uma abordagem do conhecimento teórico e prático
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uma abordagem do conhecimento teórico e prático
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DRIELLE BRANDÃO DE SOUSA GEOVANA RABELO DE SOUZA PIMENTEL ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA ABORDAGEM DO CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO VITÓRIA, ES 2015 1 DRIELLE BRANDÃO DE SOUSA GEOVANA RABELO DE SOUZA PIMENTEL ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA ABORDAGEM DO CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Luiz Vancini VITÓRIA, ES 2015 2 DRIELLE BRANDÃO DE SOUSA GEOVANA RABELO DE SOUZA PIMENTEL ATIVIDADE FÍSICA E GESTAÇÃO: UMA ABORDAGEM DO CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Luiz Vancini Aprovado em __/__/__ BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Luiz Vancini ____________________________________________________ Prof. Dr. Edson Castardeli ____________________________________________________ Prof. Dr. Og Gracia Negrão 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a Deus pela vida, fé e coragem e por tornar possível realizar esse sonho de conclusão de nossa primeira graduação. Agradecemos também ao nosso orientador, que com muita paciência e entusiasmo nos incentivou no processo do andamento deste trabalho. À nossa família, que nos apoiou em tudo o que foi necessário, aos amigos e também a todos que de alguma forma contribuíram para que esse sonho se concretizasse. 4 “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. (Charlie Chaplin) 5 RESUMO Estudos sobre a prática de atividade física durante o período gestacional, formas de prevenir e evitar doenças durante esse período e os efeitos da prática de atividade física para saúde materna e fetal tornaram-se frequentes entre pesquisadores e profissionais de variadas áreas da saúde como, médicos, nutricionistas, professores de educação física e fisioterapeutas. Somente a partir de 1980 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou recomendáveis exercícios físicos para gestantes sem restrições obstétricas, e com orientação de profissionais capacitados. Entre os benefícios percebidos com a prática de atividades físicas para gestantes estão a diminuição do risco de desenvolver pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, depressão pós-parto e ter efeitos benéficos no desenvolvimento fetal. Com isso tornou-se cada vez mais frequente a adesão de gestantes à prática de exercícios físicos durante a gravidez. Contudo os números, por mais que crescentes, ainda não são satisfatórios, acredita-se que pela falta de informação e orientação muitas gestantes não praticam exercícios físicos por medo ou receio de seus efeitos durante o período gestacional. Entre os exercícios não recomendáveis estão os de mergulho em águas profundas e os que possam acarretar qualquer tipo de trauma abdominal, devendo ser levado em consideração também o nível de treinamento da gestante, seja ela atleta profissional ou iniciante. Palavras-chave: Gestação. Atividade física. Efeitos benéficos. Contraindicações. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9 2 METODOLOGIA.................................................................................................................................. 11 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................................ 12 3.1 Benefícios do exercício físico no período gestacional ................................................................. 12 3.2 Cuidados e contraindicações na prática de atividades físicas para gestantes ........................... 13 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 30 5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 31 ANEXO A: REFERÊNCIAS DOS ARTIGOS ENCONTRADOS NA PUBMED ..................................... 32 ANEXO B: Questionário ......................................................................................................................... 38 7 1 INTRODUÇÃO A prática regular de exercício durante a gravidez pode promover benefícios tanto à gestante quanto para o feto, podendo auxiliar na prevenção de doenças durante o período gestacional. Pesquisas vêm sendo cada vez mais frequentes nessa área, podendo ser realizada por gestantes que não tenham nenhuma contraindicação clínica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de 150 minutos semanais de exercício físico de intensidade moderada ou 75 minutos semanais de alta intensidade, para adultos entre 18 e 64 anos de idade, a fim de reduzir doenças relacionadas ao sedentarismo, diabetes, depressão e obesidade (NACIMENTO et al., 2014). Existe, entretanto, uma distinção quanto ao termo atividade física e exercício físico. De acordo com Matijasevich e Domingues (2010) a atividade física é qualquer movimento executado pelos músculos esqueléticos capaz de aumentar as taxas de gasto energético acima dos níveis basais. Entre os exemplos de atividade física estão: varrer, levantar-se, subir escadas ou outros afazeres diários. O exercício físico pode ser considerado uma subclasse da atividade física, este por sua vez caracteriza-se por atividades feitas de forma ordenada e com determinada intensidade e intenção. Sendo este, durante muitos anos uma prática não recomendada para gestantes, pois se acreditava que poderia gerar riscos à saúde materna e fetal. Entretanto, a partir da década de 1980 começou a haver mudanças no paradigma em relação a prescrição de exercícios físicos para gestantes. Com o passar dos anos o número de mulheres que iniciaram a prática de exercício aumentou significativamente, entre elas, mulheres grávidas. Tal mudança social despertou interesse por estudos e pesquisas sobre a interferência do exercício físico para mãe e para o feto, e o que poderia ser prejudicial ou benéfico para saúde de ambos (MATIJASEVICH & DOMINGUES, 2010). Existem ainda restrições quanto à prática escolhida, não sendo recomendadas práticas que possam implicar riscos no decorrer de sua realização, à saúde fetal como, 9 mergulho em águas profundas ou atividades que possam gerar algum trauma abdominal. Para gestantes a prática regular de exercício físico pode e deve ser orientada, tendo em vista os inúmeros benefícios que pode proporcionar, entre eles está a prevenção da pré-eclâmpsia, do diabetes gestacional e do ganho de peso gestacional. O interesse por essa pesquisa se deu devido ao nosso perfil e interesse profissional e por ter como projeto futuro pesquisar mais profundamente essa temática para descobrir quais os benefícios da atividade física