Caracterização do mercado de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em
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Caracterização do mercado de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em
Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Departamento de Ciências Florestais Disciplina 011-602 Estágio Profissionalizante em Engenharia Florestal Caracterização do mercado de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em Belém entre 2006 e 2008 Aluna: Mariana Vedoveto Orientador: Edson José da Silva Vidal Supervisores: Simone Bauch e Paulo Amaral Belém – 2008 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 6 2.1. Açaí: Euterpe oleracea Mart. ............................................................................... 6 2.1.1. Importância do fruto para a região ................................................................. 8 2.1.2. Configuração do mercado do fruto de açaí..................................................... 9 2.1.2.1. Expansão do mercado e a informalidade das relações de comercialização. 9 2.1.2.2. A influencia da sazonalidade da produção ................................................ 10 2.1.2.3. A cadeia de comercialização e seus atores ................................................ 11 3. OBJETIVOS............................................................................................................. 15 3.1. Objetivo geral .................................................................................................... 15 3.2. Objetivos específicos......................................................................................... 15 4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 16 4.1. Região de estudo................................................................................................ 16 4.2. Amostragem ...................................................................................................... 17 4.3. Método Survey .................................................................................................. 18 4.4. Análise estatística: modelo de regressão multivariada de Poisson.................... 18 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 21 5.1. Caracterização do consumidor........................................................................... 21 5.1.1. Comparação entre todos os entrevistados e o consumidor de açaí............... 21 5.1.2. Estratificação do consumidor de açaí por local de entrevista....................... 23 5.1.3. Breve caracterização sócio-econômica do consumidor de açaí.................... 25 5.2. Implicações sobre a qualidade do produto ........................................................ 27 5.3. Comportamento e fatores determinantes da demanda....................................... 29 5.4. Evolução dos preços e quantidade de açaí comercializada na Feira do Açaí de 2000 a 2007 .............................................................................................................. 33 6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 39 8. ATIVIDADES EXTRAS ......................................................................................... 41 ANEXOS ...................................................................................................................... 43 2 Agradeço infinitamente aos meus queridos pais, grandes alicerces, provedores e responsáveis pelo meu aprendizado e frutos do meu trabalho. A eles dedico todo meu empenho com muito carinho. Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição. Mário de Andrade 3 Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit Software Company,2005-2007 For Evaluation Only. 1. INTRODUÇÃO O referido trabalho se insere no projeto Conectando as Partes: melhorando a situação fundiária, o manejo da floresta e a comercialização de seus produtos na Amazônia brasileira. Tal projeto é uma parceria entre o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia e as organizações não-governamentais CIFOR, IIEB e FASE e é financiado pela Comunidade Européia. O projeto tem por objetivo conservar a diversidade biológica e as funções ecológicas do ecossistema florestal tropical amazônico e melhorar o padrão de vida e o bem-estar das populações que dependem da floresta. Três questões são abordadas de maneira interdependente: 1) manejo florestal, que está fortemente condicionado pela 2) segurança fundiária e 3) mercados (Amaral, 2005). O presente estudo está compreendido no componente de mercado. O componente de mercado tenciona identificar as oportunidades de comércio e nichos locais e regionais para a comercialização de produtos florestais e os fatores que determinam a demanda em longo prazo para esses produtos nos principais mercados da região. A proposta de estratégias que capturem maior valor de mercado para produtos florestais a partir do desenvolvimento de planos de comercialização para cenários de uso múltiplo da floresta com massiva participação das comunidades-alvo do projeto também é uma das finalidades do componente. O Estado do Pará é o maior produtor e consumidor de açaí. A polpa do açaí é item complementar se não básico das refeições diárias do paraense, principalmente entre as famílias de baixa renda. A palmeira é uma das espécies mais promissoras das áreas de várzea do estuário amazônico e rende monetariamente valores acima da medida salarial do Estado. Nas áreas onde se concentram seus estoques naturais, é o principal produto extrativista em nível alimentar e sócio-econômico. Aliado ao arraigado consumo e 4 tradição do açaí na região, o mercado externo vem se expandindo notavelmente nos últimos dez anos. A iniciativa para tal trabalho parte do expressivo consumo e consolidado mercado do açaí na região de estudo, com promissora oportunidade de expandir-se, o que vem de fato se materializando, como já supracitado. Dessa maneira, a exploração dos frutos do açaí pode ocupar espaço importante na construção de um melhor padrão de vida para as populações do estuário amazônico, região esta que abriga estoques consideráveis da espécie. Perante tais considerações, o presente trabalho tem por finalidade esboçar possíveis nichos de mercado, caracterizar o consumidor de açaí e suas preferências, delinear o comportamento da demanda e seus fatores determinantes para os últimos três anos e apresentar a dinâmica da quantidade ofertada com relação ao preço. Após uma difusão clara e direcionada dos resultados obtidos, os produtores de açaí estarão munidos de informações chave e oportunidades sobre o mercado no qual se inserem, o que certamente promoverá maior poder de negociação e agregação de valor ao produto, otimizando e diversificando o retorno econômico da atividade ao produtor. 5 Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit Software Company,2005-2007 For Evaluation Only. