Brazilian journal 11-B.p65 - Brazilian Journal of Food Technology
Transcrição
Brazilian journal 11-B.p65 - Brazilian Journal of Food Technology
Estudo do Processo de Produção de Pão Francês Pré-assado Study of the Production Process for Pre-baked French Type Bread AUTORES AUTHORS Paula B.M. FERREIRA Aluna do curso de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto de Tecnologia (IT) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Antiga Estrada Rio-São Paulo, km 47 - Seropédica CEP 23851-970 - Rio de Janeiro - RJ Edson WATANABE Vera T. BENASSI Pesquisadores da EMBRAPA/CTAA - Av. das Américas, 29501 Guaratiba - CEP 23020-470 - Rio de Janeiro, RJ Tel: (021) 410-7430, Fax: (021) 410-1090 e-mails: [email protected] [email protected] RESUMO Foram estudados alguns parâmetros de processo na produção de pão francês préassado, como o tempo de fermentação e a temperatura de pré-assamento, além dos efeitos provocados pelas etapas de assamento, resfriamento e armazenamento no volume específico do pão produzido. Observou-se que a fermentação final da massa, para este tipo de produto, deve ser mais curta do que a utilizada no processo convencional e que, para o pré-assamento em forno de lastro, a temperatura pode ser a mesma que a utilizada para o assamento final. O pão pré-assado apresentou uma contração de volume de 8% após a etapa de assamento final. Com relação ao pão produzido pelo processo convencional, o volume do pão pré-assado foi 16% inferior. Para evitar perdas de peso do produto, o tempo de resfriamento deve ser rigorosamente controlado. Durante as primeiras 24 horas de armazenamento a -18oC, o pão pré-assado sofreu uma pequena redução de seu volume; após esta redução inicial, o volume permaneceu praticamente inalterado por 10 dias. SUMMARY The fermentation time and pre-baking temperature, as well as the effects on the specific volume of bread loaves, due to the conditions used for baking, cooling and storage, were studied in the production process of pre-baked French type bread. It was observed that the final fermentation time of the dough should be shorter than that used in the conventional process and that the same temperature could be used for the pre-baking and final baking steps. After the pre-baking step, the loaves presented a reduction of 8% in volume, and were 16% smaller than loaves produced using the conventional breadmaking process for French type bread. The cooling step should be strictly controlled in order to avoid weight losses of the product. During storage at 18oC, the pre-baked loaves presented a small reduction in their volume, and after this initial reduction, the volume remained practically unaltered for 10 days. PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS Pão francês; Pão pré-assado; Panificação / French bread; Pre-baked bread; Breadmaking. Braz. J. Food Technol., 2(1,2):91-95, 1999 91 Recebido / Received: 16/11/1998. Aprovado / Approved: 18/05/1999. P. B.M. FERREIRA et al. 1. INTRODUÇÃO O pão francês é o tipo de pão mais consumido no Brasil (TOLEDO, 1997). É produzido a partir da mistura de quatro ingredientes básicos: farinha, água, fermento e sal (TWEED, 1983). As diversas etapas envolvidas na sua produção, além da característica de ser consumido fresco, tornam o processo de panificação do pão francês muito demorado, o que impede a flexibilização da linha de produção e resulta no trabalho noturno dos profissionais de panificação. Atualmente, existem vários processos de panificação que permitem ao panificador diversificar e planejar a sua produção (PERKIN, 1993, NASCIMENTO, 1997). A tecnologia de produtos pré-assados tem como objetivo a produção de alimentos parcialmente assados, os quais serão finalizados na casa do consumidor ou em um ponto de venda. O assamento