Menos despesa mais disciplina
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Menos despesa mais disciplina
SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA Nova imagem turística ~página 16 LER PARA SER Portel Câmara edita livro sobre igreja de Vera Cruz ~página 6 REGUENGOS DE MONSARAZ €1 www.noticiasalentejo.pt Ano I Nº 7 Novembro 2006 Montemor-o-Novo João Marques, vereador da Cultura: «Estamos a falar de cortes orçamentais gravíssimos, de limitações e condicionamentos muito grandes às autarquias» ~ página 8 José Calixto, vice-presidente CM Reguengos de Monsaraz: «Em matéria de autonomia do Poder Local esta lei não é uma verdadeira reforma: penso mesmo que não se reconheceu a maioridade que as Autarquias deverão ter no quadro da Democracia Portuguesa» Ensino Superior Crédito bonificado para estudantes só no papel ~ página 3 Redondo Azal promove «Azeites com Alma» ~ página 9 Opinião que marca diferença ~ páginas 14 e 15 ~ página 5 OE 2007 Menos despesa mais disciplina informação sempre actual ~ www.noticiasalentejo.pt ~ sempre em linha 2 entrada~ Carlos Trigo Notícias Alentejo online desde 9 de Junho de 2003 www.noticias alentejo.pt ~@ E depois do défice? [email protected] Ano após ano, sempre que políticos e economistas discutem o Orçamento, conhecemos novas tentativas de emagrecimento do Estado. Os políticos repetem-se, os comentadores utilizam o «copiar/colar» nos ficheiros «Word» para argumentar a favor, ou contra, a proposta do ministro das Finanças e os contribuintes fazem contas à vida. O mês seguinte encarrega-se, normalmente, de retirar esta carga dramática ao dia-a-dia dos portugueses. Os políticos vão esquecer o défice, os comentadores ficam entretidos com cenários de uma qualquer remodelação no executivo governamental e os contribuintes, para esquecer os impostos, vão preparar-se para corrida consumista de Natal. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, já explicou, de forma sintética, como pretende assegurar a consolidação orçamental: «medidas de redução de despesas de funcionamentos da administração central, medidas de contenção e sustentabilidade das despesas de saúde e medidas de disciplina orçamental das administrações regionais e locais». Mas, num país que concentra a riqueza no Litoral, o Interior vai servindo apenas para tema de discurso de campanha. Em tempo de «vacas gordas» recebe migalhas, em período de «vacas magras» até as migalhas lhe tiram. Será, por isso, justo reclamar que o esforço a fazer na contenção da despesa pública seja devidamente compensado com investimento dirigido a equipamentos públicos em áreas tão sensíveis como a educação e a saúde. Curiosamente, a dramatização em torno do OE 2007 tem sido de tal modo forte que quase «matou» outro tema - O Tribunal Constitucional detectou irregularidades nas contas apresentadas pelos 11 partidos políticos que concorreram às eleições legislativas de 2005. A obsessão pelo défice poderá ter, contudo, os dias contados. Não pela via da sua correcção contabilística, mas pela mudança de tendência. E o exemplo vem de Inglaterra e do líder do Partido Conservador, David Cameron, para quem chegou o momento «de os políticos admitirem que há coisas mais importantes na vida do que o dinheiro». Preocupado com o «défice de felicidade» (é certo que na oposição estas coisas são mais fáceis...), Cameron assume um discurso de defesa da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde, o que poderá significar o início de uma nova tendência europeia que, mais tarde ou mais cedo, contagiará até os burocratas mais economicistas de Bruxelas. E depois do défice? 11.2006 Sumário Ficha Técnica Universidade distingue cultura científica Página 7 Azal lança «Azeites com Alma» em Redondo Página 9 Na capa: José Calixto Vice-Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz Ciência & Tecnologia, por Afonso de Almeida Páginas 12 e 13 Opinião que marca a diferença Páginas 14 e 15 A crónica de Luís Carmelo Página 20 Letra & Música, por José A. Ferreira Página 21 A edição do "Notícias Alentejo" é da responsabilidade da sociedade "Notícias Alentejo Produção de Conteúdos Lda.", contribuinte 506596818, com sede na Rua António Janeiro, 13, 7200-337 Reguengos de Monsaraz, capital social de 5000€. Depósito Legal: 247346/06 Impressão: CORAZE, A Folha Cultural, CRL - Oliveira de Azeméis. Direcção-Geral: Carlos Trigo ([email protected]) Direcção Editorial: Luís Rego ([email protected]) Direcção Gráfica: David Prazeres ([email protected]) Fotografia: Susana Rodrigues Colaboradores: Benjamim Formigo, José Frota, Jorge Reis (www.lusomotores.com), Mara Alves e Rute Marques Opinião: Afonso de Almeida, Alberto Magalhães, Antonio Sáez Delgado, Manuel Ferreira Patrício, João Espinho, Joaquina Margalha, José Gabriel Calixto, Luís Carmelo e Rui Namorado Rosa Contacto & Publicidade Telefone: 266 508 012 Fax: 266 508 019 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected] Morada: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz www.noticiasalentejo.pt notíciasalentejo~ Novembro 2006 3 ~destaque Bonificado na gaveta [email protected] A legislação prevê que os estudantes universitários recorram a crédito bonificado para suportar despesas relacionadas com o curso, mas poucos conhecem a existência do Sistema de Empréstimos aos Estudantes do Ensino Superior, previsto no decreto-lei nº 512/99. Em sete anos, os executivos governamentais não se preocuparam em regulamentar os passos seguintes. Ou seja, na prática, o crédito bonificado ficou na gaveta. Frequentar o Ensino Superior é sinónimo de encargos financeiros acrescidos. Propinas, alojamento, deslocações e outras despesas atrapalham o orçamento de quem ambiciona um curso. Um sonho que exige, cada vez mais, um investimento superior àquilo que a maioria dos estudantes pode suportar. Em Portugal, muitas dessas despesas são suportadas pelos pais ou por bolsas de estudo, que nem sempre são suficientes. No entanto, a par disso, existe (ou deveria existir) o Sistema de Empréstimos aos Estudantes do Ensino Superior estipulado no decreto-lei nº 512/99, com o objectivo de dar a possibilidade aos estudantes de concluírem os seus estudos. No preâmbulo do referido decreto-lei pode ler-se: "(...) tendo em conta a relevância social desta medida, o legislador da Lei n.º 113/97 teve ainda o cuidado de referir que o empréstimo deve privilegiar os estudantes economicamente carenciados e com aproveitamento escolar satisfatório, estendendo mesmo a matéria aos estudantes do ensino superior particular e cooperativo e de direito concordatário, nos termos do seu artigo 34.º". Este regime de crédito bonificado aos estudantes do Ensino Superior destina-se a alunos portugueses que estejam no último ano de curso, no caso de bacharelato, e nos dois últimos anos, no caso de licenciatura. Requerido o crédito, só um ano após terminado o curso, o aluno começa, então, a amortizar a dívida. Este crédito deveria ser obtido nas instituições bancárias que, na altura, aderiram : Caixa Geral de Depósitos; Caixa Económica Montepio Ge ra l; Ca ix a Ce nt ra l de Condições de Acesso ao Crédito Bonificado (DL 512/99) Estudantes do Ensino Superior que sejam Cidadãos da união Europeia, ou oriundos de países cuja língua oficial seja o Português; Frequentem o penúltimo ano ou o último ano curricular; Provar que tem um rendimento mensal bruto inferior a duas vezes o salário mínimo; Ter aproveitamento académico satisfatório; Não sejam titulares de outro em préstimo bonificado contraído ao abrigo do presente regime. Crédito Agrícola Mútuo. Contudo, apesar, deste sistema de crédito bonificado constar em Diário da República, a informação sobre o processo sempre foi escassa. Muitos dos estudantes que frequentam, actualmente, a Universidade não sabem da existência deste sistema nem da sua inexistente regulamentação. Isabel Vieira, provedora do estudante da Universidade de Évora, salienta este seria um sistema a ter em conta: «É o sistema que funciona noutros países europeus, o aluno endivida-se para estudar e paga esse empréstimo quando começar a trabalhar. Aqui em Portugal, que eu tenha conhecimento, ninguém faz isto». O serviço da Provedoria do Estudante, cujo objectivo principal é encaminhar os alunos, encontrando soluções para os diversos problemas que surgem a nível académico, tem tentado divulgar sistemas de empréstimos: «O crédito bonificado seria uma boa alternativa a muitos problemas financeiros que surgem, quando ainda estão a DP Mara Alves tempo de ser resolvidos». Não são só os estudantes que desconhecem a existência deste sistema. Contactadas pelo Notícias Alentejo, instituições como a Caixa Económica Montepio Geral e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo remeteram-nos para as filiais de Évora, onde se manteve a relutância em disponibilizar a informação. A jornalista foi remetida para procedimentos burocráticos, necessariamente morosos e incompatíveis com os «timings» de fecho desta edição. O Noticias Alentejo contactou, ainda, o Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, no passado dia 13 de Outubro, via telefone e email, mas fomos remetidos para a Direcção-Geral do Ensino Superior, onde foi possível obter uma única informação - falta regulamentar os passos seguintes. As condições da Caixa O NA contactou a CGD para obter informações sobre o crédito a estudantes universitários. Sobre o Sistema de Empréstimos aos Estudantes do Ensino Superior estipulado no decreto-lei nº 512/99 não foi possível obter qualquer esclarecimento e fomos remetidos para a solução possível, o CREDIFORMAÇÃO. Dados de base Período de Utilização: 6 anos Finalidade: Financiamento de despesas relacionadas com cursos superiores, de especialização, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, etc. e de aquisição de material ligado à formação. Taxa: Desde Euribor + 0,5 p.p. Destinatários: Estudantes do Ensino Superior ou politécnico, candidatos a cursos de formação, de especialização ou a programas para executivos e MBA, docentes e funcionários. Montante do Empréstimo: € 1.000 a € 50.000 Prazo: 11 anos Período de diferimento: Até 12 meses (após o período de utilização) Período de reembolso: Desde 1 até 132 meses. Condições de Reembolso: Prestações mensais de juros nos períodos de utilização e diferimento; Prestações mensais constantes (de capital e de juros) no período de reembolso. fonte: www.cgd.pt/ credito_pessoal/ crediformacao.htm 4 publicidade~ notíciasalentejo~ Novembro 2006 notíciasalentejo~ Novembro 2006 5 ~reguengos de monsaraz ‘Governo não reconheceu estatuto de «maioridade» às autarquias’ Na versão governamental, os critérios ditados pela nova Lei das Finanças Locais ainda dão aos municípios um estatuto de «excepção» mas a as razões invocadas pelo executivo não contam com a simpatia dos autarcas. José Gabriel Calixto, vice-presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, admite que discussão pública da nova tenha tido «'condimentos' de razão, mas também de emoção», mas alerta: «Aquilo que a Lei chama de 'reforço da autonomia local' não passa de um conjunto de normas cujo impacto - nomeadamente em matérias fiscais - apenas poderá vir a ter algum relevo em fases mais expansionistas da economia». A nova Lei das Finanças Locais provocou protestos por parte da ANMP. Os Municípios ficam realmente prejudicados? Como se reflecte a nova Lei no dia a dia das Autarquias? Tal como já anteriormente o afirmei, a esmagadora maioria dos Autarcas Portugueses cumpriram globalmente a sua missão, ao longo dos trinta anos de Democracia. Por isso reclamam para si muito justamente - um contributo decisivo na enorme melhoria das condições concretas de vida das populações. Esta grande autoridade moral da maioria dos Autarcas vem levando a que o processo de discussão pública da nova Lei das Finanças Locais tenha 'condimentos' de razão, mas também de emoção. Não posso afirmar que a Lei venha deliberadamente prejudicar os Municípios; vem, de facto, estabelecer novos princípios de gestão para as Autarquias, com maior rigor na afectação dos recursos municipais, pelos simples factos de que estes são escassos e de que o País está a tentar sustentar, de forma credível, uma retoma económica. De facto, são definidos alguns princípios fundamentais, para mim quase inquestionáveis, como por exemplo, o facto das Autarquias só se poderem endividar até ao limite da sua capacidade de geração de receitas em cada ano; ou a variação directa do valor das transferências do Orçamento do Estado de acordo com a evolução dos ciclos macroeconómicos. Todos estamos certamente de acordo de que não podemos hipotecar a autonomia de gestão das gerações futuras com níveis desadequados de endividamento. Veja-se, o exemplo de um conjunto de Câmaras que resolveram recentemente tentar vender (titularizar) a Instituições Bancárias receitas que irão receber ao longo dos próximos 5 ou 10 anos. Esta não me parece ser uma decisão credível e justa. Por isso, um dos reflexos directos para as Autarquias será o de que, a partir de agora, os Autarcas continuarão a trabalhar muito e bem a favor das populações que representam, embora com uma diferença: terão que o fazer tendo ainda mais cuidado e contenção nos recursos financeiros e humanos que afectam aos seus projectos. No entanto, penso igualmente que existem capítulos da nova Lei mais discutíveis os quais, poderão eventualmente, ser mais penalizadores para alguns Municípios Por um lado, penso que os problemas consequência deste período de transição para novas regras estão claramente subavaliados relativamente a um conjunto de Autarquias financeiramente menos autónomas. Por outro lado, em matéria de autonomia do Poder Local esta lei não é uma verdadeira reforma: penso mesmo que não se reconheceu a maioridade que as Autarquias deverão ter no quadro da Democracia Portuguesa. Aquilo que a Lei chama de 'reforço da autonomia local' não passa de um conjunto de normas cujo impacto - nomeadamente em matérias fiscais apenas poderá vir a ter algum relevo em fases mais expansionistas da economia. Num período de contenção orçamental, a nova Lei reflecte proporcionalmente o esforço de contenção ou trata-se, como dizem alguns Autarcas, de pedir às Autarquias restrições desproporcionadas e lesivas do bem-estar das populações? Este é igualmente um ponto menos positivo desta nova Lei. Também já o afirmei: o Poder Central não deverá cair no erro de pedir aos 308 Municípios um esforço desproporcionado relativamente àquele que ele próprio vier a conseguir demonstrar. Não tenho dúvidas que, num reduzido número de Autarquias, esta nova Lei irá impedir os seus Autarcas de resolver alguns problemas básicos das suas populações ou investimentos já projectados. No entanto, a esmagadora maioria dos Municípios (cerca de 86%) irão receber, em termos nominais, o mesmo valor (150 Municípios) ou um valor superior (114 Municípios), quando comparamos com 2006. Dos 44 Municípios que irão receber um valor inferior, essa quebra nunca será superior a 5%. Deve ainda ficar claro que, nestes casos, temos Municípios a cobrar impostos municipais que chegam a atingir os 790 Euros por habitante/ano, enquanto que as 10 Câmaras mais 'pobres' do país não conseguem sequer chegar aos 40 Euros por habitante. Em honra da verdade, deve igualmente ser dito que a proposta de Orçamento do Estado para 2007 prevê um ambicioso corte nas despesas dos Ministérios (digo 'ambicioso' porque as metas agora definidas nunca foram cumpridas em anteriores Governos). Por isso, a responsabilidade do Poder Central nesta conjuntura torna-se ainda maior. Parece-me que os 308 'Governos Municipais' e os dois Autónomos irão a partir de agora estar ainda mais atentos aos exemplos vindos do Governo Central em matéria de boa gestão dos recursos públicos. De acordo com as contas do Governo, 70 das 308 Autarquias ultrapassam o limite de endividamento, face à nova Lei, o que os impede de contrair empréstimos. No caso de Reguengos de Monsaraz, afecta o funcionamento da Autarquia? E em termos de investimento? Estamos num Concelho que aposta muito forte no seu futuro e na sua capacidade de atracção de novos investimentos, promotores de desenvolvimento sustentado. O funcionamento da Autarquia não está minimamente posto em causa: estamos a modernizar-nos, a racionalizar os custos de funcionamento e a prestar os serviços aos Munícipes de forma ainda mais eficaz. Temos que ter elevada capacidade de gestão mas isso não nos preocupa de forma relevante. No entanto, este novo quadro legislativo poderá ter algum impacto negativo ao nível do ritmo de alguns investimentos previstos para o nosso Concelho. Temos uma rede viária em acentuada renovação; temos um novo arquivo municipal a terminar e uma biblioteca para iniciar; temos uma nova creche aprovada, um novo jardim de infância para construir e um parque de Escolas para requalificar; temos a rede de águas da Cidade de Reguengos para renovar; temos uma zona industrial em continuada expansão; para só falar dos investimentos previstos para um espaço temporal mais imediato... A este nível o caminho será certamente continuar a apostar na criação de um clima favorável ao investimento e á promoção do nosso Concelho, gerando assim novos recursos, emprego e desenvolvimento. Centro Hípico Municipal sobe ao pódio a nível nacional O cavaleiro João Gonçalves, da equipa do Centro Hípico Municipal de Reguengos de Monsaraz, conquistou o segundo lugar na prova São Jorge do Concurso de Dressage Especial, organizado pela Sociedade Hípica Portuguesa, no Hipódromo do Campo Grande, em