TEMAS TRANSVERSAIS: SAÚDE E HIGIENE PESSOAL DOS

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TEMAS TRANSVERSAIS: SAÚDE E HIGIENE PESSOAL DOS
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TEMAS TRANSVERSAIS: SAÚDE E HIGIENE PESSOAL DOS ALUNOS DA
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL BANDEIRA - CARLINDA/MT
HONORIO, Liliene Carla da Silva1
[email protected]
BENFICA, Daiane Mariana da Silva2
[email protected]
CAMPOS, Rosilaine da Silva3
[email protected]
RESUMO
A falta de higiene afeta não só a vida social da criança, mas também interfere em seu
comportamento e rendimento escolar. Este trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal
Manoel Bandeira, no município de Carlinda- MT, com a turma do 2º ano do ensino
fundamental, pois constatou-se que existem crianças que vão para escola sem escovar os
dentes, pentear os cabelos, com unhas, pés e roupas sujas. Visando ajudar essas crianças e a
fazer com que elas tenham hábitos de higiene regulares, foi realizada uma aula, com rodas de
conversas, para saber o que os alunos sabem sobre o tema. Em seguida, foram feitas
atividades com música e teatro, para que as crianças pudessem vivenciar como tomar banho e
escovar os dentes corretamente. Foram sensibilizados os alunos também sobre a importância
de se economizar água. Ao final desta aula, verificou-se que as crianças entenderam a
importância do autocuidado, que por algum motivo não estava acontecendo de forma
adequada. Por isso foi reforçado que elas precisam ter esse compromisso com a própria saúde.
Nesse sentido, a escola tem essa presença imprescindível na vida das crianças e precisa estar
atuante e proporcionar uma melhor qualidade de vida para todos, e o Tema Transversal
Saúde, trabalhado de forma entrelaçada com as matérias já existentes no currículo escolar,
pode contribuir para essa melhoria. O trabalho desenvolvido na escola foi de grande
importância para conhecer as realidades dos alunos da escola Municipal Manoel Bandeira.
Percebem-se várias falhas neste hábito de higiene, como também que o incentivo oferecido às
criança para que tenham bons hábitos de higiene serviram para sensibilizá-las.
Palavras- chave: Saúde. Autocuidado. Água. Higiene pessoal. Tema Transversal.
1
Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF)
Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF)
3
Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF)
2
200
ABSTRACT
The lack of hygiene not only affects the child's social life, but also prejudge in their behavior
and school achievement. So, this paper was developed at the Municipal Manoel Bandeira,
located at Rua das Maravilhas, no number, in the municipality of Carlinda-MT, with the class
of the 2nd year of elementary school. Because it was verified that there are children who go to
school without brushing teeth, combing hair, with nail, feet and dirty clothes. Aiming to help
these children and to make them have regular hygiene habits, a class was conducted with
wheels of conversations to know what students know about the topic. Then activities with
music and theater were made so the children could to experience like bathing and brushing
your teeth properly. Students were also sensitized about the importance of saving water. At
the end of this class it was verified that children have understanding about the importance of
self care but for some reason, or even the lack of encouragement at home, they end up leaving
behind. So it was reinforced that, despite these obstacles, they need to have this commitment
to their own health, which today can seem nothing but they will use throughout their lives. In
this sense, the school has that essential presence in the lives of children and need to be active
and provide a better quality of life for everyone. The transversal theme Health came for this:
do this intertwining within the existing subjects in the school curriculum.
Keywords: Health. Self care. Water. Personal hygiene. Transversal theme.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho teve como abordagem descrever os hábitos de higiene pessoal das
crianças da Escola Municipal Manoel Bandeira no Município de Carlinda - MT. Percebeu-se
que algumas crianças da escola não possuem hábitos regulares de higiene pessoal. Muitas vão
à escola de manhã sem pentear os cabelos, ou até mesmo escovar os dentes e tomar café.
Chegam à escola com os dentes sem escovação e após a merenda continuam com os dentes
sujos. E, por brincarem no intervalo, bagunçam ainda mais seus cabelos que estavam sem
pentear.
Percebeu-se também que algumas crianças costumam ir com os uniformes, unhas e
pés bem sujos; outras comentam que não gostam de tomar banho, pois a água é fria ou
simplesmente não gostam por não estarem acostumadas. Não se sabe ao certo quais são os
motivos da não higiene pessoal, porém são vários os fatores que ocasionam esta falta. Muitas
vezes a família não tem suporte adequado para servir de exemplo aos seus filhos.
Higiene pessoal das crianças é bastante importante ainda na infância, pois, quando
estiverem maiores, poderão sofrer as consequências deste mau hábito. Seus cabelos devem ser
bem lavados, unhas limpas, pois como as crianças gostam de brincar no chão, a mão suja
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acaba indo para a boca e, assim, ocasiona doenças que poderão prejudicar o seu desempenho
na escola.
A escola tem que trabalhar junto com a família, pois sozinha não conseguirá fazer com
que os alunos adquiram cuidados com a saúde, mas ela tem o dever de fornecer informações
para que os capacitem para uma vida saudável. Por isso que a educação para a Saúde deve
permear todas as áreas que compõem o currículo escolar, pois é preciso educar as crianças
para que possam estar envolvidas na construção de hábitos saudáveis.
