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Universidade de Rio Verde DESIGN EDITORIAL EA LINGUAGEM JORNALÍSTICA DO JORNALISMO IMPRESSO DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL Alexandre Avelino Giffoni Junior1 Resumo Abstract O artigo estuda a questão da desigualdade social e desigualdade educativa, na perspectiva da Abordagem Histórico-Cultural. Mostra as relações entre elas e a ineficácia das Políticas públicas para a Educação, no Brasil, ligada aos problemas decorrentes da pobreza de larga faixa da população. Defende que as funções da escola devem focar os aspectos pedagógicos e didáticos, para além do acolhimento social, assumindo um papel inverso daquele que o Estado brasileiro tem atribuído às instituições educacionais, desobrigando-se e transferindo-lhes funções que deveriam estar mais ligadas ao Ministério do Desenvolvimento Social e à Assistência Social. A Instituição escolar, deve ocupar-se dos processos educativos, no campo da Educação, para possibilitar o desenvolvimento humano com a apropriação de conceitos do conhecimento científico/escolar/ acadêmico pelas pessoas, que contribuam para o desenvolvimento dos conceitos cotidianos. Que estes, por sua vez, possibilitem o desenvolvimento e apropriação dos conceitos científicos, promovendo a melhoria da qualidade de vida individual e social, com autonomia das pessoas em suas atividades, no contexto das práticas institucionais, considerando as tradições sociais. São propostas alternativas Pedagógicas e Didáticas com a Abordagem Histórico-Cultural, para a solução desses problemas, com o duplo movimento do ensino, que considera The paper studies the issue of social inequality and educative inequality, in the perspective of Historic-Cultural Approach. It shows the relationships between them and the ineffectiveness of public policies for Education in Brazil, related to problems of poverty of a large segment of the population. It argues that the school functions should focus on the pedagogical and didactic aspects, beyond the social care, assuming an opposite role that the Brazilian state has assigned to educational institutions, by disengaging itself and transferring to the school (Education) responsabilitiesof the Ministry of Social Development and Welfare. The school institution should deal with the educative processes in the field of Education to enable human development with the appropriation of concepts of scientific/academic knowledge by persons. Those concepts must contribute to the development of everyday concepts that, in turn, should enable the development and acquisition of scientific concepts, promoting the improvement of individual and social quality of life, with autonomy of people in their activities in the context of institutional practices, considering the social traditions. The text puts Pedagogical and Didactics alternative proposals with Historic-Cultural Approach to the solution of these problems. It presents the double movement of teaching, which considers the local roots of the knowledge of the people for their 1 Doutor em Educação pela PUC Goiás. Professor da Universidade de Rio Verde, Goiás. 50 REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL as raízes locais do conhecimento das pessoas para a sua real emancipação, em um processo de ensino e aprendizagem que possibilite mudanças qualitativas nas personalidades das pessoas, em suas atividades e nas práticas institucionais e sociais. As alternativas apresentadas ligam-se, em especial, às pesquisas de J. C. Libâneo, M. Hedegaard e S. Chaiklin, a partir do ensino desenvolvimental de V. V. Davidov, com origens nos trabalhos de L. S. Vigotski e diversos pesquisadores. real emancipation, in a process of teaching and learning that enables qualitative changes in the personalities of the individuals in their activities, institutional and social practices. The alternatives are conected with the researches of J. C. Libâneo, M. Hedegaard and S. Chaiklin from the developmental teaching and learning approach of V. V. Davidov, that has its roots in LS Vygotsky’s and several researchersworks. PALAVRAS-CHAVE: Desigualdade social e desigualdade educativa; Escola; Pedagogia; Didática; Abordagem Histórico-Cultural. KEYWORDS: Social inequality and educative inequality; School; Pedagogy; Didactic; Historic-Cultural Approach. 