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Edição V Julho de 2010 Projeto Comunitário Distruibuição Gratuita em postos do bairro Por Rafael Junckes m uma mesa sim ples do escritório improvisado na Associação de Moradores do Bairro do Passo (AMBP), Adão Santiago Floriano, conversou com o Jornal Primeiro Passo sobre os primeiros meses na presidência da entidade, os desafios de sua gestão e as propostas para o futuro. No cargo desde 7 de janeiro, ele tem procurado melhorar a cada dia a vida dos moradores do bairro. Um prédio pintado recentemente, novas salas, roupas para doações, mesas e cadeiras novas. Adão Santiago iniciou seu mandato em meio a uma realidade bem diferente. Além da assolação física da AMBP, como vidros quebrados, canos obstruídos e banheiros sem condições de uso, existiam dívidas, o abastecimento de água estava interrompido e o IPTU atrasado desde Luana Raddatz E 1996, problema este que está em processo judicial em busca de uma solução favorável. A AMBP, que tem 25 anos de existência, surgiu do desejo dos próprios moradores em oferecer à comunidade, de acordo com seu estatuto, a melhora na “qualidade de vida de seus associados em geral, defendendo-os; organizando-os e desenvolvendo trabalho social junto aos idosos, jovens e crianças”, diz Adão Floriano. O presidente trabalha na conscientização de que a associação é de todos. Ressalta o papel importante que ela tem em uma comunidade que carece de assistência, recursos públicos e oportunidades. É por isso que, a entidade idealiza a oferta de cursos de capacitação, aulas para desenvolver aptidões musicais, entre outras ações que possibilitem o desenvolvimento intelectual dos moradores do Passo, garantindo qualificação para o mercado Luana Raddatz Uma nova Associação para novos tempos no Bairro Adão preocupa-se em trazer melhorias ao Passo de trabalho. Atualmente, o papel da AMBP é importante em ações pontuais à comunidade. Em seu espaço físico são realizados serviços assistenciais às famílias como a doação de roupas, por exemplo. A sede é cedida para a prefeitura três vezes ao mês, seu espaço é utilizado pelo Posto de Saúde da Família (PSF) que realiza atendimento à comunidade. Mensalmente, a Pastoral da Família também desenvolve Reformas na sede da Associação integram a comunidade ações de assistência, pesagem e acompanhamento nutricional nas crianças em famílias carentes. Recomeço Maria de Lourd es Ferraz, uma das várias pessoas engajadas na construção da associação lembra que no inicio “todos cooperavam bastante. Fazia-se, por exemplo, campeonatos de truco para o pagamento da conta de energia elétrica. Também tínhamos o atendimento de médicos e dentistas, e tudo de graça”, ela conta que no começo, toda a comunidade se esforçou para ver a AMBP progredindo. Antes de ocupar o prédio atual, a sede da associação era uma pequena sala, localizada na praça do bairro, “as pessoas trabalharam muito para que as coisas descem certo”. Maria de Lourd es prossegue afirmando que “Adão Soares, o primeiro presidente da associação, empenhava-se muito para garantir seu funcionamento”. Aos poucos, as coisas têm novamente melhorado, fruto de doações a associação possui um nebulizador, um aparelho para aferimento da pressão arterial e também uma balança de pesagem, aparelhos para uso em atendimentos médicos. Duas vezes no mês, dois cabeleireiros do bairro dispõem-se gratuitamente a fazerem cortes de cabelo. Há também um massagista que todas as quintas-feiras realiza massagens terapêuticas. Quem é sócio da associação, e colabora com o valor simbólico de R$ 2,00 utilizados no pagamento das despesas fixas, possui benefícios. É possível ganhar descontos exclusivos em alguns estabelecimentos. Uma farmácia, um disk-gás, um táxi e um cabeleireiro, além de um escritório de assessoria jurídica. Com um programa de rádio semanal – que vai ao ar na estação 101.5 FM todos os sábados das 14h as 16h – a associação ganha voz ativa, colaborando com informações úteis ao bairro. Faz a divulgação de eventos e ações que serão realizadas na semana, além de auxiliar aos moradores compartilhando suas solicitações, auxiliando na resolução de pedidos e contribuindo com toda a comunidade. A comunidade pode sugerir, participar, trabalhar voluntariamente e contribuir assim para a assistência dos necessitados, transformando a realidade de muitas pessoas e tornando a AMBP uma organização ágil e ativa. 