Diagnostico e Caracterização da Sub
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Diagnostico e Caracterização da Sub
DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA DO RIO DOS QUEIMADOS Marcela Adriana de Souza Leite – Bióloga Rafael Leão – Engenheiro Ambiental Autores Apoio Concórdia, SC 2009 Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai Catarinense Francisco Maximino Machado de Aguiar Presidente Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e seus Contíguos Gilmar Antonio da Rosa Presidente Joni Stolberg Vice-Presidente Ademilson Barreiros da Silva Secretário Executivo Revisores: Anastácio Castelo Matos – Engenheiro de Pesca Angela Maria Dezordi - revisão ortográfica Elisete Ana Barp – Bióloga Gilmar Antonio da Rosa – Engº Agrônomo Joni Stolberg – Químico Julio Cesar Pascale Palhares – Zootecnista Jusselei Edson Perin - Engenheiro Florestal Leonilda Maria Funez – Bióloga Michael de Mello Oliveira – Geólogo Silvana Bernardi – revisão metodológica Comissão de Acompanhamento: Ademilson Barreiros da Silv a – CIDASC Antonio Ferreira - Policia Militar Ambiental de Concórdia Claudia Elis Schiavini – Consórcio Lambari Deise Ieda Caibre – Sadia Concórdia Fabiola Bassi – AMAUC Ivanete Teresinha Grendene - AMAUC Liana Rossi – Sadia Marcos Roberto Borsatti –Consórcio Lambari Maycon Pedott –Comitê Rio Jacutinga Moacir Valcarenghi - Prefeitura Municipal de Concórdia/FUNDEMA Paulo Montenegro – Queimados Vivo Roberto Kurtz Pereira – Consórcio Lambari Simone Marció – Consórcio Lambari Vagner Gugel – Sadia Concórdia Agradecimentos: Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense - AMAUC Associação Queimados Vivo EMPRAPA - CNPSA EPAGRI Museu Entomológico Fritz Plaumann Parque Estadual Fritz Plaumann Prefeitura Municipal de Concórdia Prefeitura Municipal de Ipumirim Universidade do Contestado – Campus Concórdia Impressão e Diagramação Gráfica Universo Todos os direitos reservados para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga Ficha Catalográfica Elaborada pela Bibliotecária Irene Zanatta Pacheco Camera CRB 14/138 ___________________________________________________________________________ Leite, Marcela Adriana de Souza Diagnóstico e caracterização da sub-bacia do Rio dos Queimados / Marcela Adriana de Souza Leite, Rafael Leão. – Concórdia: Consórcio Lambari: Comitê do Rio Jacutinga e Contíguos, 2009. xx p. Apoio Instituto Sadia 1. Rio dos Queimados (SC) – hidrografia. 2. Rio dos Queimados (SC) – poluição. I. Leão, Rafael. III. Título. CDD. 551.4838164 ____________________________________________________________ 1 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Regiões Hidrográficas de Santa Catarina ............................................ 16 Figura 02 – Sub-divisão da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ..................18 Figura 03 - Ordem dos Cursos de Água ..................................................................21 Figura 04 – Área de Drenagem da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ......26 Figura 05- Mapa Hidrológico do Brasil ....................................................................35 Figura 06- Tempo Geológico ...................................................................................36 Figura 07- Basalto ...................................................................................................38 Figura 08- Topografia da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ......41 Figura 09- Formas de Escoamento da água da chuva.............................................42 Figura 10- Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. ..........47 Figura 11- Sistema de Drenagem de Santa Catarina...............................................50 Figura 12- Aqüíferos ................................................................................................52 Figura 13- Comunidades inseridas na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados .56 Figura 14- Zonas Agroclimáticas de Santa Catarina ...............................................66 Figura 15- Área atingida pela Enchente de 1983. ...................................................78 Figura 16- Área atingida pela Enchente de 1987. ...................................................79 Figura 17- Área atingida pela Enchente de 1998. ...................................................80 Figura 18- Área atingida pela Enchente de 2007. ...................................................81 Figura 19- Área central da cidade de Concórdia alagada .......................................82 Figura 20- Município de Concórdia – Conseqüência da enchente 2007 .................84 Figura 21- Captura de Desmodus rotundus ..........................................................110 Figura 22- Captura de Desmodus rotundus ..........................................................111 Figura 23- Espécime de Cerdocyon thous ............................................................112 Figura 24- Nasua nasua, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann. ......................................................................................113 Figura 25- Mazama sp, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann. ......................................................................................113 Figura 26- Hydrochaeris hydrochaeris, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann ....................................................114 Figura 27- Dasyprocta azarae, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann ...........................................................................114 Figura 28- Pegada de Cuniculus paca (paca), no Parque Estadual Fritz Plaumann, Concórdia – SC .....................................................................................................118 2 Figura 29- Penelope obscura, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann ...........................................................................122 Figura 30- Espécime de coruja no ninho com os filhotes ......................................124 Figura 31- Ecorregiões aquáticas brasileiras ........................................................142 Figura 32- Fisionomias florestais do estado de Santa Catarina, divididas por regiões hidrográficas. ............................................................................................143 Figura 33-Mapa dos biomas brasileiros ................................................................144 Figura 34- Festa de emancipação de Concórdia ...................................................168 Figura 35- Concórdia em meados de 1940 ...........................................................169 Figura 36- Exploração da Madeira ........................................................................169 Figura 37- Perímetro Urbano da Bacia ..................................................................174 Figura 38- Vista de vegetação secundária em estágio Intermediário de desenvolvimento (MPB, 2008) . .............................................................................192 Figura 39- Vista de vegetação secundária em estágio avançado de desenvolvimento ..................................................................................................193 Figura 40- Área de influência do Parque Estadual Fritz Plaumann, com destaque para a bacia do Rio dos Queimados ......................................................................197 3 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01- Percentual de poços tubulares perfurados por Comunidade.................57 Gráfico 02- Poços secos por Localidade..................................................................58 Gráfico 03- Média da temperatura máxima. .............................................................69 Gráfico 04- Média da temperatura mínima. ..............................................................70 Gráfico 05- Umidade Relativa Média........................................................................72 Gráfico 06- Precipitação Pluviométrica. ...................................................................74 4 LISTA DE QUADROS Quadro 01- Lista dos anfíbios registrados no Rio Chapecó .................................. 129 Quadro 02- Lista dos répteis registrados no Rio Chapecó .................................... 131 5 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Microbacias de estudo..........................................................................19 Tabela 02- Ordem dos Cursos d’água da Bacia do Rio dos Queimados .................22 Tabela 03- Índice de Sinuosidade ............................................................................22 Tabela 04- Declividade da Bacia..............................................................................29 Tabela 05- Tempo de Concentração........................................................................30 Tabela 06- Características Fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ...............................................................................................................31 Tabela 07- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no oeste catarinense.....46 Tabela 08- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no município de Concórdia .................................................................................................................46 Tabela 09- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados..................................................................................................48 Tabela 10- Pontos de Captação de água no oeste de Santa Catarina ....................53 Tabela 11- Poços tubulares perfurados na região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ...............................................................................................................55 Tabela 12- Climatologia do Município de Concórdia ................................................67 Tabela 13- Precipitações Máximas Diárias ..............................................................75 Tabela 14- Histórico das Enchentes.........................................................................76 Tabela 15- Área Alagada .........................................................................................82 Tabela 16- Distribuição da ictiofauna da bacia do Alto Uruguai ...............................97 Tabela 17- Riqueza de vertebrados (em número de espécies descritas) no Brasil e no mundo, percentual de espécies endêmicas no Brasil, e posição do país no “ranking” mundial de diversidade ...........................................................................104 Tabela 18- Riqueza, endemismo, número de espécies ameaçadas, grau de coleta e conhecimento de mamíferos nos biomas brasileiros...........................................106 Tabela 19- Número de espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil por ordem e época em que foram descritas ...............................................................................107 Tabela 20- Representantes de fauna citados espontaneamente ...........................116 Tabela 21- Lista prévia das espécies de abelhas coletadas nas duas áreas de estudo ....................................................................................................................135 Tabela 22- Principais espécies arbóreas observadas na ecorregião do Uruguai Alto. ........................................................................................................................149 Tabela 23- Sub-bacias urbanas do Rio dos Queimados com suas áreas de mata densa .....................................................................................................................157 6 Tabela 24- Espécies amostradas em um fragmento da mata ciliar do Rio Jacutinga em Concórdia – SC. ...............................................................................................163 Tabela 25- Densidade Demográfica.......................................................................172 Tabela 26- Produtos das Lavouras temporárias.....................................................175 Tabela 27- Produtos das Lavouras Permanentes ..................................................176 Tabela 28- Rebanhos no município de Concórdia .................................................177 Tabela 29- Produtos de origem animal ..................................................................177 Tabela 30- Produtos e Produtores .........................................................................178 Tabela 31- População nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados .............................................................................................................179 Tabela 32- Espécies medicinais e tóxicas coletadas no Parque Estadual Fritz Plaumann ...............................................................................................................187 7 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ....................................................................................................12 CAPÍTULO I CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO............................................................15 1.2 ASPECTOS GERAIS DA BACIA........................................................................17 1.2.1 Cursos D’água Da Bacia Hidrográfica – Identificação Dos Principais Tributários ................................................................................................................17 1.3 ANÁLISE DA BACIA ..........................................................................................19 1.3.1 Densidade Da Drenagem ................................................................................20 1.3.2 Ordem Dos Cursos D’água .............................................................................21 1.3.3 Índice De Sinuosidade (Is) Ou Sinuosidade Do Curso D’água........................22 1.3.4 Área De Drenagem .........................................................................................23 1.3.4.1 Coeficiente de compacidade ou índice de gravelius (KC) ............................24 1.3.4.2 Fator de forma (KF) ......................................................................................24 1.3.5 Extensão Média Do Escoamento Superficial (L) .............................................27 1.3.6 Declividade Da Bacia ......................................................................................28 1.3.7 Tempo De Concentração ................................................................................29 1.3.8 Análise Geral Das Características Fisiográficas Da Região Do Estudo ..........31 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA 2.