revista - Associação de Fuzileiros

Transcrição

revista - Associação de Fuzileiros
R E V I S TA
SEPARATA
•eSTATUTO
•REGULAMENTO GERAL
DAS ESTRUTURAS
E SERVIÇOS CENTRAIS
nº 11
Abril 2011
2 Boinas
REcriAÇÃO
DOS FUZILEIROS
PÁG. 6
Sumário
2
Índice
Editorial
Título.........................................................................................3
Cartas ao Director. ................................................................4
Comunicados
Assembleia-Geral de 26 de Maio..............................................5
50 Anos
Recriação dos Fuzileiros............................................................6
Serafim Lobato
Associados
Camarada nosso bate recorde do mundo.................................8
MP
Regresso à Casa-Mãe................................................................9
Jorge M. Moreira Silva
Fuzileiros a Bordo....................................................................10
António Ribeiro Ramos
O Direito de Dizer....................................................................11
Carla Marques Pinto
Tudo por causa de uma boa causa..........................................13
Mário Manso e Pedro Marques da Luz
CCF
Treino avançado de Operações Especiais................................14
A História dos Homens............................................................14
SAJ. FZ Silva
Homenagem ao Cmte. Neto Simões.......................................15
Atribuição do Distintivo alusivo ao Curso de Fuzileiro............16
Qualificados novos Patrões de LARC.......................................17
Orientação Desportiva............................................................18
Fuzileiro Português vence a Marcha Dinamarquesa...............19
Delegações
Reunião com as Delegações....................................................19
Delegação de Vila Nova de Gaia.............................................20
Fuzileiros de Setúbal...............................................................20
Convívios
20º aniversário do 2º CFORN FZ 1990/1991...........................21
DFE 5 – 1963-65 (Angola)........................................................21
Almoço de Escolas no Litoral Alentejano................................22
Neves de Carvalho
Escola de Fevereiro de 1991...................................................22
Luis Arada
Informação (DFE 10 – Guiné 1967-69)....................................22
Convívio de Marinheiros e Ex-Marinheiros.............................23
José de Oliveira Pinto
Associação de Fuzileiros | 2011
Encontro Escola de 88 – Algarve 2011....................................23
João Serafim
Destacamento nº 6 e Companhia nº 10..................................24
Mário Manso
O reencontro dos Putos da Fragata.........................................24
Carlos Verdasca
Eventos
O Jantar dce Natal de 2010.....................................................25
MP
Batalha 10/04/2010 também Dia do Combatente..................26
Mário Manso
APVG Braga.............................................................................27
Mário Manso
Salpicos de Vida
SPM 0468 Nº 5........................................................................28
Francisco Rosado
Guiné, 1969 – Emboscada a um comboio naval – Parte I.......29
Lema Santos
In Perpetuam Memoriam
Homenagem da Direcção Nacional ao Dr. Paulo Marques
Sócio nº 566 da Associação de Fuzileiros............................33
Carlos Marques Pinto
Camaradas falecidos...............................................................34
Fuzo-poesia
Homenagem à Banda da Armada...........................................35
Mário Manso
___________
Ofertas & Donativos................................................................34
Novos Sócios...........................................................................35
Ficha Técnica
Director e Responsável Editorial: Cmte. Lhano Preto.
Director-Adjunto: Marques Pinto. Redacção: Editor, Serafim
Lobato.
Colaboradores: Mário Manso; Comte Ribeiro Ramos;
Sargento Miranda Neto. Fotografia: Ribeiro.
Impressão: Tipografia Lobão, R. Qta. Gato Bravo, 5, Feijó;
Telf. 21 255 98 90; E-mail: [email protected]
www.tipografialobao.pt
Propriedade e Edição: Associação de Fuzileiros,
Rua Miguel Pais, 25 - 1º Esq.; 2830-356 Barreiro;
Tel: 212 060 079; Fax: 210 884 156;
E-mail: [email protected];
Site: www.associacaofuzileiros.pt
Editorial
3
TRÊS ASSUNTOS
Lhano Preto
Presidente da Associação de Fuzileiros
Muito havia para falar neste editorial, mas vou apenas, de forma lhana,
abordar três assuntos.
Em primeiro lugar quero agradecer
o empenho de muitos sócios, já que
nos têm enviado algumas cartas, tendo assim respondido ao meu apelo na
revista anterior, notando-se ainda um
aumento de artigos para a nossa revista. A todos o meu obrigado.
A seguir, não podia deixar de lembrar
que no dia 3 de Junho, com chegada à
“Casa Mãe”, pelas 09.30 horas, festejamos o “Dia da Escola de Fuzileiros”;
Como é sabido decorrem em 2011, as
comemorações dos 50 anos da recriação dos Fuzileiros.
“Meio século de existência crescentemente prestigiada – na nossa Marinha, nas Forças Armadas, em Portugal
e mesmo no estrangeiro – durante
o qual, muitas gerações cumpriram
exemplarmente os seus deveres mi-
litares defendendo o País, na guerra
e na paz, e desenvolvendo uma mística e um espírito de solidariedade
e de aprumo patriótico, ímpares – É
OBRA!”
Por último não podia deixar de falar
do “Dia do Fuzileiro” dia 9 de Julho.
“Como é óbvio, a Associação de Fuzileiros sente-se, por direito próprio,
parte integrante e activa destas comemorações, exortando todos os nossos
camaradas, e todos os sócios e seus
familiares a comparecerem.
Os pormenores dos eventos – nomeadamente a possibilidade e a data
da inauguração do Monumento ao
Fuzileiro, a implantar na rotunda de
entrada da cidade do Barreiro, município que foi berço dos fuzileiros e
da sua Escola, em Vale do Zebro – os
programas, os horários e as prováveis
fitas de tempo serão oportunamente
divulgadas, em comunicado/convite a
publicar no nosso site, na internet, e/
ou pelos meios que estejam ao nosso
alcance.
Pretendemos que este ano, particularmente significativo para os fuzileiros em geral e, especialmente, para a
grande “Família” associativa dos fuzileiros, todos estejamos ainda mais
presentes do que é costume”.
É esta uma das formas e também uma
oportunidade relevante de afirmarmos a nossa qualidade e a excelência
da nossa missão, perante a Sociedade
Civil e as Forças Armadas e de elevarmos mais alto o prestígio da nossa
Marinha e de Portugal.
Agradecemos que faça a sua inscrição
atempadamente, através da Associação de Fuzileiros.
Fuzileiro uma vez
Fuzileiro para sempre!
Associação de Fuzileiros | 2011
Cartas ao Director
4
Em honra do Fuzileiro
da Guerra Colonial
Senhor Director, gostaria que as
minhas primeiras palavras nesta
secção da nossa Revista fossem um
cântico em honra do Bravo Fuzileiro da Guerra Colonial. Um hino de
louvor sobretudo à arraia-miúda:
militar desempenado, alegre e medalhado. Herói ingénuo que nunca
percebeu o porquê da guerra. Um
hino de glória ao Alentejano, ao
Braga, ao Açoriano, ao Viseu, ao
45, ao António… de quem não se
fala, herói humilde e sacrificado,
nome ignorado, Fuzileiro sem história, Fuzileiro esquecido. Fuzileiro
filho da Pátria que me germinou.
Guilhermino Augusto Ângelo
(Sócio nº 1527)
Assunto: Conselho
de Veteranos
Recebi a sua carta em que em dá
conhecimento do aditamento do
novo estatuto da nossa associação,
aprovado em A.G. por unanimidade e aclamação.
E nesse estatuto é-me atribuído a
distinção de membro permanente
do conselho de Veteranos, derivado da qualidade antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral
da Associação de Fuzileiros, que
agradeço.
Trata-se de uma inerência, mas
que me apraz registar a honraria
atribuída.
Vejo com muito agrado que o meu
amigo está dinâmico, como era de
esperar.
O novo artº. 14º vem dignificar um
núcleo de pessoas, que serviram
ou servem a Associação, o que é
mais uma prova de que os Fuzileiros lembram sempre outros Fuzileiros, o que nem sempre acontece
no resto da Marinha.
Os meus parabéns, com votos de
continuação de bom trabalho.
Associação de Fuzileiros | 2011
E no dia 12 de Maio espero estar
presente no convívio do conselho
de Veteranos.
Agradeço que nos envie um exemplar do novo regulamento, dado
que o anterior foi coordenado por
mim, pelo que tenho curiosidade
em conhecer o novo.
Com um cordial abraço
Cmdt. Metelo de Nápoles
Os traumas
de uma comisssão
A 6 DE Junho de 1966 o velhinho
Contratorpedeiro Vouga deixa a
Base Naval de Lisboa rumo a Bissau, levando a bordo um Destacamento de Fuzileiros Especiais.
Julgo ter sido a sua última viagem,
não por maldição, mas pela força
dos anos.
Cumpri nesse Destacamento uma
comissão de serviço na Guiné e,
mais de quatro décadas passadas,
ainda tenho bem presente passagens ali vividas. Ainda hoje oiço o
barulho dos motores da LDM que
nos levava para a operação. Sinto
no corpo a água morna daqueles
rios e as penosas travessias do tarrafe, o chapinhar nas águas, e o
lodo no camuflado. Sinto as terríveis formigas agarradas às minhas
pernas, a travessia da bolanha
em progressão lenta e a entrada
na mata onde a progressão era
ainda mais lenta devido à densa
vegetação, mas sempre mais seguro que seguir pelos caminhos/
picadas. Oiço o ruído do macaréu
no Rio Corubal, aquela vaga enorme a avançar em sentido contrário
à sua corrente. Ainda vejo o clarão
do Sol nascente entre a bela e misteriosa floresta tropical, tantas vezes aproveitada pelo inimigo. Oiço
o chilrear das aves e o cantar dos
galos. Sinto o cheiro característico
da tabanca. Oiço as rajadas da G3
em resposta às da Kalashnikov e
vejo a chegada dos sempre esfomeados abutres. Vejo no rosto de
cada elemento um sorriso no final
da operação. Vejo em ti Amadeu, a
felicidade por na última operação
– a nossa “Chave d’Ouro” – algures
no Rio Armada, teres conseguido a
“desforra” dos dois tiros.
Vinte e dois meses e treze dias depois, esse Destacamento, desembarca na mesma Base Naval, com
seis dias de navegação noutro velhinho navio da nossa Armada – a
Fragata Diogo Gomes.
P.S: Mas hoje também sinto uma
extraordinária amizade entre todos aqueles que comigo serviram
a Marinha naquele Destacamento.
Uma amizade que teve a sua origem na Escola de Fuzileiros aquando da formação da unidade, que
se fortaleceu durante a comissão –
onde a vida de um dependia muitas
vezes do camarada que estava ao
seu lado – e consolidada ao longo
destes anos. Uma amizade sempre
bem patente, tanto nos encontros
fortuitos como nas planeadas reuniões ( almoços) anuais.
Guilhermino Augusto Ângelo
Abraço
Camaradas e Amigos.
Com um abraço muito grande para
todos.
Quanto à Revista o Desembarque,
estou muito contente, pois vejo
toda a nossa boa informação, e
destaque dos sempre Fuzos.
Do Lagarto 518/64 - Sócio nº538
Comunicados
A Assembleia-Geral de 26 de MarÇo
5
Conselho
de Veteranos
Para conhecimento de todos os
Sócios comunicamos que o Conselho de Veteranos reuniu em primeira sessão plenária, tendo elegido para Presidente e Vice-Presidentes os seguintes Conselheiros:
Presidente – Sócio n.º 70, Capitão
de Mar-e‑Guerra Guilherme Valmor Alpoim Calvão;
1.º Vice-Presidente – Sócio n.º
578, Vice-Almirante Alexandre
Reis Rodrigues;
Teve lugar no passado de 26 de Março a Assembleia-Geral, previamente
convocada, que deliberou sobre os
seguintes assuntos, conforme a respectiva ordem de trabalhos:
• Apresentação e eventual aprovação
do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2010 e do Orçamento para 2011;
• Eleição dos titulares dos Órgãos Sociais – Assembleia-Geral, Direcção
Nacional, Conselho Fiscal e Conselho de Veteranos – para cumprimento do Estatuto, nomeadamente
de um Vice-Presidente e dois Secretários para a mesa da AssembleiaGeral (Art.° 11.0, n.°2) um Vice-Presidente e um vogal para a Direcção
Nacional (Art.° 12.°, nos 1, 2 e 3) um
Vice Presidente e dois vogais para
o Conselho Fiscal (Art.° 13.°) e oito
Conselheiros para o Conselho de
Veteranos (Art.° 14.°, nos 3 e 4);
• Apresentação e eventual aprovação,
ao abrigo do Estatuto (Art.° 5.°) de
propostas para Sócios Honorários,
dos seguintes sócios Originários:
Comt. Guilherme Valmor Alpoim
Calvão (n.° 70); Comt. Heitor dos
Santos Patrício (n.° 2); Comt. José
Luís de Almeida Viegas (n.° 153);
Comt. António Fernando Salgado
Soares (n.° 62); Comt. José Cardoso
Moniz (n.° 36); Sargento Emídio Alves Ribeiro (n.° 60).
• Apresentação para eventual ratificação, nos termos do ponto 1.4. do
Estatuto, dos designados Sócios de
Mérito, seguintes sócios originário
e aderentes, respectivamente: Dr.
José dos Santos Sequeira (n.° 158);
Sr. Diogo Velez Pacheco de Amorim
(n.° 1543); Sr. José Augusto Campos
e Sousa (n.° 1421).
Na Assembleia estiveram presentes,
105 sócios.
Os sócios com direito a voto aprovaram o Relatório e Contas/2010 e o
Orçamento para 2011, por unanimidade, após o Presidente do Conselho
Fiscal ter lido o respectivo parecer e
ter proposto um voto de louvor à Direcção pelo seu desempenho ao longo do ano de 2010, tendo sido este,
também, aprovado por unanimidade.
De seguida foram eleitos os novos
titulares dos órgãos sociais previstos
no actual Estatuto e, oportunamente propostos em lista única, tendo a
Mesa da Assembleia apurado os seguintes resultados:
Total de votos presenciais, 70; Válidos, 65; Brancos, 5; Total de votos por
correspondência, 177; Válidos, 170;
Brancos, 1; Nulos, 6.
Os candidatos aos cargos dos órgãos
sociais foram eleitos por 235 votos
válidos expressos, isto é, por uma percentagem de 95,2%).
Num país como Portugal, em que, no
panorama associativo, a média de
participação em assembleias-gerais
ronda a percentagem dos 4,5% é notável que a nossa Associação registe
urna participação (incluindo os presentes e os que participaram através
do voto por correspondência) de cerca de 18,7%, uma taxa de votação dos
sócios nos plenos poderes dos seus
direitos sociais de, mais ou menos,
24,7% e uma presença na respectiva
sessão de cerca de 18,1%.
2.º Vice-Presidente – Sócio n.º 36,
Capitão de Mar-e-Guerra José
Cardoso Moniz.
De notar é que, o mecanismo do mandato (representação), já previsto no
Art.° 2.° do novo Regulamento Geral
Interno, não foi utilizado, porventura
por não ter sido ventilado na respectiva Convocatória, sendo bom que
fique de experiência para a próxima
Assembleia Geral ordinária (que terá
também a natureza de assembleia
eleitoral) já que o voto por mandato
veio alargar e conferir qualidade ao
clima verdadeiramente democrático
da Associação de Fuzileiros que se caracteriza por grande rigor, disciplina e
liberdade.
Entretanto, o Presidente da Mesa da
Assembleia Geral colocou à votação
as propostas da Direcção que foram,
previamente, lidas em voz alta para
os Sócios Honorários, e de ratificação
dos Sócios de Mérito acima referenciados, sendo todas elas aprovadas
por unanimidade.
Encerrada a sessão pelo Presidente
da Mesa foi ainda tempo para o Sr. Tenente-Coronel, Piloto Aviador, Brando
Ferreira, proferir urna conferência e
de relançar o seu livro, “Em nome da
Pátria”, autografando alguns deles,
conferência que foi muito participada
no período de perguntas e respostas.
A Assembleia Geral que se caracterizou, também, por um saudável convívio, decorreu com grande urbanidade,
como aliás era totalmente expectável,
nesta plêiade de sócios que bem representam a solidariedade, a disciplina e o elevado espírito cívico, característico apanágio dos fuzileiros.
Associação de Fuzileiros | 2011
6
50 Anos
Recriação dos Fuzileiros
A actual estrutura organizativa dos
fuzileiros navais portugueses foi criada, oficialmente, por lei, a 24 de Fevereiro de 1961, sendo estabelecido,
então, que haveria duas especializações: a de monitor (IM) e a de fuzileiro especial (IEP).
Os fuzileiros comemoram, portanto,
este ano o seu 50º aniversário.
O primeiro curso de fuzileiros teve lugar
no Verão de 1961, tendo decorrido no então Corpo de Marinheiros, em Vila Franca
de Xira, (que foi depois o Grupo 2 de Escolas da Armada e, posteriormente, a Escola
de Tecnologias Navais).
