Número 6 Ano 2008 Mês Julho
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Número 6 Ano 2008 Mês Julho
Número 6 Ano 2008 Mês Julho Museu da Lourinhã Do editor A divulgação do Museu e do seu rico acervo é uma tarefa constante que, em verdade, é de todos nós. Neste número relatam-se algumas iniciativas nesta área, mas outras serão, em breve, visíveis a quem passar na Lourinhã e Praia. A todos sócios renovamos o pedido de colaboração nesta divulgação, não só referindo explicitamente o Museu mas também levando consigo e deixando em “locais estratégicos” os pequenos folhetos de apresentação, gratuitamente disponíveis no Museu. Uma viagem de férias é uma altura ideal para tal. Preservar a memória do passado e divulgá-la, permitindo, até, apreciar melhor o presente, é outras das nossas missões. Procuramos artesãos que queiram vir demonstrar a sua arte ou profissão, porventura já desaparecida ou rara, trazendo, assim, vida às colecções de etnografia do Museu. Ajude-nos a contactá-los. Estão em plena força as escavações de Verão de que já tantas e importantes descobertas resultaram. Contam com a preciosa ajuda dos voluntários, quer no campo, quer no Laboratório. A propósito: temos novos voluntários no Laboratório e “montes” de peças para cuidar! Correu bem o primeiro concurso para os Jovens, assim aqui está uma nova edição. Espero que se divirtam fazendo também um pouco de “investigação”. Boas férias Neste número 2 3 3 4 9 9 10 Mensagem do Editor Notícias da Associação Comemorações do 24º Aniversário do Museu O Museu na FEIÇÃO, Feira das Associações Concurso Jovem Serviços do Museu Loja do Museu Artigos 5 5 6 6 7 8 Uma ânfora Romana Profissões desaparecidas – O Petrolino História Local Uma visita ao Laboratório de Paleontologia Como identificar um dente de crocodilo O dinossauro carnívoro Allosaurus Europaeus Capa: Pintura de Karen Carr que ganhou o 1º Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros do Museu da Lourinhã e está exposta no Sam Noble Oklahoma Museum of Natural History (http://www.snomnh.ou.edu). Assine o Boletim do Museu da Lourinhã! Sem encargos, por distribuição electrónica Se não é sócio e quer receber regularmente o Boletim, envie um pedido para [email protected] Os Associados recebem automaticamente o Boletim por via electrónica. Mantenha actualizado o seu endereço e-mail Escreva directamente ao Editor, enviando artigos, comentários ou sugestões, para [email protected] 2 Boletim N.º 6 Julho 2008 Museu da Lourinhã Notícias Entrada livre para Professores e Jornalistas Relembramos esta deliberação da Direcção que permite que a partir do dia 24 de Junho a entrada no Museu para Professores e Jornalistas, devidamente identificados, seja livre. Ajude a fomentar a divulgação do Museu e aumentar o número de visitantes divulgando esta notícia! FEIÇÃO – Feira das Associações O GEAL participou nesta iniciativa com o seu novo pavilhão. Ver notícia mais desenvolvida na página 3. O Museu da Lourinhã comemorou o seu 24º Aniversário Mais de uma centena de pessoas visitaram o Museu no dia do seu aniversário. E à abertura da Casinha Tradicional estiveram presentes cerca de setenta, como se conta no artigo da página 3. Novos sócios Durante os meses de Abril, Maio e Junho foram aprovados os pedidos de admissão de 15 novos sócios. Visita ao MUJA – Museu do Jurássico das Astúrias Um grupo de trabalho composto por membros do GEAL e da Câmara Municipal da Lourinhã visitou, nos passados dias 4, 5 e 6 de Julho o MUJA. Esta notícia será ampliada em próxima edição do Boletim. Assinado o Protocolo do Projecto PaleoAngola A assinatura do Protocolo de Cooperação com o Governo Angolano vem permitir ao Museu a participação no Projecto