1.INTRODUÇÃO Uma questão central para os países em desenvolvimento é saber como a desigualdade social está relacionada com a desigualdade educativa. A linha de pobreza vivida pelas pessoas, com todas as formas deprivação materiale de vivência de situações de risco e vulnerabilidade social da população pobre, com reflexos para toda a população, pode ser superada com o desenvolvimento humano. A melhoria da vida das pessoas, em nível individual, institucional e social,inclui o domínio do conhecimento científico (escolar/acadêmico) e melhoria das capacidades profissionais, da oferta e condições de trabalho, bem como a diminuição dos abismos causados pela concentração desigual da renda e pela economia mundializada. Neste texto, pretende-se mostrar que o papel da escola precisa revelar-se para além das funções de acolhimento social, ou seja, possibilitar o desenvolvimento humano com a apropriação de conceitos do conhecimento científico pelas pessoas, contribuindo para o desenvolvimento dos conceitos apropriados no conhecimento cotidiano. Que estes, por sua vez, possibilitem o desenvolvimento e apropriação dos conceitos científicos, visando a melhoria da qualidade de vida individual e social, com autonomia das pessoas em suas atividades, no contexto das práticas institucionais, considerando as tradições sociais. Para tanto, o autor assume a perspectiva da Abordagem Histórico-Cultural, a partir de um estudo já realizado e mais aprofundado sobre estes problemas em Giffoni Junior (2014). As estatísticas do IBGE (BRASIL, IBGE, 2010) têm mostrado que os programas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Governo Brasileiro, conseguiram retirar as pessoas da condição de pobreza extrema, se considerada a linha de demarcação de$1,25 de renda per capita/ dia, nos países mais pobres e $2,00 de renda per capita/dia, nos países em desenvolvimento. O Brasil não tem seguido a orientação do Banco Mundial (2011) para os países da América Latina e Caribe, de $4,00 per capita/dia, apesar de ter avançado, mesmo que de forma lenta, para alcançar Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ONU)/ Declaração do Milênio (UNDP, 2014), que visa a erradicação da extrema pobreza e a fome; atingir o ensino básico universal; igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade na infância; melhorar a saúde materna; combatero HIV/Aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. A desigualdade social agrava-se com a desigualdade educativa mostrada pelos próprios índices oficiais como SAEB, Provinha Brasil e ENEM (BRASIL, MEC, 2015). As contradições das políticas públicas que visam os Objetivos acima mencionados, têm deterioradoa Educação ao impor um novo papel para a escola, cada vez mais de prote- REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 51 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL ção social para os pobres, em detrimento das funções pedagógicas e didáticas que possibilitariam a apropriação do conhecimento científico para o desenvolvimento humano, além de impor um currículo voltado para resultados e avaliações que deixam de ser ferramentas de conhecimento, para refletir uma situação escolar fictícia e mostrar números de aprovação que visam o financiamento público e captação do capital externo em organismos internacioanis. Essas políticas públicas têm contrariado a noção de qualidade do processo de ensino-aprendizagem, que são as possibilidades de mudanças qualitativas na aprendizagem e desenvolvimento da personalidade das pessoas envolvidas, com a formação e desenvolvimento de conceitos escolares-científicos e cotidianos. A escola passou a ser um posto avançado do Estado brasileiro, em sua relação com população pobre. Ao transferir para a escola as suas funções na área da assistência social, saúde,etc, o Estado enfraquece a instituição educativa e, de forma disfarçada, ausenta-se em uma pseudo-expansão da educação, explica Algebaile(2004). Libâneo (2012b), seguindo Nóvoa,constata que a escola pública brasileira tornou-se uma instituição do acolhimento social para os pobres, enquanto