CIGA-Informando 37 - Ciga-Brasil

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CIGA-Informando 37 - Ciga-Brasil
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Foto: Rubens Zischler
de
ANO 7 - NÚMERO 37 - OUTUBRO 2005 - TIRAGEM: 1500 EXEMPLARES
Que...
Que nesse novo ano a gente queira ser feliz, porque todos merecemos, até mesmo cada um de nós.
Que a gente acredite em milagres, porque, do jeito que tudo anda, sem eles vai ser difícil.
Que a gente queira a justiça social, mas comece na própria casa ou empresa.
Que a gente deseje a fraternidade, mas abrace os amigos, ame a família, e para começar seja
carinhoso consigo mesmo.
Que a gente promova a ética, mas não se sujeite a qualquer tipo de relação que nos humilhe,
castre e deforme.
Que apesar da violência, da desonestidade, da insegurança, da farsa, da fanfarronice, da
mesmice, da acomodação, da bajulação e da frivolidade reinantes, a gente consiga ver que isso
não é tudo, e nem todos são assim.
Que embora aspirando à coerência a gente às vezes se permita ser ambivalente, pois a rigidez
leva à mediocridade.
Que embora querendo tudo isso a gente também se permita ser um pouco bobo, romântico,
infantil, e se deixe seduzir pela magia - para não acabar bitolado, intolerante, e irremediavelmente chato.
E finalmente que a gente saiba que somos ao mesmo tempo responsáveis e inocentes em
relação ao que acontece e ao legado que, sem saber, inevitavelmente deixamos.
Lya Luft
Continua página 3
➙
CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
➙ Continuação da página 1 Com essa mensagem da Lia Luft queremos desejar a todos
um ótimo final de ano, Feliz Natal e um
começo de 2006 cheio de esperança e energia para a caminhada.
No ano que passou vivemos muitas
experiências e para muita gente foi o início
de uma nova caminhada. Um exemplo é uma
das nossas entrevistadas, Roseni Kurányi,
que estreou no mundo da literatura com
duas obras para o público infantil. Ela conta
um pouco sobre o processo de criação e seus
planos para o futuro. Também o escritor José
Honório Silva, o cordelista cibernético, saiu
das fronteiras brasileiras e veio mostrar, em
várias cidades da Suíça, suas poesias de cordel.
Enquanto isso, no Brasil, assistimos à
prisão preventiva do ex-prefeito de São
Paulo e ex-governador Paulo Maluf e seu
filho, acusados de atrapalhar as investigações sobre suas contas secretas na Suíça. A
prisão do político é apenas mais um capítulo
de uma história que vem se desenrolando
desde agosto de 2001, com a divulgação no
Brasil de documentos com a denúncia do
Citibank à Justiça Federal suíça sobre contas
suspeitas de Maluf. De lá para cá o caso teve
muitas nuances, descritas em detalhes no
livro mais que oportuno do jornalista Rui
Martins: «O dinheiro sujo da corrupção – por
que a Suíça entregou Maluf», lançado em
outubro pela Geração Editorial. O jornalista,
que mora na Suíça desde os anos 80 e foi correspondente da Companhia Brasileira de
Notícias (CBN), acompanhou de perto o caso
e contou para o CIGA-Informando um pouco
dessa história e de seus outros campos de
batalha.
Para completar, publicamos uma carta
aberta ao senador Cristovam Buarque, falando
sobre a situação dos filhos de brasileiros nascidos no exterior. Desde 1994 a nacionalidade
desses brasileirinhos ainda não está garantida.
Esperamos que vocês gostem da leitura e
continuem conosco também em 2006.
Estamos aguardando vocês no Bazar de
Natal. Até lá!
Equipes do CIGA-Brasil
AGENDA
DINHEIRO URGENTE !!!!!
12 de dezembro (Domingo), a partir das 11 horas às 18 horas.
ATENÇÃO! NOVO LOCAL:
SALÃO DA BURGGARTENSCHULHAUS
(Antiga Escola Internacional), em BOTTMINGEN
(Acesso com os trams 10 e 17 ou com o ônibus 34, descendo no ponto de Bottmingen
e atravessando a rua em direção ao Bottmingerschloss. A escola fica ao lado do castelo)
As lojas já estão decoradas, nos supermercados aparecem os arranjos com velas e as
guloseimas, a cidade se ilumina preparando a chegada do Natal.
Nós também estamos a todo vapor organizando nosso Bazar de Natal, que neste ano terá novas
atrações e bons motivos para você não deixar de vir. Nos diversos estantes, você vai encontrar
salgados e doces, decoração natalina, cartões, livros, bijouterias, artesanato, sugestões de presentes
para o Natal e muito mais.
No palco a animação ficará por conta do Gegê do Cavaco, que vem especialmente de Zurique para
alegrar a festa. E depois de esquentar os pés ao ritmo do Gegê, vem a hora de esquentar o estômago
com uma gostosa feijoada. Não faltará guaraná e caipirinha para completar o gostinho de Brasil.
Traga seus amigos e familiares e venha entrar no espírito de Natal à moda brasileira,
com muita descontração e alegria.
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
Foto: Arquivo
Tem muita gente grande que ainda lembra das noites da infância, quando não ía dormir antes
de ouvir uma história. Eram vários personagens vivendo grandes aventuras e às vezes até se
dormia no meio, não importava. Os tempos mudaram, mas as crianças de hoje continuam
curtindo aquela historinha antes de dormir. Roseni Kurányi sabe disso e, do hábito de contar
histórias para seus filhos, acabou lançando dois livros infantis. Por E-mail ela contou ao CIGAInformando como tudo aconteceu.
Roseni no lançamento dos livros no Brasil
Você acaba de estrear no mundo literário no
Brasil com dois livros dirigidos ao público
infantil, «Sexta-feira 13» e «O Menino Que
Queria Viver na Floresta». Qual é o tema das
duas obras?
«O Menino Que Queria Viver Na Floresta»
Após uma visita ao zoológico, Lucas, que
adora animais, começa a pensar como deve
ser horrível para aqueles bichos viverem presos em jaulas. Farto de sua vida de obrigações
chatas, como ir à escola, escovar os dentes e
coisas do tipo, resolve fugir de casa e se juntar aos seus amiguinhos na floresta. A peraltice de Lucas transforma-se numa aventura,
onde ele aprende um monte de coisas importantes.
coisas horríveis sobre esse dia, por isto não
consegue imaginar outra razão para tanta
esquisitice, até que de repente tudo é
esclarecido.
«Sexta-Feira 13»
Numa certa sexta-feira 13, o pequeno
Eduardo vive um dia cheio de acontecimentos estranhos, desde a hora em que acorda.
As pessoas que cruzam o seu caminho
durante o dia todo, em casa, na vizinhança,
na escola e até no comércio, o tratam de
forma diferente do costume e isto lhe assusta
e intriga. Ele é tomado por uma onda de
medo, achando que o motivo de tudo aquilo
é porque é sexta-feira 13. Ele já tinha ouvido
Você é do tipo «contadora de histórias»?
Como você entrou no mundo literário?
Sou, e gosto muito disto. Quando meus
filhos eram menores brincava com eles de
inventar histórias, partindo de palavras soltas
que falávamos. Um dia, Romulo, meu filho
mais velho, me deu três palavras. Deitada ao
seu lado, comecei a criar um conto com as
mesmas. Ao terminar, percebi que ele estava
bem quietinho, como que dormindo. Semanas depois, ao levá-lo para a cama, eu lhe
Qual sua fonte de inspiração e sua motivação
para escrever os livros e como foi o processo
de criação?