Nesse sentido, o trabalho desenvolvido na escola teve as seguintes questões
norteadoras: Qual medida prática de autocuidado é necessária para higiene corporal? Qual a
utilização adequada de sanitário? Como fazer a limpeza dos cabelos e unhas? Como realizar
higiene bucal? Quais vestimentas e calçados mais apropriados na escola? Qual a importância
do banho diário? Qual a importância de lavar as mãos antes das refeições e após as
eliminações? Partiu-se da hipótese que não há uma regularidade na higiene pessoal das
crianças que frequentam a Escola Manoel Bandeira. Para tanto, os objetivos foram: identificar
hábitos de higiene no cotidiano; capacitar o aluno para o autocuidado; estimular a autoestima
das crianças e incentivar os hábitos de higiene.
Portanto, trabalhar a higiene e o autocuidado na escola inclui tanto a teoria quanto a
prática, para fazer com que os alunos analisem os problemas e questionem as ideias. Isso
exige do professor uma flexibilidade, pois estas questões irão surgir a partir das necessidades
cotidianas dos educandos.
2 METODOLOGIA
Este trabalho teve sua organização metodológica para aplicação em sala de aula.
Assim, não foi somente uma revisão bibliográfica, mas também uma elaboração didáticopedagógica. Portanto, partiu-se da seleção do conteúdo do Tema Transversal presente nos
Parâmetros Curriculares (PCN’s) de Saúde (BRASIL, 2000, p. 78): “Medidas práticas de
autocuidado para a higiene corporal: utilização adequada de sanitários, lavagem das mãos
antes das refeições e após as eliminações, limpeza de cabelos e unhas, higiene bucal, uso de
vestimentas e calçados apropriados, banho diário”.
Após isso, elaboraram-se questões dos conteúdos e buscaram-se possibilidades de
aplicações dos Parâmetros Curriculares nas diferentes disciplinas do ensino fundamental. As
primeiras questões e os conteúdos: qual medida prática de autocuidado é necessária para
higiene corporal? Qual a utilização adequada de sanitário? Estas problemáticas foram
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resolvidas de acordo com os PCN’s da Língua Portuguesa- Linguagem oral e escrita:
“Exposição oral com ajuda do professor, usando suporte escrito, quando necessários;
utilização de recursos para resolver dúvidas na compreensão; consulta ao professor ou aos
colegas, formulação de uma suposição a ser verificada adiante, etc”. (BRASIL, 2000, p. 113114.) E, ainda, o conteúdo das Ciências Naturais nos PCN’s (BRASIL, 2001, p.62): “Fatores
ambientais mais significativos para a saúde presentes no dia a dia da criança: sistema de
tratamento da água, formas de destino de dejetos humanos e animais, lixo e agrotóxicos”.
Já a problemática: como fazer a limpeza dos cabelos e unhas? Trabalhou-se a partir da
Educação Física: atividades rítmicas e expressivas. “Intenção de expressão e comunicação
mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento
corporal”. (BRASIL, 2001, p. 51.)
E, como realizar higiene bucal? Retornou-se aos conteúdos da Língua Portuguesa Linguagem oral e escrita: “Exposição oral com ajuda do professor, usando suporte escrito,
quando for o caso. Utilização de recursos para resolver dúvidas na compreensão: consulta ao
professor ou aos colegas, formulação de uma suposição a ser verificada adiante, etc”.
(BRASIL, 2000, p. 113- 114.)
Por fim, qual a importância do banho diário? Arte e Teatro: “Expressão e
comunicação” (BRASIL, 2001, p.86). E qual a importância de lavar as mãos antes das
refeições e após as eliminações? Música: “Apreciação significativa em Música: escuta
envolvimento e compreensão da linguagem musical”. (BRASIL, 2001, p. 79) E, após essas
abordagens, voltou-se para o Tema Transversal Meio Ambiente no seguinte conteúdo:
“Cuidado com a água, conhecimento e valorização de técnicas de saneamento básico”
(BRASIL, 2001, p.69).
Assim, obteve-se a elaboração do seguinte plano de aula, que foi aplicado na Escola
Municipal Manoel Bandeira no Município de Carlinda/MT.
PLANO DE AULA
Escola: Manoel Bandeira – Carlinda MT
Turma: 2° ano do ensino fundamental.
Tema: Saúde- Higiene Pessoal
Conteúdo:
Medida prática de autocuidado para a higiene corporal, utilização adequada de sanitários e,
após as eliminações, limpeza dos cabelos e unhas, higiene bucal, uso de vestimentas e
calçados apropriados, banho diário.
Objetivos:
Explicar os hábitos de higiene adequados.
Representar, através da música, a necessidade do banho.
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Fazer leitura sobre a importância de economizar água.
Realizar, através de teatros, ensinamentos sobre a limpeza dos dentes.
Conhecimentos prévios:
Conversar com as crianças sobre a importância de cuidar dos dentes e de estar sempre limpo,
realizar corretamente a prática de autocuidado, com banhos diários e lembrar a importância de
economizar água.
