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1 Introdução As hipóteses de uma mudança de rumo na política dos EUA para o Médio Oriente são extremamente improváveis. A razão para isto é o crescente poder do lobby judeu no Congresso estado-unidense, a campanha massiva de propaganda sionista nos mass media, a influência de Olmert sobre Bush e um número de eventos relacionados. O resultado final é que o Congresso não vai retirar nem reduzir o contingente de tropas estadunidenses e o financiamento da guerra do Iraque. Bush, com o apoio de McCain, Clinton, Liebermann, Reid e Hoyer, vai pressionar por mais tropas perseguindo um banho de sangue total no Iraque. O Grupo de Estudo Baker para o Iraque, sequestrado pelos sionistas conservadores e sionistas liberais, vai ser incapaz de lidar com a violência israelita contra os palestinianos ou entrar em diálogo com a Síria e o Irão em qualquer assunto que não seja irrelevante ou lateral. O Grupo de Estudo Baker para o Iraque e o Lobby da Guerra Preventiva Ehud Olmert, o primeiro-ministro israelita, impôs firmemente a linha partidária na Conferência de Presidentes de Grandes Organizações Judaico-Americanas (CPMAJO, em inglês) e relacionou os grupos pró-Israel durante a sua visita a 13 de Novembro a Washington na qual ele declarou categoricamente o seu apoio à política de Bush na guerra do Iraque e à estratégia confrontacional com o Irão. De acordo com o diário israelita Haaretz (14 de Novembro de 2006): "Olmert disse que Israel e outros países na região deviam estar agradecidos aos EUA e a Bush. Ele disse que a guerra do Iraque teve um dramático efeito positivo na segurança e estabilidade do Médio Oriente assim como uma importância estratégica na perspectiva de Israel e dos estados árabes moderados. Olmert disse que estava satisfeito com a posição que Bush tomou em relação ao Irão, que foi mais longe que a dos seus encontros prévios em Maio. 'O papel do Irão na conversa foi sobejamente claro, muito sério e muito significativo. Eu saí da reunião com uma sensação extraordinária', disse Olmert." Nada expressa tanto o poder do lobby judeu sobre a política estado-unidense como o silêncio cobarde dos líderes Democratas perante a grosseira intervenção por parte de uma potência estrangeira nos assuntos internos da política estadounidense: a líder dos Democratas no Congresso, Pelosi, engole o sapo em silêncio. Os únicos críticos no Congresso queixaram-se da 'parceria' de Olmert tomando o lado de Bush, tacticamente aceitando que Olmert belisca a soberania estado-unidense, um largamente aceite princípio por cinquenta estranhos senadores judeus, gente do Congresso e os seus numerosos apoiantes gentios do campo pró-sionista. Claramente Olmert estava a antever qualquer proposta nova e mais flexível, que pudesse emanar do Grupo de Estudo Baker para o Iraque. Neste aspecto Olmert teve êxito em influenciar o presidente Bush - tal como o ex primeiro-ministro Sharon antes o havia alegremente conseguido. Depois do encontro com Olmert, 2 Bush ecoou a voz do seu mestre clamando por um mundo unido a isolar o Irão até que "eles desistam das suas ambições nucleares (...) se continuarem a seguir em frente com o programa, vai haver consequências e um bom lugar para começar o trabalho conjunto para isolar o país (...) as ambições nucleares do Irão não são do interesse do mundo. Se o Irão tivesse armas nucleares, seria terrivelmente desestabilizador." Olmert foi bem sucedido em comprometer Bush numa posição incompatível com as propostas de Baker para dialogar com o Irão: a estratégia do isolamento, sanções e ameaças militares é claramente incompatível com qualquer abertura ou diálogo significativo, muito menos com a cooperação da Síria e do Irão na estabilização do Iraque. Ainda assim, tal como Olmert explicitamente declara, está em linha com os interesses estratégicos de Israel de expansão do seu poder e dominação no Médio Oriente através do enfraquecimento e da destruição dos seus adversários. Mais ainda, Olmert embaraçou os judeus sionistas ao apoiar publicamente a invasão e ocupação estado-unidense do Iraque, quando 85% dos votantes Democratas e 60% do eleitorado estadunidense está farto das mortes (mais de 3.000) e feridos (mais de 25.000) de soldados estado-unidenses. Para os homens e mulheres Democratas do Congresso, para quem Israel está primeiro (a vasta maioria), que sabiam desde sempre a posição pró-guerra de Israel, as suas duvidosas queixas pendiam sobre o facto de que a posição de Olmert era demasiado pública, aberta e agressivamente pró-guerra. Logo depois que os mesmos sionistas liberais ganharam a eleição "criticando" a guerra (nomeadamente acerca da gestão da ocupação). O facto de Olmert ter intervido na política estadunidense tão abertamente e de Bush o ter seguido tão docilmente não deveria ser surpresa para os observadores das relações israelo-estado-unidenses. Mais ainda, chegou-se ao cúmulo da hipocrisia para que os Democratas tenham expresso surpresa, pois eles sabem, de experiência directa, que o estado israelita intervém diariamente através do seu lobby de lacaios em toda a política relacionada com o Médio Oriente. A AIPAC chega mesmo a escrever documentos legislativos e a garantir maiorias massivas no congresso em coordenação próxima (leia-se subordinação) com o regime israelita, sincronizando as suas operações políticas. O que faz os Democratas estarem zangados é que Olmert tenha exposto o seu servilismo perante Israel. Enquanto eles batem o pé à política pró-guerra de Bush, nem sequer se atrevem a convocar uma conferência de imprensa para criticar Olmert, pelo medo de afugentar os milionários pró-Israel dos quais provêm 65% dos fundos do Partido Democrata. A posição pró-guerra de Olmert acerca do Iraque, Irão e Síria foi precedida por uma campanha de propaganda sem precedentes em todos os grandes média pelos principais ideólogos sionistas conservadores/liberais: artigos, peças de opinião e editoriais inundaram as páginas do Wall Street Journal, Foreign Policy, Washington Post, New York Times, New Yorker e do Christian Science Monitor. A multidão habitual da apologia incondicional de Israel e os denominados "especialistas do Médio Oriente" defenderam a linha de Telavive de contínuo 3 derramamento de sangue no Iraque e agressão militar ao Irão. Michael Rubin, Charles Krauthamer, Clawson, Eisenstadt, Ledeen, Wolfenson ("os judeus estadounidenses devem trabalhar arduamente para Israel e maximizar os seus ganhos"), Abraham Foxman ("o Irão é pior que a Alemanha nazi") e o ataque sem precedentes de uma hora contra o Irão ("o Irão é a Alemanha e estamos em 1938, exceptuando que este regime nazi é no Irão...") por Benjamin Netanyahu no programa de horário nobre da CNN de Glenn Beck precedido e seguido pela intervenção política de Olmert em Washington. O Wall Street Journal editorializou o ataque de larga escala ao Grupo Baker, mesmo antes de eles emitirem qualquer relatório, apoiando a posição de Israel em relação à guerra contra o Irão, o apoio deles para o continuar da guerra no Iraque e a limpeza étnica massiva de palestinianos (40000 palestinianos já fugiram de Gaza nos últimos 5 meses perante a morte de 400 e o ferimento de milhares pelos mísseis e bombas israelitas). O "arrasador" embaixador dos EUA para as Nações Unidas, John Bolton, deixou sair um maníaco e extenso manuscrito contra a assembleia geral da ONU e todas as suas agências por votar na condenação ao massacre sangrento deliberado, por parte de Israel, de uma numerosa família de 19 (sobretudo mulheres e crianças) nas suas camas, na vila de Beit Hanoun, em Gaza. Bush expressou "orgulho" no 31º veto dos EUA para travar as resoluções da ONU em condenação das agressões selvagens de Israel aos palestinianos. Se Bolton representa a direita mais extrema, de um já altamente distorcido espectro conservador (a direita fanática), a ele não falta apoio, especialmente dentro das mais respeitáveis e representativas organizações do lobby judeu. "A comunidade judaica permanece apoiante e gostaria de continuar a ver Bolton no seu posto", disse Malcolm Hoenlein, vice-presidente da Conferência de Presidentes de Grandes Organizações Israelo-Estado-Unidenses. "Ele tem sido um efectivo apoiante e é apreciado pelo corpo diplomático" (The Forward (Jewish Weekly) a 17 de Novembro de 2006). Deve ser lembrado que a maioria dos grandes grupos judeus publicamente apoiou Bolton após a sua nomeação se ter tornado uma