revista - Associação de Fuzileiros
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R E V I S TA SEPARATA •eSTATUTO •REGULAMENTO GERAL DAS ESTRUTURAS E SERVIÇOS CENTRAIS nº 11 Abril 2011 2 Boinas REcriAÇÃO DOS FUZILEIROS PÁG. 6 Sumário 2 Índice Editorial Título.........................................................................................3 Cartas ao Director. ................................................................4 Comunicados Assembleia-Geral de 26 de Maio..............................................5 50 Anos Recriação dos Fuzileiros............................................................6 Serafim Lobato Associados Camarada nosso bate recorde do mundo.................................8 MP Regresso à Casa-Mãe................................................................9 Jorge M. Moreira Silva Fuzileiros a Bordo....................................................................10 António Ribeiro Ramos O Direito de Dizer....................................................................11 Carla Marques Pinto Tudo por causa de uma boa causa..........................................13 Mário Manso e Pedro Marques da Luz CCF Treino avançado de Operações Especiais................................14 A História dos Homens............................................................14 SAJ. FZ Silva Homenagem ao Cmte. Neto Simões.......................................15 Atribuição do Distintivo alusivo ao Curso de Fuzileiro............16 Qualificados novos Patrões de LARC.......................................17 Orientação Desportiva............................................................18 Fuzileiro Português vence a Marcha Dinamarquesa...............19 Delegações Reunião com as Delegações....................................................19 Delegação de Vila Nova de Gaia.............................................20 Fuzileiros de Setúbal...............................................................20 Convívios 20º aniversário do 2º CFORN FZ 1990/1991...........................21 DFE 5 – 1963-65 (Angola)........................................................21 Almoço de Escolas no Litoral Alentejano................................22 Neves de Carvalho Escola de Fevereiro de 1991...................................................22 Luis Arada Informação (DFE 10 – Guiné 1967-69)....................................22 Convívio de Marinheiros e Ex-Marinheiros.............................23 José de Oliveira Pinto Associação de Fuzileiros | 2011 Encontro Escola de 88 – Algarve 2011....................................23 João Serafim Destacamento nº 6 e Companhia nº 10..................................24 Mário Manso O reencontro dos Putos da Fragata.........................................24 Carlos Verdasca Eventos O Jantar dce Natal de 2010.....................................................25 MP Batalha 10/04/2010 também Dia do Combatente..................26 Mário Manso APVG Braga.............................................................................27 Mário Manso Salpicos de Vida SPM 0468 Nº 5........................................................................28 Francisco Rosado Guiné, 1969 – Emboscada a um comboio naval – Parte I.......29 Lema Santos In Perpetuam Memoriam Homenagem da Direcção Nacional ao Dr. Paulo Marques Sócio nº 566 da Associação de Fuzileiros............................33 Carlos Marques Pinto Camaradas falecidos...............................................................34 Fuzo-poesia Homenagem à Banda da Armada...........................................35 Mário Manso ___________ Ofertas & Donativos................................................................34 Novos Sócios...........................................................................35 Ficha Técnica Director e Responsável Editorial: Cmte. Lhano Preto. Director-Adjunto: Marques Pinto. Redacção: Editor, Serafim Lobato. Colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos; Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro. Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó; Telf. 21 255 98 90; E-mail: [email protected] www.tipografialobao.pt Propriedade e Edição: Associação de Fuzileiros, Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro; Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156; E-mail: [email protected]; Site: www.associacaofuzileiros.pt Editorial 3 TRÊS ASSUNTOS Lhano Preto Presidente da Associação de Fuzileiros Muito havia para falar neste editorial, mas vou apenas, de forma lhana, abordar três assuntos. Em primeiro lugar quero agradecer o empenho de muitos sócios, já que nos têm enviado algumas cartas, tendo assim respondido ao meu apelo na revista anterior, notando-se ainda um aumento de artigos para a nossa revista. A todos o meu obrigado. A seguir, não podia deixar de lembrar que no dia 3 de Junho, com chegada à “Casa Mãe”, pelas 09.30 horas, festejamos o “Dia da Escola de Fuzileiros”; Como é sabido decorrem em 2011, as comemorações dos 50 anos da recriação dos Fuzileiros. “Meio século de existência crescentemente prestigiada – na nossa Marinha, nas Forças Armadas, em Portugal e mesmo no estrangeiro – durante o qual, muitas gerações cumpriram exemplarmente os seus deveres mi- litares defendendo o País, na guerra e na paz, e desenvolvendo uma mística e um espírito de solidariedade e de aprumo patriótico, ímpares – É OBRA!” Por último não podia deixar de falar do “Dia do Fuzileiro” dia 9 de Julho. “Como é óbvio, a Associação de Fuzileiros sente-se, por direito próprio, parte integrante e activa destas comemorações, exortando todos os nossos camaradas, e todos os sócios e seus familiares a comparecerem. Os pormenores dos eventos – nomeadamente a possibilidade e a data da inauguração do Monumento ao Fuzileiro, a implantar na rotunda de entrada da cidade do Barreiro, município que foi berço dos fuzileiros e da sua Escola, em Vale do Zebro – os programas, os horários e as prováveis fitas de tempo serão oportunamente divulgadas, em comunicado/convite a publicar no nosso site, na internet, e/ ou pelos meios que estejam ao nosso alcance. Pretendemos que este ano, particularmente significativo para os fuzileiros em geral e, especialmente, para a grande “Família” associativa dos fuzileiros, todos estejamos ainda mais presentes do que é costume”. É esta uma das formas e também uma oportunidade relevante de afirmarmos a nossa qualidade e a excelência da nossa missão, perante a Sociedade Civil e as Forças Armadas e de elevarmos mais alto o prestígio da nossa Marinha e de Portugal. Agradecemos que faça a sua inscrição atempadamente, através da Associação de Fuzileiros. Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre! Associação de Fuzileiros | 2011 Cartas ao Director 4 Em honra do Fuzileiro da Guerra Colonial Senhor Director, gostaria que as minhas primeiras palavras nesta secção da nossa Revista fossem um cântico em honra do Bravo Fuzileiro da Guerra Colonial. Um hino de louvor sobretudo à arraia-miúda: militar desempenado, alegre e medalhado. Herói ingénuo que nunca percebeu o porquê da guerra. Um hino de glória ao Alentejano, ao Braga, ao Açoriano, ao Viseu, ao 45, ao António… de quem não se fala, herói humilde e sacrificado, nome ignorado, Fuzileiro sem história, Fuzileiro esquecido. Fuzileiro filho da Pátria que me germinou. Guilhermino Augusto Ângelo (Sócio nº 1527) Assunto: Conselho de Veteranos Recebi a sua carta em que em dá conhecimento do aditamento do novo estatuto da nossa associação, aprovado em A.G. por unanimidade e aclamação. E nesse estatuto é-me atribuído a distinção de membro permanente do conselho de Veteranos, derivado da qualidade antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação de Fuzileiros, que agradeço. Trata-se de uma inerência, mas que me apraz registar a honraria atribuída. Vejo com muito agrado que o meu amigo está dinâmico, como era de esperar. O novo artº. 14º vem dignificar um núcleo de pessoas, que serviram ou servem a Associação, o que é mais uma prova de que os Fuzileiros lembram sempre outros Fuzileiros, o que nem sempre acontece no resto da Marinha. Os meus parabéns, com votos de continuação de bom trabalho. Associação de Fuzileiros | 2011 E no dia 12 de Maio espero estar presente no convívio do conselho de Veteranos. Agradeço que nos envie um exemplar do novo regulamento, dado que o anterior foi coordenado por mim, pelo que tenho curiosidade em conhecer o novo. Com um cordial abraço Cmdt. Metelo de Nápoles Os traumas de uma comisssão A 6 DE Junho de 1966 o velhinho Contratorpedeiro Vouga deixa a Base Naval de Lisboa rumo a Bissau, levando a bordo um Destacamento de Fuzileiros Especiais. Julgo ter sido a sua última viagem, não por maldição, mas pela força dos anos. Cumpri nesse Destacamento uma comissão de serviço na Guiné e, mais de quatro décadas passadas, ainda tenho bem presente passagens ali vividas. Ainda hoje oiço o barulho dos motores da LDM que nos levava para a operação. Sinto no corpo a água morna daqueles rios e as penosas travessias do tarrafe, o chapinhar nas águas, e o lodo no camuflado. Sinto as terríveis formigas agarradas às minhas pernas, a travessia da bolanha em progressão lenta e a entrada na mata onde a progressão era ainda mais lenta devido à densa vegetação, mas sempre mais seguro que seguir pelos caminhos/ picadas. Oiço o ruído do macaréu no Rio Corubal, aquela vaga enorme a avançar em sentido contrário à sua corrente. Ainda vejo o clarão do Sol nascente entre a bela e misteriosa floresta tropical, tantas vezes aproveitada pelo inimigo. Oiço o chilrear das aves e o cantar dos galos. Sinto o cheiro característico da tabanca. Oiço as rajadas da G3 em resposta às da Kalashnikov e vejo a chegada dos sempre esfomeados abutres. Vejo no rosto de cada elemento um sorriso no final da operação. Vejo em ti Amadeu, a felicidade por na última operação – a nossa “Chave d’Ouro” – algures no Rio Armada, teres conseguido a “desforra” dos dois tiros. Vinte e dois meses e treze dias depois, esse Destacamento, desembarca na mesma Base Naval, com seis dias de navegação noutro velhinho navio da nossa Armada – a Fragata Diogo Gomes. P.S: Mas hoje também sinto uma extraordinária amizade entre todos aqueles que comigo serviram a Marinha naquele Destacamento. Uma amizade que teve a sua origem na Escola de Fuzileiros aquando da formação da unidade, que se fortaleceu durante a comissão – onde a vida de um dependia muitas vezes do camarada que estava ao seu lado – e consolidada ao longo destes anos. Uma amizade sempre bem patente, tanto nos encontros fortuitos como nas planeadas reuniões ( almoços) anuais. Guilhermino Augusto Ângelo Abraço Camaradas e Amigos. Com um abraço muito grande para todos. Quanto à Revista o Desembarque, estou muito contente, pois vejo toda a nossa boa informação, e destaque dos sempre Fuzos. Do Lagarto 518/64 - Sócio nº538 Comunicados A Assembleia-Geral de 26 de MarÇo 5 Conselho de Veteranos Para conhecimento de todos os Sócios comunicamos que o Conselho de Veteranos reuniu em primeira sessão plenária, tendo elegido para Presidente e Vice-Presidentes os seguintes Conselheiros: Presidente – Sócio n.º 70, Capitão de Mar-e‑Guerra Guilherme Valmor Alpoim Calvão; 1.º Vice-Presidente – Sócio n.º 578, Vice-Almirante Alexandre Reis Rodrigues; Teve lugar no passado de 26 de Março a Assembleia-Geral, previamente convocada, que deliberou sobre os seguintes assuntos, conforme a respectiva ordem de trabalhos: • Apresentação e eventual aprovação do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2010 e do Orçamento para 2011; • Eleição dos titulares dos Órgãos Sociais – Assembleia-Geral, Direcção Nacional, Conselho Fiscal e Conselho de Veteranos – para cumprimento do Estatuto, nomeadamente de um Vice-Presidente e dois Secretários para a mesa da AssembleiaGeral (Art.° 11.0, n.°2) um Vice-Presidente e um vogal para a Direcção Nacional (Art.° 12.°, nos 1, 2 e 3) um Vice Presidente e dois vogais para o Conselho Fiscal (Art.° 13.°) e oito Conselheiros para o Conselho de Veteranos (Art.° 14.°, nos 3 e 4); • Apresentação e eventual aprovação, ao abrigo do Estatuto (Art.° 5.°) de propostas para Sócios Honorários, dos seguintes sócios Originários: Comt. Guilherme Valmor Alpoim Calvão (n.° 70); Comt. Heitor dos Santos Patrício (n.° 2); Comt. José Luís de Almeida Viegas (n.° 153); Comt. António Fernando Salgado Soares (n.° 62); Comt. José Cardoso Moniz (n.° 36); Sargento Emídio Alves Ribeiro (n.° 60). • Apresentação para eventual ratificação, nos termos do ponto 1.4. do Estatuto, dos designados Sócios de Mérito, seguintes sócios originário e aderentes, respectivamente: Dr. José dos Santos Sequeira (n.° 158); Sr. Diogo Velez Pacheco de Amorim (n.° 1543); Sr. José Augusto Campos e Sousa (n.° 1421). Na Assembleia estiveram presentes, 105 sócios. Os sócios com direito a voto aprovaram o Relatório e Contas/2010 e o Orçamento para 2011, por unanimidade, após o Presidente do Conselho Fiscal ter lido o respectivo parecer e ter proposto um voto de louvor à Direcção pelo seu desempenho ao longo do ano de 2010, tendo sido este, também, aprovado por unanimidade. De seguida foram eleitos os novos titulares dos órgãos sociais previstos no actual Estatuto e, oportunamente propostos em lista única, tendo a Mesa da Assembleia apurado os seguintes resultados: Total de votos presenciais, 70; Válidos, 65; Brancos, 5; Total de votos por correspondência, 177; Válidos, 170; Brancos, 1; Nulos, 6. Os candidatos aos cargos dos órgãos sociais foram eleitos por 235 votos válidos expressos, isto é, por uma percentagem de 95,2%). Num país como Portugal, em que, no panorama associativo, a média de participação em assembleias-gerais ronda a percentagem dos 4,5% é notável que a nossa Associação registe urna participação (incluindo os presentes e os que participaram através do voto por correspondência) de cerca de 18,7%, uma taxa de votação dos sócios nos plenos poderes dos seus direitos sociais de, mais ou menos, 24,7% e uma presença na respectiva sessão de cerca de 18,1%. 2.º Vice-Presidente – Sócio n.º 36, Capitão de Mar-e-Guerra José Cardoso Moniz. De notar é que, o mecanismo do mandato (representação), já previsto no Art.° 2.