Metodologias e recursos da aula:
1° momento:
Fazer uma roda de conversas, perguntar aos alunos sobre seus hábitos de higiene pessoal no
cotidiano deles. Após isso, uma explicação sobre higiene e autocuidado. Isso se dará através
de uma exposição oral, o professor terá como base um suporte escrito “O banho”, de Nina de
Ana Cristina Melo. Explicará fazer a higiene bucal e como tomar banho corretamente. Com
isso, busca-se resolver dúvidas de compreensão do conteúdo, que serão formuladas pelos
alunos, isso terá uma ênfase na abordagem dos conteúdos da disciplina de língua portuguesa
para o ensino fundamental.
2° momento:
Realização de um pequeno teatro, com ênfase aos meios expressivos e de comunicação, para
explicar como tomar banho corretamente, isso terá como base os conhecimentos e conteúdos
da disciplina de arte.
Em seguida, através de fatores ambientais, foi explicado o sistema de tratamento e cuidado
com a água, formas de destino de dejetos humanos e animais, lixo e agrotóxico, isso de modo
mais significativo para a saúde, presentes no dia a dia da criança. Essa discussão se baseou na
disciplina de ciências naturais, principalmente no conteúdo sobre meio ambiente.
3° momento:
Explicação da necessidade de lavar as mãos antes das refeições e após as eliminações. Depois
se fará a apreciação significativa da música do seriado de TV Castelo Ra Tibum. Com isso
haverá uma escuta, envolvimento e compreensão da linguagem musical. Pedir-se-á aos alunos
que manifestem suas opiniões, ideias e sentimentos sugeridos pela escuta da música, levando
em conta o imaginário em momentos de fruição, isso envolverá a disciplina de arte.
4° momento:
Ainda em atividade musical, explicação sobre como fazer a limpeza dos cabelos e unhas.
Intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros
como referência para o movimento corporal. Ou seja, cantar e fazer os gestos pedidos na letra
da música, como, por exemplo, tomar banho, lavar o cabelo e escovar os dentes. Essa
movimentação do conteúdo transversal terá como base também a disciplina de educação
física.
Recursos:
Livro; Música; Cd; Som; Fantoches
Avaliação:
A avaliação levou em conta se as crianças comentaram sobre os hábitos de higiene e do
banho, ouvindo com atenção suas histórias. Se conseguiram interpretar a mensagem passada
com as representações artísticas, avaliação dos conteúdos conceituais, atitudinais e
procedimentais.
Referências:
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais volume 8: apresentação dos temas transversais:
ética. 3. ed. Brasília: MEC/SEF, 2000.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais volume 9:
meio ambiente, saúde / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte /
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
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_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação
física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua
portuguesa /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2000.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências
naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
MELLO, Ana Cristina. O banho de Nina/Ana Cristina Mello: Ilustrações de Cris Alhadeff. –
1ª Ed. – Rio de Janeiro: Escrita Fina, 2001.
Fonte: Daiane Mariana da Silva Benfica, Liliene Carla da Silva Honorio, Rosilaine da Silva Campos
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os Temas Transversais são um desafio para a comunidade escolar. Para Gavidia
(2002), a escola não estava contra se adaptar aos Temas TransversaiS, a única controvérsia
que havia era como seria este emprego, pois teria de se fazer vários ajustes principalmente na
carga horária do aluno. Sabendo-se disso, o melhor jeito de empregá-los seria inseri-los nas
disciplinas, levar em conta como elas seriam abordadas na escola.
Portanto, o autor destaca que, nos primeiros escritos sobre os Temas Transversais, não
havia tanto este termo, mas já assimilava com alguns problemas como meio ambiente, entre
outros, atendendo para várias escolas, porém não foi tão significativo assim, pois era ainda
considerada uma sobrecarga nas outras disciplinas. Através de várias tentativas, há uma busca
para que os temas não fiquem somente nas matérias e conteúdos, e sim em toda atividade
escolar, para que todas as barreiras sejam descartadas e superadas.
Gavidia, ao discutir a abordagem continuada dos temas transversais, aponta:
Uma abordagem adequada desses conteúdos não poderia estar limitada a ações
pontuais e desconexas, que podem ter importância em um determinado momento,
por exemplo, para a realização de uma prova, mas que depois não são mais motivos
de preocupação. Era necessário abordá-los com outra metodologia, dedicar-lhes
muito tempo, trabalhá-los a partir de diferentes ângulos, em diferentes momentos, ou
seja, era preciso que estivessem presentes ao longo de toda a disciplina. (GAVIDIA
apud NIEVES et al., 2002, p. 18)
O professor, ao abordar um conteúdo dentro de sala de aula, deve seguir uma norma
de complexibilidade, fazer ligações entre os mesmos, um exemplo que o autor comenta é da
avaliação escrita, a suposta prova que está testando o aluno somente na prova. O que o aluno
desenvolve em sala de aula é positivamente analisado, para acontecer a conexão dos
conteúdos transversais, com os conteúdos já propostos pelo professor. A transversalidade tem
que ocorrer no desenvolvimento de um projeto dentro da sala, buscar começo, o meio e o fim.