batalha política em Washington, inícios de 2005. Não há dúvida que Bolton é um "efectivo apoiante" dos interesses de Israel no Médio Oriente, acima e por cima das vidas dos estado-unidenses, iraquianos, libaneses e palestinianos. Hoenlein, contudo, confunde o apreço do corpo diplomático israelita pelo do dos diplomatas do resto do mundo que estão satisfeitos ou chocados pelos discursos salivantes de Bolton contra a Europa, a Ásia, África, América Latina, as Nações Unidas ou qualquer um que discorde com ele ou se atreva a criticar Israel. A asfixia de Israel à Casa Branca, no que toca à política para o Médio Oriente, foi explicitamente revelada pelo anterior embaixador de Israel nos EUA, Danny Ayalon, numa entrevista: "O presidente dos EUA, George W. Bush, não vai hesitar em usar a força contra o Irão de maneira a parar o seu programa nuclear, eu tenho tido o privilégio de conhecê-lo bem, ele não vai hesitar em ir até às últimas consequências se não houver escolha" (Maariv, jornal diário israelita, de 14 de Novembro de 2006). Neste caso "conhecer" está num sentido bíblico, que transmite as relações íntimas direccionadas à complacência de Bush com os desejos do seu parceiro dominante. O "conhecimento" íntimo de Israel da Casa 4 Branca estende-se à definição do modelo das políticas dos EUA face a Teerão e ao seu programa de energia nuclear. De acordo com a agenda do embaixador Ayalon: "Primeiro o presidente vai tentar esgotar o processo diplomático, eu estimo que existam 50% de hipóteses de o esforço diplomático ter êxito. Se não, ele vai avançar com outro passo e considerar impor isolamento ou bloqueio ao Irão, tal como os EUA impuseram contra Cuba no passado. Se isto também não tiver êxito, ele não vai hesitar em fazer uso da força. Se as sanções tiverem êxito, melhor ainda. Caso contrário, ele vai agir por todos os meios ao seu alcance, incluindo a acção militar. (A guerra do Iraque) não é o modelo. Este (ataque ao Irão) é mais um caso de emprego do poder aéreo combinado com uma força terrestre limitada (...). Ele (Bush) disse-me pessoalmente, num destes momentos difíceis, que se nós continuarmos a perseverar neste caminho, as pessoas vão acabar por nos seguir" (Maariv, 14 de Novembro de 2006). A entrevista de Ayalon revela vários importantes aspectos do futuro rumo da política da Casa Branca acerca do Irão. Primeiro e acima de tudo, os israelitas têm conhecimento interno e acesso à Casa Branca, e eles têm tido sucesso em impor políticas de confronto à presidência. Adicionalmente eles têm encorajado o presidente "a continuar e perseverar" nas suas políticas belicistas, mesmo quando a maioria do eleitorado estado-unidense, o povo, as nações do mundo e até mesmo alguns conselheiros estão contra "o seu caminho". Os israelitas têm incentivado a crença fundamentalista cristã de Bush de que "o povo acaba por segui-lo" nos seus delírios messiânicos, mesmo quando todas as evidências apontam para o contrário. A crença de Bush não está distante da crença de Israel de que se tu desafiares a comunidade mundial das nações e a opinião pública por tempo suficiente eles vão eventualmente acabar por reconhecer o direito do "povo escolhido". Israel tem, pois claro, o luxo de projectar a sua arrogância venal sabendo bem que tem o apoio dos vetos dos EUA nas Nações Unidas e apoio militar da superpotência. A Bush falta um poder superior (a menos que incluamos o poderoso lobby judeu) para se contrapor ao seu isolamento político. Bush tem a dúbia distinção de ser o presidente mais servil a um poder externo na história dos EUA (excedendo o seu predecessor ex-presidente Clinton, emérito sionista), um ponto enfatizado pelo ex-presidente Jimmy Carter no seu último livro. Nenhum anterior presidente alguma vez confinou os seus planos bélicos a um emissário estrangeiro mesmo antes de se encontrar com a sua comissão de assessores de topo, consequentemente atrapalhando a possibilidade de influentes líderes nacionais, como os membros do Grupo Baker, de qualquer papel substancial no processo decisório. Mais ainda, o servilismo de Bush para com Israel/lobby judeu estende-se ao bloqueio dos seus aliados europeus quando formulavam uma política alternativa para o Irão em relação à proposta de "ataque preventivo" de Israel. De acordo com o diário israelita Haaretz: "Bush disse ao seu homónimo francês (presidente Jacques Chirac) que a possibilidade de Israel fazer um ataque contra às instalações nucleares do Irão não devia ser posta à parte. Bush disse também que se tal ataque tivesse lugar ele o compreenderia" (Haaretz, 20 de Novembro de 2006). 5 A asfixia obsessiva do Lobby Judeu expressa no apoio da Casa Branca ao ataque traiçoeiro contra o Irão é tal que Bush não só ignora o conselho da sua Secretária de Estado Rice, mas também rejeita as suas inevitáveis consequências: uma massiva resposta militar do Irão contra as forças de ocupação dos EUA no Iraque resultando em milhares de mortes, massivas deslocações políticas e petrolíferas no Médio Oriente, desestabilização nos Estados do Golfo e preços do petróleo exorbitantes. O controlo sionista sem precedentes sobre a Casa Branca foi sumarizado pelo sionista conservador, director executivo do Instituto Judeu (Israelita) para os assuntos de segurança nacional (JINSA, em inglês), Thomas Neumann: "A administração hoje é mais forte acerca de Israel do que qualquer outra administração no meu tempo de vida" (JTA, 14 de Novembro de 2006). Enquanto os proponentes de uma "viragem" na política para o Médio Oriente aclamaram a demissão de Rumsfeld e a nomeação de Robert Gates para Secretário da Defesa - um membro do Grupo de Estudo Baker para o Iraque como que augurando uma estratégia mais 'realista' e menos belicista, os líderes sionistas estavam confiantes que a sua influência dominante sobre Bush manteria Gates em linha com a política de Israel. Mara Rudman, uma sionista liberal, exmembro do Conselho de Segurança Nacional de Clinton, falando no "Fórum para a Política de Israel", sionista conservador, em Washington, colocou apuradamente a nomeação de Gates em perspectiva: "Não é realmente tão importante onde (Gates) vai, é onde o presidente vai". E como as evidências indicam o presidente 'vai' onde os Israelitas e os seus tentáculos nos EUA lhe dizem. Thomas Neumann, o propagandista da JINSA desmentiu a possibilidade de Gates tomar o partido pelo Grupo Baker: "O Gates foi nomeado porque ele tem um currículo de fazer o que lhe mandam (por Bush). Não há nada de bom ou mau acerca de Gates, eles (Casa Branca) queriam alguém que não fizesse ondas" (Jewish Telegraph Agency, 11 de Novembro de 2006). Além do apoio da Casa Branca, Israel mobilizou, exitosamente, o seu aparato político (o Lobby Judeu) nos EUA para canalizar financiamento para os apoiantes incondicionais de Israel. Os directores financeiros da campanha Democrata, Rahm Emmanuel (congressista israelo-estadounidense) e o senador (Israel Primeiro) Charles Schumer foram apoiados por um fundo financeiro multimilionário de Wall Street (como relataram a Time, Newsweek e o Wall Street Journal). Eles garantiram que mais de 30 congressistas judeus e 13 senadores fossem eleitos, incluindo todos os judeus já antes eleitos, um número de líderes do congresso e senado casados com sionistas assim como os apoiantes de Israel (100% certificados pelo Lobby) como a líder do congresso Nancy Pelosi e o líder da maioria do senado Harry Reid (aclamado pelo Lobby Judeu pelo seu apoio incondicional a Israel desde sempre - JTA 20 de Novembro de 2006). No primeiro teste ao poder sionista no congresso, Nancy Pelosi foi derrotada por uma larga maioria no seu esforço para nomear o congressista John Murtha (crítico da Guerra do Iraque) como líder da maioria na câmara, em favor de Steny Hoyer um congressista muito mais amigo das perspectivas pró-guerra do primeiro ministro Olmert. 