parcial de pães requer uma formulação diferente daquelas utilizadas no processo convencional (FERREIRA, WATANABE, 1998) e de condições de assamento modificadas (PYLER, 1982), além de uma fermentação final ligeiramente mais curta, o que asseguraria uma maior firmeza dos pães (BONNARDEL, MAITRE, 1987, TEJERO, 1994). Após o assamento parcial, ou pré-assamento, o pão francês já deve apresentar seu tamanho e forma definitivos, porém com crosta de coloração clara. Após o assamento final, o produto deverá apresentar aspecto semelhante ao do pão francês produzido pelo processo convencional (TEJERO, 1994). A vantagem do pão pré-assado está em possibilitar, a qualquer momento, a obtenção de pães com características de produto fresco, ou seja, feito na hora (McNAMEE, 1994). Nos Estados Unidos, a tecnologia de produtos préassados recebeu o nome de Brown N Serve e existe desde 1949. Lá, de acordo com ARAUJO (1975), o pão pré-assado é o tipo de pão congelado mais consumido, sendo comercializado principalmente nos supermercados. Na Europa, principalmente na Espanha, a tecnologia de produção de pães pré-assados já é bastante desenvolvida e, no Reino Unido, a maioria dos produtos de panificação é proveniente de produtos parcialmente assados e congelados (PERKIN, 1993). No Brasil, a tecnologia de produção de pão pré-assado ainda é incipiente e necessita ser adaptada aos equipamentos e insumos disponíveis, e também aos tipos de pães consumidos (GONÇALVES, 1997). Este trabalho teve por objetivo o estudo de alguns parâmetros do processo de produção de pão francês pré-assado: fermentação, temperatura de pré-assamento, resfriamento e armazenamento sob congelamento. Estudo do Processo de Produção de Pão Francês Pré-assado 960.52 (utilizando o fator N X 5,7), 929.30C e 923.03, respectivamente. O índice de queda da farinha (teste do Falling Number), as propriedades de mistura (Farinógrafo) e de viscoelasticidade (Alveógrafo) foram determinados segundo a AACC (1995), métodos 56,81B, 54-21 e 54-30, respectivamente. Os testes de panificação foram realizados na padariapiloto da EMBRAPA Agroindústria de Alimentos, utilizando a formulação desenvolvida em trabalho anterior (FERREIRA, WATANABE, 1998), específica para pão francês pré-assado: farinha (100%), água gelada (58%), fermento (2%), sal (2%), gordura vegetal hidrogenada (2%), açúcar (0,5%) e ácido ascórbico (100ppm). Os ingredientes foram misturados em uma masseira automática espiral (Hypo HAE 10) por 2min na velocidade I (baixa), e por 3min na velocidade II (alta). A massa, que depois da etapa de mistura apresentou a temperatura de 28oC, foi então dividida em alíquotas de 60g que, após 20min de descanso, foram modeladas e fermentadas a 30oC e 85% de UR, por 75, 90, 105 e 120min. Depois de fermentadas, as massas foram pré-assadas por 7min a 200oC. O assamento final foi realizado a 200oC, por mais 4min. Para a determinação das condições de pré-assamento do pão francês, foram estudadas três temperaturas diferentes (150, 175 e 200oC), utilizando-se o tempo de fermentação determinado na etapa anterior. Para a etapa de assamento final, os pães foram assados por 4min a 200oC em forno de lastro. Utilizou-se como controle o pão francês produzido pelo processo de panificação convencional, assado por 10min em forno de lastro a 200 oC. Após o resfriamento, os pães obtidos foram pesados e seus volumes determinados por deslocamento de sementes. O volume específico de cada pão foi calculado dividindo-se o seu volume pelo seu peso (cm3/g). Para o estudo de armazenamento, o pão francês préassado foi embalado em sacos plásticos e armazenado em freezer a 18oC por 0, 1, 2, 3, 4, 7 e 10 dias. Após cada período de armazenamento, seis pães foram retirados do freezer, dos quais três foram utilizados para a determinação