Espanha - Turespaña
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Galiza Espanha Santiago de Compostela Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional Santiago de Compostela Galiza Espanha COMUNIDADE EUROPEIA P CIDADE PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE C O N T E Ú D O 1 Itinerários da cidade Sendas de peregrinação O Obradoiro A Catedral e o seu espaço A harmonia compostelana Outros lugares de interesse 6 6 14 20 28 34 Percursos Padrón, a alma galega Finisterra, o cabo do fim do mundo Um país de pazos 36 36 Lazer e espectáculos 42 Mapa da Província 46 Dados de interesse 48 Irlanda Reino Unido Dublin Londres 38 40 Paris França Mar Cantábrico Santiago de Compostela Portugal Madrid Lisboa ESPANHA Mar Mediterrâneo Oceano Atlântico Ceuta Melilha Texto: Javier Tomé Versão Portuguesa: Sérgio Brandão Cardoso dos Santos Fotografias: Archivo Turespaña Publicado por: © Turespaña Secretaría de Estado de Turismo y Comercio Ministerio de Industria, Turismo y Comercio Impressão: Egraf, S.A. D.L. M-26989-2004 NIPO: 704-04-011-5 Impresso em Espanha Grafismo: P&L MARÍN 1ª edição INTRODUÇÃO Introdução S ANTIAGO DE COMPOSTELA, baluarte do Apóstolo, e uma das três cidades santas da Cristandade, é peça essencial da Comunidade Autónoma da Galiza, região que ocupa o vértice mais ocidental do arco atlântico europeu. Este território, de forte personalidade definida por traços diferenciais antropológicos e etnográficos, forjou, ao longo de um processo de séculos, uma cultura autóctone que se exprime mesmo numa língua própria. Aquando da aprovação do Estatuto de Autonomia da Galiza, em 20 de Dezembro de 1980, Santiago de Compostela tornou-se na capital política e administrativa da Comunidade, um justo reconhecimento ao seu papel decisivo na construção da Europa que agora conhecemos. Merecimentos não faltam a este enclave monumental e espiritual de grande valor, considerado “Conjunto Histórico-Artístico” e distinguido pela UNESCO com o galardão de “Património da Humanidade”. Graças à simbólica rota jacobeia, também considerada como o “Primeiro Itinerário Cultural Europeu”, foram assentes os pilares da civilização ocidental. Sob o símbolo universal da vieira, o Caminho de Santiago tornou-se num fluxo de europeísmo e comunicação entre os povos, cuja meta final, em Compostela, foi enriquecida com um conjunto patrimonial que fascina todos os visitantes. Antiga sede episcopal e universitária, os cerca de 94.000 habitantes de Santiago de Compostela vivem confortavelmente num agregado urbano dinâmico e alegre, caracterizado pelo clima húmido 1 e quente próprio da sua latitude meridional. Disposta sobre uma colina contornada pelo rio Sar e separada apenas 34 quilómetros da costa, a cidade oferece um Verão com muitas horas de sol, enquanto que no Inverno a elevada pluviosidade faz com que se chegue aos 1.973 mm anuais de água. Um véu de melancolia que torna ainda mais belo o perfil desta capital mágica, “onde a chuva é arte”. Vista da cidade Nó estratégico no sistema galego de comunicações, o aeroporto de Lavacolla, a 10 quilómetros da cidade, tem ligações directas com as principais cidades espanholas, além de manter voos regulares com diversos pontos europeus e mundiais. Santiago está também inserida no sistema ferroviário nacional, com comboios que ligam a cidade aos locais mais importantes de Espanha. Uma rede de modernas e bem sinalizadas auto-estradas facilita o acesso rodoviário, e, a completar a oferta, inúmeras carreiras de autocarro chegam, de diferentes lugares da geografia espanhola, a Santiago. Sede da Junta (Xunta) e do Parlamento da Galiza, Santiago de Compostela chega ao terceiro milénio como um importante centro administrativo, turístico e de serviços, favorecido por uma qualidade de vida invejável. E como valor supremo, a hospitalidade – virtude central do itinerário jacobeu que, ainda hoje, é o primeiro gesto de boas-vindas que recebem os visitantes, fascinados para sempre pelo sortilégio de uma cidade que derrama história, privilégio e tradição. APONTAMENTOS HISTÓRICOS Conta a lenda que no dia 24 de Junho do ano de 813, um certo monge, chamado Pelágio (Pelayo), “decidor de misa aos moraudores de San Fiz”, descobriu no bosque Libredón, pertencente à diocese de Iria Flavia, um arca de mármore que continha os restos mortais de um homem. O bispo Teodomiro sentenciou que se tratava do túmulo de Sant’Iago o Maior, o filho do Trovão, chegado por mar a terras galegas. Assim, sobre esta antiga povoação celta, posteriormente romanizada, surgiu providencialmente uma cidade criada à volta de um mausoléu. As rotas hispânicas viram-se percorridas por uma enchente de penitentes, levados, quer por uma vivência religiosa, quer pelo apelo da aventura, os quais criaram um estilo próprio graças às suas originais vestes. Homens e mulheres ataviados com a característica esclavina com a orla de conchas, a cabaça de água e a escarcela à cintura, bem apoiados sobre o bordão, companheiro inseparável numa viagem que pretendia reforçar valores tão ligados ao cristianismo como a solidariedade ou a caridade. À beira deste caminho, de trecho em trecho, foram-se construindo templos, pontes, mosteiros e hospitais que ofereciam aos caminhantes “tecto, lar e fogo”. Rúa do Franco O rei Dom Afonso II, o Casto, ordenou a construção de uma capela que albergasse a arca marmórea, sendo depois substituída pela primitiva basílica que, em 1075, deu lugar à catedral românica que começou a receber a visita de grupos de peregrinos. Graças ao impulso do prelado Diego Xelmírez, personagem decisiva na história da cidade, foi-se organizando uma rede viária e espiritual que se estendia ao longo de todos os países europeus em direcção a Santiago. A peculiar sensibilidade medieval propiciou que, a partir do século XI, o chamado “Caminho Francês”, a via preferida pelos romeiros, se transformasse num dos movimentos religiosos mais grandiosos da História da Humanidade. 4 num sólido prestígio da medicina, como o prova o facto da primeira operação com anestesia efectuada em Espanha, em 1847, ter decorrido precisamente em Santiago de Compostela. Chegado o século XXI, o fenómeno religioso, cultural e socioeconómico do Caminho de Santiago mantém-se em plena actividade, sendo milhões os visitantes que, todos os anos, vão aportar à Praça do Obradoiro, destino e fim do itinerário mais celebrado e frequentado do continente. A aventura pessoal da peregrinação continua extraordinariamente viva, embora impregnada, nos tempos modernos, de ideais mais virados para a camaradagem, o turismo e a ecologia. Arte e Natureza vão de mãos dadas no périplo de iniciação que vai até Santiago de Compostela, capital espiritual de todo um País. Transformada em centro de peregrinação mundial, Santiago de Compostela seria, juntamente com o vizinho reino das Astúrias, berço da Reconquista, além de viver as revoltas populares e nobiliárias tão frequentes na Idade Média peninsular. Ainda haviam de passar muitos anos até que outros invasores – as tropas de Napoleão – pusessem à prova a têmpera dos santiaguenses. Uma vez resolvidas todas as dificuldades, o centro histórico alcançou a sua estrutura definitiva ao longo do século XIX, graças ao derrubamento das antigas muralhas, à excepção do arco de Mazarelos. Naquela altura, a agitação vital concentrava-se no ambiente universitário, nas feiras e Dado que os horários de visita dos monumentos são diferentes de uma estação do ano para a outra, é recomendável consultar directamente os museus ou os postos de Turismo respectivos. 5 DOS Rúa Costa A dos La ga do o mp a Ca Rú DA EN VIRX iro nt e 7 nal rde Ca ZA ENSINAN da Rúa s rfa O da s Rúa 11 Igreja de Santo Agostiño o do 21 Parque de Bonaval 10 Mercado de Abastos ix av Rúa 20 Centro Galego de Arte Contemporânea 9 Igreja de San Fiz de Solovio Cl s re 6 8 Seminário Menor de o o Bisp ad Rúa de Andújar Abaixo M al en Ar Ultrapassado o arco, entramos na Praça de Mazarelos, cuja aparência senhorial é ainda 19 Convento e igreja de San Domingos de Bonaval 7 Convento de Belvís lla Rúa d Belvis de e d P. . nc Co Os antecedentes da Universidade compostelana recuam até à fundação do Estudo Velho, em 17 de Julho de 1501. A protecção dada pela aristocracia e pelo clero foi aumentando a influência deste foco de 18 Porta do Camiño 6 Convento da Ensinanza ta Ba Ca Agustín rto s CERCA no For Algalla de Ab aixo San a c Tris Rúa reria da . Calde Fraguas R. C Nova sta das ro io Rúa Co Corredoira San Ped or Pregunt Iniciamos o percurso num dos conjuntos sacros e civis mais importantes da Europa – o Arco de Mazarelos (1), a única porta que ainda existe das sete que a muralha medieval possuía, e o lugar por onde entrava na cidade o gostoso vinho de Ribeiro. Mesmo junto ao arco, podemos ver uma fonte que a Câmara Municipal mandou construir em 1840, e, em frente, o Convento e a Igreja das Mercedarias (2), sobranceiros ao nível da rua pela sua posição sobre uma plataforma. Na fachada desta fundação, instituída pelo arcebispo Girón para receber as donzelas nobres, destaca-se o relevo da Anunciación (Anunciação), esculpido pelo mestre Mateo de Prado, em 1674. A igreja, que tem planta em cruz latina e um belo zimbório de granito, foi edificada por Diego Romay entre 1673 e 1680. stia n lá Porta da Pena c In n ale rus Xe ia Tro Sendas de peregrinação Angu lle Va RÚA Ramón de l realçada pela presença da Museo do o Pobo Galego H os estátua dedicada a Montero pitaliño mp stia 20 RÚA Ca ngu Atalaia A D a A Ríos, uma obra modernista d En S 19 rio tre osa mu R O realizada pelo escultor Mariano ros D R. R AS O dio DR aval 16 Me Bon PE Benlliure, em 1916. Neste Rúa do 18 RÚ N A recanto localiza-se também o R. S. Miguel SA D 15 17 E Instituto de Ciências da C. 14 Educação (3), instalado no 12 ría Praza de edifício de granito que outrora Acibeche Cervantes Taf 11 ona foi um colégio jesuíta para 13 exercitantes de retiro espiritual. 