CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E
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CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE UNIÃO DA VITÓRIA – UNIUV CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL DA MADEIRA EDER JAVARINI CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE POPULUS DELTOIDES, PLANTADO NAS VÁRZEAS DO VALE MÉDIO DO RIO IGUAÇU. UNIÃO DA VITÓRIA – PR 2011 2 EDER JAVARINI CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE POPULUS DELTOIDES, PLANTADO NAS VÁRZEAS DO VALE MÉDIO DO RIO IGUAÇU. Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito final para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Industrial da Madeira, pelo Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV, sob orientação do Prof. M. Sc. Peterson Jaeger. Professor da disciplina: Dr. Roberto Pedro Bom UNIÃO DA VITÓRIA – PR 2011 3 EDER JAVARINI CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE POPULUS DELTOIDES, PLANTADO NAS VÁRZEAS DO VALE MÉDIO DO RIO IGUAÇU. Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito final para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Industrial da Madeira, pelo Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV. Orientador: M. Sc. Peterson Jaeger BANCA EXAMINADORA Roberto Pedro Bom Doutor, Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV Peterson Jaeger Mestre, Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV Jose Wengerkievicz Mestre, Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV 10 DE DEZEMBRO DE 2011 4 Dedico este trabalho a minha família pelo apoio e carinho, e também aos meus colegas de turma e professores, pela paciência, compreensão, amizade, alegrias e tristezas que vivenciamos nestes cinco anos juntos. 5 Agradeço a Deus em primeiro lugar por tudo que me proporcionou nesta vida, aos professores pelo conhecimento transmitido e o apoio nesta jornada, a Swedish Match do Brasil S/A pelo material cedido para a pesquisa e do apoio necessário, aos colegas de trabalho pela ajuda na elaboração desta pesquisa, ao colega Cesar pela ajuda no laboratório, e aos amigos de sala de aula pela caminhada que tivemos juntos nestes cincos anos. 6 “Acredita, porque sei. Tu encontrarás alguma coisa muito maior nas florestas que em livros. Pedras e árvores te ensinarão aquilo o que não poderás aprender dos mestres.” São Bernardo de Clairveaux (1090-1153) 7 RESUMO Visando aumentar o conhecimento sobre o potencial do Populus deltoides(Álamo), espécie ainda pouco conhecida no Brasil, onde em outros países tem demonstrado uma importância socioeconômica muito grande devido ao seu rápido crescimento e sua utilidade, porpõe-se este estudo. Este trabalho teve como objetivo a caracterização das propriedades físicas e mecânicas de Populus deltoides, plantado nas várzeas do Vale Médio do Rio Iguaçu. Foram realizados ensaios mecânico de flexão estática e compressão paralela às fibras, seguindo os padrões da norma brasileira NBR 7190/97, além disso, foram determinadas a densidade da madeira, coeficiente de retratibilidade e o fator anisotropia. Para o desenvolvimento do estudo foi utilizada madeira proveniente de 05 toras, oriundas de 05 árvores coletadas aos 12 anos de idade, com um espaçamento de 5,20m x 6,00m totalizando 320 árvores por hectares, em plantios da empresa Swedish Match do Brasil S.A. Os estudos foram realizados no laboratório de tecnologia da madeira da UNIUV de União da Vitória. A madeira de álamo apresentou densidade a 12% de umidade de 0,40g/cm³, com desvio padrão de 0,015, e densidade básica igual a 0,33 g/cm³ com desvio padrão de 0,011. O coeficiente de retratibilidade apresentou resultados de 0,02 para o sentido longitudinal, 0,12 para o radial e de 0,24 para o tangencial. O valor médio do módulo elasticidade a flexão estática foi de 7509 MPa com o desvio padrão de 768,3 e para o valor médio de flexão estática foi de 357,30 kgf, com desvio padrão de 46,98.Para compressão paralela às fibras o valor médio da força máxima foi de 233,96 kgf/cm², com desvio padrão de 36,82. Os resultados obtidos são compatíveis com as referências encontradas para esta espécie. Palavras-chave: Populus deltoides, propriedades físicas, propriedades mecânicas. 8 ABSTRACT Envisaging to generate knowledge about the potential of Populus deltoides, a specie still not well known in Brazil, while in other countries it demonstrates a important socio-economic role due to its fast growing characteristic and use as well, this study is proposed. This work aims to characterize physical and mechanical properties of Populus deltoides, planted on wetlands along the Iguassu River Valey. Static flexion and parallel-to-fibre compression tests were accomplished following the brazilian standards matching to the rule NBR 7190/97. Beyond that, the wood density, retractability coefficient and anysotropic factor were determined. The study was developed with wood from 5 logs, from 5 trees, cut down at 12 years old age, cultivated in 5,19mx6,00m spacing at the density of 321 trees per hectar, from Swedish Match do Brasil S.A. poplar forests. The studies were carried out in the wood technology laboratory at the UNIUV in União da Vitória. The poplar presented wood density of 0,40g/cm³ at 12% humidity with a standard deviation of 0,015, and a basic density equals to 0,33 g/cm³ with a standard deviation of 0,011. The retractability coefficient presented results of 0,02 for the paralel-to-fiber direction, 0,12 for the radial direction, and 0,24 for the tangential direction. The average value of elasticity module to static flexion is 7509MPa with a standard deviation of 768,3, and the average value of static flexion is 357,3kgf with standard deviation of 46,98. For the paralel-to-fiber compression, the average value for the maximum force was 233,96 kgf/cm², with standard deviation of 36,82. The obtained results met the references found for this specie. Keywords: Populus deltoides, physical properties, mechanical properties. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Características morfológicas da espécie .............................................................. 16 Figura 2: Características botânicas do álamo (populus sp). ................................................ 17 Figura 3: Reflorestamento de álamo. ................................................................................... 18 Figura 4: Corte transversal do tronco de uma árvore: anéis de crescimento e camadas .... 20 Figura 5: Direções principais na madeira............................................................................. 24 Figura 6: Flexão na madeira. ............................................................................................... 26 Figura 7: Equipamentos utilizados. ...................................................................................... 28 Figura 8: Processo de medição da tora; corte e marcação para desdobro.......................... 29 Figura 9: Processo de desdobro da tora. ............................................................................. 30 Figura 10: a) peças brutas (caibros); b) corpos de prova. ................................................... 31 Figura 11: Corpo de prova para ensaio de compressão paralela às fibras. ......................... 31 Figura 12: Corpo de prova para ensaio de flexão. ............................................................... 31 Figura 13: Gráfico da densidade aparente a 12% de umidade de10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. ................................................................................... 39 Figura 14: Gráfico da densidade aparente a 12% de umidade de 09 espécies exótica Comparadas com Populus deltoides. .................................................................................. 41 Figura 15: Contração no sentido tangencial e vista no sentido longitudinal. Fonte: o autor, 2011. .................................................................................................................................... 44 Figura 16: Teste de flexão. ................................................................................................... 46 Figura 17: Gráfico da flexão estática a 12% de umidade de 10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. ................................................................................... 47 Figura 18: Corpo de prova: a) Com ruptura normal; b) Com defeito. ................................... 48 Figura 19: Teste de compressão paralela às fibras. ............................................................ 49 Figura 20: Gráfico de Compressão paralela às fibras a 12% de umidade de 10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. ....................................................................... 50 Figura 21: Gráfico de Compressão paralela às fibras a 12% de umidade de espécies nativas e exóticas obtidas da NBR 7190/97, comparadas com Populus deltoides. ............. 52 Figura 22: Gráfico de dispersão com dados de espécies nativas e exóticas obtidos da NBR 7190/97, comparadas com Populus deltoides. .................................................................... 52 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Densidade aparente a 12% de umidade obtida do banco de dados do IPT para espécies consideradas como madeira leve. ........................................................................ 39 Tabela 2: Densidade aparente a 12% de umidade para espécies exóticas, conforme a norma NBR7190/97 (anexo E)............................................................................................. 40 Tabela 3: Densidade da madeira ......................................................................................... 41 Tabela 4: Contração volumétrica ......................................................................................... 42 Tabela 5: Coeficiente de anisotropia. ................................................................................... 43 Tabela 6: Contração da madeira de Populus sp. ................................................................. 