Lisboa. Nas últimas competições realizadas, a equipa do Centro Hípico Municipal alcançou o terceiro lugar no Concurso de Dressage Nacional de Alter do Chão. Nesta prova, João Gonçalves participou em Intermediária 1 e Intermediária Kur, com o cavalo "Amulet". No CSN - B de Azeitão, em saltos de obstáculos, o cavaleiro de Reguengos de Monsaraz obteve a 14ª posição, com o cavalo "Ramsey Diamond", no primeiro dia de provas e ficou no 15º lugar com "Blackhood II", no segundo dia, posicionando-se na primeira metade da classificação geral. A equipa do Centro Hípico Municipal de Reguengos de Monsaraz, a única de um Município a apresentar-se nas competições nacionais, é constituída pelos cavaleiros João Gonçalves e Filipe Palma. Na próxima época vão juntar-se DP Orçamento de Estado de 2007 está condicionado pela consolidação das contas públicas, o que, segundo o Governo, obriga à redução de «toda a despesa». A meta de redução do défice orçamental para 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) obriga a cortes até nas transferências para as autarquias. três alunos ao grupo para participarem nas primeiras provas de nível preliminar na modalidade de Ensino. O Centro Hípico Municipal de Reguengos de Monsaraz abriu ao público há quatro meses, tem 32 alunos de ambos os sexos, está credenciado pela Federação Equestre Portuguesa e é recomendado pela Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-sangue Lusitano. Localizado no Parque de Feiras e Exposições, o centro dispõe de dois picadeiros e um campo de guias, 23 boxes de alojamento, e tem em fase de conclusão um picadeiro coberto para permitir a continuação das aulas durante o Inverno. notíciasalentejo~ Novembro 2006 6 portel~ SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA LER PARA SER Câmara edita livro sobre Igreja de Vera Cruz de Marmelar Ana Pagará, Nuno Vassalo e Silva e Vítor Serrão são os autores. O livro «Igreja de Vera Cruz de Marmelar», editado pela Câmara Municipal de Portel, mostra a importância de um dos mais significativos monumentos da arquitectura religiosa do Alentejo, cuja origem remonta ao período visigótico. No livro, Ana Pagará refere que «as circunstâncias da fundação do Mosteiro da Ordem de São João de Jerusalém ou do Hospital de Marmelar, do qual subsiste o conjunto arquitectónico formado pela igreja, dedicada a São Pedro e Paroquial da aldeia de Vera Cruz, e ruínas do paço dos comendadores desta importante comenda hospitalária, encontram-se documentadas numa inscrição de grande importância histórica...». A iniciativa de construção do mosteiro é atribuída a Afonso Pires Farinha (12031282), da Ordem do Hospital vale 15% desconto em livros SÍTIO DAS LETRAS Rua S. João de Deus, 18 [email protected] Tel. 266 508 010 REGUENGOS DE MONSARAZ de S. João de Jerusalém. Contudo, muitos historiadores, incluindo os autores deste livro, apontam para o período visigótico a origem do conjunto arquitectónico de Vera Cruz. Imóvel de Interesse Público desde 1939, a Igreja de Vera Cruz de Marmelar ficou ainda na história por guardar uma importante relíquia - uma parcela da cruz na qual Jesus Cristo foi crucificado. Segundo a tradição, conforme salientam os autores do livro agora editado pela CM Portel, a relíquia do Santo Lenho terá sido trazida da Palestina por Afonso Pires Farinha, depois de uma viagem à Terra Santa. Os historiadores admitem que Afonso Pires Farinha terá participado em várias cruzadas antes de entrar na Ordem de São João de Jerusalém, mais tarde designada por Ordem de Malta. MaisPORTEL com... CREMILDE! Pintura no Circuito Transfronteiriço Cremilde, o Centro de Recursos Educativos Móvel de Informação Lazer e Desporto, foi inaugurado em Outubro na freguesia de Alqueva. Trata-se de um autocarro transformado em espaço polivalente e de intercâmbio de projectos e experiências inovadoras no concelho de Portel. Integrado no Programa PROGRIDE, o Projecto MaisPortel iniciou mais uma das suas sete grandes acções. No terreno e em execução encontram-se já a Unidade Móvel de Atendimento, a Linha Verde, a Equipa de Emergência Social e as Campanhas de Informação, Sensibilização e Formação. O CREMILDE que fez a sua primeira apresentação em público na freguesia de Alqueva. Consiste num autocarro, propriedade da autarquia de Portel, que contava já com muitos anos e que foi, por esta, transformado de forma a poder acolher no seu interior um conjunto de recursos que o tornassem numa sala de aprendizagem diferente, capaz de motivar públicos tão distintos como as crianças e os idosos, até à generalidade dos elementos da comunidade. Desde a Matemática, as Ciências, as Tecnologias de Informação e Comunicação, a Animação de Leitura, uma Biblioteca Multimédia, tudo Projecto cultural promovido pela Associação de Universidades Populares da Estremadura e que apresenta quatro exposições com uma grande variedade de artistas e técnicas, que mostram a riqueza que existe em ambas os lados da raia (Estremadura e Alentejo), o Circuito Cultural Transfronteiriço envolve os municípios de Portel, Elvas, Campo Maior e Nisa do Alentejo e Jerez de los Caballeros, Olivenza, Lograsón e Guadalupe da Estremadura. Em Portel, neste mês de Novembro, é possível visitar as exposições "Pintado e Escrito", de Verónica Bueno, até dia 5, e a Colectiva de Pintura dos Municípios de Elvas e Portel, de 13 a 19. "Pintado e Escrito" apresenta um conjunto de trabalhos em estampagem e pintura, uma mistura de objectos com imagens e leituras que a pintora conheceu casualmente, que apesar de apresentar uma aparência tétrica, macabra ou inquietante, quer mostrar uma ideia isto é possível explorar no CREMILDE. Beneficiando da mobilidade inerente a este recurso, o autocarro CREMILDE fará percursos por todas as aldeias do concelho de Portel com uma equipa multidisciplinar que, além dos técnicos da Câmara Municipal e do Projecto MaisPortel, conta também com uma Professora do 1º Ciclo e uma Educadora de Infância, que apresentarão esta nova abordagem de dinamização educativa experimental. O CREMILDE preparou um conjunto de actividades que durante a manhã é dedicado ás escolas, de tarde é a população idosa a contemplada, sendo o final do dia reservado à população em geral, incluindo uma sessão de cinema. descontraída e irónica, cheia de humor. "Se o espectador encontrar alguma coisa deve gozar com este pequeno jogo. Desta maneira alegrar-me-ei. Se não for assim não faz mal". (Verónica Bueno). O grupo de ar tistas plásticos de ELVAS/ PORTEL, embora afastados na distância têm o mesmo objectivo, o amor pelo seu Alentejo. Esta união mostra a riqueza destas duas terras. Os oito ar tistas de Elvas participam neste circuito cultural com maturidade e mestria, através de vários estilos e técnicas, mostram diferentes paisagens do Alentejo. O grupo de ar tistas do município de Portel apresenta diversos temas e técnicas, dos quais se destacam os retratos de Carlos Tapiço, a Ceifa de Maria Albertina Malhadas, o urbano e monumental de Gilberto Canejo, a pintura de vanguarda de Isidro Paiva e as ruas da vila de Jorge Roque. Todas as obras têm a ver com o melhor do Alentejo, com as suas cores, luz e expressão. notíciasalentejo~ Novembro 2006 7 ~évora Universidade distingue cultura científica A autarquia eborense realizou no passado mês de Outubro um inquérito de rua, numa acção integrada no projecto "Cidades de Qualidade". Este projecto consiste «num estudo que pretende avaliar, através de uma auscultação dos habitantes, a qualidade de vida dentro das cidades que incorporam a Rede Mecine». Integram a rede das cidades de média dimensão da Europa, localidades com um número de habitantes situado entre os 50 e os 250 mil. A Rede Mecine é composta por oito cidades europeias, sendo que cinco delas - Évora (Portugal), Joensuu (Finlândia), Linköping (Suécia), Roskilde (Dinamarca), Speyer (Alemanha) e Tønsberg (Noruega) - aderiram ao estudo. O resultado dos inquéritos será enviado e apurados pela Universidade de Linköping. Em Abril do próximo ano prevê-se a apresentação dos resultados conclusivos do estudo. convidados, professores de universidades portuguesas. O Pré mio (cinco mil euros) será entregue em sessão solene na Universidade de Évora, no dia 24 de Novembro, dia da Ciência e aniversário do nascimento de Rómulo de Carvalho. Ró mu lo de Ca rva lh o (1906-1997) foi professor, pedagogo e autor de manuais escolares, historiador da ciê nci a e da edu caç ão, divulgador científico e poeta. Em 1995, a Universidade de Évora distinguiu-o com o grau de Doutor 'Honoris Causa'. Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em 24 de Novembro de 1906, em Lisboa. Em 1931 concluiu o curso de Ciências FísicoQuímicas, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 1956 publicou, com o pseudónimo de António Gedeão, o primeiro livro de poesia, Movimento Perpétuo (Coimbra). Câmara celebra Cuba reclama Colón português «mês do idoso» A Câmara de Évora volta este ano a assinalar o mês do idoso. As comemorações foram iniciadas no dia 20 de Outubro e prolongam-se pelo mês de Novembro. A programação é subordinada ao título "Viver Évora" e, segundo a autarquia, «foi delineada para estimular e promover a participação dos munícipes idosos na vida da comunidade, canalizando e optimizando as suas capacidades produtivas e culturais, e fomentando o espírito de solidariedade». A abertura das comemorações aconteceu no dia 20 de Outubro, na Freguesia da Hortas das Figueiras, com uma noite de fados acompanhada de ceia no Monte Alentejano. Igualmente na Freguesia de S. Sebastião da Giesteira, no mesmo dia, realizou-se um jantar/convívio seguido de um baile, destinado aos idosos da respectiva freguesia. Segundo a Câmara, a programação de 2006 será «descentralizada por todas as freguesias do concelho, rurais e urbanas». A Câmara contou com a colaboração das respectivas juntas de freguesia e das associações de idosos locais. Cuba descerrou, o mês passado, uma estátua de Cristóvão Colón, descobridor das Américas. Exactamente 514 anos depois do dia em que o navegador descobriu a ilha à qual deu o nome de Cuba, no Alentejo, mercê de uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Cuba, da Fundação Alentejo-Terra Mãe e do Núcleo de Amigos da Cuba, reclama-se uma origem portuguesa para o descobridor que navegou às ordens de Castela. «Trata-se de uma homenagem a tão ilustre naveg ador c ujas o rigen s e ver da- Plano Nacional de Leitura deira identidade têm permanecido envoltas em mistério e que recentemente notáveis historiadores e pesquisadores concluíram ser português, nascido no Alentejo em Cuba, filho de D. Fernando então Duque de Beja e de Dona Isabel Gonçalves Zarco, e chamar-se Salvador Fernandes Zarco», explica um comunicado da Fundação Alentejo Terra-Mãe. As teses que apontam para a nacionalidade portuguesa de Colón (ou Colombo) são polémicas e, de acordo com a maioria dos historiadores, são infundadas. pub 95.5fm104.7fm Antena Sul ALENTEJO Évora aderiu ao Plano Nacional de Leitura (PNL) em cerimónia que contou com as presenças da vereadora do pelouro da Educação da Câmara, Filomena Araújo, e da escritora Isabel Alçada, comissária do PNL. A integração no PNL, por parte da autarquia, surge na sequência do desenvolvimento do projecto educativo "A Fada Palavrinha e o Gigante das Bibliotecas". Este é um projecto municipal, a decorrer de 2005 a 2008, que pretende divulgar o livro e a leitura entre as crianças e jovens do concelho de Évora, mas também entre os seus pais e a comunidade em geral. O PNL tem como objectivo "elevar os níveis de literacia dos portugueses, através da promoção da leitura, assumida como factor de desenvolvimento individual e de progresso colectivo". David Prazeres A Universidade de Évora instituiu o Prémio Rómulo de Carvalho, galardão que pretende distinguir, bienalmente, um autor de língua portuguesa relevante no domínio da História das Ciências, da Didáctica das Ciências ou da divulgação da cultura científica. De acordo com o regulamento, as candidaturas ao prémio de 2006 devem dar entrada na Reitoria da Universidade de Évora até ao dia 10 de Novembro. As propostas deverão ser oriundas de Universidades ou Institutos Científicos de países de língua portuguesa e cada candidatura deverá ser fundamentada com a apresentação do autor e da respectiva obra científica. O júri será constituído pelo vice-reitor para a Ciência, pelos directores do Centro de História e Filosofia das Ciências e do Centro de Investigação em Educação e por três vogais «Cidades de Qualidade» notíciasalentejo~ Novembro 2006 8 montemor-o-novo~ ’Estamos a caminhar para centralização do Estado’ O vereador da Cultura de Montemor-o-Novo, João Marques, alerta para as consequências dos cortes orçamentais. «As restrições serão cada vez mais difíceis», diz, acrescentando que o País caminha para a «centralização do Estado». Sobre a remodelação do Curvo Semedo, refere que esta sala de espectáculos aguarda por financiamento após cinco anos de negociação e depois do projecto ter já sofrido alterações que lhe reduziram o orçamento para 2 milhões de euros. Quais as restrições orçamentais sentidas na Câmara de Montemor-o-Novo? Este ano, a Câmara de Montemor-o-Novo (M-o-N) teve um corte orçamental de 1 milhão e 300 mil euros. Para o próximo ano, prevê-se mais 5% de corte orçamental. De restrições à contratação e despesa com pessoal, tendo em conta que as próprias despesas em si aumentaram, houve aumento de salários da caixa nacional de aposentações, mas o dinheiro que temos para gastar é o mesmo. Temos mais transporte escolar para fazer, porque encerraram escolas e significa que há crianças que precisam de ser transportadas para as escolas de recepção. Estamos a falar de equipamentos novos como escolas, piscinas cobertas, pavilhões, cine-teatros e estes equipamentos têm de ter pessoal para funcionar. Nesta intervenção muito directa é uma falta de respeito à autonomia do poder local. Quais as consequências das actuais restrições orçamentais às autarquias? Estamos a falar de cortes orçamentais gravíssimos, de limitações e condicionamentos muito grandes às autarquias que constituem um ataque grave ao poder local na lógica em que o tivemos nos últimos 30 anos até agora. Nos próximos anos vamos pub RÁDIO CORVAL, C.R.L. RUA DE S. PEDRO, 25 - S. PEDRO DO CORVAL - 7200-132 CORVAL Telefone: 266 509 340 | Fax: 266 509 349 | E-mail: [email protected] RC ALENTEJO 96.2 FM A sua sintonia 24 horas por dia EMISSÃO ON LINE www.rcalentejo.com.pt Há 20 anos uma referência porque o Alentejo merece ter um poder local menos interventivo no que respeita ao desenvolvimento das suas populações e territórios. Passa a ser apenas um sector administrativo como tínhamos antes do 25 de Abril. Isso é claro, estamos a caminhar para centralização do Estado, com os poderes concentrados no governo e a questão da descentralização a deixar de ter significado. Como fica o projecto do cine-teatro Curvo Semedo ? A necessidade de financiamento do projecto do Curvo Semedo é muito elevada, de 3 milhões e 500 mil euros. Para dar resposta ao Programa Operacional da Cultura (POC), já sofreu várias alterações, de modo a cortar o âmbito do projecto, daí algumas valências que estavam previstas para o Curvo Semedo terem de ser cortadas para tentarmos baixar os orçamentos. Neste momento, estamos a prever avançar com um orçamento de dois milhões de euros, para dar alguma dignidade ao Curvo Semedo e conforto para quem vai assistir aos espectáculos e também permitir aumentar o palco de modo a que seja de nível nacional. Este teatro, de segunda linha foi considerado uma "prioridade". Como se justificam os adiamentos ao seu financiamento? O conceito dos cine-teatros de "segunda linha" foi um conceito criado ainda pelo ministro da Cultura Carrilho e que numa primeira fase se dirigia só para teatros distritais de sedes de distrito e os de segunda seriam os outros cine-teatros que tivessem alguma dimensão, mas no âmbito concelhio. Foi um critério da altura, tivemos que o aceitar mas o facto é que muitos teatros de sede de distrito foram recuperados sem haver a programação necessária. Gastou-se muito dinheiro mas por vezes a programação existente não justificava aquele investimento. Ao contrário, temos muitos concelhos em Portugal que têm teatros para recuperar, actividade e programação, como é o caso de M-o-N. Neste momento estamos com uma média de 280 espectáculos. Nas negociações com o governo é considerada a centralidade deste equipamento, numa cidade - satélite de Lisboa ? Com o anterior governo, com o secretário de Estado deram-se passos muito importantes, mas com a entrada do governo do PS, as coisas andam mais devagar. O facto é que a gestora do programa POC cada vez que há uma negociação refere que não há dinheiro agora mas talvez haja num futuro próximo. No entanto, estamos há cinco anos a negociar esta questão do futuro próximo. Nesta cidade, sendo um satélite de Lisboa, com a programação que tem, com o passo importante que deu com o Rui Horta, o facto de ter um teatro com esta dimensão justifica que a lógica da descentralização cultural já acontece em M-o-N. São argumentos que nós utilizamos e que são compreendidos pela gestora do programa, e pelos ministérios, mas o facto é que não há dinheiro. Há uma reprogramação sistemática e há cinco anos que andamos com este tipo de argumentos e a alterar e cortar o projecto. Neste momento, estamos a metade da intenção. Como fica o projecto? Estamos numa fase de já só recuperar o existente, dar dignidade ao espaço, melhorar as condições físicas do edifício e de