Projeções Astrais - Journal of Consciousness
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Projeções Astrais - Journal of Consciousness
153 Resenha de Livro Projeções Astrais Autor: Michael Ross. Editora: Melrose Books, Cambridge, GB; 183 páginas; 2010. ISBN 978-1-907040-14-6 É uma satisfação para mim poder revisar “Projeções Astrais”, o livro recentemente publicado de Michael Ross, autor conhecido dos leitores do Journal of Conscientiology, tendo publicado, ao longo dos anos, um número considerável de artigos interessantes, notas pessoais e cartas. Ross, licenciado em Filosofia Mental e atualmente professor aposentado da escola primária, é o que chamamos de projetor veterano, tendo vivenciado até agora, mais de 200 experiências fora do corpo (EFC) e muitos outros fenômenos psíquicos relatados desde uma idade bastante precoce. Seu livro é, portanto, mais um esforço bem-vindo e uma contribuição significativa para o desenvolvimento da projetabilidade lúcida neste planeta. Como explicado por Ross na introdução, o livro é estruturado em torno de dois temas principais. O primeiro é a busca de longa data por uma prova incontestável da realidade não-alucinatória da viagem extracorpórea; o segundo é o desejo de dar o testemunho da sua história parapsíquica pessoal. O resultado pode ser visto num texto ponderado e de leitura agradável, que embora não satisfaça os requisitos científicos quanto à garantia de “provas”, certamente oferecerá ao leitor, uma enriquecedora e dinâmica visão do panorama multifacetado do parapsiquismo e da multidimensionalidade vividos pelo autor durante sua vida; tudo isso acompanhado por muitas histórias pessoais e reflexões, que garantem grande parte do charme e da autenticidade desse ensaio autobiográfico. O conteúdo desse livro é organizado em 15 capítulos. No primeiro, o autor descreve sua primeira recordação da projeção que revolucionou suas atitudes e crenças em relação à existência da alma, que pode existir independentemente do corpo físico. Desde o início, enfatiza a importância de termos uma atitude de autopesquisa quanto às nossas experiências, anotando tudo o que seja de 154 Journal of Conscientiology, Vol. 12, No. 46 importante sobre elas, o que Ross se arrepende de não ter feito naquela ocasião. O autor também explica como certas circunstâncias, tais como a mãe com habilidades parapsíquicas, as palestras sobre as pesquisas psíquicas e a prática de determinadas asanas, posturas da yoga, podem ter sido fatores importantes que influenciaram sua primeira experiência lúcida para fora do corpo. No segundo capítulo, Ross descreve seu interesse inicial no problema filosófico mente-corpo, seguido do forte desejo de obter a prova definitiva da existência da alma (corpo sutil). Ele descreve uma experiência interessante realizada por dois anos no Instituto de Pesquisas Psicofísicas em Oxford, na qual ele tinha que definir, por meio das experiências fora do corpo (EFC), um número alvo de cinco dígitos colocado no Instituto, mas não obteve sucesso. Isso ocorreu provavelmente, segundo o próprio autor, devido à sua inexperiência, falta de treinamento com as técnicas que permitam promover a experiência fora do corpo (EFC) de forma lúcida, e certa falta de entusiasmo (ou seja, falta de foco), ingrediente fundamental para melhorar significativamente as capacidades parapsíquicas, em particular a projeção astral, explica. Em seguida, o autor prossegue descrevendo o insucesso de projetores lúcidos ilustres na obtenção de provas inequívocas de caráter nãoilusório do fenômeno, como aquelas realizadas por Robert Monroe com o psicólogo e parapsicólogo americano Charles T. Tart, ou as tentativas iniciais da psicóloga e parapsicóloga inglesa Susanne Blackmore, que posteriormente tornou-se uma verdadeira cética quanto à existência de qualquer fenômeno paranormal. Ele conclui que não há absolutamente nenhuma prova cientificamente legítima relativa à existência de qualquer capacidade psíquica ou fundamentação. Na minha opinião, porém, houve uma apreciação muito negativa em relação aos resultados obtidos por vários pesquisadores parapsíquicos ao longo dos anos. Penso que teria sido útil neste caso se o autor pudesse ter feito uma distinção conceitual entre a experiência fora do corpo (EFC) e outros fenômenos parapsíquicos