Busco inspiração nas coisas mais naturais
do dia-a-dia. Num cheiro, numa música, num
bate papo, nas minhas lembranças. No caso
dos contos infantis, como mãe de dois filhos,
estou automaticamente em contato com o
mundo infantil e isto me dá a chance de
vivenciar um pouco a mentalidade das crianças.
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disse para me contar qualquer história que
ele já soubesse. Aí, ele repetiu direitinho
aquela que eu havia inventado, dizendo ser
ela sua preferida. Então resolvi passá-la para
o papel.
Mais tarde, ao acompanhar meu marido
para a Alemanha, juntamente com meus filhos, tive que deixar para trás minha família,
os amigos e o curso de psicologia que decidira fazer. No período que compreendeu a fase
de adaptação ao novo País, refleti muito
sobre minha vida e o que realmente queria
para mim, num processo de busca de mim
mesma. Foi quando, involuntariamente,
comecei a tirar meus manuscritos da gaveta,
reescrevendo algumas histórias e criando
novas. Assim, fui me dedicando cada vez mais
a esta atividade, até que surgiu a oportunidade de publicar o primeiro livro. A partir
daí, decidi transformar meu hobby em profissão. Escrever para mim agora, é uma opção
de vida.
Baseado naquele fato, escrevi meu primeiro
conto, um drama. Mas, com o tempo, meu
estilo se revelou bem variado. Hoje, além de
dramas, escrevo comédias, romances e infantis.
Você está começando com histórias infantis.
E o público adulto, também pode fazer parte
do seu círculo de leitores?
Em princípio, meu alvo era o público
adulto, já que os contos infantis eram escritos
somente para serem contados aos meus filhos, sobrinhos ou até mesmo à criançada da
Quem é responsável pela ilustração dos seus
livros e qual o papel dos desenhos nas histórias?
A curitibana Lucilia Alencastro. A
Artpress e eu saímos à procura de um
ilustrador, cujo estilo combinasse com meus
textos. Ao conhecer o trabalho de Lucilia,
gostei demais. De forma graciosa, ela conseguiu retratar com seus desenhos exatamente aquilo que eu idealizava nas minhas
histórias. O resultado foi um casamento feliz,
que agradou a ambas as partes.
Foto: Arquivo
Conta mais uma história, mãe...
A escritora autografa seus livros
vizinhança. Quando mandei meus textos para
a editora Artpress, mandei junto os infantis
somente para mostrar diversidade. Fiquei surpresa quando me disseram que que gostariam de publicar os contos infantis. Refleti
por um tempo, mas depois fiquei feliz, por
meu trabalho começar pelo infantil, assim
como a vida.
Faz muito tempo que você começou a escrever? Que estilos você desenvolve?
Para ser franca, não sei precisar exatamente como comecei, pois antes, escrever
para mim era só um passatempo, um hobby.
Por volta dos 25 anos, havia acabado de ser
mãe pela segunda vez, quando presenciei em
uma praça no Rio de Janeiro, a manifestação
de várias mães que tiveram os filhos
sequestrados ou desaparecidos. Elas apresentavam cartazes com as fotos dos filhos, à
procura de notícias e ajuda. Fiquei muito sensibilizada e não conseguia tirar da mente o
rosto daquelas mulheres desesperadas e
cansadas, que não desistiam de sua luta.
Como mãe, você passa as histórias pelo
«crivo» das crianças para testar a receptividade do público? Eles ajudam a escolher os
temas?
Meus filhos desempenham um papel
muito importante nesse processo. Ainda
conto histórias para o caçula, de 13 anos.
Com o mais velho, de Continua página 6 ➙
5
CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
➙ Continuação da página 5 16, costumo me sentar e discutir as histórias. Percebo também
que meu repertório de idéias aumenta à
medida que eles crescem. Com isto, já
começo a desenvolver idéias também
voltadas para o segmento juvenil.
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
Como está sendo a aceitação de seus livros
no Brasil?
Estive lá durante um mês para a campanha
de divulgação e os resultados foram e têm
sido surpreendentes. Numa primeira fase,
procurei me concentrar em apresentar os
livros em minha cidade natal, Petrópolis, no
Rio de Janeiro, através da promoção de eventos para o público e de visitação a diversas
escolas. Um dos eventos, dirigidos a diretores
das escolas particulares de Petrópolis, além
de diretores e professores do ensino público,
teve uma importância especial para mim. Ali
Muita gente escreve histórias ou poemas,
mas nem todos têm a chance de publicá-las.
Como você conseguiu publicar seus livros?
É verdade. Obter um livro impresso não é
difícil, contanto que você pague por ele.
Encontrar uma editora que acredite no seu
trabalho e invista nele, assumindo todas as
responsabilidades editoriais é outra história.
No meu caso, tive a sorte de encontrar a editora certa na hora certa. A Artpress pretendia
entrar no mercado infantil e minhas histórias
vieram ao encontro de seus planos. O editor
Armando Alexandre dos Santos, que também
é escritor, viu os textos e acreditou neles, me
dando todo apoio. Estou muito satisfeita e
grata pela confiança que depositaram em
mim.
O CIGA-Brasil é uma associação sem fins
lucrativos, sem vinculação política ou religiosa, que visa dar apoio aos brasileiros.
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Há sete anos você está vivendo na Alemanha. Essa realidade de migração também faz
parte dos seus escritos? Como você encara a
vida dos brasileiros na Alemanha?
Com certeza, a oportunidade de estar em
contato com outros povos contribui muito
para a diversidade de idéias. Além de morar
na Alemanha, também viajo bastante. Nas
viagens, procuro absorver o máximo que
posso das culturas visitadas e mantenho
minha observação aguçada de tudo que está
à minha volta. Para quem escreve é muito
importante. Muitas vezes, surge daí inspiração para novas histórias.
Nós sabemos que seus livros já foram
traduzidos para o alemão. Quais são seus
próximos planos?
Continuo batalhando para encontrar
uma editora na Alemanha que os publique e,
em paralelo, trabalho em novos projetos.
Como as pessoas podem adquirir seus livros?
Eles podem ser adquiridos pela internet
através dos sites: www.livrarialoyola.com.br
e www.livrariapetrus.com.br
Trabalho com crianças em Petrópolis (RJ)
O CIGA-Brasil informa o contato de médicos que fazem consultas em português
tive a oportunidade de estar frente à frente
com os principais responsáveis pela educação
infantil da cidade. Foi um interessante
momento de troca. Algumas delas até manifestaram interesse em adotar meus livros em
suas listas de leitura.
Nas escolas, os professores já haviam
feito um trabalho de leitura dos meus livros
com os alunos, o que tornou o encontro com
as crianças muito interessante. Foi uma
emoção muito grande perceber que já conheciam as histórias e responder perguntas
concretas sobre elas. Senti-me realmente
gratificada. Foi uma forma de termômetro
sobre a qualidade do meu trabalho e a
reação positiva das crianças certificou-me de
que estou no caminho certo.
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
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CIGA-Informando é uma publicação
bimensal do CIGA-Brasil.
Tiragem: 1500 exemplares
Redação e edição: Irene Zwetsch
Fotos: Rubens Zischler
Layout & Realização:
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Contato com a redação:
CIGA-Brasil
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4103 Bottmingen
Tel/Fax: (061) 423 03 47/46
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O fechamento redacional da próxima
Colaboradores desta edição: Cláudia Coelho,
edição será no dia 30 de dezembro.
