Edição nº 06
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2010 Cuidados Paliativos uidados Paliativ s Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2010; 3 (2) rasileira de b a t s i v re uidados Paliativ s • Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise • Projeto Dignidade: Apoio aos familiares enlutados Uma experiência de integralidade nos cuidados paliativos na infância • Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas • Delirium em Cuidados Paliativos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Na Constipação Induzida por Opioides2 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos ® Cuidados Paliativos 2010 Cuidados Paliativos brometo de metilnaltrexona SUMÁRIO - CONTENTS Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2010; 3 (2) ISSN 1984-087X injeções subcutâneas Mais que tratar, cuidar. Uma abordagem inovadora no tratamento do paciente com Constipação Induzida por Opioides.1 A Constipação Induzida por Opioides sujeita o paciente a enemas e procedimentos manuais que geram desconforto e redução da autoestima.4 Relistor® é o primeiro antagonista seletivo de ação periférica dos receptores “µ” opioides no trato gastrintestinal.3 É rápido e eficaz na redução da Constipação Induzida por Opioides em pacientes com doenças avançadas.4 Não interfere no efeito analgésico central dos opioides.2 Relistor® (brometo de metilnaltrexona) - APRESENTAÇÃO COMERCIAL: Cartucho com 1 frasco-ampola. Cada frasco-ampola (uso único) contém 12 mg de brometo de metilnaltrexona em 0,6 mL de solução (concentração de 20 mg/mL de brometo de metilnaltrexona). INDICAÇÕES: Relistor® (brometo de metilnaltrexona) está indicado para o tratamento da constipação intestinal induzida por opioides em pacientes com doença avançada. CONTRAINDICAÇÕES: Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é contraindicado em pacientes com obstrução gastrintestinal mecânica conhecida ou suspeita. Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é contraindicado em pessoas com hipersensibilidade conhecida ao brometo de metilnaltrexona ou a qualquer componente de sua formulação. ADVERTÊNCIAS: Se ocorrer diarreia grave ou persistente durante o tratamento, os pacientes devem ser aconselhados a não continuar a terapia com Relistor® (brometo de metilnaltrexona) e a consultar o seu médico. PRECAUÇÕES: Gravidez: Não existem estudos adequados e bem-controlados em mulheres grávidas que utilizaram o brometo de metilnaltrexona, devendo ser usado durante a gravidez apenas se claramente necessário. O potencial para efeitos teratogênicos de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) sobre o feto humano é desconhecido. Categoria de Risco B: Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Lactação: Não se sabe se Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é excretado no leite humano, devendo-se, desta forma, ter cautela ao administrar Relistor® (brometo de metilnaltrexona) a mulheres lactantes. Uso Pediátrico: A segurança e a eficácia de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) ainda não foram estabelecidas em pacientes pediátricos. Uso Geriátrico: Nos estudos Fase II e III duplo-cegos realizados não houve diferença no perfil de eficácia ou segurança em pacientes idosos quando comparados a pacientes mais jovens; não se recomenda, portanto, qualquer ajuste da dose com base na idade. Abuso e Dependência: Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é um antagonista do receptor mu-opioide de ação periférica sem risco conhecido de abuso e/ou dependência. Efeitos sobre as Atividades que Requerem Concentração e Desempenho: Não foram realizados estudos dos efeitos sobre a capacidade de dirigir e operar máquinas. REAÇÕES ADVERSAS: Foram observadas as seguintes reações adversas: muito comuns: dor abdominal, flatulência, náusea; comuns: tontura e diarreia. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: A metilnaltrexona não afeta a farmacocinética dos medicamentos metabolizados pelas isoenzimas do citocromo P450 (CYP). Os estudos de metabolismo in vitro do medicamento sugerem que a metilnaltrexona não inibe a atividade da CYP1A2, da CYP2A6, da CYP2C9, da CYP2C19 ou da CYP3A4, embora seja um inibidor fraco do metabolismo de um substrato modelo da CYP2D6. Entretanto, em um estudo de interação medicamentosa com uma dose subcutânea de 0,30 mg/kg, não houve alteração do metabolismo do dextrometorfano, um substrato da CYP2D6. Estudos referentes à interação de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) com tabaco (cigarros), álcool, alimentos, incompatibilidades e exames de laboratório não foram conduzidos. POSOLOGIA: Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é administrado por via subcutânea (parte superior do braço, na região inferior do abdômen ou na região anterior da coxa), com frequência de no máximo uma dose em um período de 24 horas. A dose recomendada de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) é de 8 mg (0,4 mL) para pacientes que pesam de 38 kg a 61,9 kg ou de 12 mg (0,6 mL) para pacientes que pesam de 62 kg a 114 kg. Os pacientes com peso fora dos intervalos estabelecidos na tabela devem receber a dose de 0,15 mg/kg. Consulte seu médico para verificar a dosagem correta caso o seu peso esteja fora da tabela descrita. Uso em pacientes com insuficiência renal: Em pacientes com insuficiência renal grave (depuração de creatinina de menos de 30 mL/min), reduzir a dose de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) pela metade. Uso em pacientes com insuficiência hepática: Não é necessário ajuste de dose para pacientes com insuficiência hepática leve ou moderada. Uso em crianças: A segurança e a eficácia de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) ainda não foram estabelecidas em pacientes pediátricos. Uso em pacientes idosos: Não se recomenda o ajuste da dose com base na idade. SUPERDOSAGEM: Durante os estudos clínicos de Relistor® (brometo de metilnaltrexona) administrado por via subcutânea, não foi relatado nenhum caso de superdosagem da metilnaltrexona, embora hipotensão ortostática associada a uma dose de 0,64 mg/kg tenha sido verificada após administração da droga em bolus intravenoso (IV) em voluntários saudáveis. Não existem informações específicas disponíveis sobre o tratamento da superdosagem com Relistor® (brometo de metilnaltrexona). Venda Sob Prescrição Médica. Só Pode ser Vendido com Retenção da Receita. Uso Restrito a Hospitais. Registro MS – 1.2110.0275. Informações adicionais disponíveis aos profissionais de saúde mediante solicitação: Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda. – Rua Dr. Renato Paes de Barros, 1017 – 10º andar – Itaim Bibi, São Paulo – CEP 04530-001. Para informações completas, consultar a bula do produto. RLT0709CDS3V3 A persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado. REVISTA BRASILEIRA DE CUIDADOS PALIATIVOS BRAZILIAN JOURNAL OF PALLIATIVE CARE ARTIGOS/RESEARCHS/REPORTS Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise 05 14 Referências bibliográficas: 1. Becker G, Blum HE. Novel opioid antagonists for opioid-induced bowel dysfunction and postoperative ileus. Lancet. 2009; 373(9670):1198-206. 2. Thomas J, Karver S, Cooney GA, Chamberlain BH, Watt CK, Slatkin NE, Stambler N, Kremer AB, Israel RJ. Methylnaltrexone for opioid-induced constipation in advanced illness. N Engl J Med. 2008 May 29;358(22):2332-43. 3. Guay DR. Methylnaltrexone methobromide: the first peripherally active, centrally inactive opioid receptor-antagonist. Consult Pharm. 2009; 24(3):210-26. Review. 4. Slatkin N, Thomas J, Lipman AG, Wilson G, Boatwright ML, Wellman C, Zhukovsky DS, Stephenson R, Portenoy R, Stambler N, Israel R. Methylnaltrexone for treatment of opioid-induced constipation in advanced illness patients. J Support Oncol. 2009;7(1):39-46. 5. Bula do produto. Interações medicamentosas: Ainda não foi investigado em seres humanos o potencial de interação entre Relistor® e medicamentos que sejam ativamente secretados pelo rim.5 Contraindicações: Relistor® é contraindicado em pacientes com obstrução gastrointestinal mecânica comprovada ou suspeita.5 Projeto Dignidade: Apoio aos familiares enlutados Uma experiência de integralidade nos cuidados paliativos na infância Magni,RHH, Pereira, FMT, Mingione,ICD, Pena,PEA, Caran,EMM Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas 17 Kelly Goulart Lima, Rúbia Denise Ruppenthal, Daniela Lessa da Silva, Antonio Fabiano Ferreira Filho Março 2010 07 Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda. Rua Dr. Renato Paes de Barros, 1017 - 10º andar Itaim Bibi - CEP 04530-001 - São Paulo - SP www.wyeth.com.br Dra. Renata Rego Lins Fumis, Dr. Auro Del Giglio, Dra. Rachel P. Riechelmann, Ângelo Bezerra de Souza Fede, Michele da Costa Miranda, Aline Ueda, Rafael Alves Cordeiro, Tatiana Lerner, Marcia OkawaraAry Serpa Wyeth uma empresa do grupo Pfizer. R e v i s t a Delirium em Cuidados Paliativos Franklin Santana Santos B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Cuidados Paliativos É uma publicação científica dirigida a médicos e profissionais de saúde, que atuam na área de dor e cuidados paliativos em doenças crônico-evolutivas. Tal publicação visa divulgar artigos científicos nacionais e internacionais, promovendo a troca de conhecimento científico entre os profissionais. Editor Científico Ricardo Caponero Conselho Editorial Ana Georgia Cavalcanti de Melo Ricardo Caponero Wiliam Breitbart Assessoria Editorial Luciano Ricardo Rodrigues Conselho Científico Eduardo Bruera Professor de Medicina F. T. McGraw Chair em Tratamento de Câncer Chefe do Departmento de Cuidados Paliativos e Reabilitação em Medicina M. D. Anderson Cancer Center- Universidade do Texas, EUA William S. Breitbart, Professor de Psiquiatria Faculdade de Medicina Weill da Universidade de Cornell Chefe do Serviço de Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais Responsável pelo Serviço de Psiquiatria, Dor e Cuidados Paliativos Departamento de Neurologia do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, NYC, EUA Cibele Andrucioli Mattos Pimenta Doutora em Enfermagem Professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo José Marcio Neves Jorge Professor Associado da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Produção Editorial e Arte Grecco Comunicação Total Rua Luigi Galvani, 200/ 11 andar 04575020 São Paulo/SP Tradução e revisão Juliana Ribeiro de Melo Periodicidade: Trimestral Tiragem: 10.000 exemplares Envio de artigos: revistabrasileira@ cuidadospaliativos.com.br Leo Pessini Professor Doutor em Bioética e Teologia Moral Superintendente União Social Camiliana Vice-Reitor do Centro Universitário São Camilo Auro Del Giglio Prof. Livre Docente Doutor em Hematologia- FMUSP Prof. Titular de Oncologia Universidade do ABC-SP Coordenador da Oncologia Hospital Israelita Albert Einstein Especialização em Hematologia Médica - Universidade do Texas MD Anderson Cancer Center -EUA e Baylor Colllege of Medicine-EUA Matti Aapro Diretor Instituto Multidisciplinar de Oncologia, Suiça Consultor do Conselho Diretor do Instituto Europeu de Oncologia, Itália Consultor da Divisão de Oncologia do Hospital da Universidade de Genebra,Suiça Yvonne Capuano Presidente da Academia de Medicina de São Paulo Diretora da Associação Paulista de Medicina A Revista Brasileira de Cuidados Paliativos (RBCP) é um veículo que tem como objetivo: publicar trabalhos relacionados as áreas de dor e cuidados paliativos em doenças crônico-evolutivas. Serão considerados para publicação os seguintes tipos de manuscritos: • Artigos Originais - artigos nos quais são informados os resultados obtidos, são descritos métodos, técnicas e processos, apresentando novas idéias. • Breves Comunicados - são comunicações originais importantes, curtas, redigidas com um único objetivo de assegurar os direitos autorais de uma pesquisa em andamento. • Relato de Casos - é a descrição detalhada e análise crítica de um caso típico ou atípico. O autor deve apresentar um problema em seus múltiplos aspectos, sua relevância e revisão bibliográfica sobre o tema. • Revisões e Mini-Revisões - uma revisão da literatura sobre um assunto específico, geralmente contendo análise crítica e síntese da literatura, que irá dar ao leitor uma cobertura geral de um assunto. • Opiniões - opinião qualificada sobre tema específico em dor e cuidados paliativos. • Notas e/ou Notícias - informações objetivas de interesse da comunidade médico-científica. • Debates - artigo teórico que se faz acompanhar de cartas críticas assinadas por autores de diferentes instituições, seguidas de resposta do autor do artigo principal. • Resumos de Teses - é a informação sucinta do trabalho realizado. Deve conter a natureza e os propósitos da pesquisa e comentário sobre a metodologia, resultados e conclusões mais importantes. Seu objetivo é informar aos pesquisadores de maneira objetiva qual é a natureza do trabalho, suas características básicas de realização e alcance científico afirmado. • Cartas ao Editor - crítica a artigo publicado em fascículo anterior da Revista. Os textos devem ser inéditos e destinar-se exclusivamente à (RBCP), não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico. A submissão do artigo à RBCP deve ser seguida de carta, assinada por todos os autores concordando com o envio e possível publicação do mesmo, no periódico. A publicação dos trabalhos dependerá da observância das normas da RBCP e do seu Conselho Editorial. Os manuscritos não aceitos serão devolvidos ao autor. Os trabalhos publicados passarão a ser propriedade da RBCP, sendo vedada tanto sua reprodução, mesmo que parcial, em outros periódicos, como sua tradução para publicação em outros idiomas, sem prévia autorização desta. Os trabalhos aceitos para publicação poderão ser modificados para se adequar ao estilo editorial-gráfico da Revista, sem que, nada de seu conteúdo técnico-científico seja alterado. No caso de o trabalho, incluir tabelas e ilustrações previamente publicadas por outros autores e em outros veículos, é dever do autor fornecer comprovante de autorização de reprodução, assinado pelos detentores do copyright dos mesmos. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores A Revista Brasileira de Cuidados Paliativos é uma publicação da YPÊ Editora e Publicações Ltda Alameda Lorena 1470 01424-001 São Paulo/SP Brasil R e v i s t a Cuidados Paliativos REVISTA BRASILEIRA DE CUIDADOS PALIATIVOS BRAZILIAN PALLIATIVE CARE JOURNAL Editora Chefe Ana Georgia Cavalcanti de Melo 2010 B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s Os trabalhos devem ser enviados para: Revista Brasileira de Cuidados Paliativos YPÊ Editora e Publicações Ltda Alameda Lorena, 1470 01424-001 São Paulo/SP e-mail: [email protected] P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Dra. Renata Rego Lins Fumis Pós-doutora, Faculdade de Medicina do ABC Dr. Auro Del Giglio Presidente dos Departamentos de Oncologia e Hematologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC Dra. Rachel P. Riechelmann Colaborador dos Departamentos de Oncologia e Hematologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC Ângelo Bezerra de Souza Fede Michele da Costa Miranda Aline Ueda Rafael Alves Cordeiro Tatiana Lerner Marcia OkawaraAry Serpa Estudantes de Medicina da Faculdade de Medicina da Fundação ABC RESUMO INTRODUÇÃO: O câncer de mama é a segunda causa de mortalidade entre mulheres brasileiras. “Chemobrain” são alterações cognitivas em pacientes recebendo quimioterapia, especialmente nos aspectos da memória visual e verbal, atenção, e funções psicomotoras. OBJETIVO: Análise sistemática e subsequente meta-análise dos dados de estudos sobre alterações cognitivas relacionadas à quimioterapia em pacientes com tumores na mama. MÉTODO: Análise de artigos que abordam as disfunções cognitivas relacionadas à quimioterapia antineoplásica (chemobrain) em pacientes com câncer de mama, publicados no banco de dados do Pubmed nos últimos 10 anos. RESULTADOS: Nove artigos possuíam informações que permitiram o cálculo do risco relativo de disfunção cognitiva entre os pacientes e o grupo de controle. O grau de danos à função cognitiva classificado como “moderado a grave” foi detectado em 145 (28,1%) pacientes e 81 (17,6%) integrantes do grupo de controle (p=0,0001). Considerando todos os estudos, os pacientes em quimioterapia tiveram um risco relativo estimado de desenvolver disfunções cognitivas de moderadas a graves 1,84 vezes mais alto do que o grupo de controle (IC 95% 1,46-2,32; p< 0,00001, heterogeneidade = 0,03). As principais fontes de heterogeneidade nesse estudo foram o timing da avaliação cognitiva (mais x menos de 12 meses após a quimioterapia) e o tipo de grupo de controle utilizado (mulheres saudáveis, pacientes antes da quimioterapia, pacientes recebendo terapia hormonal). CONCLUSÃO: Os resultados presentes nesse estudo demonstram que pacientes com câncer de mama expostos à quimioterapia adjuvante podem sofrer alterações cognitivas, especialmente déficits de memória. PALAVRAS-CHAVE: câncer, meta-análise, quimioterapia adjuvante, câncer de mama. INTRODUÇÃO Estão surgindo evidências de que alguns sobreviventes de câncer