Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada
Transcrição
Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada
ISSN 1994-2206 (Impreso) ISSN 1994-2214 (En línea) Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada Proliferação de armas de pequeno porte e armamento ligeiro no Mali Rede de Mulheres da IANSA activa na fronteira entre o Quénia e a Somália Tortura não estatal no Canadá Armas de pequeno porte e ligeiras em El Salvador Paraguai: Desarmar a Violência Doméstica Formação exclusiva de Mulheres sobre Género e armas de pequeno porte e ligeiras no Peru e no Uganda A Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325 nos EUA e nos Países Baixos Anúncios Eventos e recursos Boletim Nº 26, Outubro de 2011 Rede de Mulheres da IANSA Proliferação de armas de pequeno porte e armamento ligeiro na região do Sahel desde a crise líbia A ctualmente não se registam conflitos armados, mas o seu rasto está visível. O norte do Mali, o meu país, transformou-se numa bomba relógio. Os mercenários recrutados por Gaddafi aproveitaram a situação para roubar veículos, armamento e munições, cujo principal destino são os países do Sahel, incluindo o Mali. A localidade de Halib, no círculo de Tessalit, região de Kidal, tornou-se um mercado crescente de armas, onde se podem encontrar Kalashnikov a 150 000 Francos CFA (aproximadamente 230 euros). Além de rastrear traficantes de armas, o governo do Mali tem agora de se preparar para lidar com as consequências do conflito líbio. Kidal tornou-se ainda a principal base de antigos oficiais do exército de Gaddafi e de jovens Touareg da região, de origem Maliana. Estes últimos, em vez de apreciarem o regresso ao seu país de origem, estão a pôr em risco milhares de vidas ao ameaçarem iniciar um confronto com o exército nacional. Estes grupos continuam ainda a roubar armas, munições e veículos dos arsenais líbios, que depois vendem para traficantes de droga e para a Al Qaeda au Maghreb Islamique (AQMI) (em português, a Al Qaeda no Magreb islâmico), que opera na região do Sahel, guardando os excedentes para si próprios. Vários esconderijos de armas têm sido detectados em Gourma, região de Gao, nas áreas de Ansongo e Tilmsi. A recente execução de Muammar Gaddafi ilustra os desafios que a Líbia terá de enfrentar no futuro. Segundo oficiais, Gaddafi foi “apan(Acima) Mercado em Bamako, hado num tiroteio”, Mali, Junho de 2011 tendo morrido por arma de fogo. O povo líbio pode agora começar a reconstruir o seu país, mas como irá lidar com o afluxo de armas dentro do seu território e na região? O que irá acontecer com estas armas? Como irão transitar de um período de guerra, onde as armas têm sido símbolos recorrentes de masculinidade e poder, e de resolução de conflitos e problemas, para uma sociedade pacífica e estável? Estas são algumas das questões que os líbios terão de enfrentar a partir de agora. Contudo, por agora, os chefes de facção na região de Gao controlam a situação e têm assumido responsabilidades. O governo também afirma que está a monitorar a situação, mas há que reconhecer a vastidão do país. Fatoumata Maiga, Mali Association des Femmes pour les Initiatives de la Paix (em português, Associação de Mulheres para as Iniciativas de Paz) International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s mulheres corajosas trabalham para identificar fluxos de armas de pequeno porte e ligeiras e para prevenir a violência contra as mulheres A recente seca tem levado a uma instabilidade crescente no corno de África e a uma intensificação da proliferação de armas de pequeno porte e ligeiro. As mulheres da Rede Frontier Indigenous [Fronteira Indígena] no norte do Quénia trabalham diariamente para identificar os fluxos de armas de pequeno porte e ligeiras na região, bem como para prevenir a violência contra as mulheres. À medida que o gado morria em grandes números em resultado da fome, tensões e o fácil acesso a armas de fogo levaram a uma corrida de armas local e ao aumento de