PaleoAngola, estando prevista a preparação e estudo pelo Museu de fósseis de vertebrados marinhos recolhidos em Angola. Neste projecto colaboram ainda as Universidades Agostinho Neto, Privada de Angola, de Évora, Nova de Lisboa e Southern Methodist (USA) e o Museu de História natural de Maastricht Comemorações do 24º aniversário do Museu No dia 24 de Junho, também dia do Feriado Municipal da Lourinhã, comemorou-se mais um aniversário do Museu da Lourinhã. Com este já são 24! O Museu abriu gratuitamente as suas portas, incluindo o Laboratório de Paleontologia, e acolheu durante o dia algumas dezenas de visitantes. Ao fim do dia estava preparada uma pequena celebração: a reabertura oficial ao público da Casinha Tradicional, totalmente reabilitada, e de cara lavada de fresco! Também o muro do telheiro foi reconstruído, tendo-se utilizado pedra da região. A Casinha não estaria completa sem que o seu forno estivesse a funcionar! Para o testar dinamizou-se um “workshop de pão”. O pão quentinho saiu a tempo de acolher as Forças Vivas da Edilidade que se gentilmente fizeram questão de se associar a este aniversário. Mas ainda havia outra boa notícia a dar: O Museu recebeu a Louri, a sua nova mascote, das mãos da, Katarina Góis que venceu com ela um concurso organizado pela Escola Secundária da Lourinhã, onde era aluna. Ed. Julho 2008 Boletim N.º 6 3 Museu da Lourinhã O Museu da Lourinhã na FEIÇÃO, Feira das Associações Decorreu nos passados dias 6 a 10 de Junho mais uma FEIÇÃO, Feira das Associações do Concelho da Lourinhã, uma iniciativa da Câmara Municipal da Lourinhã a que o GEAL – Museu da Lourinhã se associou com grande entusiasmo. A inauguração do certame, a que presidiu a Sra. Governadora Civil de Lisboa, foi precedida de um longo desfile das Associações participantes, tendo o GEAL desfilado logo a seguir à Filarmónica e antes da representação da Colegiada de Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã. Os primeiros dos mais de 1000 visitantes que durante estes dias visitaram o novo pavilhão para exposições itinerantes do Museu, foram a Sra. Governadora Civil de Lisboa, o Presidente da Câmara da Lourinhã, e respectivas comitivas, tendo tido palavras de apreço que muito nos encorajam. No pavilhão do Museu, que facilmente se destacava no espaço gentilmente cedido pela Louricoop, os visitantes puderam apreciar com excelentes condições, incluindo som e luz, algumas peças do rico espólio paleontológico, incluindo o “terrível” lourinhanosaurus antunesi. O programa completo do evento pode ser consultado em http://www.cm-lourinha.pt/_uploads/pdf/ProgramaFeicao.pdf Ed. Fotos: Octávio Mateus 4 Boletim N.º 6 Julho 2008 Museu da Lourinhã Uma ânfora Romana Durante o período romano, existiram intensas trocas comerciais desde o Mar Mediterrâneo ao Mar Báltico. Estas podem ser documentadas através dos vários vestígios encontrados, de que são exemplo as ânforas. Apresentando diferentes formatos, estes objectos eram utilizados em rotas comerciais de longo curso e Ânfora Romana podiam transportar vinho, azeite, frutos secos, mel ou água. Vinária, proveniente da Bética. A ânfora em destaque pertence à Produzida entre 50 a.C. e classificação Haltern 70, vinária, isto é, era 75 a.C. usada para vinho, é originária da antiga Descoberta na Berlenga província romana da Bética, que corresponde aproximadamente à actual Andaluzia, e muito comum na Lusitânia. Descoberta por pescadores em meio subaquático perto das Berlengas, sem precisão exacta do local, e oferecida ao Museu, foi incorporada na colecção de arqueologia referente ao período romano. Carla Abreu Profissões desaparecidas – O Petrolino Imagine que embarcamos numa máquina do tempo que nos pode levar