universidade do alto do vale do rio do peixe
Transcrição
universidade do alto do vale do rio do peixe
UNIVERSIDADE DO ALTO DO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP CURSO DE ARTES VISUAIS VERA LUCI DE OLIVEIRA ZANELLA MODELAGEM E ESCULTURA: UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE CAÇADOR, 2012 VERA LUCI DE OLIVEIRA ZANELLA MODELAGEM E ESCULTURA: UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado como exigência para a obtenção de título de Licenciado em Artes Visuais, do curso de Artes Visuais, ministrado pela UNIARP – Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe, sob orientação da professora Suzanne Mendes Valentini. CAÇADOR, 2012 “Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, E não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” (Johann Goethe) Dedico esse trabalho a minha família ponto de partida chegada de tudo nessa vida. E aos meus professores que através da arte me ensinaram um novo olhar sobre o mundo. MODELAGEM E ESCULTURA: UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE VERA LUCI DE OLIVEIRA ZANELLA Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para a obtenção do Título de: Licenciado em Artes Visuais E aprovada na sua versão final em 08 de dezembro de 2012 atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Alto Vale do Rio do PeixeCoordenação do Curso de Artes Visuais ________________________________ Suzanne Mendes Valentini Coordenadora do Curso de Artes Visuais Banca Examinadora: _____________________________ Suzanne Mendes Valentini ______________________________ Daniel Bruno Momoli ______________________________ Mirian Terezinha Bolsi ______________________________ Sônia de Fátima Gonçalves RESUMO O tema abordado neste trabalho cujo principal objetivo está direcionado à valorização da modelagem e da escultura como linguagem artística, fonte de informação cultural, proporcionando aos alunos o conhecimento sobre a modelagem e a escultura, pois a arte de modelar/ esculpir tem grande importância na formação cultural de nossa história, pois foi influenciada pelos índios, africanos e portugueses. Acredita-se que dentro do contexto do trabalho, a arte poderá se entendida e percebida na sua globalidade, no qual o cognitivo, o sensível, o perceptível e o reflexivo atuam e interagem com as mesmas propriedades. Dessa forma julgamos estar possibilitando o desenvolvimento de um aluno mais crítico e eficiente em seus posicionamentos, portanto, formando um novo agente de produção cultural. Palavras-chave: modelagem, escultura, produção cultural, linguagem artística. ABSTRACT The broached theme in this study whose main objective is directed to the enhancement of modeling and sculpture as language arts, cultural information source, providing to students the knowledge about the modeling and sculpture, because art of modeling /sculpting, has great importance in the formation our cultural history, as it was influenced by Indians, Africans and Portuguese people. It is believed that in the context of work, the art can be perceived and understood in their entirety, which the cognitive, sensitive, and noticeable reflective, operate and interact with the same properties. Thereby, we are judge be possible the student development, making them more critical and effective in their positions, therefore, forming a new agent of cultural production. Keywords: modeling, sculpting, cultural production, artistic language. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - NU FEMININO QUE AJEITA O CABELO .............................................. 28 FIGURA 2 - A JUSTIÇA - OBRA DE ALFREDO CESCHIATTI ................................. 28 FIGURA 3 - RITMOS DOS RITMOS ......................................................................... 29 FIGURA 4 - PONTO DE ENCONTRO....................................................................... 29 FIGURA 5 - DIÁLOGO - OBRA DE FRANZ WEISSMANN ....................................... 30 FIGURA 6 - GIGANTE DOBRADA - OBRA DE AMILCAR DE CASTRO .................. 30 FIGURA 7 - SEM TÍTULO - SERGIO CAMARGO ..................................................... 31 FIGURA 8 - ESCULTURA DA SÉRIE BICHOS - LYGIA CLARK .............................. 31 FIGURA 9 - FIGURA HERÁLDICA - OBRA DE LIUBA ............................................. 32 FIGURA 10 - BURACO NEGRO ............................................................................... 32 FIGURA 11 - HOMEM PÁSSARO ............................................................................. 33 FIGURA 12 - FLOR DO MANGUE - FRANS KRAJCBERG ...................................... 33 FIGURA 13 - SALTIMBANCOS - FRANCISCO BRENNAND ................................... 34 FIGURA 14 - PEPEYE – O GRANDE PATO - MESTRE DIDI .................................. 34 FIGURA 15 - ESCULTURA PARA TODOS OS MATERIAIS NÃO ........................... 35 FIGURA 16 - PASSEIO PELA CIDADE DE PINHEIRO PRETO ............................... 39 FIGURA 17 - ESCULTURA COM MASSA DE MODELAR ........................................ 39 FIGURA 18 - TRABALHANDO COM ARGILA .......................................................... 40 FIGURA 19 - PANELA EM ARGILA .......................................................................... 41 FIGURA 20 - PRODUÇÃO DOS ALUNOS................................................................ 42 FIGURA 21 - VISITA A PRAÇA MUNICIPAL ........................................................... 45 FIGURA 22 - ESCULTURA EM PAPEL .................................................................... 46 FIGURA 23 - ESCULTURA EM ARGILA................................................................... 47 FIGURA 24 - ALUNOS CONSTRUINDO O MÓBILE ................................................ 48 FIGURA 25 - MÓBILE EM ARGILA ........................................................................... 48 FIGURA 26 - VISITA AO ATELIÊ DE ESCULTURA ................................................. 49 FIGURA 27 - ESCULTURA EM MADEIRA TREZE TÍLIAS ....................................... 49 FIGURA 28 - ESCULTURA EM MADEIRA – INGRID TALLER ................................ 50 FIGURA 29 - TURMA FAZENDO A VISITA .............................................................. 50 FIGURA 30 - DINÂMICA: FIO CONDUTOR.............................................................. 51 FIGURA 31 - TRABALHO: CARROSSEL DE PERSONAGENS ............................... 53 FIGURA 32 - ESCULTURA EM PAPEL .................................................................... 53 FIGURA 33 - ESCULTURA DE ENCAIXE EM PAPEL.............................................. 55 FIGURA 34 - ALUNOS PRODUZINDO ESCULTURA EM SABÃO ........................... 56 FIGURA 35 - ALUNOS REALIZANDO TRABALHO EM ARGILA ............................. 57 FIGURA 36 - PRODUÇÃO EM ARGILA 2 ................................................................. 57 FIGURA 37 - PRODUÇÃO EM ARGILA 1 ................................................................. 57 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 ARTE E CONHECIMENTO ................................................................................... 12 2.1 POETIZAR, FRUIR E CONHECER ARTE. .............................................................. 12 2.2 A EXPRESSIVIDADE INFANTIL........................................................................... 13 3 A IMPORTÂNCIA DA ARGILA NA PSICOMOTRICIDADE DA CRIANÇA ........ 16 3.1 O PROCESSO E DESENVOLVIMENTO ................................................................. 17 3.1.1 De onde vem a argila .......................................................................................... 18 3.1.2 Da argila a arte da cerâmica ............................................................................... 19 3.2 MATERIAIS E TÉCNICAS DE ESCULTURA ......................................................... 23 3.2.1 Breve relato da história da escultura ................................................................... 24 3.2.2 Evolução da Escultura ........................................................................................ 25 3.2.3 Escultura Moderna ............................................................................................ 26 3.2.4 Escultura Contemporânea .................................................................................. 27 3.3 CONHECENDO IMPORTANTES ARTISTAS BRASILEIROS E SUAS OBRAS DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO: ......................................................................... 27 4 A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM E ESCULTURA E O PROCESSO CRIATIVO (RELATO DAS PRÁTICAS DE ESTÁGIO) ........................................... 36 4.1 MODELAGEM: UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................. 37 4.2 MODELAGEM E ESCULTURA UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTES NO ENSINO FUNADAMENTAL II ............................................................ 43 4.3 MODELAGEM E ESCULTURA UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE NO ENSINO MÉDIO ................................................................................... 51 4.4 AVALIAÇÃO DURANTE O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ..................... 58 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 60 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 10 1 INTRODUÇÃO O presente Trabalho de Conclusão de Estágio é o relato de pesquisas, práticas pedagógicas e vivências dos alunos da Educação Infantil do Centro Educacional Padre Trudo Plessers de Pinheiro Preto SC, dos alunos da 7ª série do Ensino Fundamental, da Escola de Educação Básica Professora Maura de Senna Pereira, do município de Pinheiro Preto, SC, e dos alunos da 1ª série do Ensino Médio da mesma escola. O tema, Modelagem e Escultura uma proposta de Ensino Aprendizagem em arte foi abordado de forma a analisar: como a modelagem e a escultura podem articular a percepção, imaginação, o conhecer, fazer e refletir no processo de ensino aprendizagem? O ensino da modelagem e escultura se justificam, por serem uma das primeiras técnicas utilizadas pelos primórdios, que povoaram nosso planeta há milhares de anos e que se mantem até nossos dias e que muitas vezes é trabalhada de forma descontextualizada nas aulas de arte. Com o objetivo de levar o conhecimento da linguagem da modelagem e da escultura aos alunos; a partir do uso de argila e outros materiais; foram estudadas formas, cores, processo de trabalho de artistas como mestre Vitalino, Brecheret, Rodin, Francisco Brennand, bem como imagens de trabalhos de escultores contemporâneos. Assim buscou-se entender o contexto histórico em que as obras foram produzidas, ampliando os conhecimentos sobre a arte de modelar e esculpir. Esta prática pedagógica está baseada nas Diretrizes Curriculares de Artes, e a arte de modelar/esculpir faz parte da nossa vida, está presente em todo lugar. E através dessa prática o aluno torna-se consciente da sua ação individual e social. O trabalho teve como objetivo principal proporcionar ao aluno o conhecimento da linguagem da modelagem e da escultura, conhecer a vida e obras de artistas que utilizaram essa linguagem artística, ampliar o conhecimento e reconhecer a arte como forma de expressão, observar, analisar e utilizar os elementos da modelagem/escultura em suas produções artísticas, desenvolver a capacidade criadora, a imaginação e a reflexão ao realizar suas produções. 