43 Tabela 7: Espessura (mm) do lenho primaveril com maior (LP+) e menor (LP-) desenvolvimento. ................................................................................................................. 45 Tabela 8: Flexão estática-Madeira nativa a 12% de umidade classificadas com densidade baixa/IPT (1989). ................................................................................................................. 47 Tabela 9: Compressão paralela às fibras - Madeira nativa a 12% de umidade classificadas com densidade baixa/IPT (1989). ........................................................................................ 50 Tabela 10: Densidade aparente a 12% de umidade e limite de resistência a compressão. 51 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14 1.1.2 Objetivos Específicos.................................................................................................. 14 2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 15 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15 2.1.1 Populus deltoides........................................................................................................ 15 2.1.2 Madeira ....................................................................................................................... 19 2.1.3 Propriedades Físicas da Madeira ............................................................................... 21 2.1.3.1 Massa Específica ..................................................................................................... 21 2.1.3.2 Umidade .................................................................................................................. 22 2.1.3.3 Contração e Inchamento da madeira ....................................................................... 23 2.1.4 Propriedades Mecânicas da Madeira.......................................................................... 24 2.1.4.1 Flexão Estática ........................................................................................................ 25 2.1.4.2 Compressão ............................................................................................................ 26 2.1.4.3 Tração ...................................................................................................................... 26 2.1.4.4 Cisalhamento ........................................................................................................... 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 28 3.1 Amostra utilizada............................................................................................................ 28 3.2 Materiais utilizados ........................................................................................................ 28 3.3 Local e coleta ................................................................................................................. 29 3.4 Corpos de prova ............................................................................................................ 30 3.5 Métodos ......................................................................................................................... 32 3.5.1 Teor de umidade ......................................................................................................... 32 3.5.2 Densidade aparente.................................................................................................... 32 3.5.3 Densidade Básica ....................................................................................................... 33 3.5.4 Estabilidade dimensional da madeira ......................................................................... 34 3.5.5 Flexão Estática ........................................................................................................... 35 3.5.6 Modulo de Elasticidade a Flexão Estática .................................................................. 36 3.5.7 Compressão Paralela às Fibras .................................................................................. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 38 4.1 Teor de Umidade............................................................................................................ 38 12 4.2 Densidade...................................................................................................................... 38 4.3 Estabilidade dimensional da madeira ............................................................................ 41 4.4 Módulo de Elasticidade a Flexão Estática ..................................................................... 45 4.5 Compressão Paralela às Fibras ..................................................................................... 48 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 53 6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 54 ANEXO A – Resultado do ensaio mecânico de flexão em Madeira de Populus deltóides. ............................................................................................................................ 56 ANEXO B – Resultado do ensaio mecânico de flexão em Madeira de Populus deltoides, apresentando o corpo de prova nº 6 com dano de Platypus sp, com resultado baixo. ................................................................................................................. 57 ANEXO C – Resultado do ensaio mecânico de compressão paralela às fibras. .......... 58 13 1 INTRODUÇÃO A utilização da madeira é ampla e envolve uma enorme gama de produtos. Sua utilização correta depende do conhecimento de vários aspectos da espécie, desde a sua produção em campo até seu beneficiamento. Uma das etapas da construção desse conhecimento é a caracterização física e mecânica do material. Baseado nesse conhecimento, o profissional da indústria madeireira pode tomar decisões sobre qual matéria-prima é mais adequada às suas necessidades. Na história recente do Brasil, o movimento ambientalista vem se destacando na promoção da preservação do meio ambiente. Além deste, políticas internacionais também vêm demonstrando a preocupação de outros países, com o ritmo da supressão florestal no mundo. Em detrimento do aproveitamento da madeira nativa no Brasil, as espécies exóticas têm sido amplamente cultivadas, destacando-se as espécies dos gêneros Pinus e Eucalyptus. Entre as demais exóticas, esta o Populus deltoides, cujo conhecimento de suas propriedades ainda é incipiente, o que a torna espécie com usos restritos. Dessa maneira, o desconhecimento das características físicas e mecânicas, faz com que a potencialidade de uso desta espécie seja minimizada. A madeira, por se tratar de um produto natural e renovável, é sem dúvida uma das mais versáteis matérias-primas. Por tratar-se de uma espécie exótica e de pouco conhecimento no Brasil, é interessante buscar parâmetros para possível viabilidade do uso do Populus deltoides no mercado madeireiro. Pois, para cada espécie, sabe-se que possui características e propriedades próprias, sendo interessante estudá-la, pois não só para a utilidade no mercado madeireiro como também pode ser muito útil na utilização da espécie para a ocupação de áreas de várzeas, onde os agricultores realizam sua plantação que vêm sofrendo muito com as cheias (alagamentos), perdendo toda a safra. É uma espécie de potencial para reflorestamento que tem grande tolerância as enchentes, além de produzir madeira em curto tempo, serve de biofiltro no tratamento de águas poluídas, controla erosão, purifica o ar e fornece abrigo para a fauna. De acordo com CALIL, LAHR & DIAS (2003), a atividade florestal com a utilização de métodos racionais de exploração, sem duvida poderá conjugar a expansão econômica à conservação da qualidade da vida. Trata–se do desenvolvimento sustentável, onde pode ser alcançado não só pela produção direta da madeira e da matéria–prima na fabricação de produtos dela derivados, mas pela geração de outros bens ou benefícios que estejam atentando para a manutenção do equilíbrio ecológico. 14 O Brasil tem buscado alternativas para ampliar suas atividades econômicas e uma dessas alternativas para a abertura de novas possibilidades sem duvida tem sido o incentivo ao setor florestal, que vem contribuindo muito com o setor econômico tanto no produto interno bruto, como em nossas exportações. A espécie possui características que a tornam relevante para usos diversos visto que sua utilização em outros países já é conhecida. Com tudo pode-se perceber que em nosso país a espécie é de pouco conhecimento e aplicabilidade. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Determinar as características físicas e mecânicas da espécie exótica de Populus deltoides, plantado nas várzeas do Vale Médio do Rio Iguaçu. 1.1.2 Objetivos Específicos a) Determinar a densidade básica e aparente a 12% de umidade; b) Determinar o coeficiente de retratibilidade; c) Determinar o fator anisotropia; d) Determinar os parâmetros de resistência à flexão estática; e) Determinar os parâmetros de resistência à compressão paralela às fibras. 