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Açaí: Euterpe oleracea Mart. O açaizeiro (Figura 1) é uma palmeira que ocorre principalmente nas áreas de várzea e margens dos rios da Região Amazônica e, ocasionalmente, em terra firme. Na várzea, o açaizeiro pode ser encontrado em formações quase puras associado ao buriti (Mauritia flexuosa), destacando-se na fisionomia da paisagem (Cavalcante, 1991). Segundo Calzavarra (1972, 1987 apud Cavalcante, 1991), o açaizeiro é uma palmeira autóctone do estuário amazônico, e, portanto, uma espécie típica dos trópicos, encontrada ainda, em estado silvestre. Figura 1. Açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.). Fonte: www.naturalpalmitos.com.br. A espécie é espontânea e abundante na parte oriental da hiléia (incluindo o Norte do Maranhão) do litoral Atlântico até Óbidos ao norte, e até os arredores de Parintins, ao sul do rio amazonas (Glassman 1972 apud Ohashi, 1996). Devido à alta densidade de ocorrência da espécie, apresentando em média 210 touceiras/ha com 5 pés adultos/touceira (Costa et al. 1974 apud Ohashi, 1996), o açaizeiro forma uma floresta 6 mais ou menos continua nas áreas ao longo dos rios, terrenos de baixada e áreas cuja umidade é permanente. É uma espécie que faz parte do dossel, e devido a este fato, é considerada heliófila, razão pela qual, quando ao lado de árvores de grande porte, cresce exageradamente em altura à procura de luz, motivando o desenvolvimento de um estipe fino, com folhagem de porte reduzido, inflorescência de baixa produção e palmito pequeno (Calzavara, 1972 apud Ohashi, 1996). A utilização da palmeira é integral, indo desde a raiz como antivérmico; o estipe para a construção de casas rústicas, pontes, cercas, lenha, celulose e isolamento elétrico; as folhagens para a cobertura de casas e paredes e para o fabrico de chapéus, esteiras, adornos caseiros, ração animal, adubo e proteção contra perda de umidade no plantio. Contudo, seu valor econômico é baseado na exploração do fruto e do palmito. O fruto é utilizado de diversas maneiras: na alimentação como suco, creme, licor e mingau; ou para adubo, curtimento de couro, produção de álcool carburante, ou como antidiarréico. O palmito é utilizado pela indústria de conservas para a produção de picles, que é consumido em saladas, empadas, etc., ou pode ser dado aos animais como ração (Destaque Amazônico 1985; Jardim & Anderson, 1987 apud Ohashi, 1996). Segundo Jardim & Anderson (1987), o açaizeiro floresce durante todos os meses do ano com elevada produção de flores nos meses de fevereiro a julho com principal período de frutificação de agosto a dezembro. Para os moradores ribeirinhos, a época de baixa produção de frutos está associada aos picos de floração da espécie. Nesse período a alternativa econômica baseia-se, principalmente, na extração do palmito. Este processo é revertido quando a espécie, a partir do mês de agosto até dezembro, mantém elevado pico de frutificação. 7 Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit Software Company,2005-2007 For Evaluation Only. 2.1.1. Importância do fruto para a região O Estado do Pará se destaca como o maior produtor do fruto, enquanto a Região Metropolitana de Belém é a maior consumidora da polpa do açaí (açaí batido). A polpa do açaí faz parte do hábito alimentar do paraense, sendo definida como item complementar ou básico das refeições diárias, principalmente entre as famílias de baixa renda. Ela é principalmente consumida com farinha de mandioca ou tapioca, acompanhadas de peixe, camarão ou carne seca. É também utilizada na indústria como matéria-prima para a fabricação de sorvetes, geléias, picolés e cremes. Especialistas da área de consumo afirmam que a polpa do açaí é apresentada como o segundo alimento mais consumido no Pará, perdendo comente para a farinha de mandioca (Guimarães, 1996). O fruto e a polpa do açaí sempre possuíram um mercado regional forte. A polpa do açaí alcança destacada cifra de consumo em Belém estimada de 100 a 180 mil litros por dia (Borges, 2008). No que se refere aos estudos realizados sobre os açaizais do estuário, um dos aspectos que tem ganhado relevância, sem duvida, é o seu uso pelas populações tradicionais das áreas ribeirinhas. Anderson et al., 1988; Anderson & Ioris, 1989 encontraram sistemas intensivos de manejo agroflorestal no estuário amazônico. O extrativismo do açaizeiro no estuário amazônico seja através da recoleta dos frutos para produção da polpa, seja pelo corte da palmeira para a extração do palmito, constitui-se em um processo econômico, social e cultural. É uma das espécies mais promissoras na área de várzea do estuário amazônico em virtude do seu aproveitamento por moradores e ribeirinhos e nas indústrias de comercialização do palmito (Anderson & Jardim, 1989). Rende monetariamente valores acima de medidas salariais do Estado e do País, particularmente quando se considera o meio rural. Nestas áreas, onde estão concentradas intensas populações naturais, é considerado o principal produto 8 Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit Software Company,2005-2007 For Evaluation Only. extrativista em nível alimentar e sócio-econômico, representando a maior fonte de renda no sistema de produção dos ribeirinhos. O extrativismo vegetal (Anderson & Ioris, 1989) é a atividade predominante, ao qual se agrega a pesca, a caça e a agricultura. 2.1.2. Configuração do mercado do fruto de açaí 2.1.2.1. Expansão do mercado e a informalidade das relações de comercialização Nos últimos anos, o interesse na exploração da palmeira açaí vem aumentando de maneira considerável. Fruto tipicamente da região Norte do Brasil, onde o Estado do Pará se destaca como o maior produtor e consumidor, essa fruta já pode ser encontrada, essencialmente, sob a forma de polpa, em diversos outros países e estados brasileiros (Guimarães, 1996). A demanda de mercado para a polpa do açaí ampliou em muito em nível nacional. O Rio de Janeiro iniciou a importação em 1992, com 5 toneladas. A partir de 1996, importa mensalmente 180 toneladas de polpa. Para outros Estados do centro-sul, como Goiás, São Paulo, Minas gerais e Rio Grande do Sul, exporta-se mais de 300 toneladas. Ressalta-se que a polpa consumida nessas regiões tem como finalidade a complementação energética alimentar. A nova demanda por açaí nos EUA e outros países industrializados e não-tropicais é impulsionada por campanhas publicitárias que vendem o açaí como o novo “fruto maravilhoso da Amazônia”. Pesquisas recentes mostraram que a antocianina é encontrada no açaí em uma concentração 30 vezes maior do que no vinho. Esta substância é um poderoso antioxidante, também presente na uva, que combate os radicais livres associados ao câncer e ao envelhecimento precoce, além de evitar o aumento do colesterol (Salm, 2007). 9 Edited by Foxit Reader Copyright(C) by Foxit Software Company,2005-2007 For Evaluation Only. O mercado desse fruto funciona ainda de maneira extremamente informal e desorganizada, tanto no que cerne à comercialização do fruto como a de sua polpa. Os padrões de qualidade são extremamente variáveis, não existindo nenhuma legislação que controle a qualidade do produto in natura . Para o produto beneficiado existe uma normatização do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Diário Oficial nº175 de 13 de setembro1999, Seção 1, P. 73) que preserva a qualidade do açaí sobre um mercado externo crescente (os controles não se aplicam ao mercado interno paraense). Essa norma tem por objetivo o respeito à uma certa consistência do açaí (Rogez, 2003). Evidentemente, estes e outros fatores não fazem parte da exigência do mercado interno, visto que a comercialização desse produto é, até então, essencialmente localizada e relacionada, sobretudo, a fatores culturais. O cenário que se apresenta, aponta os interesses de outros mercados mais distantes por esse produto, o que certamente irá conduzir a uma mudança de exigência de uma melhor organização da comercialização e, assim, oferecer um produto de melhor qualidade (Guimarães, 1996). 