no período gestacional e como isso pode influenciar na qualidade de vida da gestante e do feto. Por considerarmos o assunto pouco explorado no Estado do Espírito Santo, nossa intenção é divulgar o tema, que poderá contribuir com profissionais das mais diversas áreas e a nós mesmas, tanto no âmbito pessoal, quanto profissional. A presente pesquisa poderá trazer contribuições a pesquisadores e membros de variadas áreas da saúde como: nutricionistas, professores de educação física e fisioterapeutas, entre outros, no sentido de aprimorar o conhecimento sobre aspectos da atividade física na gestação. Tendo como objetivo central conhecer os benefícios da atividade física no período gestacional, visando à melhora da qualidade de vida tanto da gestante quanto do feto. Para tanto, iremos: 1. Identificar na literatura científica, documentos que embasem teoricamente os benefícios da prática de exercícios na gravidez; 2. Elencar quais os possíveis riscos da inatividade física para gestantes que não possuem restrições clínicas; 3. Observar o nível de conhecimento de profissionais formados em educação física e também estudantes dos últimos períodos de bacharelado e licenciatura do curso de educação física do Centro de Educação Física e Desporto (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Dessa forma o objetivo do presente trabalho é apresentar uma revisão sistemática da literatura sobre benefícios e possíveis riscos percebidos com a realização de atividades físicas praticadas por gestantes, a fim de refletir sobre a importância da prática regular de exercício físico, seja para a saúde, o lazer ou na prevenção de doenças. 10 2 METODOLOGIA Foram revisados e selecionados periódicos e artigos da base de dados da Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS). Esta é a base de dados mais importante de literatura científica e técnica da América Latina e Caribe. A busca se restringiu aos artigos publicados nos últimos 16 anos e em português. Para a realização da busca, utilizaram-se os descritores “gestação”, “exercício físico” e “atividade física”. Foram selecionados, principalmente, artigos de revisão e originais sobre o tema. Além dos artigos em português, foram utilizados artigos em inglês, com o intuito de conhecer os principais estudos atuais da literatura estrangeira. Para a realização dessa busca, utilizaram-se os descritores “atividade física” e “gestação” (“physical activity” and “pregnancy”), encontrados no site da Pubmed. A busca se restringiu a artigos publicados nos últimos cinco anos, realizados em humanos, contendo atividade física e gestação em seus títulos. Foram encontrados 82 artigos, nos quais foram analisados e avaliados seus respectivos títulos e resumos, destacando as principais abordagens sobre o tema selecionado. Os mesmos foram subdivididos em 38 assuntos relacionados com atividade física, para melhor compreensão. Realizou-se também uma pesquisa de natureza quantitativa, tendo como sujeito, 72 voluntários, entre eles profissionais formados em educação física e também estudantes dos últimos períodos de Bacharelado e Licenciatura do curso de Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que responderam a um questionário composto por 33 questões objetivas, abordando temas importantes sobre a mulher no período gestacional, sendo necessário assinalar sim, não ou não sei para cada questão, com o intuito de observar o conhecimento desses voluntários. 11 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Benefícios do exercício físico no período gestacional O exercício físico na gestação pode contribuir de forma considerável, podendo auxiliar na redução do inchaço, uma melhor a circulação sanguínea, alívio nos desconfortos intestinais, minimizando problemas como câimbras nas pernas, e facilitando na recuperação pós-parto (YMCA; 1999). Segundo Wilmore e Costill apud Rodrigues et al. (2008), a atividade cardiovascular é maior no período gestacional do que no período não gestacional, no entanto estudos comprovam que a prática regular exercício físico pode reduzir esse estresse cardiovascular consequentemente diminuindo a pressão arterial e produzindo frequências cardíacas mais baixas, maior volume sanguíneo circulante e maior capacidade de oxigenação. Muitas gestantes, ainda possuem receio quanto a prática regular de exercícios por não ter a devida orientação sobre os efeitos benéficos que este pode proporcionar. Cabe ao profissional da saúde sistematizar os benefícios adquiridos com a obtenção de hábitos saudáveis durante o pré-natal. Quanto a indicação de exercício para gestantes que não apresentam contraindicações segundo Nascimento et al. (2014), o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda pelo menos 30 minutos diários de intensidade leve a moderada, sendo o suficiente para prevenir inúmeras doenças, entre elas o diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia. Pesquisas denotam que gestantes que praticavam atividade física antes da gravidez tiveram menor probabilidade de desenvolver diabetes gestacional (40%) e pré-eclâmpsia (50%) comparadas com gestantes inativas. A atividade física de intensidade leve a moderada também é recomendada para mulheres previamente inativas que desejam iniciar a prática durante a gestação. Mulheres fisicamente ativas antes da gestação podem manter o mesmo ritmo de treinamento, fazendo pequenas alterações quanto ao tipo de exercício, intensidade e frequência. Entretanto, no primeiro trimestre a gestante pode apresentar quadros frequentes de náuseas, enjoos, sonolência, vômitos, e mal-estar causados pelas alterações hormonais, o que pode causar indisposição à prática do exercício (NASCIMENTO et al., 2014). 12 Segundo Batista (2003) o American College of Obstetricians and Gynecologists recomenda que a atividade física seja praticada com intensidade leve a moderada, observando a ausência de complicações obstétricas, mantendo um programa de treinamento voltado para a fase do período gestacional e com atividades centradas nas experiências e condições de saúde da gestante. 