sofrem danos cognitivos como resultado da quimioterapia [1-4]. Não existe um consenso para a definição de danos cognitivos, ou para a descrição de tipos de disfunção cognitiva, no entanto, as áreas mais comumente afetadas incluem: atenção/concentração, memórias visual e verbal, e velocidade de processamento de informações [2,4]. A incidência e a dimensão desses danos dependem do tipo de delineamento experimental empregado (ex: R e v i s t a B r a s i l e i r a d e o uso de escalas apropriadas para avaliar domínios cognitivos específicos), tamanho da amostra e tipo de grupo de controle utilizado (o mesmo paciente antes e depois da quimioterapia, versus indivíduos normais ou pacientes de câncer que não estejam recendo quimioterapia). Quando o intervalo de reteste é curto, pode haver aprendizado no decorrer do estudo, o que, por sua vez pode melhorar falsamente os resultados com o passar do tempo [5]. Na verdade, as análises identificaram problemas metodológicos em estudos anteriores [2,4]. No entanto, apesar C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos dessas limitações, o fato de que prejuízos cognitivos induzidos pela quimioterapia, também conhecidos como “chemobrain” ou “chemo-fog”, podem ocorrer em um subgrupo de pacientes com câncer de mama é amplamente aceito [6,7]. O impacto do chemobrain é sem dúvida amplo, já que mulheres com câncer de mama representam o segundo maior grupo dentro da comunidade de sobreviventes de câncer [8]. Pelo fato de os pacientes submetidos à quimioterapia apresentarem queixas cognitivas frequentes, e dada à importância de investigar a prevalência e magnitude desses problemas, empregamos técnicas de meta-análise para sintetizar as evidências existentes sobre essa questão. estimado através da representação do RR de cada estudo em uma escala logarítmica em relação ao tamanho da amostra (gráfico de Begg). Em todas as análises, foram considerados significativos valores p< 0,05. Para a estimativa de viés de publicação foram considerados significativos valores p < 0,1. Para os cálculos, foram utilizados os programas SPSS v16.0 e Review Manager 5 (Colaboração Cochrane). RESULTADOS O presente estudo consiste na análise sistemática e meta-análise de artigos que investigaram os efeitos cognitivos da quimioterapia adjuvante (chemobrain) em pacientes com câncer de mama. Examinamos todos os artigos armazenados na base de dados Pubmed, publicados nos últimos 10 anos (de 1999 a 2009), e escritos em inglês, espanhol ou português. Avaliamos apenas os estudos que focaram no tratamento adjuvante em adultos com câncer de mama, que incluíram mais de 15 pacientes, e utilizaram testes neuropsicológicos para avaliar os prejuízos cognitivos. Foram excluídos estudos com pacientes de outros tipos de câncer, que estivessem recebendo quimioterapia neoadjuvante, ou fazendo uso exclusivo de tamoxifeno. Foi feita uma pesquisa na literatura através do PubMed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), utilizando as seguintes palavras-chave, em diferentes combinações: MeSH-“chemobrain” ou “cognição” ou “função cognitiva” ou “neurocognitiva” e “quimioterapia” ou “agentes antineoplásicos” ou “câncer de mama”. Representamos o efeito da quimioterapia na disfunção cognitiva presente em cada estudo como risco relativo (RR) de disfunção cognitiva em pacientes recebendo quimioterapia, em comparação aos pacientes do grupo de controle. A natureza dos grupos de controle variou nos diferentes estudos: adultos normais e saudáveis, mulheres com câncer de mama recebendo terapia hormonal, ou os mesmos pacientes, avaliados antes da quimioterapia. Calculamos uma média dos RRs de cada estudo, utilizando uma análise de efeitos fixos do modelo de Manter & Haenszel, e representamos esses resultados graficamente através de gráficos de meta-análise (forest plot). Os pressupostos de homogeneidade foram verificados através do teste χ2 com grau de liberdade igual ao número de estudos analisados menos 1. O viés de publicação foi A busca na literatura apontou 679 resumos, 47 dos quais não apresentaram nenhum dos critérios de exclusão estabelecidos. Após uma revisão mais detalhada, foram encontrados apenas 12 artigos que atendiam a todos os critérios de inclusão para a meta-análise. São eles: Schagen et al. 1999 [9]; Brezden et al. 2000 [10]; Schagen et al. 2002[11]; Tchen et al.2003 [12]; Wefel et al.2004 [8]; Wefel et al.2004b [13]; Mar Fan et al.2005[14]; Hurria et al. 2006 [15]; Bender et al.2006 [3]; Jenkis et al.2006 [16]; Stewart et al. 2008[17] e Kreukels et al. 2008[18]. Desses doze artigos analisados, três foram excluídos Bender et al.2006 [3]; Kreukels et al.2008 [18] e Wefel et al.2004b [13], devido aos seguintes aspectos: os autores não indicaram a porcentagem de pacientes com disfunção cognitiva; os prejuízos cognitivos foram avaliados através de métodos eletrofisiológicos, e a análise incluiu apenas a fase pré-quimioterápica, respectivamente. Apenas nove artigos traziam informações que permitiam o cálculo do risco relativo de disfunção cognitiva entre pacientes e o grupo de controle. Como indicado na Tabela 1, os nove estudos incluídos nessa análise foram publicados entre 1999 e 2008. Seis estudos foram prospectivos, e os três restantes transversais (Tchen et al. 2003[12]; Shagen et al. 1999[9]; Shagen et al. 2002[11]). No que diz respeito às formas de quimioterapia empregadas, as combinações mais utilizadas consistiam em diversos ciclos de fluorouracil, epirrubicina e ciclofosfamida (CEF), e ciclofosfamida, metotrexato, e 5-fluorouracil (CMF). Doses-padrão dessas combinações foram administradas em todos os estudos, considerando que as combinações com doses altas foram um dos nossos critérios de exclusão. A combinação das amostrar totalizou em 975 participantes, 516 pacientes em quimioterapia e 459 participantes do grupo de controle. Os grupos de controle eram formados por indivíduos saudáveis (Mar Fan et al. 2005[14]; Schagen et al.1999 [9], Schagen et al.2002 [11] e Brezden et al. 2000 [10] ); pelos mesmos pacientes de câncer, mas antes da quimioterapia (Hurria et al. 2006[15]; Wefel et al. 2004a)[8]; por mulheres recebendo terapia hormonal adjuvan- B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s MÉTODO R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) te (Stewart et al. 2008)[17]; e por uma mistura de indivíduos saudáveis e mulheres recebendo terapia hormonal (Jenkins et al. 2006[16]). Duas potenciais fontes de heterogeneidade foram consideradas nos testes desse estudo: o período compreendido entre o fim da quimioterapia e a realização da avaliação neurológica, e o tipo de grupo de controle utilizado nos diferentes estudos. A estimativa geral dos riscos relativos de disfunção cognitiva variou de acordo com o tempo entre o fim da quimioterapia e a data da avaliação cognitiva (menos de 12 meses ou mais de 12 meses) (Figura 1). Pudemos observar que quando a avaliação foi feita mais cedo, menos de 12 meses após o fim da quimioterapia, os pacientes que receberam quimioterapia apresentaram um risco relativo de declínio cognitivo 1,65 vezes maior do que o grupo de controle (IC 95% 1,31-2,07; p<0,0001; heterogeneidade = 0,007). Entretanto, nos casos em que decorreram mais de 12 meses entre o fim da quimioterapia e a avaliação, o risco relativo de déficit cognitivo foi 1,81 vezes maior do que o do grupo de controle (IC 95% 1,24 – 2,65, p< 0.002; heterogeneidade = 0,14) (Figura 2). Notamos também variações nas estimativas de risco relativo, de acordo com o tipo de grupo de controle utilizado por diferentes autores. A estimativa do risco relativo de declínio cognitivo foi 2,83 vezes maior em comparação a indivíduos saudáveis (IC 95% 1,73-4,63; p<0,0001; heterogeneidade = 0.26); 1,89 vezes maior em comparação a um grupo de mulheres recebendo terapia hormonal (IC 95% 1,04-3,42; p=0,04; heterogeneidade = 0,23), e 1,30 mais alto em comparação aos mesmos pacientes avaliados antes da quimioterapia (IC 95% 1,02-1,66; p=0.04; heterogeneidade = 0,83). O grau de danos na função cognitiva classificado como “moderado a grave” foi detectado em 145 pacientes (28,1%), em 81 (17,6%) integrantes do grupo de controle (p=0,0001). Combinando todos os estudos, os pacientes que receberam quimioterapia tiveram uma estimativa geral de risco relativo de desenvolver disfunção cognitiva de moderada a grave 1,84 vezes maior do que o grupo de controle (IC 95% 1,46-2,32; p< 0,00001, heterogeneidade = 0,03) (Figura 3). A inspeção visual do gráfico de Begg (dados não mostrados) relacionada à Figura 2, não revelou assimetria (p = 0,435), o que indica uma baixa probabilidade de viés de publicação; confirmamos essa inspeção visual através do teste de Begg (z = 0,07; p = 0,945). A inspeção visual do gráfico de Begg (dados não mostrados) relacionada à Figura 3 também não revelou assimetria p=0,855), também confirmada pelo teste de Begg (z = 0,00; p = 0,998). No que diz respeito aos testes cognitivos apliR e v i s t a B r a s i l e i r a d e cados, não houve uma padronização na escolha dos testes entre os diferentes estudos. No entanto, os testes mais utilizados foram o High Sensitivity Cognitive Screen (HSCS) e o Trail Making Test (TMT). A alteração cognitiva mais frequente foi o aumento nos déficits de memória, relatado em todos os estudos incluídos nessa análise. DISCUSSÃO As mulheres com histórico de câncer de mama representam uma parcela significativa dos sobreviventes de câncer. Como a quimioterapia adjuvante é utilizada com frequência nessas mulheres, e o câncer de mama pode vir a acometer muitas delas durante o seu período de produção cognitiva, é importante investigar a extensão e a gravidade dos déficits cognitivos causados pela quimioterapia. Muitos artigos realizaram uma meta-análise baseada exclusivamente em estudos que avaliaram os efeitos da quimioterapia na cognição de mulheres em tratamento do câncer de mama [6,19]. Infelizmente, essas meta-análises não incluíram três estudos recentes (Jenkins V et al. 2006[16]; Hurria A et al. 2006[15]; Stewart A et al. 2008[17]). Realizamos uma nova meta-análise, de forma a incluir esses estudos. Nossas descobertas confirmam os resultados das meta-análises anteriores: danos cognitivos ocorreram repetidamente em mulheres que receberam quimioterapia adjuvante no tratamento do câncer de mama. De fato, a associação dos resultados dos nove estudos indica que o tratamento com quimioterapia adjuvante em pacientes com câncer de mama está associado a um declínio significativo na função cognitiva global. A memória foi a único domínio da função cognitiva avaliado por todos os estudos, e provavelmente, representa o mais prejudicado em todos os estudos. De acordo com Mar Fan et al 2005 [14], os mecanismos que levam à disfunção cognitiva durante a quimioterapia permanecem incertos. Muitos fatores podem contribuir, incluindo as próprias drogas da quimioterapia, medicamentos prescritos simultaneamente como antieméticos, ou alterações hormonais causadas pela menopausa induzida pela quimioterapia e terapias hormonais adjuvantes. Tchen et al. (2003) [12] enfatizam que o metotrexato é conhecido por ter efeitos neurotóxicos. Ao reunir as evidências existentes sobre a possível etiologia da disfunção cognitiva nesses pacientes, Tannok (2004) [2] mencionou também a possibilidade de influências genéticas, do desequilíbrio de citocinas, do entupimento de pequenas veias do sistema nervoso central por causa da toxicidade vascular da quimioterapia, e da influência da depressão, da fadiga e da ansiedade, frequentemente identificadas nesses pacientes. C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Cuidados Paliativos R e v i s t a 2010 Cuidados Paliativos ficits leves que não são percebidos pelos pacientes em sua rotina diária. A realização de grandes estudos longitudinais com esses testes neurocognitivos permitirá uma melhor caracterização e um melhor entendimento da etiologia das disfunções cognitivas induzidas pela quimioterapia, e a criação de estratégias para o seu tratamento e prevenção. Referências Bibliografias B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s d e C u i d a d o s 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Ahles TA, Saykin AJ, Furstenberg CT, et al. Neuropsychologic impact of standard-dose systemic chemotherapy in long-term survivors of breast cancer and lymphoma. J Clin Oncol 2002; 20:485-493. Tannock IF, Ahles TA, Ganz PA, van Dam FS. Cognitive impairment associated with chemotherapy for cancer: Report of a workshop. J Clin Oncol 2004; 22: 2233-39. Bender CM, Sereika SM, Berga SL, Vogel VG, Brufsky AM, Paraska KK, Ryan CM. Cognitive impairment associated with adjuvant therapy in breast cancer. Psycho-Oncol 2006; 15: 422-430. Vardy J, Rourke S, Tannock IF. 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J Nati Cancer Inst 1998; 90: 210-8. 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Figura 1: Porcentagem de pacientes (preto) e controles (cinza) com déficit cognitivo de moderado a grave, de acordo com o momento da avaliação neurocognitiva: intervalo curto x intervalo longo (menos ou mais do que 12 meses após o fim da quimioterapia, respectivamente). p < 0,0001 40 p = 0,073 p < 0,0001 35 30 % ofPatients Observamos que os pacientes tratados com altas doses de quimioterapia tiveram um risco de apresentar danos cognitivos 8,2 vezes maior do que os pacientes do grupo de controle não tratados com terapia sistêmica, e um risco 3,5 vezes maior do que os pacientes tratados com quimioterapia de dose padrão [20]. De forma a focar no cenário mais comum, pacientes de câncer de mama tratados com doses convencionais de quimioterapia, excluímos os estudos que incluíam altas doses de quimioterapia. Existem muitas causas de heterogeneidade nos estudos que abordam disfunções cognitivas induzidas pela quimioterapia em pacientes de câncer de mama. Os grupos de controle diferem em muitos estudos; por exemplo, alguns utilizam o mesmo paciente antes da quimioterapia como controle, enquanto outros utilizam pessoas normais e saudáveis. Atualmente, falta uma definição mais consensual no que diz respeito aos limites mínimos para disfunções cognitivas, assim como instrumentos padronizados e amplamente aceitos que possam ser empregados em diferentes contextos culturais e lingüísticos. De fato, muitos pacientes relatam ter dificuldades cognitivas, e ainda assim, obtêm pontuações dentro da escala normal de alguns testes. Da mesma forma, alguns danos cognitivos podem surgir apenas durante atividades do dia-a-dia, que não são reproduzidas durante testes neuropsicológicos. Além disso, a disfunção cognitiva pode se alterar com o passar do tempo após a quimioterapia. Portanto, a avaliação em diferentes momentos, pode produzir diferentes resultados. O uso repetido de instrumentos com os mesmos pacientes no decorrer de um estudo longo também pode induzir a uma melhora falsa nos resultados, devido ao aprendizado. Essa é uma potencial limitação na interpretação de alguns estudos longitudinais [2]. Em nosso estudo, observamos a heterogeneidade resultante do tipo de grupo de controle empregado e do tempo entre o fim da quimioterapia e a avaliação cognitiva. Muitas outras causas de heterogeneidade mencionadas anteriormente podem ter estado presentes, mas não pudemos detectar sua significância estatística, já que levamos em consideração o timing da avaliação cognitiva e os tipos de controle empregados. Apesar da crescente percepção da relação entre a quimioterapia e a função cognitiva, a caracterização dos danos cognitivos em pacientes ainda é limitada. É preciso que haja uma melhor seleção de testes neurocognitivos que sejam simples, apropriados, padronizados, reconhecidos em diferentes culturas, e sensíveis o suficiente para detectar dé- 25 20 15 10 5 0 Total Early Avaliation Late Avaliation Tradução do gráfico: vertical – % de pacientes.Horizontal – Total, Avaliação com Intervalo Curto, Avaliação com Intervalo Longo Figure 2: Gráfico de meta-análise (forest plot) de acordo com o momento da avaliação neuropsicológica: intervalo curto x intervalo longo (menos ou mais do que 12 meses após o fim da quimioterapia, respectivamente). R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 10 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Cuidados Paliativos 11 Cuidados Paliativos Figura 2 – Tradução Quimioterapia Estudo ou Subgrupo 2010 Controle Risco Relativo Risco Relativo Casos Total Casos Total Peso M-H, Fixo, IC 95% Ano Brezden 2000 15 31 4 36 3,5% 4,35 [1,61 11,65] 2000 Tchen 2003 17 100 4 100 3,8% 4,25 [1,48 12,19] 2003 Wefel JS 2004 11 18 8 18 7,6% 1,38 [0,73 2,59] 2004 Hurria A 2006 37 45 29 45 27,7% 1,28 [0,99 1,65] 2006 Jenkins 2006 17 85 20 92 18,3% 0,92 [0,52 1,64] 2006 Stewart 2008 19 61 6 51 6,2% 2,65 [1,14 6,13] 2008 342 67,2% 1,65 [1,31 2,07] Figura 3: Forest plot representando os tipos de grupos de controle empregados: indivíduos saudáveis, pacientes de câncer de mama recebendo terapia hormonal, e os mesmos pacientes antes da quimioterapia. M-H, Fixo, IC 95% 2.1.1 Intervalo curto Subtotal (IC 95%) Total de casos 340 116 71 Heterogeneidade: Chi²=16,11 df=5 (p=0,007); I²=69% Teste de efeito global: Z= 4,26 P<0,0001 2.1.2 Intervalo longo