2.1.2.2. A influencia da sazonalidade da produção A produção do açaí se estende durante o ano de forma desigual, em períodos diferentes e em função da localidade, existindo basicamente duas safras de açaí, a de inverno e a de verão. Na primeira, a produção se estende entre os meses de janeiro a julho, o que corresponde à época das chuvas. Neste momento o açaizeiro se encontra na fase de florescimento. Os frutos produzem uma polpa (quando batidos) de qualidade inferior e de coloração roxo-azulada, correspondendo ao período de menor disponibilidade de açaí no mercado, o que ocasiona a elevação do seu preço (Guimarães, 1996). Nascimento, 1992, relata que 60% dos fabricantes da cidade de Belém fecham suas portas no período de baixa produção por causa dos preços excessivamente elevados da matéria-prima. 10 A safra de verão corresponde ao período de estiagem, que se estende de agosto a dezembro. Neste momento, existe uma grande quantidade de fruto que é ofertado nos principais mercados de Belém (principal centro consumidor do Estado do Pará), oriundos das ilhas próximas a Belém das microrregiões de Cametá e Arari. O produto encontrado no mercado neste momento tem melhor qualidade e coloração vermelhoarroxeada. Na tabela 1, os períodos de safra e entressafra são assinalados por Nascimento, 1992: Tabela 1. Épocas de safra e entressafra da produção de frutos de açaí no Estado do Pará Safras Meses de Ocorrência Safra de verão Agosto a dezembro Entressafra Janeiro a fevereiro Safra baixa (inverno) Março a junho (parte) Entressafra Junho (parte) a julho 2.1.2.3. A cadeia de comercialização e seus atores O fluxograma (Figura 2) ilustra a composição e rede de atores e relações dentro da cadeia de comercialização do açaí. É importante lembrar que se trata apenas de uma representação da cadeia a fim de facilitar o entendimento sobre sua composição e complexidade, onde nem sempre todos os atores apontados aparecem no processo. 11 PRODUTOR INTERMEDIÁRIO 1 INTERMEDIÁRIO 2 FEIRANTE SORVETERIAS MAQUINEIRO SUPERMERCADO EXPORTADOR CONSUMIDOR FINAL Figura 2. Composição da cadeia de comercialização do açaí A venda pode ser direta, isto é, o produtor vende frutos de açaí diretamente ao seu consumidor, o “maquineiro” (Figura 3; aquele que bate o fruto e produz a polpa). Porém, a venda de pequenos produtores diretamente na cidade é muito esporádica. Em Abaetetuba, município do Pará estima-se em apenas 4,5 % o número de produtores que comercializam (Rogez, 2003). Alguns produtores preferem vender a preço fixo aos intermediários e não ter que se preocupar com venda, outros não possuem embarcação para que possam exercer a atividade. Figura 3. “Batedor” ou “maquineiro” batendo o fruto do açaí Já na venda intermediada, as operações de comercialização são divididas entre produtor e intermediários e ela pode se configurar de três distintas maneiras (Nascimento, 1992). A primeira se caracteriza pela compra direta dos frutos pelo atravessador na fonte de 12 produção, sendo transportados em barcos de terceiros (Figura 4) para serem entregues a outros “marreteiros” (revendedores), os feirantes da pedra (Figura 5), aqueles que se concentram nos portos e revendem o fruto aos “maquineiros”. Figura 4. Atravessador com embarcação Figura 5. Feirante da pedra ou “marreteiro” No segundo caso, o produtor primário encarrega-se da extração dos frutos e vende-os a um intermediário, algo como um representante de um intermediário mais capitalizado, que compra de muitos pequenos extratores de frutos até reunir uma quantidade de paneiros acertada com o atravessador capitalizado. Paneiro é a unidade de medida utilizada para a venda do açaí e geralmente corresponde a 15kg, entretanto, como não há qualquer tipo de padronização quanto à essa medida, nem sempre o paneiro corresponde a esse peso, o que depende da origem e caráter do vendedor. Quando o produto acertado é entregue ao intermediário maior, este se desloca num barco alheio e paga frete ao barqueiro para que chegue ao porto e então revende o fruto a outros 13 “marreteiros”, assumindo a função de feirante também, quando vende a outra parte da mercadoria. Num terceiro arranjo, os produtores vendem seus produtos a um proprietário de barco que, além de transportar, vende os frutos a intermediários distribuidores (compradores de grandes quantidades de frutos e os revendem a outros feirantes) e feirantes de sua confiança. As grandes fábricas podem comprar diretamente do produtor, ou mesmo de um atravessador ou marreteiro que vende o produto no porto, porém pagam menos que o “maquineiro” por conta do grande volume de compra já acertado com o fornecedor (Nascimento, 1992). Ao fim da cadeia, o produto enfim chega ao consumidor final, quem compra a o produto já beneficiado. É evidente a destacada geração de empregos e a mobilização de atores que a cadeia de comercialização do açaí promove. Ademais dos produtores, atravessadores, marreteiros, outros se responsabilizam pelo carregamento dos paneiros (carregadores), dos barcos ao porto, ou acabam por recolher todo o açaí que foi de certo modo desperdiçado e jogado ao chão de maneira a juntá-los e também revendê-los, porém sem o custo de aquisição do fruto. Também são gerados empregos indiretos, como os estabelecimentos que vendem comida e bebida para aqueles que freqüentam o porto. Grande parte dos extrativistas ribeirinhos não gera excedente, pelo menos no sentido teórico da economia clássica, quando seus autores atribuíram ao termo o conceito de “produto líquido”, algo que ultrapassa as necessidades primárias das famílias. No caso desses atores, a sobrevivência e venda de açaí não implica na satisfação total das suas necessidades primárias (Nascimento, 1992). Na cadeia de comercialização, o ribeirinho é miseravelmente remunerado, porém é pertinente colocar que não se trata de uma regra inerente a todos extrativistas. 14 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral O objetivo geral do presente trabalho é estudar a evolução do mercado de açaí na cidade de Belém, caracterizando-o, em especial, pra os últimos três anos (2006, 2007 e 2008). 3.2. Objetivos específicos Como objetivos específicos têm-se: 1. Esboçar diferentes nichos de mercado do açaí; 2. Caracterizar o consumidor de açaí e suas preferências quanto à qualidade do produto oferecido; 3. Delinear a demanda e os fatores que a determinaram no período de estudo; 4. Comparar a dinâmica do preço do açaí com a quantidade ofertada e seu progresso. 15 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Região de estudo Belém, a capital do estado, conta com 1,4 milhões de habitantes e possui quarenta e quatro feiras oficiais e quatro principais portos, por onde o açaí in natura chega à cidade em embarcações. Das quarenta e quatro feiras, apenas 10 foram visitadas. Quanto aos portos, três deles fizeram parte da amostragem (Figura 6). Dentre os pontos de comercialização do açaí in natura, a Feira do Açaí se destaca em relação às demais por conta do apreciável volume do fruto nela aportado e comercializado. A comercialização começa geralmente bem antes do amanhecer (entre 1 e 4 horas da manhã.) e raramente ultrapassa as 9 horas. Tal peculiaridade do horário está relacionada à perecibilidade do produto (vantagem em manipulá-los nas horas mais frescas). A coleta de dados foi realizada quando do período de entressafra da produção do fruto de açaí (Janeiro a abril de 2006, 2007 e 2008). Figura 6. Mapa da cidade de Belém e as feiras e portos visitados 16 4.2. Amostragem O levantamento do número das feiras de Belém foi realizado com o auxílio da SECON (Secretaria de Economia