6 O Lobby Judeu foi erguido como uma cortina de fogo contra qualquer reposicionamento dos EUA face ao Irão e em particular contra qualquer iniciativa do Grupo Baker. Isto é especialmente necessário por causa da precária crise da força militar dos EUA no Iraque e a percepção do público do potencial maior custo sangrento e maior custo económico de uma guerra contra o Irão. Adicionalmente o Lobby procura desesperadamente contrariar as medidas construtivas diplomáticas dos adversários de Israel no Médio Oriente, nomeadamente da Síria e do Irão, a respeito do Iraque. As contra-medidas israelitas não tardaram. Iniciativas de paz da Síria Em Novembro deste ano (2006) o primeiro ministro britânico Blair, depois de uma visita ao Médio Oriente, emitiu uma declaração chamando ao diálogo e negociação para os conflitos do Médio Oriente incluindo todas as partes interessadas, especialmente a Síria e Irão. O regime israelita de imediato rejeitou a proposta. O Lobby ecoou os seus patrões e subsequentemente a Casa Branca e o Congresso obedeceram. A Síria procedeu ao estabelecimento de relações diplomáticas, de segurança e de cooperação económica com o regime iraquiano, apoiado pelos EUA, demonstrando um importante gesto direccionado a estabilizar a região da Mesopotâmia. O regime israelita denunciou essa política como uma forma de influenciar os "terroristas iraquianos". Previsivelmente, o Lobby Judeu, os seus escrivães e publicações mediáticas retiraram importância ou puseram ênfase negativo na iniciativa da Síria - exigindo à Síria "mais actos e menos palavras", nomeadamente parando o fluxo de militantes para dentro do Iraque. A Síria respondeu assinalando que é muito mais extensiva no controlo de fronteiras que os EUA ou o governo iraquiano. A rejeição das iniciativas de paz da Síria (e do Irão), por parte do regime israelita e do seu Lobby, da Casa Branca e dos congressistas clientes está tão direccionada a neutralizar estas acções como a prevenir iniciativas similares emanando do grupo Baker. A rejeição veemente do Lobby do papel da Síria como uma força de estabilização prepara o palco para a ligação com o grupo Baker e sabotagem das suas recomendações quando finalmente se tornarem públicas. Um esforço similar de propaganda do Lobby está direccionado contra o Irão e indirectamente contra as propostas de negociação de Baker com o Irão. Os esforços da Casa Branca, Bruxelas e Telavive para isolar a Síria, sabotar os seus passos conciliatórios e bloquear qualquer iniciativa do grupo Baker estão centrados nas acusações infundadas que Damasco assassinou dois líderes antisírios, Rafik Hariri e Pierre Gemayel. No caso de Hariri, a maior testemunha contra a Síria mais tarde cometeu perjúrio e o principal investigador turco demitiu-se depois de ter seguido apenas uma linha de investigação - aquela que demonstra a cumplicidade da Síria - rejeitando a hipótese igualmente plausível de envolvimento israelita. os maiores beneficiários com o assassínio de Hariri foram os EUA e Israel, mesmo quando a UE usou todo o seu peso institucional acusando a Síria. As lições históricas da campanha anti-Síria no caso Hariri não foram perdidas pelos promotores da corrente manipulação política do assassínio de Gemayel. Os 7 EUA e o seu aliado israelita foram bem sucedidos em forçar a Síria a retirar as suas forças do Líbano, aparentemente fazendo o sul libanês, e em particular o Hezbollah, vulnerável aos ataques militares israelitas. Pouco depois , Israel utilizou um incidente rotineiro de fronteira como pretexto para invadir e tentar destruir o Hezbollah dizimando a sua base social entre os milhões de residentes de Beirute e sul do Líbano. Em vez de fortalecer a posição de Israel no Líbano e aumentar o poder dos seus clientes falangistas de longa data, a invasão fortaleceu o Hezbollah aumentando o seu apoio para mais de 60 % da população libanesa (Guardian de Londres, 15 de Novembro de 2006). A campanha para culpar a morte de Gemayel na Síria e no Hezbollah foi concebida para promover o poder de Israel no Líbano, provocando um conflito civil, orquestrando e mobilizando uma campanha de massas contra o Hezbollah para prevenir que este obtenha uma equitativa representação do seu apoio eleitoral no governo libanês. Os estratégistas israelitas esperam montar uma operação tipo "tenaz" na qual o Hezbollah será atacado pelos falangistas pelo norte e por Israel pelo sul. O Hezbollah sob cerco enfraqueceria o seu aliado Sírio como possível interlocutor do Grupo Baker e encorajaria os militaristas de Israel a recuperar da sua desgraça adquirida na ruinosa aventura libanesa. Ao imputar a Síria em dois assassinatos, a Casa Branca e Israel fortalecem a campanha das suas principais organizações sionistas de sabotar a proposta de Baker de abrir o diálogo com a Síria (Daily Alert, 22 de Novembro de 2006). Mais especificamente isso vai neutralizar uma conclusão positiva em Washington da iniciativa Síria de estabelecer relações com o regime cliente dos EUA do Iraque. Por esta razão o rabinamente pro-israelita Wall Street Journal, disparou: "Outro assassínio em Beirute para Jim Baker contemplar" (22 de Novembro de 2006). O facto é que Israel e os representantes sionistas nos EUA são os principais beneficiários pelos dois assassinatos. Existe tanto provas físicas como circunstanciais apontando para a cumplicidade de Israel nos assassinatos. Existem diversos casos de falangistas serem assassinados imediatamente antes do seu testemunho marcado em Bruxelas para um processo dos sobreviventes palestinianos contra líderes israelitas de topo envolvidos em famosos massacres no Líbano, especialmente nos campos de Sabra e Shatila em Setembro de 1982. Em 24 de Janeiro de 2002, Elie Hobeika, um senhor da guerra falangista envolvido no massacre, foi alvo de uma explosão na sua vizinhança em Beirute junto com 3 guarda-costas, apenas dois dias depois de ter aceite testemunhar contra os israelitas em favor dos sobreviventes palestinianos. Hobeika, que era a ligação falangista chave com o IDF (Forças de Defesa Israelitas, em inglês) durante a ocupação de Beirute, declarava ter trabalhado com a Mossad israelita na coordenação do massacre. Um misterioso grupo, 'Libaneses por um Líbano livre e Independente', declararam autoria desde o Chipre. Apenas umas semanas antes, outra testemunha para um processo belga e sócio próximo de Hobeika, Jean Ghanem, foi morto num acidente automóvel. Alguns meses depois, um terceiro sócio de Hobeika e potencial testemunha no processo belga, Michael Nassar, foi assassinado com a sua mulher no Brasil. 8 Nestes assassinatos e mortes inesperadas, a maioria dos peritos e políticos libaneses, incluindo os falangistas apontaram o dedo à Mossad. Por outras palavras, o facto dos falangistas terem sido clientes israelitas não impediu que as matanças selectivas ocorressem quando eram do interesse do Estado israelita: eles trataram os falangistas, seus antigos aliados, como preservativos usados. Pierre Gemayel, o neto do fundador do Partido da Falange fascista libanesa, era uma figura marginal no espectro político libanês; depois da sua morte ele torna-se uma figura pivot na manobra pela conquista de poder no Médio Oriente de Israel. Em Junho de 2006, as autoridades militares do Líbano anunciaram a captura de Hussein al-Katib, um libanês ex-prisioneiro dos israelitas, que confessou ter trabalhado no Líbano por conta da equipa de assassinos da Mossad, matando libaneses e líderes palestinianos usando carros bomba. Ao longo da história libanesa, os operacionais da Mossad foram imputados com assassinatos políticos de adversários palestinianos e libaneses, carros bomba e operações de comandos em Beirute assim como no resto do país. Já desde os inícios da fundação de Israel, os seus líderes, incluindo Ben Gurion, advogavam a promoção da guerra civil de forma a estabelecer um governo cristão maronita no Líbano aliado a Israel. Em suma, Israel tem motivo para matar Hariri e Gemayel, tal como tem um historial de assassinatos de 'clientes' para defender os seus de interesses de Estado e certamente exerceu tal prática de assassínio em figuras políticas libanesas. Dada a importância dos acontecimentos em jogo com o possível redireccionamento da política dos EUA quanto à Síria, como proposto pelo Grupo Baker e dados os esforços da Síria para facilitar um tal diálogo, ao dar legitimidade ao governo de Bagdade, regime sangrento e cliente dos EUA, o complot de Israel de assassinato político e enxurrada mediática condenando a Síria faz sentido do ponto de vista da sede de dominância de Israel no Médio Oriente. As iniciativas pacifistas do Irão Um interlocutor chave para uma pacificação geral no Médio Oriente, do qual os EUA retêm os seus aliados estratégicos árabes, passa pelo diálogo, negociações e partilha de poder com Teerão. Contrariamente à propaganda demonizadora que expelem o regime israelita e o seu Lobby nos EUA, o Irão já demonstrou repetidamente que longe de fomentar o 'terrorismo', tem estado a cooperar com os Estados Unidos numa série de importantes medidas compatíveis com as políticas imperiais estado-unidenses no Iraque e Afeganistão. Na fase de preparação para a invasão estado-unidense e posterior ocupação do Iraque, é de conhecimento público e reconhecido oficialmente que o Irão apoiou a queda de Saddam Hussein, proveu informação secreta aos EUA, aconselhou e apoiou a cooperação xiita na formação do regime cliente dos EUA, reconheceu e estabeleceu relações formais com regime fantoche apesar da sua colaboração com a morte de centenas de milhares de iraquianos. 