Mar Fan 2004b 3 81 0 81 0,5% 7,00 [0,37 133,39] Schagen SB 1999 11 39 4 34 4,1% 2,40 [0,84 6,84] 1999 Brezden 2000 20 40 4 36 4,0% 4,50 [1,70 11,92] 2000 Schagen 2002 9 76 3 27 4,2% 1,07 [0,31 3,65] 2002 Wefel JS 2004 5 15 8 18 6,9% 0,75 [0,31 1,81] 2004 Mar Fan 2004 4 91 3 83 3,0% 1,22 [0,28 5,27] 2004 Jenkins 2006 15 85 11 92 10,1% 1,48 [0,72 3,03] 2006 371 32,8% 1,81 [1,24 2,65] 713 100,0% 1,70 [1,39 2,08] Subtotal (IC 95%) Total de casos 427 67 33 Heterogeneidade: Chi²=9,57 df=6 (p=0,14); I²=37% Teste de efeito global: Z= 3,05 P<0,002 Total (IC 95%) 767 183 104 Heterogeneidade: Chi²=26,42 df=12 (p=0,009); I²=55% Teste de efeito global: Z= 5,22 P<0,00001 Teste para diferenças entre os subgrupos: não aplicável Controle - Quimioterapia R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 12 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Disfunções Cognitivas (Chemobrain) em Pacientes de Câncer de Mama Recebendo Terapia Adjuvante: Meta-análise Cuidados Paliativos Tabela 1: Artigos incluídos na meta-análise Quimioterapia Casos Controle Total Casos Risco Relativo Total Peso M-H, Fixo, IC 95% Tabela 1: Artigos incluídos na meta-análise Risco Relativo Ano M-H, Fixo, IC 95% Artigo Quimio 2.1.1 Controles Saudáveis Brezden 2000 20 40 4 36 5,9% 4,50 [1,70 11,92] 2000 Schagen 2002 9 76 3 27 6,2% 1,07 [0,31 3,65] 2002 Tchen 2003 17 100 4 100 5,6% 4,25 [1,48 12,19] 2003 Mar Fan 2004 3 81 0 81 0,7% 7,00 [0,37 133,39] 2004 Jenkins 2006 15 85 5 49 8,9% 1,73 [0,67 4,47] 2006 293 27,4% 2,83 [1,73 4,63] Subtotal (IC 95%) Total de casos 382 64 Nº (Quimioterapia Intervalo até a ava- e controle) liação cognitiva 61 (Q) Stewart A 2008 Memória, linguagem, visual-motor, CEF 51 (C)* 2 meses CMF 100 (Q) Tchen N 2003 CEF 100 (C)** 1 mês 18 (Q) 6 meses Memória, linguagem, visual-motor, CEF 18 (C)*** 18 meses espacial, atenção/concentração, au- CMF 45 (Q) ACT 45 (C)*** espacial, atenção/concentração, au- Memória, linguagem, visual-motor, espacial, atenção/concentração, autorregulação e planejamento 16 Wefel JS 2004 torregulação e planejamento df=4 (p=0,26); I²=24% Hurria A 2006 Teste de efeito global: Z= 4,14 Memória, linguagem, visual-motor, 6 meses espacial, atenção/concentração, autorregulação e planejamento P<0,0001 2.1.2 Controles antes da Inteligência, memória verbal, me- quimioterapia Wefel JS 2004 11 18 8 18 11,3% 1,38 [0,73 2,59] 2004 Hurria A 2006 37 45 29 45 40,9% 1,28 [0,99 1,65] 2006 63 52,1% 1,30 [1,02 1,66] Subtotal (IC 95%) 63 48 Jenkins V 2006 CMF 85 (Q) 6 meses mória visual, memória de trabalho, 43 (C)* 18 meses funções executivas, velocidade de 49 (C)** processamento de informações e de vigilância, e medidas de autorrelato 37 Heterogeneidade: Chi²=0,05 Brezden CB 2000 df=1 CMF 40 (Q) 3 meses Memória, linguagem, visual-motor, CEF 36 (C)** 24 meses espacial, atenção/concentração, au- 104 (Q) 2 meses Memória, linguagem, visual-motor, 102 (C)*** 12 meses espacial, atenção/concentração, au- 24 meses torregulação e planejamento torregulação e planejamento (p=0,83); I²=0% Teste de efeito global: Z= 2,09 P<0,04 Mar Fan HG 2005 2.1.3 Controles recebendo tera- CEF pia hormonal Jenkins 2006 15 85 6 43 11,2% 1,26 [0,53 3,03] 2006 Stewart 2008 19 61 6 51 9,2% 2,65 [1,14 6,13] 2008 94 20,4% 1,89 [1,04 3,42] Subtotal (IC 95%) Total de casos Domínios avaliados torregulação e planejamento Heterogeneidade: Chi²=5,26 Total de casos 13 Cuidados Paliativos Figura 3 - tradução Estudo ou Subgrupo 2010 146 34 39 (Q) Schagen SB 1999 CMF 34 (C)** CMF 76 (Q) CTC 27 (C)** Memória, linguagem, visual-motor, 24 meses espacial, atenção/concentração, autorregulação e planejamento 12 Schagen SB 2002 Heterogeneidade: Chi²=1,43 Memória, linguagem, visual-motor, 48 meses espacial, atenção/concentração, autorregulação e planejamento df=1 (p=0,23); I²=30% * Grupo de controle formado por pacientes de câncer recebendo terapia hormonal Teste de efeito global: Z= 2,09 ** Grupo de controle formado por pessoas saudáveis P=0,04 Total (IC 95%) 591 146 450 100,0% 1,84 [1,46 2,32] *** Grupo de controle formado pelos mesmos pacientes antes da quimioterapia Q = Quimioterapia; C = Controle 65 Heterogeneidade: Chi²=17,29 df=8 Figura 1 - traduzi embaixo, precisa introduzir o texto na imagem Figuras 2 e 3, eu criei uma tabela nova em português, que precisa ser mesclada com o gráfico. Tabela 1 - OK, consegui editar (p=0,03); I²=54% Teste de efeito global: Z= 5,10 P<0,00001 Teste para diferenças entre os subgrupos: não aplicável R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s Controle - Quimioterapia P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 14 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Projeto Dignidade: Apoio aos familiares enlutados Uma experiência de integralidade nos cuidados paliativos na infância Cuidados Paliativos 15 Cuidados Paliativos Projeto Dignidade: Apoio aos familiares enlutados Uma experiência de integralidade nos cuidados paliativos na infância Magni,RHH - Assistente Social do IOP-GRAACC/UNIFESP Pereira, FMT - Graduando da UNIFESP- Escola Paulista de Medicina; Mingione,ICD - Assistente Social do IOP-GRAACC/UNIFESP; Pena,PEA - Voluntário do Projeto Dignidade, Caran,EMM - Médica oncologista do IOP-GRAACC/UNIFESP cução da isenção da taxa de embalsamento e translado do corpo, ou por meio da diminuição dos valores correspondentes a estas taxas e doação de urna, a fim de assegurar velório e sepultamento dignos, que permitam momentos de despedida condizentes com a dinâmica familiar de cada paciente. Resultados No período de 2003 a julho de 2009, os voluntários do Projeto Dignidade atenderam 56 famílias, sendo que em relação à idade dos pacientes falecidos, obtivemos a seguinte distribuição: 26 até 9 anos, 24 entre 10 e 19 anos e 06 entre 20 e 29 anos (gráfico 1). Gráfico 1: Distribuição dos pacientes atendidos pelo Projeto Dignidade IOP- GRAACC/UNIFESP segundo a idade. (2003-2009) entre 20 e 29 anos 11% “Tentei explicar para os meus pais que a vida é um presente estranho. No início, superestimamos este presente: imaginamos ter ganhado a vida eterna. Depois subestimamos, achamos uma porcaria, curto demais, até seríamos capazes de jogá-lo fora. Enfim, nos damos conta que não era um presente, mas sim um empréstimo. Então procuramos merecê-lo.” (SCHMITT, 2003)1 R e v i s t a 2010 Segundo a Organização Mundial de Saúde, os cuidados paliativos em Pediatria constituem uma abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida da criança e seus familiares diante de doenças que ameaçam a vida. Esta assistência inicia-se no diagnóstico, continua mesmo que o paciente receba ou não tratamento curativo e aplica-se ao câncer e a outras desordens crônicas que ocorrem na infância2, 3. As ações ocorrem através da prevenção, identificação precoce e alívio dos sofrimentos gerados por problemas físicos, psicológicos, sociais e/ou espirituais. Neste modelo, o atendimento não se restringe unicamente ao paciente, mas estendese também à família durante a doença, convalescência e até no período do luto2,4. A relação com a família, especialmente com o cuidador, tem influência direta na qualidade de vida do paciente nas diferentes fases do tratamento 5,6. Esse apoio dos cuidados paliativos dá-se de maneira multiprofissional e deve incluir questões de cunho social que possam facilitar a vivência digna do processo de perda. Dentre os diversos entraves a esse objetivo, está a dificuldade das famílias em lidar com questões burocráticas e econômicas relacionadas ao translado, velório e sepultamento do corpo do ente perdido. Em nosso meio, muitas vezes, os familiares não possuem a rede de suporte social necessária para orientar e custear esses procedimentos, geralmente, com preços elevados. Este fato, somado ao estado de fragilidade psicológica da família enlutada pode colocar em xeque o direito soberano de uma morte digna. Tendo em vista essa realidade e buscando atingir a integralidade do atendimento prestado às famílias enlutadas, o Serviço Social do Instituto de Oncologia Pediátrica/Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer/ Universidade Federal de São Paulo (IOP-GRAACC/UNIFESP) em parceria com voluntários de uma empresa de seguros, desde 2003 presta atendimento técnico, especializado e pessoal às famílias enlutadas de crianças com câncer. B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s d e C u i d a d o s Metodologia No período de janeiro de 2003 a julho de 2009, funcionários de uma empresa de seguros disponibilizaram-se a prestar auxílio voluntário para famílias em luto em uma ação conjunta com o Serviço Social do hospital. Quando ocorre o óbito, as assistentes sociais atuam na interlocução com os familiares, acolhendo-os e identificando as dificuldades. São avaliados fatores socioeconômicos e busca-se identificar agentes facilitadores dentro da rede de suporte social a qual pertence esta família e sob essa perspectiva são acionados, com anuência da família, voluntários que estão disponíveis 24 horas por dia. Os tipos e as complexidades dos suportes fornecidos irão depender da procedência do paciente. Para os óbitos de pacientes oriundos do Estado de São Paulo, a equipe é acionada e os voluntários acompanham os familiares até o Serviço Funerário Municipal para agilizar a remoção do corpo e para auxiliar nos trâmites legais. Por vezes, os voluntários dão apoio às famílias enlutadas por meio da conse2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) até 9 anos 46% entre 10 e 19 anos 43 % Quanto ao local de residência os pacientes dividiram-se em: 27 da cidade de São Paulo, 24 da Grande São Paulo, 03 do interior de São Paulo, 02 de outros Estados. É importante ressaltar que muitas destas famílias mudaram de residência em função do tratamento dos pacientes e não raramente manifestam vontade de retornarem aos seus municípios de origem. Na coleta dos dados para essa estatística levou-se em conta a atual residência da família quando da entrevista. Em relação à renda familiar (per capta): 09 famílias recebiam até R$50,00, 19 de R$51,00 – R$127,00, 24 de R$128,00 – R$330,00 e 04 acima de R$331,00 (gráfico 2) . Até R$50,00 16% Acima R$ 331,00 7% R$ 51,00-127,00 34% R$ 128,00-330,00 43 % R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Gráfico 2: Distribuição dos pacientes atendidos pelo Projeto Dignidade- IOP-GRAACC/UNIFESP - segundo a renda per capta. (2003-2009). As ações do voluntariado foram diversificadas e contextualizadas às características próprias de cada família e incluíram: embalsamento gratuito, doação de urna, acompanhamento à funerária local, cartório, delegacia de policia, aeroporto, agilização dos trâmites para o translado do corpo, liberação do carro funerário e velório gratuito. Discussão A maioria das famílias que atendemos apresenta renda per capta inferior a um salário mínimo. Este perfil socioeconômico indica uma provável grande dificuldade na obtenção dos recursos necessários ao adequado transporte e sepultamento de seus entes falecidos. A alta prevalência de pacientes oriundos de outras cidades foi resultado da caracterização de nossa atuação, confirmando o IOP-GRAACC/UNIFESP como centro de referência no atendimento de crianças com câncer na região. Assim, quando ocorre o óbito surgem impasses legais de translado para outros municípios e Estados, o que torna necessária a criação de um projeto específico de amparo a essas situações. Especificamente no atendimento às famílias destes pacientes foi constante a necessidade de atuação dos voluntários, a fim de resolver entraves relacionados ao translado intermunicipal, e fundamenta a atuação dos agentes sociais na captação de recursos junto aos respectivos municípios. As famílias que, de fato, não possuem em sua região um serviço público que ofereça o tratamento adequado à doença do paciente, têm direito ao recurso denominado TFD (Tratamento Fora de Domicílio). Nestes casos, segundo orientações do SUS7, as despesas relativas ao deslocamento dos usuários para tratamento fora do município de origem podem ser ressarcidas por intermédio do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS), observado o teto financeiro definido para cada município/Estado. “Os benefícios foram estabelecidos pela Portaria SAS nº 55, de março de 1999, e são concedidos quando todos os meios de tratamento existentes na origem estiverem esgotados ou ausentes e somente enquanto houver possibilidade de recuperação do paciente. O financiamento consiste no fornecimento de passagens para atendimento médico especializado de diagnose, terapia ou cirurgia, concedido exclusivamente a pacientes atendidos na rede pública ou conveniada/contratada do SUS. Este benefício inclui também ajuda de custo para alimentação e pernoite a pacientes e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 16 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas Cuidados Paliativos Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas famílias nestas horas de estresse e de sofrimento transmite solidariedade e conforto. Conclusão Tendo em vista o pioneirismo no nosso meio desta atividade voluntária, com foco nos cuidados paliativos da criança e adolescente consideramos os resultados obtidos neste projeto, satisfatórios e promissores, tanto no que se refere ao suporte dado às famílias enlutadas, como no que compete à construção de parcerias sólidas com a iniciativa privada, a exemplo da seguradora que nos auxilia neste projeto. Para além de um suporte meramente técnico ou burocrático, pudemos constatar que os serviços prestados pelo Projeto Dignidade constituíram uma verdadeira experiência de humanização e exercício de cidadania, o que possibilita atender a família de forma global, não só no momento do diagnóstico e tratamento, mas principalmente no momento de luto. Kelly Goulart Lima Grau acadêmico: Bacharel em Farmácia. Instituição: Centro Universitário Metodista do IPA, Porto Alegre, RS Endereço eletrônico: [email protected] Rúbia Denise Ruppenthal Grau acadêmico: Doutora em Patologia. Instituição: Centro Universitário Metodista do IPA, Porto Alegre, RS Daniela Lessa C u i d a d o s Silva Antonio Fabiano Ferreira Filho* Grau acadêmico: Pós-doutor em Medicina. Instituição: Clínica Oncosinos, Novo Hamburgo, RS. Endereço eletrônico: [email protected] *Autor correspondente: Dr. Antonio Fabiano Ferreira Filho 1-Schmitt, EE. Oscar e a Senhora Rosa. 10 edição, Rio -de Janeiro: Nova Fronteira(Ed), 2003, 112pg. 2-World Health Organization. WHO Defi nition of Palliative Care for Children. http://www.who.int/cancer/palliative/defi nition/en/ (accessed Oct 23, 2006). 3- Koepsell TD, Feudtner Ch, Hays RM, Haynes G, Geyer RJ, Neff JM. Deaths attributed to pediatric complex chronic conditions: National trends and implications for supportive care services .Pediatrics 2001;99-107 4-Liben S, Papadatou D, Wolfe J. Paediatric palliative care: challenges and emerging ideas. Lancet 2008; 371: 852–64 5-Mystakidou K, Parpa E, Tsilika E, Kalaidopoulou O , Vlahos L. The families evaluation on management, care and disclosure for terminal stage cancer patients. BMC Palliative Care 2002, 1:1-8. 6- Pereira LMS, Magni RHH, Mingione ICD, Caran EMM. Os desafios diários do cuidador de crianças e de adolescentes com câncer. Prática Hospitalar 2009; 62: 51-53. 