Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões
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Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões
1 Revista Betel Apresentação E u, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. I Coríntios 2:1-2. O Evangelho de Deus é uma Pessoa. Não é um ensino, não é uma doutrina, não é uma técnica, não é uma fórmula. É uma Pessoa, o Filho de Deus, Jesus Cristo. Foi esta a decisão que o apóstolo Paulo tomou, de pregar unicamente a Jesus Cristo, e este crucificado. O único Evangelho, verdadeiramente Boa-Nova, é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo para a cura de todas as nações. Assim sendo, somos gratos a Deus por mais esta edição, e desejamos que na Sua infinita misericórdia e graça nos propicie todos os recursos para que Cristo seja tudo em todos. Que todos os leitores façam suas colheitas no maravilhoso campo das insondáveis riquezas de Cristo! Amém. Os Editores 2 Revista Betel “Cristo é tudo em todos” • Ano 8 • Nº 2 • Verão 2013 Sumário Apresentação, 1 Estudo Bíblico A Pérola dos Salmos, 3 Avivamento, 8 Cuidado com a Mentira, 12 Gotas de Sangue na Prensa de Azeite, 16 Riqueza da Graça Pentecostes, 20 O cristão e a proposta do mundo, 23 O Segredo de uma Vida de Oração, 26 A Porta e o Caminho, 29 Legado Precisamos Novamente de Homens de Deus, 32 Um Vaso de Alabastro, 35 A Intolerância Bíblica, 43 Associação Betel, 47 Humberto X. Rodrigues Glenio Fonseca Paranaguá Sinval T. da Silva Abel Emerich Leonard Ravenhill J. C. Metcalfe E. M. Bounds Watchman Nee A. W. Tozer C. H. Mackintosh Martin Lloyd-Jones Revista Betel Estudo Bíblico A Pérola dos Salmos 3 Humberto X. Rodrigues Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida: e habitarei na casa do Senhor por longos dias. O Salmo 23 é considerado pelos estudiosos da Bíblia como a pérola dos Salmos, pela sua simplicidade, beleza e doçura. Encontramos aqui um relacionamento íntimo e intenso do Pastor com a ovelha. O Pastor é o nosso Senhor Jesus e as suas ovelhas são todos aqueles que foram redimidos pelo Seu sangue. Esta pérola está fundamentada em três grandes verdades: a provisão, o andar e a comunhão. A provisão está relacionada ao que o Senhor é, e o que Ele fez por nós. Numa palavra: a provisão nada mais é do que a Sua suficiência. Vemos isto nos versículos 1,2,3: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. O salmista começa com uma grande afirmação: O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele não faz nenhuma alusão à necessidade, mas tomou a posição de 4 Estudo Bíblico um filho que, nada tendo, mas possui tudo. Pobre, mas rico e abundante Nele. Esta é a história de cada um de nós: nossa pobreza O fez pobre para que, Nele, fôssemos ricos. Ele se fez faminto e sedento por nós, para nos levar a um lugar de refrigério. Estávamos cansados, fatigados, mas Ele nos deu repouso. No evangelho de João capítulo 7:37, encontra-se um relato em conexão com a festa do tabernáculo: No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. João disse, “levantou e exclamou”. Qual é a força que está por trás desta atitude de Jesus ao se levantar e exclamar? Alguns estudiosos vêem aqui um momento único, algo parecido com um intercessor que se coloca no lugar de alguém e se desespera pelo desesperado e sedento. E, ao mesmo tempo, Jesus se revela como a Fonte única e abundante para dessedentar o sedento, venha a mim e beba. Venha a mim e beba, esta é a vida transbordante. Em um dos nossos hinos, encontramos uma frase que diz: “Tu, oh Cristo, és tudo que eu quero. Mais do que tudo, em ti, eu encontro.” Esta é a linguagem daquele que ouviu e recebeu o chamado do nosso Senhor, venha a mim e beba.O apóstolo Paulo fala de uma riqueza em glória. E o meu Deus, segundo a Revista Betel sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Filipenses 4:19. Esta palavra “riqueza” sugere um suprimento infinito e inesgotável, pois as riquezas de Deus, ao contrário das riquezas do mundo, não têm absolutamente limite. A palavra grega riqueza, Ploutos, é semelhante a Pleion, que significa muito, muito mais, tendo a mesma raiz que expressa a idéia de pleno, cheio e abundante. Mas este conceito não basta; é preciso acrescentar outra palavra em grego, Perisseuo, que significa exceder, ser supérfluo. As riquezas em Cristo são tão abundantes em nossa direção que chegam a exceder qualquer tipo de demanda, mesmo levando em conta nossa desmedida falta de merecimento. Nas palavras de Guthrie: “A miséria do homem e não o seu mérito é o ímã que atrai dos céus o Salvador.” Depois da provisão, começamos a andar no caminho traçado pelo Pastor. Ele conhece o ponto de partida, o caminho dos vales, dos montes e montanhas. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. O nosso Senhor conhece os perigos, as dificuldades que poderiam ocorrer com as ovelhas. Nesta jornada, o Pastor não se ausentará e jamais abandonará o Seu rebanho. Revista Betel Estudo Bíblico Andar com o Senhor é aceitar o seu jugo, que não é pesado, pois Ele disse: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.Mateus 11:28-30. Neste texto, o Senhor nos chama para Si, vinde a mim, e nos fala da nossa união com Ele; em seguida, Ele nos pede para tomarmos o seu jugo, mostrando-nos o princípio diário do nosso morrer, e, finalmente, Ele diz: aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração. Aqui é-nos revelado o propósito pelo qual fomos chamados: para sermos parecidos com Ele. Se dissermos que estamos andando com o Senhor e não trouxermos estas duas marcas de Cristo, não é com Ele que estamos andando. Unidos em Cristo, a cruz realizará a obra de desconstrução de tudo aquilo que não agrada ao Senhor e abrirá o caminho para um relacionamento íntimo com o nosso Senhor. A caminhada é longa, e aqueles que nasceram de novo precisam saber que essa intimidade não é instantânea, mas sim um processo. Muitos tentam acelerar essa caminhada criando métodos, mas infelizmente esses métodos vão causar sérios problemas, porque o relacionamento ín- 5 timo com o Senhor é uma conquista diária. Nosso Pastor já passou pelo vale da morte. E, Nele, podemos dizer: não temerei mal nenhum. Isso é verdadeiro em todos os aspectos. Da vitoriosa experiência de Sansão, sai o seu enigma: Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura.Juízes 14:14. Aqui Sansão se refere ao leão que ele matou e, dias depois, encontrou com um enxame de abelhas com mel. Que lição poderia tirar deste episódio? O leão, neste contexto, tipifica um problema ameaçador, pois nenhum de nós está vacinado contra dificuldades. Então, como tirar comida e doçura do comedor? Olhando todas as coisas do ponto de vista de Deus. Caso contrário, seremos comidos pelo leão. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar. I Pedro 5:8. Aqui está o segredo da vida cristã: em vez de sermos devorados pelos problemas, nós que os devoramos, e é nisto que nos tornamos dóceis pela doçura de Cristo. E passamos a ser como um favo para uma humanidade mergulhada na amargura. Esse é o verdadeiro significado do crescimento. Tomou o favo nas mãos e se foi andando e comendo dele; e chegando a seu pai e a sua mãe, deu-lhes do mel, e comeram; porém não lhes deu a saber 6 Estudo Bíblico que do corpo do leão é que o tomara. Juízes 14:9. Quando passamos pelo vale da sombra da morte, que são aqueles momentos sombrios e humilhantes, aprendemos o sentido da comunhão. No sofrimento, ao invés de nos referirmos a Deus como “ele”, passamos a chamá-Lo de “tu”. Assim, quando nos encontramos no vale da sombra da morte, dizemos: porque tu estás comigo. Estamos face a face com o nosso Deus. O caminho foi preparado para desfrutarmos da Sua mesa, preparado por Ele mesmo. Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. A nossa caminhada prossegue. Agora, nos encontramos na terceira e grande verdade: a comunhão. Se lermos cuidadosamente a Bíblia, vamos descobrir que, antes de qualquer realização ou trabalho, Deus nos chamou para vivermos diante Dele. Antes do ide, temos o vinde. Antes do fazer, temos o crer. O desejo expresso de Deus nas escrituras, antes de qualquer realização externa, é nos conduzir a uma vida mais profunda simbolizada pela “mesa”. Por que preferimos o ide ao invés do vinde, o desempenho ao invés do descanso, o trabalho quando Ele nos pede para esperar? Adão, depois da queda, tentou se Revista Betel cobrir com folhas de figueira. Caim ofereceu a Deus uma oferta, fruto do seu trabalho. Os homens perguntavam a Jesus: Que faremos para realizar as obras de Deus? Tudo indica que, por trás das realizações há uma necessidade de aceitação. O homem tenta ser aceito por Deus pelos seus méritos. Então, mãos a obra! Depois da queda, o homem perdeu a visão do verdadeiro motivo pelo qual foi chamado. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. I Coríntios 1:9. Isto não significa que o homem não tenha que realizar algumas tarefas. Sim, o homem tem algo para realizar, mas em cooperação e a partir de Deus. Ao criar o homem, o Senhor o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. Na redenção Deus trabalha no homem para que este possa trabalhar para Ele. Deus, em Cristo, está nos atraindo dia após dia para a “mesa” que Ele mesmo preparou para nós. Ele quer que tenhamos um relacionamento íntimo. Ele está nos conquistando diariamente para nos levar à Sua mesa, onde desfrutaremos das delícias por toda a eternidade.Esse é o objetivo final do Pastor.Tudo o que Ele planejou e espera e tem em vista é nos conduzir à Sua presença. Tu me farás ver os caminhos da vida; na Revista Betel Estudo Bíblico tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Salmos 16:11. O Espírito Santo, através do apóstolo Paulo, usa uma palavra grega para falar dessa superabundante graça de Deus: Enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós. A palavra Huperballo significando aquilo que passa de um certo limite, como uma flecha que ultrapassa o alvo, ou uma vasilha que ferve e derrama o seu conteúdo, transmitindo a idéia daquilo que é excessivo, exagerado, proeminente. A provisão nos fala da riqueza de Sua graça que Ele mesmo derramou sobre nós. O nosso Deus é pródigo em graça. Vários termos são usados para expressar a riqueza que está disponível para os seus. A multiforme 7 graça, a suprema riqueza da sua graça, insondáveis riquezas, graça sobre graça, plenitude, graça transbordante. A graça nos é apresentada como uma benesse pura, generosa e transbordante, estendendo o seu favor para os que não merecem: Cálice transbordante. O nosso Pastor nos conduz pelo vale da sombra da morte. Através dessas experiências, começamos pouco a pouco a entender o coração de Deus e a compreender que, para que Cristo seja formado em nós, é necessário passarmos por dores de parto. E, em Sua companhia, desfrutaremos do Seu amor. Compremos, então, colírio para os nossos olhos para que possamos vê-Lo! E, ao vê-Lo, seremos reduzidos à zero. Porque tu és pó e ao pó tornarás. “Qualquer que se incline a julgar o pecado pelas medidas superficiais de qualquer escola de pensamento humano, deve voltar-se para a Cruz para receber a revelação sobre a sua verdadeira natureza. E, todos aqueles que quiserem confinar o Rio da Graça dentro de pequenos canais humanos, deve também ser levado para à Cruz para compreender o irresistível alcance deste Rio de Vida que brota do Trono de Deus.” -- George Campbell Morgan “A escravidão do pecado é parte de sua pena. quando o homem se entregou ao pecado, tornou-se servo do pecado. Por meio da Cruz o Rei fez a provisão necessária para que o homem pudesse ser redimido de sua servidão. No ministério de Sua paixão o Rei conduziu ao EXODUS todos aqueles que seguindo-O, deixam para trás, para sempre, as cargas e os efeitos do mal, passando à gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. -- G.C.Morgan 8 Estudo Bíblico Avivamento Revista Betel Glenio Fonseca Paranaguá Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi. Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, e no meio dos anos faze-a conhecida; na ira lembra-te da misericórdia. Habacuque 3:2. P arrel Bridges disse que: “Avivamento não é tampa explodindo, mas fundo caindo. Não é trovoada nem terremoto, mas a Palavra santa de Deus falada na suavidade da brisa, para produzir a verdadeira vida.” E. Baker mostra que “um avivamento pode produzir barulho, mas não é nisso que ele consiste. O fator essencial é a obediência de todo o coração”. Muitas pessoas se impressionam com os movimentos agitados e pensam que aí está a vida de Deus. Animação nunca significou que isto representa a operação do Espírito Santo. É verdade que as pessoas motivadas pelo Espírito de Deus são entusiasmadas e vigorosas. Há um estímulo encantador no progresso da vida cristã genuína. Mas, não podemos misturar animação com avivamento. No avivamento não é a alma que está no comando. O velho homem é motivado por sua alma, por isso, ele fica animado ou mesmo desanimado, dependendo dos estímulos. Revista Betel Estudo Bíblico Mas o novo homem é acionado pela vida do Espírito de Deus no seu espírito vivificado. Deus, por meio de Jesus Cristo, justifica os pecadores, perdoando-lhes os seus pecados, e pela graça os regenera, dando-lhes vida em seu espírito. A nova criatura, gerada pela graça de Deus, mediante a ressurreição de Jesus Cristo, ganha um espírito vivificado que passa a viver sob o comando do Espírito Santo. Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados. E estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos). Efésios 2:1e5. Deus nos vivifica em Cristo para vivermos a vida avivada pela graça. Avivamento é, pois, a vida de Cristo dada a nós, depois de termos perdido a nossa vida na cruz, juntamente com Ele. Se um morreu por todos, logo todos morreram, e Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5:14b-15. Mortos para o pecado em Cristo, ganhamos a vida no espírito. O avivamento bíblico é o esvaziamento da vida animada da alma rebelde, na cruz com Cristo, e a doação da vida inspirada pela graça, na ressurreição de Cristo. Neste ponto todos os regenerados passam a viver pela suficiência do poder vivificador do Espírito Santo. E, se o Espírito 9 daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. Romanos 8:11. A presença do Espírito de Deus em nosso espírito nos capacita a viver a vida de Filhos de Deus. É nisto que consiste o avivamento da Bíblia. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Romanos 8:14e16. O avivamento sustentado pelas Escrituras não é um mero movimento de bonecos animados ou a energia das almas ativadas, mas a vida santa de Deus concedida pela graça de Cristo no poder do Espírito Santo. Edwin Orr disse que a melhor definição de avivamento é “tempos de refrigério... na presença de Senhor.” Muitos confundem tempos de refrigério com tempos de refrigerante. Isto quer dizer: Tempos de boa vida. É assim que alguns interpretam o sentido do avivamento. É viver uma vida isenta de tribulações e com o maior progresso material. Mas avivamento no conceito bíblico não apela para esta ideia esquisita. Quando Deus opera no seio do seu povo de um modo real, este povo se levanta para enfrentar as circunstâncias mais adversas, pois, agora que ficou cheio 10 Estudo Bíblico da vida de Cristo está capacitado para desenvolver a missão de Cristo na terra. Assim, quando o Senhor aviva a sua Igreja ela se torna operante sem ser ativista; vigorosa sem ser meramente animada; sonora sem ser barulhenta; piedosa sem ostentação, vivendo os tempos de refrigério, sem o menor comodismo. “Uma igreja avivada pelo poder do Espírito Santo de Deus, vive a suficiência da vida de Cristo no temor do Senhor e na singeleza de coração, sem qualquer preocupação com o rufar dos tambores ou o mover das águas.” Deste modo, o avivamento não é uma invenção terrena; é uma criação celestial. O pecado separa Deus do homem e gera a morte. No avivamento, Deus salva o ser humano, para depois vir habitar no seu ser. No pecado, temos o homem tentando viver sob o regime da morte. No avivamento, Deus liberta o homem do pecado e vem viver a sua vida no coração humano. Avivamento é tão somente Deus vivendo a sua vida santa em pessoas que foram justificadas pelo sacrifício de Cristo e que se encontram regeneradas pela vida de Cristo. Todo avivamento que já aconteceu no mundo ou que ainda está acontecendo se baseia fundamentalmente no caráter da santidade de uma vida perfeitamente santa. A ênfase do real avivamento é o caráter de Cristo na vida do cristão Revista Betel e não o carisma cristão tentando provar ser a vida de Cristo. Muita gente confunde caráter de Cristo com carisma. Confunde o perfil moral com os dons. O caráter fala daquilo que o homem é no escuro, quando ninguém o vê. O carisma ou dom prefere as luzes e a plateia. No avivamento de Deus há caráter e carisma, mas o caráter sempre precede o carisma. A árvore antecede ao fruto. O carisma sem caráter é o fruto sem a árvore. É plástico e sem vida. “Deus aviva dando a vida de Cristo, e esta vida santa produz frutos de santidade e feitos santos no poder e comando do Espírito Santo.” A vida de Cristo é o caráter. A ação do Espírito é o carisma. Todo aquele que foi salvo pela graça e goza da realidade viva de Cristo, também pode ser instrumentalizado pelo Espírito Santo, manifestando os dons da graça. Não se deve misturar as virtudes e poderes da alma com os dons do Espírito Santo. A alma consegue produzir feitos notáveis por meio de seus poderes latentes. Os magos no Egito faziam muitas coisas semelhantes ao poder de Deus que operava em Moisés. Por isso não se deve identificar os poderes da alma com os dons do Espírito Santo. Assim, é preciso separar o falso do verdadeiro. E o caráter é ainda a mais eficiente prova. Examinai-vos a vós mesmos, se perma- Revista Betel Estudo Bíblico neceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. 2 Coríntios 13:5. Se Cristo habita em nossos corações, a sua vida em nós transparece na qualidade moral que marca as impressões da santidade. Só uma vida santa age nos padrões da verdadeira e pura santidade. Não há máscaras nem manipulações. “Todos os dons de Cristo são como Ele mesmo: espirituais e celestiais.” Só quem experimentou o nascimento espiritual pode ter os dons celestiais. Ninguém pode ter os dons do Espírito sem ter o próprio Espírito. Ninguém pode ter o Espírito sem ter a vida de Cristo. Ninguém pode ter a vida de Cristo sem ter morrido com Cristo. Ninguém pode ter morrido com Cristo sem ter sido atraído por Ele. Foi por este motivo que Jesus Cristo nos atraiu quando foi levantado na cruz, a fim de nos fazer morrer juntamente com Ele, e deste modo, ganhamos a sua vida santa na ressurreição, para que o Espírito Santo viesse habitar em nossos corações. Com toda certeza o Espírito Santo não habita numa pessoa que não tenha sido regenerada. O Espírito da verdade, o qual o mundo não pode re- 11 ceber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque Ele habita convosco, e estará em vós. João 14:17. O Espírito Santo habita nas pessoas que foram crucificadas com Cristo e que receberam a vida de Cristo em seus corações. Ele é o Espírito Santo que só habita nos santos que foram santificados em Cristo Jesus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Romanos 8:9. Se alguém apresenta manifestações de poder e não demonstra o caráter da santidade de Cristo, podemos dizer com segurança que não se trata dos dons do Espírito. “O fruto do Espírito não é emocionalismo nem ortodoxia. É caráter.” E os dons do Espírito nada têm a ver com a projeção de ministérios ou a confirmação do sucesso. O Espírito Santo vem habitar nos corações regenerados a fim de realizar a missão de Cristo delegada pelo Senhor. Antes de mandar a igreja para o mundo, Cristo mandou o Espírito para a igreja com a finalidade de capacitá-la com o seu poder, para o desempenho de sua missão principal: Pregar o Evangelho. 12 Estudo Bíblico Revista Betel Cuidado com a Mentira Sinval T. da Silva Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham proferindo mentiras. Salmos 58:3. O homem é mentiroso por origem, por ascendência, por descendência, por essência, por costume, por natureza, já nasce mentindo, Salmos 58:3. Desde quando o diabo enganou a Eva lá no Éden por meio da serpente, Gênesis 3:4, a descendência de Adão mente, trapaceia, engana, tanto de maneira vulgar, corriqueira e habitual, como de modo aprimorado, calculista e fraudulento para levar algum proveito ou prejudicar o próximo. A inclinação para a mentira faz parte do conjunto das características mentais, psicológicas e afetivas dos seres humanos desde o nascimento. O pecado da mentira é inerente à espécie humana, independente da influência da sociedade ou cultura específica em que o indivíduo nasce e se desenvolve. Dizem os cientistas que os cérebros dos mentirosos têm vinte por cento a mais de massa branca, e catorze por cento a menos de massa cinzenta. Sem levar em conta a quantidade e a cor da massa cerebral do Revista Betel Estudo Bíblico indivíduo, todas as pessoas mentem de uma forma ou de outra. A maioria sofre de mitomania, a mania de mentir. Muitos são mentirosos refinados, afeiçoados à mentira por conveniência, para levar vantagem, ou até mesmo por motivos fúteis. Não importa o perfil psicofisiológico que determina os traços temperamentais do indivíduo; tanto os sanguíneos, os coléricos, os melancólicos, os fleumáticos, ou introvertidos e extrovertidos são afeiçoados à mentira: Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo o homem. Romanos 3:4. Nenhum ser humano pode contestar o que Deus diz nas Escrituras. Estima-se que uma pessoa diz pelo menos cento e vinte mentiras por dia. As mentiras são proferidas em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na escola, no escritório, em todos os lugares, a qualquer hora. Os pesquisadores afirmam que os maiores mentirosos estão entre políticos, advogados, jornalistas, cientistas, psicólogos, médicos, comerciantes, vendedores, publicitários e pregadores de religião. Todas as mentiras são perigosas; mas, a mentira religiosa é a de maior gravidade, pelo fato dela