9 O Irão tem sido um grande inimigo da Al-Quaeda, aprisionando os seus membros e em alguns casos oferecendo-os para extradição para o Ocidente, mostrando portanto uma decidida parceria em alguns aspectos da "guerra contra o terrorismo". Igualmente importante, é o facto de o Irão ter jogado um papel relevante na estabilização do Afeganistão ocidental, especialmente em Herat, limitando severamente a influência talibã. O Irão trabalha proximamente com as equipas italianas de reconstrução do ISAF na região. O Financial Times (18 de Novembro de 2006) relata: "O principal factor segurando o Afeganistão ocidental estável é a influência positiva do vizinho Irão que 'fornece muito dinheiro para a reconstrução da região ocidental', diz um funcionário de topo da Administração estado-unidense em Washington". O exército de editores 'Israel primeiro' nos EUA e Europa continuam a amalgamar o Irão com a Al-Quaeda, Talibãs e terroristas iraquianos, apesar de toda a evidência em contrário. A campanha da 'grande mentira' é direccionada a isolar o Irão e assegurar as sanções da ONU como um prelúdio para o ataque furtivo estado-unidense-israelita contra as cidades, infra-estrutura, instalações de pesquisa científica e militar e as instalações de pesquisa nuclear. Para proceder à destruição do Irão e a consolidação da dominância israelita no Médio Oriente, o alvo imediato é impedir o Grupo Baker de propor algum diálogo com o Irão ou pelo menos de definir parâmetros que viabilizassem o diálogo. A mais perversa e efectivamente pró-israelita, campanha de propaganda contra o Irão foca nos seus programas de pesquisa nuclear. A campanha sionista contra o Irão não proveu qualquer evidência que contradissesse a equipa de inspecções da IAEA (Agência de Energia Atómica Internacional, sigla inglesa) nas suas conclusões que demonstraram que não há provas que exista um programa de armas nucleares. As ofertas do Irão aos EUA e à UE de visitas e inspecções detalhadas são constantemente recusadas e rejeitadas pela Casa Branca como 'complot propagandístico', um 'complot' que Israel recusou oferecer em relação às suas próprias instalações ilegais de armas nucleares, químicas e biológicas. Nenhum perito ou líder político no mundo, agora ou num passado recente, alguma vez argumentou que o Irão está a violar o tratado de não proliferação nuclear. A oposição israelo-estadounidense ao enriquecimento nuclear é singularmente aplicada ao Irão. Caso contrário todas as outras 100 nações com programas de energia nuclear estariam sob ameaça de guerra preventiva. As iniciativas de paz palestinianas Apesar dos constantes ataques sangrentos da máquina militar de Israel (as mal chamadas Forças de 'Defesa' de Israel), o governo palestiniano do Hamas fez duas propostas de paz. Entre Janeiro de 2005 e Junho de 2006, o governo do Hamas absteve-se de responder aos ataques militares de Israel em Gaza e na Cisjordânia (apesar de numerosos assassinatos, demolições de casas e detenções ilegais de activistas) com a esperança de obrigar Telavive a começar negociações de paz. O Estado de Israel, apoiado pelos EUA, rejeitaram categoricamente a paz e impuseram um bloqueio total à Faixa de Gaza. Foi só 10 quando o IDF bombardeou uma praia palestiniana cheia de famílias, assassinando 18 crianças e familiares fazendo pic-nic, é que o Hamas respondeu com alguns projecteis esporádicos e a captura de um soldado israelita num tanque enquanto alvejava tiros dentro das vizinhanças de Gaza. O massacre israelita subsequente de 400 palestinianos (mais de 200 civis, sobretudo mulheres e crianças) entre Julho e 24 de Novembro de 2006 falhou em vergar a resistência palestiniana. As propostas palestinianas e internacionais para parar o banho de sangue foram firmemente rejeitadas pelo regime israelita. Em 24 de Novembro de 2006, a BBC News relatou: "Israel rejeitou a proposta dos grupos militantes palestinianos de parar o disparo de rockets para Israel se Israel parar os ataques contra palestinianos. Um porta-voz do governo israelita, Miri Eisen, disse (...) a oferta de um fim no lançamento de rockets de Gaza mostrou a falta de um verdadeiro compromisso com a paz (sic!)". Por essa lógica distorcida, a contínua torrente de bombas para dentro das cidades palestinianas demonstrou um 'real' compromisso com a paz! A BBC aponta para o que a maioria dos peritos designam como a postura belicista de longa data de Israel: "Israel já reiteradamente no passado rejeitou firmemente ofertas de cessar fogo de militantes palestinianos, dizendo que recusa acordos de qualquer tipo (meu ênfase) com o que descreve como organizações terroristas" (24 de Novembro de 2006). O regime de Olmert rejeitou categoricamente a nova iniciativa de paz proposta pela Itália, França e Espanha que permitira às forças da ONU salvaguardar a fronteira entre Gaza e Israel (Reuters/Haaretz 21 de Novembro de 2006). Perante as matanças sistemáticas de palestinianos por parte de Israel e a limpeza étnica de mais 8.000 palestinianos por mês (40.000 desde Junho), a Assembleia Geral da ONU votou por condenar Israel, 150 contra 7, pelo assassínio em massa de Beit Hanoun exigindo uma investigação. O embaixador israelita abandonou a sala. O regime israelita rejeitou a resolução da ONU e continuou o seu massacre, matando uma dúzia de palestinianos logo a seguir, mostrando o seu desprezo pela ONU. O desdém israelita pela opinião pública mundial teve o inequívoco apoio dos Presidentes das Principais Organizações Judaico-Estado-Unidenses e os seus comparsas no Canada, Inglaterra, Argentina e pelo mundo fora. Mas é nos EUA que o poder do Lobby Judeu realmente conta: foram os Estados Unidos que exerceram pela 31ª vez o direito de veto para proteger Israel de uma resolução condenatória do Conselho de Segurança da ONU. Foi a rejeição da Casa Branca da proposta do primeiro-ministro britânico Tony Blair de uma conferência ampla para o Médio Oriente, incluindo a Síria, Palestina, Iraque, o Irão e o Estado Judeu, que permitiu a Israel ignorar a UE inteira, o Médio Oriente e o resto do mundo. O Financial Times (18 e 19 de Novembro de 2006, p.6) relatou: "O apelo de Tony Blair desta semana para um 'estratégia integral do Médio Oriente' enviou uma mensagem que a rota para a paz no Iraque passa por Jerusalém e Beirute. No seu discurso de política externa para a cidade de Londres, o primeiro-ministro britânico 11 reconheceu que as crises regionais estão interligadas e requerem um abordagem compreensiva". Deveria estar mais claro que nunca que a limpeza étnica israelita na Palestina, em vez de ser um catalisador do extremismo israelita é o reflexo da perversidade das atitudes racistas que caracterizam o extremismo sionista, que ameaçam toda a gente no Médio Oriente, Europa e EUA. A vontade contrária ao compromisso por parte do sionismo, a crença de que o futuro é deles e deles somente, a negação de legitimidade à outra parte e a determinação de seguir esta ideologia mesmo que a expensas do seu próprio povo são características que tornaram a resolução do conflito israelo-palestiniano impossível. Estas características estão no epicentro do ataque do extremismo sionista às nações ocidentais que propõem restrições ao militarismo israelita. Em 2003 o Ocidente falhou em agir a tempo para proteger os seus próprios interesses no Médio Oriente de uma guerra apoiada pelo sionismo. Está pagando o seu preço, mas os iraquianos e palestinianos estão pagando infinitamente mais. Desta vez que as mesmas forças da Casa Branca e Israel pressionam por uma guerra preventiva contra o Irão, nós temos de fazer melhor. Se não, um preço maior será pago porque os iranianos e a opinião mundial são infinitamente mais fortes. A rejeição israelita das propostas de negociações de paz dos palestinianos, europeus e da ONU, estão dirigidas também ao Grupo Baker, que também vê que o caminho para a paz em Bagdade passa por Jerusalém. A pressão enorme dos Lobbys