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................32 2.2 GEOLOGIA REGIONAL .....................................................................................34 2.2.1 Bacia Do Paraná .............................................................................................34 2.3 GEOLOGIA LOCAL............................................................................................37 2.4 GEOMORFOLOGIA REGIONAL........................................................................38 2.4.1 Compartimentação Topográfica ......................................................................39 2.5 GEOMORFOLOGIA LOCAL ..............................................................................40 2.5.1 Principais Características Do Relevo .............................................................42 2.5.2 Principais Fatores De Formação Dos Solos...................................................43 2.5.3 Principais Características Dos Solos Da Região Da Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados. ................................................................................................43 8 2.5.3.1 Cambissolo...................................................................................................44 2.5.3.2 Nitossolo.......................................................................................................45 2.5.3.3 Os Solos Da Região Oeste De Santa Catarina E Da Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados .................................................................................................45 2.6 HIDROLOGIA.....................................................................................................48 2.7 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO ......................................................51 2.7.1 Pontos De Água No Oeste De Santa Catarina................................................53 2.7.2 Poços Tubulares Na Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados ...................54 2.8 CONSIDERAÇÕES ENTRE A RELAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO .......................................58 CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA 3.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................61 3.2 ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DO BRASIL...................................................61 3.3 CLIMA DO SUL DO BRASIL E DE SANTA CATARINA.....................................63 3.4 CLIMA NO OESTE CATARINESE E REGIÃO DE CONCÓRDIA ......................64 3.5 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS ...........................................................................................................67 3.6 TEMPERATURA ................................................................................................68 3.7 UMIDADE RELATIVA DO AR (%)......................................................................71 3.8 PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ..................................................................73 3.9 CONSIDERAÇÕES ENTRE CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E O CICLO HIDROLÓGICO DA REGIÃO ...................................................................................85 CAPÍTULO IV BIOTA AQUÁTICA 4.1 FITOPLÂNCTON................................................................................................89 4.2 COMUNIDADES ZOOPLANCTÔNICAS ............................................................90 4.3 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS.......................................................92 4.4 MACRÓFITAS AQUÁTICAS ..............................................................................95 4.5 ICTIOFAUNA......................................................................................................96 4.6 POLUIÇÃO E VETORES ...................................................................................99 4.7 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................101 9 CAPÍTULO V FAUNA TERRESTRE 5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................103 5.2 DIVERSIDADE DE VERTEBRADOS NO BRASIL ...........................................103 5.3 MASTOFAUNA ................................................................................................105 5.3.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................105 5.3.2 Caracterização e Considerações sobre a Mastofauna Local ........................107 5.4 AVIFAUNA .......................................................................................................119 5.4.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................119 5.4.2 Caracterização e Considerações sobre a Avifauna Local .............................120 5.5 FAUNA DE ANFIBIOS......................................................................................127 5.5.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................127 5.5.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de anfíbios local.................127 5.6 FAUNA DE RÉPTEIS .......................................................................................129 5.6.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................129 5.6.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de répteis do Local ...........130 5.7 DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS NO BRASIL .......................................132 5.8 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................137 CAPÍTULO VI CARACTERIZAÇÃO DA MATA CILIAR 6.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................140 6.2 BIOMA MATA ATLÂNTICA ..............................................................................145 6.3 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI .......................................................146 6.4 ECORREGIÃO DO ALTO URUGUAI ...............................................................148 6.5 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ....................................................................153 6.6 FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL............................................................154 6.7 MATA CILIAR...................................................................................................158 6.8 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................164 CAPÍTULO VII CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO 7.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................166 7.2 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS ...................................................................................167 10 7.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL E PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS.......................................................................................................168 7.4 ATUAL OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA URBANA E RURAL NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS .....................................171 7.4.1 Solos Urbanos...............................................................................................172 7.4.2 Solos Rurais ..................................................................................................175 7.5 COBERTURA VEGETAL E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL ..................179 7.5.1 Um Breve Histórico Sobre As Matas .............................................................179 7.5.2 Vegetação Primária e Secundária nos Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração..........................................................................................................181 7.5.2.1 Estágio inicial de regeneração ..................................................................181 7.5.2.2 Estágio médio de regeneração...................................................................183 7.5.2.3 Estágio avançado de regeneração .............................................................184 7.5.3 Situação Atual ...............................................................................................185 7.5.4 Áreas Protegidas Por Lei...............................................................................193 7.6 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................198 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................200 11 APRESENTAÇÃO A presente publicação reflete o esforço e a disposição da sociedade local em participar do equacionamento dos problemas que apresentam a Bacia do Rio dos Queimados, mais especificamente o problema da qualidade das águas e as constantes enchentes. Acreditamos que o equacionamento destes problemas só será possível com a implementação dos instrumentos de gestão previstos na lei federal 9.433/97. É, pois fundamental que se inicie já o processo de gestão da bacia do Rio dos Queimados, conforme estabelece a lei. Mas o planejamento e execução de ações de gestão só são factíveis mediante à disponibilidade de informações que fundamentem tomadas de decisão que se façam necessárias. É, portanto, indispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista físico como o sócio ambiental e dos recursos hídricos desta bacia. Foi com este objetivo que foi estabelecido entre o Instituto SADIA de sustentabilidade (parceiro apoiador), o Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai Catarinense – Consórcio Lambari (interveniente) e o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e bacias contíguas – Comitê Jacutinga (parceiro co-realizador) um termo de compromisso. Esta publicação é o resultado final deste termo de compromisso e visa subsidiar e apoiar as entidades públicas, os usuários de água e a sociedade civil residente na bacia do Rio dos Queimados na promoção do desenvolvimento sustentável, além de iniciar o processo de gestão participativa dos recursos hídricos. Já que, após este diagnóstico, segue a elaboração do Plano Estratégico de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga que inclui a bacia, do Rio dos Queimados. Entende-se, pois, que a elaboração do diagnóstico e caracterização, ora descritas, é de fundamental importância para a formulação dos demais componentes do Plano da Bacia. Cabe destacar, contudo, que o mesmo foi elaborado exclusivamente a partir de dados existentes, coletados em várias fontes. 12 Assim, é previsível a necessidade da realização de estudos complementares, admitindo-se que alguns dos quais possam ser executados quando da realização do Plano da bacia, como o cadastro dos usuários de água, por exemplo. A abordagem metodológica utilizada na execução dos trabalhos foi a mais participativa possível. Neste sentido podemos destacar a participação dos membros da comissão consultiva formada por representantes do poder público, usuários de água e sociedade civil organizada, que realizou reuniões a cada 15 dias para avaliar e corrigir o rumo dos trabalhos dos dois profissionais contratados, e ao final de cada capitulo foi designado um especialista de cada área para que, na condição de revisor, fizesse as correções necessárias, sem perder o foco principal do trabalho. A geração de novas informações são essenciais ao processo decisório para a gestão sustentável dos recursos hídricos da bacia e será sempre uma necessidade permanente; mas estamos conscientes que este trabalho será um marco histórico da região do alto Uruguai catarinense, sua eficácia como instrumento fundamental de planejamento estratégico e gestão de recursos hídricos, já é incontestável. Gilmar Antonio da Rosa Presidente do Comitê Jacutinga e Coordenador Geral do Projeto 13 CAPÍTULO I CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA Conhecer os aspectos fisiográficos de uma bacia é fundamental para a elaboração do Plano de Gestão e Gerenciamento, pois com a caracterização da mesma, entendemos a dinâmica do escoamento superficial. No planejamento dos recursos hídricos de uma bacia é necessário conhecer ainda a distribuição espacial e temporal da água. As variáveis hidrológicas mais importantes são, precipitação e vazão. A entrada de água na bacia corresponde as precipitações, que originam as vazões fluviais. O conhecimento da distribuição das vazões é necessário para projetos de obras hidráulicas, programas de abastecimento e saneamento. De acordo com o Plano de Gestão e Gerenciamento da Bacia do Rio Araranguá (1997), o estudo hidrológico e das características físicas de uma bacia hidrográfica tem aplicação nas diferentes áreas: escolha de fontes de abastecimento de água para uso doméstico ou industrial; projeto e construção de obras hidráulicas; drenagem; irrigação; regularização de cursos d’água e controle de inundações; controle da poluição; controle da erosão; navegação; aproveitamento hidrelétrico; operação de sistemas hidráulicos complexos; recreação e preservação do meio ambiente; preservação e desenvolvimento da vida aquática. 14 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A resolução número 32 de 15 de outubro de 2003 institui a divisão Hidrográfica Nacional em regiões hidrográficas com a finalidade de orientar, fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Atualmente, existem 12 subdivisões das bacias hidrográficas brasileiras, neste caso, a área em questão insere-se na Bacia do Rio Uruguai. Esta Bacia tem grande importância para o país em função das atividades agroindustriais desenvolvidas e pelo potencial hidrelétrico. Com extensão de 2.200 quilômetros, o Rio Uruguai origina-se da confluência dos rios Pelotas e Peixe. Desta confluência o rio assume a direção Leste-Oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Possui, em território brasileiro, 174.612 km² de área, aproximadamente 2,0% do território nacional. Em decorrência dos principais rios formadores da Bacia do Rio Uruguai, existem atualmente 13 unidades hidrográficas nesta bacia, no estado Catarinense encontram-se 4. Em caráter estadual, a região hidrográfica do estudo situa-se no Oeste do estado de Santa Catarina, compreendida na Região Hidrográfica do Vale do Rio do Peixe (RH3). Esta Região é subdivida em duas Bacias, Rio do Peixe e Jacutinga. A última engloba afluentes diretos do rio Uruguai, portanto o Rio dos Queimados é importante na Gestão e Gerenciamento das águas da Bacia do Rio Uruguai (figura 01). A microbacia do Rio dos Queimados está localizada entre os paralelos 27º 14’03” de latitude sul e 52º14’40” longitude oeste, tem seus divisores áreas compreendidos no município de Concórdia. (FUNEZ et al. 2008). 15 Figura 01 – Regiões Hidrográficas de Santa Catarina Fonte: IBGE (2000). 16 1.2 ASPECTOS GERAIS DA BACIA A Bacia do Rio dos Queimados tem uma área de drenagem de aproximadamente 90,2 km², com a nascente na comunidade de Linha São José e a foz, desaguando no Rio Uruguai, junto ao Parque Estadual Fritz Plaumann, próximo a comunidade de Linha Sede Brum, ambas no interior de Concórdia. (SOCIOAMBIENTAL, 2005). De acordo com levantamentos em mapas disponíveis na Prefeitura Municipal de Concórdia, o curso d’água principal corresponde a 32 km, em linhas sinuosas, no perímetro urbano e rural do município. Justamente por margear estas áreas, as principais fontes poluidoras são as de origem orgânica e inorgânica, com caráter pontual e difuso, provenientes de curtumes, efluentes domiciliares, postos de combustíveis, lavagem e lubrificação, suinocultura, abatedouros, efluentes agroindustriais e atividades pecuárias. Ainda, de acordo com Zanette (2003), o Rio dos Queimados tem seu estado de conservação considerado de grave situação aparente e uma situação de extremamente poluído, considerado assim, o curso principal e seus tributários de Classe 3. 