IMAGEM matriz 1 −5 −4 2 1 1 −1 5 2 −4 −5 7 1 −7 −5 1 se reduz, pelas transformações elementares, à matriz 1 0 0 0 3 2 0 0 0 1 0 0 6 1 . 0 0 α = {(1, 3, 0,(" 6), (0, 2, uma base de G(v1 , v2 , v3 , v4 ) e, conse# 1,"1)} é#) 1 3 0 2 0 quentemente, α = , é uma base de W , mostrando que 0 6 1 1 dim W = 2. Assim, Note que, como consequência do Teorema 5.2.5, temos que vetorial não nulo de dimensão nita n é isomorfo ao R n . todo espaço Dessa forma, o estudo de espaços vetoriais de dimensão nita pode se reduzir ao estudo dos espaços Rn , mediante a escolha de algum isomorsmo. um problema em um espaço vetorial de dimensão nita problema para n R n, Assim, dado reescrevemos o , usando um isomorsmo, e o resolvemos neste contexto. Com o isomorsmo utilizado, voltamos ao contexto original. Essa técnica foi ilustrada no Exemplo 4. Um outro exemplo pode ser visto no Problema 2.6, bem como no exemplo a seguir, em que são aplicados os conceitos de espaço vetorial, base e dimensão, de modo a obter resultados não triviais. Exemplo 5. Consideremos a recorrência R(1, 1), un+1 = un + un−1 , denida por n ≥ 2. Vimos no Exemplo 2 da Seção 1, do Capítulo 1 e no Exemplo 5 da Seção 1, do Capítulo 3, que as sequências reais que satisfazem a esta recorrência formam um espaço vetorial. 140 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES (un ) de R(1, 1) ca totalmente determinado u1 e u2 . Por exemplo, se u1 = u2 = 1, temos que Observe que todo elemento se soubermos os valores de (un ) é a sequência de Fibonacci. Denamos a seguinte função: T : R(1, 1) → R2 (un ) 7→ (u1 , u2 ) . Note que T é uma transformação linear, pois se (un ), (vn ) ∈ R(1, 1) e c ∈ R, então T ((un ) + c(vn )) = = = = Por outro lado, os valores de Logo, 2. T u1 e T u2 T ((un + cvn )) (u1 + cv1 , u2 + cv2 ) (u1 , u2 ) + c(v1 , v2 ) T ((un )) + cT ((vn )). é obviamente sobrejetora. T é também injetora, pois determinam univocamente a sequência (un ) é um isomorsmo de espaços vetoriais e, portanto, Vamos determinar uma base de R(1, 1). dim R(1, 1) = R(1, 1). Procuremos dentre as progressões geométricas que satisfazem à recorrência de R(1, 1). (q n ), com q 6= 0, aquelas Essas devem satisfazer à condição q n+1 = q n + q n−1 . Daí deduz-se que q deve satisfazer a equação q 2 − q − 1 = 0, cujas raízes são √ 1+ 5 q1 = , 2 Portanto, sendo as imagens por R(1, 1). T √ 1− 5 q2 = . 2 (q1n ) e (q2n ) linearmente independentes (basta vericar que são linearmente independentes), eles formam uma base de 2. 141 NÚCLEO E IMAGEM (un ) de R(1, 1) é tal que √ !n √ !n 1+ 5 1− 5 + t2 , 2 2 Assim, todo elemento un = t1 Portanto, dados u1 e u2 , podemos determinar t1 t1 , t2 ∈ R. (3) e t2 resolvendo o sistema de equações: ( Em virtude das igualdades ao sistema ( t1 q1 + t2 q2 = u1 t1 q12 + t2 q22 = u2 . q12 = q1 +1 e q22 = q2 +1, este sistema é equivalente t1 q1 + t2 q2 = u1 t1 (q1 + 1) + t2 (q2 + 1) = u2 , u = u2 = 1, resolvendo √ 1 t2 = −1/ 5, que substituídos em (3) Por exemplo, para a sequência de Fibonacci, onde o sistema acima, obtemos √ t1 = 1/ 5 e nos dão a seguinte fórmula para o termo geral da sequência de Fibonacci: un = √ n 1+ 5 2 √ n − 1−2 5 √ . 5 Finalizaremos esta seção com mais uma aplicação do Teorema do Núcleo e da Imagem. Exemplo 6. Determinaremos uma fórmula para a dimensão da soma de dois subespaços de um espaco vetorial. Sejam torial V. U e W subespaços vetoriais de dimensão nita de um espaço ve- Considere a transformação linear T: U ×W → V (u, w) 7→ u + w É fácil vericar que a imagem de isomorfo a U ∩W T é o subespaço U +W e que Ker T é (veja Problema 2.5). Logo, pelo Teorema do Núcleo e da Imagem e pelo Problema 3.15, do Capítulo 3, temos que dim U + dim W = dim U × W = dim Ker T + dim Im T = dim(U ∩ W ) + dim(U + W ). 