10 Sa O pórtico desta construção, Praza de n A ntó Abastos n erigida pelo mestre Simón Parque de Belvís Rúa da Conga z Rodríguez na década de 1730, Bispo Xelmire 9 é nobilitado pelo monumental Calexón das Trompa brasão do arcebispo Yermo. s 5 6 A Igreja da Compañía (4), 4 7 fundada pelo arcebispo Blanco 3 Praza de em 1576, é uma boa mostra Pesig o Mazarelos Avenida IO da arquitectura jesuítica, 1 Ó N Pesig T o N 2 testemunho em pedra de .A 8 S O n Arrib D da importância que teve a só i E año 2002 P T N C. esta ordem religiosa na O F co s la n . al R ur a m úa R Bl R. Entre vida universitária local. Não Ca A los cia te str SENR ar Pi . DA ón R G foi por acaso que os Jesuítas se ocuparam do ensino das Humanidades desde 1644 1 Arco de Mazarelos 12 Igreja de San Bieito até 1767, ano em que foram 2 Convento e igreja das 13 Câmara Municipal expulsos de Espanha pelo rei Mercedárias 14 Pazo de Fondevila Carlos III. De salientar, no recinto 3 Instituto de Ciências interior, um elaborado retábulo 15 Igreja das Ánimas da Educação barroco talhado em meados do 16 Pazo de Amarante 4 Igreja da Compañía século XVIII, além do sepulcro, 17 Igreja de Santa María em pedra de Coimbra, do 5 Faculdade de Geografía e do Camiño beneficente prelado. História Itinerários da cidade CO ome S nilla d o Mon te do H 21 RÚ RO d SAN Rú a Rúa anzos ela Ru Na Travesia da Universidade, rua que agora seguiremos à direita, ergue-se uma estátua de Afonso II, o Casto, doada pelo povo de Oviedo, por motivo do jubileu de 1965. O nosso objectivo é agora o Convento da Ensinanza (6), que se dedica, desde 1841, à instrução das jovens compostelanas de boas famílias. A igreja do actual colégio e residência da Companhia de Maria, com planta em cruz grega, mostra um inestimável retábulo do século XVIII, executado sob os padrões de Ferro Caaveiro. Por um dos lados sai-se para a Rúa das Trompas, que nos levará, seguindo a perpendicular que a conforma, até ao Convento de Belvís (7), fundado em 1305 por dona Teresa González para donas dominicanas. Antes de entrar no edifício, remodelado por Casas Nóvoa, no começo do século XVIII, convém parar um instante no mirante que se encontra antes – atalaia que permite observar uma excelente vista panorâmica da cidade. Do templo penitencial conserva-se a reverenciada Virgem do Portal, no interior do seu camarim. Mais adiante surge-nos o austero Seminário Menor (8), erigido em 1957 segundo os padrões da arquitectura do pós-guerra e hoje transformado em albergue de peregrinos. Igreja de San Fiz de Solovio “saberes”, sempre participante nos vários acontecimentos sociais e políticos vividos na cidade. O edifício onde actualmente se instala a Faculdade de Geografia e História (5) foi construído entre 1769 e 1805, segundo a traça do mestre Melchor de Prado, tendo sido depois modificado pelo arquitecto Ventura Rodríguez. Foi erigido sobre o noviciado que ocupara a Companhia de Jesus, como sede central universitária. Ao longo do tempo foi sendo completada a sua bela estrutura, tendo sido acrescentado, entre 1894 e 1904, um novo piso e adossadas ao friso as estátuas dos fundadores, esculpidas por Ramón Núñez. Aconselha-se a visita à Reitoria, que possui um cadeirado do século XVII, o Paraninfo (Aula Magna) adornado com frescos, e a biblioteca, no último piso. Neste espaço de cultura, terminado nos fins do século XVIII, guardam-se incunábulos e obras tão valiosas como o Livro das Horas de Fernando I, manuscrito moçárabe datado de 1055. 8 Faculdade de Geografia e História Recuando caminho, na praça do mesmo nome encontramos a Igreja de San Fiz de Solovio (9). Diz a tradição que foi deste eremitério que o monge Pelágio, no século IX, viu a linha de estrelas que indicava o lugar do sepulcro do Apóstolo. Reedificado ao longo dos Mercado de Abastos séculos, o templo conserva um pórtico românico que exibe, no tímpano, uma bela Epifania. Mais adiante encontramos os pavilhões do Mercado de Abastos (10), desenhados em 1941 por Vaquero Palacios. Um espaço agradável e com o sabor da terra, onde se encontram à Praça Cervantes e Igreja de San Bieito devido à presença da coluna neoclássica que sustenta o busto do grande escritor Miguel de Cervantes, ali colocada em 1842. Numa das frentes deste espaço comercial e vital está a Igreja de San Bieito (12), erigida na sua forma primitiva por volta do século X. A austera estrutura que é possível ver actualmente, terminada no século XVIII, é enriquecida no interior com uma delicada Adoración de los Magos, que fazia parte do templo original. Ao lado, revelando grande distinção e peso histórico, ergue-se a silhueta do antigo Ayuntamiento (13) (Câmara Municipal), edifício barroco do século XVII. venda as melhores receitas da gastronomia galega. A monumental Igreja de Santo Agostiño (11), erigida no século XVII graças ao patrocínio do conde de Altamira, guarda a valiosa talha de Cristo atado a la columna, obra de Diego de Sande que se torna no centro das procissões da Semana Santa. Mas o pormenor mais característico do edifício é a única torre que possui, pois a outra foi destruída por um raio que caiu sobre o monumento em 1788. A Praça de Cervantes ou del Campo foi, noutros tempos, o lugar do mercado mais importante da cidade, tendo adoptado o seu novo nome 10 A eterna magia do vaguear pelas ruas leva-nos através de um caminho repleto de estilos, igrejas e palácios que mantêm intactos elementos de eterna beleza. Descendo pela rúa das Ánimas, surgem, à esquerda, importantes solares como o Pazo (paço) de Fondevila (14), edifício barroco que apresenta um original brasão na fachada. Em frente vemos a Igreja das Ánimas (15), construção neoclássica de fins do século XVIII, da autoria de Ferro Caaveiro, tendo sido posteriormente terminada por Ventura Rodríguez. Maciças colunas sustentam, na fachada, um frontão contendo o relevo As Almas do Purgatório (Las ánimas del Purgatorio), bela introdução a um recinto ornamentado com ilustrações de Prado Mariño. A poucos metros encontra-se o aristocrático perfil do Pazo de Amarante (16), sede do Consello Consultivo da Galiza. No caminho pela Rúa das Casas Reais, cujo nome faz referência às antigas moradas régias, surge-nos à direita a Igreja de Santa María do Camiño (17), erigida consoante os padrões barrocos, embora incluindo também alguns motivos rococó. Os seus elementos que mais se destacam são o fascinante retábulo-mor, traçado por Manuel Leys em 1758, e o Parque de Bonaval 11 Domingos de Guzmán em Santiago de Compostela, aonde chegou em peregrinação por volta do ano 1220. Protegida pela nobreza local, a comunidade dominicana viveria épocas de esplendor, que culminaram com a construção deste conjunto monumental no século XVII, no tempo do arcebispo Monroy. Na praça que serve de pórtico à edificação religiosa pode-se admirar o gótico cruceiro do Home Santo, ligado à lenda de Juan Tourum, um ferreiro que fora condenado à morte por chefiar um motim popular ocorrido em 1219. No momento em que ia subir ao cadafalso, o condenado suplicou: ¡Ven e váleme! (Vinde e valei-me!), caindo de imediato fulminado e evitando com essa morte, a desonra da execução pública. É precisamente desta tradição oral que provém o topónimo de “Bonaval”. Convento San Domingos de Bonaval túmulo com figura em oração do conde de Amarante, conjunto esculpido no século XVI. Pela Porta do Camiño (18) entravam na cidade os peregrinos que tinham seguido o Caminho Francês ou Francígeno, principal ramal da rota mais devota e concorrida da velha Europa, antes de chegar ao Obradoiro. A porta foi derrubada em 1835 por não permitir a passagem das carruagens, mas ficou em memória daquela época uma fonte pública datada de 1834. Na lonja pavimentada confluem, formando um ângulo recto, a grandiosa fachada barroca do convento, obra de Domingo de Andrade, e o pórtico do templo, construído em 1561. A ladear o grande claustro, cujas pilastras estão decoradas com motivos relacionados com frutos, chega-se à espectacular escadaria tripla, em caracol, projectada pelo próprio Andrade. Através da mesma acede-se a algumas dependências do Museo do Pobo Galego (Museu do Povo Galego), A origem do Convento e Igreja de San Domingos de Bonaval (19) deveu-se à estadia de São 12 inaugurado em 1977 como mostra antropológica e etnográfica, e que inclui, nas diversas salas que contém, percursos pelos domínios do mar, do campo, da indumentária e dos ofícios. Quanto à igreja adjacente, cuja traça representa um belo exemplo da transição do românico para o gótico, estrutura-se em três naves abertas para outras tantas capelas, albergando a depurada imagem em pedra da Virgem de Bonaval, talhada no século XVI. Na capela do lado esquerdo foi disposto o Panteão dos Galegos Ilustres, onde repousam personagens como o escultor Asorey ou a escritora Rosalía de Castro, cujo túmulo foi construído em mármore de Carrara. Centro Galego de Arte Contemporánea área de 30.000 m2, o romântico parque de Bonaval (21) – um espaço verde distribuído em diferentes níveis, salpicado de hortênsias, frondosos castanheiros e loureiros centenários. Também ali se encontra uma ou outra obra artística como é a escultura Puerta de la Música (Porta da Música), de Eduardo Chillida, colocada simbolicamente sobre uma pedra do Caminho de Santiago. Na parte alta, através de um pórtico do século XV, entra-se num passeio que percorre o que foi noutros tempos o cemitério municipal. Em frente vemos a moderna imagem do Centro Galego de Arte Contemporánea (20), inaugurado em Setembro de 1993. Este edifício de linhas arrojadas e cobertura de granito foi desenhado pelo arquitecto português