relacionados (mas certamente não equivalentes), como telepatia, clarividência (incluindo clarividência viajora), precognição e telecinesia. Na verdade, como é bem conhecido nas pesquisas da parapsicologia moderna, é quase impossível se distinguir experimentalmente entre, por exemplo, a leitura de um número-alvo obtido por meio dos mecanismos de clarividência viajora, e outro por uma experiência fora Resenha de Livro 155 do corpo (EFC) (independentemente, é claro, da percepção e descrição subjetivas do experimentador quanto à experiência). Além disso, o autor se esquece de mencionar a enorme quantidade de dados estatísticos que, em mais de um século de pesquisas laboratoriais, foram coletados ao redor do mundo. Certamente estes resultados não permitem ao pesquisador concluir sobre a existência do fenômeno da experiência fora do corpo (EFC) de per si, mas seguramente oferecem (nomeadamente através do poderoso instrumento de meta-análise) evidências muito fortes em favor da realidade dos efeitos psi, como clarividência, precognição e telecinesia. Para uma revisão rápida, por exemplo, consulte o excelente livro de Dean Radin (Radin, 1997), ou a obra mais recente do próprio Charles T. Tart (Tart, 2009). Por questões de esclarecimento, gostaria de salientar aqui que, a meu ver, o mais apropriado à ciência não é a busca de provas absolutas (como, a rigor, e apesar de uma crença geral, a ciência não é feita para provar alguma coisa), mas, em vez disso, de evidências (baseadas em fatos suficientemente estáveis, reprodutíveis e observacionais, ou seja, fenômenos) e a construção de teorias explicativas que permitam a compreensão dessas evidências no âmbito de uma visão de mundo coerente e consistente; teorias que, à semelhança dos organismos biológicos que evoluem através de um mecanismo de seleção natural, sofrerão variações ao longo do tempo por meio de um mecanismo de seleção que se manifesta por meio de nossas críticas racionais e experimentais (falseabilidade). Dito isto, gostaria de lembrar que houve um debate bastante edificante com o autor, neste jornal, sobre esses assuntos científicos, e em particular sobre a questão da busca pela prova da experiência fora do corpo (EFC) e fenômenos relacionados - ver artigo interessante de Ross (Ross, 2005) e da correspondência gerada posteriormente: (Sassoli de Bianchi, 2005), (Bryan, 2005), (Sissing, 2005), (Ross, 2006), (Rouanet, 2006) e (Ross, 2007). No terceiro capítulo, Ross cita alguns eventos interessantes de sua primeira infância: o fato de ter nascido prematuro, que ele acredita ter tido algum efeito no aumento de suas habilidades parapsíquicas; a possibilidade de os amparadores terem assistido a ele, ainda na incubadora, propondo a uma enfermeira mais sensível que pronunciasse as palavras certas, para a pessoa certa, no momento certo, dando a sua vida futura uma direção totalmente 156 Journal of Conscientiology, Vol. 12, No. 46 nova. Ele prossegue lembrando a importância de se manter diários dos sonhos, sonhos lúcidos e projeções, e em seguida explica o sentimento de “estar em casa” experimentado por ele durante as experiências fora do corpo: um inexplicável receio que tinha enquanto participava, na sua adolescência, dos círculos espirituais, onde testemunhava muitos fenômenos parapsíquicos interessantes, como transfiguração ectoplásmica facial, leituras psicométricas e assim por diante. Particularmente interessante é sua observação de que um mesmo clarividente que em certas ocasiões pode fornecer informações muito precisas sobre parentes falecidos, em outros, poderia falhar completamente. De acordo com Ross, isto se daria, provavelmente, devido à pressão psicológica vivida pelo médium ao tentar satisfazer as expectativas do público mesmo sem as condições necessárias para tal leitura. A observação de Ross expõe um tema importante e complexo, que penso poderia ter merecido um desenvolvimento mais extenso por parte do autor, dado o seu interesse pela questão da legitimidade científica dos fenômenos parapsíquicos. Na verdade, muitas vezes a tendência, nos círculos científicos, é simplificar demais o debate sobre a fraude, considerando-se que se um médium for pego trapaceando, todos os fenômenos manifestados por este médium seriam, necessariamente, resultado de falsificação. Mas, como