ARTIGO MESAS DE CORTE.cdr
Transcrição
ARTIGO MESAS DE CORTE.cdr
Fumos metálicos no corte a plasma Mesas aspiradas x Mesas d´água Artigo Técnico Objetivo As operações de corte de metais à plasma, tanto manuais como automatizadas (CNC), apresentam riscos ambientais derivados principalmente das radiações ultra-violetas do arco-elétrico e da intensa geração de fumos metálicos, óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio (O3), além de ruído e outros riscos de segurança genéricos. Este artigo tem por objetivo apresentar os métodos de controle mais utilizados no Brasil para os fumos metálicos e gases gerados neste processo, bem como uma comparação entre eles. Introdução O processo de corte à plasma é largamente utilizado na indústria metal-mecânica e está esquematicamente indicado na figura 1 abaixo. Como a intenção deste artigo é tratar especificamente da questão do controle dos poluentes, não vamos detalhar os aspectos relativos ao processo em si. As taxas de emissão de poluentes do processo variam, em cada caso, em função de uma série de fatores tais como o metal a ser cortado, espessura, número de tochas de corte em trabalho simultâneo, velocidade de corte entre outros. Eletrodo Água refrigerante Fonte de energia Plasma Arco Metal fundido Figura 1 Um jato plasma gerado por um arco elétrico e um fluxo de gás alimentado em alta pressão e velocidade fornece a energia térmica e mecânica necessária para o corte da chapa metálica. O manuseio da tocha ou a operação via comando numérico (CNC) permitem um corte preciso no perímetro desejado. Devido às altas energias envolvidas e à velocidade do corte, a geração de fumos metálicos é muito intensa podendo atingir taxas de emissão da ordem de 26g/min no corte de aço carbono e 40g/min no corte de aço inox (Bromsen B. et al). Essas taxas de emissão, por si só, constituem um alarmante nível de poluição do local de trabalho excedendo, na grande maioria dos casos, os limites de concentração de poluentes permitidos pela legislação brasileira (NR-15 Anexo 11). As emissões de gases tóxicos, basicamente os óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio (O3), também são muito intensas e representam um risco elevado apesar das melhores condições de dissipação dos gases em relação ao particulado (fumos). Especial atenção porém deve ser dispensada ao processo de corte manual uma vez que o operador entra em contato direto com os poluentes antes que estes se dispersem no ambiente de trabalho. Para o controle e redução dos níveis de emissão de poluentes é necessário que a mesa onde se apóie a chapa seja dotada de meios de absorção ou exaustão destes poluentes. Deste modo, os tipos mais utilizados de mesas no Brasil são as mesas úmidas, ou mesas d'água (wet cutting), e as mesas aspiradas (downdraft tables). No corte manual o principal método de controle é via aspiração e no corte mecanizado (CNC) o método ainda predominante no Brasil é a mesa d'água. Apesar de haver uma significativa diferença em termos de eficiência de captação em favor das mesas aspiradas, desde que tenham a vazão correta, as mesas d'água também têm condições de reduzir a emissão de fumos. Mesas d’água Antes de mais nada é necessário que se faça uma distinção entre o plasma submerso e as mesas d'água. No método de corte a plasma submerso, o corte é realizado abaixo do nível da água. Este método praticamente elimina os problemas ambientais mas sua utilização tem grandes limitações do ponto de vista do processo produtivo. Desde razões de qualidade da peça cortada até a produtividade, vários são os fatores que impedem a disseminação de seu uso. As chamadas mesas d'água são constituídas basicamente pela estrutura de apoio das chapas a serem cortadas e um reservatório de água logo abaixo do nível de corte (nível de apoio da chapa). A água atua como um absorvente dos poluentes gerados e ajuda a reduzir os níveis de ruído do processo. Para que a água possa, de fato, atuar como meio de controle é necessário que a distância entre sua superfície e o nível de corte seja a menor possível. Quanto maior for a distância entre a superfície da água e o nível de corte, menor a eficiência de captação dos fumos. A espessura