enganar milhares de pessoas inocentes e conduzi-las ao fogo do inferno. O homem em seu estado natural, sem a vida de Cristo é um mentiroso 13 em potencial; mente com a própria aparência; mente parecendo ser o que não é, e mente sendo o ser que é; mente com palavras e ações; mente para se defender e para acusar; mente para acariciar e para ferir; mente para seduzir e para reprimir; mente por medo e mente corajosamente; mente para se desculpar e para justificar; mente ao sair e ao chegar; mente nas transações comerciais e nos relacionamentos sociais; mente por brincadeira e com seriedade; mente para ganhar e para lesar; mente para não falar ao telefone e mente falando ao telefone; mente para ficar em paz com familiares e mente para promover guerra entre familiares; mente negando a verdade e mente afirmando a mentira; mente particular e publicamente; mente religiosa e socialmente; mente à esposa; mente ao marido; mente aos filhos; mente aos pais; mente aos amigos e inimigos, mente a si mesmo; mente por vicio; mente por inclinação; mente simplesmente por mentir; mente por nada. Daí, a solene advertência das Escrituras: Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Efésios 4:25. A mentira está no caráter, na cabeça, no sangue, no coração, na língua, nas palavras e nas ações das pessoas; tanto nas crianças, como nos jovens e 14 Estudo Bíblico adultos. Isso não significa que todas as pessoas mentem deliberadamente; mas, de modo geral todos mentem independente da vontade, até de maneira inconsciente, como se a mentira fizesse parte da musculosidade da língua. Nos lugares em que a maioria pensa que a verdade deveria prevalecer, é aí que as mentiras mais descaradas e absurdas correm soltas. As pessoas em quem deveríamos confiar são falsas, perigosas e mentirosas. Por isso a Escritura diz: Maldito o homem que confia no homem. Jeremias 17:5. A mentira é um vicio da mente; ela provém do campo das emoções cerebrais. A ciência descobriu que por meio da ressonância magnética é possível identificar as áreas emocionais do cérebro que denunciam a mentira. Apesar do avanço da ciência nesta área, este método não é totalmente confiável. Existe também um aparelho chamado polígrafo, utilizado nos meios policiais, que mede a pressão sanguínea e as batidas do coração quando o indivíduo dissimula a verdade. Mas, nem mesmo os detectores de mentiras conseguem impedir as pessoas de mentir; porque em alguns casos o equipamento não registra as alterações de certos fenômenos fisiológicos nas pessoas verdadeiramente frias, que conseguem com facilidade omitir a ver- Revista Betel dade. O certo é que a ciência ainda sabe pouca coisa sobre a mente dos mentirosos em potencial. O mentiroso é filho espiritual do diabo, que é pai da mentira, João 8:44. O filho procura imitar o pai em muitas coisas; ele tem o pai como modelo; e como o pai da mentira é especialista em mentir, daí a preferência do mentiroso é praticar o que mais admira no pai da mentira: Amas o mal antes que o bem; preferes mentir a falar retamente. Salmos 52:3. A mentira contraria tanto à lei da verdade, como a lei do amor. Ela é injusta, impiedosa e destruidora. Muitas desgraças têm acontecido no mundo por causa de mentiras. Todos concordam que as pessoas têm a língua solta demais, e que precisam de freios para controlar a fala. No entanto, a sociedade moderna aceita e pratica a mentira com tanta naturalidade, a ponto de ter escolhido um dia do ano para ser dedicado a ela. Desde quando Carlos IX, rei da França ordenou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro, e não no dia primeiro de abril como era antes, o primeiro de abril ficou conhecido como o dia da mentira. Neste dia, de acordo com a lei dos mentirosos, o indivíduo tem toda liberdade para brincar com a mentira. Daí, o mentiroso aproveita a oportunidade para passar mensagens enganadoras, sem Revista Betel Estudo Bíblico se preocupar com suas consequências, e com a avaliação que poderão fazer do seu caráter e da sua conduta moral. Daí, a oportuna recomendação das Escrituras no sentido de tomarmos cuidado com aqueles que procuram nos enganar: Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar. I João 2:26. O mundo celestial e seus valores são ignorados quando o prazer de mentir se torna o objeto dos desejos. Duas espécies de paz devem ser mais temidas: paz com a mentira e paz na mentira. A mentira torna o coração insensível, entorpece a mente, causa conflitos e desavenças sociais, mata a fé e seca as forças da vida. Mentir é pecado, e o salário do pecado é a morte - Romanos 6:23. A sociedade moderna está tão familiarizada com a mentira, que até mesmo nos ambientes familiares, e nos recintos religiosos os enganos, as fraudes, os disfarces e as tapeações ocupam os primeiros lugares, e ninguém se importa. Em toda a Escritura temos advertências enérgicas contra as atitudes ímpias daqueles que não se preocupam com a qualidade e a sinceridade da fala: Pois não têm eles sinceridade nos seus lábios; o seu íntimo é cheio de crimes; a sua garganta é sepulcro aberto; com a língua 15 lisonjeiam. Salmos 5:9. A ilustração do sepulcro aberto mostra os efeitos maléficos do mau uso da língua. A sepultura aberta exala o mau cheiro devido à decomposição do cadáver, como também representa um grande risco, para quem não sabendo do perigo vir a cair na cova. O mentiroso é inconstante, covarde, desleal, traiçoeiro e perigoso. Não se pode confiar até mesmo em suas lisonjas. Isso não significa que todos os elogios são falsos. Existe elogio sincero, verdadeiro; mas, devemos tomar cuidado com a bajulação simulada, difícil de ser percebida. Os bajuladores apresentam palavras suaves, delicadas e meigas, somente para agradar; mas, por trás da fala adocicada pode estar uma língua afiada com intenções de ferir, destruir e matar. Muitas pessoas são agraciadas por Deus com o importante dom de línguas. Não estou falando de línguas que muitas pessoas falam nas igrejas. Estou referindo os poliglotas privilegiados que conhecem e falam diversos idiomas de muitas nações. No entanto, o mais importante não é saber falar e escrever em muitas outras línguas; mas, é falar a verdade; porque Deus promete destruir os que proferem mentiras, Salmos 5:6. 16 Estudo Bíblico Gotas de Sangue na Prensa de Azeite Revista Betel Abel Emerich E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra. Lucas 22.39-44. E , saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação. Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua. Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em ago- nia orava mais intensamente. “Cada um de nós caminha na crista estreita entre fidelidade e traição!” “Nenhum de nós está imune à sedução de um discipulado falsificado. Um evangelho diluído nos permite experimentar o melhor de dois mundos, uma vida de mediocridade dourada na qual nos dividimos de forma cuidadosa entre carne e espírito, mantendo os olhos atentos em ambos. O evangelho da graça barata dilui a fé numa mistura morna de Bí- Revista Betel Estudo Bíblico blia, nacionalismo e concessão - uma espiritualidade que não traz nenhuma semelhança com o mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus Cristo.” Brennan Manning Em lugar de Jesus, o que você faria? Nos versículos sobreditos a Palavra de Deus relata a agonia do Cordeiro Bendito, nos momentos precedentes à cruz. As horas passavam e o corredor da morte se estreitava; o estarrecedor enfrentamento do Calvário ficava cada vez mais iminente. Jesus entrou em agonia e orava mais intensamente! O lugar em que Ele e os discípulos se encontravam, era sombrio; um jardim situado no sopé do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, conhecido como “Getsêmani”. Getsêmani, literalmente, quer dizer “prensa de azeite”; com efeito, Jesus se encontrava com a alma na prensa! A hora “h” era chegada e o convite da agonia é o recuo. Nascera numa estrebaria, porque não havia lugar, para eles, na hospedaria (Lucas 2:7); vivera vida humilde; censurado; xingado; desprezado pela casta religiosa de seu tempo.Era amigo da ralé! Nada do que então havia passado, poderia ser comparado ao momento presente! A agonia era a sua inimiga íntima, 17 e acochava doído sua inocente alma. Porém, logo haveria de ser proclamado, aos céus e a terra, aos principados e as potestades; ao passado, ao presente e ao porvir, o objetivo precípuo à que viera ao mundo. Ele estava na prensa, suando como gotas de sangue e havia grande torcida para o seu recuo. Então, o que fazer? Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade e sim a tua. Lucas 22:41,42. A vontade do Pai restou cumprida, e, após a passagem estreita pela prensa, no Getsêmani, o monte Calvário foi alcançado e vencido. Não por acaso, a Palavra de Deus informa que a ascensão do Senhor, ao céu, se deu exatamente a partir do mesmo ponto onde iniciou a sua agonia, qual seja: o monte das Oliveiras. Atos 1:12. Quanto a nós, também não podemos alcançar a vida que flui da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, enquanto não tomarmos o caminho da prensa, que leva ao Monte Calvário. Lá nos deparamos com a porta estreita, o acesso via crucis. As marcas da cruz marcavam a quietude do apóstolo Paulo: Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. 18 Estudo Bíblico Gálatas 6:17. Tal afirmação é indicativa de que seremos inquietados pelas inquietações do nosso ego, até que recebamos a bordoada certeira, que nos capacita a estar na quietude da cruz. Somente assim poderemos exclamar tal e qual o apóstolo Paulo... ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus! A vida desse servo de Deus foi marcada por sofrimentos: “A segunda Carta aos Coríntios é, acima de tudo, um livro de sofrimento. Ali vemos o servo de Deus, seu vaso escolhido, passando por terríveis provas de fogo e sofrendo como, talvez, nenhum outro apóstolo ou servo do Senhor jamais tenha experimentado. O sofrimento está gravado no livro todo: sofrimento físico, mental e espiritual; alguns foram passageiros e outros permanentes. Mas ele mostra o motivo para esses sofrimentos ao dizer: Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo (4.10). Essa é a base de todo o ministério em vida. É preciso haver sofrimento e dor; é preciso haver cruz, se a vida de Cristo tiver de ser manifestada. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida. Sempre que houver um afastamento da cruz, uma fuga do Calvário, uma recusa do caminho da dor Revista Betel e do sofrimento, uma indisposição para pagar o preço e sofrer dor e perda, então haverá pobreza, morte, superficialidade e vazio que nada nos dará para ministramos aos filhos de Deus. Que a morte nunca cesse de operar em mim, para que a vida também nunca cesse de fluir para os outros. Qual é a explicação para a superficialidade e pobreza tão marcantes no ministério nestes dias? É porque os ministros mesmos experimentaram muito pouco. Eles deram um jeito de escapar da cruz sempre que Deus a ofereceu ou designou a eles. Sempre existe um meio de escape, outro caminho cujo preço não seja tão alto, um caminho inferior e não o caminho da cruz. Quão raros e poucos são os realmente ricos espiritualmente. E por quê? Porque seus sofrimentos não foram abundantes. Os arranjos de Deus são perfeitos. Ele sabe que tipo de sofrimento cada um precisa: se é físico, material, mental ou espiritual. Quando Deus em Sua sabedoria os faz chegar a nós, porque vê que precisamos deles, regozijemo-nos e procuremos ver o Senhor neles. Vamos aceitá-los com alegria, reconhecendo que somos totalmente fracos e incapacitados para eles, mas que Ele é graciosamente capaz. Ele realmente é, e, na circunstância, nós O encontramos em Sua Revista Betel Estudo Bíblico plenitude e suficiência. Conhecemos a Deus de forma real porque O encontramos fazendo em nós e por nós o que não podemos fazer. Assim somos capacitados a ministrá-Lo em vida aos outros, a edificar o Corpo, a espalhar vida – Sua vida – aonde quer que formos.Sempre que a mor- 19 te estiver realmente operando em nós, então, e só então, é que a vida pode verdadeiramente fluir para os outros.” (Watchman Nee). Sim! Eu sempre amarei essa cruz! “Nos primórdios, muitos escribas e fariseus eram bem versados nos escritos do Antigo Testamento, mas nenhum deles foi escolhido como ministro da Palavra.” “O problema atual está exatamente aqui: muitos podem pregar sobre a Bíblia, mas Deus não fala. Conhecer as palavras da Bíblia é algo bem diferente de se obter uma Palavra de Deus.” “Se a Bíblia for divorciada da Pessoa de Cristo, ela se torna um livro morto. Quem é o ministro da Palavra? É aquele que traduz Cristo na bíblia; quer dizer, ele fala às pessoas sobre o Cristo que conheceu nas palavras da Bíblia.” -- Extraído do livro: “O ministério da Palavra de Deus” de W. Nee. “A verdade não poderia ser verdade neste mundo, se não estivesse em luta; e suspeitaríamos da verdade, se o erro fosse seu amigo. A pureza imaculada da verdade sempre deve estar em guerra contra as trevas da heresia e da mentira.” -- C.H.Spurgeon “A Igreja Emergente surgiu como um esforço deliberado para tornar o cristianismo mais apropriado a uma cultura pós-moderna. Os cristãos emergentes estão determinados a adaptar a fé cristã, a estrutura de Igreja, a linguagem da fé e até a mensagem do Evangelho à retórica e às ideias pós-modernas.” -- Extraido do livro “A guerra pela verdade” de John Macarthur “Não creia em metade do que você ouve; não repita metade do que crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois, depois por quatro, e não diga nada acerca do restante dela”. -- Charles H. Spurgeon 20 Riqueza Pentecostes da Graça Revista Betel Leonard Ravenhill Mas recebereis poder quando o Espirito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra. Atos 1:8 L orde Montgomery, aquele imprevisível Marshall Inglês, disse recentemente que a Inglaterra entrou na Segunda Guerra Mundial equipada para lutar a Primeira Guerra Mundial. Isto foi um modo gentil de dizer que na Segunda Guerra Mundial a Inglaterra estava atrasada em equipamento e estratégia para batalha. Quando o Sr. Christopher Wren desenhou a grande catedral de São Paulo em Londres, ele planejou uma coisa de permanente beleza e imar- cescível encanto, porém não a pediu com ar condicionado. Quando George Stephenson construiu seu potente motor, ele não era silencioso e a diesel, mas uma máquina pouco motorizada que assobiava. Em outras palavras, tanto Wren como Stephenson subestimaram as necessidades de nossos dias, pois projetaram unicamente para os seus dias. Muitos têm hoje um patrocínio benevolente da igreja de Jesus Cristo (ou do que eles equivocadamente pensam ser a igreja de Jesus Cristo). Revista Betel Riqueza Estes “sábios” pensam que estes santos que ainda cantam salmos estão tão fora de lugar com a era atômica, como uma bicicleta sem valor estaria comparada com um motor comprimido numa rodovia de quatro vias. Foi Jesus Cristo culpado, então, de subestimar a necessidade deste século vinte? É a Igreja que Cristo fundou uma coisa enfadonha e de lenta mudança, gravemente necessitando de uma gigantesca revisão e de um subsídio do governo para conseguir ser atualizada e comovente? Não! A igreja não necessita de auxílio do estado. Admitimos, contudo, que a Igreja necessita de um poderoso recondicionamento pelas mãos Divinas, isto é, ela necessita o batismo com o Espírito Santo e com fogo. Quando o Senhor Jesus Cristo ascendeu aos céus no Monte das Oliveiras, Ele declarou aos seus discípulos que eles deveriam “esperar a promessa do Pai” - o “batismo do Espírito Santo” com seu poder resultante. A promessa foi exclusiva - Vós recebereis poder. Quem recebeu esta promessa? Somente os seguidores de Cristo. A promessa foi emocionante - Vós recebereis poder. Em ávida antecipação desta benção, a espera podia ver toda sua fraqueza evaporando no batismo de fogo. da Graça 21 A promessa foi explícita - Não muito depois destes dias. A promessa foi expansiva - Esta coisa não era para ser feita em uma esquina, nem sussurrada entre os redimidos. Ela deveria estender-se através deles à Judéia, Samaria, e até aos confins da terra. A promessa foi exaltante - No mundo inteiro das coisas criadas não há poder maior do que o do Espírito Santo de Deus. Eles foram cheios com o Espírito do Deus vivo. A terra não poderia ter nenhuma honra maior do que esta. Anjos, contemplai e maravilhai-vos! Cada coisa que há em cima nos céus, ou em baixo na terra, ou nas águas debaixo da terra - todas estas são obras dos Seus dedos e Poderoso é Aquele que condescendeu em vir e habitar entre os mortais. Mas apesar do Pentecostes significar poder aos discípulos - ele também significou prisão para eles. Pentecostes significava revestimento - ele também significava exclusão. Pentecostes significava favor com Deus ele também trazia ódio da parte dos homens. Pentecostes trouxe grandes milagres - ele também trouxe poderosos obstáculos. Pentecostes trouxe unção para os pregadores do cenáculo - ele também trouxe unção para um mero diácono que virou Samaria de cabeça para baixo. 22 Riqueza Na Europa, o Domingo de Pentecostes é sempre chamado Domingo Branco, e as crianças usualmente vestem-se de branco. Os discípulos foram feitos brancos no primeiro Pentecoste - isto é, seus corações foram purificados pela fé (Atos 15:8,9). Esta purificação é uma ênfase perdida atualmente na interpretação do Batismo com o Espírito. Sob o título de igrejas cheias do Espírito, há algumas coisas estranhas e frívolas operando no presente. Se muita ênfase não fosse dada aos dons do Espírito, então não seria tão pouco falado sobre os frutos do Espírito. Note quão poucos livros disponíveis falam sobre os frutos do Espírito; porém, quantos sobre os dons do Espírito. Todavia o Filho de Deus disse: Pelos seus frutos os conhecereis. A primeira coisa essencial para a vinda do Espírito Santo em um coração hoje é: que o coração esteja limpo do pecado, porque o Espírito Santo não enche um coração sujo. O que da Graça Revista Betel Deus limpou, Ele então enche. Finalmente, quem Deus enche, Ele usa. Uma vida santa é o autêntico sinal de ser cheio do Espírito. Necessitamos hoje de um reavivamento de vida santa. Porque temos que pendurar um letreiro do lado de fora de nossas igrejas para anunciar que somos Fundamentais e Bíblicos? Porque sem um letreiro ninguém poderia nos identificar? Quando passei por uma cidade que há poucos dias tinha sido despedaçada por um tornado, lhes asseguro que não precisava que alguém me contasse que um poderoso vento tinha despedaçado o lugar. Um incêndio não necessita de publicidade. Quando o fogo do Espírito Santo cai novamente e o poderoso vento do Espírito vem (estou certo de que Ele está vindo), então nossa sarça queimará também, e um Moisés tornará a ver uma grande visão. Assim pois, venha Espírito Santo! Venha rapidamente! Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto “O cristão em união com Deus descansa dos argumentos. É difícil para a alma reprimir a argumentação enquanto está alienada de Deus. Ela argumenta porque perdeu o Deus da razão. O crente verdadeiramente restaurado cessa da argumentação viciosa e complicada da natureza. A verdadeira sabedoria é desejar conhecer tudo aquilo que Deus deseja que conheçamos; é empregar nossa faculdade de percepção e raciocínio sob a direção divina e não buscar nada além deste limite. Você que busca a verdade: tendo exercitado sua razão até descobrir que não existe paz nela, descanse no Deus da razão. O que você não sabe, Deus sabe. Ande com os olhos vendados e Deus, com sua mão, guiará você.” -- T.C. Uphan Revista Betel Riqueza da Graça O Cristão e a Proposta do Mundo 23 J. C. Metcalfe Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim... Gálatas 2.19b-20 S atanás, de forma obstinada, sempre trabalha para impedir o testemunho do povo de Deus. Transformou-os em escravos de Faraó no Egito, que tipifica a opressão do mundo e de seu príncipe. Deu-lhes muitas ocupações para que não tivessem tempo para comunhão com Deus. Rugiu ferozmente quando Moisés anunciou o resgate que Deus operaria e aumentou a opressão. Sabendo que não podia lutar contra Deus, usou Janes e Jambres para imitarem os sinais di- vinos. Para que, através da confusão, pudesse impedir o avanço da obra do Senhor. Imitou por algumas vezes, mas falhou quando a essência da autoridade divina era exigida. E seus servos exclamaram: Isto é o dedo de Deus (Êxodo 8: 16-19). Obstinado, passou a permitir que o povo adorasse a Deus, desde que este ficasse no Egito (Êxodo 8:25). Opondo-se a uma separação entre o povo de Deus e o mundo. Uma tática eficaz para seus projetos. Depois tentou conciliar, permitindo que o 24 Riqueza povo saísse desde que não fosse longe (Êxodo 8:28). Ao ver-se acuado, passou a exigir que os filhos ficassem no Egito (Êxodo 10: 8-9). E, ainda que o povo fosse, mas que seus bens ficassem no Egito, a serviço de Faraó (Êxodo 10:24). Mas o chamado de Deus foi claro: Um caminho de três dias para longe do Egito (Êxodo 3:18). A travessia do Mar Vermelho, num claro rompimento com tudo que pertencesse ao Egito. O caminho pelo deserto, onde Deus seria tudo em todos. E o destino? Além do Jordão... Canaã. Três mil anos se passaram, mas Satanás usa as mesmas armas, agora contra o Corpo de Cristo na terra. Mas o propósito de Deus é o mesmo: Um povo seu, separado, santo. (I Pedro 2: 9; II Coríntios 6:17) Satanás usa o mundo para sufocar o tempo e os valores de quem professa seguir a Cristo. Fazendo com que muitos sejam cristãos de mente e pagãos de comportamento. Aquele que segue a Cristo está morto para o mundo e o mundo morto para ele (Gálatas 6:14). O mundo escolheu a Barrabás e mandou Jesus à Cruz e oferece o mesmo a quem, de fato, segue a Cristo. O cristão mostra-se infiel a Cristo na mesma proporção que tem comunhão com o mundo. A sensibilidade viva da natureza divina, presente em seus servos, recua da Graça Revista Betel perante a manifestação das trevas. O mundo é tudo aquilo que não é do Pai (I João 2: 15-17). O recurso usado pelos magos do Egito, a imitação, é, ainda hoje, uma das armas mais eficazes de Satanás. Formando um batalhão de