CIGA-Informando 37 - Ciga-Brasil
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CIGA-Informando 37 - Ciga-Brasil
tro Ap Cen oio C sil A-Bra IG In te g r a ção e Binningerstrasse 19 4103 Bottmingen Tel. +41 061 423 03 47 Fax +41 061 423 03 46 [email protected] www.cigabrasil.ch Foto: Rubens Zischler de ANO 7 - NÚMERO 37 - OUTUBRO 2005 - TIRAGEM: 1500 EXEMPLARES Que... Que nesse novo ano a gente queira ser feliz, porque todos merecemos, até mesmo cada um de nós. Que a gente acredite em milagres, porque, do jeito que tudo anda, sem eles vai ser difícil. Que a gente queira a justiça social, mas comece na própria casa ou empresa. Que a gente deseje a fraternidade, mas abrace os amigos, ame a família, e para começar seja carinhoso consigo mesmo. Que a gente promova a ética, mas não se sujeite a qualquer tipo de relação que nos humilhe, castre e deforme. Que apesar da violência, da desonestidade, da insegurança, da farsa, da fanfarronice, da mesmice, da acomodação, da bajulação e da frivolidade reinantes, a gente consiga ver que isso não é tudo, e nem todos são assim. Que embora aspirando à coerência a gente às vezes se permita ser ambivalente, pois a rigidez leva à mediocridade. Que embora querendo tudo isso a gente também se permita ser um pouco bobo, romântico, infantil, e se deixe seduzir pela magia - para não acabar bitolado, intolerante, e irremediavelmente chato. E finalmente que a gente saiba que somos ao mesmo tempo responsáveis e inocentes em relação ao que acontece e ao legado que, sem saber, inevitavelmente deixamos. Lya Luft Continua página 3 ➙ CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando ➙ Continuação da página 1 Com essa mensagem da Lia Luft queremos desejar a todos um ótimo final de ano, Feliz Natal e um começo de 2006 cheio de esperança e energia para a caminhada. No ano que passou vivemos muitas experiências e para muita gente foi o início de uma nova caminhada. Um exemplo é uma das nossas entrevistadas, Roseni Kurányi, que estreou no mundo da literatura com duas obras para o público infantil. Ela conta um pouco sobre o processo de criação e seus planos para o futuro. Também o escritor José Honório Silva, o cordelista cibernético, saiu das fronteiras brasileiras e veio mostrar, em várias cidades da Suíça, suas poesias de cordel. Enquanto isso, no Brasil, assistimos à prisão preventiva do ex-prefeito de São Paulo e ex-governador Paulo Maluf e seu filho, acusados de atrapalhar as investigações sobre suas contas secretas na Suíça. A prisão do político é apenas mais um capítulo de uma história que vem se desenrolando desde agosto de 2001, com a divulgação no Brasil de documentos com a denúncia do Citibank à Justiça Federal suíça sobre contas suspeitas de Maluf. De lá para cá o caso teve muitas nuances, descritas em detalhes no livro mais que oportuno do jornalista Rui Martins: «O dinheiro sujo da corrupção – por que a Suíça entregou Maluf», lançado em outubro pela Geração Editorial. O jornalista, que mora na Suíça desde os anos 80 e foi correspondente da Companhia Brasileira de Notícias (CBN), acompanhou de perto o caso e contou para o CIGA-Informando um pouco dessa história e de seus outros campos de batalha. Para completar, publicamos uma carta aberta ao senador Cristovam Buarque, falando sobre a situação dos filhos de brasileiros nascidos no exterior. Desde 1994 a nacionalidade desses brasileirinhos ainda não está garantida. Esperamos que vocês gostem da leitura e continuem conosco também em 2006. Estamos aguardando vocês no Bazar de Natal. Até lá! Equipes do CIGA-Brasil AGENDA DINHEIRO URGENTE !!!!! 12 de dezembro (Domingo), a partir das 11 horas às 18 horas. ATENÇÃO! NOVO LOCAL: SALÃO DA BURGGARTENSCHULHAUS (Antiga Escola Internacional), em BOTTMINGEN (Acesso com os trams 10 e 17 ou com o ônibus 34, descendo no ponto de Bottmingen e atravessando a rua em direção ao Bottmingerschloss. A escola fica ao lado do castelo) As lojas já estão decoradas, nos supermercados aparecem os arranjos com velas e as guloseimas, a cidade se ilumina preparando a chegada do Natal. Nós também estamos a todo vapor organizando nosso Bazar de Natal, que neste ano terá novas atrações e bons motivos para você não deixar de vir. Nos diversos estantes, você vai encontrar salgados e doces, decoração natalina, cartões, livros, bijouterias, artesanato, sugestões de presentes para o Natal e muito mais. No palco a animação ficará por conta do Gegê do Cavaco, que vem especialmente de Zurique para alegrar a festa. E depois de esquentar os pés ao ritmo do Gegê, vem a hora de esquentar o estômago com uma gostosa feijoada. Não faltará guaraná e caipirinha para completar o gostinho de Brasil. Traga seus amigos e familiares e venha entrar no espírito de Natal à moda brasileira, com muita descontração e alegria. 2 International Affairs VISITE NOSSOS WEBSITES: www.mmcinternational.ch & www.miamipochon.com (a maior imobiliária de Miami / Caribe / Am. Sul) E M P R É S T I M O S : CHF 1'000 até CHF 140'000 Rápido, confidencial, você decide o prazo e valor da mensalidade. CARTÕES DE CRÉDITO: Encomende seu VISA ou MASTERCARD International pagando apenas 50% da anuidade no primeiro ano. Crédito já aprovado! Atendemos todos os dias da semana inclusive sábado e domingo. CONSULTE-NOS: Tel.: 032 721 18 15 • Fax: 032 724 70 18 Natel: 079 639 00 00 • E-mail: [email protected] 3 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando Foto: Arquivo Tem muita gente grande que ainda lembra das noites da infância, quando não ía dormir antes de ouvir uma história. Eram vários personagens vivendo grandes aventuras e às vezes até se dormia no meio, não importava. Os tempos mudaram, mas as crianças de hoje continuam curtindo aquela historinha antes de dormir. Roseni Kurányi sabe disso e, do hábito de contar histórias para seus filhos, acabou lançando dois livros infantis. Por E-mail ela contou ao CIGAInformando como tudo aconteceu. Roseni no lançamento dos livros no Brasil Você acaba de estrear no mundo literário no Brasil com dois livros dirigidos ao público infantil, «Sexta-feira 13» e «O Menino Que Queria Viver na Floresta». Qual é o tema das duas obras? «O Menino Que Queria Viver Na Floresta» Após uma visita ao zoológico, Lucas, que adora animais, começa a pensar como deve ser horrível para aqueles bichos viverem presos em jaulas. Farto de sua vida de obrigações chatas, como ir à escola, escovar os dentes e coisas do tipo, resolve fugir de casa e se juntar aos seus amiguinhos na floresta. A peraltice de Lucas transforma-se numa aventura, onde ele aprende um monte de coisas importantes. coisas horríveis sobre esse dia, por isto não consegue imaginar outra razão para tanta esquisitice, até que de repente tudo é esclarecido. «Sexta-Feira 13» Numa certa sexta-feira 13, o pequeno Eduardo vive um dia cheio de acontecimentos estranhos, desde a hora em que acorda. As pessoas que cruzam o seu caminho durante o dia todo, em casa, na vizinhança, na escola e até no comércio, o tratam de forma diferente do costume e isto lhe assusta e intriga. Ele é tomado por uma onda de medo, achando que o motivo de tudo aquilo é porque é sexta-feira 13. Ele já tinha ouvido Você é do tipo «contadora de histórias»? Como você entrou no mundo literário? Sou, e gosto muito disto. Quando meus filhos eram menores brincava com eles de inventar histórias, partindo de palavras soltas que falávamos. Um dia, Romulo, meu filho mais velho, me deu três palavras. Deitada ao seu lado, comecei a criar um conto com as mesmas. Ao terminar, percebi que ele estava bem quietinho, como que dormindo. Semanas depois, ao levá-lo para a cama, eu lhe Qual sua fonte de inspiração e sua motivação para escrever os livros e como foi o processo de criação? Busco inspiração nas coisas mais naturais do dia-a-dia. Num cheiro, numa música, num bate papo, nas minhas lembranças. No caso dos contos infantis, como mãe de dois filhos, estou automaticamente em contato com o mundo infantil e isto me dá a chance de vivenciar um pouco a mentalidade das crianças. 