7- Ministério da Saúde : O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde. 3 ed. Brasília: Editora Ministério da Saúde, 2009; 374-377 d e da Grau acadêmico: Doutora em Medicina. Instituição: Clínica Oncosinos, Novo Hamburgo, RS Referências Bibliografias B r a s i l e i r a 17 Cuidados Paliativos acompanhante (se este se fizer necessário), após a devida análise socioeconômica que é efetuada por assistente social vinculado à rede pública de saúde ou pelo setor de assistência social do município de origem do paciente”. Os pacientes que gozam de tal benefício possuem auxílio para a realização do translado do corpo, sem que, no entanto, seja fornecido maior suporte no que se refere às despesas funerárias com velório e sepultamento privado. Porém, em nosso serviço, são atendidos pacientes que por vezes não acionaram os mecanismos legais necessários à obtenção do benefício ou tiveram suas solicitações negadas por empecilhos de ordem burocrática, estando, portanto, suas famílias mais sujeitas a problemas na resolução dos trâmites necessários quando do falecimento do ente querido. Independente do auxilio e das orientações burocráticas, a presença dos voluntários que acompanham pessoalmente as R e v i s t a 2010 P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Email: [email protected] RESUMO: INTRODUÇÃO: A utilização de regimes de quimioterapia envolvendo a administração diária de pequenas doses de antineoplásicos, sem períodos de repouso prolongado entre as doses, denomina-se quimioterapia metronômica (QM). A QM atua através de suas propriedades antiangiogênicas, interrompendo o fornecimento de nutrientes e oxigênio para o estroma tumoral, assim como para as células neoplásicas propriamente ditas. Evidências clínicas e laboratoriais demonstram que a QM pode induzir bloqueio sustentado da liberação do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), inibição esta que se correlaciona com estabilizações e/ou respostas antitumorais. A partir desse racional e de estudos clínicos prévios, analisamos retrospectivamente os resultados do uso em regime metronômico de ciclofosfamida (CTX) e metotrexato oral (MTX), quando clinicamente indicado, em pacientes com neoplasias metastáticas. OBJETIVOS: Avaliar a eficácia clínica medida pela resposta antitumoral, benefício clínico e perfil de toxicidade de um regime de quimioterapia metronômica com CTX e MTX oral em pacientes com neoplasias metastáticas. MATERIAIS E MÉTODOS: Os pacientes com neoplasias metastáticas, comprovadas por avaliação histológica, funções medulares, hepática e renal adequadas, com performance clínica conforme definição do Eastern Cooperative Oncology Group ECOG< 3, foram tratados com CTX 50 mg por dia, com ou sem (conforme indicação clínica) MTX 2,5 mg duas vezes por dia nos dias 1 e 2 de cada semana. RESULTADOS: Dezessete pacientes (13 mulheres), com uma média de idade de 58 anos (31-75), e uma média de 2 linhas anteriores do intervalo QT (0-5), foram tratados com CTX associada ao MTX (10 pacientes) ou somente CTX (7 pacientes). Os tumores primários foram: mama (10), linfoma (2), próstata (1), sarcoma (1), cólon (1), pênis (1) e melanoma (1). O estado de desempenho dos pacientes foi: ECOG 1 (8 pacientes), ECOG 2 (7 pacientes), e ECOG 3 (2 pacientes). A taxa de resposta parcial foi de 29% (95% CI: 13-53), com 9 pacientes (53%) apresentando doença estável por pelo menos 8 semanas. Foi observada progressão tumoral em oito semanas para 3 pacientes. Não foi observada nenhuma resposta completa. O benefício clínico com melhora da performance pelo ECOG e/ou diminuição da dor foi observado em 15 pacientes. O tempo médio de progressão foi de 25 semanas (95% CI: 15 - 34), a sobrevida média global foi de 71 semanas (95% IC: 35-108). Como esperado, os pacientes com bom estado de desempenho ECOG tiveram melhor sobrevida pelo teste de log rank (p = 0,003). Apenas dois pacientes apresentaram toxicidade grau 3 (um apresentou anemia com necessidade de transfusões de hemácias e outro paciente apresentou mucosite). Nenhuma toxicidade grau 4 foi observada. CONCLUSÃO: A administração do regime de quimioterapia metronômica oral demonstrou uma interessante atividade antineoplásica, com baixos índices de toxicidade em uma população de pacientes com neoplasias metastáticas. A maioria dos pacientes obteve benefício clínico com melhora da performance clínica, estabilização tumoral por pelo menos 8 semanas e diminuição de sintomas tais como dor ou dispnéia. Estes resultados, obtidos com baixa toxicidade, em uma população de pacientes com câncer avançado são encorajadores. Palavras-chave: câncer, quimioterapia, metronômica. R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 18 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas Cuidados Paliativos 19 Cuidados Paliativos ABSTRACT: INTRODUCTION: The use of chemotherapy regimens involving daily administration of small doses of anticancer rugs without extended rest periods between these doses has been termed “metronomic” chemotherapy (MC). The mechanism of action for MC is thought to be through its antiangiogenic properties, interrupting oxygen and nutrient supply to the tumors stroma. Clinical evidence shows that MC can induce sustained vascular endothelial growth factor (VEGF) inhibition that correlates with tumor stablizations or even shrinkage. With this scientific background, we analysed the results of a metronomic chemotherapy regimen consisting of daily oral cyclophosphamide (CTX) with or without, as clinically indicated, oral methotrexate (MTX) given bid two days weekly in patients with advanced stage IV cancer. good ECOG performance status had better overall survival by the log Rank test (p=0,003). Only two patients had toxicities grade 3 (one had anemia requiring red blood transfusions and other had mucositis). No grade 4 toxicities were detected. CONCLUSIONS: The orally administered metronomic chemotherapy regimen demonstrated a good toxicity profile and anticancer activity. The majority of our metastatic cancer patients, achieved clinical benefit with improved performance status and/or decrease in pain and/or tumor stabilization for at least 8 weeks. These results, achieved with low toxicity, in a population of patients with advanced cancer and are encouraging. INTRODUÇÃO Seventeen pts (13 women), with a mean age of 58 years (31-75), and a mean of 2 previous lines of chemotherapy (range 0-5), were treated with CTX + MTX (10 pts) or CTX alone (7pts). The primary tumors were: breast (10 pts), lymphoma (2), prostate (1), sarcoma (1), colon and (1), penis (1) and melanoma (1). The performance status of patients, as defined by the Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) scale was: ECOG 1 (8 pts), ECOG 2 (7 pts), and ECOG 3 (2 pts). The partial response rate was 29% (95% CI: 13-53), with a further 9 patients (53%) demonstrating stable disease for at least 8 weeks . Progressive disease was observed in 3 patients. No complete responses were recorded. Clinical benefit with improved performance status and/or decrease in pain was noted in 15 pts. The median time to progression was 25 weeks (95% CI: 15 - 34), and the mean overall survival was 71 weeks (95% CI: 35-108). As expected, patients with No contexto do tratamento paliativo de neoplasias avançadas e incuráveis com os atuais métodos de tratamento, os esquemas quimioterápicos devem idealmente possuir bons níveis de atividade antineoplásica, serem de fácil administração e apresentarem um perfil de toxicidade favorável. A administração de agentes quimioterápicos por via oral, em doses menores que as máximas toleradas e sem grandes intervalos entre aplicações (quimioterapia metronômica), é uma forma de tratamento quimioterápico de baixa toxicidade potencial e de fácil administração. Acredita-se que parte de seu efeito terapêutico se deva a mecanismos antiangiogênicos (inibição da formação de novos vasos sanguíneos) e inibição de células progenitoras endoteliais1. Esquemas de quimioterapia metronômica têm sido reportados na literatura, com interessantes resultados, no tratamento de diversos tipos de neoplasias avançadas, como mama, próstata e tumores altamente resistentes ao tratamento quimioterápico convencional, tais como melanoma e glioblastoma2. Além disso, essa é uma estratégia que vem sendo utilizada no tratamento de pacientes geriátricos com neoplasias avançadas. Diversos agentes quimioterápicos clássicos possuem reconhecida atividade antiangiogênica, entre eles: o paclitaxel, os agentes antracíclicos (doxorubicina e epirrubicina), o etoposídeo, os alcalóides da vinca, a ciclofosfamida e o metrotrexato. Um dos principais quimioterápicos administrados de forma metronômica em pacientes com neoplasias avançadas é a ciclofosfamida, antineoplásico da classe dos alquilantes. A administração desse medicamento (individual ou associado com outros antineoplásicos) é alvo de estudos para o tratamento do câncer em modelos B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s OBJECTIVES: To evaluate the clinical effectiveness, as measured by tumor response, clinical symptoms evaluation and toxicity proflile of an oral metronomic chemotherapy regimen consisting of CTX 50 mg daily with or without MTX 2.5 mg twice a day on days 1 and 2 every week in patients with advanced metastatic cancer MATERIALS AND METHODS: Patients (pts) with histologically proven advanced metastatic cancer, adequate bone marrow, hepatic and renal function, ECOG status <3, were treated with CTX 50 mg daily with or without, as clinically indicated, MTX 2.5 mg twice a day on days 1 and 2 every week. RESULTS: R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) animais e em humanos. Os resultados são promissores, visto que praticamente todos os estudos demonstram bons níveis de estabilização tumoral, baixa toxicidade e melhora da qualidade de vida dos pacientes com câncer metastático3-7. O metotrexato, em baixas doses e administrado por via oral, tem sido freqüentemente associado à ciclofosfamida em esquemas metronômicos, especialmente após a publicação do grupo do Instituto Tumori de Milão que avaliou essa combinação em pacientes com câncer metastático, com resultados altamente promissores8. Os objetivos do presente estudo foram avaliar o benefício clínico, a taxa de resposta, a incidência de toxicidade grau III e IV, o tempo livre de progressão da doença e a sobrevida global dos pacientes tratados com quimioterapia metronômica com ciclofosfamida (50 mg/dia, via oral), em uso contínuo, associada ou não ao metotrexato (2,5 mg duas vezes/dia em dois dias da semana) no tratamento de neoplasias avançadas. PACIENTES E MÉTODOS O estudo foi realizado através de uma análise retrospectiva dos resultados obtidos em 17 pacientes com diagnóstico de neoplasias metastáticas tratados com quimioterapia metronômica à base de ciclofosfamida oral isolada ou associada ao metotrexato no período de janeiro de 2003 até setembro de 2009. Os pacientes foram atendidos na Oncosinos – Hospital Regina em Novo Hamburgo/RS. O trabalho foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista do IPA. Para preencherem os critérios de elegibilidade, os pacientes deveriam ter doença neoplásica confirmada por exame histopatológico; mensurável unidimensionalmente ou através de marcador sérico do tipo PSA no caso de doença metastática não avaliável por medição unidimensional. Os pacientes deviam ter performance clínica definida pela escala do ECOG < 3, expectativa de vida de pelo menos 3 meses, contagem global de leucócitos > 3000/mm3, plaquetas > 1000.000/mm3, creatinina < 1.5 mg/dl e bilirrubina total < 2 mg/dl. Neste trabalho, o esquema quimioterápico foi definido como Esquema 1 quando foi realizado uso associado de ciclofosfamida e metotrexato e Esquema 0 quando a ciclofosfamida foi utilizada de forma isolada. O uso de metotrexato foi excluído em pacientes com presença de líquido no terceiro espaço (ascite ou derrame pleural) ou que possuíssem baixa compreensão e risco de uso errôneo do metotrexato oral (por exemplo, tomar 1 cápsula por dia). R e v i s t a B r a s i l e i r a d e A performance clínica dos pacientes foi determinada conforme a Escala de Performance ECOG9. Os índices ECOG 0, 1, 2, 3 e 4 correspondem as seguintes características do paciente: (0) completamente ativo e capaz de realizar suas atividades sem restrição; (1) restrição de atividades físicas vigorosas, mas capaz de realizar trabalhos leves de natureza sedentária; (2) capacidade de realizar auto-cuidado, porém incapacidade de realizar qualquer trabalho e 50% do tempo acordado em pé; (3) capaz de realizar auto-cuidados limitados, confinado ao leito ou cadeira mais de 50% das horas em que está acordado; (4) total incapacidade de realizar auto-cuidado básico e (4) total confinamento ao leito ou cadeira. O tipo de tumor e o local das metástases foram determinados de acordo com a Classificação Internacional de Doenças em Oncologia - CID-010. O número de linhas prévias de tratamento quimioterápico foi verificado a partir dos registros de prontuário referentes aos protocolos de quimioterapia já utilizados desde o diagnóstico do paciente. A avaliação das respostas à terapia foi realizada a partir do exame físico, análise comparativa de sintomas (fadiga, dor, dispnéia, entre outros) e mensurações das lesões alvo através de exames de imagem, conforme critérios da revisão do RECIST versão 1.111. Os tipos de resposta ao tratamento são classificados, conforme descrito a seguir: resposta completa, referindo-se ao desaparecimento de todas as lesões alvo; resposta parcial, relacionada com no mínimo 30% de diminuição no maior diâmetro das linhas de base da lesão alvo; doença progressiva, considerada quando há aumento de no mínimo 20% do diâmetro das lesões alvo, crescimento de no mínimo 5mm das lesões e/ou apresentação de uma ou mais lesões novas e; doença estável, quando não há diminuição considerável para ser classificada como resposta parcial e nenhum aumento significativo para considerar doença progressiva. O benefício clínico foi definido como resposta completa, resposta parcial, doença estável por mais de 8 semanas, melhora na classificação da performance clínica ou ainda diminuição dos sintomas tais como dor (levando a um menor consumo de analgésicos), ou dispnéia. A avaliação da toxicidade foi realizada de acordo com critérios do Common Toxicity Criteria (CTC, versão 3)12. Os efeitos adversos são classificados quanto à toxicidade de acordo com o tipo e a intensidade. Quando não é observado nenhum efeito adverso a toxicidade é considerada grau 0. Os graus I, II, III e IV se referem respectivamente a efeitos adversos: leves, moderados, severos e efeitos que podem causar risco de vida ou incaC u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 20 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Quimioterapia Metronômica no Tratamento de Pacientes com Neoplasias Metastáticas Cuidados Paliativos RESULTADOS Entre os 17 pacientes que participaram do estudo, a maioria eram mulheres (76,5%) e a média de idade foi de 58 anos. Quanto à performance ECOG, o índice máximo apresentado foi o 3 e a maioria deles (88,3%) apresentou índice de 1 ou 2. Devido a esse tipo de tratamento ser principalmente voltado para o câncer de mama, foi observado maior número de pacientes com esse tipo de tumor. Poucos pacientes receberam a quimioterapia metronômica como primeira linha de tratamento, conforme esperado, pois essa terapia paliativa é principalmente indicada para pacientes tratados com vários protocolos quimioterápicos, os quais geralmente já apresentam algum tipo de resistência à terapia padrão. Cerca de 41% dos pacientes já havia sido submetido de 2 a 4 protocolos quimioterápicos previamente. A caracterização completa dos pacientes incluídos no estudo é descrita na Tabela 1. Tabela 1. Caracterização dos pacientes incluídos no estudo Característica n frequencia (%) Sexo Masculino 4 23,50% Feminino 13 76,50% Média Idade 58 Esquema quimioterápico CTX (0) 7 41,20% CTX + MTX (1) 10 58,80% Performance (ECOG) 1 8 47,10% 2 7 41,20% 3 2 11,80% Tipo de tumor Mama 10 58,80% Linfoma baixo grau 2 11,80% Próstata 1 5,90% Sarcoma 1 5,90% Pênis 1 5,90% Cólon 1 5,90% Melanoma 1 5,90% Número de quimioterapias prévias 0 5 29,40% 1 5 29,40% 2 5 29,40% 3 1 5,90% 4 1 5,90% B r a s i l e i r a 21 Cuidados Paliativos pacidade. A sobrevida global foi considerada como o tempodesde o diagnóstico de neoplasia até a morte do paciente por qualquer etiologia. A determinação foi feita a partir da data do início do tratamento até a data do óbito. A análise estatística dos dados foi realizada através do programa SPSS versão 17.0 e as ilustrações foram criadas no programa Excel versão 2007. As curvas estimadas do tempo livre de progressão e da sobrevida global foram plotadas utilizando o método Kaplan-Meier. Foram considerados significativos valores de P inferiores a 0,05. R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s CTX, ciclofosfamida; MTX, metotrexato; ECOG, performance clínico conforme definido pelo Eastern Cooperative Oncology Group. No que diz respeito ao tipo de resposta à quimioterapia metronômica com ciclofosfamida isolada ou em associação com metotrexato, 52,9% dos pacientes permaneceram com doença estável por 8 ou mais semanas (Figura 1). Um paciente não pode ser avaliado com relação à resposta terapêutica, devido curto período de tempo de inclusão no estudo (4 semanas). Figura 1. Evolução Clínica. Freqüências dos tipos de resposta ao tratamento. Evolução Clínica - Resposta à terapia do tempo livre de progressão desconsiderados os valores referentes a esses dois pacientes, resultando em uma média de 25,3 + 4,9 semanas. Observou-se relação estatisticamente significativa entre a performance ECOG e a sobrevida global (P=0,003, Figura 3). Conforme esperado, a sobrevida global é menor em pacientes com índice ECOG 3, visto que os pacientes com maior índice são aqueles que apresentam pior estado de saúde. A Figura 3 apresenta o gráfico Kaplan-Mayer com a relação entre a sobrevida global e a performance ECOG. Figura 3. Relação entre a sobrevida global e a performance ECOG (P=0,003) PEFORMANCE (ECOG) 1,0 Progressão 11,80% 1 2 3 0,8 0,6 Resposta parcial 29,40 % 0,4 0,2 0,0 Doença estável 52,90% Observou-se benefício clínico para a grande maioria dos pacientes (88,2%). Com relação à toxicidade grau III e IV (significativos para a terapia antineoplásica), somente dois pacientes apresentaram toxicidade grau III, visto que um deles apresentou anemia e outro mucosite. Dessa forma, 88,2% dos pacientes não apresentaram nenhum tipo de toxicidade grau III e IV, demonstrando uma baixa prevalência de toxicidade severa (grau III) e nenhuma toxicidade que pudesse causar risco de vida ou incapacidade (grau IV). Toxicidade III e IV 11,8% 88,2% Sim Não Benefício Clínico 0,0% 11,8% 88,2% 30,0% 60,0% 90,0% Figura 2. Benefício clínico e toxicidade III e IV. Quanto à análise de sobrevida global dos pacientes analisados neste estudo, observou-se uma média de 71,8 + 18,3 semanas. Com relação ao tempo livre de progressão observou-se uma média de 48,6 + 15 semanas, porém foi verificado que dois pacientes