sugerido por Ross, a psicologia humana é mais complexa e articulada do que isso, e entre o preto da fraude sistemática e o branco da autenticidade pura todos os tons de cinza são possíveis. Como exemplo emblemático, deixe-me citar um caso bem conhecido pelos italianos, da médium Eusapia Paladino, que apesar de seu grande (e difícil de duvidar) talento parapsíquico, em muitas ocasiões foi pega em fraude. Mas, como pesquisador parapsíquico e perito em Paladino, Hereward Carrington explica em seu livro sobre a médium (Carrington, 2010), que a maioria dos enganos de Paladino foram, provavelmente, inconscientemente provocados quando ela se encontrava em estado de transe. Citando Carrington: “Há um forte impulso de se produzir fenômenos e, se ela não se contiver, tentará produzi-lo de maneira perfeitamente normal. Mas se ela se controlar, produzirá fenômenos genuínos, tal como repetidamente verificado” Ross conclui o capítulo enfatizando mais uma vez a instância da legitimidade de cientistas convencionais para que os dados científicos experimentais sejam verificáveis. Ao fazer isso, ele cita o famoso “desafio de um milhão de dólares” oferecido pela fundação James Resenha de Livro 157 Randi para qualquer pessoa que demonstre, sob condições adequadas de observação, a evidência de qualquer poder paranormal, sobrenatural ou poder oculto ou evento. Segundo Ross, até agora ninguém foi capaz de ser agraciado com um prêmio por provar seus referidos talentos no campo parapsíquico. Deixe-me observar, contudo que o autor, com sua forte e certamente admirável determinação em fornecer uma prova irrefutável de que os fenômenos paranormais são reais, deposita muita confiança no desafio de James Randi, e em particular na sinceridade de Randi quando confrontado por alguns “desafiadores desafiantes.” Parece de fato que os opositores foram refutados por Randi no passado com base apenas em sua rejeição, conforme o famoso caso “vivendo da luz” de Rico Kolodzey pareceu demonstrar. No capítulo quarto, nós tomamos conhecimento do interesse do autor por filosofia, que ele estudou na Universidade de Aberdeen; interesse este que foi motivado principalmente pelo seu desejo de adentrar as grandes questões da metafísica, como o “sentido da vida”, “Para que estamos aqui?”, “Qual é a nossa origem?”, e obviamente, o problema da existência da “alma” e as diferentes maneiras deste conceito poder ser entendido e explicado. Ross fala sobre a filosofia idealista de Francis Hebert Bradley, enfatizando os limites da linguagem e, portanto, a impossibilidade de reduzir a verdadeira essência da realidade a “um balé de categorias inanimadas”. Ele também compartilha com o leitor sua fascinação por grandes pensadores como Schopenhauer e Hume, apesar de sua descrença na existência humana além do corpo físico, não porque fossem limitados, mas porque a noção de “vida após a morte”, como originalmente entendida, não podia ser analiticamente comprovada pela razão, e, como sugere Ross, provavelmente porque eles pessoalmente não experimentassem experiências lúcidas fora do corpo. Outro filósofo interessante do qual Ross nos fala é Charles Broad, um excêntrico professor e doutor na Trinity College, Cambridge. Contrário a Schopenhauer e Hume, Broad, era simpático ao parapsiquismo do ponto de vista filosófico e era conhecedor de todos os diferentes tipos de fenômenos psíquicos. Todavia, era muito rigoroso em suas teorias de investigação, observando, por exemplo, que a experiência fora do corpo (EFC) não implica necessariamente na sobrevivência da alma após a morte, como também não se pode excluir logicamente que talvez a alma só funcione enquanto o corpo físico ainda estiver vivo. Ross conclui o capítulo lamentado a ten- 158 Journal of Conscientiology, Vol. 12, No. 46 dência atual de os filósofos modernos cada vez mais se distanciarem das questões metafísicas originais, tratando cada vez mais de temas não-metafísicos, tais como a percepção e a análise linguística. No capítulo cinco descobrimos que o autor, desde criança, era capaz de perceber pessoas mortas, como uma senhora psicótica post mortem, ainda vestindo trajes vitorianos, vista com extrema clareza por ele aos três anos de idade. O capítulo continua com um assunto interessante sobre a importância de se cultivar o “sentido de