1.2.1 Cursos D’água Da Bacia Hidrográfica – Identificação Dos Principais Tributários Devido as características topográficas da região, existem várias microbacias ao longo do curso d’água. A figura 02 mostra a limitação da bacia e das microbacias hidrográficas do Rio dos Queimados. 17 N NO NE O E SO SE S Figura 02 – Sub-divisão da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Fonte: elaborado pelo autor, com base em cartas topográficas do Ciram. 18 Este trabalho adotou 19 microbacias, definidas de acordo com os mapas topográficos do município e ainda as subdivisões existentes em outros estudos realizados anteriormente. A tabela 01 traz os dados relativos a cada microbacia. Tabela 01 – Microbacias de estudo MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO DOS QUEIM ADOS Identificação Sub Bacia Lajeado Nascente Abraão Claudino Curtume Sadia Salvador Quintino Olímpio e D iomedes Pintos Sem nome 1 Parizotto Fabrício Sabão Tigre Velho Tapajós Guarani Sem Nome 2 Capoeira Cruzeiro Margem Dir/Esquer Direita Direita Direita Direita Direita Direita Direita Direita Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Esquerda Área 8,01km² 2,27km² 3,43km² 4,00km² 2,26km² 2,23km² 5,33km² 16,023km² 10,599km² 1,44km² 0,61km² 0,88km² 1,44km² 2,08km² 1,33km² 8,09km² 3,80km² 5,072km² 5,90km² Perímetro 13,796km 10,069km 10,906km 9,068km 8,102km 6,731km 11,595km 18,114km 16,546km 6,508km 4,500km 4,197km 4,787km 7,398km 5,221km 14,411km 9,691km 13,825km 10,967km Comprimento curso d'água 5,902km 2,217km 3,399km 3,679km 2,142km 3,00km 2,270km 9,376km 5,562km 0,707km 0,905km 1,304km 1,354km 2,313km 1,194km 4,091km 3,016km 2,077km 4,80km Fonte: elaborado pelo autor, com base em cartas topográficas do Ciram. 1.3 ANÁLISE DA BACIA O entendimento de todas as variáveis que compõem uma bacia hidrográfica é fundamental para a aplicação de ações que visem o seu ordenamento, assim como a implantação de um plano de gestão e gerenciamento. A bacia hidrográfica é uma escolha estratégica para observações e análise de relação sócio-demográfico-ambientais, pois representa unidades naturais capazes de relevar as conseqüências da ação do homem e as sócio-demográficas dos limites 19 naturais, permitindo uma compreensão melhor da dinâmica entre as relações. (ODUM, 1988). Este trabalho adotará a extensão (L) total dos cursos d’água da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados de 91,308 km conforme trabalhos realizados anteriormente, com verificação in loco e levantamento através de mapas digitais. 1.3.1 Densidade Da Drenagem A densidade de drenagem indica o grau de desenvolvimento do sistema de drenagem da bacia hidrográfica, ou seja, representa a extensão dos cursos d’água por quilômetro quadrado de área. Estes valores variam de 0,5 km para bacias com drenagem considerada “pobre” ou bacias mal drenadas devido a elevada permeabilidade ou precipitação escassa a 3,5 km para bacias excepcionalmente bem drenadas ocorrendo em áreas com elevada precipitação ou muito impermeáveis. A densidade de drenagem é calculada pela seguinte equação: Dd = L Sendo, L o somatório do comprimento de todos os canais e tributários da bacia (km) e A representa a área total da bacia (km²). Conforme apresentado acima a densidade de drenagem do Rio dos Queimados pode ser obtida com o seguinte cálculo: Dd = L A => Dd = 91,308 => Dd =1,01km 90,2 Ainda, a densidade de drenagem reflete a influência das características topográficas, litológicas, pedológicas e da cobertura vegetal e incorpora a influência antrópica, permitindo saber se a bacia tem uma boa drenagem ou não é assim a sua tendência para a ocorrência de cheias. 20 1.3.2 Ordem Dos Cursos D’água Um sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus tributários, o estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é importante, pois indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. A ordem dos cursos de água reflete o grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma bacia. Diz-se de primeira ordem as correntes formadoras, ou seja, os pequenos canais que não tenham tributários; quando dois canais de primeira ordem se unem formam um segmento de segunda ordem. A junção de dois rios de segunda ordem dá lugar à formação de um rio de Terceira ordem, e assim, sucessivamente. A Figura 03 ilustra a ordem dos cursos d’água. (PINTO, 1976). Figura 03 - Ordem dos Cursos de Água Fonte: PINTO (1976) Segundo Rocha (1991), a ordem de grandeza dos afluentes (ravinas, canais e tributários) define a ordem de grandeza das bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas. Neste estudo será considerado os limites da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados para classificação da ordem dos cursos d’água. Desta forma, a Tabela 01 demonstra os resultados. Para fins de classificação dos cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados, utilizando a metodologia descrita acima, será considerado apenas o curso principal de cada microbacia, lembrando que, vários tributários constituintes destas são intermitentes. 21 Tabela 02- Ordem dos Cursos d’água da Bacia do Rio dos Queimados Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Ordem Número de Rios 1 30 2 3 3 1 4 1 Sub-Total 35 1.3.3 Índice De Sinuosidade (Is) Ou Sinuosidade Do Curso D’água. Busca a relação existente entre o comprimento do canal principal da nascente até a exutória e a distância mais curta, em linha reta, entre estes mesmos pontos. Ou seja, a relação entre a distância entre a desembocadura do rio e a nascente mais distante, medida em linha reta (Ev), e o comprimento do rio principal (L). (CHRISTOFOLETTI, 1980). Is = 100 (L – Ev) L Para comparação entre rios diferentes, os valores do índice de sinuosidade (ls) são expressos em percentuais em relação ao comprimento total do rio, divididos em 5 classes: Tabela 03- Índice de Sinuosidade Número Classe Índice de Sinuosidade (Is) - % I Muito Reto < 20% II Reto 20 – 29,9% III Divagante 30 – 39,9% IV Sinuoso 40 – 49,9% V Muito Sinuoso ≥ 50% 22 Assim, pode-se conhecer o índice de sinuosidade ou sinuosidade do Rio dos Queimados. Is = 100 (L – Ev) => Is = 100 20,799) L (32 32 = – => Is (11,201) 100 => Is = 35,00% 32 Analisando o resultado obtido pelo cálculo acima e comparando com os dados constantes na Tabela 03 o Rio dos Queimados enquadra-se como Classe III, divagante, em relação a sinuosidade. 1.3.4 Área De Drenagem Conhecer a área de drenagem da bacia hidrográfica é parâmetro básico para cálculos das demais características físicas. A área de drenagem de uma bacia é representada pela área plana (projeção horizontal) compreendida dentro dos limites estabelecidos pelos seus divisores topográficos. As cotas máximas de uma bacia são consideradas os divisores de água, desta forma as precipitações pluviométricas escoam de acordo com estas limitações. Outro aspecto relacionado a bacia hidrográfica de grande importância para a implantação do Plano de Gestão e Gerenciamento relaciona-se com a forma da bacia. Este estudo, geralmente expresso por índices, permite conhecer a possibilidade a enchentes. Através da interpretação destes índices, pode-se estabelecer relações do tempo que leva a água dos limites da bacia para chegar à saída da mesma. Os índices utilizados para determinar a forma das bacias visam relacioná-las com formas geométricas conhecidas: o coeficiente de compacidade, com um círculo e o fator de forma, com um retângulo. 23 1.3.4.1 Coeficiente de compacidade ou índice de gravelius (KC) Este coeficiente faz a relação entre o perímetro da bacia e um círculo de área igual à mesma. Desta forma, temos para bacias irregulares um índice maior e um coeficiente mínimo igual à unidade correspondente a uma bacia circular. Se outros fatores permanecerem constantes, aumenta a tendência de maiores enchentes em microbacias com coeficientes de compacidade próximos a unidade. (BASSI, 2000). Para conhecermos este coeficiente é utilizada a fórmula descrita abaixo, sendo que “P” representa o perímetro da bacia em km e “A” representa a área da bacia em km². Kc = 0,28 P √A Assim pode-se calcular o coeficiente de compacidade ou índice de Gravelius: Kc = 0,28 P => √A Kc = 56.559 0,28 => Kc = 0,28x5959 => Kc = 1,67 √90,2 De acordo com esta caracterização, a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados aponta para uma bacia de formato alongado. Assim comprovada pelo coeficiente de compacidade, e por meio da visualização dos mapas topográficos. Este fator mostra ainda que a bacia é pouco suscetível a enchentes, tendo grande controle da sua drenagem. 1.3.4.2 Fator de forma (KF) Seguindo os estudos da área de drenagem da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados é necessário conhecer os índices referentes ao fator de forma, pois constitui outro índice indicativo da maior ou menor tendência para enchentes. Um fator de forma baixo indica que a bacia está menos sujeita a enchentes que outra de 24 mesmo tamanho, porém com maior fator de forma (UFSC, 2008). O Kf é calculado pela fórmula: Kf = A L² Acima, “A” representa a área em km² e “L” o comprimento da bacia (mede-se o comprimento da bacia seguindo o maior curso d’água desde a foz até a cabeceira), assim tem-se a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia. Ainda sobre “L”, ressalta-se que este procedimento acarreta diversas decisões subjetivas quando o rio é irregular ou tortuoso, ou quando a bacia de drenagem possui forma incomum. Kf = A L² => Kf = 90,2 => (21,764)² Kf = 90,2 => Kf = 0,19 473,67 Este valor, segundo Villela & Mattos (1975) caracteriza uma bacia hidrográfica pouco sujeita a enchentes, confirmando assim os valores obtidos através do cálculo do coeficiente de compacidade. A Figura 04 ilustra os cursos d’água, com a área de drenagem e o comprimento da bacia do Rio dos Queimados. 25 ÁREA DE DRENAGEM Coeficiente de Compacidade ou Índice de Gravelius (Kc) Fator de Forma (Kf) Comprimento da bacia (L) seguindo o maior curso d'água desde a foz até a cabeceira: 21.764km Perímetro da Bacia Hidrográfica (P) do Rio dos Queimados: 56.559km N NO NE O E SO SE Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados S Figura 04 – Área de Drenagem da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados 26 1.3.5 Extensão Média Do Escoamento Superficial (L) A extensão média do escoamento superficial é representada pela distância média em que a água proveniente de precipitações pluviométricas teria que escoar sobre terrenos de uma bacia, caso o escoamento se desse em linha reta desde onde a chuva caiu até o ponto mais próximo no leito de um curso d’água. (BASSI, 2000). O índice da extensão média do escoamento superficial é obtido de acordo com a relação abaixo: l=A 4L Aonde: A = área da bacia em quilômetros quadrados e L = comprimento total dos cursos d’água em quilômetros. Desta forma temos os seguintes cálculos para a área de estudo: l=A => l = 90,2 4L => l = 90,2 => l = 0,25km 365,232 4(91,308) Portanto temos a seguinte condição, a água da chuva depois do contato com o solo da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados percorre uma distância aproximada de 0,25 km ou 250 m até juntar-se ao leito de um curso d’água qualquer da bacia. Vale ressaltar que a extensão do escoamento superficial que efetivamente ocorre sobre os terrenos possa ser bastante diferente dos valores determinados pela fórmula acima, devido a diversos fatores de influência, lembrando que este índice constitui uma indicação da distância média do escoamento superficial. 27 1.3.6 Declividade Da Bacia A velocidade do escoamento superficial relaciona-se intimamente com as características topográficas da região. Tais características são determinantes para conhecermos o tempo que a água da chuva leva para se concentrar nos cursos d’água. A declividade da bacia hidrográfica afeta ainda o tempo de concentração, a magnitude dos picos das enchentes, a maior ou menor chance de infiltração e a suscetibilidade à erosão dos solos, que dependem da rapidez com que ocorre o escoamento sobre a superfície. (TESSER, 2007). As características do clima de uma região podem ser afetadas pelas altitudes dos terrenos, assim, algumas culturas agrícolas recebem influência devido a estes fatores, como exemplo as áreas próximas a foz do Rio dos Queimados, com altitudes de aproximadas de 370 m, onde o risco de geadas é menor, quando comparadas as altitudes máximas da bacia de 800 m, estas mais suscetíveis a ocorrência de geadas. O rio dos Queimados apresenta uma boa declividade, fato que possibilitava uma boa capacidade de escoamento das águas. No entanto, pela ação do homem, foram construídas edificações sobre o leito do rio, com obstruções variadas que causam retenção do escoamento fluvial em vários pontos. De acordo com o projeto realizado pela Empresa MPB/SANEAMENTO (2008) a pedido da Prefeitura Municipal de Concórdia e conforme o Plano de Manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann (2005), na tabela 03 apresenta-se a declividade de alguns tributários da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. A tabela 03 mostra os dados referente a parte dos tributários da bacia do estudo, assim, representando aproximadamente 34% da área total. As maiores declividades devem merecer maior atenção em programas de conservação dos solos e recomposição da zona ripária, pois estão de forma mais intensa expostos a perdas de solo através da erosão. Contudo, o Lajeado Fabrício é o tributário com a maior declividade, com aproximados 0,15 m de declividade ou 15 cm a cada metro linear. 28 Tabela 04- Declividade da Bacia Declividade da Bacia Nome do Tributário Declividade m/m Nascente do Rio dos Queimados 0,02 Lajeado Abraão 0,06 Lajeado Claudino 0,07 Lajeado Curtume 0,07 Lajeado Sadia 0,10 Lajeado Parizotto 0,07 Lajeado Fabrício 0,15 Lajeado Sabão 0,12 Lajeado Tigre Velho 0,05 Lajeado Cruzeiro 0,02 1.3.7 Tempo De Concentração O tempo de concentração pode ser entendido como o tempo necessário para a água precipitada, que cai no ponto mais distante da seção considerada de uma bacia, leva para atingi-la. Representa o tempo para que toda a bacia contribua para o escoamento superficial na seção considerada, a partir do início da chuva. (SANTA CATARINA, 1997). Com base no mesmo projeto citado anteriormente, na tabela 04 apresenta-se o tempo de concentração de alguns tributários da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. A microbacia da Nascente do Rio dos Queimados possui o maior Tempo de Concentração (Tc). Alguns fatores influenciam o Tc de uma bacia, sendo os principais a forma da bacia, a declividade média, o tipo da cobertura vegetal o comprimento do curso d’água e as condições do solo encontrado no inicio da chuva. A umidade do solo afeta Tc na medida em que influi na infiltração de água e conseqüentemente, na intensidade de chuva efetiva. Altas condições de umidade 29 diminuem a infiltração, aumentam a intensidade de chuva efetiva, com a conseqüente queda de tempo de concentração. (SANTA CATARINA, 2008). Os tributários da tabela 04 representam 28% da área de estudo, consequentemente mostrando uma parcela representativa da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Tabela 05- Tempo de Concentração Tempo de Concentração Nome do Tributário TC (min) Nascente do Rio dos Queimados 72,04 Lajeado Abraão 21,26 Lajeado Claudino 28,54 Lajeado Curtume 30,07 Lajeado Sadia 17,32 Lajeado Parizotto 10,15 Lajeado Fabrício 10,14 Lajeado Sabão 11,43 Lajeado Tigre Velho 24,95 A microbacia da Nascente do Rio dos Queimados possui o maior Tempo de Concentração (Tc). Alguns fatores influenciam o Tc de uma bacia, sendo os principais a forma da bacia, a declividade média, o tipo da cobertura vegetal o comprimento do curso d’água e as condições do solo encontrado no inicio da chuva. A umidade do solo afeta Tc na medida em que influi na infiltração de água e conseqüentemente, na intensidade de chuva efetiva. Altas condições de umidade diminuem a infiltração, aumentam a intensidade de chuva efetiva, com a conseqüente queda de tempo de concentração. (SANTA CATARINA, 2008). Os tributários da tabela 04 representam 28% da área de estudo, consequentemente mostrando uma parcela representativa da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. 