pessoas professando fé, mas com práticas traidoras ao Evangelho. Cheios de doutrinas, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. (II Timóteo 3:5). Que aprendem sempre, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. (II Timóteo 3:7). E como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade. Sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé (II Timóteo 3:8). Transitando no meio da igreja, convencem a muitos que não é necessário irem muito longe do mundo. Tentando servir a dois reinos, são mestres que encontram muitos para lhes dar ouvidos (II Timoteo 4:3). Normalmente seus filhos não escapam das garras do inferno e seus bens servem para nutrir o reino inimigo. Se não estamos dispostos a ir longe, é melhor não partirmos. A saudade do Egito virá (Números 11: 4-5). E o maná do céu ( Jesus) nunca nos satisfará plenamente (Números 11: 6). Satanás obteve forte êxito em aliciar as multidões professas. O cristianismo atual reflete a realidade do sentido da palavra Laodicéia, Revista Betel Riqueza que é “a opinião da maioria” ou a de Pérgamo, que é “casamento com o mundo”. Mas o Senhor tem reservado um povo assentado nas regiões celestiais em Cristo (Efésios 2:6). Quem ama e busca as coisas do alto e rejeitam as que são da terra (Colossenses 3: 1-2). Que está com suas da Graça 25 lâmpadas acesas aguardando a volta do noivo. Aleluia! Este texto foi inspirado no livro “Notas sobre o pentateuco, Estudos sobre o livro de Êxodo, C H Mackintosh, Edt. Depósito de Literatura Cristã”. Você está certo de que quer ser enchido com o Espírito Santo? Depois de o indivíduo se convencer de que quer ser enchido com o Espírito Santo costumo fazer estas perguntas: Você está certo de que quer ser possuído por um Espírito que, sendo puro, gentil e sábio e amorável, insistirá com você por ser o Senhor de sua vida? Está certo de querer que sua personalidade, seja tomada por Um que exigirá obediência à Palavra? Está disposto a não tolerar em sua vida, nenhum dos pecados do ego: egocentrismo, indulgência própria (ou comodismo)? O Qual não lhe permitirá pavonear-se nem gabar-se nem exibir-se? O Qual tomará de suas mãos o leme de sua vida, e reservará para Si o soberano direito de pôr você à prova e discipliná-lo? O Qual o privará de muitas das suas predileções, que secreta e sorrateiramente, prejudicam a sua alma? Se você não puder responder a estas perguntas com um sincero e nítido SIM, é claro que você não está querendo ser enchido. Você pode estar querendo emoção ou a vitória, ou o poder, mas não estará querendo realmente ser enchido com o Espírito. O seu desejo é talvez pouco mais do que uma fraca vontade, e não é suficientemente puro para agradar a Deus, o Qual exige tudo ou nada. E outra vez pergunto: Você está certo de que quer ser enchido com o Espírito Santo? -- A W Tozer “A humildade é o segredo da unidade e o orgulho é o segredo da divisão.” -- Robert C. Chapmam 26 Riqueza da Graça O Segredo de uma Vida de Oração Revista Betel E. M. Bounds Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comuhão do seu filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1 Corintios 1:9 “O s grandes mestres da doutrina cristã tem encontrado sempre na oração a fonte mais elevada de iluminação. Para não passar dos limites da Igreja Anglicana, diz-se do Bispo Andrews que passava cinco horas diárias sobre os joelhos. Tem-se chegado às maiores resoluções práticas que têm enriquecido e aformoseado a vida humana nos tempos cristãos por meio da oração.” Cannon Liddon. Ainda que muitas orações priva- das, por sua própria natureza, têm de ser curtas; ainda que a oração pública, como regra, deva ser condensada; ainda que tenha seu valor e lugar à oração breve, contudo, em nossas comunhões privadas com Deus o tempo tem um valor essencial. Muito tempo passado com Deus é o segredo da oração eficaz. A oração que se converte em força poderosa é o produto imediato de largas horas passadas com Deus. Nossas orações pequenas devem seu alcance e eficiência às orações extensas que as tem Revista Betel Riqueza precedido. Uma oração curta não pode ser eficaz se o que a faz não tem tido uma luta contínua com Deus. A vitória da fé de Jacó não se haveria efetuado sem essa luta de toda a noite. Não se adquire o conhecimento de Deus com pequenas e inopinadas visitas. Deus não derrama Seus dons sobre os que vem vê-Lo por casualidade ou às pressas. A comunhão constante com Deus é o segredo para conhecê-Lo e para ter influência com Ele. O Senhor cede ante a persistência de uma fé que O conhece. Confere Suas bênçãos mais ricas aos que manifestam desejo e estima por estes bens, tanto pela constância como pelo fervor de sua importunidade. Cristo, que nisto, como em tudo, é nosso Modelo, passou noites inteiras em oração. Seu costume era orar muito. Tinha um lugar habitual de oração. Largos períodos de tempo em oração formaram Sua história e Seu caráter. Paulo orava dia e noite. Daniel, no meio de importantes ocupações, orava três vezes ao dia. As orações de Davi de manhã, ao meio-dia e à noite eram indubitavelmente mui prolongadas em muitas ocasiões. Ainda que não saibamos exatamente o tempo que estes santos da Bíblia passaram em oração, temos indicações de que lhe dedicaram boa parte dele e, em algumas ocasiões, foi seu costume consa- da Graça 27 grar-lhe largos períodos da manhã. Não queremos que se pense por isto que o valor das orações tem de ser medido com o relógio, senão que desejamos recalcar a necessidade de estar longo tempo a sós com Deus; se nossa fé não tem produzido este distintivo, se deve ao fato de que é uma fé débil e superficial. Os homens que, em seu caráter se têm assemelhado a Cristo e que têm impressionado o mundo com ele, são os que têm passado tanto tempo com Deus, que este hábito se tornou uma característica notável de sua vida. Charles Simeon dedicava das quatro às oito horas da manhã a Deus. O senhor Wesley passava duas horas diárias em oração. Começava às quatro horas da manhã. Uma pessoa que o conheceu bem escreveu: “Tomava a oração como sua ocupação mais importante, e se lhe via sair depois de suas devoções com uma serenidade no rosto que quase resplandecia”. John Fletcher molhava as paredes de seu quarto com o alento de suas orações. Algumas vezes orava toda a noite; sempre, freqüentemente, com grande fervor. Toda sua vida foi uma vida de oração. “Não me levantarei de meu assento” – dizia – “sem elevar meu coração a Deus.” A experiência de Lutero era esta: “Se deixo de passar duas horas em oração cada manhã, o inimigo obtém a vitória 28 Riqueza durante o dia; tenho muitos assuntos que não posso despachar sem ocupar três horas diárias de oração”. Seu lema era: “O que tem orado bem tem estudado bem”. O arcebispo Leighton acostumava estar tanto tempo a sós com Deus que sempre parecia encontrar-se em uma meditação perpétua. “A oração e adoração constituíam sua ocupação e prazer”, disse seu biógrafo. O bispo Ken passava tanto tempo com Deus que se dizia que sua alma estava enamorada do Senhor. Estava na presença do Altíssimo antes que o relógio desse três da manhã. O bispo Asbury se expressava assim: “Procuro tão freqüentemente como me é possível levantar-me às quatro da manhã e passar duas horas em oração e meditação”. Samuel Rutherford, cuja piedade ainda deixa sentir sua fragrância, se levantava de madrugada para comunicar-se com Deus em oração. Joseph Alleine deixava o leito às quatro da manhã para ocupar-se na oração até às oito. Caso ouvisse que alguns artesãos haviam começado a trabalhar antes que ele houvesse levantado, exclamava: “Quão envergonhado estou! Não merece meu Mestre mais do que o deles?” O que conhece bem esta classe de ações tem a sua disposição o banco da Graça Revista Betel inextinguível dos céus. Um pregador escocês, dos mais piedosos e ilustres, dizia: “Meu dever é passar as melhores horas em comunhão com Deus. Não posso abandonar em um canto o assunto mais nobre e proveitoso. Emprego as primeiras horas da manhã, das seis às oito, porque durante elas não há nenhuma interrupção. O melhor tempo, a hora depois da merenda, o dedico somente a Deus. Não descuido o bom hábito de orar antes de deitar, porém ponho cuidado para que o sonho não me venha. Quando desperto na noite devo levantar-me e orar. Depois do café da manhã, dedico alguns momentos à intercessão”. Este era o plano de oração que seguia Robert M’Cheyne. A famosa sociedade de oração metodista nos envergonha: “Das cinco às seis da manhã e das cinco às seis da tarde, oração privada”. John Wech, o santo e maravilhoso pregador escocês, considerava mau empregado o dia se não havia dedicado oito ou dez horas dele a orar. Tinha uma beca para envolver-se na noite quando se levantava a orar. Lamentando-se sua esposa por encontrá-lo no solo chorando, a contestava: “Oh, mulher, tenho de responder por três mil almas e não sei o que passa com muitas delas!” Revista Betel Riqueza da Graça A Porta e o Caminho 29 Watchman Nee Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Mateus 7.13,14. H oje, nosso propósito não é explicar a passagem mencionada, mas demonstrar a trajetória da vida cristã, porque os versículos acima tratam de dois grandes princípios: (1) entrar pela porta e (2) percorrer o caminho. Enfatizar um deles e excluir o outro resultará em um extremo. Deus coloca, diante do cristão, uma porta e um caminho, ou um caminho e uma porta, a fim de mantê-lo em equilíbrio. O que significa entrar pela porta? Entrar pela porta quer dizer passar por uma crise. Assim como a passagem tem uma porta que bloqueia o seu avanço, passar pela porta significa enfrentar algo que você nunca experimentou antes. Não importa quão espessa seja a porta, não se leva cinco minutos para atravessá-la. Quando alguém passa, está de imediato em um novo ambiente. Há uma diferença enorme entre o cenário anterior à passagem pela porta e a cena posterior. Cinco minutos antes, a pessoa estava em um mundo 30 Riqueza particular, mas, agora, está em um mundo diferente. Anteriormente, a pessoa estava do lado de fora da porta e, agora, encontra-se do lado de dentro. Por exemplo: do lado de fora do parque Jessfield, é possível vermos poeira e carros. Porém, ao entrar pela porta do parque, sentimos, de imediato, que estamos em uma área completamente diferente. Portanto, falando em termos espirituais, entrar pela porta significa que, em um curto período de tempo, surge uma diferença tremenda. Num período tão breve, o cristão passa por uma crise, e sua condição espiritual toma outro rumo no mesmo instante. O cristão não apenas tem de atravessar uma crise, mas deve percorrer um caminho também. O caminho é longo, e é necessário muito tempo para percorrê-lo. Leva muito tempo para atravessar a porta? É óbvio que ela pode ser atravessada com rapidez. O que, então, requer mais tempo: entrar pela porta ou percorrer o caminho? Naturalmente, percorrer o caminho exige mais tempo. Surge um grande desequilíbrio se alguém entra pela porta sem dar um passo no caminho em seguida. Depois que o cristão atravessa a porta, ele deve seguir adiante, passo