O curso foi dividido em duas fases – a primeira com início a 5 de Junho de 1961, e
a segunda a 14 de Agosto. Teve a frequência de 36 praças na primeira fase e 42 na
segunda (que vieram a fazer parte do primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais) e ainda pelos 1ºs tenentes (Coelho
Metzener, Maxfredo da Costa Campos e
Santos Patricio), pelos 2ºs tenentes (Mendes Barata, Vasconcelos Caeiro e Oliveira
Rego).
Foram seus primeiros instrutores os quatro membros da Marinha que, em Agosto
e Setembro de 1960, frequentaram, em
Inglaterra, um curso dos Royal Marines
ingleses; respectivamente, o 2º tenente
Pascoal Rodrigues e os marinheiros MAN
Ludgero dos Santos Silva (Piçarra), Mário
José Batista Claudino e João Cândido dos
Santos Santinhos.
(Estes quatro primeiros fuzileiros receberam a boina verde dos Marines ingleses,
que depois foi adaptada para o primeiro
modelo que usamos e que vigorou durante todo o período de guerra no Ultramar:
a boina azul ferrete com a âncora da Marinha, que ficou a ser o símbolo dos fuzileiros especiais).
O curso decorreu, com alguma improvisação, tendo sido estabelecida uma pista
de combate num local chamado “Quinta
do Antelmo” (junto às ruínas da Casa do
Infante), enquanto a mata do Alfeite era
utilizada para exercícios tácticos e a pista
de lodo a zona pantanosa nas imediações
da designada piscina de pedra do rei D.
Carlos. A serra da Arrábida foi utilizada
para os exercícios de campo. Ali teve lugar, a primeira imposição de boinas (com
carácter não oficial), com a presença do
contra-almirante Armando de Reboredo
e do capitão-tenente Melo Cristino, director de Instrução da Escola de Fuzileiros.
A cerimónia oficial de imposição realizouse, todavia, mais tarde na parada do Corpos de Marinheiros.
Entretanto, enquanto decorria este primeiro curso eram efectuadas obras para
adaptação das instalações navais do Vale
do Zebro (Barreiro) para fixação da Escola
Associação de Fuzileiros | 2011
de Fuzileiros, que é, desde então, a Escola-Mãe dos Fuzos até aos dias de hoje.
Esta foi formalmente criada a 3 de Junho
de 1961, destinada à formação de fuzileiros, com sede em Vale de Zebro, com
subordinação ao Grupo 2 de Escolas da
Armada, tendo como director de Instrução, o já referido capitão-tenente Melo
Cristino (que ascendeu, depois, na sua
carreira ao almirantado), com competência disciplinar.
O recrutamento, a instrução e a evolução
organizativa dos fuzileiros, com a designação de especiais e navais, foi modificando,
com a experiência adquirida e a sua descrição pode ser acompanhado em pormenor no trabalho, lançado em livro pela
Comissão Cultural da Marinha, em 2006,
da autoria do comandante Sanches de
Baêna, que temos vindo a acompanhar,
cujo título é “FUZILEIROS – Factos e feitos
na guerra de África 1961/1974”.
Somente em 3 de Fevereiro de 1969, a
Escola de Fuzileiros adquiriu um estatuto
de independência, vindo a ser comandada por um capitão-de-fragata, no caso, o
primeiro foi o comandante Bustorff Guerra (mais tarde vice-almirante), ficando
subordinada directamente ao vice-almirante Chefe do Estado-Maior da Armada
para fins de disciplina, segurança e defesa, sendo que para efeitos de instrução se
subordinou na altura ao superintendente
dos Serviços de Pessoal.
Em 1969, foi criada a Força de Fuzileiros
do Continente, para agrupar numa força
da Armada as Unidades de Fuzileiros e as
lanchas de Desembarque estacionadas no
território continental europeu. Esta organização levou a que fossem capitães-demar-e-guerra seus comandantes. O primeiro foi o comandante Lopes Marques.
Situação que se estendeu, com idêntico
posto, em 1971, à Escola de Fuzileiros.
Em 1974, forma-se – 24 de Julho – o Corpo
de Fuzileiros do Continente. Inicialmente,
e durante anos sob o comando de um
oficial de Marinha, mais tarde Fuzileiro
tendo sido o seu primeiro comandante o
capitão de mar e guerra Bustorff Guerra.
E, há cerca de meia dúzia de anos sob o
comando de um contra-almirante proveniente da classe de Marinha. O primeiro
foi o então contra-almirante Vargas de
Matos, o último oficial-general do cargo
que fizera um curso de FZE e comandara
um Destacamento em Moçambique.
No período da guerra em África, a unidade de elite operacional da Marinha foi o
Destacamento de Fuzileiros Especiais.
Foram, aliás, FZE´s, os únicos membros
da Armada a receberem a mais alta condecoração político-militar portuguesa, a
Torre Espada de Valor, Lealdade e Mérito
pelas acções em combate. Foram quatro
e os seus nomes devem ser relevados:
comandante Alpoim Calvão, Comandante Rebordão de Brito (já falecido),2º sargento FZE Ribeiro Pais (já falecido) e 2º
sargento FZE Martins Teixeira.
Apesar de serem criados em pleno ano do
início de guerra em África, os fuzileiros já
estavam em Angola com um destacamento em Novembro de 1961, sob o comando
do 1º tenente Metzener. Ou seja pouco
meses depois.
Pelos três Teatros Operacionais activos
(Angola, Guiné e Moçambique), bem
como por Cabo Verde com um pelotão
independente desde 1968, passaram pelos antigos territórios ultramarinos portugueses cerca de 12.500 homens, integrados, principalmente, em Destacamentos
de Fuzileiros Especiais e Companhias de
Fuzileiros. Não significa isto que o número corresponda a uma estatística real, já
que uma parte significativa do pessoal fez
várias comissões.
7
Serafim Lobato
Entre 1962 e 1974,a Escola de Fuzileiros
formou cerca de 4.200 fuzileiros especiais
(oficias, sargentos e praças).
De certo modo e em certo sentido, os fuzileiros portugueses actuaram, em praticamente, todo o território dessas principais possessões ultramarinas.
Conforme referimos acima, a primeira
unidade de Fuzileiros formada, logo no
início da guerra, seguiu para Angola, em
Novembro desse ano.
Nesta antiga colónia, estiveram destacados 18 DFEs e 22 Companhias, além de
vários pelotões de reforço. Estiveram sediados e em acção desde Luanda, ao Norte (rio Zaire), interior (Dembos), sul (rio
Cubango) e leste (rios Zambeze e LunguéBungo)
A Guiné foi a antiga província, onde se
registou uma acção, mais marcadamente
operacional dos fuzileiros.
Além de ali estarem presentes, no total,
27 Destacamentos, foi nesta província que
o esforço de operacionalidade naval nas
zonas ribeirinhas onde mais se fez sentir,
desde a regular presença de segurança
aos comboios de abastecimento, a patrulhas de rios pelas lanchas de fiscalização
(LFG, e LFP) e botes, e mesmo missões
em LDM e LDP, passando inclusive pela
presença irregular de navios de maiores
portes. Tudo isto somado ao apoio naval
às operações dos DFZE`s.
Na realidade, a Guiné teve duas grandes
bases navais: uma de comando, logística
e de manutenção em Bissau e outras operacionais em Ganturé, Cacheu, Chugué,
Antiga Teixeira Pinto, Escola de Fuzileiros
Bolama (DFE21, DFE22, DFE23) onde, regularmente, se constituíam em agrupamentos de navios e forças em terra.
Na prática, todos os rios da Guiné, navegáveis ou não, tiveram a presença de
Forças da Marinha (navios ou fuzileiros),
desde o Cacheu (e afluentes, maiores ou
menores) até ao Cumbijá, passando pelo
Mansoa, Geba, Buba, Corubal e Cacine.
Doze foi o número de Companhias que
passaram por aquela antiga província, assim como vários pelotões de reforço.
Convém referir que apenas a Guiné, teve
unidade de fuzileiros de recrutamento local, comandados por oficiais metropolitanos. Foram três DFZEs (21, 22 e 23), sendo
que um deles não entrou em actividade
operacional, pois a sua constituição formal coincidiu com o fim da guerra.
Moçambique teve um conjunto de 19
DFZE´S e 12 Companhias, além de vários
pelotões de reforço, sendo que a actividade operacional dos fuzos se centrou no
Norte (Cabo Delgado, Niassa) e na zona
de Tete. Com presença em Lourenço Marques, hoje Maputo.
Finalmente, a partir de 1968 foi sediado
em Cabo Verde um pelotão permanente de 40 homens sob o comando de um
oficial oriundo da Reserva e isto porque,
a partir desse ano, começaram a surgir
informações confirmadas que o PAIGC
tencionava lançar forças de guerrilha no
arquipélago, que chegou a treinar, mas
cuja pretensão abandonou por ter poucas
hipóteses de vingar na situação geográfica do arquipélago.
Entre 1962 e 1975, morrem em campanha nas antigas colónias ultramarinas
154 fuzileiros (um oficial e os restantes
sargentos e praças). Destes mais de metade (86) ocorreram na Guiné. Seguiu-se
Angola com, 43 e Moçambique 23. Existe
o registo de duas mortes em Cabo Verde,
por acidentes.
Inicialmente, o recrutamento de praças
foi voluntário entre as diversas classes
(manobras, artilheiros, radiotelegrafistas
e condutores). Da classe de monitores,
foram recrutados os primeiros sargentos.
Exceptuando alguns voluntários, os oficiais das primeiras unidades foram escolhidos pelo Estado-Maior entre oficiais de
carreira da classe de Marinha.
O incremento operacional da guerra levou a que uma parte, sempre crescente,
do pessoal fosse incorporada por recrutamento. Para os lugares de comandante
e imediato, provinham da classe de Marinha, para os restantes oficiais, a partir
de Novembro de 1961, com a formação
do 4º CEORN (Curso Especial de Oficiais
da Reserva Naval), aqueles postos começaram a ser ocupados por jovens oficiais
provenientes de cadetes da RN.
Num conjunto de 1712 cadetes que constituíram as diversas classes – Marinha,
Médicos Navais, Engenheiros Maquinistas, Administração Naval, Fuzileiros, Engenheiros Construtores Navais, Técnicos
Especialistas e Farmacêuticos Navais –,
desde o 1º CEORN de 1958 até ao 25º
CFORN (Curso de Formação de Oficiais
da Reserva Naval), de Agosto de 1974
(os CEORN, a partir de 1966 passaram a
chamar-se CFORN), o quantitativo de fuzileiro atingiu o número de 465, sendo
que este valor foi em crescendo, vindo a
ultrapassar, nos últimos anos, da guerra, a
classe de Marinha (a mais numerosa, 612
cadetes no total).
Muitos desses oficiais FZ RN, vieram a
ocupar cargos de imediato e alguns daqueles que seguiram a carreira de fuzileiro instituída mais tarde ocuparam cargos
de comandantes de Unidades (FZE e FN).
Com o fim da guerra, foi efectuada uma
reestruturação profunda organizativa no
Corpo de Fuzileiros, tendo sido extinto a
classe de FZE, entre outras modificações,
com missões internas e externas orientadas para as diferentes situações que surgiram ao longo desses anos.
De 1974 a 2011, foram formados 13.407
fuzileiros.
O quadro actual, na estrutura do Corpo
de Fuzileiros, é de 1998, conforme informações provenientes do Comando daquele, que utilizo neste artigo, embora
me fossem prestadas no âmbito de um
outro trabalho:
Oficiais – 102 FZ + 20 (outras classes)
Sargentos – 266 + 81
Praças – 1.322 + 159
Civis – 48
Associação de Fuzileiros | 2011
8
Associados
CAMARADA NOSSO BATE RECORDE DO MUNDO
No passado dia 15 de Janeiro, pelas
12.00 horas, o nosso sócio e camarada de armas, João Dias (da “Escola de
1992”) conseguiu bater o recorde do
Mundo, em slide show descendo os
1.538 metros (maior cabo suspenso
do Mundo) apenas com a força das
mãos e dos braços, a 150 metros de
altura, no “Parque da Pena Aventura”,
em Ribeira da Pena (Vila Real).
O notável acontecimento - fruto da
grande força de vontade, do espírito
de sacrifício, da coragem e da fé, do
João Dias, qualidades bem ao jeito
dos fuzileiros - foi precedido de dois
saltos experimentais e teve o apoio
do Corpo e da Escola de Fuzileiros,
da Associação de Fuzileiros (AFZ) e da
TVI que deu a respectiva cobertura
televisiva.
Em representação da Escola de Fuzileiros e prestando o necessário apoio
técnico e logístico esteve presente o
1.ºTenente, Dias, responsável pelo
Sector de Educação Física e representando a AFZ marcou ponto alto,
o Vogal da Direcção Nacional, Mário
Manso que prestou comovidas declarações à Televisão.
Para conseguir esta proeza, até agora,
única no Universo do Planeta Terra, o
João Dias teve de trabalhar com afinco para se preparar física e psicologicamente tendo necessidade de perder 12 quilos.
Testemunharam o feito, acompanhando o autor a partir de Lisboa, um grupo de 20 pessoas (que se deslocou em
Associação de Fuzileiros | 2011
transporte disponibilizado pela Marinha) e muitas outras anónimas.
A Representante do Governador Civil
de Vila Real e o Presidente da respectiva Câmara Municipal – para além de
terem honrado o autor e todos os fuzileiros com a sua presença – deram,
também, lustro ao acontecimento e
foram indispensáveis para credenciar
a homologação pela organização do
Guiness Book.
Os fuzileiros presentes deram por
três vezes o Grito do Fuzileiro que
ecoou pelo vale paradisíaco de Ribeira da Pena, emprestando ânimo ao
seu camarada João Dias que a todos
orgulha.
A Associação de Fuzileiros que, obviamente, se sente orgulhosa do seu
sócio originário e do recorde por ele
atingido obsequiou-o e às Entidades
presentes com pequenas mas significativas lembranças.
MP
Associados
9
REGRESSO À
CASA-MÃE
Jorge M. Moreira Silva
CFR M (sócio 1741)
O autor (o mais à direita, em pé) com a sua turma de IMB na pista de lodo da EFZ – Setembro de 1988
Há cerca de dois anos
fui nomeado para prestar serviço em Itália, no
Joint Force Command
(JFC) Nápoles. Como
nestas comissões em
comandos operacionais da NATO estamos
sempre sujeitos a “dar com os costados” no Iraque ou no Afeganistão, tive
de fazer um pequeno curso de preparação que incluía um módulo NBQ no
Departamento de Limitação de Avarias da Escola de Tecnologias Navais
(ex-Grupo nº 2 de Escolas da Armada)
e um “refrescamento” em Orientação, Sobrevivência e Tiro de Combate
na nossa velha Escola de Fuzileiros,
cujo 50º aniversário celebramos no
corrente ano.
No dia em que me apresentei naquele cinquentenário estabelecimento,
aproveitei os cerca de 45 minutos de
adiantamento em relação à hora de
início do curso para fazer um rápido
giro, relembrando velhos tempos.
Para além de um par de novas infraestruturas que ainda não conhecia,
pude apreciar a vitalidade trazida
pela presença dos novos recrutas marinheiros, cuja passagem pela Escola,
agora extensível a todas as classes
– depois do encerramento da antiga
Escola de Alunos Marinheiros em Vila
Franca de Xira -, é a melhor garantia
de que a Marinha, pelo menos no aspecto da formação militar, continuará
a ser bem servida.
Mas o que me chamou mais a atenção
foi a passagem de um grupo de três
garotos em alegre correria, que me
transportou de volta à Infância e aos
dias passados naquela unidade quando o meu pai fazia serviços durante o
fim-de-semana. Belos tempos esses,
em que fiz os meus primeiros “crosses” e tive o primeiro contacto com os
obstáculos da pista de combate, em
renhidas competições com o meu irmão e mais um ou dois pequenos “fuzodescendentes”! E o melhor vinha
sempre ao fim da tarde, com o apetecido banho na piscina de água aquecida, onde aprendi a dar as minhas
primeiras braçadas. Naturalmente,
não posso deixar de mencionar a arrepiada comoção que os Juramentos
de Bandeira me proporcionavam, os
quais me deixaram uma impressão
suficientemente profunda para me
aliciar a optar pela carreira naval.
Ali voltaria, uns anos depois, para um
estágio de duas semanas durante o
concurso de admissão à Escola Naval, embora neste regresso, um pouco mais duro, o “divertimento” tenha
sido outro!
E eis que, passados mais alguns anos
– intercalados com algumas visitas
pontuais, das quais evoco com especial carinho o momento da minha
primeira condecoração -, ali estava
novamente, demonstrando o velho
adágio segundo o qual “o bom filho à
casa torna”.
Sim, creio que posso considerar-me,
com toda a legitimidade, um filho da
vetusta Casa-Mãe. Embora não tenha
a honra de ser Fuzileiro e as minhas
profundas convicções republicanas,
totalmente avessas a nobrezas de
sangue, me impeçam de reclamar
eventuais direitos de descendência,
recebi dos Fuzileiros aquela que considero ser a minha formação militarnaval de base. E com eles tive, por
diversas vezes, o privilégio de servir,
desde a aventurosa missão de resgate
de cidadãos nacionais durante a guerra civil na Guiné-Bissau (onde nasci,
durante uma das quatro comissões
que o meu pai cumpriu no Ultramar)
até ao processo de estabilização de
Timor-Leste. Pelo meio ficaram alguns
embarques em que os meus camaradas “fuzos”, atormentados pelo enjoo,
puderam comprovar, enquanto iam à
borda “chamar pelo Gregório”, que a
dureza da vida de Marinha não está
só nas longas marchas e nas provas
de sobrevivência.