de Belém) a partir do fornecimento do cadastro das feiras e dados de comercialização dos entrepostos. Visitas foram feitas as 44 feiras e quatro portos de abastecimento para quantificar os pontos de venda por produto, no caso produtos florestais não-madeireiros, comercializado em cada um deles. A segmentação das feiras para a amostragem foi realizada através de técnicas de amostragem estratificadas com a divisão dos estabelecimentos por tamanho de acordo com o número de bancas por produto de interesse em cada feira. Após tal estratificação, as feiras foram divididas em quatro classes de diversidade de produtos florestais não-madeireiros (PFNMs) ofertados por elas. As feiras que comercializavam menos de oito de PFNMs, foram descartadas representando uma quarta classe de tamanho. Na considerada terceira classe, foram sorteadas 6 feiras (15% das levantadas), na segunda classe, duas feiras (18%) e na primeira inseriu-se a tradicional e conhecida Feira do Ver-o-peso por conta da considerável diversidade de produtos florestais não-madeireiros nela oferecidos. A quantidade de comerciantes entrevistados de cada feira amostrada foi realizada por meio de técnicas de amostragem sistemática, quando 50% dos comerciantes foram entrevistados, alternadamente, passando para o próximo quando o anterior recusava a entrevista. A seleção de consumidores foi realizada por amostragem sistemática. A cada três consumidores das feiras e supermercados, um era entrevistado. Os questionários destinados à identificação da demanda final (Anexo 1) foram aplicados em 6 lojas de supermercados, selecionadas aleatoriamente por consulta à lista telefônica, o que representa 20% das lojas de cada rede de supermercado da cidade, e em 9 feiras. Selecionaram-se os consumidores por amostragem sistemática. 17 Nos portos, a amostragem foi aleatória no primeiro ano, sendo os mesmos comerciantes (Anexo 2) procurados nos anos posteriores para que houvesse um estudo da evolução dos entrevistados. 4.3. Método Survey O método de coleta de dados utilizado, o método de survey, apresenta um questionário estruturado de uma amostra da população e é destinado a obter informações específicas dos entrevistados. Baseia-se no interrogatório dos participantes e é direto, ou seja, o objetivo é conhecido pelo respondente. O questionário é estruturado visando certa padronização no processo de coleta de dados, apresentando questões em ordem predeterminada e simples de ser aplicado permitindo a coleta de dados de forma confiável (respostas limitadas). Porém, o método apresenta como desvantagem a hesitação ou incapacidade dos informantes em responder as questões dos pesquisadores (Malhotra, 2001). 4.4. Análise estatística: modelo de regressão multivariada de Poisson Para estudar o comportamento da demanda e quais variáveis estariam exercendo algum tipo de influência no seu comportamento de 2006 a 2008, estas foram testadas pelo modelo de regressão multivariada de Poisson, de maneira a identificar os efeitos de cada variável de interesse na freqüência de compra no mês. Para cada variável, o efeito das demais é controlado. Dessa maneira, o modelo sugerido é função das características do consumidor (C), do produto (P), ano e local de entrevista (L): i) Freqüência de compra = f(C, P, L) Abaixo são descritas as variáveis e hipóteses testadas no modelo: 18 - Características do produto: - Logaritmo do preço: espera-se que com o aumento do preço, a freqüência de compra diminua. O logaritmo foi aplicado por conta da distribuição concentrada das observações; - Quantidade comprada: com o aumento da quantidade comprada, a freqüência de compra deveria diminuir. - Características do consumidor: - Originário de Belém: os belenenses compram o açaí com maior freqüência por conta do seu arraigado consumo; - Cursou nível superior: aqueles que cursaram o nível superior e, portanto, passaram a pertencer a um diferenciado posto sócio-econômico, acabariam por se distanciar de seus anteriores costumes, como o freqüente consumo da polpa do açaí; - Idade²: supõe-se que a idade apresente uma correlação quadrática com a freqüência de compra. Os muitos jovens, assim como aqueles com respeitável idade, não seriam consumidores assíduos da polpa; - Gênero: as mulheres consumiriam menos açaí que os homens, portanto a estimativa de parâmetro entre a freqüência de compra e o gênero seria negativa; - Número de pessoas na casa: é provável que o entrevistado que divide a casa com mais moradores, compre o produto com maior freqüência; - Reside em bairro com porto: tal variável considera a correlação entre os moradores desses bairros e a quantidade de açaí comprada, já tida como positiva e significativa e apontada anteriormente. Os habitantes desses bairros comprariam o produto com menor freqüência; 19 - Número de crianças em casa: espera-se que a freqüência de compra do açaí diminua com relação ao número de crianças, já que a baixa idade influenciaria o consumo de maneira negativa; - Salário de R$ 300 a 1500: o consumo de açaí é principalmente associado às famílias de baixa renda, dessa maneira, aqueles que pertencem a essa faixa salarial, comprariam o açaí mais vezes durante o mês; - Salário acima de R$ 4500: os entrevistados com maiores salários seriam os consumidores menos assíduos; - Consome produtos de origem florestal: aqueles que já têm por costume o consumo de produtos de origem florestal acabariam por contribuir para o aumento da freqüência de compra do açaí. - Ano e local de entrevista: - Entrevista em bairro com porto: o local de entrevista considera o preço e o acesso ao produto de uma vez, além do salário do entrevistado. Assim, aqueles que freqüentam os locais de venda de bairros com portos consumiriam o açaí em maior quantidade; - Questionário 2007: será testado em razão dos seus dados que apresentaram distinta significância na tabela comparativa entre os anos. 20 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Caracterização do consumidor 5.1.1. Comparação entre todos os entrevistados e o consumidor de açaí Foram entrevistados 1766 consumidores e 346 comerciantes, porém, os resultados enfocarão principalmente o trabalho com os consumidores a fim de determinar as particularidades da demanda final. Diversos subprodutos da palmeira foram identificados, desde o fruto in natura, o caroço para adubação orgânica, a raiz e folha para fins medicinais, sementes, sorvetes, sabonetes, óleo corporal, creme hidratante e esfoliante, até a polpa de açaí, subproduto sobre o qual o presente trabalho tratará. A tabela 2 expõe algumas características usadas na comparação entre todos os consumidores entrevistados e aqueles que, em particular, consomem o açaí, no caso, a polpa. A comparação valida a aleatoriedade da amostragem, e seis das variáveis apresentam diferença significativa em nível de teste T. Entre os consumidores de açaí, 51% deles viveram a maior da vida em Belém e, se comparados aos 16.8% observados para os consumidores entrevistados, é possível afirmar que o consumo de açaí está intimamente relacionado aos costumes belenenses. Com relação à idade, a média dos entrevistados que consomem açaí é menor, 39 anos. Tal média talvez se deva aos locais de amostragem, feiras e supermercados, que não contam com um público necessariamente jovem. A porcentagem de consumidoras (apontada pela variável gênero) diminui de 61.8% para 53% quando se trata de consumidores de açaí. Sobre o número de pessoas em casa, os que consomem açaí dividem o lar com mais moradores, com média de 4.8. 