incidentes de roubo de gado e bandidagem no corno de África. No Quénia, uma avaliação da situação de segurança conduzida pelas Nações Unidas no final de Agosto de 2011 considerou as zonas do norte do Vale da Fenda e nordeste como as mais vulneráveis. Relatórios recentes por parte dos serviços de segurança das Nações Unidas demonstram que um número significativo das tropas do governo federal de transição na Somália estão a desertar, passando a fronteira e vendendo as suas armas. O governo queniano tem enfrentado várias dificuldades na prevenção e combate ao trânsito de armas ao longo das fronteiras porosas no norte e este do país. Jovens do sexo feminino e mulheres em fuga à fome na Somália estão vulneráveis ao sequestro e casamento forçado pela parte de grupos armados, ou ainda à violação sexual e outras formas de violência sexual em campos de refugiados. Em declaração, a Representante Especial do Secretário Geral das Nações Unidas sobre Violência Sexual em Situações de Conflito, Margot Wallström, afirmou que “Existe uma necessidade urgente de serviços de apoio a sobreviventes de violência sexual e de gestão efectiva de campos de refugiados de forma a minimizar os riscos das mulheres e jovens do sexo feminino. Devem ser ainda melhorados a monitorização e denúncia da violência sexual, tendo em vista consubstanciar de forma adequada as nossas acções.” No nordeste do Quénia, as mulheres da Rede Frontier Indigenous continuam a trabalhar com o governo para monitorizar pontos de entrada de armas ao longo da fronteira da Somália. Oferecem ainda serviços de aconselhamento às mulheres afectadas, articulando-as com agências humanitárias e de desenvolvimento de forma a garantir transporte seguro para os campos refugiados. Mulheres em Acção: Prevenindo a Violência Armada, boletim trimestral da Rede de Mulheres da IANSA, disponível em inglês, francês, espanhol e português. Compilado por Rebecca Gerome A Rede Frontier Indigenous foi formada por mulheres indígenas Sakuye e outras pastoralistas em 2004. A organiza- ção foi criada na sequência de um encontro de mulheres das duas comunidades, que visou debater o conflito violento no Wajir, Quénia. O conflito entre as duas comunidades resultou em várias perdas humanas, deslocamento forçado, destruição e ruptura do dia a dia no distrito de Wajir. Mulheres de ambas as comunidades decidiram intervir e convencer os homens armados nas duas comunidades a cessar os confrontos e negociar os problemas e factores de instabilidade gerados do conflito violento. Durante as negociações, as comunidades discutiram as causas principais do conflito e identificaram soluções para os problemas. Depois de mobilizarem as comunidades para o acordo de paz, as mulheres dos vários grupos decidiram que deveriam manter a colaboração e criar uma organização de defesa e promoção dos direitos das mulheres em contextos de conflito armado e outras injustiças. Actualmente, mantêm o seu importante trabalho de assistência às mulheres nas zonas de fronteira. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 2 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s Tortura não estatal (NST), jovens do sexo feminino e armas de fogo Este artigo, da autoria de Jeanne Sarson e Linda MacDonald, sublinha as formas como os pais, guardiões, e esposas se incluem entre os torturadores não estatais no Canadá, usando armas de fogo e munições como instrumentos de terror. Desde 1993, Jeanne Sarson e Linda MacDonald, licenciadas em Enfermagem, enfermeiras e mestres em Educação, são activistas de direitos humanos, que trabalham com pessoas que viveram várias formas de tortura relacional, incluindo abuso ritual e tortura. Para mais informações, consultar: www.ritualabusetorture.org pornografia infantil, o uso de armas de fogo, e crimes relacionados com droga aumentaram no Canadá (1), sendo as jovens do sexo feminino quatro vezes mais afectadas pela violência sexualizada no seio familiar do que os rapazes (2). Este dado criminal revela