11 A metodologia utilizada para a realização do projeto foi de natureza bibliográfica, documental e de campo. A bibliográfica foi o estudo do trabalho já realizado por autores em Arte como: Ana Mae Barbosa, Mirian Celeste Martins, Gisa Psicosque, Maria Terezinha Guerra, Maria Fusari, Maria Ferraz e Rosalind Klaus. A pesquisa documental foi realizada nos registros do PPP das escolas Centro Educacional Padre Trudo Plessers e Professora Maura de Senna Pereira onde se deu a realização do estágio. Na pesquisa de campo, utilizou-se os resultados dos trabalhos realizados com os alunos. Procurou-se recursos metodológicos lúdicos e atrativos, fazendo uso de multimídia e produções dos alunos. A primeira parte deste trabalho aborda temas relevantes para o ensino da arte, como Arte e Conhecimento, Poetizar, Fruir e Conhecer Arte, a Expressividade Infantil e a importância do barro na psicomotricidade da criança, a história da escultura; destacando a função da arte e a importância da linguagem da modelagem/escultura como expressão artística. Na segunda parte, apresenta-se o relato das práticas de estágio supervisionado. Por fim, aborda-se as considerações finais e suas articulações com os referênciais teóricos. 12 2 ARTE E CONHECIMENTO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, estabelece em seu artigo 26, parágrafo 2º: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL, 1998). Entendemos que a arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber. E a escola é um dos lugares em que a arte deve ser ensinada de uma forma que propicie o desenvolvimento cultural dos alunos. Ensinar arte significa articular três campos conceituais: a criação/produção, a percepção/análise e o conhecimento da produção artístico-estética da humanidade, compreendendo-a histórica e culturalmente. Esses três campos conceituais estão presentes nos PCN-Arte e, respectivamente, denominados produção, fruição e reflexão. 2.1 POETIZAR, FRUIR E CONHECER ARTE. Pensando sob a teoria de Coll e Teberoski percebe-se que o processo de ensino-aprendizagem em arte também envolve ações implícitas nas várias categorias do aprender/ensinar, como objetivos a serem alcançados quanto à aprendizagem de fatos, conceitos, procedimentos, valores, atitudes e normas. Desse modo, vemos que: A aprendizagem de fatos e conceitos envolve: analisar, interpretar, conhecer, explicar, descrever, comparar, relacionar, identificar, situar (no tempo e no espaço), reconhecer, classificar, recordar, inferir, generalizar. 13 A aprendizagem de procedimentos envolve: construir, simbolizar, representar, observar, experimentar, elaborar, manejar, compor, confeccionar, utilizar, simular, reconstruir, planejar. A aprendizagem de atitudes, valores, normas envolve: apreciar, valorar (positiva e negativamente), ser consciente de, estar sensibilizado a, sentir, aperceber-se, prestar atenção a, deleitar-se com brincar como, preferir. Essas ações não ocorrem de forma estática quando estamos vivendo o processo de ensinar-aprender em arte, pois o poetizar, o fruir e o conhecer entram em jogo, somados às especificidades dos conceitos, fatos, procedimentos, atitudes, valores e normas próprias das linguagens artísticas (COLL E TEBEROSKY, 2000). 2.2 A EXPRESSIVIDADE INFANTIL Compreender o processo de conhecimento da arte pela criança significa mergulhar em um mundo expressivo. Por isso, é preciso saber por que e como ela o faz. Do ponto de vista de Ferraz, Rezende e Fusari (1993), compreender o processo de conhecimento da arte pela criança significa mergulhar em seu mundo expressivo, por isso é preciso saber por que e como ela o faz. Portanto: A criança se exprime naturalmente tanto do ponto de vista verbal, como plástico ou corporal e sempre está motivada pelo desejo da descoberta e por suas fantasias. Ao acompanhar o desenvolvimento expressivo da criança, percebe-se que ele resulta das elaborações de sensações, sentimentos e percepções vivenciadas intensamente. Por isso, quando ela desenha, dança e canta o faz com vivacidade e muita emoção (p. 55). Considerar a expressividade da criança significa entendê-la como um processo de articulação interna e inter-relação com os outros e o ambiente. Com efeito, é sempre em contínuo contato com as pessoas e as coisas que a criança aprimora seus pensamentos, suas descobertas e seu fazer em arte. Não se trata então de um processo isolado, mas de ações em reciprocidade, quando a criança internaliza os conhecimentos, vinculando-os às suas experiências de vida pessoal e cultural. 14 A expressão infantil é, pois, a mobilização para o exterior de manifestações interiorizadas e que formam um repertório constituído de elementos cognitivos e afetivos (Secretaria de Educação Fundamental, 1997). Assim desde bem pequenas as crianças vão desenvolvendo uma linguagem própria, traduzida em signos e símbolos carregados de significação subjetiva e social, como, por exemplo, os rabiscos das pequeninas que são extensões de seus gestos primordiais. Esta dimensão particularíssima da linguagem da criança é que a faz reconhecida e respeitada. Esta constatação vai levar a duas atitudes: em primeiro lugar, à compreensão do ato expressivo como um ato criador; em segundo lugar, ao resultado desse ato expressivo, “trabalho realizado”, apresentando-se com uma possibilidade de valor estético. Para Ferraz e Fusari (1993) “A criança em atividade fabuladora ou expressiva participa ativamente do processo de criação”. Durante a construção ela se coloca uma sucessão de imagens, signos, fantasias, que às vezes são mais considerados por ela no momento em que aparecem do que no resultado do trabalho. Estes fatos são muito importantes para o conhecimento da produção da criança e evidenciam o desenvolvimento e expressão de seu eu e do mundo em que vive. Para a criança, a linguagem ou comunicação que ela exercita com parceiros visíveis ou invisíveis, reais ou fantasiosos, acontece junto com seu desenvolvimento afetivo, perceptivo e intelectual e resulta do exercício de conhecimento da realidade. Em seu trabalho, a criança constrói noções a partir das vinculações que estabelece com o que foi percebido nas suas experiências sensoriais e motrizes. Esta acumulação de impressões sobre o que a rodeia é que vai constituir-se como base sobre a qual se organizam suas habilidades perceptivas e expressivas. O maior compromisso do professor é, portanto, adequar o seu trabalho para o desenvolvimento das expressões e percepções infantis, que assim vão configurar-se em grandes problematizações do curso de Arte. Através deste trabalho com o aprimoramento de potencialidades perceptivas das crianças, pode-se enriquecer suas experiências de conhecimento artístico e estético. E isto se dá quando elas são orientadas para observar, ver, ouvir, tocar, enfim perceber as coisas, a natureza e os objetos à sua volta. (FERRAZ e FUSARI, 1993, p.56). Ainda de acordo com Ferraz e Fusari (1993), sentir, perceber, fantasiar, imaginar, representar, fazem parte do universo infantil e acompanham o ser humano 15 por toda a vida. Consequentemente, ao compreender e encaminhar os cursos de arte para o desenvolvimento dos processos de percepção e imaginação da criança estaremos ajudando na melhoria de sua expressão e participação na ambiência cultural em que vive. 16 3 A IMPORTÂNCIA DA ARGILA NA PSICOMOTRICIDADE DA CRIANÇA O processo de modelagem propicia à criança maior aplicação de suas potencialidades, respeitando cada fase de seu crescimento psicomotor. Para a criança na fase pré-escolar é importante oferecermos materiais que estimulem e impressionem os seus sentidos (GABBAI, 1987). Reconhecemos a argila como um dos materiais para o desenvolvimento psicomotor da criança pois é um elemento natural com muitas possibilidades no trabalho com modelagem De acordo com Gabbai (1987) apud Zem e Funck (2009), a manipulação da argila é um meio eficaz no processo de liberdade de cada criança. Ela é capaz de propiciar lazer e liberar os movimentos; desenvolvendo a percepção que é um fator muito importante na formação da espacialidade. A modelagem é um dos meios de preparação para a expressão do pensamento, porque o movimento das mãos se submete aos impulsos íntimos e estes, ao processo ideativo. O que a palavra não conseguir exprimir, o movimento, a forma, o volume, o gesto, trazem a linguagem viva do mundo interior, refletindo o caráter, o temperamento, com fortes impressões da personalidade. A atividade de manipular aargila permite a expressão dos problemas afetivos e revela o nível de desenvolvimento intelectual. A criança ao trabalhar com este material tem condições de dominá-lo, libertando assim, as suas tensões, pois é um material vivo, de ação calmante. (GABBAI, 1987 apud ZEM e FUNCK, 2009). Amassar a terra e dar-lhe forma são gestos primitivos que influem na coordenação de todos os movimentos, além de propiciar e desenvolver autoconfiança e autodomínio. A argila faz a criança amadurecer e permite-a sentirse capaz de executar casas, castelos, túneis, estradas entre outros, envolvendo em um mundo de criação. De acordo com Gabbai, (1987), a modelagem beneficia os sentidos físicos da criança: no movimento de estiramento do barro, a criança conhece figuras, descobre conjuntos, percebe dimensões e ainda é capaz de situar distâncias e assim ajusta seu mecanismo visual para o mundo real que a cerca. 17 Através da manipulação com ambas as mãos, ocorre uma integração bilateral do corpo, a criança estará desenvolvendo e automatizando os reflexos da lateralidade (direita e esquerda). Paralelamente, desenvolve a visão das proporções, da espessura indo até o reconhecimento do objeto, incluindo sua forma e seu movimento. Para Gabbai (1987), a coordenação fina vem despertar os exercícios de extensão. Com todos estes movimentos, surge à força das articulações das mãos. Em um trabalho bem desenvolvido com argila, a independência da criança surge gradativamente, aumentando sua imaginação criativa, passando a uma atividade mais autônoma, mais concentrada e com menos dispersão mental. 3.1 O PROCESSO E DESENVOLVIMENTO Gabbai (1987) nos diz que é importante lembrar que expressão é um meio para a criança exteriorizar a criatividade através dos seus temas infinitos e de suas formas imprevisíveis. Deve haver, por parte do professor, uma conscientização da responsabilidade que tem que estimular na criança a liberdade de criar através da sua própria liberação. No trabalho com argila é interessante que as crianças conheçam todo o processo pelo qual ela passa, isto é, desde sua origem até o resultado após a sua queima. Quando as crianças manifestam interesse, deve-se iniciar o trabalho propiciando a elas um contato mais direto com suas origens, se possível levando-as até as jazidas, como também com o processo de preparação para ser moldada. É de grande valia para as crianças a montagem do seu próprio ambiente de trabalho com recursos simples: jornais, rolos de madeira, palitos, estacas feitos por elas, papelões, panos, plásticos, sabugos, pedras, enfim, sucatas domésticas para texturas. (GABBAI, 1987 apud ZEM e FUNCK, 2009). É importante também que o professor tenha um conhecimento técnico e artístico para atender as necessidades das crianças como também estar consciente da importância de motivá-las ao trabalho bem como gradativamente, apresentar-lhe as técnicas básicas. Estas auxiliarão as crianças na medida em que forem criando e querendo aprimorar seu trabalho. 