4 disse para me contar qualquer história que ele já soubesse. Aí, ele repetiu direitinho aquela que eu havia inventado, dizendo ser ela sua preferida. Então resolvi passá-la para o papel. Mais tarde, ao acompanhar meu marido para a Alemanha, juntamente com meus filhos, tive que deixar para trás minha família, os amigos e o curso de psicologia que decidira fazer. No período que compreendeu a fase de adaptação ao novo País, refleti muito sobre minha vida e o que realmente queria para mim, num processo de busca de mim mesma. Foi quando, involuntariamente, comecei a tirar meus manuscritos da gaveta, reescrevendo algumas histórias e criando novas. Assim, fui me dedicando cada vez mais a esta atividade, até que surgiu a oportunidade de publicar o primeiro livro. A partir daí, decidi transformar meu hobby em profissão. Escrever para mim agora, é uma opção de vida. Baseado naquele fato, escrevi meu primeiro conto, um drama. Mas, com o tempo, meu estilo se revelou bem variado. Hoje, além de dramas, escrevo comédias, romances e infantis. Você está começando com histórias infantis. E o público adulto, também pode fazer parte do seu círculo de leitores? Em princípio, meu alvo era o público adulto, já que os contos infantis eram escritos somente para serem contados aos meus filhos, sobrinhos ou até mesmo à criançada da Quem é responsável pela ilustração dos seus livros e qual o papel dos desenhos nas histórias? A curitibana Lucilia Alencastro. A Artpress e eu saímos à procura de um ilustrador, cujo estilo combinasse com meus textos. Ao conhecer o trabalho de Lucilia, gostei demais. De forma graciosa, ela conseguiu retratar com seus desenhos exatamente aquilo que eu idealizava nas minhas histórias. O resultado foi um casamento feliz, que agradou a ambas as partes. Foto: Arquivo Conta mais uma história, mãe... A escritora autografa seus livros vizinhança. Quando mandei meus textos para a editora Artpress, mandei junto os infantis somente para mostrar diversidade. Fiquei surpresa quando me disseram que que gostariam de publicar os contos infantis. Refleti por um tempo, mas depois fiquei feliz, por meu trabalho começar pelo infantil, assim como a vida. Faz muito tempo que você começou a escrever? Que estilos você desenvolve? Para ser franca, não sei precisar exatamente como comecei, pois antes, escrever para mim era só um passatempo, um hobby. Por volta dos 25 anos, havia acabado de ser mãe pela segunda vez, quando presenciei em uma praça no Rio de Janeiro, a manifestação de várias mães que tiveram os filhos sequestrados ou desaparecidos. Elas apresentavam cartazes com as fotos dos filhos, à procura de notícias e ajuda. Fiquei muito sensibilizada e não conseguia tirar da mente o rosto daquelas mulheres desesperadas e cansadas, que não desistiam de sua luta. Como mãe, você passa as histórias pelo «crivo» das crianças para testar a receptividade do público? Eles ajudam a escolher os temas? Meus filhos desempenham um papel muito importante nesse processo. Ainda conto histórias para o caçula, de 13 anos. Com o mais velho, de Continua página 6 ➙ 5 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 ➙ Continuação da página 5 16, costumo me sentar e discutir as histórias. Percebo também que meu repertório de idéias aumenta à medida que eles crescem. Com isto, já começo a desenvolver idéias também voltadas para o segmento juvenil. Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando Como está sendo a aceitação de seus livros no Brasil? Estive lá durante um mês para a campanha de divulgação e os resultados foram e têm sido surpreendentes. Numa primeira fase, procurei me concentrar em apresentar os livros em minha cidade natal, Petrópolis, no Rio de Janeiro, através da promoção de eventos para o público e de visitação a diversas escolas. Um dos eventos, dirigidos a diretores das escolas particulares de Petrópolis, além de diretores e professores do ensino público, teve uma importância especial para mim. Ali Muita gente escreve histórias ou poemas, mas nem todos têm a chance de publicá-las. Como você conseguiu publicar seus livros? É verdade. Obter um livro impresso não é difícil, contanto que você pague por ele. Encontrar uma editora que acredite no seu trabalho e invista nele, assumindo todas as responsabilidades editoriais é outra história. No meu caso, tive a sorte de encontrar a editora certa na hora certa. A Artpress pretendia entrar no mercado infantil e minhas histórias vieram ao encontro de seus planos. O editor Armando Alexandre dos Santos, que também é escritor, viu os textos e acreditou neles, me dando todo apoio. Estou muito satisfeita e grata pela confiança que depositaram em mim. O CIGA-Brasil é uma associação sem fins lucrativos, sem vinculação política ou religiosa, que visa dar apoio aos brasileiros. ESCRITÓRIO DE TRADUÇÕES BABEL Tradução, redação e correção de textos em Português, Francês, Alemão, Espanhol e Italiano. Traduções de documentos para casamento, divórcio, adoções, contratos e outros. Tradução de diplomas. Homologação de divórcio junto ao Supremo Tribunal Federal em Brasília. Preços módicos. Facilitamos pagamento para homologação de sentença estrangeira. Formas de Atuação: Serviço de Informação e Aconselhamento Contato: Dra. Lúcia da Cunha Messina Atendimento por telefone e com hora marcada: (061) 273 83 05. Sempre às quintas e sextas-feiras, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Ponto de Encontro: Atividades mensais. Cantinho das Crianças: Atividades para crianças de 2 a 5 anos, todas as terças e quintas-feiras, das 14 às 17h. CONTATO: Sandra Lendi de Toledo Tradutora e intérprete reconhecida. Spalentorweg 4 - 4051 - Basiléia Tel / Fax: (061) 261 26 46 Natel: (079) 307 40 59 E-mail: [email protected] Para contribuir com o CIGA-Brasil envie-nos seu endereço e deposite a anuidade de CHF. 30,- na Conta Corrente: 16 1.108.616.07 – 769 (BL Kantonalbank – Ag. Liestal) Senhora de 40 anos faz trabalho de faxina e baby sitter. Copacabana Alugo apartamento para temporada em Copacabana (próximo à praia). Tel: 0055 21 8766 78 26. Região de Basel e Liestal. Também aos finais de semana. 