um misto de terror diário e tortura nas vidas das jovens do sexo feminino no contexto familiar e de grupos que retiram prazer da prática de tortura não estatal (NST, na sigla inglesa). A Desde 1993, contactos com mais de 2000 mulheres da Austrália, Nova Zelândia, Europa Ocidental, EUA (3) e Canadá (4) revelaram padrões semelhantes de vitimação por NST desde a infância. Dados da Austrália, EUA e Canadá dão conta de que cerca de 20-26% das imagens pedófilas envolvem tortura e bondage. Outro estudo revelou que 111 crianças tinham sido vítimas de tortura pedófila, nomeadamente envolvendo necrofilia e o uso de armas de fogo. Crianças com 8 anos e mais jovens estão entre as vítimas das práticas mais violentas. 83% das vítimas eram jovens do sexo feminino, 9.8% eram recém nascidos e crianças bebés (5). NST: desvelando relações O baloiço é, para muitas crianças, um objecto comum do dia-a-dia, mas, quando eu tinha 4 anos, o baloiço era muitas vezes sinónimos de violação, terror e tortu ra. O meu tio e outros cinco ou seis colegas do exército despiam-me, prendiam-me pelos pés e amarravam-me com força no baloiço. Eu não conseguia mexer-me. Doíam-me os tornozelos e as pernas. Eles riam-se. Eu não conseguia chorar. Estava de pés para o ar e doíame tudo. Sentia-me tão envergonhada e humilhada. Eles chamavam-me “lixo” e “puta” e, no fundo, eu acreditava.Ainda consigo ouvir o barulho da arma junto à minha cabeça. Apesar dos torturadores estarem uniformizados, eles estavam de folga, a torturar crianças na garagem do meu tio, em celeiros, em casas, na esfera doméstica de um qualquer país da Europa Ocidental. Jeanne Sarson & Linda MacDonald Notas (1) Estatísticas do Canadá. (2010). Police-reported crime statistics. http://www.statcan.gc.ca/dailyquotidien/110721/dq110721b-eng.htm (2) Estatísticas do Canadá. (2009). Highlights: family violence in Canada-a statistical profile. http://www.statcan.gc.ca/pub/85224-x/2010000/aftertoc-aprestdm2-eng.htm (3) Maalla, Najat Mʼjid. (2009, 13 de Julho). Report of the Special Rapporteur on the sale of children, child prostitution and child pornography (A/HRC/12/23, Parágrafos. 39-40). (4) Caswell, J., Keller, W., & Murphy, S. (Produtores). (2006, 26 de Julho). Supervisor da Unidade contra a Exploração Infantil, Otawa, Earla-Kim McColl, a falar sobre pornografia infantil [Emissão televisiva]. Atlantic Canada: CTV News. (5) Canadian Centre for Child Protection. (2009, Novembro). Child sexual abuse images. An analysis of websites by cybertip!ca. http://www.cybertip.ca/pdfs/Cybertip_researchreport.pdf Dia Internacional da Paz 21 de Setembro de 2011 No dia 21 de Setembro de 2011, a Rede de Mulheres da IANSA juntou-se a milhões de pessoas no mundo na defesa da não-violência e da cultura de paz. Entre as actividades realizadas durante o Dia Internacional incluem-se uma conferência sobre Mulheres, Paz e Desarmamento, que teve lugar em Nova Deli, na Índia; um debate sobre Mulheres e usos dos media sociais no activismo pela paz e no combate contra a discriminação contra as mulheres, organizado pela Asociación para Políticas Públicas na Argentina. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 3 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s a disseminação de armas de pequeno porte e ligeiras e a violência armada Estatísticas recentes avançadas pela Polícia Civil Nacional (PCN) de El Salvador sobre tráfico de armas de fogo confirmam que estas são facilmente acessíveis no país. os primeiros oito meses deste ano, a PCN confiscou armas de fogo e à reforma do actual regime jurídico das 3,176 armas de fogo de diferentes tipos e calibres. armas e munições. Além disso, é importante exigir a Ou seja, 397 apreensões por mês ou 14 por dia, responsabilização de todas as pessoas que portarem ou números alarmantes, independentemente do ponto de possuírem armas de fogo não registadas. vista. Segundo a PCN, 86% dos homicídios no país envolvem armas de fogo. É importante sublinhar o número de femicídios, ou seja, a morte de mulheres pelo facto de serem mulheres, regSegundo Howard Cotto, Director de Investigação da istados neste ano. Até à data, o número oficial de femicíPCN, a maioria das armas confiscadas são oriundas do dios é de 442 (2). 