° do novo Regulamento Geral Interno, não foi utilizado, porventura por não ter sido ventilado na respectiva Convocatória, sendo bom que fique de experiência para a próxima Assembleia Geral ordinária (que terá também a natureza de assembleia eleitoral) já que o voto por mandato veio alargar e conferir qualidade ao clima verdadeiramente democrático da Associação de Fuzileiros que se caracteriza por grande rigor, disciplina e liberdade. Entretanto, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral colocou à votação as propostas da Direcção que foram, previamente, lidas em voz alta para os Sócios Honorários, e de ratificação dos Sócios de Mérito acima referenciados, sendo todas elas aprovadas por unanimidade. Encerrada a sessão pelo Presidente da Mesa foi ainda tempo para o Sr. Tenente-Coronel, Piloto Aviador, Brando Ferreira, proferir urna conferência e de relançar o seu livro, “Em nome da Pátria”, autografando alguns deles, conferência que foi muito participada no período de perguntas e respostas. A Assembleia Geral que se caracterizou, também, por um saudável convívio, decorreu com grande urbanidade, como aliás era totalmente expectável, nesta plêiade de sócios que bem representam a solidariedade, a disciplina e o elevado espírito cívico, característico apanágio dos fuzileiros. Associação de Fuzileiros | 2011 6 50 Anos Recriação dos Fuzileiros A actual estrutura organizativa dos fuzileiros navais portugueses foi criada, oficialmente, por lei, a 24 de Fevereiro de 1961, sendo estabelecido, então, que haveria duas especializações: a de monitor (IM) e a de fuzileiro especial (IEP). Os fuzileiros comemoram, portanto, este ano o seu 50º aniversário. O primeiro curso de fuzileiros teve lugar no Verão de 1961, tendo decorrido no então Corpo de Marinheiros, em Vila Franca de Xira, (que foi depois o Grupo 2 de Escolas da Armada e, posteriormente, a Escola de Tecnologias Navais). O curso foi dividido em duas fases – a primeira com início a 5 de Junho de 1961, e a segunda a 14 de Agosto. Teve a frequência de 36 praças na primeira fase e 42 na segunda (que vieram a fazer parte do primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais) e ainda pelos 1ºs tenentes (Coelho Metzener, Maxfredo da Costa Campos e Santos Patricio), pelos 2ºs tenentes (Mendes Barata, Vasconcelos Caeiro e Oliveira Rego). Foram seus primeiros instrutores os quatro membros da Marinha que, em Agosto e Setembro de 1960, frequentaram, em Inglaterra, um curso dos Royal Marines ingleses; respectivamente, o 2º tenente Pascoal Rodrigues e os marinheiros MAN Ludgero dos Santos Silva (Piçarra), Mário José Batista Claudino e João Cândido dos Santos Santinhos. (Estes quatro primeiros fuzileiros receberam a boina verde dos Marines ingleses, que depois foi adaptada para o primeiro modelo que usamos e que vigorou durante todo o período de guerra no Ultramar: a boina azul ferrete com a âncora da Marinha, que ficou a ser o símbolo dos fuzileiros especiais). O curso decorreu, com alguma improvisação, tendo sido estabelecida uma pista de combate num local chamado “Quinta do Antelmo” (junto às ruínas da Casa do Infante), enquanto a mata do Alfeite era utilizada para exercícios tácticos e a pista de lodo a zona pantanosa nas imediações da designada piscina de pedra do rei D. Carlos. A serra da Arrábida foi utilizada para os exercícios de campo. Ali teve lugar, a primeira imposição de boinas (com carácter não oficial), com a presença do contra-almirante Armando de Reboredo e do capitão-tenente Melo Cristino, director de Instrução da Escola de Fuzileiros. A cerimónia oficial de imposição realizouse, todavia, mais tarde na parada do Corpos de Marinheiros. Entretanto, enquanto decorria este primeiro curso eram efectuadas obras para adaptação das instalações navais do Vale do Zebro (Barreiro) para fixação da Escola Associação de Fuzileiros | 2011 de Fuzileiros, que é, desde então, a Escola-Mãe dos Fuzos até aos dias de hoje. Esta foi formalmente criada a 3 de Junho de 1961, destinada à formação de fuzileiros, com sede em Vale de Zebro, com subordinação ao Grupo 2 de Escolas da Armada, tendo como director de Instrução, o já referido capitão-tenente Melo Cristino (que ascendeu, depois, na sua carreira ao almirantado), com competência disciplinar. O recrutamento, a instrução e a evolução organizativa dos fuzileiros, com a designação de especiais e navais, foi modificando, com a experiência adquirida e a sua descrição pode ser acompanhado em pormenor no trabalho, lançado em livro pela Comissão Cultural da Marinha, em 2006, da autoria do comandante Sanches de Baêna, que temos vindo a acompanhar, cujo título é “FUZILEIROS – Factos e feitos na guerra de África 1961/1974”. Somente em 3 de Fevereiro de 1969, a Escola de Fuzileiros adquiriu um estatuto de independência, vindo a ser comandada por um capitão-de-fragata, no caso, o primeiro foi o comandante Bustorff Guerra (mais tarde vice-almirante), ficando subordinada directamente ao vice-almirante Chefe do Estado-Maior da Armada para fins de disciplina, segurança e defesa, sendo que para efeitos de instrução se subordinou na altura ao superintendente dos Serviços de Pessoal. Em 1969, foi criada a Força de Fuzileiros do Continente, para agrupar numa força da Armada as Unidades de Fuzileiros e as lanchas de Desembarque estacionadas no território continental europeu. Esta organização levou a que fossem capitães-demar-e-guerra seus comandantes. O primeiro foi o comandante Lopes Marques. Situação que se estendeu, com idêntico posto, em 1971, à Escola de Fuzileiros. Em 1974, forma-se – 24 de Julho – o Corpo de Fuzileiros do Continente. Inicialmente, e durante anos sob o comando de um oficial de Marinha, mais tarde Fuzileiro tendo sido o seu primeiro comandante o capitão de mar e guerra Bustorff Guerra. E, há cerca de meia dúzia de anos sob o comando de um contra-almirante proveniente da classe de Marinha. O primeiro foi o então contra-almirante Vargas de Matos, o último oficial-general do cargo que fizera um curso de FZE e comandara um Destacamento em Moçambique. No período da guerra em África, a unidade de elite operacional da Marinha foi o Destacamento de Fuzileiros Especiais. Foram, aliás, FZE´s, os únicos membros da Armada a receberem a mais alta condecoração político-militar portuguesa, a Torre Espada de Valor, Lealdade e Mérito pelas acções em combate. Foram quatro e os seus nomes devem ser relevados: comandante Alpoim Calvão, Comandante Rebordão de Brito (já falecido),2º sargento FZE Ribeiro Pais (já falecido) e 2º sargento FZE Martins Teixeira. Apesar de serem criados em pleno ano do início de guerra em África, os fuzileiros já estavam em Angola com um destacamento em Novembro de 1961, sob o comando do 1º tenente Metzener. Ou seja pouco meses depois. Pelos três Teatros Operacionais activos (Angola, Guiné e Moçambique), bem como por Cabo Verde com um pelotão independente desde 1968, passaram pelos antigos territórios ultramarinos portugueses cerca de 12.500 homens, integrados, principalmente, em Destacamentos de Fuzileiros Especiais e Companhias de Fuzileiros. Não significa isto que o número corresponda a uma estatística real, já que uma parte significativa do pessoal fez várias comissões. 7 Serafim Lobato Entre 1962 e 1974,a Escola de Fuzileiros formou cerca de 4.200 fuzileiros especiais (oficias, sargentos e praças). De certo modo e em certo sentido, os fuzileiros portugueses actuaram, em praticamente, todo o território dessas principais possessões ultramarinas. Conforme referimos acima, a primeira unidade de Fuzileiros formada, logo no início da guerra, seguiu para Angola, em Novembro desse ano. Nesta antiga colónia, estiveram destacados 18 DFEs e 22 Companhias, além de vários pelotões de reforço. Estiveram sediados e em acção desde Luanda, ao Norte (rio Zaire), interior (Dembos), sul (rio Cubango) e leste (rios Zambeze e LunguéBungo) A Guiné foi a antiga província, onde se registou uma acção, mais marcadamente operacional dos fuzileiros. Além de ali estarem presentes, no total, 27 Destacamentos, foi nesta província que o esforço de operacionalidade naval nas zonas ribeirinhas onde mais se fez sentir, desde a regular presença de segurança aos comboios de abastecimento, a patrulhas de rios pelas lanchas de fiscalização (LFG, e LFP) e botes, e mesmo missões em LDM e LDP, passando inclusive pela presença irregular de navios de maiores portes. Tudo isto somado ao apoio naval às operações dos DFZE`s. Na realidade, a Guiné teve duas grandes bases navais: uma de comando, logística e de manutenção em Bissau e outras operacionais em Ganturé, Cacheu, Chugué, Antiga Teixeira Pinto, Escola de Fuzileiros Bolama (DFE21, DFE22, DFE23) onde, regularmente, se constituíam em agrupamentos de navios e forças em terra. Na prática, todos os rios da Guiné, navegáveis ou não, tiveram a presença de Forças da Marinha (navios ou fuzileiros), desde o Cacheu (e afluentes, maiores ou menores) até ao Cumbijá, passando pelo Mansoa, Geba, Buba, Corubal e Cacine. Doze foi o número de Companhias que passaram por aquela antiga província, assim como vários pelotões de reforço. Convém referir que apenas a Guiné, teve unidade de fuzileiros de recrutamento local, comandados por oficiais metropolitanos. Foram três DFZEs (21, 22 e 23), sendo que um deles não entrou em actividade operacional, pois a sua constituição formal coincidiu com o fim da guerra. Moçambique teve um conjunto de 19 DFZE´S e 12 Companhias, além de vários pelotões de reforço, sendo que a actividade operacional dos fuzos se centrou no Norte (Cabo Delgado, Niassa) e na zona de Tete. Com presença em Lourenço Marques, hoje Maputo. Finalmente, a partir de 1968 foi sediado em Cabo Verde um pelotão permanente de 40 homens sob o comando de um oficial oriundo da Reserva e isto porque, a partir desse ano, começaram a surgir informações confirmadas que o PAIGC tencionava lançar forças de guerrilha no arquipélago, que chegou a treinar, mas cuja pretensão abandonou por ter poucas hipóteses de vingar na situação geográfica do arquipélago. Entre 1962 e 1975, morrem em campanha nas antigas colónias ultramarinas 154 fuzileiros (um oficial e os restantes sargentos e praças). Destes mais de metade (86) ocorreram na Guiné. Seguiu-se Angola com, 43 e Moçambique 23. Existe o registo de duas mortes em Cabo Verde, por acidentes. Inicialmente, o recrutamento de praças foi voluntário entre as diversas classes (manobras, artilheiros, radiotelegrafistas e condutores). Da classe de monitores, foram recrutados os primeiros sargentos. Exceptuando alguns voluntários, os oficiais das primeiras unidades foram escolhidos pelo Estado-Maior entre oficiais de carreira da classe de Marinha. O incremento operacional da guerra levou a que uma parte, sempre crescente, do pessoal fosse incorporada por recrutamento. Para os lugares de comandante e imediato, provinham da classe de Marinha, para os restantes oficiais, a partir de Novembro de 1961, com a formação do 4º CEORN (Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval), aqueles postos começaram a ser ocupados por jovens oficiais provenientes de cadetes da RN. Num conjunto de 1712 cadetes que constituíram as diversas classes – Marinha, Médicos Navais, Engenheiros Maquinistas, Administração Naval, Fuzileiros, Engenheiros Construtores Navais, Técnicos Especialistas e Farmacêuticos Navais –, desde o 1º CEORN de 1958 até ao 25º CFORN (Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval), de Agosto de 1974 (os CEORN, a partir de 1966 passaram a chamar-se CFORN), o quantitativo de fuzileiro atingiu o número de 465, sendo que este valor foi em crescendo, vindo a ultrapassar, nos últimos anos, da guerra, a classe de Marinha (a mais numerosa, 612 cadetes no total). Muitos desses oficiais FZ RN, vieram a ocupar cargos de imediato e alguns daqueles que seguiram a carreira de fuzileiro instituída mais tarde ocuparam cargos de comandantes de Unidades (FZE e FN). Com o fim da guerra, foi efectuada uma reestruturação profunda organizativa no Corpo de Fuzileiros, tendo sido extinto a classe de FZE, entre outras modificações, com missões internas e externas orientadas para as diferentes situações que surgiram ao longo desses anos. De 1974 a 2011, foram formados 13.407 fuzileiros. O quadro actual, na estrutura do Corpo de Fuzileiros, é de 1998, conforme informações provenientes do Comando daquele, que utilizo neste artigo, embora me fossem prestadas no âmbito de um outro trabalho: Oficiais – 102 FZ + 20 (outras classes) Sargentos – 266 + 81 Praças – 1.322 + 159 Civis – 48 Associação de Fuzileiros | 2011 8 Associados CAMARADA NOSSO BATE RECORDE DO MUNDO No passado dia 15 de Janeiro, pelas 12.00 horas, o nosso sócio e camarada de armas, João Dias (da “Escola de 1992”) conseguiu bater o recorde do Mundo, em slide show descendo os 1.538 metros (maior cabo suspenso do Mundo) apenas com a força das mãos e dos braços, a 150 metros de altura, no “Parque da Pena Aventura”, em Ribeira da Pena (Vila Real). O notável acontecimento - fruto da grande força de vontade, do espírito de sacrifício, da coragem e da fé, do João Dias, qualidades bem ao jeito dos fuzileiros - foi precedido de dois saltos experimentais e teve o apoio do Corpo e da Escola de Fuzileiros, da Associação de Fuzileiros (AFZ) e da TVI que deu a respectiva cobertura televisiva. Em representação da Escola de Fuzileiros e prestando o necessário apoio técnico e logístico esteve presente o 1.ºTenente, Dias, responsável pelo Sector de Educação Física e representando a AFZ marcou ponto alto, o Vogal da Direcção Nacional, Mário Manso que prestou comovidas declarações à Televisão. Para conseguir esta proeza, até agora, única no Universo do Planeta Terra, o João Dias teve de trabalhar com afinco para se preparar física e psicologicamente tendo necessidade de perder 12 quilos. Testemunharam o feito, acompanhando o autor a partir de Lisboa, um grupo de 20 pessoas (que se deslocou em Associação de Fuzileiros | 2011 transporte disponibilizado pela Marinha) e muitas outras anónimas. A Representante do Governador Civil de Vila Real e o Presidente da respectiva Câmara Municipal – para além de terem honrado o autor e todos os fuzileiros com a sua presença – deram, também, lustro ao acontecimento e foram indispensáveis para credenciar a homologação pela organização do Guiness Book. Os fuzileiros presentes deram por três vezes o Grito do Fuzileiro que ecoou pelo vale paradisíaco de Ribeira da Pena, emprestando ânimo ao seu camarada João Dias que a todos orgulha. A Associação de Fuzileiros que, obviamente, se sente orgulhosa do seu sócio originário e do recorde por ele atingido obsequiou-o e às Entidades presentes com pequenas mas significativas lembranças. MP Associados 9 REGRESSO À CASA-MÃE Jorge M. Moreira Silva CFR M (sócio 1741) O autor (o mais à direita, em pé) com a sua turma de IMB na pista de lodo da EFZ – Setembro de 1988 Há cerca de dois anos fui nomeado para prestar serviço em Itália, no Joint Force Command (JFC) Nápoles. Como nestas comissões em comandos operacionais da NATO estamos sempre sujeitos a “dar com os costados” no Iraque ou no Afeganistão, tive de fazer um pequeno curso de preparação que incluía um módulo NBQ no Departamento de Limitação de Avarias da Escola de Tecnologias Navais (ex-Grupo nº 2 de Escolas da Armada) e um “refrescamento” em Orientação, Sobrevivência e Tiro de Combate na nossa velha Escola de Fuzileiros, cujo 50º aniversário celebramos no corrente ano. No dia em que me apresentei naquele cinquentenário estabelecimento, aproveitei os cerca de 45 minutos de adiantamento em relação à hora de início do curso para fazer um rápido giro, relembrando velhos tempos. Para além de um par de novas infraestruturas que ainda não conhecia, pude apreciar a vitalidade trazida pela presença dos novos recrutas marinheiros, cuja passagem pela Escola, agora extensível a todas as classes – depois do encerramento da antiga Escola de Alunos Marinheiros em Vila Franca de Xira -, é a melhor garantia de que a Marinha, pelo menos no aspecto da formação militar, continuará a ser bem servida. Mas o que me chamou mais a atenção foi a passagem de um grupo de três garotos em alegre correria, que me transportou de volta à Infância e aos dias passados naquela unidade quando o meu pai fazia serviços durante o fim-de-semana. Belos tempos esses, em que fiz os meus primeiros “crosses” e tive o primeiro contacto com os obstáculos da pista de combate, em renhidas competições com o meu irmão e mais um ou dois pequenos “fuzodescendentes”! E o melhor vinha sempre ao fim da tarde, com o apetecido banho na piscina de água aquecida, onde aprendi a dar as minhas primeiras braçadas. Naturalmente, não posso deixar de mencionar a arrepiada comoção que os Juramentos de Bandeira me proporcionavam, os quais me deixaram uma impressão suficientemente profunda para me aliciar a optar pela carreira naval. Ali voltaria, uns anos depois, para um estágio de duas semanas durante o concurso de admissão à Escola Naval, embora neste regresso, um pouco mais duro, o “divertimento” tenha sido outro! E eis que, passados mais alguns anos – intercalados com algumas visitas pontuais, das quais evoco com especial carinho o momento da minha primeira condecoração -, ali estava novamente, demonstrando o velho adágio segundo o qual “o bom filho à casa torna”. Sim, creio que posso considerar-me, com toda a legitimidade, um filho da vetusta Casa-Mãe. Embora não tenha a honra de ser Fuzileiro e as minhas profundas convicções republicanas, totalmente avessas a nobrezas de sangue, me impeçam de reclamar eventuais direitos de descendência, recebi