si”, seja no sentido da “auto-identidade” destacada por Carl Jung, ou o ato da “lembrança de si mesmo” descrita por Ouspensky, discípulo de Gurdjeff. Isso para enfatizar, mais uma vez, a importância dos atributos de memória e auto-consciência, quando nos aventuramos pelo caminho espiritual. O capítulo seis é dedicado à descrição de vários projetores astrais famosos, muitos dos quais Ross conheceu pessoalmente, e suas explicações sobre alguns dos inúmeros fenômenos experimentados relacionados à experiência fora do corpo (EFC), tais como “consciência dupla”, “apego à dimensão astral” e “guias ocultos”. Em relação aos guias ocultos, ou amparadores, ele menciona o caráter enigmático de Rebazar Tarz, um dos guias ocultos mais proeminentes no chamado sistema Eckankar. Curiosamente, o personagem recordado por ele era também conhecido pelo projetor lúcido William Bulhman, como descrito em seu livro “Aventuras além do corpo”, e Ross uma vez encontrou um ser extrafísico cuja aparência era idêntica às descrições e fotos de Rebazar Tarz. Isso permite-lhe, mais uma vez, advertir o leitor sobre as possíveis interferências do nosso subconsciente, por meio da imaginação, na criação de coisas ou seres que não existem necessariamente. O capítulo também menciona outros projetores pioneiros, como Robert Monroe, Sylva Muldoon, Vee Van Dam, Robert Bruce e Waldo Vieira. Ross também explica, até certo ponto, o famoso problema da “mudança de prioridades” quando uma pessoa se encontra num estado projetado; expressando sua perplexidade sobre o fato de projetores talentosos, como Muldoon, não terem tentado qualquer experiência alvo simples que pudesse ter revolucionado, segundo ele, toda a investigação científica. O capítulo sete é de natureza mais íntima. Ele descreve uma das mais belas experiências de sua vida, relacionada à projeção astral, embora ela tenha se originado a partir de um trágico episódio: o suicídio de seu filho. Ross conta sobre os avisos que ele e sua Resenha de Livro 159 esposa receberam antes do suicídio sob a forma de sonho simbólico precognitivo, e das visões sobre a condição de seu filho após a morte física. Em seguida, ele descreve em detalhes o encontro tão esperado no astral com seu filho, facilitado pela presença de um amparador extrafísico que o acompanhava. Um aspecto importante no texto de Ross é que ele sempre tenta unir a força evocativa da sua narrativa ao desejo de informar e instruir o leitor sobre a multidimensionalidade. Neste caso específico, ele se questiona sobre o verdadeiro papel dos amparadores durante nossas projeções, enfatizando que, segundo muitos autores, seria extremamente comum que entidades extrafísicas acompanhassem a maioria das projeções, embora essa não seja sua percepção habitual. Ele também informa ao leitor sobre o importante papel desempenhado pelas emoções e reações emocionais no desenvolvimento das projeções astrais. Ele pôde experimentar claramente tal fato quando se encontrou com seu filho na dimensão extrafísica, e como as emoções fortes geradas por esse encontro fez com ele, de repente, retornasse ao soma. Outra questão interessante levantada por Ross neste capítulo é a visão de túnel (um fenômeno experimentado por ele muitas vezes) e sua possível interpretação. As visões de túnel, também conhecidas como efeitos túnel, ou aberturas extrafísicas, são fenômenos conhecidos na Projeciologia, muito provavelmente causados pela experiência da passagem da consciência de uma dimensão para outra. Ross avança com uma possível explicação, a de que esse efeito interdimensional poderia resultar da passagem da consciência através de um de seus chacras específicos. Esse é um tema interessante, que certamente merece uma análise mais aprofundada, visto que há uma literatura ocultista bastante extensa falando tanto sobre os diferentes efeitos produzidos pela exteriorização da consciência por todos os diferentes chacras, quanto o estado de consciência promovido por essa exteriorização e, consequentemente, o nível de realidade extrafísica passível de visitação. Não é preciso dizer que este é um assunto controverso, visto que, aparentemente, o psicossoma pode separar-se do corpo físico de diferentes maneiras, não necessariamente relacionadas às estruturas dos chacras. Portanto, mais pesquisas são necessárias