78% destas mortes foram cometidas exército e forças armadas. Além das armas de fogo de com armas de fogo, isto é, 335 mulheres foram vítimas baixo calibre, as armas de calibre de guerra integram o de armas de fogo na esfera pública, familiar ou nas arsenal de armas apreendidas. Isto demonstra que uma relações de intimidade. A ausência de controlos eficazes quantidade significativa das armas em posse privada do comércio legal e ilegal de armas, a sua comercializaforam traficadas pelas forças armadas. Enquanto que ção indiscriminada e o crescimento desregulado das uma percentagem das apreensões pode corresponder a empresas de segurança privada transformou El armas remanescentes da guerra, uma percentagem ele- Salvador num paraíso para a proliferação de armas na vada provém de roubos a quartéis militares e sedes da América Central. PCN e empresas de segurança privada. A NCP apreendeu 185 shotguns, 44 granadas, 22 carabinas e 16 sub- Por Instituto de Estudios de la Mujer “Norma Virginia metralhadoras nos últimos oito meses (1). Estas apreen- Guirola de Herrera”, CEMUJER sões revelam a necessidade de dotar as autoridades de Notas (1) El Mundo, 28 de Setembro instrumentos necessários ao controlo rigoroso do uso de N (2) Co Latino, 16 de Setembro Noticias Da Rede Activismo a favor de uma lei para prevenir a violência doméstica armada A s mulheres da Rede de Mulheres da IANSA no Paraguai estão a fazer campanha pela adopção de um regime jurídico amplo para a prevenção, sanção e erradicação da violência contra as mulheres e pela inclusão de disposições que contemplem a apreensão de armas de fogo em situações de violência doméstica. No dia 14 de Setembro de 2011, activistas da Amnistia Internacional Paraguai entregaram uma petição com mais de 500 assinaturas à Ministra das Mulheres, Gloria Rubin, e aos representantes do Comité de Redacção da lei em causa. Rosalia Vega, directora da secção paraguaia da Amnistia Internacional afirmou que "Nós exortamos o comité de redacção [...] a que investigue a relação entre posse e porte de armas de fogo e violência familiar na esfera doméstica." Acrescentou ainda que “apelamos ao Comité de Redacção que inclua medidas como a interdição a licenças de posse e porte de armas a candidatos e candidatas com historial de violência doméstica e, sempre que for adequado, a apreensão de armas de fogo em situações de violência Para assinar a petição, visite http://www.amnesty.org.py/actua/Ley-prevencion-erradicacion-violencia-contra-mujeres doméstica.” O Ministério das Mulheres, Maria Cristina Acosta, Rosana Hermosa e Graciela Zelaya do Comité de Redacção expressaram o seu compromisso em incorporar estas preocupações na elaboração da lei. Dados sobre violência contra mulheres Segundo o Ministério das Mulheres, entre Janeiro e Dezembro de 2011, foram registados 1,618 casos de violência contra as mulheres (física, psicológica, económica e sexual). Ou seja, 7 casos por dia. Dados sobre armas de fogo O uso, porte e posse de armas, bem como munições, acessórios, partes e componentes no Paraguai é regulado pela lei 4.036, que foi aprovada em Agosto de 2010. Estima-se que existam cerca de 1 milhão de armas de fogo em mãos civis, sendo que apenas 30% deste total corresponde a armas registadas. 