142 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES Assim, temos que dim(U + W ) = dim U + dim W − dim(U ∩ W ). Problemas 2.1* Prove que a imagem de uma transformação linear subespaço vetorial de é um W. 2.2* Dada a transformação linear em 3 R T: V → W T (x, y, z) = (x + 2y − z, y + 2z, x + 3y + z) : (a) Verique que Ker T é uma reta que passa pela origem; (b) Determine as equações paramétricas da reta obtida em (a); (c) Verique que Im T é um plano que passa pela origem; (d) Determine as equações paramétricas do plano obtido em (c). 2.3 Explique por que não existe nenhuma transformação linear sobrejetiva T : V → W, 2.4* de V 2.5 Seja quando dim V < dim W . T: V → W se, e somente se, {v1 , . . . , vn } base de W . um isomorsmo. Prove que {T (v1 ), . . . , T (vn )} for uma é uma base U e W subespaços de um espaço vetorial V . Considere T : U × W → V , denida por T (u, w) = u + w. Mostre que: (a) Sejam T é uma transformação linear; (b) A imagem de (c) T é o subespaço U + W; Ker T = {(u, −u); u ∈ U ∩ W } 2.6* a função é isomorfo a Determine a dimensão do subespaço de U ∩ W. R[x]3 , denido por {p(x) = ax3 + bx2 + cx + d ; p(−1) = 0}. 2.7 Determine o núcleo e a imagem das seguintes transformações lineares: (a) T : R3 → R2 , onde T (x, y, z) = (x − y, x − z); 143 2. NÚCLEO E IMAGEM (b) T : R4 →R3 , onde T (x, y, z, w)=(2x + y − z + w, x + 2y − w, 6x + 2z − 3w); (c) T : R[x] → R[x], T (p(x)) = x · p(x); onde " (d) T : M(2, 2) → M(2, 2), (e) T : R[x]2 → R4 , 2.8 onde onde T (A) = M · A, sendo # 1 −1 M= ; −4 4 T (ax2 + bx + c) = (a + b, 2b + c, a + 2b − c, c). Determine quais das transformações lineares do exercício anterior são injetivas e quais são sobrejetivas. 2.9 Dada uma transformação linear (a) se é sobrejetiva, então (b) se é injetiva, então T : V → W, mostre que: dim W ≤ dim V ; dim V ≤ dim W . 2.10 Encontre uma transformação linear T : R3 → R3 por (1, 2, −1) e (−1, 1, 0). 2.11 Encontre uma transformação linear T : R4 → R3 por (1, 2, 3, 4) 2.12 (1, 2, 3) e (1, 3, −1, 2) 2.14 Seja T : R3 → V V T : R3 → R3 cuja imagem seja T : R3 → R4 cuja imagem seja (0, 1, −1). Encontre uma transformação linear gerada por cujo núcleo seja gerado (0, 1, 1, 1). Encontre uma transformação linear gerada por 2.13 e cujo núcleo seja gerado e (1, 0, 1, −1). R3 em um espaço vetorial R3 , um plano pela origem, uma transformação linear de qualquer. Mostre que o núcleo de T é todo o uma reta pela origem, ou só a origem. 2.15 Seja 2.16 Dê, quando possível, exemplos de transformações lineares T : V → R3 uma transformação linear de um espaço vetorial V 3 qualquer em R . Mostre que a imagem de T é só a origem, uma reta pela 3 origem, um plano pela origem, ou todo o R . zendo: (a) T : R3 → R2 sobrejetiva; (b) T : R4 → R2 com Ker T = {(0, 0, 0, 0)}; T satisfa- 144 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES (c) T : R3 → R3 com Im T = {(0, 0, 0)}; (d) T : R3 → R4 com Ker T = {(x, y, −x) ; x ∈ R}. 