até cerca de 1940, e nos deixa numa casa de aldeia, algures perto da Lourinhã. Saímos da máquina numa sala mal iluminada, com pesados móveis escuros, de madeira: uma mesa, quatro cadeiras, um cadeirão e um armário de cantareira onde se encontram dois cântaros de barro, certamente com água fresca, e as prateleiras cheias de loiça. da marreca, que é uma vasilha com um bico e um funil, enfia o funil no gargalo do garrafão e vasa o tal líquido corde-rosa que tínhamos visto no candeeiro. Outra mulher traz uma garrafa e pede meio litro de azeite. Azeite? Então um petrolino não vende só petróleo? Que mais venderá? Damos a volta à carroça. Olha! Até tem chapa de matrícula! Entretanto o Ti Tónio tinha pegado na marreca do azeite, com o respectivo funil, e vazado azeite da medida para o funil com todo o cuidado, não fosse perder-se alguma gota! Depois guardou a medida dentro da marreca. Reparamos que esta é mais pequena e tem por dentro uma divisão com furos para escorrer o azeite. O tecto é baixo. A pouco e pouco habituamo-nos à penumbra. Então não há electricidade? De onde vem esta luz? Um pouco à nossa frente, sobre a mesa, está um candeeiro de vidro transparente com um líquido rosado lá dentro, que espalha um fraco círculo de luz. Mas que luz tão fraquinha! Que líquido será aquele? Já sei! É petróleo! Mas onde é que esta gente arranja petróleo? Não parece que existam por aqui automóveis nem bombas de gasolina... Da rua vem um som agudo de corneta. Saímos e deparamos com uma carroça puxada por um macho, que se aproxima pela estrada de terra batida. Um bando de rapazes aparece aos pulos e a gritar: "Olha o pitrólino! Olha o pitrolino!" As mulheres juntam-se: “Bom dia, ti Tónio”. O Ti Tónio Pitrolino desce da carroça. Uma das mulheres traz um garrafão de cinco litros e pede petróleo. O Ti Tónio puxa Julho 2008 A cliente seguinte quer um quilo de sabão. E também solta um “Dê-me lá um quartilho de aguardente”. O Ti Tónio pega na faca e corta uma porção da barra de sabão, que pesa na balança. Acertou! Tem muita prática. Depois, com um medidor, avia a aguardente de um barril. O petrolino puxa a cabeçada, e a mula sacode a guizeira que traz ao pescoço, fazendo tilintar os guizos. A carroça retoma a marcha e lá vão aldeia acima, anunciando a sua presença a toques de corneta. Isabel Mateus, Horácio Mateus, Fernando Nogal Boletim N.º 6 5 Museu da Lourinhã História Local No número anterior do boletim, foi divulgado, na rubrica de Historia Local, uma bandeira relativa às Comemorações do 1º Centenário da Batalha do Vimeiro. Novas informações sobre este símbolo municipal foram apresentadas pelo Sr. Rui Cipriano, associado do GEAL Museu da Lourinhã, numa obra recentemente editada pela Câmara Municipal da Lourinhã. . No passado dia 24 de Junho, integrado nas Comemorações do Feriado Municipal da Lourinhã, destacou-se o lançamento do livro do “Comemorações do Primeiro Centenário da Batalha do Vimeiro” relacionado com o evento do Bicentenário da Batalha do Vimeiro. As referências à bandeira, designada por estandarte, são indicadas no livro com base em registos de sessões camarárias, nas quais é deliberado “que para maior solenidade daquele acto e de outros oficiais, se faça a aquisição de um estandarte com as armas municipais” – sessão de 19 de Junho de 1908. A sua apresentação à vereação aconteceu na sessão de 2 de Agosto de 1908, “estandarte municipal de damasco azul, franjado a ouro, tendo ao centro bordados a matiz e ouro as armas desta (sic) município…” Carla Abreu Uma Visita ao Laboratório de Paleontologia Existe no Museu um local muito especial, único até, a nível Nacional: o Laboratório de Paleontologia. De modo a melhor aproveitar a próxima vez que