30 1.3.8 Análise Geral Das Características Fisiográficas Da Região Do Estudo Esta etapa da caracterização consistiu em estudar de forma preliminar as características fisiográficas da Bacia do Rio dos Queimados, bem como suas microbacias. A tabela 05 demonstra o resumo das características fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. Tabela 06- Características Fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Característica Localização Geográfica Área da Bacia Hidrográfica Extensão Curso Principal Quantidade de Tributários Densidade de Drenagem Índice de Sinuosidade do Curso Principal (%) Perímetro da Bacia Coeficiente de Compacidade Fator de Forma Extensão Média do Escoamento Superficial Altitude Máxima Altitude Mínima Extensão total dos Cursos d’água Valor 27º 14’03” latitude sul e 52º14’40” longitude oeste 90,2 km² 32 km 19 1,01 km 0,35% 56,559 km 1,67 0,19 0,25 km 800 m 320 m 91,308 km As informações acima ilustram resultados que podem conter variação na medida em que se criem desdobramentos específicos. Contudo, servirão de base para subsidiar tais trabalhos, sobre cada característica descrita ao longo da caracterização fisiográfica, trabalhando assim no melhoramento contínuo dos dados da gestão e planejamento da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. 31 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA 2.1 INTRODUÇÃO Através do raciocínio e de procedimentos específicos da Geologia, é feita a caracterização dos materiais, das formas de energia e das suas interações no espaço e no tempo, definindo-se como um conjunto de parâmetros interrelacionados que servem de padrão de referência do meio físico. Este padrão leva a compreensão do ambiente físico local e de suas relações com o contexto sociocultural, estendendo-a para o contexto mais amplo, até chegar à concepção da Terra como sistema evolutivo complexo, que favoreceu o surgimento e evolução dos organismos, humanidade e que modificam a superfície terrestre. (GUIMARÃES, 2004). Geologia é considerada a ciência que estuda a história física e química da terra, sua origem, os materiais que a compõem e os fenômenos naturais e antropogênicos ocorridos durante as várias eras e períodos do tempo geológico terrestre. Se propõem, ainda, a estudar alguns fatores essenciais para a Plano de Gestão e Gerenciamento de uma Bacia Hidrográfica: descrever as características da sub-superfície da terra, em várias escalas. compreender as razões de ordem física e química que levaram o planeta a ser tal, como se observa. definir de maneira adequada, a utilização dos materiais e fenômenos geológicos como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da qualidade de vida da sociedade. resolver os problemas ambientais causados anteriormente e estabelecer critérios para evitar futuros danos ao meio ambiente, nas várias atividades humanas. 32 Ainda, segundo Rebellatto (2000), conhecer os recursos naturais, dentre eles os solos, torna-se fundamental para o planejamento do uso e manejo sustentável das terras. Com relação a geomorfologia, (do latim geo = terra, morfo = forma, logos = estudo) tem no conceito, o estudo das formas de relevo, tendo em vista a origem, a estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes formas internas e externas que formam o relevo terrestre. Volta-se principalmente, à gênese e à evolução do relevo terrestre, considerada, portanto uma ciência descritiva e genética. (ASSAAD et al., 2004). As formas descritas acima, são resultantes dos processos atuais e pretéritos ocorridos sobre a litologia originados a partir de dois tipos de forças: as endógenas, resultado da dinâmica interna da Terra e responsáveis por esculpir as formas de relevo; as exógenas, resultado da interação sol, água e litologia, ou seja, as intempéries, que modelam a superfície terrestre. A partir da morfogênese, ou seja, da ação das forças endógenas e exógenas, a superfície da Terra está em constante mudança. As formas de relevo se alternam entre as regiões como resultado da ação conjunta dos componentes da natureza, que, por sua vez, também são influenciados em diferentes proporções pelas formas de relevo. (BRASIL, 2008). O objetivo principal da caracterização geomorfológica de uma região é representar as formas atuais da superfície dos terrenos, tendo como foco neste estudo, a sua interferência com o ciclo hidrológico da região. A preocupação com o conhecimento dos solos acha-se registrada desde os tempos pré-históricos, facilmente entendível, a partir do momento em que os homens passaram a cultivar plantas, logo procuraram reconhecer as melhores terras para seus cultivos. A expansão dos estudos geomorfológicos, no Brasil, se deu, nas últimas décadas, devido à valorização das questões ambientais e por se aplicar diretamente à análise ambiental. As primeiras contribuições geomorfológicas, datam do século XIX, quando pesquisadores “naturalistas” buscavam, de maneira diversificada, compreender o meio ambiente e pesquisadores "especialistas", ou 33 seja, botânicos, cartógrafos, geógrafos e geólogos, dedicavam-se a conteúdos específicos. (SCHOBBENHAUS et al., 1984). 2.2 GEOLOGIA REGIONAL A geologia do estado de Santa Catarina pode ser dividida basicamente entre Embasamento, encontrado em todo o planalto litorâneo do estado e Bacia Sedimentar do Paraná cobrindo todo o restante. O embasamento ou escudo, formado por rochas magmáticas e metamórficas mais antigas que 570 milhões de anos, é recoberto pelas rochas vulcânicas e sedimentares paleozóicas e mesozóicas que constituem a Bacia do Paraná. Esta cobertura foi posteriormente erodida, devido ao soerguimento da crosta continental à leste, expondo o embasamento. Sedimentos recentes com idades inferiores a 1,8 milhões de anos recobrem parcialmente as rochas da Bacia e do Escudo. (SCHOBBENHAUS et al., 1984). 2.2.1 Bacia Do Paraná A Bacia Sedimentar do Paraná situa-se no centro-leste da América do Sul, abrangendo uma área de aproximados 1.600.000 km², dos quais 1.000.000 km² são situados em território brasileiro. A maior parte dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina (regiões central e ocidental) e Rio Grande do Sul (regiões norte, central e ocidental) situam-se nessa bacia. No litoral sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, a bacia chega ao litoral e projeta-se pela plataforma continental. Pequena parte do sudoeste de Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e sul de Goiás também se incluem na bacia de acordo com Zalán et al (1987). A figura 05 ilustra as limitações físicas de cada bacia. 34 Figura 05 - Mapa Hidrológico do Brasil Fonte: (BRASIL, 1983) 35 A Bacia do Paraná é considerada uma típica bacia intracratônica, caracterizando-a basicamente como uma depressão topográfica, que foi alvo de incursões marinhas e que recebeu sedimentos provindos das áreas mais elevadas. A bacia possui forma elíptica de eixo maior de direção NE-SW sendo preenchida por pacotes de rochas sedimentares e vulcânicas com idades que variam entre desde o Siluriano até o Cretáceo Superior (SCHOBBENHAUS et al., 1984). A Bacia do Paraná constitui uma grande área de sedimentação paleozóicamesozóica. A bacia se implantou no início do período Ordoviciano sobre crosta continental estabilizada por processos ligados ao Ciclo Orogênico Brasiliano / PanAfricano. Os registros estratigráficos existentes, podem ser divididos em seis grandes sequências limitadas por expressivas discordâncias inter-regionais, que representam o seu preenchimento sedimentar-magmático e documentam quase 400 milhões de anos da história geológica. A figura 06 ilustra as eras geológicas detalhando o período e época em que ocorreram. TEMPO (MILHÕES DE ANOS) ERA PERÍODO ÉPOCA CENOZÓICO QUATERNÁRIO HOLOCÊNICO 0,01 PLISTOCÊNICO 1,8 NEOGÊNICO PALEOGÊNICO MOSOZÓICO 5,3 MIOCÊNICO 23,8 OLEOCÊNICO 34,6 EOCÊNICO 56 PALEOCÊNICO 65 CRETÁCICO 145 JURÁSSICO 208 TRIÁSICO 245 PÉRMICO 290 CARBONÍFERO 363 DEVÓNICO 409 SILÚRICO 439 ORDOVÍCICO 510 CÂMBRICO 544 LINHA DO TEMPO PALEOZÓICO PLIOCÊNICO Figura 06 - Tempo Geológico Fonte: adaptado de Assad (2004). 36 2.3 GEOLOGIA LOCAL De leste para oeste, afloram hoje no território catarinense os sedimentos recentes do litoral, uma faixa de rochas magmáticas e metamórficas mais antigas, a sucessão das rochas sedimentares gondwânicas e os derrames de lavas básicas, intermediárias e ácidas da Formação Serra Geral. (SANTA CATARINA, 2007). A bacia hidrográfica do Rio dos Queimados localiza-se em terrenos constituídos por uma seqüência vulcânica de rochas Juro-Cretáceas, com idades entre 65 e 135 milhões de anos, pertencentes à Formação Serra Geral, Grupo São Bento, que é uma das formações que compõem a Bacia do Paraná e depósitos sedimentares quaternários, derivados do intemperismo das rochas vulcânicas. A formação Serra Geral ocupa pouco mais de 50% da área do território catarinense. Constitui-se por uma seqüência vulcânica, compreendendo desde rochas de composição básica até rochas com elevado teor de sílica e baixos teores de ferro e magnésio. A seqüência básica ocupa a maior parte do planalto catarinense, sendo constituída, predominantemente, por basaltos e andesitos. (SANTA CATARINA, 1997). A bacia do estudo é compreendida na chamada Zona Basáltica do Planalto ocidental, verificando-se a ocorrência de afloramentos rochosos e de matacões. O basalto tem como material de origem o magma e é uma rocha ígnea. Esta provem do latim ignis, que significa fogo, também conhecida como rocha magmática. Elas são formadas pela solidificação (cristalização) do magma, que é um líquido com alta temperatura, em torno de 700 a 1200ºC, proveniente do interior da Terra. (SCHUMACHER et al., 1999). As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais e trazem à superfície do planeta importantes informações sobre as regiões profundas da crosta e do manto terrestre. Nos vulcanismos fissurais, o magma atinge a superfície da crosta e entra em contato com a temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a solificação é praticamente instantânea, os cristais não têm tempo para se 37 desenvolver, portanto muito pequenos, invisíveis a olho nu. Rochas deste tipo são denominadas rochas vulcânicas, como o basalto. (SCHUMACHER et al., 1999). A figura 07 ilustra afloramento de blocos de rochas vulcânicas básicas (basaltos) da Formação Serra Geral, Grupo São Bento, semelhantes às encontradas na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Figura 07 Basalto Fonte: Mello (2008). 2.4 GEOMORFOLOGIA REGIONAL Tendo ciência que a geomorfologia estuda os processos endógenos e exógenos que modelam a superfície terrestre, sua evolução, as trocas de energia e matéria, a dinâmica dos processos erosivos e seus mecanismos, entende-se assim a dinâmica dos processos e mecanismos erosivos atuantes na transformação do relevo. Desta forma os itens subseqüentes terão na abordagem no objetivo detalhar as características acima citada relacionando-as com a bacia hidrográfica de estudo. 38 2.4.1 Compartimentação Topográfica Os limites da área de estudo ocupam a região geomorfológica do Planalto das Araucárias, onde encontra-se uma seqüência de variação de relevo muito relacionado ao nível de dissecação e do modelo de aplainamento, sendo possível identificar sub-divisões definidas como Planalto dos Campos Gerais, Planalto Dissecado Rio Iguaçu-Rio Uruguai, Serra Geral e Patamares da Serra Geral. Na área ocupada pela bacia hidrográfica do Rio dos Queimados apresenta-se a Unidade Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai. Pertencente à região Geomorfológica, Planalto das Araucárias, esta unidade apresenta descontinuidade espacial devido à sua ocorrência dentro da Unidade Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais (SANTA CATARINA, 1986). Tal Unidade pode ser caracterizada por apresentar relevo muito dissecado com vales profundos e encostas em patamares. O estado de Santa Catarina tem 77% de seu território acima de 300m de altitude e 23% acima de 600m, figura entre os estados brasileiros de mais forte relevo. Altimetricamente, as cotas ultrapassam 1.000m na borda leste, caindo até cerca de 300 m gradativamente para oeste e noroeste, em direção ao eixo central da Bacia do Paraná. Esta unidade apresenta formas resultantes dos processos de dissecação que atuaram na área associados aos fatores estruturais. Estes fatores são dados pela geologia da área, constituída por seqüências de derrames de rochas que se individualizam por suas características morfológicas e petrográficas. Com relação a drenagem, apresenta-se com características semelhantes em toda a unidade, uma vez que se acha fortemente controlada pela característica geológica. Os rios possuem cursos sinuosos e vales encaixados, com patamares nas vertentes. O controle estrutural é evidenciado pela retilinização dos segmentos dos rios, pelos cotovelos e pela grande ocorrência de lajeados, corredeiras, saltos, quedas e ilhas. (SANTA CATARINA, 1986). 39 2.5 GEOMORFOLOGIA LOCAL A área correspondente a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, é geomorfológica influenciada pelo condicionamento litoestrutural, apresentando topos planos e convexados. Os intrerfluvios da região são alongados e de maneira geral estreitos, com vertentes que apresentam de dois à três patamares bem definidos. Nesta região os vales geralmente são profundos, com as cotas altimétricas variando de aproximadamente 370 metros na foz, próxima as áreas alagadas da represa da Usina Hidroelétrica Itá a 800 metros, próximo à nascente. As altas declividades predominam nas encostas voltados aos cursos d’água da bacia, de forma geral, sendo os setores com forte suscetibilidade à erosão por escoamento superficial e movimentos de massa. Na figura 08 apresenta-se o mapa topográfico da região da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Observa-se na figura 08 as condições relacionadas com a topografia da região, as curvas de nível com as cotas correspondentes, destacado na cor vermelha, os limites da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados e a cor azul representa os cursos d’água desta bacia. A figura 08 foi gerada a partir de dados e cartas topográficas disponíveis no Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina – CIRAM, baseado em cartas topográficas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e adaptações necessárias incluindo os limites e os cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. 