56.7% dos homicídios no país foram cometidos com arma de fogo [1]. A cada dois dias, registam-se, em média, três mortes [2]. Notas [1] Dados de 2009, fornecido pelo Ministério da Administração Interna, Reunião sobre Tráfico Ilícito de Armas, Paraguai, Outubro de 2010 [2] Departamento de Estatística da Polícia Nacional, com base em dados fornecidos pela Direcção Geral de Ordem e Segurança, 2009 International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 4 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s 4ª formação exclusiva de mulheres sobre “Mulheres e controlo de armas” Entre 27 e 30 de Setembro de 2011, a Rede de Mulheres da IANSA e a SweFOR, em colaboração com o Centro Regional das Nações Unidas para a Paz, o Desarmamento e o Desenvolvimento na América Latina e no Caribe (UNLIREC, na sigla inglesa), organizou uma formação exclusiva de mulheres sobre Mulheres, género e armas de pequeno porte e ligeiras em Lima, Peru. A s participantes tinham em comum o facto de articularem o seu trabalho sobre violência doméstica e sexual com instrumentos internacionais de controlo de armas de pequeno porte e ligeiras e outras iniciativas mais amplas de prevenção da violência. A maioria das participantes integram organizações da sociedade civil, muitas das quais trabalham de forma próxima com os governos locais em programas e campanhas de desarmamento e controlo de armas e de prevenção da violência de género contra as mulheres. A formação constituiu uma oportunidade importante para a criação de redes de contactos a nível regional e para o intercâmbio de experiências sobre projectos de investigação e campanhas de acção locais e nacionais no âmbito da prevenção e combate da violência contra mulheres. "Comparar as diferentes realidades de violência, os regimes jurídicos de controlo de armas de fogo e munições e as iniciativas de prevenção e resposta à violência contra mulheres foi muito importante e esclarecedor. Actualmente sinto-me melhor preparada para informar decisores políticos sobre o impacto da violência armada na vida das mulheres. Continuaremos a trabalhar pacientemente para garantir que as mulheres sejam incluídas nos processos de paz, controlo de armas e desarmamento!”, afirmou uma das participantes. Os participantes, oriundos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, estão agora comprometidos com a partilha de informação assim que regressem aos seus países de origem. Actualmente existem planos para organizar conferências e workshops com grupos de mulheres, polícias, agentes judiciais e estudantes de direito. A próxima formação exclusiva de mulheres terá lugar na Papua Nova Guiné, em Novembro de 2011, estando previstas novas sessões no ano de 2012 em diferentes regiões. No passado, outras formações tiveram lugar na Etiópia, México e Mali. EASSI lidera formação exclusiva sobre Género, armas ligeiras Durante o mês de Agosto de 2011, mulheres da Rede de Mulheres da IANSA parte da Eastern African Sub-regional Support Initiative for the Advancement of Women (EASSI) [Iniciativa sub-regional da África Oriental de apoio ao avanço das mulheres] organizaram uma formação de formadores sobre género e armas de pequeno porte e ligeiras com a duração de um mês, em Kampala, Uganda. Entre as participantes estavam representantes dos Pontos Focais Nacionais (PFN) e da sociedade civil do Burundi, Etiópia, Quénia, Ruanda, Sul do Sudão, Tanzânia, e Uganda. O s objectivos da formação incluíam a análise do conceito e aplicabilidade do mainstreaming de género nos programas de controlo de armas de pequeno porte e ligeiras; o reconhecimento de que este programas e intervenções se tornam mais eficazes se incluírem uma perspectiva de género; a elaboração de estratégias para garantir a integração das dimensões de género em vários níveis das intervenções de controlo de armas de pequeno porte e ligeiras; e o desenvolvimento de planos de acção para a inclusão do mainstreaming de género nos programas de controlo de armas de pequeno porte e ligeiras. O programa contemplou tópicos como: mainstreaming de género nos programas de controlo de armas de pequeno porte e ligeiras; instrumentos das Nações Unidas sobre mulheres, paz e segurança; monitorização e avaliação; ferramentas de comunicação; e sensibilização sobre o Processo e o Tratado sobre o Comércio de Armas. Foi realizado ainda um exercício prático onde os participantes deram formação aos membros dos vários grupos de trabalho do Ponto Focal Nacional de Uganda sobre controlo de armas de pequeno porte e ligeiras. As sessões culminaram com recomendações dirigidas a EASSI, nomeadamente: a necessidade de realização de programas de formação sobre género e armas de pequeno porte destinados a actores envolvidos na implementação de programas de controlo de armas de pequeno porte na região e de apoio aos PFN dos estados parceiros da Comunidade da África Oriental no desenvolvimento de formações a nível nacional; e a importância do apoio ao governo local na formação e construção de capacidades do seu staff no âmbito do mainstreaming de género. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 5 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s Noticias Da Rede Declaração da WILPF sobre o Plano de Acção Nacional da RCSNU 1325 A Rede de Mulheres da IANSA agradece à secção norte-americana da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade (WILPF, na sigla inglesa) a inclusão dos contributos da IANSA na sua declaração sobre o desenvolvimento do Plano de Acção Nacional (PAN) da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325. A declaração é extremamente relevante para o trabalho da Rede de Mulheres da IANSA e articula claramente a RCSNU 1325 e os campos de controlo de armas e prevenção da violência armada. A declaração apela aos EUA para que reconheçam no PAN não apenas as implicações da RCSNU 1325 em termos de política externa, mas também na esfera doméstica, tendo em consideração outros instrumentos internacionais de direitos humanos tais como o futuro Tratado sobre o Comércio de Armas e o Programa de Acção das Nações Unidas para Prevenir, Combater e Erradicar o Comércio Ilícito de Armas de Pequeno Porte e Armamento Ligeiro. A Secção D da declaração refere-se ao controlo de armas de pequeno porte e ligeiras e reconhece as formas como as armas de fogo representam obstáculos internacionais e nacionais para as iniciativas sobre mulheres, paz e segurança, especialmente no campo da violência de género. Em 2010, por ocasião do 10º aniversário da Resolução 1325, a Secretária de Estado Hillary Rodham Clinton anunciou o seu compromisso com a elaboração de um Plano de Acção Nacional de implementação da Resolução 1325, tendo em consideração os 26 indicadores globais. A declaração da WILPF apela (i.) à adopção de um enquadramento de segurança humana; (ii.) à aplicação da Resolução 1325 nas esferas interna/doméstica e internacional; e (iii.) à consulta da sociedade civil durante o desenvolvimento e implementação do PAN. A Rede de Mulheres da IANSA subscreve esta declaração e apela aos seus membros e amigos nos EUA a fazerem o mesmo. Por favor, envie a sua declaração de apoio para [email protected] Mulheres, Paz e Segurança. Um balanço. M artha Quintero, da organização colombiana Colectivo Mujeres Pazificas, e membro da Rede de Mulheres da IANSA, participou num debate com políticos holandeses e mulheres do Sul do Sudão, Paquistão, Egipto, Afeganistão e Congo sobre o Plano de Acção Nacional dos Países Baixos para a implementação da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325. O debate, organizado pela WOMEN, a plataforma de género holandesa, e pela Oxfam Novib, procurou dar resposta às seguintes questões: os Países Baixos, um dos pioneiros na área de Mulheres, Paz e Segurança, mantêm este estatuto hoje? A abordagem holandesa ainda se adequa às necessidades e realidades das mulheres no Sul? Como é que se pode ter em consideração diferentes contextos sem perder impacto? Anúncios Leymah Gbowee, da Rede de Mulheres da IANSA, laureada com Nobel da Paz 2011 É com satisfação que a Rede de Mulheres da IANSA partilha a notícia de que Leymah Gbowee, da organização WIPSEN África e membro da Rede de Mulheres da IANSA, foi laureada com o prémio Nobel da Paz 2011, em conjunto com Ellen Johnson–Sirleaf, igualmente da Libéria, e Tawakul Karman, do Iémen. No seu trabalho em prol do controlo de armas, Leymah Gbowee, “uma guerreira que luta sem armas” tem chamado a atenção para as vivências