15 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.1 Populus deltoides Álamo, assim também conhecido como choupo, pertencem ao gênero Populus, sendo um dos gêneros da Família Salicaceae. A família Salicaceae faz parte da ordem Salicales, do grupo Amentiflorae.Que se caracteriza por flores unissexuais com o perianto ausente ou insignificante. Já o grupo Amentiflorae pertence à subclasse Monochlamydae, a classe Dicotyledonea, subdivisão Angiospermae e divisão Phanerogamae (FAO, 2008). O álamo é uma espécie florestal pioneira1 e nativa do hemisfério norte, distribuída na América do Norte, Europa e Ásia, desde a latitude 30°N até o círculo polar. Com tudo, ele tem sido plantado amplamente fora de seu habitat natural, até mesmo no hemisfério sul. É uma espécie pioneira com fácil adaptação as regiões frias e áreas ribeirinhas, várzeas ou terras úmidas (FAO, 2011). Segundo previsões da FAO (2011), a área total com florestas nativas de álamos, relatadas em 2008 foi de mais de 70 milhões de hectares e 5,3 milhões de hectares de área plantada. O Canadá, seguido pela Federação Russa e Estado Unidos da América tem as maiores áreas de Álamo nativo, porém, China, Índia, França, Turquia, Itália e Argentina possuem as maiores áreas plantadas. No Brasil, pela década de 1950, que foram implantados os primeiros plantios comerciais de Populus, mas somente no inicio da década 1990, que as empresa começaram a expandir os seus plantios. Atualmente, existem aproximadamente 5.500 ha, entre os estados do Paraná e Santa Catarina, nas várzeas do Vale Médio do Rio Iguaçu, na bacia do Rio Iguaçu. A madeira destes plantios é destinada ao abastecimento da indústria fosforeira, visto que as características de crescimento rápido, retidão de fuste, composição química (ausência de resinas), coloração esbranquiçada e fibra reta, favorecem a espécie 1 Pioneira: Plantas pioneiras também são conhecidas como primárias, tem crescimento rápido, se desenvolvem bem a céu aberto e têm tempo de vida curto na floresta. As pioneiras normalmente são árvores que têm característica de madeira ser considerada leve. Dentro do processo sucessional, são as primeiras espéceis arbóreas a se estabelecer. 16 para esse segmento industrial. Nos Estados do Sul do Brasil são encontrados pequenos plantios e árvores de álamo em parques, praças, ao longo de estradas e em propriedades particulares. Cita a FAO (2011), que em nosso país vizinho, ou mais precisamente, na província de Mendonza, no oeste da Argentina, o álamo é uma das principais espécies florestal plantada. Sua madeira sustenta uma indústria de madeira diversificada, que produz uma série de produtos para diferentes fins. O principal uso da madeira de álamo é para cavaco que serve para a produção de painéis de madeira reconstituída. A base de recursos cada vez maior também criou oportunidades para pequenos nichos de mercado especializados, como a produção de pequenas placas de madeira para a fabricação de lápis. A cada ano cerca de 1200 m³ de madeira em forma dessas placas são exportadas para o Brasil para produção de lápis. Por sua característica de fácil processamento, alta homogeneidade e, sobretudo, a não presença de nós após a poda, são propriedades importantes da madeira de álamo, que a torna particularmente adequado para a produção de lápis. De acordo com LORENZI (2003), o álamo é uma árvore caducifólia, tronco cilíndrico e ereto, freqüentemente ramificado na base, com casca rugosa, de cor parda e profundas fissuras longitudinais quando adulta. Ramagem oblíqua, longa, formando copa simétrica e mais ou menos arredondada e chega atingir 30m de altura. Estas características podem ser observadas na FIGURA 1. Figura 1: Características morfológicas da espécie; onde: a) árvore adulta; b) ramo frutificado; c) casca; d) sementes. Fonte: Lorenzi, 2003. 17 É uma espécie descídua e dióica, isto é, são plantas que perdem as folhas numa determinada estação do ano e tem flores femininas e masculinas em plantas separadas. Os frutos em forma de cachos são compostos de cápsulas com grande número de sementes, que quando caem, estão envoltas em longos filamentos como algodão. Daí o mais comum nome da espécie dos Estados Unidos: cottonwood (madeira de algodão). Na FIGURA 2, ilustra as características botânicas de Populus sp. Figura 2: Características botânicas do álamo (populus sp). Fonte: FAO, 2008. FAO (2008) cita na legenda o seguinte: 1-Ramo vegetativo mostrando folha rômbica quando jovem e folha deltóide quando adulta; 2-Ramo com broto terminal verdadeiro e cachos masculinos estaminados quando formado; 3 - Flor masculina e anteras; 4 - Ramo com broto terminal verdadeiro e cachos femininos pistilados quando formado; 5 – Flor feminina; 6 – Maturação bilocular; cápsula deiscente (direito) expõe sementes com tufo de algodão; 7 – semente. O álamo é uma espécie pioneira ávida por luz, de fácil propagação vegetativa, preferindo espaços amplos sem competição. A sua ação fotossintética é intensa, sensível ao foto periodismo, que determina o seu ritmo biológico. A madeira recém-cortada ou fresca apresenta um odor característico desagradável, mas desaparece completamente quando a madeira está seca. A ausência de odor e sabor na madeira de álamo torna um produto adequado para embalagem de vários produtos 18 alimentares, como frutas, legumes e queijo. A cor do alburno é geralmente branca a amarelo claro, fundindo-se gradualmente no cerne, que é branco-cinza a cinzento-marrom, estando esta variação ligada às diferentes espécies de Populus. Os anéis de crescimento são bastante visíveis, em cortes transversais, devido a uma fina camada de células de parênquima ao final do ciclo vegetativo. Em alguns cultivares, os anéis de crescimento pode ser bastante amplo, muitas vezes superior a 2,0 cm, e às vezes pode chegar a três centímetros ou mais. A largura do anel de crescimento esta relacionada ao melhoramento genético, bem como as condições ambientais favoráveis e no tratamento silviculturais (FAO, 2010). Na FIGURA 3, ilustra um reflorestamento de álamo no período vegetativo (verão) com folhas e no período de dormência (inverno) sem folhas, vista externa e interna do bloco de plantio e toras de álamo. a b c d e Figura 3: Ilustra um reflorestamento de álamo: a) vista externa no período vegetativo (verão); b) vista interna no período vegetativo; c) vista externa no período de dormência (inverno); d) vista interna no período de dormência; e) toras de álamo. Fonte: O autor (2011) 19 A madeira é trabalhada facilmente com as mãos, máquinas ou ferramentas, têm facilidade com todos os tipos de fixadores mecânicos, por exemplo, grampos, pregos e parafusos, e não divide quando grampeada e pregada. A sua coloração pode ser irregular, mas tintas e verniz são facilmente aplicados (FAO, 2010). Por causa de suas características possui uma grande abrangência para o seu uso, como por exemplo, produção de palitos de fósforos, papel e celulose, energia, madeira serrada, artesanatos, componentes de mobiliário, laminados, compensados, palhetas, recipientes para cargas entre outros (FAO, 2010). LORENZI (2003) descreve o seguinte: Árvore cultivada nas regiões de planalto do sul da Brasil para produção de madeira leve para caixotaria, laminados e confecção de palitos de fósforo. Pode ser utilizada também no paisagismo de grandes áreas. Aprecia o frio e solos úmidos, sendo a espécie de álamo melhor adaptada a nossas condições. Tem rápido crescimento. No que diz respeito à estocagem, relata a FAO (2010), que o álamo é uma madeira suscetível ao desenvolvimento de manchas de fungo quando permanecer em grandes períodos de estocagem, assim sendo, recomenda que o período de armazenamento deva ser o mais curto que possível, no máximo entre 6-8 semanas. O indicado que quando necessário de uma estocagem de maior tempo, que se utiliza de técnicas para evitar essa deterioração, como por exemplo, jacto de água ou revestimento das extremidades das toras com uma calda bordalesa. É interessante comentar que de acordo com FAO (2009), Populus deltoides, Populus nigra e Populus trichocarpa são as espécies mais importantes para programas de melhoramento de álamo em todo o mundo. A maioria dos clones comerciais plantados em toda a Europa é derivada de cruzamentos interespecíficos dessas espécies. 2.1.2 Madeira Desde os primórdios da humanidade o homem tem a madeira como uma das matérias-primas mais versáteis para o uso humano. Como matéria-prima a madeira é um produto natural proveniente do lenho dos vegetais superiores: árvores e arbustos lenhosos. Segundo CALIL, LAHR & DIAS (2003), na estrutura macroscópica da madeira, aquela visível a olho nu, que podemos perceber algumas distinções em uma seção 20 transversal de um tronco de árvore com as seguintes camadas, de dentro para fora: Medula é o ponto central do tronco, resultante do crescimento vertical inicial da árvore; Cerne, camadas internas do tronco mais antigas, tendem a armazenar resinas, taninos e outras substâncias de alto peso molecular, de coloração escura e tendo a função de sustentar o tronco; Alburno,camada externa e mais jovens de crescimento que é responsável pela condução da seiva bruta desde as raízes até as folhas;Casca, proteção externa da árvore, formada por uma camada interna de tecidos vivos (película cambial) que dá origem ao floema e xilema. A FIGURA 4, apresenta um corte transversal do tronco de uma árvore com suas descrições. Figura 4: Corte transversal do tronco de uma árvore: anéis de crescimento e camadas. Fonte: GONZAGA, 2006. A madeira tem como características a heterogeneidade e anisotropia, por isso conhecer as propriedades físicas e mecânicas é de grande importância para a sua aptidão no uso correto. Sabe-se que a heterogeneidade na madeira ocorre devido suas características anatômicas, conforme sua composição, a estrutura e a organização dos elementos constituintes. Os principais constituintes químicos da madeira são a celulose, a hemicelulose, a ligna e substâncias extrativas, que juntamente com as orientações das fibras na madeira (axial, radial e tangencial), formam essa heterogeneidade, diferentemente, por exemplo, dos metais que possuem estrutura molecular uniforme. Segundo LEPAGE (1986), a madeira desde o inicio da historia das civilizações vem ocupando um lugar de destaque no desenvolvimento, por ser um material de resistência mecânica elevada em relação à massa própria, ter grande facilidade de usinagem, resistência química apreciável, boas propriedades de isolamento térmico e elétrico, além disso, com a possibilidade de ser encontrada na natureza com ampla faixa de texturas e coloração. Tornando-a numa matéria-prima capaz de satisfazer os gostos mais variados. De acordo com MOURA (1986), a composição, a estrutura e a organização dos elementos constituintes do lenho, determinam as suas propriedades físicas e mecânicas. 21 Assim sendo existem madeiras para todos os fins e utilização, porém é indispensável conhecer as diferentes características e propriedades, e aprender a utilizar aquelas que melhor se adaptam em um determinado serviço. E muitas vezes a falta de utilização da madeira se da pela falta de informação básica disponível sobre as suas propriedades. 