pôr as coisas a funcionar, com o palco, sistema de aquecimento e a recuperação da teia e do telhado. Dada a actual conjuntura económica do país houve restrições orçamentais na área sócio-cultural? Uma crítica feita a este orçamento foi o de que a Câmara iria aumentar o orçamento para investir na área socio-cultural e de facto assim foi. Mas significa que investimos na cultura e mais nas escolas e mais no desporto. Na programação cultural, as orientações que demos é de que tem de haver uma redução no mínimo de 15%, sem diminuir na qualidade. Mas reduzindo custos. Temos conseguido de alguma forma mas investimos mais noutras áreas, como o desporto e acção social. Houve assim um reforço no Desporto e Educação? A obra da Piscina Coberta, com um custo global de 2 milhões de euros, está concluída. Estamos a ultimar a questão técnica de ensaios dos equipamentos. As obras no Centro Juvenil estão a correr. Que projecto irá trazer? Está em 70% da obra. O Centro Juvenil vai ter a lógica de um espaço feito pelos jovens, nós apenas damos as condições para desenvolverem os projectos. Existirá um conjunto de técnicos para darem resposta aos projectos, além de ateliers onde se procura que se desenvolvam dinâmicas próprias. notíciasalentejo~ Novembro 2006 9 ~notícias Azeites com alma Uma sociedade anónima comprou o património da Cooperativa de Olivicultores do Redondo, que estava à beira da falência, e produz «Azeites com Alma», que projecta vender "à la carte", como o vinho. Com um ano de actividade e à beira da campanha, que começa em Novembro, a AZAL, S.A., propõe-se mais do que duplicar a produção de azeite, este ano, passando de 100 mil litros, em 2005, para cerca de 250 mil litros. Até ao final do ano, projecta ainda passar, a nível nacional, de 300 para 450 postos de distribuição, aumentar o capital social de 50 mil para um milhão de euros e passar à segunda fase do projecto de investimento, orçado em 3 milhões de euros, e que prevê, além da transformação do lagar, a liquidação total das dívidas da Cooperativa de Olivicultores de Redondo, no valor de 750 mil euros, das quais 120 mil euros são créditos dos cooperantes e as restantes dívidas à banca, já liquidadas. Em declarações ao NA, Luís Silva Pinto, engenheiro naval, exdirector de operações da cadeia Mestre Mako, administrador e um dos dois rostos visíveis da AZAL, revelou que o acordo com os cooperantes contempla a possibilidade de, neste aumento de capital social, estes comprarem acções, até ao limite de 10 por cento, como uma das formas de liquidação dos seus créditos. Quanto aos cooperantes que não pretendam converter-se em accionistas, a empresa recebelhes a azeitona e paga-lhes 50 cêntimos acima do preço, por cada quilo, até perfazer o montante dos créditos respectivos. O projecto de investimento já aprovado pelo IFAPAD, que o financia em cerca de 10 a 15 por cento, vai permitir, além da liquidação das dívidas da Cooperativa, cujo património foi comprado pela AZAL, em Setembro de 2005, a transformação do lagar, ao nível do equipamento de produção, por forma a criar as condições necessárias para garantir a qualidade alimentar do azeite e prosseguir a responsabilidade social que a sociedade faz questão de preservar. Numa primeira fase, o projecto contemplou a alteração do lagar para permitir aumentar a capacidade de recepção e a separação das variedades de azeitona, por grau de acidez e variedade, permitindo a criação das cinco marcas da família AZAL. Numa segunda fase, será alterado o equipamento de produção ao nível da linha de extracção. No final deste ano, as cinco marcas lançadas no mercado (Terra, Memória, Origem, DOP e Tempero) estarão em 450 postos de distribuição, entre eles a cadeias de supermercados do Corte Inglês, restaurantes, lojas "Gourmet", talhos e charcutarias. Nos restaurantes, o azeite será servido "à la carte", como os vinhos, mas contrariamente a estes, como o mesmo preço da venda a retalho. Em 2009, ano que atingirá a velocidade cruzeiro, a AZAL projecta produzir 500 mil litros de azeite, dos quais 60 % se destinarão a exportação, e atingirá um volume de negócios de 4 milhões de euros. Há um ano atrás, refere Silva Badajoz recebe cimeira ibérica Portugal e Espanha vão aproveitar a próxima cimeira bilateral para dar «projecção externa ao problema da estabilidade no mundo e unir esforços para defrontar os grandes desafios», tendo em conta problemas tão actuais como a imigração. Depois de Évora, Badajoz é a cidade escolhida para acolher (24 e 25 de Novembro) a cimeira Portugal-Espanha, que terá ainda como temas fortes o desenvolvimento, a ciência e as comunicações. Citados pelos Jornal de Negócios, os ministros que tutelam as relações externas em Lisboa e Madrid admitem «juntar esforços e usar coordenadamente a influência que detêm nos fóruns internacionais para lutar contra a imigração ilegal». Ainda segundo o mesmo jornal, Miguel Moratinos, chefe da diplomacia espanhola, Portugal e Espanha vão aproveitar a próxima cimeira bilateral para «dar uma projecção externa ao problema da estabilidade no mundo, e unir esforços para defrontar os grandes desafios». A Espanha tem sido, nos últimos meses, assolada por uma vaga inédita de imigrantes ilegais proveniente do Norte de África e tem repetido os apelos de ajuda aos parceiros da União Europeia. «A cooperação na UE para consolidar uma política de imigração mais convergente é absolutamente fundamental, e valorizamos igualmente a vertente securitária e a dimensão social, de ajuda ao desenvolvimento e à integração», precisou, segundo o Jornal de Negócios, o ministro português, Luís Amado. Em Badajoz, espera-se que tanto José Sócrates como Zapatero surjam com quase todos os membros dos respectivos executivos governamentais, tendo em conta a importância das questões em debate. Pinto, grande parte dos 400 olivicultores da região nem sequer apanhava a azeitona e, enquanto os olivicultores espanhóis investiam no olival, o nosso olival estava abandonado. Simultaneamente, os números divulgados pelo Comité Olivícola Internacional, revelavam que, em contraponto aos quatro países europeus com um maior consumo anual per capita de azeite, entre os quais Portugal ocupa o quarto lugar, com 7,8 litros, atrás da Espanha e Itália, com 15 ou 16 litros e da Grécia, com 25 ou 26 litros, nos Estados Unidos da América, o consumo médio anual per capita é ainda de apenas 0,3 litros, o que revela a existência de um potencial mercado para os azeites de origem alentejanos. Por outro lado, o Canadá, o Brasil, a China e o Japão perfilam-se igualmente como mercados emergentes e aos quais a AZAL projecta levar o azeite alentejano. Tendo em conta a situação da cooperativa e que o sector do azeite de origem é um sector deficitário, um grupo de accionistas das áreas agrícola e financeira, cujos representantes são Luís Silva Pinto, com ascendência familiar na região, e João Morais e Castro, ex-director da Nestlé e do Santander, decidiu capitalizar do know How local, e surgiu a AZAL, sociedade anónima, que aposta na cultura do olival, no clube do olival e na academia do olival. Através desta vertente clubista, pretende-se prestar aos produtores, com os quais a AZAL já celebrou cerca de 200 contratos, serviços de apoio técnico, que vão desde a poda, ao tratamento e à apanha, e fornecimento de produtos, em condições preferenciais, através da celebração de protocolos com outra entidades, e ainda o acesso a uma base de dados que permita dispor de registos inerentes a variedades, acidez, grau e quantidade. Na área da formação, a AZAl promove acções de formação e na área da comunicação lançou um Boletim Informativo, a "Voz do Olival". Ao todo, a AZAL emprega seis pessoas, duas das quais já trabalhavam na Cooperativa de Olivicultores do Redondo. Garvão: Montaraz com abertura em Janeiro Exportação no horizonte A AZAL tem sede no Redondo e escritório em S. Pedro do Estoril. Com accionistas das áreas agrícola e financeira, a sociedade anónima foi constituída em 28 de Setembro de 2005. A imagem de marca «Azeites com Alma» - faz apelo aos valores Memória, Terra, Temperamento, Origem e DOP - que dão corpo à estirpe da "família de azeites". A aposta é na produção e exportação de azeites de origem e biológico e, ao nível interno, na colocação dos mesmos em locais seleccionados, nomeadamente res- taurantes, onde é feita a venda "à la carte", como os vinhos, mas a preços de venda a retalho. O repto, lançado em todo o mundo, é «Conheça os Alentejanos». O biológico Terra, um azeite com «alma verde», arrebatou já, entre 230 concorrentes, o prémio internacional melhor conjunto "Biol" "Cittá di Andria", em Itália. O Memória e o DOP ganharam, respectivamente, as medalhas de Prata e Bronze no concurso nacional de azeites virgens da Feira Nacional de Olivicultura "Olivomoura 2006". O Temperamento foi o azeite da Selecção Nacional da Alemanha. Como representantes dos accionistas, a sociedade tem como rostos João Morais e Castro (ex-director da Nestlé e ex-director do Santander) e Luís Silva Pinto (exdirector de operações da cadeia Mestre Mako). Como "Amigos do projecto", Silva Pinto indica José Gouveia, enólogo e professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia, o ex-Ministro da Agricultura Sevinate Pinto e Élio Guerreiro, cozinheiro da Selecção Nacional. A fábrica de Transformação Artesanal de Porco Alentejano - Montaraz, que vai situar-se na Vila de Garvão, concelho de Ourique, tem abertura prevista para o início do mês de Janeiro. As obras estão, praticamente concluídas, apesar da polémica gerada em torno do projecto, devido ao processo de licenciamento e emissão do alvará de construção. De acordo com os responsáveis da empresa, os futuros funcionários já começaram a formação e a unidade vai empregar 10 pessoas. Pedro do Carmo, presidente da Câmara de Ourique, disse ao Notícias Alentejo que a autarquia demonstrou disponibilidade total para um projecto que será concretizado depois de seis anos de indefinição. notíciasalentejo~ Novembro 2006 10 agenda~ ÉVORA Exposição "A Fotografia Revolucionária" até 31 Dezembro Fórum Eugénio de Almeida Rua Vasco da Gama, 13 Horário: Diariamente das 9h30 às 18h30 | Visitas Guiadas: 2ª a 6ª das 9h30 às 18h30, para adultos Ateliers Didácticos: 2ª a 6ª feira das 9h30 às 18h30, para alunos do Ensino Pré-Primário, 1º, 2º e 3º Ciclos e Secundário | Programas para as famílias: Sábados Informações: Tel. 266 748 350 Email: [email protected] Org.: Fundação Eugénio de Almeida Pintura | Mónica Capucho até 10 de Novembro Rua Manuel do Olival, 22 Inauguração: 17h30 Horário: 2ª a 6ª feira das 15 às 19h00 | Sábados das 15h às 18h00 Informações: Tel. 266 701 898 Email: [email protected] Org.: Galeria Évora-Arte Exposição Ilustrações de Gémeo Luís Até 10 de Novembro Sala de Exposições da Biblioteca Pública de Évora Largo Conde de Vila Flor Inauguração: 18h30 Horário: 2ª feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30 3ª a 6ª feira das 9h30 às 13h00 e 14h00 às 17h30 Informações: Tel. 266 769 330 Email: [email protected] | www.evora.net/bpe/ Org.: Biblioteca Pública de Évora | Escrita na Paisagem Exposição de Pintura Filomena Coquenão 11 de Novembro Palácio de D. Manuel Horário: Diariamente das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00 Sábado: 14h00 às 18h00 | Encerra aos Domingos Informações: Tel. 266 777 100 Org.: Câmara Municipal de Évora Escultura Naturalista do Museu de Évora | Colecção Barahona Até Maio de 2007 Reunida por Francisco Eduardo Barahona Fragoso (1845-1905), a Colecção Barahona de escultura deve ser entendida no âmbito de uma prática mas alargada e diversificada de aquisição e encomenda de objectos artístico. Delegação Regional da Cultura do Alentejo | Rua de Burgos, 1 Horário: 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00 Informações: Tel. 266 702 604 Email: [email protected] Org.: Museu de Évora Apoios: Direcção Regional do Ministério da Cultura | IPPAR EXPOSIÇÕES PERMANENTES Espólio do Museu de Évora A exposição conta com uma selecção das principais peças de pintura, escultura e mobiliário. Em destaque, são apresentadas pela primeira vez ao público as obras recentemente adquiridos para o Museu. Igreja do Convento de Santa Clara | Rua Serpa Pinto Horários: 3ª feira das 14h00 às 18h00 | 4ª feira a Domingo das 10h00 às 18h00 Gratuito aos Domingos até às 14h00 | Informações através do Tel.: 266 702 604 | 266 708 095 Email: [email protected] | Site: www.ipmuseus.pt Loja/Livraria: 3ª feira das 14h00 às 17h50 | 4ª feira a Domingo das 10h00 às 17h50 Org.: Museu de Évora Galeria 21 Exposição Permanente de Pintura, Escultura, Cerâmica, Fotografia e ourivesaria. Rua de Santa Maria, 21 Horário: Diariamente das 18h00 às 20h00 Informações: Tel. 266 743 616 Email: [email protected] Org.: Galeria 21 Galeria - Oficina da Terra Artesanato Contemporâneo de Tiago Cabeça e Magda Ventura. Rua do Raimundo, 51 A Horário: 10h00 às 19h00 | Informações: Tel. 266 746 049 Email: oficinadaterra @oficinadaterra.com Site: www.oficinadaterra.com Org.: Oficina da Terra Termas Romanas A área descoberta das Thermae ou Balnea á até ao momento de 200m2, sendo constituída por uma sala circular de 9m de diâmetro destinada a banhos quentes e de vapor - Laconicum e de uma fornalha - Praefurnium. A sua atribuição cronológica é dos finais do séc. I d.C. Subsolo do Edifício dos Paços do Concelho | Praça de Sertório Horários: Dias úteis das 9h00 às 18h00 | Sábados das 10h00 às 12h00 e das 14h30 às 17h00 Informações: Tel. 266 777 100 Org.: Câmara Municipal de Évora / DCHPC O Mundo do Trabalho e a Oficina de Aferição Núcleo Museológico Metrologia | Largo do Chão das Covas, 15 Projecto no Campo da História da Metrologia em Portugal - Casa da Balança. Horário: 2ª a 6ª feira das 9h30 às 13h00 | Encerrado aos Sábados, Domingos e Feriados Informações: Tel. 266 777 192 Email: casadabalanca @mail.evora.net | www.cm-evora.pt/casadabalanca Org.: Câmara Municipal de Évora | Núcleo Museológico de Metrologia Nota: O horário poderá sofrer alterações. Atelier Aberto | Artes Plásticas Escola André de Resende | Atelier da AGE Horário: 2ª feira das 16h00 às 20h00 | Informações através do Tel.: 266 739 560 Email: [email protected] Site: agevora.no.sapo.pt Org.: AGE - Associação de Gravadores de Évora Departamento de Escultura em Pedra A principal actividade do Departamento é receber artistas, escultores, ou provenientes de outras áreas, arquitectos, designers, etc. para aí desenvolverem projectos em pedra. Rua de Machede, 58 Informações: Tel. 266 708 339 [email protected] | www.esculturapedra.org Org.: Departamento de Escultura de Pedra Museu de Carruagens do Século XVIII e XIX Largo Dr. Mário Chicó, 4/6 Horário: 2ª a 6ª feira das 10h00 às 12h30 e das 14h30 às 18h00 Sábado das 10h00 às 12h30 e das 14h30 às 18h00 | Encerrado aos Domingos e Feriados Informações: Tel. 266 741 080 | 266 743 712 Email: [email protected] | www.icvv.no.sapo.pt Org.: Instituto de Cultura Vasco Vill'Alva Unidade Museológica CEA Antiga Central Elevatória de Águas da Cidade de Évora Itinerário Expositivo - Arqueologia Industrial e Património Hidráulico. Unidade Museológica CEA Rua do Menino Jesus Horário: 2ª a 6ª feira das 14h00 às 17h30 | Encerrado aos Sábados, Domingos e Feriados Informações: Tel. 266 752 954 Email: [email protected] Site: www.cm-evora.pt/piphe Marcações prévias para Escolas e Jardins de Infância Org.: Câmara Municipal de Évora Apoio: Instituto de Turismo de Portugal Nota: O horário poderá sofrer alterações. Ártifantasia Galeria / Atelier Trabalhos de Pintura, Escultura, Cerâmica, Azulejaria e Artesanato Contemporâneo de Carlos Almeida. Rua dos Mercadores, 48 Horário: Diariamente das 11h00 às 19h00 | Informações através do Tm.: 919 993 985 Org.: Ártifantasia Teatro | "Um Inimigo do Povo” de Henrik Ibsen" Até 4 de Novembro Teatro Municipal Garcia de Resende Praça Joaquim António de Aguiar Assinala-se o centésimo aniversário da morte do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Dirigida pelo pedagogo e encenador brasileiro António Mercado, a peça trata de um tema da "maior importância na sociedade dos nossos dias", as questões ambientais envoltas em complicados esquemas de corrupção, política e económica. Elenco: Ana Meira | Álvaro Corte Real | Figueira Cid | Jorge Baião | Maria Marques | Rui Nuno | José Russo | Rosário Gonzaga | Victor Zambujo Horário: 3ª feira a Sábado às 21h30 Informações e marcações prévias através do Tel.: 266 703 112 Email: [email protected] Site: www.evora.net/cendrev Org.: Centro Dramático de Évora Dança | Aulas de Dança Contemporânea e Criativa Até 30 Dezembro Disciplinas: Barra de Chão, Pilates. Ballet, Dança Contemporânea (nível aberto) e Dança Criativa. São destinadas a um público diversificado a partir dos 4 anos de idade. Escola de Formação da CDCE | Zona Industrial do Almeirim Rua Aníbal Tavares - Talhão 12 C | Antiga Fábrica da Música Horário: 2ª a 5º feira das 17h00 às 21h00 Informações e reservas através do Tel.: 266 743 492 Email: companhiadancaevora @sapo.pt Org.: Companhia de Dança Contemporânea de Évora Apoios: Ministério da Cultura, Instituto das Artes e Câmara Municipal de Évora Livros | Serviço de Empréstimo Domiciliário Até Dezembro A Biblioteca Pública de Évora disponibiliza, cerca de 40.000 livros para empréstimo domiciliário para pessoas de todas as idades. Largo Conde de Vila Flor Biblioteca Pública de Évora Horário: 2ª feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30 3ª a 6ª feira das 9h30 às 13h00 e 14h00 às 17h30 Informações: Tel. 266 769 330 Email : jsi mas.b pe@pt netbi z.pt Site: www.evora.net/bpe/ Org.: Biblioteca Pública de Évora Visitas Guiadas à Biblioteca "Prazer em Conhecer" Até Dezembro Visitas guiadas à Biblioteca, mediante marcação, destinadas a instituições ou grupos organizados. Largo Conde de Vila Flor | Biblioteca Pública de Évora Horário: Todas as 4ªs feiras das 10h00 e às 14h30 Informações: Tel. 266 769 330 Email: [email protected] Site: www.evora.net/bpe/ Org.: Biblioteca Pública de Évora câmbio cultural, através da realização de um circuito de exposições itinerantes. Na edição deste ano participam nesta iniciativa os municípios de Portel, Campo Maior, Elvas, Nisa, Olivença, Jerez de los Caballeros, Lograsán e Guadalupe. MERCADOS E FEIRAS Largo 1.