18 Após certo tempo de trabalho, a criança vai naturalmente se habituando a aplicar todos os processos das técnicas e se acostumando com a nomenclatura conhecida, como: técnica de placas de rolinhos, de agregação, de ocagem e outras. Após a confecção de seus trabalhos, a criança acompanha o processo de peça, observando a mudança gradativa de tamanho, peso e tonalidade que normalmente vai adquirindo até ficar no ponto de queimar (GABBAI, 1987 apud ZEM e FUNCK, 2009). 3.1.1 De onde vem a argila A argila se origina da desagregação de rochas que contém fedspalto, por ataque químico que produz a sua fragmentação em partículas muito pequenas. Normalmente as jazidas são formadas pelo processo de depósito aluvial, ou seja, as partículas menores e mais leves são levadas por correntes de água e depositadas no lugar onde a força hidrodinâmica já não é suficiente para mantê-la em suspensão as argilas assim geradas são chamadas secundárias, já a argila primária permanece onde se originou. Pode ser de várias cores: branca, cinza, ocre, vermelha, preta. Poucos ceramistas a utilizam pura, porque ela encolhe muito ao secar e se quebra. por isso, preparam uma pasta cerâmica, mistura de argila com desengordurante como areia ou chamota, que favorece a secagem e o cozimento, a pasta cerâmica também é importante porque influi na textura da peça produzida. A argila existe em toda superfície terrestre. Alguns tipos são encontrados a céu aberto e outros em minas subterrâneas. Geralmente contém impurezas, e por isso necessita ser beneficiada através de processos mecânicos e químicos onde se pode deixá-la mais limpa e sem mistura. (GOMES, 1988). O apodrecimento ou a limpeza se dá logo depois de retiradas dos barreiros e são colocadas em fossas ou sobre plataformas e constantemente regadas. Este processo é usado somente em pequenas olarias que utilizam os métodos tradicionais. Por meio de máquinas modernas consegue-se resultados econômicos e de melhor qualidade. São inúmeros os tipos de argila existentes. Algumas são usadas para confeccionar telhas, tijolos, vasos; outras para pisos, azulejos e outras para a 19 cerâmica artística artesanal, objetos utilitários, decorativos, esculturas, até semicondutores usados em computadores, além do uso medicinal. São chamados barros magros os que se partem com facilidade quando trabalhados, e barros gordos os que possuem maleabilidade, que são mais fáceis de se trabalhar. Atualmente a argila pode ser encontrada na forma líquida, em pó e na mais usual: a forma plástica. As argilas prontas são embaladas em blocos, pesando cerca de 10 quilos, algumas até trazidas do exterior, cada uma com características próprias de uso e aplicação. 3.1.2 Da argila a arte da cerâmica Acreditamos que as primeiras pessoas que povoaram nosso planeta há milhares de anos, se deram conta de que seus pés deixavam marcas no barro, e que estas ao secar, conservavam sua forma. A argila úmida é macia e maleável. Talvez tenham imaginado que esse material fosse apropriado para fazer objetos. Porém quando seca, fica frágil: quebra e se desgasta com facilidade. Além disso, não comporta líquidos porque a água desfaz a argila seca. Para o surgimento da cerâmica e da olaria foi necessária uma nova descoberta: a argila endurece no fogo. É preciso conseguir uma temperatura elevada (cerca de 850ºC), os objetos de argila se tornam mais resistentes e podem servir para cozinhar e para colocar líquidos. Muitos objetos de uso comum, como vasilhas, pratos, xícaras, e vasos, são feitos por oleiros e ceramistas. O principal material que utilizam é o barro ou argila. As primeiras vasilhas feitas pelos seres humanos eram cozidas em fogueiras ou em buracos cavados no solo, nos quais se queimavam troncos e galhos, mas a forma de cozer a cerâmica evoluiu e hoje se utilizam fornos elétricos e a gás. Nas aldeias indígenas ainda se queima a cerâmica com troncos e galhos, e em pequenas oficinas artesanais (WANDECK, 2000). É possível encontar lugares em que se utilizam fornos a lenha, cuja estrutura se assemelha aos da antiguidade. 20 De acordo com Wandeck (2000), a cerâmica é uma atividade que se mantém inalterável até hoje, os seus principais fundamentos são: obter a argila, moldar, secar e queimar. Oleiro é quem trabalha no torno, na roda e fabrica peças torneadas. A roda de oleiro foi inventada na Mesopotâmia no final do quarto milênio A.C. atualmente há no mercado vários modelos de tornos. A maioria são movidos por motor elétrico e a regulagem da velocidade se dá por um pedal de acelerador, como nos carros. No passado as rodas eram movimentadas com os pés e ajudadas com as mãos, caso necessário. Atualmente existem regiões que utilizam esse método tradicional. Para a fabricação de produtos cerâmicos vermelhos (tijolos, blocos, telhas) a argila utilizada é simplesmente retirada da jazida, sem nenhum beneficiamento. Já para se fabricar peças técnicas de laboratórios (cadinhos, cubas, etc.) a argila precisa ser seca ao ar livre atingindo um alto grau de purificação, pois não poderão existir substâncias que possam reagir com produtos ou reagentes. A secagem das peças em argila é um processo físico. Para remover a água é necessário calor. Mas o problema não se resolve com mais calor, mais secagem. Cada material possui certas características físicos e químicas que limitam o tempo da secagem e a maneira de secar. A secagem natural nos terreiros ao sol, faz com que a umidade da região de fora evapore depressa, mas, aquela do interior demora, e ao evaporar-se racha o material. A secagem só é completa quando a água do interior for aquecida até evaporar-se. Um método, portanto, tem que ser delineado, de modo a evaporar a água do interior sem evaporar a externa. É necessário controlar a umidade do ar e da temperatura. (WANDECK, 2000) Para ser trabalhada a argila deve estar úmida, maleável. Sua conservação se dará por mais tempo se for acondicionada num invólucro plástico grosso e bem fechado. Depois de aberta a embalagem, a argila deverá ser mantida envolta em plástico bem fechado em lugar fresco. Se isso não ocorrer seu endurecimento se dará em pouco tempo, dificultando seu uso e manuseio. Caso a argila endureça ela pode ser reciclada; para isso deixa-se secar completamente e, após, coloca-se o material quebrado em pequenos pedaços, num recipiente coberto com água. Depois de alguns dias, com a massa amolecida, ela pode ser posta para secar sobre uma placa de gesso ou madeira. Mas precisa ser bem amassada para ficar novamente 21 pronta para o uso. A reciclagem de grandes quantidades pode ser feita com equipamento chamado maromba. Misturando-se duas ou mais argilas entre si pode-se confeccionar peças com bons resultados estéticos, desde que as argilas sejam compatíveis entre si. O trabalho com argila requer que ela seja bem amassada, com as mãos ou mecanicamente, para compactar e eliminar todas as bolhas de ar existentes em seu interior. As bolhas poderão fazer com que a peça exploda dentro do forno, durante a queima, como também podem provocar rachaduras em peças que estejam secando. Bater muito bem o barro é uma etapa da preparação que não pode deixar de ser realizada (WANDECK, 2000). Quando os ceramistas modelam a argila para fazer suas vasilhas ou objetos, geralmente não procedem como os escultores. A principal diferença é que para o ceramista a argila é a própria obra, enquanto para o escultor ela pode servir apenas para dar forma; ao final do processo a escultura poderá ser feita de outro material, como bronze, cimento, gesso. O ceramista deve pensar na forma que vai dar à sua obra e também em como fazer para que ela suporte o cozimento no forno. A modelagem da cerâmica deve ter certas características; quando falta uma delas, corre-se o risco de que a peça se quebre ao cozer: A argila não pode estar manchada. Para que a peça possa cozer, deve ser oca, pois quando é maciça é muito difícil que o cozimento seja homogêneo. A superfície da argila não pode conter bolhas de ar. A obra deve estar totalmente seca ao ser introduzida no forno. Com o uso das placas pode-se construir a maioria das peças de cerâmicas. Isso consiste em espalhar com um rolo, uma porção de argila sobre uma superfície lisa compactando-a. Usam-se duas réguas de madeira sobre as quais movimenta-se o rolo com as mãos. Esta tarefa manual pode ser efetuada mecanicamente com um Abridor de Placa, equipamento que permite espremer a argila através de dois rolos de borracha tracionados por uma manivela. Beliscando cria-se a forma da peça amassando a argila com os dedos de uma das mãos. A palma da outra mão ajuda a dar a forma desejada (WANDECK, 2000). 22 Com as cobrinhas são feitas as tiras de argila que são roladas com mãos sobre uma superfície lisa até que se tornem cilíndricas. Pode-se também produzi-las usando uma extrusora (equipamento que comprime o barro num tubo dando a forma que se quer na saída.). Com as cobrinhas juntas entre si, sobrepostas pode-se obter todas as formas que se queira, de acordo com a técnica e habilidade de cada um. Ainda para Wandeck (2000), a argila no ponto de couro, também é definido como ponto de sabão. Neste momento ainda se pode aparar, cortar, adicionar partes e dar acabamento na peça com facilidade. Passar um pouco de vinagre (floculante) no local a ser trabalhado, facilita a junção das partes. Ponto de osso é o estado quando a argila está completamente seca não aceitando mais modificações. É o momento que está mais frágil devendo-se ter o maior cuidado no manuseio, na guarda e na hora de enfornar. Os trabalhos realizados com argila não propiciam resultados imediatos, as etapas são sempre demoradas. Paciência e calma são qualidades que o ceramista deve ter. A cerâmica ou a arte do barro é uma manifestação artística que os seres humanos dos mais distantes pontos da Terra aprenderam a dominar há milhares de anos. Esta Arte foi descoberta há 10.000 anos na Ásia Central e na Europa e há 6.000 anos na América do Sul. Muitos dos objetos que se modelam tem uma finalidade prática, uma utilidade: servem para guardar sementes, grãos, para transportar água, cozinhar alimentos e para muitas tarefas da vida cotidiana. A capacidade de transformar a argila foi e é também empregada para expressar os gostos e as crenças dos povos aos quais pertenciam os artistas ceramistas. Os ceramistas modelaram figuras que representavam seus deuses, seus semelhantes ou cenas da vida cotidiana. Por meio das diferentes formas e decorações dos objetos de cerâmica, vários povos deixaram marcas próprias, que serviam para se reconhecerem entre si e para serem reconhecidos pelos outros. 