dos Fuzileiros aquela que considero ser a minha formação militarnaval de base. E com eles tive, por diversas vezes, o privilégio de servir, desde a aventurosa missão de resgate de cidadãos nacionais durante a guerra civil na Guiné-Bissau (onde nasci, durante uma das quatro comissões que o meu pai cumpriu no Ultramar) até ao processo de estabilização de Timor-Leste. Pelo meio ficaram alguns embarques em que os meus camaradas “fuzos”, atormentados pelo enjoo, puderam comprovar, enquanto iam à borda “chamar pelo Gregório”, que a dureza da vida de Marinha não está só nas longas marchas e nas provas de sobrevivência. Apresentada esta breve justificação, espero que os prezados consócios não dêem totalmente por mal empregue o tempo perdido a ler as divagações deste camarada da “Marinha de Pau”, que muito se orgulha de ter a companhia dos Fuzileiros na briosa instituição que serve. Se duvidam, façam o favor de ler duas pequenas crónicas da sua autoria publicadas há uns anos na Revista da Armada sob o título genérico “Divagações de um Marujo”, respectivamente intituladas “A Porta” (no número de Agosto de 2005) e “Fuzos!... Prontos!” (Fevereiro de 2007). Estou certo de que nelas apenas encontrarão palavras de apreço para com os nossos infantes de marinha. Se, depois disto tudo, ainda lhes ficou alguma paciência, talvez o autor destas linhas volte aqui para abusar dela mais uma ou duas vezes. Bem hajam. Associação de Fuzileiros | 2011 10 Associados António Ribeiro Ramos Fuzileiros a bordo! No mar, a pirataria esteve sempre muito longe de ter sido um fenómeno confinado no tempo. Só no Mediterrâneo terão ocorrido ataques conhecidos, que remontam ao início do Séc. IX, desencadeados por piratas originários do Norte de África contra navios e regiões costeiras do sul da Europa. Em 1249, D. Afonso III torna-se Rei de Portugal e dos Algarves, tendo o País atingido as suas fronteiras actuais, e o AlmiranteMor da Armada Portuguesa, o genovês ao serviço da Coroa Portuguesa Manuel Pezagno (Pessanha, como os portugueses lhe chamavam) nomeado em 1317 por D. Dinis que foi o grande impulsionador da constituição da Armada, esmera-se com exemplar lealdade no adestramento das nossas forças navais e inicia com êxito uma luta sem tréguas contra a pirataria oriunda de Marrocos, o que lhe valeu o apreço e a confiança do Rei. Para Portugal, a pirataria no mar remonta pois à sua ancestralidade histórica. Fenómeno afinal de todos os tempos, a pirataria nos mares foi não obstante considerada “eliminada” internacionalmente nos finais do Séc. XIX, desaparecendo inclusivamente aos poucos do espaço jurídico. Para isso, é possível que muito tivesse contribuído a confiança nas expectativas livrecambistas emergentes do liberalismo clássico, que tendo dominado grande parte do pensamento económico do Séc. XIX tanto britânico como americano, suportava a convicção de que a agilização do comércio criaria por si mesma a prosperidade necessária entre os povos para prevenir a apetência para a guerra, uma vez que esta era obviamente má para o negócio. Também a separação definitiva entre a Marinha de Guerra e a Marinha Mercante, ocorreu ainda nos finais do Séc. XIX. Todavia, a pirataria nunca foi de facto eliminada na prática. E jamais foi possível combatê-la com sucesso, Associação de Fuzileiros | 2011 Sócio aderente 1053 pontualmente, onde se não pudesse contar com a presença imediata dos meios e/ou da força adequada para a conter. É evidente que o tratamento do assunto é bem mais vasto, e envolve uma outra perspectiva, fora do âmbito do presente tema, que obriga ao conhecimento profundo dos países onde o fenómeno se dissemina, e que pode até apontar para a reconstrução do próprio Estado (State building), da economia, da legalidade e dos meios disponíveis a todos os níveis. Em qualquer caso, trata-se de um processo moroso, extremamente complexo, que não se compadece com a casuística do entretanto. Entre os principais argumentos que desaconselham o recurso a armas de fogo a bordo dos navios mercantes actuais, não obstante o facto de não se tratar de uma situação inédita, está a presunção de que seriam mal utilizadas, e que a parte contrária nesse caso usaria à partida de muito mais força, o que aumentaria provavelmente a quantidade de avarias sofridas, causadoras de imobilizações comerciais mais ou menos prolongadas para reparações, e o número de vítimas. No entanto, é sobretudo a vulnerabilidade que encoraja o potencial atacante, que é sempre persistente e extremamente atrevido, e enriquece-o com os “êxitos” conseguidos, tornando-o cada vez mais poderoso e “eficiente”, e transformando-o progressivamente num factor consideravelmente limitativo quanto ao uso livre do mar, como aconteceu no Golfo de Adem, tendo obrigado ao esforço internacional que é hoje bem conhecido. Mas repare-se ainda que a pirataria actual dispõe de capacidade oceânica, ocorrendo grande parte dos ataques em águas internacionais, e em demasiadas regiões do mundo. Todavia, para aumentar ainda a complexidade jurídica das eventuais soluções, a maioria dos navios mercantes actuais navegam com tripulações multinacionais e com pavilhão de con- veniência. Além disso, são muitos os países, e normalmente aqueles onde a pirataria se desenvolve, que consideram “ofensiva” a entrada de navios mercantes armados nas suas águas territoriais. O que quer dizer que, se o destino final do navio fosse um dos seus portos, as autoridades desse país não autorizariam a entrada do navio nas suas águas territoriais sequer, e talvez até na sua Zona Económica Exclusiva, inviabilizando assim qualquer operação comercial. Entretanto a casuística em zonas de pirataria não pára, e deixa mortos. Serve como exemplo o marinheiro Ucraniano do MV “Marathon” que faleceu a 07 de Maio de 2009 na sequência do assalto ao seu navio por piratas somalis. O marinheiro Filipino Jayson Dumagat, do MT “Bunga Melati 2” que faleceu em Fevereiro de 2008 atingido pelos tiros dos piratas somalis. Ou os dois marinheiros Filipinos que morreram abatidos no delta do Níger, na Nigéria em Maio de 2009. Também em Maio de 2009, na sequência dos incidentes ocorridos no Golfo de Adem com os navios de nacionalidade Norte Americana “Maersk Alabama” e “Lyberty Sun”, a Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG) emitiu uma directiva de segurança (maritime security directive) segundo a qual os navios com pavilhão Norte Americano deveriam de futuro efectuar o trânsito no Golfo de Adem com pessoal de segurança a bordo, dispondo de armas não letais ou letais, de acordo com a opção do armador. No dia 19 de Novembro de 2008, a fragata indiana INS “Tabar” afundou, em legítima defesa, um navio-mãe de piratas somalis, que se preparavam para disparar armas automáticas e RPGs à aproximação aquela unidade da marinha Indiana. Os casos citados, entre outros, apontam quanto mais não seja para o direito à legítima defesa por parte das tripulações dos navios mercantes. Mas Continua na pág. 12> Associados 11 O direito de dizer Deontologia, origem etimológica, definição As primeiras palavras Como prometemos aos Fuzileiros de Portugal e do Mundo, na nossa primeira crónica ou artigo de opinião, como lhe queiram chamar, publicada(o) no N.º 10 da nossa Revista “O Desembarque” aqui estamos a dar continuidade à temática que nos propusemos, permitindo-nos aconselhar os ilustres leitores que lhe dêem, novamente, uma vista de olhos para Vos facilitar o enquadramento lógico dos temas. Respeitando a metodologia que anunciámos nas nossas “primeiras palavras” e “em jeito de umas notas soltas de deontologia” aqui estamos na fase, porventura, menos interessante do «Direito de Dizer», a tentar não incomodar demasiadamente os Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata, como o conhecimento dos deveres tendo por base os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou condenável, do bem ou do mal tendo em conta o ajuizamento real por parte da Sociedade, isto é, a ética vigente. leitores com origens etimológicas e definições. De facto, se para alguns dos que se interessam por esta rubrica de o «O Desembarque» o que adiante se regista não será grande novidade temos como certo que para outros tantos, sobretudo para os mais jovens, não será despiciendo passar por aqui os olhos, mesmo que a correr. Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata, como o conhecimento dos deveres tendo por base os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou condenável, do bem ou do mal tendo em Carla Marques Pinto (Advogada) E-mail: [email protected] Sócia Descendente n.º 1870 conta o ajuizamento real por parte da Sociedade, isto é, a ética vigente. Deontologia é uma palavra de raiz grega composta de dois vocábulos: “Deon” ou “Deontos” que significa “o que fazer” e “Logos” que significa “tratado” traduzindo-se, assim, como “ a Ciência dos Tratados”. Deontologia poderá, pois, definir-se, de forma lata, como o conhecimento dos deveres tendo por base os juízos de aprovação ou desaprovação, do correcto ou do incorrecto ou condenável, do bem ou do mal tendo em conta o ajuizamento real por parte da Sociedade, isto é, a ética vigente. Importará, desde logo, distinguir, embora de forma muito ligeira, ética e deontologia, conceitos tantas vezes confundidos. Tratando a ética da investigação filosófica do comportamento adequado, numa determinada época e na presença de uma sociedade concreta, não pode confundir-se com a deontologia já que esta tem por base os Cremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres Juízes e da quase ubiquidade dos não menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá, do esboço corporativista de Nós próprios comportamentos éticos definidos por aquela investigação. Ao tentarmos precisar estes conceitos tivemos obviamente como objectivo transportar esta temática para a Deontologia Profissional, isto é, para os códigos de conduta dos advogados. E por aqui tentar questionar se existem várias deontologias profissionais ou, ao contrário, apenas uma sendo que as ditas deontologias específicas, não são mais do que o conjunto de normas, reunidas em “Códigos”, a aplicar aos casos concretos. Segundo o Dr. Orlando Guedes da Costa – Deontologia Profissional «é o conjunto de normas jurídicas, cuja maioria tem conteúdo ético e que regulam o exercício de uma profissão». ( in. Direito Profissional do Advogado – Almedina – Out./2003). Temos, contudo, para nós que, este conjunto geral de normas de con teúdo ético poderá regular, como base Vista geral da Assembleia deontológica, todas as profissões e que, ao nível de todos os profissionais da Justiça e dos técnicos e dos peritos que nas mais diversas especialidades com Ela, cada vez mais têm de colaborar, se poderiam equacionar Códigos Deontológicos Multidisciplinares com Um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são – com a multidisciplinaridade de códigos éticos e deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a humildade dos sábios”!... linguagens comuns que aproximassem todos os especialistas que pudessem envolver-se em processos judiciais: desde os seus directos operadores, Magistrados, Advogados e Funcionários de Justiça, até aos Economistas, Fiscalistas, Psicólogos, Biólogos, Engenheiros, nas várias áreas, Médicos, nas suas múltiplas especialidades e, sobretudo, na Área da Psiquiatria Forense, da Psicanálise da Grupanálise e da Pedopsiquiatria e, porque não, as Ciências Militares. Cremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres Juízes e da quase ubiquidade dos não Associação de Fuzileiros | 2011 12 menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá, do esboço corporativista de Nós próprios Cremos que é tempo da Justiça sair da omnisciência dos nossos Ilustres Associados Juízes e da quase ubiquidade dos não menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá, do esboço corporativista de Nós próprios, os também (e porque não?) Ilustres Advogados, com os nossos conjuntos específicos de normas deontológicas – que cada um encara como exclusivo reduto dos seus próprios valores, deveres e obrigações – e de nos abrirmos a todas as áreas do conhecimento, as mais das vezes indispensáveis, para se julgar com justiça. Um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são – com a multidisciplinaridade de códigos éticos e deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a humildade dos sábios”!... Exemplos recentes, em Portugal e no Mundo, vieram pôr em questão, “ciências” investigatórias novas, falsas memórias ou memórias induzidas, audições de memórias passadas, para memória futura, enfim, onde estará a verdade e a fantasia, onde estará a ética investigatória e a “filosofia” policial do troféu – tudo questões postas em questão, por especialistas que questionam outros especialistas, tudo dúvidas para quem julga, acusa e defende e para o cidadão comum – um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das coisas, que por dentro delas mesmas é que as coisas são – com a multidisciplinaridade de códigos éticos e deontológicos e com aquilo a que já ouvimos chamar “a humildade dos sábios”!... específicas de risco, capaz de lhes assegurar uma velocidade minimamente eficaz e a capacidade de manobra indispensável. Seria ainda necessário reformular os critérios tanto do recrutamento como da preparação e da fiabilidade exigidos para o pessoal da Marinha Mercante. aças se inserem, nem os vínculos inerentes à condição estritamente militar dos Fuzileiros, nem a vastidão do espaço a cobrir mundialmente o permitiriam. Mas talvez pudéssemos tê-los a bordo de outra maneira! Não como Fuzileiros, mas como ex-Fuzileiros. Sobretudo se o esforço de adequação dos critérios de recrutamento para a Marinha Mercante, das qualificações e da fiabilidade das suas tripulações, avançasse em matéria de segurança dos conceitos dos finais do Séc. XIX para as realidades de hoje, aí sim! Seriam ainda gratamente bem vindos. E nunca seria tão verdadeiras as palavras que caracterizam a espiritualidade daqueles que têm a honra de usar a boina azul ferrete. “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”! Esta poderia constituir a “definição” da Nossa Deontologia. E para quem quiser saber o que a seguir se dirá sobre “O Advogado” - espécime técnico de todos poderão vir a necessitar (basta beber um copo a mais num encontro de “filhos da escola”) - recomendamos, caro Leitor, que abra a página de opinião “O Direito de Dizer” do próximo “O Desembarque”. Até lá e aqui fica o grito: “fuzileiro uma vez fuzileiro para sempre”. fUZILEIROS A BORDO! > Continuação da pág. 9 actualmente, a situação afigura-se invertida, remetendo-se internacionalmente, como é do conhecimento público, desconcertantes benefícios proteccionistas, e a vários níveis, para a pirataria. Neste quadro, seria da máxima importância reformular desde já alguns conceitos da construção naval, para que fosse possível o exercício uma defesa passiva eficaz, logo não letal por si mesma, onde se não encontrassem em contradição os conceitos de “security” e de “safety”, como acontece nos navios mercantes actuais, adoptandose para isso compromissos equilibrados para as novas construções, e dotando-se ainda os novos navios de uma reserva de potência de máquina, como recurso em situações muito Associação de Fuzileiros | 2011 Quanto aos nossos Fuzileiros, como tem sido demonstrado, eles são da máxima importância no combate a este tipo de flagelos, que se encaixam perfeitamente nas novas adversidades que podem ameaçar os interesses de Portugal, ou de qualquer outro país no mundo tanto actualmente, como no futuro. Mas, por todas as razões já enumeradas, não seria viável conservá-los a bordo de navios mercantes. Nem a conjuntura em que estas ame- Associados 13 Tudo por causa de uma boa causa Depois de mais um email trocado com um daqueles amigos, que vale a pena ter, deparei na minha caixa do correio electrónico