076 374 66 33 / 078 896 40 78 Há sete anos você está vivendo na Alemanha. Essa realidade de migração também faz parte dos seus escritos? Como você encara a vida dos brasileiros na Alemanha? Com certeza, a oportunidade de estar em contato com outros povos contribui muito para a diversidade de idéias. Além de morar na Alemanha, também viajo bastante. Nas viagens, procuro absorver o máximo que posso das culturas visitadas e mantenho minha observação aguçada de tudo que está à minha volta. Para quem escreve é muito importante. Muitas vezes, surge daí inspiração para novas histórias. Nós sabemos que seus livros já foram traduzidos para o alemão. Quais são seus próximos planos? Continuo batalhando para encontrar uma editora na Alemanha que os publique e, em paralelo, trabalho em novos projetos. Como as pessoas podem adquirir seus livros? Eles podem ser adquiridos pela internet através dos sites: www.livrarialoyola.com.br e www.livrariapetrus.com.br Trabalho com crianças em Petrópolis (RJ) O CIGA-Brasil informa o contato de médicos que fazem consultas em português tive a oportunidade de estar frente à frente com os principais responsáveis pela educação infantil da cidade. Foi um interessante momento de troca. Algumas delas até manifestaram interesse em adotar meus livros em suas listas de leitura. Nas escolas, os professores já haviam feito um trabalho de leitura dos meus livros com os alunos, o que tornou o encontro com as crianças muito interessante. Foi uma emoção muito grande perceber que já conheciam as histórias e responder perguntas concretas sobre elas. Senti-me realmente gratificada. Foi uma forma de termômetro sobre a qualidade do meu trabalho e a reação positiva das crianças certificou-me de que estou no caminho certo. GINECOLOGIA: Dr. méd. Jorge E. Tapia Steinenvorstadt 33 – Basel Tel.: 061 281 00 08, Mobile: 076 586 01 44 Contatos com a autora: • [email protected] • [email protected] 6 Danças e Ritmos Tanzstudio Basler Medienhaus, Marktgasse 8, Basel Várias opções de cursos de dança. Inf. e inscrições: Clarice dos Santos Schützenstr. 8 – 4127 – Birsfelden Tel: (061) 312 97 30 / (079) 516 39 22 E-mail: [email protected] NOVO SPIELGRUPPE Novo Spielgruppe na região do Neubad, em Basel. Para crianças de 0 a 12 anos, com almoço. Local amplo, com jardim. Atendimento em português, alemão e francês. Informações: 061 301 18 28 (Helena ou Aline) 7 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando Beauty and More Maquiagem definitiva Limpeza de pele • Depilação para pele sensível • Massagem + Linfática • Corte • Escova • Alisamento e relaxamento • Hidratação e restauração de fios • Alongamento de cabelo em várias técnicas • • www.shoe-brasil.com Patrícia Kropf Dornacherplatz 17 4500 Solothurn Tel: 032 623 07 70 Horário de atendimento Terça à sexta, das 9 às 18h Sábado, das 9 às 17 h CALENDÁRIO DAS MISSAS EM PORTUGUÊS (AG, BS, BL) PADRE MARQUIANO PETEZ BADEN 2° e 4° domingos do mês - 11.00 Sebastianskapelle Kirchplatz 15, 5400 Baden Tel: 056 222 57 15 DÖTTINGEN 3° Sábado do mês - 17.30 Igreja St. Johannes Evangelist Chilbert 24, 5312 Döttingen Tel: 056 245 11 10 BASEL Todos os Sábados - 20.00 Igreja Sacré Coeur Feierabendstrasse 68, 4051 Basel Tel: 061 272 36 59 SUHR 3° domingo do mês - 15.00 Igreja Heiliggeist Tramstrasse 38, 5034 Suhr Tel: 062 842 90 79 SISSACH 1° e 3° Domingo do mês - 9.30 Igreja St. Josef Felsenstrasse 16, 4450 Sissach Tel: 061 971 13 79 ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ ★ Brasilianische und deutsche Küche Riehen Grenze - Tram 6 - in Lörrach - Baselstr. 1 Telefon: 0049 7621 577 028, www.lucileide.de CURSO DE PORTUGUÊS PARA CRIANÇAS EM BASEL-STADT. 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Deborah Biermann, Grupo Ação, Katja Schurter, Marina Até esta data todos os textos e anúncios Stranner-Salles, Nita Stöcklin, Rui Martins, Vania Barbosa. devem chegar às nossas mãos 9 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando Dos alpes suíços ao litoral brasileiro (por Marina Stranner-Salles) «O bom filho à casa torna». Deixo lembrança àqueles que ficam e levo comigo a saudade de todos. De partida para o Brasil, um carinhoso adeus. Foto: Arquivo A primeira vez em que me encontrei diante de Berna foi amor à primeira vista. Há 15 anos eu chegava na Suíça, vindo de Roma, Itália. A minha surpresa foi tamanha ao sair da estação…encontrei aquela cidade toda vestida de branco, me senti atraída por ela e por este país. Foi então que começou nosso namoro, com muitas renúncias e conquistas para que o nosso relacionamento desse certo…e deu ! Aqui na Suíça encontrei a segunda pessoa mais importante da minha vida, meu marido. Uma pessoa que conseguiu restaurar em mim a confiança no ser humano, sendo ele mesmo um humanista, que sonhava com um mundo melhor e que sempre travou com bravura batalhas para que isso acontecesse, com vários sucessos. De muitos recebi o respeito e carinho ímpar, a esses, saibam que estarão sempre em minhas lembranças com o mesmo carinho que me dedicaram. Muitas foram as pessoas que cruzaram meu caminho nesta tragetória, algumas souberam fazerem-se importantes em minha vida, outras me transmitiram certa experiência. Tive algumas decepções, apesar de poucas foram de grande aprendizado. Aos meus professores e colegas, o meu mais profundo reconhecimento por terem contribuído para que eu superasse a barreira do idioma e por me ajudarem na adaptação, dia-a-dia. Assim tornou-me possível a realização dos meus estudos na Universidade Miséricorde em Fribourg e participar de cursos que enriqueceram minha bagagem profissional. Marina (esq.), com a amiga Mara Meus amigos. Eles não foram numerosos, mas aqueceram-me o cotidiano. Aos conhecidos, o meu respeito. Aos meus leitores, obrigada pela fidelidade e confiança. E como eu não poderia esquecer-me, meus clientes, pois sem eles não teria sido possível realizar-me profissionalmente, um obrigado especial. Enfim, todos foram personagens, cada um no seu papel, de grande significado para que minha história no «Velho Mundo» fosse rica e sábia. Retornando ao meu país de origem, a famosa Terra Dourada, onde nasci, me despeço de vocês, mas deixando para trás uma porta aberta, pois tentarei viver longe deste pequeno país helvético, que me conquistou com grandeza única. Assim, se a saudade maltratar… voltarei para a bela Suíça. O meu carinho a todos aqueles que me querem bem. Um grande abraço a todos. O Grupo Chapéu de Couro se apresenta O Grupo de Capoeira Chapéu de Couro foi criado em 1981, no Recife, pelo Mestre Corisco. No grupo pratica-se em primeiro lugar a Capoeira Regional, mas também a Capoeira Angola é praticada. Chapéu de Couro é independente de qualquer federação, com o objetivo de não perder sua individualidade e forma particular de trabalho. Professores formados pelo Mestre Corisco dão aulas hoje tanto no Recife, como também em Ottawa (Canadá) e em Köln/ Düsseldorf (Alemanha). Desde 1993 a Professora Claudia Malvadeza ministra o trabalho do Mestre Corisco também na Suíça, transmitindo adiante a arte e tradição da «Capoeiragem». O Grupo Chapéu de Couro e a Professora Claudia Malvadeza são apoiados em Basel por uma associação criada em 1997. Com o tempo firmou-se uma base forte, que se identifica com suas raízes culturais no Nordeste do Brasil. 1. Grad. corda azul: É a cor da Orixá Yemanjá, Deusa dos Mares, da água salgada e significa a viagem dos escravos africanos pelo mar para o Brasil. 2. Grad. corda marrom: É a cor de Xangô, Deus do Raio e do Trovão e também das Lutas. Este corresponde aos protestos dos escravos contra seus senhores. 3. Grad. corda verde: É a cor de Oxossi, Deus das Florestas e da Caça. Corresponde às florestas, que serviam como local de fuga para os escravos. 4. Grad. corda amarela: É a cor de Oxum, Deusa das Águas Doces e dos Rios. Simboliza o nascimento dos negros em liberdade, como a fonte de um rio. Esta liberdade depois é derrubada, como em uma cascata e vira opressão e escravagismo. 5. Grad. corda roxa: É a cor de Yansan, Deusa do Vento e dos Temporais. Simboliza a luta dos escravos fugidos pela sobrevivência nos quilombos. 6. Grad. corda vermelha: É a cor de Ogum, Deus das Guerras. Simboliza a luta dos escravos contra a perseguição, a opressão e a discriminação. 