2.1.3 Propriedades Físicas da Madeira As propriedades anatômicas da madeira de maior importância, na relação com a utilidade e o aproveitamento, são a densidade (ou peso específico) e as propriedades em relação com a umidade, contração e inchamento (MOURA, 1986). No entanto FAO (2010), cita que em um sentido amplo, as propriedades físicas incluem as características da madeira que definem a sua natureza física como um material. Tendo como parâmetros mais importantes em relação ao material e o seu processamento a densidade, teor de umidade e estabilidade dimensional (Contração e Inchamento). As propriedades físicas possuem uma significativa influência na madeira, devido à variabilidade na densidade e porosidade que ocorre em lenho inicial e tardio, cerne e alburno, e lenho juvenil e adulto. Segundo CALIL, LAHR & DIAS (2003), as propriedades da madeira podem ser influenciadas por diversos fatores: clima, composição e umidade do solo no local de crescimento da árvore, condições de temperatura, posição da árvore no talhão (bloco de plantio), densidade do povoamento (espaçamento), o tipo de manejo aplicado e a incidência de chuva. Esses fatores aplicados á formação da madeira são significativos, provocando variações, mesmo se tratando de árvores da mesma espécie. Como por exemplo, as diferenças na espessura das camadas de crescimento e de material crescido nas diversas estações do ano. 2.1.3.1 Massa Específica Densidade é a característica tecnológica mais importante da madeira, pois dela dependem estreitamente outras propriedades, como a resistência mecânica, grau de 22 alteração dimensional pela perda ou absorção de água, como outras correlações. (MOURA, 1986) A densidade (massa específica) expressa à quantidade de matéria lenhosa por unidade de volume, ou do volume de espaços existentes de uma madeira. É a relação entre a massa e o volume de um corpo, é expressa geralmente em g/cm³ (MOURA, 1986). A massa específica aparente varia de espécie para espécie, e até mesmo numa mesma árvore. A massa específica da madeira pode variar de acordo com a sua localização no tronco e com o teor de umidade. Sendo essa variação tanto no sentido radial, ou seja, da medula para a casca, como também no sentido longitudinal, da base para o topo. Para CALIL, LAHR & DIAS (2003), a densidade é uma das propriedades físicas fundamentais na definição das melhores aplicações da madeira de diferentes espécies. A densidade trata-se da relação entre a massa da madeira na amostra considerada e o volume efetivamente ocupado por ela. Densidade básica é definida pela razão entre a massa seca da amostra considerada e o respectivo volume nas condições de total saturação. Densidade aparente é definida pela razão entre a massa e o volume de corposde-prova para um dado teor de umidade (U%). No caso particular da NBR 7190/1997, a densidade aparente se refere a amostras com umidade de 12%. 2.1.3.2 Umidade Segundo MOURA (1986), a madeira em seu estado vivo possui uma proporção de umidade do seu peso total que atingi uma variação entre 30% e 700%, determinada em base ao peso seco da madeira. E que podemos encontrar essa água em duas formas: água livre e água de impregnação. A água livre é aquela que preenche as cavidades celulares e espaços intercelulares, e já a água de impregnação preenche os espaços entre as moléculas de celulose da parede celular. Então quando a madeira eliminar toda a água livre, e permanecendo somente a água de impregnação, chega-se a um ponto, chamado de ponto de saturação das fibras (PSF), que adota-se como teor de umidade igual á 30%. E é logo abaixo desse PSF que a madeira começa á sofre estabilidade dimensional. De acordo com CALIL, LAHR & DIAS (2003), a madeira de uma árvore abatida tem a capacidade de perder continuamente umidade, através da evaporação de moléculas de 23 água dos lúmes. Essa evaporação de água livre ocorre mais rapidamente até chegar ao ponto de saturação, no geral esse teor de umidade esta entre 25% e 30%, conforme o autor registra-se que a NBR 7190/1997 para Projetos de Estruturas de Madeira, adota o valor de 25% para o PS (ponto de saturação). A determinação do teor de umidade na madeira é uma variável de extrema importância para o desempenho e a sua utilização. E MOURA (1986), cita que o teor de umidade é a relação entre o peso da água contida no seu interior e o seu peso em estado completamente seco (anidro), expresso em porcentagem. Comenta FAO (2010), que o teor de umidade afeta as propriedades físicas e mecânicas, bem como as características de processamento da madeira, por exemplo, colagem, usinagem, acabamento, etc. 2.1.3.3 Contração e Inchamento da madeira Contração e inchamento são considerados propriedades físicas que afetam muito no uso da madeira, pois altera o volume da madeira. Essa mudança de volume ocorre quando a madeira encontra-se em um teor de umidade entre 0% e 28%, devido à absorção de água (inchamento) e perda de água (contração). De acordo MOURA (1986), essa variação dimensional se dá no volume da madeira pela perda ou absorção de umidade nas paredes celulares da madeira, se realizam quando a madeira ainda demonstra um teor de umidade entre 0% e 30%, intervalo esse chamado de faixa higroscópica, água de impregnação das fibras. Uma vez que o aumento do volume da madeira, ou o inchamento, é devido à inclusão de água, nos espaços microscópicos e sub microscópicos, enquanto a contração ou diminuição do volume refere-se á retirada de água dos espaços microscópicos e sub microscópicos (SERPA, 2004). Para CALIL, LAHR & DIAS (2003), esta variação dimensional ocorre em três direções, assim chamadas de axial (ou longitudinal), radial e tangencial. E a estabilidade dimensional está diretamente ligada à presença da água no interior da madeira, onde o aumento ou diminuição de moléculas de água livre não influenciam na retração ou inchamento, fenômenos esses que só se manifestam em níveis de umidade inferiores ao 24 ponto de saturação, ou seja, abaixo de 28% de umidade. Na FIGURA 5, pode-se ver melhor os 03 eixos de orientação da madeira, longitudinal, radial e tangencial. Figura 5: Direções principais na madeira. Fonte: CALIL, LAHR & DIAS, 2003. MOURA (1986), comenta ainda que a contração e o inchamento são maiores no sentido tangencial aos anéis de crescimento, menores no sentido radial e mínimos no sentido longitudinal (paralelo ao eixo da árvore), ou seja no sentido das fibras. 2.1.4 Propriedades Mecânicas da Madeira São as características de resistência e elasticidade da madeira a um determinado esforço de natureza mecânica. Para termos um bom aproveitamento e aplicação da madeira, requer estudos sobre as propriedades mecânicas da madeira para sabermos qual a capacidade de resistir a forças aplicadas no material para que não sofra alterações na sua forma ou seu tamanho. Para MOURA (1986), a capacidade de resistir á tais forças depende de varias características da madeira, mas as que mais influenciam são a densidade e o teor de umidade. Mas sobre tudo depende da magnitude da força e da maneira de aplicação. Ainda relata que madeiras de maior densidade têm maiores resistências mecânicas. Ainda relatam FAO (2010), que propriedades mecânicas são as características que definem o comportamento da madeira sob forças ou cargas aplicadas. Há diversos tipos de ensaios mecânicos para determinar a capacidade da madeira de resistir à ação de forças aplicadas, que possam modificar seu tamanho e forma. De acordo com a NBR 7190/1997, os corpos-de-prova devem ser isentos de defeitos e seguir 25 padrões já estabelecido de medidas conforme o ensaio mecânico ao qual se deseja entre os quais podemos citar os ensaios de resistência à compressão paralela às fibras e normal às fibras, resistência à tração paralela às fibras e normal às fibras, cisalhamento, flexão, dureza, fendilhamento e outros. Para o devido estudo será feito um breve comentário das propriedades mecânicas, ás que interessam ao trabalho são flexão estática e compressão. FAO (2010), comenta que na madeira do álamo as propriedades mecânicas dos híbridos cultivados em plantações são de especial interesse por se tratar de uma espécie de crescimento rápido, promissora ao futuro, e assim denominada uma cultura de fibra do futuro, pois vários estudos relataram consideráveis variações nas propriedades dessa madeira. 2.1.4.1 Flexão Estática No ensaio para a determinação da resistência á flexão estática da madeira, uma carga é aplicada tangencialmente aos anéis de crescimento na metade do comprimento de um corpo-de-prova apoiado nos extremos, para causar tensões e deformações necessárias até a ruptura. Para MOURA (1986), na utilização da madeira como matéria prima para construções, a resistência à flexão é uma das propriedades mecânicas mais importantes. Ela é o fator principal na construção de pontes, telhados, paredes de madeira entre outras construções de madeira. Quando uma viga sofre uma tensão à flexão, estando apoiada em suas duas extremidades, com uma carga aplicada no meio do vão e curva-se para baixo pela influência dessa força, cria-se um lado convexo que apresenta a tensão à tração, enquanto no lado côncavo da viga apresenta a tensão, a compressão. Defeitos como nós, fibras revessas, rachaduras e outros defeitos reduzem a resistência à flexão, tendo assim grande influência na resistência à flexão. Quanto mais esse defeito se aproxima do centro da viga cada vez mais vão reduzindo sua resistência, e quando encontrados do lado convexo (da tração) da viga mais fraca torna-se a viga ao invés do lado côncavo (da compressão). A FIGURA 6, explica como se comporta as reações da madeira quando aplicado uma determinada força para o ensaio de flexão. 26 Figura 6: Flexão na madeira. Fonte: CALIL, LAHR & DIAS, 2003. 