Apresentada esta breve justificação,
espero que os prezados consócios não
dêem totalmente por mal empregue
o tempo perdido a ler as divagações
deste camarada da “Marinha de Pau”,
que muito se orgulha de ter a companhia dos Fuzileiros na briosa instituição que serve. Se duvidam, façam o
favor de ler duas pequenas crónicas
da sua autoria publicadas há uns anos
na Revista da Armada sob o título genérico “Divagações de um Marujo”,
respectivamente intituladas “A Porta”
(no número de Agosto de 2005) e “Fuzos!... Prontos!” (Fevereiro de 2007).
Estou certo de que nelas apenas encontrarão palavras de apreço para
com os nossos infantes de marinha.
Se, depois disto tudo, ainda lhes ficou
alguma paciência, talvez o autor destas linhas volte aqui para abusar dela
mais uma ou duas vezes.
Bem hajam.
Associação de Fuzileiros | 2011
10
Associados
António Ribeiro Ramos
Fuzileiros a bordo!
No mar, a pirataria
esteve sempre muito
longe de ter sido um
fenómeno confinado
no tempo. Só no Mediterrâneo terão
ocorrido ataques conhecidos, que remontam ao início do Séc. IX, desencadeados por piratas originários do Norte de África contra navios e regiões
costeiras do sul da Europa. Em 1249,
D. Afonso III torna-se Rei de Portugal e
dos Algarves, tendo o País atingido as
suas fronteiras actuais, e o AlmiranteMor da Armada Portuguesa, o genovês ao serviço da Coroa Portuguesa
Manuel Pezagno (Pessanha, como os
portugueses lhe chamavam) nomeado em 1317 por D. Dinis que foi o
grande impulsionador da constituição
da Armada, esmera-se com exemplar
lealdade no adestramento das nossas
forças navais e inicia com êxito uma
luta sem tréguas contra a pirataria
oriunda de Marrocos, o que lhe valeu
o apreço e a confiança do Rei. Para
Portugal, a pirataria no mar remonta
pois à sua ancestralidade histórica.
Fenómeno afinal de todos os tempos,
a pirataria nos mares foi não obstante considerada “eliminada” internacionalmente nos finais do Séc. XIX,
desaparecendo inclusivamente aos
poucos do espaço jurídico. Para isso,
é possível que muito tivesse contribuído a confiança nas expectativas livrecambistas emergentes do liberalismo
clássico, que tendo dominado grande
parte do pensamento económico do
Séc. XIX tanto britânico como americano, suportava a convicção de que a
agilização do comércio criaria por si
mesma a prosperidade necessária entre os povos para prevenir a apetência
para a guerra, uma vez que esta era
obviamente má para o negócio.
Também a separação definitiva entre a Marinha de Guerra e a Marinha
Mercante, ocorreu ainda nos finais do
Séc. XIX.
Todavia, a pirataria nunca foi de facto eliminada na prática. E jamais foi
possível combatê-la com sucesso,
Associação de Fuzileiros | 2011
Sócio aderente 1053
pontualmente, onde se não pudesse
contar com a presença imediata dos
meios e/ou da força adequada para a
conter. É evidente que o tratamento
do assunto é bem mais vasto, e envolve uma outra perspectiva, fora do
âmbito do presente tema, que obriga
ao conhecimento profundo dos países
onde o fenómeno se dissemina, e que
pode até apontar para a reconstrução
do próprio Estado (State building), da
economia, da legalidade e dos meios
disponíveis a todos os níveis. Em qualquer caso, trata-se de um processo
moroso, extremamente complexo,
que não se compadece com a casuística do entretanto. Entre os principais argumentos que
desaconselham o recurso a armas de
fogo a bordo dos navios mercantes actuais, não obstante o facto de não se
tratar de uma situação inédita, está a
presunção de que seriam mal utilizadas, e que a parte contrária nesse caso
usaria à partida de muito mais força,
o que aumentaria provavelmente a
quantidade de avarias sofridas, causadoras de imobilizações comerciais
mais ou menos prolongadas para reparações, e o número de vítimas. No
entanto, é sobretudo a vulnerabilidade que encoraja o potencial atacante,
que é sempre persistente e extremamente atrevido, e enriquece-o com
os “êxitos” conseguidos, tornando-o
cada vez mais poderoso e “eficiente”,
e transformando-o progressivamente
num factor consideravelmente limitativo quanto ao uso livre do mar, como
aconteceu no Golfo de Adem, tendo
obrigado ao esforço internacional que
é hoje bem conhecido. Mas repare-se
ainda que a pirataria actual dispõe de
capacidade oceânica, ocorrendo grande parte dos ataques em águas internacionais, e em demasiadas regiões
do mundo.
Todavia, para aumentar ainda a complexidade jurídica das eventuais soluções, a maioria dos navios mercantes actuais navegam com tripulações
multinacionais e com pavilhão de con-
veniência. Além disso, são muitos os
países, e normalmente aqueles onde
a pirataria se desenvolve, que consideram “ofensiva” a entrada de navios
mercantes armados nas suas águas
territoriais. O que quer dizer que, se
o destino final do navio fosse um dos
seus portos, as autoridades desse país
não autorizariam a entrada do navio
nas suas águas territoriais sequer, e
talvez até na sua Zona Económica Exclusiva, inviabilizando assim qualquer
operação comercial.
Entretanto a casuística em zonas de pirataria não pára, e deixa mortos. Serve como exemplo o marinheiro Ucraniano do MV “Marathon” que faleceu
a 07 de Maio de 2009 na sequência do
assalto ao seu navio por piratas somalis. O marinheiro Filipino Jayson Dumagat, do MT “Bunga Melati 2” que
faleceu em Fevereiro de 2008 atingido pelos tiros dos piratas somalis.
Ou os dois marinheiros Filipinos que
morreram abatidos no delta do Níger,
na Nigéria em Maio de 2009. Também em Maio de 2009, na sequência
dos incidentes ocorridos no Golfo de
Adem com os navios de nacionalidade Norte Americana “Maersk Alabama” e “Lyberty Sun”, a Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG) emitiu
uma directiva de segurança (maritime
security directive) segundo a qual os
navios com pavilhão Norte Americano
deveriam de futuro efectuar o trânsito
no Golfo de Adem com pessoal de segurança a bordo, dispondo de armas
não letais ou letais, de acordo com a
opção do armador. No dia 19 de Novembro de 2008, a fragata indiana INS
“Tabar” afundou, em legítima defesa,
um navio-mãe de piratas somalis, que
se preparavam para disparar armas
automáticas e RPGs à aproximação
aquela unidade da marinha Indiana.
Os casos citados, entre outros, apontam quanto mais não seja para o direito à legítima defesa por parte das tripulações dos navios mercantes. Mas
Continua na pág. 12>
Associados
11
O direito de dizer
Deontologia, origem etimológica, definição
As primeiras palavras
Como prometemos aos Fuzileiros de
Portugal e do Mundo, na nossa primeira crónica ou artigo de opinião, como
lhe queiram chamar, publicada(o) no
N.º 10 da nossa Revista “O Desembarque” aqui estamos a dar continuidade à temática que nos propusemos,
permitindo-nos aconselhar os ilustres
leitores que lhe dêem, novamente,
uma vista de olhos para Vos facilitar o
enquadramento lógico dos temas.
Respeitando a metodologia que
anunciámos nas nossas “primeiras
palavras” e “em jeito de umas notas
soltas de deontologia” aqui estamos
na fase, porventura, menos interessante do «Direito de Dizer», a tentar
não incomodar demasiadamente os
Deontologia poderá, pois,
definir-se, de forma lata,
como o conhecimento dos
deveres tendo por base
os juízos de aprovação ou
desaprovação, do correcto ou
do incorrecto ou condenável,
do bem ou do mal tendo
em conta o ajuizamento
real por parte da Sociedade,
isto é, a ética vigente.
leitores com origens etimológicas e
definições.
De facto, se para alguns dos que se
interessam por esta rubrica de o «O
Desembarque» o que adiante se regista não será grande novidade temos
como certo que para outros tantos,
sobretudo para os mais jovens, não
será despiciendo passar por aqui os
olhos, mesmo que a correr.
Deontologia poderá, pois, definir-se,
de forma lata, como o conhecimento
dos deveres tendo por base os juízos
de aprovação ou desaprovação, do
correcto ou do incorrecto ou condenável, do bem ou do mal tendo em
Carla Marques Pinto
(Advogada)
E-mail:
[email protected]
Sócia Descendente n.º 1870
conta o ajuizamento real por parte da
Sociedade, isto é, a ética vigente.
Deontologia é uma palavra de raiz
grega composta de dois vocábulos:
“Deon” ou “Deontos” que significa “o
que fazer” e “Logos” que significa “tratado” traduzindo-se, assim, como “ a
Ciência dos Tratados”.
Deontologia poderá, pois, definir-se,
de forma lata, como o conhecimento
dos deveres tendo por base os juízos
de aprovação ou desaprovação, do
correcto ou do incorrecto ou condenável, do bem ou do mal tendo em
conta o ajuizamento real por parte da
Sociedade, isto é, a ética vigente.
Importará, desde logo, distinguir, embora de forma muito ligeira, ética e
deontologia, conceitos tantas vezes
confundidos.
Tratando a ética da investigação filosófica do comportamento adequado,
numa determinada época e na presença de uma sociedade concreta,
não pode confundir-se com a deontologia já que esta tem por base os
Cremos que é tempo da
Justiça sair da omnisciência
dos nossos Ilustres Juízes e
da quase ubiquidade dos não
menos ilustres Magistrados
do Ministério Público, quiçá,
do esboço corporativista
de Nós próprios
comportamentos éticos definidos por
aquela investigação.
Ao tentarmos precisar estes conceitos
tivemos obviamente como objectivo
transportar esta temática para a Deontologia Profissional, isto é, para os
códigos de conduta dos advogados.
E por aqui tentar questionar se existem várias deontologias profissionais
ou, ao contrário, apenas uma sendo
que as ditas deontologias específicas, não são mais do que o conjunto
de normas, reunidas em “Códigos”, a
aplicar aos casos concretos.
Segundo o Dr. Orlando Guedes da
Costa – Deontologia Profissional «é
o conjunto de normas jurídicas, cuja
maioria tem conteúdo ético e que regulam o exercício de uma profissão».
( in. Direito Profissional do Advogado – Almedina
– Out./2003).
Temos, contudo, para nós que, este
conjunto geral de normas de con­
teúdo
ético
poderá
regular, como base
Vista
geral
da Assembleia
deontológica, todas as profissões e
que, ao nível de todos os profissionais
da Justiça e dos técnicos e dos peritos
que nas mais diversas especialidades
com Ela, cada vez mais têm de colaborar, se poderiam equacionar Códigos
Deontológicos Multidisciplinares com
Um interminável mundo
novo na Justiça do Século XXI
que só se poderá alcançar,
no âmbito pragmático das
coisas, que por dentro delas
mesmas é que as coisas são
– com a multidisciplinaridade
de códigos éticos e
deontológicos e com aquilo
a que já ouvimos chamar “a
humildade dos sábios”!...
linguagens comuns que aproximassem
todos os especialistas que pudessem
envolver-se em processos judiciais:
desde os seus directos operadores,
Magistrados, Advogados e Funcionários de Justiça, até aos Economistas,
Fiscalistas, Psicólogos, Biólogos, Engenheiros, nas várias áreas, Médicos,
nas suas múltiplas especialidades e,
sobretudo, na Área da Psiquiatria Forense, da Psicanálise da Grupanálise e
da Pedopsiquiatria e, porque não, as
Ciências Militares.
Cremos que é tempo da Justiça sair
da omnisciência dos nossos Ilustres
Juízes e da quase ubiquidade dos não
Associação de Fuzileiros | 2011
12
menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá, do esboço corporativista de Nós próprios
Cremos que é tempo da Justiça sair
da omnisciência dos nossos Ilustres
Associados
Juízes e da quase ubiquidade dos não
menos ilustres Magistrados do Ministério Público, quiçá, do esboço corporativista de Nós próprios, os também
(e porque não?) Ilustres Advogados,
com os nossos conjuntos específicos
de normas deontológicas – que cada
um encara como exclusivo reduto dos
seus próprios valores, deveres e obrigações – e de nos abrirmos a todas as
áreas do conhecimento, as mais das
vezes indispensáveis, para se julgar
com justiça.
Um interminável mundo novo na Justiça do Século XXI que só se poderá
alcançar, no âmbito pragmático das
coisas, que por dentro delas mesmas
é que as coisas são – com a multidisciplinaridade de códigos éticos e
deontológicos e com aquilo a que já
ouvimos chamar “a humildade dos
sábios”!...
Exemplos recentes, em Portugal e
no Mundo, vieram pôr em questão,
“ciên­cias” investigatórias novas, falsas
memórias ou memórias induzidas,
audições de memórias passadas, para
memória futura, enfim, onde estará
a verdade e a fantasia, onde estará a
ética investigatória e a “filosofia” policial do troféu – tudo questões postas em questão, por especialistas que
questionam outros especialistas, tudo
dúvidas para quem julga, acusa e defende e para o cidadão comum – um
interminável mundo novo na Justiça
do Século XXI que só se poderá alcançar, no âmbito pragmático das coisas,
que por dentro delas mesmas é que as
coisas são – com a multidisciplinaridade de códigos éticos e deontológicos
e com aquilo a que já ouvimos chamar
“a humildade dos sábios”!...
específicas de risco, capaz de lhes assegurar uma velocidade minimamente eficaz e a capacidade de manobra
indispensável. Seria ainda necessário
reformular os critérios tanto do recrutamento como da preparação e da
fiabilidade exigidos para o pessoal da
Marinha Mercante.
aças se inserem, nem os vínculos inerentes à condição estritamente militar
dos Fuzileiros, nem a vastidão do espaço a cobrir mundialmente o permitiriam. Mas talvez pudéssemos tê-los
a bordo de outra maneira! Não como
Fuzileiros, mas como ex-Fuzileiros.
Sobretudo se o esforço de adequação
dos critérios de recrutamento para a
Marinha Mercante, das qualificações
e da fiabilidade das suas tripulações,
avançasse em matéria de segurança
dos conceitos dos finais do Séc. XIX
para as realidades de hoje, aí sim! Seriam ainda gratamente bem vindos. E
nunca seria tão verdadeiras as palavras que caracterizam a espiritualidade daqueles que têm a honra de usar
a boina azul ferrete. “Fuzileiro uma
vez, Fuzileiro para sempre”!
Esta poderia constituir a “definição”
da Nossa Deontologia.
E para quem quiser saber o que a seguir se dirá sobre “O Advogado” - espécime técnico de todos poderão vir
a necessitar (basta beber um copo a
mais num encontro de “filhos da escola”) - recomendamos, caro Leitor, que
abra a página de opinião “O Direito de
Dizer” do próximo “O Desembarque”.
Até lá e aqui fica o grito: “fuzileiro
uma vez fuzileiro para sempre”.
fUZILEIROS A BORDO!
> Continuação da pág. 9
actualmente, a situação afigura-se
invertida, remetendo-se internacionalmente, como é do conhecimento
público, desconcertantes benefícios
proteccionistas, e a vários níveis, para
a pirataria.
Neste quadro, seria da máxima importância reformular desde já alguns
conceitos da construção naval, para
que fosse possível o exercício uma defesa passiva eficaz, logo não letal por
si mesma, onde se não encontrassem
em contradição os conceitos de “security” e de “safety”, como acontece nos
navios mercantes actuais, adoptandose para isso compromissos equilibrados para as novas construções, e
dotando-se ainda os novos navios de
uma reserva de potência de máquina, como recurso em situações muito
Associação de Fuzileiros | 2011
Quanto aos nossos Fuzileiros, como
tem sido demonstrado, eles são da
máxima importância no combate a
este tipo de flagelos, que se encaixam
perfeitamente nas novas adversidades que podem ameaçar os interesses
de Portugal, ou de qualquer outro país
no mundo tanto actualmente, como
no futuro. Mas, por todas as razões já
enumeradas, não seria viável conservá-los a bordo de navios mercantes.
Nem a conjuntura em que estas ame-
Associados
13
Tudo por causa de uma boa causa
Depois de mais um email trocado com
um daqueles amigos, que vale a pena
ter, deparei na minha caixa do correio
electrónico com uma mensagem que
achei deveras interessante. Era a resposta ao meu email que se prestou informar o meu amigo Pedro Marques
da Luz, de que (já há casaco) estava
conseguido o objectivo que ambos
tínhamos proposto alcançar. Ao mesmo tempo que lhe perguntava, se a
dádiva feita para o Monumento ao
Fuzileiro, tinha a ver com a informação que tinha difundido pelos povoadores da minha lista de contactos.
Este meu amigo, (dos Fuzileiros) julgo
que terá sido o primeiro a responder
à chamada, (com xeque assinado) ao
dizer presente, com um significativo
contributo.