7. Grad. corda branca: é a corda do Mestre. A cor da Paz, que reúne em si todas as cores do espectro. Corresponde a um Capoeirista que descansa em si mesmo e não tem mais a necessidade de se medir com outros. Graduação O Grupo de Capoeira Chapéu de Couro segue a «graduação das sete cordas». As Cordas, que são conferidas pelo Mestre, não são apenas a condecoração pelo saber e o talento dos alunos, mais do que isso, elas devem acompanhar o aluno em sua viagem pela vida e pela Capoeira. Desta forma, não é apenas a capacidade esportiva que conta para o merecimento de uma corda, mas também outras capacidades, como por exemplo cantar e tocar um instrumento. Além disso, as cordas simbolizam também diversas estações na história da escravatura: (Texto original em alemão na Homepage do Chapéu de Couro - Köln e do Chapéu de Couro Basel. – www.capoeiragem.ch – Tradução de Irene Zwetsch) Convidados especiais: Mestre Corisco, Recife (Brasil) Mestre Zoi, Palermo (Italia) Metsre Marreta, Amsterdam (Holland) Mestre Nêm, Hamburg (Deutschland) Contra-Mestre Nêgo, Köln (Deutschland) Contra-Mestre Pudim, Roma (Italia) Contra-Mestre Musa, Cagliary (Sardegna) Prof Ratinho, Roma (Italia) Prof Téco, Genf (CH) Custos: - Todos os Workshops, pernoite (trazer saco de dormir) incluindo café da manhã, janta, camiseta e entrada para a festa – CHF 190.– - Somente Workshops – CHF 60.– por dia - Crianças até 14 anos – CHF 30.– por dia PROGRAMA: Sexta, 25.11 – das 18h30 às 20 horas Roda de abertura, com apresentação dos mestres e professores convidados Local: Missionsstrasse 21, Basel (Para os participantes depois haverá janta no Zivilschutzanlage) Sábado, 26.11 – das 14 às 19 horas Workshop, batizado e troca de cordas. Local: Quadras da Uni Sport Basel, Schulhaus Leonhard, Leonhardstrasse. A partir das 22 horas, festa com muito forró e animação no Keller do Restaurante Union, Klybeckstrasse 95, Basel Domingo, 27.11 – 12 às 16 horas Workshop e Roda de encerramento Local: Quadras da Uni Sport Basel, Schulhaus Leonhard, Leonhardstrasse. 10 Organização: Capoeira Chapéu de Couro Informações: Profa. Malvadeza 061 681 05 96, ou info @capoeiragem.ch 11 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando Cordel de Pernambuco chega à Suíça Foto: Arquivo Assim poderia começar a história do recifense José Honório da Silva, o Cordelista Cibernético, que em setembro fez uma turnê pela Suíça, divulgando a literatura de cordel. Honório se define como «poeta de cordel» e, mesmo não se considerando estudioso, deu uma aula sobre o tema. O autor viajou a convite da amiga Denise Lima, da Associação Raízes, de Genebra, com apoio do Setor de Negócios da Prefeitura daquela cidade. Pela primeira vez fora do Brasil, Honório participou da feira La Fureur de Lire, em Genebra, além de apresentar seu trabalho em Zurique, Bern, Lausanne, Losone, Locarno, Yverdon e Basel. Sua palestra em Basel foi organizada pelo Centro Cultural da Língua Portuguesa e Brasileira. Segundo Honório, a origem da literatura de cordel remonta aos séculos XV e XVI, quando surgiram na Europa as primeiras histórias de cavaleiros, poemas e canções, levadas de vila em vila por trovadores ou vendedores ambulantes. Desta forma chegaram também às Américas. No Brasil, espalharam-se especialmente no Nordeste, primeiro contadas oralmente e depois registradas em livretos. Os temas, inspirados na Europa, apresentavam princesas, cavaleiros e castelos. O nome «literatura de cordel» refere-se à forma como os livretos eram comercializados: pendurados em barbantes e vendidos nas feiras. Honório conta que muitos cordelistas tinham uma estratégia interessante. Eles chamavam a atenção do público, contavam uma parte da história e diziam que quem quisesse saber o final tinha de comprar o livreto. Por muito tempo o cordel foi a única fonte de informação no Nordeste, afirma o escritor. Produzido por «pessoas sem muita letra, o cordel era consumido por gente sem letra nenhuma», diz o Autor. Foi assim que Honório entrou em contato com essas Era uma vez um rapaz Que decidiu escrever Descobriu que era capaz E cordelista foi ser.... José Honório com Irene Zwetsch, em sua apresentação em Basel Américo Gomes, do Pará, fez a primeira «peleja virtual» de repentes e seu próximo passo será fazer uma "peleja online”. Mesmo apaixonado pelo cordel, Honório reconhece que não dá para viver disso. Ele é bancário e dedica-se a escrever nas horas vagas. Mesmo assim já tem 40 livretos publicados desde que começou a escrever, em 1984. «Alguns ainda estão na gaveta e outros na cabeça», diz o autor, que ganhou um Concurso de Cordel sobre Lampião e tirou o terceiro lugar em outro. Engajado na defesa e na divulgação do cordel, o autor criou, juntamente com outros cordelistas, a União dos Cordelistas de Pernambuco. Seu objetivo é viabilizar a publicação das obras e abrir espaço para a divulgação, por meio de recitais com música. Dentro do espírito de formar novos leitores, Honório investe tempo no trabalho com escolas, estimulando professores a estudar as poesias com os alunos. A participação em diversos eventos também dá resultados. Os cordelistas pernambucanos abriram a programação oficial de São João no Recife, por exemplo, e pretendem partipar ainda na Bienal do Livro. No meio acadêmico o cordel também conquistou espaço e já existem estudos sobre o tema, como a Gramática no Cordel, de Janduhi Dantas (PB). Vale dizer que embora bem mais profissionalizados, muitos livretos de cordel ainda são escritos por pessoas de pouca instrução formal e apresentam erros gramaticais. Por essas e outras continua atual a definição do cordel feita pelo professor francês Kantel: «é uma poesia narrativa, impressa e popular». (Irene Zwetsch) Mais informações e contato: • José Honório E.mail: [email protected] • União dos Cordelistas de Pernambuco: www.unicordel-pe.fotoflog.com.br • Academia Brasiliera de Literatura de Cordel: www.ablc.com.br histórias, pois seu avô de 70 anos pedia que o neto lesse para ele. Muitos analfabetos até aprenderam a ler com os versos. A linguagem utilizada nos livretos incorporou muitos termos nordestinos, conservando porém a estrutura básica de versos e rimas: seis, sete, oito ou dez versos, com rimas alternadas. Essa estrutura também aparece no «repente», que se diferencia do cordel em função do improviso, da apresentação oral e da origem dos temas, geralmente sugeridos pelo público. «O cordel é uma poesia feita com mais calma, a partir de temas escolhidos pelo autor e circula de forma impressa», explica Honório. Outra marca do cordel são as xilogravuras que passaram a ilustrar as histórias e hoje são identificadas com elas. Como tudo na vida, o cordel teve de se adaptar aos novos tempos. Em função da concorrência com a televisão e dos altos custos de impressão, partiu-se para a utilização do computador e das fotocópias para viabilizar pequenas tiragens. Honório ganhou o apelido de «cordelista cibérnetico» porque foi um dos primeiros a usar o computador e a internet na divulgação do seu trabalho. Junto com 12 13 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando A ILUSÃO DA SUPERPROTEÇÃO (por Ângela Góes - Globo Online) Em 2003, crianças e adultos de todo o mundo se emocionaram com o filme «Procurando Nemo», que conta a saga de dois carismáticos peixinhos: o supercauteloso Marlin e seu filho, o curioso Nemo. Viúvo, Marlin assume a responsabilidade de criar o filho sozinho, protegendo-o de todos os perigos. Apesar de bem-intencionado, o pai erra na mão e sufoca Nemo com tanto cuidados. Resultado: na tentativa de provar que é capaz de se virar sozinho, Nemo se mete em confusão. A história é infantil e tem final feliz garantido. Na vida real, a «Síndrome de Marlin», como vem sendo chamada a superproteção paterna, tem sido motivo de preocução. É tênue a linha que separa a proteção da superproteção. Quem ama, claro, cuida. Em doses normais, cuidado não traz prejuízo. Já o