2.1.4.2 Compressão Na NBR 7190/1997, cita a compressão paralela ás fibras e compressão normal às fibras. A resistência á compressão mede a capacidade da madeira em sustentar as forças que tendem a encurtar o seu comprimento e ou até sua ruptura. No caso da compressão paralela às fibras, as forças atuam paralelamente à direção das fibras, o que proporciona uma resistência maior à madeira. Destaca CALIL, LAHR & DIAS (2003), que quando a peça é solicitada por compressão paralela às fibras, as forças agem paralelamente à direção dos elementos anatômicos responsáveis pela resistência, o que confere uma grande resistência à madeira. E para compressão normal às fibras, a madeira apresenta valores menores de resistência, visto que a força é aplicada na direção normal ao comprimento das fibras, provocando seu esmagamento. E o valor de resistência à compressão normal às fibras é da ordem de ¼ dos valores apresentados pela madeira na compressão paralela ás fibras. 2.1.4.3 Tração São duas as resistências à tração comentadas na norma NBR 7190/1997, que são a resistência à tração normal às fibras e a tração paralela às fibras. 27 Segundo CALIL, LAHR & DIAS (2003), que na ruptura por tração paralela pode ocorrer por deslizamento entre as fibras ou por ruptura de suas paredes. Em ambos os modos de ruptura, a madeira apresenta baixos valores de deformação e elevados valores de resistência. Com base no tipo de ruptura obtido no teste, faz-se também a classificação preliminar das peças. Em geral, quanto maior o comprimento à ruptura, maior a resistência à tração. E na ruptura por tração normal, a madeira apresenta baixos valores de resistência, pois os esforços atuam na direção perpendicular às fibras, tendendo a separálas, com baixos valores de deformação. Considerando a baixa resistência da madeira nesta direção, devem ser evitadas, em projeto, situações que conduzam a esta forma de solicitação. 2.1.4.4 Cisalhamento Consiste na separação das fibras, dada por uma força aplicada no sentido paralelo às fibras. Onde a resistência ao cisalhamento é de 3 a 4 vezes maior no sentido transversal, do que no sentido paralelo às fibras.É muito presente em vários tipos de ligações de vigas de suporte,travessas, madeiras cavilhadas e outras. (MOURA,1986). Segundo CALIL, LAHR & DIAS (2003), quando o plano de atuação das tensões de cisalhamento é paralelo às fibras, duas situações distintas podem ocorrer. Se a direção das tensões é na direção das fibras, ocorre o cisalhamento horizontal. Se a direção das tensões é perpendicular à direção das fibras existe a tendência desses elementos rolarem uns sobre os outros (cisalhamento Rolling). A situação na qual a madeira apresenta menor resistência é o de cisalhamento horizontal. 28 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Amostra utilizada A amostra de madeira utilizada no presente estudo foi obtida de reflorestamento da empresa Swedish Match do Brasil S.A., localizada no vale médio do Rio Iguaçu. Para o desenvolvimento do estudo foram utilizadas 05 árvores, e coletadas seguindo alguns padrões de característica visual física da árvore dentro de um talhão (bloco) de plantio, com idade de 12 anos, plantadas em espaçamento de 5,20 x 6,00 m, que possibilita um total de 320 árvores por hectare. Esta espécie foi escolhida por se destacar pelo ritmo e vigor de crescimento na região onde foi plantada. 3.2 Materiais utilizados Acompanhando as exigências da NBR 7190/97 no que diz respeito aos equipamentos a serem utilizados para desenvolver o trabalho de pesquisa da caracterização das propriedades físicas e mecânica da madeira de Populus deltoides, podemos citar os equipamentos utilizados como: balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade; paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade; câmara de aclimatização; estufa; máquina universal de ensaios da marca EMIC, modelo DL 10000. A FIGURA 7, ilustra os equipamentos da esquerda para direita como sendo balança e paquímetro; câmara de aclimatização; estufa e máquina universal de ensaios. a b c d Figura 7: Equipamentos utilizados: a) Balança e paquímetro; b) Câmara de aclimatização; c) Estufa; d) Máquina universal de ensaios EMIC. Fonte: O autor, 2011. 29 3.3 Local e coleta A procedência do material para o estudo foi de plantios do talhão 503A1998(503 = nº do talhão ou bloco de plantio; A = subtalhão; 1998 = Ano de plantio) da Fazenda Prata, localizada à margem do Rio da Prata, pertencente à bacia do Rio Iguaçu. Localizada na comunidade de São Domingos, município de União da Vitória, estado do Paraná, com latitude 26°9’26,66” S, longitude 51°7’52,22” O e a ltitude de 757 m. O talhão 503A1998 com idade de 12 anos e espaçamento de 5,20 x 6,00 m recebeu desde o inicio do plantio todos os tratamentos de poda, controle de doenças e pragas, controle de ervas daninhas e adubação. Apresentando no final do ciclo (12 anos) uma média com DAP= 29,7cm e H= 23,8m. Dados retirados do caderno de inventário da empresa Swedish Match do Brasil S.A. Além de ser feito uma escolha dispersa dentro do talhão, alguns parâmetros visuais na escolha das árvores teve de ser observado, como tronco reto, cilíndrico, sem bifurcação ou defeitos, para evitar excessiva presença de lenho de compressão, ou defeitos que inviabilizassem a obtenção de corpos de prova que de certa forma pudessem influenciar nos resultados. Depois de abatidas 05 árvores, procederam-se a medição e o corte da primeira tora de cada árvore com o comprimento de 245 cm. Em seguida as toras foram cortadas ao meio ficando com 122,5cm de comprimento e marcadas para serem desdobradas em pranchas no campo, eliminando a medula e tendo o cuidado de cada prancha ter o corte bem definido, respeitando as 03 principais direções da madeiras: radial, tangencial e longitudinal em cada peça. A FIGURA 8, ilustra o processo de medição, corte ao meio das toras e marcação das toras para o desdobro em pranchas seguindo as três direções da madeira. Figura 8: Processo de medição da tora; corte e marcação para desdobro. Fonte: O autor, 2011. 30 O processo de corte de pranchas foi feito em campo, para obter peças como caibros de mais ou menos 8x10x122, 5 cm para facilitar o transporte até o laboratório, onde foram constituídos os corpos de prova conforme padrões da norma NBR 7190/97. A FIGURA 9, ilustra o processo de desdobro das toras em pranchas para a constituição de peças em forma de caibro. Figura 9: Processo de desdobro da tora. Fonte: O autor, 2011. 3.4 Corpos de prova As peças em forma de caibros foram levadas no mesmo dia ao laboratório da UNIUV, para serem confeccionadas logo após em corpos de prova. Principalmente os corpos de prova destinados às determinações no estado verde, sendo preparados conforme as dimensões proposta pela norma NBR 7190/97. Foi observado se os corpos de prova estavam isentos de defeitos e cuidou-se para a preparação dos corpos de prova que fossem bem orientados em relação à disposição dos anéis de crescimento, respeitando as 03 direções principais da madeira: longitudinal, tangencial e radial. Para os ensaios físicos e mecânicos previstos, conforme os procedimentos gerais constantes na norma NBR 7190/97. 31 A FIGURA 10, demonstra as peças brutas em forma de caibros armazenadas dentro do laboratório da UNIUV, e logo após já os corpos de prova prontos. a b Figura 10: a) peças brutas (caibros); b) corpos de prova. Fonte: O autor, 2011. Na FIGURA 10, demonstra corpos de prova (lado direito) já com as medidas certas para ensaios mecânicos de compressão paralela às fibras que devem ter forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento de 15,0 cm. E os corpos de prova para ensaios de flexão estática que devem ter forma prismática, com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento, na direção paralela às fibras, de 115,0 cm. Os corpos de prova utilizados para ensaios de compressão paralela às fibras foram também utilizados para calcular a densidade, retratibilidade, anisotropia e contração. Nas figuras 11 e 12, ilustram os corpos de prova para ensaio de flexão e compressão paralela às fibras. Figura 11: Corpo de prova para ensaio de compressão paralela às fibras. Fonte: O autor, 2011. Figura 12: Corpo de prova para ensaio de flexão. Fonte: O autor, 2011. 32 3.5 Métodos 3.5.1 Teor de umidade Este ensaio seguiu a norma NBR 7190/1997 da ABNT, onde os corpos de prova apresentam forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento de 15,0 cm, e foram utilizados 20 corpos de prova. Os corpos de prova foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade na umidade ambiente, posteriormente os corpos de prova foram secos em estufa a uma temperatura de 103° ± 2°C até atingirem zero por cento de umidade, em seg uida foram pesados novamente. O teor de umidade ambiente foi determinado pela seguinte formula: Sendo: %= − 100 U(%)= Teor de umidade da madeira no ambiente expresso em porcentagem. mi = Massa inicial da madeira, em gramas; ms = Massa da madeira seca,em gramas; 100= Constante para ajuste de formula. 3.5.2 Densidade aparente Este ensaio seguiu a norma NBR 7190/1997 da ABNT, onde os corpos de prova apresentam a forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento de 15,0 cm. Os corpos de prova foram colocados na câmara de aclimatização com temperatura de 20° ± 2°C e umidade relativa do ar de 60% ± 2% para que atinjam a umidade de 12%. Após este procedimento os mesmos foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade, todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. A densidade aparente foi determinada através da seguinte formula: 33 = 12% 12% Sendo: Dap= Densidade aparente em g/cm³ a 12% de umidade. M12%= Massa do corpo de prova em g a 12% de umidade. V12%= Volume do corpo de prova em cm³ a 12% de umidade. 