21 A renda dos consumidores de açaí é menor, já que a porcentagem de entrevistados nas faixas 2 e 3 (de R$ 1500 a 3000 e de R$ 3000 a 4500) diminui significativamente quando comparada aos demais consumidores. Entre todos os consumidores abordados, a maior parte afirma que o cupuaçu é o produto de origem florestal mais comprado por eles, enquanto os de açaí acabam por apreciar o próprio açaí. Com relação aos maiores gastos, o que inclui preço e quantidade comprada, ambos garantem que o açaí é o verdadeiro responsável por eles. Tabela 2. Comparação entre os consumidores entrevistados e o consumidor de açaí Todos os consumidores Variável Consumidor de açaí N Média Desvio padrão N Média Desvio padrão Originário de Belém 1766 63% 0.48 281 65% 0.48 Viveu a maior parte da vida em Belém*** 1766 16.8% 0.39 281 51% 0.50 1025 29% 1.03 154 29% 0.47 1766 1766 42.06 61.8% 15.57 0.49 280 281 39 53% 15.02 0.49 1766 4.62 2.78 280 4.80 2.32 1703 1.11 1.28 274 1.30 1.34 Cursou nível superior Idade*** Gênero*** Número de pessoas em casa** Número de crianças em casa Salário de R$ 300 a 1500 Salário de R$ 1500 a 3000*** Salário de R$ 300 a 4500** Salário acima de R$ 4500 1755 58% 0.49 277 56% 0.50 1755 14% 0.35 277 7% 0.25 1755 5% 0.22 277 3% 0.18 1755 8% 0.26 277 6% 0.25 Consome produtos de origem florestal 1770 75% 0.43 1770 75% 0.43 Produto florestal que mais consome 1766 cupuaçu 281 açaí Produto florestal 1766 açaí 281 açaí com o qual gastou mais no ano passado Nível de significância para Teste T: *** < 0.001; 0.001 < ** < 0.05; 0.05 < * < 0.1. 22 5.1.2. Estratificação do consumidor de açaí por local de entrevista Na tentativa de caracterizar e estratificar o consumidor da feira e do supermercado, foram comparadas algumas características que pudessem fundamentar uma divisão entre esses consumidores. Tabela 3. Comparação entre os locais de entrevista Variável Supermercados Desvio N Média Padrão Feiras N Média Desvio Padrão Freqüência de 50 14.7 13.6 195 13.7 12.23 compra 28 3.83 1.15 177 4.35 2.19 Preço pago Quantidade 23 1.52 0.71 108 1.45 0.89 comprada por vez Originário de 62 63.1% 0.48 219 63% 0.48 Belém Cursou nível 31 61.3% 0.5 123 22% 0.43 superior*** 62 43.04 16.47 218 43% 16.17 Idade Número de 62 4.6 2.67 218 5% 2.73 pessoas em casa Número de 60 1.05 1.37 214 1.35 16.9 crianças em casa Salário de R$ 61 34% 0.48 216 66% 0.47 300 a 1500*** Salário de R$ 61 21% 0.41 216 10% 0.30 1500 a 3000** Salário de R$ 61 13% 0.34 216 5% 0.21 3000 a 4500** Salário acima 61 15% 0.36 216 8% 0.27 de R$ 4500* Nível de significância para Teste T: *** < 0.001; 0.001 < ** < 0.05; 0.05 < * < 0.1. Como ilustra a tabela 3, apenas duas variáveis se mostraram significamente diferentes quando comparados os dois locais de entrevista. Nos supermercados, 61% dos entrevistados detêm o nível superior, enquanto apenas 22% apresentam tal diploma nas feiras. A outra variável significamente relevante é a faixa salarial, onde 66% dos consumidores de açaí das feiras se inserem na primeira categoria, de R$ 300 a 1500. 23 Nos supermercados, apenas 34% estão nessa faixa. Já com relação às faixas salariais referentes à segunda, terceira e quarta categorias, a maior parte dos entrevistados se encontra nos supermercados, sendo as feiras, então, caracterizadas principalmente por consumidores de açaí de baixa renda (15% dos entrevistados ganham salários acima de R$ 4500 nos supermercados, enquanto que 8% atingem distinto salário nas feiras). Tabela 4. Comparação entre os bairros de entrevista Número de Observações Local de Variável Correlação entrevista Entrevista em bairro que não Salário de R$ 277 -0.12300 faz divisa com 300 a 1500 rio** Entrevista em bairro que não Salário acima 277 0.100070 de R$ 4500 faz divisa com rio** Entrevista em Salário de R$ 277 bairro com 0.15328 300 a 1500 porto** Entrevista em 281 Gênero -0.16271 bairro com porto** Entrevista em Quantidade 131 bairro com 0.21951 comprada porto** Nível de significância para Teste T: 0.001 < ** < 0.05 Ainda sobre os locais de entrevista, os bairros foram divididos em duas categorias: bairros com portos e bairros que não fazem divisa com rio. A categorização dos bairros se baseou na possível diferença de preço e acesso ao produto, considerando os portos a grande porta de entrada do fruto do açaí em Belém. Dessa maneira, os custos com transporte para aqueles que comercializam a polpa próximos aos portos seriam amenizados, o que também favoreceria a instalação de casas batedoras de açaí nesses locais, resultando em certa concentração desses estabelecimentos nas proximidades dos portos. A partir dos dados da pesquisa, não foi possível definir uma significante correlação entre o local de entrevista e o preço pago pelo consumidor, lembrando que a correlação analisa duas variáveis isoladamente, sem que seja controlado o possível 24 efeito de outras variáveis não consideradas na correlação. Tal fato talvez se deva à abordagem da pergunta sobre o valor pago pelo consumidor que não se referia ao local de entrevista e sim ao último lugar onde adquiriu o produto, que não necessariamente se trata do próprio local de entrevista. Sobre os bairros com porto (Tabela 4), sua correlação com a quantidade de açaí comprada em litros é positiva e significativa. Ponderando a variável gênero, existe uma correlação negativa entre ela e os bairros com portos, e, portanto, são os homens os principais freqüentadores desses locais. Atentando-se à variável salário, os bairros com portos abrigam, principalmente, os consumidores de açaí de baixa renda. Nota-se o inverso quando considerados os bairros que não fazem divisa com rios, quando a mais alta categoria salarial apresenta uma correlação positiva e significativa, e a mais baixa, uma correlação negativa, também significativa. As informações coletadas não foram eficientemente suficientes para estratificar os locais de entrevista em níveis sócio-econômicos dos consumidores que os freqüenta, até porque a própria cidade de Belém não possui exata divisão. 5.1.3. Breve caracterização sócio-econômica do consumidor de açaí A partir das variáveis anteriormente expostas, abaixo se apresentam aquelas que apontaram uma correlação significante que poderia subsidiar uma breve caracterização sócio-econômica do consumidor de açaí. 25 Tabela 5. Correlação e sua significância entre as variáveis de interesse Número de observações Variável 1 Variável 2 Correlação Significância 277 Maior parte Salário de R$ da vida em 300 a 1500 Belém 0.10999 ** 277 Salário de R$ 300 a 1500 -0.12071 ** -0.21052 ** 0.14777 * 0.15676 ** 277 151 277 Idade Maior parte Salário acima da vida em de R$ 4500 Belém Cursou Salário acima nível de R$ 4500 superior Salário acima de R$ 4500 Idade Número de Salário acima crianças em -0.10312 * de R$ 4500 casa Quantidade Número de 131 0.14134 * comprada pessoas em casa por vez Quantidade Reside em comprada bairro com 131 0.16784 ** por vez porto Nível de significância para Teste T: 0.001 < ** < 0.05; 0.05 < * < 0.1. 277 A tabela 5 indica que a categoria referente à menor renda salarial apresenta correlação positiva com a variável que considera os que viveram a maior parte da vida em Belém, logo, os entrevistados que passaram a maior parte da vida na capital paraense, são, provavelmente, os que se inserem na citada faixa salarial. Com o aumento da idade, é menos provável que o entrevistado pertença a essa categoria, o que é respaldado pela correlação negativa entre tais variáveis. Sobre a última categoria salarial (acima de R$ 4500), esta apresenta correlação positiva com o curso de nível superior e a idade. Já o número de crianças na casa tem correlação negativa com determinada faixa, consequentemente, quanto maior o número de crianças, menor a probabilidade de se inserir na referida faixa salarial. 