Deborah Biermann, Grupo Ação, Katja Schurter, Marina
Até esta data todos os textos e anúncios
Stranner-Salles, Nita Stöcklin, Rui Martins, Vania Barbosa. devem chegar às nossas mãos
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
Dos alpes suíços ao
litoral brasileiro (por Marina Stranner-Salles)
«O bom filho à casa torna». Deixo lembrança àqueles que ficam e levo comigo a saudade de
todos. De partida para o Brasil, um carinhoso adeus.
Foto: Arquivo
A primeira vez em que me encontrei
diante de Berna foi amor à primeira vista. Há
15 anos eu chegava na Suíça, vindo de Roma,
Itália. A minha surpresa foi tamanha ao sair
da estação…encontrei aquela cidade toda
vestida de branco, me senti atraída por ela e
por este país. Foi então que começou nosso
namoro, com muitas renúncias e conquistas
para que o nosso relacionamento desse
certo…e deu !
Aqui na Suíça encontrei a segunda pessoa mais importante da minha vida, meu
marido. Uma pessoa que conseguiu restaurar
em mim a confiança no ser humano, sendo
ele mesmo um humanista, que sonhava com
um mundo melhor e que sempre travou com
bravura batalhas para que isso acontecesse,
com vários sucessos.
De muitos recebi o respeito e carinho
ímpar, a esses, saibam que estarão sempre
em minhas lembranças com o mesmo carinho que me dedicaram.
Muitas foram as pessoas que cruzaram
meu caminho nesta tragetória, algumas souberam fazerem-se importantes em minha
vida, outras me transmitiram certa experiência. Tive algumas decepções, apesar de poucas foram de grande aprendizado.
Aos meus professores e colegas, o meu
mais profundo reconhecimento por terem
contribuído para que eu superasse a barreira
do idioma e por me ajudarem na adaptação,
dia-a-dia. Assim tornou-me possível a realização dos meus estudos na Universidade
Miséricorde em Fribourg e participar de cursos que enriqueceram minha bagagem
profissional.
Marina (esq.), com a amiga Mara
Meus amigos. Eles não foram numerosos,
mas aqueceram-me o cotidiano.
Aos conhecidos, o meu respeito.
Aos meus leitores, obrigada pela fidelidade e confiança.
E como eu não poderia esquecer-me,
meus clientes, pois sem eles não teria sido
possível realizar-me profissionalmente, um
obrigado especial.
Enfim, todos foram personagens, cada
um no seu papel, de grande significado para
que minha história no «Velho Mundo» fosse
rica e sábia.
Retornando ao meu país de origem, a
famosa Terra Dourada, onde nasci, me
despeço de vocês, mas deixando para trás
uma porta aberta, pois tentarei viver longe
deste pequeno país helvético, que me conquistou com grandeza única. Assim, se a
saudade maltratar… voltarei para a bela
Suíça.
O meu carinho a todos aqueles que me
querem bem.
Um grande abraço a todos.
O Grupo Chapéu de Couro se apresenta
O Grupo de Capoeira Chapéu de Couro foi criado em
1981, no Recife, pelo Mestre Corisco. No grupo pratica-se
em primeiro lugar a Capoeira Regional, mas também a
Capoeira Angola é praticada. Chapéu de Couro é independente de qualquer federação, com o objetivo de não perder
sua individualidade e forma particular de trabalho.
Professores formados pelo Mestre Corisco dão aulas
hoje tanto no Recife, como também em Ottawa (Canadá) e
em Köln/ Düsseldorf (Alemanha).
Desde 1993 a Professora Claudia Malvadeza ministra o
trabalho do Mestre Corisco também na Suíça, transmitindo
adiante a arte e tradição da «Capoeiragem». O Grupo
Chapéu de Couro e a Professora Claudia Malvadeza são
apoiados em Basel por uma associação criada em 1997.
Com o tempo firmou-se uma base forte, que se identifica
com suas raízes culturais no Nordeste do Brasil.
1. Grad. corda azul: É a cor da Orixá Yemanjá, Deusa
dos Mares, da água salgada e significa a viagem dos
escravos africanos pelo mar para o Brasil.
2. Grad. corda marrom: É a cor de Xangô, Deus do
Raio e do Trovão e também das Lutas. Este corresponde aos
protestos dos escravos contra seus senhores.
3. Grad. corda verde: É a cor de Oxossi, Deus das
Florestas e da Caça. Corresponde às florestas, que serviam
como local de fuga para os escravos.
4. Grad. corda amarela: É a cor de Oxum, Deusa das
Águas Doces e dos Rios. Simboliza o nascimento dos negros
em liberdade, como a fonte de um rio. Esta liberdade depois
é derrubada, como em uma cascata e vira opressão e
escravagismo.
5. Grad. corda roxa: É a cor de Yansan, Deusa do
Vento e dos Temporais. Simboliza a luta dos escravos fugidos
pela sobrevivência nos quilombos.
6. Grad. corda vermelha: É a cor de Ogum, Deus das
Guerras. Simboliza a luta dos escravos contra a perseguição,
a opressão e a discriminação.
7. Grad. corda branca: é a corda do Mestre. A cor da
Paz, que reúne em si todas as cores do espectro.
Corresponde a um Capoeirista que descansa em si mesmo e
não tem mais a necessidade de se medir com outros.
Graduação
O Grupo de Capoeira Chapéu de Couro segue a «graduação das sete cordas». As Cordas, que são conferidas pelo
Mestre, não são apenas a condecoração pelo saber e o talento dos alunos, mais do que isso, elas devem acompanhar
o aluno em sua viagem pela vida e pela Capoeira. Desta
forma, não é apenas a capacidade esportiva que conta para
o merecimento de uma corda, mas também outras capacidades, como por exemplo cantar e tocar um instrumento.
Além disso, as cordas simbolizam também diversas estações
na história da escravatura:
(Texto original em alemão na Homepage do Chapéu de
Couro - Köln e do Chapéu de Couro Basel. – www.capoeiragem.ch – Tradução de Irene Zwetsch)
Convidados especiais:
Mestre Corisco, Recife (Brasil)
Mestre Zoi, Palermo (Italia)
Metsre Marreta, Amsterdam (Holland)
Mestre Nêm, Hamburg (Deutschland)
Contra-Mestre Nêgo, Köln (Deutschland)
Contra-Mestre Pudim, Roma (Italia)
Contra-Mestre Musa, Cagliary (Sardegna)
Prof Ratinho, Roma (Italia)
Prof Téco, Genf (CH)
Custos:
- Todos os Workshops, pernoite (trazer saco de
dormir) incluindo café da manhã, janta,
camiseta e entrada para a festa – CHF 190.–
- Somente Workshops – CHF 60.– por dia
- Crianças até 14 anos – CHF 30.– por dia
PROGRAMA:
Sexta, 25.11 – das 18h30 às 20 horas
Roda de abertura, com apresentação dos
mestres e professores convidados
Local: Missionsstrasse 21, Basel
(Para os participantes depois haverá janta no
Zivilschutzanlage)
Sábado, 26.11 – das 14 às 19 horas
Workshop, batizado e troca de cordas.
Local: Quadras da Uni Sport Basel, Schulhaus
Leonhard, Leonhardstrasse.
A partir das 22 horas, festa com muito forró e
animação no Keller do Restaurante Union,
Klybeckstrasse 95, Basel
Domingo, 27.11 – 12 às 16 horas
Workshop e Roda de encerramento
Local: Quadras da Uni Sport Basel, Schulhaus
Leonhard, Leonhardstrasse.
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Organização: Capoeira Chapéu de Couro
Informações: Profa. Malvadeza 061 681 05 96,
ou info @capoeiragem.ch
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
Cordel de Pernambuco
chega à Suíça
Foto: Arquivo
Assim poderia começar a história do
recifense José Honório da Silva, o Cordelista
Cibernético, que em setembro fez uma turnê
pela Suíça, divulgando a literatura de cordel.