3.5.3 Densidade Básica Este ensaio seguiu as mesmas recomendações descritas pela NBR7190/1997 citadas anteriormente. Os corpos de prova já em estado de saturação foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade, todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. Posteriormente os corpos de prova foram secos em estufa a uma temperatura de 103° ± 2°C, até atingirem zero por cento de umidade, em seguida foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade e todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. A Densidade Básica foi determinada através da seguinte formula: Sendo: = 0% Sat Db = Densidade básica em g/cm³. M0%= Massa do corpo de prova em g a 0% de umidade. Vsat= Volume verde do corpo de prova em cm³. 34 3.5.4 Estabilidade dimensional da madeira Para determinar a estabilidade dimensional linear e volumétrica é preciso medir as dimensões dos corpos de prova em estado saturado e seco, nas três dimensões correspondentes às direções; axial, radial, e tangencial. De acordo com as recomendações descritas pela NBR7190/1997, onde os corpos de prova apresentam a forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento de 15,0 cm. Os corpos de prova já em estado de saturação foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade, todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. Posteriormente os corpos de prova foram secos em estufa a uma temperatura de 103° ± 2°C, até atingirem zero por cento de umidade, em se guida foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade e todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. A variação volumétrica é determinada em função das dimensões do corpo de prova nos estados saturado e seco, sendo dada por: Sendo: ∆ = Sat − Sec Sec 100 ∆v = Variação volumétrica expressa em porcentagem; VSAT = Volume úmido > 28% expresso em cm³ ; Vsec =Volume à 0% de umidade expresso em cm³ ; 100 = Constante para porcentagem. Coeficiente de retratibilidade será obtido em função das dimensões e massas a 12% e 0% de umidade, sendo dada por: = − 12% − 12% 0% 0% 0% 0% 35 Sendo: Q = Coeficiente de retratibilidade; I 12% = Dimensão da madeira com 12% de umidade; I 0% = Dimensão da madeira com 0% de umidade; P 12% = Peso da madeira com 12% de umidade; P 0% = Peso da madeira com 0% de umidade; O fator de anisotropia dimensional de contração (Ac) será expressa pela relação entre as contrações lineares, tangencial e radial, como; != "tang "rad 3.5.5 Flexão Estática No ensaio para a determinação da resistência á flexão estática da madeira, uma carga é aplicada tangencialmente aos anéis de crescimento na metade do comprimento de um corpo-de-prova apoiado nos extremos, para causar tensões e deformações necessárias até a ruptura. Este ensaio seguiu a norma NBR 7190/1997 da ABNT, onde os corpos de prova apresentam a forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e comprimento de 115,0 cm. Os corpos de prova foram colocados na câmara de aclimatização com temperatura de 20° ± 2°C e umidade relativa do ar de 60% ± 2% para que atinjam a umidade de 12%. Após este procedimento os mesmos foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade, todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. Os testes foram realizados na maquina universal de ensaios da marca EMIC, modelo DL 10000. Foi determinada à resistência máxima a flexão. O calculo de resistência máxima a flexão se da através da seguinte formula: 3 +2'max = * max ℎ/ 0 1 36 Sendo: Tmax= Resistência Máxima expressa em Kgf/cm² Pmax= Carga Máxima expressa em kg. L= Vão expresso em cm. b= Base expresso em cm. h= Altura expresso em cm. 3/2 = Constante para ajuste de formula. 3.5.6 Modulo de Elasticidade a Flexão Estática É um valor teórico e expressa a carga necessária para estender um corpo de 1 cm² de área de secção transversal de uma distância igual ao seu próprio comprimento. O modulo de elasticidade a flexão estática foi obtido simultaneamente com o mesmo corpo de prova do ensaio de flexão estática para determinação da resistência máxima a flexão, usando a maquina universal de ensaios da marca EMIC, modelo DL 10000. O calculo para determinação do modulo de elasticidade a flexão estática se da através da seguinte formula: Sendo: 1 +4OEf = 9lp lp 18 ℎ8 MOEf = Modulo de Elasticidade a Flexão Estática expresso em Kgf/cm² PLp= Carga no Limite Proporcional expressa em kg. L= Vão expresso em cm. b= Base expresso em cm. h= Altura expresso em cm. dLp= Deformação no limite proporcional em cm. 1/4 = Constante para ajuste de formula. 37 3.5.7 Compressão Paralela às Fibras Os ensaios de compressão foram realizados conforme a exigências da norma NBR 7190/1997 da ABNT, e foram utilizados 20 corpos de prova. Os corpos de prova apresentam a forma prismática com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado, comprimento de 115,0 cm e seguindo a orientação paralela às fibras. Os corpos de prova foram colocados na sala de aclimatização com temperatura de 20° ± 2°C e umidade relativa do ar de 60% ± 2% para que atinjam a umidade de 12%. Após este procedimento os mesmos foram pesados em balança eletrônica com 0,01 g de sensibilidade, todas as dimensões foram mensuradas com ajuda de um paquímetro digital de 0,01 mm de sensibilidade. Os testes foram realizados na maquina universal de ensaios da marca EMIC, modelo DL 10000, e foram feitos no laboratório da UNIUV. A resistência à compressão paralela ás fibras (fc0) é dada pela máxima tensão de compressão que pode atuar em um corpo de prova com as medidas já mencionadas anteriormente, e dada pela seguinte equação. Onde: :co = :co max fco = resistência à compressão paralela ás fibras,em MPa; fco,Max = máxima força de compressão aplicada ao corpo de prova durante o ensaio,em N; A= área da seção transversal comprimida, em metro quadrado (m²). 38 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Teor de Umidade Os resultados obtidos para o teor de umidade em Populus deltoides de 12 anos de idade com um lote de 20 corpos de prova apresentou um valor médio de 175,03% de umidade e um desvio padrão de 12,83. O valor máximo e mínimo foi de 196,10% e 147,58%,respectivamente. Pode-se perceber que o alto teor de umidade está caracterizando uma madeira de baixa densidade ou madeira leve. Este fato decorre da quantidade e tamanho de poros e vasos na madeira do Álamo, que proporcionam grande capacidade de armazenar água de capilaridade. Assim, têm-se que quanto maior o teor de umidade, menor a densidade da madeira. Segundo REMADE (2004), a importância do equilíbrio da umidade com uma boa técnica de secagem de madeira é muito importante, e os dados do trabalho nós mostra um simples fato do quanto estamos transportando de água por metro cúbico (m³) com uma madeira em estado verde, tendo uma grande influencia no custo de transporte. Pois madeira verde significa que a massa de água é maior que a massa de madeira propriamente dita. E ainda como cita a REMADE (2004), que a simples pratica da secagem da madeira ao ar livre poderia reduzir em 400 kg o peso por m³ transportado. Portanto, estudar a umidade da madeira do Álamo, é de significativa importância visto que a madeira tem grande capacidade de reter água de capilaridade. Devido a isto, a secagem contribui para a redução de custo do transporte, entre outros. 4.2 Densidade A densidade aparente a 12% de umidade para o Populus deltoides obtida no trabalho teve uma média de 0,40g/cm³, com uma variação de 0,38g/cm³ a 0,44g/cm³ e um desvio padrão de 0,015 g/cm³. A densidade básica variou de 0,31g/cm³ a 0,35g/cm³, estimando-se uma média de 0,33g/cm³, com um desvio padrão de 0,011g/cm³. 39 Através destes resultados esta madeira pode ser classificada como sendo de densidade baixa como confirma FAO 2010: A madeira de rápido crescimento como a de choupos híbridos muitas vezes tem menor densidade e textura mais grosseira do que a madeira de árvores cultivadas cu em florestas naturais; (...) álamos e salgueiros são classificados entre as a espécies com baixa densidade.(FAO,2010,p.8) densidade. O resultado obtido de densidade aparente do Populus deltoides foi comparado com valores de espécies nativas, classificadas como como madeiras de densidade leve, retirados do banco de dados do IPT (1989). A TABELA 1, mostra os valores da densidade aparente dos dados do IPT comparando com o valor do Populus deltoides. Tabela 1:: Densidade aparente a 12% de umidade umidade obtida do banco de dados do IPT para espécies consideradas como madeira leve. NOME CIENTÍFICO Hura crepitans L. Joannesia princips Vell. Cecropia sp Couroupita guianensis Aubi Eryotheca pentaphylla (Vell). Alchornea triplinervia (Spreng). Podocarpus lambertii Kl. Tetrorchidium rubrivenium Poepp.& Endl. Simarouba versicolor St. Hill. Didymopanax navarroi A.Samp. Populus deltoides NOME COMUM Açacu Boleiro Imbaúba Macacarecuia Paineira Tapiá Pinho- Bravo Peroba-D'água-Amarela Caixeta Mandioqueira Álamo Densidade g/m³ 0,39 0,48 0,40 0,41 0,42 0,43 0,44 0,45 0,47 0,46 0,40 Fonte: IPT, 1989. Figura 13:: Gráfico da densidade aparente a 12% de umidade de10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor, 2011. 40 A TABELA 1, com os dados do IPT estavam calculados com umidade de 15%. Por essa razão foi preciso fazer uma correção dos valores do nível de umidade de 15% para 12%, para podermos melhor comparar os dados. Esta conversão foi realizada com ajuda da seguinte formula citada por BROCHARD (1960): 12 Sendo: = <% 12 =1 + 100? 1+ % 100 D12 = densidade aparente, em g/m³, ao teor de umidade 12%; DU% = densidade aparente, em g/m³, ao teor de umidade U%; U% = teor de umidade, em %; Por se tratar de uma espécie exótica o resultado da densidade aparente do Populus deltoides, também foi comparado com algumas espécies exóticas conhecidas. A comparação foi feita com valores obtidos na norma NBR 7190/97, anexo E, da tabela de valores médios de madeiras dicotiledôneas nativas e de florestamento. Neste caso os dados na NBR 7190/97 já se encontravam com valores médios para U= 12%, conforme demonstra na TABELA 2. Tabela 2: Densidade aparente a 12% de umidade para espécies exóticas, conforme a norma NBR7190/97 (anexo E). NOME CIENTIFICO Eucalyptus alba Eucalyptus dunnii Eucalyptus grandis Eucalyptus saligna Eucalyptus urophylla Pinus caribea var. caribea Pinus caribea var.hondurensis Pinus elliottii var.elliottii Pinus taeda L. Populus deltoides Fonte: NBR 7190/97 NOME COMUM E.Alba E.Dunnii E.Grandis E.Saligna E.Urophylla Pinus caribea Pinus hondurensis Pinus elliottii Pinus taeda Álamo Densidade g/m³ 0,70 0,69 0,64 0,73 0,73 0,57 0,53 0,56 0,64 0,40 41 Figura 14:: Gráfico da densidade aparente a 12% de umidade de 09 espécies exótica Comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor, 2011. Segundo SANHUEZA (1998), a madeira do Populus spp se qualifica como uma madeira de baixa densidade como pode ver na TABELA 3. Tabela 3:: Densidade da madeira No estado verde (g/cm³) 0,7 a 1,05 No estado seco (12% de umidade) (g/cm³) 0,30 a 0,55 Densidade básica (g/cm³) 0,28 a 0,52 FONTE: SANHUEZA, 1998 Verifica-se se que os resultados obtidos obtidos no trabalho são coerentes, pois os dados citados na TABELA 3 por SANHUEZA (1998), e a citação da FAO (2010), confirmam que Populus deltoides é uma espécie que possui uma madeira com baixa densidade. 