26 A quantidade de açaí comprada por vez está positivamente e significativamente correlacionada àqueles que moram em bairros com portos e o número de pessoas em casa. Assim, infere-se que quanto maior o número de moradores na casa, maior a quantidade comprada, o que também se observa para aqueles que moram em bairros com portos. 5.2. Implicações sobre a qualidade do produto Com o intuito de definir o nível de satisfação do cliente quanto à qualidade do produto, o que lhe atrai e suas exigências, bem como delinear o impacto dessas implicações sobre a demanda do açaí, primeiro questionou-se qual o critério de escolha do consumidor pelo local de compra do açaí (Tabela 6). A proximidade foi o critério que mais se destacou, ultrapassando, por pouco, a qualidade do produto. Tabela 6. Critérios de escolha pelo local de compra do açaí Critérios Proximidade Qualidade Higiene Confiança Preço Total % 30 28 22 10 10 100 Entretanto, é necessário entender o significado do conceito qualidade para os consumidores entrevistados. A qualidade é um conceito bastante subjetivo e, no caso dos consumidores de açaí, está relacionada à aparência da polpa, principalmente ao que se refere à cor (Tabela 7). A higiene foi o critério de menor apreço. Não houve a pretensão de se definir um padrão de qualidade, que já é postulado pelo Ministério de Agricultura e Abastecimento e está fundamentado em características químicas do 27 produto beneficiado, e sim apenas ter conhecimento do que é considerado um produto de qualidade na percepção do consumidor de açaí. Tabela 7. Critérios de verificação da qualidade do açaí Critérios Cor Sabor Textura Cheiro Época do ano Higiene Total % 41 26 13 11 6 3 100 Sessenta e sete por cento (67%) dos entrevistados estão satisfeitos com a qualidade do produto no local onde compram, o que pode subsidiar a despreocupação com o alerta de risco da doença de Chagas, quando 58% não foram influenciados pela ameaça da doença no segundo semestre de 2007. Tradicionalmente transmitida pela picada do barbeiro - inseto que hospeda o protozoário causador da doença, Trypanossoma cruzi a transmissão em Belém vinha ocorrendo por via oral, mais especificamente, pelo consumo do açaí não industrializado, ou seja, manipulado manualmente. Entretanto, para justificar tal despreocupação é mais prudente afirmar que existe uma notável distância entre o conceito de qualidade e higiene na concepção dos entrevistados, o que levou ao descaso sobre o alerta da doença. Dos abordados, 54% acreditam que o preço é acessível e 73% opinam que o preço condiz com a qualidade do produto que compram. Na tentativa de explorar um novo nicho de mercado, os entrevistados foram consultados quanto à certificação de produtos de origem florestal. 75% deles desconhecem tal procedimento, porém, se tivessem que optar, 41% prefeririam o produto certificado no momento da compra, mesmo que isso significasse o aumento do preço do produto. 28 5.3. Comportamento e fatores determinantes da demanda Para estudar o comportamento da demanda, a freqüência de compra foi considerada a variável de medida do consumo de açaí em Belém. A comparação da quantidade do produto comprada por vez ao longo dos três anos também poderia ser definida como uma variável caracterizadora do consumo, porém, por conta da perecibilidade da polpa do açaí, a quantidade comprada não varia muito, já que não pode ser estocada, sublinhando a escolha pelo número de compras ao mês. Tabela 8. Variáveis de interesse e seus comportamentos durante os três anos da coleta de dados Variáveis Média Desvio Média Desvio Média Desvio 2006 padrão 2007 padrão 2008 padrão Preço 4.05 Freqüência de 14.9 compra Quantidade comprada (L) Salário de 65.5% R$300 a 1500 Salário de 5% R$1500 a 3000 Salário de 0.8% R$3000 a 4500 Salário acima 0 de R$4500 Idade 43.2 Originário de 61% Belém Número de pessoas em casa Cursou nível superior Consome algum produto de origem florestal Mora em bairro com porto 2006 2007 2006 2007 2008 2008 1.91 4.2 1.67 4.5 2.33 11.59 15.9 12.87 9.49 12.63 - 1.49 0.9 1.43 0.77 0.48 40% 0.49 73.53% 0.44 *** *** 0.22 26.6% 0.44 7.35% 0.26 *** ** * 0.09 15.5% 0.36 4.41% 0.21 *** ** *** 0 17.7% 0.38 14.7% 0.36 *** 16.4 44.7 17.4 41.2 14.28 ** 0.49 68.1% 0.47 63% 0.49 5.4 3.17 4.5 2.25 4.7 2.36 - - 28.5% 0.45 31.4% 0.5 62% 0.45 71.4% 0.45 75.7% 0.43 0 0 0.4% 0.2 4% 0.20 ** * ** *** ** ** * * * 29 Variáveis Média Desvio Média Desvio Média Desvio 2006 padrão 2007 padrão 2008 padrão 2006 2007 2006 2007 2008 2008 Número de 1.93 1.42 1.27 *** crianças em 1.48 1.09 1.21 casa 0.50 *** *** Gênero 59.2% 0.49 71.4% 0.45 55.7% Nível de significância para Teste T: *** < 0.001; 0.001 < ** < 0.05; 0.05 < * < 0.1. Comparando-se os três anos de pesquisa (Tabela 8), onze variáveis apresentaram mudanças significativas. O preço pago pelo consumidor aumentou de R$ 4.02 em 2006 para R$ 4.20 em 2007, seguido de novo aumento em 2008, R$ 4.50. A quantidade comprada por mês não foi medida em 2006 e diminuiu em 0.06 litros de 2007 para 2008. A freqüência de compra sofre acréscimo significativo de 2006 para 2007, porém decresce de 15.9 vezes por mês para 9.49 em 2008. O salário dos entrevistados em 2007 aumenta. Aqueles inseridos na primeira faixa, de R$ 300 a 1500, diminuem em 25.5%, enquanto que os pertencentes às outras faixas, 2 (R$ 1500 a 3000), 3 (R$ 3000 a 4500) e 4 (acima de R$ 4000), aumentam em 21.6, 14.7 e 17.7%, respectivamente. O mesmo comportamento não é observado de 2007 para 2008, quando a faixa 1 sobe de 40% a 73.53%, acompanhada do decréscimo nas outras faixas. Em 2008 não foram aplicados questionários aos consumidores dos supermercados, o que possivelmente justifica tal diminuição do poder aquisitivo do entrevistado nesse ano. De 2006 a 2008, a idade diminuiu em dois anos. O número de moradores por casa decresce em uma pessoa de 2006 para 2007, mantendo-se equilibrado em 2008 segundo o nível de significância do teste T. Nota-se um aumento considerável do número de entrevistadas mulheres (12.2%) entre 2006 e 2007. Com relação ao número de crianças em casa, o valor cai de 2006 para 2007, mantendo-se constante de 2007 para 2008. 