40 LEGENDA Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Limite da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados N NE NO Curvas de nível O E SO Sem Escala SE S Figura 08 - Topografia da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Fonte: do autor adaptada do Centro de Informações de Recursos Ambientais de Santa Catarina – CIRAM. 41 2.5.1 Principais Características Do Relevo A elevada precipitação pluviométrica na região, monitorada pela Embrapa Suínos e Aves desde o ano de 1987, apontam a média anual em 1809 mm, bem como os processos pluviais relacionados ao clima úmido, juntamente com os fluviais e os gravitacionais, através dos movimentos de massas localizados, formam os principais processos morfogenéticos atuantes no relevo da região. A Bacia Hidrográfica do estudo recebe ações antrópicas, de forma significativa, contribuindo para a alteração da cobertura vegetal e dos horizontes superiores do solo, através da utilização por pastagens, terraplanagens de terrenos, reflorestamentos, construção de edificações, pavimentações de vias, assim, alterando algumas características físicas e químicas da superfície. As principais formas de perda das características físicas e químicas do solo da bacia ocorrem através de processos erosivos pluviais, sendo o escoamento de forma superficial e subsuperficial. Na figura 09, observa-se a forma como ocorrem os escoamentos no solo. Figura 09 - Formas de Escoamento da água da chuva Fonte: Santa Catarina (2007) 42 O escoamento superficial é considerado o mais generalizado e mais importante na esculturação do relevo da região, pois age com maior intensidade, promovendo o rastejamento, fluxos de lama, desmoronamento e deslizamentos na área atingida. Observando a figura 09, nota-se que a característica do relevo, associada à cobertura do solo agem de forma significativa ao ciclo hidrológico, muitas vezes fornecendo aos cursos d’água, excesso de materiais, nutrientes e água, provocando o desequilíbrio ambiental. 2.5.2 Principais Fatores De Formação Dos Solos Solo pode ser considerado como o material mineral e orgânico inconsolidado sobre a superfície terrestre servindo como meio natural às plantas. A mistura de produtos resultantes da decomposição da rocha matriz por fatores físicos e químicos e de matéria orgânica, produzida pela decomposição dos resíduos vegetais e animais, derivam no elemento de maior representatividade da complexidade dos ecossistemas, o solo. (SCHUMACHER et al., 1999). O solo tem origem no intemperismo das rochas pré-existentes, que é o principal fenômeno responsável pela transformação da rocha em solo. Os fatores responsável pela intemperização das rochas são os organismos vivos, clima, material de origem, relevo e o tempo. 2.5.3 Principais Características Dos Solos Da Região Da Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados. A unidade geomorfológica Planalto dos Campos apresenta, entre os seus principais solos, o Cambissolo, o Latossolo e o Nitossolo. Na área da bacia de estudo considera-se a existência de apenas dois solos, o Cambissolo e o Nitossolo, de acordo com a classificação de solos realizada pelo 43 Centro de Informações de Recursos Ambientais de Santa Catarina – CIRAM (DUFLOTH 2005), os quais estão descritos nos itens subsequentes. 2.5.3.1 Cambissolo Originam-se da decomposição de rochas originadas de derrames de basalto com ocorrência dominante em clima mesotérmico úmido, de verão quente. Encontrado em relevo suave, ondulado (nos patamares), quanto no forte ondulado a montanhoso e topos de elevação, de forma geral são moderadamente drenados. (TESTA et al., 1992). Ocorrem de forma generalizada da região oeste de Santa Catarina e Vale do Rio do Peixe, geralmente em altitudes inferiores a 900m. Vale lembrar que a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados tem suas altitudes inferiores a estas. Quanto ao grau de limitação deste solo, com relação à fertilidade natural considera-se ligeira a moderada, sendo as maiores limitações os baixos níveis de fósforo (P) e menor escala o potássio (K) bem como a acidez. Testa et al (1992) considera os cambissolos suscetíveis a erosão de forma ligeira a forte, sendo nos locais de relevo acidentado, as áreas de maior risco. Ainda, nestes solos a falta de água é tida como nula a moderada. Quanto mais acidentado o relevo e maior a pedregosidade, maior a tendência a deficiência hídrica, porém não superando o grau moderado, caracterizada como alta densidade de drenagem natural e superficial (rios e/ou córregos). Assim, os cambissolos tem as suas características ambientais consideradas com um grau de amplitude de variação elevada, afetando diretamente o seu uso e manejo, assim como a influência no ciclo hidrológico, pois a pedregosidade varia de nula a muito pedregosa, a profundidade de raso a profundo e o relevo suave ondulado a montanhoso. 44 2.5.3.2 Nitossolo É originado a partir de rochas de derrames intermediários com ocorrência em clima mesotérmico úmido de verão fresco. Encontrado com maior facilidade em relevo ondulado e forte ondulado, pedregosidade nula a ligeira, com boa drenagem, geralmente em área acima de 700m. Os Nitossolos, geralmente ocorrem nos divisores de água, até junto aos cursos d’água, mas predominam nas superfícies estáveis da paisagem, nos patamares e junto aos cursos d’água. (TESTA et al., 1992). Para uso e manejo destes solos, as limitações quanto à fertilidade natural, caracterizam-se como forte. A suscetibilidade à erosão, é considerada como moderada a forte. A sua pequena granulometria, associada com a declividade do terreno são os fatores que mais expõem os nitossolos a erosão. Com relação a falta de água, é tida como nula, pois apresentam boa capacidade de infiltração e retenção de água. Ocorrem em regiões onde a evaporação tende a ser menor que nos solos situados nas cotas abaixo de 700m. Um fato, que deve ser considerado relevante neste estudo, é que a área central da cidade de Concórdia, em quase a sua totalidade, está constituída sob nitossolos. Consequentemente estes solos, conforme a descrição apresentada, possuem algumas limitações e fragilidades, principalmente a suscetibilidade a erosão e retenção de água. Assim expondo, na teoria, a área com a maior concentração de edificações sob risco de erosão e deslizamento. 2.5.3.3 Os Solos Da Região Oeste De Santa Catarina E Da Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados Para compreensão da ocorrência dos solos na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados é necessários conhecer os existentes na região. Esta parte do capítulo apresentará as informações disponíveis a estes aspectos da área. 45 A tabela 06 mostra a porcentagem relativa a cada unidade de solo com localização e a respectiva área ocupada em porcentagem no oeste de Santa Catarina. Tabela 07- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no oeste catarinense Unidade de Solo/ Mapeamento Localização Área (%) Cambissolos 92 Municípios 57,6 Latossolos 58 Municípios 17,7 Neossolos Litólicos 01 Município 0,4 Nitossolos 92 Municípios 22,5 Sem Informação - 0,7 Outros (Área Urbana e Alagada) - 0,8 - 100 Total Fonte: Dufloth (2005). De acordo com Dufloth (2005) nos dados da Unidade de Planejamento Regional do Oeste Catarinense – UPR 1, elaborado pela EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A, no município de Concórdia, ocorrem três unidades de solo, destas, publicadas com o percentual relativo tem-se: Tabela 08- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no município de Concórdia Unidade de Solo/ Mapeamento Área (%) Cambissolos 54,37 Latossolos 1,67 Nitossolos 41,73 Outros (Área Urbana) 2,23 Total 100 Fonte: Dufloth (2005). 46 De posse destes dados e com o mapa de Solos da UPR1 possibilitou geração do Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. Apresentado como Figura 10. N NO NE O E SO SE S Cambissolos Nitossolos Área Urbana Cursos d'água Figura 10 - Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. Fonte: do autor, adaptado de Dufloth (2005). 47 Das classes de solos existentes na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, conclui-se que há maior concentração de Cambissolos, com 66,31% da área encontrados em quase sua totalidade na área rural da bacia. Como observado na Tabela 08 no município de Concórdia existem três classes de solos, já na área ocupada pela bacia do estudo são apenas dois, apresentados na tabela abaixo: Tabela 09- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Unidade de Solo/ Mapeamento Área (%) Cambissolos 66,31 Nitossolos 31,82 Outros (Área Urbana) 1,87 Total 100 Fonte: Dufloth (2005). Ressalta-se que os percentuais calculados são aproximados, assim como a área que ocupam, (figura 10). 2.6 HIDROLOGIA A rede hídrica do Estado de Santa Catarina é rica e bem distribuída. Na Vertente do Interior os rios apresentam, via de regra, perfil longitudinal com longo percurso e perfil longitudinal com inúmeras quedas d'água, o que evidencia o potencial hidrelétrico na região. Em geral, a rede hidrográfica na Vertente Atlântica comporta dois tipos básicos de rios: os que nascem na Serra do Mar e aqueles originados na própria planície. A figura 11 ilustra o sistema de drenagem do estado de Santa Catarina. 48 A RH 3 – Região Hidrográfica 3 – Vale do Rio do Peixe, é constituída pelas bacias do rio do Peixe e do rio Jacutinga, que ocupam 7.923 km²; O rio do Peixe, cuja bacia é de 5.476 km², nasce na serra do Espigão, município de Matos Costa, zona central de Santa Catarina, e percorre cerca de 290 km até sua foz no rio Uruguai. Nesse trajeto, recebe as águas dos rios Preto, São Pedro e Santo Antônio pela margem direita, e rios Bonito e Leão pela margem esquerda. O rio Jacutinga nasce na vertente oposta do rio Irani, tendo sua foz situada no lago formado pela barragem de Itá. Do ponto de vista de gerenciamento de recursos hídricos, essa bacia engloba afluentes diretos do rio Uruguai, como o rancho Grande e rio do Engano e o Rio dos Queimados, totalizando 2.447 km². 49 Figura 11 - Sistema de Drenagem de Santa Catarina. Fonte: Santa Catarina (2007) 50 2.7 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO A diversidade de ambientes geológicos, aliada às condições climáticas, deficiências hídricas nulas, e bons índices de excedentes hídricos conferem à Santa Catarina um excelente potencial hídrico subterrâneo, com ocorrência de águas minerais de ótima qualidade distribuídas nas mais diversas regiões. Inserida na Província Hidrogeológica Basáltica e Gondwânica Mesozóica, esta classificação leva em consideração as características geológicas, morfológicas e climáticas, uma vez que à ocorrência e o comportamento das águas subterrâneas são em parte reflexo delas. Esta província possui pelas suas características litológicas um meio hidrogeológico heterogêneo ou anisotrópico. (HAUSMAN, 1995). A Província Hidrogrológica Basáltica e Gondwânica Mesozóica está fortemente condicionada por fraturamentos, correspondente aos planos de descontinuidade (falhas, fraturas, fissuras, etc.), sendo estas estruturas favoráveis à ocorrência de água subterrânea. No oeste Catarinense existem basicamente dois grandes reservatórios de água subterrânea, o Aqüífero Guarani ou Botucatu e o Aqüífero Serra Geral. O Aqüífero Guarani é um reservatório de proporções gigantescas de água subterrânea, formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos). É constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base e arenitos Botucatu no topo. (HAUSMAN, 1995). Encontra-se exclusivamente coberto por rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, conferindo-lhe o caráter de aquífero confinado. O topo deste aqüífero ocorre em profundidades que variam de 360 metros a 1.267 metros, no oeste catarinense. Sua área total é de aproximadamente 1,2 milhões de quilômetros quadrados, com capacidade de armazenar 46 mil quilômetros cúbicos de água. Com essas características considera-se o maior aqüífero da América Latina e o terceiro maior do mundo em extensão. Está presente em 8 estados brasileiros, entre eles Santa Catarina, onde 54% dos municípios situam-se sobre este aqüífero. Além do território brasileiro, o aqüífero Guarani abrange parte da Argentina, Uruguai e Paraguai. (SANTA CATARINA, 2007). 51 O aqüífero fraturado Serra Geral é o mais explorado na região sul do Brasil assim como no oeste de Santa Catarina. Desenvolve-se nos derrames basálticos cretáceos com condição de armazenamento e circulação da água localizada em fraturas e outras descontinuidades. A recarga principal ocorre através da pluviometria, principalmente em áreas com desenvolvido manto de alteração, topografia pouco acidentada e considerável cobertura vegetal (mata nativa). Localmente, onde há condições piezométricas e estruturais favoráveis, pode ocorrer recarga ascendente a partir do aqüífero Guarani. Os locais onde existem as piores condições hidrogeológicas são nas espessas zonas centrais de derrames localizadas em terrenos muito dissecados e com topografia bastante acidentada, que mesmo interceptadas por fraturas, demonstram baixíssima potencialidade, sendo que estas características ocorrem em parte na área da bacia do Rio dos Queimados. No geral, as características do aqüífero Serra Geral permitem a captação de água subterrânea a um custo muitíssimo menor ao da captação no aqüífero Guarani, suprindo de forma satisfatória comunidades rurais, indústrias e sedes municipais. A figura 12 ilustra a composição e a localização de cada aqüífero citado acima. Figura 12 - Aqüíferos Fonte: Santa Catarina (2007) 52 2.7.1 Pontos De Água No Oeste De Santa Catarina De acordo com o Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC, sobre Captação de Águas Subterrâneas, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, foram inventariados 2836 pontos de captação de água subterrânea no oeste catarinense, entre os anos de 1998 a 2001. (SANTA CATARINA, 2007). Foram inclusos pontos de captação em fontes, poços escavados e poços tubulares, conforme a tabela 09. Tabela 10- Pontos de Captação de água no oeste de Santa Catarina Pontos d’ água Número Captações de fontes 101 Poços escavados 12 Poços tubulares 2723 Total 2836 Fonte: Santa Catarina (2007) Da tabela 09, os pontos na superfície terrestre, com surgimento espontâneo de água subterrânea, são caracterizados como captações de fontes. A proteção destas fontes, no estado de Santa Catarina é uma prática comum e bastante disseminada. Já os poços escavados ou manuais são construídos através de equipamentos simples por meio de pá e picareta, sem uso de máquinas, ou seja, construídos manualmente, captando água do lençol freático. Os poços tubulares, que representam a maioria dos pontos d’água, conforme o levantamento realizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, no ano de 2002, agrupam todos os tipo de perfuração executados com máquinas específicas denominadas sonda. Erroneamente esses poços são chamados de artesianos, no entanto, esta denominação é mal empregada, uma vez que artesiano constitui apenas uma das modalidades de poço no qual a pressão 53 confinante ascende até estabilizar em uma posição acima daquela referida como de nível estático do local onde o poço foi construído. Na grande maioria dos poços tubulares do oeste catarinense não ocorre artesianismo. 