Este nosso sócio, não sendo Fuzileiro tem mostrado com a sua prática,
que se perdeu um oficial fuzileiro de
grandes atributos. Mas, nem tudo se
perdeu: felizmente que a Associação,
o soube conquistar para as sua fileiras onde se sente bem, (um sócio de
grande mérito) e é por isso notório,
que sente (recompensado) atenuado
o desejo não concretizado, da conquista da boina azul ferrete. Podia
levar ao vosso conhecimento várias
das suas atitudes, que demonstram
bem, porque merece a nossa (da Associação de Fuzileiros) gratidão. É um
sócio aderente, bem como sua Esposa
e Filho.
Quanto eu ficaria feliz, ver muitos dos
nossos Camaradas, viverem a vida da
nossa Associação, com metade que
fosse, do seu entusiasmo. Participa
no dia do Fuzileiro, e nas Assembleias,
(sem direito a participar nos trabalhos) com um entusiasmo de fazer
inveja a quantos continuam, de forma
esfarrapada desculpando a sua letargia quanto a fazerem-se sócios. Mas
como em tudo, existe sempre uma
compensação, e neste aparte positiva, que é o caso dos muitos sócios não
originários, que dão vida com brilho,
a esta Família que se reúne à volta da
Associação de Fuzileiros.
Quando outrora, as indecisões se pagaram muitas vezes com a vida, neste
caso, apenas se não fortalecem, os
elos desta corrente que a todos nos
liga, forjada no clamor: Fuzileiro uma
vez Fuzileiro para sempre.
De seguida, a razão desta minha prosa, quiçá, despropositada.
M. Manso
________________
Meu Querido Amigo.
Teve! Teve a ver com o mail que me
enviaste porque foi assim, que tive
conhecimento da iniciativa. Mas teve,
sobretudo, a ver com o reconhecimento e Amizade, com que a vossa Nobre
Família me recebe e trata.
Nasci em Junho de 57. Estava a efectuar em finais e 73 o então exame de
admissão à faculdade de economia,
não com o fito imediato de seguir o
curso, mas sim de tentar ingressar na
Marinha, de preferência nos Fuzileiros
(minha arma preferida) através da
Reserva Naval.
Porquê nos Fuzileiros? Porque tinha na
altura alguns amigos que tinham ingressado na R.N e, sobretudo, porque
o meu Cunhado, Alferes Miliciano de
Infantaria, estava nessa altura a comandar um Pelotão de Canhões sem
Recuo, na Guiné, mais exactamente
em Cadique e Jemberen. Aí, farto da
Quadrícula e de levar com “elas” em
cima, situação agravada pelo facto
de lhe terem desmembrado o Pelotão
por várias Unidades diferentes, acompanhava, sempre que possível e individualmente, os Fuzileiros. Tornou-se,
até, bastante Amigo de um Comandante vosso chamado Jesus; Creio!
Nas longas cartas que trocávamos,
dizia-me: quando terminares a admissão à faculdade, tenta ingressar nos
FUZOS! Estão integrados na Marinha,
(de que eu muito gostava) estão bem
preparados, sabem bater-se, e funcionam como verdadeiras Unidades de
Combate com um Espírito de Corpo
incrível, e muitas vezes, só de aparecerem nestes fins de Mundo, nos
transmitem segurança e a moral fica
Mário Manso
Pedro Marques
da Luz
alta, é um apoio incrível: a quem por
razoes óbvias está menos preparado,
”muitas vezes mal comandados, encerrados dentro do arame farpado, e
destinados a ser carne para canhão”
mas por quem mostram sempre, muita solidariedade e consideração.
O 25 de Abril de 74 chegou e bem, em
muitíssimos aspectos, impedindo-me
de tentar a minha grande aventura (não sabendo se teria capacidade
para vir a ser um dos Vossos). Apesar
de algumas tentativas em contrário, acabei integrado na então Reserva Territorial.
Da Carreira Militar frustrada, ficaramme muitos dias passados no antigo
RI 1 na Amadora, a Unidade em que
meu cunhado recebeu e formou o seu
Pelotão antes de seguir para a Guiné.
Tentava ficar sempre de serviço, normalmente como Oficial de Piquete,
aos fins de semana, por ser mais fácil
eu lá ficar também.
Ficaram, igualmente, muitas tardes
passadas no Corpo de Fuzileiros, na
Base Naval, onde ambos tínhamos
Amigos. Ficou-me, sobretudo, o Respeito pela Camaradagem, pelo Amor
pela Pátria e por aqueles que, de acordo ou não com a guerra não fugiram.
Assim sendo, os meus modestos contributos (vivo do meu salário e, como
todos nós, ao gastar numa coisa tenho
de poupar noutra) quer para a ASSOCIAÇÃO, quer para o MONUMENTO. É
a única forma que me resta, de Homenagear uma geração que deu a juventude, muitas vezes a saúde e tantas
a vida, em defesa da integridade do
que então (e apenas nessa perspectiva deve ser entendida) representava a
Pátria.
É a minha forma de contribuir já que
não pude estar junto de Vós.
No dia 26 lá estarei. (Assembleia)
Um Grande Abraço
Pedro Marques da Luz
Associação de Fuzileiros | 2011
CCF
14
Treino Avançado de Operações Especiais
Sob a coordenação do Comandante
do Corpo de Fuzileiros, constituído
como CTG 443.30, foi conduzido um
Joint Combined Exchange Training
(JCET), no período de 15 de Janeiro
a 06 de Fevereiro de 2011, nas áreas
de treino das Operações Especiais
a fim de promover a partilha de
técnicas, tácticas e procedimentos
(TTP’s) e aumentar a interoperabilidade entre forças ao nível táctico.
Este exercício contou com a participação das Operações Especiais da
Marinha Portuguesa e do Exército,
meios aéreos e de superfície da Marinha Portuguesa e da Força Aérea,
contando ainda com a participação
dos United States Navy Sea, Air and
Land (US Navy SEAL) e dos Special
Warfare Combat Crew (SWCC) dos
Estados Unidos da América.
A história dos homens
Quis Deus que a
Terra fosse toda
uma…
Este é um poema
nosso, cantado
pela Dulce Pontes. Nada poderia aproximar-se
SAJ. FZ Silva
mais do que é
comum aos portugueses. Na era dos
Descobrimentos começámos a traçar a nossa epopeia, levando novos
Mundos ao Mundo e deixando marcas indeléveis que são hoje marcos
centenários e atestam não só a nossa
passagem, mas a primazia na chegada aos lugares mais longínquos. Confirmando que as obras enaltecem os
homens em qualquer ponto da Terra,
estou confiante que aqui, neste teatro
tão cheio de complexidade, o Contingente Português no Afeganistão executa a tarefa que lhe foi incumbida, de
forma exemplar.
tanto, aquelas que merecem especial
destaque, são concerteza as alterações provocadas no refeitório e no
bar Português. São simultaneamente
marcas de bem-estar e cuidado, na
imagem que passamos diariamente a
quem visita este nosso espaço, onde
figura em primeiro plano a Bandeira Nacional, porta de entrada para a
amizade e confraternização entre todos os povos, sem distinção.
São tantas as obras que nos propusemos realizar, durante a missão que
está a decorrer, que teria dificuldade
em enumerá-las todas aqui. No en-
Não a procurando, porque a palavra
de ordem é, “cumprir a tarefa”, este
Contingente Português já fez história.
È a história da tarefa cumprida, da
Associação de Fuzileiros | 2011
simplicidade, da coesão, da camaradagem com os contingentes que nos
rodeiam e das marcas que aqui deixamos, sejam elas visíveis no solo, ou
nos Afegãos com quem partilhámos a
nossa vida ao longo dos mais de 200
dias aqui vividos, que ajudará a manter bem vivas as cores da Bandeira de
Portugal.
Este é sem dúvida o nosso destino,
o de marcar da forma mais positiva
aqueles que nos rodeiam. “Se eu tiver
feito aqui, um amigo que seja, então a
minha viagem não terá sido em vão”.
Até sempre Afeganistão!
CCF
15
Homenagem ao Cmte neto simões
militares disciplinados, como ele, sabem definir “o essencial” do acreditar e do agir”.
Dois aspectos da cerimónia de homenagem ao Cmte. Neto Simões
Em cerimónia que teve lugar na Base
de Fuzileiros, no Alfeite, foi prestada
homenagem ao comandante José Manuel Cardoso Neto Simões, que passou à reserva, a seu pedido, em Outubro de 2010. Contou com a presença,
de entre outros, do contra-almirante
comandante do Corpo de Fuzileiros.
Desempenhava, então, as funções
de Chefe de Departamento de Apoio
da Base de Fuzileiros desde Maio de
2009.
Serviu 30 anos na Marinha de Guerra
Portuguesa e no Corpo de Fuzileiros,
tendo estado colocado em unidades
de fuzileiros no Comando Naval, em
comissões de serviço no território
nacional e ainda em funções de destaque em missões internacionais, nomeadamente, na Bósnia-Herzegovina
em 1999, e em Timor Leste no ano de
2003, nas estruturas de informações
dos respectivos Estados-Maiores das
forças ali destacadas.
Foi um oficial multifacetado, que passou pela área de formação e instrução, da integração militar, do ensino
teórico, da segurança e informações
militares.
O comandante da Base de Fuzileiros,
capitão de mar-e-guerra Ova Correia
outorgou-lhe um louvor que foi avocado pelo comandante do Corpo de
Fuzileiros, contra-almirante Cortes
Picchioci.
No discurso do comandante Neto Simões na cerimónia de passagem à
reserva, este começou por agradecer
o facto de o comando da Base de Fuzi-
leiros ter feito um convite de presença
todos os seus antigos comandantes.
“Os motivos da minha decisão são
de ordem pessoal e profissional e o
olhar para trás, revisitando o passado, ajuda-me a enfrentar o presente
e a melhor perspectivar o futuro”,
justificou o comandante Neto Simões
sublinhando todavia que poderia ter
dado mais à instituição.
Frisou no entanto que existiram actos
“arbitrários” de gestão de pessoal,
que tiveram peso na sua decisão.
“As instituições valem aquilo que valerem os seus homens. Não podem
nem devem estigmatizar aqueles
que a servem com brio e orgulho.
Não será nunca a organização que todos queremos. Será, isso, sim aquela
que formos capazes de construir no
dia a dia, aquela pela qual todos somos responsáveis. Da minha parte
assumo as minhas responsabilidades
por todos os meus erros. Por todos
eles deverei ser julgado e não tenho
tempo agora, para fazer remendos”,
argumentou.
Referiu, no entanto que, na sua despedida, continuará a “ter um sentimento de profunda identificação com a
matriz da tradição e mística dos Fuzileiros, que sempre respeitei e continuarei a respeitar com enorme orgulho, porque o Corpo de Fuzileiros e os
seus servidores têm sabido ao longo
dos seus cerca de 400 anos de história honrar a Pátria”.
Apesar de considerar que a “conjuntura actual não é famosa”, o comandante Neto Simões sublinhou que os
Ressaltou a sua última “comissão de
serviço”, como Chefe do Departamento de Apoio, onde, – referiu – “mais
uma vez, foi possível sentir-me rea­
lizado, quer no que diz respeito à
dinâmica de funcionamento do Departamento quer nos contributos
no âmbito da reorganização interna
da Base de Fuzileiros no seguimento
ao desenvolvimento organizacional à
LOMAR em que foi necessário adequar a sua estrutura organizacional,
tendo em conta a especificidade do
Sistema de Apoio Logístico da Base
de Fuzileiros assente numa logística
operacional e integrada”.
Ao analisar a sua passagem pelas diferentes funções, o comandante Neto
Simões salientou:
“Nesta hora de despedida, não poderia deixar de me referir à missão na
EXPO 98 que trouxe enorme prestigio para a Marinha e Fuzileiros, pelo
desempenho dos nossos fuzileiros e
mergulhadores, que efectuaram salvamentos de vidas humanas, cujo reconhecimento se encontra plasmado
em documentos escritos pela Administração da EXPO 98 para o Almirante CEMA, mas que infelizmente não
teve acolhimento”.
Depois de destacar a sua presença na
última comissão de serviço pela CTM
em Timor-Leste, cuja passagem considera ter sido mal gerida, frisou que
“terá sido altamente rentável para a
Marinha”.
Finalizou agradecendo ao seus superiores e instrutores ao longo da sua
carreira, aos “filhos da escola” e aos
seus camaradas, bem como aos seus
subordinados, fazendo questão de
dar “uma mensagem de esperança,
determinação, confiança e serenidade no futuro dos Fuzileiros.
Que os “bons ventos e marés” acompanhem o destino do Corpo de Fuzileiros e que a sua guarnição ajude o
Sr. Almirante com o “espírito Fuzileiro” a contornar todas as “tormentas”
para poder desembarcar em “Porto
seguro” ou na “praia onde for preciso”, sempre que “estejam divididos
entre as dunas e o mar”...Poderá contar sempre com o meu apoio naquilo
que estiver ao meu alcance”.
Associação de Fuzileiros | 2011
16
CCF
ATRIBUIÇÃO DO DISTINTIVO ALUSIVO AO CURSO DE FUZILEIRO
O último dia do mês de Fevereiro de
2011 (dia 28) vai ficar marcado para
sempre na memória de todos aqueles que, de forma voluntária, ou chamados para cumprir o serviço militar
obrigatório, entraram na Escola de Fuzileiros, de lá saindo com uma boina
de cor azul ferrete nas suas cabeças.
Podendo não parecer, mas o que
ocorreu neste dia foi o desenrolar
de um cordão umbilical que uniu todos aqueles que, orgulhosos, clamam
bem alto e a uma só voz, “Fuzileiro
uma vez, Fuzileiro para sempre”.
Neste dia, todos os Fuzileiros que ganharam a boina após o ano de 1975
receberam o distintivo alusivo ao curso de Fuzileiro.
Para todos os que estão sedeados na
Base de Fuzileiros, este acto de grande simbolismo ocorreu na parada da
Unidade aquando da formatura da
Unidade às 0915, enquanto na Escola
de Fuzileiros a efeméride teve lugar
também na respectiva parada ao início da tarde. De destacar a presença de alguns Fuzileiros que, embora
exercendo funções noutros Departamentos e Serviços da Marinha, marcaram presença para, também eles,
partilharem ao vivo este momento.
É de realçar quem, percebendo a importância deste dia para Nós, fizesse
centenas de quilómetros para estar
presente! Bem-haja.
A ambos os actos presidiu o contraalmirante Picciochi, Comandante do
Corpo de Fuzileiros, que, no seu disAssociação de Fuzileiros | 2011
curso destacou a ideia de que é preciso “(…) ter consciência da dimensão
e significado deste simples acto. Por
três ordens de razão:
Em primeiro lugar, pela importância
do símbolo.
Os símbolos identificam os grupos,
suportam uma carga histórica que se
eterniza, são o elo de ligação daqueles que perfilham algo em comum. Expressam uma identidade, convicções e
valores, comportam algum misticismo
e, muitas vezes, a “alma” daquilo que
representam.
Este símbolo carrega com ele a bravura demonstrada por uma tropa tão
respeitada como temida, os actos heróicos de abnegação e entrega levados às últimas consequências, a honra
de um servir sem cuidar de recompensa daqueles que cultivam o amor à
Pátria.
Em segundo lugar, pela compreensão
da razão deste símbolo e não de outro
qualquer.
Porque este sempre foi aquele que, em
qualquer lugar, naturalmente a par da
boina, indica a presença de fuzileiros.
Usam-nos nos botes, nas viaturas, em
qualquer sítio onde os fuzileiros se
queiram ver reconhecidos como tal. O
mesmo símbolo que dantes distinguia
o que era diferente hoje iguala o que
é idêntico.
Mudar um símbolo é apagar o passado, é querer inventar, começar de
novo.
Os fuzileiros, com 400 anos de História, sofreram diversas adaptações ao
longo dos tempos, sempre no intuito
de saber responder a diferentes desa-
fios. Os de hoje pertencem à geração
da visão esclarecida do almirante Roboredo e Silva, e se continuam a manter-se na linha da frente, é porque não
houve conformismos, mas, outrossim,
capacidade de se continuar a antecipar cenários, a procurar garantir
a única resposta que sabem dar, em
tempo e a adequada. O fuzileiro de
hoje igual ao fuzileiro de sempre.
Em terceiro lugar, e porventura o mais
importante, pela importância que lhe
dão os actuais fuzileiros ao garantirem as memórias de quantos o usaram, e ainda usam. Lembro que na
efectividade de serviço permanecem
uma meia dúzia de oficiais com a especialização em FZE. (…)
Os que hoje aqui estão são os continuadores da áurea criada pelos mais
antigos e, tal como dantes, tal como
amanhã, responderão sempre de
igual forma: “Prontos”!
Dos mais velhos, contamos que vos
olhem com o mesmo orgulho que lhes
tributamos, que em vós se vejam reflectidos como seus naturais seguidores. Que continuem a sentir que a
mística perdura, que sintam que só há
uma forma de ser fuzileiro. (…)
E em boa verdade, a história começa e
termina aqui, porque o entendimento
que sempre presidiu e que deu corpo
ao documento final foi o de que mais
não se fazia do que ultrapassar um
impasse legislativo.