30 Abaixo (Tabela 9) se apresentam as estimativas de parâmetro para cada variável considerada no modelo de regressão de Poisson e seus níveis de significância para a identificação daquelas que determinaram a demanda nos três anos de estudo: Tabela 9. Estimativas dos parâmetros e significância com relação à freqüência de compra a partir do modelo de regressão de Poisson Variável Logaritmo do preço Quantidade comprada Originário de Belém Cursou nível superior Idade² Gênero Número de pessoas em casa Reside em bairro com porto Número de crianças em casa Salário de R$ 300 a 1500 Salário acima de R$ 4500 Entrevista em bairro com porto Estimativa de parâmetro Significância Erro padrão -0.1199 * 0.0690 0.1852 *** 0.0375 0.1409 ** 0.621 0.0922 0.0604 0.0001 -0.3722 ** *** 0.0000 0.629 0.0464 ** 0.138 0.1534 0.1173 -0.1102 ** 0.0307 0.3745 *** 0.0732 -0.3782 *** 0.0997 -0.5356 *** 0.0876 Consome produtos de origem florestal 0.6699 *** 0.969 Questionário 2007 0.7233 *** 0.0620 Nível de significância para Teste T: *** < 0.001; 0.001 < ** < 0.05; 0.05 < * < 0.1. As variáveis nível superior e residência em bairro com porto não apresentaram resultados significativos. A estimativa de parâmetro para o preço é negativa, portanto, com o aumento do preço a freqüência de compra diminui, o que de fato acontece se observados os anos de 2007 e 2008. A mesma argumentação não se atribui para o 31 aumento da freqüência de compra de 2006 para 2007, quando o preço também aumenta. Existe um fator no ano de 2007, fator este não explorado no modelo de regressão, que determinou significativamente o comportamento da demanda. A estimativa para a quantidade comprada por vez é positiva, portanto quanto maior a quantidade comprada, maior o consumo. Os belenenses consomem mais açaí que aqueles de outra origem, apresentando estimativa positiva e significativa entre 0.1 e 5%. Sobre a idade, os mais velhos compram o açaí com mais freqüência, enquanto as mulheres consomem menos que os homens. Quanto maior o número de pessoas em casa, maior a freqüência de compra. O oposto também é explicado pelo modelo para a variável número de crianças em casa. Com relação ao salário, a estimativa para a faixa salarial mais baixa é positiva, solidificando o consumo entre a classe menos favorecida financeiramente. A maior faixa salarial apresentou estimativa negativa, respaldando a afirmação anterior. O local de entrevista não conferiu à hipótese sugerida, apresentando estimativa negativa. O consumo de outros produtos também de origem florestal acaba por favorecer o consumo de açaí com significância em nível de 0.1%. Segundo o log likelihood encontrado, 2363.29, o comportamento das variáveis é bem explicado pelo modelo. Avaliando o comportamento da demanda, é possível afirmar que não existe um aumento nos últimos anos, e sim uma diminuição comparados os anos de 2006 e 2008. O ano de 2007 apresentou um evento não detectado pelo modelo que influenciou o consumo significativamente, porém pode estar associado a um episódio isolado. O horizonte de anos não permite que tal afirmação sobre a demanda seja absoluta. 32 5.4. Evolução dos preços e quantidade de açaí comercializada na Feira do Açaí de 2000 a 2007 Abaixo, a partir de dados obtidos na Secretaria de Economia de Belém (Tabela 10 e tabela 11), foi possível contextualizar a tendência de preços e quantidade ofertada do produto açaí in natura na Feira do Açaí nos últimos sete anos, possibilitando-se uma posição mais fundamentada sobre o comportamento da demanda acima sugerido. Tabela 10. Preços médios mensais (em reais) da rasa de 15 kg de açaí (paneiro) in natura na Feira do Açaí de 2000 a 2007 (Fonte: SECON, 2008). Ano/ Meses 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Primeiro Terceiro Segundo quadrimestre quadrimestre quadrimestre Média Média Média Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9,3 10,3 8,2 12,0 9,9 13,0 9,0 7,5 5,2 8,7 3,3 3,6 3,8 5,9 4,1 25,9 28,7 37,1 29,0 30,2 29,7 34,5 26,3 15,3 26,4 11,2 15,1 9,3 13,3 12,2 23,1 35,0 60,0 36,4 38,6 36,7 34,0 19,5 12,5 25,7 12,1 12,0 13,4 24,2 15,4 37,5 39,0 40,0 31,5 37,0 36,0 39,0 30,0 21,0 31,5 13,5 12,4 17,8 20,2 16,0 39,6 39,0 54,7 49,7 45,7 37,2 38,5 40,1 27,0 35,7 19,8 19,8 14,2 20,8 18,6 35,3 45,0 55,0 47,5 45,7 43,1 38,4 29,5 19,6 32,7 18,8 18,1 29,0 43,3 27,3 42,3 47,0 43,0 56,7 47,3 51,1 55,9 55,7 35,6 49,6 29,7 24,2 25,0 44,0 30,7 44,9 53,7 76,3 75,0 62,4 75,0 53,9 55,7 26,7 52,8 28,7 25,2 25,1 26,3 Tabela 11. Volume mensal do açaí comercializado na Feira do Açaí de 2000 a 2007 em 10² toneladas (Fonte: SECON, 2008). Ano/ Meses 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Primeiro Segundo Terceiro quadrimestre quadrimestre quadrimestre Média Média Média Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 4,20 1,71 1,55 1,01 1,94 0,82 0,89 1,87 3,94 1,88 5,01 8,03 7,02 4,45 6,13 2,47 1,24 0,45 0,48 1,90 0,90 0,76 0,57 2,55 1,19 5,11 6,78 5,63 7,25 6,19 4,00 2,69 0,53 0,35 2,02 1,06 1,55 2,65 3,82 2,27 5,51 4,30 3,46 1,28 3,64 2,36 1,10 1,45 1,19 1,97 0,58 1,76 1,72 2,63 1,67 5,09 7,67 5,95 4,70 5,85 4,58 1,48 0,86 1,49 1,80 1,79 1,89 1,73 2,50 1,98 8,69 7,11 7,88 10,74 8,61 1,55 1,05 1,28 1,29 2,31 1,33 1,52 2,26 2,13 1,81 5,40 6,43 6,19 0,73 4,69 3,92 2,44 3,65 1,32 3,45 0,96 0,76 3,02 3,35 2,02 4,45 8,58 5,01 3,06 5,27 5,93 3,59 1,17 1,18 2,99 0,96 2,86 5,06 5,55 3,61 6,61 6,68 6,02 6,97 6,57 Os dados foram agrupados em quadrimestres para que a dinâmica dos períodos de safra e entressafra também fossem apreciadas. O primeiro e segundo quadrimestres se referem à entressafra e safra de inverno, que contam menor volume de frutos 33 comercializado nos portos, enquanto o terceiro quadrimestre representa a safra, quando a quantidade ofertada até quadruplica, dependendo do ano e produção dos açaizeiros. Os dados também foram plotados em gráficos para facilitar a visualização e entendimento dos seus comportamentos. Quanti dade de açaí vendi da na Fei ra do Açaí de 2000 a 2007 Quantidade (milhões de kg) 10 8 Primeiro quadrimestre 6 Segundo quadrimestre 4 Terceiro quadrimestre 2 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 An o Gráfico 1. Comportamento da quantidade de açaí in natura comercializada na Feira do Açaí de 2000 a 2007. Fonte: SECON, 2008. O gráfico 1 trata-se da quantidade de fruto de açaí comercializada de 2000 a 2007. É ilustrada a evidente diferença entre os períodos de safra e entressafra. A linha referente ao terceiro quadrimestre é a mais distante do eixo das abscissas, enquanto as outras linhas não apresentam considerável distanciamento. A produção entre os anos se altera, mesmo quando comparadas as mesmas épocas e meses. Tal variação é explicada por características intrínsecas à própria espécie. 34 Compor tamento do pr eço da r asa de 15 kg de açaí na Feir a do Aç aí Preço em reais 70 60 50 Primeiro quadrimestre 40 Segundo quadrimestre 30 Terceiro quadrimestre 20 10 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 An o Gráfico 2. Comportamento do preço das rasas de 15 kg de açaí in natura comercializadas na Feira do Açaí de 2000 a 2007. Fonte: SECON, 2008. No gráfico 2, quando o preço é exposto, visivelmente nota-se a inversão no comportamento das linhas, sendo o terceiro quadrimestre o que mais se aproxima das abscissas devido ao “alagamento” do produto, ao destacado aumento da oferta na época da safra. Já o primeiro e segundo quadrimestres apresentam valores maiores em razão da oferta reduzida. É possível notar uma sensível queda no preço na safra de 2007, período este referente ao alerta de risco da doença de Chagas que afetou expressivamente as vendas do produto. Entretanto, não foi possível o estudo de seus efeitos no presente projeto, pois os dados coletados referem-se ao primeiro semestre dos anos, enquanto o surto é divulgado destacadamente no segundo semestre de 2007. 35 120 100 80 Qtidade Preço 60 Linear (Preço) Linear (Qtidade) 40 20 0 Mês Gráfico 3. Comportamento dos preços e quantidade comercializada de açaí in natura na Feira do Açaí de 2000 a 2008. Fonte: SECON, 2008. Para uma melhor comparação de ambas variáveis, as duas foram plotadas no mesmo gráfico (Gráfico 3). Tanto o preço quanto a oferta apresentaram acréscimos, como indicam as linhas de tendência, porém o preço em ritmo mais acentuado, denotando assim um incremento da demanda. Tal comportamento é respaldado pela percepção dos comerciantes entrevistados. Setenta e nove por cento (79%) deles afirmam sentir que a demanda vem aumentando expressivamente nos últimos anos. Trinta e três por cento (33%) associam tal incremento à exportação do produto. 