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Assessoria ao Cirurgião Dentista
Publicação mensal interna da Papaiz – edição XIII – Novembro de 2015
Escrito por:
Dr. André Simões, radiologista da Papaiz Diagnósticos Odontológicos por Imagem
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Cisto Ósseo Traumático
como achado Radiográfico
O Cisto Ósseo Traumático (COT) ao contrário
do que seu nome indica, não possui um
recobrimento epitelial característico de lesões
císticas, e, por esta razão, esta lesão é
classificada como um “pseudo cisto”. O COT
pode se apresentar como uma cavidade vazia
ou estar preenchida por conteúdo fluido (serosanguinolento, por vezes). Esta patologia possui
vários sinônimos: cisto ósseo simples, cisto
ósseo hemorrágico, lesão traumática interna da
mandíbula, cisto ósseo unicameral, cavidade
óssea idiopática – toda esta nomenclatura
reflete o pouco conhecimento a respeito da
etiologia da lesão.
Apesar da patogênese incerta, muitos autores acreditam que o COT se forma após a reabsorção de foco
hemorrágico-intraósseo que foi induzido por trauma, já que muitos pacientes acometidos relatam história de acidente
envolvendo a face. Neville (2009) usa a expressão “teoria de trauma-hemorragia” para explicar que um trauma que
não tenha força de impacto o suficiente para ocasionar uma fratura óssea, resulta em um hematoma intraósseo; se o
hematoma não sofrer organização e reparo, poderá ser reabsorvido juntamente com o osso circunvizinho (resultando
em uma cavidade vazia) ou liquefazer-se (produzindo um fluido sero-sanguinolento). Apesar de ser bem aceita na
literatura odontológica, ela tem pouco suporte na literatura ortopédica para explicar lesões similares ao COT em
ossos longos.
No complexo maxilo mandibular, o osso de eleição é mandíbula, em região posterior do processo alveolar e corpo;
são mais frequentes em pacientes entre 10 e 20 anos de idade.
O COT é geralmente descoberto por exames imaginológicos de rotina porque não provoca sintomatologia dolorosa,
os elementos adjacentes costumam responder positivamente ao teste de vitalidade pulpar e poucos são os casos em
que, radiograficamente, constata-se um discreto aumento de volume de corticais envolvidas. O COT possui resolução
radiolúcida/hipodensa; em alguns casos, seus limites podem estar definidos e corticalizados, insinuando-se
(interdigitando-se) por entre as raízes dos elementos próximos, porém sem reabsorvê-las. Em outros casos, esta lesão
pode apresentar limites difusos e discreta/parcialmente corticalizados.
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ASPECTOS
RADIOGRÁFICOS
Paciente do gênero masculino, 17 anos de idade.
Em processo alveolar e corpo da mandíbula, lado
esquerdo, observamos extensa imagem
radiolúcida, cujo limite superior, corticalizado,
insinua-se por entre as raízes dos dentes molares
correspondentes: imagem compatível com COT.
Notam-se elementos supranumerários tanto ao
arco superior quanto ao inferior.
Paciente do gênero masculino, 12 anos de idade.
Em corpo e processo alveolar da mandíbula, ao
lado direito, notamos imagem radiolúcida de
limites parcialmente definidos e corticalizados;
notamos a interdigitação da área radiolúcida por
entre os dentes 45, 46 e 47 – imagem compatível
com COT.
Paciente do gênero feminino, 16 anos de idade. A
radiografia panorâmica mostra imagem radiolúcida
de limites discretamente definidos e corticalizados,
interdigitando-se entre as raízes dos pré-molares e
molares, na mandíbula, lado direito. No detalhe:
pela vista oclusal (técnica de Miller-Winter), a
cortical lingual mostra-se adelgaçada, porém não
há aumento de volume. A radiografia periapical
mostra a interdigitação da lesão por entre os
dentes 47, 46 e 45. Imagem compatível com COT.
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ASPECTOS
RADIOGRÁFICOS
Paciente do gênero feminino, 25 anos de idade. Por meio da
radiografia panorâmica, verificamos extensa imagem radiolúcida
acometendo sínfise da mandíbula, estendendo-se do dente 44
até próximo ao dente 34. Por meio da telerradiografia em
norma lateral, constatamos discreto abaulamento com
adelgaçamento da cortical vestibular do processo alveolar da
mandíbula. Imagem compatível com COT.
Paciente do gênero feminino, 16 anos de idade. Por
meio da incidência panorâmica, há imagem radiolúcida
de limites parcialmente definidos e discretamente
corticalizados, projetando-se às raízes dos elementos
31 ao 34. Imagem compatível com COT.
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ASPECTOS
TOMOGRÁFICOS
CASO I
Paciente do gênero masculino, de 19 anos idade. Por meio da vista panorâmica, sequência de cortes sagitais,
corte coronal e axiais, verificamos imagem hipodensa, unilocular, de limites definidos e corticalizados em
processo alveolar e corpo de mandíbula, lado direito, mantendo contato e interdigitando-se entre as raízes
do elemento 47 até ao 43. Podemos observar discreto aumento de volume da cortical lingual do processo
alveolar. Imagem compatível com COT.
CASO I
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CASO II
Paciente do gênero masculino, 23 anos de idade. Por
meio da vista panorâmica, sequência de cortes
transversais e cortes sagital e axial verificamos
imagem hipodensa de limites discretamente
definidos e parcialmente corticalizados (item A), em
processo alveolar e corpo da mandíbula, lado direito,
interdigitando-se por entre as raízes dos dentes
48,47 e 46 e mantendo contato com o canal da
mandíbula (Item CM). Não há aumento de volume
das corticais vestibulares e lingual do processo
alveolar. Imagem compatível com COT.
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Referências Bibliográficas
Papaiz EG;
Capella LRC,
Oliveira RJ. Atlas de Tomografia Computadorizada por Feixe Conico para o Cirurgião-dentista.
São Paulo: Editora Santos, 2011 Capítulo 7 (Lesões Maxilomandibulares – Cistos. Pag. 91-104.
Neville BW;
Damm DD;
Allen AM; Bouquot JE. Patologia Oral e Maxilofacial. 3 ED. – Rio de Janeiro, Elsevier,2009.
Capítulo 14 (Patologia Óssea). Pag. 615-636
Soares, HA. Lesões Ósseas In: Estomatologia – Bases do Diagnóstico para o Clínico Geral. 1 ed. – São
Paulo: Santos, 2007. Capítulo 10. Pag.239-265.
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