apresentaram resultados acima do esperado. Dessa forma, foi realizada análise P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 0 50 100 150 200 Devido o câncer de mama ter sido o principal tipo de tumor apresentado pelos pacientes no estudo (58,8%), foi determinada a sobrevida global e o tempo livre de progressão neste grupo de pacientes. A média de sobrevida global foi de 59,6 + 15,3 semanas. O tempo médio livre de progressão para as pacientes com câncer de mama foi de 29,7 + 6,6 semanas. DISCUSSÃO O uso de quimioterapia com esquemas de administração metronômica está em evidência no tratamento do câncer, pois esta atua inibindo preferencialmente as Sobrevida Global em dias células endoteliais ativas e o processo de angiogênese, ambos implicados no crescimento e progressão tumoral13. Além disso, apresenta baixa toxicidade, o que diminui a incidência de complicações no decorrer da terapia e conseqüente potencial diminuição da qualidade de vida do paciente. A utilização dessa nova modalidade de administração de quimioterápicos vem sendo utilizada com o objetivo de evitar problemas relacionados à terapia padrão, como incidência de efeitos adversos significativos (mielossupressão aguda, mucosite e danos à mucosa intestinal) e o desenvolvimento de resistência ao tratamento3. Pudemos observar neste trabalho que o emprego da quimioterapia metronômica em pacientes com distintos tumores malignos em estádio metastático avançado apresentou, de forma geral, resultados bastante satisfatórios. R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Observou-se estabilização tumoral por pelo menos 8 semanas em cerca de metade (52,9%) dos pacientes. Este achado é significativo, pois esteve correlacionado com diminuição da sensação de dor e a necessidade de uso de analgésicos, assim como melhora da performance clínica. Colleoni et al (2002) observaram freqüência inferior de pacientes com doença estável (12,5%). A pesquisa destes autores foi realizada com 64 pacientes com câncer de mama metastático, aos quais foram administradas baixas doses de ciclofosfamida por via oral associada ao metotrexato. Nicolini et al (2004), em estudo realizado com 8 pacientes com câncer de próstata refratário, observou maior freqüência de pacientes com doença estável (37,5%)14, porém ainda inferior ao presente estudo. Esta diferença nos resultados pode provavelmente ser explicada pelo fato de que os estudos de Colleoni e Nicolini incluíam apenas um tipo de tumor, além das diferenças no tamanho amostral empregado em cada estudo. As diferentes respostas dos pacientes submetidos a terapias semelhantes devem-se a complexidade da doença e as diferentes reações de cada organismo. A freqüência de resposta parcial observada por outros estudos foi inferior, provavelmente devido essa diversidade nas respostas à terapia. Colleoni et al (2002) observaram 18,8% dos pacientes com resposta parcial. Nicolini et al (2004), observaram 25% de resposta parcial, semelhante a Garcia et al (2008), que obtiveram resultado de 24% de resposta parcial. Esse último estudo foi realizado com pacientes com câncer de ovário recorrente15. Entretanto, a freqüência de doença progressiva das outras pesquisas foi superior. Nicolini et al (2004) obtiveram maior freqüência de pacientes com doença progressiva (37,5%) semelhante a Colleoni et al (2002) que observaram 39,5% de doença progressiva2,14. A maioria dos pacientes (88,2%) obteve benefício clínico com a quimioterapia metronômica, com potencial impacto positivo na qualidade de vida. Os pacientes do estudo de Nicolini et al (2004) apresentaram 62,5% de benefício clínico. Já, Colleoni et al (2002) observaram 41,5% de benefício clínico em estudo com ciclofosfamida e metotrexato ou ciclofosfamida e talidomida. O valor encontrado em nosso estudo foi superior ao encontrado em estudos semelhantes, provavelmente devido às diferentes interpretações sobre o conceito de benefício clínico. Em nosso estudo também consideramos a existência de benefício clínico para os pacientes que apresentaram diminuição da dor e da quantidade de analgésicos administrados; já outros autores consideraram C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 22 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Delirium em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos (2008) observaram 7,2 meses de tempo livre de progressão da doença também semelhante aos achados neste estudo. Além dos benefícios na resposta tumoral e na diminuição da toxicidade, a quimioterapia metronômica com ciclofosfamida também apresenta menor custo, o que foi demonstrado pelo estudo de Bocci et al (2005)18. O estudo farmacoeconômico comparou a quimioterapia metronômica (ciclofosfamida e metotrexato) e 11 novas estratégias quimioterápicas no tratamento do câncer de mama metastático. Foi observado menor no custo do tratamento e melhor relação custo efetividade da quimioterapia metronômica. CONCLUSÃO Neste estudo, concluiu-se que os pacientes tratados com terapia metronômica com ciclofosfamida (isolada ou associada com metotrexato) apresentaram interessantes índices de benefício clínico e respostas antitumorais com a introdução desta modalidade terapêutica. O tratamento foi bem tolerado, devido à baixa freqüência de pacientes com toxicidade significativa (grau III e IV). Quase todos os pacientes obtiveram melhora sintomática com diminuição da dor e da utilização de analgésicos, apresentando benefício clínico. Apesar desta boa perspectiva, são necessários mais estudos clínicos com este tipo de terapia paliativa, para que seja possível confirmar os benefícios aqui observados aos pacientes com câncer avançado. Referências Bibliografias 1. Rosen, L. Clinical Experience With Angiogenesis Signaling Inhibitors: Focus on Vascular Endothelial Growth Factor (VEGF) Blokers. Cancer Control 2002; 9(2): 36-44. 2. Colleoni, M. et al. 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High-Dose Celecoxib and Metronomic ‘‘Low-dose’’ Cyclophosphamide Is an Effective and Safe Therapy in Patients with Relapsed and Refractory Aggressive Histology Non-Hodgkin’s Lymphoma. Clin. Cancer Res 2006; 12: 5190-5198. 18. Bocci, G. et al. Cyclophosphamide-methotrexate ‘metronomic’ chemotherapy for the palliative treatment of metastatic breast cancer. A comparative pharmacoeconomic evaluation. Annals of Oncology 2005; 16: 1243–1252. B r a s i l e i r a 23 Cuidados Paliativos apenas a soma dos pacientes que apresentaram resposta completa, parcial e doença estável. Em nosso estudo, esse benefício clínico foi atingido com toxicidade baixa e/ou bastante aceitável. A toxicidade grau III foi observada em apenas dois pacientes (11,8%). O estudo de Colleoni et al (2002) apresentou toxicidade um pouco superior, pois 20,6% dos pacientes apresentaram leucopenia (grau > II)2. Em outro estudo com ciclofosfamida associada à bevacizumabe foram observados efeitos adversos significativos em 14,2% dos pacientes15. Os efeitos foram perfuração gastrointestinal, isquemia cerebral, hipertensão pulmonar e hemorragia gastrointestinal. Os pacientes incluídos neste estudo apresentaram sobrevida média global de 71,8 semanas (equivalente a 17,9 meses), semelhante aos achados de Garcia et al (2008)15. Outros autores encontraram média entre 12 e 16 meses para tratamento com ciclofosfamida associada à prednisona e dietilbestrol16. Já Nicolini et al (2004) observou maior sobrevida global (32 meses) em seu estudo com pacientes com câncer de próstata, na qual foram administradas baixas doses de ciclofosfamida14. O tempo médio até a progressão da doença observado no nosso estudo foi de 25,3 semanas (6,3 meses). Resultado semelhante foi encontrado em estudo prévio que revelou ser de 4,7 meses o tempo médio até a progressão em pacientes tratados também com ciclofosfamida em baixas doses associada ao celecoxib17. Garcia et al R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Delirium em Cuidados Paliativos Franklin Santana Santos Médico Geriatra, Doutor em Medicina, Faculdade de Medicina de São Paulo, Pós Doutorado em Psicogeriatria Karolinsnka Instutet- Suécia, Formação Complementar em Saúde e Espiritualidade, School of Medicine Duke University-EUA, Bioética- FMUSP 1-Introdução Delirium é uma síndrome clínica caracterizada pelo início abrupto de um distúrbio da consciência e uma mudança na cognição acompanhado por uma flutuação de sintomas e evidência de uma etiologia orgânica. Essa síndrome indica que existe uma insuficiência de funcionamento cerebral, especialmente das funções cognitivas superiores, como a habilidade de pensar, bem como de sustentar e manter a atenção e que podem estar acompanhadas de uma miríade de outros sintomas. Pacientes no final da vida desenvolvem um grande número de sintomas estressores. Embora delirium seja um dos problemas neuropsiquiátricos mais comuns em paciente, por exemplo, com câncer avançado, ele é freqüentemente não reconhecido e conseqüentemente não tratado (1,2). Vários estudos têm mostrado uma associação entre um episódio de delirium e permanência hospitalar prolongada, risco de institucionalização aumentada, irreversibilidade funcional, declínio cognitivo e mortalidade (3,4). Delirium está associado com uma morbidade aumentada no paciente com doença avançada, causando estresse nos pacientes, nos familiares e na equipe de saúde (5-7) Delirium pode interferir dramaticamente com o reconhecimento e o controle de outros sintomas físicos e psicológicos, tais como dor (8-10), nos últimos estágios da doença. Delirium pode se apresentar como um evento preterminal ou um sinal de um distúrbio fisiológico significante, geralmente envolvendo múltiplas etiologias médicas, incluindo infecção, insuficiência de órgãos e efeitos colaterais de medicamentos (incluindo opióides), bem como síndromes paraneoplásicas extremamente raras (11-13). Infelizmente, o delirium é frequentemente não reconhecido ou diagnosticado erroneamente e consequentemente tratado de maneira não apropriada ou mesmo não tratado em pacientes com doenças avançadas. ProfissioR e v i s t a B r a s i l e i r a d e nais que cuidam de pacientes com doenças que ameaçam a vida devem ser capazes de diagnosticar de forma acurada delirium, fazer o diagnóstico das causas etiológicas envolvidas com seu aparecimento, e entender os riscos e benefícios das intervenções farmacológicas e não farmacológicas atualmente disponíveis. Esse capítulo se propõe a revisar de maneira ampla, mas simultaneamente prática a abordagem dessa síndrome tão comum em pacientes no fim da vida. 2-Prevalência Delirium é altamente prevalente em pacientes com AIDS e câncer com doenças avançadas, particularmente nas últimas semanas de vida, com as taxas de prevalência variando de 25-84% (3,4). Massie e cols encontraram delirium em 85% em pacientes com câncer terminal (14). Estudos prospectivos conduzidos em pacientes internados em unidades de cuidados paliativos têm encontrado uma ocorrência de delirium que varia de 20-42% na admissão (3,15) e a incidência de desenvolvimento de delirium após a admissão varia de 32-45% (16).Em uma coorte de pacientes com câncer, Lawlor et all (16) encontraram que delirium estava presente por pelo menos 6 horas antes da morte em 88% dos pacientes. A incidência de delirium está atualmente aumentando, e isso se deve em parte ao crescimento no número de idosos, que são particularmente suscetíveis (17,18,19,20). Em acréscimo, pacientes com demência estão ainda em maior risco (21) e como a prevalência de demência aumenta com envelhecimento da população, pode-se esperar um aumento considerável na incidência de delirium nos próximos anos nas unidades de cuidados paliativos.Ambigüidade na terminologia tem contribuído para a confusão sobre essa síndrome neuropsiquiátrica em cuidados paliativos., sinônimos múltiplos, incluindo insuficiência cognitiva, estado confusional agitado, agitação terminal, e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 24 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Delirium em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos 25 Cuidados Paliativos neurotoxicidade induzida por opioides têm sido descrito na literatura.Além disso, variações nas definições por sistemas de classificações internacionais reconhecidas compõem o problema. Esses fatores juntos com uma insuficiência para usar instrumentos de avaliação validados, ajuda a explicar a larga variação na incidência e prevalência de delirium em populações sob o regime de cuidados paliativos (1), onde as taxas variam de 20-44% até 90% observada antes da morte(1).As taxas de ocorrência de delirium hipoativo variam de 40-78% em unidades de cuidados paliativos (1), delirium hipoativo é menos reversível e pode ser não diagnosticado ou diagnosticado erroneamente com depressão ou fadiga. Depressão e delirium podem se sobrepor consideravelmente em populações sob cuidados paliativos, compartilhando achados clínicos, comorbidade e algumas vezes processos fisiopatológicos. e Fisiopatologia Clinicamente, a apresentação de delirium resulta da combinação de fatores predisponentes e fatores precipitantes.Delirium, especialmente nos pacientes idosos, é geralmente multifatorial. Existe uma relação inversa entre a severidade do dano necessário para precipitar delirium e a vulnerabilidade preexistente do paciente (22). Talvez o fator predisponente mais importante seja a idade. Existe um aumento significante na prevalência de delirium com o aumento da idade: 0.4% naqueles acima de 18 anos, 1.1% para aqueles acima de 55, e 13,6% para os acima de 85 anos, outros fatores predisponentes incluem sexo masculino, déficit visual, demência prévia, depressão, imobilidade, fratura de fêmur, desidratação, alcoolismo, severidade da doença física, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e anormalidades metabólicas. Fatores precipitantes incluem infecção, distúrbios metabólicos, hipoxemia, anemia, retenção urinária, cateterização da bexiga, obstipação, impactação fecal, abstinência alcoólica, cirurgia, insuficiência de órgãos, fatores psicossociais e drogas. Praticamente qualquer droga pode causar delirium em indivíduos suscetíveis; entretanto, certas classes de drogas tais como opioides, anticolinérgicos, e benzodiazepínicos são particularmente implicados no aparecimento de delirium em pacientes sob o regime de cuidados paliativos. Muitos pacientes aproximando-se do final da vida, portanto têm múltiplos fatores predisponentes para delirium, e é importante minimizar os fatores precipitantes sempre que possível.Uma variedade de drogas tem sido relatadas em induzir delirium, e delirium induzido por drogas é muito comum. Em estudos de idosos hospitalizados, as medicações são a principal causa de delirium em 11-30% dos casos (23).A relação entre medicações com o delirium é mais clara para medicações anticolinérgicas com afinidade para receptores muscarínicos, e existem mais de 600 medicações com efeitos colaterais anticolinérgicos. Delirium anticolinérgico é caracteristicamente associado com comportamento agitado e alucinações visuais floridas, entretanto, sinais de toxicidade autonômica periférica podem ou não estar presente. Todas as medicações com atividade anticolinérgica pura tais como hioscina poderão em doses consideraras adequadas induzir delirium, especialmente em indivíduos suscetíveis e portanto, são considerada de alto risco.Três classes de medicações são particularmente associadas com delirium em cuidados paliativos: Opioides- O uso de opioide esteve associado com delirium em 3 de 5 grandes estudos prospectivos com pacientes hospitalizados (24). Opioides, frequentemente, induzem delirium em pacientes idosos ou demenciados, sendo que codeína e dextropropoxifeno induzem menos delirium do que as outras medicações analgésicas. Entretanto, o risco de delirium associado com opioides é dose dependente (25). Existe evidência experimental que alguns analgésicos opioides reduzem a liberação da acetilcolina no córtex cerebral, e a dose dependente de ligação com receptores muscarínicos no cérebro tem sido demonstrado com fentanil (26).Oxicodona tem sido demonstrado possuir efeitos anticolinérgicos. Portanto, mudanças em um opioide ou um aumento em uma dose prévia ao início de um quadro de delirium deveriam ser consideradas como uma causa possível e medidas apropriadas deveriam ser tomadas. Medicação antisecretória- Hidrobrometo de Hioscina(escopolamina) e glicopirônio são, ambas, medicações anticolinérgicas comumente usadas no tratamento de secreções terminais (ou ronco da morte), diferentemente de glicopirônio, a hioscina cruza a barreira hemato-cefálica. Ela tem, portanto, efeitos anticolinérgicos centrais resultando em sonolência, hipnose, amnésia, e ocasionalmente coma. Portanto, pode causar agitação, delirium, excitação, e hiperpirexia devido a uma redução relativa ou absoluta na atividade colinérgica no sistema nervoso central, possivelmente devido a um efeito antagonista sobre o despertamento a nível do hipotálamo e ponte. Hioscina, mesmo em doses baixas, é comumente associada com mudanças cognitivas, incluindo alucinações e delirium.A hioscina pode ser usada pode ser usada topicamente através de patch B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s 