2 Editorial A Associação de Moradores do Bairro está de cara nova. O Jornal Primeiro Passo também: estamos retornando com a equipe renovada, para mais uma vez, mostrarmos as iniciativas e as ações de moradores e profissionais do bairro. O trabalho das líderes da Pastoral da Criança e dos profissionais que cuidam da saúde das famílias do bairro está retratado nesta edição, ao lado de textos que falam sobre o respeito ao próximo, a ajuda mútua, através de atitudes comunitárias, a perspectiva de quem está prestes a decidir o que fazer após o ensino médio, ou que discutem questões de utilidade pública, apontam os pontos positivos como gestos simples de conservação da limpeza e os negativos como os cães que andam à solta pelas ruas do bairro, sem nenhum controle de seus donos. Enfim, nosso Primeiro Passo é uma maneira voluntária de informar e promover a comunidade do Passo e tudo aquilo que ela tem a oferecer para quem reside no bairro ou mesmo fora dele e apenas deseja conhecer a história desta comunidade, ações e projetos que tanta gente está fazendo. Reforçamos, com esta quinta edição, o convite para que participemos da democracia de um jornal comunitário, que vem se firmando como jornal popular e ganhando status de mídia alternativa na cidade de São Borja. Temos todos nós, estudantes de jornalismo, professores, lideranças comunitárias, moradores em geral, a absoluta consciência de que estamos dando apenas um Primeiro Passo. Mas um Passo decisivo, indispensável mesmo, na direção de valorizar a voz de quem vive nestas comunidades e auxiliar essa gente a construir um futuro de bemestar a todos, através da consciência de sua participação cidadã. FALA AGORA A saga de estrangeiros em terras desconhecidas Por Roberto Ferreira Cezar da Silva, morador do bairro do Passo, fotografa o altar em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes localizado no Cais do Porto. Cezar considera a imagem como ponto turístico de São Borja que merece reconhecimento e divulgação. Envie você também a foto que você quer publicar para o e-mail [email protected] Boca miúda Moradores dizem sentir falta de uma área de lazer para a prática de esportes e outras atividades recreativas. Uma vez que os locais existentes para essas atividades não se encontram no bairro. Mães lembram que a praça e seus brinquedos estão mal preservados, e também que seus arredores necessitam de uma melhor conservação como o corte da grama e cuidado com os cães na areia, que colocam em risco as crianças. Resid entes do bairro afirmam que o porto está sendo bem administrado, preservado e encontra-se em ótimas condições para ser utilizad o pelos moradores de São Borja. Outro ponto positivo ressaltado é o GIAMA, instituição que presta assistência a crianças e ad olescentes do bairro; também é comentado positivamente o trabalho da creche. Altos e Baixos Positivo para os moradores que aparam a grama de seus quintais e mantêm sob controle o crescimento de plantas e árvores. Negativo para a pichação de monumentos públicos, como os existentes na Praça Assis Brasil. Liberdade de expressão não é isso. Expediente O Projeto do Jornal Primeiro Passo é uma iniciativa comunitária, de moradores do bairro, estudantes e profissionais de Jornalismo de São Borja e da Unipampa, criado em outu- Chegamos à rodoviária de São Borja. Eu, Roberto Ferreira, paraibano, Letícia Ribeiro e Fabyana Oliveira, paulistas. Foi nosso primeiro contato. Embarcamos no táxi, falamos para o motorista que o nosso destino era o bairro do Passo. A primeira tentativa para o descanso foi quando chegamos a um hotel, onde fomos bem recebidos. Sem dinheiro, o proprietário não permitiu nossa presença no estabelecimento. Como era tarde da noite, percorremos a pé a Avenida Júlio Tróis, com as mochilas nas costas. Cansados da viagem, famintos, enfim exaustos, solicitamos para as pessoas que nos ajudassem a carregar as mochilas até chegar um segundo hotel onde alegaram não haver mais vagas. De repente, surge a proprietária do hotel indo para sua residência, sem alternativa corremos atrás desla. Batemos em sua porta três vezes e pedimos um lugar para dormir. Ela entendeu nosso caso, com ar de deconfiança, nos ofereceu alimentação, além do esperado lugar para podermos descansar. Pela manhã, esta senhora nos serviu café, chamou um táxi e não cobrou nada por isso. Enfim, chegamos ao campus da Unipampa e efetuamos nossas matrículas. Conseguimos uma casa, através da indicação de uma moça que conhecemos no corredor da universidade. Agora tínhamos um lugar para parar, porém sem móveis