que a escola privada é a instituição do conhecimento científico-acadêmico para os ricos. Seus estudos mostram que esta realidade vem sendo patrocinada pelos organismos internacionais, como o Banco Mundial, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2014), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO). Segundo ele, a consequente falência do ensino público e manutenção das desigualdades sociais vão se reproduzindo desde a reforma educacional na Inglaterra, em 1980, e os acordos de Jomtien, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em 1990. A retórica, no entanto, é de uma escola participativa, que visa o fortalecimento da cidadania. Deste modo, as diretrizes do Banco Mundial para a Educação Básica, nos países em desenvolvimento, têm piorado a qualidade da educação 52 REVISTA ONLINE UniRV/ ea qualidade de vida da população pobre, além de comprometer o desenvolvimento dos países que seguem as suas orientações, o que vai de encontro às próprias propostas desses órgãos (CORAGGIO e TORRES, 1997). As pesquisas têm mostrado, portanto, que as políticas públicas para a Educação não têm conseguido oferecer instrumentos para que as pessoas melhorem realmente as suascondições sociais de vida e de trabalho. Como temos afirmado (GIFFONI JUNIOR, 2014; GIFFONI e LIBÂNEO, 2012), elas não têm contribuído para o empoderamentodas pessoas, visando a emancipação real da situação de pobreza. Alternativas teórico-práticas para o problema das desigualdades Tem-se buscado alternativas teórico-práticas que contribuam para a solução desses graves problemas relacionados à desigualdade social, desigualdade escolar e melhoria da qualidade na Educação brasileira, para que se consiga avançar nas propostas atualmente apresentadas pelas políticas públicas, bem comopor algumas tendências e correntes pedagógicas na perspectiva crítica. Dentre essas alternativas, encontra-se a Abordagem Histórico-Cultural,a partir das pesquisas de L. S. Vigotski,A. A. Luria e V. V. Leontiev, além de inúmeros colaboradores que, na primeira metade do século XX,desenvolveram a escola russa de Psicologia, com a intenção de criar uma nova Psicologia, criticar e superar a tradicional e estabelecer as bases para uma psicologia pedagógica, com profundos reflexos para a Educação e o desenvolvimento das mais diversas áreas do conhecimento, como a Filosofia, a Sociologia, as Artes, a Linguística, a Neuropsicologia, a Neurolinguística e outras, que têm estimulado a criatividade de várias gerações de pesquisadores e outros profissionais em todo o mundo. No interior da Abordagem Histórico-Cultural, um grupo importante de pesquisadores sob a liderança de Hedegaard e Chaiklin (2005), desenvolve a abordagem do duplo movimento do ensino-aprendizagem, que considera as raízes locais do conhecimento, a partir dos processos de ensino para o Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL desenvolvimento humano de Davidov. A pesquisa qualitativa dialético-interativa, considerando a totalidade da situação social das pessoas, proposta por esses pesquisadores (GIFFONI JUNIOR, 2014),oferece instrumentos para a intervenção pedagógica e didática no processo ensino-aprendizagem,além de dar um passo adianteno modo de intervenção sugerida, por exemplo, pela pedagogia de Paulo Freire, o importante educador brasileiro (1979,1982, 1993, 2011a,b). O que diferencia essa abordagem da pedagogia freireana é que a primeira dá ênfase em uma concepção de cultura “como tradições para a prática que muda através da participação das pessoas na prática”, considerando as práticas como formadoras de conceitos científicos. A segunda busca características específicas (background cultural, status socioeconômico) como definidoras dos aspectos do conteúdo da educação. Com Hedegaard e Chaiklin (2005, p. 191 - 192), a Educação é conceitualizada como “envolvendo relações entre o conhecimento social, o desenvolvimento da personalidade e o ensino e aprendizagem, de tal forma que o ensino e aprendizagem do conhecimento social possibilite o desenvolvimento da personalidade.” Nessa perspectiva, a intervenção pedagógica e didática no nível da instituição escolar, na sala de aula, acontece através do experimento