UMA TAXONOMIA PARA OS DISPOSITIVOS DE ACESSO
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UMA TAXONOMIA PARA OS DISPOSITIVOS DE ACESSO
II Seminário ATIID - Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 23-24/09/2003 UMA TAXONOMIA PARA OS DISPOSITIVOS DE ACESSO À INFORMAÇÃO VOLTADOS PARA O DEFICIENTE VISUAL José Oscar Fontanini de CARVALHO PUC-Campinas/Pontifícia Universidade Católica Campinas-SP, Brasil [email protected] RESUMO: A tecnologia de acesso à informação voltada para o deficiente visual (DV) é muito diversificada. Tem sido identificada uma grande dificuldade, para aqueles que estão tendo os seus primeiros contatos com os dispositivos de acesso à informação voltados para o DV (DAIDV), de entendê-los e, conseqüentemente, de identificar o dispositivo mais adequado para solucionar um determinado problema de acessibilidade, por não conhecerem a amplitude das possíveis soluções. O objetivo deste trabalho é propor e divulgar uma taxonomia que facilite a apresentação e o entendimento dos DAIDV. INTRODUÇÃO A tecnologia de acesso à informação voltada para o DV é ampla e variada. O autor deste trabalho tem se envolvido com profissionais das áreas de Educação Especial, de Informática e com DVs interessados em conhecer os DAIDV. Tem sido identificada uma grande dificuldade, para aqueles que estão tendo os seus primeiros contatos com os DAIDV, de entendê-los e, conseqüentemente, de identificar o dispositivo mais adequado para solucionar um determinado problema de acessibilidade, por não conhecerem a amplitude das possíveis soluções. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é propor e divulgar uma taxonomia que facilite a apresentação e o entendimento dos DAIDV. MÉTODO Existem várias maneiras de apresentação dos DAIDV encontradas na literatura. Não existe uma taxonomia amplamente utilizada para apresentação de tais dispositivos. Podese citar, como exemplo entre tantas, as propostas por Carvalho (1995), por Cerqueira e Ferreira (2000) e por Nabais et al (2000). As propostas de taxonomia que têm sido apresentadas não são satisfatórias para abranger todos os principais tipos de DAIDV. Em uma tentativa de solução para o problema propõe-se, neste trabalho, uma taxonomia baseada nos sentidos utilizados pelos DVs para compensarem a sua perda de visão: a audição, o tato, o olfato e o paladar. Além destes sentidos, o da visão deverá ser incluído, contemplando a visão residual dos deficientes com visão subnormal. Como todas as formas de informação têm que ser percebidas por, pelo menos, um destes cinco sentidos, acredita-se que uma taxonomia baseada neles consiga abranger todos os tipos de dispositivos que se proponham a acessá-las. Alguns dispositivos operam como interfaces entre um dispositivo de acesso à informação e uma fonte ou receptora da mesma, intermediando uma transformação da informação, antes que possa ser interpretada pelo II Seminário ATIID - Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 23-24/09/2003 usuário da informação. Tais dispositivos também devem ser apresentados, portanto, propõe-se a criação de uma sexta classe denominada por dispositivos transcritores. RESULTADOS A taxonomia proposta para apresentação dos DAIDV resulta em seis classes de geradores de informação: visual ampliada, tátil, auditiva, olfativa, gustativa e transcritores. Os DAIDV, descritos a seguir, foram compilados de vários trabalhos, cujas referências são apresentadas em Carvalho (2001). Não esgotam o universo existente no mercado. Sugere-se uma constante atualização deste material. Geradores de informação visual ampliada. Ampliadores de tela de computadorsão dispositivos utilizados para acessar a informação disponível em computadores, de forma visual ampliada. Pode-se obter a ampliação da saída de vídeo de um computador por meio de um processador de tipos grandes, baseado em hardware, ou por meio de software que irá aumentar o tamanho do que aparecer na tela. Usuário: visão subnormal. • • Sistemas de circuito fechado de televisão (CCTV)- são dispositivos que aumentam os ortóptipos de leitura e escrita até 60 vezes podendo variar o contraste. Alguns destes dispositivos podem ser conectados a um computador para obtenção de imagens da tela do mesmo. Usuário: visão subnormal. • Lentes ou sistemas de lentes- são utilizados para ampliar textos, imagens, ou objetos. Os mais comuns são: lentes esféricas; lupas manuais e réguas plano-convexas; lupas de mesa com iluminação e telesistemas. Usuário: visão subnormal. Geradores de informação auditiva. • Braille falado- Aparelho eletrônico portátil que funciona como agenda eletrônica, editor de textos e cronômetro. Os dados são introduzidos via teclado Braille de sete teclas e disponibilizados por meio de seu sintetizador de voz. Usuário: cego. • Gravadores de fita cassetteamplamente utilizados, constituem eficiente recurso para armazenamento de informação para posterior recuperação auditiva. Usuário: visão subnormal ou cego. • Sintetizadores de voz- conectados a um computador, permitem a leitura de informações exibidas em um monitor, previamente interpretadas por um leitor de tela. Usuário: visão subnormal ou cego. Geradores de informação tátil. • Impressoras