Características do Marketing de Serviços
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Características do Marketing de Serviços
MBA MARKETING DE SERVIÇOS Turma 19 Curso em Ambiente Virtual Semana 2: Características do Marketing de Serviços São Paulo, 6 de Setembro de 2011 1 Semana 2: Características do Marketing de Serviços 1. Características do Marketing de Serviços A AMA – American Marketing Association1 define que “Marketing é a atividade, ou grupo de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e a sociedade em geral”. De forma geral, os conceitos de marketing foram desenvolvidos para o oferecimento de bens ao mercado, ou seja, é marketing para vender sabonete. É somente nas últimas décadas que a área de serviços começa a ganhar em importância e passa a ser estudada como um campo de conhecimento específico. De acordo com a AMA, os serviços são em algum nível intangíveis, ou seja, não podem ser tocados. Isso faz com que seja complicado estocar e transportar os serviços. Quanto mais próximo da intangilibidade, mais difícil é realizar essas tarefas de marketing. Nesses casos o serviço irá ocorrer apenas no momento de interação entre o cliente e o prestador de serviços. Nesse sentido, os serviços são instantaneamente perecíveis. Outra forma de compreender os serviços é a partir dos itens apresentados a seguir: Serviço é... - Um ato ou desempenho (desempenhos são intangíveis, mas podem envolver o uso de produtos materiais) - Uma atividade econômica que não resulta em propriedade - Um processo que cria benefício ao facilitar uma mudança desejada Essas considerações podem ser compreendidas em maior profundidade ao analisar a Escala de Tangibilidade. Essa escala, idealizada por Shostack (1977) coloca num extremo bens como sal, refrigerante ou detergentes. No outro extremo entram itens predominantemente tangíveis como ensino, consultoria e gerência de investimentos. Essa escala salienta que são raros os serviços puros ou os produtos puros, mesmo porque um bem irá precisar de pelo menos um tipo de serviço para ser vendido, enquanto ao comprar serviços, podem vir bens agregados. 1 Associação norte-americana que congrega educadores e profissionais de marketing (www.marketingpower.com) 2 Figura 1. Escala da Intangibilidade de Serviços Fonte: Hoffman, Bateson, Campomar e Ikeda (2010) Diante destes problemas de definição a solução encontrada pelas empresas é analisar o quanto de serviço está embutido no bem sendo vendido. Quanto maior for a composição do bem na equação de valor entregue ao cliente, maior será necessário atentar para as características que diferenciam os serviços dos bens. Se a empresa deixar de lado as características de serviço daquilo que oferece ao mercado poderá enfrentar sérios problemas, pois não estará oferecendo ao mercado o que se espera. Neste contexto é fundamental compreender que a experiência de compra e consumo dos serviços envolve uma gama de oportunidades significativas para oferecer ao clientes valor superior. Como valor entende-se a relação existente entre custos e benefícios oriundos da oferta da empresa: Quadro 1. Equação de Valor – Custos e Benefícios Benefícios Funcional: o aspecto mais básico e fundamental do que se está adquirindo. Pessoal: auto-realização por estar comprando e consumindo determinado bem. Experimental: experiências vividas durante o processo de compra e consumo. Sociais: percepção das outras pessoas sobre o que você está comprando e consumindo. Custos Comportamental: esforço físico necessário para comprar e consumir o serviço. Psicológico: preocupações oriundas da compra e do consumo de determinado bem. Monetário: gasto monetário com a compra e o consumo do bem. Temporal: tempo gasto para a compra e o consumo do bem. Sensorial: todos os custos associados com os cinco sentidos (visão, tato, audição, olfato e paladar). Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007) 3 O quadro 1 salienta os inúmeros impactos que uma empresa de serviços pode ter sobre seu consumidor, tanto na criança de benefícios, como na cobrança de custos que vão além do custo puramente financeiro. As possibilidades que a empresa terá para gerenciar esse processo cresce ainda mais quando são analisados os serviços onde a imersão do cliente no processo produtivo é maior. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2004) apresentam a matriz do processo de serviços que permite aprofundar a discussão sobre este tema. GRAU DE INTERAÇÃO E CUSTOMIZAÇÃO Baixo Alto Indústria de serviços Estabelecimentos de serviços - Companhias aéreas - Hospitais Alto - Transportadoras - Mecânicas - Hotéis - Outros serviços de manutenção GRAU DE - Resorts e recreação INTENSIDADE Serviços de massa Serviços profissionais DE TRABALHO - Varejista - Médicos Baixo - Atacadista - Advogados - Escolas - Contadores - Bancos comerciais - Arquitetos Quadro 2. Matriz do Processo de Serviços Fonte: Adaptado de Fitzsimmons e Fitzsimmons (2004, p.43). Conforme pode ser verificado no quadro 2, na visão dos clientes os serviços irão variar quanto ao grau de interação e customização. É sob essa visão que o cliente entende o serviço, ou seja, o cliente analisa basicamente duas questões: O quanto ele terá de interação com os prestadores de serviços (pessoas, equipamentos e instalações); Quanto o serviço será customizado para atender suas necessidades especificas. Devemos lembrar que nem sempre o cliente espera que o serviço tenha altos níveis de interação e customização, isso dependerá do segmento de atuação da empresa e das necessidades do cliente. Nesse sentido o processo de segmentação, quando realizado de forma correta, permite que a empresa tenha insumos para tomar decisões estratégicas sobre quanto irá investir na criação de um processo de serviços que permita a customização. O nível de contato da empresa com o consumidor será um mediador da forma como a empresa irá lidar com a estruturação do serviço. De acordo com Lovelock e Wright (2002) a empresa tem que escolher em qual espectro do continuum apresentado irá se colocar. Em uma ponta ela pode enfatizar o encontro de serviços ou pode enfatizar as instalações para prestação do serviço. 