Álvaro Siza Vieira, e constitui toda uma referência cultural graças ao notável espólio que possui, e cuja exibição se completa com exposições temporárias, concertos e conferências. Nas traseiras de ambos os edifícios, e depois de subir a cuesta de Santo Domingo, ali, onde outrora se situava a horta dos frades, estende-se, numa Museo do Pobo Galego Parque Rua Bonaval Centro Galego de Arte Contemporánea. Rua Ramón del Valle Inclán, s/n. 13 Coim bra A S do s a Rú 26 A Cl ar a a. St Ramón RÚA del DA En S tre mu R O ros D A S DA 22 Convento do Carme 30 Convento de San Francisco 23 Convento de Santa Clara 31 Igreja da Terceira Orde 24 Hospitalillo y capela de San Roque 32 Faculdade de Medicina 33 Praça do Obradoiro 25 Museo das Peregrinacións 34 Pazo de Xelmírez 26 Igreja de San Miguel dos Agros 35 Hospital Real 27 Museu da Casa da Troia 36 Pazo de Raxoi 28 Fachada da Acibecheria 37 Igreja de San Fructuoso 29 Mosteiro de San Martiño Pinario 38 Colégio de San Xerome Praça do Obradoiro 15 VIRX ZA ENSINAN reria Nova de i Villar EN Agustín Praza de Abastos Bispo Xelmirez a sec Fon Raxo a Trinid año 2002 38 R. da Raiña A Rúa da Conga San 33 36 orio 37 28 Pregunt AS 34 isto Calde AS 35 Ca el Ru 27 C. d a ad CERCA s 29 RET D RÚ AS RT R. S. Miguel o ram Praza de ibechería Cervantes Praza do Ac Inmaculada o Cr HO 25 n ale rus Xe ia Tro ella da V 32 Moe N F liño Atalaia de a Rú Algalla de Ab aixo C IS C N R. do Val de Dio A R. S. Francisco R O Porta da Pena a Vell Rúa Esc. n clá In ta Cos 24 23 lle Va 30 Hospita RÚA Xazmins va Rúa AV E ta os eiros Castiñ C NID A dos No de 31 Lou reiro SAN ROQU s E R. ST A AN 22 XO Rúa Rúa . CLA R Estila A Co s Horta de San Francisco N-550 A. d e II XXI rr. do s mio Pela dos Morón de CAR Um pouco mais adiante chega-se ao Hospitalillo e à Capela de San Roque (24), lugar onde eram atendidos os infectados pela peste, e agora sede da Real Academia Galega das Ciências e do Instituto de Estudos Galegos Padre Corredoira s rrio tre En Na zona norte da cidade estão, quase em frente um do outro, dois edifícios de profundo significado religioso. Num dos lados encontra-se o sóbrio Convento do Carme (22) (Convento do Carmo), residência da ordem das Carmelitas Descalças, e, atravessando a rua do mesmo nome, o majestoso Convento de Santa Clara (23), fundado em 1260 pela rainha Violante, esposa de Dom Afonso X, o Sábio. O que a construção tem de mais chamativo é a sua teatral fachada barroca que vai aumentando em espectacularidade de baixo para cima; o conjunto é rematado por um grande cilindro de pedra. Após passar a portaria e atravessar o jardim, chega-se à igreja, que contém um retábulo projectado pelo mestre Domingo de Andrade. Sarmiento. Na curiosa capela deste lugar, num nicho onde se pode apreciar a figura do santo titular acompanhado pelo seu cão, o município compostelano faz o seu voto desde data tão antiga como 1517. Penetrando no cada vez mais compacto centro histórico, o gótico Palacio de don Pedro, o único exemplar civil deste estilo arquitectónico que ainda existe na cidade, alberga o Museo das Peregrinacións (25) (Museu das Peregrinações), inaugurado definitivamente em 1965 por ocasião deste Ano Santo. Tendo como tema central a epopeia e os rituais da rota jacobeia, apresenta inúmeros objectos de ourivesaria, obras de pintura e escultura e uma rica colecção de azeviches. Atravessando a rua chega-se à Igreja de San Miguel dos Agros (26), edifício neo-clássico dos começos do século XVIII, erigido sobre uma antiga paróquia que, segundo conta a tradição, fora destruída pelo caudilho mouro Almançor faz agora cerca de mil anos. O templo actual é traça do arquitecto Melchor de Prado, tendo sido completado o conjunto pelos mestres galegos Fernández de Co rno s a Rú O Obradoiro N-550 Calexón d Casas e Clemente Sarela. De salientar, em especial, a velha capela gótica do século XV. Uns passos mais adiante aparece o Museo da Casa da Troia (27), instalado num casarão que noutros tempos fora uma conhecida pensão para estudantes, e cujo ambiente romântico e festivo foi recriado pelo escritor Alejandro Pérez Lugín no seu romance La Casa de la Troya (1915). A Associação de Tunos Compostelanos promoveu a criação deste simpático museu baseando-se no ambiente universitário do passado. Seguindo ao longo de um espaço cheio de ecos gremiais, chegamos à fachada da Catedral designada por Fachada da Acibecheria (28) (cast. Azabachería), traçada por Ferro Caaveiro e Fernández Sarela, no século XVIII. Neste lugar, baptizado recentemente com o nome de Plaza de la Inmaculada, vemos o espectacular pórtico do Mosteiro de San Martiño Pinario (29), construído entre 1697 e 1738. Destaca-se o escudo de Espanha que aparece no corpo vertical e a imagem de são Martinho a cavalo, partilhando a sua capa com um mendigo. Este extraordinário conjunto, que compreende uma área de 20.000 m2, e que constitui a construção religiosa de maior extensão da cidade, tem o seu ponto de partida no Mosteiro de San Martiño Pinario oratório fundado pelo bispo Sisnando, em 912, chegando a depender da abadia, na época de maior esplendor, mais de trinta mosteiros e priorados. O pórtico da igreja, que se abre para a praça de San Martiño, oferece-se aos olhos do espectador como um retábulo com ares palacianos e estilo plateresco, tendo sido concluído em meados do século XVII, e contendo perfeitas esculturas alinhadas em nichos situados em diferentes planos. Depois de subir a dupla e harmoniosa escadaria concebida em 1772, penetramos num templo construído também no século XVII por artistas como Peña de Toro e Domingo de Andrade. O seu elemento mais notável é o soberbo retábulo-mor, a mais genial criação do gótico galego, esculpido por Casas y Nóvoa e Miguel de Romay entre 1730 e 1733. Contornando a imensa construção de São Martinho, actual Seminário Maior, chega-se ao imponente Convento de San 16 Francisco (30). Diz a lenda que, quando esteve em Compostela, o santo de Assis revelou ao carvoeiro e pousadeiro que o atendia, chamado Cotolay, o lugar onde poderia encontrar um tesouro, com o qual poderia fundar um convento. Foi assim que nasceu a primitiva construção gótica, da qual se conservam cinco arcos no pátio e parte da sala capitular onde o Imperador Carlos V reuniu as Cortes de 1520. A igreja é fruto da inspiração do arquitecto Simón Rodríguez, que erigiu entre 1742 e 1749 um recinto de grande relevância artística. De referir o túmulo do precursor Cotolay, situado na portaria. Também se deve visitar o Museu da Terra Santa, cujos peças foram trazidas de diferentes viagens missionárias a estes longínquos e sagrados confins. Em frente do conjunto ergue-se uma grande estátua de São Francisco, obra do escultor Asorey e instalada em 1930. E, num dos lados, a recolhida Igreja da Terceira Orde (31). Na comercial Rúa de San Francisco, ladeada de brancas e radiosas arcarias, encontra-se, à direita, a neo-clássica Faculdade de Medicina (32), edificada entre 1909 e 1928. Mais adiante surge a auréola mágica da Praça do Obradoiro (33), um dos lugares históricos e monumentais mais belos do mundo. A este imenso largo, cujo nome se deve ao facto de ser o lugar onde eram depositados os materiais destinados às obras da catedral, debruçam-se, sucessivamente, várias formas artísticas que sobrevivem para além do tempo e da moda. Este lugar mágico como nenhum outro, e autêntico coração da Galiza, acolhe os peregrinos numa atmosfera de perfeita conjunção harmónica que, pelo efeito da mudança da luz ao longo do dia, reflectindo uma miríade de matizes no granito e nas lajes de pedra do pavimento, adquire um tom de uma majestuosidade impressionante. Convento de San Francisco O Hospital Real (35), fundado e dotado pelos Reis Católicos em 1499 como centro de beneficência e hospedaria para peregrinos, ocupa o flanco norte da praça. A primeira fase da obra foi executada por Enrique de Egas, que seguiu a estrutura dos modelos hospitalares italianos, e com a igreja em forma de cruz latina. A planta original transformar-se-ia devido à inclusão de dois pátios renascentistas e, depois, de mais dois barrocos que completaram o conjunto. A fachada, vedada com sumptuosas correntes de ferro, mostra à praça as suas formas góticas, retocadas, a partir de 1519, por Guillén Colás e Manuel Blas, que acrescentaram um friso de ricas esculturas, pilastras decoradas e escudos de Castela. Incluído na rede de Paradores de Turismo desde 24 de Fevereiro de 1986, o hotel possui uma luxuosa decoração de espelhos, quadros, tapetes e móveis tradicionais. Faculdade de Medicina Começamos o percurso pelo Paço de Xelmírez (34) (cast. Gelmírez), certamente o mais importante edifício civil românico que se pode encontrar na Europa. É a obra mais antiga do conjunto que delimita o Obradoiro, e o seu fundador, o arcebispo mais conceituado na velha cidade de Compostela, não escondia as suas aspirações ao construir edifícios “capazes de hospedar uma multidão de príncipes e de povos”. Iniciado em 1120, com materiais provenientes das construções anteriores, os elementos mais interessantes encontram-se no interior do edifício, pois à volta do pátio estão a sala de armas e a cozinha, todo um compêndio de beleza e funcionalidade. Por uma escada estreita, talhada em granito, chega-se à sala dos banquetes, decorada com cenas de convites reais e outras mostras da vida quotidiana da Compostela medieval. No flanco ocidental da praça do Obradoiro ergue-se o Pazo de Rajoy (36) (pazo de Raxoi), sede da Câmara Municipal desde 1787 e, mais recentemente, sede da Presidência da Junta da Galiza (Xunta de Galicia). Sobre os vetustos cárceres compostelanos o arcebispo Bartolomé Rajoy mandou construir um palácio, deixando bem patente o seu patrocínio na 18 inscrição que aparece na parte