A partir de agora, mas mais do que
nunca, é-vos exigido a atitude que, em
cada momento, se espera de vós, que
sejam vistos como uma tropa de elite
ao serviço da Marinha e de Portugal.”
CCF
17
Qualificados novos patrões de LARC
Com início a 27 de Setembro de
2010, e durante 8 semanas, decorreu, na Unidade de Meios de Desembarque (UMD), a qualificação
de 5 novos patrões de Lancha Anfíbia de Reabastecimento e Carga
(LARC) destinados a prestar serviço no Grupo de LARC daquela
Unidade de Fuzileiros.
Esta qualificação foi dirigida a Fuzileiros especializados em condutores de viaturas (FZV), que para
tanto se manifestaram voluntários.
A condução em terra foi outro tema
de forte representação destacando-se o treino de todo-o-terreno na
Quinta do Conde. Paralelamente
foi assegurada a melhoria da condição física geral e específica, dos
futuros patrões, com realce para a
adaptação ao meio aquático.
As actividades de natureza prática realizadas em terra e nos rios
Coina, Sado e Tejo totalizaram 260
horas de treino, 560 milhas navegadas e 340 km percorridos.
A qualificação foi concluída com a
realização de uma avaliação geral
e de um exame de condução na
Escola de Fuzileiros, para averbamento da qualificação no respectivo certificado individual de condução aos cinco novos patrões.
Associação de Fuzileiros | 2011
18
CCF
Orientação desportiva
Passaram-se noventa e nove anos
desde que um punhado de militares
nórdicos (Suécia) pretenderam utilizar pela primeira vez a orientação
como prática de puro lazer. Pois bem,
na semana de 07 a 11 de Fevereiro de
2011, fez-se jus a esse espírito “nórdico” com a realização do Campeonato de Orientação da Marinha e do
Torneio de Orientação do Corpo de
Fuzileiros, organizados pela Base de
Fuzileiros. Foi uma verdadeira semana de orientação.
Se é verdade que, para alguns, este é
o momento para mostrar o resultado
de muitas semanas ou mesmo meses
de trabalho intenso, ganhando, obviamente, também é verdade que, para
todos, esta não é mais do que uma
maneira de conviver fora das nossas
Unidades, de rever camaradas e, acima de tudo, de manter activos os conhecimentos técnicos sobre a orientação desportiva, fundamentais para
a actividade operacional do Fuzileiro.
No total, participaram 128 militares,
sendo que 54 disputaram o Campeonato de Marinha e os outros 74 participantes disputaram o Torneio de
Orientação do Corpo de Fuzileiros.
Todas as Unidades do Corpo de Fuzileiros, bem como, diversas Unidades
de Marinha, fizeram-se representar.
A organização escolheu a zona da
Azóia (Fornos) no Cabo Espichel, Sesimbra, para a realização das provas
individuais, um terreno de muito tojo,
Associação de Fuzileiros | 2011
silvado e um “sobe e desce” constante. Enquanto os participantes do
I escalão foram presenteados com
percursos entre os 5,9 km e os 7,6 km
no 1º e 2º dias, respectivamente, aos
participantes do II escalão, “mais velhinhos”, foi-lhes dado percursos mais
“suaves”, entre 5,3 km e os 6,7 km.
Quanto à prova de estafetas, o local
escolhido foi a carta que compreende
o Vale de Gatos, localizado na Amora,
Seixal, local onde se encontra situada
a pista de atletismo baptizada com o
nome da grande campeã portuguesa
de atletismo, Carla Sacramento. As
distâncias dos percursos situaram-se
entre os 3,1 km e os 3,4 km.
Quanto aos vencedores, o primeirosargento Fuzileiro Cruz do BF2 foi o
vencedor individual do primeiro escalão, já o sargento-ajudante Luís, da
Escola de Fuzileiros, venceu o segundo escalão. Se a Escola de Fuzileiros
foi a unidade vencedora do troféu do
Campeonato de Marinha, já o Destacamento de Acções Especiais venceu
o troféu do Torneio de Orientação do
CCF.
Salienta-se que, nestes dias de enorme competição entre todos aqueles
que participaram, não faltaram grandes momentos de camaradagem,
união e ajuda mútua. Foi interessante
ver que, sempre que um participante sofria uma queda, havia ali perto
quem depressa lhe dava a mão. Pergunta-se: será por isso que alguns an-
dam sempre em grupo, desejosos de
ajudar alguém? Vamos acreditar que
sim, até porque nada acontece por
acaso!
O Corpo de Fuzileiros em particular e
a Marinha no geral, certamente fazem
votos que, uma vez mais, esta seja
apenas mais uma etapa de um percurso que, para alguns Fuzileiros, apenas termina no próximo mês de Julho,
no Rio de Janeiro, Brasil, aquando da
realização dos 5º Jogos Mundiais Militares. Ao longo dos anos, Homens
Bravos desta Força Militar que usa a
boina azul ferrete e cujas origens se
encontram nos anos de 1621, então
designados “Terço da Armada da Coroa de Portugal”, têm mostrado de
que fibras são feitos os elementos
deste Corpo Especial, fazendo jus ao
lema “Homens de ferro em botes de
borracha”.
Na era dos “TomTom”, dos GPS e dos
PDA’s, um Fuzileiro sente-se confortável a navegar em terra e no mar
apenas dispondo de uma carta e uma
bússola, seja de dia, seja de noite. Vamos acreditar que a tradição se mantém e que naquele país irmão, Brasil,
os Fuzileiros e a Marinha de Portugal
se farão representar por um dos seus,
envergando as cores Nacionais, até
porque, a confirmar-se esta realidade,
mais não é do que repetir realidades
já vividas um pouco por esse mundo
fora por militares que gritam bem
alto: Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para
sempre.
CCF
19
Fuzileiro Português vence a Marcha DinarmaRquesa
Decorreu a 07 de Janeiro de 2011
na área militar de KAIA (Kabul International Airport), a DANCON
March (Marcha Dinamarquesa).
Esta marcha é um evento organizado
pelo contingente Dinamarquês, que
consiste na realização de uma marcha de 22Kms. A DANCON March é
uma prova desportiva de cariz militar
realizada em ambiente multinacional, onde participaram militares de
vários países que prestam serviço na
ISAF, nomeadamente no RCC (Regional Command Capital) em Kabul, num
total de 200 participantes.
a arma de recurso e a respectiva dotação individual de munições.
O Contingente Português também
participou neste acontecimento, com
um efectivo de 14 militares (5 oficiais,
2 sargentos e 7 praças), sendo de destacar os excelentes resultados, já que
nos dez primeiros classificados, cinco
foram portugueses. O 1º classificado foi o 1Mar FZ Mauro Damião do
ElSeg/6º ModAp/CN, com um tempo
de 1 hora e 51 minutos, o 2º Classificado um militar do contingente Húngaro, com um tempo de 1 hora e 54
minutos e na 3ª posição o Sold “CMD”
Nelson Graça do ElSeg/6ºModAp/
Mauro da Conceição Damião ingressou na Marinha em Março de 2005 e
foi o segundo classificado do seu Curso de Formação de Praças da classe
de Fuzileiros.
Esta foi a segunda vez que o Marinheiro Mauro da Conceição Damião dignificou o nome dos Fuzileiros, da Marinha e de Portugal em competições
internacionais realizadas na capital
do Afeganistão, tendo no primeiro dia
do corrente ano obtido, de entre 141
atletas de 4 nacionalidades, um honroso segundo lugar na corrida de São
Silvestre, levada a cabo em Camp Warehouse, sob organização portuguesa,
refere o mesmo comunicado.
CN, com um tempo de 1 hora e 55
minutos.
Esta prova realizada no passado dia
7 e organizada pelo contingente dinamarquês da International Security
Assistance Force (ISAF), consistiu na
execução de uma marcha com o equipamento de combate envergado, incluindo o colete balístico, o capacete,
De resto, a Dancon March é, desde
1972, realizada nos teatros de operações onde o contingente dinamarquês cumpre missões e é extensível a
todas as demais forças aliadas presentes, contando a edição de 7 de Janeiro
com a presença de 200 militares de 14
nacionalidades.
Delegações
rEUNIÃO COM
AS DELEGAÇÕES
A Direcção Nacional, coadjuvada pelos membros da Assembleia Geral e
Conselho Fiscal, reuniu com as Delegações na sede Nacional, para em
conjunto analisar e discutir os vários
artigos inseridos no REGULAMENTO
GERAL INTERNO que a partir do seu
ARTIGO DÉCIMO trata da ORGANIZAÇÃO DESCENTRALIZADA.
Depois de frutuosa troca de opiniões,
que resultaram das intervenções das
Delegações, o regulamento foi votado e aceite por todas os responsáveis
presentes. Porto, Vila nova de Gaia,
Tomar, Juromenha/Elvas e Algarve.
Foi mais um dia de trabalho que teve
o mérito, de contribuir definitivamente para um derradeiro conhecimento das responsabilidades e regras de
funcionamento a que todos ficamos
obrigados.
A direcção
Associação de Fuzileiros | 2011
Delegações
20
DELEGAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA
Caros Camaradas: para além do nosso envolvimento em vários eventos
e outros convívios já noticiados pelo
Desembarque, alguns dos quais mandatados pela estrutura central, esperamos ainda este ano, inaugurar oficialmente as instalações da Delegação
de Gaia. Pretende-mos fazê-lo oportunamente, data ainda a combinar com
a nossa Direcção Nacional.
Foi com orgulho e sentido de responsabilidade que marcámos presença
nos eventos que nos foram determinados a estar, em representação da
nossa Associação Nacional. Envolvemo-nos ainda em alguns convívios regionais como seja: um jogo de futebol
em Rio de Moinhos, e outros, de tipo
mais gastronómico, onde se fortaleceram também, os laços que nos ligam
como Fuzileiros, aglutinando ao mesmo tempo a população local.
Vamos estar no dia do Fuzileiro a
exemplo dos últimos dois anos, com
um autocarro, que de novo se pretende cheio. Este ano, que a nossa Escola
faz o seu cinquentenário, espera-se
uma maior afluência.
Projectamos ainda, um jogo de
­paintball, de que daremos conta a to-
FUZILEIROS DE SETÚBAL
Em meados do ano de 2008, através dos “filhos da escola” Miguel
Silvino e David Branco, surgiu a
ideia de reunir os actuais e antigos
fuzileiros que nascerem ou que
fazem vida nas terras do Sado, englobando o Concelho de Setúbal e
arredores.
Esta iniciativa contou desde logo
com uma forte adesão dos sadinos e com o apoio da Associação
de Fuzileiros, tendo sido ao longo
destes anos determinante para
o crescimento do grupo que aspira
implementar-se como Delegação da
AFZ.
Nesse mesmo ano de 2008, os fuzileiros de Setúbal, organizaram uma exposição fotográfica sobre os Fuzileiros
e a Marinha num stand cedido pela
Câmara Municipal de Setúbal na Feira Setfesta, que se realiza na avenida
principal da cidade, com o objectivo
de divulgar, dar a conhecer e de reunir
a família FZ.
Este evento foi um sucesso, pois foi
dos stands com mais visitas e afluência, tendo merecido elogios das várias
entidades locais, pois a conduta, a
bravura e os valores do Homem Fuzileiro ficam para o resto da vida.
Associação de Fuzileiros | 2011
Após este primeiro grande evento,
o grupo de fuzileiros de Setúbal tem
sido convidado todos os anos pelo
Poder Local (Autarquia e Juntas de
Freguesia) para repetir o êxito das
suas exposições anteriores, que mais
dos os que estão ligados à nossa Delegação, ou mesmo, a outros camaradas
que queiram também participar.
Continuamos a estar abertos aos sábados de tarde, ou sempre que se
justifique.
A Direcção
Lázaro Montezo
se assemelham a um “static display”. Até à data foram realizadas
três exposições, em 2008, 2009
e 2010, tendo já sido contactados para a realização da Setfesta
2011.
Esta família FZ reúne-se em média de dois em dois meses, realizando convívios e até mesmo
actividades físicas, assim como,
corrida, desportos de combate e
escalada na Serra da Arrábida. O
último encontro foi no passado
sábado dia 19 de Março, realizando-se
um almoço convívio, onde foi confeccionado pelo nosso camarada FZE Luís
Tristão, mais conhecido por “Setúbal”,
uma caldeirada típica setubalense.
No presente, e graças ao apoio e política de intervenção da actual Direcção
da AFZ, vai ser criada a Delegação de
Setúbal muito em breve.
“…o Homem Fuzileiro é o produto da
combinação feliz entre o espírito do
infante e o humanismo do marinheiro,
porque se por um lado passa por toda
a espécie de privações, por outro lado,
sabe relacionar-se de forma humanizada como só o homem do mar o consegue fazer.” (Cmdt. Loureiro Nunes in
Revista Homem Magazine)
Convívios
20º aniversário do 2º CFORN FZ 1990/1991
21
António Castro
Ex-2TEN FZ/RC
Escola que também se juntaram na
mesma sala - o 2º Curso de Formação
de Grumetes (CFG) FZ 1990/1991 que
também comemoraram o 20º aniversário da sua incorporação. Foi assim
muito salutar reencontrar os grumetes e marinheiros que fizeram o curso
em conjunto e integraram os pelotões que alguns dos elementos deste
CFORN comandaram.
Incorporado em 14 de Fevereiro de
1991, o 2º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval (CFORN) – ramo
FZ 1990/1991, comemorou este ano
o vigésimo aniversário. Para celebrar
este facto, os elementos deste curso
organizaram um encontro/almoço comemorativo, no dia 19 de Fevereiro
de 2011.
Compareceram ao evento, 11 elementos do curso, 9 dos quais acompanhados pelas suas famílias, e 2 instrutores, perfazendo um total de 30 pessoas. O espírito de corpo esteve patente
no responder à chamada, visto terem
vindo para o evento, camaradas de
todos os cantos do país, incluindo da
Madeira, e até houve um camarada
que veio de Angola e trouxe a família.
O grupo concentrou-se as 10:30 na
Messe de Oficiais da Escola de Fuzileiros, e após uns momentos de salutar
convívio e o cafezinho da manhã, iniciaram uma visita à Escola de Fuzileiros, nomeadamente à Sala-Museu do
Fuzileiro, cais da UMD e pista de lodo.
Infelizmente, devido ao mau tempo,
parte do programa de visita teve de
ser cancelado, entre os quais a tão esperada visita ao Canil e demonstração
cinotécnica.
Mais êxito teve o excelente almoço
servido na sala do Bar/Restaurante
da Associação de Fuzileiros, finalizado
com o partir do bolo comemorativo.
Por coincidência, tiveram a companhia de um outro grupo de Filhos da
O evento foi um sucesso, e todos puderam reviver momentos hilariantes e
saudosos dos tempos que serviram a
Armada, especialmente no Corpo de
Fuzileiros, e claro, pôr a conversa em
dia.
A organização do evento agradece
profundamente ao Comando da Escola de Fuzileiros que autorizou e preparou as Instruções Administrativas
para a visita às suas instalações, à Associação de Fuzileiros que permitiu a
realização do almoço nas suas instalações, e aos instrutores do 2º CFORN
1990/1991, Cte. Santos Teixeira e
João Pimenta, pela amabilidade que
tiveram em aceitar o convite para participar no evento.
Pela organização do evento,
Associação de Fuzileiros | 2011
22
Convívios
ALMOÇO DE “ESCOLAS” NO LITORAL ALENTEJANO
Após um longo periodo com chuva e frio,
o sábado 12FEV11 apresentou-se esplendoroso! E o cozido de carne com couve,
executado pelas mãos sábias da D. Joana
Silva, esposa do camarada Firmino, donos do “Restaurante Silva”, na Sonega –
Sines, ficou uma iguaria de se lhe tirar o
chapéu!
Estando assim criadas as condições propícias a uma confraternização amigável,
motivadora de brilhantes idéias condutoras de ousados empreendimentos, foi em
ambiente prazenteiro que se reuniram à
volta do tacho (a vasilha, entenda-se) os
cinco camaradas de armas ALM Sabino
Guerreiro, CFR Amado de Matos, CFR Lopes Henriques, CTN Neves de Carvalho,
MAR FOG/CM Antonio Janeiro e MAR FZ
Firmino Silva.
Saciados os corpos, animados os espíritos,
o Comte. Lopes Henriques – promotor da
reunião – pôs em debate a causa que ali
os trouxe : na sequência do êxito obtido
com o “1º Encontro das Escolas da Marinha dos Concelhos de Santiago de Cacém
e Sines”, realizado em 12JUN10 ( vide a
revista “Desembarque” nº 10 – NOV10 )
, impõe-se lançar as bases para estender
ao Concelho de Odemira o cadastro ( no
bom sentido ) dos “Escolas”, ficando assim abrangido todo o Litoral Alentejano
; e, se alcançado um número justificativo
de aderentes, formalizar o conjunto com
vista a um melhor conhecimento, ajuda e
recreio entre si e famílias.
Unanimemente aceite o repto, consideradas as várias idéias surgidas, ficou decidido :
Escola de Fevereiro de 1991
Realizou-se no passado dia 19 de Fevereiro, o almoço comemorativo dos 20 anos
de incorporação da Escola de Fevereiro de
1991.