4.3 Estabilidade dimensional da madeira A contração o volumétrica máxima é sem dúvida um resultado importante para a determinação de aptidão do uso da madeira de uma determinada espécie, mas junto devemos obter os valores do fator anisotrópico e suas respectivas contrações lineares, nos plano tangencial e radial. adial. A contração volumétrica mede a variação de volume da madeira de saturada a seca. Os resultados obtidos para a contração volumétrica em Populus 42 deltoides de 12 anos de idade com um lote de 20 corpos de prova apresentou um valor médio de 11,93 e um desvio padrão de 1,20. O valor máximo e mínimo foi de 15,28 e 10,02, respectivamente. A contração volumétrica da referente espécie pode ser vista na TABELA 4. Tabela 4: Contração volumétrica Corpo de prova 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 MÉDIA DES.PADRÃO Volume saturado(cm³) 379,2476 375,1516 373,1914 393,6761 390,4035 389,4745 391,4923 379,2974 379,5025 380,4353 371,2560 390,4574 387,2346 379,7911 370,9805 381,3189 371,4446 371,4463 382,2209 379,6398 380,8831 7,42 Volume 0% de umidade (cm³) Contração volumétrica (%) 330,7472 337,5716 329,7771 349,2794 346,5314 347,0189 350,2161 321,3498 326,2700 333,9149 331,2331 344,5513 343,4655 333,3452 323,2908 335,6937 329,4775 326,7759 335,7336 332,7332 335,4488 8,72 12,79 10,02 11,63 11,28 11,24 10,90 10,54 15,28 14,03 12,23 10,78 11,76 11,30 12,23 12,86 11,97 11,30 12,03 12,16 12,36 11,93 1,20 Fonte: O Autor, 2011. O valor da anisotropia de contração linear é a relação entre o valor da contração linear no plano tangencial com o valor da contração linear no plano radial. No presente trabalho o valor médio da relação entre as contrações linear tangencial e radial da madeira de Populus deltoides foi igual a 2,48 com um desvio padrão de 0,51. De posse destes valores já é possível determinar a sua estabilidade dimensional fazendo uma comparação com auxilio da TABELA 5 citada por KLITZKE & TOMASELLI (2000), de classificação da madeira através do coeficiente de anisotropia. 43 Tabela 5: Coeficiente de anisotropia. Coeficiente de Anisotropia Qualidade da Madeira < 1,5 Madeira muito estável 1,6 até 2,0 Média baixa 2,0 até 2,5 Média alta > 2,6 Madeira muito instável Fonte: KLITZKE & TOMASELLI (2000) O Populus deltoides pode ser classificado, segundo a TABELA 5 citada por Klitzker e Tomaselli (2000), como sendo uma madeira de média alta a muito instável, devido seu valor médio de 2,48% do coeficiente de anisotropia e um desvio padrão de 0,51%, que resulta em um intervalo de confiança entre 2,25 e 2,69%. Isto significa que sua utilização como madeira serrada deve ser restrita a produtos de baixo valor agregado, pois sua deformação é de grande magnitude. Os valores de contração da madeira de Populus deltoides encontrados no trabalho foram satisfatórios, pois os mesmos convergem para os dados de outros autores como SANHUEZA (1998), que mostra os valores contidos na TABELA 6. Tabela 6: Contração da madeira de Populus sp. LITERATURA CONTRAÇÃO Radial Tangencial Volumétrica FONTE: SANHUEZA, 1998. % 3,4 8,0 11,4 TRABALHO % 3,54 8,35 11,93 FONTE: O Autor, 2011. Os resultados médios encontrados de contração no trabalho foram os seguintes; valor médio de contração radial foi de 3,54 % com desvio padrão de 0,93; valor médio de contração tangencial foi de 8,35% com desvio padrão de 0,60 e o valor médio de contração volumétrica foi de 11,93% com desvio padrão de 1,20. Comparados com os dados citados na TABELA 6, pode-se perceber que são bem parecidos. Possibilitando a utilização desta madeira baseado nos valores encontrados conforme cita SANHUEZA (1998), para utilização de moveis, brinquedos, pranchetas de desenho, caixas de jóias, utensílios de cozinha, revestimentos internos como divisórias, lápis e embalagem diversas. 44 Ainda foi percebido que no momento em que os corpos de prova foram secos em estufa a uma temperatura de 103° ± 2°C, até atingirem zero por cento de umidade, houv e uma contração no sentido tangencial. Esta deformação apresentou um formato côncavo, com um achatamento das duas extremidades do corpo de prova no sentido tangencial, localizado no lenho primaveril. Cada camada de tecido lenhoso formado num período de vegetação constitui um anel de crescimento. Sabe-se que uma análise dos anéis de crescimento dá informações se a árvore apresenta incremento rápido (anéis largos) ou incremento lento (anéis estreitos). Em um anel de crescimento típico, distinguem-se normalmente duas partes: lenho inicial (lenho primaveril) e lenho tardio (lenho outonal). A FIGURA 15, ilustra a contração no sentido tangencial e mostra com ficou vendo no sentido longitudinal do corpo de prova. Figura 15: Contração no sentido tangencial e vista no sentido longitudinal. Fonte: o autor, 2011. No trabalho foram constatados que 06 corpos de prova tiveram contração no sentido tangencial em forma de “canaleta”, conforme apresenta FIGURA 15. A partir desta constatação foram feitas medições com corpo de prova a 0% de umidade, onde se mediu normalmente o sentido tangencial e outra medição foi feita medindo a parte da deformação. Comparando-se os as medições, a deformação média na “canaleta” foi de 0,77 mm, variando entre 0,34 a 1,54 mm. Observou-se que este efeito, foi localizado em corpo de prova com lenho primaveril mais desenvolvido (LP+), comparativamente aos corpos de prova com lenho primaveril menos desenvolvido (LP-). Considerou-se como mais desenvolvidos, o lenho primaveril com espessura acima de 19,70 mm, conforme registro na TABELA 7. 45 Tabela 7: Espessura (mm) do lenho primaveril com maior (LP+) e menor (LP-) desenvolvimento. LP+ (mm) 21,43 21,20 20,62 19,70 21,19 19,76 20,65 LP- (mm) 18,24 18,58 18,11 19,27 16,88 15,84 17,31 13,78 16,10 16,51 16,59 16,84 16,43 16,83 16,95 Fonte: O Autor, 2011. Observa-se que os corpos de prova que apresentaram defeito possuem maior média de espessura, comparativamente àqueles sem defeitos. Esta constatação pode ser um indicativo que o crescimento acelerado desta espécie pode gerar esse tipo de deformação localizada. 4.4 Módulo de Elasticidade a Flexão Estática Os resultados obtidos para o módulo de elasticidade em Populus deltoides de 12 anos de idade com um lote de 20 corpos de prova apresentou um valor médio de 7509 MPa (76591,80 kgf/cm²) e um desvio padrão de 768,3. O valor máximo e mínimo foi de 9101 MPa (92830,20 kgf/cm²) e 6085 MPa (62067,00 kgf/cm²), respectivamente. Os valores médios obtidos dos ensaios mecânicos de flexão estática da madeira de Populus deltoides na condição de 12% de umidade para força máxima de ruptura foi uma média de 3504 N (357,30 kgf) e o desvio padrão de 460,8N (46,98 Kgf) com valor máximo de 4080N (416,03 kgf) e o mínimo de 2679 N (273,17 kgf). Já para tensão máxima a media 46 foi de 50,48 MPa (514,89 kgf/cm²) com um desvio padrão de 7,050 e o valor máximo de 58,41MPa (595,78 kgf/cm²) e o mínimo de 37,56 MPa (383,11kgf/cm²). A FIGURA 16, ilustra o teste de flexão estática feito com corpo de prova da madeira de Populus deltoides. Figura 16: Teste de flexão. Fonte: O Autor, 2011. Os dados da tabela 8 do IPT estavam calculados com umidade de 15%. Por essa razão foi preciso fazer uma correção dos valores do nível de umidade de 15% para 12%, para podermos melhor comparar os dados. Esta conversão foi realizada com ajuda da seguinte expressão citada pela NBR 7190/97, que os resultados para a resistência devem ser corrigidos pela expressão: Sendo: :12 = :u% 1 + 3 % − 12 100 f12 = valor desejado ao teor de umidade 12%; fU% = valor encontrado em 15% de umidade; 1 = é uma constante; 3 = é uma constante; U% = é a porcentagem de umidade a ser corrigida, no caso 15% de umidade; 12 = é o teor umidade desejada; 100 = é uma constante. O valor obtido de flexão estática do Populus deltoides foi comparado com valores de espécies nativas, classificadas como madeiras de densidade leve, retirados do banco de dados do IPT (1989) e são mostrados na TABELA 8. 47 Tabela 8: Flexão estática-Madeira Madeira nativa a 12% de umidade classificadas com densidade baixa/IPT (1989). Nome Científico Nome Comum Limite de resistência (kgf/cm²) Limite de resistência (MPa ) Hura crepitans L. Açacu Boleiro Imbaúba Macacarecuia Paineira Tapiá Pinho- Bravo 614,76 644,19 672,53 632,20 396,76 541,73 656,18 60,27 63,16 65,93 61,98 38,90 53,11 64,33 Peroba-D'água-Amarela Caixeta Mandioqueira Álamo 703,05 819,68 333,54 514,89 68,93 80,36 32,70 50,48 Joannesia princips Vell. Cecropia sp Couroupita guianensis Aubi Eryotheca pentaphylla (Vell). Alchornea triplinervia (Spreng). Podocarpus lambertii Kl. Tetrorchidium rubrivenium Poepp.& Endl. Simarouba versicolor St. Hill. Didymopanax navarroi A.Samp. Populus deltoides Fonte: IPT, 1989. Figura 17:: Gráfico da flexão estática a 12% de umidade de 10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor. Segundo SANHUEZA (1998), os valores médios de flexão estática dado em kgf/cm² kg variam de 300 a 800 kgf/cm² dependendo da espécie de Populus sp,, demonstrando assim ass que os valores encontrados no no trabalho são coerente com que citam nas literaturas publicadas. É importante comentar que para os ensaios mecânicos todos os corpos de prova p devem estar isentos de defeitos conforme recomendações da NBR 7190/97, pois no momento de fazer o teste de flexão ocorreu que um corpo de prova possuía uma galeria 48 causada por um coleóptero, identificado como Platypus sp, onde justamente por não ter sido percebido este defeito o corpo de prova sofreu no momento do teste de flexão uma ruptura e gerou os seguintes valores: força máxima de 1549,05 N (157,96 kgf) e tensão máxima de 21,60 MPa (220,32 kgf/cm²) enquanto a média dos outros corpos de prova foram de 3504 N (357,30 kgf) para força máxima e de 50,48 MPa (514,89 kgf/cm²) para tensão máxima. A FIGURA 18 ilustra a ruptura no momento do teste de flexão do corpo de prova sem defeito com ruptura normal e de um corpo de prova com defeito. a b Figura 18: Corpo de prova: a) Com ruptura normal; b) Com defeito. Fonte: O autor, 2011. 