superior de uma fachada caracterizada, de resto, por amplas galerias e longas sacadas. Na parte exterior desta obra, iniciada em 1766 sob a direcção do arquitecto francês Carlos Lemaur, e que servia naquela época fins tão diversos como prisão, residência infantil e seminário para os confessores da catedral, vemos o grupo escultórico da Batalla de Clavijo (Batalha de Clavijo), obra de José Gambino e José Antonio Ferreiro. É também da autoria deste último a escultura central que remata o edifício, representando Santiago Matamoros. Por trás deste edifício aparece a imagem barroca da Igreja de San Fructuoso (37), terminada em 1765. Destacam-se, no frontão, o escudo de Espanha e uma representação das quatro virtudes principais. O ponto de interesse seguinte, e ainda no Obradoiro, é o Colégio de San Xerome (38), hoje Reitoria da Universidade. Foi fundado por Alonso Fonseca para que servisse de albergue a estudantes pobres e artistas sem recursos, e era conhecido ironicamente pelo povo como “de pão e sardinha”. O seu pórtico do gótico tardio provém de um antigo hospital que estava na Acibecheria, destacando-se a imagem da Nossa Senhora sob o escudo dos Fonseca. Também se pode visitar o pátio renascentista, construído por Peña de Toro no século XVII, com a clássica fonte de pedra. Museo das Peregrinacións Rua de San Miguel, 4 Casa Museo da Troia Rua da Troia, s/n Museo de Terra Santa Campiño de San Francisco, 3 Igreja de San Fructuoso Algalla de Ab aixo R Porta da Pe s ale rus Xe ia Tro lla a Ve d Moe R. do Val de Dio n Praza de Abastos 39 Catedral 40 Praça da Quintana reria 41 Mosteiro de San Paio 42 Casa da Parra Calde Nova R. da Raiña a c Fonse Trav. Bispo Xelmirez Villar seca Fon San Rúa da Conga orio 40 41 43 39 Agustín 42 isto o Cr C. d Pregunt Catedral de Santiago. Praça del Obradoiro ía Praza de Cervantes i Raxo de Assim, de 1075 a 1211 foi erigido o maior templo da Península Ibérica, um processo em que participaram artesãos e artistas como Bernardo, o Velho, Esteban e, posteriormente, o famoso mestre Mateo. A primitiva edificação, consagrada na presença de Dom Afonso IX, R. S. Miguel cibecher Praza do A Inmaculada a Trinid A frontaria mais ilustre da praça é, contudo, a fachada do Obradoiro, o acesso principal à Catedral (39). O terceiro templo mais importante da Cristandade, depois de Roma e de Jerusalém, é, nas palavras do escritor e prémio Nobel Camilo José Cela, “esse milagre que, como todos os milagres, não tem nem precisa de explicação”. A origem deste templo recua até ao século IX, quando o Rei Dom Afonso II, o Casto, doou um terreno para construir uma capela que recolhesse os restos mortais que se supunham ser do Apóstolo Sant’Iago. O santuário foi sendo enriquecido pelos monarcas posteriores, até que, no tempo de Dom Afonso VI, se iniciou a construção N R. S. Francisco de uma catedral românica, impulsionada pelo carismático bispo Gelmírez ou Xelmírez. A Catedral e o seu espaço A F año 2002 em 1211, foi completada, num processo que demorou séculos, e que contou com o saber de artistas que acrescentaram torres barrocas, ricos pórticos, capelas e altares, até se tornar no 43 Casa da Conga monumento mais importante da Arte espanhola da Idade Média. Um templo extraordinário, onde todas as artes se juntam e culminam definitivamente no ideal românico. Os peregrinos que acabam o seu percurso espiritual na praça do Obradoiro, ficam deslumbrados perante a portada da Catedral, obra cimeira da escola barroca espanhola e a imagem mais conhecida de Santiago de Compostela. Sobre a antiga traça medieval, Fernando Casas Nóvoa construiu entre 1738 e 1750 um arco triunfal profusamente decorado, integrando num delicado quadro as duas torres geminadas de Las Campanas e de La Carraca; esta última está alinhada com o palácio (pazo) Gelmírez, estando unidas ambas as construções por Los Espejos. 21 santo que representa, e que, segundo parece, se trata do próprio mestre Mateo. Pórtico da Glória um surpreendente realismo. Toda a história bíblica é recriada nas imagens de Adão e Eva, dos Evangelistas ou de São João convocando o Juízo Final. Um Cristo majestático de cinco metros de altura preside ao arco central, por cima da talha de Sant’Iago o Maior que dá as boas-vindas aos romeiros. É costume introduzir os dedos nas pequenas cavidades do mainel que relata a genealogia humana de Jesus, assim como também é tradição bater com a testa, três vezes, na cabeça do que é conhecido como santo dos croques, que se encontra na parte posterior desta impressionante coluna de mármore, a olhar para o altar. Um gesto que, segundo diz a lenda compostelana, transmitir-nos-á o génio e a sabedoria do O corpo central apresenta um minucioso trabalho de rendilha, concebido em jeito de retábulo escalonado, coroado com a estátua de Santiago Peregrino. A escadaria renascentista, que permite o acesso ao templo, é obra de Ginés Martínez, em 1606, enquanto que o gradeamento pertence já ao século XVIII. Ao entrar, passadas as portas, o visitante encontra mesmo à sua frente o extraordinário Pórtico da Gloria, um dos melhores conjuntos escultóricos da Europa do século XII. Este prodígio artístico, esculpido pelo mestre Mateo e a sua oficina, foi instalado no ano de 1188, e contém cerca de duzentas esculturas com movimentos bem expressivos e rostos mostrando 22 espectacular botafumeiro, um turíbulo que vem sendo utilizado desde o século XIV para aromatizar o templo e que atinge, nos seus movimentos pendulares, uma altura até 21 metros e uma velocidade de 68 km/h. O actual, construído em 1851 em latão prateado, só exerce as suas ancestrais funções nas grandes solenidades. Também merecem atenção os púlpitos talhados no fim do século XVI por Juan Bautista Celma, decorados com cenas da vida do Apóstolo. O modelo escolhido para a catedral compostelana foi o das basílicas de peregrinação, com um deambulatório que ajuda a fluir a circulação dos visitantes. A planta em cruz latina com três naves tem 100 metros de comprimento e 20 de altura, salvo na parte do cruzeiro, que se eleva até aos 65 metros, num soberbo recinto que compreende uma área de 8.300 m2. A nave central assenta sobre um antigo cemitério, e, sobre ela, quase que sobrevoando-a, encontram-se dois órgãos barrocos que foram doados, no século XVIII, pelo arcebispo Monroy. Da cúpula pende a bola metálica onde se engancha o Na capela-mor encontra-se o camarim que aloja a estátua do Apóstolo cinzelada em pedra policromática, sobre um baldaquino dourado realizado por José Vega Verdugo em 1665. Capela-mor 23 É obrigatório ascender pelo deambulatório para tocar e beijar a capa doada por Monroy. Em sentido contrário, descendo umas escadas que se encontram no próprio deambulatório, chega-se à cripta, onde descansam, numa urna de prata lavrada, feita em 1886 por ourives compostelanos, os restos mortais de Sant’Iago e dos seus discípulos Teodoro e Atanásio. A cripta foi acondicionada e aberta ao público em 1885, por ocasião da celebração do Ano Santo. Seguindo este sacro percurso, na Capela de Nuestra Señora la Blanca (Nossa Senhora, a Branca) vemos os túmulos da família dos España, enquanto que a de San Juan Apóstol se destaca pelo seu ambiente barroco. Na de San Bartolomé ainda se detectam as linhas românicas, que compõem um dos conjuntos escultóricos mais importantes de Compostela. Seguem-se, depois, as Capelas de La Concepción (da Conceição) e do Espírito Santo, em cujo recinto se encontram vários sepulcros góticos e renascentistas. A Capela da Corticela, de origem pré-românica, constitui um dos recantos mais íntimos da catedral. Um dos seus luxuosos ornamentos é a Adoración de los Reyes Magos, obra do mestre Mateo, situada sobre a porta. Os altares barrocos das Capelas de San Andrés e de San Antonio conduzem até à Virgen de Lourdes, que é venerada na Capela de Santa Catalina. Ao seu lado, encontra-se, embutido, o tímpano de Clavijo, antessala da neo-clássica Capela de La Comunión, que tem uma bela escultura da Virgen del Perdón e os túmulos de Lope de Mendoza e do prelado Bartolomé Rajoy. Finalmente, na Capela de El Cristo de Burgos pode-se ver uma cópia da conhecida imagem do Cristo Crucificado. Uma vez cumprida esta imprescindível obrigação ritual, podemos iniciar o percurso ao longo de uma série de capelas de valor histórico incalculável, começando da direita para a esquerda. A Capela de El Pilar, iniciada por Domingo de Andrade, guarda, entre mármores e jaspes, o mausoléu do arcebispo Monroy. A Capela de Mondragón exibe um retábulo da Piedade, além do extraordinário gradeamento forjado pelo francês Guillem Bourse no século XVI. A Capela de La Azucena, também conhecida por capela de doña Mencía, por conter o túmulo da sua fundadora, antecede a Porta Santa, decorada com belíssimas esculturas. Mais adiante, a Capela de El Salvador marca o ponto exacto onde se iniciaram as obras da Catedral. 