a passo. Percorrer o caminho significa prosseguir gradualmente – um passo depois do outro. Para atravessar a porta, da Graça Revista Betel é necessário apenas um passo, mas o ato de percorrer o caminho não pode ser realizado em apenas um passo. Assim, ao entrar pela porta, o cristão imediatamente sente uma mudança distinta. Ele segue adiante (mais uns cem passos) e, então, pode ter de atravessar outra porta. Talvez, após dar mil passos, outra crise ainda o espere. O cristão deve, portanto, estar preparado para percorrer o caminho sempre que decidir atravessar uma porta. Por isso, passar pela porta significa enfrentar uma crise, enquanto percorrer o caminho quer dizer progredir. Hoje em dia, há muitas controvérsias sobre esse assunto entre os cristãos. Alguns enfatizam a crise, enquanto outros, o progresso. Alguns consideram que entrar pela porta deve ser uma experiência suprema, enquanto outros supõem que podem prosseguir sem qualquer necessidade de atravessá-la. Ambas as posições são desequilibradas. Devemos saber que, de um lado, precisamos passar por uma crise e, por outro, prosseguir no caminho. Entrar pela porta e percorrer o caminho são dois importantes princípios bíblicos; eles devem ser igualmente enfatizados. De acordo com a Palavra de Deus, entrar pela porta, em nossa trajetória espiritual, antecede o ato de percorrer o caminho. Em primeiro lugar, a Revista Betel Riqueza crise; depois, o progresso. Contudo, acontece o contrário para quase toda jornada terrestre, pois esta requer normalmente caminhar antes de entrar. Na jornada espiritual, porém, o caso é outro, pois pode ser semelhante a uma viagem rumo a um palácio ou mausoléu real cercado por uma muralha gigantesca. Você precisa passar pela entrada primeiro e, depois, andar por uma extensa trilha da Graça 31 antes de chegar ao destino. Uma vez que a Bíblia sempre apresenta a porta e o caminho juntos, podemos vê-los em ação tanto na “fé” quanto na “obediência” – dois princípios-chave da vida cristã. Extraído do livro: Vida Cristã Equilibrada, de Watchman Nee Editora dos Clássicos “Quando procuramos honras, desviamo-nos de Jesus.” -- Hugh of St. Victor “O orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio.” -- Santo Agostinho SEM CERA Segundo certos autores, o vocábulo “sincero” procede de duas palavras latinas: sine e cera. Significam “sem cera”. Ao estudar a etimologia ou origem dessa palavra, somos transportados ao tempo do Império romano, no qual certos escultores pouco escrupulosos disfarçavam os defeitos de suas estátuas de mármore, ocultando-os com cera. Eles dificilmente eram visíveis a olho nu, a menos que a estátua fosse exposta ao sol. Por isso os escultores honestos asseguravam aos seus clientes que suas obras eram ”sinceras”, sem cera. O apóstolo Paulo fala da fé “não fingida” de Timóteo (2 Timóteo 1:5), e que também se interessava “sinceramente” pelos filipenses (2:20). Em 2 Coríntios 8:8 convoca os coríntios a dar uma prova da “sinceridade” do amor deles ajudando os irmãos mais pobres. É necessário que nossa fé e todas as suas manifestações possam suportar a prova da luz divina. Deus é luz… se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros. 1 João 1:5-7. Contudo, se o pecado nos surpreender, não o escondamos “com cera”, ou seja, com outros nomes mais delicados, subterfúgios, desculpas, justificativas. Cedo ou tarde, a cera irá derreter. Por outro lado, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. 1 João 1:9. -- Extraído do Devocional Boa Semente 2011 32 Legado Precisamos Novamente de Homens de Deus Revista Betel A. W. Tozer Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou de Deus? Ou procuro eu agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Gálatas 1:10 A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo. A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto. Esse tipo de liberdade é necessária se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e Revista Betel Legado à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esses homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação. A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos. Precisamos novamente de homens de Deus Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela 33 manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová. A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais frequentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado. Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos. O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; 34 Legado portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles. Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes Revista Betel que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens. E, quando vierem os libertadores… Serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo… Tozer A.W. Verdadeiras Profecias Permanecer onde Deus nos colocou Não podemos recuar da posição em que Deus tem nos colocado. O abandono desta posição nunca é fruto da humildade, mas do egocentrismo. Deus não nos chamou com base em nossa capacidade, mas na capacidade Dele. É Ele que nos faz instrumentos de sua glória. Deus não obrigará ninguém a permanecer no lugar onde nos colocou. O caminho estará sempre aberto para descermos ao lugar em que a vil incredulidade nos lançar. Se Deus nos honra para que andemos nas pisadas de Cristo... Não murmuremos, pois poderemos perder rapidamente sua honra. Que Ele encontre em nós um coração disposto a serví-lo... Um coração paciente, consagrado e despido de si mesmo! Um coração fiel que se regozija e permaneça na sua vontade! Amém! Amém! Amém! -- Texto adaptado de C H Mackintosh Revista Betel Legado Um Vaso de Alabastro 35 C. H. Mackintosh Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 2 Coríntios 4:7 “E la praticou uma boa ação para comigo”. É indispensável trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha para tudo a partir de um único ponto de vista, avalia tudo por uma única regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu ponto de vista é Cristo. Ele valoriza as coisas segundo as mais próximas elas podem estar conectadas com o Filho do Seu Amor, e nada além. Tudo é feito para Cristo, tudo que é feito por Ele é precioso para Deus. Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo 36 Legado o quanto este serviço está conectado à Cristo. Sua grande questão será: este serviço foi realizado em e para o Nome de Jesus? Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será rejeitado e queimado. Não importa o que os homens possam pensar sobre um trabalho específico. Eles podem ser elogiados sobejamente por algo que estejam fazendo; eles podem ostentar seu nome nos jornais; eles podem fazer do seu nome o assunto no seu círculo de amigos; eles podem ter um grande nome como pregador, mestre, escritor, filantrópico, reformador moral, mas se não pode conectar seu trabalho com o nome de Jesus – se este não é feito para Ele e para a Sua glória – se não é fruto do constrangimento do amor de Cristo, será todo soprado fora como a palha do chão da debulha de verão, e cair no esquecimento. Um homem pode procurar um silencioso, humilde, modesto serviço, desconhecido e não noticiado. Seu nome pode nunca ser ouvido, seu trabalho pode nunca ser reconhecido, mas o que foi feito, foi feito simplesmente por amor a Cristo. Ele serviu na obscuridade com seus olhos no seu Mestre. O sorriso do seu Senhor é o suficiente para ele. Ele não pensou em nenhum momento em receber a aprovação dos homens; Revista Betel ele nunca procurou cativar o sorriso do homem ou evitar a sua censura. Ele tem procurado padronizar o sentido do seu caminho, simplesmente olhando para Cristo e agindo para Ele. Seu serviço irá permanecer. Este será lembrado e recompensado, porém ele não faz o serviço pensando na lembrança e na recompensa, mas simplesmente por amor a Cristo. Este é o serviço correto, a moeda genuína que irá subsistir ao fogo do dia do Senhor. O pensamento de tudo isto é muito solene, e também muito reconfortante. É solene para aqueles que servem segundo um padrão aos olhos dos seus seguidores, mas reconfortante para todos aqueles que servem sob os olhos do seu Senhor. Esta é uma impronunciável misericórdia ser salvo do tempo da servidão, do espírito de agradar a homens presente hoje em dia e ser permitido andar diante do Senhor – poder iniciar, executar e concluir nossos serviços Nele. Vamos analisar a mais amável e tocante ilustração sobre isto, nos apresentada na “casa do Simão o leproso” e registrada em Mateus 26. Jesus esta em Betânia, na casa de Simão o leproso, então veio até Ele uma mulher possuindo um vaso de alabastro contendo um unguento de grande valor, e derramou sobre a sua cabeça quando Revista Betel Legado Ele estava sentado à mesa. Se nós perguntássemos para essa mulher enquanto ela caminhava em direção à casa de Simão, para que é isto? É para ostentar a excelência do perfume deste unguento ou o material e forma da caixa do alabastro? É para obter o louvor dos homens pelo seu ato? É para alcançar um grande nome pela extraordinária devoção a Cristo no meio do pequeno grupo de amigos pessoais do Salvador? Não, caro leitor, não é para nenhuma destas coisas. Como nós sabemos disto? Por causa do Deus altíssimo, o Criador de todas as coisas, que conhece os mais profundos segredos de todos os corações e a verdadeira motivação de cada ação é exposta, e Ele pesou a ação dela com a balança do santuário e colocou nela o selo de Sua aprovação. Ele estava lá na pessoa de Jesus de Nazaré – Ele o Deus do conhecimento através de quem todas as ações são pesadas. Ele enviou adiante sua ação com uma moeda genuína do reino. Ele não gostaria, não poderia fazer isto se houvesse alguma mistura, qualquer falsa motivação, qualquer pretensão oculta. Seu santo e penetrante olho penetrou as maiores profundezas da alma da mulher. Ele sabia, não somente o que ela havia feito, mas como e porque ela havia feito aquilo, e Ele declarou: ela praticou uma boa ação para comigo. 