da lâmina d'água é, usualmente, 100mm e é necessário o uso de aditivos para redução da tensão superficial e prevenção da disseminação de bactérias. Figura 2 A mesa contém uma lâmina d'água logo abaixo do nível de corte que absorve parte dos fumos e reduz o nível de ruído do processo. As mesas d'água têm como principal vantagem seu baixo valor de investimento inicial. Uma outra vantagem é a redução do nível de ruído do processo. Estas vantagens porém são largamente superadas por desvantagens de custo de operação e pelas crescentes exigências de controle ambiental, conforme detalhado mais à frente neste artigo. Mesas de corte aspiradas As mesas de corte aspiradas são constituídas por uma estrutura de suporte da chapa a ser cortada e um sistema de compartimentos (setores) e válvulas (dampers) que possibilitam a captação dos poluentes via sistema de exaustão e filtragem. As mesas de corte aspiradas, também chamadas “downdraft tables” são as mais utilizadas em mercados tecnologicamente mais avançados onde já não se admite o uso de água como meio de absorção dos fumos metálicos. Figura 3 Uma mesa de corte setorizada, com sistemas de dampers e acoplada a um sistema de exaustão e filtragem, faz a coleta dos poluentes e os conduz, via tubulação, até o filtro. A compartimentação consiste na segmentação transversal da mesa em trechos que variam de 0,5m a 1,0m de comprimento (C) e largura (L) igual à da mesa de corte (ver figura 3). Essa compartimentação permite uma redução muito grande da vazão requerida e conseqüentemente do dimensionamento do sistema de exaustão e filtragem. Para que a exaustão seja eficiente é necessário que um sistema de válvulas (dampers) abra e feche automaticamente provendo exaustão no seguimento onde o corte está sendo realizado. O acionamento destes dampers é usualmente mecânico e executado pelo próprio pórtico da máquina de corte através de um sistema de alavancas (cames). Deste modo, à medida que a tocha se movimenta ao longo da chapa, a exaustão estará sempre presente na área de corte, evitando-se desperdício de vazão em outras áreas da mesa onde não há poluente sendo gerado. O correto dimensionamento da mesa e do sistema de exaustão e filtragem é, neste caso, fator crítico para um bom funcionamento desta solução ao longo do tempo. A filtragem dos poluentes gerados no corte à plasma não é trivial, assim a especificação do filtro deve ser realizada por empresa qualificada e com experiência específica neste tipo de aplicação. Não raro, filtros mal dimensionados saturam-se em pouco tempo exigindo trocas constantes de elementos filtrantes e, em casos extremos, o abandono do sistema. No caso de processos de corte à plasma manual, a mesa normalmente é de menor dimensão, o que dispensa a compartimentação. O principio de exaustão e filtragem porém é o mesmo e os cuidados no dimensionamento do sistema idênticos aos acima mencionados. VANTAGENS, LIMITAÇÕES E DESVANTAGENS DE CADA MÉTODO MESAS D’ÁGUA Vantagens As mesas d'água apresentam como principal vantagem um menor custo inicial do investimento uma vez que dispensam os mecanismos internos e o sistema de exaustão e filtragem necessários nas mesas aspiradas. Uma outra vantagem das mesas d'água é a redução do ruído do processo. Para que isso ocorra porém, é necessário que a superfície da água esteja à mínima distância do nível de corte o que pode levar a outros inconvenientes conforme descrito a seguir. Limitações Devido à concepção da mesa contendo um “tanque d'água”, um bloco único estanque e soldado, não há modularidade no equipamento. Deste modo, qualquer alteração de lay-out ou de processo requer profundas mudanças no equipamento, quando não sua troca completa. No corte de metais susceptíveis a “choques térmicos” como, por exemplo, aços liga, aços inoxidáveis, alumínio e outros, o risco de uma alteração metalúrgica indesejável da área de corte pelo contato com água, deve ser considerado como uma limitação deste método assim como a corrosão. Porém, talvez a maior limitação das mesas d'água seja sua reduzida capacidade de retenção dos poluentes. Devido, entre outros fatores, à tensão superficial da água, uma significativa parte dos poluentes gerados