3.2 Cuidados e contraindicações na prática de atividades físicas para gestantes Os exercícios aeróbios são indicados para gestantes previamente ativas, adaptando apenas a intensidade e duração, para que se mantenha um ritmo de treinamento, tendo em vista a indisposição causada no primeiro trimestre gestacional pelas alterações hormonais. Exercícios de fortalecimento muscular também são indicados, entretanto precisam ser supervisionados e adaptados quanto à intensidade e utilização de pesos, sendo preferencial o trabalho de grandes grupos musculares, diminuindo a carga e aumentando o numero de repetições. A manobra de Valsalva deve ser evitada durante o treinamento. Além disso, os músculos do assoalho pélvico também devem ser trabalhados desde o primeiro trimestre. O exercício físico aumenta a pressão arterial, por este motivo, gestantes com diagnósticos de pré-eclâmpsia devem evitar exercícios, pois com o aumento da pressão reduz-se o fluxo placentário que já está deficiente (SOUTANAKIS apud NASCIMENTO et al., 2014). O segundo trimestre é considerado o ideal para exercícios físicos, pois a mulher encontra-se livre dos desconfortos do início da gravidez e dessa forma, mais disposta. Na 20° semana inicia-se o crescimento acelerado do volume uterino, por este motivo exercícios na posição supina devem ser evitados por longos períodos, para que não ocorra a síndrome da posição supina (NASCIMENTO et al., 2014). No terceiro trimestre a gestante pode sentir um grande desconforto pelo aumento significativo de peso e limitações causadas pela fase final da gestação, o que pode acarretar o desinteresse pelo exercício físico. Entretanto a manutenção do exercício deve ser estimulada e adaptada, podendo ser feito exercícios aquáticos como natação e hidroginástica. 13 O exercício físico praticado de forma orientada e correta também tem um importante papel na prevenção e redução de lombalgias causadas pela postura incorreta das gestantes frente à hiperlordose que surge durante a gravidez. Isso ocorre por causa da expansão do útero na cavidade abdominal e consequentemente o desvio do centro gravitacional (HATMAN et al. apud BATISTA et al., 2003). Análise da literatura internacional sobre atividade física e a gestação A análise da literatura internacional foi realizada pela relação apontada entre os títulos e seus respectivos resumos, de artigos encontrados no site da Pubmed. Estes títulos e resumos de artigos foram associados e relacionados de acordo com assuntos abordados com a prática de atividade física. Na Tabela 1, dos 82 artigos selecionados da literatura internacional, relacionados com atividade física e gestação, obteve-se 38 assuntos abordados, em sua maioria, tratando-se dos níveis e dos possíveis benefícios que a atividade física pode proporcionar na qualidade de vida da gestante e do feto. Tabela 1: Análise da literatura internacional sobre gestação e atividade física. Assuntos Número de Valores (%) artigos aproximados Atividade física após a gravidez e diretrizes Atividade física moderada à intensa, resistência à insulina e massa corporal 1 1,21 1 1,21 Benefícios da atividade física durante a gravidez 10 12,19 Benefícios e barreiras 1 1,21 Comportamento associado ao ganho de peso 1 1,21 Desenvolvimento da linguagem 1 1,21 Diabetes 5 6,09 Diabetes e obesidade 1 1,21 Dieta e Nutrição 3 3,65 Doenças hipertensivas 1 1,21 Efeitos da intervenção no estilo de vida 2 2,43 Fatos e orientações 1 1,21 Fertilidade e fecundidade 1 1,21 Fertilização in vitro 1 1,21 Filhos neurodesenvolvidos e QI 1 1,21 Frequência, duração, intensidade e tipo 2 2,43 14 Ganho de peso, estilo de vida, alimentação 2 2,43 Gasto energético 2 2,43 Hiperglicemia 1 1,21 Informações e atitudes 1 1,21 Início da gravidez e crescimento da função placentária 1 1,21 Insulina 1 1,21 Lesões 1 1,21 Medo e ansiedade 1 1,21 Nível de atividade física 11 13,41 Nível de estresse e depressão 3 3,65 Obesidade 6 7,31 Pedra na vesícula 1 1,21 Peso ao nascer e pressão arterial do feto 2 2,43 Período pré-gestacional: consumo alimentar e intolerância a glicose 1 1,21 Pré-natal 1 1,21 Pressão arterial 1 1,21 Recomendações 3 3,65 Síndrome metabólica 1 1,21 Tabagismo 3 3,65 Tamanho do bebê 1 1,21 Tolerância à glicose 2 2,43 Sem conteúdo disponível para análise 3 3,65 Total de artigos 82 100 No quadro 1, descrevemos algumas relações dos 38 assuntos abordados com a atividade física, a partir dos títulos e resumos dos 82 artigos encontrados na Pubmed. Como são vários estudos, abordamos as principais relações para uma melhor compreensão. Quadro1: Relação da atividade física com alguns dos assuntos abordados a partir dos artigos encontrados na Pubmed. Assuntos abordados na tabela 1 Relação com a atividade física Atividade física após a gravidez e suas diretrizes Atividade física pós-parto pode melhorar o humor, manter a aptidão cardiorrespiratória, melhorar o controle de peso, promover a perda de peso, e reduzir a depressão e ansiedade, além de ajudar as mulheres para iniciar ou retomar a atividade física após o parto. Benefícios da atividade física durante a gravidez A atividade física durante a gravidez é conhecida por ter um efeito positivo sobre a mãe e o feto, desde que 15 não haja contraindicações específicas relativas à patologia incidência materna. de Está diversas associada patologias com menor gestacionais, impulsiona as capacidades físicas e mentais, além de reduz o risco de cesariana. Benefícios e barreiras Os benefícios das atividades de lazer e barreiras durante a gravidez diferem para as mulheres, dependendo de sua prática de atividade física de lazer na pré-gravidez. Sendo importante adaptar estratégias para superar as barreiras para promover a iniciação e manutenção da atividade física durante a gravidez. Diabetes A atividade física pode reduzir o risco de desenvolver a doença durante a gravidez. Diabetes e obesidade Diabetes mellitus gestacional e obesidade podem causar riscos durante a gravidez, prejudicando assim a gestante e o feto. Dieta e nutrição As mulheres grávidas que ganham um excesso de peso correm o risco de complicações durante a gravidez e em longo prazo. O que pode minimizar o ganho de peso gestacional, com efeitos variados sobre os resultados clínicos, são as intervenções baseadas na dieta e atividade física. Doenças hipertensivas A atividade recreativa no início da gravidez reduz o risco de doença hipertensiva específica da gravidez. Efeitos da intervenção no estilo de vida A atividade física normalmente declina durante toda a gravidez. Os baixos níveis estão associados ao ganho de peso excessivo e aumento do risco de préeclâmpsia, diabetes gestacional, hipertensão e risco de cesariana. Intervenções de atividade física, incorporando técnicas de mudança de comportamento ajudam a reduzir o declínio da prática ao longo da gestação. Fatos e orientações Exercício físico estruturado durante a gravidez reduz o risco de cesariana. Esta é uma descoberta importante para convencer as mulheres a serem ativas durante a gravidez e deve levar o médico a recomendar o exercício físico para as mulheres grávidas, quando não está contraindicada. Fertilidade e fecundidade A atividade física moderada pode melhorar a fertilidade entre as mulheres. 