Honório se define como «poeta de cordel» e,
mesmo não se considerando estudioso, deu
uma aula sobre o tema. O autor viajou a convite da amiga Denise Lima, da Associação
Raízes, de Genebra, com apoio do Setor de
Negócios da Prefeitura daquela cidade. Pela
primeira vez fora do Brasil, Honório participou da feira La Fureur de Lire, em
Genebra, além de apresentar seu trabalho em
Zurique, Bern, Lausanne, Losone, Locarno,
Yverdon e Basel. Sua palestra em Basel foi
organizada pelo Centro Cultural da Língua
Portuguesa e Brasileira.
Segundo Honório, a origem da literatura
de cordel remonta aos séculos XV e XVI, quando surgiram na Europa as primeiras histórias
de cavaleiros, poemas e canções, levadas de
vila em vila por trovadores ou vendedores
ambulantes. Desta forma chegaram também
às Américas. No Brasil, espalharam-se especialmente no Nordeste, primeiro contadas
oralmente e depois registradas em livretos. Os
temas, inspirados na Europa, apresentavam
princesas, cavaleiros e castelos.
O nome «literatura de cordel» refere-se à
forma como os livretos eram comercializados:
pendurados em barbantes e vendidos nas
feiras. Honório conta que muitos cordelistas
tinham uma estratégia interessante. Eles
chamavam a atenção do público, contavam
uma parte da história e diziam que quem
quisesse saber o final tinha de comprar o livreto.
Por muito tempo o cordel foi a única
fonte de informação no Nordeste, afirma o
escritor. Produzido por «pessoas sem muita
letra, o cordel era consumido por gente sem
letra nenhuma», diz o Autor. Foi assim que
Honório entrou em contato com essas
Era uma vez um rapaz
Que decidiu escrever
Descobriu que era capaz
E cordelista foi ser....
José Honório com Irene Zwetsch, em sua apresentação em Basel
Américo Gomes, do Pará, fez a primeira
«peleja virtual» de repentes e seu próximo
passo será fazer uma "peleja online”.
Mesmo apaixonado pelo cordel, Honório
reconhece que não dá para viver disso. Ele é
bancário e dedica-se a escrever nas horas
vagas. Mesmo assim já tem 40 livretos publicados desde que começou a escrever, em
1984. «Alguns ainda estão na gaveta e outros
na cabeça», diz o autor, que ganhou um
Concurso de Cordel sobre Lampião e tirou o
terceiro lugar em outro.
Engajado na defesa e na divulgação do
cordel, o autor criou, juntamente com outros
cordelistas, a União dos Cordelistas de
Pernambuco. Seu objetivo é viabilizar a publicação das obras e abrir espaço para a divulgação, por meio de recitais com música.
Dentro do espírito de formar novos leitores,
Honório investe tempo no trabalho com escolas, estimulando professores a estudar as poesias com os alunos. A participação em diversos
eventos também dá resultados. Os cordelistas
pernambucanos abriram a programação oficial de São João no Recife, por exemplo, e pretendem partipar ainda na Bienal do Livro.
No meio acadêmico o cordel também conquistou espaço e já existem estudos sobre o
tema, como a Gramática no Cordel, de
Janduhi Dantas (PB). Vale dizer que embora
bem mais profissionalizados, muitos livretos
de cordel ainda são escritos por pessoas de
pouca instrução formal e apresentam erros
gramaticais. Por essas e outras continua atual
a definição do cordel feita pelo professor
francês Kantel: «é uma poesia narrativa,
impressa e popular».
(Irene Zwetsch)
Mais informações e contato:
• José Honório E.mail:
[email protected]
• União dos Cordelistas de Pernambuco:
www.unicordel-pe.fotoflog.com.br
• Academia Brasiliera de Literatura de Cordel:
www.ablc.com.br
histórias, pois seu avô de 70 anos pedia que o
neto lesse para ele. Muitos analfabetos até
aprenderam a ler com os versos.
A linguagem utilizada nos livretos incorporou muitos termos nordestinos, conservando porém a estrutura básica de versos e rimas:
seis, sete, oito ou dez versos, com rimas alternadas. Essa estrutura também aparece no
«repente», que se diferencia do cordel em
função do improviso, da apresentação oral e
da origem dos temas, geralmente sugeridos
pelo público. «O cordel é uma poesia feita
com mais calma, a partir de temas escolhidos
pelo autor e circula de forma impressa», explica Honório. Outra marca do cordel são as xilogravuras que passaram a ilustrar as histórias e
hoje são identificadas com elas.
Como tudo na vida, o cordel teve de se
adaptar aos novos tempos. Em função da concorrência com a televisão e dos altos custos de
impressão, partiu-se para a utilização do computador e das fotocópias para viabilizar
pequenas tiragens. Honório ganhou o apelido
de «cordelista cibérnetico» porque foi um dos
primeiros a usar o computador e a internet na
divulgação do seu trabalho. Junto com
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
A ILUSÃO DA SUPERPROTEÇÃO
(por Ângela Góes - Globo Online)
Em 2003, crianças e adultos de todo o mundo
se emocionaram com o filme «Procurando
Nemo», que conta a saga de dois carismáticos peixinhos: o supercauteloso Marlin e seu
filho, o curioso Nemo. Viúvo, Marlin assume
a responsabilidade de criar o filho sozinho,
protegendo-o de todos os perigos. Apesar de
bem-intencionado, o pai erra na mão e sufoca Nemo com tanto cuidados. Resultado: na
tentativa de provar que é capaz de se virar
sozinho, Nemo se mete em confusão. A
história é infantil e tem final feliz garantido.
Na vida real, a «Síndrome de Marlin», como
vem sendo chamada a superproteção paterna, tem sido motivo de preocução.
É tênue a linha que separa a proteção da
superproteção. Quem ama, claro, cuida. Em
doses normais, cuidado não traz prejuízo. Já
o exagero pode trazer mais malefícios do
que benefícios.
Segundo a terapeuta Zulma Taveiros
Guimarães, do Núcleo de Casal e Família da
Sociedade de Psicanálise do Rio, crianças
superprotegidas se tornam adultos dependentes, inseguros, imaturos e medrosos, sem
autonomia e incapazes de tomar decisões.
• Quem cresce esperando que alguém sempre lhe dê todas as respostas, as fórmulas
prontas, não desenvolve a capacidade de
pensar soluções criativas para lidar com
imprevistos. Não cria imunidade para se
proteger quando está sozinho - diz Zulma.
Falando assim, parece fácil. Mas só quem é
pai ou mãe sabe o drama de educar o filho
em um mundo cada vez mais violento.
Crianças, jovens e adultos estão mais expostos a certos perigos do que há alguns anos.
Nessa conjuntura, é normal querer adiar certas liberdades, a fim de evitar que os filhos
fiquem expostos a perigos reais e concretos.
Até certo ponto, isso se faz necessário. Mas é
preciso tomar muito cuidado para não usar a
violência como desculpa para que os filhos
não assumam responsabilidades para as
quais estão prontos.
• O ser humano aprende com as adversidades, com erros e acertos. Pessoas
resilientes são aquelas que vivenciam as
dificuldades e saem fortalecidas dessas
experiências - afirma a pedagoga Sônia
Mendes, da Associação de Terapia Familiar
do Rio.