didático-formativo,que possibilita a pesquisa pedagógica caracterizada pela intervenção ativa do pesquisador nos processos mentais que ele estuda (DAVIDOV, 1988, p. 196), na formação de ações mentais, no processo de ensino-aprendizagem,com a atuação do professor e a atividade de estudo dos estudantes dirigidas para o desenvolvimento deles. O método do experimento oferece ferramentas didáticas para que estudantes e professores possam tornar-se pesquisadores no processo de ensino e aprendizagem, bem como outras estratégias didáticas comprovadamente eficazes, as quais serão apresentadas adiante (LIBÂNEO, 2007). Libâneo (1994; 2010a),um dos pesquisadores da presente geração nesta Abordagem, vem desenvolvendo a Didática Histórico-Cultural e, com ela, busca articular a formação cultural e científica com as práticas socioculturais (diferenças, valores, redes de conhecimento, etc.) de modo a promover interfaces pedagógico-didáticas entre o conhecimento teórico-científico e as formas de conhecimento local e cotidiano. Segundo ele, o ensino, cuja referência é o conhecimento teórico-científico (na forma de conceitos), deve ajudar os alunos a organizarem suas experiências e conceitos em torno de um conceito nuclear e, desse modo, vão adquirindo “ferramentas mentais” para analisar e compreender a complexidade do mundo ao seu redor, tornando os conceitos formais abstratos funcionais na vida cotidiana das pessoas. Considera, ainda, que características individuais singulares são, ao mesmo tempo, socioculturais. Neste mesmo sentido, Hedegaard (1999, 2001, 2004)explica que as práticas socioculturais e institucionais compartilhadas por crianças, jovens e adultos na família, escola, etc, bem como em seu cotidiano na comunidade, possibilitam a formação de capacidades e habilidades, na apropriação do conhecimento e na formação da identidade pessoal. As práticas socioculturais na escola são, portanto, ao mesmo tempo contexto e conteúdo da aprendizagem. Segundo Libâneo (2008): “o modo de lidar pedagogicamente com algo, depende do modo de lidar epistemologicamente com algo, considerando as condições do aluno e o contexto sociocultural em que ele vive (vale dizer, as condições da realidade econômica, social, etc.” No campo da Educação Infantil, por exemplo, Hedegaard e Fleer (2008) investigam a totalidade da situação social das crianças [wholeness social situation], ou seja, as atividades cotidianas dos estudantes nas instituições (família, escola, etc.) e no trânsito delas entre uma e outra instituição, ou mesmo nas mudanças no interior de cada uma. As autoras consideram, na pesquisa, como no processo ensino-aprendizagem, as diferentes perspectivas: social, institucional e individual (pessoal).As atividades do desenvolvimento nas práticas institucionais nos turnos e contraturnos escolares, no lar, na igreja, no futebol, na capoeira, nas brincadeiras, nas festas populares e folclóricas, na comunidade, e outras, são a situação social das crianças. Essas atividades envolvem a análise do conteúdo de um REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 53 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL tema de estudo considerando as mudanças neste tema em seu processo histórico a fim de formular as relações nucleares que refletem as bases da totalidade como integrantes do seu desenvolvimento histórico. Esse é também o sentido de intervenção pedagógico-didática,dialético-interativa, proposto pelas pesquisadoras. O conceito de prática é central na Ciência Histórico-Cultural,para esta Abordagem. Ele é formulado por Chaiklin, como se segue (In KONTOPODIS; WULF; FICHTNER (Orgs.), 2011,KindleEdition, Loc. 6085): A Ciência Histórico-cultural é a ciência geral das origens, desenvolvimento e transformações de práticas, tanto da perspectiva individual como coletiva. Ela é dirigida a estudar a prática como um ideal, expresso em tradições historicamente desenvolvidos de ações organizadas para produzir produtos que satisfaçam as necessidades coletivas. O objetivo é compreender a dinâmica estrutural que organiza essas ações (por exemplo, as necessidades e os produtos em torno dos quais a prática é organizada; as tradições de ações utilizadas para realizar estas