três diários esportivos - Eventos da Unicentro
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TRÊS DIÁRIOS ESPORTIVOS: DISCURSOS GRÁFICO E TEXTUAL DAS CAPAS DE LANCE!, MARCA E OLÉ José Adolfo Gonçalves Vaz (UNICENTRO), Marcio Fernandes (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes/Departamento de Comunicação Social Palavras-chave: Jornalismo Esportivo, Diários Esportivos, Análise de Capas, Futebol, Discursos Gráfico e Textual Resumo O trabalho tem o objetivo de analisar aspectos dos discursos textuais e gráficos das capas dos diários esportivos Marca (Espanha), Olé (Argentina) e Lance! (Brasil). O diagnóstico tem base nas diferenças e semelhanças entre as primeiras páginas dos jornais, levando em conta que os dois primeiros periódicos citados serviram como inspiração para a criação do veículo brasileiro. Itens como cores, retículas, fios, linha editorial parcial são avaliados à luz de pensadores da Comunicação. No estudo, por exemplo, demonstra-se uma impressionante preferência dos periódicos em questão pelo futebol, em detrimento de outros esportes. Introdução Usando como objeto de pesquisa 24 capas dos diários esportivos Lance!, do Brasil, Olé, da Argentina, e Marca, da Espanha (oito de cada jornal, publicadas nos domingos e segundas-feiras de março de 2009), o presente trabalho analisa alguns aspectos dos discursos gráfico e textual de das primeiras páginas dos três periódicos. A avaliação faz uma comparação entre os diários e, eventualmente, os relaciona com periódicos de assuntos gerais. Leva-se em conta também o fato de o diário brasileiro ter sido inspirado editorialmente nos outros dois jornais esportivos abordados. Na análise das capas selecionadas são avaliados o discurso textual, aplicação das cores e selos, tipologia, logomarcas, incidência de outros esportes além do futebol e frequência de publicidades. Os diários esportivos escolhidos para a análise do presente trabalho tem muitas semelhanças. Entre elas a questão de o Lance! ter o Marca e o Olé como as principais inspirações, conforme relata Coelho (2006): Como forma de agradar o maior número possível de leitores, o projeto editorial tentou ser ousado. Deixou de lado a idéia de que o Brasil despreza os tablóides. Seguiu o exemplo dos gaúchos que há anos adoram Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 jornais nesse formato. Mas seguiu particularmente a lição dos dois diários de maior sucesso editorial do início dos anos 90: o espanhol Marca e o argentino Olé. (COELHO, 2006, p. 106). Depois de conhecer de perto as experiências do Marca e do Olé, entre outros jornais esportivos, o empresário Walter de Mattos Júnior fundou o diário Lance!, em agosto de 1997, tendo em vista criar algo semelhante no Brasil. Diferente do que pensava o fundador, o jornal passou a ser lido em sua maioria pelos jovens e pelas classes mais baixas da sociedade. O periódico teve grande queda nas vendas durante a Copa do Mundo de 1998, quando os grandes jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro investiram em cadernos especiais sobre a competição. Depois disso, o diário se estabilizou e tornou-se um sucesso editorial. O fato símbolo deste crescimento aconteceu em 1º de julho de 2002, dia seguinte à vitória da seleção por dois a zero frente à Alemanha, que valeu a conquista do pentacampeonato mundial ao Brasil. A edição do Lance! vendeu, na oportunidade, 500 mil exemplares, recorde da publicação até hoje. Já o Marca foi fundado em 1938, sendo o mais tradicional dos jornais analisados. Em 1942, deixou de ser semanal e começou a circular diariamente. Além da edição nacional, que destaca mais as equipes de Madri, o jornal espanhol tem outras 14 edições regionais. De acordo com uma pesquisa realizada, em 2007, pela Associação para a Investigação dos Meios de Comunicação (AIMC), o Marca é o periódico pago mais lido na Espanha. Por sua vez, o Olé pertence ao Grupo Clarín, foi criado em 1996 e é o primeiro diário argentino dedicado exclusivamente ao jornalismo esportivo. Aborda na maioria de suas páginas o futebol e incorpora em suas manchetes a paixão esportiva de seu País. O jornal se caracteriza por um estilo descontraído e sarcástico, principalmente quando se trata da rivalidade com o Brasil. Materiais