o visitar, tirando partido de uma das visitas livres ou guiadas, propomos-lhe hoje uma “pré-visita”. Vamos lá … A preparação de fósseis originais consome mais de 90% do tempo de funcionamento do laboratório, ainda assim, pontualmente, fazem-se moldes de fósseis originais a partir dos quais se podem criar réplicas dos fósseis. Só estas réplicas podem ser montadas em posição de vida, pois esta montagem implica a colocação de suportes que iriam danificar o fóssil original. O Laboratório foi criado no final dos anos 90 e, desde então, tem sofrido várias alterações que proporcionam melhores condições para o desenvolvimento da investigação em Paleontologia. Quando os fósseis chegam ao Museu vem quase sempre muito fragilizados, em condições que não permitem o seu estudo. Assim, o primeiro cuidado a ter é a estabilização destes espécimes. Os fósseis passam por uma série de tratamentos, a que se chama preparação, de modo a ficarem em condições de serem estudados, expostos ou guardados, sem colocar em questão a sua integridade física. Vê-se assim a importância da existência de um Laboratório com condições adequadas. A preparação de fósseis é importantíssima, e constitui um delicado acto de equilíbrio entre a remoção da maior quantidade possível do material que envolve o fóssil, a chamada matriz rochosa, de modo a maximizar a exposição deste e a quantidade de informação relativa à natureza do osso acessível aos paleontólogos, e o risco de danificar ou fragilizar o fóssil. Deste modo, nem sempre é possível remover toda a matriz, como se pode ver em alguns exemplares existentes no Museu. 6 As réplicas podem passar a integrar a exposição permanente de dinossauros do museu, ser incorporadas em exposições itinerantes, ser trocadas com réplicas de espécimes de outros museus ou ser vendidas, podendo constituir uma fonte de receitas. Além do tratamento laboratorial de fósseis e realização de moldes e réplicas de fósseis, o Laboratório dá ainda apoio aos trabalhos de campo e formação específica a pessoas das mais diferentes áreas, idades e graus de conhecimento. Boletim N.º 6 Julho 2008 Museu da Lourinhã Mas para além do espólio do Museu, o Laboratório de Paleontologia trata também fósseis e, até, material não fossilizado pertencente a outras instituições. São exemplo os restos humanos de vítimas do sismo de 1755, incorporados no espólio da Academia de Ciências de Lisboa. Por este laboratório já passaram várias dezenas de pessoas, entre técnicos de laboratório, investigadores, estagiários e voluntários. Todos eles receberam formação técnica especializada, a um nível único no país. Este espaço conta, de momento, com apenas um técnico laboratorial, mas tem a ajuda preciosa de uma equipa de voluntários, com ou sem formação em geociências ou biologia, vindos de todos os cantos do planeta! Carla Alexandra Tomás Como identificar um dente de crocodilo? Os dentes de crocodilo são, em geral, todos muito semelhantes independentemente da parte da boca onde estão implantados. Esta é uma das características comuns a muitos répteis e anfíbios. Nos mamíferos, por exemplo, há vários tipos de dentes dizendo-se, assim, que têm dentição diferenciada. A forma geral de um dente de crocodilo é cónica e recurvada, de secção circular. Estes dentes são facilmente distinguíveis dos de um dinossauro, por exemplo o Allosaurus. Um dente de Allosaurus tem uma secção aproximadamente lenticular (em forma de lente). Além disto, os dentes dos téropodes são quase todos zifodontes, ou seja, têm uma serrilha ao longo do ‘gume’ do dente. Esta serrilha é composta por dentículos, sendo muitas vezes possível identificar a espécie de dinossauro pela densidade e forma dos dentículos – diz-se