Judeu e israelita sobre a Administração Bush e o Congresso estadounidense para que estes apoiassem a oposição de Israel às negociações de paz é orientada para minar as recomendações do Grupo Baker e os seus numerosos apoiantes em sectores dos militares estado-unidenses, finanças, petróleo, Congresso e médias massivos apelando a uma pressão sobre Israel, inclusão do Irão e redução das tropas dos EUA no Iraque. Liderados pelo arqui-sionista Michael Ledeen do Instituto Americano da Empresa, alguns no Lobby Judeu rejeitam o Grupo Baker como 'os realistas e anti-semitas'. Kagen e Kristol gozamno explicitamente como 'derrotista' e traidor (Novartis, 4 de Novembro de 2006). O Campo Baker Não há dúvida que as propostas do Grupo Baker de Estudo do Iraque à Casa Branca e Congresso têm lugar em boas circunstâncias. Em termos domésticos, o sentimento anti-guerra na corrida para as eleições do Congresso de 2006 está no seu máximo histórico; 40% do eleitorado que votou, repudiou numerosos candidatos Republicanos que se identificavam com as políticas de Bush (e mesmo contra aqueles que não se identificavam). Conselheiros de topo do regime Bush apoiaram publicamente uma discussão com o Irão - uma das recomendações principais do Grupo Baker. Um conselheiro de topo da Secretária de Estado Condoleeza Rice, David Satterfield, disse ao Comité de Serviços Armados do Senado que: "Nós não estamos preparados para discutir as actividades iranianas no Iraque. O momento de tal diálogo é algo que ainda mantemos sob revisão" (Financial Times, 16 de Novembro de 2006, p.1). Os comentários de Satterfield 12 seguiram-se ao testemunho do General John Abiazad (o general chefe para o Iraque) que categoricamente rejeitou o envio de mais tropas para o Iraque. Oficiais militares de topo, retirados e no activo, em entrevistas tem apelado a uma retirada faseada. Igualmente importante, numa sequência de eventos sem precedentes, as publicações de três sectores militares (Exército, Marinha e Corpo de Fuzileiros) editorializou a favor do despedimento do Secretário da Defesa Rumsfeld apenas dois dias antes das eleições intercalares - e conseguiu precipitar a sua queda. Um artigo na Newsweek (20 de Novembro de 2006, p. 40-43) referiu-se favoravelmente ao Grupo Baker como a "Equipa de Salvamento". Outros sectores mediáticos seguiram a mesma linha. O Financial Times (14 de Nov. de 2006) editorializou: "Os últimos cinco anos têm visto Israel a estender e consolidar o seu domínio na Cisjordânia e na Jerusalém Leste Árabe, apesar da retórica do ocidente. Isso é, tal e qual como a invasão não-provocada do Iraque, é o que constantemente ameaça incendiar a região. O Grupo de Estudo do Iraque, bi-partidário, liderado por James Baker, um exSecretário de Estado, e Lee Hamilton, um influente ex-congressista, provavelmente focará estes assuntos e a necessidade de relançar o processo de paz. Que por sua vez requererá o envolvimento do Irão e da Síria, que deverá levar à reconsideração do plano de paz Árabe de 2002 - o reconhecimento total dos Árabes de Israel em troca de uma retirada israelita de todos territórios árabes ocupados. Ignorar as raízes da volatilidade do Médio Oriente, tal como o acelerado ciclo de conflitos na região deve lembrar-nos, é uma perigosa abdicação da responsabilidade". Ao incluir antigos Republicanos e Democratas de topo (Hamilton e Simpson) além de membros do governo, Baker assegurou pelo menos o apoio de alguns sectores dos dois partidos no Congresso. Ao conseguir que pelo menos um membro do Grupo de Estudo do Iraque, Robert Gates, tenha sido nomeado para substituir Rumsfeld numa posição crucial como é a de Secretário da Defesa, Baker ganhou potencialmente alguma influência directa com o braço executivo do poder. Com excepção de Edwin Meese, um líder de ultra-direita da Fundação Heritage, Clifford May da sionista conservadora 'Fundação para a Defesa da Democracia' e Michael Rubin (que desde então demitiu-se), - todos membros da corrente 'Israel Primeiro' - Baker conseguiu limitar a influência dos sionistas conservadores que desenhavam a política de guerra no Médio Oriente da Administração Bush. Igualmente importante, é Baker ter o apoio das principais companhias de petróleo e gás de Houston e Dallas, que têm sido postas de parte da política para o Médio Oriente durante a ascensão dos sionistas conservadores militaristas à Casa Branca. Elas estão ansiosas por uma política "equilibrada" para o Médio Oriente que sirva os seus laços económicos com os produtores de petróleo do Médio Oriente e facilite negociações comerciais com o Irão e os Estados do Golfo. Alguns dos principais grupos de investimento estado-unidenses, incluindo aqueles CEOs (executivos) que são doadores dos Lobbys pro-Israel, estão ansiosos por 13 um acordo de paz, que inclua o Irão, de modo a ter acesso aos novos fundos islâmicos de investimento multi-bilionários que tem emergido entre os Estados Árabes do Golfo. Na frente doméstica, pareceria que Baker e o seu Grupo estão numa forte posição para re-orientar a política estado-unidense para o Médio Oriente, envolvendo a Síria e o Irão, Sunitas e Xiitas e até mesmo Israel e a Palestina num "Grande Acordo Marco". A maioria dos interesses dos grandes negócios estado-unidenses preferem a abordagem que limitaria a influência israelo-conservadora sionista a propósito do uso e abuso do poder militar dos EUA no Médio Oriente, facilitar os negócios das corporações multi-nacionais (CMN) e bancos (BMN) com as elites Árabes/Iranianas conservadoras, alargar o acesso dos EUA ao petróleo e expandir a influência estado-unidense nas ex-Repúblicas Soviéticas na Ásia Central e Sul, ricas em petróleo e gás. As condições e circunstâncias na frente internacional são ainda mais favoráveis para o Grupo baker. O Irão aceitou o seu lugar na mesa de negociação com os EUA, para discutir a estabilização do Iraque. Isto é crucial para qualquer acordo, pois o Irão tem laços e influência em sectores da liderança Xiita do Iraque. É claro que o 'toma-lá-dá-cá' para qualquer acordo entre os EUA e o Irão envolveria que os EUA concordassem em parar as suas políticas hostis e ameaças militares dirigidas a Teerão. Tal como nós discutiremos brevemente, este é um ponto de intensa disputa em Washigton, encontrando uma intensa resistência da estrutura 'Israel Primeiro' na sua totalidade (Lobby - Congresso Médias Massivos - Doadores do Partido Democrata). Para facilitar a abertura de diálogo com os EUA, o Irão ofereceu às Nações Unidas acesso a todas as principais instalações nucleares de modo a neutralizar a histeria dos fanáticos belicistas entre o formidável exército de ideólogos 'Israel Primeiro'. De acordo com a BBC (23 de Novembro de 2006): "O Irão irá dar acesso aos inspectores a documentos e equipamento de dois dos seus lugares nucleares, segundo disse o chefe da Agência Atómica da ONU, IAEA. Mohamed El Baradei disse que ele esperava que o Irão iniciaria uma série de medidas que eliminariam as suspeitas acerca do seu programa nuclear (...) De acordo como sr. El Baradei, o Irão concordou em permitir (...) os inspectores da IAEA (sigla inglesa) de recolher amostras ambientais do equipamento de um antigo sítio militar. O Irão também disse que daria à ONU acesso aos documentos do enriquecimento nuclear da Central de Natanz". Estes relatórios da IAEA provêm ao Grupo Baker com ampla justificação para a abertura de diálogos com o Irão e asseguram o público dos EUA e os membro do Congresso - pelos menos aqueles que não estão debaixo do dedo do Lobby - que eles não estão a "ceder" a uma ameaça nuclear. Contrariamente às acusações dos senhores da guerra israelitas e o seu Lobby de propagandistas de que o Irão é uma "ameaça nuclear à sobrevivência de Israel", um relatório que a IAEA emitiu em 14 de Novembro de 2006 enviado ao governador da agência nuclear, 14 confirmou que o Irão está agora a usar principalmente duas 'reacções dominó' de 164 centrifugadoras cada para enriquecer o urânio (Financial Times, 15 de Novembro de 2006, p. 8). Isto significa que o Irão ainda "está aquém das 3.000 centrifugadoras que seriam precisas para enriquecer o urânio numa escala industrial" (FT, 15 de Nov. de 2006, p.8). Se Baker quisesse, poderia neutralizar o inteiro coro de Israel apontando que o Irão tem um nível de enriquecimento de urânio manifestamente insuficiente para fazer uma bomba. Ele poderia apontar, em qualquer caso, que o enriquecimento de urânio está em total