e eletrodomésticos. A colega deu a ideia de realizarmos um chá de panela para angariarmos os utensílios. Vizinhos, colegas da universidade e amigos participaram desse encontro, que superou nossas expectativas. Conhecemos um funcionário dos correios no bairro com quem conversando e explicitamos a situação do nosso grupo. Descobrimos que ele residia próximo à nossa casa. Ele nos levou para conhecer a sua família, doou alguns móveis e uma televisão, além de levar-nos ao mercado, onde ele comprou mantimentos e nos repassou dinheiro para nos mantermos. Dessa forma, agradecemos a hospitalidade desta cidade. Não é nada fácil para uma pessoa que vem pela primeira vez em um lugar desconhecido. Esta é uma oportunidade de conhecer outros horizontes, trocar experiências e viver outras culturas. Só quem percorreu este trajeto para chegar aqui conhece os percalços e as dificuldades vividas nesses últimos dias. Somos três pessoas, de estados diferentes, que nunca nos vimos e nunca tivemos contato nenhum. A universidade também serve para isso, para integrar pessoas, abrir o leque de amizades, a fim de um objetivo de receber o conhecimento em busca da realização de um sonho. bro de 2008 como projeto de ensino e depois ampliado como projeto de extensão. Iniciativa em jornalismo comunitário, sem fins lucrativos. Redação: rua Ver. Alberto Benevenuto, 3200, São Borja, RS, 97.670-000. Jornalista responsável: Prof. Dr. Geder Parzianello, Reg. Prof.nº 7694. Colaboradores desta edição: Aline Sant’ana, Beatriz Wardzinski, Gian Fachini, Manuella Sampaio e Tamara Finardi. Edição: Luana Raddatz. Chefia de reportagem: Rafael Junckes. Revisão: Suelen Soares. Periodicidade: semestral. Quinta edição. Julho 2010. Tiragem: 1000 exemplares. 3 GENTE QUE FAZ Tia Lourdes e o amor pela cozinha om amor pelo que faz, Maria de Lourdes Ferraz, cozinhando há mais de 35 anos, dona de um bar no Porto do bairro do Passo, vai levando a vida e produzindo sua especialidade: o peixe, seja ele frito, acompanhado de molho forte ou tipo aperitivo. Logo que chegou ao Porto, sua única alternativa para a sobrevivência, foi abrir um estabelecimento comercial na atividade que sabia fazer. A localização era muito favorável e os estabelecimentos concorrentes eram poucos. Assim que começou a trablhar, existiam apenas outros dois bares, hoje, já somam quase vinte. No início Maria de Lourdes oferecia também produtos trazidos da Argentina, “vendíamos de tudo, C produtos alibalho do pai, mentícios, de pescador no higiene e rio Uruguai. muitas outras Maria de coisas”. E foi Lourdes foi, assim que ela assim, adquipôde adquirindo os corir a casa em nhecimentos que mora, a que hoje exresidência era plora na sua alugada e cozinha. graças ao diPara nheiro propreparar o porcionado peixe, ela gapelo bar e rante que pela venda Tia Lourdes prepara o peixe com carinho e dedicação “não tem sedos produtos gredo; para importados, ela teve o direi- renda na região, abrir o bar deixá-lo bom basta a prátito de chamá-la de própria. ca, olho no fogo e atenção à foi a única saída. Um ano depois de ir Tia Lourdes, hoje com temperatura do óleo”, exmorar no Porto, Maria já es- 65 anos, mora desde 1974 na plica, mas além disso, consitava com o bar funcionan- mesma casa localizada no dera que é necessário “fazer do, assim podia unir suas ha- Porto. É de lá que sai, para com amor e também gostar bilidades conquistadas ao alguma mesa, sua receita tra- de peixe”. longo do tempo com a co- dicional: a posta de peixe Maria de Lourdes avamodidade de sua casa. Mais com molho agrio. lia que hoje fatura bem mepor falta de opção do que O gosto pelo peixe nos do que antes e conta escolha ou desejo, ela conta surgiu observando sua mãe, porquê: “é que os clientes tique naquela época era muito que já trabalhava como co- nham menos opções, eram difícil ter uma boa fonte de zinheira, e admirando o tra- obrigados a frequentar os Rafael Junckes Por Rafael Junckes mesmos lugares. Agora eles deixaram de ser tão fiéis” ela percebe que o cliente já não vê a necessidade de ir ao mesmo lugar sempre, podendo escolher entre as várias opções que o próprio Porto oferece. Outra questão que ela ressalta é quanto ao faturamento de seu estabelecimento em função das enchentes. Nesse assunto, a entrevistada é cautelosa e diz que aceita o que vem da natureza, chamando a atenção para a responsabilidade que os homens têm nessas enchentes: “nós que invadimos o espaço da natureza. Isso tudo aqui era rio e foi aterrado” afirma, apontando