necessidades; os processos pelos quais os indivíduos adquirem a capacidade de trabalhar dentro e com uma prática. Este conceito traz decorrências importantes para as práticas pedagógicas e didáticas, a partir da pesquisa pois, como explica Chaiklin, ao invés dos pesquisadores buscarem as consequências das práticas passarão a desenvolvê-las, para que elas produzam objetos que satisfaçam necessidades socialmente significativas. A análise precisa iniciar no estudo da totalidade dessas práticas, para a formulação, concretização e explicação histórica e empírica desses objetos nos processos de interação e na diferenciação do todo pelas pessoas (Idem, Ibidem, Loc. 6087). Assim, a intencionalidade da Educação integral com a Abordagem Histórico-Cultural visa o desenvolvimento da personalidade, da busca pela autonomia pessoal humana para a melhoria das condições sociais das pessoas, demudanças qualitativas na produção do conhecimento novo. O conceito central na teoriavigotskiana do desenvolvimento da criança passa a ser compreendido comosendo perezhivanie e nãoZona de Desen- 54 REVISTA ONLINE UniRV/ volvimento Proximal, como explicaVeresov (2012), citando Chaiklin. Ele afirma que algumas traduções ou descrições deperezhivanie, nem mesmo a tradução espanhola como vivencia, conseguem explicar o termo, que deve ser trabalhado como conceito, relacionado a outros conceitos, juntamente com o de desenvolvimento, articulado aos conceitos de situação social do desenvolvimento e interação entre forma ideal e forma real, para o entendimento da gênese do pensamento humano. Os conceitos de drama e palco estão presentes em Vigotski eperezhivaniepode ser compreendida a partir das experiências deste pesquisador no campo do teatro: desenvolvimento passa a ser um processo dramático, ou seja, a forma cultural de uma experiência pessoal desse drama é perezhivanie. (Id., Ibid., p. 12). Prestes traduz o sentido desse conceito em Vigotski (2010, p. 120): Perejivanie para a criança é exatamente uma unidade simples, relativa à qual não se pode dizer que represente uma influência do ambiente sobre a criança ou uma especificidade da criança; perejivanie é exatamente a unidade da personalidade e do ambiente, assim como está representada no desenvolvimento. Por isso, no desenvolvimento, a unidade dos aspectos da personalidade realiza-se numa série de perejivanie da criança. Perejivanie deve ser entendida como uma relação interna da criança como pessoa, com um ou outro aspecto da realidade… Não será possível aprofundar esses importantes conceitos no âmbito do presente trabalho, mas para se compreender o papel que se espera da Escola (Educação) torna-se essencial entender a formação de conceitos no desenvolvimento da criança, bem como a situação social do desenvolvimento das pessoas. Para Vigotski, a colaboração entre a criança e o adulto no processo educacional pode explicar o amadurecimento antecipado dos conceitos científicos e as possibilidades iminentes de desenvolvimento desses conceitos em relação aos conceitos cotidianos que ela possui. Os conceitos científicos (escolares/acadêmicos) preparam o desenvolvimento dos conceitos cotidianos pelas pessoas.A ajuda (ou mediação, intervenção) didática Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL dos professores deve ser no sentido de antecipar as possibilidades iminentes de conhecimento em relação ao que a criança já sabe, ou seja, focar no que ela ainda não sabe, no conhecimento que está para ser apropriado. Vigotski explica as relações entre o desenvolvimento dos conceitos científicos e cotidianos nas crianças (VIGOTSKI, 2007, p. 374): Poderíamos apresentar esquematicamente, para maior clareza, o caminho de desenvolvimento dos conceitos espontâneos e científicos da criança em forma de duas linhas de sentido oposto, uma das quais vai de cima para baixo, alcançando um determinado nível no ponto ao qual a outra chega dirigindo-se de baixo para cima. Se consideramos as propriedades dos conceitos que amadurecem mais cedo, as mais simples e mais elementares, como propriedades inferiores, e as propriedades que se desenvolvem mais tarde, mais complexas, associadas com a tomada de consciência e a vontade, como superiores, então