da variação do volume específico do pão pré-assado submetido apenas à etapa de pré-assamento; os outros três pães foram submetidos ao assamento final, determinando-se a variação do volume do pão pré-assado já pronto para o consumo. Todos os testes de panificação foram realizados no mínimo em triplicata. Para a análise estatística dos resultados, foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2. METODOLOGIA Foi utilizada uma farinha de trigo do tipo especial, adquirida de moinho local, com a seguinte composição centesimal: 14,0% de umidade, 11,8% de proteína, 1,42% de lipídios e 0,59% de cinzas. A umidade da farinha foi determinada segundo a AACC (1995), método 44-15A e, os teores de proteína, lipídios e cinzas, segundo a AOAC (1995), métodos Braz. J. Food Technol., 2(1,2):91-95, 1999 3.1 Caracterização da farinha Tendo como base a literatura, uma farinha que atendesse às especificações necessárias para a produção de pão francês pré-assado foi solicitada a um moinho local. As várias mesclas fornecidas pelo moinho foram analisadas, escolhendo-se para este trabalho a que apresentava características mais próximas às requeridas. 92 P. B.M. FERREIRA et al. O índice de queda obtido para a farinha utilizada foi de 315s. Este valor está dentro da faixa recomendada por TEJERO (1994), entre 300 e 350s, para uma farinha de trigo utilizada na produção de pão pré-assado. No Farinógrafo, foram obtidos 7,0min para o tempo de mistura da massa (desenvolvimento), 15,5min para a estabilidade e 60% para a absorção de água. Esses resultados são típicos de uma farinha com boas características para panificação. No Alveógrafo, a razão P/L obtida foi de 0,92 mmH20/ mm e o valor W foi de 320 x 10-4J, superiores aos recomendados na literatura (TEJERO, 1994, BONNARDEL, MAITRE, 1987, DUFF, 1987), indicando que a farinha utilizada neste trabalho é mais forte do o sugerido para este tipo de produto. Entretanto, como a farinha utilizada neste trabalho era, segundo o moinho, a mescla mais fraca possível de ser fornecida na época, prosseguiu-se o trabalho com a mesma farinha. 3.2 Efeito do tempo de fermentação As várias mudanças que ocorrem na massa durante a fermentação afetam diretamente as características finais do produto. De acordo com DOGAN et al. (1996), mudanças no tempo de fermentação alteram as propriedades reológicas da massa e, conseqüentemente, a qualidade final do produto. Durante a fermentação, a massa alcança o equilíbrio ótimo entre elasticidade e extensibilidade, condição necessária para a retenção do gás no início do assamento e, conseqüentemente, na manutenção da estrutura do pão após o assamento (CALVEL, 1987). Para o pão-controle, o tempo de fermentação determinado como ótimo foi de 120min. Neste trabalho, foi estudado o efeito do tempo de fermentação no volume específico do pão francês pré-assado, sendo a massa fermentada a 30oC e 85% de UR, por 75, 90, 105 e 120min. Depois de fermentados, os pães foram submetidos ao pré-assamento e ao assamento final a 200oC, por 7 e 4min, respectivamente. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1. TABELA 1. Efeito do tempo de fermentação no volume específico do pão francês pré-assado (Temperatura: 30 oC. UR: 85%. Pré-assamento: 7min a 200oC. Assamento final: 4min a 200oC). a,b Tempo de fermentação (min) Volume específico (cm3/g) 75 5,24b 90 5,36b 105 5,74a 120 5,42b Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si (P= 0,05). Braz. J. Food Technol., 2(1,2):91-95, 1999 Estudo do Processo de Produção de Pão Francês Pré-assado Observa-se pela Tabela 1 que o pão fermentado por 105min apresentou o maior volume específico, confirmando os resultados obtidos por BONNARDEL, MAITRE (1987) e TEJERO (1994), que recomendam que o tempo de fermentação seja ligeiramente mais curto que o normalmente utilizado no processo convencional de produção de pão francês. Não foi observada diferença significativa entre os demais tempos de fermentação estudados. 