não é absorvida e permanece contaminando o ambiente. Os gases tóxicos nitrosos (NOx) e ozônio (O 3 ), praticamente não são captados visto que a água não os retém. Desta forma a água pode ser considerada uma solução paliativa e não uma solução no estrito senso da boa técnica. Desvantagens Há uma série de desvantagens nas mesas d'água, algumas com conseqüências potenciais graves. Para maior facilidade de entendimento abaixo estão listadas as mais importantes: §Elevado custo de operação: os custos decorrentes das freqüentes paradas para limpeza com necessidade de esvaziamento e re-enchimento do tanque de água, emprego de maior número de pessoas, maior tempo de parada do processo e tratamento da água utilizada, são muito mais elevados quando comparados às mesas aspiradas. §Menor produtividade: ao se considerarem os tempos de parada do processo ao longo de um ano por exemplo, verifica-se que a produtividade é muito prejudicada. Estes tempos de parada se explicam pela dificuldade da operação de limpeza do tanque de água e pela constante manutenção que o equipamento requer. §Passivo ambiental potencial: no caso de descarte da água contaminada com metais pesados (o que é totalmente irregular) a contaminação de mananciais, solos, lençol freático ou esgotos pode se constituir num passivo ambiental enorme que ameaça a própria existência de algumas empresas. Nos casos em que a água é tratada há que se verificar se a estação de tratamento utilizada possui as características necessárias para o tratamento destes poluentes. Nos casos em que a água de descarte é coletada por empresa de tratamento terceirizada, além dos custos elevados, há sempre o risco de que o tratamento não esteja sendo adequadamente realizado, recaindo sobre a empresa contratante a responsabilidade. §Menor vida útil dos equipamentos: devido às características de operação e, principalmente, à presença da água e vapor d'água, o equipamento apresenta reduzida vida útil, em média, metade de uma mesa aspirada. Além disso a própria máquina de corte é afetada pelo aumento de umidade com conseqüentes impactos nos custos de manutenção e na sua vida útil. MESAS ASPIRADAS Vantagens As mesas aspiradas apresentam uma longa lista de vantagens quando comparadas com as mesas d'água. Estas vantagens podem ser apresentadas na realidade, como um contra-ponto às desvantagens mencionadas para as mesas d'água. Assim temos: §Menor custo de operação: a utilização de um sistema seco, onde o acesso ao interior da mesa é fácil, sem necessidade de operações especiais, torna o custo de operação muito menor já que as operações de limpeza são rápidas e requerem pouca mão de obra. Os únicos resíduos desta operação são as borras e os retalhos, além do pó mais pesado. O volume de resíduos não é menor apenas porque não há água de descarte mas também porque uma grande quantidade de particulado que outra forma teria contaminado o ambiente ou gerado lodo foi coletado diretamente no filtro do sistema de exaustão. §Maior produtividade: dado ao tempo muito menor das operações de limpeza e a menor necessidade de manutenção, os tempos de parada do processo são muito reduzidos. Isso afeta diretamente a produtividade que aumenta proporcionalmente. Além disso, um sistema automático de limpeza de resíduos pode ser instalado na maioria dos modelos, praticamente eliminando os tempos de parada para limpeza. §Eliminação do passivo ambiental: com a eliminação da água e o sistema de coleta de particulado via exaustão e filtragem, elimina-se também o risco de contaminação de mananciais, solos, etc. Os resíduos coletados são tratados de mesma forma que os demais resíduos sólidos oriundos da produção sem custos adicionais. §Maior vida útil dos equipamentos: conforme descrito acima, o vapor e os fumos metálicos constituem-se num agressivo meio para os dispositivos mecânicos eletrônicos de um equipamento de corte CNC. Podem também prejudicar outros equipamentos da produção. O sistema de exaustão das mesas aspiradas elimina os vapores e reduzem drasticamente a emissão de fumos metálicos para o ambiente interno e externo. Desta forma preservam-se os equipamentos reduzindo as manutenções e aumentando sua vida