consonância com o Tratado de Não Proliferação Nuclear e que a IAEA já estendeu o seu prazo de acesso e supervisão para vigiar os projectos nucleares do Irão. Adicionalmente, Baker poderia apontar aos correntes acordos tácticos entre os EUA e o Irão na oposição aos Talibãs, na reconstrução do Afeganistão e na perseguição da Al Quaeda em todo o mundo. Além disso, o Irão tem acordos de partilha de informação secreta com o regime fantoche pro-EUA do Iraque. Ainda mais importante, Baker poderia apontar que o Irão apoiou a derrubada estadounidense de Saddam Hussein e reconheceu o regime fantoche dos EUA. As iniciativas diplomáticas da Síria, especialmente a restauração das relações com o regime cliente dos EUA no Iraque, certamente proveu um ambiente positivo para Baker propor a abertura de diálogo com Damasco. Simultaneamente, o Irão encontrou-se com o Presidente Iraquiano Jalal Talabani. Numa altura em que o regime cliente dos EUA está a perder o controlo e que as forças militares dos EUA mostram crescente incapacidade de o suster, o desejo iraniano de estabilização é um sinal para Washington que está pronto a cooperar numa política conjunta para o Iraque. A movimentação síria para os EUA foi evidente na sua declaração de restauração de laços: "A Síria aceitou a fórmula iraquiana e da ONU acerca da presença de tropas estado-unidenses no Iraque. Em vez de exigir uma retirada imediata, a Síria aceitou que elas deveriam retirar-se gradualmente quando não forem necessárias" (BBC, 25 de Novembro de 2006). Baker tem o apoio do principal aliado europeu da Casa Branca, o primeiro-ministro britânico Blair, que apoia a ideia de incluir a Síria e o Irão num acordo para estabilizar o Iraque. Blair argumentou por um 'plano geral', que incluiria um acordo internacional para resolver o conflito Palestina - Israel. Dado o ambiente de compromisso, que deixa apenas Israel contra a totalidade do continente europeu e o Médio Oriente na recusa de negociar com o Irão, o Hamas e a Síria. No que respeita ao conflito palestiniano, o Hamas já implicitamente aceitou a solução de dois estados baseado nas fronteiras de 1967, ou seja, para todos os efeitos reconheceu Israel. A oferta do Hamas forçosamente põe a nu a mentira da denúncia de Israel que o Hamas é uma organização terrorista, que recusa negociar uma solução de dois estados ou reconhecer Israel. Claramente a bola está no pé de Baker. A questão é se ele vai procurar explorar esta janela de oportunidade presenteada pelo Hamas que substancialmente reduziria as tensões e conflitos no Médio Oriente. A maioria dos especialistas e líderes do Médio 15 Oriente (da variedade sionista conservadora) já repetidamente enfatizaram que o caminho para a paz em Bagdade passa por Jerusalém. E o mais importante de tudo, a estratégia de Bush de "manter o curso" no Iraque foi (com a solitária excepção do primeiro ministro israelita Olmert - o único beneficiário da guerra) universalmente rejeitada - pelos seus próprios generais, parceiros da "coligação", o povo estado-unidense e a maioria dos solados estadounidenses combatendo no Iraque. O desastre da Casa Branca no Iraque levou até mesmo a alguns propagandistas e arquitectos da guerra sionistas conservadores a abandonar e oportunisticamente atacar Bush. Por outras palavras, as propostas de Baker serão direccionadas a um Presidente isolado com uma política desacreditada, cujos únicos apoiantes são económica e diplomaticamente insignificantes mas que possuem uma poderosa, abastada e bem colocada configuração de 'influentes' disciplinados nos Estados Unidos conhecidos como 'Lobby Judeu'. Com um leque formidável de aliados internos e um ambiente internacional favorável, poderíamos pensar que as propostas de Baker para levar adiante uma nova direcção no Médio Oriente seriam um 'passeio'. Desafortunadamente, não é de modo algum esse o caso. O que a maioria dos críticos, comentadores, repórteres de investigação independentes, políticos e tecnocratas mediáticos favoráveis a Baker esquecem de mencionar é o grande elefante no salão - o Lobby Judeu/Israelita e o alcance dos seus tentáculos no Congresso, no Partido Democrata, nos Média e em outros veículos de modelação da política para o Médio Oriente. O Lobby Judeu confronta o Grupo Baker O Lobby Judeu estado-unidense, às ordens e serviço do estado israelita, tem estado a liderar uma campanha, de larga-escala, intensiva e parcialmente bem sudedida, para demonizar o Irão e a Síria, para conseguir empurrar os EUA a pressionar a ONU em favor das sanções económicas. Através do seu clone político, o embaixador para a ONU, John Bolton, eles puxaram Washington para mais perto de lançar um ataque ao Irão. Um exame da agenda da AIPAC (Lobby Judeu) põe uma nova guerra contra o Irão em nome de Israel no topo da sua lista de prioridades. Nos últimos 3 anos as publicações, conferências e comunicados de imprensa dos Presidentes das Principais Organizações Judaico-EstadoUnidenses PMAJO (sigla inglesa) têm apelado aos seus membros para fazerem tudo para financiar e apoiar os seus candidatos (sobretudo Democratas) que apoiem a 'solução militar' (israelita) do programa de enriquecimento nuclear do Irão. Não há um dia que passe sem que a publicação da PMAJO - o Alerta Diário reproduza artigos apoiando os crimes de guerra de Israel e as matanças de civis fabricando 'explicações' minuciosas por cada brutalidade. Quer isso envolva o assassinato de uma família de 10 numa praia em Junho de 2006, ou o assassinato 16 de uma família de 19 nas suas camas em Beit Hanoun, ou o despejar de 1 milhão de bombas de fragmentação no Líbano dois dias antes do cessar fogo, ou o assassinato a sangue frio de uma activista estado-unidense, Rachel Corrie, eles estão sempre prontos a encobrir o Estado Israelita. Um exército de ideólogos 'Israel Primeiro, Último e Sempre' ('Académicos Residentes' de um instituto de Washington ou 'Peritos para o Médio Oriente' de uma prestigiada universidade) está a publicar artigos todos os dias pedindo aos EUA para verter mais sangue dos seus soldados em nome do 'Grande Israel' numa guerra contra o Irão. A visceral arrogância destes intelectuais prostituídos desafia a imaginação. Aqui o nosso país ainda está imerso em perder a guerra que os seus comparsas no pentágono planearam e executaram, enquanto o Lobby celebrava, mas eles argumentam, pressionam e gesticulam para que nós nos envolvamos numa guerra com o Irão maior, mais sangrenta e mais custosa. Apesar das suas políticas desastrosas, os sionistas 'estado-unidenses' conseguiram comprar um formidável bloco parlamentário de congressistas e senadores que são apoiantes incondicionais de Israel e da sua definição de política para o Médio Oriente. Os recém eleitos Democratas, líderes do Congresso e chefes de Comités não se atrevem a desafiar o primeiro ministro Olmert quando ele aprova Bush, na sua catastrófica guerra no Iraque, na sua política de "manter o rumo" e a sua proposta de "pôr a opção militar na mesa" a respeito do Irão. O chefe de Segurança Nacional, o israelo-estado-unidense Michael Chertoff já jurou desafiar o inteiro corpo das Leis Internacionais, o Parlamento Europeu e a ONU basicamente porque eles argumentam contra os ataques preventivos da Casa Branca e Israel aos seus adversários no Médio Oriente (17 de Novembro 2006). Os democratas, em sintonia com o Lobby, afastaram o Congressista antiguerra John Murtha de se tornar o líder da maioria da câmara em favor de Steny Hoyer, um congressista maleável de Maryland, obediente ao 'conselho do Lobby'. O senador Harry Reid, o novo líder dos senadores Democratas, já obteve o seu certificado de boa conduta do Lobby Judeu do Estado de Nevada. Podem contar com ele para reduzir a amplitude de qualquer 'diálogo' com o Irão e a Síria. O mesmo é verdade em relação a Nancy Pelosi, a porta-voz da maioria na câmara, que já jurou inabalável aliança com o Estado de Israel em todas as convenções da AIPAC que ela participou. Pelosi escolheu Reva Price como uma conselheira chave para a política externa, o Médio Oriente e os 'interesses judaicos', com particular atenção para a afluência de contriduidores do Lobby para o Partido Democrata. Tal como Mathew Berger (amigo do Lobby) escreve em 'Congressional Quarterly' (24 de Novembro de 2006): "Os legisladores Democratas estão a competir em suas credenciais pró-Israel (...) os doadores judaicos que vêm a Washington para encontros íntimos tal como este, estão atentos a cada