3.3 Efeito da temperatura de pré-assamento Segundo TEJERO (1994), não existe consenso sobre quais são as condições ideais de tempo e temperatura para a etapa de pré-assamento, o que depende do tipo de forno, do tamanho dos pães e da carga de massa. Assim, foi estudado o efeito da temperatura de préassamento, utilizando-se três temperaturas: 150, 175 e 200oC. Depois de fermentados por 105 minutos, os pães foram assados até que sua estrutura estivesse formada, porém sem que a crosta estivesse corada. Os resultados são apresentados na Tabela 2. TABELA 2. Efeito da temperatura de pré-assamento no volume do pão francês pré-assado, fermentado a 30oC e 85% UR por 105min. Temperatura Pré-assamento Vol. esp. ( C) (min) (cm3/g) 150 15 6,13b 175 10 6,47a 200 7 6,50a o a,b Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si (P= 0,05). Como era de se esperar, quanto mais alta a temperatura, menor o tempo necessário para o pré-assamento. Observa-se que, nas temperaturas de pré-assamento de 175 e 200oC, os volumes específicos dos pães obtidos não diferiram estatisticamente, sendo superiores aos dos pães pré-assados a 150oC. Como não foi observada diferença significativa entre os volumes específicos dos pães pré-assados a 175 e 200oC, a temperatura de 200oC foi definida como sendo a melhor, uma vez que o pré-assamento a esta temperatura ocorre mais rapidamente. 3.4 Efeito do pré-assamento e do assamento final no volume do pão Segundo BONNARDEL, MAITRE (1987), o pão francês pré-assado apresenta uma contração de 13% de seu volume após o assamento final. Esta diminuição de volume também foi observada por TEJERO (1994) e MAITRE (1985). Assim, nesta etapa do trabalho, foram estudadas as alterações provocadas pelo pré-assamento e pelo assamento final no volume do pão francês, utilizando as condições de fermentação e assamento estabelecidas nas etapas anteriores. 93 P. B.M. FERREIRA et al. O pão francês foi pré-assado por 7 minutos e, depois de resfriado, foi determinado o seu volume. O pão pré-assado voltou então ao forno para a etapa de assamento final por 4min e, depois de resfriado, determinou-se novamente o seu volume. Como controle, foi utilizado um pão produzido com a mesma formulação, assado da mesma maneira que o pão francês obtido pelo processo convencional, ou seja, em uma única etapa, por 10min. Os volumes do pão francês, determinados após as etapas de pré-assamento e assamento final, foram então comparados com o volume obtido para o controle. Os resultados são apresentados na Tabela 3. TABELA 3. Efeito do pré-assamento e do assamento final no volume do pão francês. Pão francês Pré-assamento Pré-assamento + Assamento final Controle a,b Volume (cm3) Peso (g) Volume específico (cm3/g) 280b 52,3a 5,36b 259b 50,2b 5,15b 310a 49,8b 6,22a Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si (P= 0,05). Pela Tabela 3, observa-se que o pão submetido apenas ao pré-assamento apresentou volume específico inferior ao do controle. Porém, também apresentou maior peso, devido à evaporação incompleta da água. Depois do assamento final, o pão pré-assado apresentou uma contração de volume de aproximadamente 8% em relação ao pão submetido apenas ao pré-assamento. Entretanto, seu volume específico não foi reduzido na mesma proporção, pois também ocorreu, durante o assamento final, perda de água por evaporação. Se for comparado o volume do pão pré-assado submetido ao assamento final com o volume do controle, observa-se uma contração de 16%, valor próximo ao relatado na literatura. 