com uma mensagem que achei deveras interessante. Era a resposta ao meu email que se prestou informar o meu amigo Pedro Marques da Luz, de que (já há casaco) estava conseguido o objectivo que ambos tínhamos proposto alcançar. Ao mesmo tempo que lhe perguntava, se a dádiva feita para o Monumento ao Fuzileiro, tinha a ver com a informação que tinha difundido pelos povoadores da minha lista de contactos. Este meu amigo, (dos Fuzileiros) julgo que terá sido o primeiro a responder à chamada, (com xeque assinado) ao dizer presente, com um significativo contributo. Este nosso sócio, não sendo Fuzileiro tem mostrado com a sua prática, que se perdeu um oficial fuzileiro de grandes atributos. Mas, nem tudo se perdeu: felizmente que a Associação, o soube conquistar para as sua fileiras onde se sente bem, (um sócio de grande mérito) e é por isso notório, que sente (recompensado) atenuado o desejo não concretizado, da conquista da boina azul ferrete. Podia levar ao vosso conhecimento várias das suas atitudes, que demonstram bem, porque merece a nossa (da Associação de Fuzileiros) gratidão. É um sócio aderente, bem como sua Esposa e Filho. Quanto eu ficaria feliz, ver muitos dos nossos Camaradas, viverem a vida da nossa Associação, com metade que fosse, do seu entusiasmo. Participa no dia do Fuzileiro, e nas Assembleias, (sem direito a participar nos trabalhos) com um entusiasmo de fazer inveja a quantos continuam, de forma esfarrapada desculpando a sua letargia quanto a fazerem-se sócios. Mas como em tudo, existe sempre uma compensação, e neste aparte positiva, que é o caso dos muitos sócios não originários, que dão vida com brilho, a esta Família que se reúne à volta da Associação de Fuzileiros. Quando outrora, as indecisões se pagaram muitas vezes com a vida, neste caso, apenas se não fortalecem, os elos desta corrente que a todos nos liga, forjada no clamor: Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre. De seguida, a razão desta minha prosa, quiçá, despropositada. M. Manso ________________ Meu Querido Amigo. Teve! Teve a ver com o mail que me enviaste porque foi assim, que tive conhecimento da iniciativa. Mas teve, sobretudo, a ver com o reconhecimento e Amizade, com que a vossa Nobre Família me recebe e trata. Nasci em Junho de 57. Estava a efectuar em finais e 73 o então exame de admissão à faculdade de economia, não com o fito imediato de seguir o curso, mas sim de tentar ingressar na Marinha, de preferência nos Fuzileiros (minha arma preferida) através da Reserva Naval. Porquê nos Fuzileiros? Porque tinha na altura alguns amigos que tinham ingressado na R.N e, sobretudo, porque o meu Cunhado, Alferes Miliciano de Infantaria, estava nessa altura a comandar um Pelotão de Canhões sem Recuo, na Guiné, mais exactamente em Cadique e Jemberen. Aí, farto da Quadrícula e de levar com “elas” em cima, situação agravada pelo facto de lhe terem desmembrado o Pelotão por várias Unidades diferentes, acompanhava, sempre que possível e individualmente, os Fuzileiros. Tornou-se, até, bastante Amigo de um Comandante vosso chamado Jesus; Creio! Nas longas cartas que trocávamos, dizia-me: quando terminares a admissão à faculdade, tenta ingressar nos FUZOS! Estão integrados na Marinha, (de que eu muito gostava) estão bem preparados, sabem bater-se, e funcionam como verdadeiras Unidades de Combate com um Espírito de Corpo incrível, e muitas vezes, só de aparecerem nestes fins de Mundo, nos transmitem segurança e a moral fica Mário Manso Pedro Marques da Luz alta, é um apoio incrível: a quem por razoes óbvias está menos preparado, ”muitas vezes mal comandados, encerrados dentro do arame farpado, e destinados a ser carne para canhão” mas por quem mostram sempre, muita solidariedade e consideração. O 25 de Abril de 74 chegou e bem, em muitíssimos aspectos, impedindo-me de tentar a minha grande aventura (não sabendo se teria capacidade para vir a ser um dos Vossos). Apesar de algumas tentativas em contrário, acabei integrado na então Reserva Territorial. Da Carreira Militar frustrada, ficaramme muitos dias passados no antigo RI 1 na Amadora, a Unidade em que meu cunhado recebeu e formou o seu Pelotão antes de seguir para a Guiné. Tentava ficar sempre de serviço, normalmente como Oficial de Piquete, aos fins de semana, por ser mais fácil eu lá ficar também. Ficaram, igualmente, muitas tardes passadas no Corpo de Fuzileiros, na Base Naval, onde ambos tínhamos Amigos. Ficou-me, sobretudo, o Respeito pela Camaradagem, pelo Amor pela Pátria e por aqueles que, de acordo ou não com a guerra não fugiram. Assim sendo, os meus modestos contributos (vivo do meu salário e, como todos nós, ao gastar numa coisa tenho de poupar noutra) quer para a ASSOCIAÇÃO, quer para o MONUMENTO. É a única forma que me resta, de Homenagear uma geração que deu a juventude, muitas vezes a saúde e tantas a vida, em defesa da integridade do que então (e apenas nessa perspectiva deve ser entendida) representava a Pátria. É a minha forma de contribuir já que não pude estar junto de Vós. No dia 26 lá estarei. (Assembleia) Um Grande Abraço Pedro Marques da Luz Associação de Fuzileiros | 2011 CCF 14 Treino Avançado de Operações Especiais Sob a coordenação do Comandante do Corpo de Fuzileiros, constituído como CTG 443.30, foi conduzido um Joint Combined Exchange Training (JCET), no período de 15 de Janeiro a 06 de Fevereiro de 2011, nas áreas de treino das Operações Especiais a fim de promover a partilha de técnicas, tácticas e procedimentos (TTP’s) e aumentar a interoperabilidade entre forças ao nível táctico. Este exercício contou com a participação das Operações Especiais da Marinha Portuguesa e do Exército, meios aéreos e de superfície da Marinha Portuguesa e da Força Aérea, contando ainda com a participação dos United States Navy Sea, Air and Land (US Navy SEAL) e dos Special Warfare Combat Crew (SWCC) dos Estados Unidos da América. A história dos homens Quis Deus que a Terra fosse toda uma… Este é um poema nosso, cantado pela Dulce Pontes. Nada poderia aproximar-se SAJ. FZ Silva mais do que é comum aos portugueses. Na era dos Descobrimentos começámos a traçar a nossa epopeia, levando novos Mundos ao Mundo e deixando marcas indeléveis que são hoje marcos centenários e atestam não só a nossa passagem, mas a primazia na chegada aos lugares mais longínquos. Confirmando que as obras enaltecem os homens em qualquer ponto da Terra, estou confiante que aqui, neste teatro tão cheio de complexidade, o Contingente Português no Afeganistão executa a tarefa que lhe foi incumbida, de forma exemplar. tanto, aquelas que merecem especial destaque, são concerteza as alterações provocadas no refeitório e no bar Português. São simultaneamente marcas de bem-estar e cuidado, na imagem que passamos diariamente a quem visita este nosso espaço, onde figura em primeiro plano a Bandeira Nacional, porta de entrada para a amizade e confraternização entre todos os povos, sem distinção. São tantas as obras que nos propusemos realizar, durante a missão que está a decorrer, que teria dificuldade em enumerá-las todas aqui. No en- Não a procurando, porque a palavra de ordem é, “cumprir a tarefa”, este Contingente Português já fez história. È a história da tarefa cumprida, da Associação de Fuzileiros | 2011 simplicidade, da coesão, da camaradagem com os contingentes que nos rodeiam e das marcas que aqui deixamos, sejam elas visíveis no solo, ou nos Afegãos com quem partilhámos a nossa vida ao longo dos mais de 200 dias aqui vividos, que ajudará a manter bem vivas as cores da Bandeira de Portugal. Este é sem dúvida o nosso destino, o de marcar da forma mais positiva aqueles que nos rodeiam. “Se eu tiver feito aqui, um amigo que seja, então a minha viagem não terá sido em vão”. Até sempre Afeganistão! CCF 15 Homenagem ao Cmte neto simões militares disciplinados, como ele, sabem definir “o essencial” do acreditar e do agir”. Dois aspectos da cerimónia de homenagem ao Cmte. Neto Simões Em cerimónia que teve lugar na Base de Fuzileiros, no Alfeite, foi prestada homenagem ao comandante José Manuel Cardoso Neto Simões, que passou à reserva, a seu pedido, em Outubro de 2010. Contou com a presença, de entre outros, do contra-almirante comandante do Corpo de Fuzileiros. Desempenhava, então, as funções de Chefe de Departamento de Apoio da Base de Fuzileiros desde Maio de 2009. Serviu 30 anos na Marinha de Guerra Portuguesa e no Corpo de Fuzileiros, tendo estado colocado em unidades de fuzileiros no Comando Naval, em comissões de serviço no território nacional e ainda em funções de destaque em missões internacionais, nomeadamente, na Bósnia-Herzegovina em 1999, e em Timor Leste no ano de 2003, nas estruturas de informações dos respectivos Estados-Maiores das forças ali destacadas. Foi um oficial multifacetado, que passou pela área de formação e instrução, da integração militar, do ensino teórico, da segurança e informações militares. O comandante da Base de Fuzileiros, capitão de mar-e-guerra Ova Correia outorgou-lhe um louvor que foi avocado pelo comandante do Corpo de Fuzileiros, contra-almirante Cortes Picchioci. No discurso do comandante Neto Simões na cerimónia de passagem à reserva, este começou por agradecer o facto de o comando da Base de Fuzi- leiros ter feito um convite de presença todos os seus antigos comandantes. “Os motivos da minha decisão são de ordem pessoal e profissional e o olhar para trás, revisitando o passado, ajuda-me a enfrentar o presente e a melhor perspectivar o futuro”, justificou o comandante Neto Simões sublinhando todavia que poderia ter dado mais à instituição. Frisou no entanto que existiram actos “arbitrários” de gestão de pessoal, que tiveram peso na sua decisão. “As instituições valem aquilo que valerem os seus homens. Não podem nem devem estigmatizar aqueles que a servem com brio e orgulho. Não será nunca a organização que todos queremos. Será, isso, sim aquela que formos capazes de construir no dia a dia, aquela pela qual todos somos responsáveis. Da minha parte assumo as minhas responsabilidades por todos os meus erros. Por todos eles deverei ser julgado e não tenho tempo agora, para fazer remendos”, argumentou. Referiu, no entanto que, na sua despedida, continuará a “ter um sentimento de profunda identificação com a matriz da tradição e mística dos Fuzileiros, que sempre respeitei e continuarei a respeitar com enorme orgulho, porque o Corpo de Fuzileiros e os seus servidores têm sabido ao longo dos seus cerca de 400 anos de história honrar a Pátria”. Apesar de considerar que a “conjuntura actual não é famosa”, o comandante Neto Simões sublinhou que os Ressaltou a sua última “comissão de serviço”, como Chefe do Departamento de Apoio, onde, – referiu – “mais uma vez, foi possível sentir-me rea lizado, quer no que diz respeito à dinâmica de funcionamento do Departamento quer nos contributos no âmbito da reorganização interna da Base de Fuzileiros no seguimento ao desenvolvimento organizacional à LOMAR em que foi necessário adequar a sua estrutura organizacional, tendo em conta a especificidade do Sistema de Apoio Logístico da Base de Fuzileiros assente numa logística operacional e integrada”. Ao analisar a sua passagem pelas diferentes funções, o comandante Neto Simões salientou: “Nesta hora de despedida, não poderia deixar de me referir à missão na EXPO 98 que trouxe enorme prestigio para a Marinha e Fuzileiros, pelo desempenho dos nossos fuzileiros e mergulhadores, que efectuaram salvamentos de vidas humanas, cujo reconhecimento se encontra plasmado em documentos escritos pela Administração da EXPO 98 para o Almirante CEMA, mas que infelizmente não teve acolhimento”. Depois de destacar a sua presença na última comissão de serviço pela CTM em Timor-Leste, cuja passagem considera ter sido mal gerida, frisou que “terá sido altamente rentável para a Marinha”. Finalizou agradecendo ao seus superiores e instrutores ao longo da sua carreira, aos “filhos da escola” e aos seus camaradas, bem como aos seus subordinados, fazendo questão de dar “uma mensagem de esperança, determinação, confiança e serenidade no futuro dos Fuzileiros. Que os “bons ventos e marés” acompanhem o destino do Corpo de Fuzileiros e que a sua guarnição ajude o Sr. Almirante com o “espírito Fuzileiro” a contornar todas as “tormentas” para poder desembarcar em “Porto seguro” ou na “praia onde for preciso”, sempre que “estejam divididos entre as dunas e o mar”...Poderá contar sempre com o meu apoio naquilo que estiver ao meu alcance”. Associação de Fuzileiros | 2011 16 CCF ATRIBUIÇÃO DO DISTINTIVO ALUSIVO AO CURSO DE FUZILEIRO O último dia do mês de Fevereiro de 2011 (dia 28) vai ficar marcado para sempre na memória de todos aqueles que, de forma voluntária, ou chamados para cumprir o serviço militar obrigatório, entraram na Escola de Fuzileiros, de lá saindo com uma boina de cor azul ferrete nas suas cabeças. Podendo não parecer, mas o que ocorreu neste dia foi o desenrolar de um cordão umbilical que uniu todos aqueles que, orgulhosos, clamam bem alto e a uma só voz, “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”. Neste dia, todos os Fuzileiros que ganharam a boina após o ano de 1975 receberam o distintivo alusivo ao curso de Fuzileiro. Para todos os que estão sedeados na Base de Fuzileiros, este acto de grande simbolismo ocorreu na parada da Unidade aquando da formatura da Unidade às 0915, enquanto na Escola de Fuzileiros a efeméride teve lugar também na respectiva parada ao início da tarde. De destacar a presença de alguns Fuzileiros que, embora exercendo funções noutros Departamentos e Serviços da Marinha, marcaram presença para, também eles, partilharem ao vivo este momento. É de realçar quem, percebendo a importância deste dia para Nós, fizesse centenas de quilómetros para estar presente! Bem-haja. A ambos os actos presidiu o contraalmirante Picciochi, Comandante do Corpo de Fuzileiros, que, no seu disAssociação de Fuzileiros | 2011 curso destacou a ideia de que é preciso “(…) ter consciência da dimensão e significado deste simples acto. Por três ordens de razão: Em primeiro lugar, pela importância do símbolo. Os símbolos identificam os grupos, suportam uma carga histórica que se eterniza, são o elo de ligação daqueles que perfilham algo em comum. Expressam uma identidade, convicções e valores, comportam algum misticismo e, muitas vezes, a “alma” daquilo que representam. Este símbolo carrega com ele a bravura demonstrada por uma tropa tão respeitada como temida, os actos heróicos de abnegação e entrega levados às últimas consequências, a honra de um servir sem cuidar de recompensa daqueles que cultivam o amor à Pátria. Em segundo lugar, pela compreensão da razão deste símbolo e não de outro qualquer. Porque este sempre foi aquele que, em qualquer lugar, naturalmente a par da boina, indica a presença de fuzileiros. Usam-nos nos botes, nas viaturas, em qualquer sítio onde os fuzileiros se queiram ver reconhecidos como tal. O mesmo símbolo que dantes distinguia o que era diferente hoje iguala o que é idêntico. Mudar um símbolo é apagar o passado, é querer inventar, começar de novo. Os fuzileiros, com 400 anos de História, sofreram diversas adaptações ao longo dos tempos, sempre no intuito de saber responder a diferentes desa- fios. Os de hoje pertencem à geração da visão esclarecida do almirante Roboredo e Silva, e se continuam a manter-se na linha da frente, é porque não houve conformismos, mas, outrossim, capacidade de se continuar a antecipar cenários, a procurar garantir a única resposta que sabem dar, em tempo e a adequada. O fuzileiro de hoje igual ao fuzileiro de sempre. Em terceiro lugar, e porventura o mais importante, pela importância que lhe dão os actuais fuzileiros ao garantirem as memórias de quantos o usaram, e ainda usam. Lembro que na efectividade de serviço permanecem uma meia dúzia de oficiais com a especialização em FZE. (…) Os que hoje aqui estão