2.7.2 Poços Tubulares Na Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados Conhecer os pontos de captação de água subterrânea é fundamental para o planejamento da distribuição e gestão deste manancial, bem como o seu uso racional. De acordo com a CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina - Obras de Engenharia Rural são essenciais para tal gestão. Estas obras possibilitam o aumento e melhoria de produção, preservação e recuperação dos recursos naturais bem como o desenvolvimento sustentável principalmente em pequenas propriedades rurais. Na região a qual a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados está inserida há o monitoramento da perfuração de poços realizados pela CIDASC encontrado no Programa de Infraestrutura Agrícola. Na tabela 10 encontra-se alguns dados referentes às características do poços tubulares perfurados na região. Tal informação foi extraída do relatório interno da CIDASC. Os dados são de poços perfurados a partir do ano de 1981 até 2008. Para obter os dados dos poços tubulares projetados e executados na região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados foram realizadas triagens nas planilhas do relatório abaixo citado, obtendo apenas aquelas a qual o estudo refere-se. Pode se destacar, porém, a alta porcentagem (45,2%) de poços secos perfurados, demonstrando que algumas regiões da bacia não possuem oferta de água subterrânea satisfatória, quando comparada a outras localidades da própria bacia hidrográfica. Existem dez comunidades rurais envolvidas, total ou parcialmente na bacia. Ainda utilizou-se, para este estudo, os poços perfurados na sede da cidade. 54 Tabela 11- Poços tubulares perfurados na região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Nº Poços Profundidade (m) Vazão (m³/h) Poços Secos Sede 31 48 à 162 0,5 à 13,0 15 48 Linha Sede Brum 13 100 à 198 0,5 à 13,0 7 53 Linha Schiavini 2 136 à 164 - 2 100 Linha São José 12 72 à 130 3,0 à 25,0 7 58 Linha Santa Catarina 3 75 à 111 6,9 à 14,0 1 33 Lajeado Quintino 3 72 à 164 8 2 66 Linha Presidente Kennedy 25 60 à 148 0,5 à 23,0 7 28 Linha 29 de Julho 0 - - - Linha Guarani 3 100 à 146 31 2 66 Linha Laudelino 1 82 24 - 0 Total 93 - - 43 Comunidade Poços Secos (%) - 45,2 Fonte: CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina. Abaixo, apresenta-se a figura 13 com a finalidade de identificar as comunidades que estão inseridas total ou parcialmente na bacia. Conhecendo a região, as comunidades inseridas, bem como as características dos poços tubulares perfurados é possível realizar algumas análises comparativas. Na figura 08 as comunidades que estão em destaque (cor vermelha) são as inseridas na bacia e descritas na tabela 05. 55 L. São Paulo 465 SC L. Boscatto L. Laj.dos Pintos Sto. Antonio Laj. Crescêncio BR2 83 Fragosos L. São José L. Barra Fria L. 8 de Maio Sede Posto 100 BR 15 3 Laj. Quintino L. Marchesan L. Schiavini Pres. Kennedy Alto Suruvi L. Guarani L. Pinheiro Preto Nova Brasilia . AV C/P 461 SC L. Sta. Catarina L. Aparecida L. Vitória L. 29 de Julho L. Laudelino L.Sta. Terezinha L. Rigon L. Ouro Sede Brum L. Suruvi L. Ipiranga L. Frei Rogério 1 46 SC Tamanduá BR 153 V PA C/ Porto Brum L. Rui Barbosa L. Alto Boa Esperança L. Lauro Muller Figura 13 - Comunidades inseridas na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Fonte: do autor adaptado da Prefeitura Municipal de Concórdia. 56 No gráfico 01 é apresentada a porcentagem relativa aos projetos e perfuração dos poços tubulares em cada localidade. Poços Tubulares/Comunidade Sede Sede Brum 0%3% 1% Schiavini 34% 27% São José Santa Catarina Quintino 3% 3% 13% 2% 14% Presidente Kennedy 29 de Julho Guarani Laudelino Gráfico 01 - Percentual de poços tubulares perfurados por Comunidade Fonte: do autor. Com 34% das perfurações de poços tubulares a Sede do município de Concórdia é a região da bacia com a maior concentração de captação de água subterrânea. Este fato pode ser entendido devido à concentração de moradores neste local. Porém, torna-se necessário salientar que, devido a alta quantidade de poços perfurados para a captação e abastecimento de água, a tendência é que, se a recarga dos mananciais for menor que o consumo, e não havendo uso racional da mesma, acarretará na gradual diminuição do volume disponível, comprometendo o atual uso bem como a demanda necessária para as próximas décadas. Presidente Kennedy é a comunidade rural com o maior número de poços perfurados, totalizando 27%. Na comunidade de Linha 29 de Julho não foram perfurados poços pela CIDASC. O gráfico 02 ilustra o percentual relativo aos poços secos que foram perfurados em cada comunidade. 57 Porcentagem Poços Secos por Localidade 100 Sede 100 Sede Brum 90 80 66 70 60 48 53 Schiavini 66 São José 58 Santa Catarina Quintino 50 40 33 Presidente Kennedy 28 30 29 de Julho 20 Guarani 10 0 0 0 Laudelino Gráfico 02 - Poços secos por Localidade Fonte: do autor. Na comunidade Linha Schiavini foram perfurados 2 poços, neste caso, nem um teve água, ou seja, representa no gráfico acima 100% de poços secos. Mencionado anteriormente, linha 29 de Julho não teve pontuação, pois não teve poços perfurados. Linha Laudelino foi outra comunidade que não pontuou, mas neste caso foi perfurado um poço com vazão de 24m³/h. De forma geral foram perfurados 93 poços tubulares na região da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, pela CIDASC entre os anos de 1981 a 2008. Destes, 43 são secos, representando um percentual de 45,2% do total. As profundidades dos poços perfurados na região variam de 48 m a 198 m. As vazões mínimas dos poços são de 0,5m³/h e as máximas chegando a 31m³/h. 2.8 CONSIDERAÇÕES ENTRE A RELAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO O conhecimento da vocação hidrológica de áreas sob distintas composições ambientais revela-se de aplicação direta para previsões relacionadas à recarga de mananciais de águas subterrâneas: as enchentes ou à propagação espaço-temporal 58 de poluentes que convergem para os rios, entre outras, auxiliando na definição do uso mais adequado da terra e no manejo dos solos. Foi possível observar por este estudo, que a área com maior vazão dos poços tubulares é na comunidade de Linha São José. Sabendo de sua localização na área da bacia e conhecendo suas características topográficas, pode-se entender que trata de uma área onde ocorre recarga dos mananciais subterrâneos. Assim, este local merece maior atenção quanto à utilização do solo, pois torna-se uma área sensível a contaminação das águas subterrâneas, podendo comprometê-la e consequentemente o abastecimento em outros locais. O fluxo sub-superficial, decorrente do escoamento sobre a superfície do excedente de precipitação, em relação à capacidade de infiltração bem como o fluxo de sub-superfície, são agentes modeladores por meio de processos erosivos, agindo assim na transformação do relevo. A importância do conhecimento sobre como se dá a infiltração da água no solo é de suma importância para orientação de obras de engenharia e manejo/conservação e está diretamente ligada às características físicas do mesmo. Tais características (porosidade e composição), aliadas a agentes biológicos (animais escavadores e presença de raízes mortas) influenciarão diretamente na maneira pela qual ocorre o fluxo de água pela sub-superfície. Na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados existem, basicamente, dois tipos de solos com a predominância de cambissolos (66,31%) principalmente na área rural e nitossolos (31,82%) na urbana. Porém, como visto anteriormente a área central está inserida nesta última unidade de solo, com características limitantes a ocupação, pois apontam para solos suscetíveis a erosão e possuem boa capacidade de retenção de água, podendo apresentar riscos as edificações localizadas principalmente em áreas íngremes. Cabendo assim um estudo do solo detalhado ante a execução de obras de engenharia civil. É crescente a pressão exercida em escala mundial sobre os recursos hídricos, num cenário de expansão demográfica, de crescimento econômico e de alterações climáticas requer uma abordagem científica e tecnológica multidisciplinar como meio para se conseguir o melhor conhecimento sobre os processos envolvidos no ciclo da água. A obtenção de conhecimento científico, passível de apoiar a 59 tomada de decisões respeitantes à gestão destes recursos - à escala local, regional ou global - é francamente facilitada, quando se utilizam de forma integrada conceitos, métodos e técnicas provenientes de diversas disciplinas científicas, num esforço que, além de multidisciplinar, pode ser interdisciplinar. (ASSAAD et al., 2004). Visto que, na bacia do estudo, porcentagem significativa de poços perfurados não apresentaram água, 45,2% do total, demonstra, de certa forma, um cenário preocupante, considerando a escassez de água na região. Vale considerar ainda que, no interior a maior porção da água extraída dos mananciais subterrâneos são destinadas às plantações e dessedentação de animais, devido a produção em grande escala e a conseqüente procura de mercado. Este estudo poderá servir de auxilio à implantação do Plano Diretor Rural, devido aos seus levantamentos de dados regionais e as características encontradas na área estudada, ordenando de forma sustentável a ocupação do solo nas diferentes áreas da bacia. 60 CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA 3.1 INTRODUÇÃO Para caracterizar o regime hídrico de uma região é necessário considerar os diversos fatores que interagem no espaço geográfico do estudo. Desta forma, para a análise dos Recursos Hídricos da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados faz-se necessário estudar a climatologia, fornecendo assim, informações, da realidade espacial e sua distribuição temporal. O levantamento dos dados climatológicos consiste em estudar uma série histórica de precipitação diária, de estação meteorológica, com no mínimo de 15 anos consecutivos sem falha. (BACK, 2002). O clima de uma determinada localidade é formado por uma complexa interação entre os continentes, oceanos e as diferentes quantidades de radiação recebida do sol. O giro da Terra em torno deste astro faz com que essa quantidade de energia recebida em cada localidade varie ao longo do ano, criando um ciclo sazonal responsável pelas estações de verão, outono, inverno e primavera. 3.2 ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DO BRASIL O extenso território brasileiro, a diversidade de formas de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas de ar, possibilitam uma grande diversidade de climas no Brasil. Atravessado na região norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio, o Brasil está situado, na maior parte do território, nas zonas de latitudes baixas chamadas de zona inter-trópica l - nas quais prevalecem os climas quentes e úmidos, com temperaturas médias em torno de 20 ºC. (NIMER, 1979). 61 Para classificar um clima, devemos considerar a temperatura, a umidade, as massas de ar, a pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, entre muitas outras características. A classificação mais utilizada para os diferentes tipos de clima do Brasil, que se baseia na origem, natureza e movimentação das correntes e massas de ar. De acordo com essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os seguintes: Clima Subtropical: presente na região sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por verões quentes e úmidos e invernos frios e secos. Chove muito nos meses de novembro a março. O índice pluviométrico anual é de, aproximadamente, 2000 mm. As temperaturas médias, ficam em torno de 20º C. Recebe influência, principalmente no inverno, das massas de ar frias vindas da Antártida. Clima Semi-árido: presente, principalmente, no sertão nordestino, caracterizase pela baixa umidade e pouquíssima quantidade de chuvas. As temperaturas são altas durante quase todo o ano. Clima Equatorial: encontra-se na região da Amazônia. As temperaturas são elevadas durante quase todo o ano. Chuvas em grande quantidade, com índice pluviométrico acima de 2500 mm anuais. Clima Tropical: temperaturas elevadas (média anual por volta de 20°C), presença de umidade e índice de chuvas de médio a elevado. Clima Tropical de altitude: ocorre principalmente nas regiões serranas do Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra da Mantiqueira. As temperatura médias variam de 15 a 21º C. As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas pela Oceano Atlântico. Pode apresentar geadas no inverno. Clima Tropical Atlântico (tropical úmido): presente, principalmente, nas regiões litorâneas do Sudeste, apresenta grande influência da umidade vinda do Oceano Atlântico. As temperaturas são elevadas no verão (podendo atingir até 40°C) e amenas no inverno (média de 20º C). Em função da umidade trazida pelo oceano, costuma chover muito nestas áreas. (AYOADE, 2004). 62 3.3 CLIMA DO SUL DO BRASIL E DE SANTA CATARINA A região sul do Brasil é considerada como uma das regiões do globo terrestre que apresentam melhor distribuição de chuvas durante o ano. Os sistemas de circulação atmosférica associados à ocorrência de chuvas atuam com frequência anual semelhante, sobre todo o território da região sul. (NIMER, 1979). No estado de Santa Catarina a variação sazonal do clima é considerada bem definida por sua localização geográfica. No verão, quando os raios solares chegam com maior intensidade, a quantidade de radiação solar global recebida chega a 502 cal/cm²; já no inverno esse fluxo é bem menor, ficando em torno de 215 cal/cm². Ainda no inverno, a frequência de inserção de frentes frias e massas de ar frio é muito maior e contrastam com as altas temperaturas de verão, geradas pela permanência da massa de ar tropical. As estações de transição, outono e primavera, mesclam características das duas outras estações. Além das variações sazonais associadas ao movimento da Terra em torno do sol, a orografia (distribuição das montanhas) de Santa Catarina e a proximidade do mar são os grandes responsáveis pelas diferenças de clima existente entre as diversas localidades do estado. A altitude da planície litorânea varia de zero a 300 m, na Serra do Mar, no Planalto Serrano e no Meio Oeste, as altitudes variam entre 800 e 1500 m; mais ao oeste, estas altitudes diminuem gradativamente atingindo 200 m no extremo oeste. Esta variação de altitude e distanciamento do mar faz com que o clima varie bruscamente entre as diferentes regiões do estado. Segundo a classificação de Koppen (OMETTO, 1981) o estado de Santa Catarina foi classificado como de clima mesotérmico úmido (sem estação seca) – cf, incluindo dois subtipos, cfa e cfb, descritos a seguir: Cfa - Clima subtropical, temperatura media no mês mais frio inferior a 18ºc (mesotermico) a temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com verões quentes, geadas pouco frequentes e tendência de concentração de chuvas nos meses de verão, contudo sem estação seca definida; 63 Cfb – Clima temperado propriamente dito; temperatura média no mês mais frio abaixo de 18ºC (mesotérmico), com verões frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo de 22ºC e sem estação seca definida. 