Os “Filhos da Escola” marcaram encontro
para as 10 horas na Escola de Fuzileiros, a
essa mesma hora já era evidente o frenesi
emocional de reencontrar algumas caras
que escapavam à duas décadas, entre as
perguntas de “o que fazes agora?” e do
“estás a viver onde?” recordavam-se os
momentos ali passados, desde a largada
no primeiro fim de semana à marcha final
e claro o lodo e o Sado.
O dia foi programado à Fuzileiro, iniciouse com visita ao Museu, local mítico onde
se pode assimilar das origens à actualida-
INFORMAÇÃO
O Destacamento nº 10 de Fuzileiros Especiais – Guiné 1967/1969 –
vai rea­lizar o seu convívio anual no
dia 7 de Maio de 2011.
O almoço terá lugar no restaurante
da Sede da Associação de Fuzileiros no Barreiro, onde estará patente uma exposição de algumas fotografias do Destacamento.
Para mais informações, contactar: Cte. Conceição 210813046
- 966105399 ou Henrique Serrão
-265187930 - 936654878
Associação de Fuzileiros | 2011
de, os equipamentos militares, a guerra
colonial e a bravura de quem por lá passou e claro as mais recentes missões que
tão dignificam esta Força de Elite e a nossa Pátria.
De seguida a homenagem ao Fuzileiro e
em especial ao homem que em 1991 nos
comandava o comandante Francisco Isidoro Montes de Oliveira Monteiro falecido em Janeiro de 2010, foi colocada uma
coroa de flores junto ao monumento e
sob o comando do ilustre camarada Mário Manso foi dado o grito do Fuzileiro, a
resposta foi audível em toda a Escola facto que prova o orgulho que ainda reina no
coração destes homens.
Finalmente iniciou-se o “assalto”, armados de uma vontade ímpar para conviver
“remaram” na direcção do Restaurante
Neves de Carvalho
CTEN EMQ REF
- Primeiro – Desenvolver uma campanha de localização dos “Escolas” ligados por motivos físicos ou afectivos ao
Litoral Alentejano e sua captação para a
iniciativa.
- Segundo – Voltar a reunir dia 09ABR11
no mesmo local para apreciar os resultados obtidos e deliberar sobre acções
futuras.
E pois que “aos costumes nada mais disseram”, terminado o concílio, feitas as
despedidas, seguiu cada um ao seu destino por meios próprios.
Luís Arada
da Associação de Fuzileiros e lá a “batalha” do repasto durou a tarde inteira, as
histórias cruzavam-se nos tempos, do colonial aos estratagemas do instrutor Costa
e seus pares, temidos pela dureza da instrução imposta, mas com resultados que
ainda hoje todos os presentes não hesitariam em repetir.
Terminou com o partir do bolo comemorativo e com a decisão unânime de todos
os anos voltar-se a repetir esta mesma
missão, cirurgicamente apontada para o
3.º sábado do mês de Fevereiro e com o
compromisso de recuperar os Fuzos ausentes para engrossar esta Força de Elite
que se quer sempre maior.
FUZILEIRO UMA VEZ,
FUZILEIRO PARA SEMPRE
Um Abraço
Convívios
23
ConvÍvio de Marinheiros e Ex-Marinheiros
No passado dia 08 de Dezembro de 2010
realizou-se o 29º encontro anual com os
Marinheiros e Ex-Marinheiros das zonas
de Viseu, Aveiro e Guarda.
Por ter nascido na região, também estive
presente com a minha mulher, embora
viva habitualmente no Barreiro. Assim tive
o privilégio de como membro dos Corpos
Sociais da Associação de Fuzileiros, con-
Encontro escola de 88 – Algarve 2011
No dia 26 de Fevereiro, o Clube Escolamizade engalanou-se, recebendo os filhos
da escola de 88 para mais um encontro
anual.
Fomos envolvidos, por espaço de grande beleza natural, onde o azul do céu se
confundia com o mar, num dia que esteve
primaveril.
Depois da magnífica recepção, estavam
disponíveis umas entradas para acompanhar as minis, que nos iam lubrificando
a garganta sequiosa de tanta treta armazenada. De seguida, dirigimo-nos para o
restaurante onde no seu exterior tiramos
a fotografia de grupo.
Antes de desencadear o almoço, oficializamos o inicio do encontro, dando as boas
vindas aos camaradas e familiares presentes. Seguiu-se um minuto de silêncio em
honra dos camaradas já falecidos, esse
momento, foi abrilhantado pelo toque do
trompete do filho do camarada Licínio “O
Hino do Silêncio ”foi um dos momentos
de grande emoção.
O almoço decorreu sempre com grande
alegria o que já é, apanágio deste grupo.
Já quase no final do repasto, foram entregues umas lembranças (Clube Escolamizade; Associação de Fuzileiros; Delegações; Núcleo; Camarada Rebola e autoridades marítimas) foram também feitos
alguns discursos. Falou em representação
das autoridades marítimas o Tenente Alves, que demonstrou o seu agrado por ter
sido convidado, fazendo eco do espírito
de grupo que tanto nos define. Falou também o camarada Couto que na sua mensagem, transpareceu o seu sentimento de
orgulho e de missão cumprida, ao participar na formação de grande parte de nós
Fuzileiros.
Foi lida uma carta do camarada Mário
Manso, que tal como outros camaradas
não puderam estar presentes, mas não
quiseram deixar de dar uma palavra de
incentivo; a mensagem deste camarada
mais veterano mereceu no final, o grito
do Fuzileiro. O camarada Rebola não poderia deixar de dar uma palavra porque
sendo ele o grande mentor destes encontros, a sua palavra é sempre de incentivo
e mais uma vez assim foi, demonstrou a
José de Oliveira Pinto
(Sócio nº 1049)
fraternizar com todos os presentes, entre
eles, algumas caras conhecidas de Nelas,
minha terra natal.
A receber os presentes estiveram os camaradas da organização o João Marques
e o António Lameiras .
A concentração fez-se frente à Câmara
Municipal de Nelas, onde todos formaram
para a foto do grupo. Seguiu-se o cortejo
até à localidade de Folhadal, onde foram
entregues as lembranças, serviram-se as
entradas, para matar a malvada, com todas as iguarias do distrito de Viseu sobressaindo, a morcela, os enchidos, a carne de
porco, os rojões, etc…
De vez em quando, o sino e o clarim suavam, para troca de pratos.
Depois das sobremesas, os demais rumaram às suas localidades de origem, e para
o próximo ano será em Setúbal. Até lá
bom trabalho.
João Serafim 761388
sua satisfação por mais este convívio em
família.
Aproveitou para anunciar que para o ano
o nosso encontro será na zona de Fátima.
Mas, uns dos momentos de grande
emoção foram as palavras do camarada
Cte. Lhano Preto Presidente da Associação de Fuzileiros, que nos transmitiu não
só o orgulho, mas também a responsabilidade de ser Fuzileiro. Ser Fuzileiro, não é
só ter uma boina azul ferrete; Fuzileiro é
ter a grande responsabilidade, de honrar
o significado de a ter conquistado.
Em seguida e como não podia deixar de
ser, cantamos o nosso hino acompanhados ao acordeão pelo nosso camarada
Paulo.
Aproveito, em meu nome, e dos camaradas que organizam o nosso encontro, para
agradecer ao Clube Escolamizade a total
disponibilidade, em nos ajudar. Agradecemos a quantos nos deram a honra de
partilhar momentos, que para sempre,
vão ficar nas nossas memórias.
Muito obrigado a todos vós.
Associação de Fuzileiros | 2011
24
Convívios
Destacamento nº 6 e companhia nº 10
Mário Manso
Mais uma vez, sempre no terceiro sábado de Maio, o Dest. nº 6 de Fze e a
Comp nº 10 de Fz, se reuniram no Salão da Associação de Fuzileiros, irmanados de um espírito de camaradagem
e amizade cimentada nas dificuldades
que a guerra oferece. De realçar o facto de o Camarada Edgar Batista, mesmo fazendo anos, não quis deixar de
vir. De realçar ainda, o aparecimento
pela primeira vez, de dois camaradas,
o Amílcar “Russo” e o Varela, este,
fez-se acompanhar de toda a família,
e ao apresentar-me um dos filhos que
é oficial de Marinha, irradiava uma felicidade que contagiou todos quantos
os rodeavam., A Associação espera
ter ganho neste dia dois novos sócios,
um Originário outro Efectivo.
O Reencontro dos Putos da Fragata
Carlos Vardasca
pestades” que ao longo da sua vida tiveram que enfrentar.
Ficou bem patente nas opiniões expressas que todos se congratularam com o
êxito deste Encontro, tendo em conta o
número de antigos alunos presentes e,
por esse facto, foram unânimes as palavras de reconhecimento por cada um ter
comparecido individualmente ou na companhia dos seus familiares e amigos, e terem proporcionado um excelente dia de
confraternização.
Fez precisamente no passado dia 03 de
Abril quarenta e oito anos que a Fragata
D. Fernando II e Glória “naufragou numa
tempestade de labaredas”, que a consumiu de uma forma tão violenta que deixou os seus alunos órfãos daquela “velha
NAU”, última das Índias.
Foi com objectivo de relembrar aquela
data trágica, que os antigos alunos daquela instituição se reuniram em Cacilhas
a bordo da Fragata no seu IV Encontro Nacional no dia 02 de Abril de 2011, também
com o objectivo de rever companheiros,
estreitar os laços de amizade que os une
e confraternizar com outros que finalmente se reencontraram ao fim de cerca
cinquenta anos por não se saber do seu
paradeiro.
Sem qualquer preconceito ou saudosismo, foi a bordo da Fragata D. Fernando
II e Glória que todos os seus alunos receberam as ferramentas essenciais para
enfrentar o futuro, onde cada um veio a
Associação de Fuzileiros | 2011
desempenhar funções tão variadas e em
sectores de actividade tão distintos, mas
cada um com a sua importância para o
desenvolvimento do país.
Este IV Encontro Nacional teve a particularidade de conseguir juntar várias gerações de antigos alunos vindos dos vários
pontos do país, muitos deles (pelas variadíssimas razões) somente agora se puderam reencontrar. Finalmente ali reunidos
a bordo e no almoço de confraternização
que se seguiu num restaurante próximo,
foi com imenso prazer e satisfação que todos se congratularam com a realização do
Encontro, onde conviveram em animado
clima de satisfação e alegria várias gerações, que em diferentes épocas a bordo
da Fragata puderam partilhar o mesmo
convés, as mesmas emoções e a ausência
de afectos, mas souberam assimilar os
mesmos conhecimentos que os dotou da
formação para ultrapassar as várias “tem-
Foi entregue neste IV Encontro Nacional
uma placa de agradecimento muito especial ao Comandante José António de Oliveira Rocha e Abreu (actual Comandante
da Fragata), pela forma atenciosa e entusiástica como colaborou na sua realização,
assim como também foi sorteado no final
do almoço um painel em azulejo pintado
à mão alusivo à Fragata D. Fernando II e
Glória, da autoria do artista Alhosvedrense Luís Guerreiro.
Durante o Encontro foi manifestado o interesse (aproveitando a extensa listagem
de contactos que foram conseguidos desde o início do ano de 2010) que este tipo
de realizações se fossem repetindo com
alguma regularidade (se possível anualmente), como forma de todos os antigos
alunos reforçarem os laços de amizade
que os une, e não deixar morrer este entusiasmo que os levou a procurar antigos
“filhos da escola” de quem não sabiam do
seu paradeiro há mais de cinquenta anos.
Foi de facto uma magnífica realização e
uma excelente iniciativa, tendo a maioria
dos presentes manifestado o interesse
em se encontrar de novo.
Eventos
O Jantar de Natal de 2010
Como é sabido teve lugar no passado
dia 11 de Dezembro o habitual “Jantar
de Natal/2010” da Associação de Fuzileiros que anualmente tenta juntar
o maior número possível de membros
da nossa grande “Família”.
Desta vez, o número de sócios e familiares ultrapassou completamente as
nossas previsões crendo-se que terá
sido dos eventos natalícios que reuniu maior número de pessoas - mais
de 250.
Na mesa de convidados estiveram cerca de vinte entidades, na qual se incluíram, nomeadamente, os Presidentes
da Câmara e da Junta de Freguesia do
Barreiro, os Comandantes do Corpo,
da Escola e da Base de Fuzileiros, os
Presidentes dos Clubes de Sargentos
e das Praças da Armada, antigos presidentes da Assembleia-Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal da Associação, Esposas e outras personalidades
de relevo para a instituição.
A mesa das Delegações esteve muito
bem representada, com a nossa gente
de Gaia, Juromenha/Elvas e Setúbal e
ao longo do vasto Salão conviveram,
mataram saudades e espalharam nostalgias, brincaram e até dançaram
(ao som, a custo zero, do grupo musical do sócio que habitualmente nos
apoia) os mais velhos, os menos novos, os jovens e os mais jovens, onde
não faltaram as senhoras e também
as crianças que, este ano particularmente deram tom e alegria à nossa
Festa de Natal.
Também houve discursos: o do Comandante do Corpo de Fuzileiros
– que nos desejou um ano de cheio
de sucessos; e o do Presidente da Associação – que se congratulou com o
apoio que todos nos têm dado e nos
desejou Bom Natal e Bom Ano agradecendo o empenho de toda a Direcção
na organização do evento. Também se
trocaram prendas.
O Salão quase foi pequeno para conter tanta gente!
Mas a organização desdobrou-se, fez
os possíveis, senão mesmo os impossíveis por chegar a todos com cortesia, amizade e até algum protocolo
mas, sobretudo, com todo o nosso
característico calor humano.
25
MP
A equipa de redacção deste site – que
paulatinamente se vai organizando e
readaptando – cita o que alguém já
anteriormente escreveu a propósito
deste evento:
« E para que não falte ninguém, aqui
fica a gratidão a todos quantos, pelas
mais diversas formas, ora trabalhando na organização, ora contribuindo
com as suas presenças emprestaram
prestígio ao nosso jantar de Natal e,
sobretudo, deram vida à vida e ao
tempo dos nossos afectos».
Imediatamente a seguir e sem legendas para não distinguir ninguém já que
todos merecem ser distinguidos – pela
coragem, pela solidariedade, pelo espírito de camaradagem e entreajuda
e pelos valores que são o apanágio
e a mística dos fuzileiros – ficam alguns registos fotográficos, escolhidos
pela Direcção, para a posteridade e
que são as imagens que, mais do que
muitas palavras dão real conteúdo e
importância ao nosso “Jantar de Natal
de 2010”.
Associação de Fuzileiros | 2011
Eventos
26
Batalha 10/04/2010 Também dia do combatente
Mário Manso
Uma foto de família com algumas gerações de fuzileiros
A Batalha foi mais uma vez, palco de
um grandioso cerimonial. Este ano,
com um duplo sentido: dia de homenagem ao Soldado Desconhecido, e
do Combatente. É certamente uma
honra, que a esta efeméride, se tenha
associado os combatentes. A presença do Senhor Presidente da Republica deu-lhe a solenidade que todos os
combatentes do nosso País merecem.
Nunca é tarde, para se reconhecer o
quanto a Nação lhes deve, e do respeito que alguns lhes têm negado.
Todos sentimos, que muitos, dos que
não deviam, têm andado distraídos de
mais, porque apreço de menos, tem
querido fazer esquecer um valor, de
que nem todos logram alcançar. Este
dia especial, ficou também marcado
pela consideração mostrada pelo Senhor Almirante Viera Matias que, resolveu desviar-se do seu rumo, para
vir falar aos seus Fuzileiros, é uma
atitude sintomática, da forma de estar desta nossa família. O facto de no
grupo, não estar qualquer homem do
seu Destacamento, não foi razão, para
deixar, de connosco dialogar, é assim,
que os elos da corrente que nos liga
estão cada vez mais, fortalecidos.
Igual postura, teve o Senhor Cte. Alpoim, que em amena cavaqueira, se
inseriu no grupo dos seus camaradas de armas, reavivando feitos, que
muito contribuíram, para o enriquecimento do património dos Fuzileiros.
Do grupo, faziam parte, elementos da
Associação de Fuzileiros | 2011
O Sr. Presidente da República
com o Sr. Cmte. Alpoim Calvão
Delegação de Gaia, representantes da
Associação de Fuzileiros, alguns sócios, e outros não, ainda!..., que estavam a titulo individual. Curioso, foi o
caso de um jovem no activo, que facilmente se integrou naquele grupo de
homens que na sua maioria podiam
ser seus avôs, o facto de não se ter
marginalizado, denota um espírito de
forte camaradagem.
Há no entanto, outras atitudes que
são também reconfortantes, e uma
delas foi, a que se verificou, quando
à saída da sala do capítulo, local sa-
grado do Soldado Desconhecido, sua
Excelência o Senhor presidente da Republica se desvia da sua rota, para ir
cumprimentar o Senhor Comandante
Alpoim Calvão que, com a sua boina
azul ferrete, e Torre Espada ao peito,
se destacava, ladeado pelo Sr Cte.