Trabalhar este projeto em um determinado período. Para que essa metodologia ganhe vida, é
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necessário dedicação e fazer a ligação dos Temas Transversais com os conteúdos disciplinares
e, se possível, desenvolver o mesmo durante todo o ano letivo.
É necessário preocupar-se com os Temas Transversais da mesma maneira que os
professores se preocupam com as demais disciplinas, trabalhar em vários momentos, ao longo
do ano escolar. Estar presente no cotidiano dos alunos e dos professores para conseguirem ter
todo o acompanhamento necessário para uma aprendizagem específica.
De acordo com o autor o conceito transversal só seria verdadeiro se ele partisse de um
projeto sério e que integrasse a realidade do indivíduo. Parece fácil, mas não é, pois os Temas
Transversais têm que transpassar pelos diferentes saberes e, por isso, ainda são pouco
trabalhados. Mas não adianta achar culpados para isto, há uma necessidade de mudança
urgentemente.
Pensar a escola a partir dos direitos humanos e com esta fissura fazer com que a
transversalidade seja aplicada. Deve-se acreditar que tudo pode melhorar se colocar em
prática tudo o que se aprende. Mesmo se não resolver, é preciso tentar trabalhar de modo que
se fortaleçam os laços entre os conhecimentos do cotidiano com os conhecimentos já
adquiridos cientificamente. Provocar a construção dos saberes além do ambiente escolar, ou
seja, levar a família, comunidade e sociedade à escola e divulgar os saberes também para fora
do ambiente institucional. Manter-se interligado. Trabalhar a relação dos conteúdos realizados
fora e dentro da escola, formando assim uma ponte entre a escola e a família.
De acordo com Gavidia (2002), o conceito transversalidade tem um caráter de
transpassar e de cruzar, provocando linhas que cruzam as disciplinas. Para o autor, a
dificuldade em se trabalhar no ensino infantil e ensino fundamental é pequena, pois será só
um professor para realizar as atividades e abordar o conhecimento de todas as disciplinas, já
no ensino médio fica mais difícil por serem vários professores que frequentam a mesma sala
de aula.
Assim, os Temas Transversais precisam ser incluídos nas disciplinas escolares como
prática, pois todos já tiveram algumas aulas sobre saúde ou meio ambiente. Não se quer aqui
mudar o conceito de vida e, sim, procurar uma aprendizagem mais significativa, e isso não
depende só da escola para isso, mas também da sociedade.
Não se quer transformar os Temas Transversais em uma matéria e sim apresentar
alguns conteúdos atitudinais, procedimentos e conceituais para que as crianças tenham acesso
a certas habilidades, que são importantes em suas vidas. Para isso, o professor precisa
conhecer seu aluno e tentar suprir suas necessidades. (GAVIDIA, 2002)
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De acordo com Yus (2002), no final do século XX, a escola passa por uma crise
educacional e ocorrem várias mudanças gerais de perspectiva, precisa-se então criar algo
novo, por esse motivo, foram anexados nos planejamentos dos professores os Temas
Transversais, para corrigir algumas falhas que a educação tinha no currículo escolar.
Para o autor, é preciso superar as teorias tradicionais e assim são fundamentados dois
paradigmas: o mecanicista e o sistêmico. O paradigma mecanicista que se baseia na separação
da mente e a fragmentação da matéria em diversas disciplinas faz com que o educador
trabalhe sempre os mesmos conteúdos. O homem está fragmentado, bem como o
conhecimento. Neste paradigma, encontra-se a abordagem da escola tradicional, em que o
aluno é ouvinte, passivo, receptivo, não pode questionar ou participar com ideias, tem a
obrigação de decorar todos os conteúdos para a prova. O professor é o dono da verdade.
Já o paradigma sistêmico, para Yus (2002), é a soma das partes para um todo, ou seja,
busca uma visão do todo de maneira integrada. E, assim, a transformação do paradigma
sistêmico deixa clara a transversalidade entre os conteúdos, fundamentados em trazer para as
salas de aula inovação e aulas dinâmicas. Leva em consideração os conflitos, as diferenças
sociais, religiosas e culturais. São essas as diversidades que se encontram nas salas de aula. É
importante levar o aluno a enxergar a realidade em que se encontra a escola, para que
sistematize e amplie os conhecimentos.
Durante esse movimento, muitas transformações ocorreram, em diversos aspectos da
educação, mas não foi possível o envolvimento dessas mudanças no sistema de ensino, que
ainda conserva algumas tendências do paradigma mecanicista. E a escola continua a
reproduzir os lados negativos da educação, como, por exemplo, a falta de autonomia do aluno.
Assim, as fissuras, de acordo com Yus (2002), surgem como brechas, para trabalhar os Temas
Transversais globalizados com demais conteúdos.