palavra. Na parte de trás está Reva Price (...) a 17 casamenteira política entre a comunidade judaica e os legisladores Democratas e o seu papel como conselheira da congressista Nancy Pelosi (...) Agora que Pelosi está definida como futura porta-voz da Câmara, Price tem a oportunidade de trazer os assuntos quentes da comunidade judaica aos ouvidos do verdadeiro poder (...)". Reva Price era a líder do ultra-sionista Conselho Judeu de Relações Públicas antes de se tornar a conselheira chave de Pelosi nos assuntos quentes do Médio Oriente de especial interesse para o Lobby. Tal como Berger nota, durante a corrida eleitoral Price "trabalhou duro para contrariar a percepção que os legisladores Democratas (incluindo uns poucos que são agora chefes de comités) querem pressionar Israel a fazer concessões aos Palestinianos (...) para esta eleição (...) os legisladores judeus fizeram claro que o aparelho Democrata apoiaria Israel e aqueles membros que não foram apoiantes não teriam influência nos negócios estrangeiros". Pelosi demonstrou a sua obediência à Linha de PriceLobby ao atacar ferozmente um crítico de Israel, o ex-presidente Jimmy Carter, dizendo que "Carter não fala em nome do Partido Democrata ou de Israel". Amy Friedkin, uma ex-presidente da AIPAC e amiga de Pelosi por mais de 25 anos, escreveu: "Eu ouvi a dizer numerosas vezes que o único grande feito do século XX foi a fundação do moderno estado de Israel. Ela tem sido uma grande amiga da relação EUA-Israel durante a sua inteira carreira no Congresso e está profundamente determinada a fortalecer essa relação" (Jewishjournal.com, 30 de Novembro de 2006). Numerosos artigos e peças de opinião têm aparecido no Los Angeles Times, no Washington Post, no Wall Street Journal e no The New York Times escritos por colunistas 'Israel Primeiro', que atacam qualquer tentativa de Baker mudar a política confrontacional dos EUA com o Irão e que nem se fale de uma proposta apelando para uma conferência internacional para resolver o conflito israelopalestiniano. O Lobby Judeu tem aliados formidáveis não só no Congresso e na maioria Democrata mas também poderosos representantes no braço executivo, incluindo operativos chave como o Vice Presidente Cheney, o Coordenador de Segurança Nacional para o Médio Oriente Elliot Abrams, o porta-voz Presidencial Joshua Bolton, o conselheiro Vice Presidencial David Wurmser e uma resma de outros serviçais 'Israel Primeiro' de longa data. O Congresso de influência sionista poderia ir buscar o envolvimento prévio de Gates no escândalo Irão-Contras se ele se aliar a Baker, tal como eles sabotaram Murtha ao repescar um historieta de um ilícito de há 30 anos atrás para impedir a sua vitória como líder da Maioria na Câmara. Conclusão O Grupo Baker, apesar da sua situação internacional avantajada e do amplo apoio doméstico, enfrenta um enorme poder e oposição da parte do Lobby Judeu, na sua tentativa de mudar o rumo da política dos EUA para o Médio Oriente. Toda e 18 qualquer proposta passará pelo escrutínio do exército de Lóbistas 'Israel Primeiro', pelos seus congressistas servis com os seus acessores e terá de enfrentar a hostilidade de membros do executivo, incluindo George W. Bush, alinhados com o estado Judeu. Um dos primeiros campos de batalha vai ser em trono da questão se os EUA devem encetar um diálogo e procurar a cooperação com um Irão e uma Síria de boa vontade para estabilizar a situação no Iraque ou se os EUA devem continuar a opção confrontacional incluindo sanções e a opção militar. A primeira linha de ataque pela configuração de poder pró-Israel é de rejeitar taxativamente qualquer abertura aos dois países do Médio Oriente. As lenga lengas habituais de condenação, demonização, fabricação e distorção de citações vão ser usadas para prevenir qualquer encontro com o presidente iraniano. Se a proposta Baker conseguir qualquer avanço, é expectável que o bloco de poder judaico no Congresso e no Executivo imponham um colete de forças político, que previna qualquer efectiva e significativa mudança. Isto significa que o que eles irão propor à Casa Branca seguirá uma abordagem de 'duas vias': continuar a perseguir vigorosamente sanções económicas e ameaças militares numa via, enquanto, na outra via, aproximando-se do Irão para intervir e estabilizar o regime cliente dos EUA no Iraque. Os sionistas e seus seguidores sabem que a política de 'duas vias' é um não-começo. O Irão não vai começar a usar a sua influência política para estabilizar o Iraque de modo a libertar o poder militar dos EUA para bombardear as cidades iranianas, assim como as suas instalações nucleares, portos, refinarias outras infra-estruturas vitais. Nem mesmo as muito alardeadas qualidades diplomáticas de Baker irão convencer o Irão a fazer concessões estratégicas unilaterais à Casa Branca em troca de nada - nem mesmo um elementar acordo de segurança e não-agressão. O Ministro da Defesa da Grã Bretanha, Des Browne, anunciou um corte elevado no número de tropas no Iraque por pelo menos metade para 2007 (Al Jazeera 26 de Novembro de 2006). Baker irá estar sob enorme pressão para propor um calendário para a redução das tropas estado-unidenses - uma posição contudo, que aparentemente tem dividido o seu grupo (NY Times, 27 de Novembro de 2006). Uma proposta para reduzir gradualmente as tropas dos EUA no Iraque e o seu reposicionamento em bases militares não é provável que encontre oposição feroz do estado Judeu ou dos seus representantes nos EUA - a não ser que a Casa Branca ofereça resistência feroz. Para Israel e o seu Lobby, a invasão dos EUA e a ocupação já cumpriram o seu objectivo primário de destruir o estado iraquiano: fragmentando a sociedade iraquiana numa guerra interna etno-religiosotribalmente dividida e eliminando o forte apoio por uma república secular oposta à limpeza étnica na Palestina executada pelo estado Judeu. Para Israel e o seu Lobby estado-unidense, está na altura de seguir o caminho para eliminar outros adversários da dominância israelita no Médio Oriente - nomeadamente o Irão e a Síria. Isso explica porque o Lobby está a gastar mais recursos exercendo maior pressão na Casa Branca e o Congresso para escalar a confrontação com esses dois países. E isso explica porque o Lobby já lançou uma campanha 19 propagandística de larga escala para bloquear quaisquer aberturas com o Irão, as quais levassem a algum tipo de acomodação de segurança. Irá Baker conseguir convencer os líderes iranianos e sírios a acreditar que o seu apoio político aos EUA no Iraque será recompensado mais tarde? Que ajudar os EUA no Iraque vai criar a 'confiança política' da sua boa vontade em Washington e engrandecer a imagem do Irão como um poder "responsável" no Médio Oriente? Baker pode argumentar que a sua cooperação fortalece os 'realistas bons' em Washington, enfraquece os 'sionistas conservadores maus' e leva a um fim da chantagem militar confrontacional. Não há dúvida que existem políticos e diplomatas iranianos entre as forças em disputa que estão ansiosos por cooperar com os EUA a quase qualquer preço, mas mesmo eles não podem abraçar publicamente os termos restritivos que o Lobby-Casa Branca vão propor. Um diálogo é impossível se a Casa Branca e Israel continuam a ameaçar com uma guerra preventiva. É altamente improvável que o Grupo Baker se atreva a confrontar o poderoso Lobby Judeu ao levantar a questão de restringir a postura militarista de Israel ou mesmo pedindo diplomaticamente ao Estado Judeu que se retraia de definir 'ultimatos' para um ataque aéreo ao Irão. Apesar do antigo consenso universal (Israel e Lobby Judeu à parte) de que o conflito israelo-palestiniano está no centro da discórdia do Médio Oriente, do reconhecimento em público e em privado de que o roubo de terras por Israel e a limpeza étnica que promove são o principal factor do conflito, apesar do facto de James Baker ter reconhecido publicamente isso mesmo quando era Secretário de Estado do governo de Bush senior, é altamente improvável que o Grupo Baker vá avançar com uma proposta de convocar uma conferência internacional para a resolução da questão Palestiniana. Ele sabe com antecipação que isso provocaria uma muralha de fogo de oposição no Congresso controlado pelo Lobby e denuncias de 'anti-semitismo' da parte dos fanáticos 'peritos' sionistas para o Médio Oriente, tecnocratas mediáticos e da Liga Ivy de 'académicos uniformados'. O Grupo de Estudo do Iraque de Baker propõe uma