exagero pode trazer mais malefícios do que benefícios. Segundo a terapeuta Zulma Taveiros Guimarães, do Núcleo de Casal e Família da Sociedade de Psicanálise do Rio, crianças superprotegidas se tornam adultos dependentes, inseguros, imaturos e medrosos, sem autonomia e incapazes de tomar decisões. • Quem cresce esperando que alguém sempre lhe dê todas as respostas, as fórmulas prontas, não desenvolve a capacidade de pensar soluções criativas para lidar com imprevistos. Não cria imunidade para se proteger quando está sozinho - diz Zulma. Falando assim, parece fácil. Mas só quem é pai ou mãe sabe o drama de educar o filho em um mundo cada vez mais violento. Crianças, jovens e adultos estão mais expostos a certos perigos do que há alguns anos. Nessa conjuntura, é normal querer adiar certas liberdades, a fim de evitar que os filhos fiquem expostos a perigos reais e concretos. Até certo ponto, isso se faz necessário. Mas é preciso tomar muito cuidado para não usar a violência como desculpa para que os filhos não assumam responsabilidades para as quais estão prontos. • O ser humano aprende com as adversidades, com erros e acertos. Pessoas resilientes são aquelas que vivenciam as dificuldades e saem fortalecidas dessas experiências - afirma a pedagoga Sônia Mendes, da Associação de Terapia Familiar do Rio. Segundo especialistas, o problema é que os pais estão com medo de tudo. E acham que podem evitar a violência, os acidentes de carro, as drogas e a sexualidade precoce prendendo os filhos dentro de casa. Uma ilusão. Engana-se o pai que acredita que pode anular todos os riscos a que o filho está exposto. Essa tentativa pode até ter um efeito indesejado. O filho pode rejeitar a superproteção e furar o esquema de segurança imposto, expondo-se ainda mais. • A melhor proteção que um pai pode oferecer ao filho é dar responsabilidade para que ele faça suas próprias escolhas, avaliando primeiro as necessidades e possibilidades de cada faixa etária - aconselha a filósofa e educadora Tânia Zagury, autora de «Encurtando a adolescência» (Ed. Record). Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, os superprotegidos são os que mais correm riscos, pois fazem coisas escondidas. • Os pais erram achando que os seus filhos são diferentes dos outros, melhores que os outros. Erram ao enxergar os filhos como vítimas de más companhias - alerta. Ter discernimento sobre o que é ou não é realmente perigoso; saber o momento certo de prendê-los e soltá-los não é tarefa fácil. É preciso sensibilidade e atenção. • É importante que os pais reflitam, conversem com outros pais, outros filhos, psicólogos e educadores. É bom ouvir opiniões, discutir estratégias. As trocas são muito positivas e podem apontar caminhos. Só não vale esperar por fórmulas prontas. Isso não existe - conclui Zulma. (Colaboração de Nita Stöcklin) 14 15 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando A saga dos brasileirinhos sem pátria Carta aberta ao Senador Cristovam Buarque, novo presidente da Comissão de Direitos Humanos Foto: Rui Martins Toda pessoa tem direito a uma pátria e, por redundância, a um passaporte, bem como pertencer a uma comunidade. Exceto assim decidiu o Parlamento brasileiro, em 1994 - os filhos de pai ou mãe brasileiros nascidos no exterior. Entre os muitos absurdos criados pela classe política brasileira, mais esse: o de punir os filhos da emigração brasileira. Essa situação se torna mais absurda, quando se sabe que até os netos de espanhóis e italianos, nascidos da emigração estrangeira, podem ter a nacionalidade dos avós. Porém, aos filhos dos pais e mães brasileiros, se exige - se quiserem ser brasileiros - que deixem seus pais emigrantes no país estrangeiro, interrompam seus estudos no país onde cresceram e passem a residir no Brasil, para poder entrar com um pedido de nacionalidade brasileira, parecido com um pedido de naturalização brasileira. (Ou que tenham documentos falsos de residência, num país onde a corrupção é institucionalizada). Duas graves conseqüências principais para o Brasil - nos países de jus terrae, onde basta nele nascer para adquirir a nacionalidade, como os EUA, os filhos de brasileiros se tornarão estadunidenses ou americanos e, diante da dificuldade de serem também brasileiros, romperão os vínculos com a segunda pátria. Seus netos nem saberão da origem dos avós; nos países de jus sanguinis, onde os filhos de estrangeiros continuam sendo estrangeiros, como Suíça e Alemanha, os filhos de brasileiros (atualmente com passaportes brasileiros provisórios) se tornarão apátridas. Essa situação vergonhosa começará a ser vivida pelos filhos de brasileiros nascidos no Exterior, a partir de 2012, dentro portanto de apenas sete anos, se nada for feito para se corrigir a emenda constitucional de 94. Essa emenda retirou um pará- Queremos ser brasileiros de verdade! grafo, no qual se dizia que eram também brasileiros natos os filhos de pai e/ou mãe brasileiros nascidos no Exterior e registrados no Consulado brasileiro local. O que isso significa, além dessa vergonhosa situação em que os filhos de brasileiros se tornarão apátridas, pois seus passaportes provisórios brasileiros serão recolhidos aos completarem 18 anos? Significa que o Brasil, ao contrário dos outros países, não se interessa pela sua cultura no Exterior, da qual seus filhos seriam os melhores embaixadores. Os filhos dos quatro milhões de brasileiros no Exterior, na maioria emigrantes por uma vida melhor, que se esqueçam do samba, da bandeira verdeamarela, de Ronaldo e Ronaldinho, de Jorge Amado, berimbau, candomblé, Amazônia, guaraná, café e se assimilem o mais rápido possível no país onde seus pais foram parar. A outra é econômica - os brasileiros no Exterior são gente de coração e mandam todo mês dinheiro para a família. Só dos EUA chegam todos os anos entre 2 a 4 bilhões de dólares por ano. E, em se mantendo o vínculo dos filhos e depois netos dos brasileiros, essa fonte nunca irá secar. Mas, com a exclusão dos filhos de brasileiros, com o escândalo previsto para 2012, com a retirada dos primeiros passaportes provisórios, com o 16 rompimento do vínculo já na primeira geração, essa fonte irá gradativamente secando. Todo esse argumento tem um objetivo o Senador Cristovam Buarque foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos. Num contato que mantivemos, quando o Senador esteve em Genebra, percebemos estar consciente dessa aberração brasileira. Sua visão vai mesmo além, pois quer a criação de deputados representantes da comunidade brasileira no Exterior. Portanto, pedimos ao senador Cristovam Buarque para denunciar a negação de um direito humano básico dos filhos de cidadãos brasileiros nascidos no Exterior, o da cidadania. Um direito que vem antes ainda do direito à alimentação e do direito à educação e escola. É hora de se votar a Proposta de Emenda Constitucional que concede a nacionalidade nata aos filhos de brasileiros nascidos no Exterior, como antes de 94. Mas, atenção: sem necessidade de burocracia, de processo e papelada, apenas do comprovante de re- gistro de nascimento no Consulado para se tornar brasileiro nato. É hora também de se explicar corretamente aos brasileiros do Exterior que o passaporte recebido por seus filhos, nos Consulados, é um mero salvo-conduto provisório, que será retirado aos 18 anos, se não viverem nessa época no Brasil. A comunidade brasileira no Exterior só não protestou até hoje porque tem sido enganada. E nessa falta de transparência sobre o assunto, o Itamaraty tem culpa, pois até mesmo diplomatas desconhecem essa situação de