3-Etiologia R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) transdérmico ou via subcutânea por injeção. Wilden and Rapeport(27) sugerem reduzir a dose de mediciação anticolinérgica e advogam o aumento no uso de glicopirolato o qual não atravessa a barreira hemato-encefálica e portanto causa muito menos efeitos colaterais. O uso de glicopirolato deveria levar a uma menor incidência de problemas anticolinérgicos os quais são freqüentes em cuidados paliativos e anestesias. Ansiolíticos-Embora a maioria dos pacientes torne-se sedado após receberem benzodiazepínicos, tem sido bem documentado que benzodiazepínicos podem infrequentemente causar hostilidade paradoxal, agressividade,confusão e agitação. A etiologia dessas reações paradoxais é desconhecida, embora tenha sido postulado que os benzodiazepínicos alterem os níveis de múltiplos neurotransmissores incluindo, catecolaminas, serotonina, e acetilcolina, resultando em um comportamento desinibitório em pacientes suscetíveis. Benzodiazepínicos podem, portanto, induzir delirium e os idosos parecem ser os mais sensíveis aos efeitos colaterais. Os benzodiazepínicos têm potência variável para causar delirium, mas todos deveriam ser tomados como medicações de risco médio (25). Fisiopatologia-Embora pouco seja conhecido sobre a neuropatogênese do delirium, os sintomas do delirium sugerem que esta síndrome seja o resultado de uma disfunção de múltiplas regiões cerebrais. Nosso entendimento atual de delirium é que envolva uma perturbação potencialmente reversível do processo atencional cerebral devido a anomalias metabólicas que afetam certos neurotransmissores. Embora delirium envolva uma ampla gama de disfunções cerebrais, trabalhos recentes na fisiopatologia do delirium têm sugerido vários modelos etiológicos para essa disfunção (17). Delirium é considerado frequentemente uma desordem global e não específica da função cerebral. Essa caracterização pode ser apropriada para delirium causado por amplos processos sistêmicos como hipóxia, hipotermia, hipoglicemia e desordens metabólicas. Entretanto, várias etiologias importantes de delirium podem estar associadas com fisiopatologias mais limitadas e específicas do cérebro (28). Em outras palavras, delirium pode ser visto tanto como : uma desordem global e inespecífica da função cerebral que implica em uma disfunção generalizada no metabolismo cerebral ou uma patologia mais específica e limitada cerebral que é inicialmente causada pelo desarranjo de um neurotransmissor específico ou um par de neurotransmissores.Cada vez mais, estudos envolvendo marcadores biolóR e v i s t a B r a s i l e i r a d e gicos e neuroimagem sugerem que delirium é um grupo heterogêneo de diferentes desordens com diferentes sintomatologias. Como exemplo, podemos citar que perturbações de certos neurotransmissores produzem mudanças fisiopatológicas específicas, resultando em sintomas deliriosos. * Medicações anticolinérgicas produzem delirium através da supressão dos sistemas colinérgicos. * Algumas medicações alucinatórias tais como o LSD envolve antagonismo do sistema serotoninérgico. * Fenciclidina produz delirium bloqueando receptores de glutamato N-Metil-DAspartato(NMDA) no sistema nervoso central. * Encefalopatia hepática e intoxicação benzodiazepínica, ambos podem produzir delirium através da hiperestimulação do sistema ácido gamaamino butírico(GABA) * Estados de retirada de benzodiazepínicos, bem como abstinência alcoólicaa, produzem delirium através da sub-estimulação aguda so sistema GABA. * Em uma variedade de etiologias tais como o tipo induzido por aticolinérgico, os sintomas de delirium tais como alucinações parecem envolver mais uma pertubação: uma hiperestimulação relativa do sistema mesocortical dopaminérgico responsável por muito dos achados do delirium hiperativo. Não devemos nos esquecer que outros agentes podem estar envolvidos com a fisiopatologia do delirium em cuidados paliativos, especialmente citocinas, como o uso de interferon e corticosteróides.O espectro de distúrbios mentais relacionados com esteróides inclui labilidade menor do humor, desordens afetivas(mania ou depressão), déficit cognitivo(demência reversível), e delirium(psicose esteroíde). A incidência dessas desordens varia de 3 a 57% em populações de pacientes sem câncer e elas ocorrem mais comumente com doses maiores. Os sintomas desenvolvem geralmente dentro das duas primeiras semanas, mas o fato pode ocorrer em qualquer tempo, com qualquer dose (4). 4-Achados clínicos Os achados clínicos do delirium são bem numerosos e incluem uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos que, também, são comuns em outras desordens psiquiátricas, tais como depressão, demência e psicoses. Os achados clínicos do delirium incluem sintomas prodromiais (agitação, ansiedade, distúrbio do sono e irritabilidade; rápida curso de flutuação; atenção reduzida (distrabilidade), consciência alterada, C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 26 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Delirium em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos atividade psicomotora aumentada ou diminuída, distúrbio do ciclo sono-vigília; sintomas afetivos (labilidade emocional, tristeza, raiva, ou euforia);percepções alteradas(falsas percepções, ilusões, e alucinações), pensamento desorganizado e fala incoerente;desorientação temporo-espacial ou de pessoa e disfunção de memória. Anormalidades neurológicas podem estar presentes durante o delirium, incluindo anormalidades corticais (disgrafia, apraxia construcional, afasia disnômica); anormalidades motoras(tremores, asterixis,mioclônus, e mudança de reflexos e tônus). Lipowski (29) descreveu clinicamente dois subtipos de delirium baseado nos níveis de consciência e no comportamento psicomotor. Os subtipos incluem o subtipo hiperativo(ou agitado , ou hiperalerta) e o subtipo hipoativo( ou letárgico, ou hipoalerta). Outros pesquisadores têm proposto um subtipo misto com a alternância dos achados dos dois primeiros tipos. Ross (28) sugere que a forma hiperativa é mais frequentemente caracterizada por alucinações, ilusões, agitação e desorientação, enquanto a forma hipoativa é caracterizada por confusão e sedação,mas raramente é acompanhada por alucinações, distúrbio perceptuais e ilusões. Ross sugere, ainda, subtipos de delirium específico estão relacionados a etiologias do delirium e têm fisiopatologias próprias; ele afirma que as formas hiperativas são típicos das síndromes de abstinência e do delirium induzidos por anticolinérgicos, enquanto as formas hipoativas são típicos das encefalopatias metabólicas e hepáticas, intoxicação aguda por sedativos ou hipóxia.É estimado que aproximadamente 2/3 dos casos de delirium são hipoativos ou mistos, portanto o paciente delirioso agitado, tipicamente descrito na literatura e que os clínicos estão mais familiarizados, corresponde a minoria dos casos de delirium que ocorrem nas unidades de cuidados paliativos , bem como em outras unidades(30,31). Os autores, inclusive eu, enfatizo a necessidade para uma melhor avaliação diagnóstica com o objetivo de reduzir o risco de falseamento diagnóstico do delirium hipoativo com depressão ou fadiga profunda. d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Fevereiro/2010 Referencias Bibliográficas: 1) Aapro M, Johnson J. Chemotherapy-induced emesis in elderly cancer patients: the role of 5-HT3-receptor antagonists in the first 24 hours. Gerontology. 2005 Sep-Oct;51(5):287-96. EMEND® (aprepitanto), MSD. INDICAÇÕES: EMEND® em associação com outros antieméticos, é indicado para a prevenção de náuseas e vômitos agudos e tardios associados a ciclos iniciais e repetidos de quimioterapia antineoplásica altamente e moderadamente emetogênica CONTRA-INDICAÇÕES: pacientes com hipersensibilidade a qualquer componente do produto. EMEND® não deve ser administrado concomitantemente com pimozida, terfenadina, astemizol ou cisaprida pois pode causar aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos, o que pode causar reações graves ou potencialmente fatais. ADVERTÊNCIAS: A administração concomitante de EMEND® com varfarina resulta na diminuição do tempo de protrombina, expresso como INR (Razão Normatizada Internacional); nesses casos, o tempo de protrombina deve ser atentamente monitorado para estabelecer e manter a dose necessária de varfarina após o término do esquema de 3 dias com EMEND® em cada ciclo de quimioterapia. A eficácia dos contraceptivos orais durante a administração crônica de EMEND® pode ser reduzida; portanto, deve-se adotar um método contraceptivo alternativo ou adicional. Gravidez: não há estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas, portanto EMEND® deve ser usado durante a gravidez apenas se o benefício potencial justificar o possível risco para a mãe e o feto. Nutrizes: o aprepitanto é excretado no leite de ratas em fase de amamentação, mas não se sabe se esse fármaco é excretado no leite humano; em razão dos possíveis efeitos adversos de EMEND® em crianças lactentes, a decisão entre parar a amamentação ou descontinuar a administração do medicamento deve ser tomada levando-se em conta a importância do uso do medicamento para a mãe. Uso pediátrico: ainda não foram estabelecidas a segurança e a eficácia de EMEND® em pacientes pediátricos. Uso em idosos: em estudos clínicos, a eficácia e a segurança de EMEND® em idosos (≥65 anos de idade) foram equivalentes às observadas em pacientes mais jovens (<65 anos). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: EMEND® deve ser usado com cautela em pacientes tratados concomitantemente com medicamentos metabolizados principalmente pela CYP3A4, pois pode causar aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos; EMEND® não deve ser administrado concomitantemente com pimozida, terfenadina, astemizol ou cisaprida, medicamentos metabolizados pela CYP3A4, pois a inibição dessa isoenzima pelo aprepitanto pode resultar em aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos, o que pode causar reações graves ou potencialmente fatais. É improvável que ocorra interação de EMEND® com fármacos que são substratos para o transportador da glicoproteína P, conforme demonstrado pela ausência de interação de EMEND® com a digoxina em um estudo clínico de interações medicamentosas. Antagonistas da 5-HT3: em estudos clínicos de interações medicamentosas, o aprepitanto não apresentou efeitos clinicamente importantes sobre a farmacocinética da ondansetrona ou granisetrona. Corticosteróides: dexametasona: os esquemas de 125 mg de EMEND® concomitantemente com 20 mg por via oral (VO) de dexametasona no dia 1 e 80 mg/dia de EMEND® concomitantemente com 8 mg VO de dexametasona dos dias 2 ao 5 aumentaram 2,2 vezes a AUC da dexametasona, um substrato da CYP3A4, nos dias 1 e 5. As doses orais usuais de dexametasona devem ser reduzidas cerca de 50% quando administradas concomitantemente com EMEND®. Metilprednisolona: a administração de 125 mg de EMEND® no dia 1 e 80 mg/dia nos dias 2 e 3 (esquema convencional com o aprepitanto) aumentou a AUC da metilprednisolona, um substrato da CYP3A4, 1,3 e 2,5 vezes nos dias 1 e 3, respectivamente, quando administrada concomitantemente nas doses de 125 mg (IV) no dia 1 e de 40 mg (VO) nos dias 2 e 3. A dose usual de metilprednisolona IV e VO deve ser reduzida cerca de 25% e 50%, respectivamente, quando administrada concomitantemente com EMEND®. Quimioterápicos: em estudos clínicos, EMEND® foi administrado com etoposídeo, vinorelbina, docetaxel e paclitaxel (metabolizados principal ou parcialmente pela CYP3A4). Demonstrou-se que o aprepitanto induz o metabolismo de substâncias metabolizadas pela CYP2C9; a administração concomitante de EMEND® com esses fármacos ou outros que são sabidamente metabolizados pela CYP2C9, tais como a fenitoína, pode resultar em diminuição das concentrações plasmáticas desses fármacos. Varfarina: Embora não tivesse sido observado efeito de EMEND® sobre a AUC plasmática de R(+) ou S(-) varfarina (um substrato da CYP2C9) no dia 3, ocorreu diminuição de 34% da concentração mínima de S(-) varfarina, e diminuição de 14% do tempo de protrombina (expresso como INR), 5 dias após o término da administração de EMEND®. Tolbutamida: a AUC da tolbutamida (um substrato da CYP2C9) diminuiu em 23% no dia 4, 28% no dia 8 e 15% no dia 15 quando uma dose única de 500 mg de tolbutamida foi administrada oralmente antes da administração de um esquema de três dias de EMEND® e nos dias 4, 8 e 15. Contraceptivos orais: a administração de cápsulas de 100 mg de aprepitanto uma vez ao dia por 14 dias com um contraceptivo oral contendo 35 mcg de etinilestradiol e 1 mg de noretindrona diminuiu a AUC do etinilestradiol em 43% e da noretindrona em 8%. Os possíveis efeitos do aumento da concentração plasmática do midazolam ou de outros benzodiazepínicos metabolizados pela CYP3A4 (alprazolam, triazolam) devem ser considerados quando esses agentes forem administrados concomitantemente com EMEND®. Em outro estudo, no qual se administrou 2 mg de midazolam IV antes da administração do esquema de três dias de EMEND® e nos dias 4, 8 e 15, EMEND® aumentou a AUC do midazolam em 25% no dia 4 e diminuiu a AUC do midazolam em 19% no dia 8 referente à dose de EMEND® dos dias 1 a 3. Esses efeitos não são considerados clinicamente importantes e a AUC do midazolam no dia 15 foi semelhante à observada no período basal. O aprepitanto é um substrato da CYP3A4. Conseqüentemente, deve-se ter cuidado ao administrar EMEND® concomitantemente com inibidores potentes da CYP3A4. Além disso, a administração concomitante de EMEND® com fármacos que são indutores potentes da atividade dessa enzima pode resultar na diminuição das concentrações plasmáticas do aprepitanto, o que pode causar redução da eficácia de EMEND®. Cetoconazol: após a administração de dose única de 125 mg de EMEND® no 5º dia de um esquema de 10 dias de 400 mg/dia de cetoconazol, um potente inibidor da CYP3A4, a AUC do aprepitanto aumentou cerca de 5 vezes e sua meia-vida terminal média aumentou aproximadamente 3 vezes. Rifampicina: após a administração de uma dose única de 375 mg de EMEND® no 9º dia de um esquema de 14 dias de 600 mg/dia de rifampicina, um potente indutor da CYP3A4, a AUC do aprepitanto diminuiu cerca de 11 vezes e sua meia-vida terminal média diminuiu aproximadamente 3 vezes. Outras interações: diltiazem: em pacientes com hipertensão leve a moderada, a administração de dose única diária de aprepitanto na forma farmacêutica comprimido comparável a 230 mg da apresentação cápsula com 120 mg de diltiazem 3 vezes ao dia durante 5 dias resultou em aumento de 2 vezes da AUC do aprepitanto e aumento simultâneo de 1,7 vez da AUC do diltiazem. Esses efeitos farmacocinéticos não resultaram em alterações clinicamente significativas de ECG, freqüência cardíaca ou pressão arterial, além das alterações induzidas apenas pelo diltiazem. Paroxetina: a administração concomitante de dose única diária de comprimidos de aprepitanto na apresentação comprimido comparável a 85 mg ou 170 mg da apresentação cápsula com 20 mg de paroxetina 1x/dia resultou em cerca de 25% e 20% de diminuição da AUC e da Cmáx, respectivamente, tanto do aprepitanto como da paroxetina. REAÇÕES ADVERSAS: a maioria das experiências adversas relatadas em 2 estudos clínicos bem controlados que envolveram pacientes submetidos a quimioterapia antineoplásica altamente emetogênica, tratados com EMEND®, ondansetrona e dexametasona ou com terapia-padrão (ondansetrona e dexametasona), durante até 6 ciclos de quimioterapia, foi descrita como de intensidade leve a moderada. As seguintes experiências adversas relacionadas ao medicamento foram observadas em pacientes tratados com o esquema com aprepitanto a uma incidência maior do que a verificada nos indivíduos que receberam a terapia-padrão: Comuns (>1/100, <1/10): anorexia, cefaléia, soluços, constipação, diarréia, dispepsia, astenia/fadiga, ALT elevada, AST elevada. Incomuns (>1/1.000, <1/100): anemia, ganho de peso, desorientação, euforia, tontura, alteração dos sonhos, conjuntivite, zumbido, bradicardia, faringite, espirro, náusea, refluxo ácido, disgeusia, desconforto epigástrico, obstipação, doença do refluxo gastroesofágico, úlcera duodenal perfurada, vômitos, erupções cutâneas, acne, fotossensibilidade, poliúria, dor abdominal, edema, rubor, fosfatase alcalina elevada, hiperglicemia, hematúria microscópica, hiponatremia. O perfil de experiências adversas na extensão com ciclos múltiplos por até 6 ciclos de quimioterapia foi, em geral, semelhante ao observado no ciclo 1. Em outros estudos clínicos, foram relatados casos isolados de experiências adversas graves: síndrome de Stevens-Johnson (relatada em um paciente durante um outro estudo de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia) e angioedema e urticária (relatados em um paciente durante um estudo não-NVIQ). POSOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: EMEND® é administrado por 3 dias como parte de um esquema que inclui um corticosteróide e um antagonista da 5-HT3. A dose recomendada de EMEND® é de 125 mg VO 1 hora antes da quimioterapia (dia 1) e de 80 mg/dia na manhã dos dias 2 e 3. EMEND® pode ser tomado com ou sem alimentos. Não é necessário ajustar a dose de acordo com o sexo ou a raça. Também não é necessário ajuste de dose para idosos, pacientes com insuficiência renal grave (depuração de creatinina <30 ml/min) ou com doença renal em estágio terminal submetidos a hemodiálise, pacientes com insuficiência hepática leve a moderada (escore de Child-Pugh de 5 a 9). Não existem dados clínicos para pacientes com insuficiência hepática grave (pontuação de Child-Pugh >9). REGISTRO MS: 1.0029.0113. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Nota: antes de prescrever, EMEND® recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa para informações detalhadas sobre o produto. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. B r a s i l e i r a 27 Cuidados Paliativos A NÁUSEA E O VÔMITO SÃO OS EFEITOS ADVERSOS MAIS TEMIDOS PELOS PACIENTES EM QUIMIOTERAPIA.1 R e v i s t a 2010 5-Diagnóstico (DSM-IV, Exame Físico, Escalas, Laboratório) O diagnóstico de delirium inclui uma avaliação de causas potencialmente reversíveis. Um exame físico completo deveria obter evidências de sepsis, desidratação, ou insuficiência de um órgão importante. Medicações que poderiam contribuir para o delirium deveriam ser revistas. Um screening de parâmetros laboratoriais permitirão a avaliação da R e v i s t a B r a s i l e i r a d e possível participação de anormalidades metabólicas, tais como: hipercalcemia, ou outros problemas como hipoxemia ou coagulação intravascular disseminada. Imagens cerebrais (CT ou RNM) e líquor podem ser apropriados em algumas situações. Em pacientes com câncer avançado, por exemplo, pode ser resultado tanto dos efeitos diretos da doença no SNC ou a um efeito indireto da doença no SNC ou tratamentos( medicações, distúrbio eletrolítico, insuficiência de um órgão ou sistema vital, infecção, complicações vasculares).Os achados essenciais de um episódio de delirium é um distúrbio da consciência (ou na capacidade de ficar em alerta), que é acompanhado por uma mudança na cognição que não pode ser atribuído a uma demência preexistente ou envolvendo demência. O distúrbio desenvolve durante um curto período de tempo, geralmente de horas a dias, e tende a flutuar durante o curso do dia. Existe uma evidência da história, exame físico, ou testes laboratoriais que o delirium é uma conseqüência fisiológica direta de uma condição médica, da intoxicação por uma substância ou abstinência, uso de medicações ou exposição a toxinas, ou uma combinação desses fatores. Esses são os critérios exigidos pelo DSM-IV para o diagnóstico de delirium.Historicamente, o maior objetivo da avaliação clínica na área do delirium tem sido a identificação de pacientes deliriosos através do uso de questionários de screening, instrumentos que são rápida e facilmente aplicados por profissionais minimamente treinados. Mais recentemente, com desenvolvimento de critérios de classificação diagnóstica padronizados do DSM IV e a Classificação Internacional de Doenças(CID), a confirmação formal do diagnóstico de delirium para propósitos de pesquisa tem se tornado importante.A ênfase tem mudado para instrumentos diagnósticos mais sofisticados que maximizam a precisão diagnóstica e pode ser usado por clínicos treinados ou aplicadores não clínicos. A medição da severidade do delirium quando tenha sido diagnosticado, diferenciação de subtipos, descrição de delirium em crianças, e identificar novos subtipos de etiologias específicas (por ex. delirium induzido por opióides) são alguns dos desafios nessa área (3). Os instrumentos para avaliação de delirium têm sido agrupados em 5 categorias: 1-Testes que medem o déficit cognitivo, os quais normalmente são usados para o screening de delirium(tais como o Mini-Mental); 2-Instrumentos para o diagnóstico de delirium baseados nos critérios do DVSM-IV ou CDI, os quais são usados para para fazer um julgamento tipo sim/não na presença ou ausência de delirium(como o Método C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 28 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Delirium em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos Confusion Assessment Method (CAM) ou Método Avaliação de Confusão de Foi criada para ser utilizado na avaliação inicial de delirium por profissionais não treinados na área psiquiátrica. Contém 9 itens derivados do DSM III R e traduzidos para linguagem de fácil compreensão. Estes são: (1) início agudo e flutuação dos sintomas, (2) distúrbio da atenção, (3) pensamento desorganizado, (4) alteração do nível de consciência, (5) desorientação, (6) prejuízo da memória, (7) distúrbio da percepção, (8) agitação ou retardo psicomotor e (9) alteração do ciclo sono-vigília. Não há escore na sua realização, e sim respostas afirmativas ou não de cada item, baseados na observação direta ou entrevista do avaliador. A partir destes 9 critérios, foi composto um algoritmo no qual a presença dos critérios (1) e (2) associada ao critério (3) ou (4) estabelece o diagnóstico de delirium pelo CAM. No estudo de validação o CAM mostrou altos índices de sensibilidade, especificidade e confiabilidade (90,0%100,0%, 90,0%-95,0% e k ≥ 0,80, respectivamente). É um dos instrumentos mais utilizados na investigação de delirium. Foi validado para língua portuguesa, sendo que esta versão pode ser utilizada como método auxiliar no diagnóstico de delirium em pacientes brasileiros idosos (norma), segundo recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Essa escala foi recentemente validada para ser usada em unidades de cuidados paliativos, sendo um bom instrumento para o screening de delirium, mas sua performance é dependente das habilidades do aplicador (32).De todos os profissionais dos cuidados de saúde, a equipe de enfermagem tem um nível único e privilegiado de contato com pacientes deliriosos, seja em termos de proximidade e consistência durante qualquer período das 24hs. A equipe de enfermagem pode, portanto, observar sintomas deliriosos ou ´sundowning` quando B r a s i l e i r a 29 Cuidados Paliativos de Avaliação de Confusão-CAM); 3- Escalas de pontuação numérica delirium específica, os quais atribuem escores que podem ser usados para avaliar acurácia do diagnóstico ou estimar a severidade do delirium(tal como a Delirium- Rating Scale); 4- Escalas de avaliação de severidade do delirium (como a Memorial Delirium Assessment Scale); e 5- Exames laboratoriais e paraclínicos para correlacionar os achados fisiológicos com o delirium(a participação precisa desses testes no e screening, diagnóstico, e severidade têm de ser ainda completamente determinada. R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s eles mais comumente ocorrem: ao entardecer ou à noite. A despeito de deterem essa vantagem singular para detectar delirium, sem uma sistematização na abordagem da avaliação, os enfermeiros, frequentemente , não fazem o diagnóstico de delirium, especialmente o subtipo hipoativo (33). Especialmente à beira do leito, o uso do CAM pelo corpo de enfermagem previamente treinado pode ser de grande utilidade para o diagnóstico precoce de delirium.Quando confrontado com delirium no paciente criticamente enfermo ou moribundo, o clínico deveria sempre formular o diagnóstico diferencial da etiologia. Existe um debate em andamento com relação a extensão de quão apropriado é a avaliação diagnóstica que deveria ser realizada em pacientes moribundos com delirium terminal(3). 6-Diagnóstico Diferencial Muitos dos achados clínicos e sintomas do delirium podem ser associados com outras desordens psiquiátricas, tais como depressão, mania, psicose e demência. Por exemplo, pacientes deliriosos não raramente exibem distúrbios emocionais como ansiedade, medo, depressão, irritabilidade, raiva, euforia,apatia, e labilidade emocional (3). Delirium, particularmente, o subtipo hipoativo, é em geral, no início, falsamente diagnosticado como depressão. Sintomas de depressão maior incluindo nível alterado de atividade (hipoatividade), insônia, reduzida habilidade para se concentrar, humor deprimido, e ainda ideação suicida, pode se sobrepor com sintomas de delirium, fazendo um diagnóstico acurado mais difícil. Para distinguir delirium de depressão, particularmente no contexto de uma doença avançada, uma avaliação do início e a sequência temporal dos sintomas depressivos e cognitivos são particularmente úteis. É importante notar que o grau de comprometimento cognitivo é mais severo e persistente no delirium que na depressão, com um início temporal mais abrupto. Além disso, no delirium, os distúrbios da capacidade de alerta e da consciência, estão presentes, enquanto geralmente não estão na depressão. Similarmente, um episódio maníaco pode compartilhar achados de delirium, especialmente os subtipos misto e hiperativo. Novamente o início temporal e o curso dos sintomas, a presença do distúrbio da consciência bem como da cognição, e a identificação de uma etiologia médica presumida no delirium são úteis em diferenciar essas condições (3). Delirium que se apresenta com alucinações vívidas e ilusões devem ser distinguidas de uma variedade de desordens P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) psicóticas. No delirium, tais sintomas psicóticos ocorrem no contexto de um distúrbio da consciência, acompanhado também, por comprometimento da memória e desorientação, o que não acontece com as desordens psicóticas. Delírios no delirium tendem a ser pobremente organizados e de início abrupto, e as alucinações são predominantemente visuais ou tácteis, enquanto que na esquizofrenia são auditivas e o desenvolvimento desses sintomas no contexto de uma doença avançada fala mais a favor de delirium. Entretanto, o mais comum diagnóstico diferencial é se o paciente tem delirium ou demência ou se delirium concomitante com demência. Ambos, delirium e demência, são comprometimentos cognitivos e compartilham achados clínicos comuns tais como déficit de memória, pensamento, julgamento, e desorientação. O paciente com demência está em alerta e não tem distúrbio da consciência ou da vigilância que são característicos do delirium. O início temporal dos sintomas dos sintomas na demência é mais subagudo e cronicamente progressivo, e o ciclo sono-vigília parece estar menos prejudicado. Os achados mais proeminentes na demência são as dificuldades coma memória de curto e longo prazo, comprometimento de julgamento, e pensamento abstrato, bem como distúrbios das funções corticais superiores(como afasia e apraxia). A reversibilidade do processo de delirium é frequentemente possível no paciente com doença avançada; entretanto, pode não ser reversível nas últimas 24-48hs. 7-Intervenções Não Farmacológicas Dentre as abordagens não farmacológicas do delirium (tabela 11), a primordial seria a prevenção, uma vez que há evidências de associação desta síndrome com maior mortalidade, morbidade, declínio das funções cognitivas, bem como institucionalização e custos em sistemas hospitalares. O monitoramento clínico adequado, assim como os treinamentos e cuidados por equipes multidisciplinares, incluindo enfermagem, clínicos, psiquiatras, neurologistas podem ser eficientes, na profilaxia do delirium. Também tem se enfatizado oferecer ao idoso hospitalizado circunstâncias ambientais que facilitem a reorientação do paciente como atitudes extremamente benéficas no tratamento não medicamentoso desta síndrome. Para o tratamento adequado da causa de base e intervenções não farmacológicas pertinentes, deve haver evidências clínicas de que a alteração cognitiva é conseqüência direta de uma condição médica; havendo necessidade de uma avaliação clínico-laboratorial, cuidadosa e abrangente, de R e v i s t a B r a s i l e i r a d e múltiplos fatores, possivelmente, etiológicos. Dentre as quatro razões mais comuns para a ocorrência do delirium no ambiente hospitalar seriam, segundo Inouye (34), em ordem decrescente, a 1)iatrogenia por medicamentos facilitadores de Delirium, 2) a falha no reconhecimento precoce deste estado agudo confusional, 3) atitudes errôneas ou negligentes para o cuidado das pessoas idosas, 4) a redução por razões econômicas, do número de funcionários habilitados para o cuidado dos pacientes mais idosos. Detectar e, possivelmente, intervir em fatores de risco é essencial para reduzir o início do quadro e portanto,uma maneira eficaz para a prevenção e tratamento. Em que se pese o delirium a prevenção pode ser a mais importante das intervenções e pode se dividir em primária representando a introdução de medidas para diminuir incidência. A secundária objetiva diminuir a gravidade e a morbidade imediatas e a terciária procura enfrentar as conseqüências de longo prazo da enfermidade. Há um consenso, que o manejo começa com a educação dos profissionais envolvidos para identificação de sinais e sintomas bem como estratégias para prevenção. Dutra (35),enumera as principais intervenções preventivas no manejo do delirium: Intervenção aguda: 1-Supervisão constante do estado mental pela enfermagem associada às equipes médicas, de fisioterapia e de fonoaudiologia; 2-Identificar fatores etiológicos; 3-Avaliar estado psiquiátrico do paciente e estimular psicoeducação com equipe hospitalar e familiares; 4-Revisão sistemática da medicação (reavaliação de sua manutenção ou retirada), avaliação de eletrólitos, hidratação e nutrição. Intervenção ambiental: 1- Remoção de objetos perigosos próximos ao paciente; 2-Visitas breves, mas constantes de familiars e suportes como relógios, fotos de entes queridos, calendários, comunicação clara e concisa, bem como ambiente, adequadamente, iluminado que pode ajudar na localização temporo-espacial e reduzir atividade alucinatória visual; 3-Encorajar padrões de horário para regular sono bem como a manutenção de ambientes calmos; 4-Estar atento para alterações do comportamento que impliquem em agressão para si e terceiros; 5-Em caso de mobilização, fazer procedimento adequado e respeitar normas, com cautela para evitar danos ao paciente; e cogitar a possibilida de contenção química. C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) 30 2010 Revista Brasileira de Cuidados Paliativos Delirium em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos 31 Cuidados Paliativos Intervenções de apoio, somáticas e de planejamento pós delirium: 1-Amenizar desconforto somático (analgesia adequada ou alívio de outro sintoma); 2-Estar atento aos efeitos adversos das medicações utilizadas para a alteração do comportamento (neurolépticos, benzodiazepínicos); 3-Estar atento para as funções hepática e renais, evitando alteração na farmacocinética e dinâmica da medicação, bem como estado nutricional do paciente; 4-Evitar iatrogenias que provocam piora na evolução como: quedas, úlceras de decúbito, constipação intestinal, perda do controle da urina, cuidados na colocação de cateter, desidratação, desnutrição, aspiração devido à dificuldade na deglutição; 5-Psicoeducação. Terapias não farmacológicas são importantes, mas elas sozinhas não são, frequentemente, suficientes para controlar os sintomas do delirium, e o tratamento sintomático com medicações neurolépticas e /ou sedativas podem ser necessárias. O objetivo do tratamento farmacológico é reduzir o desconforto e estresse, além do comportamento de risco perigoso (por exemplo, agitação e alucinações). É importante ressaltar que essas medicações não tratam o delirium, nem revertem as causas etiológicas subjacentes.No tratamento de delirium faltam guidelines baseadas em evidência bem estabelecidas. A maioria dos especialistas considera o haloperidol, um antipsicótico de alta potência, como o tratamento de primeira linha no tratamento do delirium em pacientes criticamente enfermos e naqueles com doenças avançadas (3,36,37,38). Guidelines sugerem que em idosos e em pacientes com delirium suave a moderadamente agitado, haloperidol pode ser iniciado com baixa dose, 0.5-1.0 mg duas a três vezes ao dia até a obtenção do efeito(melhora na paranóia, agitação e medo).Mas, o haloperidol pode ser administrado na mesma dosagem acima a cada 45-60 minutos(VO, IM, SC e IV) até a resolução dos sintomas. A via intravascular pode facilitar o início rápido dos efeitos da medicação. Se o acesso venoso não está disponível, pode-se começar com administração IM ou SC e mudar para oral quando possível.A maioria dos pacientes conseguem ser tratados com haloperidol oral.As doses parenterais são aproximadamente duas vezes mais potentes que as orais. A dose de haloperidol não deveria exceder 24 mg nas 24 horas. Em pacientes jovens, sem doença hepática, doses intramusculares de 5-10mg têm sido usadas para controlar comportamentos agressivos perigosos causados por diferentes desordens psiqui- átricas. Em um estudo(39) com 54 pacientes com delirium do tipo hiperativo portadores de câncer, mostrou que haloperidol em baixas doses(media de 2.5-5mg) foi usado em 61% dos pacientes, doses intermediárias(média de 15mg) foi usada em 32% e doses altas(média de 30mg) em apenas 7% . Isso mostra a necessidade de titulação da dose. Antipsicóticos mais novos e atípicos têm sido usados para tratar delirium. Doses de risperidona são normalmente baixas(por volta de 