24 O Museu da Catedral (Museo Catedralicio) está dividido em vários espaços, qual deles o mais interessante e sugestivo. Sob as escadas do Obradoiro encontra-se a entrada da cripta do Pórtico da Gloria, onde estão expostas diversas obras escultóricas. A segunda parte da visita inclui o itinerário ao longo da Capela de las Reliquias, o Panteão Real e o Tesouro, dependências essas onde se encontram sarcófagos nobiliários, colecções de relicários e belas mostras de ourivesaria. Uma das peças mais destacadas é a custódia processional lavrada por Antonio de Arfe em prata dourada, entre 1539 e 1544. Por um dos lados da fachada do Obradoiro chega-se aos espaços relacionados com o claustro traçado pelos mestres Juan de Álava e Rodrigo Gil de Hontañón, entre outros, no decurso do século XVI. Esplêndido enquadramento para o museu que mostra vestígios das diferentes fases das obras da Catedral, a biblioteca, onde se guarda o famoso botafumeiro, esculpido por José Losada em 1851 e, para finalizar, as diversas salas que guardam as tapeçarias assinadas por Rubens e Francisco de Goya. Por trás da catedral situa-se uma praça já cosmopolita na antiguidade. A Praça da Quintana (40) é um espaço singular dividido em duas partes: a dos Mortos, edificada sobre uma antiga necrópole, e a dos Vivos, separadas por umas escadas que permitem aos turistas desfrutar de uma vista panorâmica do monumento. Praça da Quintana Mosteiro de San Paio retábulo, obra de Castro Canseco, entra-se no Museo de Arte Sacra, que exibe objectos de grande valor histórico como o altar que fora primitivamente erguido sobre o sepulcro do Apóstolo. O lado oriental está fechado por uma das paredes do Mosteiro de San Paio (41), fundado por Dom Afonso II, o Casto, em 813, para os monges beneditinos, incumbidos de custodiar o sepulcro do Apóstolo durante séculos. Esta enorme massa granítica, salpicada por linhas de gelosias, mostra uma lápida em memória do “Batalhão Literário” composto por padres, alunos e professores, e que se constituiu para combater as tropas de Napoleão. Na portada barroca, construída por Melchor de Velasco entre 1658 e 1699, voltada para a Praza de Feixóo, destaca-se a representação da Ida ao Egipto. Pela igreja, consagrada em 1707 e enriquecida com um soberbo por uma sacada, articula-se em torno do escudo dos Reis de Espanha. Ao seu lado vemos a barroca Torre do Reloxo, também conhecida como Berenguela. Uma jóia arquitectónica executada por Andrade entre 1676 e 1680, que se ergue para o céu compostelano numa altura de 72 metros. Já tinha um relógio em 1552; o actual, colocado em 1831, é obra de Antelo. A Porta Santa ou do Perdão, que só se abre durante o Ano Santo compostelano –ou seja, quando a festa do 25 de Julho, dia do Apóstolo, coincide com o Domingo–, foi construída em 1611 na sequência do reacondicionamento de vinte e quatro estátuas românicas talhadas pelo mestre Mateo no anterior coro da Catedral. Sobre o dintel e vestido à romeiro, Sant’Iago dá as boas-vindas aos devotos. E, a rematar o conjunto, na Quintana dos Mortos, está a Casa da Conga (43), iniciada por Domingo de Andrade, em 1709, para residência dos cónegos. O edifício apresenta uma profunda arcaria rematada por arcos de volta inteira, e no telhado, uma chaminé em forma de cubo. Museo da Catedral de Santiago Praza das Praterias Museo da Arte Sacra San Paio de Antealtares (entrada pela igreja) Casa da Parra Já novamente em Quintana, na parte alta desta praça localiza-se a Casa da Parra (42), obra de Domingo de Andrade, onde luzem, na sua portada, grinaldas de uvas lavradas em pedra. O Pórtico Real, a parte da Catedral virada para esta praça, foi executado por José Peña de Toro, em meados do século XVII, e é o lugar donde saem as procissões da Semana Santa e por onde entravam antigamente os monarcas. A porta, encimada 26 27 No começo da Rúa do Vilar está a emblemática Casa do Deán (45). Neste casarão foi instalado um Gabinete do Peregrino onde se entrega aos romeiros a “compostela”, um documento comprovativo de se ter feito um percurso superior a 100 quilómetros da rota jacobeia a pé ou a cavalo, A harmonia compostelana Pórtico das Praterias CAR RET Rúa da Conga AS s da Rúa ENSINAN ZA VIRX EN Agustín reria Calde Nova Villar Rúa da Rúa s ez om G R. Ca s tró Teixeiro st Co la 45 Casa do Deán 54 Pazo de Ramirás 46 Casa do Cabido 55 Igreja de Santa María Salomé 47 Colégio Fonseca 56 Pazo de Fonseca 48 Correios 57 Teatro Principal 49 Colégio de San Clemente 58 Pazo de Santa Cruz 50 Igreja de Santa Susana 59 Casa das Pomas 51 Igreja do Pilar 60 Casa da Balconada Rúa 53 Colexio das Orfas 29 a Rú 44 Praça das Praterías 52 Pazo de Bendaña s rro Cu P Ul Doutor rre ira Ca a tí an ez ér a ar Pil Xeneral do a Rú Rú los te Pi Rú s Tra ña ru Co n Mo Pi Rúa s Río tero n só C. de l C de an Bl G na da DA NI O cia ar e d on a da X año 2002 Á N LO E o co Rú dura ni e Av A C do 51 R S F T re .A nc Ferra Santa Susana s . muralla R R. Entre Campo da Estrada E N R A Praza S A R. D I de Galicia N Co da 50 O N s z ti Bau Praça das Praterias E AV Rúa a .A o sig re ed D S O Pesig IO N Pe ad am 53 Ó M Al 52 Praza do Toural s ado T e Colexio de San Clemente Calexón d P. Paseo da Carballeira de s 54 L o rfa A se Praza de Mazarelos O B do M Pa 56 EO O om C 55 HORR P 49 58 57 do Franco O 48 59 Rúa i Raxo ade Trinid D A Ú R alo o G o d ceir Cru a onsec F Trav. p an 47 R. da Raiña Fon a 44 Bispo Xelmirez 46 45 60 Praza de Abastos seca A el de C. d S San RÚA s RÚ A RT orio a ler D Campo das Hortas Fe Pregunt sto o Cri HO t os DA Praza do Inmaculada AS pirâmide onde se guardavam as doações e os tributos colectados pelo cabido. No centro da praça está, entre um murmúrio de Carme de Aba ixo águas e de séculos, a Fonte dos Cabalos (Fonte dos Cavalos), construída em 1829. Origem de inúmeras lendas e tradições estudantis, a fonte é coroada por uma estrela que simboliza o Caminho de Santiago. Ga A nossa última etapa parte dessa Praça das Praterias (44) que já na Idade Média era ocupada por lojas que vendiam lembranças das peregrinações e por oficinas de joalheiros. Uma escadaria de quinze degraus leva-nos ao Pórtico das Praterias, única fachada românica que ainda existe do templo original. Concebida no início do século XII, mostra um belo conjunto temático graças às inspiradas imagens que reproduzem factos bíblicos. Formando um ângulo surge a Fachada do Tesouro, vedação renascentista do claustro da catedral, traçada por Rodrigo Gil de Hontañón. A ele devemos também a torre em forma de ou mais de 200 em bicicleta. É uma rua com arcarias, que mostra um ou outro escudo de armas, oferecendo-se todo o tipo de informações turísticas nos dois postos que se sucedem ao longo do seu típico traçado. O ponto de interesse seguinte é a Casa do Cabido (46), construída por Fernández Sarela n Colégio Fonseca entre 1754 e 1759 como se se tratasse da genial decoração de um cenário. Como prova da sua vocação ornamental, apresenta uma bela balaustrada com pináculos que coroa a fachada do edifício. que viria a ser a sede da Universidade compostelana, uma obra executada entre 1532 e 1544. O projecto inicial de Juan de Álava seria concluído por Gil de Hontañón, que conseguiu produzir um belo exemplar de mistura plateresca e renascentista. Na portada, que Rosalía de Castro cantou através de inspirados versos, figuram primorosas imagens de pedra, enquanto que o pátio, de estilo salamanquino, e realçado com uma estátua do fundador, merece ser visitado em pormenor. A Rúa do Franco, plena de referências gastronómicas, todas elas excelentes, dá passagem, na solene Praça de Fonseca, ao bebedouro onde, segundo a tradição, beberam os bois que transportavam o corpo do Apóstolo. Mesmo em frente situa-se o Colégio Fonseca (47), construído sobre a propriedade de uma das famílias mais ilustres da cidade. O arcebispo Alonso Fonseca encomendou aos mestres Jácome Garcia e Alonso Gontín a construção do edifício Mais adiante passamos à frente do edifício neo-clássico dos Correios (48), em cujo átrio decorre todos os sábados uma colorida feira de antiguidades. 30 A Alameda, entre a carballeira e a estrada, era o passeio por excelência da Compostela oitocentista. Este parque estruturado em jardins, pontes e lagos, exibe uma escultura, em bronze, do almirante Méndez Núñez, obra de San Martín feita em 1880, um coreto modernista desenhado por Garcia Vaamonde em 1896, e ao fundo, a barroca Igreja do Pilar (51), dos inícios do século XVIII. Um palco adequado para se respirar e descansar nos bancos de ferro forjado ornamentados com cerâmica de Sargadelos, ao lado da última escultura que foi colocada no jardim, a Dos Marías (duas Marias), uma curiosa homenagem visual a Coralia e Maruxa, duas irmãs muito conhecidas na cidade. Caminhando por entre esplanadas e tabernas que oferecem outras maravilhas locais, neste caso de faca e garfo, chega-se à Porta Faxeiras, antiga entrada do centro medieval e hoje uma importante encruzilhada urbana. Para além da fonte de fuste plateresco construída no século XVII, ergue-se também neste espaço o Colégio de San Clemente (49). O edifício, adornado com um pórtico de Jácome Fernández, foi fundado em 1602 pelo arcebispo Juan de San Clemente para alojar licenciados e futuros teólogos. É um excelente ponto de partida para penetrarmos depois na Carballeira de Santa Susana (carvalhal de Santa Susana), povoada de carvalhos centenários e ramagens onde se misturam a erva e o musgo. Um ambiente saudável e oxigenante complementado pelas estátuas do mecenas Ventura Figueroa, talhada por Vidal y Castro, e de Rosalía de Castro, obra do escultor Francisco Clivilles em 1917. Através de uma escadaria chega-se à Igreja de Santa Susana (50), lugar onde funcionava o antigo tribunal que executava as sentenças. O edifício actual é barroco, embora conserve um pórtico de inspiração românica correspondente ao oratório primitivo. Igreja do Pilar 31 em 1913. Sobre o estacionamento subterrâneo que existe nesta praça podemos encontrar um posto de informação e turismo. O nosso objectivo seguinte é o Colexio das Orfas (53) (Colégio das Órfãs), fundado no século XVII pelo arcebispo San Clemente para acolher meninas desamparadas. Nesse recanto alargado abre-se a fachada barroca da igreja, consagrada em 1671 e rematada por um belo campanário que foi projectado por Fernando Casas. O recinto interior mostra esculturas de Gambino e um magnífico altar-mor, traçado por Francisco Lens. Igreja de Santa María Salomé No centro da nevrálgica Praza do Toural, um buliçoso lugar adornado com as típicas sacadas galegas, vemos uma fonte de tanque quadrado, datada de 1822, cuja estrutura é rematada por um