23 3.2 MATERIAIS E TÉCNICAS DE ESCULTURA ESCULTURA – Técnica de representar figuras ou organizar formas em três dimensões – comprimento, largura e altura-, esculpindo ou combinando elementos. A escultura existe em duas formas básicas: em redondo e em relevo. No primeiro tipo, a obra é toda envolvida pelo espaço: a figura, completamente pedra, que mais parece desenho que escultura. Isolada, aparece na tonalidade de seu contorno. É o caso de uma estátua. Na escultura em relevo, ao contrário, as figuras estão presas a uma superfície de fundo, da qual sobressaem e sobre a qual foram diretamente executadas. Se dois terços da figura emergem do plano diz-se da obra que é um alto-relevo: sendo menos de dois terços, chama-se baixo-relevo. O tipo mais elementar de baixo-relevo é a incisão na pedra, que mais parece desenho que escultura. A matéria usada na escultura é a mais variada e diversa. Os principais são os seguintes: PEDRA: é trabalhada não em função das suas propriedades geológicas ou mineralógicas, mas em função de sua dureza, resistência e formas habituais. Tanto pode ser o granito, duro de trabalhar e que se adapta melhor as formas mais simples; os calcários, dentre eles os mármores, mais macios e de grãos mais finos, que permitem mais detalhes e recebem mais facilmente polimentos; a esteatita ou pedra sabão, ainda mais macia, trabalhada com mais facilidade e que endurece com o tempo. Outras pedras ainda podem ser usadas e, em principio, no passado usavase as pedras mais fáceis de obter na região. MADEIRA: Usada segundo a natureza da sua formação. Há madeiras duras e compactas, como o nosso jacarandá, e também outras mais macias e de trabalho mais fácil, como o cedro ou o pinho. Os escultores europeus usavam madeira de suas florestas, como carvalho, a faia, o pinheiro. A resistência da madeira é indefinida, tanto que desde o Egito até o Oriente Antigo já se usava madeiras para as esculturas. BRONZE: Na escultura de bronze é necessário fazer um modelo de argila ou barro, sobre o qual se tira um molde em gesso que serve pra receber a fundição em bronze. O bronze é principalmente uma liga de cobre e estanho, mas também 24 podem ser usadas outras ligas, como cobre ou zinco ou chumbo, em proporções variáveis. A fundição do bronze pode ser feita também em areia. É um material muito antigo, já usado na China, no Egito, na Grécia e em Roma. OUTROS METAIS: O ferro fundido ou forjado também foi usado desde épocas antigas até hoje. A descoberta do aço permitiu a execução de armas, capacetes, armaduras, e moderadamente o aço inoxidável oferecem um material novo e não sujeito à corrosão ou ferrugem. Metais preciosos como prata, o ouro é mais usado para ourivesaria. BARROS E TERRACOTA: O trabalho na matéria mole é praticamente a modelagem. As diferentes espécies de argila são amassadas com água formando uma pasta onde serão moldados e cozidos ao fogo, os que dá a terracota, termo originado do italiano que quer dizer terra cozida. É uma das técnicas mais antigas. MARFIM E OSSO: Muito utilizado na Índia foi usada em esculturas de pequenas dimensões. MATERIAIS ATUAIS: Na escultura contemporânea podemos considerar a matéria mais diversa, desde o plástico, o vidro, a sucata de ferros, até a reunião dos materiais mais imprevistos. A liberdade é absoluta por parte do artista. 3.2.1 Breve relato da história da escultura Na Pré-História as primeiras expressões da arte eram muito simples. Cortar era um gesto fundamental para a sobrevivência do homem, portanto, com alguns golpes preciosos, o homem pré-histórico esculpiu um SÍLEX (instrumento cortante). Com o passar do tempo os homens começaram a esculpir seus objetos familiares, e em seguida, pequenas estatuetas femininas, que representavam formas exuberantes (cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas.). Os artistas da pré-história esculpiam em todo o tipo de material, mas são poucas as obras de argila ou de madeira que se conservaram até hoje. Ao aperfeiçoar os instrumentos que eram feitos de pedras polidas, mediante atrito, o homem conseguiu produzir o fogo, dando inicio ao trabalho com metais. Assim aprenderam a fundir o metal, a modelar, a entalhar e moldar, revelando sua 25 preocupação com a beleza e não apenas com a utilidade do objeto. As esculturas em metal passaram a ser rica em detalhes representando guerreiros e mulheres, constituindo um precioso documento das roupas e atividades desse período. Quanto às esculturas na Antiguidade grega houveram dois períodos: o arcaico e clássico e o helenístico. O escultor grego do período arcaico, assim como o escultor egípcio, apreciava a simetria natural do corpo humano. No período helenístico a escultura passou a apresentar traços característicos, o crescente naturalismo, o ser humano não era representado apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. E o surgimento do nu feminino, pois no período arcaico e clássico, as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas. Os gregos começaram a esculpir em mármore, grandes figuras de homens. Era evidente, a influência do Egito nessas esculturas, como também a própria técnica de esculpir grandes blocos. Os escultores egípcios procuravam fazer uma figura realista de um homem, o escultor grego acreditava que uma estatua que representasse um homem não deveria apenas ser semelhante a um homem, mas também um objeto belo em si mesmo. Na Grécia os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois as estatuas não tinham função religiosa como no Egito, assim pode evoluir livremente. E com essa evolução, o mármore mostrou-se um material inadequado, era pesado demais e se quebrava sob seu próprio peso. A solução para este problema foi trabalhar com um material mais resistente. Começaram então a fazer esculturas em bronze, já que permitia ao artista criar figuras que expressavam melhor o movimento. 3.2.2 Evolução da Escultura No Renascimento, Michelangelo (1475 – 1564) criou esculturas vigorosas, fortes e que transmitiam dramaticidade. Seu trabalho é considerado de grande perfeição e de acabamento bem elaborado. A escultura renascentista destacou-se no equilíbrio entre a razão e a emoção. 26 No Barroco, a dramaticidade dos movimentos, predominada por linhas curvas e excessos de dobras nas vestes, eram algumas das características das esculturas. A escultura neoclássica buscou inspiração na Antiguidade greco-romana. Procurou unir o real dos sentidos com o ideal da alma, representando as necessidades espirituais do homem, seus sentimentos e aspirações, além de suas ideias de beleza moral e intelectual, apresentavam suavidade de formas e clareza nos contornos. O mármore era o material apropriado para a expressão do ideal, pois a madeira e o metal eram considerados comuns e vulgares. Escultores importantes desse período foram: Jean Antonie Houdon e Antonio Canova. 3.2.3 Escultura Moderna Rodin (1840-1917) é sem dúvida um dos escultores mais conhecidos e estudados de todos os tempos. Suas esculturas possuíam ondulações e aspereza, que dão as obras um aspecto enrugado, permitindo assim, dependendo da luz que incida sobre elas, constantes vibrações de reflexos de sombras. Rodin não dava o último acabamento às suas obras, preferia deixar algo para imaginação do espectador. A paixão de Rodin pelo movimento e ação do corpo humano reverbera a todo instante. “Ele não dirigia as modelos, deixava-as se mexendo até encontrar um gesto ou uma postura que o agradasse”. Nas esculturas independentes vêem-se imagens sensuais e voluptuosas como no mármore Andrômeda. Mais que o erotismo subliminar, no entanto, o escultor tinha a capacidade, tal qual Picasso e Michelangelo, de tocar na alma humana. Citamos também Alexander Calder, fascinado pelo movimento na obra de arte criou os móbiles, esculturas que se movem , usando materiais inusitados: ossos, plumas, zinco e arames. O equilíbrio e os sons de seus móbiles criaram uma imagem de leveza e alegria, tornando os seus trabalhos as mais criativas esculturas do século XX. 27 As formas geométricas que inspiravam pintores cubistas também influenciaram as esculturas de Constsntin Brancusi, que utilizou essas formas nas suas esculturas de figuras simples e polidas. 3.2.4 Escultura Contemporânea Os anos 50 são marcados pela acelerada expansão do abstracionismo, tanto de linhas geométricas como informais. O Concretismo, um estilo de abstração geométrica, se torna a moda do momento, sendo louvado por críticos e artistas e dominando os salões e galerias. Paralelamente assistiu-se ao desenvolvimento de uma abstração informal, de tendência lírica ou onírica, e logo se notou também um grupo de artistas que, não desejando abandonar de todo a figuração, passaram a incorporar estilizações de uma estrutura ainda figurativa, seguindo o exemplo de mestres internacionais como Picasso, Henry Moore e Alberto Giacometti. Os escultores contemporâneos definiram-se com criações abstratas pelos volumes geométricos e pelas formas vazias. Procuram desenvolver um trabalho em que expressam as tradições populares de sua terra, sem caráter figurativo, geralmente em grandes volumes geométricos que revelam a busca de novas formas pelo artista. O mármore, o metal, a madeira, a resina de poliéster, o ferro fundido, o aço inox em forma de sucata; são muitos dos materiais utilizados pelos escultores contemporâneos. 3.3 CONHECENDO IMPORTANTES ARTISTAS BRASILEIROS E SUAS OBRAS DO MODERNO AO CONTEMPORÂNEO: ERNESTO DE FIORI (1884-1945): A escultura tem, mais do que qualquer outra arte, a tendência para o absoluto. O absoluto na escultura é o desligado, equilibrado, despreocupado, e o que está entre a alegria e a dor. Assim Fiori classifica suas obras. 28 Figura 1 - Nu Feminino que ajeita o Cabelo - Ernesto de Fiori Fonte: masp. art.br ALFREDO CESCHIATTI (1918 - 1989): Sua escultura é leve, forte e salubre, como a dos períodos mais brilhantes dessa arte, nela não há recantos sombrios e impenetráveis, não há evasivas, nem traições, no seu conteúdo, nos seus volumes e relevos não se detêm os insanos mistérios do erotismo ou da alucinação. Figura 2 - A Justiça - Obra de Alfredo Ceschiatti Fonte: pt.wikipedia.org MARIA MARTINS (1894 -1973): Romper com os postulados da ordem grecoromana num país que deve criar formas novas, esta era a ação da escultora que quis interpretar o Brasil amazônico. 29 Figura 3 - Ritmos dos Ritmos Obra de Maria Martins Fonte: bravonline.abril.com.br MARY VIEIRA (1927-2001): suas construções - polivolumes multidimensionais - esculturas enquanto vistas como objetos de forma definida, entretanto, a partir do momento que o observador, incitado a tocar nos elementos móveis começa a alterar e variar, a construção passa então, a ser mais um objeto que escultura. Figura 4 - Ponto de Encontro Obra de Mary Vieira Fonte: cultiveopensar.blogspot.com FRANZ WEISSMANN (1911 – 2005): Ao longo dos trinta anos Weissmann veio se aprofundando e enriquecendo suas obras. Da rejeição radical da massa e de 30 sua redução a meras notações no espaço, chegou à criação de uma verdadeira poética do espaço voltado para o presente e para o futuro. Figura 5 - Diálogo - Obra de Franz Weissmann Fonte: esculturasemsaopaulo.blogspot.com AMILCAR DE CASTRO (1920 -2002): Sua obra é uma linguagem essencial, realmente não alusiva e na qual não se descobrem sequer as referencias a problemas geométricos ou matemáticos. O artista esta entregue a si mesmo e a sua linguagem potencial, que, antes da obra nascer, é apenas um numero indeterminado de possibilidades formais. Figura 6 - Gigante Dobrada - Obra de Amilcar de Castro Fonte: monumentos.art.br SERGIO CAMARGO (1930 – 1990): As esculturas de Camargo conquistaram seu lugar no mundo quase por implosão do espaço ao redor. Cortados em ângulos diversos, tais elementos não apenas revelam as mais surpreendentes possibilidades de articulação como acabam engendrando figuras estranhas, incógnitas e desconcertantes. 