Segundo especialistas, o problema é que os
pais estão com medo de tudo. E acham que
podem evitar a violência, os acidentes de
carro, as drogas e a sexualidade precoce
prendendo os filhos dentro de casa. Uma
ilusão. Engana-se o pai que acredita que
pode anular todos os riscos a que o filho está
exposto. Essa tentativa pode até ter um
efeito indesejado. O filho pode rejeitar a
superproteção e furar o esquema de segurança imposto, expondo-se ainda mais.
• A melhor proteção que um pai pode oferecer ao filho é dar responsabilidade para
que ele faça suas próprias escolhas,
avaliando primeiro as necessidades e possibilidades de cada faixa etária - aconselha a
filósofa e educadora Tânia Zagury, autora
de «Encurtando a adolescência» (Ed.
Record).
Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, os
superprotegidos são os que mais correm
riscos, pois fazem coisas escondidas.
• Os pais erram achando que os seus filhos
são diferentes dos outros, melhores que os
outros. Erram ao enxergar os filhos como
vítimas de más companhias - alerta.
Ter discernimento sobre o que é ou não é
realmente perigoso; saber o momento certo
de prendê-los e soltá-los não é tarefa fácil. É
preciso sensibilidade e atenção.
• É importante que os pais reflitam, conversem com outros pais, outros filhos,
psicólogos e educadores. É bom ouvir
opiniões, discutir estratégias. As trocas são
muito positivas e podem apontar caminhos. Só não vale esperar por fórmulas
prontas. Isso não existe - conclui Zulma.
(Colaboração de Nita Stöcklin)
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
A saga dos brasileirinhos sem pátria
Carta aberta ao Senador Cristovam Buarque, novo presidente da Comissão de Direitos Humanos
Foto: Rui Martins
Toda pessoa tem direito a uma pátria e,
por redundância, a um passaporte, bem
como pertencer a uma comunidade. Exceto assim decidiu o Parlamento brasileiro, em
1994 - os filhos de pai ou mãe brasileiros
nascidos no exterior. Entre os muitos absurdos criados pela classe política brasileira,
mais esse: o de punir os filhos da emigração
brasileira.
Essa situação se torna mais absurda,
quando se sabe que até os netos de espanhóis e italianos, nascidos da emigração
estrangeira, podem ter a nacionalidade dos
avós. Porém, aos filhos dos pais e mães
brasileiros, se exige - se quiserem ser brasileiros - que deixem seus pais emigrantes no
país estrangeiro, interrompam seus estudos
no país onde cresceram e passem a residir no
Brasil, para poder entrar com um pedido de
nacionalidade brasileira, parecido com um
pedido de naturalização brasileira. (Ou que
tenham documentos falsos de residência,
num país onde a corrupção é institucionalizada).
Duas graves conseqüências principais
para o Brasil - nos países de jus terrae, onde
basta nele nascer para adquirir a nacionalidade, como os EUA, os filhos de brasileiros se
tornarão estadunidenses ou americanos e,
diante da dificuldade de serem também
brasileiros, romperão os vínculos com a
segunda pátria. Seus netos nem saberão da
origem dos avós; nos países de jus sanguinis,
onde os filhos de estrangeiros continuam
sendo estrangeiros, como Suíça e Alemanha,
os filhos de brasileiros (atualmente com passaportes brasileiros provisórios) se tornarão
apátridas. Essa situação vergonhosa começará a ser vivida pelos filhos de brasileiros
nascidos no Exterior, a partir de 2012, dentro
portanto de apenas sete anos, se nada for
feito para se corrigir a emenda constitucional de 94. Essa emenda retirou um pará-
Queremos ser brasileiros de verdade!
grafo, no qual se dizia que eram também
brasileiros natos os filhos de pai e/ou mãe
brasileiros nascidos no Exterior e registrados
no Consulado brasileiro local.
O que isso significa, além dessa vergonhosa situação em que os filhos de
brasileiros se tornarão apátridas, pois seus
passaportes provisórios brasileiros serão
recolhidos aos completarem 18 anos?
Significa que o Brasil, ao contrário dos
outros países, não se interessa pela sua cultura no Exterior, da qual seus filhos seriam os
melhores embaixadores. Os filhos dos quatro
milhões de brasileiros no Exterior, na maioria emigrantes por uma vida melhor, que se
esqueçam do samba, da bandeira verdeamarela, de Ronaldo e Ronaldinho, de Jorge
Amado, berimbau, candomblé, Amazônia,
guaraná, café e se assimilem o mais rápido
possível no país onde seus pais foram parar.
A outra é econômica - os brasileiros no
Exterior são gente de coração e mandam
todo mês dinheiro para a família. Só dos EUA
chegam todos os anos entre 2 a 4 bilhões de
dólares por ano. E, em se mantendo o vínculo dos filhos e depois netos dos brasileiros,
essa fonte nunca irá secar. Mas, com a
exclusão dos filhos de brasileiros, com o
escândalo previsto para 2012, com a retirada
dos primeiros passaportes provisórios, com o
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rompimento do vínculo já na primeira geração, essa fonte irá gradativamente secando.
Todo esse argumento tem um objetivo o Senador Cristovam Buarque foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Num contato que mantivemos, quando o
Senador esteve em Genebra, percebemos
estar consciente dessa aberração brasileira.
Sua visão vai mesmo além, pois quer a criação de deputados representantes da comunidade brasileira no Exterior. Portanto, pedimos ao senador Cristovam Buarque para
denunciar a negação de um direito humano
básico dos filhos de cidadãos brasileiros
nascidos no Exterior, o da cidadania. Um
direito que vem antes ainda do direito à alimentação e do direito à educação e escola.
É hora de se votar a Proposta de Emenda
Constitucional que concede a nacionalidade
nata aos filhos de brasileiros nascidos no
Exterior, como antes de 94. Mas, atenção:
sem necessidade de burocracia, de processo
e papelada, apenas do comprovante de re-
gistro de nascimento no Consulado para se
tornar brasileiro nato.
É hora também de se explicar corretamente aos brasileiros do Exterior que o passaporte recebido por seus filhos, nos
Consulados, é um mero salvo-conduto provisório, que será retirado aos 18 anos, se não
viverem nessa época no Brasil.
A comunidade brasileira no Exterior só
não protestou até hoje porque tem sido
enganada. E nessa falta de transparência
sobre o assunto, o Itamaraty tem culpa, pois
até mesmo diplomatas desconhecem essa
situação de nacionalidade provisória em que
vivem as crianças nascidas de pais brasileiros,
depois de 94, no Exterior.
Os brasileiros pais e avós dos «brasileirinhos sem nacionalidade brasileira» e os brasileiros em geral que desejarem se unir para
um protesto geral e divulgação na imprensa
dessa situação vergonhosa, podem me contatar pelo e-mail: ruimartins@ hispeed.ch.
(Rui Martins, Jornalista, escritor, 30.10.05)
O Dr. Wilson estará em dezembro na Suíça e
poderá esclarecer dúvidas sobre o tema
cirurgia plástica.
Dr. Wilson wird im Dezember die Schweiz
besuchen und kann Fragen über das Thema
plastische Chirurgie beantworten.
Dr. Wilson sera en Suisse le mois de Décembre
et peut répondre des questions sur le thème
chirurgie plastique.
Infos/Informações e contatos na Suíça:
Ivone (061) 692 82 93 ou (078) 885 17 81.
FOTOMONTAGENS
e criatividade ao seu dispor.
WiLBER’s
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P. O. Box 548 CH-4016 Basel
Tel/Fax. 061 691 03 33 /34 [email protected]
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
FALOU.... PAGOU!