Assim, os Temas Transversais surgem para tentar solucionar as desigualdades na
escola, fala a autora Maria Dolors Busquets:
Os temas transversais destinam-se superar alguns efeitos perversos – aqueles dos
quais a sociedade atual se concretizou que, junto com outros de grande validade,
herdamos a cultura tradicional. Estas questões devem ocupar um lugar secundário no
ensino só porque não faziam parte das preocupações da ciência clássica? Se
fizéssemos isso estaríamos concedendo preocupações do passado que às do presente,
isto é, estaríamos vivendo e educando com o olhar voltado para trás. Introduzir no
ensino as preocupações mais agudas da sociedade atual não significa deslocar as
matérias curriculares, embora a vigências e a adequação de muito de seus conteúdos
sem dúvida deverão ser revisadas, em alguns casos porque são de valor formativo
duvidoso e em outros porque contradizem claramente os princípios subjacentes aos
temas transversais (não se pode valorizar a paz exaltando a guerra, ao mesmo tempo,
nem fomentar a igualdade entre sexos destacando apenas as ações realizadas por
homens, por exemplo). (BUSQUETS, 1998, p.36)
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A transversalidade é responsável por não esconder as contradições entre conteúdos
para formar cidadãos autônomos, críticos e solidários, e permitir abordagens inovadoras que
muitas vezes as disciplinas curriculares normais só reforçam. O educador tem que estar em
constante processo de transformação de suas práticas educativas, deve construir e desconstruir
conceitos e analisar em qual paradigma está se baseando para desenvolver os trabalhos.
Para que aconteça a inclusão dos Temas Transversais no cotidiano escolar, é preciso
olhar os conteúdos com uma visão mais ampla, buscar a educação global. E tornar os Temas
Transversais uma ponte entre o conhecimento comum e conhecimento científico. (YUS,
2002) A transversalidade rompe com as ideias dominantes e deixa que cada qual se expresse
de forma diferente, desta maneira, a inclusão de alunos e professores é bastante positiva, só
assim nota-se que o educador já consegue perceber que os conteúdos e os Temas Transversais
estão todos conectados.
Já para Pujol (2002), que escreve o Tema Transversal Trabalho e Consumo, existem
alguns conteúdos próprios que não fazem parte de nenhuma outra área curricular estabelecida,
somente é parte da educação do consumidor. Mas que a partir desta educação é possível fazer
questões para outras áreas específicas. De acordo com a autora, na saúde, é possível fazer um
levantamento na questão da alimentação como, por exemplo, a conservação de alimentos e
quais nutrientes são mais indicados para uma vida saudável.
Pujol (2002) reafirma que a educação do consumidor não deve apenas gerar aquisição
de conhecimento, mas deve agregar valores, mudar atitudes, comportamentos, e é necessário
que com esse aprendizado vá além das áreas de conhecimento específico, e seja parte atuante
do cotidiano, para que se possa vivenciar o aprendizado de sala de aula.
Assim, a autora enfatiza que é necessário fazer essa ligação entre a educação do
consumidor com outros Temas Transversais, isso requer uma dedicação imensa por parte da
escola. É importante o professor que pretenda trabalhar educação do consumidor em sala de
aula, fazer uma síntese para tornar o assunto mais acessível ao aluno. Ele não precisa ser
especialista no assunto, mas tem que estar preparado, e essa tarefa nem sempre é fácil, pois
muitas vezes o material que lhe é oferecido vem de especialistas de outras áreas o que torna o
trabalho um pouco mais difícil. A educação do consumidor não é uma disciplina tão recente,
para que a maioria dos professores necessite de uma formação nesse campo, mas é necessária
a instrução básica. (PUJOL, 2002)
Para a autora, o professor também não pode simplificar demais certo conteúdo de uma
temática, pois irá maquiar ou omitir alguns aspectos, que os alunos poderiam refletir ser
relevantes. O correto é apresentar em uma ordem cronológica conforme suas complexidades e
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sempre pensar que, no final, o aluno irá atingir o objetivo que é de construir uma opinião
sobre o tema, ou seja, o caminho percorrido proporcionou obter um conceito que poderá ser
usado em diversas situações. Deverá escolher sistemas de referências e situações que possam
fazer relações dos conceitos significativos com as situações que vivencia, para um melhor
aprendizado.
Assim, é possível buscar as construções de saberes para a cidadania. De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais dos Temas Transversais (2000), cidadania e democracia
envolvem muitos aspectos, porém, há uma urgência no que diz respeito à cidadania. Ensinar
pontos graves com temas sobre a cidadania, fazer com que o aluno seja capaz de estar à frente
e pensar a realidade, superar as diferenças.
E, por tratar de questões sociais, os Temas Transversais atravessam vários campos de
conhecimentos e, portanto, devem ser trabalhados de forma contínua, em conteúdos
curriculares, pautados na atualidade. Diante disso, com base nos Parâmetros Curriculares
Nacionais
(BRASIL,
2000,
p.
40),
sobre
a
relação
entre
transversalidade
e
interdisciplinaridade:
Ambas - transversalidade e interdisciplinaridade – se fundamentam na crítica de uma
concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados
estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado. Ambas apontam a
complexidade do real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os
seus diferentes e contraditórios aspectos. Mas diferem uma da outra, uma vez que a
interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos do
conhecimento, enquanto que a transversalidade diz respeito principalmente à
dimensão didática.
