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IV Simpósio Internacional de Hemoglobinopatias 04 a 06 de setembro de 2007 – Rio de Janeiro Complicações na Doença Falciforme: Síndrome Torácica Aguda Rodolfo Delfini Cançado Disciplina de Hematologia e Oncologia - Depto. de Medicina - F.C.M. da Santa Casa de São Paulo A Mutação e a Falcização Conseqüências da Falcização • • • • • • • • Enrijecimento da membrana e toda a hemácia Hemólise Depleção de óxido nítrico - vasoconstrição Aumento da adesão de hemácias ao endotélio vascular Eritrócitos falciformes expressam maior número de moléculas de adesão (fosfatidilserina, CD36, CD47, CD49d e BCAM/LU) Ativação da inflamação e da coagulação Neutrófilos ativados aumentam a produção de peróxidos e expõem maior quantidade de moléculas de adesão em sua superfície Oclusão vascular Fisiopatologia da vaso-oclusão na anemia falciforme Switzer et al., Lancet Neurol 2006; 5:501 Anemia Falciforme Lesão Monogênica • Anemia hemolítica crônica • Vaso-oclusão • Estado inflamatório crônico • Lesão e falência de tecidos e órgãos Switzer et al., Lancet Neurol 2006; 5:501 Expectativa de vida em pacientes com Doença Falciforme (n=3764) + População negra controle + Pacientes SS Platt O et al. N Engl J Med 1994;330:1639-1644 Expectativa de vida em pacientes com Doença Falciforme (n=3764) + População negra controle Sobrevida mediana (anos) Genótipo + Pacientes SS Masculino Feminino SS SC 42 66 48 68 Platt O et al. N Engl J Med 1994;330:1639-1644 Expectativa de vida em pacientes com Doença Falciforme (n=3764) Mulheres com SS Homens com SS 1.0 Probabildade de sobrevida 0.9 Causas de morte: 0.8 Complicação aguda (33%) 40% - CVO e/ou STA 15% - AVC 9,5% - Infecção 0.7 0.6 42a 0.5 48a 0.4 0.3 Insuficiência renal (16,5%) Insuficiência cardíaca (8%) 0.2 0.1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Idade (anos) Platt OS et al. - Mortality in sickle cell disease. Life expectancy and risk factors for early death. N Engl J Med. 1994;330:1639-1644. Síndrome Torácica Aguda • Primeira descrição – Dr. Charache, 1979 • Maior incidência em pacientes com AF (15% a 43%) • 2a. causa de admissão em hospital ± 50% internados por outro motivo (72% CVO) • Mais freqüente em crianças (< 10 anos) • Mais grave em adolescentes e adultos jovens • Principal causa de morte (até 25%) • Episódios repetidos predispõe doença pulmonar crônica (Hipertensão Pulmonar) Castro O et al. Blood 1994; 84:643-49 Stuart MJ & Setty Y. Blood 1999; 94:1555-60 Stuart MJ & Setty Y. Curr Opin Hematol 2001; 8:111-122 Darbari DS et al. Am J Hematol 2006; 81:858-863 Incidência de STA (por 100 pacientes/ano) de acordo com genótipo e faixa etária n=3751 com DF acompanhados por 2 anos Faixa Etária SS S/ß0Tal (anos) (n=2534) (n=183) SC (n=845) S/ß+Tal (n=189) < 10 61,6 32,7 24,69 23,21 ≥ 10 < 20 9,27 9,73 3,95 3,51 ≥ 20 8,78 6,98 3,27 1,95 Total 12,83 9,42 5,16 3,94 Castro O et al. Blood 1994; 84:643-49 infecção embolia gordurosa opióides Menor biodisponibilidade de óxido nítrico agrava e perputa o processo de vaso-oclusão pulmonar hipoventilação apnéia do sono broncoespasmo hiperhidratação Hipóxia Anormalidades regionais de perfusão Vasoconstrição ↓ Seqüestro de células falciformes Hemólise das células retidas com liberação de heme ↓ Formação de radicais livres com lesão das membranas Síndrome Torácica Aguda • Cooperative Study of Sickle Cell Disease1 estudo prospectivo (n= 939/3751) 1732 episódios de STA (9 anos de acompanhamento) 78% SS; 483 (50%) crianças < 10 anos • Multi-center Acute Chest Syndrome Study2 estudo prospectivo (n= 537) 671 episódios de STA (4 anos de acompanhamento) 82% SS; 264 (50%) crianças < 10 anos 1. Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92 2. Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda Principais sintomas e sinais à apresentação Dor torácica, febre Dispnéia, tosse Taquipnéia Infiltrado pulmonar multilobar, derrame pleural Leucocitose Etiologia identificada: ± 40% dos casos 1. Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92 2. Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda Freqüência dos principais sintomas e sinais à apresentação Febre Tosse Taquipnéia Dispnéia CSSCD 80% 74% 28% - MACSS* 80% 62% 45% 41% *Critérios de diagnóstico de STA: novo infiltrado pulmonar envolvendo pelo menos um segmento pulmonar com consolidação (excluindo atelectasia), com pelo menos um dos seguintes critérios: febre (>38,5o C); taquipnéia, dispnéia, ou tosse Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92; Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Freqüência de sintomas e sinais à apresentação de acordo com faixa etária Variável Crianças (< 10 anos) Adolescentes e adultos Clínica Febre, dispnéia e tosse Radiologia Lobos superiores Lobos inferiores Variação sazonal 3x maior inverno que no verão - Etiologia Infecciosa CVO ± embolia gordurosa Transfusão ± 30% ± 70% Hospitalização Menor Maior Taxa de óbito Menor Maior (4 a 9x) Dor torácica, dispnéia Síndrome Torácica Aguda Freqüência de sintomas e sinais à apresentação de acordo com faixa etária Maioria evolui com envolvimento multilobar Derrame pleural (± 55%) 35% dos pacientes com RX normal Pacientes admitidos por CVO com sintomas ou sinais respiratórios (hipoxemia) e RX tórax normal: repetir RX dentro 24 a 48 horas após admissão, pois STA freqüentemente se desenvolve após admissão por CVO (2 a 3 dias) Síndrome Torácica Aguda SS, 7 anos Síndrome Torácica Aguda SS, 14 anos SC, 17 anos Síndrome Torácica Aguda Etiologia Infecção (30%) bacteremia: 2 a 3% Vaso-oclusão Infecção + Vaso-oclusão S pneumoniae (50%) H influenzae (10%) Chlamidia (25%) Mycoplasma (15%) Legionella Vírus sinsicial respiratório 1. Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92 2. Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda Etiologia Infecção Vaso-oclusão Infecção + Vaso-oclusão Êmbulo gorduroso (10 a 40%) 1. Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92 2. Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda Etiologia Infecção Vaso-oclusão Infecção + vaso-oclusão Hipoventilação (dor e/ou analgésico opióide) 1. Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92 2. Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda Eventos associados, fatores precipitantes ou de risco Cirurgia: STA no pós-operatório de cirurgias de grande porte em 25% dos casos Doença pulmonar com broncoespasmo Crianças doença febril inverno (principalmente < 4 anos de idade) Adultos 50% com evento doloroso prévio (em média, 2 semanas antes da STA) ± 20% evolui com alteração neurológica, e destes, 50% evolui com SARA Síndrome Torácica Aguda Achados laboratoriais mais importantes • Hb diminui, em média, 0,5 a 1,0 g/dl • No leucócitos aumenta • Plaquetas freqüentemente diminui < 200.000/mm3 = forte preditor de morbidade (evento neurológico em até 