Preto. Verifiquei, que o Cte. Alpoim se
manteve, como se em sentido estivesse, o que proíbe, qualquer soldado de
se mexer, e muito menos, dar um passo em frente. Isso, ele não fez.
Foi de facto uma atitude de um grande Militar. Como seu camarada de armas, fiquei empolado de orgulho, pelo
comportamento, e pela deferência
que lhe foi dispensada pelo expoen­te
máximo da Nação.
Quando já no regresso, nos preparávamos para entrar no carro, os camaradas, que em serviço tinham feito parte das forças em parada, e que dentro
do autocarro, na fila do trânsito esperavam andamento, resolveram de
forma espontânea prendar-nos, com
um sentido, duplo grito, do Fuzileiro.
Sem lhes perguntar-mos a razão, sentimos que estavam homenageando
os seus camaradas mais velhos, seus
progenitores na classe, a que dentro
da Marinha pertencem. Acreditem
jovens, Fuzileiros da nossa briosa, de
que, nos sentimos muito honrados e
enternecidos.
Muito obrigado pela vossa gratidão.
Creiam, que também nós vos consideramos, e gostamos de todos vós.
Eventos
APVG Braga
Mário Manso
No dia 21 de Março de 2010, teve lugar na Senhora do Sameiro em Braga,
padroeira dos combatentes, o décimo
primeiro aniversário da Associação
dos Veteranos de Guerra. Para além
das várias delegações da APVG, estiveram ainda presentes as forças vivas
da Cidade, bem como, outros convidados de várias origens. A Associação
de Fuzileiros esteve representada por
oito elementos, com o guião, que se
incorporou no cerimonial, e esteve representado no altar durante a missa.
Um momento alto da cerimónia religiosa, para além de ser celebrada
pelo sobrinho do Senhor Presidente
da APVG Dr. Augusto de Freitas (nosso consócio) foi, quando o camarada
Gonçalves subiu ao altar, e tocou o
silêncio, maravilhando com emoção,
todos os presentes.
Terminada a cerimónia religiosa, teve
lugar o almoço para o qual estava reservada uma mesa para nove pessoas
da nossa Associação. Foi convidado
para a mesa de honra, um representante do nosso grupo, tendo sido indicado o Sarg. José Coelho Coisinhas,
que foi também, o nosso porta-guião.
Foi evidente, mais uma vez, quanto é
apreciada a presença da Associação
de Fuzileiros nos eventos da APVG,
o carinho com que nos envolvem e
o respeito que nos é dispensado por
todos, não oferece dúvidas, que deixámos marcas muito positivas, nos
militares que alguma vez, com os
Fuzileiros ombrearam. Foi gratificante, ouvir pela voz de um camarada
veterano, ex-Furriel do Exército, um
rasgado elogio, que foi de imediato
complementado, por outros veteranos presentes, do mesmo ramo.
27
Momento solene em que
o Camarada Gonçalves
tocava o Silêncio
Para emoldurar este dia, tivemos um
pequeno percalço que passo a descrever: quando pela manhã nos deslocávamo-nos numa zona da picada, que
nos levava ao objectivo, sem que nada
o fizesse prever fomos fustigados pelo
rebentamento de um pneu da frente,
logo nos fez lembrar, uma mini, mina
anti-carro, numa qualquer picada do
norte de Angola, Guiné, ou Moçambi-
que, províncias outrora calcorreadas
pelos elemento que guarneciam a viatura. Foi de imediato montada a segurança não olvidando que algum contratempo pudesse surgir. Sem baixas
seguimos o rumo, atingido o objectivo
dentro do horário. Para fazer um regresso dentro de parâmetros de segurança aceitáveis, havia que resolver, a
falta do suplente, que horas antes não
tinha resistido. Domingo não é um dia
favorável para resolver uma tal questão mas, os Fuzileiros tiveram domingos bem piores. Logo que partilhei a
necessidade de resolver a dificuldade, com o vice-presidente da APVG
Senhor Martins, me disse, terminado
o telefonema feito para o efeito, que
o problema seria resolvido. Findo o
almoço, rumámos a Barcelos, onde
nos esperava um industrial adequado à resolução do embaraço. Depois
de colocados os dois pneus da frente,
interroguei o senhor do valor a pagar,
acto continuo perguntei!: quem se
quer solidarizar comigo nos custos, de
imediato todos se associaram. O mais
interessante acontece, quando um camarada que ali foi ter, por ter sido informado da nossa estada ali, me esticou a mão com a sua nota, para pagar
a parte que lhe cabia. Recusei, argumentei, mas de nada valeu, tive que
aceitar, porque ficaria magoado se o
não fizesse. Aquele jovem camarada
de nome Régo, mostrou uma coisa
que não se explica, que muita gente
não compreende, mas que o Fuzileiro
entende, porque somos diferentes!
Obrigado Filho da Escola.
É bem sintomático, de quanto apreciam os nossos valores, continuando
ainda hoje a ser lembrados, de uma
forma que muito nos honra. Aqui
deixamos a todos os camaradas dos
outros ramos veteranos ou não, uma
certeza: sempre tivemos, e continuamos a ter, muito respeito pelos camaradas do exército porque nos teatros
da guerra colonial foram eles também
uns heróis, quanto mais não fora, por
todas as dificuldades que enfrentaram, dado o pouco tempo que lhes
era dedicado à preparação militar.
Um muito obrigado, pela forma muito
particular, como sempre nos receberam, recebem e consideram.
Associação de Fuzileiros | 2011
28
Salpicos de Vida
SPM 0468 Nº 5
CMG Francisco Rosado
No primeiro semestre de 1967, foram chamados pelo Comandante da
Defesa Marítima da Guiné, Comodoro Ferrer Caeiro, os comandantes
dos DFE’s 4 e 7, respectivamente 1º
ten. Santos Paiva e 1º ten. Moitinho
de Almeida, aos quais foi dada uma
ordem para cumprir de imediato. Na
sequência desta reunião, o meu Cmte
chamou‑me e ordenou-me que preparasse o embarque do DFE 4, no prazo de duas horas, na LFG Cassiopeia.
Ao pessoal bastaria levar a G3 com
dois carregadores. Ainda incrédulo,
perguntei-lhe qual era o objectivo, ao
que ele me retorquiu que não me podia dizer. Podem imaginar como me
senti, pois nunca entre os três oficiais
do DFE4 houve qualquer segredo operacional. Já debaixo de uma fúria mal
contida, respondi-lhe que era inaceitável que ele não me dissesse o local
da operação e tudo o que se passava,
pois nunca tinha sucedido tal coisa em
um ano e meio de comissão. O Cmte
respondeu-me que ele e o Cmte do
DFE 7 tinham que cumprir a ordem do
Comodoro de nada revelar do que se
iria passar. Embora aceitando a explicação, estava tão furioso que lhe disse
que seria completamente impensável
que os homens do DFE 4 aceitassem
sair de Bissau só com uma G3 e apenas dois carregadores, portanto eu ia
dar-lhes uma ordem que eu já sabia
não seria cumprida. Chamei o Quartel Mestre e os Chefes de secção e
transmiti-lhes a ordem de que iríamos
embarcar dentro de duas horas e de
que não seriam necessárias armas de
apoio, bastaria cada homem levar a
G3 com dois carregadores. Claro, toda
a minha fúria passou para eles que de
imediato me inquiriram acerca do loAssociação de Fuzileiros | 2011
cal e do tipo de operação iríamos rea­
lizar! Também me disseram logo que
seria impossível cumprir a ordem do
armamento do pessoal, pois nunca o
DFE 4 sairia de Bissau sem a artilharia
do costume.
Apesar de tudo, lá se cumpriu o horário previsto e os Destacamentos
embarcaram na LFG como tinha sido
determinado.
Na primeira volta que dei pelo convés,
fui encontrar as MG 42 devidamente
municiadas, as bazucas, os lança‑rockets, as ALG’s e as granadas do costume! Estávamos prontos para todas
as eventualidades. Nestas questões
já ninguém acreditava em conversas
para meninos de coro, nós éramos veteranos e os rios Corubal, Cumbijã e
Cacine estavam sempre presentes na
nossa memória, e metiam-nos muito
respeito!!!
Só G3 com dois carregadores? Então
que conversa era esta? Seríamos nós
alguns periquitos chegados de fresco
ao inferno guineense para nos enfiarem um barrete destes? Tomem lá então com toda esta artilharia, que apanhados à mão é que nunca seríamos.
É óbvio que a confiança voltou a estar
perto de nós quando nos vimos a bordo com o armamento do costume.
Preparávamo-nos nós para descansar
um pouco, antes de um eventual desembarque, e principalmente eu, o 3º
oficial e os chefes de secção mergulhados na fúria do desconhecido, quando
fomos novamente surpreendidos com
a ordem de regresso a Bissau. Aí tivemos a certeza de que ou estavam
a gozar connosco ou as chefias estavam completamente apanhadas pelo
clima. Não percebíamos nada do que
se estava a passar, e era a primeira vez
que tal coisa sucedia com um conjunto de FUZEILEIRAÇOS que já tinham
no horizonte o fim da comissão.
Regressámos a Bissau e a vida operacional continuou por mais três ou
quatro meses. Muitas vezes pedi ao
Cmte para me contar a história, mas
sem sucesso. Nunca soube em terras
da Guiné que raio de missão fomos
realizar naquele dia.
Foi já em Lisboa, muitos meses depois
da chegada, que o Cmte me contou
toda a história, que acaba por demonstrar bem a autoridade, a convicção e a capacidade de decisão que era
inerente, naquela época, ao Comodoro Ferrer Caeiro.
O que tinha sucedido? Bem simples
de contar.
A Marinha tinha em Bolama umas
instalações navais que, até há pouco
tempo, tinham sido ocupadas pelo
DFE 4, e se encontravam vagas naquela altura.
Aconteceu então que duas companhias do exército chegaram àquela
ilha e, na falta de instalações melhores resolveram instalar-se nas
infra‑estruturas da Marinha, sem a
eventual autorização do Comando da
Defesa Marítima da Guiné. O “nosso”
saudoso chefe, comodoro Ferrer Caeiro não hesitou um momento, chamou
os dois Cmtes dos DFE’s, disponíveis
em Bissau, e disse-lhes que as companhias do exército deveriam sair de
imediato das instalações da Marinha,
nem que fosse a tiro. Só depois de
sairmos de Bissau e de as unidades
navegarem a caminho de Bolama, é
que o Comodoro telefonou ao Cmte
Chefe, General Schultz, e o informou
do que se estava a passar.
Imagino eu, que o General deve ter
agido muito depressa no sentido das
companhias saírem das instalações
navais, pois só assim os DFE’s puderam
tão rapidamente regressar a Bissau.
E foi assim, com CHEFES desta têmpera, que a Marinha construiu o seu
prestígio em terras de África.
Bem-haja, saudoso Comodoro Ferrer
Caeiro.
29
Guiné, 1969 – Emboscada a um combOio naval - Parte I
Eng. Lema Santos, 1º Ten. RN
Afundamento do batelão “Guadiana” por EEA – Engenho Explosivo
Aquático
Nota: Durante a Guerra do Ultramar,
não teve expressão significativa a utilização de minas contra a navegação.
Esta terá sido, seguramente, a mais
marcante e agressiva acção inimiga
utilizando EEA’s (Engenhos Explosivos
Aquáticos); a partir desta ocorrência,
os comboios para sul do território, em
zonas de possíveis emboscadas, passaram a ser efectuados com o apoio
de uma patrulha avançada de fuzileiros em botes que efectuavam o reconhecimento visual.
Considerações gerais
O 2TEN FZE RN José António Lopes da
Silva Leite do 10.º CFORN e o STEN FZ
RN Carlos Alberto Gil Nascimento e
Silva do 11.º CFORN, depois de concluírem os respectivos cursos foram
ambos mobilizados para a Guiné, o
primeiro integrado no Destacamento
de Fuzileiros Especiais n.º 10 (1967) e
o segundo na Companhia de Fuzileiros n.º 6 (1968).
Em Maio de 1969, viriam ambos a
protagonizar, um episódio marcante
da complexa actividade da Marinha
ao longo dos doze anos de guerra, o
primeiro como comandante operacional de uma “task unit” activada
na sequência da organização de um
comboio logístico, integrando LDM´s
e embarcações comerciais e, o segundo, como comandante operacional
de uma outra LDM, também com batelões mas que, numa parte comum
do percurso, se juntava àquela “task
unit”.
A organização e planeamento dos
comboios de abastecimento logístico
estavam atribuídos pelo Comando de
Defesa Marítima da Guiné à Esquadrilha de Lanchas que, de acordo com
as exigências operacionais, disponibilidade de meios navais e o tão criterioso como indispensável apoio da
tabela de marés, procedia à escolha
do perío­do e datas em que se efectua­
vam os comboios - RCU’s.
O 2TEN FZE RN José António Lopes
da Silva Leite do 10.º CFORN
e o STEN RN Carlos Alberto Gil
Nascimento e Silva do 11.º CFORN.
A necessidade de manutenção de
uma logística de apoio a populações
e unidades militares, tornava alguns
dos percursos não só frequentes mas
de periodicidade obrigatória, quer
para norte quer para sul daquele território, situação também decorrente
As distâncias totais percorridas a partir de Bissau – normais pontos de partida e chegada destes comboios - dependiam dos percursos parciais efectuados e dos navios e embarcações
presentes. Havia ainda a considerar,
de acordo com as unidades navais
utilizadas, rotas alternativas às barras
convencionais dos rios.
Estavam nesse caso o Canal de Melo,
na travessia do rio Cumbijã para o rio
Cacine, a passagem do rio Tombali
para o rio Cumbijã, via rio Cobade ou
a ida para o Cacheu navegando pelo
interior do baixo dos Macacões, este
só acessível a LDM’s. Claro que esta
possível utilização, válida igualmente
para os percursos inversos, permitia
encurtamentos de caminho e reduções de tempo notáveis.
A tracejado (violeta) o percurso Bissau - Bolama e, na continuação,
Bolama - TT (confluência dos rios Tombali e Cobade); igualmente
visível o percurso de regresso a Bolama (laranja).
do normal escoamento de produtos
agrícolas essenciais à economia do
território.
Entre os mais carismáticos, cabe destacar Farim, no norte, cerca de 85
milhas a montante da foz do rio Cacheu e Bedanda ou Gadamael, no
sul, ambas a uma distância próxima
de 20 milhas da foz nos rios Cumbijã
e Cacine (rio do Porto de Gadamael)
respectivamente.
Enquanto a uma LFG de escolta estava vedada a possibilidade de efectuar
atalhos por causa dos 2.20 m de calado daquela unidade naval e as LFP’s,
ainda que com limitações, efectuassem diversos percursos com alguns
“shortcuts”, as LDM’s efectuavam verdadeiros milagres no encurtamento
de traçados, quase bastando haver alguma altura de água para passarem e
Continua na página seguinte >>
Associação de Fuzileiros | 2011
30
Guiné, 1969 – Emboscada a um COMBOIO naval - Parte I
>> Continuação da página anterior
muita, mesmo muita, experiência do
“patrão”.
Afinal, com a maré na enchente, um
encalhe resolvia-se quase sempre por
si próprio, em fundos lodosos sem
cristas rochosas. Bastava arriscar primeiro e esperar depois, raciocínio obviamente limitado para as unidades
com quilha.
Para comandar estes RCU’s eram habitualmente nomeados oficiais subalternos dos Destacamentos ou Companhias de Fuzileiros, dos Quadros
Permanentes ou da Reserva Naval,
reforçados por esquadras ou grupos
de combate daquelas unidades e com
o armamento adequado à missão,
por forma a aumentar a segurança
dos comboios, garantindo um destino
seguro às guarnições, populações e
bens por eles transportados.
Se algumas das embarcações ou batelões comerciais dispunham de motor,
outras não tinham propulsão própria,
sendo por isso rebocadas por aqueles
que tivessem condições para o fazer.
Navegação com velocidades diferentes, cabos de reboque partidos e
avarias frequentes, era um panorama
comum que gerava confusão e granel,
obrigando o comandante do comboio,
com as LDM’s disponíveis, a um enquadramento atento e disciplinado.
Esta estratégia era sobretudo importante a partir do ponto de confluência
de todas as unidades, normalmente
situado no início das bacias hidrográficas dos rios onde se situavam os locais
a aportar. Aí se reviam os derradeiros
pormenores da navegação a efectuar,
procedimentos de comunicações e
a abordagem de eventuais zonas de
risco de ataques ou emboscadas do
inimigo.
A missão
Pela “Ordmove” 132/69 o Comando
de Defesa Marítima da Guiné ordenou
à LDM 302 que, a partir de 16 de Maio
de 1969 pelas 16:30, sob o comando
operacional do STEN FZ RN Carlos Alberto Gil Nascimento e Silva, largasse
de Bissau com o objectivo de escoltar
Associação de Fuzileiros | 2011
as embarcações motor “Portugal” que
rebocava o batelão “Angola” levando
carga geral, o Pelotão de Morteiros
2115 e respectivas bagagens com
destino a Vila Catió. A guarnição da
LDM e o motor “Portugal” foram reforçados com elementos da CF 10.