nacionalidade provisória em que vivem as crianças nascidas de pais brasileiros, depois de 94, no Exterior. Os brasileiros pais e avós dos «brasileirinhos sem nacionalidade brasileira» e os brasileiros em geral que desejarem se unir para um protesto geral e divulgação na imprensa dessa situação vergonhosa, podem me contatar pelo e-mail: ruimartins@ hispeed.ch. (Rui Martins, Jornalista, escritor, 30.10.05) O Dr. Wilson estará em dezembro na Suíça e poderá esclarecer dúvidas sobre o tema cirurgia plástica. Dr. Wilson wird im Dezember die Schweiz besuchen und kann Fragen über das Thema plastische Chirurgie beantworten. Dr. Wilson sera en Suisse le mois de Décembre et peut répondre des questions sur le thème chirurgie plastique. Infos/Informações e contatos na Suíça: Ivone (061) 692 82 93 ou (078) 885 17 81. FOTOMONTAGENS e criatividade ao seu dispor. WiLBER’s GRAFIK & DRUCK SERVICES P. O. Box 548 CH-4016 Basel Tel/Fax. 061 691 03 33 /34 [email protected] 17 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando FALOU.... PAGOU! Foto: Irene Zwetsch Jornalistas cobram em Genebra dinheiro de Maluf na $uíça prática que a Suíça já mantém com a União Européia para permitir a repatriação do imposto sobre contas secretas de cidadãos europeus no país. Sem especificar os nomes dos depositantes, os bancos recolhem os impostos correspondentes e reenviam ao país de origem. A proposta de Rui e Cuenod é fazer desse acordo bilateral uma regra geral que beneficie especialmente os países menos desenvolvidos, as maiores vítimas de desvios de recursos para paraísos fiscais. O Brasil, por exemplo, teria alguns bilhões de dólares de impostos a receber sobre os 150 bilhões escondidos aqui na Suíça, estima Rui. Bastidores das finanças Se a proposta dos jornalistas vingar, muita coisa pode mudar nesse mundo de desvio de dinheiro público e lavagem financeira. A própria denúncia de Maluf e o processo que culminou em sua prisão mostram que existe uma mudança em curso. Detalhes sobre os bastidores dos grandes centros financeiros, da política e do poder são o pano de fundo da história contada no livro «O dinheiro sujo da corrupção – Por que a Suíça entregou Maluf», de Rui Martins, lançado pela Geração Editorial, no Brasil, em outubro. O prefácio do livro é assinado pelo lendário Jean Ziegler, o ativista e ex-deputado suíço que se tornou o terror dos bancos, autor de vários livros sobre lavagem de dinheiro. O jornalista relata que tudo começou há quatro anos, quando a Polícia Federal Suíça pediu informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre um certo Paulo Maluf, que tinha contas na Suíça. A história rendeu manchetes na imprensa brasileira e Rui Martins sentiu-se até ofendido por estar tão perto da fonte e ser o último a saber. Partiu então para a ofensiva e fez contato com as autoridades daqui. Descobriu que havia suspeita de lavagem de dinheiro e o caso Maluf já havia passado da fase de inquérito inicial para o nível processual. Rui Martins é jornalista e escritor Paulo Maluf, preso em setembro por tentar atrapalhar as investigações sobre suas famosas contas na Suíça, conseguiu sair da prisão preventiva. O que ele não contava é que alguém fosse cobrar o compromisso que ele assumiu em maio de 2004 em declaração à Folha de São Paulo: «o primeiro que encontrar qualquer depósito na minha conta na Suíça pode ficar com o dinheiro». Os jornalistas Jean-Noël Cuenod, do Tribune de Genève, e Rui Martins, ex-correspondente da Central Brasileira de Notícias, dizem que acharam o dinheiro e querem recebê-lo. O pedido formal será feito em novembro ou dezembro, no Clube da Imprensa em Genebra. A idéia depois é doar o montante virtualmente ao Movimento dos Sem Terra. «Vai ser tudo virtual», diz Rui, mas certamente vai chamar a atenção. Resta ver se Maluf cumprirá o compromisso moral que assumiu. Aproveitando a oportunidade, os dois jornalistas lançarão a idéia do «Princípio da Exceção». Trata-se do recolhimento e envio aos países de origem dos impostos relativos aos depósitos secretos na Suíça. Essa é uma 18 Rui acompanhou o caso, mandando boletins periódicos para a Central Brasileira de Notícias (CBN). Com bom humor, revelou o número do processo contra o Maluf como se fosse um palpite para a Loteca. Juntamente com Jean Cuenod, Rui cobriu a evolução da história na Suíça. Em seis meses foram 22 boletins sobre o caso Maluf para a CBN. Cuenod, por sua vez, publicou em setembro de 2001 a primeira grande matéria internacional sobre o tema no jornal Tribune de Genève. Ele falava da abertura do inquérito, dando valores e outros detalhes, provando que Maluf tinha diversas contas aqui. O jornal Le Temps publicou também matéria sobre o assunto e ficou evidente que o caso ia avançar. Mesmo assim a imprensa no Brasil «deixava à Maluf o benefício da dúvida, quando não havia mais dúvida alguma», lembra Rui. A prisão de Maluf neste ano demonstra o interesse brasileiro de continuar o caso, mas ainda não se chegou ao ponto de condenar o político. Se houver condenação, pode haver processo também na Suíça e Maluf terá que depor aqui. O risco que se corre é o Supremo Tribunal Federal brasileiro anular a condenação e arquivar o processo, terminando o caso em pizza. Papel da imprensa Além de explicar o funcionamento do sistema de segredo bancário na Suíça, o livro de Rui Martins chama a atenção para o papel da imprensa. «Na época a imprensa não fez o que faz agora», diz o jornalista, que ficou como voz isolada afirmando a existência das contas de Maluf na Suíça. "Os outros veículos usavam sempre o verbo no condicional, numa espécie de política de preservação», possibilitando a candidatura de Maluf a governador. Para Rui, a cobertura do caso custou o emprego na CBN: «fui demitido por motivo de economia». O jornalista Carlos Aranha, da Paraíba, foi o primeiro a enfatizar que a demissão de Rui não foi por economia de custos. O motivo estava claro: «era ano eleitoral e só eu estava malhando o Maluf». Com a saída de Rui, a CBN passou a transmitir os boletins internacionais veiculados pela BBC inglesa e as notícias sobre Maluf desapareceram. Elas só voltaram ao noticiário em julho de 2003, com a retenção de Maluf em Paris para verificação. Só mais tarde, a partir de março de 2004, quando o último recurso de Maluf foi recusado e os extratos suíços foram divulgados no Brasil, a imprensa toda começou a malhar o ex-governador, conta Rui. Essa atitude da imprensa com relação a Maluf, nada tem a ver com a posição adotada com relação aos escândalos que levaram à crise no país, na opinião de Rui. Ele acredita, na verdade, que o debate sobre corrupção é «um falso debate, uma crise minimalista». O que se precisa, segundo ele, é mudar a estrutura social do Brasil, semi- Continua página 20 ➙ Batalha judicial Enquanto isso, no campo jurídico o caso seguia devagar. Para a Suíça era questão de honra ir até o fim. Desde o atentado às torres gêmeas nos Estados Unidos, a pressão americana e européia para controlar de- Jean Ziegler pósitos ligados ao terrorismo, lavagem de dinheiro e narcotráfico aumentou e a Suíça queria provar que não aceitava mais lavar dinheiro. No Brasil, porém, tudo caminhava em outra direção. Além da demora no envio dos documentos pedidos pela Justiça suíça, as traduções para o francês eram quase ilegíveis. Segundo Rui, não ficava claro se era incompetência do governo brasileiro, ou tentativa de proteger o político. Apesar do Brasil ficar em cima do muro, a Suíça persistiu, denunciou o ex-governador e exigiu a apresentação dos documentos para instauração do processo. Maluf tinha sido pego no contrapé ao fazer uma transferência de 200 milhões de dólares para a ilha Jersey, paraíso fiscal do Reino Unido. A Suíça tinha criado uma nova lei contra operações bancárias duvidosas e o banco logo fez a denúncia. A única ressalva no processo é que Maluf não poderia ser enquadrado em crime de evasão fiscal, pois na Suíça isso não é crime. 