16 Fertilização in vitro Um estilo de vida ativo no ano anterior pode impactar favoravelmente no resultado da fertilização in vitro. Filhos neurodesenvolvidos e QI Atividade física materna durante a gravidez pode alterar o QI da criança e o neurodesenvolvimento na infância. Frequência, duração, intensidade e tipo Seleção de medidas de atividade física (válidas e confiáveis) para quantificar a relação dose-resposta (tipo, frequência, duração, intensidade) é recomendada para aumentar a precisão e exatidão em detectar associações da atividade física com os resultados maternos e fetais. Ganho de peso Fatores de risco para o ganho de peso gestacional: baixa renda, multíparas, privação do sono e inatividade física. Gasto energético Mulheres de baixo peso e que não trabalham, são mais propensas a usar menos energia em comparação com as mulheres mais pesadas que usam mais e ainda são mais propensas a desenvolver diabetes gestacional. Hiperglicemia Atividade física recreativa durante a gravidez está associada a um menor risco de hiperglicemia. Informações e atitudes A atividade física é segura para a maioria das mulheres grávidas e melhora da aptidão física. Os resultados sugerem que o fornecimento de informações sobre riscos e benefícios da atividade física no pré-natal pode motivar as mulheres grávidas para a prática de melhores comportamentos de saúde. Início da gravidez e crescimento da função A atividade física no início da gravidez pode afetar placentária negativamente o desenvolvimento da placenta. Esta descoberta pode explicar a associação com a préeclâmpsia grave. Insulina As relações entre atividade física materna, a resposta à insulina, e massa livre de gordura infantil sugerem que a atividade física durante a gravidez pode afetar os resultados metabólicos da mãe e do feto. Lesões A incidência de lesão envolvendo atividade física foi baixa durante a gravidez. Dessa forma, as mulheres devem continuar a ser encorajados a manter o envolvimento em atividade física durante a gravidez. Medo e ansiedade O medo das mulheres grávidas pode explicar porque elas reduzem o seu nível de atividade física. Uma 17 atenção especial deve ser dada a mulheres grávidas que tiveram experiências negativas em gestações anteriores, que as tornam ansiosas e que possam desencorajá-las a ser fisicamente ativas. Nível de atividade física De acordo com estudos, mães com baixos níveis de atividade física eram mais propensas a ter um parto instrumental em comparação às mães com níveis mais altos. Mães com sobrepeso ou obesidade eram mais propensas a exigir uma indução, ter um bebê macrossômico e uma internação mais longa depois do parto. Um nível adequado de atividade física entre as mulheres jovens em idade reprodutiva é especialmente importante porque é uma das condições que afeta sua capacidade de procriação. Nível de estresse e depressão Atividade física durante a gravidez foi associada a níveis mais baixos de estresse e sintomas depressivos menos graves após o parto. Obesidade Aumento da atividade física durante a gravidez pode reduzir o risco de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, que ocorrem mais comumente em mulheres com sobrepeso e obesas. Intervenções para promover essa prática devem também direcionar mudanças nas atividades habituais, combinados uma alimentação saudável para evitar ganho de peso excessivo durante a gravidez e promover um ambiente fetal saudável. Pedra na vesícula A atividade física moderada à vigorosa não diminuiu a incidência de pedra na vesícula durante a gravidez. Peso ao nascer e pressão arterial do feto A atividade física materna está associada a uma alteração na relação entre peso ao nascer e pressão arterial sistólica (PAS). O aumento do nível de gasto energético na gravidez está associado com adiposidade neonatal. Pré-natal Atividade física no pré-natal pode melhorar a saúde materna e infantil e proporcionar menor risco de doença futura para a mãe e o bebê. Pressão arterial Nas mulheres normotensas, a atividade física realizada no início da gravidez parece modular ligeiramente a pressão arterial de repouso no início e após a gravidez. Recomendações Pesquisadores e profissionais devem promover a atividade física, antes, durante e após a gravidez. Além disso, há um número crescente de mulheres que 18 desejam manter os níveis de aptidão física durante o período pré-natal ou iniciar exercício físico para um estilo de vida mais saudável durante a gravidez. Mulheres previamente inativas ou ativas (sem contraindicações) estão em um baixo risco para eventos adversos fetais ou maternos se participam de rotinas de atividade física durante a gravidez. Síndrome metabólica Quantidades elevadas de atividade física na gravidez podem ter efeitos benéficos sobre os níveis de HDL, pressão arterial diastólica e IMC. Tabagismo As atividades físicas e intervenções podem ajudar a cessação. Tolerância à glicose Mulheres diagnosticadas com tolerância à glicose anormal e diabetes mellitus gestacional estão em maior risco para o diabetes tipo 2. A atividade física pode ser associada com um risco reduzido de distúrbios. O alto IMC pré-gestacional confere um elevado risco de tolerância à glicose anormal, independentemente do estilo de vida, durante a gravidez. De acordo com o Quadro 1, muitas das possíveis complicações da gestação podem ser amenizadas com intervenções e práticas de exercícios regularmente. Entre os diversos benefícios da prática de atividade física, encontrados na literatura internacional estão: melhora da aptidão cardiorrespiratória; perda de peso; redução da depressão e ansiedade; redução do risco de desenvolver o Diabetes Mellitus Gestacional e Diabetes Mellitus Tipo II; redução do risco de doença hipertensiva específica da gravidez; e redução do risco de cesariana. Entende-se que o papel do profissional da saúde é fundamental para intensificar a proposta de incentivo à prática de atividade física e a importância de promover os benefícios que a atividade física pode proporcionar para manter a qualidade de vida da gestante e do feto. Devem promover a atividade física, antes, durante e após a gravidez. Aplicação e análise do questionário sobre atividade física e gestação A capacitação e atualização dos profissionais de educação física se fazem necessária frente ao aumento constante de mulheres que iniciam as práticas 19 esportivas durante o período gestacional e as que optam por manter a prática de esporte durante a gravidez. Com isso, profissionais