para elucidar o tema, especialmente em relação à fundamentação de certas afirmações místicas e sua confrontação com o que já é conhecido na Projeciologia sobre a “fase da decolagem”, como explicado por Vieira, no seu livro de referência sobre o assunto 160 Journal of Conscientiology, Vol. 12, No. 46 (Vieira, 2002). Acredito que o autor esteja bem qualificado para realizar essa investigação de maneira mais extensa, vendo o seu amplo conhecimento da literatura ocultista sobre o assunto e suas múltiplas experiências pessoais, tal como o fenômeno do “efeito túnel”. O capítulo 8 é inteiramente dedicado a Jane Roberts e ao volumoso “Material Seth” ao qual ela se dedica há mais de duas décadas. Aqui, Ross está interessado no que Seth, consciência extrafísica manifestada que falou através de Roberts, tem a dizer sobre a experiência fora do corpo (EFC); e oferece ao leitor uma valiosa e instigante seleção de citações, em que, entre muitos outros temas, Roberts/Seth tenta elucidar os motivos pelos quais as memórias da experiência fora do corpo são tão difíceis de serem acessadas pelo nosso cérebro físico e, portanto, lembradas. O capítulo 9 é dedicado ao encontro do autor com o movimento Ekankar e Rudolf Steiner da Sociedade Antroposófica. Aqui, o aviso é para não cair na tentação do caminho mais fácil no que concerne ao sistema Ekankar, e para não ser sufocado pelos ensinamentos obscuros em relação a algumas das teorias ocultistas de Steiner. Os capítulos 10 e 11, por outro lado, são dedicados ao trabalho de Gurdjeff e seu discípulo Ouspensky, e o discípulo de Ouspensky, Rodney Collin. Nele, Ross comenta inteligentemente sobre os ensinamentos instigantes dessas personalidades notáveis (embora controversas), e enfatiza mais uma vez que o progresso espiritual não é fácil, nem acontece sem esforço pessoal, e que precisamos nos libertar de nossos comportamentos robóticos e inconscientes para incrementar e desenvolver os nossos corpos sutis, que é o local do nosso “eu” mais permanente. Segundo sua experiência, o problema da falta de incremento e desenvolvimento dos nossos corpos sutis pode ocorrer devido à dificuldade, muitas vezes observada pelos praticantes da projeção astral, em controlar amplamente o psicossoma, como foi o caso do autor quando, pela falta de controle do corpo emocional, não pôde estender sua visita extrafísica a seu filho. O capítulo 12 trata do encontro de Ross com a IAC, que ele descreve como uma das experiências mais gratificantes na sua busca de conhecimento de tudo o que diz respeito a fenômenos da experiência fora do corpo (EFC). O capítulo é bem informativo no que se refere às inúmeras atividades da academia e será útil para o leitor obter informações sobre o funcionamento e a missão da instituição. Ross descreve, entre outras coisas, sua surpresa durante a prática da clarividência facial em sua primeira aula no Curso de Desenvol- Resenha de Livro 161 vimento da Consciência em Londres; e os muitos fenômenos de psicoenergia que pôde vivenciar durante o campo no curso de imersão ministrados pelos epicons Wagner Alegretti e Nanci Trivellato, bem como sua inscrição em um curso de oito dias, feito sob medida para um só participante – VIP Training – durante o qual ele pôde assistir a um intenso trabalho de cura realizado em seu corpo por uma equipe de amparadores extrafísicos. O capítulo 13 é um curto diário das experiências fora do corpo, apresentando uma seleção das projeções mais representativas do autor, com variações de diferentes graus de lucidez, retirados de seus cinco espessos diários, que ele começou a escrever em 1997. O capítulo 14, por outro lado, é uma seleção de alguns dos muitos artigos escritos por Ross ao longo dos anos, principalmente sobre projeção astral, que constitui um bom complemento e a integração das muitas ideias discutidas nos capítulos anteriores, embora às vezes produza algumas inevitáveis (mas úteis) repetições. Finalmente, com o capítulo 15 o autor conclui seu trabalho compartilhando algumas reconsiderações do fenômeno da experiência fora do corpo (EFC). Ross, que há alguns anos foi diagnosticado com a doença de Parkinson, interroga-se sobre o papel da falta de dopamina no cérebro, provocada por seu distúrbio neurológico, no desencadeamento de suas aventuras extracorpóreas. A questão