para a área construída do Porto. Nesses períodos de enchentes, bastantes comuns no bairro, ela se vê obrigada a deixar sua casa e partir para uma casa alugada ou morar de favor na residência de algum conhecido. Edgar Lucena e o meio ambiente Um homem que cuida da natureza como ouro”, assim Lia Moreira, moradora do bairro do Passo e que presenciou as ações de Edgar Lucena a favor da preservação do meio Ambiente, define este homem e seu exemplo. Ex fuzileiro Naval, Edgar Lucena tem seu esforço reconhecido em toda a cidade. Entre as ações que realiza, Lucena é também o representante da Comunidade na Comissão Permanente de Avaliação da Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja, sediada no bairro. Ele foi o fundador do Comando de Defesa da “ Natureza, grupo que integrou durante 14 anos crianças e adolescentes para preservar o meio ambiente. Acampamento, plantio de árvores e conservação da barranca do Rio Uruguai fizeram parte da rotina daqueles que integravam o Comando. A equipe chegou a ter cerca de 80 participantes entre 10 e 17 anos e e encerrou as atividades devido a dificuldades financeiras da instituição e problemas de saúde do líder. As irmãs Lucena dedica Jaqueline e Sinara da Silva Fortes contam que os jovens tinham regras de conduta e precisavam ter bom desempenho na escola. “Os que faziam Comando hoje são profissionais e nenhum se desviou para as drogas ou marginalidade”, afirma Jaqueline, orgulhosa dessa evidência. Lucena conta, emocionado, a história de um dos meninos que roubava na vizinhança, mas no Comando realizava as atividades com dedicação. “Sabia que ele aprontava na rua, um dia estávamos em reunião e chegou um senhor, que parecia ser bem financeiramente, p e rg u n t an d o por ele, então eu perguntei qual era o problema e ele contou que esse menino o procurou para Luana Raddatz Por Luana Raddatz a vida à família e à natureza entregar o celular que o senhor tinha perdido. Coisas como essas são o melhor retorno que eu posso ter”, recorda. Sinara revela que tem planos junto a outros antigos integrantes do Comando, de retomar as ações no final do ano. Dependem de uma sede para as atividades e de infraestrutura básica. “Eu gostaria de ver os nossos filhos participando, o grupo nos tornou mais cidadãos”, garante. Natural de Caxias do Sul, Lucena considera São Borja sua cidade e demostra carinho especial pelo bairro do Passo. “Já morei em vários outros lugares. Posso destacar as pessoas daqui como o melhor do bairro”, diz ele. 4 PARA VOCÊ Com a palavra: o profissional Por Suelen Soares s acidentes domés ticos são facilmen te previsíveis, podendo por isso serem evitados, desde que sigamos algumas dicas e cuidados sugeridos por profissionais capacitados, cada um em sua área. Edmilson Freitas Dornelles, há quatro anos trabalha em uma distribuidora de gás de cozinha, sendo que dois deles, em São Borja. Ele conta que cuidados básicos na troca do botijão irão garantir a tranquilidade e segurança da família. “As pessoas podem fazer a troca do botijão, desde que, após a troca, verifiquem se não há algum vazamento.” Como fazer uma troca segura Antes d e trocar o botijão, é preciso verificar se Suelen Soares O Gás de cozinha precisa de cuidados para não oferecer riscos todos os queimadores estão desligados. Jamais efetuar a troca na presença de chamas, brasas ou faíscas. Fechar o registro do gás, verificando se no local da operação não existe alguma chama como vela, isqueiro ou fósforo e, em seguida, retire o lacre do botijão cheio. Ao instalar o gás, é preciso retirar o regulador do botijão vazio e encaixar verticalmente sobre a válvula do botijão cheio. Se o regulador for mal-encaixado, poderá ser danificado o regulador e isso causar vazamento. O técnico explica que se deve girar a borboleta para a direita até que fique bem firme e usar apenas as mãos e nunca ferramentas para firmar o cone-borboleta sobre a válvula do botijão. “É natural que escape um pouquinho de gás no momento em que o cone-borboleta pressionar a válvula, antes de estar completamente conectado” afirma Dornelles. A pressão de saída do gás também provocará um pequeno chiado, que deve desaparecer assim que o cone-borboleta estiver perfeitamente ajustado à válvula do botijão cheio. Uma forma simples de verificar se há vazamento é aplicar água e sabão na conexão da borboleta do regulador com o botijão e na solda existente no meio do botijão, se o local apresentar bolhas, é porque existe vazamento. “Neste