útil. §Modularidade: por se constituir de compartimentos modulares, as mesas aspiradas apresentam grande flexibilidade em termos de lay-out e alteração de capacidade de produção. Basta retirar ou acrescentar módulos que a mesa pode ser estendida ou reduzida em seu comprimento sem necessidade de nenhuma outra alteração. §Qualidade do corte: as mesas aspiradas não interferem na qualidade do corte. Não há o problema de efeitos metalúrgicos ou corrosão indesejável já que não há contato da chapa com água. §Maior eficiência de captação: desde que acoplada a um sistema de exaustão e filtragem adequadamente dimensionado, a mesa aspirada possui maior eficiência de captação dos poluentes, inclusive aqueles não abatidos pela água como os gases nitrosos (NOx) e ozônio (O3). Limitações A principal limitação das mesas aspiradas refere-se à vazão de projeto. Na grande maioria dos casos o sistema de exaustão é dimensionado para uma determinada “área aberta”, ou seja, considera-se que a chapa a ser cortada ocupe uma porcentagem da superfície da mesa; usualmente de 30% a 50%. À medida que outras dimensões de chapa venham a ser utilizadas as mesas aspiradas podem ter sua eficiência de captação comprometida. Deste modo é muito importante que se estude o processo em detalhes para que se determine com segurança a área aberta a ser considerada no projeto de exaustão e filtragem. Outra limitação da mesa aspirada é que o filtro seja adequado para este tipo de aplicação. Como já mencionado anteriormente, a filtragem dos fumos (particulado) do corte à plasma não é trivial. É necessário que o filtro tenha as características adequadas para esta aplicação. Eventuais fagulhas que atinjam um elemento filtrante podem oferecer risco de incêndio. Assim é necessário que este sistema possua um defagulhador para eliminação do risco de incêndio do filtro. Desvantagens O maior custo inicial do investimento na mesa aspirada deve-se não somente à mesa em si mas, principalmente, ao sistema de exaustão e filtragem necessário. Este valor do investimento porém é compensado pela redução no custo de operação. Alguns estudos mostram que o tempo de retorno do investimento na mesa de exaustão, quando comparado com os custos de operação da mesa d'água, varia de 1 a 3 anos. Outra desvantagem do sistema de mesa aspirada é a necessidade de monitoramento e substituição periódica dos elementos filtrantes (em geral 6.000hs) do sistema de filtragem. Este monitoramento é a garantia de um sistema funcional que preserva a eficiência de captação e as vantagens da solução adotada. Finalmente a mesa aspirada não tem as mesmas propriedades de redução de ruído da mesa d'água. Conclusão Em vista das evidentes vantagens do uso de mesas aspiradas acopladas a sistemas de exaustão e filtragem e a facilidade de equacionar suas poucas limitações e desvantagens, conclui-se que seu uso é o mais indicado para os processos de corte à plasma tanto CNC como manuais. Some-se a isso a longa lista de desvantagens e o abandono do uso das mesas d'água em países tecnologicamente mais desenvolvidos, a conclusão é clara em favor das mesas aspiradas. Finalmente, o uso de soluções ambientalmente corretas e que de fato ofereçam segurança ao trabalhador, permitem a redução do chamado “fator previdenciário” e dos encargos sociais incidentes sobre atividades com riscos ambientais (Art 10 Lei 10.666/2003). A Nederman é um dos líderes mundiais na oferta de produtos e serviços no setor de tecnologia ambiental. Os produtos e sistemas da empresa contribuem para a criação de ambientes de trabalho e processos industriais limpos e seguros, com foco em tratamento do ar, reciclagem e manejo de materiais. A Nederman oferece ao mercado desde o projeto até a instalação, comissionamento e assistência técnica. Vendas e marketing são efetuados via subsidiárias em mais de 27 países, e por agentes e distribuidores em mais de 30 países. Tem atividades de desenvolvimento e de produção e unidades próprias de fabricação e montagem em 9 países, inclusive no Brasil. O grupo é cotado na Bolsa de Estocolmo (OMX Small Cap list) desde 2007. Emprega 1.500 pessoas e tem uma receita bruta da ordem de 225 milhões de euros. www.nederman.com.br