fundamental que ele aborda é de natureza dualista entre um cérebro físico e uma mente não-física (extrafísica). Seriamão as mudanças físicas promovidas pela ingestão de substâncias físicas ou algum tipo de condição médica responsáveis pelas experiências fora do corpo (EFC), ou, ao contrário, o trabalho espiritual-energético que realizamos a fim de obter essas experiências, é que seria responsável por estas alterações na fisiologia do nosso soma, por exemplo, em termos de uma redução da dopamina? O autor não fornece uma resposta para esta questão fundamental, que é obviamente importante para esclarecer muitas outras questões, especialmente em relação à compreensão do fenômeno da experiência fora do corpo (EFC) pelos cientistas convencionais; como a possibilidade de induzir o fenômeno da EFC, alterando o funcionamento do cérebro, geralmente considerada por pesquisadores acadêmicos como uma “prova” de que esse fenômeno é de caráter puramente alucinatório. Na questão final, Ross me remete a uma pesquisa interessante realizada em 2002 por Olaf Blanke e sua equipe (Blanke et al, 2002), na qual vívidas experiências extracorpóreas eram facilmente 162 Journal of Conscientiology, Vol. 12, No. 46 induzidas em um paciente epilético ao estimular eletricamente a região temporal-parietal de seu cérebro. Na seqüência de uma Revisão do trabalho de Olaf, que foi recentemente publicado na revista “La Recherche” (Olaf & Lopez, 2010), escrevi uma breve carta ao editor ressaltando que, do ponto de vista lógico, a capacidade de induzir, por qualquer meio físico, uma experiência fora do corpo (EFC), não significa que a exteriorização da consciência tenha que ser (ou sempre tenha que ser) um fenômeno alucinatório. Na mesma carta eu perguntei ao autor se, durante a indução repetida do fenômeno no seu paciente, ele já teria pensado em testar o seu caráter presumidamente alucinatório verificando se o indivíduo, quando flutuando para cima, e olhando para baixo, visualizando seu corpo sobre a cama, seria capaz de ver o seu “corpo extrafísico”, ou seja, um alvo que seu corpo físico devido à sua posição não seria capaz de perceber. Minha carta fora publicada depois (La Recherche, N. 441, Maio 2010) com uma resposta dos autores, afirmando que, embora eles estivessem cientes de que a questão é de interesse da parapsicologia, não teriam tentado a experiência com o objetivo de investigação de corpos sutis, mas de estudo da epilepsia. Esta resposta, por mais compreensível que seja, é na minha opinião um fato sintomático de como os pesquisadores modernos relacionam o problema da “prova” tão estimada por Ross: aparentemente, e por razões que não precisam ser investigadas aqui, eles não estão muito interessados no assunto, e mesmo quando estão numa posição privilegiada para realizar facilmente um teste crítico, eles sequer pensam em fazê-lo. Assim, à perplexidade de Ross sobre o fato de os projetores talentosos, tal como Muldoon, não terem tentado a experiência alvo simples que poderia ter revolucionado a pesquisa psíquica, posso acrescentar a minha própria perplexidade sobre a falta de interesse de cientistas convencionais (que estudam atualmente a experiência fora do corpo (EFC) sob uma perspectiva neurocientífica) em relação às questões metafísicas fundamentais, cruciais para uma plena compreensão da evolução humana. Vamos torcer para que o bem escrito e bem pensado livro de Michael Ross, em conjunto com todos os livros e artigos escritos por mais e mais projetores lúcidos do mundo todo sobre o tema da multidimensionalidade, contribuam para fornecer aos futuros pesquisadores um ponto de vista mais amplo e a capacidade de fazer a pergunta certa no momento certo. Massimiliano Sassoli de Bianchi Resenha de Livro 163 BiBLIOGRAFIA: BLANKE, OLAF et al.; Neuropsychology: Stimulating illusory own-body perceptions; Nature, No 419, 2002, page 269. BLANKE, OLAF & LOPEZ, CHRISTOPHE; Quand l’esprit met le corps à distance ; La Recherche, No 439, March 2010, page 48. BRYAN, SUSAN; Journal of Conscientiology, Vol. 8, No 29, July 2005, page 63. CARRINGTON, HEREWARD; Eusapia Palladino and Her Phenomena; Nabu Press, 2010, 392 pp. (This is the exact reproduction of the original book published in 1909 by B. W. Dodge & Company). 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