caso, chame um profissional e não teste com fogo, como já ouvi as pessoas falarem”. Recomenda Dornelles. Sargento Leal é bombeiro e trabalha junto a escolas no Programa de Prevenção Contra Incêndios e entre as medidas preventivas está o cuidado com GLP, (Gás Liquefeito de Petróleo), o chamado gás de cozinha. Segundo o sargento, o botijão de gás é geralmente considerado culpado pelos incêndios, mas na grande maioria não é o botijão e sim a falta de cuidado com o mesmo. “Eu já vi casos em que as pessoas instalaram mangueira de jardim no lugar da mangueira que é própria para o uso no fogão, é uma coisa inacreditável”, recorda o bombeiro, que dá dicas de como proceder em um princípio de incêndio. “A primeira coisa é não entrar em pânico, telefone imediatamente para o corpo de bombeiros, informando o que está queimando e se há vítimas para facilitar o procedimento de socorro”. O corpo de bombeiros de São Borja está localizado no bairro do Passo na rua Visconde do Rio Branco nº 957 a duas quadras da praça Assis Brasil e o telefone de emergência é o 193 Como o consumidor faz suas escolhas Por Gian Fachini Manuella Sampaio Rafael Junckes arcas variadas, pre ços diferenciados, propagandas empolgantes... Os hábitos de consumo da população estão mudando com o passar das décadas. Os consumidores estão muito mais criteriosos na hora de selecionar os produtos nos supermercados e um preço atraente por si só já não é o fator decisivo na escolha de determinado item. Foi o que o Jornal Primeiro Passo verificou ao entrevistar consumidores locais na saída de M um supermercado popular do bairro. A qualidade de um produto se dá, acima de tudo, pelo prazo de validade. Dos consumidores entrevistados no Passo, 70% dizem olhar a data de vencimento antes da compra. “Eu olho, tem mesmo que olhar, tem que desconfiar sempre, principalmente de promoções” é o que afirma dona Aldazir Vargas Matozo, 68 anos. Para ela, isso garante que os produtos que vão para sua mesa não irão oferecer risco à saúde de toda família. As promoções requerem uma atenção especial, segundo consumidores, por- que, muitas vezes, eles notam que os supermercados colocam em promoção itens que estão muito próximos de seu vencimento, ou ainda que podem estar em condições impróprias para o consumo, mesmo dentro do prazo de validade. Para Tânia Miranda Ferreira, 24 anos, na hora deobservar a validade, a única atenção é na compra do iogurte para o filho, os outros itens passam despercebidos. Gilberto Benitti, afirma que não se atenta à validade, pois confia no supermercado que frequenta há bastante tempo. A maior parte dos consumidores, do supermerca- do pesquisado no Passo, afirmam que na hora de escolher uma mercadoria específica, preocupam-se com a qualidade e o preço, a marca não está entre as prioridades. “Pago um pouquinho mais para ter qualidade” garante Solange da Rosa Guimarães, 45 anos. “A única preferência que eu dou é para marca de fralda que compro para meu filho, porque ele é alérgico a muitas marcas. Mas o resto vou pelo preço e pela qualidade” é o que afirma Tarciane Miranda Ferreira. Alguns clientes dedicam-se a comprar certas marcas somente para determinados produtos. Dona Aldazir Vargas Matozo ga- rante: “não abro mão da marca de alguns produtos, por exemplo o sabão em pó, para outros vou pelo preço”. Carla Maria Dedé Pinheiro diz que algumas coisas escolhe pela marca, enquanto outras pelo preço. Higiene pessoal, por exemplo, pela marca, assim como arroz, feijão e macarrão também. Nos supérfluos eu vou pelo preço”, afirma. Em algumas famílias as crianças e adolescentes influenciam na seleção de certos produtos. “Minha filha influencia nas compras, se ela vier ao mercado comigo vai comprar as marcas e produtos que quer”, afirma Eliane Melo Medeiros, 35 anos. 5 DE TUDO Pastoral da Criança atua no Passo A realidade no Bairro mais eficaz e gratificante, segundo as líderes da Pastoral da Criança do Bairro do Pasmortalidade infan so. As ações são divididos til ainda é um gran de desafio a ser ven- em três etapas: 1º. Visitas Domicilicido em âmbito mundial. Apesar do avanço na medi- ares. Uma vez por mês, os cina, crianças morrem devi- líderes vão até as casas das do a doenças que podem ser famílias com crianças de 0 a evitadas com cuidados sim- 6 anos ou gestantes onde ples. Dentro desse contexto acompanham seu desenvolsocial, emerge a Pastoral da vimento. São registrados os Criança no bairro do Passo, dados da criança mês a mês: com o intuito de erradicar peso, idade, condições de aliesse problema, fornecendo mentação, relação familiar. às famílias carentes orienta- Esses indicadores servem ção e acompanhamento para para valorizar e estimular aticom as crianças, desde a sua vidades na família que promovam o desenvolvimento concepção. Os trabalhos realizados da criança. 