Foto: Irene Zwetsch
Jornalistas cobram em Genebra
dinheiro de Maluf na $uíça
prática que a Suíça já mantém com a União
Européia para permitir a repatriação do
imposto sobre contas secretas de cidadãos
europeus no país. Sem especificar os nomes
dos depositantes, os bancos recolhem os
impostos correspondentes e reenviam ao país
de origem. A proposta de Rui e Cuenod é
fazer desse acordo bilateral uma regra geral
que beneficie especialmente os países menos
desenvolvidos, as maiores vítimas de desvios
de recursos para paraísos fiscais. O Brasil, por
exemplo, teria alguns bilhões de dólares de
impostos a receber sobre os 150 bilhões
escondidos aqui na Suíça, estima Rui.
Bastidores das finanças
Se a proposta dos jornalistas vingar, muita
coisa pode mudar nesse mundo de desvio de
dinheiro público e lavagem financeira. A
própria denúncia de Maluf e o processo que
culminou em sua prisão mostram que existe
uma mudança em curso. Detalhes sobre os
bastidores dos grandes centros financeiros, da
política e do poder são o pano de fundo da
história contada no livro «O dinheiro sujo da
corrupção – Por que a Suíça entregou Maluf»,
de Rui Martins, lançado pela Geração
Editorial, no Brasil, em outubro. O prefácio do
livro é assinado pelo lendário Jean Ziegler, o
ativista e ex-deputado suíço que se tornou o
terror dos bancos, autor de vários livros sobre
lavagem de dinheiro.
O jornalista relata que tudo começou há
quatro anos, quando a Polícia Federal Suíça
pediu informações ao Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (Coaf) sobre um
certo Paulo Maluf, que tinha contas na Suíça.
A história rendeu manchetes na imprensa
brasileira e Rui Martins sentiu-se até ofendido
por estar tão perto da fonte e ser o último a
saber. Partiu então para a ofensiva e fez contato com as autoridades daqui. Descobriu que
havia suspeita de lavagem de dinheiro e o
caso Maluf já havia passado da fase de
inquérito inicial para o nível processual.
Rui Martins é jornalista e escritor
Paulo Maluf, preso em setembro por tentar atrapalhar as investigações sobre suas
famosas contas na Suíça, conseguiu sair da
prisão preventiva. O que ele não contava é
que alguém fosse cobrar o compromisso que
ele assumiu em maio de 2004 em declaração à
Folha de São Paulo: «o primeiro que encontrar qualquer depósito na minha conta na
Suíça pode ficar com o dinheiro». Os jornalistas Jean-Noël Cuenod, do Tribune de Genève,
e Rui Martins, ex-correspondente da Central
Brasileira de Notícias, dizem que acharam o
dinheiro e querem recebê-lo. O pedido formal
será feito em novembro ou dezembro, no
Clube da Imprensa em Genebra. A idéia
depois é doar o montante virtualmente ao
Movimento dos Sem Terra. «Vai ser tudo virtual», diz Rui, mas certamente vai chamar a
atenção. Resta ver se Maluf cumprirá o compromisso moral que assumiu.
Aproveitando a oportunidade, os dois jornalistas lançarão a idéia do «Princípio da
Exceção». Trata-se do recolhimento e envio
aos países de origem dos impostos relativos
aos depósitos secretos na Suíça. Essa é uma
18
Rui acompanhou o caso, mandando
boletins periódicos para a Central Brasileira
de Notícias (CBN). Com bom humor, revelou o
número do processo contra o Maluf como se
fosse um palpite para a Loteca. Juntamente
com Jean Cuenod, Rui cobriu a evolução da
história na Suíça. Em seis meses foram 22
boletins sobre o caso Maluf para a CBN.
Cuenod, por sua vez, publicou em setembro
de 2001 a primeira grande matéria internacional sobre o tema no jornal Tribune de
Genève. Ele falava da abertura do inquérito,
dando valores e outros detalhes, provando
que Maluf tinha diversas contas aqui. O jornal
Le Temps publicou também matéria sobre o
assunto e ficou evidente que o caso ia
avançar. Mesmo assim a
imprensa no Brasil «deixava
à Maluf o benefício da dúvida, quando não havia mais
dúvida alguma», lembra
Rui.
A prisão de Maluf neste ano demonstra o
interesse brasileiro de continuar o caso, mas
ainda não se chegou ao ponto de condenar o
político. Se houver condenação, pode haver
processo também na Suíça e Maluf terá que
depor aqui. O risco que se corre é o Supremo
Tribunal Federal brasileiro anular a condenação e arquivar o processo, terminando o
caso em pizza.
Papel da imprensa
Além de explicar o funcionamento do sistema de segredo bancário na Suíça, o livro de
Rui Martins chama a atenção para o papel da
imprensa. «Na época a imprensa não fez o
que faz agora», diz o jornalista, que ficou
como voz isolada afirmando
a existência das contas de
Maluf na Suíça. "Os outros
veículos usavam sempre o
verbo no condicional, numa
espécie de política de
preservação», possibilitando a candidatura de Maluf a
governador. Para Rui, a
cobertura do caso custou o
emprego na CBN: «fui demitido por motivo de economia». O jornalista Carlos
Aranha, da Paraíba, foi o
primeiro a enfatizar que a
demissão de Rui não foi por
economia de custos. O motivo estava claro: «era ano eleitoral e só eu
estava malhando o Maluf».
Com a saída de Rui, a CBN passou a transmitir os boletins internacionais veiculados
pela BBC inglesa e as notícias sobre Maluf
desapareceram. Elas só voltaram ao noticiário
em julho de 2003, com a retenção de Maluf
em Paris para verificação. Só mais tarde, a partir de março de 2004, quando o último recurso de Maluf foi recusado e os extratos suíços
foram divulgados no Brasil, a imprensa toda
começou a malhar o ex-governador, conta
Rui.
Essa atitude da imprensa com relação a
Maluf, nada tem a ver com a posição adotada
com relação aos escândalos que levaram à
crise no país, na opinião de Rui. Ele acredita,
na verdade, que o debate sobre corrupção é
«um falso debate, uma crise minimalista». O
que se precisa, segundo ele, é mudar a estrutura social do Brasil, semi- Continua página 20 ➙
Batalha judicial
Enquanto isso, no campo jurídico o caso seguia devagar. Para a Suíça era questão de honra ir até o fim.
Desde o atentado às torres
gêmeas nos Estados Unidos,
a pressão americana e européia para controlar de- Jean Ziegler
pósitos ligados ao terrorismo, lavagem de dinheiro e narcotráfico
aumentou e a Suíça queria provar que não
aceitava mais lavar dinheiro. No Brasil, porém,
tudo caminhava em outra direção. Além da
demora no envio dos documentos pedidos
pela Justiça suíça, as traduções para o francês
eram quase ilegíveis. Segundo Rui, não ficava
claro se era incompetência do governo
brasileiro, ou tentativa de proteger o político.
Apesar do Brasil ficar em cima do muro, a
Suíça persistiu, denunciou o ex-governador e
exigiu a apresentação dos documentos para
instauração do processo. Maluf tinha sido
pego no contrapé ao fazer uma transferência
de 200 milhões de dólares para a ilha Jersey,
paraíso fiscal do Reino Unido. A Suíça tinha
criado uma nova lei contra operações
bancárias duvidosas e o banco logo fez a
denúncia. A única ressalva no processo é que
Maluf não poderia ser enquadrado em crime
de evasão fiscal, pois na Suíça isso não é crime.
19
CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
➙ Continuação da página 19 escravagista, de castas e apartheid social, e aumentar gradativamente o salário mínimo até níveis que permitam a sobrevivência com dignidade.