seria possível dizer convencionalmente que o conceito espontâneo da criança se desenvolve de baixo para cima, das propriedades mais elementares e inferiores às superiores, e que os conceitos científicos se desenvolvem de cima para baixo, das propriedades mais complexas e superiores às mais elementares e inferiores. Esta diferença está relacionada com a diferente relação que estabelecem com o objeto o conceito científico e o cotidiano, relação que temos mencionado mais acima. Assim, as vivências, ou experiências, ou melhor dizendo, a perezhivanie da criança na instituição escolar, desde a Educação Infantil, é muito importante para o desenvolvimento da sua personalidade na fase escolar e por toda a vida do ser humano, especialmente se a Escola, além das funções sociais que assuma, cumprir as funções pedagógicas e didáticas que a sociedade espera dela. A atividade de ensino-aprendizagem, que compreende a ajuda didática dos professores para o desenvolvimento de conceitos científicos pelas crianças em situação escolar, inclusive na Educação infantil, é denominada por Vigotski de obutchenie, ou instrução, rica em vivências que geram neoformações, se forem considerados o conteúdo e as relações concretas da pessoa com o mundo, uma proposta que supera a do esclarecimento, que se pratica no ensino tradicional. Hedegaard, EdwardsFleer et al (2012), assim como Zinchenko (Idem, Ibidem), estudam as conexões entre infância e o desenvolvimento das crianças nas relações entre desenvolvimento, emoções, motivos e identidades, as práticas sociais/valores culturais carregadas de emoções, para a possibilidade de aprendizagem de crianças e jovens. Com as constatações desses pesquisadores, pode-se afirmar que os conceitos teórico-científicos trabalhados com os estudantes, com a ajuda dos professores, não podem ter o foco apenas em aspectos intelecto-cognitivos, mas na unidade dos aspectos afetivo/emocionais, cognitivos, estéticos e morais. Esta é, também, uma importante contribuição para a qualidade do processo ensino-aprendizagem nas escolas. A partir de 1928, Vigotski (2006) fez uma crítica da caracterologia e amplia o conceitode personalidade em suas obras já no final da sua breve vida (faleceu prematuramente em 1934, aos 38 anos). Contribui, assim, para o posterior desenvolvimento do conceito de personalidade como os conceitos de subjetividade pessoal, subjetividade social e identidade pelo nosso contemporâneo González Rey (1999a, b; 2004; 2012). O estudo do desenvolvimento e formação do caráter infantil deixa de ser uma concepção estática, estável, imutável, sempre presente no indivíduo, e passa a ser compreendido como um processo, como formação, no desenvolvimento da personalidade. Com os seus estudos, Vigotski dá uma rica contribuição no campo da defectologia e abre caminhos para a inclusão escolar ao explicar os problemas do talento na criança, bem como do defeito, da genialidade e da neurose das pessoas. “A criança com um ou outro defeito ainda não é uma criança deficiente. Com os defeitos estão dados os estímulos para sua superação. O desenvolvimento das capacidades, assim como o desenvolvimento do caráter, caminha dialeticamente e entra em movimento pela contradição.” (Id., Ibid., p. 286). Ele mostra que a incompletude e a inadaptação da criança para a existência independente possibilitam o seu desenvolvimento, a sua humanização em um processo social. A atividade de ensino-aprendizagem na formação do pensamento teórico das crianças, nas pes- REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 55 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL quisas de V. V. Davydov (1983, 1988), que considera os aspectos desenvolvimentais a partir de Vigotski,coloca em evidência as interações pedagógicas com os conteúdos, ou seja, as condições para a formação do pensamento teórico-conceitual para o desenvolvimento da personalidade; um conhecimento em seu desenvolvimento histórico real, culturalmente acumulado, o conteúdo da matéria de todas as disciplinas na escola. A escola deve possibilitar condições adequadas para que as ações de aprendizagem possam ser efetivamente ações para o desenvolvimento do pensamento teórico com a realização de mudanças