A interdisciplinaridade está relacionada a vários conhecimentos e traz a visão dos saberes
acumulados socialmente. Já a transversalidade tem relação com a prática do aluno, o que ele
aprende e conhece sobre a realidade dele. Ambas se interligam por partes, tornar os conteúdos
trabalhados de uma forma bem abrangente, com uma melhor compreensão de seus objetos. E,
também, nessas relações podem-se incluir atividades que tenham significado para o aluno, ou
seja, que partam tanto dos conhecimentos trazidos pelo educador quanto do educando. Os
Temas Transversais necessitam dar ênfase aos sentidos e significados trazidos pelo aluno de
seu cotidiano, assim enfatiza-se a cidadania. Portanto, a transversalidade busca um sentido
direto no social, não aprende somente o que a escola exige, e sim está aberta para outras ideias
e saberes que surgem do vivido e que possam suprir as necessidades da escola atual, que é
também ensinar atitudes, valores e comportamentos.
Ainda com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000, p. 41), é
preciso respeitar as relações entre os conhecimentos, ou seja, nem sempre é possível
estabelecer analogias, porém:
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Existem afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas,
como é o caso de Ciências Naturais e Saúde ou entre História, Geografia e
Pluralidade Cultural, em que a transversalidade é fácil e claramente
identificável. Não considerar essas especificidades seria cair num
formalismo mecânico.
A transversalidade mostra que os temas estão inseridos em todas as áreas. Mas nem
sempre é possível fazer as ligações entre os diferentes conteúdos, pois é necessário, em alguns
casos, respeitar as diferenças das áreas e também dos temas.
Porém, sempre que possível é interessante que o professor estabeleça esse elo entre as
diferentes disciplinas, - como a língua portuguesa, matemática, ciências naturais, história,
geografia, arte, educação física e os Temas Transversais como: saúde, ética, meio ambiente,
pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo – trabalhar estas especificidades e
relações. O educador não pode ser omisso e deixar de desenvolver os Temas Transversais. Ele
deverá fazer o entrelaçamento das áreas e temas. Portanto, são essas intensas relações que
permitem a construção de um ser crítico, atuante e cidadão.
Diante disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao discutirem sobre o ensino e
aprendizagem de valores e atitudes destacam: “É necessário compreender que atitudes,
normas e valores comportam uma dimensão social e uma dimensão pessoal. Referem-se a
princípios assumidos pessoalmente por cada um a partir dos vários sistemas normativos que
circulam na sociedade” (BRASIL, 2001, p. 43). Pode-se dizer que ambas são bastante
complexas, tanto a parte que representa os aspectos sociais quanto os individuais. Ou seja, as
atitudes envolvem o afeto, crenças e condutas. Já as regras e normas são orientadas por certos
grupos, que irão movimentar as ações das pessoas.
Assim, há alguns valores e atitudes que podem corresponder a certos conteúdos, e a
aprendizagem acontecer por meios de atividades planejadas, como valorizar a literatura
regional, como citam os PCN’s. Porém, outros valores e atitudes estão presentes no próprio
convívio do aluno, como, por exemplo, respeitar as diferenças dos outros e suas culturas,
saber o que falar nos momentos de alguma discussão passageira para não ferir o outro com
palavras agressivas. Por isso, é necessário entender a complexidade que envolve os diferentes
conteúdos, pois assim o professor terá uma atuação que deixa de ser para a escola e passa a
ser social.
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4 RESULTADO E DISCUSSÕES
No dia 14 de outubro de 2014, foi realizada a atividade com a turma do 2° ano do
ensino fundamental, sobre o Tema Transversal Saúde. Os conteúdos abordados foram sobre o
autocuidado e sensibilização a respeito do desperdício de água ao fazerem hábito de higiene
pessoal. A aula ocorreu na escola Municipal Manoel Bandeira, situado no Bairro Bom Jesus,
Rua das Maravilhas, s/n, no município de Carlinda, Estado de Mato Grosso.
Notou-se que na escola há dificuldade de higienização entre os alunos em geral.
Diante disso, trabalhou-se com a ideia de que alguns hábitos são importantes para a vida
deles. Sabe-se que somente falar não faz com que todos se sensibilizem, assim, os alunos
devem ser instigados a agirem de tal forma que se sintam bem e deixem as outras pessoas
bem. O indivíduo deve ser estimulado ainda em casa a ter hábitos que são importantes para a
vida social.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000, p. 33) sobre a
Saúde, tem-se:
O nível de saúde das pessoas reflete a maneira como vivem, numa interação
dinâmica entre potencialidades individuais e condições de vida. Não se pode
compreender ou transformar a situação de um indivíduo ou de uma
comunidade sem levar em conta que ela é produzida nas relações com o
meio físico, social e cultural. Falar de saúde implica levar em conta, por
exemplo, a qualidade do ar que se respira, o consumismo desenfreado e a
miséria, a degradação social e a desnutrição, formas de inserção das
diferentes parcelas da população no mundo do trabalho, estilos de vida
pessoal.