O comboio (RCU) escalou Bolama no
mesmo dia da largada e completou o
percurso no rio Cobade no dia seguinte de manhã, entre o rio Tombali e a
foz do rio Cagopere que dá acesso ao
porto de Catió, esta parte do trajecto
feita com apoio aéreo. Durante a permanência naquele porto foi montada
segurança pelas FT (forças terrestres)
locais. No regresso, a LDM 302 e as
embarcações civis confluiram para a
foz do rio Cagopere no dia 21 pelas
10:00 passando a estar integradas no
RCU 9/69.
Quase simultaneamente, pelo “Ordmove” 136/69 – RCU 9/69 o Comando
de Defesa Marítima da Guiné ordenou
a activação da TU 5 com a nomeação
do 2TEN FZE RN José António Lopes
da Silva Leite para comandar aquela
“task unit” a partir do dia 20 de Maio
de 1969, pelas 00:00. Foi constituída
pelas LDM’s 105 e 313, com o fim de
escoltar as embarcações motor “Rio
Tua” rebocando um batelão, motor “Vencedor”, motor “Gouveia 17”
rebocando os batelões “Guadiana”
e “Lima” com destino a Bedanda e
Cacine.
Houve ainda que transportar 12 toneladas de produtos de reabastecimento, enviados para Cufar pelo CTIG
(Comando territorial Independente
da Guiné) na LDM 105 e ainda um veí­
culo GMC do exército para Gadamael
na LDM 313.
Tal como previsto, a partir do dia 21,
pelas 10:30, foi integrada no comboio
a LDM 302 com a embarcação com
motor “Portugal” rebocando o batelão “Angola”, sendo este grupo (RCU)
a integrar comandado pelo STEN FZ
As embarcações comerciais motoras “Portugal” e “Angola”.
O batelão “Guadiana”
que viria a ser
afundado mais tarde.
31
meio do rio. Por analogia com casos
anteriores, este pessoal mandou parar imediatamente o “Gouveia 17”, o
que foi tentado pelo patrão desta embarcação metendo máquinas a ré.
O batelão motor “Gouveia 17” que rebocava os batelões “Lima” e “Guadiana”
RN Carlos Alberto Gil Nascimento e
Silva.
Com início e regresso a Bissau, estavam definidos os movimentos previstos com respectivas escalas e horários
de chegada/largada, tendo em atenção as marés: Bissau, Bolama, ponto
TT (confluência dos rios Tombali e
Cobade), foz rio Cagopere, ponto CC
(confluência dos rios Cobade e Cumbijã), Impungueda, Bedanda, Impungueda, ponto CC, ponto TT, Bolama e
Bissau.
No dia 23 pela manhã a LDM 313 deixou o comboio no ponto CC, rumando a Cacine e Gadamael pelo Canal
de Melo, com as embarcações motor “Vencedor” e o motor “Gouveia
17” rebocando os batelões “Lima” e
“Guadiana”.
O movimento efectuado para o aquartelamento de Cabedú com os batelões
“Lima” e “Gouveia” permitiu ganhar
um dia ao movimento destas embarcações, escoltadas pela LDM 313 para
Cacine.
A descarga em Cacine não foi con­
cluída mas, a necessidade do rigoroso
cumprimento do planeamento imposto pelos horários das marés, obrigava
a algumas decisões incompatíveis
com atrasos nas cargas e descarga dos
locais aportados, por problemas de
estiva alheios ao comando operacional do comboio.
A progressão para montante do rio
Cumbijã a partir dos ponto CC fez-se
sem problemas e as descargas em
Cufar e Bedanda fizeram-se dentro
dos horários e com normalidade.
Regresso, rebentamento de um EEA
(Engenho Explosivo Aquático) e o
ataque IN
No regresso, o percurso descendente
do rio fez-se com as LDM’s 105 e 302
com as embarcações motor “Portugal” rebocando o batelão “Angola” e
motor “Rio Tua” com outro batelão.
Dia 27 pelas 11:00, juntaram-se a estas unidades, no ponto CC, as provenientes do regresso de Cacine. A LDM
313 trazia de Gadamael para Bissau
uma viatura GMC e destruiu uma canoa abandonada na foz do rio Meldabom. Cerca das 13:00 do dia 27 de
Maio de 1969, e com apoio duma parelha de aviões Harvard T6, iniciou-se
o percurso do rio Cobade.
O comboio navegava em coluna, com
as unidades navais e embarcações
pela seguinte ordem na formatura:
“Gouveia 17” rebocando os batelões
“Lima“ e “Guadiana”, LDM 313, motor “Portugal” com o batelão “Angola” de braço dado, LDM 105, motor
“Rio Tua” de braço dado com um batelão, LDM 302 e finalmente o motor
“Vencedor”.
Foi adoptada esta formatura para o
motor “Gouveia 17” estabelecer a
velocidade do comboio, uma vez que
era a embarcação motora com menor
velocidade de progressão. Pouco tempo depois, pelas 14:30, o IN (inimigo)
viria a revelar-se.
Cerca de meia milha após o desembarcadouro do Cachil, foi avistado
pelo pessoal da escolta, fornecida pela
CF10 que se encontrava a bordo do
“Gouveia 17”, um fio que atravessava
da margem do lado do Cachil para o
Como consequência desta manobra
necessariamente brusca e devido
ao normal seguimento por inércia,
os dois batelões rebocados aproximaram-se do “Gouveia 17”, tendo o
primeiro reboque, o batelão “Lima”,
colidido com a popa do “Gouveia 17”,
enquanto que o outro que o seguia, o
batelão “Guadiana”, devido ao comprimento do cabo de reboque, ultrapassou por estibordo o “Gouveia 17”,
e no final do comprimento do cabo,
rodopiou ficando aproado em sentido contrário ao da marcha invadindo,
com a parte de ré, o local onde o fio
tinha sido avistado.
Nesse exacto momento, verificou-se
uma forte explosão à popa do batelão
“Guadiana”. Simultaneamente, o inimigo, emboscado em ambas as margens desencadeou violento ataque
com armamento ligeiro e morteiro,
sem consequências pessoais.
Por sua vez, o engenho explosivo
aquático que havia deflagrado à popa
do batelão “Guadiana” causou 5 mortos e dez feridos, confirmados pelo
sargento enfermeiro (2Sarg H Cotovio) que, seguindo na LDM 105 e após
a explosão, passou imediatamente
para bordo daquela embarcação. Foram rapidamente assistidos no local
por aquele profissional de saúde com
a colaboração de um colega (2Sarg
H Mesuras) embarcado na LDM 302.
Ambos, debaixo de fogo e no meio de
grande confusão por parte de passageiros civis, mantiveram a presença
de espírito suficiente para desempenharem as suas funções.
Entretanto, o comandante operacional informou o apoio aéreo do sucedido e, dentro das possibilidades, solicitou cobertura mais cerrada na zona,
a fim de ganhar tempo e conseguir a
segurança necessária para proceder
a uma busca junto ao batelão sinistrado, prevendo a eventualidade de
virem a ser encontrados mais mortos
Continua na página seguinte >>
Associação de Fuzileiros | 2011
32
Guiné, 1969 – Emboscada a um COMBOIO naval - Parte I
Os batelões motores “Rio Rua” e “Vencedor”.
>> Continuação da página anterior
ou feridos. Foi informado da impossibilidade de satisfação do pedido por
uma dos aviões T6.
Calado o IN por acção do fogo efectuado pelas LDM’s e pelo pessoal de reforço da CF 10 pertencente às escoltas
das embarcações civis, reiniciou‑se
imediatamente a marcha, tendo sido
ordenado à LDM 105 que passasse um cabo ao motor “Gouveia 17”
dado continuar com os dois batelões
a reboque.
Desde o momento do rebentamento
junto à popa do “Guadiana” tinham
passado uns escassos dez minutos e a
embarcação afundava-se rapidamente. Urgia sair da zona da ocorrência
e encalhá-lo em local mais seguro, o
que veio a suceder próximo da foz do
rio Ganjola.
Pelas 14:45, quando o comboio navegava já próximo daquele local, o 2TEN
FZE RN Silva Leite, por intermédio da
FAP, pediu evacuação para dez feridos
a partir de Catió. Entretanto contactou igualmente as FT de Catió pedindo ao aquartelamento local a presença de transporte e médico no porto
exterior, a fim de prestar assistência
aos feridos e recolher os mortos que
Pormenor do porto interior de Bedanda”.
seguiam a bordo da LDM 313 para
aquela localidade.
Nesta altura, o comboio reiniciou
a descida do rio Cobade até à confluência com rio Tombali, depois do
comandante operacional ter confirmado a presença do apoio aéreo na
zona, tendo atingido aquele ponto TT
pelas 16:00.
De acordo com o Comando de Defesa
Marítima da Guiné (CDMG), foi dada
ordem à LDM 303 para permanecer
em Catió até ordem em contrário, às
embarcações civis para prosseguirem
independentemente para Bissau e às
LDM’s 105 e 302 para seguirem para
Bolama, onde ficaram a aguardar novas instruções.
Como resultado do acontecimento e
das condições de mau tempo verificadas na altura, extraviou-se diverso material fixo que se fez constar
nas relações de ocorrências de cada
unidade.
Um comboio no rio Cumbijã, na foz do rio Macobum, na zona de Cafine.
Associação de Fuzileiros | 2011
In Perpetuam Memoriam
33
Homenagem da Direcção Nacional ao Dr. Paulo Marques
Sócio n.º566 da Associação de Fuzileiros
Carlos Marques Pinto
Faleceu no passado dia 1 de Janeiro, o
nosso sócio originário, Dr. Paulo Henriques Lowndes Marques.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa foi membro da Ordem
dos Advogados Portugueses e externo, em Londres, da Ordem dos Advogados Britânica (Law Society) e, ainda,
do International Bar Association.
Cadete fuzileiro do 8.º CEORN – Curso
Especial de Oficiais da Reserva Naval
– ingressou na Escola Naval, em 9 de
Outubro de 1965.
Integrado na Companhia de Fuzileiros
N.º 10 fez a sua comissão de serviço
em Angola (1966/1968) comandando
o 2.º Pelotão e cumpriu missões nos
Postos de Vigilância dos então Comandos de Defesa Marítima do Zaire
(Quissanga, Puelo, Pedra do Feitiço e
Macala) e Cabinda (Massábi).
Licenciado em Direito, era Advogado,
com escritório em Lisboa e foi um dos
Mandatários da lista dos actuais órgãos sociais da Associação.
O Paulo desempenhou cargo público
de relevo (Secretário de Estado dos
Negócios Estrangeiros) e foi, com frequência, comentador convidado, de
assuntos internacionais, pela RTP.
Ao nível profissional desempenhou os
cargos e funções que, sucintamente
se indicam:
Administrador da SOPORCEL (uma sociedade de celulose e papel) representando a Arjo Wiggins Appleton p.l.c.
do grupo da British American Tobacco); Director Jurídico Executivo no Departamento Internacional da Plessey
Telecomunications Ltd. em Londres;
Administrador da Plessey Automática
Eléctrica, em Portugal; Secretário-geral da Cabinda Gulf Oil Company; Adjunto dos Serviços de Estrangeiros do
Banco Pinto e Sotto Mayor; Conselheiro jurídico do Embaixador Britânico;
Membro da Comissão de Fiscalização
do Teatro de São Carlos e Presidente: da Assembleia-geral da Câmara
de Comércio Luso-Britânica; da Bri-
tish Historical Society of Portugal; da
World Monuments Fund; da Assembleia-geral da Associação Amigos de
Monserrate; da Assembleia-geral da
Associação Colégio de S. Julião Carcavelos (Colégio inglês de St. Julians); da
Comissão Fiscal dos Amigos do Museu
de Arte Antiga; da Comissão Fiscal da
Fundação Mater Timor (construção
de maternidades para Timor);
Além de muitos artigos e intervenções publicou o livro “O Marquês de
Soveral – Seu Tempo e Seu Modo”, da
Editorial Texto (Grupo Leya) em 2009,
tendo recebido uma Menção Honrosa
do Prémio Grémio Literário em 2010.
Paulo Marques obteve as seguintes
condecorações: Medalha das Campa-
nhas do Norte de Angola; Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique;
Order of the British Empire e Grã-Cruz
Pró Mérito Militensis da Ordem Soberana de Malta.
Homem bom e de uma simplicidade
cativante, de grande cultura histórica
e de particular estatura intelectual e
moral, disciplinado e disciplinador,
sempre granjeou entre os seus camaradas militares e colegas civis, a todos
os níveis, grande amizade, simpatia e
respeito.
Para a Associação de Fuzileiros o
seu falecimento constitui vazio
insubstituível.
A Família e os Amigos vivem uma
enorme perda, a ausência da sua bondosa e reconfortante figura e uma dolorosa saudade.
A Direcção Nacional – que se fez representar no respectivo funeral pelo
seu Vice-Presidente e pelo vogal Mário Manso, camaradas que com ele
cumpriram comissão de serviço, em
Angola (1966/1968) – em reunião do
passado dia 6 de Janeiro decidiu prestar-lhe púbica homenagem.
Em boa hora e com total mereci­
mento.
Sobre a tua memória inclino-me e
apetece-me dizer:
Até já, Paulo, Amigo de sempre.
Associação de Fuzileiros | 2011
In Perpetuam Memoriam
34
Cada vez mais somos menos, porque mais oito camaradas fuzileiros nos deixaram. Cinco dos quais, eram sócios
da Associação de Fuzileiros que aqui se rememora com as suas fotos.
Também esta grande Família, fica mais pobre, mas a lei da vida não perdoa, e cedo de mais nos privou do seu
convívio. Resta-nos honrar a sua memória, lembrando-os enquanto a vida nos der alento para os recordar com
saudade. Que tenham por caridade, a paz que a vida lhes negou.
Às suas famílias, esta outra, apresenta sentidas condolências.
António Roque
José da Conceição
Filipe
José Santos Heitor
Francisco Amaro
José M.
Peixoto Vieira
E ainda os Camaradas, Eduardo Azevedo Soares, João Custódio Anania, e António Magalhães de Oliveira
oFERTAS & DONATIVOS
É justo realçar aqui, porque o não foi feito no dia do jantar, que mais uma vez, e
já vai na terceira, que o Camarada Óscar
Barradas oferece um presente para ser
sorteado.
Quem esteve no último jantar de Natal
da Associação, se lembrará da boina que
foi sorteada, tendo rendido 436,00€.
Ao Óscar o nosso muito obrigado, pelos
contributos, com que vem prendando a
sua Associação de Fuzileiros.
A amiga Manuela Parreira esteve mais
uma vez de serviço. Desta vez, toda a semana que antecedeu a Assembleia Geral
para concluir a tempo, os trabalhos inerentes às doze cortinas para embelezar
as janelas do nosso salão. Mais um trabalho de artista bem conseguido. Objectivo, que pretende representar o alcache
da farda das praças da nossa Marinha,
homenageando assim, a maioria dos sócios da Associação, que o envergaram.
Com um simples obrigado, para quem
tanto tem dado, algo ficará saldado!
Para todos os camaradas e Amigos, que
de novo fizeram donativos, o nosso bem
haja, a cada um, a Associação de Fuzileiros reconhece um espírito solidário que
é apanágio dos homens com direito à
Boina Azul Ferrete, por isso, alguns dos
que a não conquistaram, em espírito,
também a merecem.
M.M
Associação de Fuzileiros | 2011
Nome do Sócio
Nº
Donativo
Armando Silva
Abílio Martins
Adelino Manguinhas
António Esperança
António Lourenço
Antonio Pacheco
António Ramos
Cmdt. Almeida Viegas
Francisco Jordão
João Marques da Luz
João Martins
Joaquim Martins
José Guerreiro
Luis Pires de Moura
Manuel Correia
Manuel Francisco
Manuel Teixeira
920
216
1967
479
20,00 €
Papel e Envelopes
5,00 €
20,00 €
100,00 £
10,00 €
20,00 €
Móveis e Livros
5,00 €
214,50 €
6,00 €
40,00 €
5,00 €
11 Livros
40,00 €
Canoa em miniatura
60,00 €
816
1053
153
1634
1308
1673
421
547
1961
478
72
218
35
Fuzo-poesia
HomEnagem à Banda da Armada
Ao tocarem o nosso hino
Com tão grande perfeição
A rebate tocou o sino
Com orgulho e gratidão
Seja em terra ou no mar
Quando não houver solução
Pelos Fuzos podem chamar
Para combater a ingratidão
São uma elite sem favor
Como os Fuzos são na guerra
Ao enfrentarem sem pavor
A letra que o hino encerra
Fica a nossa homenagem
A uma Banda de eleição
Que ao tocarem a coragem
Desembarcaram emoção
Camaradas da Banda obrigado
Por se tornarem pioneiros
Orquestrando com primado
O hino dos Fuzileiros
É difícil haver igual
É por todos prestigiada
De norte a sul de Portugal
Temos a Banda da Armada
Ao homenagearem o passado
Com tanto rigor e presto
Deixaram o orgulho pasmado
Pela batuta do Maestro
O vosso grau de prontidão
Foi apenas excelência
Fica a nossa gratidão
Fuzileiros em continência
Novos sócios
Mário
Manso
Associação de Fuzileiros | 2011
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Associação de Fuzileiros | 2011