º de Maio VII Feira do Montado 29 de Novembro / 03 de Dezembro Organização: CM de Portel Feira de Velharias 2º Domingo de cada mês Feira do Livro Usado e do Coleccionismo 3º Domingo de cada mês Mostra de Arte 1ºs e 3ºs Sábados de cada mês Mostra de Artesanato 2 dias, trimestralmente (6ª feira e Sábado) Feira do Verde e Agricultura Biológica 1ºs e 4ºs Sábados de cada mês Cinema em Portel Auditório Municipal | Novembro Horário: A partir das 8h00 Tel.: 266 777 100 Org.: Câmara Municipal de Évora MONTEMOR-O-NOVO Conferências "Conversa à Volta das Margens" 11 de Novembro 10:15h - 1º painel Programar nas Margens Virgínia Fróis (Oficinas do Convento, FBAUL) Luís Firmo (Transforma Ac-Torres Vedras) Isabel Corte Real (Docente no Mestrado de Curadoria) Moderação: Miguel Honrado (Escola Superior de Teatro e Cinema) 12:00h - Debate 14:30h - 2º painel Corpo nas Margens José Gil (Univ. Nova de Lisboa) Ruth Rosengarthen ( Artista, Historiadora de Arte) Jacinto Lageira (Crítico de Arte, Professor na Sorbonne) Moderação: Dulce Neves (Socióloga) 16:15h - Debate com o público 17: 15- horas - Inauguração da exposição "Guardar Águas" Galeria Municipal 12 de Novembro 10:00h - 3º painel Experiência das Margens Ricardo Nicolau (Curador, Adj. do Director do Museu de Serralves) Maria Teresa Cruz (Univ. Nova de Lisboa) Maria João Gamito (FBAUL) Moderador: Rita Fabiana (FCG - Serviço de Belas Artes) 11:45h - debate com o público 14:30h - 4º painel Fazer nas Margens Gabriela Vaz Pinheiro (Artista, FBAUP) Liliana Coutinho (Curadora) Rui Horta (O espaço do tempo) Moderador: José António Fernandes Dias (Antropólogo, FBAUL) 16:15h - Debate com o público 17: 15- horas - Inauguração da Exposição sobre "Processos: Desenhar Paisagem/Intervir na Paisagem" - Oficinas do Convento AS CORRIDAS LOUCAS DE RICKY BOBBY Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby Dia: 06/11/2006 | Horário: 21:30h Sinopse: Ricky Bobby e Cal formam a equipe Thunder e Lightning, a dupla de pilotos mais temida na competição da NASCAR. O reinado de vitórias deles sofre ameaças quando o jovem piloto francês Jean Girard aparece para desafiá-los... [ www.7arte.net ] Realizador: Adam McKay, Actores:Will Ferrell; John C. Reilly; Michael Clarke Duncan; Leslie Bibb; Sacha Baron Cohen, Ano: 2006, Idade: M/12, Duração: 108 minutos, Género: Acção / Comédia, Distribuidora: Columbia, País de Origem: EUA Página Oficial: http://www.sonypictures.com/ movies/talladeganights/ PORTEL Circuito Cultural Transfronteiriço Até 5 de Novembro Projecto cultural promovido pelo Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças da Junta da Estremadura, que tem como objectivo a promoção dos artistas plásticos de municípios portugueses e espanhóis transfronteiriços, contribuindo assim para o inter- O SENTINELA The Sentinel Dia: 13/11/2006 | Horário: 21:30h Sinopse: O Agente Especial dos Serviços Secretos, Pete Garrison, está convencido que um Neo-Nazi Discípulo Ariano arranjou maneira de se infiltrar na Casa Branca, com o fim de matar o Presidente dos Estados Unidos da América. Quando um colega é assassinado, notíciasalentejo~ Novembro 2006 11 ~cultura&espectáculos Garrison inicia uma investigação, para logo ser ameaçado e chantageado por alguém que sabe do seu "affair"com a Primeira Dama, Sarah Ballentine. Considerado o suspeito nº1 e destituído dos seus deveres, Garrison torna-se um fugitivo e entra numa corrida de vida ou morte para provar a sua inocência e salvar a vida do Presidente, enquanto tenta descobrir a pessoa que está por detrás de tudo... [ www.7arte.net ] Realizador: Clark Johnson, Actores: Michael Douglas; Kiefer Sutherland; Eva Longoria; Martin Donovan; Kim Basinger, Ano: 2006, Idade: M/12, Duração: 108 minutos, Género: Crime / Drama / Thriller, Distribuidora: Castello Lopes, País de Origem: EUA Página Oficial: http://www.sentinelthemovie.com/ EU, TU E O EMPLASTRO You, Me and Dupree Dia: 20/11/2006 | Horário: 21:30h Sinopse: Carl e Molly Peterson estão prestes a iniciar uma vida a dois têm uma bela casa, vizinhos chatos, trabalhos estáveis e as confortáveis rotinas de recém-casados. Mas há um senão no seu novo mundo perfeito... [ www.7arte.net ] Realizadores: Anthony Russo e Joe Russo, Actores: Owen Wilson; Kate Hudson; Matt Dillon; Michael Douglas,Ano: 2006,Idade: M/12, Duração: 108 minutos, Género: Comédia, Distribuidora: Lusomundo, País de Origem: EUA Página Oficial: http://www.youmeanddupree.com Fundação Alentejo-Terra Mãe mostra meio século de arte O trabalho do Mestre alentejano, escultor e pintor, ESPIGA, está patente no Salão de Exposições da Fundação Alentejo-Terra Mãe, em Évora, até Janeiro, numa mostra que assinala 50 Anos de exposições individuais do autor e em que uma percentagem das vendas reverte a favor de crianças em risco. A mostra reúne um conjunto diversificado de obras, numa variedade de materiais: pintura (acrílico sobre tela, madeira e papel), escultura (em bronze e pedra), desenho (em vários suportes), serigrafias e gravuras, medalhas, moedas e troféus, e ainda fotografias de escultura e pintura integradas em arquitectura e espaço urbano. Trabalhos através dos quais ESPIGA tem demonstrado a sua criatividade ao longo de uma carreira brilhante de cinco décadas. Natural de Vila Viçosa, professor (de Desenho no IADE Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing entre 1979 e 1987) e artista polifacetado (designer, escultor, pintor), Espiga possui um curriculum ímpar, tendo realizado, desde 1955, 74 exposições individuais, e participado em grandes exposições colectivas, no país e no estrangeiro, e estando representado em diversas colecções públicas e particulares em Portugal (nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Museu de Arte Contemporânea em Lisboa, Caixa Geral de Depósitos), Espanha, Inglaterra, França e E.U.A. O trabalho de ESPIGA tem merecido o reconhecimento nacional e internacional, sendo citado em livros e revistas de referência artística, e tendo sido premiado várias vezes. Recebeu, entre outros, o prémio brasileiro da Bienal de São Paulo em 1973, o prémio de pintura da Academia de Belas Artes de Lisboa em 1987, o prémio internacional "Coty" "Coin of the Year" - A Melhor Moeda (Comemorativa do Planeta Terra), nos Estados Unidos da América em 2000. Na sua vasta obra, destacamse, por exemplo, os Pavimentos em pedra (Calçada à Portuguesa), na Praça e Embaixada de Portugal em Brasília, criados em 1973; a medalha Brisa Auto-Estrada da Costa do Estoril/A5 e Auto-Estrada A1, em 1991; e a pintura mural da CasaMemória de Camões em Constância, realizada no ano de 1999. Recentemente, ganhou, em Antuérpia, o 1º prémio para criar o troféu do "50º Aniversário da Regata Internacional dos Grandes Veleiros" - "Tall Ships' Races" - o mais importante evento mundial para grandes veleiros, cuja primeira fase da Regata decorreu no passado mês de Julho em Lisboa, e a segunda na cidade de Antuérpia em Agosto. Detentor de uma carreira exemplar, ESPIGA, como sublinha Manuela do Rosário, em a Terra e o Universo (2000), "ainda era menino quando chegou à pintura" (expôs pela primeira vez aos quinze anos de idade), tratando-se por isso de uma componente muito especial na sua vasta obra: "a espantosa força lírica e formal da sua pintura exponencia um potencial absoluto de ritmo, cor, rigor, encantamento". Sendo "revelador de uma intuição e sensibilidade apuradíssimas, vem afirmando a solidez e singularidade de um percurso que começa e termina na busca e apreensão dos possíveis sentidos da existência (...) ". ESPIGA "fascina-nos com toda a sua sublime grandeza. A chave de toda esta maravilha move-se na cupão de assinatura CLICK Click Dia: 27/11/2006 | Horário: 21:30h Sinopse: Michael Newman é um arquitecto workaholic que descobre um controlo remoto universal. Em vez de controlar objectos eletrónicos, o objecto é capaz de controlar as situações da sua vida. Os problemas acontecem quando o objecto começa a controlar também as escolhas de Michael... [ www.7arte.net ] Realizador: Frank Coraci, Actores: Adam Sandler; Kate Beckinsale; Christopher Walken; David Hasselhoff; Sean Astin,Ano: 2006, Idade: M/12, Duração: 107 minutos, Género: Comédia / Drama / Fantasia, Distribuidora: Columbia, País de Origem: EUA Página Oficial: http://clickbr.virtualnet.com.br/ index.php rigorosa e complexa teia geométrica do pintor...". O próprio ESPIGA realça a importância determinante do factor geométrico na sua obra: "A geometria... está em nós, nos nossos gestos, na nossa mente, na arquitectura do universo, a geometria é a estrutura do universo, tanto no microcosmos como no macrocosmos, e também a estrutura da minha obra". O escritor David Mourão Ferreira escreveu a propósito do artista (1980): " (...) "O OSTINATO RIGORE" visível nas suas composições procede com veemência exemplar de uma complexa "AR COMBINATÓRIA", que de força instintiva lhe serve de substrato. Essa força lhe fornece os valores substantivos da sua pintura, enquanto o modo de os combinar através de esquemas da mais aturada reflexão, desvela toda uma sintaxe claramente volitiva". A exposição, promovida pela Fundação Alentejo-Terra Mãe no âmbito do seu Plano de Actividades Culturais, integra a comemoração do cinquentenário de exposições individuais do Escultor/Pintor (no contexto da qual o autor já expôs em várias cidades nacionais, nomeadamente no Porto e em Coimbra), e estará patente ao público até ao dia 5 de Janeiro de 2007, no Salão de Exposições da Fundação, na Rua dos Penedos, 13-B, em Évora, podendo ser visitada de terça-feira a sábado, entre as 10h e as 13h e entre as 15h e as 18h, e aos domingos, das 10h às 13h. Uma percentagem das receitas resultantes da venda das obras de arte em exposição, destinar-se-á a financiar iniciativas e instituições de apoio a crianças em risco ou abandonadas, nomeadamente a que for entregue à Fundação Alentejo-Terra Mãe - instituição organizadora da mostra, que para além de ter como objectivos a preservação e divulgação da História e da Cultura do Alentejo, também se dedica à promoção de acções de solidariedade social na Região. venha uma dúzia 1 ano, 12 números, 12 € Nome Morada Cód. Postal Localidade Tel. E-mail Envie para: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz ou para o Fax: 266 508 019 informações: Telefone: 266 508 012 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected] Assine aqui e o jornal vai até aí. notíciasalentejo~ Novembro 2006 12 emdia Afonso de Almeida [email protected] dito&citado ‘Apoie as bactérias. Elas são a única cultura que algumas pessoas têm' Anónimo ~ ‘Eu não me envergonho de corrigir os meus erros nem de mudar as minhas opiniões. Porque não me envergonho de raciocinar e aprender' Alexandre Herculano Escritor e Historiador Português (1810-1877) ~ Computação distribuída ou a ciência do futuro Em 1999 o meu amigo Professor Salvador Abreu instalou no meu computador o programa SETI@Home, passando a ser um dos milhares de computadores que trabalhavam nas "horas vagas" para tentar "descobrir" inteligência extra-terrestre. Hoje, este princípio de utilização de meios computacionais distribuídos (Grid Computing) constitui uma poderosa ferramenta de investigação. Por exemplo, somente capacidades colossais As sementes da discórdia 'Não há factos eternos, como não há verdades absolutas’ 'Não há melhor soporífero e sedativo do que o cepticismo' Friedrich Nietzsche Filósofo alemão, naturalizado Suíço (1844-1900) ~ 'Duvide de tudo ou acredite em tudo: são duas estratégias igualmente convenientes. Com qualquer delas não terá necessidade de reflectir' Jules Henri Poincaré Matemático, Físico e Filósofo da Ciência Francês (1854-1912) ~ 'Todas as verdades são fáceis de compreender uma vez descobertas; o difícil é descobri-las' Galileo Galilei Físico, matemático e astrónomo italiano (1564-1642) Os agricultores correm o risco de ficarem reféns de biotecnologias controversas e de grandes empresas detentoras das respectivas patentes. A tecnologia "Terminator" produzia sementes estéreis a partir da 2ª geração. Foi oficialmente abandonada pela Monsanto na sequência da revolta dos agricultores. Recentemente surgiu a tecnologia "Traitor", ainda em fase laboratorial, mas já patenteada, em que as sementes são férteis, mas certas características precisam ser "activadas" ou "desactivadas" através de produtos químicos. Sociedades como a AstraZeneca patentearam também outros processos inquietantes, nomeadamente os que obrigam à exposição das plantas a agentes químicos para assegurar a germinação e crescimento. Os agricultores correm o risco de virem a ficar à mercê de biotecnologias controversas e de grandes empresas que detêm as respectivas patentes. Tais empresas poderão por esta via ter encontrado um "método garantido" de "fidelização da clientela". de cálculo torna possível passar em revista o número astronómico de combinações possíveis de formas das proteínas (Folding@Home). Antes do SETI@Home, simular o clima para os próximos 45 anos através de 21 parâmetros teria sido impensável, mesmo com os mais poderosos super computadores. Desde há dois anos, 100 000 computadores pessoais em 150 países fazem esse trabalho no quadro de um projecto coordenado pela Física e Football Universidade de Oxford. Muitos outros projectos aderiram a esta "ferramenta" de cálculo, por exemplo nos domínios do cancro, sida, ondas gravitacionais (uma das previsões de Einstein), etc. Trata-se de uma forma inesperada de democratizar a ciência. Tal como afirmado pelos promotores do SETI, "que melhor forma de democratizar a ciência que ter um grupo de investigação composto por milhões de pessoas"? Wikipédia vs. Britânica Tecendo a teia Uma investigação da "Nature" revela que a enciclopédia interactiva Wikipedia sai melhor classificada do que a venerável enciclopédia Britânica. Comparando 42 definições relativas à ciência foram encontrados 4 "erros sérios" em cada uma. Quanto a erros factuais foram encontrados 162 na Wikipedia e 123 na Britânica! O ponto fraco da Wikipedia é a escrita: artigos "pobremente estruturados". A vantagem da Wikipedia é que os seus erros podem ser corrigidos quase em tempo real, enquanto que os da Britânica precisam esperar pela próxima edição. Sendo uma enciclopédia "on-line" e "aberta", nela eram adicionados diariamente, em 2005, 1500 artigos em inglês. Bom casamento entre Religião e Medicina A recusa das Testemunhas de Jeová em receber transfusões sanguíneas " forçou" os médicos a desenvolverem novas abordagens, já que "operar sem transfusão é como voar no trapézio sem rede": é preciso ser muito mais prudente, disse o Dr. Nicolas Jabbour, que dirige o Instituto de transplantes do Integris Baptist Medical Center em Oklaoma (EUA). Há 6 anos, a Universidade da Califórnia lançou um programa de enxerto do fígado sem transfusão (operação que implica normalmente forte hemorragia). Para reduzir o recurso a transfusões, os pacientes começam por "criar" reservas de glóbulos vermelhos tomado ferro e eritropoietina (a hormona "dopante" dos despor- Investigadores britânicos calcularam o ângulo ideal de lançamento da bola com as mãos quando pretendem fazê-la chegar o mais longe possível (por exemplo à grande área...). A fim de determinar este ângulo óptimo de lançamento, relativamente à horizontal, utilizaram uma câmara vídeo e pediram a um jogador para "lançar" bolas variando grosseiramente o ângulo de 10 a 60 graus. Seguidamente utilizaram um "software" de biomecânica para medir as velocidades atingidas durante cada ensaio. Combinado os resultados com a teoria do voo parabólico de um objecto esférico verificaram que o "ângulo bom" era de 30 graus (e não 45, como a teoria previa). tos de resistência...) semanas antes da operação, o que dá mais margem de manobra aos médicos em caso de hemorragia. Durante a cirurgia dois técnicos médicos podem diluir o sangue do paciente com outro líquido, o que permite manter a pressão e a circulação no corpo. Podem assim reinjectar, uma vez filtrado, o sangue perdido pelo paciente. Inicialmente destinado às Testemunhas de Jeová, o programa teve tanto sucesso que foi alargado a todos os outros doentes, com vantagens: diminuição dos riscos ligados à transfusão (reacção do sistema imunitário, transmissão de doenças...) e menor "pressão" sobre os bancos de sangue. Tim Berners-Lee, o inventor da "World Wide Web" foi nomeado pela revista "Time" como uma das 100 maiores mentes do século. A sua criação já alterou a forma como as pessoas negoceiam, se distraem, permutam ideias, se socializam...e o impacto total do grande esquema de Berners-Lee está longe de ser conhecido. Nunca tirou proveito pessoal da Web mas tem dedicado a sua vida ao desenvolvimento contínuo da Rede. É actualmente director do "World Wide Web Consortium" e ocupa a presidência da "3Com Founders" no Laboratório para as ciências da computação do célebre Massachusetts Institute of Technology (MIT - o tão falado EMAITI). O que está "na forja" da física O físico alemão Michael Banks resolveu investigar o que está "na forja" da física: tendo em conta o número de artigos que foram citados pelo menos 50 vezes, num determinado intervalo de tempo, chegou aos seguintes resultados: 1ª - Nano tubos de carbono; 2º- Nano cabos; 3º - Pontos quânticos; 4º - Fularenos; 5º - Magneto resistência. Eis, caro leitor, uma boa oportunidade para inquirir os nossos investigadores sobre o que são, para que poderão servir, etc. Abertos das 12h00 às 15h30 e das 18h00 às 22h00 Encerram à Segunda-Feira www.aloendroeadegadocachete.com Restaurante Aloendro Estrada de Évora, 3 B Reguengos de Monsaraz E-mail: [email protected] Telef. 