2º. Pesagem – Celena Pastoral são totalmente voluntários. Segundo a Co- bração da Vida. Os líderes ordenadora Missionária, e as equipes de apoio, diviRosa Macedo, o trabalho é didos em comunidades reafeito com amor, é uma doa- lizam a pesagem de crianças com até 6 ção”. Para se “É um trabalho anos, e através tornar um lí- que vicia e que de gráficos, relacionando der, é preciso é reconhecido” peso e idade, é passar por um processo Ordalina da Costa, possível estaCoord. de belecer o quade capaciComunidade dro que a critação que o ança se enconpossibilita a realizar as visitas nas casas, re- tra : desnutrição, peso ideal passando o conhecimento ou sobrepeso. 3º. Preenchimento adquirido e acompanhando o crescimento das crianças, da FABS. É realizada uma através do contato direto reunião de avaliação e reflecom cada família, criando, xão, onde são revistos e anaassim, laços de convivência, lisados os dados das 2 etao que torna o trabalho ainda pas anteriores. Por Tamara Finardi A Com os trabalhos realizados pela pastoral, as líderes passaram a identificar alguns problemas que as famílias do bairro estão passando. Com a baixa renda das famílias, algumas crianças ainda passam fome, não dispõe de uma higiene adequada e sofrem com a falta de carinho e atenção dos pais; Além do mais, existem casos de gravidez precoce, onde o despreparo das mães e a falta de apoio do restante da família prejudicam a criança, que acaba não recebendo os cuidados necessários. A capacitadora Sorraia Neli Barros dos Santos menciona que “a obesidade é um problema sério”. “Agora mais que a desnutrição, complementa Eliane Marlene da Silva Moiano, coordenadora de comunidade e capacitadora. Na sede, os trabalhadores da Pastoral não dispõem de computador, os ofícios são feitos na máquina de escrever. Apesar dos problemas existentes, os trabalhos da Pastoral vêm alcançando significativa diminuição nos casos de mortalidade infantil. Dados obtidos com a Coordenadora Paroquial Leonida Gonçalves Siqueira, revelam que, dentre os bebês com menos de um ano que residem no Bairro do Passo, em 2008, têm se registrado 25 óbitos. No ano de 2009, esse número diminuiu para 9, e durante esse ano foram registrados 4 casos de óbito. Vale-se ressaltar que os óbitos ocorridos envolveram crianças que não eram acompanhadas pela Pastoral.. Os voluntários do Bairro do Passo encontramse entre 45 líderes capacitados e 53 equipes de apoio de acordo com dados de março de 2010, registrados pela coordenadora Paroquial. No ano de 1996 se deu a construção da Sede localizada no Bairro do Passo, doada pelo empresário Celso Rigo. A instalação da Sede facilitou muito o trabalho dos voluntários, pois, conforme contam as coordenadoras, antes eles eram realizados na Igreja ou no Salão da Paróquia. Não há muitos registros sobre a história da Pastoral da Criança no Bairro do Passo, pois não há muitos documentos disponíveis na Sede. Têm-se registros apenas a partir de 1989. Tamara Finardi São Bor ja é uma das 4.066 cidades do Brasil com Pastoral A Pastoral da Criança em São Borja, pertence à Diocese de Uruguaiana, que foi fundada em 1985, pela Secretária Maria Ilda Fagundes e pelo Padre Claudio Bertoldo. A pobreza existente entre muitas famílias fez com que essa entidade se instalasse nas comunidades do Bairro. Seus trabalhos foram iniciados com a distribuição de sopões e mamadeiras às crianças. Hoje, a finalidade da Pastoral vai além da doação e distribuição de alimentos, ela consiste na prevenção, através dos voluntários que levam informações às famílias. Tamara Finardi Tamara Finardi História no Passo O desenvolvimento das crianças é uma das metas da Pastoral 6 DAQUI ONDE VOCÊ VIVE Donos precisam cuidar mais de seus cães ndando pelas ruas do bairro é visível o grande número de cães que ficam soltos, sem a devida preocupação de seus donos. Odila Legal reside há oito anos no bairro, possui dois cachorros, mas afirma que seus animais ficam sempre dentro no pátio. Ela observa que o número de cães cresce a cada dia. “As pessoas não prendem seus cachorros, por isso cada vez aumentam mais” lamenta. Segundo dona Odila, o problema começa quando alguém possui uma