O conceito de saúde vem junto com a criança desde sua infância, em que ela pode
observar os costumes e valores que existem em sua família, ou seja, no meio em que ela
convive. Quando chega à escola, irá receber informações de uma vida saudável e irá criar um
conceito de saúde, que pode ser diferente do qual ela está acostumada. Por exemplo, hoje em
dia, o cardápio da merenda escolar foi reformulado, está mais saudável e são servidas frutas,
verduras, legumes e sucos naturais. Em algumas escolas, as cantinas que vendiam
refrigerantes, salgadinhos e doces já não existem mais. Para incentivar novos hábitos, essas
escolas também têm oferecido palestras, teatros, pois elas desempenham um papel
fundamental na educação para o autocuidado e para serem cidadãos comprometidos com a
melhor qualidade de vida, tanto coletiva como individual.
A Escola Municipal Manoel Bandeira possui 537 alunos nos dois períodos, matutino e
vespertino. A escola também atende alunos especiais em salas regulares e AEE no período
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oposto. Em caso de levar a comunidade à escola, são realizadas reuniões para trazer os pais
até a escola, tendo também conselho de classe individual quando solicitado.
Atualmente, na escola, estão sendo realizados projetos sobre os Temas Transversais
saúde, pluralidade cultural etc. Há também, palestras para reforçar a aprendizagem dos
alunos.
4.1 A Aplicação da aula em sala de aula
A aplicação da aula se deu primeiramente através de atividades para formalizar o
entendimento do Tema Transversal Saúde. De início, foi realizada com os alunos a leitura do
livro “O banho de Nina”, de Ana Cristina Mello, história de uma menina que adora prolongarse no banho. Ainda mais quando está na companhia da boneca Lili. Como a autora apresenta
no livro: “Nina você sozinha não pode acabar com a água do mundo.” (MELO, 2011, p. 15).
A autora acrescenta: “Não, Mãe? – Não, mas pode ajudar para que não acabe. – Posso? pode. É só você economizar no seu banho. – só isso? – Basta cada um fazer um pouco.”
(MELO, 2011, p.16). Mas o alerta da mãe, acrescido de uma matéria na TV, faz com que a
menina tome um baita susto, de que seus longos banhos podem fazer com que se acabe a água
do mundo. Então, Nina, sem perder tempo, decidiu parar com todos os seus hábitos de
higiene, para não gastar água. Sabe-se ainda, que somente Nina não seria capaz de fazer isto
sozinha, no caso, todos deveriam economizar água.
Logos após, questionou-se os alunos sobre o livro e o que eles haviam entendido com
a história. Alguns estudantes não prestaram muita atenção, mas, por outro lado, alguns alunos
souberam perfeitamente explicar como economizar água. Foi perguntado aos alunos sobre o
que fariam se fossem eles que tivessem de tomar alguma iniciativa para economizar água. A
maioria deles disse que não fariam o que Nina fez, pois seria muito nojento, deixar o vazo
sanitário sujo, ficar sem tomar banho ou até mesmo ficar sem escovar os dentes. Comentaram
que poderiam encher baldes com águas da chuva, e iria ajudar a lavar outras coisas. Foi então
questionado se não estivesse chovendo, qual seria o meio utilizado para a prevenção. Eles já
foram às maquinas de lavar roupa, pois seria uma das opções que poderiam tanto lavar roupa
quanto aproveitar esta água para lavar outras coisas, como o carro, moto ou até mesmo
calçadas.
Depois foi realizada uma pequena encenação. Deu-se ênfase aos meios expressivos e
de comunicação, para explicar corretamente como tomar banho. Foi entregue para cada aluno
um pedacinho de TNT vermelho, simbolizando as toalhas. Foi pedido que todos os
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pendurassem no cós da calça e retirá-la somente quando pedisse a música, que seria do
Castelo Ratimbum, “Banho é bom”. Como trecho da música apresenta: “Tchau preguiça,
tchau sujeira, adeus cheirinho de suor”. A música foi editada para ficar mais longa. Então,
tudo que a música pedisse para fazer, os alunos deveriam repetir. Nesta atividade, todos se
envolveram. A seguir, foi entregue uma folha de sulfite para que eles desenhassem como
eram os banhos deles. Um desenho chamou muita atenção, pois o estudante o esboçou ao
fazer xixi no chuveiro, mas ele ficou com vergonha e apagou. Isso foi um meio para chegar
novamente na economia de água, e que não era vergonha fazer xixi no banho, isso também é
um meio de economizar água, sem precisar dar descargas, um ótimo método.
Assim, com alguns fantoches, foi feito um teatro musical, sobre os dentes. Com um
TNT preto, foi feito um cenário para os alunos não verem quem manipulava os bonecos. Era
um teatro bem pequeno e muito esperado pelos alunos, a música também era do Castelo
Ratimbum: “Os dentes”. Assim apresenta trecho da música: “Nós somos os restos de comida.
Nós vamos grudar em você - a escova não me alcança. A escova não me alcança... Escova não
me alcança”. Os alunos ficaram bastante envolvidos com a metodologia, tanto que foi repetida
várias vezes.
No momento seguinte, a conversa foi sobre a limpeza dos dentes. Quantas vezes devese escovar os dentes por dia? Alguns alunos disseram que só uma vez estava bom. Foi preciso
mostrar aos alunos a importância dos dentes, que o ser humano tem somente duas dentições
na vida, que uma seria a deles, que alguns já estavam se encaminhando para a segunda, e, no
caso dos adultos, já estão na segunda dentição e, se não cuidarem, deveriam usar implante ou
algo parecido.