são os continuadores da áurea criada pelos mais antigos e, tal como dantes, tal como amanhã, responderão sempre de igual forma: “Prontos”! Dos mais velhos, contamos que vos olhem com o mesmo orgulho que lhes tributamos, que em vós se vejam reflectidos como seus naturais seguidores. Que continuem a sentir que a mística perdura, que sintam que só há uma forma de ser fuzileiro. (…) E em boa verdade, a história começa e termina aqui, porque o entendimento que sempre presidiu e que deu corpo ao documento final foi o de que mais não se fazia do que ultrapassar um impasse legislativo. A partir de agora, mas mais do que nunca, é-vos exigido a atitude que, em cada momento, se espera de vós, que sejam vistos como uma tropa de elite ao serviço da Marinha e de Portugal.” CCF 17 Qualificados novos patrões de LARC Com início a 27 de Setembro de 2010, e durante 8 semanas, decorreu, na Unidade de Meios de Desembarque (UMD), a qualificação de 5 novos patrões de Lancha Anfíbia de Reabastecimento e Carga (LARC) destinados a prestar serviço no Grupo de LARC daquela Unidade de Fuzileiros. Esta qualificação foi dirigida a Fuzileiros especializados em condutores de viaturas (FZV), que para tanto se manifestaram voluntários. A condução em terra foi outro tema de forte representação destacando-se o treino de todo-o-terreno na Quinta do Conde. Paralelamente foi assegurada a melhoria da condição física geral e específica, dos futuros patrões, com realce para a adaptação ao meio aquático. As actividades de natureza prática realizadas em terra e nos rios Coina, Sado e Tejo totalizaram 260 horas de treino, 560 milhas navegadas e 340 km percorridos. A qualificação foi concluída com a realização de uma avaliação geral e de um exame de condução na Escola de Fuzileiros, para averbamento da qualificação no respectivo certificado individual de condução aos cinco novos patrões. Associação de Fuzileiros | 2011 18 CCF Orientação desportiva Passaram-se noventa e nove anos desde que um punhado de militares nórdicos (Suécia) pretenderam utilizar pela primeira vez a orientação como prática de puro lazer. Pois bem, na semana de 07 a 11 de Fevereiro de 2011, fez-se jus a esse espírito “nórdico” com a realização do Campeonato de Orientação da Marinha e do Torneio de Orientação do Corpo de Fuzileiros, organizados pela Base de Fuzileiros. Foi uma verdadeira semana de orientação. Se é verdade que, para alguns, este é o momento para mostrar o resultado de muitas semanas ou mesmo meses de trabalho intenso, ganhando, obviamente, também é verdade que, para todos, esta não é mais do que uma maneira de conviver fora das nossas Unidades, de rever camaradas e, acima de tudo, de manter activos os conhecimentos técnicos sobre a orientação desportiva, fundamentais para a actividade operacional do Fuzileiro. No total, participaram 128 militares, sendo que 54 disputaram o Campeonato de Marinha e os outros 74 participantes disputaram o Torneio de Orientação do Corpo de Fuzileiros. Todas as Unidades do Corpo de Fuzileiros, bem como, diversas Unidades de Marinha, fizeram-se representar. A organização escolheu a zona da Azóia (Fornos) no Cabo Espichel, Sesimbra, para a realização das provas individuais, um terreno de muito tojo, Associação de Fuzileiros | 2011 silvado e um “sobe e desce” constante. Enquanto os participantes do I escalão foram presenteados com percursos entre os 5,9 km e os 7,6 km no 1º e 2º dias, respectivamente, aos participantes do II escalão, “mais velhinhos”, foi-lhes dado percursos mais “suaves”, entre 5,3 km e os 6,7 km. Quanto à prova de estafetas, o local escolhido foi a carta que compreende o Vale de Gatos, localizado na Amora, Seixal, local onde se encontra situada a pista de atletismo baptizada com o nome da grande campeã portuguesa de atletismo, Carla Sacramento. As distâncias dos percursos situaram-se entre os 3,1 km e os 3,4 km. Quanto aos vencedores, o primeirosargento Fuzileiro Cruz do BF2 foi o vencedor individual do primeiro escalão, já o sargento-ajudante Luís, da Escola de Fuzileiros, venceu o segundo escalão. Se a Escola de Fuzileiros foi a unidade vencedora do troféu do Campeonato de Marinha, já o Destacamento de Acções Especiais venceu o troféu do Torneio de Orientação do CCF. Salienta-se que, nestes dias de enorme competição entre todos aqueles que participaram, não faltaram grandes momentos de camaradagem, união e ajuda mútua. Foi interessante ver que, sempre que um participante sofria uma queda, havia ali perto quem depressa lhe dava a mão. Pergunta-se: será por isso que alguns an- dam sempre em grupo, desejosos de ajudar alguém? Vamos acreditar que sim, até porque nada acontece por acaso! O Corpo de Fuzileiros em particular e a Marinha no geral, certamente fazem votos que, uma vez mais, esta seja apenas mais uma etapa de um percurso que, para alguns Fuzileiros, apenas termina no próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, Brasil, aquando da realização dos 5º Jogos Mundiais Militares. Ao longo dos anos, Homens Bravos desta Força Militar que usa a boina azul ferrete e cujas origens se encontram nos anos de 1621, então designados “Terço da Armada da Coroa de Portugal”, têm mostrado de que fibras são feitos os elementos deste Corpo Especial, fazendo jus ao lema “Homens de ferro em botes de borracha”. Na era dos “TomTom”, dos GPS e dos PDA’s, um Fuzileiro sente-se confortável a navegar em terra e no mar apenas dispondo de uma carta e uma bússola, seja de dia, seja de noite. Vamos acreditar que a tradição se mantém e que naquele país irmão, Brasil, os Fuzileiros e a Marinha de Portugal se farão representar por um dos seus, envergando as cores Nacionais, até porque, a confirmar-se esta realidade, mais não é do que repetir realidades já vividas um pouco por esse mundo fora por militares que gritam bem alto: Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre. CCF 19 Fuzileiro Português vence a Marcha DinarmaRquesa Decorreu a 07 de Janeiro de 2011 na área militar de KAIA (Kabul International Airport), a DANCON March (Marcha Dinamarquesa). Esta marcha é um evento organizado pelo contingente Dinamarquês, que consiste na realização de uma marcha de 22Kms. A DANCON March é uma prova desportiva de cariz militar realizada em ambiente multinacional, onde participaram militares de vários países que prestam serviço na ISAF, nomeadamente no RCC (Regional Command Capital) em Kabul, num total de 200 participantes. a arma de recurso e a respectiva dotação individual de munições. O Contingente Português também participou neste acontecimento, com um efectivo de 14 militares (5 oficiais, 2 sargentos e 7 praças), sendo de destacar os excelentes resultados, já que nos dez primeiros classificados, cinco foram portugueses. O 1º classificado foi o 1Mar FZ Mauro Damião do ElSeg/6º ModAp/CN, com um tempo de 1 hora e 51 minutos, o 2º Classificado um militar do contingente Húngaro, com um tempo de 1 hora e 54 minutos e na 3ª posição o Sold “CMD” Nelson Graça do ElSeg/6ºModAp/ Mauro da Conceição Damião ingressou na Marinha em Março de 2005 e foi o segundo classificado do seu Curso de Formação de Praças da classe de Fuzileiros. Esta foi a segunda vez que o Marinheiro Mauro da Conceição Damião dignificou o nome dos Fuzileiros, da Marinha e de Portugal em competições internacionais realizadas na capital do Afeganistão, tendo no primeiro dia do corrente ano obtido, de entre 141 atletas de 4 nacionalidades, um honroso segundo lugar na corrida de São Silvestre, levada a cabo em Camp Warehouse, sob organização portuguesa, refere o mesmo comunicado. CN, com um tempo de 1 hora e 55 minutos. Esta prova realizada no passado dia 7 e organizada pelo contingente dinamarquês da International Security Assistance Force (ISAF), consistiu na execução de uma marcha com o equipamento de combate envergado, incluindo o colete balístico, o capacete, De resto, a Dancon March é, desde 1972, realizada nos teatros de operações onde o contingente dinamarquês cumpre missões e é extensível a todas as demais forças aliadas presentes, contando a edição de 7 de Janeiro com a presença de 200 militares de 14 nacionalidades. Delegações rEUNIÃO COM AS DELEGAÇÕES A Direcção Nacional, coadjuvada pelos membros da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, reuniu com as Delegações na sede Nacional, para em conjunto analisar e discutir os vários artigos inseridos no REGULAMENTO GERAL INTERNO que a partir do seu ARTIGO DÉCIMO trata da ORGANIZAÇÃO DESCENTRALIZADA. Depois de frutuosa troca de opiniões, que resultaram das intervenções das Delegações, o regulamento foi votado e aceite por todas os responsáveis presentes. Porto, Vila nova de Gaia, Tomar, Juromenha/Elvas e Algarve. Foi mais um dia de trabalho que teve o mérito, de contribuir definitivamente para um derradeiro conhecimento das responsabilidades e regras de funcionamento a que todos ficamos obrigados. A direcção Associação de Fuzileiros | 2011 Delegações 20 DELEGAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA Caros Camaradas: para além do nosso envolvimento em vários eventos e outros convívios já noticiados pelo Desembarque, alguns dos quais mandatados pela estrutura central, esperamos ainda este ano, inaugurar oficialmente as instalações da Delegação de Gaia. Pretende-mos fazê-lo oportunamente, data ainda a combinar com a nossa Direcção Nacional. Foi com orgulho e sentido de responsabilidade que marcámos presença nos eventos que nos foram determinados a estar, em representação da nossa Associação Nacional. Envolvemo-nos ainda em alguns convívios regionais como seja: um jogo de futebol em Rio de Moinhos, e outros, de tipo mais gastronómico, onde se fortaleceram também, os laços que nos ligam como Fuzileiros, aglutinando ao mesmo tempo a população local. Vamos estar no dia do Fuzileiro a exemplo dos últimos dois anos, com um autocarro, que de novo se pretende cheio. Este ano, que a nossa Escola faz o seu cinquentenário, espera-se uma maior afluência. Projectamos ainda, um jogo de paintball, de que daremos conta a to- FUZILEIROS DE SETÚBAL Em meados do ano de 2008, através dos “filhos da escola” Miguel Silvino e David Branco, surgiu a ideia de reunir os actuais e antigos fuzileiros que nascerem ou que fazem vida nas terras do Sado, englobando o Concelho de Setúbal e arredores. Esta iniciativa contou desde logo com uma forte adesão dos sadinos e com o apoio da Associação de Fuzileiros, tendo sido ao longo destes anos determinante para o crescimento do grupo que aspira implementar-se como Delegação da AFZ. Nesse mesmo ano de 2008, os fuzileiros de Setúbal, organizaram uma exposição fotográfica sobre os Fuzileiros e a Marinha num stand cedido pela Câmara Municipal de Setúbal na Feira Setfesta, que se realiza na avenida principal da cidade, com o objectivo de divulgar, dar a conhecer e de reunir a família FZ. Este evento foi um sucesso, pois foi dos stands com mais visitas e afluência, tendo merecido elogios das várias entidades locais, pois a conduta, a bravura e os valores do Homem Fuzileiro ficam para o resto da vida. Associação de Fuzileiros | 2011 Após este primeiro grande evento, o grupo de fuzileiros de Setúbal tem sido convidado todos os anos pelo Poder Local (Autarquia e Juntas de Freguesia) para repetir o êxito das suas exposições anteriores, que mais dos os que estão ligados à nossa Delegação, ou mesmo, a outros camaradas que queiram também participar. Continuamos a estar abertos aos sábados de tarde, ou sempre que se justifique. A Direcção Lázaro Montezo se assemelham a um “static display”. Até à data foram realizadas três exposições, em 2008, 2009 e 2010, tendo já sido contactados para a realização da Setfesta 2011. Esta família FZ reúne-se em média de dois em dois meses, realizando convívios e até mesmo actividades físicas, assim como, corrida, desportos de combate e escalada na Serra da Arrábida. O último encontro foi no passado sábado dia 19 de Março, realizando-se um almoço convívio, onde foi confeccionado pelo nosso camarada FZE Luís Tristão, mais conhecido por “Setúbal”, uma caldeirada típica setubalense. No presente, e graças ao apoio e política de intervenção da actual Direcção da AFZ, vai ser criada a Delegação de Setúbal muito em breve. “…o Homem Fuzileiro é o produto da combinação feliz entre o espírito do infante e o humanismo do marinheiro, porque se por um lado passa por toda a espécie de privações, por outro lado, sabe relacionar-se de forma humanizada como só o homem do mar o consegue fazer.” (Cmdt. Loureiro Nunes in Revista Homem Magazine) Convívios 20º aniversário do 2º CFORN FZ 1990/1991 21 António Castro Ex-2TEN FZ/RC Escola que também se juntaram na mesma sala - o 2º Curso de Formação de Grumetes (CFG) FZ 1990/1991 que também comemoraram o 20º aniversário da sua incorporação. Foi assim muito salutar reencontrar os grumetes e marinheiros que fizeram o curso em conjunto e integraram os pelotões que alguns dos elementos deste CFORN comandaram. Incorporado em 14 de Fevereiro de 1991, o 2º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (CFORN) – ramo FZ 1990/1991, comemorou este ano o vigésimo aniversário. Para celebrar este facto, os elementos deste curso organizaram um encontro/almoço comemorativo, no dia 19 de Fevereiro de 2011. Compareceram ao evento, 11 elementos do curso, 9 dos quais acompanhados pelas suas famílias, e 2 instrutores, perfazendo um total de 30 pessoas. O espírito de corpo esteve patente no responder à chamada, visto terem vindo para o evento, camaradas de todos os cantos do país, incluindo da Madeira, e até houve um camarada que veio de Angola e trouxe a família. O grupo concentrou-se as 10:30 na Messe de Oficiais da Escola de Fuzileiros, e após uns momentos de salutar convívio e o cafezinho da manhã, iniciaram uma visita à Escola de Fuzileiros, nomeadamente à Sala-Museu do Fuzileiro, cais da UMD e pista de lodo. Infelizmente, devido ao mau tempo, parte do programa de visita teve de ser cancelado, entre os quais a tão esperada visita ao Canil e demonstração cinotécnica. Mais êxito teve o excelente almoço servido na sala do Bar/Restaurante da Associação de Fuzileiros, finalizado com o partir do bolo comemorativo. Por coincidência, tiveram a companhia de um outro grupo de Filhos da O evento foi um sucesso, e todos puderam reviver momentos hilariantes e saudosos dos tempos que serviram a Armada, especialmente no Corpo de Fuzileiros, e claro, pôr a conversa em dia. A organização do evento agradece profundamente ao Comando da Escola de Fuzileiros que autorizou e preparou as Instruções Administrativas para a visita às suas instalações, à Associação de Fuzileiros que permitiu a realização do almoço nas suas instalações, e aos instrutores do 2º CFORN 1990/1991, Cte. Santos Teixeira e João Pimenta, pela amabilidade que tiveram em aceitar o convite para participar no evento. Pela organização do evento, Associação de Fuzileiros | 2011 22 Convívios ALMOÇO DE “ESCOLAS” NO LITORAL ALENTEJANO Após um longo periodo com chuva e frio, o sábado 12FEV11 apresentou-se esplendoroso! E o cozido de carne com couve, executado pelas mãos sábias da D. Joana Silva, esposa do camarada Firmino, donos do “Restaurante Silva”, na Sonega – Sines, ficou uma iguaria de se lhe tirar o chapéu! Estando assim criadas as condições propícias a uma confraternização amigável, motivadora de brilhantes idéias condutoras de ousados empreendimentos, foi em ambiente prazenteiro que se reuniram à volta do tacho (a vasilha, entenda-se) os cinco camaradas de armas ALM Sabino Guerreiro, CFR Amado de Matos, CFR Lopes Henriques, CTN Neves de Carvalho, MAR FOG/CM Antonio Janeiro e MAR FZ Firmino Silva. Saciados os corpos, animados os espíritos, o Comte. Lopes Henriques – promotor da reunião – pôs em debate a causa que ali os trouxe : na sequência do êxito obtido com o “1º Encontro das Escolas da Marinha dos Concelhos de Santiago de Cacém e Sines”, realizado em 12JUN10 ( vide a revista “Desembarque” nº 10 – NOV10 ) , impõe-se lançar as bases para estender ao Concelho de Odemira o cadastro ( no bom sentido ) dos “Escolas”, ficando assim abrangido todo o Litoral Alentejano ; e, se alcançado um número justificativo de aderentes, formalizar o conjunto com vista a um melhor conhecimento, ajuda e recreio entre si e famílias. Unanimemente aceite o repto, consideradas as várias idéias surgidas, ficou decidido : Escola de Fevereiro de 1991 Realizou-se no passado dia 19 de Fevereiro, o almoço comemorativo dos 20 anos de incorporação da Escola de Fevereiro de 1991. Os “Filhos da Escola” marcaram encontro para as 10 horas na Escola de Fuzileiros, a essa mesma hora já era evidente o frenesi emocional de reencontrar algumas caras que escapavam à duas décadas, entre as perguntas de “o que fazes agora?” e do “estás a viver onde?” recordavam-se os momentos ali passados, desde a largada no primeiro fim de semana à marcha final e claro o lodo e o Sado. O dia foi programado à Fuzileiro, iniciouse com visita ao Museu, local mítico onde se pode assimilar das origens à actualida- INFORMAÇÃO O Destacamento nº 10 de Fuzileiros Especiais – Guiné 1967/1969 – vai realizar o seu convívio anual no dia 7 de Maio de 2011. O almoço terá lugar no restaurante da Sede da Associação de Fuzileiros no Barreiro, onde estará patente uma exposição de algumas fotografias do Destacamento. Para mais informações, contactar: Cte. Conceição 210813046 - 966105399 ou Henrique Serrão -265187930 - 936654878 Associação de Fuzileiros | 2011 de, os equipamentos militares, a guerra colonial e a bravura de quem por lá passou e claro as mais recentes missões que tão dignificam esta Força de Elite e a nossa Pátria. De seguida a homenagem ao Fuzileiro e em especial ao homem que em 1991 nos comandava o comandante Francisco Isidoro Montes de Oliveira Monteiro falecido em Janeiro de 2010, foi colocada uma coroa de flores junto ao monumento e sob o comando do ilustre camarada Mário Manso foi dado o grito do Fuzileiro, a resposta foi audível em toda a Escola facto que prova o orgulho que ainda reina no coração destes homens. Finalmente iniciou-se o “assalto”, armados de uma vontade ímpar para conviver “remaram” na direcção do Restaurante Neves de Carvalho CTEN EMQ REF - Primeiro – Desenvolver uma campanha de localização dos “Escolas” ligados por motivos físicos ou afectivos ao Litoral Alentejano e sua captação para a iniciativa. - Segundo – Voltar a reunir dia 09ABR11 no mesmo local para apreciar os resultados obtidos e deliberar sobre acções futuras. E pois que “aos costumes nada mais disseram”, terminado o concílio, feitas as despedidas, seguiu cada um ao seu destino por meios próprios. Luís Arada da Associação de Fuzileiros e lá a “batalha” do repasto durou a tarde inteira, as histórias cruzavam-se nos tempos, do colonial aos estratagemas do instrutor Costa e seus pares, temidos pela dureza da instrução imposta, mas com resultados que ainda hoje todos os presentes não hesitariam em repetir. Terminou com o partir do bolo comemorativo e com a decisão unânime de todos os anos voltar-se a repetir esta mesma missão, cirurgicamente apontada para o 3.º sábado do mês de Fevereiro e com o compromisso de recuperar os Fuzos ausentes para engrossar esta Força de Elite que se quer sempre maior. FUZILEIRO UMA VEZ, FUZILEIRO PARA SEMPRE Um Abraço Convívios 23 ConvÍvio de Marinheiros e Ex-Marinheiros No passado dia 08 de Dezembro de 2010 realizou-se o 29º encontro anual com os Marinheiros e Ex-Marinheiros das zonas de Viseu, Aveiro e Guarda. Por ter nascido na região, também estive presente com a minha mulher, embora viva habitualmente no Barreiro. Assim tive o privilégio de como membro dos Corpos Sociais da Associação de Fuzileiros, con- Encontro escola de 88 – Algarve 2011 No dia 26 de Fevereiro, o Clube Escolamizade engalanou-se, recebendo os filhos da escola de 88 para mais um encontro anual. Fomos envolvidos, por espaço de grande beleza natural, onde o azul do céu se confundia com o mar, num dia que esteve primaveril. Depois da magnífica recepção, estavam disponíveis umas entradas para acompanhar as minis, que nos iam lubrificando a garganta sequiosa de tanta treta armazenada. De seguida, dirigimo-nos para o restaurante onde no seu exterior tiramos a fotografia de grupo. Antes de desencadear o almoço, oficializamos o inicio do encontro, dando as boas vindas aos camaradas e familiares presentes. Seguiu-se um minuto de silêncio em honra dos camaradas já falecidos, esse momento, foi abrilhantado pelo toque do trompete do filho do camarada Licínio “O Hino do Silêncio ”foi um dos momentos de grande emoção. O almoço decorreu sempre com grande alegria o que já é, apanágio deste grupo. Já quase no final do repasto, foram entregues umas lembranças (Clube Escolamizade; Associação de Fuzileiros; Delegações; Núcleo; Camarada Rebola e autoridades marítimas) foram também feitos alguns discursos. Falou em representação das autoridades marítimas o Tenente Alves, que demonstrou o seu agrado por ter sido convidado, fazendo eco do espírito de grupo que tanto nos define. Falou também o camarada Couto que na sua mensagem, transpareceu o seu sentimento de orgulho e de missão cumprida, ao participar na formação de grande parte de nós Fuzileiros. Foi lida uma carta do camarada Mário Manso, que tal como outros camaradas não puderam estar presentes, mas não quiseram deixar de dar uma palavra de incentivo; a mensagem deste camarada mais veterano mereceu no final, o grito do Fuzileiro. O camarada Rebola não poderia deixar de dar uma palavra porque sendo ele o grande mentor destes encontros, a sua palavra é sempre de incentivo e mais uma vez assim foi, demonstrou a José de Oliveira Pinto (Sócio nº 1049) fraternizar com todos os presentes, entre eles, algumas caras conhecidas de Nelas, minha terra natal. A receber os presentes estiveram os camaradas da organização o João Marques e o António Lameiras . A concentração fez-se frente à Câmara Municipal de Nelas, onde todos formaram para a foto do grupo. Seguiu-se o cortejo até à localidade de Folhadal, onde foram entregues as lembranças, serviram-se as entradas, para matar a malvada, com todas as iguarias do distrito de Viseu sobressaindo, a morcela, os enchidos, a carne de porco, os rojões, etc… De vez em quando, o sino e o clarim suavam, para troca de pratos. Depois das sobremesas, os demais rumaram às suas localidades de origem, e para o próximo ano será em Setúbal. Até lá bom trabalho. João Serafim 761388 sua satisfação por mais este convívio em família. Aproveitou para anunciar que para o ano o nosso encontro será na zona de Fátima. Mas, uns dos momentos de grande emoção foram as palavras do camarada Cte. Lhano Preto Presidente da Associação de Fuzileiros, que nos transmitiu não só o orgulho, mas também a responsabilidade de ser Fuzileiro. Ser Fuzileiro, não é só ter uma boina azul ferrete; Fuzileiro é ter a grande responsabilidade, de honrar o significado de a ter conquistado. Em seguida e como não podia deixar de ser, cantamos o nosso hino acompanhados ao acordeão pelo nosso camarada Paulo. Aproveito, em meu nome, e dos camaradas que organizam o nosso encontro, para agradecer ao Clube Escolamizade a total disponibilidade, em nos ajudar. Agradecemos a quantos nos deram a honra de partilhar momentos, que para sempre, vão ficar nas nossas memórias. Muito obrigado a todos vós. Associação de Fuzileiros | 2011 24 Convívios Destacamento nº 6 e companhia nº 10 Mário Manso Mais uma vez, sempre no terceiro sábado de Maio, o Dest. nº 6 de Fze e a Comp nº 10 de Fz, se reuniram no Salão da Associação de Fuzileiros, irmanados de um espírito de camaradagem e amizade cimentada nas dificuldades que a guerra oferece. De realçar o facto de o Camarada Edgar Batista, mesmo fazendo anos, não quis deixar de vir. De realçar ainda, o aparecimento pela primeira vez, de dois camaradas, o Amílcar “Russo” e o Varela, este, fez-se acompanhar de toda a família, e ao apresentar-me um dos filhos que é oficial de Marinha, irradiava uma felicidade que contagiou todos quantos os rodeavam., A Associação espera ter ganho neste dia dois novos sócios, um Originário outro Efectivo. O Reencontro dos Putos da Fragata Carlos Vardasca pestades” que ao longo da sua vida tiveram que enfrentar. Ficou bem patente nas opiniões expressas que todos se congratularam com o êxito deste Encontro, tendo em conta o número de antigos alunos presentes e, por esse facto, foram unânimes as palavras de reconhecimento por cada um ter comparecido individualmente ou na companhia dos seus familiares e amigos, e terem proporcionado um excelente dia de confraternização. Fez precisamente no passado dia 03 de Abril quarenta e oito anos que a Fragata D. Fernando II e Glória “naufragou numa tempestade de labaredas”, que a consumiu de uma forma tão violenta que deixou os seus alunos órfãos daquela “velha NAU”, última das Índias. Foi com objectivo de relembrar aquela data trágica, que os antigos alunos daquela instituição se reuniram em Cacilhas a bordo da Fragata no seu IV Encontro Nacional no dia 02 de Abril de 2011, também com o objectivo de rever companheiros, estreitar os laços de amizade que os une e confraternizar com outros que finalmente se reencontraram ao fim de cerca cinquenta anos por não se saber do seu paradeiro. Sem qualquer preconceito ou saudosismo, foi a bordo da Fragata D. Fernando II e Glória que todos os seus alunos receberam as ferramentas essenciais para enfrentar o futuro, onde cada um veio a Associação de Fuzileiros | 2011 desempenhar funções tão variadas e em sectores de actividade tão distintos, mas cada um com a sua importância para o desenvolvimento do país. Este IV Encontro Nacional teve a particularidade de conseguir juntar várias gerações de antigos alunos vindos dos vários pontos do país, muitos deles (pelas variadíssimas razões) somente agora se puderam reencontrar. Finalmente ali reunidos a bordo e no almoço de confraternização que se seguiu num restaurante próximo, foi com imenso prazer e satisfação que todos se congratularam com a realização do Encontro, onde conviveram em animado clima de satisfação e alegria várias gerações, que em diferentes épocas a bordo da Fragata puderam partilhar o mesmo convés, as mesmas emoções e a ausência de afectos, mas souberam assimilar os mesmos conhecimentos que os dotou da formação para ultrapassar as várias “tem- Foi entregue neste IV Encontro Nacional uma placa de agradecimento muito especial ao Comandante José António de Oliveira Rocha e Abreu (actual Comandante da Fragata), pela forma atenciosa e entusiástica como colaborou na sua realização, assim como também foi sorteado no final do almoço um painel em azulejo pintado à mão alusivo à Fragata D. Fernando II e Glória, da autoria do artista Alhosvedrense Luís Guerreiro. Durante o Encontro foi manifestado o interesse (aproveitando a extensa listagem de contactos que foram conseguidos desde o início do ano de 2010) que este tipo de realizações se fossem repetindo com alguma regularidade (se possível anualmente), como forma de todos os antigos alunos reforçarem os laços de amizade que os une, e não deixar morrer este entusiasmo que os levou a procurar antigos “filhos da escola” de quem não sabiam do seu paradeiro há mais de cinquenta anos. Foi de facto uma magnífica realização e uma excelente iniciativa, tendo a maioria dos presentes manifestado o interesse em se encontrar de novo. Eventos O Jantar de Natal de 2010 Como é sabido teve lugar no passado dia 11 de Dezembro o habitual “Jantar de Natal/2010” da Associação de Fuzileiros que anualmente tenta juntar o maior número possível de membros da nossa grande “Família”. Desta vez, o número de sócios e familiares ultrapassou completamente as nossas previsões crendo-se que terá sido dos eventos natalícios que reuniu maior número de pessoas - mais de 250. Na mesa de convidados estiveram cerca de vinte entidades, na qual se incluíram, nomeadamente, os Presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia do Barreiro, os Comandantes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, os Presidentes dos Clubes de Sargentos e das Praças da Armada, antigos presidentes da Assembleia-Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal da Associação, Esposas e outras personalidades de relevo para a instituição. A mesa das Delegações esteve muito bem representada, com a nossa gente de Gaia, Juromenha/Elvas e Setúbal e ao longo do vasto Salão conviveram, mataram saudades e espalharam nostalgias, brincaram e até dançaram (ao som, a custo zero, do grupo musical do sócio que habitualmente nos apoia) os mais velhos, os menos novos, os jovens e os mais jovens, onde não faltaram as senhoras e também as crianças que, este ano particularmente deram tom e alegria à nossa Festa de Natal. Também houve discursos: o do Comandante do Corpo de Fuzileiros – que nos desejou um ano de cheio de sucessos; e o do Presidente da Associação – que se congratulou com o apoio que todos nos têm dado e nos desejou Bom Natal e Bom Ano agradecendo o empenho de toda a Direcção na organização do evento. Também se trocaram prendas. O Salão quase foi pequeno para conter tanta gente! Mas a organização desdobrou-se, fez os possíveis, senão mesmo os impossíveis por chegar a todos com cortesia, amizade e até algum protocolo mas, sobretudo, com todo o nosso característico calor humano. 25 MP A equipa de redacção deste site – que paulatinamente se vai organizando e readaptando – cita o que alguém já anteriormente escreveu a propósito deste evento: « E para que não falte ninguém, aqui fica a gratidão a todos quantos, pelas mais diversas formas, ora trabalhando na organização, ora contribuindo com as suas presenças emprestaram prestígio ao nosso jantar de Natal e, sobretudo, deram vida à vida e ao tempo dos nossos afectos». Imediatamente a seguir e sem legendas para não distinguir ninguém já que todos merecem ser distinguidos – pela coragem, pela solidariedade, pelo espírito de camaradagem e entreajuda e pelos valores que são o apanágio e a mística dos fuzileiros – ficam alguns registos fotográficos, escolhidos pela Direcção, para a posteridade e que são as imagens que, mais do que muitas palavras dão real conteúdo e importância ao nosso “Jantar de Natal de 2010”. Associação de Fuzileiros | 2011 Eventos 26 Batalha 10/04/2010 Também dia do combatente Mário Manso Uma foto de família com algumas gerações de fuzileiros A Batalha foi mais uma vez, palco de um grandioso cerimonial. Este ano, com um duplo sentido: dia de homenagem ao Soldado Desconhecido, e do Combatente. É certamente uma honra, que a esta efeméride, se tenha associado os combatentes. A presença do Senhor Presidente da Republica deu-lhe a solenidade que todos os combatentes do nosso País merecem. Nunca é tarde, para se reconhecer o quanto a Nação lhes deve, e do respeito que alguns lhes têm negado. Todos sentimos, que muitos, dos que não deviam, têm andado distraídos de mais, porque apreço de menos, tem querido fazer esquecer um valor, de que nem todos logram alcançar. Este dia especial, ficou também marcado pela consideração mostrada pelo Senhor Almirante Viera Matias que, resolveu desviar-se do seu rumo, para vir falar aos seus Fuzileiros, é uma atitude sintomática, da forma de estar desta nossa família. O facto de no grupo, não estar qualquer homem do seu Destacamento, não foi razão, para deixar, de connosco dialogar, é assim, que os elos da corrente que nos liga estão cada vez mais, fortalecidos. Igual postura, teve o Senhor Cte. Alpoim, que em amena cavaqueira, se inseriu no grupo dos seus camaradas de armas, reavivando feitos, que muito contribuíram, para o enriquecimento do património dos Fuzileiros. Do grupo, faziam parte, elementos da Associação de Fuzileiros | 2011 O Sr. Presidente da República com o Sr. Cmte. Alpoim Calvão Delegação de Gaia, representantes da Associação de Fuzileiros, alguns