4 Figura 2. Níveis de contato do cliente com as organizações de serviços Fonte: Lovelock e Wright (2002, p.55). Nos casos em que a empresa escolher um serviço que não tem alta customização e é oferecido de forma massificada ao mercado, será necessário trabalhar o processo de serviços a partir de uma perspectiva de gerenciamento de um alto grau de intensidade de trabalho. Por exemplo, ao gerir um hotel que atende um número significativo de clientes, com níveis baixo de interação, será necessário criar uma estrutura humana para dar conta do atendimento aos clientes. Nesses casos a importância da área de Recursos Humanos tende a crescer, pois serão grandes os contingentes de funcionários necessários. Derivando daí a necessidade de investimentos em treinamento e outros incentivos para gerir o RH de forma com que os funcionários estejam motivados para atender bem aos clientes da empresa. Marketing Gestão de Serviços Operações Recursos Humanos Figura 2. Bases para a operação de serviços Fonte: Lovelock e Wright (2002) 5 A partir das considerações apresentadas, percebe-se que o processo de gestão de serviços está intimamente ligado com as áreas de operações e gestão de recursos humanos. Por isso, o gerente de marketing de uma empresa focada em serviços deve atentar para as influências que essas questões terão sobre a gestão de marketing. A partir destas considerações é possível construir um composto expandido de marketing de serviços que aborda a influência das outras áreas da empresa sobre a qualidade do serviço oferecido aos clientes. O composto de marketing é originalmente constituído por Produto, Preço, Praça e Promoção. Zeithaml, Bitner e Gremler (2006, p.26) expandem essa nomenclatura e incluem três novos P´s: Pessoas, Evidência Física e Processos. É questionável a criação de outros P´s, pois as atividades por ele realizadas podem ser de alguma forma encaixadas nos P´s originais. De qualquer forma, a introdução destes P´s serve como forma de reforçar a importância desses itens para a gestão de marketing de serviços. PRODUTO Características físicas dos bens Nível de qualidade Acessórios Embalagem Garantias Linha de Produto Branding PRAÇA Tipo de canal Exposição Intermediários Localização de lojas Transporte Estoque Administração de canais PESSOAS Funcionários (recrutamento, treinamento, motivação, recompensas, trabalho em equipe) Clientes (educação e treinamento PROMOÇÃO Mix de promoção Vendedores (seleção, treinamento e incentivos) Propaganda (tipos de mídias e tipos de propagandas) Promoção de vendas Publicidade Internet e estratégia da web EVIDÊNCIA FÍSICA Design de loja Equipamento Sinalização Uniformes Outros tangíveis (documentos, formulários, garantias, cartões de visita) Quadro 3. Mix Expandido de Serviços Fonte: Zeithaml, Bitner e Gremler (2006) PREÇO Flexibilidade Nível de preço Termos Diferenciação Descontos Verbas PROCESSOS Fluxo de atividades (padronizados, customizados) Número de etapas (simples ou complexas) Envolvimento do consumidor A partir das idéias apresentadas neste texto é possível compreender que a área de marketing focada em serviços apresenta uma série de diferenças com relação às empresas que estão focadas na oferta de produtos. Esta visão introdutória dá base para o posterior aprofundamento em questões mais especificas. 6 Biblografia FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia de informação. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. HOFFMAN, D. K. ; BATESON, J. E. G. ; IKEDA, Ana Akemi ; CAMPOMAR, M. C. Princípios de Marketing de Serviços. São Paulo: Cengage Learning, 2009. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. Prentice Hall Brasil, 12ª edição, 2007, 624p LOVELOCK, Christopher; WRIGHT, Lauren. São Paulo: Saraiva, 2002. p.55. Serviços: Marketing e Gestão. SHOSTACK, L., ‘Breaking Free from Product Marketing’, Journal of Marketing, Vol. 41, April 1977. ZEITHAML, Valarie, Mary Jo BITNER and Dwayne D. GREMLER (2006), Services Marketing: Integrating Customer Focus Across the Firm,” 4th edition, New York: McGraw-Hill Material adicional Textos SHOSTACK, L., ‘Breaking Free from Product Marketing’, Journal of Marketing, Vol. 41, April 1977. Vargo, S. L.; Lusch, R. F. The Four Service Marketing Myths Remnants of a GoodsBased, Manufacturing Model. Journal of Service Research, Volume 6, No. 4, May 2004 324-335. Videos Christopher Lovelock - Future Directions for Service Management: Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=Ymum_WAHFvc Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=sHQJa33io9Q&feature=related Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=sXV6g3c_Svw&feature=related Parte 4: http://www.youtube.com/watch?v=6o69tF_aEWk 7 Texto 1. Definição de Serviços da American Marketing Association 1. Products, such as a bank loan or home security, that are intangible or at least substantially so. If totally intangible, they are exchanged directly from producer to user, cannot be transported or stored, and are almost intantly perishable. Service products are often difficult to identify, because they come into existence at the same time they are bought and consumed. They comprise intangible elements that are inseparable; they usually involve customer participation in some important way; they cannot be sold in the sense of ownership transfer; and they have no title. Today, however, most products are partly tangible and partly intangible, and the dominant form is used to classify them as either goods or services (all are products). These common, hybrid forms, whatever they are called, may or may not have the attributes just given for totally intangible services. 2. Services, as a term, is also used to describe activities performed by sellers and others that accompany the sale of a product and aid in its exchange or its utilization (e.g., shoe fitting, financing, an 800 number). Such services are either presale or post-sale and supplement the product, not comprise it. If performed during sale, they are considered to be intangible parts of the product. 8