Após o teatro, as crianças estavam agitadas, fazendo comentários. Elas queriam pegar
os fantoches, ter esse contato com a escova, o creme dental, com os dentes. Isso porque
chamou a atenção e elas ansiavam esse contato mais direto. Em seguida, foi feito o
fechamento, para relembrar tudo o que foi feito durante a aula, foi questionado sobre o que
aprenderam. E as respostas foram espontâneas, uns diziam: “Não posso ficar sem tomar
banho, tenho que escovar os dentes após cada refeição”. As meninas diziam: “Tenho que usar
roupas limpas, cortar unhas, lavar e pentear os cabelos e da importância da água em nossa
vida”.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões sociais já estão sendo introduzidas nas temáticas da escola, como, por
exemplo, na saúde, que varia de acordo com as diferentes realidades locais. Um meio de
ensinar valores nas escolas é através do ensino aprendizagem e de sua reflexão.
Sabe-se, ainda, que estas aprendizagens de valores e comportamentos são pouco
exploradas. É preciso conhecer os problemas e saber quais são as consequências para a vida,
tendo bastante atenção e saber quais são os seus direitos para procurar ajuda se necessário.
Por isso que a informação é necessária. Saber se colocar no lugar do outro também é uma
grande forma de desenvolver a solidariedade e cidadania, conhecer as diferenças e aceitá-las.
Portanto, a hipótese de que não existe uma regularidade na higiene pessoal das crianças que
frequentam a Escola Manoel Bandeira foi confirmada, contudo, os alunos, durante a aplicação
do projeto, se mostraram favoráveis a mudanças.
A escola, por ser um local amplo e heterogêneo, recebe alunos diferentes. Porém, com
igualdade, todos usufruem da mesma educação. Deve ser ensinado que todos têm dignidade e
merecem ser tratados com os mesmos. Mas, para isso, depende de cada professor, em sua
maneira de repassar seus conteúdos, como eles se tratam nas salas dos professores, tudo está
incluído para a formação deste aluno. E, se um aluno não é respeitado fora da escola, e chega
à sala percebe que naquele ambiente ele é respeitado, a aprendizagem deste aluno será
melhor.
Trabalhar sem discriminação em sala faz com que o aluno aprenda isto e leve consigo
para o resto da vida. Porém, existem aqueles alunos que notam a discriminação por parte de
outros alunos, com certos apelidos indesejados e se tornam agressivos, e nem por isso deve-se
punir tais alunos, por isso, é necessário conversar a respeito, fazer com eles reflitam sobre
seus atos.
A escola está sobrecarregada, porém é preciso que ela trabalhe os conteúdos como
“pontes”, ou seja, valorizar os conhecimentos que os alunos trazem de fora para dentro da sala
e então trabalhar o todo, o conhecimento comum e o conhecimento escolar.
Assim, os Temas Transversais precisam estar junto com os conteúdos em várias
disciplinas, funcionar como eixos e organizar conteúdos, que podem ser transversais a todos
os assuntos. Mas a transversalidade surge como um problema para a escola, na difícil tarefa
de incluir os Temas Transversais junto com os conteúdos a serem trabalhados.
214
Assim, trabalhar com os alunos da escola trouxe bastante esclarecimento sobre o
assunto, muito aprendizado para a vida acadêmica. O assunto foi bastante crítico e, por isso,
ainda se tem esperança de tornar estes hábitos ainda vivos na vida de cada aluno. Pois, mesmo
alguns alunos não tendo estes hábitos em casa, precisam saber o que é bom para vida deles e o
que não é. Tornar estes hábitos de higiene pessoal possível não só na escola, mas em casa
também. E, assim, viver de forma limpa, respeitando as diferenças e opiniões dos outros, pois
cada um possui uma maneira de pensar e não se deve criticar isto. No fundo, as pessoas sabem
a vida que querem ter, por isso, é preciso incentivar os alunos de hoje para não sofrerem mais
tarde com coisas que poderiam ter sido diferentes e também respeitar quando eles acreditam
que pode ser diferente.
REFERÊNCIAS
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meio ambiente, saúde / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
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Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação
física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua
portuguesa /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2000.
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naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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formação integral. 3. Ed. São Paulo: ática, 1998.
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MELLO, Ana Cristina. O banho de Nina. Ilustrações de Cris Alhadeff. – 1ª Ed. – Rio de
Janeiro: Escrita Fina, 2001.
PUJOL, Rosa M. O que Ensinar e o que Aprender no Ensino Fundamental sobre a Educação
dos Consumidores? In: NIEVES, Alvarez María [et. al]. Valores e Temas Transversais no
Currículo. Porto Alegre: Artmed, 2002.
215
YUS, Rafael. Temas transversais e educação global: uma nova escola para um humanismo
mundialista. In: NIEVES, Alvarez María [et. al]. Valores e Temas Transversais no
Currículo. Porto Alegre: Artmed, 2002.