Braille- seguem o mesmo conceito das impressoras de impacto comuns. Podem imprimir Braille, além de desenhos. Usuário: cego. • Máquinas de datilografia Braille- são equipamentos mecânicos de princípio semelhante ao das máquinas de escrever comuns, porém, com o objetivo de grafar caracteres em Braille em uma folha de papel. Usuário: cego. II Seminário ATIID - Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 23-24/09/2003 • Regletes- são os dispositivos mais utilizados para a escrita no sistema Braille, devido ao seu baixo custo, facilidade de utilização e formato portátil. Estes materiais têm a função de grafar, em alto relevo, em uma folha de papel, os caracteres da escrita Braille. São compostos por: uma prancha de madeira retangular, uma régua dupla de metal e um punção. Usuário: cego. • Terminais de acesso em Braille para computadores- fornecem uma janela móvel, codificada em Braille, que pode ser deslocada sobre o texto apresentado na tela do computador. O dispositivo consiste de uma linha formada por vinte a oitenta células Braille, cada uma representando um caractere, com seis solenóides por célula (cada solenóide representando um ponto de código). Ao se pressionar uma tecla do teclado comum do computador, ou na atualização da tela do seu vídeo, ativa-se os solenóides do terminal de acesso Braille. Usuário: cego. • Copiadoras em alto relevo- são equipamentos que, através de calor e de vácuo, duplicam materiais impressos, produzindo cópias em relevo, em películas de PVC. Usuário: cego ou com visão subnormal. Geradores de informação olfativa. Foi divulgado na literatura um dispositivo que se propõe a disponibilizar certos aromas (caixa de interface aromática), relativos a objetos que são simultaneamente apresentados pelo computador. Apesar disto, esta categoria permanece vazia. Nada de prático é apresentado que possa ser aqui classificado. Geradores de informação gustativa. A empresa americana Trisenx desenvolveu um dispositivo que oferece uma amostra do gosto de alimentos apresentados na tela de um computador. As informações são descarregadas de sites e enviadas ao Senx, periférico que reproduz sabores. O aparelho funciona com substâncias químicas que são acrescentadas a pastilhas comestíveis servidas ao usuário. Esta categoria também permanece vazia, por nada de prático ser apresentado que possa aqui ser classificado. Transcritores. • Leitores de tela de computador- são software que acessam informações armazenadas no computador e as enviam a sintetizadores de voz. São bastante genéricos, podendo trabalhar com diversos tipos de programas aplicativos diferentes. Usuário: cego ou com visão subnormal. • Sistemas de reconhecimento de caracteres óticos (OCR)- permitem a conversão de textos impressos para meio digital possível de ser interpretado por outros dispositivos de acesso. O sistema consiste de um “scanner” e de um software próprio. Usuário: cego ou com visão subnormal. • Reconhecedores de voz- permitem a substituição do teclado de um computador para a introdução de dados por comandos de voz. Usuário: cego ou com visão subnormal. • Transcritores Braille- são software que executam a transcrição de textos escritos no sistema de escrita comum, armazenados em computadores, para o sistema Braille, disponibilizando-os para II Seminário ATIID - Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo-SP, 23-24/09/2003 serem impressos por especiais. Usuário: cego. impressoras • Sistemas de reconhecimento de Braille Óptico (OBR)- são transcritores de textos do sistema Braille, apresentados em papel, em alto relevo, para o sistema óptico em formato digitalizado. Os sistemas possibilitam o acesso a textos em Braille para pessoas videntes que não têm conhecimento de transcrição Braille. Os sistemas consistem de um "scanner" adaptado e de software próprio. Usuário: cego. CONCLUSÃO O autor aplicou o apresentado em uma disciplina de um curso de especialização em Educação Especial, cujos alunos não tinham formação na área tecnológica, e verificou uma melhora significativa no entendimento da tecnologia apresentada. REFERÊNCIAS Carvalho, José Oscar F.. Sistemas de. Interação Homem-Computador Destinados aos Deficientes Visuais. Informédica. Revista de Informática para Médicos. Campinas, NIB UNICAMP, v. 2, n. 12, janeiro/fevereiro, p. 11-15, 1995. Carvalho, José Oscar F.. Soluções tecnológicas para viabilizar o acesso do DV à Educação a Distância no Ensino Superior. Tese de Doutorado, FEEC UNICAMP, Campinas, Brasil, 2001. Cerqueira, J. B. e Ferreira, E. M. B.. Recursos Didáticos na Educação Especial. Benjamim Constant. RJ, Instituto Benjamim Constant, MEC, CPDI, ano 6, n. 15, abril, p. 24-28, 2000. ISSN 1414-6339. Nabais, M. L. M. et al. Estudo Profissiográfico: O Encaminhamento do Deficiente Visual ao Mercado de Trabalho. Benjamim Constant. RJ, Instituto Benjamim Constant, MEC, CPDI, ano 6, n. 15, abril, p. 8-23, 2000. ISSN 1414-6339. Importante: Qualquer citação deste texto ou partes dele, sob qualquer forma ou meio, deve obrigatoriamente incluir, além do título e autor, a menção de "Anais do II Seminário ATIID, São Paulo-SP, 2324/09/2003" disponível online em: http://www.fsp.usp.br/acessibilidade