de diversas áreas envolvidos com o cuidado e tratamento de gestantes como, profissionais de educação física, médicos, enfermeiros nutricionistas, entre outros, devem buscar melhor capacitação para este atendimento especial e individualizado, pois para cada gestante os riscos e benefícios devem ser cuidadosamente avaliados, considerando as complicações que podem ocorrer durante a gestação. Há também a necessidade por parte das instituições de ensino em formar profissionais capacitados para as novas mudanças do mercado. Com a finalidade de observar o conhecimento e as maiores dúvidas dos profissionais formados em educação física e também de estudantes de educação física quanto à prescrição de exercícios para gestantes, foi desenvolvido um questionário composto por 33 questões objetivas (Sim / Não / Não sei), abordando temas importantes sobre a mulher no período gestacional: diabetes gestacional, obesidade, pré-eclâmpsia, prática de exercícios durante os três trimestres gestacionais, efeitos negativos do treinamento para mãe e para o feto, exercícios em mulheres treinadas e mulheres destreinadas, desenvolvimento fetal, ansiedade e depressão. O questionário também contém perguntas sobre o nível de conhecimento e aprofundamento no tema proposto e a segurança do profissional formado e estudante de educação física em prescrever atividade física para gestantes. O questionário foi aplicado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e contou com a participação de 72 voluntários. Os participantes são alunos que estão nos últimos períodos do curso de educação física, tanto do bacharelado quanto da licenciatura. Nas tabelas abaixo (2 a 8) estão apresentados os resultados relativos às seguintes temáticas avaliadas pelo questionário: recomendação da prática de atividade física; atividade física no controle e prevenção do diabetes gestacional; exercício físico no controle da pressão arterial; intensidade do exercício durante a gestação; riscos e benefícios de atividades físicas no desenvolvimento fetal; vivencia prática e teórica do profissional; nível de conhecimento dos profissionais e segurança quanto a prescrição de exercícios para gestantes. 20 Tabela 2: Recomendação da prática de atividade física. Questões Sim n(%) Não n(%) Não sei n(%) Recomendam a prática de atividade física para gestantes 70(97,2) 1(1,4) 1(1,4) Não responderam n(%) 0(0) Indicam exercícios para prevenção de lombalgias 58(80) 2(2,7) 12(16,6) 0(0) Gestantes são desaconselhadas a praticar qualquer atividade física 0(0) 59(81,9) 13(18) 0(0) Exercícios físicos ajudam a diminuir ansiedade e depressão pós-parto 49(68) 5(6,9) 15(20,8) 3(4,1) Gestantes com dor abdominal ou hemorragias devem interromper a prática de exercícios 54(75) 3(4,1) 12(16,6) 3(4,1) A atividade física para gestantes passou a ser recomendada a partir da década de 1980, quando começou a haver maiores pesquisas e que poderia haver efeitos benéficos para a mãe e o feto. Um dos efeitos positivos é que a prática de exercício combate a depressão pós-parto, tal resultado se deve a autoestima elevada, maior sensação de bem estar, diminuição da sensação de isolamento social, diminuição da ansiedade e do estresse (ARTAL apud MATSUDO et al., 2000). Entre as mudanças que ocorrem com o avanço da gestação estão o surgimento de lombalgias, ocasionadas pela hiperlordose devido ao aumento do útero na cavidade abdominal. Contudo, 16,6% dos participantes da pesquisa desconhecem a relação entre os benefícios do exercício sobre a hiperlordose e 80% indicam exercícios para prevenção de lombalgias. De acordo com Hartmann apud Batista et al. (2003), a prática de exercícios proporciona o fortalecimento muscular e a adequação a uma postura correta frente a lordose e pode prevenir ou diminuir as dores que surgem comumente nos últimos trimestres gestacionais. Apesar dos benefícios percebidos Bennell apud Lima et al (2005) a prática de exercícios deve ser imediatamente interrompidos em caso de sangramento vaginal, doenças cardíacas, risco de parto prematuro ou aborto entre outras contra indicações que podem ocasionar risco materno ou fetal. Entretanto 16,6% dos participantes 21 responderam não saber sobre os sinais e sintomas que levam a interrupção das atividades Tabela 3: Atividade física no controle e prevenção do diabetes gestacional. Questões Sim n(%) Não n(%) Não sei n(%) Exercícios físicos são benéficos na prevenção de diabetes gestacional 38(52,7) 3(4,1) 31(43) Não responderam n(%) 0(0) Atividades físicas mantêm os níveis glicêmicos normais em pacientes portadoras de diabetes 55(76,3) 2(2,7) 12(16,6) 3(4,1) Das questões apresentadas duas eram relacionadas ao diabetes gestacional e os efeitos do exercício físico sobre as gestantes. Conforme as tabelas de resultados aproximadamente 43% dos participantes responderam desconhecer os benefícios relacionados ao exercício físico na prevenção de diabetes gestacional e 76,3% alegaram que a prática de exercício contribui de forma benéfica para o controle glicêmico. De acordo com Dye et Al apud Matsudo (2000), após estudos realizados com gestantes, afirmam que o exercício contribuiu para reduzir o risco do surgimento de diabetes gestacional e para o controle glicêmico em gestantes já portadoras do diabetes. Em gestantes diabéticas do tipo II o exercício mostrou-se benéfico quanto ao aumento na sensibilidade dos receptores de insulina e com consequente aumento na captação de glicose circulante. Entretanto para obter esses resultados a prática de exercícios deve ser associada a hábitos alimentares saudáveis, pois exercícios extenuantes e prolongados podem levar a um quadro hipoglicêmico que pode ocorrer mais rápido em gestantes causando efeitos adversos para a mãe e o feto (Gorski apud Matsudo et al., 2000). 