forma alternativa de defender e expandir o Império dos EUA. Mais especificamente o Grupo procura 'estabilizar' o Iraque para abrir o Médio Oriente aos investidores financeiros e às companhias petrolíferas dos EUA. Esta estratégia é severamente constrangida pelo formidável bloco liderado pelo Lobby Judeu com influência de amplo alcance nos Médias Massivos, no Congresso, Senado e nos seus chefes de comités, especialmente no Partido Democrata. Apesar de que nem o Grupo Baker, nem os elementos 'Israel Primerio' representam uma alternativa pró-democracia à construção imperial, é importante notar uma diferença significativa. O Lobby Judeu está a agir, directa e firmemente, em prol de um potência colonial estrangeira, que está muito além do alcance dos votantes estado-unidenses, dos constrangimentos da Constituição dos EUA, da Lei Internacional. Igualmente importante, é o facto de Israel e o seu Lobby estadounidense serem largamente insensíveis à morte e ferimento de soldados estadounidenses no Iraque, como ao esbanjamento do dinheiro dos contribuintes estado- 20 unidenses. Isto é reforçado pelo facto de apenas menos de 2 décimas de 1 por cento (0,2%) dos soldados dos EUA no Iraque serem Judeus (predominantemente imigrantes da Europa de Leste) e provavelmente muito poucos desses estão nas linhas da frente. Muitos mais jovens judeus estado-unidenses se oferecem para servir as Forças de Defesa Israelitas. As estatísticas sobre a composição dos soldados em combate dizem que eles são na esmagadora maioria da classe baixa, pobres rurais ou urbanos, Cristãos sem familiares do Lobby ou de especuladores em Wall Street. Logo, não há aqui qualquer ligação pessoal entre o Lobby e a guerra no Iraque, portanto, não há qualquer pressão dentro do Lobby para reconsiderar as campanhas de guerra no Médio Oriente. As guerras no Médio Oriente são combates de pessoas pobres e guerras de Lobbys abastados. O Grupo Baker, em contraste, tem um grupo muito heterogéneo de apoiantes incluindo alguns Democratas anti-guerra, oficiais militares ofendidos pela manipulação sionista do Pentágono, sectores dos Média, vários personagens do petróleo, das finanças e sectores do eleitorado. Apesar de que Administração Bush se desfez da Constituição e corrompeu o sistema eleitoral, nós ainda temos espaço e voz para articular a nossa oposição à Casa Branca e ao Lobby Judeu, contrariamente à nossa incapacidade de influenciar o estado Israelita. Quanto mais as propostas de Baker avançarem em direcção a uma reaproximação do Irão e da Síria, mais se enfraquece a capacidade de Israel e do seu Lobby de empurrar-nos para mais uma guerra no Médio Oriente, pelo menos temporariamente. Quanto mais as propostas de Baker avançarem em direcção de um calendário para a retirada das tropas estado-unidenses, mais se abre espaço para uma acelerada e profunda redução de tropas. A quase total ausência da Esquerda e dos "progressistas" desta corrente luta de poder, dados os seus significados e consequências históricas deve ser atribuído à influência que os progressistas judeus exercem sobre o movimento anti-guerra. A sua recusa de reconhecer o Lobby Judeu como o principal obstáculo e oponente a uma nova política dos EUA para o Médio Oriente, desmantela qualquer forma efectiva de protesto público. Um exemplo típico é a escrita do jornalista de investigação Seymour Hersh, que é uma referência constante para os progressistas. No seu último artigo (New Yorker, 27/11/06) Hersh exclui qualquer menção ao Lobby Judeu e ao seu poderoso papel como a única grande organização nacional de apoio à guerra com o Irão. Nos seus textos anteriores sobre o planeamento e execução da guerra contra o Iraque, ele claramente omitiu os profundos laços de longa data entre os estratégas do Pentágono (Wolfowitz, Feith, Rubin, Perle, Shumsky, et. al.) e o estado de Israel. Ao omitir sistematicamente a menção ao facto de a configuração de poder sionista empurrar a política dos EUA para uma guerra com o Irão, ele sabota qualquer esforço dos seus leitores no movimento pela paz em agir contra o principal arquitecto da guerra preventiva com o Irão. Pior ainda, neste artigo, Hersh repete a propaganda fabricada por Israel (e o Lobby) acerca da iminente ameaça de bomba nuclear por parte do Irão, com a sua reportagem sobre o estudo detalhado da CIA desmentindo essas mesmas acusações. Em síntese, Hersh dá credibilidade legitimidade ao Lobby-Israelistas na sua propaganda de guerra 21 enquanto deposita dúvidas em estudos sérios da Agência Internacional de Energia Atómica patrocinados pela ONU, que recusam as acusações israelitas. O que é risível acerca do jornalismo de 'investigação' de Hersh são as suas referências a 'fontes anónimas em lugares de topo' que provêm informação 'altamente confidencial', que já foi feita pública à semanas e às vezes à meses, relatados em sítios-web, documentos públicos e até mesmo serviços de notícias. Qualquer que seja a 'fonte embebida' que Hersh cita que não foi feita pública é baseada em fontes anónimas que nunca podem ser verificadas e cuja análise acidentalmente coincide com a linha peculiar de Hersh de por as culpas nos gentios (WASPs, sigla inglesa, significa brancos anglo-saxónicos e protestantes) e absolver os judeus. Porque causa da recusa do movimento pela paz em tomar uma posição para confrontar o Lobby sionista, ele está condenado a jogar um papel passivo de 'espectador' na batalha 'Baker contra Lobby' para o controlo sobre a política dos EUA para o Médio Oriente. Não há dúvida que alguns esquerdistas vão adoptar uma postura 'de duas vias'; enquanto outros vão agradecer as iniciativas de Baker por um diálogo aberto ao mesmo tempo que recusam reconhecer que estas propostas não vão a lado nenhum até que a configuração de poder sionista no Congresso e Casa Branca seja derrotada. Existe a esperança que enquanto os 'pesos pesados' no topo se digladiam, abrir-se-á um espaço para um verdadeiro debate desde baixo, que irá superar o debate deles (os de cima) sobre a 'melhor maneira de gerir a guerra e o império' e propor uma retirada imediata das tropas como parte de um 'grande acordo marco' entre os povos democráticos. A paz real no Médio Oriente apenas pode aparecer com o fecho das bases militares estrangeiras, o fim da ocupação colonial de Israel, o controlo público ou nacionalização dos recursos energéticos e também com a separação entre a igreja/sinagoga/mesquita e o estado. No fim o Grupo Baker para o Estudo do Iraque vai recomendar uma presença militar no Iraque de longo prazo e larga escala, como também nos Estados do Golfo e Estados Árabes adjacentes. A estratégia de 'reposicionamento' que Baker propõe, significa manter de 70 a 80 mil conselheiros militares estado-unidenses, formadores e forças de operações especiais 'embebidas' no exército fantoche iraquiano durante tempo incerto. A natureza aberta das propostas de Baker, sem especificações de tempo, datas e lugar para a retirada e/ou reposicionamento, permite à Casa Branca ter 'mãos livres' durante os próximos dois anos para 'manter o curso', continuar a ocupação, escalar o número de tropas, enganar o público, permitir mais mortes de tropas estado-unidenses e perpetuar o massacre do povo iraquiano. Com estas propostas, o apelo de Baker para um diálogo mais amplo com o Irão e a Síria está em águas mortas. O Irão põe como condições a existência de negociações, um calendário para a retirada dos EUA e uma política menos belicista contra o próprio. A Síria sob severa pressão da Casa Branca é improvável que abrace a agenda baseada na expansão da presença militar dos EUA, especialmente uma que aumente o poder de fogo dos países vizinhos, ignore o controlo de Israel dos Montes Golan e as suas operações encobertas no Líbano para destruir o Hezbollah. No final de contas, o Grupo Baker para o Estudo 22 do Iraque levantou falsas expectativas sobre as novas direcções, com a sua falta de vontade ou impotência perante os apelos preventivos de Bush do tipo 'continuar' e 'guerra como sempre'. A única contribuição de Baker para o regime de Bush, Robert Gates como Secretário da Defesa, já deu todas as indicações de seguir as políticas de Rumsfeld, um 'Yes Man' de sangue azul, como os comentadores do Lobby Judeu previam. Nota: O último livro de James Petras, O Poder de Israel nos Estados Unidos ("The Power of Israel in the United States", Editora Clarity Press, 2006), pode ser comprado em www.amazon.com Tradução de Luís Rocha