sócios, e outros não, ainda!..., que estavam a titulo individual. Curioso, foi o caso de um jovem no activo, que facilmente se integrou naquele grupo de homens que na sua maioria podiam ser seus avôs, o facto de não se ter marginalizado, denota um espírito de forte camaradagem. Há no entanto, outras atitudes que são também reconfortantes, e uma delas foi, a que se verificou, quando à saída da sala do capítulo, local sa- grado do Soldado Desconhecido, sua Excelência o Senhor presidente da Republica se desvia da sua rota, para ir cumprimentar o Senhor Comandante Alpoim Calvão que, com a sua boina azul ferrete, e Torre Espada ao peito, se destacava, ladeado pelo Sr Cte. Preto. Verifiquei, que o Cte. Alpoim se manteve, como se em sentido estivesse, o que proíbe, qualquer soldado de se mexer, e muito menos, dar um passo em frente. Isso, ele não fez. Foi de facto uma atitude de um grande Militar. Como seu camarada de armas, fiquei empolado de orgulho, pelo comportamento, e pela deferência que lhe foi dispensada pelo expoente máximo da Nação. Quando já no regresso, nos preparávamos para entrar no carro, os camaradas, que em serviço tinham feito parte das forças em parada, e que dentro do autocarro, na fila do trânsito esperavam andamento, resolveram de forma espontânea prendar-nos, com um sentido, duplo grito, do Fuzileiro. Sem lhes perguntar-mos a razão, sentimos que estavam homenageando os seus camaradas mais velhos, seus progenitores na classe, a que dentro da Marinha pertencem. Acreditem jovens, Fuzileiros da nossa briosa, de que, nos sentimos muito honrados e enternecidos. Muito obrigado pela vossa gratidão. Creiam, que também nós vos consideramos, e gostamos de todos vós. Eventos APVG Braga Mário Manso No dia 21 de Março de 2010, teve lugar na Senhora do Sameiro em Braga, padroeira dos combatentes, o décimo primeiro aniversário da Associação dos Veteranos de Guerra. Para além das várias delegações da APVG, estiveram ainda presentes as forças vivas da Cidade, bem como, outros convidados de várias origens. A Associação de Fuzileiros esteve representada por oito elementos, com o guião, que se incorporou no cerimonial, e esteve representado no altar durante a missa. Um momento alto da cerimónia religiosa, para além de ser celebrada pelo sobrinho do Senhor Presidente da APVG Dr. Augusto de Freitas (nosso consócio) foi, quando o camarada Gonçalves subiu ao altar, e tocou o silêncio, maravilhando com emoção, todos os presentes. Terminada a cerimónia religiosa, teve lugar o almoço para o qual estava reservada uma mesa para nove pessoas da nossa Associação. Foi convidado para a mesa de honra, um representante do nosso grupo, tendo sido indicado o Sarg. José Coelho Coisinhas, que foi também, o nosso porta-guião. Foi evidente, mais uma vez, quanto é apreciada a presença da Associação de Fuzileiros nos eventos da APVG, o carinho com que nos envolvem e o respeito que nos é dispensado por todos, não oferece dúvidas, que deixámos marcas muito positivas, nos militares que alguma vez, com os Fuzileiros ombrearam. Foi gratificante, ouvir pela voz de um camarada veterano, ex-Furriel do Exército, um rasgado elogio, que foi de imediato complementado, por outros veteranos presentes, do mesmo ramo. 27 Momento solene em que o Camarada Gonçalves tocava o Silêncio Para emoldurar este dia, tivemos um pequeno percalço que passo a descrever: quando pela manhã nos deslocávamo-nos numa zona da picada, que nos levava ao objectivo, sem que nada o fizesse prever fomos fustigados pelo rebentamento de um pneu da frente, logo nos fez lembrar, uma mini, mina anti-carro, numa qualquer picada do norte de Angola, Guiné, ou Moçambi- que, províncias outrora calcorreadas pelos elemento que guarneciam a viatura. Foi de imediato montada a segurança não olvidando que algum contratempo pudesse surgir. Sem baixas seguimos o rumo, atingido o objectivo dentro do horário. Para fazer um regresso dentro de parâmetros de segurança aceitáveis, havia que resolver, a falta do suplente, que horas antes não tinha resistido. Domingo não é um dia favorável para resolver uma tal questão mas, os Fuzileiros tiveram domingos bem piores. Logo que partilhei a necessidade de resolver a dificuldade, com o vice-presidente da APVG Senhor Martins, me disse, terminado o telefonema feito para o efeito, que o problema seria resolvido. Findo o almoço, rumámos a Barcelos, onde nos esperava um industrial adequado à resolução do embaraço. Depois de colocados os dois pneus da frente, interroguei o senhor do valor a pagar, acto continuo perguntei!: quem se quer solidarizar comigo nos custos, de imediato todos se associaram. O mais interessante acontece, quando um camarada que ali foi ter, por ter sido informado da nossa estada ali, me esticou a mão com a sua nota, para pagar a parte que lhe cabia. Recusei, argumentei, mas de nada valeu, tive que aceitar, porque ficaria magoado se o não fizesse. Aquele jovem camarada de nome Régo, mostrou uma coisa que não se explica, que muita gente não compreende, mas que o Fuzileiro entende, porque somos diferentes! Obrigado Filho da Escola. É bem sintomático, de quanto apreciam os nossos valores, continuando ainda hoje a ser lembrados, de uma forma que muito nos honra. Aqui deixamos a todos os camaradas dos outros ramos veteranos ou não, uma certeza: sempre tivemos, e continuamos a ter, muito respeito pelos camaradas do exército porque nos teatros da guerra colonial foram eles também uns heróis, quanto mais não fora, por todas as dificuldades que enfrentaram, dado o pouco tempo que lhes era dedicado à preparação militar. Um muito obrigado, pela forma muito particular, como sempre nos receberam, recebem e consideram. Associação de Fuzileiros | 2011 28 Salpicos de Vida SPM 0468 Nº 5 CMG Francisco Rosado No primeiro semestre de 1967, foram chamados pelo Comandante da Defesa Marítima da Guiné, Comodoro Ferrer Caeiro, os comandantes dos DFE’s 4 e 7, respectivamente 1º ten. Santos Paiva e 1º ten. Moitinho de Almeida, aos quais foi dada uma ordem para cumprir de imediato. Na sequência desta reunião, o meu Cmte chamou‑me e ordenou-me que preparasse o embarque do DFE 4, no prazo de duas horas, na LFG Cassiopeia. Ao pessoal bastaria levar a G3 com dois carregadores. Ainda incrédulo, perguntei-lhe qual era o objectivo, ao que ele me retorquiu que não me podia dizer. Podem imaginar como me senti, pois nunca entre os três oficiais do DFE4 houve qualquer segredo operacional. Já debaixo de uma fúria mal contida, respondi-lhe que era inaceitável que ele não me dissesse o local da operação e tudo o que se passava, pois nunca tinha sucedido tal coisa em um ano e meio de comissão. O Cmte respondeu-me que ele e o Cmte do DFE 7 tinham que cumprir a ordem do Comodoro de nada revelar do que se iria passar. Embora aceitando a explicação, estava tão furioso que lhe disse que seria completamente impensável que os homens do DFE 4 aceitassem sair de Bissau só com uma G3 e apenas dois carregadores, portanto eu ia dar-lhes uma ordem que eu já sabia não seria cumprida. Chamei o Quartel Mestre e os Chefes de secção e transmiti-lhes a ordem de que iríamos embarcar dentro de duas horas e de que não seriam necessárias armas de apoio, bastaria cada homem levar a G3 com dois carregadores. Claro, toda a minha fúria passou para eles que de imediato me inquiriram acerca do loAssociação de Fuzileiros | 2011 cal e do tipo de operação iríamos rea lizar! Também me disseram logo que seria impossível cumprir a ordem do armamento do pessoal, pois nunca o DFE 4 sairia de Bissau sem a artilharia do costume. Apesar de tudo, lá se cumpriu o horário previsto e os Destacamentos embarcaram na LFG como tinha sido determinado. Na primeira volta que dei pelo convés, fui encontrar as MG 42 devidamente municiadas, as bazucas, os lança‑rockets, as ALG’s e as granadas do costume! Estávamos prontos para todas as eventualidades. Nestas questões já ninguém acreditava em conversas para meninos de coro, nós éramos veteranos e os rios Corubal, Cumbijã e Cacine estavam sempre presentes na nossa memória, e metiam-nos muito respeito!!! Só G3 com dois carregadores? Então que conversa era esta? Seríamos nós alguns periquitos chegados de fresco ao inferno guineense para nos enfiarem um barrete destes? Tomem lá então com toda esta artilharia, que apanhados à mão é que nunca seríamos. É óbvio que a confiança voltou a estar perto de nós quando nos vimos a bordo com o armamento do costume. Preparávamo-nos nós para descansar um pouco, antes de um eventual desembarque, e principalmente eu, o 3º oficial e os chefes de secção mergulhados na fúria do desconhecido, quando fomos novamente surpreendidos com a ordem de regresso a Bissau. Aí tivemos a certeza de que ou estavam a gozar connosco ou as chefias estavam completamente apanhadas pelo clima. Não percebíamos nada do que se estava a passar, e era a primeira vez que tal coisa sucedia com um conjunto de FUZEILEIRAÇOS que já tinham no horizonte o fim da comissão. Regressámos a Bissau e a vida operacional continuou por mais três ou quatro meses. Muitas vezes pedi ao Cmte para me contar a história, mas sem sucesso. Nunca soube em terras da Guiné que raio de missão fomos realizar naquele dia. Foi já em Lisboa, muitos meses depois da chegada, que o Cmte me contou toda a história, que acaba por demonstrar bem a autoridade, a convicção e a capacidade de decisão que era inerente, naquela época, ao Comodoro Ferrer Caeiro. O que tinha sucedido? Bem simples de contar. A Marinha tinha em Bolama umas instalações navais que, até há pouco tempo, tinham sido ocupadas pelo DFE 4, e se encontravam vagas naquela altura. Aconteceu então que duas companhias do exército chegaram àquela ilha e, na falta de instalações melhores resolveram instalar-se nas infra‑estruturas da Marinha, sem a eventual autorização do Comando da Defesa Marítima da Guiné. O “nosso” saudoso chefe, comodoro Ferrer Caeiro não hesitou um momento, chamou os dois Cmtes dos DFE’s, disponíveis em Bissau, e disse-lhes que as companhias do exército deveriam sair de imediato das instalações da Marinha, nem que fosse a tiro. Só depois de sairmos de Bissau e de as unidades navegarem a caminho de Bolama, é que o Comodoro telefonou ao Cmte Chefe, General Schultz, e o informou do que se estava a passar. Imagino eu, que o General deve ter agido muito depressa no sentido das companhias saírem das instalações navais, pois só assim os DFE’s puderam tão rapidamente regressar a Bissau. E foi assim, com CHEFES desta têmpera, que a Marinha construiu o seu prestígio em terras de África. Bem-haja, saudoso Comodoro Ferrer Caeiro. 29 Guiné, 1969 – Emboscada a um combOio naval - Parte I Eng. Lema Santos, 1º Ten. RN Afundamento do batelão “Guadiana” por EEA – Engenho Explosivo Aquático Nota: Durante a Guerra do Ultramar, não teve expressão significativa a utilização de minas contra a navegação. Esta terá sido, seguramente, a mais marcante e agressiva acção inimiga utilizando EEA’s (Engenhos Explosivos Aquáticos); a partir desta ocorrência, os comboios para sul do território, em zonas de possíveis emboscadas, passaram a ser efectuados com o apoio de uma patrulha avançada de fuzileiros em botes que efectuavam o reconhecimento visual. Considerações gerais O 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite do 10.º CFORN e o STEN FZ RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva do 11.º CFORN, depois de concluírem os respectivos cursos foram ambos mobilizados para a Guiné, o primeiro integrado no Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 10 (1967) e o segundo na Companhia de Fuzileiros n.º 6 (1968). Em Maio de 1969, viriam ambos a protagonizar, um episódio marcante da complexa actividade da Marinha ao longo dos doze anos de guerra, o primeiro como comandante operacional de uma “task unit” activada na sequência da organização de um comboio logístico, integrando LDM´s e embarcações comerciais e, o segundo, como comandante operacional de uma outra LDM, também com batelões mas que, numa parte comum do percurso, se juntava àquela “task unit”. A organização e planeamento dos comboios de abastecimento logístico estavam atribuídos pelo Comando de Defesa Marítima da Guiné à Esquadrilha de Lanchas que, de acordo com as exigências operacionais, disponibilidade de meios navais e o tão criterioso como indispensável apoio da tabela de marés, procedia à escolha do período e datas em que se efectua vam os comboios - RCU’s. O 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite do 10.º CFORN e o STEN RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva do 11.º CFORN. A necessidade de manutenção de uma logística de apoio a populações e unidades militares, tornava alguns dos percursos não só frequentes mas de periodicidade obrigatória, quer para norte quer para sul daquele território, situação também decorrente As distâncias totais percorridas a partir de Bissau – normais pontos de partida e chegada destes comboios - dependiam dos percursos parciais efectuados e dos navios e embarcações presentes. Havia ainda a considerar, de acordo com as unidades navais utilizadas, rotas alternativas às barras convencionais dos rios. Estavam nesse caso o Canal de Melo, na travessia do rio Cumbijã para o rio Cacine, a passagem do rio Tombali para o rio Cumbijã, via rio Cobade ou a ida para o Cacheu navegando pelo interior do baixo dos Macacões, este só acessível a LDM’s. Claro que esta possível utilização, válida igualmente para os percursos inversos, permitia encurtamentos de caminho e reduções de tempo notáveis. A tracejado (violeta) o percurso Bissau - Bolama e, na continuação, Bolama - TT (confluência dos rios Tombali e Cobade); igualmente visível o percurso de regresso a Bolama (laranja). do normal escoamento de produtos agrícolas essenciais à economia do território. Entre os mais carismáticos, cabe destacar Farim, no norte, cerca de 85 milhas a montante da foz do rio Cacheu e Bedanda ou Gadamael, no sul, ambas a uma distância próxima de 20 milhas da foz nos rios Cumbijã e Cacine (rio do Porto de Gadamael) respectivamente. Enquanto a uma LFG de escolta estava vedada a possibilidade de efectuar atalhos por causa dos 2.20 m de calado daquela unidade naval e as LFP’s, ainda que com limitações, efectuassem diversos percursos com alguns “shortcuts”, as LDM’s efectuavam verdadeiros milagres no encurtamento de traçados, quase bastando haver alguma altura de água para passarem e Continua na página seguinte >> Associação de Fuzileiros | 2011 30 Guiné, 1969 – Emboscada a um COMBOIO naval - Parte I >> Continuação da página anterior muita, mesmo muita, experiência do “patrão”. Afinal, com a maré na enchente, um encalhe resolvia-se quase sempre por si próprio, em fundos lodosos sem cristas rochosas. Bastava arriscar primeiro e esperar depois, raciocínio obviamente limitado para as unidades com quilha. Para comandar estes RCU’s eram habitualmente nomeados oficiais subalternos dos Destacamentos ou Companhias de Fuzileiros, dos Quadros Permanentes ou da Reserva Naval, reforçados por esquadras ou grupos de combate daquelas unidades e com o armamento adequado à missão, por forma a aumentar a segurança dos comboios, garantindo um destino seguro às guarnições, populações e bens por eles transportados. Se algumas das embarcações ou batelões comerciais dispunham de motor, outras não tinham propulsão própria, sendo por isso rebocadas por aqueles que tivessem condições para o fazer. Navegação com velocidades diferentes, cabos de reboque partidos e avarias frequentes, era um panorama comum que gerava confusão e granel, obrigando o comandante do comboio, com as LDM’s disponíveis, a um enquadramento atento e disciplinado. Esta estratégia era sobretudo importante a partir do ponto de confluência de todas as unidades, normalmente situado no início das bacias hidrográficas dos rios onde se situavam os locais a aportar. Aí se reviam os derradeiros pormenores da navegação a efectuar, procedimentos de comunicações e a abordagem de eventuais zonas de risco de ataques ou emboscadas do inimigo. A missão Pela “Ordmove” 132/69 o Comando de Defesa Marítima da Guiné ordenou à LDM 302 que, a partir de 16 de Maio de 1969 pelas 16:30, sob o comando operacional do STEN FZ RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva, largasse de Bissau com o objectivo de escoltar Associação de Fuzileiros | 2011 as embarcações motor “Portugal” que rebocava o batelão “Angola” levando carga geral, o Pelotão de Morteiros 2115 e respectivas bagagens com destino a Vila Catió. A guarnição da LDM e o motor “Portugal” foram reforçados com elementos da CF 10. O comboio (RCU) escalou Bolama no mesmo dia da largada e completou o percurso no rio Cobade no dia seguinte de manhã, entre o rio Tombali e a foz do rio Cagopere que dá acesso ao porto de Catió, esta parte do trajecto feita com apoio aéreo. Durante a permanência naquele porto foi montada segurança pelas FT (forças terrestres) locais. No regresso, a LDM 302 e as embarcações civis confluiram para a foz do rio Cagopere no dia 21 pelas 10:00 passando a estar integradas no RCU 9/69. Quase simultaneamente, pelo “Ordmove” 136/69 – RCU 9/69 o Comando de Defesa Marítima da Guiné ordenou a activação da TU 5 com a nomeação do 2TEN FZE RN José António Lopes da Silva Leite para comandar aquela “task unit” a partir do dia 20 de Maio de 1969, pelas 00:00. Foi constituída pelas LDM’s 105 e 313, com o fim de escoltar as embarcações motor “Rio Tua” rebocando um batelão, motor “Vencedor”, motor “Gouveia 17” rebocando os batelões “Guadiana” e “Lima” com destino a Bedanda e Cacine. Houve ainda que transportar 12 toneladas de produtos de reabastecimento, enviados para Cufar pelo CTIG (Comando territorial Independente da Guiné) na LDM 105 e ainda um veí culo GMC do exército para Gadamael na LDM 313. Tal como previsto, a partir do dia 21, pelas 10:30, foi integrada no comboio a LDM 302 com a embarcação com motor “Portugal” rebocando o batelão “Angola”, sendo este grupo (RCU) a integrar comandado pelo STEN FZ As embarcações comerciais motoras “Portugal” e “Angola”. O batelão “Guadiana” que viria a ser afundado mais tarde. 