22 Tabela 4: Exercício físico no controle da pressão arterial. Questões Sim n(%) Não n(%) Não sei n(%) Evitar exercícios em isometria e manobra de Valsalva devido ao aumento da resposta pressórica 56(77,7) 4(5,5) 12(16,6) Não Responderam n(%) 0(0) 18(25) 5(6,9) 48(66,6) 0(0) Entre os efeitos benéficos do exercício durante a gestação está a prevenção da pré-eclâmpsia 38(52,7) 3(4,1) 31(43) 0(0) A sobrecarga cardiovascular é maior no período gestacional do que no período não gestacional 40(55,5) 3(4,1) 29(40,2) 0(0) Exercícios são contraindicados em caso de hipertensão grave e de difícil controle 37(51,3) 16(22,2) 15(20,3) 3(4,1) Gestantes com pré-eclâmpsia não devem praticar exercícios físicos Durante o exercício ocorre a redistribuição sanguínea aos músculos em atividade, entretanto o aumento constatado do debito cardíaco durante a gestação compensa essa redistribuição de forma que não ocorra a diminuição do fluxo sanguíneo ao feto. Estudos realizados por Clapp et al. apud Matsudo et al. (2000) mostraram que a queda de pO2 fetal foi menor em gestantes previamente ativas, com isso acredita-se que o exercício regular reduz a necessidade de redistribuição do fluxo sanguíneo. Dos entrevistados, 40,2% desconhecem o fato da pressão arterial ser maior no período gestacional do que no período não gestacional e 66,6% não sabem se mulheres com pré-eclâmpsia pode praticar exercícios, sendo este um termo a ser de conhecimento de todos os profissionais de educação física pois, a prescrição inadequada de exercícios para mulheres com o diagnóstico de pré- eclampsia pode colocar em risco tanto a saúde da mãe quanto do feto. Brenner apud Matsudo et al. (2000) mostraram por meio de pesquisas que mesmo com a elevação da frequência cardíaca materna durante o exercício, não ocorre sofrimento fetal, pois a mesma permanece elevada durante e após 5 minutos de exercício, retornando aos níveis basais após cinco minutos de exercício de intensidade leve a moderada e demorando aproximadamente 30 minutos para retornar aos níveis basais após a pratica de exercícios de alta intensidade. Entretanto, para causar o sofrimento fetal o índice de diminuição fluxo placentário deve ser de 23 aproximadamente 50%. Essa diminuição de fluxo foi raramente observada em exercícios de intensidade leve a moderada, ocorrendo com mais frequência em exercícios extenuantes e prolongados (CLAPP et al. apud MATSUDO et al., 2000). Uma possível explicação para os breves períodos de bradicardia fetal durante o exercício é a resposta normal a eventos hemodinâmicos ou a compressão da cabeça do feto devido ao mau posicionamento no útero durante o exercício. Por outro lado, estudos mostram que o feto pode tolerar sem maiores prejuízos a eventual hipóxia moderada bem como outras enfermidades maternas como doenças cardíacas e enfermidades metabólicas (WOLFE apud MATSUDO et al, 2000) Tabela 5: Intensidade do exercício recomendada durante a gestação. Questões Sim n(%) Não n(%) Não sei n(%) é 44(61,1) 18(25) 10(13,8) Não Responderam n(%) 0(0) Exercícios aeróbios de intensidade moderada são recomendados apenas para gestantes previamente ativas 9(12,5) 48(66,6) 14(19,4) 0(0) Exercícios de força como a musculação, de intensidade leve à moderada é recomendado para gestantes 61(84,7) 2(2,7) 9(12,5) 0(0) Mulheres atletas podem manter a mesma intensidade de exercício mesmo durante a gestação 10(13,8) 50(69,4) 9(12,5) 0(0) Atletas profissionais podem manter a mesma intensidade de treinamento e retornar a competir em alto nível após a gestação 33(45,8) 20(27,7) 19(26,3) 0(0) Exercícios intensos devem ser evitados no primeiro trimestre gestacional pelo risco de aborto espontâneo 49(68) 9(12,5) 11(15,2) 3(4,1) Atividades intensas no último trimestre devem ser evitadas pelo risco de parto prematuro 32(44,4) 8(11,1) 29(40,2) 3(4,1) Exercício de alta intensidade deve ser evitado por causar sofrimento fetal 27(37,5) 9(12,5) 32(44,4) 4(5,5) Atividades com levantamento frequente de peso aumentam consideravelmente o risco de parto prematuro 39(54,6) 6(8,3) 24(33,3) 3(4,1) Atividades de intensidade moderada diminuem o risco de complicações obstétricas 42(58,3) 5(69) 22(305) 3(4,1) Atividade física de intensidade moderada recomendada durante todo período gestacional 24 Uma dúvida recorrente quanto a realização de exercícios durante a gestação está relacionada à intensidade e os riscos causados pela intensidade inadequada. O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (1985) recomenda a prática de exercícios três vezes na semana em intensidade leve a moderada que representa em torno de no máximo 60% a 70% da capacidade aeróbia o que significa aproximadamente uma FC de 140 bpm. Apesar dessa recomendação, gestantes que se exercitaram por 43 minutos por dia 3 vezes por semana mantendo uma frequência cardíaca superior a 144 bpm não apresentaram efeitos adversos fetais ou maternos. Outros autores como White apud Matsudo (2000) consideram a utilização da escala de Borg para mensurar a intensidade, sendo adequado manter os exercícios entre 12-14 considerando uma escala de 6-20. Uma regra importante quanto ao mensurar a intensidade é a capacidade de dialogar enquanto executa o exercício, ou seja, se for possível manter o diálogo a intensidade é considerada leve a moderada. Assim como a intensidade a frequência e a duração são fatores relevantes a serem considerados na prescrição de exercícios e serão estabelecidos conforme o condicionamento físico e os objetivos a serem alcançados. Mulheres atletas que apresentam gestação regular, ou seja, sem complicações ou contraindicações obstétricas podem manter a intensidade leve a moderada e aumentar a frequência e a duração, entretanto 69,4% responderam que mulheres atletas não devem manter o mesmo nível de atividade física durante a gestação. Mulheres previamente inativas são aconselhadas a iniciar atividades de baixa intensidade aumentando gradativamente à medida que se adapta aos exercícios. Entretanto com o avanço da gestação e o crescimento uterino a mulher tende naturalmente a diminuir o nível de atividade física (MORTON apud MATSUDO 2000). A musculação entra na lista de atividades que geram dúvidas quanto aos riscos e benefícios de sua prática no período gestacional. Para mulheres adeptas da musculação devem ser orientadas a exercitar os grandes grupos musculares e executar apenas exercícios de baixo impacto articular e evitar os que demandem equilíbrio e a manobra de Valsalva. A musculação mostrou-se benéfica nas respostas cardiovasculares, respiratórias, metabólicas, aumento da massa muscular com consequente diminuição 25 da massa adiposa e fortalecimento articular, que se faz necessário frente ao aumento considerável de peso durante a gestação. Entretanto a musculação é recomendada apenas para mulheres que a praticavam antes da gestação (AZEVEDO apud MONTENEGRO et al., 2014). Exercícios em posição supina também devem ser evitados segundo Montenegro (2014), pois o útero pode comprimir a veia cava prejudicando o retorno venoso, fenômeno conhecido como síndrome da hipotensão supina. Não existem dados científicos que comprovem maior incidência de abortos espontâneos em gestantes praticantes ou não de exercícios físicos nem que comprovem que qualquer nível de exercício físico influencia o aborto. Atletas de alto nível que optam por manter o condicionamento físico e a alta intensidade durante os treinos não