36 6. CONCLUSÕES A polpa de açaí conta com três diferentes nichos de mercado: o consumidor local de baixa renda, que tem no açaí o alimento básico das refeições diárias; o consumidor local que aderiu ao açaí como artigo complementar à refeição, caracterizado por uma maior faixa salarial; e o consumidor externo, mais exigente quanto à qualidade e apresentação do produto, detentor de maior poder aquisitivo. O notado aumento da demanda detectado pela maioria dos comerciantes não está necessariamente atrelado ao consumo local. O consumo da polpa de açaí em Belém sofreu significativa queda de 2006 para 2008. Tal decréscimo se deve ao também verificado aumento dos preços. Contudo, ao mudar o foco e atentar à dinâmica dos preços e quantidade de açaí comercializada na Feira do Açaí, o aumento dos preços vem acompanhado do aumento da quantidade comercializada, porém o primeiro com maior ritmo e de forma mais acentuada. O que se observa nos últimos é sim um aumento pela procura do açaí, porém trata-se de uma crescente demanda externa que não veio acompanhada por um aumento equivalente na oferta. Os novos nichos de mercado justificam os altos preços. Por outro lado, lamentavelmente, o açaí é um produto cada vez menos acessível à população mais carente das grandes cidades amazônicas, sua fiel consumidora. O consumidor local não é meticuloso ao optar pelo produto que comprará e não exige dos vendedores grande rigor na qualidade da polpa quanto à higiene. Tal concepção não promoveu grande preocupação quando do alerta sobre o mal de Chagas para metade dos entrevistados. O crescente e exigente mercado externo trará maior cautela e esforços para a definição de um padrão de qualidade do fruto e polpa vendidos e subordinação aos já existentes. 37 A crescente demanda externa e valorização do produto se constituem em cenário promissor ao pequeno produtor. Os diversos subprodutos identificados lhes abrem portas, possibilitando investimentos em novos clientes e acordos de comercialização estáveis, o que seria uma boa resposta aos imprevistos e flutuações do mercado. A exploração e exigências dos novos nichos de mercado para o açaí poderão incentivar a produção certificada, garantindo a conservação da espécie, um maior retorno e diversificação da renda ao produtor florestal. Entretanto, em meio a esse próspero cenário, não há qualquer política que regulamente a comercialização ou a exploração da espécie, qualquer política que garanta a obtenção de um preço mínimo e justo por parte do produtor e promova a conservação do recurso em longo prazo. Os extrativistas e a própria planta são os menos beneficiados. Consórcios em larga escala de açaí com a floresta, em sistemas agro-florestais voltados ao sustento de populações locais e à recuperação de áreas degradadas, com o incentivo de políticas locais, poderiam tanto atender à demanda do fruto para exportação, quanto conter a elevação do seu preço no mercado interno, além de ajudar a preservar a espécie e recuperar o que já foi perdido. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, P. Conectando as partes: melhorando a situação fundiária, o manejo da floresta e a comercialização de seus produtos na Amazônia brasileira. IMAZON, 2005. ANDERSON, A.B. Use and management of native forests dominated by açai palm (Euterpe oleracea) in the Amazon estuary. Adv. Econ. Bot. 6. 1988. p.144-154. ANDERSON, A.B.; IORIS, M. E. The logic and extraction: resource management and income generation by extractive producers in the Amazon estuary. In: Traditional Resource Use in Neotropical Forests Workshop, Center for Latin America Studies, University of Florida, Gainsville, 1989. ANDERSON, A.B.; JARDIM, M.A.G. Cost and benefits of flood plain forest management by rural inhabitants in the Amazon estuary: a case-study of açaí palm production. In J.O. Broeder, ed., Fragile lands in Latin America: strategies for sustainable development, Westview Press, Boulder, Colorado, Etats-Unis.1989. p. 114-129. BORGES, R. Frutas do país: açaí. Disponível em: <http://www.bibvit.futuro.usp.br>. Acesso em: 24.06.2008. CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. Coleção Adolfo Ducke. 5ª ed. Belém: CNPq. 1991, p. 25-28. 39 GUIMARÃES, L. A. et al. Produção e comercialização do açaí no município de Abaetetuba, Pará. In: Mário Augusto Gonçalves Jardim; Leila Mourão; Monica Grossmann. (Org.). Açai (Euterpe oleracea Mart.) Possibilidades e limites para o desenvolvimento sustentável no estuário amazônico. Belém: MCT/Museu paraense Emílio Goeldi, 2004, v. 1, p. 11-26. JARDIM, M. A . G; ANDERSON, A. B. Manejo de populações nativas do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) no estuário amazônico: resultados preliminares. Boletim de pesquisa florestal, Curitiba, dez. 1987, p. 1 -19. NASCIMENTO, M. J. M. Mercado e Comercialização de Açaí. UFPA/CFCH, 1992. OHASHI, Selma Toyoko ; KAGEYAMA, Paulo Yoshio . Variabilidade genética entre populações de açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) do estuário amazônico. In: Mário Augusto Gonçalves Jardim; Leila Mourão; Monica Grossmann;. (Org.). Açai (Euterpe oleracea Mart.) Possibilidades e limites para o desenvolvimento sustentável no estuário amazônico. Belém: MCT/Museu paraense Emílio Goeldi, 2004, v.1, p. 11-26. ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém, EDUFPA, 2000. 313 p. SALM, Rodolfo. Sistemas agro-florestais: O açaí em alta. Disponível em: <www.ecodebate.com.br>. Acesso em: 23.06.2008. 40 8. ATIVIDADES EXTRAS 8.1. Seminário Estadual sobre Extrativismo e Populações Tradicionais Data: 27.02.2008 Realização: IDEFLOR. 8.2. Seminário Regional sobre Manejo Florestal Comunitário Data: 25/04/2008 - CNBB (Belém/PA). Realização: IIEB, IMAZON, FASE. 8.3. Palestra: “Cenários e Tendências no Brasil" com o Cientista Político Sérgio Abranches. Data: 16/04. Realização: IMAZON. 8.4. Sessão sesta e idéias no IMAZON Discussão acerca da palestra: Seeking salvation and profit in greentech (Em busca de salvação e lucro em tecnologias limpas). Palestrante: John Doerr – Investidor de risco (Venture capitalist). Data: 08.05.2008. Iniciativa: Paulo Barreto. 8.5. Palestra: Carbono Social: ferramenta que diagnostica a sustentabilidade de um projeto. Data: 09.05.2008 Apresentação: Sâmia Nunes 8.6. Palestra: Comunicação, Ciência e Meio Ambiente. Data: 16.06.2008 Apresentação: Alexandre Mansur, editor da Revista Época. 8.7. Apresentação do estudo realizado: Caracterização do mercado de açaí em Belém entre 2006 e 2008. Data: 24.06.2008 Apresentação: Mariana Vedoveto. 8.8. Participação no projeto ‘Networks in markets for NTFPs: the role of information in trade’. Atividade realizada: aplicação de questionários em comunidades de diferentes municípios da Ilha do Marajó (Muaná e Cachoeira do Arari), na Ilha do Papagaio, Ilha do Maracujá, Maracujazinho, Ilha Grande e Ilha do Murutucum com o objetivo de quantificar o impacto das redes sociais nos preços e acesso à crédito por parte dos agentes econômicos do mercado de produtos florestais não-madeireiros na Amazônia Brasileira. Data: 1 a 23.06.2008 41 8.9. Noções básicas do programa ArcGIS Período: 24/01 a 19/02/2008 Realização: Laboratório de geoprocessamento. Conteúdo: digitalização de polígonos, cálculo de área e elaboração de mapas. Carga Horária: 08 horas (seis aulas). 8.10. Elaboração de uma cartilha para a divulgação dos resultados da pesquisa de mercado para produtos florestais não-madeireiros em Belém dos anos anteriores aos comerciantes entrevistados (Anexo 3). 42 ANEXOS 43