que a densidade é diagnóstica. Existe, apesar de tudo, um grupo de crocodilos que têm serrilha, os Zyphosuchia, que apresentam a mesma condição. No entanto estes não existiram durante o Jurássico superior da Lourinhã. Há 150 milhões de anos atrás, na zona que é hoje a Lourinhã, já existiram crocodilos e alguns deles possuíam dentes com estas características gerais. Contudo, alguns tipos peculiares de crocodilos tais como o Machimosaurus e o Goniopholis possuíam dentes com outros caracteres distintivos. O Machimosaurus pertencia a um grupo chamado Thalattosuchia (etimologicamente: crocodilos marinhos) e, de facto, possuía uma série de adaptações adequadas à vida aquática. Alguns crocodilos deste grupo tinham glândulas para secreção do sal e autopódios (termo anatómico para designar mãos ou pés) alongados funcionando como barbatanas. O Goniopholis tinha, aproximadamente, em cada dente 50 estrias longitudinais que não excediam, em geral, mais de 0,5cm como se pode ver nos itens “B” e “C” da fotografia. Já o Machimosaurus era um crocodilo de maior porte cujos dentes (ver item “A” da fotografia) atingiam cerca de 2 a 3cm. Adicionalmente possuíam uma ornamentação mais detalhada que a do Goniopholis pois não só as estrias longitudinais eram muito mais densas mas também eram mais finas e menos proeminentes. Também o encurvamento dos seus dentes é menos acentuado. Julho 2008 Já o Goniopholis – tendo em conta os sedimentos onde tem vindo a ser encontrado – parecia tolerar quer ambientes mais marinhos quer continentais. Em Portugal, para além destes dois géneros, já foram descritos outros tipos de dentes de crocodilos do Jurássico superior tais como o Theriosuchus, Bernissartia ou o Lisboasaurus. Ricardo Araújo Boletim N.º 6 7 Museu da Lourinhã O dinossauro carnívoro Allosaurus europaeus A formação de Morrison é um conjunto de rochas sedimentares datando do fim do período Jurássico, ou seja, pelo menos, de há cerca de 146 milhões de anos, distinguindo-se pelas suas diversas camadas, que se calcula terem levado 10 milhões de anos a depositarem-se. Atravessa boa parte do oeste do Canadá e Estados Unidos da América e, embora centrada nos estados do Wyoming e Colorado, também aparece à superfície em Idaho, Montana, Dakota do Norte e do Sul, Nebraska, Utah, Kansas, Arizona, Novo México, Oklahoma e Texas, cobrindo uma área de 1,5 milhões de Km2 (16 vezes a área de Portugal). É uma das zonas mais ricas em fósseis em toda a América do Norte. Entre os achados fósseis estão plantas, insectos, peixes, rãs, salamandras, e muitas outras espécies incluindo centenas de dinossauros, tais como o Camptosaurus, Stegosaurus, Camarasaurus, Ornitholestes, Diplodocus, e o dinossauro carnívoro Allosaurus fragilis do Jurássico Superior, que é um dos mais conhecidos na América do Norte. O Allosaurus fragilis é considerado o inimigo natural do Apatosaurus e, provavelmente, também do Diplodocus, Camarasaurus, Stegosaurus e Camptosaurus. 8 Descrito inicialmente por Othniel Marsh em 1877, são actualmente conhecidos dezenas de espécimes, alguns dos quais atingem cerca de 12 metros de comprimento. Apresentamos nesta página uma das melhores ilustrações existentes da flora e fauna dessa época, da autoria de Karen Carr, que com ela venceu o 1º Concurso de Ilustração de Dinossauros do Museu da Lourinhã. A cena representa um Saurophaganax (semelhante ao Allosaurus) atacando um Apatosaurus. Vêem-se ainda dois Stegosaurus, vários Camptosaurus, Archaeopteryx e um mamífero primitivo, o Gobiconodon. Outro aspecto muito interessante da formação de Morrison é a sua grande semelhança com formações do Jurássico Superior de Portugal e com as camadas de Tendaguru, na Tanzânia. Tinham-se descoberto alguns ossos na Tanzânia, em meados do século XX, e em Portugal, nos finais do Boletim N.