No final de 2004, com o caso se desenrolando no Brasil e a base do livro pronta, Rui
contactou a Editora Geração para publicar a
história. O lançamento da obra em outubro
deste ano, coincidindo com a prisão de Maluf
e de seu filho tornam o livro ainda mais oportuno. Numa mistura de relato jornalístico e
explicações técnicas sobre o funcionamento
dos paraísos fiscais, Rui conseguiu ao mesmo
tempo desvendar os caminhos da lavagem de
dinheiro e mostrar a importância da imprensa na denúncia ou na perpetuação de práticas
desonestas.
Aliás, uma das próximas batalhas do jornalista é contra o que ele chama de
«Dumping» jornalístico. A idéia é denunciar
junto à Organização Mundial do Comércio os
serviços de noticiários internacionais que são
distribuídos gratuitamente pelas rádios inter-
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
nacionais, como BBC e RFI, para redes de
rádios comerciais. «Esses serviços anulam a
possibilidade do trabalho dos correspondentes no exterior» e isso implica em concorrência desleal. «Trabalhos grátis só deveriam
ser permitidos com fins humanitários, para
rádios comunitárias por exemplo», argumenta Rui. O que acontece hoje é que grandes
rádios nacionais brasileiras fazem acordos
com as rádios internacionais e, com isso,
demitem seus correspondentes no exterior. Além de gerar
desemprego, cria-se
uma espécie de monopólio de informação.
(Irene Zwetsch)
Livro conta como Suíça entregou Maluf
A história do advogado e quase pastor,
que decidiu ser jornalista
Publicado em plena ditadura, o livro defendia a tese de que
Roberto Carlos surgiu para preencher um vazio que havia no
país. Músicas como «Quero que vá tudo pro inferno», pregavam uma forma de fugir do real. O jeito de ser da Jovem
Guarda contaminou o país e os meios de comunicação ajudaram a criar o fenômeno musical. Essa forma de expressar
as frustrações, cassações políticas e incertezas passou a ser
um fenômeno sociológico. A análise de Rui sobre o tema foi
publicada em uma página no Estadão e o editor da Fulgor
(que era ligada ao PC) propôs que ele publicasse um livro a
respeito. «Em um mês o livro estava pronto», disse Rui, que
marcou assim sua estréia como escritor.
Sua atuação no jornal sempre teve uma pitada de contestação à realidade. Como jornalista que cobria a área estudantil, abrigou em sua casa o líder da União Nacional dos
Estudantes, José Luis Guedes e sua família, que estavam
sendo perseguidos. Mais tarde foi demitido do jornal por ter
comemorado a reação dos vietcongs aos Estados Unidos na
Guerra do Vietnam. Assumiu a chefia de redação paulistana
do jornal Última Hora do Rio. Perdeu novamente o emprego,
em dezembro de 68, ao participar de uma suposta greve de
jornalistas. Rui lembra do caso com certo humor: «O Reali
Junior, na época no Jornal da Tarde, veio à minha redação
pedir apoio para uma greve de jornalistas em São Paulo, que
na verdade não acontecia, mas eu acreditei e escrevi para a
sede: a imprensa de São Paulo está em greve e nós, como
Nascido em Torre de Pedra, próximo a Tatuí, em São
Paulo, Rui recebeu esse nome em homenagem a Rui Barbosa
e, coincidência ou não, acabou tornando-se também um
«homem das letras». Por pouco não se tornou «pastor».
Criado dentro da Igreja Presbiteriana, participava ativamente na comunidade e foi um dos líderes da mocidade na
época. Com a ditadura, Rui desligou-se por completo da
Igreja Presbiteriana. Ele compartilhava das idéias marxistas,
enquanto a igreja uniu-se aos militares e expulsou os seminaristas de esquerda.
Rui decidiu estudar Direito na USP e, enquanto fazia
faculdade à noite, trabalhava de dia no Citibank. A seguir, foi
assistente de direção do SESC, Serviço Social do Comércio.
«Tive três chefes que eram simpatizantes da esquerda e aprendi muito na convivência e bate-papo com eles», diz o escritor.
Mas o que ele queria mesmo era trabalhar num jornal.
Por meio de um amigo, conseguiu fazer um mês de estágio
no jornal Estado de São Paulo. Terminado o período, prometeram lhe chamar. Isso não aconteceu. Teimoso, Rui foi até o
jornal levar o convite para sua formatura e fez mais uma tentativa. Deu certo, recebeu uma oferta. Sem pensar duas
vezes, Rui pediu licença no SESC e nunca mais voltou. «Fui
para o jornal ganhando 1/3 do meu salário, mas era isso que
eu queria fazer», lembra.
Rui estava dois anos no jornal quando publicou o livro
«A rebelião romântica da Jovem Guarda» (Fulgor, 1966).
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Do tempo na Rádio Suíça Internacional ficou um
ressentimento, que custou a desaparecer. «A Suíça me
rejeitou e eu rejeitei a Suíça. Tudo o que eu podia, escrevia
contra a Suíça. Mudei a imagem de cartão postal que a
Suíça tinha no Brasil e contei um lado que não se conhecia», revela o escritor. Rui só venceu esse problema
quando abraçou uma nova bandeira: a luta pelas classes
bilíngües no cantão de Berna. Tudo começou quando se
tornou presidente da Comissão de Pais na escola de suas
duas filhas do terceiro casamento. Quando veio a decisão
da cidade de Berna de cortar a subvenção para a Escola
Cantonal de Língua Francesa (ECLF) ele agitou a imprensa
e «dizem que foi por isso que as autoridades bernesas
voltaram atrás».
No processo de luta pela escola Rui conheceu os representantes do parlamento da cidade, viu que tinha apoio e
que «era possível o diálogo com essa gente que eu antes
não queria nem ver». Por isso mesmo ele não cansa de repetir que «a experiência de dirigir uma comissão de pais, lutar
para serem ouvidos e o atual projeto de classes colegiais
bilíngües com a criação do grupo Francophones de Berne foi
a minha integração». «Passei tanto tempo não querendo me
integrar que quero salvar os outros disso, no caso os filhos
de imigrantes como eu. Precisamos fazer a nossa parte,
esperamos que as autoridades correspondam ao nosso
desejo de integração», afirma o jornalista. Infelizmente o
momento atual não parece muito promissor: «agora vejo
que a situação se degringola e o país adota leis racistas contra os estrangeiros».
Essa decepção acaba transparecendo no livro sobre
Maluf. «Fui duro nos ataques a essa Suíça. Estou desenterrando de uma outra forma a revolta antiga», conclui.
Mesmo assim, continua ativo na defesa da bandeira
das classes bilíngües em Berna e algumas vitórias já estão a
caminho. É quase certo que a primeira classe colegial
bilingue francês-alemão comece a funcionar a partir de
agosto de 2007. «É preciso sempre ousar para transformar
uma idéia em realidade», festeja.
Rui acredita que se a imigração nos trouxe até aqui,
precisamos nos integrar, para participar mais ativamente da
vida no novo país e transmitir as nossas idéias de sociedade.
Mas essa integração deve ser consciente «para que a Suíça,
graças aos estrangeiros, possa descobrir o caminho da abertura ao mundo». Pensando no exemplo do futebol, Rui lembra que a grande vitória da França na Copa do Mundo foi a
vitória do antiracismo. Para o jornalista, «a Suíça só poderá
ter ambições nessa área quando tiver uma seleção colorida».
Outra luta é para que o Brasil reconheça os filhos de
pai e/ou mãe brasileiros nascidos no Exterior como
brasileiros natos. Seu último artigo a respeito (ver página
16) está sendo republicado nos EUA e foi lembrado nas discussões de Boston sobre imigração brasileira. Seu objetivo é
criar um ponto central, um site, que reúna imigrantes
brasileiros da Europa, Ásia e EUA para forçar o Brasil a rever
sua política com relação à diáspora basileira. (I.Z.)
correspondentes em São Paulo também estamos». A resposta veio rápida e curta: «Está demitido!»