das mulheres em situações de violência armada e para as suas iniciativas de prevenção e combate desta e de outras formas de violência. Em 2006, Gbowee co-fundou a organização WIPSEN-Africa, que tem desempenhado um papel muito importante na luta pelo reconhecimento das mul- heres no continente africano, particularmente nos países em conflito da África Ocidental. Em comunicado, a WIPSEN África afirma que “este prémio reconhece a coragem e determinação com que as mulheres em África se têm batido pela promoção da paz e da segurança no continente. Até ao momento, apenas 12 dos 97 laureados com o prémio Nóbel da Paz foram mulheres. Para ler o comunicado de imprensa, visite: http://www.wipsen-africa.org/wipsen/News/page_5 International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 6 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s Eventos Mulheres em Processos de Paz Barcelona, Espanha, 28 de Outubro de 2011 A organização Conciliation Resources está a organizar um fórum sobre Mulheres em Processos de Paz. Este encontro pretende facilitar um intercâmbio de experiências entre mulheres, aproveitando o facto de um grupo de dez mulheres colombianas, vindas de um seminário de partilha de experiências nas Filipinas, permanecer em Espanha por alguns dias. Estas mulheres e um grupo de convidados heterogéneo, oriundo de várias partes de Espanha e outros países europeus, nomeadamente profissionais de organizações não governamentais, empresárias, representantes indígenas e agentes policiais, irão discutir os avanços e desafios que enfrentam as mulheres enquanto construtoras de paz, bem como as possibilidades e as limitações dos actuais Planos de Acção Nacionais da Resolução 1325. http://www.c-r.org/latestnews/documents/Invitacion_foro_publico.pdf Aniversário da RCSNU 1325 24-28 de Outubro de 2011 11º Aniversário da Resolução do Conselho de Segurança 1325. Para mais informações, visite: http://www.gnwp.org/events 16 Dias de Activismo Contra a Violência de Género 25 de Novembro - 10 de Dezembro de 2011 Este ano, o tema dos 16 Dias de Activismo Contra a Violência de Género é “Paz em casa, paz no mundo: ousemos desafiar o militarismo e erradicar a violência contra as mulheres!” Para ajudar a preparar a edição deste ano serão disponibilizadas várias ideias de campanha e sensibilização. Para mais informações, visite: http://16dayscwgl.rutgers.edu/ Recursos Women, Peace and Security: from Resolution to Action - Ten Years of SCR 1325 DCAF Esta publicação sintetiza os trabalhos do seminário intitulado “Women, Peace, and Security: From Resolution to Action. Ten years of Security Council Resolution 1325” [em português, “Mulheres, Paz e Segurança: da Resolução à Acção. Dez Anos depois da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325”], que teve lugar em Genebra, no dia 15 de Setembro de 2010. Organizado com o apoio do Gabinete das Nações Unidas em Genebra (UNOG), a Presidência Belga do Conselho da União Europeia e o Geneva Centre for the Democratic Control of Armed Forces (DCAF), o seminário inclui-se numa série de eventos conjuntos, acolhidos pelo DCAF e UNOG desde 2003, e que visam discutir vários aspectos da governação da segurança. Para aceder à publicação, visite www.dcaf.ch Make Room for Peace – a guide to womenʼs participation in peace processes Kvinna till Kvinna Este manual, elaborado pela organização Kvinna till Kvinna, é um recurso importante para a Rede de Mulheres da IANSA, especialmente no que diz respeito ao planeamento de iniciativas de controlo de armas em contextos pós-conflito. Contém dicas práticas e propostas importantes para doadores, delegações diplomáticas, mediadores e outros intermediários interessados em apoiar processos de paz. As recomendações aplicam-se igualmente a actores nacionais e internacionais envolvidos em iniciativas de paz. O manual pode ainda ser utilizado como recurso para as organizações de mulheres defenderem a participação de mulheres em processos de paz. A publicação está disponível