psicológicas qualitativas no desenvolvimento da personalidade das crianças. É assim que o tratamento didático dos conteúdos em que estes são mostrados em seu desenvolvimento histórico, levam à formação de conceitos e, assim, à formação das capacidades cognitivas dos alunos. Esses passam a conhecer como nasceram os conteúdos/ conceitos com os quais estão trabalhando, por que e de que modo o conteúdo de determinado conceito pode ser identificado; por que e de que maneira esse conteúdo foi registrado; as situações específicas nas quais esses conteúdos manifestam-se em determinado fenômeno (GIFFONI JUNIOR, 2014). A DIDÁTICA DESENVOLVIMENTAL: ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL NA ESCOLA. Para tanto, os estudantes devem resolver tarefas de aprendizagem através de ações que possibilitem a aquisição de conceitos/conteúdos a partir de generalizações teóricas. A didática desenvolvimental, na abordagem histórico-cultural, possibilita as seguintes ações apresentadas por Davydov (1988, p. 30): …transformar as condições da tarefa a fim de revelar a relação universal do objeto sob estudo; modelar a relação identificada em um item-específico, gráfico ou forma literal; transformar o modelo da relação para estudar as suas propriedades na sua “pura aparência” [“pure guise”]; construir um sistema de tarefas específicas que sejam resolvidas de um modo geral; monitorar a performance das ações precedentes; avaliar a assimilação do modo geral que resulta da resolução da tarefa de aprendizagem dada. 56 REVISTA ONLINE UniRV/ Para Davidov (Id., Ibid.), as relações na atividade de aprendizagem acontecem assim: ação/objetivo da tarefa; operação/condições da tarefa. Os trabalhos em grupo, na sala de aula, com a mediação do professor, são desenvolvidos através de ações coletivas que passam a ser internalizadas por cada criança, individualmente, para a resolução de tarefas. A meta principal é a transformação (orientada por um objetivo) das condições da tarefa de aprendizagem com a finalidade de pesquisar, descobrir e identificar uma relação geral na totalidade do objeto de estudo, na sua integralidade material real, na gênese e fonte do fenônomeno, relação esta que deve estar refletida em um conceito teórico, que é também o conteúdo desta análise mental. Esta relação universal identificada deve ser transformada em um modelo, produto de uma análise mental, que registre e represente a relação geral num objeto integral que possa ser analisado. O conteúdo do modelo representa as características internas do objeto. Em seguida, a ação de transformar o modelo com objetivos de estudar as propriedades das relações universais identificadas no objeto, desvelam a relação geral, que pode ter sido distorcida por relações particulares. Essas ações buscam possibilitar ações e operações de pesquisa do conteúdo do objeto pelos estudantes. Logo, o acompanhamento de até onde esse modelo geral e suas transformações refletem o objetivo da tarefa, deve ser realizado através do controle e avaliação pelos estudantes e pelo professor. O processo pode ser orientado intencionalmente para a consecução dos objetivos da tarefa de aprendizagem através de novas ações e operações, sempre que necessário, e as ações transformarem-se em habilidades e hábitos, ou seja, competências para novas ações e atividades. Para a Didática Histórico-Cultural, Hedegaard et al (2001, p. 34) faz outra consideração necessária: “Os estudantes são vistos como pessoas que aprendem participando na interação social de uma tradição prática onde eles se tornam envolvidos em um processo recíproco no qual os seus motivos e personalidades têm uma posição ativa”. Semelhante às ações de aprendizagem estudadas acima, propostas pela didática desenvolvimen- Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL tal davidoviana, Hedegaard e Chaiklin propõem as seguintes ações didáticas (HEDEGAARD e CHAIKLIN, 2005, p. 69; HEDEGAARD et al., 2001, p. 125; HEDEGAARD, 2004): 1.Uso de um modelo nuclear do conteúdo da área sob investigação para orientar o ensino-aprendizagem [instruction]. 2.Uso de estratégias de pesquisa no ensino-aprendizagem [instruction] em uma maneira análoga à que pesquisadores investigam problemas. 