3.5 Perda de peso durante o resfriamento Foi estudada a taxa de perda de umidade durante o resfriamento do pão francês, submetido apenas ao préassamento, e do controle. Dez minutos após a saída dos pães do forno, estes foram pesados de 10 em 10min, durante 2h (Figura 1). Peso do pão (g) 55 Controle 54 Pão pré-assado 53 52 As taxas de perda de umidade foram calculadas com base nas equações das retas obtidas (para o controle: 49,9 0,01787x, R = - 0,989; para o pão pré-assado: 54,6 0,02318x, R = - 0,988) e foram de 1,07g/h e 1,41g/h, respectivamente. BONNARDEL, MAITRE (1987) também observaram que a perda de peso do pão francês pré-assado era superior à do pão francês produzido pelo processo convencional, o que pode afetar a lucratividade deste tipo de produto. Já a taxa de perda de água do pão pré-assado submetido ao assamento final é semelhante à do controle. De acordo com TEJERO (1994), para diminuir a perda de peso do pão pré-assado, é aconselhável diminuir o tempo de resfriamento. Deve-se então evitar o resfriamento por um período mais longo do que o realmente necessário. 3.6 Efeito do armazenamento no volume específico do pão Após o pré-assamento, a estrutura do pão já está formada e este se apresenta na sua forma e tamanho definitivos; porém, a cor da crosta ainda necessita ser desenvolvida durante a etapa de assamento final. Segundo GONÇALVEZ (1997) e MAITRE (1985), uma desvantagem do pão pré-assado é o seu volume, que exige um maior investimento em espaços refrigerados para o armazenamento. Nesta etapa do trabalho, foi estudado o efeito do tempo de armazenamento (1, 2, 3, 4, 7 e 10 dias) a 18oC no volume específico do pão francês pré-assado. O período máximo de armazenamento (10 dias) foi estabelecido considerando-se o fato de que atualmente este tipo de pão, segundo evidências na literatura, nos países que empregam tal tecnologia, ser produzido em uma unidade central e distribuído para pontos de venda, onde é assado, ou então poder funcionar como estoque regulador de padarias convencionais, reduzindo, assim, o seu período de armazenamento no estado congelado. Após o pré-assamento, o pão foi resfriado à temperatura ambiente e o seu volume determinado. O pão pré-assado foi então submetido ao assamento final e, depois de resfriado, foi novamente determinado o seu volume. Esses dados foram utilizados como os volumes no tempo zero de armazenamento. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 4. TABELA 4. Efeito do armazenamento (a -18oC) no volume específico do pão francês pré-assado. Armazenamento (dias) 51 50 49 48 0 1 2 3 4 7 10 47 0 20 40 60 80 100 120 140 Tempo (min) FIGURA 1. Perda de peso do pão francês pré-assado durante o resfriamento. Braz. J. Food Technol., 2(1,2):91-95, 1999 Estudo do Processo de Produção de Pão Francês Pré-assado Volume específico (cm3/g) Pão pré-assado 5,08a 4,50b,c 4,54b,c 4,59b 4,41b,c 4,24c 4,39b,c Pão pré-assado submetido ao assamento final 4,88a 4,44b,c 4,33c 4,59b 4,49b,c 4,40b,c 4,35b,c a,b Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si (P = 0,05). 94 P. B.M. FERREIRA et al. Pela Tabela 4, verifica-se que os volumes específicos de ambos os tipos de pães no tempo zero são maiores e significativamente diferentes dos volumes específicos dos demais pães, que foram armazenados sob congelamento. Observa-se que os volumes específicos dos pães pré-assados, após 3 e 7 dias de armazenamento, diferem significativamente entre si. Para os pães que, após o armazenamento, foram submetidos ao assamento final, observa-se diferença significativa apenas entre as amostras com 2 e 3 dias de armazenamento. No entanto, para ambos os tipos de pães, as amostras que diferiram entre si são estatisticamente iguais às demais. Isto indica que estas diferenças podem ser devidas a variações intrínsecas do processo, como a deformação dos pães durante o armazenamento e o posicionamento do pão no forno durante as etapas de assamento. Pode-se observar que a etapa de assamento final do pão francês pré-assado não altera o seu volume específico de maneira significativa, o que já havia sido observado com os resultados apresentados na Tabela 3. Portanto, os resultados apresentados na Tabela 4 demonstram que a diminuição do volume específico dos pães ocorreu durante as primeiras 24h de armazenamento e o volume dos pães permaneceu praticamente inalterado, durante todo o período de armazenamento estudado (10 dias). 