2.17 Seja 2.18 Sejam 2.19 Considere a transformação linear T : V → R uma transformação linear não nula. Prove que existe um vetor v ∈ V tal que T (v) = 1. Seja W o subespaço de V gerado pelo vetor v . Prove que V = W ⊕ Ker T . W1 e W2 subespaços de um espaço vetorial V tais que dim W1 + dim W2 = dim V . Mostre que existe uma transformação linear T : V → V tal que Ker T = V1 e Im T = W2 . T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (3x + y, −2x − 4y + 3z, 5x + 4y − 2z). Determine se 2.20 Seja T é invertível. Em caso armativo, encontre T : Rn → Rn T −1 . a transformação linear dada por T (x1 , x2 , . . . , xn ) = (a1 x1 , a2 x2 , . . . , an xn ). (a) Sob quais condições sobre a1 , a2 , . . . , an , a função T é invertível? (b) Supondo satisfeitas as condições determinadas em (a), encontre 2.21 Seja T : R2 → R2 T −1 . a transformação linear dada por T (x, y) = (x + ky, −y). Prove que 2.22 é injetiva e que T −1 = T , para cada valor real de Ache um isomorsmo entre o espaço vetorial n×n 3 T e o espaço vetorial W V k. das matrizes simétricas das matrizes triangulares inferiores n × n. Operações com Transformações Lineares Nesta seção, apresentaremos as operações usuais com as transformações lineares, obtendo novas transformações lineares a partir de transformações lineares dadas. 3. 145 OPERAÇÕES COM TRANSFORMAÇÕES LINEARES T : V → W e S : V → W transformações lineares. Denimos a T e S , denotada por T + S , como a função T + S : V → W dada Sejam soma de por (T + S)(v) = T (v) + S(v), para todo kT , v ∈ V. como a função k ∈ R, denimos o produto kT : V → W dada por Se (1) de k por T, denotando-o (kT )(v) = kT (v), para todo v ∈V. As funções pois para qualquer a em R T +S e kT (2) são, de fato, transformações lineares, e para quaisquer v1 e v2 em V temos que (T + S)(v1 + av2 ) = T (v1 + av2 ) + S(v1 + av2 ) = T (v1 ) + aT (v2 ) + S(v1 ) + aS(v2 ) = [T (v1 ) + S(v1 )] + a[T (v2 + S(v2 )] = (T + S)(v1 ) + a(T + S)(v2 ) e (kT )(v1 + av2 ) = kT (v1 + av2 ) = k[T (v1 ) + aT (v2 )] = kT (v1 ) + akT (v2 ) = (kT )(v1 ) + a(kT )(v2 ). Denotemos por V em W. (V, W ) o conjunto de todas as transformações lineares de As operações descritas em (1) e (2) denem uma adição e uma multiplicação por escalar em Problema 3.4). Se W = R, seus elementos chamados de (V, W ), o espaço tornando-o um espaço vetorial (veja (V, R) é chamado funcionais lineares em A composição de duas transformações lineares de V e V. T: V →W é a composição usual de funções: (S ◦ T )(v) = S(T (v)), espaço dual v ∈ V. e S: W → U 146 CAPÍTULO 5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES S ◦T é também uma transformação linear. a ∈ R, então A função e se Com efeito, se v1 , v2 ∈ V (S ◦ T )(v1 + av2 ) = S(T (v1 + av2 )) = S(T (v1 ) + aT (v2 )) = S(T (v1 )) + aS(T (V2 )) = (S ◦ T )(v1 ) + a(S ◦ T )(v2 ). Exemplo 1. Sejam T : R3 → R3 e S : R3 → R3 transformações lineares dadas por T (x, y, z) = (2x, x − y, y + z) Determinaremos T + S , 2S e e S(x, y, z) = (x + 2z, y, −z). T ◦ S. Temos (T + S)(x, y, z) = T (x, y, z) + S((x, y, z)) = (2x, x − y, y + z) + (x + 2z, y, −z) = (3x + 2z, x, y), (2S)(x, y, z) = 2S(x, y, z) = 2(x + 2z, y, −z) = (2x + 4z, 2y, −2z) e (T ◦S)(x, y, z) = T (S(x, y, z)) = T (x+2z, y, −z) = (2x+4z, x−y +2z, y −z). Sejam a T: V → V n-ésima potência de n ∈ N \ {0}. Denimos n como a função T : V → V uma transformação linear e T, denotando-a por T n , dada por T n = |T ◦ ·{z · · ◦ T} . n vezes Pelo que vimos anteriormente, como a função identidade em T n V, é uma transformação linear. Denimos T0 ou seja, T 0 = IV . Se T: V → V é um isomorsmo, a transformação linear denida por −1 T −n = T · · ◦ T −1} . | ◦ ·{z n vezes T −n : V → V é 3. OPERAÇÕES COM TRANSFORMAÇÕES LINEARES 147 O próximo resultado, cuja demonstração é deixada como exercício (veja Problema 3.9), relaciona a composição com a adição e a multiplicação por escalar de transformações lineares. Sejam T e T 0 transformações lineares de V em W e sejam S e S 0 transformações lineares de W em U . Então: Proposição 5.3.1. (a) (b) (c) S ◦ (T + T 0 ) = S ◦ T + S ◦ T 0 ; (S + S 0 ) ◦ T = S ◦ T + S 0 ◦ T ; k(S ◦ T ) = (kS) ◦ T = S ◦ (kT ), onde k ∈ R. Problemas 3.1* T : R3 → R4 dada por T (x, y, z) = (T ◦ S)(x, y), onde S : R2 → R3 é dada por Considere a transformação linear (x + y, z, x − y, y + z). Calcule S(x, y) = (2x + y, x − y, x − 3y). 3.2 Sejam 3.3 Sejam (a) T + S; (b) 5T − 4S ; (c) S ◦ T; (d) T ◦ S; (e) T 3; (f ) S −3 . 3.4 Prove que T: V → W S : V → W transformações lineares entre espaços −1 vetoriais de mesma dimensão. Se S ◦T = IV , prove que T ◦S = IW e S = T . e T : R2 → R2 e S : R2 → R2 transformações lineares dadas por T (x, y) = (x + y, 0) e S(x, y) = (−y, x). Encontre expressões para denir: (V, W ), com as operações dadas em (1) e (2), é um espaço vetorial. 3.5 Mostre que as seguintes transformações lineares T, S e Q são linearmente independentes: T, S, Q ∈ (R3 , R2 ), denidas por T (x, y, z) = (x+y +z, x+y), S(x, y, z) = (2x + z, x + y) e Q(x, y, z) = (2y, x); (a) T, S, Q ∈ (R3 , R), Q(x, y, z) = x − z . (b) e denidas por T (x, y, z) = x + y + z , S(x, y, z) = y + z 148 3.6 CAPÍTULO 5. Seja somente 3.7 T : V → V uma se, Im T ⊂ Ker T . T2 = 0 Prove que T : V → V e S : V → V são transformações T ◦ S = 0, então T não é injetiva. Dada a transformação linear mostre que 3.9 transformação linear. Prove que se nulas tais que 3.8 TRANSFORMAÇÕES LINEARES T (x, y, z) = (ay + bz, cz, 0) se, e lineares não de R3 em R3 , de R2 em R2 , T 3 = 0. Prove a Proposição 5.3.1. 3.10 Dada a transformação linear T (x, y) = (ac + by, cx + dy) mostre que: (a) T 2 − (a + d)T = (bc − ad) IR2 ; ad − bc 6= 0, então existe uma transformação linear S S ◦ T = T ◦ S = IR2 . (b) Se que de R2 em R2 tal 3.11 Seja T : W → U uma transformação linear injetiva. Prove que S1 , S2 ∈ (V, W ) satisfazem a igualdade T ◦ S1 = T ◦ S2 , então S1 = S2 . se 3.12 Seja se 3.13 Prove que se T : V → W uma transformação linear sobrejetiva. Prove que S1 , S2 ∈ (W, U ) satisfazem a igualdade S1 ◦ T = S2 ◦ T , então S1 = S2 . então a 3.14 T : V → V é uma transformação transformação IV −T é invertível. Seja V wi + · · · + ws , (a) T com é uma transformação linear; A transformação T T 2 = 0, V = W1 ⊕ · · · ⊕ Ws . T : V → V denida por T (v) = wi , onde v = w1 + · · · + wi ∈ Wi , para cada 1 ≤ i ≤ s. Mostre que: um espaço vetorial. Considere a função linear tal que é chamada de Suponhamos que (b) T2 = T. projeção de V em seu subespaço vetorial Wi . 3.15 Seja T : V →V (a) T (v) = v (b) V = Ker T ⊕ (c) T uma transformação linear tal que para todo Im é a projeção de v∈ Im T; T; V em sua imagem. T 2 =T . Mostre que: 3. 149 OPERAÇÕES COM TRANSFORMAÇÕES LINEARES 3.16 Seja T: V →V ção se, e somente se, 3.17 Sejam T e dimensão nita S V uma transformação linear. Mostre que Se (b) Se T ◦ T2 . é uma proje- T2 = T. duas transformações lineares entre os espaços vetoriais de e W. Ker T = Ker S , S = T1 ◦ T ; (a) T Im T = Im S , Mostre que: então existe um isomorsmo então existe um isomorsmo T1 : W → W T2 : V → V tal que tal que S= Bibliograa [1] H. P. 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