a estratégia de alongamento compensatório nos desvios
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a estratégia de alongamento compensatório nos desvios
A ESTRATÉGIA DE ALONGAMENTO COMPENSATÓRIO NOS DESVIOS FONOLÓGICOS – ASPECTOS LINGUÍSTICOS E EXTRALINGUÍSTICOS Dias R.F.; Mezzomo C.L.M.; Vargas D.Z. Universidade Federal de Santa Maria Objetivo: com o auxílio da espectrografia acústica, este trabalho teve como objetivo investigar a influência de variáveis linguísticas e extralinguísticas no uso da estratégia de alongamento compensatório em casos de simplificação do onset complexo e redução da coda silábica, na fala de crianças com desvio fonológico. Material e método: foram analisados os dados de fala de dezesseis crianças, monolíngues, falantes do Português Brasileiro, com idades entre cinco anos a seis anos e onze meses, sendo nove meninos e sete meninas, com diagnóstico de desvio fonológico. Duzentos e cinco palavras foram analisadas com o auxílio do software de áudio-processamento, o PRAAT, versão 4.4.16 para a identificação da estratégia de alongamento compensatório. As variáveis linguísticas investigadas foram a estrutura silábica (coda ou onset complexo), o número de sílabas (monossílabas ou dissílabas), o contexto precedente (vogal coronal, vogal dorsal e vogal dorsal + labial para a coda, já para o onset complexo, vazio) e o contexto seguinte (vogal coronal, vogal dorsal e vogal dorsal + labial para a coda; para o onset complexo a consoante coronal, consoante dorsal, consoante labial). Quanto às variáveis extralinguísticas, observou-se o uso do alongamento compensatório conforme o sexo e a idade. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente por meio do pacote VARBRUL, com nível de significância de 5%. Resultados: o programa selecionou somente a variável número de sílabas como relevante para o uso da estratégia de alongamento compensatório. Em monossílabas constatou-se que o emprego da estratégia analisada ocorre em 63% das oportunidades, já nos casos das dissílabas ocorre em 37% das oportunidades. Observou-se ainda, que há uma tendência de a estratégia de reparo estudada ser empregada, principalmente, na estrutura silábica onset complexo (44%). Apesar de não ter sido selecionado como estatisticamente significante, o sexo feminino demonstrou utilizar a estratégia analisada em um maior número de possibilidades (48%) comparado ao sexo masculino (34%). Conclusões: neste trabalho, observamos que o aspecto linguístico número de sílabas influencia no emprego da estratégia de alongamento compensatório. Além disso, houve uma tendência de tal estratégia ocorrer na estrutura silábica onset complexo e também, ser aplicada principalmente pelas meninas. Estudar os aspectos que influenciam o uso de determinada estratégia de reparo, tanto por crianças com desenvolvimento fonológico típico quanto desviante é de extrema relevância na clínica fonoaudiológica, por isso, sugere-se que estudos como este sejam reaplicados com um número maior de sujeitos e para outras estratégias de reparo.