19 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 ➙ Continuação da página 19 escravagista, de castas e apartheid social, e aumentar gradativamente o salário mínimo até níveis que permitam a sobrevivência com dignidade. No final de 2004, com o caso se desenrolando no Brasil e a base do livro pronta, Rui contactou a Editora Geração para publicar a história. O lançamento da obra em outubro deste ano, coincidindo com a prisão de Maluf e de seu filho tornam o livro ainda mais oportuno. Numa mistura de relato jornalístico e explicações técnicas sobre o funcionamento dos paraísos fiscais, Rui conseguiu ao mesmo tempo desvendar os caminhos da lavagem de dinheiro e mostrar a importância da imprensa na denúncia ou na perpetuação de práticas desonestas. Aliás, uma das próximas batalhas do jornalista é contra o que ele chama de «Dumping» jornalístico. A idéia é denunciar junto à Organização Mundial do Comércio os serviços de noticiários internacionais que são distribuídos gratuitamente pelas rádios inter- Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando nacionais, como BBC e RFI, para redes de rádios comerciais. «Esses serviços anulam a possibilidade do trabalho dos correspondentes no exterior» e isso implica em concorrência desleal. «Trabalhos grátis só deveriam ser permitidos com fins humanitários, para rádios comunitárias por exemplo», argumenta Rui. O que acontece hoje é que grandes rádios nacionais brasileiras fazem acordos com as rádios internacionais e, com isso, demitem seus correspondentes no exterior. Além de gerar desemprego, cria-se uma espécie de monopólio de informação. (Irene Zwetsch) Livro conta como Suíça entregou Maluf A história do advogado e quase pastor, que decidiu ser jornalista Publicado em plena ditadura, o livro defendia a tese de que Roberto Carlos surgiu para preencher um vazio que havia no país. Músicas como «Quero que vá tudo pro inferno», pregavam uma forma de fugir do real. O jeito de ser da Jovem Guarda contaminou o país e os meios de comunicação ajudaram a criar o fenômeno musical. Essa forma de expressar as frustrações, cassações políticas e incertezas passou a ser um fenômeno sociológico. A análise de Rui sobre o tema foi publicada em uma página no Estadão e o editor da Fulgor (que era ligada ao PC) propôs que ele publicasse um livro a respeito. «Em um mês o livro estava pronto», disse Rui, que marcou assim sua estréia como escritor. Sua atuação no jornal sempre teve uma pitada de contestação à realidade. Como jornalista que cobria a área estudantil, abrigou em sua casa o líder da União Nacional dos Estudantes, José Luis Guedes e sua família, que estavam sendo perseguidos. Mais tarde foi demitido do jornal por ter comemorado a reação dos vietcongs aos Estados Unidos na Guerra do Vietnam. Assumiu a chefia de redação paulistana do jornal Última Hora do Rio. Perdeu novamente o emprego, em dezembro de 68, ao participar de uma suposta greve de jornalistas. Rui lembra do caso com certo humor: «O Reali Junior, na época no Jornal da Tarde, veio à minha redação pedir apoio para uma greve de jornalistas em São Paulo, que na verdade não acontecia, mas eu acreditei e escrevi para a sede: a imprensa de São Paulo está em greve e nós, como Nascido em Torre de Pedra, próximo a Tatuí, em São Paulo, Rui recebeu esse nome em homenagem a Rui Barbosa e, coincidência ou não, acabou tornando-se também um «homem das letras». Por pouco não se tornou «pastor». Criado dentro da Igreja Presbiteriana, participava ativamente na comunidade e foi um dos líderes da mocidade na época. Com a ditadura, Rui desligou-se por completo da Igreja Presbiteriana. Ele compartilhava das idéias marxistas, enquanto a igreja uniu-se aos militares e expulsou os seminaristas de esquerda. Rui decidiu estudar Direito na USP e, enquanto fazia faculdade à noite, trabalhava de dia no Citibank. A seguir, foi assistente de direção do SESC, Serviço Social do Comércio. «Tive três chefes que eram simpatizantes da esquerda e aprendi muito na convivência e bate-papo com eles», diz o escritor. Mas o que ele queria mesmo era trabalhar num jornal. Por meio de um amigo, conseguiu fazer um mês de estágio no jornal Estado de São Paulo. Terminado o período, prometeram lhe chamar. Isso não aconteceu. Teimoso, Rui foi até o jornal levar o convite para sua formatura e fez mais uma tentativa. Deu certo, recebeu uma oferta. Sem pensar duas vezes, Rui pediu licença no SESC e nunca mais voltou. «Fui para o jornal ganhando 1/3 do meu salário, mas era isso que eu queria fazer», lembra. Rui estava dois anos no jornal quando publicou o livro «A rebelião romântica da Jovem Guarda» (Fulgor, 1966). 20 Do tempo na Rádio Suíça Internacional ficou um ressentimento, que custou a desaparecer. «A Suíça me rejeitou e eu rejeitei a Suíça. Tudo o que eu podia, escrevia contra a Suíça. Mudei a imagem de cartão postal que a Suíça tinha no Brasil e contei um lado que não se conhecia», revela o escritor. Rui só venceu esse problema quando abraçou uma nova bandeira: a luta pelas classes bilíngües no cantão de Berna. Tudo começou quando se tornou presidente da Comissão de Pais na escola de suas duas filhas do terceiro casamento. Quando veio a decisão da cidade de Berna de cortar a subvenção para a Escola Cantonal de Língua Francesa (ECLF) ele agitou a imprensa e «dizem que foi por isso que as autoridades bernesas voltaram atrás». No processo de luta pela escola Rui conheceu os representantes do parlamento da cidade, viu que tinha apoio e que «era possível o diálogo com essa gente que eu antes não queria nem ver». Por isso mesmo ele não cansa de repetir que «a experiência de dirigir uma comissão de pais, lutar para serem ouvidos e o atual projeto de classes colegiais bilíngües com a criação do grupo Francophones de Berne foi a minha integração». «Passei tanto tempo não querendo me integrar que quero salvar os outros disso, no caso os filhos de imigrantes como eu. Precisamos fazer a nossa parte, esperamos que as autoridades correspondam ao nosso desejo de integração», afirma o jornalista. Infelizmente o momento atual não parece muito promissor: «agora vejo que a situação se degringola e o país adota leis racistas contra os estrangeiros». Essa decepção acaba transparecendo no livro sobre Maluf. «Fui duro nos ataques a essa Suíça. Estou desenterrando de uma outra forma a revolta antiga», conclui. Mesmo assim, continua ativo na defesa da bandeira das classes bilíngües em Berna e algumas vitórias já estão a caminho. É quase certo que a primeira classe colegial bilingue francês-alemão comece a funcionar a partir de agosto de 2007. «É preciso sempre ousar para transformar uma idéia em realidade», festeja. Rui acredita que se a imigração nos trouxe até aqui, precisamos nos integrar, para participar mais ativamente da vida no novo país e transmitir as nossas idéias de sociedade. Mas essa integração deve ser consciente «para que a Suíça, graças aos estrangeiros, possa descobrir o caminho da abertura ao mundo». Pensando no exemplo do futebol, Rui lembra que a grande vitória da França na Copa do Mundo foi a vitória do antiracismo. Para o jornalista, «a Suíça só poderá ter ambições nessa área quando tiver uma seleção colorida». Outra luta é para que o