º 6 mesmo século. Eis quando um achado surpreendentemente bem conservado, na Praia de Vale Frades, perto da Lourinhã, veio melhorar o conhecimento sobre este dinossauro pois compreende parte do crânio e vértebras cervicais, as quais apresentam diferenças relativas ao Allosaurus fragilis, nomeadamente no tamanho e forma do osso jugal (junto ao maxilar superior) do crânio. Descobriu-se assim que não se tratava de um Allosaurus fragilis, mas de uma espécie parecida, embora distinta, à qual foi dado o nome Allosaurus europaeus. A imagem apresenta o espécime existente no Museu da Lourinhã, com o número de catálogo ML415, que está tão bem conservado que até se podem distinguir os pequenos ossículos escleróticos, que rodeavam o olho. O Allosaurus é, como já referido, um dos géneros de dinossauros que existiam simultaneamente na América do Norte e na área que hoje é Portugal. Outros exemplos são: o Apatosaurus, o Ceratosaurus, o Dryosaurus, o Stegosaurus, e o Torvosaurus. Esta coincidência leva-nos a supor que, apesar do Atlântico Norte já existir durante o Jurássico Superior, os dinossauros ainda conseguiam passar entre a América do Norte e a Europa. Octávio Mateus Julho 2008 Museu da Lourinhã Concurso Jovem – O quê? Sem electricidade? Olá! Vamos usar de novo a máquina do tempo. Desta feita, em vez de milhões de anos, recuamos apenas umas dezenas. Até 1940, para ser mais exacto. É claro que já se conhecia e utilizava a electricidade, mas a sua produção era muito inferior à de hoje e a rede de distribuição não abrangia todo o país. Então o que se usava para iluminação? Muitas vezes a luz não era eléctrica … E nem pensar em televisão, ou jogos de vídeo, que ainda estavam por inventar. Mesmo o frigorífico era um luxo que só alguns, poucos, tinham. Se tens menos de 17 anos fotocopia ou imprime esta página. Procura no texto do artigo “Profissões desaparecidas – O Petrolino”, na página 5, oito palavras referentes aos utensílios da profissão de petrolino, e escreve-as no quadro por baixo da foto. À esquerda de cada nome põe o número da seta que, na foto, aponta para o respectivo utensílio. Preenche os dados da ficha e entrega-a na Loja do Museu ou envia-a por correio para a morada indicada. Imagem: Profissão Petrolino, Museu da Lourinhã Nome: _______________________________________________________________ Contacto: _________________ Idade: _____ Escola: ________________________ Encarregado de Educação ou Tutor: Nome: _______________________________________________________________ Contacto: ____________________ Assinatura: ______________________________ Envia para: No dia 15 de Setembro de 2008 será sorteado um brinde entre as entradas correctas. O vencedor será contactado directamente, e o seu nome anunciado no próximo número do Boletim (caso seja autorizado). Boa sorte! Concurso Jovem - O Quê? Sem Electricidade? Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã Rua João Luís de Moura, 95 2530-157 Lourinhã Portugal Sim / Não autorizo a publicação do meu nome no Boletim do Museu da Lourinhã Já pensaste em tudo o que deixaria de funcionar se não houvesse rede eléctrica nem baterias? O Museu da Lourinhã disponibiliza os seguintes Serviços: • Visitas guiadas e palestras • Paleontologia: o Preparação de fósseis o Elaboração de moldes o Venda de réplicas Julho 2008 • Conservação e restauro de peças • Workshops: o Conservação e restauro o Réplicas o Preparação de fósseis Boletim N.º 6 9 Museu da Lourinhã j Visite a presente original ou leve uma recordação da sua visita. e descubra um Entrada independente pela Rua dos Aciprestes. 10 Boletim N.º 6 Julho 2008