31 meio do rio. Por analogia com casos anteriores, este pessoal mandou parar imediatamente o “Gouveia 17”, o que foi tentado pelo patrão desta embarcação metendo máquinas a ré. O batelão motor “Gouveia 17” que rebocava os batelões “Lima” e “Guadiana” RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva. Com início e regresso a Bissau, estavam definidos os movimentos previstos com respectivas escalas e horários de chegada/largada, tendo em atenção as marés: Bissau, Bolama, ponto TT (confluência dos rios Tombali e Cobade), foz rio Cagopere, ponto CC (confluência dos rios Cobade e Cumbijã), Impungueda, Bedanda, Impungueda, ponto CC, ponto TT, Bolama e Bissau. No dia 23 pela manhã a LDM 313 deixou o comboio no ponto CC, rumando a Cacine e Gadamael pelo Canal de Melo, com as embarcações motor “Vencedor” e o motor “Gouveia 17” rebocando os batelões “Lima” e “Guadiana”. O movimento efectuado para o aquartelamento de Cabedú com os batelões “Lima” e “Gouveia” permitiu ganhar um dia ao movimento destas embarcações, escoltadas pela LDM 313 para Cacine. A descarga em Cacine não foi con cluída mas, a necessidade do rigoroso cumprimento do planeamento imposto pelos horários das marés, obrigava a algumas decisões incompatíveis com atrasos nas cargas e descarga dos locais aportados, por problemas de estiva alheios ao comando operacional do comboio. A progressão para montante do rio Cumbijã a partir dos ponto CC fez-se sem problemas e as descargas em Cufar e Bedanda fizeram-se dentro dos horários e com normalidade. Regresso, rebentamento de um EEA (Engenho Explosivo Aquático) e o ataque IN No regresso, o percurso descendente do rio fez-se com as LDM’s 105 e 302 com as embarcações motor “Portugal” rebocando o batelão “Angola” e motor “Rio Tua” com outro batelão. Dia 27 pelas 11:00, juntaram-se a estas unidades, no ponto CC, as provenientes do regresso de Cacine. A LDM 313 trazia de Gadamael para Bissau uma viatura GMC e destruiu uma canoa abandonada na foz do rio Meldabom. Cerca das 13:00 do dia 27 de Maio de 1969, e com apoio duma parelha de aviões Harvard T6, iniciou-se o percurso do rio Cobade. O comboio navegava em coluna, com as unidades navais e embarcações pela seguinte ordem na formatura: “Gouveia 17” rebocando os batelões “Lima“ e “Guadiana”, LDM 313, motor “Portugal” com o batelão “Angola” de braço dado, LDM 105, motor “Rio Tua” de braço dado com um batelão, LDM 302 e finalmente o motor “Vencedor”. Foi adoptada esta formatura para o motor “Gouveia 17” estabelecer a velocidade do comboio, uma vez que era a embarcação motora com menor velocidade de progressão. Pouco tempo depois, pelas 14:30, o IN (inimigo) viria a revelar-se. Cerca de meia milha após o desembarcadouro do Cachil, foi avistado pelo pessoal da escolta, fornecida pela CF10 que se encontrava a bordo do “Gouveia 17”, um fio que atravessava da margem do lado do Cachil para o Como consequência desta manobra necessariamente brusca e devido ao normal seguimento por inércia, os dois batelões rebocados aproximaram-se do “Gouveia 17”, tendo o primeiro reboque, o batelão “Lima”, colidido com a popa do “Gouveia 17”, enquanto que o outro que o seguia, o batelão “Guadiana”, devido ao comprimento do cabo de reboque, ultrapassou por estibordo o “Gouveia 17”, e no final do comprimento do cabo, rodopiou ficando aproado em sentido contrário ao da marcha invadindo, com a parte de ré, o local onde o fio tinha sido avistado. Nesse exacto momento, verificou-se uma forte explosão à popa do batelão “Guadiana”. Simultaneamente, o inimigo, emboscado em ambas as margens desencadeou violento ataque com armamento ligeiro e morteiro, sem consequências pessoais. Por sua vez, o engenho explosivo aquático que havia deflagrado à popa do batelão “Guadiana” causou 5 mortos e dez feridos, confirmados pelo sargento enfermeiro (2Sarg H Cotovio) que, seguindo na LDM 105 e após a explosão, passou imediatamente para bordo daquela embarcação. Foram rapidamente assistidos no local por aquele profissional de saúde com a colaboração de um colega (2Sarg H Mesuras) embarcado na LDM 302. Ambos, debaixo de fogo e no meio de grande confusão por parte de passageiros civis, mantiveram a presença de espírito suficiente para desempenharem as suas funções. Entretanto, o comandante operacional informou o apoio aéreo do sucedido e, dentro das possibilidades, solicitou cobertura mais cerrada na zona, a fim de ganhar tempo e conseguir a segurança necessária para proceder a uma busca junto ao batelão sinistrado, prevendo a eventualidade de virem a ser encontrados mais mortos Continua na página seguinte >> Associação de Fuzileiros | 2011 32 Guiné, 1969 – Emboscada a um COMBOIO naval - Parte I Os batelões motores “Rio Rua” e “Vencedor”. >> Continuação da página anterior ou feridos. Foi informado da impossibilidade de satisfação do pedido por uma dos aviões T6. Calado o IN por acção do fogo efectuado pelas LDM’s e pelo pessoal de reforço da CF 10 pertencente às escoltas das embarcações civis, reiniciou‑se imediatamente a marcha, tendo sido ordenado à LDM 105 que passasse um cabo ao motor “Gouveia 17” dado continuar com os dois batelões a reboque. Desde o momento do rebentamento junto à popa do “Guadiana” tinham passado uns escassos dez minutos e a embarcação afundava-se rapidamente. Urgia sair da zona da ocorrência e encalhá-lo em local mais seguro, o que veio a suceder próximo da foz do rio Ganjola. Pelas 14:45, quando o comboio navegava já próximo daquele local, o 2TEN FZE RN Silva Leite, por intermédio da FAP, pediu evacuação para dez feridos a partir de Catió. Entretanto contactou igualmente as FT de Catió pedindo ao aquartelamento local a presença de transporte e médico no porto exterior, a fim de prestar assistência aos feridos e recolher os mortos que Pormenor do porto interior de Bedanda”. seguiam a bordo da LDM 313 para aquela localidade. Nesta altura, o comboio reiniciou a descida do rio Cobade até à confluência com rio Tombali, depois do comandante operacional ter confirmado a presença do apoio aéreo na zona, tendo atingido aquele ponto TT pelas 16:00. De acordo com o Comando de Defesa Marítima da Guiné (CDMG), foi dada ordem à LDM 303 para permanecer em Catió até ordem em contrário, às embarcações civis para prosseguirem independentemente para Bissau e às LDM’s 105 e 302 para seguirem para Bolama, onde ficaram a aguardar novas instruções. Como resultado do acontecimento e das condições de mau tempo verificadas na altura, extraviou-se diverso material fixo que se fez constar nas relações de ocorrências de cada unidade. Um comboio no rio Cumbijã, na foz do rio Macobum, na zona de Cafine. Associação de Fuzileiros | 2011 In Perpetuam Memoriam 33 Homenagem da Direcção Nacional ao Dr. Paulo Marques Sócio n.º566 da Associação de Fuzileiros Carlos Marques Pinto Faleceu no passado dia 1 de Janeiro, o nosso sócio originário, Dr. Paulo Henriques Lowndes Marques. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa foi membro da Ordem dos Advogados Portugueses e externo, em Londres, da Ordem dos Advogados Britânica (Law Society) e, ainda, do International Bar Association. Cadete fuzileiro do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval – ingressou na Escola Naval, em 9 de Outubro de 1965. Integrado na Companhia de Fuzileiros N.º 10 fez a sua comissão de serviço em Angola (1966/1968) comandando o 2.º Pelotão e cumpriu missões nos Postos de Vigilância dos então Comandos de Defesa Marítima do Zaire (Quissanga, Puelo, Pedra do Feitiço e Macala) e Cabinda (Massábi). Licenciado em Direito, era Advogado, com escritório em Lisboa e foi um dos Mandatários da lista dos actuais órgãos sociais da Associação. O Paulo desempenhou cargo público de relevo (Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros) e foi, com frequência, comentador convidado, de assuntos internacionais, pela RTP. Ao nível profissional desempenhou os cargos e funções que, sucintamente se indicam: Administrador da SOPORCEL (uma sociedade de celulose e papel) representando a Arjo Wiggins Appleton p.l.c. do grupo da British American Tobacco); Director Jurídico Executivo no Departamento Internacional da Plessey Telecomunications Ltd. em Londres; Administrador da Plessey Automática Eléctrica, em Portugal; Secretário-geral da Cabinda Gulf Oil Company; Adjunto dos Serviços de Estrangeiros do Banco Pinto e Sotto Mayor; Conselheiro jurídico do Embaixador Britânico; Membro da Comissão de Fiscalização do Teatro de São Carlos e Presidente: da Assembleia-geral da Câmara de Comércio Luso-Britânica; da Bri- tish Historical Society of Portugal; da World Monuments Fund; da Assembleia-geral da Associação Amigos de Monserrate; da Assembleia-geral da Associação Colégio de S. Julião Carcavelos (Colégio inglês de St. Julians); da Comissão Fiscal dos Amigos do Museu de Arte Antiga; da Comissão Fiscal da Fundação Mater Timor (construção de maternidades para Timor); Além de muitos artigos e intervenções publicou o livro “O Marquês de Soveral – Seu Tempo e Seu Modo”, da Editorial Texto (Grupo Leya) em 2009, tendo recebido uma Menção Honrosa do Prémio Grémio Literário em 2010. Paulo Marques obteve as seguintes condecorações: Medalha das Campa- nhas do Norte de Angola; Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique; Order of the British Empire e Grã-Cruz Pró Mérito Militensis da Ordem Soberana de Malta. Homem bom e de uma simplicidade cativante, de grande cultura histórica e de particular estatura intelectual e moral, disciplinado e disciplinador, sempre granjeou entre os seus camaradas militares e colegas civis, a todos os níveis, grande amizade, simpatia e respeito. Para a Associação de Fuzileiros o seu falecimento constitui vazio insubstituível. A Família e os Amigos vivem uma enorme perda, a ausência da sua bondosa e reconfortante figura e uma dolorosa saudade. A Direcção Nacional – que se fez representar no respectivo funeral pelo seu Vice-Presidente e pelo vogal Mário Manso, camaradas que com ele cumpriram comissão de serviço, em Angola (1966/1968) – em reunião do passado dia 6 de Janeiro decidiu prestar-lhe púbica homenagem. Em boa hora e com total mereci mento. Sobre a tua memória inclino-me e apetece-me dizer: Até já, Paulo, Amigo de sempre. Associação de Fuzileiros | 2011 In Perpetuam Memoriam 34 Cada vez mais somos menos, porque mais oito camaradas fuzileiros nos deixaram. Cinco dos quais, eram sócios da Associação de Fuzileiros que aqui se rememora com as suas fotos. Também esta grande Família, fica mais pobre, mas a lei da vida não perdoa, e cedo de mais nos privou do seu convívio. Resta-nos honrar a sua memória, lembrando-os enquanto a vida nos der alento para os recordar com saudade. Que tenham por caridade, a paz que a vida lhes negou. Às suas famílias, esta outra, apresenta sentidas condolências. António Roque José da Conceição Filipe José Santos Heitor Francisco Amaro José M. Peixoto Vieira E ainda os Camaradas, Eduardo Azevedo Soares, João Custódio Anania, e António Magalhães de Oliveira oFERTAS & DONATIVOS É justo realçar aqui, porque o não foi feito no dia do jantar, que mais uma vez, e já vai na terceira, que o Camarada Óscar Barradas oferece um presente para ser sorteado. Quem esteve no último jantar de Natal da Associação, se lembrará da boina que foi sorteada, tendo rendido 436,00€. Ao Óscar o nosso muito obrigado, pelos contributos, com que vem prendando a sua Associação de Fuzileiros. A amiga Manuela Parreira esteve mais uma vez de serviço. Desta vez, toda a semana que antecedeu a Assembleia Geral para concluir a tempo, os trabalhos inerentes às doze cortinas para embelezar as janelas do nosso salão. Mais um trabalho de artista bem conseguido. Objectivo, que pretende representar o alcache da farda das praças da nossa Marinha, homenageando assim, a maioria dos sócios da Associação, que o envergaram. Com um simples obrigado, para quem tanto tem dado, algo ficará saldado! Para todos os camaradas e Amigos, que de novo fizeram donativos, o nosso bem haja, a cada um, a Associação de Fuzileiros reconhece um espírito solidário que é apanágio dos homens com direito à Boina Azul Ferrete, por isso, alguns dos que a não conquistaram, em espírito, também a merecem. M.M Associação de Fuzileiros | 2011 Nome do Sócio Nº Donativo Armando Silva Abílio Martins Adelino Manguinhas António Esperança António Lourenço Antonio Pacheco António Ramos Cmdt. Almeida Viegas Francisco Jordão João Marques da Luz João Martins Joaquim Martins José Guerreiro Luis Pires de Moura Manuel Correia Manuel Francisco Manuel Teixeira 920 216 1967 479 20,00 € Papel e Envelopes 5,00 € 20,00 € 100,00 £ 10,00 € 20,00 € Móveis e Livros 5,00 € 214,50 € 6,00 € 40,00 € 5,00 € 11 Livros 40,00 € Canoa em miniatura 60,00 € 816 1053 153 1634 1308 1673 421 547 1961 478 72 218 35 Fuzo-poesia HomEnagem à Banda da Armada Ao tocarem o nosso hino Com tão grande perfeição A rebate tocou o sino Com orgulho e gratidão Seja em terra ou no mar Quando não houver solução Pelos Fuzos podem chamar Para combater a ingratidão São uma elite sem favor Como os Fuzos são na guerra Ao enfrentarem sem pavor A letra que o hino encerra Fica a nossa homenagem A uma Banda de eleição Que ao tocarem a coragem Desembarcaram emoção Camaradas da Banda obrigado Por se tornarem pioneiros Orquestrando com primado O hino dos Fuzileiros É difícil haver igual É por todos prestigiada De norte a sul de Portugal Temos a Banda da Armada Ao homenagearem o passado Com tanto rigor e presto Deixaram o orgulho pasmado Pela batuta do Maestro O vosso grau de prontidão Foi apenas excelência Fica a nossa gratidão Fuzileiros em continência Novos sócios Mário Manso Associação de Fuzileiros | 2011 36 Associação de Fuzileiros | 2011