3.Criação de fases no processo de ensino refletindo mudanças qualitativas no processo de aprendizagem da criança. 4.Formação de motivação na atividade da classe através da criação de tarefas para investigação e através da facilitação de comunicação e cooperação entre crianças. As estratégias de ensino/operações na atividade ensino-aprendizagem, sugeridas nesta Didática, com a Abordagem Histórico-Cultural, são (HEDEGAARD e CHAIKLIN, 2005, p. 75): 1.Apresentar tarefas que guiam estudantes para construir uma imagem da área da disciplina, objetivos de aprendizagem e área problema a ser investigada. 2.Apresentar tarefas que guiam o estudante formular e usar um modelo nuclear para investigar uma área problema e adquirir procedimentos de exploração ativa. 3.Apresentar tarefas que guiam o estudante a avaliar o modelo nuclear e a sua própria apropriação do conhecimento e habilidades em pesquisar a área problema. Na abordagem do duplo movimento no processo de ensino-aprendizagem, Hedegaard e Chaiklin (2005) mostram a necessidade de se relacionar os conceitos cotidianos adquiridos pelas crianças, os conceitos materiais da disciplina e o conhecimento local, criando-se tarefas de aprendizagem que possam integrar o conhecimento local com as relações conceituais nucleares de uma área material da disciplina de estudo, de forma que esse conhecimento teórico apropriado pelas pessoas possa ser usado nas suas práticas locais (GIFFONI JUNIOR, 2014). CONCLUSÃO Davidov contribui para um novo entendimento do papel da Escola ao demonstrar que o trabalho do professor é possibilitar tarefas que ajudem os estudantes a desenvolver conceitos, elaborações teóricas, signos produzidos na experiência coletiva para novas significações pessoais e sociais. As pesquisas de Davydov(1988)apresentam a escola como local privilegiado para o desenvolvimento mental das crianças. M. Hedegaard e colaboradores ampliam o monumental trabalho desenvolvido por V. V. Davydov, criando possibilidades para o avanço da Pesquisa que considera a escola, a sala de aula, as mudanças que as crianças experimentam no trânsito de uma instituição para outra, ou no interior de uma mesma instituição, no seu cotidiano cultural e social, como suportes institucionais [institutionalaffordance] fundamentais para o desenvolvimento da personalidade, para a apropriação dos produtos da experiência humana: cultural, social, histórica e pessoal. LIBÂNEO (2009)constata que pedagogos e professores devem recorrer às análises sociológica, política, econômica, histórica para contextualizar a escola e buscar soluções para os graves problemas enfrentados pela Educação. No entanto, as suas pesquisas indicam que essas análises apenas sãosãosuficientes para a compreensão das formas de intervenção na prática educativa, pois o processode ensino-aprendizagem acontece de dentro para fora da escola.”O que confere, efetivamente, qualidade ou não ao sistema de ensino são as práticas escolares, as práticas de ensino, os aspectos pedagógico-didáticos, ou seja, a qualidade interna das aprendizagens escolares: o que os alunos aprendem, como aprendem e o que fazem com o que aprendem, em face de contextos socioculturais e institucionais concretos” – explica LIBÂNEO (1998). Portanto, opapel que se propõe para a Escola com qualidade noprocesso de ensino e aprendizagem é o de realizar práticas escolares que possibilitem a apropriação e desenvolvimento de conceitos-conteúdos da matéria das disciplinas pelos estudantes, com o desenvolvimento da sua personalidade,a partir das suas vivências, considerando-se as raízes locais da sua situação social, cultural, nas práticas institucionais, para que possam realmente promover mudanças sociais, institucionais e pessoais, commelhoria da qualidade de vida. REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde ISSN: 2359-4004 57 DESIGUALDADE SOCIAL E DESIGUALDADE EDUCATIVA: O PAPEL DA ESCOLA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL REFERÊNCIAS ALGEBAILE, E. B. Escola Pública e Pobreza: expansão escolar e formação da escola dos pobres no Brasil. Niterói: Universidade Federal Fluminense-Curso de Pós-Graduação em Educação, 2004. (Tese). 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