Numa época em que «ser do contra» dava punição,
alguns amigos se preocuparam com a segurança de Rui,
temendo que ele fosse preso. Foi quando recebeu uma proposta irrecusável da Embaixada da França: uma bolsa de
estudos para Paris para sair do Brasil. Arrumou tudo, saiu do
Brasil, deixou a mulher, e se exilou na França. «Saí uma
semana antes do seqüestro do embaixador americano, que
levou à prisão todo mundo», conta.
Na França, que considera sua segunda pátria, fez seu
Mestrado em Jornalismo no Institute Français de Presse e
dois anos de doutorado com especialidade em Ciência da
Comunicação. «Escrevi algum tempo para o Pasquim e,
durante uma época cheguei a ter três bolsas ao mesmo
tempo para poder sobreviver», relata. Nas horas vagas, dava
aulas de português.
Veio para Genebra, em 1970, pegar uma carta de apresentação de Paulo Freire, que lhe garantiu uma uma bolsa
de estudos da CIMADE, em Paris. Ia ser professor de jornalismo em Constantine, na Argélia, mas o contrato furou na
última hora. Inscreveu-se para um posto na UNESCO (órgão
das Nações Unidas responsável pela área da Educação,
Ciência e Cultura), por indicação de Eber Ferrer, mas chegou
em segundo lugar e não entrou. Foi uma época difícil em
Paris, onde criara nova família e onde nasceram suas duas
filhas mais velhas. Era uma vida de restrições e pouco dinheiro. Por sorte, começou a escrever para a revista
Manchete.
Em 1975, em plena administração Geisel, voltou para
o Brasil, pois sua esposa tinha muitas saudades. O retorno
durou somente nove meses. Como sua esposa tinha sido
tesoureira da União Estadual dos Estudantes, um dia os
militares do DOI-CODI bateram à sua porta às cinco horas
da manhã e a levaram para ser interrogada. Alguns dias de
prisão com tortura, acabaram com a perspectiva de uma
vida normal em São Paulo e exigiram uma nova saída discreta para começar tudo de novo em Paris. Um amigo lhe
conseguiu um emprego pela Abril e, a seguir, Rui trabalhou
como correspondente para a Rádio Guaíba, de Porto
Alegre.
Em 1980, com um contrato na Rádio Suíça
Internacional, Rui veio morar em Berna, aqui na Suíça. Nessa
época conheceu o deputado e escritor Jean Ziegler. «Premiado ou azarão», como ele mesmo diz, ao chegar perto dos
cinco anos de trabalho, soube que seu contrato não seria
renovado e terminaria no meio do ano letivo das crianças.
Rui foi o primeiro estrangeiro a não ter mais contrato definitivo com a Rádio Suíça, que, em 1985, mudou as regras
para os estrangeiros.
Depois de um ano e meio na Holanda, voltou à Suíça
para ser correspondente do que seria a CBN e do Estadão.
Seus boletins de rádio tinham, desde a época da Guaíba, um
estilo diferente, começando sempre com uma brincadeira,
uma frase de efeito e transmitindo muita emoção. O jornalista procurou sempre manter uma interatividade com o
ouvinte. Para muitos retransmitia seus boletins por E-mail.
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CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005
Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando
REALIZE JÁ O SONHO DA CASA PRÓPRIA
• Caldas Novas (GO)
Brasileiros no exterior
O Ministério das Relações Exteriores decidiu instituir
o Dia da Comunidade Brasileira no Exterior, data na
qual serão organizados eventos festivos evocativos da
Pátria e um atendimento consular especial. Algumas
cidades foram escolhidas para comemoração experimental. O êxito da que foi promovida em Frankfurt, a
12 de junho, levou o Consulado Geral do Brasil em
Frankfurt a sugerir celebração equivalente em
Colônia. A proposta foi aprovada em Brasília e o Dia
da Comunidade Brasileira foi festejado naquela cidade
alemã no dia 30 de outubro de 2005.
(Colaboração de Deborah Biermann)
30 anos sem Herzog
Os 30 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog,
assassinado pela ditadura militar, foram lembrados
com várias atividades em São Paulo. No dia 23 de outubro realizou-se um culto inter-religioso na Catedral
da Sé, celebrado pelo cardeal emérito Dom Paulo
Evaristo Arns, o Rabino Sobel e o pastor Elias Andrade
Pinto, da Igreja Presbiteriana, com participação de
mais 17 confissões religiosas e um coro de mil vozes
do Fórum Coral Mundial, regido pelo maestro
Martinho Lutero.
Outra homenagem a ser destacada é a exposição de
arte «Caderno de Anotações – Vlado, 30 anos», que
tem como curadora Radha Abramo. Foi inaugurada no
dia 22 de outubro, na Estação Pinacoteca, antigo
DOPS, com a participação de 35 artistas plásticos,
entre os quais Lúcia Py, Maria Bonomi, Aguilar, Guto
Lacaz, Cirton Genaro, Fernando Lemos, Gregório
Gruber, Cláudio Tozzi. As obras que estão expostas são
intervenções em cadernos de anotações do tipo usado
pelos jornalistas. No dia 25 de outubro aconteceu a
cerimônia de entrega do Prêmio Herzog de Jornalismo.
(Colaboração de Vania Barbosa)
Referendo sobre desarmamento 2005
1- Precisa justificar o voto:
Serão obrigados a justificar o voto todos os brasileiros
que tenham títulos com Zonas Eleitorais no Brasil e
que, naquele dia (23.10.2005), estavam no Exterior.
Os brasileiros cujos títulos têm Zonas Eleitorais identificadas no Exterior - Suíça, Alemanha, Itália, etc. não precisam justificar o voto.
2. Como justificar e data limite:
As justificativas do não comparecimento deverão ser
encaminhadas «on-line», pelos próprios interessados,
diretamente ao Juiz Eleitoral da Zona em que
estiverem inscritos no Brasil.
No caso de impossibilidade de encaminhar suas justificativas «on-line», deverão realizá-las via postal, também diretamente ao Juiz Eleitoral de sua Zona de
inscrição no Brasil.
O site www.tre-df.gov.br está disponível desde o dia
15.10.2005 para esse fim. Primeiramente, anote o
endereço do Juiz da sua Zona Eleitoral. Depois, preencha o formulário e o envie.
O prazo para as justificativas será de 60 (sessenta)
dias, a contar da data da realização da votação, ou
seja, de 23.10.2005 até 21.12.2005.
(Fonte: Consulado-Geral do Brasil em Zurique www.consuladobrasil.ch)
Trabalho de menores de idade
Um estudo realizado no ano passado a pedido da
associação Terre des Hommes Suíça comprovou que
também na Suíça existem muitas mulheres menores de
idade no mercado informal de trabalho.
A fim de que essas trabalhadoras menores possam sair
de seu isolamento e encontrar auxílio para a reivindicação de seus direitos ou mesmo a obtenção de conselhos sobre sua situação, a Terre des Homens editou,
em conjunto com Centros de Aconselhamento, um folheto explicativo, trazendo todos os endereços de
locais que oferecem auxílio. A idéia é divulgar esse
material junto às jovens que se encontram em problemas, para que possam procurar ajuda.Um exemplar
desse folheto está junto com esta edição do CIGAInformando e quem quiser encomendar mais exemplares, pode entrar em contato pelo telefone 061 338
91 45, ou por E-mail: [email protected]
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