em árabe, inglês, francês, russo e sueco. Todas as versões estão disponíveis em: http://www.kvinnatillkvinna.se/en/make-room-for-peace Resultados II Estudio Incidencia de las Armas de Fuego en la Violencia de Género Caribbean Institute for the Rule of Law Este relatório, disponível em espanhol, foi publicado em Junho de 2011 e apresenta os resultados de um estudo realizado na República Dominicana sobre o papel das armas de fogo na violência de género. Segundo este estudo, a maioria dos casos de violência ocorrem em casa. 83% das armas usadas por parceiros e ex parceiros para subjugar as mulheres eram legais. Um grande número de perpetradores eram militares. A Unidade de Atenção à Vítima estima que durante o ano de 2011 se tenham registado 468 casos de violência, ou seja, 9 ocorrências por semana. O regime jurídico actual de armas de fogo e munições não tem em consideração o historial de violência doméstica dos e das candidatas à licença de uso e porte de arma de fogo. O relatório está disponível em: http://www.iansawomen.org/node/707 The Whistleblower Este filme, protagonizado por Rachel Weisz, revela a história, inspirada em factos reais, do tráfico humano na Bósnia durante o pós- guerra, expondo o papel de empregados de uma empresa militar norte-americana no esquema. A actual Secretária Geral da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Paz (WILPF, na sigla inglesa), Madeleine Rees (interpretada no filme por Vanessa Redgrave), na altura parte do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), desempenhou um papel muito importante na denúncia deste escândalo. Como o filme demonstra, sob o signo da imunidade diplomática, os traficantes eram apenas repreendidos de forma ligeira, sendo alguns expulsos da Bósnia, mantendo, contudo, os seus empregos na empresa de segurança. O filme já está a ser usado pela WILPF-EUA e outras organizações para sensibilizar a opinião pública e os decisores políticos sobre o tráfico humano e sobre a necessidade de elaborar Planos de Acção Nacionais da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1325 que contemplem esta questão. Where Do We Go Now? O filme, da realizadora libanesa Nadine Labaki, centra-se no dia-a-dia de uma vila ficcional libanesa, onde mulheres muçulmanas e cristãs unem esforços para manter os seus maridos, irmãos e filhos longe do conflito violento entre muçulmanos e cristãos. Labaki interroga-se: “Se eu tivesse um filho, o que é que eu faria para impedi-lo de pegar em armas e ir para a rua?” Neste filme, que dedica às mães, explicando que “Não conheço nenhuma mulher no Líbano que não tenha sofrido com a tragédia da guerra”, retrata-se o desespero e a determinação de mulheres empenhadas em prevenir a guerra e as perdas humanas. Mostram-se os extremos a que mulheres recorrem para impedir os homens de pegar em armas, incluindo a contratação de dançarinas eróticas e a confecção de bolos de haxixe. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 7 Boletim Nº 26, 2011 Bulletin No. 26,Outubro Octoberde 2011 Rede de Mulheres daNetwork IANSA IANSA Women’s A Rede de Mulheres da IANSA é a única rede internacional dedicada às conexões entre género, direitos das mulheres, armas de pequeno porte e violência armada. Foi estabelecida em 2001 enquanto um grupo de discussão de mulheres nos eventos da IANSA, tendo sido formalizada em 2005. Actualmente associa países tão diversos como as Ilhas Fiji, Senegal, África do Sul, Argentina, Canadá e Sudão. Agradecemos o apoio do governo norueguês e Oxfam Novib. International Action Network on Small Arms (IANSA), Development House, 56-64 Leonard Street, London, EC2A 4LT, UK T: +44 20 7065 0876 F: +44 20 7065 0871 E: [email protected] W: www.iansa-women.org 8
Documentos relacionados
IANSA Boletim do 11.08.11
relatório sublinhando as suas actividades no segundo trimestre de 2011.Inclue uma vista geral da amplitude actual da violência armada no Burundi; um sumário das actividades que a CPD iniciou, tal c...
Leia mais