apresentaram resultados prejudiciais à saúde materna ou fetal de acordo com Wolfe apud Matsudo (2000). Entretanto os estudos mostram resultados controversos uma vez que autores como Zaharieva apud Matsudo et al. (2000) indica que gestantes atletas tiveram maior incidência de nascimento prematuro e com baixo peso. De acordo com a literatura apresentada, mulheres atletas podem manter os exercícios em alta intensidade com orientação e algumas restrições quanto ao tempo de execução, pois exercícios extenuantes por períodos prolongados e frequentes mostraram-se negativos quanto ao crescimento fetal, onde as crianças nasceram baixo do peso recomendado. (BENNEL apud LIMA 2005). Gestantes sedentárias ou mesmo as que praticam exercícios regularmente não devem almejar os mesmos resultados ou níveis de treinamento de gestantes atletas, pois estas representam um número seleto de mulheres extremamente ativas capaz de suportar esforço físico de alta intensidade, tendendo a desprezar sinais de exaustão, o que pode ser considerado um risco adicional (MATSUDO, 2000). Apesar de estudos que mostram algumas alterações em mulheres que mantém exercícios de alto rendimento no início da gestação, atletas de elite podem manter os níveis de treinamento, pois não existem consequências adversas para exercícios intensos nos primeiros trimestres, e orienta a diminuição da intensidade com o avanço da gestação e o repouso no último trimestre. As alterações articulares, ligamentares e posturais que ocorrem devido a mudança no centro de gravidade com o avanço da gestação tendem a limitar o desempenho, por este motivo sugere-se que exercícios 26 em níveis competitivos sejam suspensos a partir da 16a à 20o semana de gestação (HALE apud MATSUDO et al., 2000). Ao serem questionados sobre exercício e aborto 68% responderam que o exercício nos primeiros trimestre podem causar aborto espontâneo, de acordo com os estudos, entre os efeitos do exercício no corpo da gestante acreditava-se que a atividade física estimulava a contração uterina, o que consequentemente levaria ao trabalho de parto. Entretanto Bishop apud Batista et al. (2014) acredita que a atividade física promove o fortalecimento da musculatura pélvica, o que consequentemente diminui o risco de parto prematuro. Para ele, outros fatores podem ocasionar o parto prematuro como a falta de adesão a programas de assistência pré-natal, idade e paridade. Tabela 6: Riscos e benefícios da atividade física no desenvolvimento fetal. Questões Sim n(%) Não n(%) Não sei n(%) 50(69,4) 5(6,9) 14(19,4) Não Responderam (%) 3(4,1) Exercícios orientados de intensidade moderada contribuem para o aumento do peso fetal 18(25) 16(22,2) 35(48,6) 3(4,1) Exercícios com risco de trauma abdominal são prejudiciais para saúde e desenvolvimento fetal 50(69,4) 5(6,9) 14(19,4) 3(4,1) Com acentuada diminuição no movimento fetal os exercícios devem ser interrompidos 28(38,8) 3(4,1) 37(51,3) 4(5,5) Exercícios orientados contribuem desenvolvimento fetal para o Exercícios em ambientes muito quentes, com temperatura muito elevada devem ser evitados pelo risco de má formação fetal. 22(30,5) 12(16,6) 34(47,2) 4(5,5) Exercícios aquáticos têm sido constantemente recomendados. Entre as atividades aquáticas mais disseminadas como prática saudável está a natação e a hidroginástica, que constituem exercícios aeróbios, de baixo impacto articular, ainda proporciona diminuição da resistência vascular renal e da filtração renal causada pela pressão hidrostática de acordo com Katz apud Matsudo (2000). Existem outros fatores fundamentais para a prática saudável de atividade física considerando as condições físicas das gestantes como a temperatura corporal e os 27 efeitos que esta variação pode causar ao desenvolvimento fetal como a temperatura corporal. Dos 72 entrevistados 16,6% responderam que altas temperaturas não acarretam riscos a saúde e 47,2% responderam não saber acerca da relação entre altas temperaturas e os riscos á saúde fetal. Estudos realizados com animais revelaram que altas temperaturas podem resultar em má formação nos tubos neurais. Apesar de tal estudo ainda não ter sido comprovado em humanos sugere-se que gestantes evitem altas temperaturas que possam levar a um estado hipertérmico (BENNELL apud LIMA, 2005). Apesar dos benefícios constatados, independente do exercício escolhido, ou seja, musculação, atividades aeróbias ou práticas aquáticas, estes devem ser imediatamente interrompidos em caso de sangramento vaginal ou histórico de aborto, falta de ar após os exercícios, dor de cabeça constante ou no peito, fraqueza muscular, perda de líquido amniótico ou diminuição do movimento ou sofrimento fetal (Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia apud Matsudo, 2000). As atividades devem ser retomadas apenas após liberação médica. Tabela 7: Vivência prática e teórica do profissional. Questões Sim n(%) Não n(%) Durante a sua pratica profissional ou estagio já prestou serviços a mulheres grávidas 28(38,8) 41(56,9) Não responderam n(%) 3(4,1) Já teve informações por meio de livros ou revistas sobre pratica de atividade física para gestantes 46(63,8) 21(29,1) 5(6,9) Durante a formação teve aula de conhecimentos específicos sobre atividade física e gestação. 16(22,2) 53(73,6) 3(4,1) Tabela 8: Nível de conhecimento dos profissionais de educação física e segurança quanto à prescrição de exercícios para gestantes. De acordo com seu nível de conhecimento, sente segurança em prescrever exercícios físicos para gestantes? De jeito nenhum Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente Não Responderam Resposta n (%) 22(30,5) 12(16,6) 27(37,5) 6(8,3) 2(2,7) 3(4,1) 28 De acordo com os resultados apresentados nas tabelas 7 e 8, 56,9% dos alunos finalistas e profissionais formados que responderam ao questionário, nunca participaram de nenhuma interferência com mulheres grávidas, tanto durante sua formação quanto após a graduação e 73,6% não obtiveram durante o curso aulas voltadas para o conhecimento referente a atividade física e gestação. Este pode ser considerando um quantitativo preocupante considerando o crescente número de gestantes adeptas a prática de exercícios durante a gestação e a falta de profissionais capacitados para a orientação e prescrição de exercícios de forma correta, respeitando a individualidade biológica e os objetivos almejados. Quando questionados quanto ao nível de segurança para desenvolver trabalhos com gestantes 30,5% responderam que de jeito nenhum se sentem seguros para prescrever exercícios e 16,6% responderam que sentem um pouco de segurança. Apenas 2,7% dos participantes se declararam extremamente seguros. Notoriamente este não pode ser considerado um número satisfatório tendo em vista os riscos apresentados ao desenvolver práticas esportivas não recomendadas ou executadas de forma incorreta. Essa falta de segurança afeta também os resultados e os objetivos almejados pela gestante e a saúde materna e fetal, pois ao não executar os exercícios corretos, ou seja, com o volume e intensidade ideais, não alcançarão os benefícios do exercício físico bem orientado e executado. Por este motivo cabe ao profissional buscar informações e uma melhor qualificação quanto à prescrição de exercícios para gestantes, e as universidades formar profissionais capacitados para atuar no mercado de acordo com as novas demandas que estão em constante mudança. 