266 502 109 Fax. 266 519 896 Tlm. 969 067 073 Restaurante Adega do Cachete Rua do Grave, 9 S. Pedro do Corval E-mail: [email protected] Telef. 266 549 568 Fax. 266 519 896 Tlm. 969 067 073 notíciasalentejo~ Novembro 2006 13 ~ciência&tecnologia Ciência e Público A ciência é um poderoso meio de criação de conhecimento, de busca de explicações sobre o mundo em que vivemos e sobre nós mesmos, de desenvolvimento económico e social. Mas é, sobretudo, essencial para construção de uma sociedade justa e democrática. Actualmente convivem, pelo menos, dois modos de aprendizagem: a escola e os media; o ensino tradicional, gradativo de ciclo para ciclo, e à sua volta, sempre omnipresente, a "escola paralela", os media, cujos meios de comunicação, técnicas, apresentação e conteúdos podem ser radicalmente diferentes dos da escola, e que exercem um influência considerável na inteligência, afectividade, personalidade moral e nas escalas de valores. O valor pedagógico dos media e as suas possibilidades como instrumentos educativos potenciais de grande escala tem sido largamente discutido. No mundo universitário europeu as fragmentações das ofertas formativas levou a que aos estudantes nos domínios das ciências ditas "duras" e das tecnologias praticamente não sejam dadas oportunidades de aprendizagem no domínio das ciências humanas e sociais ou das artes, como aos estudantes nas áreas das humanidades não são sejam dadas oportunidades para se iniciarem nas ciências mais experimentais. Não é assim paradoxal constatar que cada vez mais públicos careçam dramaticamente da aquisição de uma verdadeira cultura científica. Todos nós somos público para a maior parte das áreas das ciências fora daquelas em que nos especializámos. Não existe nenhuma unidade na cultura científica. Não existe "uma ciência" nem "um método científico". Existem muitas ciência e muitos métodos. O mundo com percebido por um biólogo é bastante diferente do percebido por um cosmólogo ou por um sociólogo. A "compreensão" das ciências é uma via com dois sentidos, que exige que os investigadores compreendam "o público" bem como o reverso. Importa fazer esforços para "abrir" as ciências ao escrutínio do público. O sistema educativo deverá mudar os seus hábitos de apresentação da ciência. Não se trata de formar enciclopedistas, mas sim de oferecer a crianças e jovens ferramentas para que possam adquirir por si mesmos o conhecimento que muda a cada dia. O fosso entre ciência, tecnologia e sociedade representa sérios riscos para o futuro. A comunicação pública da ciência tem um conteúdo político e estratégico e não só educativo e cultural. Não basta o ensino das novas tecnologias. São sem dúvida ferramentas de enorme utilidade cujo manejo deve ser do conhecimento dos estudantes, mas a sua utilização ficará restringida se não for acompanhada, ou melhor, precedida, de uma verdadeira "alfabetização" científica em que a história e epistemologia das ciências constitui o fulcro. O custo social da "imortalidade” Craig Mello, da Universidade de Massachusetts e Andrew Fire da Universidade de Stanford (EUA) descobrem, em 1998, que é possível "bloquear" um gene e ganham o Nobel de Medicina em 2006 pela descoberta do mecanismo fundamental para o controlo dos fluxos de informações genéticas. Roger D. Kornberg (EUA) ganha o Nobel 2006 da Química por ter descoberto a maquinaria que "dá voz" ao DNA (o seu pai, Ar thur Kornberg tinha ganho o prémio Nobel da Medicina em 1959 ! (não, não está nos genes, é do sistema... ) pela descoberta da enzima que "fabrica" os ácidos nucleicos. A investigação sobre o genoma humano já identificou mais de 20 000 genes no DNA e vai determinando a sequência dos 3 mil milhões de pares das bases químicas que constituem o DNA humano. Acumulam-se provas de que a restrição calórica age sobre os processos genéticos e moleculares que "governam" o envelhecimento e as doenças que lhes estão associadas. Técnicas associadas a este conhecimento já funcionam com moscas e ratinhos e são actualmente testadas em macacos. Perante o acelerado domínio dos conhecimentos relativos ao funcionamento da "máquina animal", muitos investiga- dores acreditam que será possível, a curto prazo, viver tranquilamente até aos 140 anos ou mais. Mesmo para as mais jovens gerações de hoje, será frequente viver 100 ou mais anos. Enquanto os investigadores das ciências biológicas trabalham com afã neste domínio, os cientistas sociais interrogam-se sobre se tal será coisa boa. No plano individual, ninguém rejeitaria duplicar a sua esperança de vida não sofrendo de enfermidades graves, mas à escala social? Numa conferência recente Gre gor y Sto ck, Dir ect or do Pr og ra ma so br e Me di ci na , Tecnologia e Sociedade da Escola de Saúde Pública da Universidade da Califórnia, um dos principais intervenientes, Perguntámos ao químico Idade e trabalho São lentos, esquecem-se das coisas e são inflexíveis. Não fazem trabalho de equipa e não se adaptam às novas tecnologidisse que sim: uma "segunda as. Assim se descrevem frevida" permitiria analisar os erros quentemente os trabalhadores cometidos e pensar a mais longo mais velhos e são dadas estas prazo, reduzir os cuidados de razões para os gestores de saúde e aumentar a produtivida- recursos humanos contratarem de. Já para o especialista em bioé- preferencialmente trabalhadotica, Daniel Callahan, do res mais novos. Mas, se sim, em Hastings Center em Nova York, que tarefas? Neuro-cientistas duplicar a nossa esperança de e psicólogos que investigam na vida não resolverá nenhum dos área da "gerontologia cognitiva" problemas sociais actuais. têm trabalhado este tema. Muitos outros salientaram que a O que descobriram até ao duplicação da esperança de vida momento é surpreendente: afectará a sociedade a todos os embora os mais idosos possam níveis: casamento (um casal de ser mais lentos em algumas 60 anos que se vai casar para tarefas, são de facto mais rápimais 60 a 80 anos de vida dos noutras e, em muitos casos, comum!), família, trabalho e são menos propensos a cometecomportamentos relativos aos rem erros. A investigação revejovens e aos idosos. Haverá a la também que apenas certas generalização de múltiplos casa- funções cerebrais são afectadas mentos durante uma vida longa, por possíveis "deficits relaciocoexistirão múltiplas gerações nados com a idade" e que (avós mais "jovens" que os pais alterações muito simples nos actuais!), as reformas serão locais de trabalho podem retardadas com consequências compensá-las... sobre os primeiros empregos dos jovens (sobre a introdução de Calendas Gregas novos talentos)... . É necessário que a sociedade esteja a par dos avanços das ciên- As calendas, no antigo calencias biológicas e que, desde já, dário romano, era o primeiro debata com a ajuda dos cientis- dia de cada mês quando ocorria tas sociais o problema. É que a a Lua Nova. É desta palavra ciência não pára e as tecnologias que se originou a palavra calenir-se-ão desenvolvendo e dispo- dário e a expressão "calendas gregas": adiar alguma coisa nibilizando soluções. para as calendas gregas é manifestar a intenção de a não realizar. Ao contrário dos romanos, os gregos não tinham calendas... As lâmpadas incandescentes são eficientes? Tais lâmpadas transformam em luz o calor que a corrente eléctrica produz ao passar pelos filamentos. Apenas 6% desse calor é transformado em luz visível. 75% da energia dispendida perde-se sob a forma de calor (radiação infravermelha) Marcas famosas Tábua rasa Do latim, tabula rasa. Expressão muito utilizada em linguagem filosófica de origem aristotélica. Aristóteles admitia que o espírito humano era, antes de ter tido qualquer experiência, inteiramente vazio, como as tabuinhas cobertas de cera em que nada fora ainda escrito. Alguns dos Prémios Ig Nobel 2006 Ornitologia: Ivan R. Schwab e Philip R.A. May (EUA), por explorarem e explicarem por que os pica-paus não têm dores de cabeça. Kellogg's Donuts Em 1946, os "donuts" do americano William Rosenberg faziam muito sucesso na região da Nova Inglaterra (EUA). Para facilitar o consumo, o donut vinha envolto no açúcar e o café simples, sem açúcar, era servido numa caneca. Todos os clientes mergulhavam o doce no café antes de saboreá-lo. Os clientes satisfeitos insistiram para que ele abrisse uma loja. E assim formou-se a grande rede. As rosquinhas foram criadas no século XVI por padeiros holandeses, mas ainda não tinham o tradicional furo no meio. Isso só apareceu em 1847, criado pelo marinheiro americano Hanson Gregory. Essa criação valeu-lhe uma placa de bronze na sua cidade natal, Rockport. Em 1860, os Adventistas do Sétimo Dia que foram para Battle Creek (Michigan, EUA), formaram uma comunidade que ficou famosa pelo seu estilo de vida e alimentação saudáveis. John H. Kellogg, depois de estudar medicina, voltou a Battle Creek e tornou-se director do centro de saúde. Kellogg e o seu irmão, Will Keith, começaram a criar novas e saborosas formas de alimentos. Tratavam, com vapor sob pressão, vários tipos de grãos e, assim, criaram uma variado menu vegetariano. No entanto, ainda faltava um pão de grãos integrais com pouco amido. Após muitas experiências, chegaram acidentalmente aos flocos de trigo. Depois surgiram os flocos de arroz e os de milho (corn flakes). O tigre Tony, símbolo dos Kellogg's, foi criado em 1952 pela agência de publicidade americana Leo Burnett. Creme Nívea Foi criado em 1911 pela farmácia de manipulação do doutor Oskar Troplowitz, que descobriu como "unir" água e óleo para hidratar a pele. O Eucerit, retirado da lanolina, e combinado com óleos, água, compostos de glicerina, ácido cítrico e essências de rosas e lírios, formava o creme. "Branco como a neve", foi baptizado de Nívea e era comercializado numa latinha amarela. A embalagem ganhou a cor azul com letras brancas em 1925. Depois da Segunda Guerra Mundial, a marca Nívea foi expropriada. A partir de 1952, a empresa Beiersdorf iniciou uma longa jornada por diferentes países para readquirir os direitos sobre a marca. Matemática: Nic Svenson e Piers Barnes (Austrália) por terem calculado o número de fotografias que é necessário tirar para (quase) assegurar que ninguém numa fotografia de grupo tenha os olhos fechados. Física: Basile Audoly e Sebastien Neukirch (França), por terem elucidado por que, quando se torce spaghetti seco ele se parte em mais do que dois pedaços. Um clássico da cerimónia anual dos Ig Nobel: os investigadores devem resumir a sua disciplina em 7 palavras. As palavras de Frank Wilczek do MIT (sim, do EMAITI), especialista em buracos negros: what you see isn't what you get. notíciasalentejo~ Novembro 2006 14 José Calixto PNAI 2006-2008: Um instrumento de Desenvolvimento Social [email protected] Desenvolver socialmente é incluir todos aqueles que se sentem rejeitados pela sociedade. Esse processo também deverá ser auto-gerador de responsabilidades sociais para todos aqueles que são justamente apoiados pelas suas comunidades. Foi recentemente apresentado, em sessão pública, pelo Primeiro Ministro, Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social e respec- Carlos Luna tivo Secretário de Estado da Segurança Social o Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI) 2006-2008. Foi assim dado um claro sinal do forte empenhamento deste Governo na construção de uma sociedade socialmente mais justa, em perfeita sintonia com as ideias defendidas pelo Senhor Presidente da República, nomeadamente no seu recente 'Roteiro para a Inclusão', como sabemos, com uma significativa passagem por Reguengos de Monsaraz, dando o destaque merecido ao trabalho desenvolvido neste Concelho em termos de inclusão social. Este documento apresenta-se assim como a materialização de mais um 'pacto de regime' da sociedade portuguesa. Tal como foi apresentado, pretende-se que constitua um instrumento capaz de contribuir para que a pobreza e a exclusão social, fenómenos do passado e ainda do presente possam, com maior eficácia, reverter-se no futuro, a caminho de um sociedade mais justa, socialmente mais coesa e com maior desenvolvimento sustentável. De facto, o desenvolvimento social do nosso País ainda revela um conjunto de indicadores preocupantes, indiciadores das enormes tarefas que temos pela frente nestas áreas da inclusão social. Desenvolver socialmente é incluir todos aqueles que se sentem rejeitados pela sociedade. Esse processo também deverá ser auto-gerador de responsabi- lidades sociais para todos aqueles que são justamente apoiados palas suas comunidades. O PNAI 2006-2008 é um plano socialmente pragmático, que aborda e assume prioridades sociais de forma clara e interdisciplinar, optimizando e tornando eficientes os recursos disponíveis ao nível da protecção social, da educação e formação, da habitação, das estratégias de apoio de grupos vulneráveis,... O Governo vem assumir neste documento como grandes prioridades políticas: 1. Combater a pobreza das crianças e dos idosos, através de medidas que assegurem os seu direitos básicos de cidadania; 2. Corrigir as desvantagens na educação e formação / qualificação; 3. Ultrapassar as discriminações, reforçando a integração das pessoas com deficiências e dos imigrantes. As metas definidas para estas três grandes prioridades são ambiciosas e estão perfeitamente quantificadas. Para a implementação do vasto conjunto de medidas de politica descritas é obviamente privilegiado o trabalho em rede no âmbito da Rede Social de cada Concelho. Torna-se agora necessário que, nesta missão, a efectiva e sincera complementaridade dos parceiros sociais seja um factor decisivo para que o ritmo de resolução dos problemas sociais mais graves torne Portugal num bom exemplo em contexto europeu. Discutir o Iberismo [email protected] Voltou a estar na moda apontar uma eventual união PortugalEspanha para resolver os grandes problemas do povo português. Tudo isto partindo de um estudo em que quase 28% dos inquiridos manifestava tal opinião, e que foi referido quase até à exaustão... esquecendo-se que no mesmo estudo quase 70% dos inquiridos acreditava ser Portugal um país viável. Desgosta-me ver pessoas tratar destes temas de Unificação Ibérica em termos tão ligeiros e irresponsáveis. Deveria ser já tempo de se falar de assuntos polémicos com profundidade. Pessoalmente, não sou a favor duma União Ibérica. Parece-me ridículo pôr em causa uma independência de 850 anos, que nunca se teria mantido se não fosse sólida e justificada. Já é suficiente, sem discutir se terá sido o caminho correcto, a "dissolução" (relativa...) na União Europeia, onde, como Estado Soberano, temos voz igual aos outros membros. Numa União Ibérica, até essa igualdade se perderia. Todavia, penso que os que a defendem como uma solução para Portugal no quadro de uma Confederação o fazem convictos de que querem conservar uma cultura portuguesa distinta, e merecem ser respeitados, mesmo discordando da ideia! Enfim, igualmente aqueles que, ao defender uma Unificação Ibérica, defendem o aniquilamento puro e simples de Portugal, e a sua "castelhanização", também têm o direito de o afirmar sem receio de represálias. Contudo, na minha opinião, merecem-me menos respeito. Na verdade, aniquilar um País só porque atravessa um momento de crise parece-me ilógico e revelador de falta de confiança... e mesmo de imaginação. Defender que outros vão fazer o que a nós compete fazer é muita ingenuidade. E, já agora, porque defender a opção espanhola? Revelaria mais imaginação (e MUITO maior proveito económico) uma federação marítima ("talassocrática") com a Holanda ou com a Dinamarca, por exemplo... O facto de partilharmos uma Península com um Estado não nos obriga a unir-nos por motivos "geográficos"...assim como a Suécia e a Noruega não se unem só porque partilham a península escandinava. O facto de se dizer que "Portugal saiu da Espanha", para além de errado (Portugal "saiu" do Reino de Leão, a Espanha não existia), a nada nos obriga também. Os holandeses e os suíços saíram da Alemanha... e não me consta que se defenda a sua reunificação com a pátria original. Todos estes argumentos escondem uma profunda incapacidade de pensar assuntos sérios com profundidade e num espírito construtivo, e revelam a preguiça de pensar Portugal a partir do que ele é. Melhor, revelam a preguiça de pensar. É muito mais cómodo (e parece ser moda) desistir e dizer que não vale a pena porque não se vai chegar a lado nenhum. Presume-se que os outros serão tão incapazes como quem o proclama. Talvez o mais preocupante seja verificar que a razão principal, quando não a única, dos que defendem a União Portugal- Espanha, é de natureza económica... ou interesseira. "Se fôssemos espanhóis, ganharíamos mais, já que eles ganham mais". Esta frase aparece em quase todos os inquéritos. O erro é evidente: quase sempre ao longo da