fêmea, não vacina e então quando ela procria, os animais são jogados fora, misturando-se aos que possuem donos, mas que ficam pelas ruas. A A moradora criam animais setambém atenta jam eles de qualpara o perigo que quer espécie, são as pessoas, princiresponsáveis pelos palmente as crianmesmos, conforças, correm diante me prevê a Declada possibilidade ração Universal de de serem mordiDireitos dos Anidas por estes animais: mais. “Eles ficam 1 - Todos os nas ruas atacando animais têm o as crianças, é um mesmo direito à perigo”, alerta. vida. Talvez estes 2 - Todos os ataques tenham animais têm direimotivado o enveto ao respeito e à nenamento d os proteção do hocães há menos de mem. um ano.“É cruel3 - Nenhum dade com o anianimal deve ser mal que não pode maltratado. se defender, mas 4 - Todos os Cães soltos pelas ruas aborrecem moradores na rua Almirante animais selvagens Tamandaré, moratêm o direito de viva uma senhora que criava les por medo”, explica a ver livres no seu habitat. muitos cachorros, eu acho moradora. 5 - O animal que o hoque envenenaram vários deTodas as pessoas que mem escolher para compaLuana Raddatz Por Suelen Soares nheiro não deve nunca ser abandonado. 6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor. 7 - Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida. 8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são consideradas crimes contra os animais. 9 - Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei. 10 - O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais. Uma maneira de evitar o aumento de cães pelas ruas da cidade seria a implantação de um controle de zoonoses que captura os animais soltos, diminuindo o risco de incidentes e doenças infecto-contagiosas. Lixo bem conservado evita doenças e mantém bairro limpo Por Suelen Soares conservação dos pátios e a limpeza em frente as suas casas é motivo de orgulho para os moradores do bairro do Passo. A Dona Marina de Castro Fernandes, todos os dias tem como obrigação fazer a limpeza de seu pátio. “Quando os agentes de saúde vêm até a minha casa, sempre elogiam o meu capricho” orgulha-se dona Marina que afirma que o fato de gostar de limpeza também influenciou seus filhos. “Meus filhos são todos como eu, de manhã cedo a primeira coisa que fazem é varrer o pátio e juntar o lixo”, ressalta. Para Vílson de Matos Soares, o gesto simples como colocar uma lixeira em frente à casa, evita que os cães venham mexer no lixo, espalhando os resíduos, indo parar em bueiros ou nas chamadas “bocas de lobo”, provocando assim alagamentos das ruas em dias de chuva. “A primeira coisa que fiz quando vim morar aqui, foi colocar esta lixeira” diz o morador que conclui ,“se juntarmos o lixo evitamos doenças em crianças e adultos”. A coleta de lixo é feita todos os dias no bairro, cabe os moradores não acumular o lixo, entulhos e até mesmo água pelos terrenos, evitan- do a proliferação de insetos e roedores, transmissores de doenças como Dengue, Leishmaniose e a Leptospirose. Luana Raddatz Luana Raddatz Limpeza é sinônimo de saúde Suelen pendura os sacos de lixo para evitar sujeira dos cães 7 Mais saúde para os bairros bairro do Passo possui hoje, cinco Postos de Saúde da Família (PSF), um deles é o PSF2, responsável pelo atendimento de 932 famílias que equivalem a 3.842 pessoas, assistidas por uma equipe composta por um dentista, um médico da família, um enfermeiro, um agente operacional, um auxiliar do consultório dentista, um agente operacional, um agente responsável pela higienização e seis agentes de saúde. Os PSFs cadastram as famílias de acordo com a sua região de abrangência, através de seus agentes de saúde que atendem em torno de O 150 famílias cada um. Consultas básicas na área ginecológica e odontológica são muito procuradas e embora exista o mesmo atendimento em todos os postos, a enfermeira Arriete Pereira diz que, às vezes, usuários de outras regiões procuram o PSF2. “Existem pessoas que gostam do médico ou da enfermeira, então vêm até aqui consultar conosco”, conta a enfermeira. Segundo Arriete, não faltam medicamentos, mas os profissionais sentem falta de material para eventuais pequenas cirurgias, precisando, assim, adequar- se à realidade do posto. O PSF2 oferece exames preventivos uma vez por vem saúde pública exigem sempre muita administração e planejamento. A tarefa, segundo os profissionais de saúde, não é fácil, porque além de ser uma área de enorme demanda e quase sempre imprevisível, existem variáveis que dificultam