jarrão de traça clássica. De um dos lados aparece o senhorial Pazo de Bendaña (52) (Paço de Bendaña), construído por Fernández Sarela em meados do século XVIII. Sobre o escudo da fachada há um Atlas sustentando o globo terrestre, o que forma um dos conjuntos arquitectónicos mais belos de Santiago. Actualmente este local alberga a Fundação do pintor surrealista Eugenio Granell. Do outro lado da estrada, a Praza de Galicia é um ponto de encontro moderno e buliçoso onde outrora se situava o palácio da Inquisição, derrubado A Rúa Nova é a artéria mais senhorial de todas quantas integram o centro histórico (casco antiguo), exibindo uma perspectiva de arcarias e casarões barrocos e neoclássicos. As pequenas janelas e as alegres varandas embelezam esta encruzilhada cheia de encanto que inclui mansões como o Pazo de Ramirás (54), que é a actual Câmara de Comércio e Indústria. Ergue-se no mesmo lugar que ocupou o antigo Colégio dos Irlandeses, instituição criada por Filipe II para acolher os católicos provenientes das Ilhas Britânicas. A fachada mostra uma ornamentação muito chamativa graças à sacada central e a um conjunto de 32 gárgulas e grinaldas barrocas. Ao lado da fachada está o pórtico com escudos que distinguira o Hotel España, transformado agora em edifício de habitações e galeria comercial. No centro da rua, enquadrada num espaço encantador, surge a portada românica da Igreja de Santa María Salomé (55), consagrada à mãe do Apóstolo. Sobre o alpendre há uma Anunciação gótica, e chamam especialmente a atenção, já no interior do templo, os anjinhos rechonchudos a esvoaçar sobre o altar e o extraordinário retábulo de Miguel Romay. Quanto à torre barroca, a mesma foi erigida por José Crespo em 1743 de acordo com o modelo habitual da arquitectura compostelana. Na Rua Tras Salomé sobrevivem diversos vestígios do renascentista Pazo de Fonseca (56), cuja construção se atribui a Rodrigo Gil de Hontañón. Os artísticos medalhões do exterior talvez correspondam a membros da importante linhagem dos Fonseca. Praça de Fonseca ideia da actividade burguesa do século XIX. Naquela época o Pazo de Santa Cruz (58) era a residência do Capitão-General da Galiza. No frontão desta sóbria estrutura neoclássica pode ver-se o escudo familiar. E defronte a Casa das Pomas (59), uma obra de Domingo de Andrade em que figuram ramalhetes e cachos de folhas e frutos, além de uma concha de peregrino coroando o conjunto. Acabamos a visita, a um passo do Obradoiro, noutro edifício civil cheio de lendas e rumores da história. A Casa da Balconada (60), assim chamada pelo grande mirante que percorre o primeiro piso, é hoje sede de diversos serviços universitários. De novo na Rúa Nova, o Teatro Principal (57) é um dos focos culturais mais significativos da capital, servindo de palco a diferentes actividades musicais, teatrais e literárias. A plateia, construída em 1841, dá-nos uma 33 Outros lugares de interesse Na zona sul da cidade, à beira do rio do mesmo nome, e apenas a 1 quilómetro de distância do centro histórico, encontra-se a esplêndida colegiada de Santa María do Sar, fundada pelo cónego Munio Alonso, no século XII. O aspecto mais curioso da sua bela estrutura românica é a acentuada inclinação dos pilares e dos muros interiores, devida certamente ao facto do terreno ter amolecido. A destacar o claustro, um dos mais sugestivos da Galiza, e um museu bem recheado de ourivesaria e objectos litúrgicos. Não longe do mosteiro, no monte Gaiás, está a ser construída a monumental Cidade da Cultura. Também a sul se localiza o Mosteiro de Santa María de Conxo, onde existe uma capela, obra de Simón Rodríguez, que guarda o famoso Cristo de Gregorio Fernández, uma imagem muito venerada, trazida para este lugar em 1629 e à qual, segundo dizem os devotos, cresce o cabelo. E, a finalizar a vista panorâmica, e como se fosse uma antessala de Compostela, está o monte do Gozo, de cujas alturas os peregrinos contemplavam, Colegiada de Santa María do Sar triunfantes, pela primeira vez, o majestoso perfil da capital do Apóstolo Sant’Iago. 34 Monte do Gozo 35 O Santuario da Escravitude é um interessante edifício barroco com uma grande escadaria, famoso no lugar, pois é à Virgem desse local que os estudantes pedem ajuda antes dos exames. Deve o seu nome à fonte situada em frente do recinto sagrado, cujas águas têm fama de milagrosas. Percursos Padrón, a alma galega (50 quilómetros) O interesse cultural deste curto trajecto, que segue no sentido contrário o caminho percorrido pelo corpo do Apóstolo após desembarcar nas costas galegas, começa depois de percorridos 5 quilómetros da estrada N-550, a partir de Santiago. Nesse ponto encontramos o Milladoiro, um amontoado de pedras cuja origem está relacionada com antigos rituais funerários pagãos. Os peregrinos que seguiam a Estrada de Santiago por estes lugares fizeram sua a tradição, depositando neste ponto exacto uma pedra trazida das suas terras de origem. A outrora sede episcopal de Iria Flavia, denominação que provém do imperador Flavio Vespasiano, foi um importante agregado romano e, mais tarde, um activo porto comercial na margem do rio Ulla. É a terra do escritor Camilo José Cela, e a fundação criada pelo grande literato faz parte do património histórico desta vila, transformada hoje em mais uma parroquia (freguesia) de Padrón. Contudo, existem ainda marcas da sua glória passada, como é Santa María Adina, uma colegiada que exibe um pórtico do mais puro românico, do século XIII. Escavações efectuadas no subsolo trouxeram à luz vestígios de uma das igrejas mais antigas de Espanha, datada do século I. O templo está rodeado por um cemitério onde esteve enterrada durante algum tempo a poetisa galega Rosalía de Castro, e transformado actualmente num pequeno museu arqueológico. Padrón é o lugar onde, segundo conta a tradição, aportou e foi amarrada a barca que transportava os restos mortais do Apóstolo desde as terras de Israel. Esta aprazível vila, onde germinou a epopeia jacobeia, tem o seu melhor expoente religioso no convento de El Carmen, que está rodeado, no centro da cidade, de alguns atractivos edifícios civis. Em A Matanza, a casa em que viveu e morreu Rosalía de Castro, foi organizado um museu que abriga essa tal saudade que a escritora evoca nos seus brilhantes versos. No dia 25 de Julho tem lugar nesta vila uma animada romaria, em que é obrigatório consumir os saborosos pimentos de Padrón. Um ligeiro desvio pela estrada AC-242 levar-nos-á até Herbón, vila originariamente romana, e Padrón Vilagarcia de Arousa Vilagarcia de Arousa año 2002 36 de cujo Convento de San Francisco partiram inúmeros missionários para o Novo Mundo. Seguindo viagem para sul, e já na província de Pontevedra, chega-se a Pontecesures, onde se encontravam os estaleiros, fundados pelo bispo Gelmírez, em que foram construídas as barcas que defenderam Compostela. A estrada C-550 segue agora até Catoira e as suas famosas “Torres de Oeste”, edificação imperial que, reformada por Dom Afonso V, nos inícios do século XI, cortava o caminho às expedições normandas que pretendiam subir a ria. Em memória daquela época, no primeiro domingo de Agosto celebra-se uma festa com encenação, num tom lúdico e festivo, de um daqueles coloridos desembarques dos Vikings. Acabamos o percurso em Vilagarcia de Arousa, vila que é considerada o porto natural de Santiago de Compostela, destacando-se do seu antigo centro urbano o Convento de Vista Alegre, assim como a Igreja Paroquial de Santa Eulalia de Arealonga. Já na estrada C-543, um curto trajecto de 36 quilómetros aproxima-nos da vila de pescadores de Noia (Noya), já citada elogiosamente por Plínio no longínquo século I. Uma boa prova do seu peso histórico é justificada pelo conjunto de edifícios nobres, e muitas vezes centenários, que aí existem, ou pela extraordinária rosácea ogival que exibe a igreja de San Martiño, uma das mais belas que podem ser contempladas em terras galegas. Deste lugar, e se preferirmos fazer uma incursão pela natureza, a estrada AC-3101 penetra, para sul, na serra do Barbanza, um idílico lugar onde vivem em completa liberdade manadas de cavalos selvagens. Costa de Fisterra Finisterra, o cabo do fim do mundo (130 quilómetros) As paisagens misturam-se com as histórias nesta excursão que nasce na própria cidade de Santiago, pois o percurso que nos levará até Finisterra (gal., Fisterra) parte tradicionalmente da mágica carballeira (carvalhal) que rodeia o Mosteiro de San Lourenzo de Trasouto, cenóbio franciscano do século XIII onde se encontram os notáveis sepulcros, em mármore de Carrara, dos marqueses de Ayamonte. Até ao carvalhal de San Lourenzo chega o conjunto neobarroco do Campus Sur Universitario, e deste lugar parte o caminho para o monte Pedroso. A subida de menos de 3 quilómetros, bem sinalizada por cruzeiros, permite-nos desfrutar de uma excelente vista de Compostela, completada com uma visita à Ermida de Santa Isabel, cuja origem parece recuar até ao século XIII. C-550 que contorna o litoral atlântico, oferecendo uma vista panorâmica plena de fascínio e beleza. Muros é uma vetusta colónia onde aportavam os barcos gregos muitos séculos atrás, constituindo um centro de grande actividade comercial. A localidade mantém solenes estruturas medievais cujo melhor exemplo é a Igreja de San Pedro, antiga colegiada traçada de acordo com os preceitos do estilo arquitectónico conhecido como “gótico marinheiro”. Mais adiante, distinguidas por um coração de água e rocha, encontramos praias de tanto interesse turístico como Carnota e Ézaro, envoltas numa insólita gama de luminosidades. Os navegantes venezianos da antiguidade escolheram Corcubión como o porto onde negociar os ricos metais do país. Esta vila de navegadores conta com antecedentes