25% nos adultos) e mortalidade • Presença de reticulocitopenia suspeitar de infecção pelo Parvovívus B19 Vichinsky EP et al. Blood 1997; 89:1787-92; Vichinsky EP et al. N Engl J MEd 2000; 342:1855-65 Síndrome Torácica Aguda - Tratamento Transfusão precoce para reverter a hipóxia Hidratação cuidadosa evitar hiperidratação (congestão pulmonar) Antibióticos de amplo espectro (empírico) cefalosporina + macrolídeo ceftriaxone (75 mg /Kg /dia em 2 doses) + eritromicina (30 a 50 mg /Kg /dia em 4 doses via oral) ou claritromicina ou azitromicina. Clindamicina para os alérgicos à cefalosporina Pacientes com piora rápida, infiltrado difuso, considerar (+) de vancomicina para bactérias resistentes à cefalosporina (por ex.: S. aureus meticilino-resistente) Síndrome Torácica Aguda Transfusão simples 2/3 dos pacientes 10 ml/Kg, máximo 300 ml por transfusão Objetivo: elevar Hb (10 a 11 g/dl) Exsangüíneotransfusão Sat. O2 persistentemente < 80%, apesar do suporte ventilatório não-invasivo Declínio Sat. O2 apesar da transfusão simples Piora ou instabilidade hemodinâmica Doença cardio-pulmonar prévia Objetivo: Hb S < 30% e Hb ± 10 g/dl Síndrome Torácica Aguda Tratamento Analgesia (evitar sedação excessiva) Oxigênioterapia (Sat. O2< 90%) Inalação com broncodilator ß2 adrenérgico Fisioterapia respiratória (início precoce) Ventilação assistida (± 15%) Hidroxiuréia Transfusão regular de hemácias Transplante de células-tronco hematopoéticas Expectativa de vida em pacientes com Doença Falciforme (n=3764) HbF > 8,5% HbF < 8,5% Platt O et al. N Engl J Med 1994;330:1639-1644 Síndrome Torácica Aguda • Fatores de risco inversamente proporcional aos níveis de HbF ↑ de 5% para 15% HbF = ↓ 50% a ocorrência de STA diretamente proporcional ao no de leucócitos em condições “basais” hidroxiuréia Castro O et al.; Blood 1994; 84:643-49 Mecanismos de ação da Hidroxiuréia • ⇑ Hb Fetal ⇒ ⇓ polimerização da Hb S • ⇓ interação hemácia falciforme-endotélio • Melhora a reologia das hemácias • Mielosupressão • Outras ⇓ consumo Óxido Nítrico ⇒ vasodilatação ⇓ ativação plaquetária Halsey C & Roberts IAG – Br J Haematol 2003; 120:177-86 Multicenter Study of Hydroxyurea - Mortalidade Redução episódios de STA, eventos VO, redução de 40% da mortalidade Steinberg et al. JAMA 2003; 289:1645-51 Benefícios da Transfusão de Hemácias em pacientes com Anemia Falciforme Síndrome Torácica Aguda 0,7 0,7 p<0,001 0,04 Crise Vaso-oclusiva 2,22 0,21 p=0,003 3,32 Hospitalização 0,67 0 Antes 0,5 Transfusão 1 p<0,001 1,5 3 3,5 2 2,5 Taxa de evento/100 pacientes por ano Styles and Vichinsky- J Pediatr. 1994;125:909 Benefícios da Transfusão de Hemácias em pacientes com Anemia Falciforme Tempo Seguimento: 19,6 ± 6,5 meses Síndrome Torácica Aguda 15,3 0,7 P=0,0027 4,8 Crise Dolorosa 27,6 9,7 0 5 10 15 p=0,014 20 25 30 35 Taxa de evento/100 pacientes por ano Sem Transfusão Transfusão Miller ST et al. - J Pediatr. 2001;139:785-9 Síndrome Torácica Aguda - Dicas Não subestimar os sintomas referidos pelo paciente Tratamento deve ser hospitalar Na dúvida quanto a gravidade do caso, não dar alta hospitalar precoce para o paciente Síndrome Torácica Aguda Complicação comum Mais freqüente em crianças, porém mais grave em adultos Diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para diminuir a morbidade e a mortalidade relacionada à esta complicação OBRIGADO [email protected]
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