37 Em uma palavra, o próprio Cristo tem o propósito imediato da alma da mulher, e foi isso que valorizou o seu ato e elevou o cheiro do unguento com cheiro suave ao trono de Deus. De modo nenhum ela sabia ou pensava que milhões leriam o registro de sua profunda devoção pessoal. De modo nenhum ela imaginou que seu ato seria gravado pela mão do Mestre nas páginas da eternidade, e nunca ser esquecido. Ela não pensou nisto. Nem tão pouco ela procurou ou sonhou com tamanha notoriedade; se ela tivesse feito assim, teria roubado a beleza do seu ato e desprovido toda a fragrância de seu sacrifício. Mas o abençoado Senhor para quem o ato foi feito, cuidou para que não fosse esquecido. Ele não somente o defendeu naquele momento, mas o transmitiu para o futuro. Isto foi suficiente para o coração daquela mulher. Tendo a aprovação do seu Senhor, ela teve condições de suportar a “indignação” até dos “discípulos” e de ouvir que seu ato foi um “desperdício”. Foi suficiente para ela que o Seu coração foi refrescado. Todo o resto não foi nada por aquilo que tem valor. Ela nunca se preocupou em manter o louvor do homem ou evitar o seu escárnio. Seu único indivisível objetivo do principio ao fim, foi Cristo. Do momento em que ela pegou o vaso de alabastro, até que ela 38 Legado o quebrou e derramou o seu conteúdo sobre Sua sagrada Pessoa, ela pensou somente Nele. Ela teve uma intuição perspectiva do que poderia ser conveniente e agradável ao seu Senhor na solene circunstância em que Ele estava inserido naquele momento, e com apurado tato ela fez aquilo. Ela nunca considerou o valor do unguento; ou, se ela considerou, ela sabia que Ele valia dez mil vezes mais. Quanto aos pobres, eles possuem o seu próprio lugar e suas súplicas também, mas ela sentiu que Jesus era mais para ela do que todos os pobres do mundo. Em resumo, o coração da mulher estava cheio de Cristo, e foi isto que caracterizou o seu ato. Outros poderiam pronunciar que era um “desperdício”, mas nós podemos descansar seguros sabendo que nada que é gasto para Cristo é um desperdício. Então a mulher julgou, e ela estava certa. Para honrá-lo naquele momento em que o mundo e o inferno estavam se levantando contra Ele, este era o maior serviço que um homem ou anjo poderia executar. Ele estava indo para ser oferecido. As sombras estavam se estendendo, as trevas estavam se intensificando, a escuridão crescendo. A cruz com todos os seus horrores estava mais próxima; esta mulher se antecipou a todos e ungiu o corpo do seu adorável Senhor. Revista Betel Marque o resultado. Veja como imediatamente o abençoado Senhor veio em sua defesa e a protegeu da indignação e do escárnio daqueles que pensavam saber mais do que ela. Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho seja pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua. Mateus 26:10-13. Aqui está uma gloriosa defesa na presença de quem toda a indignação humana, escárnios e falta de entendimento deve passar como a neblina da manhã antes do calor do nascer do sol. Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo. Isto terminou com todo o resto. Tudo deve ser pesado de acordo com sua conexão com Cristo. Um homem pode andar o mundo inteiro levando seus nobres atos de filantropia; ele pode espalhar com nobreza os frutos do seu grande coração benevolente; ele pode dar todos os seus bens para alimentar os pobres; ele pode ir às últimas consequências no tocante a religiosidade e moralidade e não fa- Revista Betel Legado zer uma única coisa em que Cristo possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Caro leitor, seja quem você for ou o quanto você esteja engajado, pondere nisso. Veja que você mantenha os seus olhos diretamente em Cristo em tudo o que você faz. Faça de Jesus o objetivo imediato de cada pequeno serviço, não importa o quê. Procure servir de forma que Ele possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Não esteja preocupado com os pensamentos dos homens sobre os seus caminhos ou serviços. Não se importe com sua indignação ou sua falta de entendimento, mas derrame o seu vaso de alabastro sobre a pessoa do seu Senhor. Certifique-se que todos os seus atos sejam frutos da apreciação do seu coração a Ele. Então se assegure que Ele irá apreciar o seu serviço e te anunciar junto à assembleia dos anjos. Deste modo é a mulher sobre a qual estamos lendo. Ela pegou seu vaso de alabastro e fez o seu caminho até a casa de Simão o leproso com um único objetivo no seu coração, nomeadamente, Jesus e o que estava a sua frente. Ela está absorvida por Ele. Ela não pensou em mais nada, a não ser o de derramar seu precioso unguento sobre a Sua cabeça. E como resultado, seu ato chegou até nós através dos registros do Evan- 39 gelho, unido ao Seu santo Nome. Ninguém pode ler o Evangelho sem ler o memorial desta pessoa devotada. Impérios surgiram, floresceram e caíram no esquecimento. Monumentos foram erigidos para comemorar gênios, homens generosos e filantrópicos, e estes monumentos se tornaram um monte de pó, mas o ato desta mulher ainda vive e viverá para sempre. A mão do Mestre erigiu um monumento para ela, que nunca irá perecer. Que possamos ter a graça para imitá-la; e nestes dias onde existe um grande esforço humano em favor da filantropia, que nosso servir, sejam eles quais forem, seja o fruto da apreciação de nossos corações a um distante, rejeitado e crucificado Senhor! Não testa mais profundamente o coração do que a doutrina da cruz – o caminho do rejeitado, crucificado Jesus de Nazaré. Ela prova o coração do homem no mais profundo do seu interior. Se for meramente uma questão religiosa, o homem pode ir muito longe, mas Cristo não é religiosidade. Nós não precisamos ir muito além das linhas reveladas de nosso capítulo (Mateus 26) para ver notável prova disto. Olhe para o palácio do sumo sacerdote e que você vê? Uma reunião especial das cabeças e lideres do povo. Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anci- 40 Legado ãos do povo reuniram-se no palácio do sumo sacerdote que se chamava Caifás. Aqui vemos a religião em uma forma muito imponente. Nós precisamos lembrar que estes sacerdotes, escribas e anciãos foram estabelecidos pelo professo povo de Deus como os depositários dos ensinos sagrados, assim como a máxima autoridade em todos os assuntos relacionados com a religião e como os assessores perante Deus no sistema que foi estabelecido por Deus nos dias de Moisés. Esta assembleia no palácio de Caifás não era composta por sacerdotes pagãos e profetas da Grécia e Roma, mas pelos professos líderes e guias da nação Judaica. O que eles estavam fazendo nesta reunião solene? Eles consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com dolo e O matarem.Mateus 26:4 Caro leitor, pondere nisso. Aqui nós temos homens religiosos, homens que são mestres, homens de peso e com grande influência entre o povo; e também estes homens odiavam a Jesus, e eles se reuniram em conselho para tramar a Sua morte – para prendê-lo com dolo e o matarem. Agora estes homens podem ter falado com você sobre Deus e adoração a Ele, sobre Moisés e a lei, sobre o Sábado e todas as grandes ordenanças e solenidades da religião Judaica. Mas eles odiaram a Jesus. Revista Betel Lembrem-se do fato mais solene. Homens podem ser muito religiosos; eles podem ser guias religiosos e professores de outros e ainda odiar o Cristo de Deus. Esta é uma grande lição para se aprender no palácio de Caifás, o sumo sacerdote. Cristo não é religiosidade; ao contrário, os religiosos mais zelosos normalmente são tristes e veementemente odeiam o Abençoado. Mas, podem dizer, “os tempos mudaram”. Religião está tão intimamente ligada ao Nome de Jesus, que para ser um homem religioso, é necessário ser um servo de Jesus. “Você não poderia mais encontrar ninguém respondendo como no palácio de Caifás.” Isto é mesmo uma realidade? Nós não podemos crer nisto por um momento. O Nome de Jesus é tão odiado hoje no meio dos cristãos como Ele foi odiado no palácio de Caifás. E aqueles que buscarem seguir a Jesus serão odiados da mesma forma. Não precisamos ir muito longe para provar isto. Jesus continua a ser rejeitado no mundo. Onde você irá ouvir o Seu Nome? Onde Ele é um tema bem vindo? Fale Dele onde você for, nas salas de visita dos ricos e elegantes, nos vagões dos trens, nos salões dos cruzeiros, nos cafés ou salões de jantar, em resumo, em qualquer lugar onde os homens frequentam, eles dirão a você, na maio- Revista Betel Legado ria das vezes, que este tema está fora de propósito. Você pode falar de qualquer outra coisa – política, dinheiro, negócios, prazer, besteiras. Estas coisas estão sempre no propósito, em qualquer lugar; Jesus não está em nenhum lugar. Nós vemos em nossas cidades, com frequência, ruas sendo interrompidas para a passagem de desfiles, festivais e shows, e eles nunca são molestados, reprovados e impelidos a mudarem de lugar. Mas deixe um homem nestes lugares falar de Jesus e ele será insultado ou será levado a mudar de lugar e não interferir no tráfego. Em linguagem clara, existe lugar para o diabo em qualquer lugar deste mundo, mas não existe lugar para o Cristo de Deus. O lema do mundo para Cristo é: “Oh! Nem sussurre Seu Nome”. Mas, graças a Deus, se o que você vê a sua volta são aquelas respostas do palácio do sumo sacerdote, nós também podemos ver aqui ou ali, aquilo que é correspondente com a casa de Simão o leproso. Lá estão, louvado seja Deus, aqueles que amam a Jesus e o consideram digno de receber o vaso de alabastro. Lá estão aqueles que não se envergonham da Sua cruz – aqueles que encontram Nele o seu objetivo mais cativante e que consideram sua principal alegria e maior honra o poder derramar e 41 ser derramado para Ele em qualquer situação. Não é para eles uma questão de serviço, um mecanismo religioso, de correr aqui e ali, ou fazer isto ou aquilo: Não, é Cristo, é estar perto Dele e estar ocupado com Ele; é sentar aos Seus pés e derramar o precioso unguento do coração verdadeiro sobre Ele. Caro leitor, esteja bem seguro de que este é o segredo do poder em ambos, serviço e testemunho. A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo que é aceitável para Deus, tanto na vida e conduta individual do cristão como em tudo que ocorre nas Igrejas. A genuína união com Cristo e dedicação a Ele deve nos caracterizar pessoalmente e coletivamente, senão nossa vida e história irão provar um pouco do peso do julgamento nos céus, porém este ainda pode ser um julgamento na terra. Nós sabemos que nada pode conceder mais poder moral ao caminhar individual e caráter do que uma intensa devoção à Pessoa de Cristo. Este não é meramente um homem de grande fé, um homem de oração, um estudante que toca profundamente na Palavra, um erudito, um pregador abençoado ou um poderoso escritor. Não, é ser um servo de Cristo. Assim também deve ser a Igreja; qual é o verdadeiro segredo do po- 42 Legado der? É o talento, eloquência, música refinada ou um cerimonial imponente? Não, é o gozo da presença de Cristo. Onde Ele está tudo é luz, vida e poder. Onde Ele não está tudo são trevas, morte e desolação. Uma Igreja onde Cristo não está é uma tumba, ainda que aja uma oratória fascinante, todos os atrativos da música refinada e toda a influência de um ritual imponente. Todas estas coisas podem ser perfeitas, e ainda os devotos servos de Jesus podem clamar: “Ai de mim! Eles levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram.” Mas, em contrapartida, onde a presença de Jesus é percebida, onde Sua voz é ouvida e onde o Seu verda- Revista Betel deiro toque é sentido, ali há poder e benção, ainda que do ponto de vista humano, tudo possa parecer a mais completa fraqueza. Que os cristãos se lembrem destas coisas, que ponderem sobre elas, os deixem perceberem que eles estão na presença do Senhor em suas Igrejas, e se eles não puderem dizer isso, deixe eles se humilharem e esperar Nele, pois deve haver um motivo para isto. Ele disse, onde houverem dois ou três reunidos em Meu Nome ali Eu estarei no meio deles. Mateus 18:20. Que nunca se esqueçam disso, para alcançar resultados divinos, deve-se encontrar