29 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudos apontaram que gestantes que aderiram ou mantiveram a prática de exercícios apresentaram efeitos benéficos para sua saúde e a saúde fetal. Entretanto, existe a necessidade de orientação quanto a prática escolhida de forma a não se tornar prejudicial, considerando o nível de treinamento, problemas de saúde que comprometam a gestação e necessitem repouso e evitar esportes que possam causar trauma abdominal. Para tanto se faz necessário o acompanhamento de profissionais capacitados para prestar a devida orientação. Profissionais envolvidos com o cuidado e tratamento de gestantes devem buscar melhor capacitação para este atendimento especializado e individualizado. Há também a necessidade por parte das instituições de ensino superior em formar profissionais capacitados a atenderem essa população em questão. 30 5. REFERÊNCIAS BATISTA, Daniele Costa et al. Atividade física e gestação: saúde da gestante não atleta e crescimento fetal. Revista Brasileira Saúde Materna e Infantil. v.3, n.2. 2003. LIMA, Fernanda R.; OLIVEIRA, Natália. Gravidez e exercício. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 45, n. 3, p. 188-90, mai./jun., 2005. MATIJASEVICH, Alice; DOMINGUES, Marlos Rodrigues. Exercício físico e nascimentos pré-termo. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. vol.32 no.9 Rio de Janeiro Set. 2010. MATSUDO, Victor K.R; MATSUDO Sandra M.M. Atividade física e desportiva na gravidez. Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul – CELAFISCS. Publicado no livro: A Grávida. TEDESCO JJ (Editor), São Paulo, ATheneu, pp.59-81,2000 MONTENEGRO, Léo de Paiva. 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O ganho de peso excessivo pode expor a gestante ao desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes e obesidade pós-parto. 6. A prática de exercícios aeróbios de intensidade moderada (caminhada, hidroginástica e etc.) é recomendada apenas para gestantes previamente ativas. 7. O treinamento de força (musculação), de intensidade leve a moderada, pode ser praticado por gestantes. 8. Na prática do treinamento de força durante a gestação devem ser evitados exercícios em isometria e a manobra de Valsalva (bloqueio respiratório) pelo risco de aumento da resposta pressórica. 9. Mulheres grávidas com diagnóstico de pré-eclampsia não devem praticar atividade física. 10. Mulheres altamente treinadas (atletas) podem manter a mesma intensidade de treinamento físico durante o período gestacional. 11. Atletas profissionais são capazes de manter elevada intensidade de treino, ao longo de uma gestação saudável, e de retornar rapidamente a competir em alto nível. 12. Entre os benefícios da prática de atividade física durante a gestação podemos citar a prevenção da pré-eclampsia e do diabetes gestacional. 13. Mulheres grávidas têm propensão maior de desenvolverem lombalgia (por hiperlordose) e a prática de atividade física auxilia na redução e prevenção desse quadro. 14. A sobrecarga (atividade) cardiovascular é maior no período gestacional do que no não gestacional. 15. A atividade física pode contribuir para manter os níveis glicêmicos normais em gestantes que apresentam diabetes gestacional. 16. A prática de exercícios físicos intensos deve ser evitada nos primeiros três meses de gestação por expor as grávidas a um maior risco de aborto espontâneo. 17. A prática de exercícios físicos intensos nos últimos meses de gestação pode provocar parto prematuro. 18. A prática de exercícios físicos durante a gestação tem efeito positivo para o desenvolvimento fetal. 19. A prática de exercícios físicos orientados (de intensidade moderada) durante o período gestacional contribui para o aumento do peso fetal. 20. A prática de exercícios físicos de alta intensidade (por reduzir o transporte de oxigênio e nutrientes para a placenta) é contraindicada por causar sofrimento fetal. 21. A prática de exercícios físicos com risco de trauma abdominal é prejudicial para a saúde e desenvolvimento fetal. 38 22. Em casos que ocorra a diminuição acentuada do movimento fetal a prática de exercícios físicos deve ser imediatamente interrompida. 23. A prática de exercícios físicos durante a gestação pode reduzir o risco de desenvolvimento de ansiedade e depressão pós-parto. 24. Grávidas devem evitar realizar exercícios físicos em ambientes muito quentes e piscinas com temperatura muito elevada pelo risco de má formação fetal. 25. Para mulheres grávidas com quadros de hipertensão grave e de difícil controle a prática de exercícios físicos é contraindicada. 26. Gestantes com dor abdominal, cólica e hemorragia vaginal devem interromper a prática de atividade física imediatamente. 27. Grávidas que trabalham com levantamento frequente de cargas pesadas, ou seja, em atividade ocupacional intensa, aumentam consideravelmente o risco de parto prematuro. 28. A prática de atividade física, de intensidade moderada no decorrer do ciclo gestacional, diminui o risco de complicações obstétricas. 29. Pela falta de informação adequada, aproximadamente 95% das mulheres em idade fértil são insuficientemente ativas. 30. Na sua prática profissional e/ou de estágio, já prestou auxilio e serviço para mulheres grávidas (academia, escola, clubes, personal trainer e etc.)? 31. Já teve informações a respeito de gravidez e exercício físico (livros, panfletos, palestras e etc.)? 32. Durante a sua formação, teve aulas de conhecimentos específicos com relação à prescrição de atividades físicas para gestantes? 33. De acordo com seu nível atual de conhecimento, sente segurança em prescrever exercícios físicos para gestantes? ( ) de jeito nenhum ( ) um pouco ( ) moderadamente ( ) bastante ( ) extremamente 39
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