31 Figura 7 - Sem Título - Sergio Camargo Fonte: m.guia.uol.com.br LYGIA CLARK (1920) Suas obras partem sempre de uma estrutura previa, a partir dai, a evolução é no sentido de uma complexidade estrutural crescente, em que quadrados se ligam a triângulos, quadrados a quadrados, quadrados a círculos. Nessa complexidade, as obras se vão individualizando, com movimento e contar movimento, ora tendendo a expandir-se para as extremidades, ora para o interior, a procura de uma célula central, como na simetria convergente ou posterior-anterior dos organismos vivos. Figura 8 - Escultura da Série Bichos - Lygia Clark Fonte: educacao.uol.com.br LIUBA (1923 – 2005): As fases do seu trabalho estão ligadas às formas, o volume no espaço. Sempre usou volumes com planos que acentuam o dinamismo 32 da forma. Liuba considera-se figurativa, mas os volumes são mais livras, situam-se quase no limite do abstrato. Figura 9 - Figura Heráldica - Obra de Liuba Fonte: esculturasemsaopaulo.blogspot.com CACIPORÉ TORRES (1935): Artista que não se contenta com um ateliê, só sabe trabalhar em hangar. Em suas criações escolhe matéria prima de alto peso atômico como ferro fundido e aço inox em estado de sucata e produz peças não figurativas que pesam como monumentos ou máquinas. Elas constituem deveras a apologia volumétrica e densa dos instrumentos desta nova civilização de consumo e de usinas. Figura 10 - Buraco Negro Obra de Caciporé Torres Fonte: espacoarte.com.br 33 NICOLAS VLAVIANOS (1929): O artista explora conceitualmente o mundo visceral dos objetos industriais. Pistões, engrenagens, cilindros e outros compõem o espaço como elementos imaginários que não cessa de manifestar-se à intimidade de uma geometria afetiva. . Figura 11 - Homem Pássaro Obra de Nicolas Vlavianos Fonte: monumentos.art.br FRANS KRAJCBERG-(1921) Grande artista ligado à natureza brasileira, seu trabalho consiste em usar objeto natural, morto e dar lhe vida outra vez. A opção naturalista oposta opção prealista é fruto de uma escolha que engaja a totalidade da consciência individual. Essa opção não é somente critica, não se limita a exprimir o medo do homem frente ao perigo que a natureza enfrenta pelo excesso de civilização industrial e urbana. Ela traduz o advento de um estado global da percepção, a passagem individual para a consciência planetária. Figura 12 - Flor do Mangue - Frans Krajcberg Fonte: mundoapc.blogspot.com 34 FRANCISCO BRENNAND – (1927) Suas esculturas tem caráter de alegoria, usa referência semelhante e retoma obsessivamente algumas figuras que periodicamente ressurgem em novas versões. Os deuses e heróis são apenas partes de sua cosmogonia. Utilizam variações de temperaturas, texturas controlando o segredo dos fogos permitindo assim variedades na sua arte. Figura 13 - Saltimbancos - Francisco Brennand Fonte: ceramicanorio.com MESTRE DIDI- (1917) Suas esculturas são místicas. Além de formal, expressa grandes significados simbólicos, com elementos estáveis de sua herança milenar. Figura 14 - Pepeye – O Grande Pato - Mestre Didi Fonte: terra.com.br WALTERCIO CALDAS – (1946) Suas esculturas tendem indefinidamente a uma fuga do curso do tempo e a essa espécie de classicismo às avessas, pelo qual o trabalho pode desenvolver-se contar si mesma. 35 Figura 15 - Escultura para todos os materiais não transparentes. Obra de Waltercio Caldas Fonte: inhotim.org.br Numa outra esfera estão os objetos de classificação difícil transitando entre a arte e o artesanato encontrados em todo o território nacional, mas especialmente no Nordeste, que é riquíssimo em diversos tipos de escultura e estatuária popular. Desde os pequenos grupos em terracota representando os ofícios urbanos, os bonecões usados nos blocos carnavalescos do Nordeste, as figuras de animais, até grandes imagens sacras em madeira ou cimento, a multiplicidade de expressões torna difícil elencarmos todas. Mas não é possível passarmos sem a menção a alguns artífices que pela originalidade, força e beleza de suas criações deixaram o anonimato, que impera neste campo, e conquistaram reconhecimento não apenas regional, mas nacional e internacional, como Antônio Poteiro, Mestre Expedito. 36 4 A IMPORTÂNCIA DA MODELAGEM E ESCULTURA E O PROCESSO CRIATIVO (RELATO DAS PRÁTICAS DE ESTÁGIO) Sabe-se que o trabalho prazeroso em Artes Visuais estimula a visão crítica e criativa do aluno; justifica-se na argumentação de que todas as expressões humanas são representativas na formação social do aluno e do cidadão. Acreditamos que a História da Arte é etapa necessária para que o trabalho se dê de forma séria, dentro de contexto. Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina, p. 87: Entendemos a prática do estágio como um dos espaços de construção dos saberes pedagógicos nos cursos de formação. Sua prática envolve observação, reflexão e (re) organização das ações. Estas características colocam os estágiarios próximos à postura de um pesquisador, como quem investiga e prescruta um terreno preocupado em aproveitar as atividades comuns da escola e delas extraírem respostas que orientem sua prática pedagógica com os alunos. Baseados nessa concepção é que construímos a proposta de ensino em modelagem /escultura, pois acreditamos que só podemos olhar o outro e sua história, se temos conosco mesmos uma disposição de aprendizes, que observam e estudam a sua própria história e buscam alternativas para a transformação. Este capítulo aborda a importância da modelagem e da escultura nos processos educativos em arte, propondo a compreensão crítica das mesmas como uma das práticas necessárias para a formação estética e artística dos alunos, por meio da apreciação, contextualização e produção, ampliando assim, seu repertório artístico. Traz o relato das práticas pedagógicas trabalhadas com os alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. O trabalho em ambos os níveis de ensino teve como base o trabalho de observação da escola, leitura do PPP (Projeto Político Pedagógico) e a forma da organização escolar, partindo então, para a observação das aulas de artes ministrada pelo professor regente e após a regência em sala tendo como plano de aula a linguagem da Modelagem e da Escultura. Acreditamos que o ensino e a aprendizagem de arte são fundamentais para o desenvolvimento sensível, estético e cultural do aluno como ser social criativo e transformador. Na realização da prática de estágio houve a mediação para 37 oportunizar e promover a descoberta e o encontro das diferentes linguagens artísticas. Pois permitir vivenciar a Arte é ir além do olhar passivo, é perceber, sentir, encontrar o potencial criativo que está em cada ser. As experiências no apreciar, no sentir e no fazer são exercícios da criatividade e para execítá-la o professor deve promover a integração da apreciação estética, da contextualização e da produção em atividades artísticas para ter um encaminhamento pedagógico do ensino de Arte. Portanto, as propostas das aulas estão organizadas com base na interação entre poetizar, fruir e conhecer. 4.1 MODELAGEM: UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Na realização deste projeto em modelagem e escultura, de um modo geral empregamos as várias linguagens artísticas, fazendo uma conexão com a História da Arte. O estágio supervisionado da Educação Infantil foi realizado no Centro Educacional Padre Trudo Plessers, localizado à Rua Oclides Benedito Scortegagna, nº 66 na cidade de Pinheiro Preto, Santa Catarina, no Pré-Escolar III C, com 19 alunos, na faixa etária de 5 e 6 anos. Ocorreu no primeiro semestre de 2011, com 10h de observação e 20h de aplicação. A educação infantil da escola tem como suporte pedagógico a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina, que contempla categorias fundamentais para o bom desenvolvimento do ser humano. Trabalha-se na Educação Infantil, a intenção de formar conceitos significativos em todas as áreas do conhecimento através de brincadeiras, faz-deconta, música, dança, interação entre os sujeitos, pesquisa, desenvolvendo a afetividade, responsabilidade, consciência crítica, a ética, a fim de que a criança se torne autônoma e capaz de progredir posteriormente na educação formal. Subsidiados pela concepção histórica - social, objetiva-se que os professores em sua práxis cotidiana promovam situações desafiadoras que motivem os alunos a ampliarem seus conhecimentos, passando do senso comum a um conhecimento elaborado. Busca-se valorizar as experiências que o aluno traz consigo para ampliar 38 o conhecimento, por intermédio das interações proporcionadas pela escola (professores, colegas e outros) organizando e sistematizando-o. O professor será comprometido com a organização (da sala e do conteúdo), a ética, a disciplina, a quantidade e qualidade de conhecimento, juntamente com a direção. Através das artes visuais a criança consegue expressar emoções, sensações, pensamentos utilizando-se do desenho, da pintura, da modelagem, da escultura e da colagem. Destacamos que criação artística é um ato exclusivo da criança que deve ser significativamente enriquecido pela ação educativa intencional, onde devemos orientá-los a observar e analisar o fazer artístico, a apreciação, análise e identificação de suas próprias criações, ou seja, refletindo sobre os mesmos. O objetivo mais importante nesse processo de produção é satisfazer a necessidade de expressão da criança e estimular sua espontaneidade criativa. No desenvolvimento das aulas o que se priorizou foi a aprendizagem de maneira lúdica respeitando-se a faixa etária dos educandos. As atividades foram desenvolvidas através de passeios, esculturas com massa de modelar e com argila, imagens de escultores como Mestre Vitalino e cerâmica indígena e a valorização da arte local. Na realização do passeio pela cidade, o objetivo era a observação das diferentes manifestações de arte pela cidade. Neste passeio, percorreram-se diversos pontos. Na igreja, objetivando conhecer a arte sacra, esculturas em madeira, gesso, cerâmica, mosaicos vitrais, pinturas nas janelas e paredes. As crianças fizeram várias perguntas sobre a técnica de modelagem: “De que é feito?”, “Como ficou dessa cor?”, “Quem fez esse trabalho?”