História, Portugal repetiu um erro: esperar que a riqueza viesse ter ao seu encontro. Tal sucedeu na Época da Expansão, e noutras épocas mais ou menos favoráveis. As elites preferiam viver de rendimentos, pouco arriscando em busca de novas fontes de enriquecimento...principalmente se passavam por produzir algo de novo no seu próprio país... O povo em geral ia vivendo mal, e verificava que quem prosperava era quem menos riqueza produzia... quando não lançava mão de métodos menos honestos. Ser "esperto", "desenrascar-se", era muito mais rentável do que matar-se a trabalhar. Trabalho que, aliás, era visto como algo de pouco dignificante. O trabalho não era apanágio das classes dominantes. Uma mentalidade que ainda não foi de todo ultrapassada. O que se espera, muitas vezes, de uma União Ibérica é que estrangeiros façam por nós aquilo que nós próprios não conseguimos fazer. Uma ilusão. Imaginemos Madrid a subir o nível de vida em Portugal de um momento para o outro. Como iria buscar recursos para tal? Só tirando-os a regiões espanholas, que não o iriam aceitar nunca. Não se deve esquecer também que a tendência geral seria tirar Centros de Decisão de Portugal (por exemplo, sedes de empresas) para os aproximar de Madrid. Aliás, isso já sucede. E se hoje o Poder político de Lisboa pode tentar contrariar livremente essa dita tendência, muito mais dificilmente o faria não sendo um Poder Independente. Há quem argumente que o Poder Central em Portugal poucas decisões acertadas toma para desenvolver Portugal e o nível de vida das suas populações. Mas... porque existe uma "coisa" chamada Independência Nacional, os portugueses podem, livremente, decidir votar em políticos mais eficazes. Usando uma expressão comum, podem até "derrubar o governo". Ninguém poderá interferir. Mas... imagine-se que Portugal não era um Estado Soberano. Em caso de descontentamento com o Poder Central... como derrubá-lo...situando-se ele fora do território nacional... e sendo compartido com outras regiões? Já se meditou seriamente sobre isso? E... como se faria caso, após uma união ibérica, os interesses portugueses chocassem com os interesses de Madrid? Proclamava-se nova separação? E como reagiriam a isso as autoridades espanholas? Não se pretende com estes exemplos dizer que se "desconfia das intenções da Espanha", ou que "a Espanha é a bruxa má desta questão". Não. O que se pretende é que se medite seriamente nos riscos que se corre ao abdicar-se de uma Soberania Plena. As lições de 1580-1640, e as da Guerra que se seguiu, deveriam ser muito bem estudadas. Não porque a História se repita, mas porque, por vezes, os exemplos do passado nos podem ajudar a projectar o futuro com mais sabedoria. Não creio, também, que o Povo Espanhol esteja "preparado" para tal tipo de União. Infelizmente, muitos encaram-na, ainda que inconscientemente, como uma "reunificação", ou "absorção". Na verdade, 44% dos espanhóis, contra 38%, declarou num estudo recente que Espanha deveria ser o nome de um eventual Estado Ibérico Unificado. E, nesse mesmo estudo, 80% dos inquiridos do País vizinho considerou que a Capital deveria ser Madrid, só 3% opinando por Lisboa. Parece, pois, que uma União Ibérica levaria, quase seguramente, a uma centralização, directa ou indirecta, de poderes no Centro da Península...e, com o tempo, a uma despersonalização de Portugal. O exemplo da despersonalização efectuada, e ainda existente, em Olivença, dá que pensar. Quase me atreveria a perguntar a iberistas de vários quadrantes, quando vêem Portugal enquanto província ou Estado integrado numa "Ibéria", se deveria incluir Olivença (e Táliga) dentro do seu espaço, ou se deveria continuar em espaço alheio. Em termos históricos, e para concluir (e muito mais haveria a dizer), direi que nunca um povo ou um país prosperaram abdicando da sua existência. Nenhum estrangeiro (Espanhol, Francês, Alemão) nos virá "ajudar" sem pedir nada em troca. E sem ter tendência a monopolizar os cargos superiores e mais bem pagos... notíciasalentejo~ Novembro 2006 15 ~opinião notasdaaldeia Alberto Magalhães emoutrapátria Perplexidades de Outono A. Sáez Delgado [email protected] [email protected] Objecções de consciência A perplexidade tem-se espalhado pela aldeia nestes últimos dias. Primeiro, foi a notícia de que, na Inglaterra, um polícia muçulmano pedira aos superiores que o dispensassem de fazer guarda à embaixada israelita. Bom, que ele se atrevesse a pedi-lo, vá que não vá. Mas o que realmente emudece de espanto a rapaziada é que lhe fizeram a vontade e mudaram-no de serviço. Se a moda dos polícias objectores de consciência pega, vai ser um pandemónio. luio com o governo sudanês. Bizarra porque, quando se esperaria que a França exigisse da Turquia liberdade de expressão para os que queiram denunciar o genocídio arménio, esta trata de dar aos turcos um péssimo exemplo de lei da rolha. Um ovo é um galo, mas... Mas foi o bastonário da Ordem dos Médicos que pôs toda a malta de cara à banda cá na aldeia. Disse ele, na televisão do café, que a Ordem ia promover um encontro de sumidades para concluir, de uma vez por todas, quando começa a vida. Leis à francesa Quando começa a vida? Essa agora, que raio de perLogo a seguir soube-se que gunta para se fazer - exclaos deputados franceses decimou a Ti Maria, sem perceber diram mandar prender quem a que propósito a questão era negar que os turcos cometeram contra os arménios, entre posta assim. Tentei explicarlhe que se tratava de um pro1915 e 1917, um autêntico blema bizarro, próprio de um genocídio. Esta decisão é surpaís bizarro. Que há uma lei preendente e bizarra. Surpreendente, porque os polí- geral que regula a ticos franceses deveriam preo- Interrupção voluntária da gravidez e a permite dentro de cupar-se muito mais com o genocídio em curso no Darfur certas condições e, em simultâneo, existe o código deonto- já morreram 300 mil pessológico da Ordem dos Médicos, as - levado a cabo por autênque estabelece outros preceiticas milícias talibãs, de con- Joaquina Margalha tos, mais restritivos, que proíbem os médicos de fazer o que a lei permite e até exige. Sim, mas que tem isso a ver com o começo da vida? teimou a Ti Maria, ainda sem perceber. - Ó Ti Maria, o homem quer dizer que vai finalmente saber-se quando já existe uma pessoa, com alma e tudo, e já não se pode abortar sem cometer um crime de morte, meteu-se o senhor João na conversa, tentando clarificar as palavras do doutor. - Pois é! É que há quem defenda que a partir do momento em que a célula masculina se junta com a feminina e formam um ovo, já temos ali uma vida humana que se vai formar e já será criminoso matá-la, explicou ainda melhor a D. Isabel. Olhem meninos - tornou a Ti Maria, peremptória - não tenho estudos, mas uma coisa percebo eu: um ovo, se for chocado até ao fim dá em pinto e o pinto dá em galo. Mas lá por isso, não é a mesma coisa atirar um ovo para dentro de uma panela de água a ferver ou dar o mesmo tratamento a um galo vivo. Ficámos a pensar. Esforço, empenho e trabalho... [email protected] Soube há dias, através da Comunicação Social, que já é possível aceder ao Ensino Superior sem possuir o 12º ano e, até, sem o 9º ano de escolaridade. De início, considerei a notícia curiosa. É que, durante largos anos, desenvolvi a minha actividade profissional na área da formação ao longo da vida e, já então, era permitido o ingresso num determinado nível de escolaridade sem ter frequentado, ou concluído, o anterior. Para o efeito, os candidatos submetiam-se a testes que comprovassem que a formação científica que possuíam era compatível com a preparação exigida para o nível de ensino que pretendiam frequentar. No caso da notícia que li, referia-se que esta medida foi lançada este ano e que, nesta nova modalidade de acesso, o candidato, com idade superior a 23 anos, se devia sujeitar a uma prova, seguida de entrevista. Até aqui, salvo o limite de idade, nada de novo. No entanto, o repórter continuava o seu relato referindo que se tinham verificado casos em que estabelecimentos de ensino superior tinham aplicado testes idênticos a cursos variados, independentemente do seu domínio científico; indicava, mesmo, que num deles a prova tinha sido comum a mais de uma dezena de cursos. A ser exacta, esta notícia é preocupante. Em primeiro lugar, porque se corre o risco de banalizar uma forma de acesso à formação que correspondia a um prémio justo para aqueles que reformulavam os seus projectos de vida com base numa atitude meritória de esforço, empenho e trabalho. Em segun- do lugar, porque, quando os resultados dos relatórios internacionais apontam, repetidamente, para níveis demasiado baixos de literacia e de resultados escolares no nosso país, o caminho será o de aumentar o grau de exigência no ensino e não o contrário. Fazendo fé nas palavras do repórter, temos aqui um exemplo de como se podem subverter medidas que, podendo ser bem intencionadas, carecem de processos de regulação e fiscalização rigorosos que melhorem, de facto, a qualidade do nosso sistema de ensino. Para o efeito, não será, também, urgente difundir a noção de que o sucesso decorre, em grande parte, do investimento sério e honesto na formação que cada um de nós estiver disposto a realizar? Leio em Mediterrâneo Báltico, de Ana Maria Speckel, a sensação que tive, durante muito tempo, ao chegar a Portugal atravessando a fronteira de Caia ou de Valencia de Alcántara. Para isso servem os livros velhos e viajantes, para descubrir ideias e sentimentos de outros que viveram a nossa mesma experiência tempo antes, fazendo um caminho semelhante ao nosso sen importar a direcção, pois também sabiam que todas as viagens acabam no mesmo sítio. Lêem-se essas páginas e tem-se a tentação de pensar que aqueles que miraram o mundo como hoje queremos vê-lo, talvez não fossem outros que nós mesmos. Ana María Speckel, num périplo mais ambicioso, viaja da Itália aos países escandinavos, mas sabe que importa pouco o itinerário quando a alma viaja com o seu próprio olhar, entrando e saindo da sua morada nesse estranho jogo de chegar e partir, de saudações e despedidas que é qualquer viagem. Escrevo-o para que não se me olvide, para que a rotina não acabe de sufocar o fogo dessa sensação de plenitude que se amarrava ao meu peito, sendo criança, as primeiras vezes que atravesava a fronteira, quando esperava ver fisicamente o traço contínuo do mapa sobre o asfalto e a terra que se perde ao alcance da vista: Há um momento [...] no qual parece que se muda de mundo. Não se trata só do clima ou do aspecto de coisas cuja variação se vai percebendo por graus e insensivelmente, senão de uma diferença, de salto tão vivo e imprevisto, que os olhos e o espírito se surpreendem pela sua absoluta novidade. Atravessamos a fronteira [...] e subitamente se verifica transição repentina e misteriosa a completa tranformação da cena, dando nos a impressão, ao olhar atrás, de que se vai cer rando uma grande penumbra nas nossas costas enquanto outra se vai descortinando em frente. notíciasalentejo~ Novembro 2006 16 no fecho~ Contas irregulares O Tribunal Constitucional detectou irregularidades nas contas de todos os partidos e coligações que concorreram às eleições legislativas de Fevereiro de 2005. A lei em vigor aponta para coimas entre os quatro e os 150 mil euros. De acordo com a TSF, entre o rol de irregularidades detectadas estão, por exemplo, a não entrega de dados sobre financiamento das campanhas eleitorais através da angariação de fundos por parte do PS e do CDSPP. O acórdão do TC dá conta de um depósito de 381 mil euros nas contas do PS, já depois de se conhecer que os socialistas tinham conquistado a primeira maioria absoluta da sua história. O PSD recebeu 57 mil euros em numerário sem que tenha identificado a identidade dos doadores, enquanto que o CDSPP, a CDU, o PCTP-MRPP, o Partido Humanista e o PND receberam donativos por meios que não permitem a identificação do montante e da origem. Investigadores premiados Uma equipa de investigação da Universidade de Évora foi distinguida com uma menção honrosa no âmbito do Prémio Lusinov'06, pelo projecto «Estudo de soluções integradas de bem-estar animal e protecção ambiental». O prémio foi instituído pela empresa Lusiaves, com o objectivo de promover a inovação agrotecnológica e o desenvolvimento sustentável da produção animal, distinguindo assim, projectos inovadores nas áreas de qualidade de processamento e conservação da carne de aves, produção avícola, bem estar animal, marketing e novos produtos. A equipa de investigação distinguida é constituída por Bruno Filipe Pedrosa, aluno finalista da licenciatura em Engenharia Zootécnica, Carla Alexandra Mendes, Engenheira Zootécnica recém-licenciada pela Universidade de Évora, bolseira de investigação desta instituição, e Vasco Fitas da Cruz, Professor Associado do Departamento de Engenharia Rural e investigador do ICAM. Reguengos com nova imagem A Câmara de Reguengos de Monsaraz vai lançar a nova imagem corporativa para promover o turismo no Concelho. A imagem, segundo a autarquia, «baseia-se nos valores fundamentais que podem impulsionar o concelho como um destino turístico atractivo e de elevada qualidade, padrões que tem procurado atingir e que são demonstrados pelo nível de desenvolvimento alcançado nas últimas décadas, nomeadamente através da pequena e média hotelaria tradicional e dos empreendimentos turísticos em espaço rural». O design dos quatro elementos que compõem o símbolo obedeceu a critérios «coerentes que podem potenciar a expansão turística: Monsaraz e toda a sua envolvente, a água do Grande Lago de Alqueva, a paisagem alentejana e Reguengos de Monsaraz, que se posiciona também a este nível no rumo da modernidade». A nova imagem do turismo vai servir de suporte promocional e identificativo para um conjunto de actividades que a autarquia quer realizar junto de operadores turísticos em vários locais do país e estrangeiro. Évora prepara candidatura ao WMF Representantes da WMF (World Monuments Fund), uma das principais organizações mundiais nãolucrativas dedicadas às causas da preservação do património arquitectónico de relevância cultural em risco, estiveram em Évora para conhecer o projecto de intervenção para a conservação e restauro das Fontes Henriquinas da cidade. Desde 1965 que o WMF trabalha para impedir a perda de monumentos histó- ricos em mais de 450 locais, espalhados por mais de 80 países. A amplitude do trabalho do WMF expande-se por locais como o complexo do Templo de Angkor, no Camboja, ou o Centro Histórico da Cidade do México. A partir da sua sede em Nova Iorque, e através dos escritórios em Paris, Londres, Madrid e Lisboa, o WMF trabalha com os parceiros locais e comunidades para identificar e salvar importantes patrimónios cul- turais, através de inovadores programas de planeamento, trabalho de campo, apoio, educação e transmissão de conhecimentos. Em cada dois anos, a WMF elabora a lista "World Monuments Watch", onde constam os 100 sítios em perigo de perda, no sentido de lançar o alarme global sobre a necessidade de uma acção de intervenção urgente sobre esses locais. pub Rodriguez Ibarra defende cooperação O presidente da Junta da Extremadura, Juan Carlos Rodriguez Ibarra, quer que a região se assuma como «leme» na articulação das relações Portugal-Espanha. Na inauguração do «Agora - Debate Peninsular», Ibarra recordou que o Português é a segunda língua mais estudada na Extremadura. Foto: www.juntaex.es LER PARA SER Évora em Lugano A cidade de Évora foi reconhecida, novamente, a nível internacional. Desta vez, pelo Salão Internacional de Turismo da Suíça, decorreu em Lugano. O certame, com mais de 10 mil metros quadrados deexposição, atribuiu à cidade de Évora o prémio «O Melhor Exemplo da Idade de Ouro de Portugal, enquanto lugar com grande vocação para o turismo». Na sua quarta edição, o Salão Internacional de Turismo da Suíça conta com a presença de meio milhar de expositores e de 1500 operadores turísticos. LIVRARIA SÍTIO DAS LETRAS REGUENGOS DE MONSARAZ Livros Escolares telefone 266 508 010 fax 266 508 017 morada Rua S. João de Deus, 18 pub A Região em Debate na página 19 notíciasalentejo~ Novembro 2006 17 ~figuras&factos Relações literárias entre”aspas” Susana Rodrigues faça chuva ou faça sol Hotspots em funcionamento Castro Guerra, secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, na TSF, quando «culpou» (18 Out.) os consumidores sobre o défice energético e quando o aumento da electricidade proposto pela entidade reguladora apontava para os de 15,7% O projecto Évora Distrito Digital assinalou, em Outubro, a entrada em funcionamento da Rede Regional de Hotspots. Trata-se de uma rede de acesso à internet sem fios composta por uma zona de acesso livre em cada sede de município do distrito. Os hotspots são locais públicos onde se encontra disponível um serviço sem fios que permite a ligação à internet de banda larga. Nestes locais, com um computador equipado com placa de rede wi-fi, poderá consultar-se o e-mail, conversar no messenger, aceder às aplicações da empresa, ou simplesmente navegar na internet a alta velocidade fora de casa. ... Se a PT deixar Também em Outubro, este jornal voltou a ter problemas com a actualização do noticiário online, em www.noticiasalentejo.pt, devido a mais uma avaria na linha RDIS. Os cinco dias sem comunicações telefónicas quase colocaram em risco o cumprimento de prazos da versão impressa, mas, com esforço, sempre se conseguiu fazer chegar esta edição à gráfica no dia previsto. Património destruído