a condição divina para isso. "O Espírito Santo não é cético, e as coisas que Ele grava em nosso coração não são dúvidas ou opiniões, mas afirmações - mais seguras e mais dignas de confiança do que o próprio sentido ou a vida." -- Martinho Lutero Acredito que certamente qualquer homem que chegue ao Céu acabará descobrindo que o que abandonou (mesmo tendo arrancado o seu olho direito) não foi perdido: que o âmago daquilo que estava realmente buscando, mesmo em seus mais depravados desejos, estarão lá, além de qualquer expectativa, nas “altas torres”. Nesse sentido, todos aqueles que tiverem completado a jornada (e somente estes) poderão verdadeiramente dizer que o bem é tudo e que o Céu está em toda parte. Mas nós, que estamos do lado de cá dessa estrada, não devemos tentar antecipar essa visão retrospectiva. Se o fizermos, é prováve1 que abracemos o falso e desastroso conceito de que tudo é bom e qualquer lugar é o Céu. “Mas, e quanto à Terra?”, você pode perguntar. A Terra, penso. no final não será considerada por ninguém como um lugar muito diferente. Acredito que, caso se escolha a Terra no lugar do Céu, esta acabará se mostrando como tendo sido, o tempo todo, nada mais do que uma região do Inferno: e a Terra, se colocada em segundo lugar em relação ao Céu, terá sido desde o inicio uma parte do próprio Céu. --C.S. Lewis Revista Betel Legado A Intolerância Bíblica 43 Martin Lloyd-Jones Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; 2 Timoteo 4:3a G ostaria de enfatizar esta verdade, asseverando que existe, na fé cristã, um lado de intolerância. Vou mais além e afirmo que, se não temos visto este lado intolerante da fé, provavelmente nunca vimos verdadeiramente a fé. Existem muitos mandamentos nas Escrituras que substanciam a afirmativa de que colocar mais alguém ao lado de Jesus, ou falar de salvação a parte dEle, ou sem que Ele seja o centro dela, é traição e negação da verdade. O apóstolo Pedro, dirigindo-se ao sinédrio em Jerusalém, disse: porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado, entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos 4:12. Todo falso ensinamento deve ser odiado e combatido. O Novo Testamento nos diz que assim fez nosso 44 Legado Senhor e todos os apóstolos, e que eles se opuseram e advertiram as pessoas contra isso. Mas pergunto novamente: isto é realizado hoje? Qual sua atitude pessoal quanto a isso? Acaso é você uma daquelas pessoas que diz que não há necessidade dessas negativas, e que deveríamos estar contentes com uma apresentação positiva da verdade? Subscrevemos o ensinamento prevalecente que discorda de advertências e críticas ao falso ensinamento? Você concorda com aqueles que dizem que um espírito de amor é incompatível com a denúncia crítica e negativa dos erros gritantes, e que temos de ser sempre positivos? A resposta mais simples a tal atitude é que o Senhor Jesus Cristo denunciou o mal e os falsos mestres. Repito que Ele os denunciou como “lobos vorazes” e como “sepulcros caiados” e como “guias cegos”. O apóstolo Paulo disse de alguns deles: “o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia”. Esta é a linguagem das Escrituras. Pode haver pouca dúvida, mas a Igreja está como é hoje porque não seguimos o ensinamento do Novo Testamento e as suas exortações, e nos restringimos ao positivo e ao assim chamado “Evangelho simples”, e fracassamos em acentuar negativas e críticas. O resultado é que as pessoas não reconhecem o erro, quando se defrontam com ele. Revista Betel Aceitam aquilo que aparenta ser bom, e se impressionam com aqueles que vêm às suas portas falando da Bíblia e oferecendo livros sobre a Bíblia e profecias e coisas deste tipo. E eles, na condição de sua ignorância infantil, freqüentemente ajudam a propagar o falso ensinamento, porque não conseguem ver nada de errado nele. Além disso, não compreendem que o erro deve ser odiado e denunciado. Eles imaginam-se a si mesmos cheios de um espírito de amor, são iludidos por satanás, a fera destruidora que estava no encalço delas, e que, num bote súbito, os agarrou com sua esperteza e sutileza. Não é agradável ser negativo; ter que denunciar e expor o erro não dá alegria. Mas qualquer pastor que sinta, em pequena medida, e com humildade, a responsabilidade que o apóstolo Paulo conhecia num grau infinitamente maior pelas almas e o bem estar espiritual de seu povo, é forçado a fazer estas advertências. Isto não é desejado nem apreciado por esta moderna geração moralmente fraca. Muito amiúde a bancada tem controlado o púlpito e grande dano tem sobrevindo à Igreja. O apóstolo adverte a Revista Betel Legado Timóteo que virá um tempo em que as pessoas não suportarão a sã doutrina. Este é freqüentemente o caso no tempo presente, e assim tem sido durante este século. Por isso é importante que cada membro deva ter uma concepção real da Igreja e do oficio do ministro em particular. Hoje há no mundo igrejas que na superfície parecem ser igrejas florescentes. Multidões se agregam a elas e demonstram demasiado zelo e entusiasmo. Mas num exame mais acurado descobre-se que a maior parte do tempo é tomado por música de vários tipos, e com clubes e sociedades e atividades sociais. O culto começa às 11:00h e tem que terminar exatamente ao meio-dia, e haverá sérios problemas se isso não ocorrer! Há apenas uma breve “reflexão” de quinze minutos, vinte minutos no máximo. O infeliz ministro, se não enxergar estas coisas com clareza, teme ir contra os desejos da maioria. Sua sobrevivência depende dos membros da igreja, e o resultado é que tudo é feito para se conformar aos desejos e anseios da congregação. Mas deixe-me acrescentar que o ministro também não pode impor. É o próprio Senhor que de- 45 termina, Aquele que está assentado à mão direita de Deus e que deu alguns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. Efésios 4:11. Ele os deu para a edificação dos membros da Igreja, e é a mensagem dele que deve ser pregada sem temor nem favor. Precisamos recuperar algo do espírito de John Knox cuja pregação fazia tremer a Maria, Rainha dos Escoceses. O trabalho do ministro é edificar o corpo de Cristo. A ocupação do ministro é edificar a Igreja, não a si mesmo! Ai! Eles têm muito freqüentemente edificado a si mesmos, e temos lido de príncipes da igreja vivendo em posições de grande pompa e riqueza. Isto é uma gritante deturpação dos ensinamentos de Paulo! Observemos que os ministros são chamados para edificar, não para agradar nem entreter. O modo pelo qual deveriam fazer isso está resumido perfeitamente naquela passagem, imensamente lírica, de Atos 20 . O apóstolo Paulo está se despedindo dos presbíteros da igreja de Éfeso, à beira mar, e eis o que ele diz: Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados (v.32). “Palavra da Sua graça, que tem poder para vos 46 Legado edificar”! Não é surpresa que a igreja seja o que é hoje, pois lhe têm sido dados filosofia e entretenimento. Por meio delas um ministro pode, por enquanto, atrair e segurar uma multidão; mas não pode edificar; a tarefa dos pregadores é edificar, não atrair multidões. Nada edifica a não ser a inadulterada Palavra de Deus. Não há autoridade fora dela; e ela não pode de modo algum ser modificada ou nivelada para se adaptar à moda da ciência moderna, ou a alguns supostos “resultados confirmados da crítica” que está sempre em modificação. Revista Betel É o “eterno Evangelho” e é: a “Eterna Palavra a mesma que Paulo e os demais apóstolos pregaram, a mesma Palavra que os Reformadores protestantes pregaram, os Puritanos, e os grandes pregadores de duzentos anos atrás, como também Spurgeon no último século, sem qualquer modificação que fosse. É pelo fato de isso ter sido tão amplamente esquecido nos últimos cem anos que as coisas hoje estão como estão. Extraído do jornal Os Puritanos, ano III, n. 3 A luz tudo manifesta… portanto, vede prudentemente como andais. -- Efésios 5:13,15 Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto. -- Salmos 90:8 Como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. -- Salmos 68:2 Irmãos, aprendamos um fato: Deus é por nós. Oh, bendito pensamento! O Senhor, o Senhor da aliança, é por nós. Ele está conosco e é por nós. Freqüentemente, no entanto, não é assim que sentimos. É possível que, algumas vezes, sintamos que Deus não é por nós, mas contra nós. Somos inclinados a crer que Deus está junto de alguma outra pessoa e não está a nosso favor – pensamos às vezes que Deus não está ao nosso lado –, que Ele é muito duro conosco. No entanto, mesmo que possa parecer assim, precisamos firmar-nos no fato de que Ele ainda é por nós. Pode não parecer verdade, mas há uma explicação muito boa para isso. Você sabe qual é a razão? É porque Deus quer trazer-nos para o lado Dele a fim de que Ele possa ser por nós. -- S. Kaung (Extraído do livro: Cântico dos Degraus) 47 Revista Betel Associação Betel A Associação Betel é uma entidade juridicamente organizada, sem quaisquer vínculos denominacionais ou fins lucrativos, mantida por recursos advindos de colaboração espontânea de pessoas que apóiam seus objetivos, cujo fim é viabilizar a pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo. Os objetivos da Associação Betel: a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confirmados em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação do Evangelho de Cristo; b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos, como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísticos, Bíblias, fitas de áudio e afins; c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo, pois “a fé sem obras é morta em si mesma”. A Associação Betel é mantida por colaborações espontâneas de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos. São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes muitas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pregação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança. São aqueles que compreendem com amor e dedicação as Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”. 48 Revista Betel CNPJ 72219207/0001-62 Produção: Associação Betel Diagramação e fotos dos artigos André Henrique Santos Impressão Idealiza Gráfica REVISTA BETEL é uma publicação trimestral que visa a edificação dos cristãos. Contém artigos e estudos bíblicos centrados na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publicação é sustentada por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos leitores gratuitamente. Cartas ou e-mails podem ser enviadas ao redator da Revista Betel: ASSOCIAÇÃO BETEL DE EVANGELISMO E MISSÕES Rua Piauí, 211 - Sala 26/28 CEP 86010-420 - Londrina - Paraná Fone (43) 3321-3488 www.assbetel.com.br e-mail: [email protected] Assinatura Nome Rua ComplementoBairro CEP Cidade Fone (res) UF Fone (com) e-mail Caro leitor, se você deseja contribuir com a divulgação desta revista, envie sua oferta de amor para: Associação Betel de Evangelismo e Missões Bradesco / Agência 560-6 / Conta Corrente 89649-7 Banco do Brasil / Agência 3509-2 / Conta Corrente 4488-1
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