. Na praça municipal visualizou-se a escultura de São Pedro, feita em cimento. Durante todo o passeio, as crianças observaram lugares onde há obras e arte como mosaicos, esculturas e grafites realizados pelo artista da nossa cidade o Roberto Dellani, aproveitou-se o momento para explicar que o artista sobrevive do trabalho exclusivo com a arte. 39 Figura 16 - Passeio pela cidade de Pinheiro Preto Fonte: Acervo Pessoal Nos encontros seguintes os objetivos propostos foram produções artísticas utilizando os elementos da modelagem, buscando desenvolver a percepção, imaginação e a oralidade. O material utilizado foi a massa de modelar. Figura 17 - Escultura com Massa de modelar Fonte: Acervo Pessoal Ao término das atividades, todos eram convidados a falar a respeito do seu trabalho, explicando o porquê da sua escolha. Um dos pontos mais relevantes das aulas foi que em nenhum momento os alunos rejeitaram ou demonstraram desinteresse pelas atividades propostas. Segundo Maddalozo (2007, p. 56): 40 [...] “a criança é o sujeito que mais apresenta essa fertilidade de espírito tão necessária para a fruição da arte contemporânea, pois está imune à prénoções históricas de gosto de apreciação estética. Para ela, a fruição artística perpassa experiências mais empíricas do que intelectuais). No trabalho de modelagem em argila explicou-se sobre sua origem, como pode ser utilizada, quem a utiliza, quais são suas finalidades e propriedades e que artistas como Mestre Vitalino utilizaram e utilizam argila em suas produções. A atividade foi realizada em grupos. Após forrarem as carteiras com jornal, distribuiu-se um pedaço de argila a cada um e ao som da música Dança dos Cisnes (Tchaikovsky) propôs-se às crianças que fechassem os olhos, relaxassem e com a argila nas mãos tentassem: • sentir a temperatura e o peso do material; • empurrar as mãos uma de encontro a outra, apertando até formar uma bola, • alisar e apertar o material, sem a preocupação de formar algo, somente com o intuito de perceber as sensações causadas. Ao abrirem os olhos, foram feitas cobrinhas, bolinhas e diversas outras formas. É neste contexto que Nicolau (1990, p. 134) enfoca: “Desde a mais tenra idade, a criança gosta de manipular, apertar, furar, cortar, bater, ações praticadas com grande prazer e satisfação durante a atividade de modelar”. Figura 18 - Trabalhando com Argila Fonte: Acervo Pessoal Uma das propostas foi o conhecimento da cerâmica que é produzida pelos índios brasileiros. 41 Foram apresentadas em Power Point, imagens de vários tipos de cerâmica feitos pelos índios, bem como o modo como confeccionam as peças, a queima e o mapa do Brasil onde há reservas indígenas no país. • Durante a exibição das imagens foram feitos questionamentos como: • O que vocês estão vendo? • Que local é esse? • Que tipo de material foi utilizado? • Vocês conhecem algum material semelhante? • Esses objetos tem alguma utilidade? Os alunos participaram com interesse, respondendo com muita propriedade aos questionamentos feitos. Foram explorados a presença das cores e formas dos objetos exibidos. Em seguida propôs-se aos alunos a produção de uma peça em argila que poderia ser um pote, uma jarra tigela, um objeto do uso doméstico do seu cotidiano. O objeto que os alunos mais confeccionaram foram panelas com suas respectivas tampas. Figura 19 - Panela em Argila Fonte: Arquivo Pessoal Acreditamos que educar o nosso modo de ver e observar é importante para transformar e ter consciência da nossa participação no meio ambiente, na realidade cotidiana. E seguindo os princípios da observação, conhecimento, contextualização e produção, o objetivo nesta aula, foi alcançado. 42 Ao final das produções, foi realizada uma exposição com os trabalhos no Hall de entrada da escola. Figura 20 - Produção dos alunos Fonte: Arquivo Pessoal Um ponto negativo foi que algumas peças se quebraram e os alunos ficaram tristes. Aproveitou-se o momento para reforçar que uma peça só se torna cerâmica após a queima e após esse estágio não se quebra facilmente. Para finalizar, foi apresentada aos alunos a História Menina Bonita do Laço de Fita de Ruth Rocha, onde eles cantaram parte da história com muito interesse. O professor de arte precisa proporcionar a criança uma aula que contemple atividades onde sejam privilegiadas as formas lúdicas de desenvolvimento, dando a ela, a sensação de brincadeira, uma postura prazerosa e diferente de brincar. Trabalhar com esse prazer é brincar com as cores, texturas, imaginação, sem que haja o sentimento de tarefa para a criança. A contextualização deve ser enfocada como uma história prazerosa, para atrair a curiosidade e o interesse da criança. No último encontro foram relembrados os conteúdos trabalhados nas aulas anteriores, materiais que foram utilizados. Cada aluno falou sobre o que mais gostou de utilizar. A opção geral da turma foi a argila. A seguir, foi contada uma história da literatura infantil sobre os animais e depois aplicou-se a dinâmica “Eu gosto de você porque...”. Todos participaram com interesse. Para finalizar, os alunos foram questionados sobre as aulas de arte e os depoimentos foram motivadores, pois todos gostaram e estavam tristes porque estava acabando. 43 Ao serem questionados sobre o que é arte, eles responderam que “arte não é só desenhar e pintar; é dança, música, esculturas, mosaicos, pinturas”. A resposta faz acreditar que o trabalho desenvolvido nesta turma valeu a pena. O que se buscou nas aulas foi a interação da criança com o campo da arte, o seu contato direto com ela. Essa intenção de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte, envolve: • a experiência e fazer formas artísticas e tudo que entra em jogo nessa ação criadora: recursos pessoais, habilidades, pesquisas de materiais e técnicas, a relação entre perceber, imaginar e realizar um trabalho de arte; • a experiência de fruir formas artísticas, utilizando informações e qualidades perceptivas e imaginativas para estabelecer um contato, uma conversa em que as formas signifiquem coisas diferentes para cada pessoa; • a experiência de refletir sobre a arte como objeto de conhecimento, onde importam dados sobre a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e os elementos e princípios formais que constituem a produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios alunos. (BRASIL, 1998). Acreditamos que a prática proporciona aos alunos estava de acordo com a proposta acima citada, e que os objetivos propostos foram alcançados com êxito. 4.2 MODELAGEM E ESCULTURA UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTES NO ENSINO FUNADAMENTAL II O estágio supervisionado foi aplicado na Escola de Educação Básica Professora Maura de Senna Pereira, no município de Pinheiro Preto, código 763000743140, localizada à Rua Oclides Benedito Scortegagna, nº 55, na cidade de Pinheiro Preto, Estado de Santa Catarina. Pertence à rede pública estadual e é mantida e administrada pelo Governo do Estado. Atua na Direção o professor Ademilson Antonio Einsweiler, na assessoria de Direção a Professora Justina Mazureck Mariani, na secretaria a Assistente de Educação Ana Paula Gheller, na Orientação Educacional Rosângela Lidvina Gallas, Assistente Técnico Pedagógico Claudino Olivo e trinta e um professores distribuídos nas diferentes áreas do conhecimento. Sendo que a escola tem cinco professores trabalhando a disciplina de artes, destes, apenas dois estão cursando faculdade especializada, os demais complementam a carga horária com a disciplina. 44 A escola tem como Missão: Proporcionar, através do conhecimento, das orientações, práticas e experiências, condições para que o aluno se torne crítico, responsável, solidário, justo, questionador, organizado, aberto a mudanças, culto, capaz de ler o mundo que o cerca, interpretá-lo e elaborar saídas para as situações problemas que se apresentem. A Proposta Curricilar da EEB Proª Maura de Senna Perira está embasada na Proposta Curricular de Santa Catarina a qual aborda os elementos conceituais e teóricos nos diferentes campos das ciências que nortearão o planejamento anual das disciplinas. O estabelecimento, em 2012, conta com 88 alunos de 1º ao 5º ano, (Gestão Compartilhada), 221 alunos de 6º a 9ºano do Ensino Fundamental II, e 119 alunos de Ensino Médio, num total de 428 alunos. Funciona em 3 turnos. O nome Maura de Senna Pereira foi uma homenagem prestada pela Secretaria da Educação à ilustre professora e brilhante poetisa que escreveu várias obras e ocupou a cadeira de n.º 38 na Academia Catarinense de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, aos 21 de janeiro de 1992. O lema da escola para o ano de 2012 é: “Ensinar e aprender a ser: pensando, fazendo e convivendo”. E o Tema Central: “Aprendizagem”. O trabalho de regência teve início no dia 4 de maio de 2012 no período matutino, na 7ª série 03, do Ensino Fundamental II, com 24 alunos, na faixa etária entre 13 e 14 anos, com perfil socioeconômico de classe média. Em todas as propostas de ensino procurou-se a integração entre a arte e o contexto histórico em que foi produzida. As atividades foram desenvolvidas através de visitas de estudo, leitura de imagens referentes ao assunto trabalhado, produções dos alunos, leitura de textos relacionando a teoria à prática. Uma das propostas foi um passeio pela cidade, para observação das diferentes manifestações de arte pela cidade. Neste passeio, percorreu-se diversos pontos: na igreja, objetivando conhecer a arte sacra, esculturas em madeira, feitas pelos artistas da cidade de Treze Tílias, gesso, cerâmica, vitrais, pinturas nas janelas e paredes. Os alunos fizeram várias perguntas sobre a técnica de modelagem: “De que é feito?”, “Como ficou dessa cor?”, “Quem fez esse trabalho?”. 45 Figura 21 - Visita a praça municipal Fonte: Arquivo pessoal Na praça municipal visualizou-se a escultura de São Pedro, feita em cimento. O passeio foi muito significativo, pois os alunos observaram lugares onde havia obras de arte e chegaram a conclusão de que o que pode ser considerado arte ainda é muito pouco na nossa cidade. Ao chegar à sala, após o passeio, os alunos fizeram um relato oral da visita. Mostraram-se entusiasmados, e para tanto, notou-se que o objetivo da aula havia sido alcançado. No terceiro encontro, os objetivos propostos eram produzir uma obra artística utilizando os elementos da modelagem, buscando desenvolver a percepção, imaginação e a oralidade. Para iniciar, relembrou-se o passeio feito pela cidade na aula anterior, onde quase todos os alunos fizeram comentários sobre o assunto. Nesta aula, a atividade foi a criação de uma escultura, que foi realizada em grupos de três alunos cada. Explicou-se que o trabalho seria realizado com massa para modelagem (Super Massa Estrela, que é bem maleável e colorida). As carteiras foram forradas com jornal e distribui-se as massas para cada grupo. Ao som de música clássica (Primavera, Vivaldi), os alunos iniciara m a atividade. Alguns alunos fizeram a escultura no bidimensional, o que propiciou que se relembrassem as esculturas vistas no passeio anterior, conceitos de (bidimensional e tridimensional). Todos os alunos participaram da atividade com muito interesse e 46 quando um colega encontrava dificuldade, sempre recebia auxilio de outro colega do grupo. Ao término da atividade, todos falaram a respeito da sua obra, explicando o porquê da sua escolha. Na sequência, realizou-se uma exposição que ficou montada por alguns dias no pátio da escola. No quarto encontro a proposta da aula foi a produção de uma escultura em papel, na qual não podiam utilizar tesoura, cola, ou outro material, somente as mãos e o papel; produzindo assim uma obra abstrata em papel rasgado. Os alunos sentiram –se desafiados o que estimulou pensamento em relação ao fazer artístico. No final o resultado foi maravilhoso. Figura 22 - Escultura em papel Fonte: Arquivo pessoal Nos encontros seguintes a proposta foi o contato com argila. Foram relembrados conceitos da modelagem e da cerâmica, explicou-se sobre a argila, sua origem, como pode ser utilizada, quem a utiliza, quais são suas finalidades e propriedades e que artistas como Mestre Vitalino utilizaram e utilizam argila em suas produções. A atividade foi realizada em grupos. Após forrarem as carteiras com jornal, distribuiu-se um pedaço de argila a cada um e ao som da música Dança dos Cisnes (Tchaikovsky) propôs-se aos alunos que fechassem os olhos, relaxassem e sentissem a temperatura da argila, a textura. Para finalizar os alunos produziram uma pequena placa em argila, que mais tarde foi utilizada para construção de um móbile. Após levaram para secagem, seguindo as recomendações como: secar à sombra, não expor ao vento. 