A Câmara de Beja alertou, recentemente, em comunicado para mais um acto de destruição de património arqueológico na necrópole do Cerro Furado, Baleizão. O local, que a autarquia considera de «elevado interesse patrimonial e científico» tem vindo a ser, há largos anos, sistematicamente pilhado e destruído por acções de vandalização e uso ilegal de detectores de metais para venda e tráfico de bens arqueológicos. Acrescenta a CM Beja que em Outubro o local «foi alvo de violenta destruição tendo o Município sido alertado no dia 19 de Outubro, procedendo de imediato à notificação do Instituto Português de Arqueologia, e à instauração de uma queixa crime por destruição de património arqueológico (artigo 103, lei 107/2001 de 8 de Setembro, D.R. Iª série A) e profanação de cadáver (art. 254º do Código Penal)». Refere ainda a autarquia que foi assinado em Abril um protocolo com o Instituto Português de Arqueologia para apoio logístico e financeiro a uma intervenção de emergência mas que aguarda ainda da direcção do IPA uma «agenda dos trabalhos». Tempos estes, em que nem os protocolos são suficientes para proteger o património. «Este défice tem de ser pago por quem o gerou (…) os custos são os custos e nós não podemos fugir aos custos» «A vida das pessoas é feita de bons e maus momentos e ontem não foi seguramente um bom momento para mim» Castro Guerra, na RR, no dia seguinte As relações literárias entre Portugal e Espanha serviram de tema a um colóquio internacional organizado pela Universidade de Évora no âmbito do projecto RELIPES (Relações Linguísticas e Literárias entre Portugal e Espanha). Organizado pelo Departamento de Linguística e Literaturas, o colóquio pretende analisar as relações linguísticas e literárias entre Portugal e Espanha do século XIX à actualidade, pela primeira vez, de uma forma homogénea e rigorosa. O projecto contempla três congressos, um em cada uma das universidades envolvidas - Évora, Beira Interior e Salamanca - de cada um desses congressos irá sair um livro de actas. No final do projecto, será publicado um volume com os textos de todos os investigadores que estão a trabalhar no projecto. Participaram especialistas espanhóis e portugueses no período em estudo. O encontro de Évora ficou subordinado às relações literárias no século XX, que é a área de investigação da equipa da UE, constituída por Antonio Sáez Delgado (responsável do projecto) e Susana Gil Llinás. Sáez Delgado é docente da U.E. e integra o painel de «opinião» deste jornal. Também em Outubro, mas em Cáceres, realizouse em finais de Outubro mais uma edição dos Encontros Agora, O Debate Peninsular, iniciativa do Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças da Junta da Extremadura. As duas iniciativas parecem demonstrar o bom momento no relacionamento institucional entre Alentejo e Extremadura. Opinião que marca diferença. ~ páginas 14 e 15 «O preço da electricidade para os consumidores domésticos vai aumentar seis por cento no próximo ano, anunciou o ministro da Economia, contrariando a proposta de 15,7 por cento da Entidade Reguladora do Sector da Energia (ERSE)» Notícia publicada em 20 Out em www.publico.pt «O jogo de Sócrates é de risco. Como o do rapaz do trapézio voador que tem o público conquistado até ao dia em que cai. Se tiver rede, retoma o número. Quando não a tem, acabase-lhe o circo» Mário Ramires, em www.sol.pt «Ora, era o mesmo Cavaco Silva, então primeiro-ministro em exercício, quem há 15 anos desdramatizava o problema e garantia com veemência que 'Portugal não é um país de corruptos!'» José António Lima, em www.sol.pt pub Assine o jornal na página 11 «A mais longa ditadura do Ocidente, o mais velho império colonial, a anacrónica extravagância do PREC e o Estado corporativo e parasitário que a democracia produziu deviam ter educado uma geração. Não educaram.» Vasco Pulido Valente, no Público notíciasalentejo~ Novembro 2006 18 SÍTIO DAS LETRAS COMPRE LIVROS E GANHE UMA ASSINATURA ANUAL DO NOTÍCIAS ALENTEJO RUA S. JOÃO DE DEUS, 18 266 508 010 * 266 508 017 (fax) [email protected] REGUENGOS DE MONSARAZ LIVRARIA publicidade~ notíciasalentejo~ Novembro 2006 19 ~debate DP Évora celebra 'Património Mundial'. A cidade, em 20 anos, conseguiu aproveitar o «estatuto» concedido pela UNESCO? Norberto Patinho PS Diamantino Dias PCP Palma Rita PSD ‘Para que não seja uma oportunidade perdida’ 'Próximos 20 anos serão bem melhores’ 'Quando se perde uma oportunidade, alguém a agarra por nós' Quando em 1986 Évora foi classificada como Património da Humanidade, assistiu-se nos anos a seguir a um conjunto de medidas e regras que contribuíram em muito para a preservação do património, para uma intensa actividade cultural, bem como para um aumento do fluxo turístico de qualidade. Esta distinção da UNESCO contribuiu muito para que a Autarquia desenvolvesse todo um trabalho de cidadania, que teve momentos muito interessantes com a própria população a interessar-se pela requalificação da imagem da cidade. Houve ainda os cuidados impostos na publicidade e noutros elementos urbanísticos que não ferissem a dignidade monumental da cidade. Recordo que a Autarquia eborense foi pioneira em impulsionar uma estrutura associativa a nível mundial das cidades com esta classificação pela UNESCO, bem como no País foi por iniciativa de Évora que as cidades classificadas se reuniram por diversas vezes e tomaram resoluções interessantes na altura. Foi, de facto, um momento muito interessante no aproveitamento para a população, para a cidade e Região do estatuto concedido pela UNESCO. Neste breve apontamento, é justo salientar o empenhamento que a Autarquia, há época, teve em manter o CHE vivo e com pessoas a viver. No entanto, a partir do princípio de 2000, com a mudança política verificada na Câmara Municipal, deixaram-se de fazer esses investimentos, perdeu-se o trabalho de cidadania que vinha sendo feito pelo Município e, de facto, temos assistido a um retrocesso muito acentuado do CHE. Hoje, o Centro Histórico de Évora, está triste, pouco cuidado e tem visto partir muita população. Deixou-se de fazer investimento na sua continuada requalificação. É, um facto, que este desinvestimento é político e, como tal, devem ser os políticos a serem responsabilizados por esta grave situação. É pois, claro, que estes vinte anos tiveram, por razões políticas, duas partes distintas - uma que aproveitou as potencialidades concedidas com o estatuto da UNESCO e, uma outra, que podemos classificar dos últimos anos em que, na prática, quase tudo foi abandonado e a Autarquia aparece hoje aos olhos da população como uma entidade sem rumo nem orientação para o CHE. Cada um de nós tem de reflectir sobre as consequências que esta atitude pode vir a ter a médio prazo para a nossa cidade. A classificação de Évora como património mundial é um forte tributo à nossa história e aos nossos antepassados, constituindo uma honra e um valor seguro que deve orgulhar todos os eborenses, os alentejanos e os portugueses. O aproveitamento do "estatuto" concedido foi muito frágil nos primeiros anos, em consequência duma gestão autárquica sem dinâmica, vivendo da fachada e da propaganda, mas sem rasgo para desenvolver a base infraestrutural necessária para tirar partido económico e social da classificação. Só assim se justifica que não obstante o factor de atracção que essa classificação significa, durante anos pouco se tenha desenvolvido o parque hoteleiro, não se tenham promovido actividades culturais estruturantes e não se tenham construído novos espaços culturais e de eventos à altura duma cidade património mundial. Nos últimos anos, com a nova gestão autárquica, esta situação começa a inverter-se. Surgiram novos projectos quer no domínio da hotelaria, quer no domínio do lazer e das estruturas para eventos e espectáculos. A melhoria do abastecimento de água e do saneamento básico, da iluminação e dos pavimentos, vieram reforçar uma imagem urbana de qualidade. Os fluxos turísticos subiram muito e Évora tem sido sucessivamente classificada nos mais elevados postos dos rankings de qualidade. Depois de classificada como a cidade portuguesa onde melhor se vive e se trabalha, depois do prémio da API, foi recentemente considerada como a cidade mais competitiva e vai agora receber na Suiça o prémio para a cidade que melhor utilizou o património no âmbito da promoção turística. Neste cenário, mais se lamenta que a Região de Turismo de Évora, estrutura fundamental na promoção da cidade e do Distrito esteja paralisada e ferida na sua legitimidade, tornando-se evidente que através de acordos contra natura, CDU e PSD estão mais interessados na guerrilha ao poder maioritário sufragado pelos eleitores, do que no desenvolvimento da cidade e da região. Se os eborenses e os alentejanos se unirem no essencial, se a sociedade civil se mobilizar em cooperação com a autarquia e com a sua nova dinâmica, estou certo que os próximos vinte anos serão bem melhores que os anteriores no aproveitamento do "estatuto" de património mundial como factor de desenvolvimento. Sem o estatuto de património da humanidade da UNESCO, Évora seria hoje uma cidade bem pior do que aquela que hoje temos, pelos efeitos que foram induzidos sobre o turismo (hotelaria, restauração, comércio e transportes), com benefícios na dinâmica económica e empresarial local, fundamental numa cidade do interior do país sem qualquer vocação económica competitiva (agrícola, industrial ou comercial), que cresceu e ainda hoje se mantém (infelizmente) dependente dos serviços desconcentrados da Administração Pública. O estatuto de "Cidade Museu" alcançado em 1986, quando o "cluster" do turismo (urbano e cultural) ainda era incipiente em Portugal, deveria ter tido um efeito de trampolim para que Évora ocupasse a dianteira entre as cidades portuguesas, que tal oportunidade procuraram secundar. No entanto, 20 anos depois, vemos que várias outras cidades, partindo de condições menos vantajosas, ultrapassaram Évora, imprimindo maior dinâmica à condição (mundial) que lhe foi reconhecida e daí tirando maiores dividendos: 1. Não adormeceram à sombra de um estatuto passivo de "cidade-museu"; 2. Não se limitaram a garantir aquilo a que a UNESCO obrigou: aceitáveis níveis de conservação e recuperação dos seus monumentos classificados; 3. Aproveitaram o estatuto da UNESCO enquanto vantagem para aumentar a atracção e a fixação turística, através de iniciativa própria que falta em Évora: condições de acolhimento, informação e sinalização turística, animação. Está por preencher uma condição essencial para que Évora possa efectivamente fertilizar um estatuto que lhe foi atribuído: a implicação dos eborenses em geral e dos seus agentes económicos em particular, de forma a ampliarem tal estatuto pela sua acção quotidiana motivadora. Tal não aconteceu em 1986 nem foi conseguido em 20 anos, deixando aos eborenses apenas um legado, que herdaram, sem mais. notíciasalentejo~ Novembro 2006 20 crónica~ tópicos Luís Carmelo O exílio das mulheres portuguesas* [email protected] É verdade que, na antiga tragédia, Édipo matou o pai e casou com a mãe que tinha o lindo e promissor nome de Jocasta. O deleite, a presença e o mistério da primeira das mulheres alimentaram o destino singular de Édipo e acabariam, séculos mais tarde, por dar corpo ao mais célebre ditame da psicanálise. O caso português é em tudo oposto ao que Freud enalteceu quando interpelou os desvarios do Édipo Rei de Sófocles, já que, logo no início da saga, D. Afonso Henriques transformou a possível atracção edipiana em destemida ira e conquista. O 'Complexo de Henriques' mais não é do que a conquista de um espaço de eleição a que os deleites, a presença e os mistérios da mulher são rigorosamente alheios. Esta postura teve os seus continuadores de excelência, sobretudo através dos protagonistas dos chamados "mitos portugueses". Pedro jamais partilhou à luz do dia a viva plenitude da sua Inês, a não ser, ressentido e vingado, no bilhete postal bilhete postal lúgubre beija mão de Alcobaça e depois no variadíssimo corpo de lendas que foi frutificando em peças de teatro e em óperas pelo mundo fora. Ao lado deste mito do "amor eterno", como lhe chamou Natália Correia, o nosso mito messiânico despertou na desventura de Sebastião, esse rapaz tão aventureiro e misantropo quanto temente de uma bela e exaltada roda de sete saias. Mais tarde, os cultores do "império espiritual lusitano", ou se dedicaram feericamente à panóplia profética e às grandes e arriscadas viagens, caso de Vieira, ou se iniciaram com timidez ao som da "chuva oblíqua" sempre recheada pelo pudor e pelo "ridículo" das cartas amorosas, caso de Pessoa. Já no século XX, o culto mariano - que fez contracampo cinematográfico ao "bolchevismo" de então - reatou a saga henriquina original, desta feita espiritualizando a mulher e convertendo-a numa divindade intocável, tal como já havia feito D. João IV quan- La Torada, por Pablo Picasso do doou a coroa dos reis de Portugal a Nossa Senhora da Conceição nos idos da Restauração. Tudo bate certo, como se vê: de uma maneira ou de outra, o geniceu fica sempre de fora da narração: por pudor, por medo, por ira ou até por mística deslumbrada. Eu que sou um céptico visceral face a tudo o que, na "Academia", seja da ordem do "gender" ou da "filosofia portuguesa" (sempre que vejo uma universidade a investir nessas epistemologias, desconfio) não posso, no entanto, deixar de constatar como é que o primeiro - no caso do feminino - é, entre nós, historicamente prisioneiro da segunda. Toda esta prosa encantada mas verdadeira tem uma finalidade, caro leitor. A crónica nunca é inocente nem desprevenida, para mais quando se ocupa de blogues. Deixo por isso a pergunta final: para além das excepções da praxe, não será por causa de todo este pesado enredo his- tórico que são da autoria de mulheres os blogues portugueses em que mais se funde o humor, a paródia, a têmpera, o desconcerto, a provocação e a vitalidade? Querem confirmar? Ora passem, entre outras, pela Zazie (http:// cocanha.blogspot.com), pela Carla Quevedo (http://bombainteligente.blogspot.com), pela Rititi (http://www.rititi.com), pela Lolita (http://www. chumo.blogspot.com/), pela Fernanda Câncio (http:// gloriafacill.blogspot.com), pela Cláudia Vicente (http://www.quatrocaminhos. blogspot.com), pela Isabel Goulão http://misspearls. blogspot.com), ou pela Catarina (http://100nada. weblog.com.pt/) e digam lá se não é assim mesmo!? (e tenho a certeza de que o material de prova fica ainda no adro, tal como ficou para sempre nos meus ouvidos a procissão de Lopes Ribeiro e Villaret). * Crónica regular BLOGUES E METEOROS do EXPRESSO Liga Portuguesa Contra o Cancro UM DIA PELA VIDA Têm sido desenvolvidos esforços a nível internacional e nacional, no sentido da sensibilização para a prevenção e diagnóstico do cancro bem como para o apoio ao doente e angariação de fundos, que possam contribuir para a evolução no conhecimento ao combate a esta doença. Um Dia Pela Vida, promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, representa sobretudo a criação de laços renovados entre a Comunidade e a Liga, permitindo que esta realize outro dos seus objectivos supremos: mobilizar a sociedade civil em torno da luta contra o cancro e fazê-lo com base num projecto baseado no trabalho em equipa da própria comunidade e com potencial de longa duração. Existindo um projecto a nível nacional, com os objectivos acima mencionados, um grupo de residentes de Reguengos de Monsaraz, quis contribuir de forma voluntária para o sucesso deste projecto. Contudo, o apoio e a ajuda de todos os que consideram estas causas uma forma de sentir a solidariedade, de "estar com", é fundamental neste tipo de iniciativas. Neste sentido, vimos por este meio apresentar-nos como um grupo de trabalho voluntário, de carácter humanitário, que tem como objectivo o desenvolvimento de actividades de sensibilização e angariação de Fundos para a causa acima referida e simultaneamente requerer o Vosso apoio, se necessário for para a concretização dessas mesmas actividades. O Grupo, "REGUENGOS SORRI P'RA VIDA" Foto: David Prazeres www.ligacontracancro.pt [email protected] notíciasalentejo~ Novembro 2006 21 ~música&letra A investigação como problema J. Alberto Ferreira [email protected] Os Jardins da Memória de Orhan Pamuk O Diabo Veste Prada de Lauren Weisberger Preço:22,50 € Editor: Editorial Presença Colecção: Grandes Narrativas Ano de Edição: 2004 Preço: 14,96 € Editor: Editorial Presença Colecção: Champanhe e Morangos Ano de Edição: 2004 A Academia Sueca distinguiu o escritor turco Orhan Pamuk com o prémio Nobel da Literatura. Pamuk, de 54 anos, estudou jornalismo e arquitectura mas dedica-se à escrita a tempo inteiro. Em Portugal, tem dois livros traduzidos e editados pela Editorial Presença (www.presenca.pt) Cidadela Branca e Os Jardins da Memória. A biografia oficial aponta-o como amante das artes plásticas durante a juventude. Pamuk começou por estudar Arquitectura, mas acabou por se licenciar em Jornalismo pela Universidade de Istambul. Nunca chegou a exercer a profissão de jornalista, pois aos 23 anos decidiu dedicar-se a tempo inteiro à escrita. O primeiro romance Cevdet Bey and His Sons - foi publicado em 1982 e foi distinguido com dois prémios literários da Turquia. De seguida publicou The Silent House, que conquistou em França o Prix de la Découverte Européene. A obra que assinalou a sua ascensão no mercado literário internacional foi A Cidadela Branca, publicada em 1985 na Turquia e no ano 2000 