históricos jacobeus, pois noutros tempos acolheu um grande hospital onde eram atendidos os peregrinos que chegavam de barco. Poucos quilómetros mais adiante, penetrando decididamente no oceano Atlântico, está o cabo Fisterra (Finisterra), considerado durante séculos como o último dos confins do globo terrestre. O promontório Nério era um lugar sagrado, dada a sua situação de fim do mundo conhecido, palco de inúmeros rituais pagãos celebrados sob o reflexo do sol perdendo-se no ocaso. Após a cristianização da zona, conta a tradição que o venerado Cristo de Fisterra, que se encontrava na igreja de Santa María das Areas, veio a flutuar sobre as ondas para vir aqui encontrar o seu pouso definitivo. Santa María de Noia Mas o nosso último destino situa-se no norte, de maneira que seguiremos pela estrada Depois de Finisterra segue-se uma sucessão de alcantis, salpicados por um mar extremamente bravo, e que receberam o nome de Costa da Morte devido à grande quantidade de naufrágios ocorridos neste lugar inóspito, onde as forças da natureza têm a sua expressão mais empolgante e perigosa. año 2002 Corcubión Muros 38 39 Um país de pazos (30 quilómetros) Saindo de Santiago pela estrada N-525, em direcção a Ourense, entramos logo no concello (concelho) de Boqueixón, eixo que articula um razoável número de aldeias disseminadas à volta de Compostela e fronteira natural do rio Ulla. A comarca aparece semeada de brilhantes testemunhos da arquitectura popular galega, em forma de pazos (paços) e cruzeiros que brilham com o esplendor da velha pedra. Perto da vila de Lestedo, um letreiro indica-nos o caminho para o cimo do Pico Sacro, esculpido por rochas de quartzo cristalizadas. Segundo afirmam antigos relatos populares, os discípulos do Apóstolo chegaram até ao cimo à procura dos bois que deveriam año 2002 Pazo de Oca transportar o corpo sagrado até Compostela. Mas não acabam aqui as referências históricas, pois este lugar tão singular é passagem obrigatória da Via da Prata, situando-se, no alto, a Capela de San Sebastián, último vestígio de um velho mosteiro do século XI, que convoca todos os anos, a 20 de Janeiro, uma animada e tradicional romaria. Pazo de Santa Cruz Um pouco mais adiante, em A Granxa, devemos visitar a igreja de San Lourenzo, um belo mosaico de traços barrocos e românicos. Outra vez na estrada N-525, a localidade de Ribadulla foi o lugar escolhido pela prestigiosa família Santa Cruz, no século XVI, para erigir um desses pazos que fazem parte do que há de mais íntimo e estimado na identidade galaica. Autêntica prova senhorial, o Pazo de Ortigueira ou de Santa Cruz de Ribadulla mostra o correspondente relógio de sol, uma fonte de traça barroca e alguns ecos jacobeus, além da deslumbrante atmosfera propiciada por centenários castanheiros e melancólicas heras. A nobiliária imagem do Pazo de Guimaráns, na parroquia próxima de San Mamede de Ribadulla, não desmerece nada o catálogo das belas construções civis que proporcionam um estilo próprio a todo aquele espaço. No entanto, há que destacar o famoso e sedutor Pazo de Oca, que tem o merecido sobrenome de “o Versalhes da Galiza”. Situado junto à aldeiazinha de Valboa, já na província de Pontevedra, o seu evocador cenário inclui frondosos jardins com lagos, construções de pedra, sacadas barrocas e estátuas ladeadas por trepadeiras. Uma jóia cultural e natural que desprende elegância de cada um dos seus belos e românticos recantos. 41 Lazer e espectáculos Gastronomia e artesanato Santiago de Compostela é uma cidade que se distingue pelo culto que rende à boa mesa, graças a um vasto leque de receitas muito clássicas e de grande personalidade. A qualidade das matérias-primas está patente no vastíssimo capítulo dos frutos do mar: santolas do país, lagostins, peixes das rias ou o peculiar polvo cozido "à feira" (pulpo á feira). Uma série de propostas muito convidativas, onde se juntam a perfeição e a elegância, o jeito culinário e a técnica gastronómica. As inúmeras tabernas e restaurantes económicos (habitualmente designados por casas de comidas) que salpicam a cidade oferecem este universo de prazeres a preços muito acessíveis, num ambiente que se caracteriza pela amabilidade que é o traço indelével do povo galego. Se falarmos de carnes, os acepipes à base de porco são uma tentação para o paladar, assim como os guisados cujo ingrediente básico é a vitela. De contundentes têm fama os conhecidos pimentos de Padrón, de tanta tradição e nomeada como o lacón con grelos (carne de porco cozida com batatas e grelos) ou as empadas recheadas de polvo, sardinha ou berbigão. Pratos que evocam esta terra e que devem ser acompanhados por um copo de vinho Albariño ou uma taça do prodigioso Ribeiro, que conta com denominação de origem própria desde 1976. É um vinho cujo sabor alegre e musical constitui uma perfeita alegoria das gentes compostelanas. Produtos galegos Tarta de Santiago O banquete deve incluir obrigatoriamente uma "tábua de queijos" (uma travessa, normalmente, uma tábua, com diversas variedades de queijo), reconhecíveis pela sua especial finura. O delicioso queijo "de tetilla", por exemplo, é autêntico creme, feito a partir do leite de vaca e não curado. A cozinha galega estende-se até ao capítulo, especialmente recomendável para gulosos, das sobremesas, onde sobressai a tarta de Santiago, bolo feito à base de amêndoa e açúcar, e em que luz, em jeito de brasão próprio, a cruz do Apóstolo. Outro delicado produto da doçaria local são as filloas, doce de ovos batidos, leite, farinha, açúcar e mel. As pastelarias da cidade, cujo delicioso cheiro serve muito bem de carta de apresentação, oferecem sugestões sobre os chamados caprichos de Santiago, e, a completar o catálogo de requintes, os doces de sobremesa e as tartes que Lacão com grelos vendem, em torno dos Mosteiros de San Paio e de Belvís, as freiras que neles residem. Na zona do Obradoiro, assim como nas ruas mais centrais, existe uma grande quantidade de lojas comerciais com interessantes objectos para oferecer e lembranças de Santiago de Compostela. Os trabalhos artesanais em azeviche e prata são os mais originais e procurados, dado o já antigo prestigio dos ourives compostelanos. Assim, podem encontrar-se conchas, terços, anéis, brincos, miniaturas do botafumeiro e outras recordações jacobeias. São muito típicos os amuletos celtas e todo o tipo de figuras engastadas em prata, assim como o vasto leque de formas e cores que ostentam as peças da famigerada faiança galega. Estabelecimentos tradicionais expõem nas suas montras belos 43 exemplos das rendas de Camariñas. Mas, se o nosso interesse se concentra antes em objectos que nos dão mais vigor, é habitual adquirir essas garrafas de aguardente que são o condimento essencial nas mágicas e telúricas queimadas que se preparam nestas terras de boa comida e de ainda melhor bebida. Desportos Botafumeiro. Catedral Feiras e festas A capital do Apóstolo gera, ao longo do ano, uma abundante oferta cultural, com actividades teatrais, cinematográficas e actuações ao ar livre de grande relevância artística e social. No Outono têm lugar os Encontros no Camiño de Santiago, e o sóbrio Auditório da Galiza, sito, como não podia deixar de ser, no Parque da Música, oferece um bom número de concertos e outros eventos musicais. Em Julho, o mês do Apóstolo Sant’Iago para os galegos, sucedem-se as cerimónias religiosas, aliadas a manifestações populares de homenagem ao traje regional e bandas musicais que percorrem as ruas. Na noite do dia 24, o Obradoiro ilumina-se num espectáculo de luz e som que antecede o rebentar das luminárias e do fogo de artifício, provocando, sobre as sombras de pedra barroca, um efeito visual realmente impressionante. No dia 25 de Julho, festa do Apóstolo Sant’Iago, padroeiro da Galiza e de Espanha, assim como Dia Nacional da Galiza, o Rei de Espanha ou o Príncipe das Astúrias fazem a tradicional Oferenda ao Apóstolo, ao mesmo tempo que saem em procissão as relíquias mais queridas e veneradas pelo povo de Santiago. A Semana Santa dá azo à realização de procissões tão solenes como o Encontro dos Silenciosos, interessante prelúdio das festas da Ascensão, que decorrem no mês de Maio, e caracterizadas pelas “pulpeiras” que se celebram na carballeira de Santa Susana e os ranchos folclóricos que oferecem o melhor da sua arte. Um belo ritual cheio de alegre exaltação autóctone. 