4.5 Compressão Paralela às Fibras A resistência à compressão paralela às fibras é dada pela máxima tensão que pode ser aplicada a um corpo de prova até o aparecimento de ruptura ou de deformação. É importante obter esses dados, pois a resistência é a aptidão da madeira em suportar tensões. Segundo a NBR 7190 (1997), a máxima tensão de compressão é dada pela força aplicada em um corpo de prova com seção transversal quadrada de 5,0 cm de lado e 15,0 cm de comprimento, sendo dada por: :co = Sendo: :co max Fco,Máx = é a máxima força de compressão aplicada ao corpo de prova durante o ensaio, em kgf; A = é a área inicial da seção transversal comprimida, em cm²; 49 fco = é a resistência à compressão paralela às fibras, em kgf/cm². Os resultados obtidos no trabalho para a compressão paralela às fibras em Populus deltoides de 12 anos de idade com um lote de 20 corpos de prova apresentou um valor médio para força máxima de 233,96 kgf/cm² (22,94 MPa) e um desvio padrão de 36,82 kgf/cm² (3,61 MPa ). O valor máximo e mínimo foi de 288,20 kgf/cm² (28,25 MPa) e 131,00 kgf/cm² (12,84 MPa ), respectivamente. A FIGURA 19, ilustra o teste de compressão paralela às fibras, feito com corpo de prova da madeira de Populus deltoides. Figura 19: Teste de compressão paralela às fibras. Fonte: O Autor, 2011. A TABELA 9 com dados do IPT estavam calculados com umidade de 15%. Por essa razão foi preciso fazer uma correção dos valores do nível de umidade de 15% para 12%, para podermos melhor comparar os dados. Esta conversão foi realizada com ajuda da seguinte expressão citada pela NBR 7190/97, que os resultados para a resistência devem ser corrigidos pela expressão: Sendo: :12 = :u% 1 + 3 % − 12 100 f12 = valor desejado ao teor de umidade 12%; fU% = valor encontrado em 15% de umidade; 1 = é uma constante; 3 = é uma constante; U% = é a porcentagem de umidade a ser corrigida, no caso 15% de umidade; 12 = é o teor umidade desejada; 100 = é uma constante. 50 O valor obtido de compressão paralela às fibras do Populus deltoides foi comparado com valores de espécies nativas, classificadas como madeiras de densidade leve, retirados do banco de dados do IPT (1989) e são mostrados mostrado na TABELA 9. Tabela 9:: Compressão paralela às fibras - Madeira nativa a 12% de umidade classificadas com densidade baixa/IPT (1989). Nome Científico Nome Comum Hura crepitans L. Açacu Boleiro Imbaúba Macacarecuia Paineira Tapiá Pinho- Bravo Peroba-D'água-Amarela Caixeta Mandioqueira Álamo Joannesia princips Vell. Cecropia sp Couroupita guianensis Aubi Eryotheca pentaphylla (Vell). Alchornea triplinervia (Spreng). Podocarpus lambertii Kl. Tetrorchidium rubrivenium Poepp.& Endl. Simarouba versicolor St. Hill. Didymopanax navarroi A.Samp. Populus deltoides Limite de Limite de resistência(kgf/cm²) resistência(MPa) 296,48 313,92 330,27 385,86 238,71 280,13 353,16 336,81 406,57 333,54 233,96 29,07 30,78 32,38 37,83 23,40 27,46 34,62 33,02 39,86 32,70 22,94 Fonte: IPT, 1989. Figura 20:: Gráfico de Compressão paralela às fibras a 12% de umidade de 10 espécies nativas comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor, 2011. Segundo SANHUEZA (1998), os os valores médios de compressão paralela às fibras dado em kgf/cm² variam de 120 a 480 kgf/cm² dependendo da espécie de Populus sp, demonstrando assim que os valores encontrados não trabalho estão coerente com os dados citados nas literaturas publicadas. 51 Por se tratar de uma espécie exótica o resultado de compressão paralela às fibras do Populus deltoides, também foi comparado com algumas espécies nativas e exóticas conhecidas. A comparação foi feita com valores obtidos na norma NBR 7190/97, anexo E, da tabela de valores médios de madeiras dicotiledôneas nativas e de florestamento. Neste caso os dados na NBR 7190/97 já se encontravam com valores médios para U= 12%, conforme demonstra na TABELA 10. Tabela 10: Densidade aparente a 12% de umidade e limite de resistência a compressão. NOME CIENTÍFICO NOME COMUM Densidade (g/m³) Limite de resistência a compressão (MPa) Eucalyptus alba Eucalyptus dunnii Eucalyptus grandis Eucalyptus saligna Eucalyptus urophylla Pinus caribea var. caribea Pinus caribea var.hondurensis Pinus elliottii var.elliottii Pinus caribea var. bahamensis Pinus taeda L. Populus deltoides Araucaria angunstifolia Termilalia ssp Cassia ferruginea Cedrella spp Pinus oocarpa shiede Peltophorum vogelianum Tabebuia serratifolia Manikara spp Hymenolobium ssp Vochysia ssp Goupia glabra Eucalyptus maculata Eucalyptus paniculata Erisma uncinatum E.Alba E.Dunnii E.Grandis E.Saligna E.Urophylla Pinus caribea Pinus hondurensis Pinus elliottii Pinus bahamensis Pinus taeda Álamo Pinho do Paraná Branquilho Canafístula Cedro doce Pinus oocarpa Guarucaia Ipê Maçaranduba Angelin Ferro Casca Grossa Cupiúba E. Maculata E. Paniculata Quarubarana 0,70 0,69 0,64 0,73 0,73 0,57 0,53 0,56 0,53 0,64 0,40 0,58 0,80 0,87 0,50 0,53 0,91 1,06 1,14 1,17 0,80 0,84 0,93 1,08 0,54 47,3 48,9 40,3 46,8 46,0 35,4 42,3 40,4 32,6 44,4 22,9 40,9 48,1 52,0 31,5 43,6 62,4 76,0 82,9 79,5 56,0 54,4 63,5 72,7 37,8 Fonte: NBR 7190/97 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 E.Alba E.Dunnii E.Grandis E.Saligna E.Urophylla Pinus caribea Pinus hondurensis Pinus elliottii Pinus bahamensis Pinus taeda Álamo Pinho do Paraná Branquilho Canafístula Cedro doce Pinus oocarpa Guarucaia Ipê Maçaranduba Angelin Ferro Casca Grossa Cupiúba E. Maculata E. Paniculata Quarubarana Compressão(MPa) 52 Nome comum Figura 21: Gráfico de Compressão paralela às fibras a 12% de umidade de espécies nativas e exóticas obtidas da NBR 7190/97, comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor, 2011. 90,0 Compressão(MPa) 80,0 y = 120x3 - 263,8x2 + 250,2x - 40,06 R² = 0,951 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 Densidade(g/cm³) Figura 22: Gráfico de dispersão com dados de espécies nativas e exóticas obtidos da NBR 7190/97, comparadas com Populus deltoides. Fonte: O Autor, 2011. A FIGURA 22, demostra que os dados de compressão paralela às fibras da madeira de Populus deltoides esta de acordo com as outras espécies, pois como podemos perceber existe uma relação em que quanto maior é a densidade maior é a resistência a compressão paralela às fibras. E madeira de Populus deltoides demostrou um valor baixo comparado com outras espécies, indicando que a madeira não serve para fins estruturais. 53 5 CONCLUSÃO O Populus deltoides além de apresentar uma madeira de densidade baixa e valores de resistência mecânica baixa, os seus valores para coeficiente de retratibilidade e fator de anisotropia foram altos, mostrando-se ser uma madeira com uso inadequado para fins estruturais. De acordo com os resultados obtidos nos testes físicos e mecânicos da madeira de Populus deltoides e levando em conta as recomendações de utilização da madeira feita pelo IPT (1989) das espécies nativas que se usa no trabalho para comparativos com a madeira do álamo, e mais os dados mencionados pela FAO e por SANHUEZA (1998), conclui-se que a madeira do Populus deltoides é recomenda para os seguintes usos: • Brinquedos; • Painéis aglomerados ou de partículas; • Painéis compensados; • Embalagens (caixotaria, palites, etc.); • Lápis; • Miolo de porta e painel; • Palitos (de fósforo, de sorvete, de dente, etc.); • Cavacos. É importante obter maiores estudos sobre a deformação constatada em anéis de crescimento primaveris com grande desenvolvimento. Esta constatação pode ser um indicativo que o crescimento acelerado desta espécie pode gerar algum tipo de deformação localizada, em madeira serrada. Outro fator importante que requer atenção é o efeito do Platypus sp, que pode comprometer a resistência da madeira. Da mesma forma, esse inseto prejudica a aparência, quando da laminação da tora,restringindo sua utilização como capa. 54 6 REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. CALIL. C. J., DIAS, A. A.; LAHR, F. A. R. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2003. FAO. Poplars and willows of the world,with emphassis on silviculturally important species. Roma, Itália, 2008. FAO. Poplars and willows for rural livelihoods and sustainable development. Roma, Itália, 2011. FAO. Properties,processing and utilization. Roma, Itália, 2010. FAO. The domestication and conservation of Populus genetic resources. Roma, Itália, 2009 GONZAGA, A. L. Madeira: Uso e conservação. Caderno técnico; 6, Brasilia, DF: Iphan/Monumenta, 2006. IPT – INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO: DIVISÃO DE MADEIRAS. Fichas de características das madeiras brasileiras. São Paulo, 1989. KLITZKE, J. R. & TOMASELLI, I. Secagem da Madeira. Canoinhas, SC: Universidade do Contestado, 2000. LEPAGE, E. S. Manual de Preservação de Madeiras. Volume 1, São Paulo, SP: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo/ Divisão de Madeiras,1986. LOGSDON, N. B.; CALIL JUNIOR, C. Influência da Umidade nas Propriedades de Resistência e Rigidez da Madeira, 2002. LORENZI, Harry. Árvores Exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2003. 55 MOURA, L. F. B. de, Manual do Técnico Florestal. Apostila do Colégio Florestal de Irati, 4 vol. Ilust, Campo Largo, Ingra S/A, 1986. SANHUEZA, A. S. Cultivo Del alamo (Populus ssp.).Parte 2, Santiago, Chile: Corporación Nacional Florestal,1998. SERPA, P. N. Propriedades da madeira de Pinus elliotti. Revista da madeira. Curitiba, v. 14, n. 86, dez. 2004. 56 ANEXO A – Resultado do ensaio mecânico de flexão em Madeira de Populus deltóides. 57 ANEXO B – Resultado do ensaio mecânico de flexão em Madeira de Populus deltoides, apresentando o corpo de prova nº 6 com dano de Platypus sp, com resultado baixo. 58 ANEXO C – Resultado do ensaio mecânico de compressão paralela às fibras.