Brasil reconheça os filhos de pai e/ou mãe brasileiros nascidos no Exterior como brasileiros natos. Seu último artigo a respeito (ver página 16) está sendo republicado nos EUA e foi lembrado nas discussões de Boston sobre imigração brasileira. Seu objetivo é criar um ponto central, um site, que reúna imigrantes brasileiros da Europa, Ásia e EUA para forçar o Brasil a rever sua política com relação à diáspora basileira. (I.Z.) correspondentes em São Paulo também estamos». A resposta veio rápida e curta: «Está demitido!» Numa época em que «ser do contra» dava punição, alguns amigos se preocuparam com a segurança de Rui, temendo que ele fosse preso. Foi quando recebeu uma proposta irrecusável da Embaixada da França: uma bolsa de estudos para Paris para sair do Brasil. Arrumou tudo, saiu do Brasil, deixou a mulher, e se exilou na França. «Saí uma semana antes do seqüestro do embaixador americano, que levou à prisão todo mundo», conta. Na França, que considera sua segunda pátria, fez seu Mestrado em Jornalismo no Institute Français de Presse e dois anos de doutorado com especialidade em Ciência da Comunicação. «Escrevi algum tempo para o Pasquim e, durante uma época cheguei a ter três bolsas ao mesmo tempo para poder sobreviver», relata. Nas horas vagas, dava aulas de português. Veio para Genebra, em 1970, pegar uma carta de apresentação de Paulo Freire, que lhe garantiu uma uma bolsa de estudos da CIMADE, em Paris. Ia ser professor de jornalismo em Constantine, na Argélia, mas o contrato furou na última hora. Inscreveu-se para um posto na UNESCO (órgão das Nações Unidas responsável pela área da Educação, Ciência e Cultura), por indicação de Eber Ferrer, mas chegou em segundo lugar e não entrou. Foi uma época difícil em Paris, onde criara nova família e onde nasceram suas duas filhas mais velhas. Era uma vida de restrições e pouco dinheiro. Por sorte, começou a escrever para a revista Manchete. Em 1975, em plena administração Geisel, voltou para o Brasil, pois sua esposa tinha muitas saudades. O retorno durou somente nove meses. Como sua esposa tinha sido tesoureira da União Estadual dos Estudantes, um dia os militares do DOI-CODI bateram à sua porta às cinco horas da manhã e a levaram para ser interrogada. Alguns dias de prisão com tortura, acabaram com a perspectiva de uma vida normal em São Paulo e exigiram uma nova saída discreta para começar tudo de novo em Paris. Um amigo lhe conseguiu um emprego pela Abril e, a seguir, Rui trabalhou como correspondente para a Rádio Guaíba, de Porto Alegre. Em 1980, com um contrato na Rádio Suíça Internacional, Rui veio morar em Berna, aqui na Suíça. Nessa época conheceu o deputado e escritor Jean Ziegler. «Premiado ou azarão», como ele mesmo diz, ao chegar perto dos cinco anos de trabalho, soube que seu contrato não seria renovado e terminaria no meio do ano letivo das crianças. Rui foi o primeiro estrangeiro a não ter mais contrato definitivo com a Rádio Suíça, que, em 1985, mudou as regras para os estrangeiros. Depois de um ano e meio na Holanda, voltou à Suíça para ser correspondente do que seria a CBN e do Estadão. Seus boletins de rádio tinham, desde a época da Guaíba, um estilo diferente, começando sempre com uma brincadeira, uma frase de efeito e transmitindo muita emoção. O jornalista procurou sempre manter uma interatividade com o ouvinte. Para muitos retransmitia seus boletins por E-mail. 21 CIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando REALIZE JÁ O SONHO DA CASA PRÓPRIA • Caldas Novas (GO) Brasileiros no exterior O Ministério das Relações Exteriores decidiu instituir o Dia da Comunidade Brasileira no Exterior, data na qual serão organizados eventos festivos evocativos da Pátria e um atendimento consular especial. Algumas cidades foram escolhidas para comemoração experimental. O êxito da que foi promovida em Frankfurt, a 12 de junho, levou o Consulado Geral do Brasil em Frankfurt a sugerir celebração equivalente em Colônia. A proposta foi aprovada em Brasília e o Dia da Comunidade Brasileira foi festejado naquela cidade alemã no dia 30 de outubro de 2005. (Colaboração de Deborah Biermann) 30 anos sem Herzog Os 30 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar, foram lembrados com várias atividades em São Paulo. No dia 23 de outubro realizou-se um culto inter-religioso na Catedral da Sé, celebrado pelo cardeal emérito Dom Paulo Evaristo Arns, o Rabino Sobel e o pastor Elias Andrade Pinto, da Igreja Presbiteriana, com participação de mais 17 confissões religiosas e um coro de mil vozes do Fórum Coral Mundial, regido pelo maestro Martinho Lutero. Outra homenagem a ser destacada é a exposição de arte «Caderno de Anotações – Vlado, 30 anos», que tem como curadora Radha Abramo. Foi inaugurada no dia 22 de outubro, na Estação Pinacoteca, antigo DOPS, com a participação de 35 artistas plásticos, entre os quais Lúcia Py, Maria Bonomi, Aguilar, Guto Lacaz, Cirton Genaro, Fernando Lemos, Gregório Gruber, Cláudio Tozzi. As obras que estão expostas são intervenções em cadernos de anotações do tipo usado pelos jornalistas. No dia 25 de outubro aconteceu a cerimônia de entrega do Prêmio Herzog de Jornalismo. (Colaboração de Vania Barbosa) Referendo sobre desarmamento 2005 1- Precisa justificar o voto: Serão obrigados a justificar o voto todos os brasileiros que tenham títulos com Zonas Eleitorais no Brasil e que, naquele dia (23.10.2005), estavam no Exterior. Os brasileiros cujos títulos têm Zonas Eleitorais identificadas no Exterior - Suíça, Alemanha, Itália, etc. não precisam justificar o voto. 2. Como justificar e data limite: As justificativas do não comparecimento deverão ser encaminhadas «on-line», pelos próprios interessados, diretamente ao Juiz Eleitoral da Zona em que estiverem inscritos no Brasil. No caso de impossibilidade de encaminhar suas justificativas «on-line», deverão realizá-las via postal, também diretamente ao Juiz Eleitoral de sua Zona de inscrição no Brasil. O site www.tre-df.gov.br está disponível desde o dia 15.10.2005 para esse fim. Primeiramente, anote o endereço do Juiz da sua Zona Eleitoral. Depois, preencha o formulário e o envie. O prazo para as justificativas será de 60 (sessenta) dias, a contar da data da realização da votação, ou seja, de 23.10.2005 até 21.12.2005. (Fonte: Consulado-Geral do Brasil em Zurique www.consuladobrasil.ch) Trabalho de menores de idade Um estudo realizado no ano passado a pedido da associação Terre des Hommes Suíça comprovou que também na Suíça existem muitas mulheres menores de idade no mercado informal de trabalho. A fim de que essas trabalhadoras menores possam sair de seu isolamento e encontrar auxílio para a reivindicação de seus direitos ou mesmo a obtenção de conselhos sobre sua situação, a Terre des Homens editou, em conjunto com Centros de Aconselhamento, um folheto explicativo, trazendo todos os endereços de locais que oferecem auxílio. A idéia é divulgar esse material junto às jovens que se encontram em problemas, para que possam procurar ajuda.Um exemplar desse folheto está junto com esta edição do CIGAInformando e quem quiser encomendar mais exemplares, pode entrar em contato pelo telefone 061 338 91 45, ou por E-mail: [email protected] 22 • Barretos (SP) • Fortaleza (CE) • Goiânia (GO) • Porto Seguro (BA) • Recife (PE) • e outras localidades Apartamentos, casas e flats parcelados em até 60 meses pela construtora. Sem necessidade de comprovante de renda, consultas ao SPC ou SERASA. Solicite uma visita sem compromisso: 076 450 77 04, das 14 às 21 horas. 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