1mg/dia), enquanto olanzapina tem sido administrado em doses que variam de 4.5-8.2mg/dia. A quetiapina foi administrada em um pequeno número de pacientes com doses que variaram de 25-75mg/dia. A risperidona pode ser iniciada em pacientes idosos com uma dose de 0.25mg duas vezes ao dia, olanzapina com uma dose de 1.25-2.5mg/dia, e quetiapina com uma dose de 12.5mg-50mg/dia. Essas drogas foram tão efetivas quanto baixas doses de haloperidol em vários estudos (3,38). Os neurolépticos mais antigos fenotizínicos (promazina, levopromazina e clorpromazina) são raramente usados em delirium devido aos seus efeitos anticolinérgicos.Levopromazina é um fenotiazínico com fortes propriedades sedativas, o qual está disponível, com formulação parenteral, em alguns países. É usado para obter sedação na prática de cuidados paliativos em centros dos EUA e UK, também via administração subcutânea. Um efeito colateral muito raro, mas que ameaça a vida, é a síndrome neuroléptica maligna que se manifesta por catatonia, rigidez, e hiperpirexia.Os neurolépticos novos usados em pacientes idosos para tratar comportamento agressivo nos que são portadores de demência têm sido associados com um risco aumentado de acidente vascular cerebral e mortalidade(40). Todas as drogas antipsicóticas típicas, especialmente aqueles com baixa potência (ex. clorpromazina e tiaridozina) e algumas drogas antipsicóticas atípicas têm efeitos que mimetizam a quinidina, e podem induzir o prolongamento do intervalo QT e arritmia cardíaca. Um cardiograma de base é necessário. Quando um prolongamento substancial do intervalo QT é observado (ex. >450ms ou um aumento de 25% comparado com ECG prévio), o antipsicótico deve ser suspenso. É importante mencionar que todos os antipsicóticos típicos e atípicos podem causar delirium. Os benzodiazepínicos têm sua participação, de maneira isolada, ou em combinação com outras drogas tais como o haloperidol e clonidina, mais especificamente na síndrome de abstinência alcoólica. Em tosos os outros casos, a menos que sedação seja especificamente desejada, os benzodiazepínicos deveriam ser evitados, porque eles aumentam a freqüência e pioram os sintomas do delirium (38). B r a s i l e i r a P a l i a t i v o s Intervenções Farmacológicas R e v i s t a 2010 d e C u i d a d o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Nos casos de delirium agitado refratário a terapia neuroléptica, é comum na prática clínica acrescentar uma medicação sedativa não-neuroléptica para controlar a agitação, as alucinações, e o comportamento perigoso. Os benzodiazepínicos podem ser úteis nessa situação, sendo o lorazepam a droga de primeira linha. Lorazepam pode ser dado nas doses de 2mg IV ou IM, a qual pode ser repetida após um período seguro de 15-30 minutos após administração venosa e 60 minutos após administração intramuscular. O uso de dores maiores requer o monitoramento e disponibilidade de aparelho para intubação orotraqueal e ventilação mecânica, além de profissional com experiência.No delirium por abstinência alcoólica é comum associar haloperidol ao lorazepam na tentativa de obter uma tran- quilização sem sedação excessiva. Nos pacientes refratários aos neurolépticos e sedativos pode-se, eventualmente lançar mão de medicações antihistamínicas e agonistas alfa-2-adrenérgico. A tentativa de normalizar o tempo de sono noturno é um objetivo e desafio nos casos de delirium hiperativo ou misto. O sono noturno está geralmente perturbado na maioria dos casos dos pacientes com delirium, e agitação com comportamento perturbador pode ocorrer à noite complicando a insônia. Caso o uso de haloperidol não seja suficiente para acalmar o paciente, pode-se substituir o haloperidol por quetiapina ou adicionar prometazina. Se a sedação obtida com benzodiazepínicos não é profunda e contínua de maneira adequada, o risco de piora do delirium é substancial. Referências Bibliografias 1-Harris D.Delirium in advanced disease. Post Med J 2007;83:525-528. 2-Leonrad M;Agar M;Mason C;Lawlor P. Delirium issues in palliative care settings.Journal of psychosomatic research 65 (2008) 289-298. 3-Breitbart W, Lawlor P and Friedlander M. 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Terminal Delirium: families` experience. Palliative Medicine. 2007;21:587-594. R e v i s t a B r a s i l e i r a d e C u i d a d o s P a l i a t i v o s 2 0 1 0 ; 3 ( 2 ) Referencias Bibliográficas: 1) Aapro M, Johnson J. Chemotherapy-induced emesis in elderly cancer patients: the role of 5-HT3-receptor antagonists in the first 24 hours. Gerontology. 2005 Sep-Oct;51(5):287-96. EMEND® (aprepitanto), MSD. INDICAÇÕES: EMEND® em associação com outros antieméticos, é indicado para a prevenção de náuseas e vômitos agudos e tardios associados a ciclos iniciais e repetidos de quimioterapia antineoplásica altamente e moderadamente emetogênica CONTRA-INDICAÇÕES: pacientes com hipersensibilidade a qualquer componente do produto. EMEND® não deve ser administrado concomitantemente com pimozida, terfenadina, astemizol ou cisaprida pois pode causar aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos, o que pode causar reações graves ou potencialmente fatais. ADVERTÊNCIAS: A administração concomitante de EMEND® com varfarina resulta na diminuição do tempo de protrombina, expresso como INR (Razão Normatizada Internacional); nesses casos, o tempo de protrombina deve ser atentamente monitorado para estabelecer e manter a dose necessária de varfarina após o término do esquema de 3 dias com EMEND® em cada ciclo de quimioterapia. A eficácia dos contraceptivos orais durante a administração crônica de EMEND® pode ser reduzida; portanto, deve-se adotar um método contraceptivo alternativo ou adicional. Gravidez: não há estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas, portanto EMEND® deve ser usado durante a gravidez apenas se o benefício potencial justificar o possível risco para a mãe e o feto. Nutrizes: o aprepitanto é excretado no leite de ratas em fase de amamentação, mas não se sabe se esse fármaco é excretado no leite humano; em razão dos possíveis efeitos adversos de EMEND® em crianças lactentes, a decisão entre parar a amamentação ou descontinuar a administração do medicamento deve ser tomada levando-se em conta a importância do uso do medicamento para a mãe. Uso pediátrico: ainda não foram estabelecidas a segurança e a eficácia de EMEND® em pacientes pediátricos. Uso em idosos: em estudos clínicos, a eficácia e a segurança de EMEND® em idosos (≥65 anos de idade) foram equivalentes às observadas em pacientes mais jovens (<65 anos). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: EMEND® deve ser usado com cautela em pacientes tratados concomitantemente com medicamentos metabolizados principalmente pela CYP3A4, pois pode causar aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos; EMEND® não deve ser administrado concomitantemente com pimozida, terfenadina, astemizol ou cisaprida, medicamentos metabolizados pela CYP3A4, pois a inibição dessa isoenzima pelo aprepitanto pode resultar em aumento das concentrações plasmáticas desses medicamentos, o que pode causar reações graves ou potencialmente fatais. É improvável que ocorra interação de EMEND® com fármacos que são substratos para o transportador da glicoproteína P, conforme demonstrado pela ausência de interação de EMEND® com a digoxina em um estudo clínico de interações medicamentosas. Antagonistas da 5-HT3: em estudos clínicos de interações medicamentosas, o aprepitanto não apresentou efeitos clinicamente importantes sobre a farmacocinética da ondansetrona ou granisetrona. Corticosteróides: dexametasona: os esquemas de 125 mg de EMEND® concomitantemente com 20 mg por via oral (VO) de dexametasona no dia 1 e 80 mg/dia de EMEND® concomitantemente com 8 mg VO de dexametasona dos dias 2 ao 5 aumentaram 2,2 vezes a AUC da dexametasona, um substrato da CYP3A4, nos dias 1 e 5. As doses orais usuais de dexametasona devem ser reduzidas cerca de 50% quando administradas concomitantemente com EMEND®. Metilprednisolona: a administração de 125 mg de EMEND® no dia 1 e 80 mg/dia nos dias 2 e 3 (esquema convencional com o aprepitanto) aumentou a AUC da metilprednisolona, um substrato da CYP3A4, 1,3 e 2,5 vezes nos dias 1 e 3, respectivamente, quando administrada concomitantemente nas doses de 125 mg (IV) no dia 1 e de 40 mg (VO) nos dias 2 e 3. A dose usual de metilprednisolona IV e VO deve ser reduzida cerca de 25% e 50%, respectivamente, quando administrada concomitantemente com EMEND®. Quimioterápicos: em estudos clínicos, EMEND® foi administrado com etoposídeo, vinorelbina, docetaxel e paclitaxel (metabolizados principal ou parcialmente pela CYP3A4). Demonstrou-se que o aprepitanto induz o metabolismo de substâncias metabolizadas pela CYP2C9; a administração concomitante de EMEND® com esses fármacos ou outros que são sabidamente metabolizados pela CYP2C9, tais como a fenitoína, pode resultar em diminuição das concentrações plasmáticas desses fármacos. Varfarina: Embora não tivesse sido observado efeito de EMEND® sobre a AUC plasmática de R(+) ou S(-) varfarina (um substrato da CYP2C9) no dia 3, ocorreu diminuição de 34% da concentração mínima de S(-) varfarina, e diminuição de 14% do tempo de protrombina (expresso como INR), 5 dias após o término da administração de EMEND®. Tolbutamida: a AUC da tolbutamida (um substrato da CYP2C9) diminuiu em 23% no dia 4, 28% no dia 8 e 15% no dia 15 quando uma dose única de 500 mg de tolbutamida foi administrada oralmente antes da administração de um esquema de três dias de EMEND® e nos dias 4, 8 e 15. Contraceptivos orais: a administração de cápsulas de 100 mg de aprepitanto uma vez ao dia por 14 dias com um contraceptivo oral contendo 35 mcg de etinilestradiol e 1 mg de noretindrona diminuiu a AUC do etinilestradiol em 43% e da noretindrona em 8%. Os possíveis efeitos do aumento da concentração plasmática do midazolam ou de outros benzodiazepínicos metabolizados pela CYP3A4 (alprazolam, triazolam) devem ser considerados quando esses agentes forem administrados concomitantemente com EMEND®. Em outro estudo, no qual se administrou 2 mg de midazolam IV antes da administração do esquema de três dias de EMEND® e nos dias 4, 8 e 15, EMEND® aumentou a AUC do midazolam em 25% no dia 4 e diminuiu a AUC do midazolam em 19% no dia 8 referente à dose de EMEND® dos dias 1 a 3. Esses efeitos não são considerados clinicamente importantes e a AUC do midazolam no dia 15 foi semelhante à observada no período basal. O aprepitanto é um substrato da CYP3A4. Conseqüentemente, deve-se ter cuidado ao administrar EMEND® concomitantemente com inibidores potentes da CYP3A4. Além disso, a administração concomitante de EMEND® com fármacos que são indutores potentes da atividade dessa enzima pode resultar na diminuição das concentrações plasmáticas do aprepitanto, o que pode causar redução da eficácia de EMEND®. Cetoconazol: após a administração de dose única de 125 mg de EMEND® no 5º dia de um esquema de 10 dias de 400 mg/dia de cetoconazol, um potente inibidor da CYP3A4, a AUC do aprepitanto aumentou cerca de 5 vezes e sua meia-vida terminal média aumentou aproximadamente 3 vezes. Rifampicina: após a administração de uma dose única de 375 mg de EMEND® no 9º dia de um esquema de 14 dias de 600 mg/dia de rifampicina, um potente indutor da CYP3A4, a AUC do aprepitanto diminuiu cerca de 11 vezes e sua meia-vida terminal média diminuiu aproximadamente 3 vezes. Outras interações: diltiazem: em pacientes com hipertensão leve a moderada, a administração de dose única diária de aprepitanto na forma farmacêutica comprimido comparável a 230 mg da apresentação cápsula com 120 mg de diltiazem 3 vezes ao dia durante 5 dias resultou em aumento de 2 vezes da AUC do aprepitanto e aumento simultâneo de 1,7 vez da AUC do diltiazem. Esses efeitos farmacocinéticos não resultaram em alterações clinicamente significativas de ECG, freqüência cardíaca ou pressão arterial, além das alterações induzidas apenas pelo diltiazem. Paroxetina: a administração concomitante de dose única diária de comprimidos de aprepitanto na apresentação comprimido comparável a 85 mg ou 170 mg da apresentação cápsula com 20 mg de paroxetina 1x/dia resultou em cerca de 25% e 20% de diminuição da AUC e da Cmáx, respectivamente, tanto do aprepitanto como da paroxetina. REAÇÕES ADVERSAS: a maioria das experiências adversas relatadas em 2 estudos clínicos bem controlados que envolveram pacientes submetidos a quimioterapia antineoplásica altamente emetogênica, tratados com EMEND®, ondansetrona e dexametasona ou com terapia-padrão (ondansetrona e dexametasona), durante até 6 ciclos de quimioterapia, foi descrita como de intensidade leve a moderada. As seguintes experiências adversas relacionadas ao medicamento foram observadas em pacientes tratados com o esquema com aprepitanto a uma incidência maior do que a verificada nos indivíduos que receberam a terapia-padrão: Comuns (>1/100, <1/10): anorexia, cefaléia, soluços, constipação, diarréia, dispepsia, astenia/fadiga, ALT elevada, AST elevada. Incomuns (>1/1.000, <1/100): anemia, ganho de peso, desorientação, euforia, tontura, alteração dos sonhos, conjuntivite, zumbido, bradicardia, faringite, espirro, náusea, refluxo ácido, disgeusia, desconforto epigástrico, obstipação, doença do refluxo gastroesofágico, úlcera duodenal perfurada, vômitos, erupções cutâneas, acne, fotossensibilidade, poliúria, dor abdominal, edema, rubor, fosfatase alcalina elevada, hiperglicemia, hematúria microscópica, hiponatremia. O perfil de experiências adversas na extensão com ciclos múltiplos por até 6 ciclos de quimioterapia foi, em geral, semelhante ao observado no ciclo 1. Em outros estudos clínicos, foram relatados casos isolados de experiências adversas graves: síndrome de Stevens-Johnson (relatada em um paciente durante um outro estudo de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia) e angioedema e urticária (relatados em um paciente durante um estudo não-NVIQ). POSOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: EMEND® é administrado por 3 dias como parte de um esquema que inclui um corticosteróide e um antagonista da 5-HT3. A dose recomendada de EMEND® é de 125 mg VO 1 hora antes da quimioterapia (dia 1) e de 80 mg/dia na manhã dos dias 2 e 3. EMEND® pode ser tomado com ou sem alimentos. Não é necessário ajustar a dose de acordo com o sexo ou a raça. Também não é necessário ajuste de dose para idosos, pacientes com insuficiência renal grave (depuração de creatinina <30 ml/min) ou com doença renal em estágio terminal submetidos a hemodiálise, pacientes com insuficiência hepática leve a moderada (escore de Child-Pugh de 5 a 9). Não existem dados clínicos para pacientes com insuficiência hepática grave (pontuação de Child-Pugh >9). REGISTRO MS: 1.0029.0113. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Nota: antes de prescrever, EMEND® recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa para informações detalhadas sobre o produto. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Fevereiro/2010 A NÁUSEA E O VÔMITO SÃO OS EFEITOS ADVERSOS MAIS TEMIDOS PELOS PACIENTES EM QUIMIOTERAPIA.1 &RQWUDLQGLFDo}HVSDFLHQWHVFRPKLSHUVHQVLELOLGDGHFRQKHFLGDjKLGURPRUIRQDRXDTXDOTXHUXPGRVFRPSRQHQWHV GDIyUPXODHQRWUDWDPHQWRGDGRUDJXGDRXSyVRSHUDWyULD,QWHUDo}HV0HGLFDPHQWRVDVLQLELGRUHVGDPRQRDPLQR R[LGDVHDJRQLVWDVDQWDJRQLVWDVGDPRU¿QDGHSUHVVRUHVGR61&HEHELGDVDOFRyOLFDV 5HIHUrQFLDV%LEOLRJUi¿FDV+DOH0HWDO(I¿FDF\DQGWROHUDELOLW\RIRQFHGDLO\2526+\GURPRUSKRQHDQGWZLFHGDLO\H[WHQGHGUHOHDVHR[\FRGRQHLQSDWLHQWVZLWKFKURQLFPRGHUDWH WRVHYHUHRVWHRDUWKULWLVSDLQUHVXOWVRID:HHN5DQGRPL]HGRSHQODEHOQRQLQIHULRULW\DQDO\VLV&OLQLFDO7KHUDSHXWLFDOV,1)2&1+DQQD07KLSSKDZRQJ -DQGWKHVWXG\JURXS$UDQGRPL]HGGRXEOHEOLQGFRPSDULVRQRI2526K\GURPRUSKRQHDQGFRQWUROOHGUHOHDVHPRUSKLQHIRUWKHFRQWURORIFKURQLFFDQFHUSDLQ%0&3DOOLDW&DUH ,1)2&1 -XUQLVWDFORULGUDWRGHKLGURPRUIRQD)RUPDIDUPDFrXWLFDHDSUHVHQWDo}HVHPEDODJHPFRQWHQGRFRPSULPLGRVGHOLEHUDomRSURORQJDGDFRP 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GRVPRYLPHQWRVGDUHVSLUDomRSRGHRFRUUHUPDLVIUHTXHQWHPHQWHFRPGRVHH[FHVVLYDGHPHGLFDPHQWRVRSLRLGHVWDLVFRPRDKLGURPRUIRQDHPHVPRTXDQGR HPGRVHVPRGHUDGDVSRGHPGHSULPLUDUHVSLUDomRGHIRUPDSHULJRVD$GRULQWHQVDLQLEHRVHIHLWRVGDGL¿FXOGDGHGHUHVSLUDomRFDXVDGRVSHORVRSLRLGHV1R HQWDQWRVHDGRUSDVVDUGHUHSHQWHHVVHVHIHLWRVSRGHPYROWDUUDSLGDPHQWH6HYRFrLUiSDVVDUSRUXPDFLUXUJLDRXVHUiVXEPHWLGRDRXWUDVIRUPDVGH EORTXHLR GD GRU LQIRUPH DR PpGLFR TXH YRFr HVWi WRPDQGR -XUQLVWD SRLV R VHX XVR GHYH VHU LQWHUURPSLGR KRUDV DQWHV GR SURFHGLPHQWR 2 XVR FRQFRPLWDQWH GD KLGURPRUIRQD FRP RXWURV DQDOJpVLFRV RSLRLGHV SRGH DXPHQWDU R ULVFR GH LQVX¿FLrQFLD UHVSLUDWyULD 7UDXPDWLVPR FUDQLDQR H SUHVVmR LQWUDFUDQLDQDDXPHQWDGDDQDOJpVLFRVRSLRLGHVSURGX]HPHIHLWRVTXHSRGHPPDVFDUDURVVLQDLVQHXUROyJLFRVGHDXPHQWRVDGLFLRQDLVGDSUHVVmRQDFDEHoDHP SDFLHQWHVFRPWUDXPDQHVWDUHJLmR1HVWHFDVR-XUQLVWDVyGHYHVHUXWLOL]DGRTXDQGRIRUFRQVLGHUDGRHVVHQFLDOHHQWmRGHYHVHXVDUFRPH[WUHPDFDXWHOD 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Leve o paciente para o alívio da dor.1,2 Jornadas mais longas,* alívio constante1,2 $GPLQLVWUDomR~QLFDGLiULDYVR[LFRGRQDHPRU¿QDGHOLEHUDo}HV FRQWURODGDVDGPLQLVWUDGDVGXDVYH]HVDRGLD Revista Brasileira de Cuidados Paliativos