4. CONCLUSÕES Na produção de pão francês pré-assado, a fermentação final da massa deve ser ligeiramente mais curta do que a utilizada no processo convencional de produção de pão francês. Neste trabalho, esta redução foi de 15min (1/8 do tempo de fermentação usual para a farinha utilizada). No forno de lastro, a temperatura de pré-assamento pode ser a mesma que a utilizada para o assamento final, tomando-se o cuidado para que a cor não seja desenvolvida já na etapa de pré-assamento. O pão pré-assado, depois de submetido ao assamento final, apresenta uma contração de volume (da ordem de 8%). Com relação ao pão produzido pelo processo convencional, o pão pré-assado apresenta volume cerca de 16% menor. Após o pré-assamento, devese controlar rigorosamente o tempo de resfriamento do pão, evitando-se assim perdas desnecessárias de peso por evaporação de água, uma vez que foi observada que a taxa de perda de umidade do pão pré-assado é superior à do pão convencional. Braz. J. Food Technol., 2(1,2):91-95, 1999 Estudo do Processo de Produção de Pão Francês Pré-assado O armazenamento do pão pré-assado a -18oC provoca uma diminuição do seu volume específico, que ocorre principalmente durante as primeiras 24h. Após esta redução inicial, o volume permanece praticamente inalterado por até 10 dias de armazenamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN A SSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Approved methods of the AACC. St. Paul: The Association, 1995. 2v. ARAUJO, A.F. Panificação Moderna. São Paulo: Brusco, 1975, 164p. BONNARDEL, P., MAITRE, H. La technologie boulangère du pain français précuit. Industries des Cérèales, (51):31-37, 1987. CALVEL, R. O pão francês e os produtos correlatos: tecnologia e prática da panificação. Fortaleza: Europa, 1987, 287p. DOGAN, I.S., PONTE, J.G., WALKER, C.E. Effect of formula and process variations on Turkish francala bread production. Cereal Foods World, 41(9):741-744, 1996. DUFF, L.L.E. Pain dit français précuit et congelé et son procédé de fabrication. French Patent Application, FR2589044A1, 1977. FERREIRA, P.B.M., WATANABE, E. Estudo da formulação na produção de pão francês pré-assado. In: Anais do XVI Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Rio de Janeiro, Brasil: SBCTA, 1998. v.3, p.1837-1840. GONÇALVES, S. Pão congelado: as características de todos os processos de congelamento na panificação. Jornal Vilma, p.8, março 1997. MAITRE, H. Les pâtes fermentées surgelées. Industries des Cérèales, (33):13-22, 1985. McNAMEE, R.G. Pre-baked foods and their method of manufacture. European Patent Application, EP0648422A2, 1994. NASCIMENTO, F. Resfriamento pode trazer economia para panificação. Engenharia de Alimentos, 2(12):19-20, 1997. PERKIN, J. Whats new in store. Food Processing, p.17-20, May 1993. PYLER, E.J. Rye bread and other bread varieties. In: PYLER, E.J. (Ed). Baking Science and Technology. Chicago: Siebel, 1982, p.778-802. TEJERO, F. Pan precocido. Molineria y Panadeira, Año LXXXIX, n.1008, Marzo 1994. TOLEDO, J.R. Pão lidera consumo na mesa brasileira. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 de dezembro de 1997. Brasil, p.6. TWEED, A.R. A look at French French Bread. Cereal Foods World, 28(7):397-399, 1983. 95