44 Além das equipas de futebol e basquetebol, que atingiram em algum momento lugares privilegiados na tabela nacional, existem inúmeros pontos geográficos nos arredores de Santiago de Compostela ideais para fazer caminhadas pelas florestas ou cicloturismo. A Serra do Barbanza, entre as rias de Muros, Noia e Arousa, é um belo e privilegiado mirante sobranceiro ao litoral atlântico. Este prolixo tapete vegetal, de grande interesse natural, reúne óptimas condições para desenvolver actividades de alpinismo ou de bicicleta de montanha, e sem esquecer a simples contemplação da fauna, da vegetação e da paisagem onde se podem apreciar dólmenes como o chamado Arca da Barbanza. Na interessante dualidade entre o litoral e o interior que caracteriza a Galiza, poucos quilómetros mais adiante aparece, entre Muros e Noia, uma das mais belas lagunas marítimas que é possível ver nestas terras, graças à transparência das suas águas e aos paradisíacos areais que possui. Proeminentes alcantis e praias de areia muito fina, semeadas de modernos portos, fazem deste um lugar ideal para a prática de desportos náuticos, como a vela e o remo. Este mar de ondas e de suaves brisas apresenta-se como o cenário perfeito para nos introduzir, ajudados pelos numerosos clubes náuticos, nas regras básicas da aprazível arte de navegar. Cicloturismo de A Antes Olveira Cée Atán Picota Albite Coiro Pedrouzos Bertamirans Arzón Valadares Sestaio A Barquiña Noia s Porto do Son M de Ria Baroña A Pobra do Caramiñal B a i x a s Corrubedo P. N. DUNAS DE CORRUBEDO Y LAGUNAS DE CARREGAL Y VIXÁN Cabo Falcoeiro Aguiño R ío Valga A Vacariza Ri a d r eA ou s Carril Vilar Vilagarcía de Arousa o eir Viv Ría Guntin Pena Agro do Chao Vila de Cruces A Granxa Monterroso Golada Ribadulla Bodaño N-640 ÑO MI Silleda N N-525 Lalín Cuntis Emb. de Belesar Rodeiro P O N T E V E D R A Cambados A PONTEVEDRA PONTEVEDRA 1020 KmKm de t e L U G O Pezobre A Estrada Caldas de Reis Calde Mera Palas de Rei Embalse de Portodemouros N-640 Pontecesures (Enfesta) Carracedo Melide N-547 Brandeso Ponte-Valga Catoira Pesqueira 533 GALAICO Pico Sacro Vedra Santeles U ll a Herbón Tallós Rianxo Sta. Uxía (Ribeira) Cabo Corrubedo Iria Flavia Bealo Boiro Lestedo Ramallosa Padrón Aldaris Portosín Fallara ur o Pta. Carreiro Seira Portobravo o ia Forte N-550 Aguasantas a Rí Muros yN Ribeira Bóveda Souto Fonte Díaz Santiago de Compostela Milladoiro Outes Carnota Louro R í a s A Peregrina LUGO Xial Paradela CIZO Tarroeira M A Arzúa O Pedrouzo Sigüeiro Ombreiro Cotá Friol Sobrado dos Monxes Gándara Senra b r e Focha Río O Pindo a de Negreira Anafreita Ru N-634 Pastor Rábade Outeiro Ousá de Rei Roimil A-9 Tamoga Begonte Mariz Cruces Puebla A Pena Quilmas Texeiro Bahamonde Aceberro Forcarey 0 Cerdedo OURENSE 10 20 30 Km CARTOGRAFÍA: GCAR, S.L. Cardenal Silíceo, 35 Tel. 91 416 73 41 - 28002 MADRID - AÑO 2002 [email protected] A OURENSE OURENSE 3048 kmKm SARRIA 14 km Co rcu b i ón Fisterra Ta m Parga (S. Breixo) San Mauro Viaño Pequeno Feira do Monte N-VI Guitíriz Mesía Berdia Entrepuentes San Vicente Ézaro Cabo Fisterra Suevos Ponte-Aranga Curtis Sta. Eulalia Pontepedra Torre Parga (S. Salvador) A-6 Vizoño C O R U Ñ A Fontecada Buriz San Marco Cesuras N-550 Carballido Vilalba Churrío Oza Leira Val do Dubra Santa Comba Grixoa Coiros de Arriba N-634 O Campo da Feira A Queimada Silva Queixas Vilar de Cima Monfero Pazo de Irixoa Veiga Carral Candamil Betanzos Mebegondo Ordes Bazar Baiñas Corcubión Castriz Morujo Bergon do Candiá Xermade Embalse del Eume Torto RÍO Zas Loroño Viveiró PONFERRADA A PONFERRADA127 111km Km Vimianzo Anxeriz Castrelo Carboal ad í R Rí a Ponte do Porto Ourol Embalse de la Ribeira Uceira Armada Miño Andeiro Loureda Paradela Erbecedo Esternanande Perbes Santa Cruz Rius San Roque Agualada Salto Deveso Seixas Igrexa San Ramón Culleredo Laracha Coiro Campo Pumar da Feira Carballo Nande Pereiro Pe da Veiga Grañas Insua Ferrol Oleiros Paiosaco Cabovilaños Margarida Magro A Baiuca Arteixo A-55 Cores Carballa Av. do Marqués de Figueroa Sada Caión Ponteceso Laxe Piñeiro O Vilar A CORUÑA Razo Corme Cabanas Espiñaredo Neda Igrexafeita Fene Muras Fe Ría N-651 de A r rol A Capela As Pontes de Mugardos Lousada res Cabanas Goente y Be García Rodríguez Ares R ía de Cor ta uñ Eum e a Dexo n z o s Boebre Eume Pontedeume Cabreiros Miraz Malpica Niñons Viveiro Caión Felgosas Gándara San Adrián Embalse da Dumbría Fervenza Lires Senra Aviño Meiras Cobas A T L Á N T I C O O Vicedo O Barqueiro Ortigueira Vila da Igrexa Atios Cabo Prior Vilaseco Touriñán Caberta Punta de la Estaca de Bares ira Mosende Seixo Valdoviño Ría de Corm e y La xe Moraime Berdoias San Andrés de Teixido Punta Candelaria O C É A N O Pta. Roncudo Cabo Touriñán Cariño Cedeira Beo Muxía i e gu Rí a Pta. Nariga Cabo Vilán R í a de C a m ari Camariñas ñas s Cabo Ortegal Or A Islas Sisargas Cabo Cabo Tosto a s l t RIBADEO 5368 kmKm A RIBADEO Auto-estrada Autovía Estrada nacional Estr. Rede Básica 1ª ordem Estr. Rede Básica 2ª ordem Estrada local Caminho-de-ferro Parador de Turismo Santuário-Mosteiro Parque natural Golfe Doca desportiva Balneário Parque de campismo Aeroporto Farol Património da Humanidade Caminho de Santiago Outros caminhos DADOS DE INTERESSE Prefixo Internacional % 34 Informação Turística TURESPAÑA % 901 300 600 www.spain.info PARADORES DE TURISMO Central de Reservas Rua Requena, 3 28013 Madrid % 915 166 666 ) 915 166 657 www.parador.es Informação Turística da Galiza % 981 542 500 www.turgalicia.es Parador de Santiago de Compostela Praza do Obradoiro, 1 % 981 582 200 ) 981 563 094 Informação Turística www.santiagoturismo.com TRANSPORTES Concelho de Santiago de Compostela www.santiagodecompostela.org Santiago de Compostela Rúa do Vilar, 43 % 981 584 081 Caminhos-de-ferro (RENFE) % 902 240 202 www.renfe.es Aeroporto de Santiago de Compostela (Lavacolla) % 981 547 501 www.aena.es Linhas aéreas (IBERIA) % 902 400 500 www.iberia.es Estação rodoviária % 981 587 700 Circulation routière % 900 123 505 www.dgt.es Rúa do Vilar, 63 % 981 555 129 TELEFONES ÚTEIS Caminho de Santiago www.xacobeo.es POSTOS DE INFORMAÇÃO TURÍSTICA Praza de Galicia % 981 584 400 Vilagarcia de Arousa Avenida Juan Carlos I, 37 % 986 510 144 ) 986 510 144 Emergências % 112 Urgências Médicas % 061 Guarda Civil % 062 Polícia Nacional % 091 Polícia Municipal % 092 Information au citoyen % 010 Correios e Telégrafos % 981 581 252 www.correos.es DELEGAÇÕES ESPANHLOAS DE TURISMO NO ESTRANGEIRO BRASIL. São Paulo Escritório Espanhol de Turismo Rua Zequinha de Abreu, 78 Cep 01250 SÃO PAULO % 5511/38 65 59 99 ) 5511/3872 07 33 e-mail: [email protected] PORTUGAL. Lisboa Delegação Oficial do Turismo Espanhol Av. Sidónio Pais, 28 – 3º dto. 1050 – 215 LISBOA % 351-21/ 354 53 29 ) 351-21/ 354 03 32 e-mail: [email protected] EMBAIXADAS EM MADRID Brasil Fernando El Santo, 6 % 917 020 689 ) 917 004 660 Portugal Pinar, 1 % 917 824 960 ) 917 824 972 Itinerário I 31. Igreja da Terceira Orde 1. Arco de Mazarelos 2. Convento e igreja das Mercedarias 3. Instituto de Ciências da Educação 4. Igreja da Compañía 5. Faculdade de Geografía e Historia 6. Convento da Ensinanza 7. Convento de Belvís 8. Seminário Menor 9. Igreja de San Fiz de Solovio 10. Mercado de Abastos 11. Igreja de Santo Agostiño 12. Igreja de San Bieito 13. Câmara Municipal 14. Pazo de Fondevila 15. Igreja das Ánimas 16. Pazo de Amarante 17. Igreja de Santa María do Camiño 18. Porta do Camiño 19. Convento e igreja de San Domingos de Bonaval 20. Centro Galego de Arte Contemporánea 21. Parque de Bonaval Itinerário II 22. Convento do Carme 23. Convento de Santa Clara 24. Hospitalillo y capela de San Roque 25. Museo das Peregrinacións 26. Igreja de San Miguel dos Agros 27. Museo da Casa da Troia 28. Fachada da Acibecheria 29. Mosteiro de San Martiño Pinario 30. Convento de San Francisco SINAIS CONVENCIONAIS Posto de Turismo Correios Parador de Turismo Estacionamiento Polícia Estação dos caminhos-de-ferro Estação rodoviária da s Rúa Teixeiro EO HORR Doutor C O N C H E IR O S A RÚ no For do dos La ga rto s Ca nt eir o Qu irog a Ca mp o DOS Rúa do H ome Sant de o Bonaval Costa nilla d o Mon te CERCA DA EN ZA ENSINAN Ca rde nal da O rfa s Rúa Rúa do Rúa VIRX Agustín San Calde reria Nova Villar R. da Raiña Franco do Rúa DO Rúa RÚA Ros a Praza Constitución Af AV E D NI ora A Colexiata de Santa María do Sar Parlamento Gallego e ns re Ou Rúa da Ca rre ira Rú a St a. UE ROQ do s RÚA SAN Rú a AV E Rúa Xazmins XO A NID Porta da Pena Algalla de Ab aixo N A S DAS RÚA Cl ar a . CLA Lou reiro s R. ST A A AN R O GALERAS Río A. d e X Co rr. do s Sa rel ro Ou do Fo nte de ga ixa e Am r Sa No va da a tin en Arx de iro ndal Eduardo Po a Rú as Brañ o nz zo Me de a Rú lica do rre Pardiñas o Alfred ro ed .P aS Rú Re b pú nar Ba Salva do do dor lic Repúb a Rú rreiro López Fe la Ul Rúa Rúa ez m Go a Rú 8 Camin o ido Olv do Rúa Rú a a Rú Xeneral ar Pil Praza Roxa C al le 2 Avenida Abaixo 53 s re ad M de Pesig o de P. Á do do s IO N Pe sig o l na re .A nc Co Avda. Ó a Rú s Tra Rúa N T 7 av Cl L 52 Trompa s de 1 Sa n A ntó n Rúa de Andújar A ña ru Co O das 3 Praza de Mazarelos Fraguas 4 Calexón 6 das Parque de Belvís 5 Co sta Corredoira 10 Praza de Abastos O o o Bisp Rúa d B 54 56 C. de M da A PADRÓN 20 Km. A LALÍN 56 Km. 55 N DE Taf ona DR lla ta Ba O dura Ferra X N A 200 m 11 SA PE stia Angu P da a id en Av 51 CARTOGRAFÍA: GCAR, S.L. Cardenal Silíceo, 35 Tel. 91 416 73 41 - 28002 MADRID - AÑO 2002 [email protected] 57 A de .A S Praza O n Arrib D do Toural a só E Pi T dos N C. tiza O Bau o F c s n la . al Rú a mur R Bl a R. Entre Campo Ca los A cia da Estrada te str SENR ar Praza Pi ón R. DA G I de Galicia Do S uro e O d L e R ond A C C a ú R do z ue tí íq s nr Río an t E s Co ro s Rú ez nte a ér rro Mo P Be Cu R. r Colexio de San Clemente Santa Susana DA NI 12 9 58 Rúa Belvis O Paseo Al am ed a 50 E AV 59 RÚ rio osa R. R o i d Me aval Bon do Rúa i Raxo ade Trinid D A Ú R alo o G o d ceir Cru da Carballeira de N N-550 N-525 47 49 a 0 44 Bispo Xelmirez 46 45 60 ca Fonse 48 Trav. Pa se o 17 seca Fon 38 19 o mp stia Ca ngu A da ca Tris da R. Rúa da Conga de Betanzos 36 Museo do Pobo Galego AS 18 13 40 41 43 39 33 37 Rúa to Cris 16 ría Praza de Cervantes 42 28 DA En S tre mu R O ros D 20 . C o C. d S o baix 100 34 21 del 15 14 26 ibeche Praza do Ac Inmaculada 35 ela ara ro San Ped AS 25 27 Ramón RÚA R. S. Miguel 29 24 orio Pregunt A RT Hospita liño Atalaia n ale rus Xe ia Tro ella da V Moe D s an Fe Vigo 32 s R. do Val de Dio R. S. Francisco as ler Ga ias Cenc vedra Ponte de ida Aven N AS e Entr de ida Aven A C IS C Ru C da n clá In 31 RET Rúa ida Aven Martín añez ida Ib Aven das ta Cos A RÚ a el st po om C as Burg das ida Aven a Vell a niñ mo lle Va 30 CAR iño Esp a Rú za Po HO Campo das Hortas r Ba ta os C s rrio tre En a do edoir Corr Aba ixo Corredoira das Arrepentidas da eiros de F Carm e de de Castiñ Rúa No va de a Rú o Te dos Horta de San Francisco Costa de San ta Isab el SANTIAGO D COMPOSTE de Morón de Rúa Corredoira 23 22 rey Rúa Esc. Aso a Rú s mio ela sP Cu R ar úa tel t de ras St do a. Isa be l Complejo Deportivo N-525 A LALÍN 56 Km. Rí o