pela Presença em Portugal. Seguiram-se os títulos Os Jardins da Memória (Presença, 2004) e The New Life, que a editora portuguesa publicará em breve. Entre 1985 e 1988, Pamuk foi professor convidado da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Assine o jornal na página 11 Performance Research Volume 11, nº 2, 2006 Londres e Nova Iorque, Routledge Acaba de me chegar às mãos o tomo 2 do 11º volume da Lauren Weisberger é licenciada Performance Research, revispela universidade de Cornell. ta dedicada à investigação O Diabo Veste Prada é o seu pri- nas artes perfor mativas edimeiro romance, um enorme tada pelo Center for the sucesso de vendas, já adaptado Performance Research, da para cinema. Universidade de Gales (Aberystwyth), Reino Unido. A revista tem, desde o início, em 1996, pautado os seus objectivos editoriais e científicos por uma rigorosa afirmação: a de que é necessário reinventar conceitos, referências e instrumentos de reflexão sobre o campo performativo, muito para lá do simples aggiornamento face aos tempos que correm. Cada número da revista privilegia, nessa medida, um tema. Tempo foi, precisamente o conceito central do número de abertura da Performance Research, que depois abordou temáticas como risco, ilusão, lugar, refúgio, turismo, animais, memóLavrar o Mar ria, silêncio, cozinha, arquide Daniel Sampaio vo, mapa, numa lista não exaustiva que bem evidencia a Preço: 14,70 deslocação analítica a que a Editor: Editorial Caminho revista procede: reinstala a Ano de Edição: 2006 incerteza disciplinar, abrindo o campo de estudos ao pensamento e aos fazeres contemUm novo olhar sobre o relacionaporâneos, refaz o léxico dismento entre pais e filhos. Doze ponível e multiplica os objecanos depois da publicação do livro tos de pesquisa renovandoInventem-se Novos Pais, Daniel lhes os suportes e contrasta a Sampaio actualiza as questões de sua legitimação canónica. relacionamento entre pais e filhos O volume mais recente adolescentes. Lavrar o Mar propõe ostenta e instala um orgulhoum novo olhar sobre o quotidiano das famílias: é tempo de responsa- so indexes no temário da bilizar os jovens pelos seus comrevista, que mantém o portamentos, é o momento para mesmo formato A4 desde semdeixarmos de os considerar seres pre (apenas alterou a periodiimaturos a quem não podemos cidade, passando a quadripedir contas. Nesta obra, salientamestral em 2002). Indexes / se a decisiva importância de uma Índices (usarei a partir daqui infância organizada à volta do a versão portuguesa) é um amor e da disciplina, como garante de uma adolescência saudável; esti- tema que evidencia, desde mulam-se novas formas de diálogo logo, o território de reinvenção a que já me referi, e de entre pais e filhos, sem esquecer mais do que uma maneira. que a decisiva palavra tem de Conceito nuclear no mundo caber aos mais velhos; e são dados da organização da informação numerosos exemplos de possíveis conflitos quotidianos como os horá- (bibliográfica, por exemplo), rios, os dinheiros, os prémios e os onde genericamente funciona castigos, a Internet, o sexo, o álcool como repertório organizado e as drogas. de elementos informacionais, o que coloca o estudo da performance sob a alçada de dicionários, enciclopédias e dos respectivos formatos de orquestração de léxico. Mas o índice tem também um valor semiótico: na tipologia de signos, índices ou indícios são aqueles que não resultam de uma intenção mas cuja leitura é produtora de sentidos. São, por exemplo, as pistas da cena policial, involuntariamente deixados pelos criminosos mas capazes de garantir a solução do caso. São, portanto, como que o gesto de apontar para o que se não via, sejam acções, ou as suas causas ou consequências. Ora, este gesto aparece, assim, como constitutivo da própria arte, lendo-a como indício de questões sociais (o que também é dizer que a arte pode ser um revelador dessas questões). Nas artes performativas esse gesto parece deter uma muito decisiva importância, não apenas por fazer ver o invisível, como disse, mas sobretudo porque inscreve permanentemente estruturas indiciais: a escrita, o desenho, o movimento, a documentação, as instruções, a improvisação, a tradução, numa lista incompleta e sem rigores de ordenação. Seja na perspectiva arquivística (os indexadores da performance como organizadores e classificadores), seja na perspectiva generativa (estruturas indiciais como elementos dos processos de criação), os índices aparecem assim como inequívoco instrumento de aproximação à criação performativa contemporânea, renovando o léxico crítico e as operações de investigação. A revista garante a colaboração de teóricos consagrados (Meiling Cheng, Susan Melrose, Ric Allsopp (que dirige a revista) ou Una Bauer, por exemplo) ao mesmo tempo que concede a jovens investigadores espaço de afirmação de pesquisa de ponta (e frequentemente irreverente face ao campo disciplinar canónico), em conjugação com trabalhos da esfera artística (há sempre um ou mais cadernos dedicados à criação, protagonizados pelos criadores, que assim se confrontam também com a pesquisa, o registo e a reflexão teórica). Performance Research é uma revista única no perfil e na relevância para a investigação e para a criação performativa. É também um exemplo a seguir entre nós, onde tanta falta fazem as publicações da especialidade (quase inexistentes) e a (in)disciplinada e programática reformulação das práticas e instrumentos da investigação. notíciasalentejo~ Novembro 2006 22 ...damúsica ...dapoesia A Brigada da música tradicional portuguesa A Brigada 14 de Janeiro, grupo de música tradicional portuguesa, promete manter o rumo de divulgação da música portuguesa. As referências deste grupo focam-se em Fausto Bordalo Dias, Pedro Barroso, Amália Rodrigues, Zeca Afonso e temas populares alentejanos. A digressão 2006 levou o grupo a percor rer uma boa parte do Sul do País, com espectáculos em Beringel, Elvas, Arruda dos Vinhos, Amareleja, Sobral de Monte Agraço e Aldeia da Luz, entre outras localidades. O grupo de Elvas renovou a sua webpage que pode ser consultada em www.brigada14 janeiro.com.sapo.pt. ...vinhos Outubro trouxe novidades vinícolas. A Universidade de Évora colocou no mercado os primeiros vinhos produzidos na herdade experimental da Mitra - o tinto, produzido a partir das castas regionais, trincadeira e aragonez, e o branco, baseado nas castas antão vaz e arinto. Ambos foram produzidos e engarrafados pela adega experimental da Herdade da Mitra, com o apoio técnico do Laboratório de Enologia. A comercialização (2,50 euros no caso do tinto e 2,00 no branco) é feita na adega e nas lojas Molina, em Évora e Monsaraz. Gottlieb Basch, pró-reitor da Universidade de Évora, explica que o vinho produzido por aquela instituição "não satisfaz apenas as necessidades do ensino e da investigação na área da viticultura no âmbito do curso de Engenharia Agrícola, como também serve de campo experimental e de ensino do actual conceito da Agricultura de Conservação que se baseia na protecção de recursos naturais como o solo e a água". A cobertura permanente do solo, através do "enrelvamento" «Herdade da Mitra» entra no mercado da entrelinha das videiras, e a realização de estudos para o seu melhor maneio fazem parte deste novo conceito da exploração agrícola sustentável, explica o docente. A Universidade de Évora tem-se destacado como instituição pioneira em Portugal neste novo conceito agrícola. Adega de Redondo com novo recorde. Em termos de produção regional, a Adega Cooperativa de Redondo anunciou que fechou a campanha das vindimas com um novo recorde de produção - cerca de 17 milhões e meio de quilos de uva deram entrada nas instalações, superando o anterior máximo datado de 2003. «Estamos muito satisfeitos com a qualidade da matériaprima. Não só conseguimos evitar os efeitos negativos causados pelas várias vagas de calor da segunda quinzena de Agosto e Setembro, protegendo assim as castas mais sensíveis como a trincadeira e outras, como também não fomos muito afectados pelas chuvas de finais de Setembro, daí que tenhamos conseguido evitar eventuais deteriorações do estado das uvas», explicou o enólogo Pedro Hipólito. No Redondo, garante-se que a vindima deste ano «produziu excelentes resultados» e fala-se em «surpresas para os consumidores». CARMIM com recorde de vendas. Também em Outubro, a CARMIM anunciou que atingiu no mês anterior vendas recorde de 2,5 milhões de garrafas, correspondendo a 4,3 milhões de euros. Uma subida face ao mês homólogo de 2005 de 139 por cento no volume de vendas e de mais 2,5 milhões de euros na facturação. De acordo com a informação fornecida pela Cooperativa de Reguengos de Monsaraz, nos meses de Verão a média mensal de vendas foi 180 por cento acima do ano anterior. As razões para o acréscimo de negócio advêm, segundo a CARMIM, «de uma maior agressividade comercial com um ajuste do preço de venda ao público a par com uma maior penetração nos canais de distribuição». Em termos acumulados, de Janeiro a Setembro de 2006, a CARMIM atingiu uma facturação de 21,2 milhões de euros, mais 50 por cento que o ano anterior, correspondendo a 18, 4 milhões de garrafas, contra 11,4 milhões em 2005, um acréscimo de 62 por cento em volume. Para os valores muito contribuem as vendas de cerca de 70 por cento nas grandes superfícies. Queixa das almas jovens censuradas Dão-nos um lírio e um canivete e uma alma para ir à escola mais um letreiro que promete raízes, hastes e corola Dão-nos um mapa imaginário que tem a forma de uma cidade mais um relógio e um calendário onde não vem a nossa idade Dão-nos a honra de manequim para dar corda à nossa ausência. Dão-nos um prémio de ser assim sem pecado e sem inocência Dão-nos um barco e um chapéu para tirarmos o retrato Dão-nos bilhetes para o céu levado à cena num teatro Penteiam-nos os crânios ermos com as cabeleiras das avós para jamais nos parecermos conosco quando estamos sós Dão-nos um bolo que é a história da nossa historia sem enredo e não nos soa na memória outra palavra que o medo Temos fantasmas tão educados que adormecemos no seu ombro somos vazios despovoados de personagens de assombro Dão-nos a capa do evangelho e um pacote de tabaco dão-nos um pente e um espelho pra pentearmos um macaco Dão-nos um cravo preso à cabeça e uma cabeça presa à cintura para que o corpo não pareça a forma da alma que o procura Dão-nos um esquife feito de ferro com embutidos de diamante para organizar já o enterro do nosso corpo mais adiante Dão-nos um nome e um jornal um avião e um violino mas não nos dão o animal que espeta os cornos no destino Dão-nos marujos de papelão com carimbo no passaporte por isso a nossa dimensão não é a vida, nem é a morte (Natália Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923 na Ilha de São Miguel, nos Açores. Veio estudar para Lisboa ainda criança e cedo iniciou a sua actividade literária. Poetisa, ficcionista, ensaísta, tradutora, dividiu a sua criatividade pelo teatro e pela investigação literária. Empenhada politicamente, viu vários dos seus livros serem apreendidos pela censura. Morreu em Lisboa a 16 de Março de 1993) notíciasalentejo~ Novembro 2006 23 ~prazeres Jorge Reis Novo Ford Mondeo chega no segundo semestre de 2007 [email protected] Enquanto nos bastidores do Salão de Paris se discutiam eventuais fusões e alianças dos principais construtores automóveis mundiais, as estrelas continuavam a ser os novos modelos de cada marca, como a versão Station Wagon da terceira geração do Ford Mondeo, um modelo que, pelo menos no dia da abertura do Salão, competiu na forma como despertou o interesse e a atenções de todos no espaço da Ford com outros dois modelos, o concept car Iosis X, e o novo Focus Coupé Cabriolet, ou Focus CC. No espaço da Ford Europa, ao lado de todas estas novidades, o Lusomotores encontrou Anabela Correia, responsável pelo Departamento de Relações Públicas e Governamentais da Ford Lusitana, que nos deu conta da sua visão pessoal sobre o certame parisiense, que classificou como "de particular importância para a Ford", algo evidente até pela "presença em força da marca no certame". No diálogo mantido com esta responsável, começámos por querer conhecer o principal destaque da marca no Salão, o novo Ford Mondeo, um modelo que a nossa interlocutora classificou como "extremamente importante para a Ford na Europa, isto apesar de não ter ainda conseguido em Portugal uma grande carreira, também por estar inserido num segmento mais complicado - o mercado em Portugal é complicado em termos gerais, mas neste segmento é particularmente complicado". "Apesar de tudo o que nos diz respeito a nós, em Portugal, a verdade é que, em termos globais, o lançamento deste novo Mondeo é, para a Ford Europa, algo muito importante, e a primeira versão station wagon do novo Mondeo aqui lançada é exactamente o primeiro produto daquela que será a terceira geração deste modelo. Por outro lado, mostramos por onde queremos ir no que diz respeito à produção de um crossover para o segmento C, algo que aqui ilustramos ao revelarmos o 'Iosis X'", explicou Anabela Correia. As novidades da Ford no Salão de Paris, todavia, não se resumiram à terceira geração do Mondeo ou ao concept car Iosis X, isto porque o Focus CC ou a nova Ranger surgiram na capital francesa sob as luzes da ribalta. "Ainda no que diz respeito a novidades, mostramos aqui pela primeira vez, após o início da sua produção em série, o Ford Focus Coupé Cabriolet, mas também a nova geração da Ford Ranger, que vai estar em Portugal a partir de Janeiro do próximo ano". E porque todas as atenções no espaço da Ford estavam concentradas no novo Mondeo, naturalmente regressámos ao tema, com esta responsável da Ford Lusitana a dar-nos conta dos planos de introdução da terceira geração do modelo no mercado nacional: "A comercialização em Portugal deverá come- çar no final do segundo trimestre de 2007 ou durante todo o segundo semestre desse mesmo ano para sermos porventura mais correctos". "No início do próximo ano, aquando do Salão de Genebra, já deveremos ter ali presente a gama de produção toda em exposição, embora ainda existam algumas dúvidas quanto à disponibilidade, para essa altura, da versão de quatro portas. A ser assim, o lançamento poderá acontecer no segundo semestre do próximo ano, até para que possamos, por essa altura, ter toda a gama disponível, desde a carroçaria de quatro portas até à versão SW e de cinco portas", acrescentou Anabela Correia ainda sobre o Mondeo. Faltava sabermos um pouco mais sobre o Ford Focus CC, isto porque em relação ao Iosis X, por se tratar para já de um concept, haverá tempo para analisar a evolução que este modelo irá sofrer até chegar à versão de produção. Quisemos por isso Quercus quer aumentar o IA para automóveis poluidores Quem comprar um veículo a gasóleo sem filtro de partículas poderá vir a ter que pagar um valor de Imposto Automóvel agravado em mais 500 euros. Esta é, pelo menos, uma ideia lançada para a discussão em redor deste tema lançada pela associação ambientalista "Quercus", segundo a qual os motores diesel sem filtro de partículas são os principais responsáveis pela má qualidade do ar. A Quercus pretende ainda que os compradores de viaturas a gasóleo com filtros de partículas, ou um dispositivo equivalente, tenham uma redução de 500 euros no Imposto Automóvel, o que corresponde a um diferencial de 1.000 euros entre quem compra um carro com ou sem filtro de emissões. Ao mesmo tempo, esta medida iria permitir que o Estado pudesse manter os mesmos níveis nas quantias financeiras referentes ao imposto recolhido. "Em Portugal, em 2000, só devido às partículas mais finas de origem antropogénica (causadas pelo Homem), a esperança de vida é em média cinco meses menor do que se não existissem as concentrações elevadas que temos", afirma a Quercus, a partir dos trabalhos do Programa "Ar mais limpo para a Europa", realizados pelo instituto austríaco IIASA. Por isso a Associação considera que uma "diferença de mil euros no Imposto Automóvel (IA) no próximo Orçamento de Estado seria sinal de que o Governo quer começar a resolver o problema". Um veículo com filtro de partículas ou um catalizador especial equivalente "consegue reduzir em pelo menos 10 vezes as emissões de partículas para atmosfera em comparação com um veículo equivalente sem este sistema", salienta a Quercus. Curiosamente, esta associação já em 2004 dialogou com os grupos parlamentares para que esta medida fosse contemplada no Orçamento de Estado para 2005, mas desse diálogo não saiu qualquer reacção por parte do poder político, pelo que tudo continuou na mesma. saber junto da responsável pelo Departamento de Relações Públicas e Governamentais da Ford Lusitana quais os planos imediatos da empresa para este novo cabriolet no que diz respeito à sua chegada ao mercado nacional. A resposta veio de pronto: "A nossa intenção era fazer o lançamento ainda este ano, no mês de Novembro, mas se não forem produzidas as unidades suficientes para termos a rede toda fornecida com capacidade de resposta à procura aquando do lançamento, o que irá acontecer nesse caso é que, provavelmente, teremos que empurrar um pouco mais para a frente a chegada oficial do carro ao nosso mercado". "De qualquer modo, estamos a falar de um modelo direccionado para um nicho de mercado, e a prioridade não é tê-lo à porta rapidamente mas sim têlo em número suficiente de unidades para respondermos às solicitações no momento do seu lançamento", concluiu. notíciasalentejo~ Novembro 2006 publicidade~