47 Na aula seguinte a proposta foi de conhecer a vida e as obras de Mestre Vitalino através de imagens em Power Point. Os alunos foram levados para a sala informatizada e lá assistiram as imagens das obras e a vida de Mestre Vitalino, os alunos participaram fazendo questionamentos sobre as imagens e admirando a produção do artista que fazia suas obras baseadas nos elementos do seu cotidiano. Os alunos produziram uma escultura em argila, utilizando a técnica das bolas e do acordelado, após levaram as obras para a secagem. Foi um momento muito produtivo, pois os alunos colocaram em prática alguns conceitos que foram estudados anteriormente. Pode-se mencionar que trabalhar com argila na escola foi uma experiência criativa, que propiciou o aprendizado de um conteúdo sob vários aspectos. Envolver as mãos no barro foi uma atividade muito prazerosa para os alunos, que construíram com muito entusiasmo sua produçao. Foi um espaço aberto à aprendizagem do conteúdo nos aspectos científico e cultural. Figura 23 - Escultura em argila Fonte: Arquivo pessoal No encontro número nove a proposta foi a construção de um móbile com as placas feitas na aula número cinco. Cada aluno falou sobre a sua marca, explicando o porquê da sua escolha poética, após cada um pendurou sua placa e foi feita a exposição no pátio da escola. Foi apresentado aos alunos um texto para leitura, 48 Figura 24 - Alunos construindo o móbile Fonte: Arquivo pessoal Figura 25 - Móbile em argila Fonte: Arquivo pessoal No décimo encontro o objetivo foi o de conhecer a linguagem da escultura de artistas da região, valorizar a arte como cultura de um povo. Os alunos foram levados para um passeio na cidade de Treze Tílias para conhecer ateliês de escultura em madeira, cimento, especialmente as obras de Conrado Moser, Godofredo Taller, Ingrid Taller e Suzi Taller. Pois acreditamos que a educação em arte se dá com a convivência com as obras de arte. Nesta visita os alunos puderam observar a grandiosidade que os artistas da cidade de Treze Tílias deixam gravadas em diversos materiais e se utilizam das linguagens mais tradicionais às contemporâneas, num percurso que é a própria vida do artista, sua cultura e seu meio de sobrevivência. Aprende-se arte convivendo com obras de arte, seja na escola, em museus, em casa, no cotidiano de cada um. É importante proporcionar ao aluno a convivência com as obras de arte, pois essa prática o auxilia a construir um vocabulário de estilos, de artistas, épocas, linguagens, suportes. Aprende-se arte por meio do fazer artístico, explorando linguagens e materiais, o que nos faz compreender melhor as dificuldades e as soluções encontradas pelos artistas. 49 Figura 26 - Visita ao ateliê de Escultura Fonte: Arquivo Pessoal A arte plástica é uma das formas de expressão do ser humano. Dentro desse contexto a modelagem e a escultura se fazem presentes com sua grandeza e importância histórica e, sendo assim, jamais poderá ser comparada a um simples objeto, pois é o produto da sensibilidade, do impulso criativo e do conceito estético, artístico e histórico de seu criador. Figura 27 - Escultura em madeira Treze Tílias Fonte: arquivo pessoal O artista Conrad, conversou com alunos e falou a respeito de suas produções, sua técnica e de sua vida, para onde vende suas obras e os materiais que utiliza. Os alunos demonstraram interesse fazendo quetionamentos e apreciando as obras do artista. 50 Figura 28 - Escultura em madeira – Ingrid Taller Fonte: Arquivo pessoal Para finalizar foi apresentado aos alunos um texto sobre escultura para leitura e discussão a respeito de conceitos estudados nas aulas anteriores. Após, foi realizada a dinâmica da caixa surpresa: com perguntas a respeito do assunto estudado, cada aluno retira uma pergunta, se acertar a resposta ganha uma recompensa (pirulito) se não acertar pode pedir ajuda a um colega e passa a caixa para frente. O objetivo era relembrar os conceitos aprendidos a respeito da modelagem e da escultura. Figura 35 - Visita de estudo- Treze Tílias Fonte: Arquivo pessoal Figura 29 - Turma fazendo a visita Fonte: Arquivo Pessoal 51 4.3 MODELAGEM E ESCULTURA UMA PROPOSTA DE ENSINO APRENDIZAGEM EM ARTE NO ENSINO MÉDIO A arte no Ensino Médio deve contribuir para o fortalecimento da experiência sensível e inventiva dos estudantes, e para o exercício da cidadania e da ética construtora de identidades artísticas. Esse fortalecimento se faz dando continuidade aos conhecimentos de arte desenvolvidos na Educação Infantil e Fundamental em artes visuais, música, dança e o teatro; ampliando saberes para outras manifestações artísticas e culturais. No Ensino Médio o trabalho de regência teve início no dia 03 de outubro de 2012 no período noturno, na Escola de Educação Básica Professora Maura de Senna Pereira, na 1ª série 1.301, com 24 alunos, com perfil socioeconômico de classe média. A maioria dos alunos trabalha em empresas do município durante o dia e percebe-se que algumas demonstram cansaço e isso interfere na aprendizagem. No primeiro momento foi feita a explicação sobre o tema a ser trabalhado e a investigação do que os alunos conheciam sobre Arte. A seguir foi realizada uma parte da dinâmica: fio condutor; onde cada aluno escolhe uma cor de linha (previamente arrumada pelo professor) e relata experiências sobre seus sonhos, trabalho, amigos, família...enquanto enrola a linha no dedo indicador. Na realização dessa dinâmica o professor pode traçar um perfil dos alunos com os quais vai realizar o seu trabalho. Figura 30 - Dinâmica: Fio Condutor Fonte: Arquivo Pessoal 52 O objetivo da aula era conhecer a linguagem da modelagem e da escultura através de imagens. Foram apresentadas as imagens de esculturas em Power Point, desde a PréHistória até a arte contemporânea, destacando o nome dos artistas como: Michelângelo, Rodin, Alexander Calder e Bruno Giorgi, bem como os materiais utilizados para a realização das obras em escultura. Os alunos demonstraram interesse no conteúdo apresentado e participaram fazendo questionamentos. Os alunos participaram com muito interesse e fazendo questionamentos a respeito das imagens trabalhadas. Um aluno perguntou sobre o nome do artista que esculpiu o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, e a estátua de Frei Bruno da cidade de Joaçaba; como eu não tinha conhecimento dos nomes disse que iria pesquisar e trazer a resposta para a próxima aula. No terceiro encontro foi dada continuação ao trabalho, respondendo as perguntas feitas na aula anterior sobre o Cristo Redentor, sendo Heitor da Silva Costa, (idealizador do projeto), Carlos Oswald (fez o desenho final) e Paul Landowski (esculpiu braços e rosto do monumento). E a estátua de Frei Bruno, na cidade de Joaçaba o trabalho foi do artista plástico Cláudio Silva, que utilizou a fibra de vidro na construção do trabalho. A seguir foi dada continuidade a dinâmica fio condutor, distribuiu-se uma folha A4, para que cada realizasse o seu desenho imaginando-se um super heroi; aquele que tem o poder de modificar o que está errado no seu modo de pensar e agir. Os alunos demostraram interesse e realizaram a atividade em silêncio. Após o desenho foi feita a colagem em papel mais resistente, perfurado para a montagem do móbile tendo como suporte um guarda chuva bem colorido, o título: Carrossel de Personagens o trabalho ficou exposto no pátio da escola. 53 Figura 31 - Trabalho: Carrossel de Personagens Fonte: Arquivo Pessoal No encontro seguinte a proposta foi a construção de uma escultura em papel, onde os alunos não poderiam usar tesoura, cola... somente as mãos para rasgar ou moldar o papel, foi uma tarefa desafiadora; alguns reclamaram afirmando que não iriam conseguir, mas no final o resultado ficou ótimo. Figura 32 - Escultura em papel Fonte: arquivo pessoal Nos seguintes encontros a proposta foi a realização de uma pesquisa na sala de informática sobre Os Santeiros do Brasil, pesquisaram no site: www.santeirosdobrasil, fizeram a leitura, observaram as imagens, e anotaram os pontos que acharam mais importantes. O trabalho escrito foi entregue para correção e avaliação. Foi um momento de aprendizagem, pois os alunos apresentaram um bom texto escrito. O que se buscou na realização da pesquisa foi o conhecimento e a valorização da cultura popular e suas formas de expressão, através das imagens de 54 santos feitos em argila e madeira, pois são exemplos das artes que o povo faz, expressando o seu jeito de ser, pensar, fazer e sentir, ou seja, a sua cultura. Foram socializados alguns textos pesquisados na aula anterior, e após foi realizada a leitura e a discussão do texto seguinte sobre escultura. ESCULTURA Escultura é a arte que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial. Existem várias técnicas de trabalhar os materiais, como a cinzelação, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas para a criação de um objeto. Vários materiais se prestam a esta arte, uns mais perenes como o bronze ou o mármore, outros mais fáceis de trabalhar, como a argila, a cera ou a madeira. Através da maior parte da história, permaneceram as obras dos artistas que se utilizaram dos materiais mais perenes e duráveis possíveis como a pedra (mármore, pedra calcária, granito) ou metais (bronze, ouro, prata). Ou que usavam técnicas para melhorar a durabilidade de certos materiais (argila, terracota) ou que empregaram os materiais de origem orgânica mais nobres possíveis (madeiras duráveis como ébano, jacarandá, materiais como marfim ou âmbar). Mas de um modo geral, pode-se esculpir em quase tudo que consiga manter por pelo menos algumas horas a forma idealizada (gelo, cera, gesso, areia molhada), essas obras são chamadas de efêmeras. Desde os tempos pré-históricos, a escultura representa importante papel em todas as civilizações, no antigo Egito, na Grécia e Roma antiga, na China, na Índia e na América pré-colombiana. No início, sua finalidade era essencialmente religiosa. A escultura com fins estéticos, desenvolveu-se durante o Renascimento e expandiu-se plenamente nos séculos XVII e XVIII na Europa. No Brasil, até o século XVIII, a escultura tinha caráter religioso, sobressaindose as imagens de barro feitas por frei Agostinho da Piedade e frei Agostinho de Jesus. No século XVIII – Aleijadinho (profetas de pedra sabão, em Congonhas do Campo – MG) e Mestre Valentin (obras do Passeio Público do Rio de Janeiro). No século XX, os maiores destaques brasileiros foram: Victor Brecheret, Ceschiatti, Bruno Giorgi, Frans Weissmann (austríaco, naturalizado brasileiro) e Ligia Clark. ARTES – Professora: Vera Zanella 55 Foi um momento de estudo e reflexão sobre a história da escultura, arte contemporânea (arte efêmera), e obras importantes como as de Victor Brecheret. Foi realizada a construção de uma escultura abstrata ou figurativa, realizada em grupos de quatro componentes, utilizando papel com desenhos e pinturas, após recortes e encaixes. Nesta atividade os alunos foram desafiados a pensar sobre escultura e utilizar conhecimentos adquiridos até aquele momento; bem como respeitar a opinião dos colegas do grupo. Percebeu-se que houve interação e troca de ideias pela maioria dos componentes dos grupos. O resultado final foi surpreendente. Figura 33 - Escultura de encaixe em papel Fonte: arquivo pessoal Acreditamos que é de suma importância que os alunos participem de processos de ensino e aprendizagem criativos que lhes permitam praticar produções e apreciações artísticas, que levem o aluno a refletir e trocar ideias, e posicionar-se sobre as práticas artísticas e a contextualização das mesmas no contexto social e cultural. Pois é muito importante levar o aluno a interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em arte, experimentando e conhecendo-os de modo a utilizá-los nos trabalhos pessoais; compreender e saber identificar a Arte como fato histórico, contextualizada nas diversas culturas, conhecendo as produções do patrimônio cultural. (PCNs – 1998: p.48 ) Nas aulas seguintes o objetivo foi a produção de uma escultura, compreendendo as características da escultura e a diferença entre modelar e esculpir. Os alunos utilizaram sabão (em pedra) de coco e outros tipos de sabão. 