a qualidade dos serviços em alguns aspectos, como por exemplo, quando os postos de saúde são procurados até por gente de outros bairros. Segundo Arriete Pereira, há moradores de outras regiões da cidade que procuram um PSF ou outro em função do serviço que recebem dos profissionais, e mesmo assim são atendidos. O cadastro de famílias não é a única porta de acesso à saúde nestes casos. Luana Raddatz Por Suelen Soares Arriete reforça qualidade dos serviços semana, atendimento médico e odontológico todos os dias e está aberto diariamente pela manha ás 7h e 30min e a tarde á partir das 13h. As questões que envol- Por Luana Raddatz egundo os moradores antigos do bairro do Passo, essa música “Baile do Chico Torto”, de Gildo de Freitas é exatamente o que acontecia na década de 60 nos bailes na casa de Valdomiro Guimarães Motta, o famoso Chico Torto. Com as paredes de barro e o chão batido, no sábado e no domingo, as festas movimentavam toda a cidade. “O baile enchia de gente, quando começava alguma bagunça ele colocava a autoridade, contam que muitas pessoas foram mortas pelo Chico”, relata Valêncio Gomes, morador do bairro que Luana Raddatz Era um baile buenacho e solto, mas só dançava valente Quando eu cheguei arrecém tinha se dado um reboliço danado E já tinha um morto na frente. Luana Raddatz Eu fui num baile na casa do Chico Torto... S O antigo salão hoje é oficina de bicicletas José fugia da mãe para ir ao baile ainda brinca “o gaiteiro tinha que tocar com o pé pra fora da janela, pra não correr risco quando o Chico resolvia apartar as brigas”. O Chico Torto perdeu a visão quando foi atingido por um machado em uma briga provocada pelo amor de uma mulher. Ficava no canto do salão em dias de baile e reconhecia pela voz alterada quem propunha confusões e solucionava imediatamente com pranchaço de facão ou com tiros para o alto. José Dutra, 60 anos, aos 12 fugia de casa e entrava escondido no baile entre o movimento d os adultos e ficava embaixo das mesas para ouvir as músicas e ver o conjunto musical tocar. “Sempre gostei de música, toco pandeiro e no Chico Torto eu ficava olhando como eles faziam”, afirma. A casa onde era o baile mora a família do sobrinho do Chico, Quide de Mattos que trabalha com serviços gerais. O local foi reformado, ampliado e é uma oficina de bicicletas, entretanto ainda é reconhecido pela história. Maria da Glória Souza mora no antigo salão de baile e revela que teve receio ao mudar-se para lá pelas histórias que contam de fantasmas do próprio Chico e dos que foram mortos que permanecem no local. “Agora não tenho mais medo, mas ainda durmo com a luz ligada”, conta Maria. Sugestão de assuntos para a próxima edição? Escreva para o Entregue sua jornal: sugesttão na Rua Ver. Alberto Associação do Benevenuto, 320 Bairro. Envie para [email protected] Coluna Social Passo em Cena Luana Raddatz Rafael Junckes Tamara Finardi Chega um dia em que as brincadeiras e as diversões têm que ser deixadas de lado e a vida adulta inicia. O Primeiro Passo foi conversar com a galera do ensino fundamental e médio do bairro do Passo para saber o que eles pensam sobre o futuro. Cursar uma faculdade? Mudar de cidade? Procurar um emprego? O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER? À esquerda, Cláudio Guilherme, Leonardo Ruis e José Carlos Schmitz. Três meninos da oitava série com um sonho em comum: seguir a carreira militar. À direita, Bruno Santos, 15 anos, pretende trabalhar e estudar em Porto Alegre com seu irmão. Também Douglas da Rosa, 17 anos, mais um que tem a carreira militar como objetivo depois de concluído o ensino médio. Juliano do Carmo, 17 anos “Ano passado terminei o curso técnico de eletricista. Se eu conseguir um bom emprego em São Borja quero ficar aqui na cidade mesmo. O custo de vida não é alto, diferente de cidades maiores onde o custo é bem maior.”. Leoceni Dornelles Nene, 16 anos “Quero fazer faculdade de Engenharia Elétrica, para isso vou precisar ir morar em Alegrete e conseguir um emprego. São Borja não tem o curso que quero. Decidi por essa faculdade porque faço um curso na área. Fiquei em dúvida entre jornalismo e a engenharia, mas agora já fiz a minha escolha”. Acima, Nadini dos Santos que há três anos se envolve nas atividades profissionais executadas na oficina mecânica do pai. Ela pretende especializar-se nessa área com cursos técnicos. “Ela já é uma boa mecânica”, afirma a amiga à direita, Fernanda Saraiva, que tem vontade de trabalhar na Polícia Federal.