e Métodos O trabalho utiliza autores que tratam da estrutura textual da notícia, da linguagem gráfica, distribuição de elementos nas páginas e utilização e significação das cores. Além disso, estão nas referências bibliográficas os sites dos três diários analisados, um manual de redação e textos acerca do jornalismo esportivo. A escolha foi feita desta forma pois a análise se direcionou tanto para questão gráfica, quanto para a textual. Resultados e Discussão Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 A análise mostra que Lance! tem base total nos outros dois diários observados. Eles têm muitos elementos em comum, com diferença quando ao radicalismo e estilo sarcástico mais destacado do Olé. Pode ser verificada também a grande diferença nas capas dos periódicos esportivos em comparação aos jornais de assuntos gerais. Entre essas diferenças estão o tamanho das fontes e fotos, o vocabulário utilizado e a subjetividade mais gritante nas manchetes dos diários de esportes. Muitas dessas diferenças se explicam pela questão da paixão do torcedor relacionada aos assuntos esportivos. Conclusões O que se percebe de mais evidente nos três diários analisados é a preferência pelo futebol. O espaço nas capas reservado a outros esportes é muito limitado. Espaço este que só é utilizado para as modalidades consideradas secundárias quando acontecem eventos de grande relevância. Neste aspecto, o Marca é o que mais se destaca, inserindo na maioria das primeiras páginas chamadas de esportes como tênis e automobilismo. Mesmo assim, é um espaço irrelevante se comprado ao reservado para o futebol. Já o Lance! claramente restringe seu público àqueles que gostam de futebol, pois raramente outros esportes estão presentes nas capas do diário brasileiro. A questão da latinidade – por meio da utilização de cores quentes – é bastante visível nas primeiras páginas dos jornais, com destaque maior neste quesito para o Olé. O que se confirmou foi a utilização de elementos gráficos e textuais no diário Lance! inspirada nos dois outros periódicos. Fotos que ocupam quase toda a página, chamadas com fontes grandes e com poucas palavras, títulos provocativo e com expressões comuns no vocabulário dos torcedores e a utilização de pontuação pouco usual no jornalismo convencional são semelhanças encontradas nas capas dos três diários analisados. Muitos desses itens são pouco vistos em jornais impressos de assuntos gerais. No aspecto visual, os periódicos esportivos se assemelham mais às revistas. O discurso apaixonado é muito comum em periódicos do meio esportivo, que usam este artifício como aproximação com o torcedor/leitor. Este item é mais evidente no Olé e no Marca do que no Lance!. O jornal espanhol tem um discurso declaradamente pró-Real Madrid, enquanto o argentino exagera quando o assunto é a seleção de futebol da Argentina. O lado apaixonado do diário brasileiro aparece apenas em certos momentos – normalmente em grandes conquistas - e não pende exclusivamente para um clube. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Agradecimentos À minha família pelo apoio de sempre e ao meu orientador pelo grande auxílio na elaboração deste trabalho. Referências CÉSAR, N. Direção de Arte em Propaganda. São Paulo, Futura, 2000. COELHO, P. V. Jornalismo Esportivo. São Paulo, Contexto, 2006. DONDIS, D. A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo, Martins Fontes, 2007. GUIMARÃES, L. As cores na mídia: a organização da cor-informação no jornalismo. São Paulo, Annablume, 2003. HOLLIS, R. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo, Martins Fontes, 2000. MANUAL da redação: Folha de S.Paulo. São Paulo, Publifolha, 2005. O EFEITO da cor na produção de jornais e revistas. Disponível em: http:// www.mundocor.com.br/cores/cores_diagramacao.asp. Acesso em: 22 abr. 2009. OKIDA, M. O design gráfico como elemento de linguagem editorial. Revista Ceciliana, Santos, 1. ed., jul. 2001. STYCER, M. J. Jornalismo Esportivo: 110 Anos Sob Pressão. Trabalho apresentado no XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, Santos, 2007. www.lancenet.com.br www.marca.com www.ole.clarin.com Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009
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