56 Destacando as obras de Aleijadinho que fez seus trabalhos em pedra sabão. Foram feitas reflexões sobre as possibilidades da escultura: o que é possível fazer com o material disponível? Os trabalhos serão abstratos ou figurativos? Orientei a criação de um esboço para desenvolver uma peça ou uma série de peças no sabão. Os alunos foram divididos em grupos para facilitar o uso coletivo dos materiais. Todos os alunos produziram esculturas; porém alguns reclamaram, disseram que não iriam conseguir. Porém o resultado final foi surpreendente. Figura 34 - Alunos produzindo escultura em sabão Fonte: arquivo pessoal No encontro seguinte foram apresentadas imagens em Power Point, sobre as obras de Mestre Vitalino e obras de Giacometti, destacando elementos que diferenciam um trabalho do outro. O que se procurou evidenciar foi o valor cultural e artístico de ambos escultures que fazem parte do contexto artístico e histórico da arte. No prosseguimento do trabalho foram feitas produções em argila, dando destaque a técnica do acordelado, das placas e das bolas. Os alunos participaram com interesse e produziram peças que se destacaram pela perfeição da técnica e da estética. 57 Figura 35 - Alunos realizando trabalho em argila Fonte: arquivo pessoal Figura 37 - Produção em argila 1 Fonte: arquivo pessoal Figura 36 - Produção em argila 2 Fonte: arquivo pessoal Acreditamos que a etapa da produção artística é muito importante, pois é a oportunidade que o aluno tem para conhecer, testar e escolher diferentes formas, cores, movimentos. É o momento de mostrar suas escolhas, decidir novamente; desenvolvendo um percurso próprio; tendo o professor o papel de mediar esse processo através do conhecimento formal. Na finalização do trabalho foram retomados conceitos estudados através da dinâmica da caixa surpresa. Cada aluno retira uma pergunta e a responde; se não souber ele poderá pedir ajuda a um colega... a caixa segue até que todos tenham respondido uma pergunta. É importante que os alunos participem de processos de ensino e aprendizagem criativos que lhes possibilitem continuar a praticar produções e apreciações artísticas, que favoreçam a reflexão e a troca de ideias, de 58 posicionamentos sobre as práticas artísticas e a contextualização das mesmas no contexto global. Segundo os Parâmetros Curriculares – Arte, p. 44: Entende-se que aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais. Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que proporcionam conhecimentos específicos sobre suas relações com o mundo. Dentro da proposta trabalhada no Ensino Médio sobre a Modelagem e a Escultura acreditamos ter contribuído para a educação em arte, propiciando o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, do aluno, levando-o a reconhecer objetos e formas que estão à sua volta, no exercício de uma observação crítica do que existe na sua cultura, através da linguagem da arte. 4.4 AVALIAÇÃO DURANTE O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO A avaliação é entendida como um conjunto de ações que auxiliam o educador a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e a perceber a necessidade de mudar a sua prática ou melhor adequá-la às necessidades dos alunos. Portanto, tem a função de acompanhar, orientar, regular e redirecionar o processo como um todo. O professor deve estar constantemente avaliando o desempenho dos alunos na realização das atividades e nos momentos de discussão, buscando ampliar as possibilidades de despertar o interesse deles em torno das aulas. No entanto, fazer com que os alunos também avaliem o momento do trabalho é fundamental no desenvolvimento da capacidade cognitiva de análise. O processo de avaliação foi constante durante o andamento do trabalho acompanhando e observando a participação, contribuição e organização dos alunos. Para isso, foram feitos vários registros dos avanços de cada aluno, os quais possibilitaram uma visão integral e individual respeitando as peculiaridades de cada aluno. 59 O valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafia-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos conhecimentos. (Luckesi, 1999 p.43) A avaliação aqui proposta não se restringe ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do aluno, tem como função sustentar e orientar a prática pedagógica. Foi considerado se os objetivos foram alcançados, se ouve contribuição para a formação de novos conceitos e aprendizagens. 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS Acredita-se que a arte é um dos meios de conhecimento ao qual os alunos devem ter acesso, assumindo-se como sujeitos capazes de apreciação estética e de criação artística, articulados a processos e mediações de um trabalho sério, com propostas efetivas e um trabalho competente do professor de arte. É de suma importância que o professor de arte esteja sempre atento para que seus alunos evoluam em seu saber fazer, apreciar e contextualizar às produções artísticas e foi atenta a esses propósitos que realizei o meu trabalho. Dentro da proposta trabalhada sobre a modelagem/escultura, constatamos que é necessário levar o aluno a vivenciar atividades práticas, nas quais se possa lidar diretamente com os elementos da modelagem e da escultura, para saber fazer, expressar, comunicar, enfim, pensar visualmente. Acreditamos que os objetivos propostos foram alcançados; pois em todas as etapas da realização do trabalho os alunos participaram com interesse e realizaram todas as atividades, fui muito bem recebida nas escolas tanto pela direção quanto pelo professor regente de sala. Destaco um ponto negativo que foi a falta de material por parte dos alunos (poucos alunos traziam o material solicitado), assim todo o material utilizado como: argila, massa de modelar, tintas e papéis foram disponibilizados por mim. O compromisso do professor é de buscar alternativas para ajudar o aluno a persistir na busca de um trabalho que vise o seu pleno desenvolvimento. A escola é o lugar onde a arte deve ser tratada como área de conhecimento, visando a formação artística e estética dos alunos, o que levará a criação de repertórios essenciais para a criação, a apreciação e a percepção, garantindo assim, a apropriação de conteúdos que são imprescindíveis para o cidadão contemporâneo. A prática pedagógica comprovou que é possível desenvolver trabalhos que contribuam para que o ser humano desenvolva-se de um modo pleno, entendendo o significado da arte as suas diferentes linguagens. As atividades proporcionadas fizeram com que os alunos acreditassem no seu processo criativo, fazendo com que vivenciassem desde cedo a criação artística e experiências estéticas a partir da modelagem e da escultura. Acreditamos ter proporcionado aos alunos a 61 compreensão da arte como fato histórico contextualizado nas diversas culturas, conhecendo, respeitando e podendo observar as produções presentes no entorno, assim como as demais do patrimônio cultural, identificando a existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos. 62 REFERÊNCIAS BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação no Brasil. Editora Perspectiva. São Paulo. 2002 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. COLL, C.; TEBEROSKY. A. Aprendendo arte: conteúdos essenciais para o Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2000. CUNHA, Sérgio, Arte, Educação e Projetos. São Paulo: Árvore do Saber, 2005. DIAS, M., CRUZ, F., SUZI, E. Argila como fonte de conhecimento - Uma experiência interdisciplinar. Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1193. Acesso: 24 de maio de 2011. DIAS, M., CRUZ, F., SUZI, E. Argila como fonte de conhecimento - Uma experiência interdisciplinar. Disponível em: <http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1193> Acesso: 24 de maio de 2011. FERRAZ , M. H.; REZENDE e FUZARI, M. F. Metodologia do Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 1993 (Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor). FERRAZ, M.H.C.T e FUSARI, M.F.R. Arte na Educação Escolar. São Paulo, Cortez, 1993. GABBAI, M. B. Cerâmica – arte da terra. São Paulo, Editora Callis, 1987. GOMBRICH, E. H. A História da Arte, Zahar Editores, 1985. GOMES, C.F. Argilas: o que são e para que servem. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, 1998. 63 KLAUS, Rosalind, E. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo: Martin Fontes, 2001. LUCKESI. C.C.Avaliação da aprendizagem escolar. 9. ed.São Paulo: Cortez, 1999. MADDALOZZO, Scheila. Arte Contemporânea e Educação Infantil. Anais do IV Seminário Estadual de Arte Educação: Programa Institucional Arte na Escola - Pólo FURB. Blumenau, SC, 2007. MINISTÉRO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001 MORAIS, Frederico, Arte é o que eu e você chamamos arte. Rio de Janeiro: Record, 2000. NICOLAU, M. L. M. A Educação Artística Da Criança. São Paulo: Ática, 1990. PELLEGRINI, Sandra, BRECHERT, CONTANDO A ARTE DE BRECHERET. São Paulo: Noovha América, 2003. NEWBERY, Elizabeth. Por Dentro da Arte. Como e por que se faz arte. Ática São Paulo, 2005 PROENÇA, Graça, história da arte. São Paulo: ática, 2012. SANTA CATARINA, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Proposta Curicular de Santa Catarina: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio: Formação docente . Florianópolis: COGEN, 1998. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. STRICKLAND, Carol, ANDRADE, Ângela Lobo de (trad): da pré – história ao pós – moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. TOMMASI, S.M.B. Arte Terapia: Uma nova Proposta Curricular. Mesa Redonda. X Seminário Internacional de Educação. FEVALE, RS. Disponível em: <http://www.casajungearte.com.br/Asssuntos%20multiplos/(Microsoft%20Word%20- 64 %20Arteterapia%20-%20uma%20nova%20proposta%20curricular%20%20Sonia%20Tommasi.pdf> Acesso: 24 de maio de 2011. WANDECK, R. Bê-a-Bá da Cerâmica – Cerâmica no rio, 2000. Disponível em: <http://www.ceramicanorio.com/beaba.html> Acesso: 24 de maio de 2011. ZEM, A.M, FUNCK, A. T. O ensino da Cerâmica para Crianças, 2009. Disponível em: <http://oficinadeartesatelie.blogspot.com/2009/05/o-ensino-da-ceramica-paracriancas.html> Acesso: 24 de maio de 2011.