3.4 CLIMA NO OESTE CATARINESE E REGIÃO DE CONCÓRDIA De acordo com o projeto denominado de “Estudos Básicos Regionais de Santa Catarina” elaborado pela EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A, o estado foi divido em oito Unidade de Planejamentos Regionais – UPR – formados pela semelhança de clima, geográficas, critérios ambientais e socioeconômicos e pela associação de municípios. De posse destas informações, a UPR 1 corresponde ao Oeste Catarinense. (DUFLOTH et. al., 2005). A caracterização climática da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense teve como base as informações contidas no Zoneamento Agroecológico e Socioeconômico do Estado de Santa Catarina. (DUFLOTH et. al., 2005). O zoneamento agroecológico foi criado com base em combinações de vegetação, geomorfologia e características climáticas do Estado, (figura 14) conforme proposta de Diferenciação Climática para o Estado de Santa Catarina. (BRAGA ; GHELLER, 1999). As áreas do município de Concórdia situam-se na zonas 2C e 3A com 58 e 42% do território, respectivamente. A área estudada sofre ainda, influências ambientais, decorrentes das formações vegetais inseridas nesta região, trata-se de local de transição entre a floresta ombrófila mista e a floresta estacional decidual, fato que deve ser considerado como relevante a estudos climatológicos. Na Zona Agroecológica 2C a qual o município de Concórdia situa-se em 58% do território, ocorre predominância da floresta estacional decidual, o clima é Cfa, ou seja, clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca, com verão quente (temperatura média do mês mais quente > 22,0ºC). Segundo Braga e Ghellre 64 (1999), o clima é mesotérmico brando com a temperatura do mês mais frio entre >13 e < 15ºC. A temperatura média normal anual nesta zona varia de 17,9 a 19,8ºC. A temperatura média normal das máximas varia de 25,8 a 27,5ºC, e das mínimas de 12,9 a 14,0ºC. Com relação à precipitação pluviométrica total anual, pode variar de 1.430 a 2.020mm, com o total anual de dias de chuva entre 108 e 150 dias. A umidade relativa do ar varia de 77 a 82%. Podem ocorrer de 5,0 a 12,0 geadas por ano. Os valores de horas de frio iguais ou abaixo de 7,2ºC variam de 300 a 437 horas acumuladas por ano. A insolação varia de 2.117 a 2.395 horas nesta sub-região. Já na Zona Agroecológica 3A, a qual representa 42% da área de Concórdia, é também classificada como clima Cfb e com predominância da floresta ombrófila mista, as temperaturas do mês mais frio variam de > 11,5 e <13ºC. A temperatura média normal anual da Zona Agroecológica 3A varia de 15,8 a 17,9ºC. A temperatura média normal das máximas varia de 22,3ºC a 25,8ºC e das mínimas de 10,8ºC a 12,9ºC. Quanto à precipitação pluviométrica total normal anual, pode variar de 1.460 a 1.820mm, com o total anual de dias de chuva entre 129 e 144 dias. A umidade relativa média normal do ar pode variar de 76,3 a 77,7%. De acordo com os mesmos estudos podem ocorrer de 12,0 a 22,0 geadas por ano. Os valores de horas de frio abaixo ou iguais a 7,2ºC variam de 437 à 642 horas acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 2.137 à 2.373 horas nesta subregião. 65 Figura 14 - Zonas Agroclimáticas de Santa Catarina Fonte: Dufloth et al (2005) 66 3.5 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS Os índices climatológicos para a região próxima a Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados foram extraídos da estação climatológica do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves - CNPSA, que funciona desde 1985, seguindo normatização do Instituto Nacional de Meteorologia (INEMET) do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Tendo como objetivo principal o fornecimento de informações que subsidiam trabalhos de pesquisa, ensino e produção o CNPSA, seguindo as normas do INEMET, realiza três coletas ao dia, sendo, às 09h00, 15h00 e 21h00 (horário oficial do Brasil) apresentados na tabela 11. Conhecendo os dados apresentados na tabela 11 pode-se iniciar um aprofundamento em alguns tópicos relacionando-os com o ciclo hidrológico da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. Ressalta-se que os itens subseqüentes terão uma abordagem referente aos principais fatores condicionantes do clima da região, comparando os dados encontrados em Dufloth et. al, (2005) e os dados extraídos da estação climatológica do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves – CNPSA. Tabela 12- Climatologia do Município de Concórdia Ano - Temperatura ºC Umidade Rel. % Max Min xMax1 xMin1 Max Min Média1 1987 34,5 -3,5 Precip. Ventilação Sol mm Km Total m/s Dir hh:mm 23 16,6 97 22 76,3 1446 NA 0,7 VR 2041:32:00 1988 37 -4 23,5 16,3 99 16 75,5 1242 NA 0 VR 2521:15:00 1989 34 -3 22,9 16,2 98 24 77,3 1900 NA 0 VR 2123:21:00 1990 37 -2,8 23 15,8 97 33 77,6 2093 NA 1,9 VR 2119:20:00 1991 35,5 -2,2 24,7 16,7 97 30 71,2 1395 NA 0,6 VR 2326:55:00 1992 34,5 -3,2 23,7 15,5 97 34 77 1979 NA 0,4 VR 1939:10:00 35 -2,6 24 15,2 97 26 77,7 1594 NA 1,4 VR 1997:10:00 1994 35,6 -2,6 24,7 16,5 97 18 75,4 2075 NA 1,3 VR 1615:15:00 1995 35,5 23,9 14,4 97 27 75,2 1372 NA 0,9 VR 2199:15:00 1993 0 67 Ano - Temperatura ºC Umidade Rel. % Max Min xMax1 xMin1 Max Min Média1 1996 34,5 Precip. Ventilação Sol mm Km Total m/s Dir hh:mm 0 23,4 15,5 97 26 75,8 1942 NA 1,4 VR 2048:10:00 35 -2 24,5 15,9 97 27 75,6 2371 NA 1,5 VR 2090:20:00 1998 36,5 2,4 23,9 16,3 97 27 78,6 2454 NA 1,5 VR 1841:40:00 1999 36 -2,2 23,7 15,4 97 29 73,1 1339 NA 1,5 VR 2134:30:00 2000 35 -3,6 23,4 15,8 96 27 74,2 1972 NA 1,5 VR 2236:53:00 2001 36 0 23,9 16,7 96 30 77,4 1944 NA 1,5 VR 1986:25:00 2002 35,5 0 23,8 17,2 96 35 77,5 2153 NA 1,7 VR 1923:00:00 2003 35,5 0 23,6 16,3 96 32 75,9 1739 NA 1,7 VR 2365:15:00 2004 35,5 0 23,4 16,2 96 34 75,5 1427 NA 1,7 VR 2367:30:00 2005 37,5 1 24,1 16,8 96 32 76,3 2041 NA 1,7 VR 2368:25:00 2006 36,5 -2 24 16,6 96 28 75 1425 NA 1,6 VR 2394:30:00 2007 -3 23,7 16,5 96 0 76,7 2078 NA 1,5 VR 2010:49:00 23,7 16,1 75,9 37981 1997 36 Média do Ano 1,2 2126:13:00 Fonte: Estação Agrometeorológica da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves – CNPSA. Concórdia-SC. 3.6 TEMPERATURA À parte, a precipitação, a temperatura é o elemento, no tempo atmosférico com a maior discussão. A temperatura pode ser definida em termos do movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o deslocamento, mais elevada será a temperatura. Segundo Ayoade (2004), define que temperatura se define em termos relativos, tomando-se por base o grau de calor que um corpo possui. A temperatura é a condição que determina o fluxo de calor que passa de um corpo para outro. O sentido que o calor é transmitido sempre acontece do corpo com a temperatura maior para outro com temperatura menor. Esta temperatura é determinada pelo balanço entre a radiação que chega e a que sai e pela sua transformação em calor latente e sensível. O gráfico 03 mostra a média das temperaturas máximas de acordo com a estação climatológica do CNPSA. 68 Média da Temperatura Máxima 24,9 24,7 24,6 24,7 24,5 24,3 Temperatura (Cº) 24 24 23,7 22,8 23,9 23,7 23,5 23,4 23,1 24,1 23,9 23 24 23,7 23,4 22,9 23,9 23,8 23,7 23,4 23,6 23,4 23 22,5 22,2 21,9 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Gráfico 03 - Média da temperatura máxima. Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA. Analisando o gráfico 03 observa-se que, a média da temperatura máxima no período monitorado, manteve diferença entre a mínima e máxima de 23 a 24,7ºC. Já a média total deste período, 21 anos, é de 23,7ºC para a região de Concórdia. Se comparado as Zonas Agroecológicas apresentadas no item 4, deste capítulo, temos a seguinte conclusão: a Zona Agroecológica 2C estabeleceu que a temperatura média normal das máximas varia de 25,8 a 27,5ºC, portanto a média para Concórdia, que em 58% do território situa-se nesta divisão está abaixo da média das temperaturas máximas estabelecido por Dufloth et. al. (2005). Deste mesmo projeto na Zona Agroecológica 3A, a temperatura média normal das máximas varia de 22,3ºC a 25,8ºC assim sendo a média encontrada a partir da estação climatológica do CNPSA confirma tal afirmação. Contudo, a estação do CNPSA está localizada fora da área de abrangência da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, porém se situa no município de Concórdia e em áreas correspondente a zona 3A. Lembre-se que, esta é a única estação com dados disponíveis de maior proximidade a área estudada. Para conhecer a média das temperaturas máximas de acordo com a estação climatológica do CNPSA utiliza-se o gráfico 04. 69 Média da Temperatura Mínima 17,7 17,4 17,1 16,8 16,5 Temperatura (Cº) 16,2 15,9 15,6 15,3 15 14,7 17,2 16,7 16,6 16,3 16,2 16,3 16,3 15,9 15,8 15,5 15,5 15,2 14,4 14,1 16,8 16,7 16,5 16,6 16,5 16,2 15,8 15,4 14,4 13,8 13,5 13,2 12,9 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Gráfico 04 - Média da temperatura mínima. Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA. Vale lembrar que, a temperatura de um corpo é medida através de um termômetro. Várias escalas são usadas para expressar as temperaturas. Estes dados apresentados estão na escala Celsius. O gráfico 04 traz os resultados do monitoramento das temperaturas, neste caso mostra-se a média das temperaturas mínimas. Definidas nos zoneamentos agroecológicos temos para a Zona 2C a média de 12,9 a 14,0ºC e na Zona 3A de 10,8ºC a 12,9ºC a média das temperaturas mínimas. Desta forma, calculado esta média para os valores encontrados no monitaramento mostrado no gráfico 01 temos 16,1ºC para a região. Este valor está acima das médias das temperaturas mínimas encontradas em ambas as Zonas. As temperaturas variam de lugar e com o decorrer do tempo em determinado local. E vários são os fatores que influenciam a distribuição da temperatura sobre a superfície da terra como: a quantia de insolação recebida, a natureza da superfície, a distância a partir de corpos hídricos, o relevo, a natureza dos ventos predominantes e as correntes oceânicas. (AYOADE, 2004). 70 3.7 UMIDADE RELATIVA DO AR (%) A umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura (ponto de saturação). Ela é um dos indicadores usados na meteorologia para se saber como o tempo se comportará. Essa umidade presente no ar é decorrente de uma das fases do ciclo hidrológico, o processo de evaporação e evapotranspiração da água. O vapor de água sobe para a atmosfera e se acumula em forma de nuvens, mas uma parte passa a compor o ar que circula na atmosfera. Porém, o ar, assim como qualquer outra substância, possui um limite até o qual ele absorve a água (ponto de saturação). Abaixo do ponto de saturação, há o ponto de orvalho (quando a umidade se acumula sob a forma de pequenas gotas ou neblina) e, acima dele, a água se precipita na forma de chuva. (BRAGA et al, 1999). A atmosfera recebe umidade da superfície terrestre, através da evaporação da água do solo nu, das superfícies aquáticas e através da transpiração das plantas. Evaporação pode ser definido como o processo a qual a umidade em forma líquida ou sólida passa para a forma gasosa. Emprega-se para descrever a perda de água das superfícies aquáticas ou do solo nu. O termo evapotranspiração é usado para descrever a perda de água das superfícies com vegetação, onde a transpiração é de fundamental importância. A umidade é o componente atmosférico mais importante na determinação do tempo e do clima. A quantidade de vapor d’água varia de lugar para lugar e no transcurso do tempo. (AYOADE, 2004). A estação climatológica do CNPSA monitora a umidade relativa do ar. Com base neste monitoramento apresenta-se o gráfico 05 que traz a média anual da Umidade Relativa. 71 Umidade Relativa (%) Média 100 90 Umidade relativa (%) 80 70 77,3 76,3 77,6 75,5 77 77,7 71,2 78,6 75,8 75,4 75,2 74,2 75,6 73,1 75,5 77,5 77,4 75,9 75 76,7 76,3 60 50 40 30 20 10 0 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Gráfico 05 - Umidade Relativa Média. Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA. A média anual da Umidade Relativa do ar neste período monitorado resultou em 75,9%. Comparando aos dados obtidos na Zona Agroecológica 2C este percentual ficou abaixo, pois tal monitoramento estabeleceu a Umidade de 77 a 82%. Quanto a Zona 3A que estabelece para esta região a Umidade entre 76,3 a 77,7%, também não confere com os dados obtidos pelo CNPSA, mostrando uma pequena diferença, menos de 0,5%. Desta forma pode-se notar que as diferenças encontradas nos monitoramentos citados acima apontam necessidade de estudos específicos para a área da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados, uma vez que ela pode ser considerada em uma área de transição entre duas Zonas Agroecológicas, portanto com características ambientais distintas entre as áreas próximas a nascente e foz. Vale lembrar que a estação do CNPSA está localizada fora da área de abrangência da bacia do estudo, mas situa-se em áreas correspondente a zona 3A. Ainda, quanto as características ambientais desta região deve ser considerado que, a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados situa-se em uma área de transição entre duas formações florestais distintas, com características próprias, trata-se da floresta ombrófila mista, próxima a nascente e a floresta estacional 72 decidual localizada as margens do Rio Uruguai e consequentemente na região próxima a foz do rio dos Queimados. Assim, exercendo influência direta no clima da região. 3.8 PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA A necessidade de estudos das características de precipitação pluviométrica é de grande interesse em engenharia, por sua frequente aplicação no dimensionamento dos projetos de obras hidráulicas, e no planejamento e aproveitamento dos recursos hídricos. (FENDRISCH et al., 1992). Nos estudos meteorológicos e climatológicos utiliza-se o termo “precipitação” para qualquer disposição em forma líquida ou sólida e derivada da atmosfera. Porém, este termo refere-se às várias formas líquidas ou congeladas de água, como a chuva, neve, granizo, orvalho, geada e nevoeiro. Contudo, somente a chuva e a neve, contribuem de forma significativa com os valores totais de precipitação. Neste estudo levara-se em conta apenas a precipitação pluviométrica, ou seja, proveniente das chuvas, empregando ora os termos precipitação pluviométrica ou apenas precipitação. Segundo Ayoade (2004), a intensidade da precipitação não somente varia quanto à quantidade de um ano, estação ou mês para outro, como pode também mostrar uma tendência de declínio ou de ascensão durante determinado período. Para a região de Concórdia existem monitoramentos quanto a precipitação, apresentados na tabela 11 e ilustrados através do gráfico 06. 73 Precipitação Pluviométrica 2600 2454 2400 2371 2200 2093 2000 Prcipitação (mm) 1979 1900 1800 2075 1600 1942 2153 1972 1739 1594 1446 1400 1395 1372 1339 1242 1200 2078 2041 1944 1427 1425 1000 800 600 400 200 0 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano Gráfico 06 - Precipitação Pluviométrica. Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA. Estes dados foram extraídos da estação climatológica do CNPSA. Deste monitoramento é possível calcular a média da precipitação anual, resultante em 1809 mm/ano. Comparando este resultado ao outro estudo apresentado neste trabalho, é possível afirmar que as Zonas Agroecológicas 2C e 3A contemplam o valor encontrado pelo CNPSA quanto a média anual da precipitação. De acordo com o Plano de Prevenção de Enchentes de Concórdia, realizado pela Empresa MPB/SANEAMENTO, os dados sobre a série histórica das precipitações máximas diárias de cada ano, desde 1956 até 2007 é apresentado na tabela 12. 74 Tabela 13- Precipitações Máximas Diárias ANO PRECIPITAÇÃO (mm) ANO PRECIPITAÇÃO (mm) 1956 101 1982 73 1957 103,3 1983 114,4 1958 128 1984 64,2 1959 59,4 1985 64,2 1960 112 1986 101 1961 138 1987 105,4 1962 128 1988 70,4 1963 146 1989 68 1964 68 1990 139,8 1965 65 1991 72,6 1966 1992 84 1967 1993 80 1968 1994 96 1969 93 1995 53 1970 145 1996 78,4 1971 95 1997 93,2 1972 88,4 1998 84,4 1973 109,2 1999 125,7 1974 95 2000 111,4 1975 100 2001 65,8 1976 70,4 2002 80,2 1977 98 2003 108,2 1978 66,2 2004 71,2 1979 79,2 2005 61,7 1980 84,2 2006 80,7 1981 71 2007 77,2 Média 91,2 Fonte: MPB/ Saneamento (2008). Nota-se que no ano de 1970 a precipitação máxima atingiu a marca de 145mm em um dia, tornando assim o ano em que houve a maior quantidade de chuva em um dia. Além dos dados referentes às precipitações médias anuais e as máximas diárias, será apresentado na seqüência o histórico das principais enchentes que aconteceram no município de Concórdia. 75 A Defesa Civil de Concórdia tem cadastradas as principais enchentes que ocorreram na área central da cidade. É possível afirmar que em decorrência da ocupação urbana e vias pavimentadas, na área central as vazões do sistema pluvial aumentaram significativamente. As chuvas intensas de curta duração de Concórdia ocasionam vazões superiores a 100 m³/s. O canal existente não tem capacidade para escoar vazões desse porte, causando o transbordamento do canal e a inundação na área central. (MPB /SANEAMENTO, 2008). As principais enchentes na área central da cidade, com duração máxima de um dia, ocorreram da seguinte forma, apresentados na tabela 13. Tabela 14- Histórico das Enchentes Enchentes na Cidade de Concórdia Ano Mês 1982 Agosto 1983 Maio 1983 Julho 1984 Agosto 1987 Maio 1988 Janeiro 1992 Maio 1998 Junho 2000 Setembro 2007 Julho Fonte: Defesa Civil de Concórdia. Das datas apresentadas na tabela 13, duas foram as principais, pois causaram os maiores prejuízos ao município, sendo elas as de Julho de 1983 e Maio de 1992 (enchentes que deflagraram estado de calamidade publica). Na seqüência as enchentes de julho de 1983, maio de 1987, junho de 1998 e julho de 2007 são ilustradas através de imagens elaboradas pelo Departamento de Engenharia e Arquitetura da Prefeitura Municipal de Concórdia e adaptadas para 76 este estudo a fim de representar a área alagada em cada uma das datas acima mencionadas. Com relação a enchente de 1983 pode-se observar na figura 15 que o transbordamento aconteceu nas áreas centrais, no curso principal e nos tributários da margem direita, no lajeado Claudino e Curtume. Já na enchente de 1987 observa-se na figura 16 que além da área central, comum em praticamente todas as cheias, houve transbordamento novamente na margem direita no lajeado Curtume. Quanto à enchente do ano de 1998 conforme figura 17, vários foram os trechos com alagamentos. As áreas mais atingidas foram principalmente na margem esquerda aonde encontram-se os lajeados Fabrício, Sabão e Tigre Velho. Na figura 18 é possível notar que houve poucos locais de transbordamentos exceto ao longo do curso principal. Este fato pode estar ligado as limpezas mecânicas ao longo dos canais dos tributários, trabalho realizado pela Prefeitura Municipal de Concórdia. Estas limpezas auxiliam na vazão, aumentando o a velocidade do escoamento e desobstruindo a passagem da água por objetos e resíduos depositados erroneamente por parte da população lindeira. Ainda, das imagens abaixo, ressalta-se que as áreas destacadas representam os locais alagados pelas respectivas enchentes. E, estudando as imagens pode-se identificar que a enchente com maior área de alagamento foi a do ano de 1998 com aproximados 5,3 km². De posse destas imagens foi possível gerar a tabela 14 da seqüência que ilustra a área alagada em (km²) de cada enchente mencionada Os dados contidos na tabela 14 referem-se apenas às áreas alagadas no perímetro urbano da cidade de Concórdia. 77 N NO NE O E SO SE S Área Atingida pela Enchente 1983 Perímetro Urbano Figura 15 - Área atingida pela Enchente de 1983. Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia. 78 N N O NE O E SO SE S Área Atingida pela Enchente 1987 Perímetro Urbano Figura 16 - Área atingida pela Enchente de 1987. Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia. 79 N NO NE E O SO SE S Área Atingida pela Enchente 1998 Perímetro Urbano Figura 17 - Área atingida pela Enchente de 1998. Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia. 80 N NO NE O E SO SE S Área Atingida pela Enchente 2007 Perímetro Urbano Figura 18 - Área atingida pela Enchente de 2007. Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia. 81 Tabela 15- Área Alagada Ano Área Alagada (km²) 1983 4,9 1987 0,819 1998 5,3 2007 2,6 Fonte: autor De forma geral, várias foram as enchentes que causaram prejuízos, tanto em estabelecimentos comerciais, residenciais, indústrias e obras públicas, porém, a enchente ocorrida no mês de maio de 1983 teve maiores conseqüências. Neste ano, houve duas enchentes, no mês de maio como citado acima, e a outra em julho. A primeira foi a que causou grandes prejuízos ao município, segundo reportagem do jornal “Abertura” de 28 de maio de 1983, entre os principais foram os prejuízos em vários estabelecimentos comerciais e residências no município de Concórdia além de várias ruas destruídas pelo efeito da enchente. Duas pessoas morreram, vários feridos, cerca de dezessete casas destruídas, centenas danificadas, aproximadamente trezentos desabrigados e 70% safra de soja milho feijão perdida. Na época os prejuízos entre comércio, residências particulares, agricultura, obras publicas e indústria calculou-se em torno de 25 bilhões de cruzeiros. Na figura 19 podese observar a área central da cidade de Concórdia durante o alagamento de maio de 1983. Figura 19 - Área central da cidade de Concórdia alagada Fonte: (2008). AECOM 82 No ano de 2007, conforme a imagem 19 e 20 foram contabilizados prejuízos com o alagamento em 80 residências, 130 pontos comerciais, 15 pontos públicos e 20 propriedades rurais foram atingidas pelas águas, números registrados pela Defesa Civil de Concórdia, publicado no “O Jornal” de julho de 2007. Ainda sobre a enchente de 22 de julho de 2007, na imagem 05 mostra-se os locais no interior do município onde foram registrados prejuízos, estes registros ilustrados representam as pontes danificadas ou destruídas, pinguelas destruídas ou deslizamentos de terra. De acordo com a Defesa Civil de Concórdia, foram aproximadamente 6 horas de alagamento nos diversos pontos do município. 83 MUNICÍPIO DE IRANI MUNICÍPIO DE LINDOIA DO SUL Laj. La j. j. La BR153 BR 15 3 Ouvidio L. L. Xaxim Ce mit ério Grande Gu ilh La j. La j. La j. ge on M Arr oio Tig re do do j. La La j. dos Laj. Rio Rio João ro Ped São o Sã MUNICÍPIO DE IPIRA La j. BR 153 Ou ro 153 BR Paulin o Do utor do Laj. do Barb osa e erm do Rio . Ba rb a qu á Laj. Med eiro s Laj. Laj . Laj. do Velho Ch ico São Pe riq uito Barra do Tigre d ro Pe La j. Gumercindo Abr aão ino ud la do C e Cortum Laj. do do Salvador Laj. Cedro s Laj. Laj. Lajeano dos Laj. Bonita Barra Laj. L. Periquito Laj. L. Pres. Castelo L. Gomercindo Oliveira L. Lajeano Pru s si ano Laj. Dio me de s La j. do Grama s CASTELO BRANCO Laj. Salto s eira PRESIDENTE Onça Do is nos stelha Laj. dos Ca nj Lara MUNICÍPIO DE L. Caravagio da La j. j. La Nicolau Laj. dos Pinto ua aq rb Ba do o do Gring no Serra Laudelino tos Tate Laj. Lam be do r Laj. io Me BR153 Ser tão Barra do Pinhal MUNICÍPIO DE PERITIBA e B. do Rancho Grande o nit Bo Pin hal do Rancho Grande Laj. Laj. Laj. Medeiros nd ra G Paulino L. Tiradentes j. La L. Ipiranga iro rne Ca Porto Guedes Man duri j. La Arr oio Laj. Paulino L. Erval Laj. Barra Bonita L. Kaiser do uá j. La Guilherme Laj. ro C‚d inho Vead L. Lauro Muller La j. 2 46 SC URUG UAI j. La d an L. Boa Esperança L. São Braz Rio Funda L. Alto Boa Esperança B. do Laj. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Laj. L. Frei Rogério L. Suruvi Tamanduá L. São Luiz l ha Pin vi Suru Rio s ba L. Poletto Barra do Castilho Laj. Tapera Baixo S.Luiz RIO L. Aparecida L. Ouro La j. L.Alvorada L. Volta Redonda Dente Laj. Porto Brum L.Três Ilhas Este Alto Suruvi Nova Brasilia Rio m Ta L. Volta Alegre Laj. do Rio L. Bom Retiro ar sp Ga ada UAI URUG vi m das Po Canhada Funda de L. Rui Barbosa Laj. Guilherme L. Pinhal Posto 100 Canh res Rio or Laj.das Pombas Laj. j. La Bug s do oio Arr B. dos Queimados RIO s Laj.Cruzeiro do Trê L. Poço Rico L. Rigon Sede Brum Lam bed La j. L. Sta. Lucia 461 SC Terra Vermelha L. Alto Feliz Saracura L. Vitória eira Capo Suru Preto L. dos Gaios L. Coqueiros Pin ha l Rio L. Tateto L. Gasperin do Tigre Laj. L. São José vi ru Su SC463 Laj. Laj. Cachimbo ado V. C/PA L. Laudelino Laj. 461 SC dos Sa lto s L. 29 de Julho Laj. lho Ve Laj. j. La RTE inho Planalto Eug ênio VIÁR IO NO Laj ead L. Decarli SC463 co Frederi L.Sta. Terezinha Guarani L. Guarani os ad eim Qu Rio L. Meneguetti Tig re b ão Sa La j. L. Sta. Catarina dos La j. L. Schiavini do j. La Se ca L. do L. Pinheiro Preto Olimpio prida Com do Laj. Quintino do j. La Sa ng a Pres. Kennedy Laj. Laj. do B. do Jacutinga Preto s Qu inti no ua L. CaixaD'água Arr oio PERÍMETRO URBANO j. La Laj. Es tato dos iro ue eg ss Pe L. 8 de Maio L. Marchesan L. Anjo da Guarda Laj. do ITÁ CON TORN O Frago sos Fragosos Laj. ue ira Pintos L. Laj.dos Pintos Xaxim do Eng. Velho Barra s L. São Paulo BR283 D´ ag L. Maria Goretti s do Sto. Antonio Laj. imun MUNICÍPIO DE Fe rnan d es aix a Laje L. Barra Fria sos Frago L. Saracura Pin tos Fe vere iro dos L. Pres.Jucelino do s de s do 465 SC ar j. Cl La Laj. Crescêncio L. São Geraldo 24 Laj. Encontro L. Boscatto Crescê ncio s ira ue Siq Julin ho L. dos Grandos Laj. j. La dos do do La j. L. 24 de Fevereiro Laj. Aurora Laj. ARABUTÃ s do tão Tris RIO JACU TING A No g Barr a L.Cedro Três BarrasC Laj. JABORÁ L. Santa Cecilia L. Saltinho j. La Barra s L. Canavese MUNICÍPIO DE L. Sepp j. La j. La Trê s Pompilho Arroio L. 1° de Setembro MUNICÍPIO DE j. La La j. Barra Seca Laj. Saltinho Torto A NG UTI JAC RIO IPUMIRIM ud o Laj. Laj. MUNICÍPIO DE Vargem Bonita j. La Ca sc Ranc ho Laj. L. Três de Outubro Ra nc ho Rio MUNICÍPIO DE ALTO BELA VISTA INTERIOR MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA DEFESA CIVIL - COMDEC ENCHENTE 22 DE JULHO DE 2007 ALAGAMENTO DAS 14:55 ÁS 22:00Hrs. ATUALIZAÇÃO: RAFAEL LEÃO JULHO / 2007 PONTES DESTRUÍDAS PONTES DANIFICADAS PINGUELAS DESTRUÍDAS DESLIZAMENTOS Figura 20 - Município de Concórdia – Conseqüência da enchente 2007 Fonte: Concórdia (2008) 84 3.9 CONSIDERAÇÕES ENTRE CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E O CICLO HIDROLÓGICO DA REGIÃO Todas as ações antrópicas ocorridas na região podem afetar o clima e consequentemente interferir no ciclo hidrológico na área da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Pode causar, inclusive, consequências nos parâmetros hídricos e efeitos significativos na qualidade de vida na área urbana e rural do município, quando ligado principalmente, ao excesso ou escassez de precipitações pluviométricas. Como visto anteriormente, através da classificação de Dufloth et. al (2005) o estado de Santa Catarina foi divido em Zonas Agroecológicas. Estas Zonas possuem características específicas, relacionadas a diversos aspectos, inclusive o clima. Na Zona Agroecológica 2C a qual o município de Concórdia encontra-se situado em 58% do território, o clima é Cfa, ou seja, clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca e com verão quente. Nesta área ocorre predominância da floresta estacional decidual. Já na Zona Agroecológica 3A a qual representa os 42% restantes da área de Concórdia é classificada como clima temperado propriamente dito - Cfb sem estação seca definida com predominância de outra formação vegetal, a floresta ombrófila mista. As características da precipitação variam de local para local, de acordo com algumas variáveis, tal como a cobertura vegetal, latitude, altitude a topografia e a época do ano. Por estas razões que os dados pluviométricos de longas séries de observações devem ser analisados, estatisticamente, e não podem ser explorados de uma região para outra. (BACK, 2002). Considera-se necessário comentar sobre as enchentes, a sua área de transbordamento bem como os locais atingidos. Desta forma, na enchente de maio de 1983 e maio 1987, junho de 1998 e julho de 2007, (figura 15, 16, 17 e 18 respectivamente) foi possível visualizar os locais afetados. Relacionando-os com as características fisiográficas da região, pode-se entender, que os afluentes que transbordaram, apresentam sua declividade e tempo de concentração superiores 85 aos demais, podendo ser associado este fato, juntamente ao uso e ocupação do solo lindeiro a série histórica de transbordamentos nestes locais. Devendo assim, serem tomadas decisões de melhor ocupação do solo nestas áreas. Ainda sobre estes acontecimentos, na tabela 13, apresentou-se o histórico completo das enchentes no município, ou seja, o ano e o mês em que ocorreram. Nos meses de maio, três enchentes, julho e agosto com duas, sendo estes os que tiveram maior ocorrência. Este fato pode ser entendido por tratar-se de épocas com quantidade de chuvas superior aos demais períodos e o solo encontrar-se relativamente úmido. São épocas próximas ao inverno aonde temos as menores temperaturas e períodos de sol, desta forma, contribuindo para a ocorrência de transbordamentos devido ao escoamento superficial e saturação de água no solo. Algumas sugestões previstas no estudo realizado pela MPB/Saneamento (2008), merecem destaque, devido à sua relevância na prevenção de enchentes e melhoria da qualidade ambiental. Quanto às medidas que requerem necessariamente a intervenção humana, tem-se como as principais: a limpeza e desassoreamento de todo o leito do rio, incluindo os principais tributários, com destaque aqueles que demonstraram ao longo dos anos, analisando o histórico de enchentes, quantidade significativa de transbordamentos, é o caso dos lajeados Curtume, Fabrício e Sabão. Nas questões de adequação e aplicação de leis específicas tem-se a restrição da ocupação e uso do solo através do Plano Diretor Físico Territorial Urbano. Quanto às faixas não edificáveis, definição de áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água e conservação da mata ciliar em trechos remanescentes, limitando o desmatamento e retirada de vegetação. Outra medida apontada pela empresa é relativa a implantação de tecnologias visando o melhor entendimento da atual situação das condições da bacia, como por exemplo a criação de um serviço de informações meteorológicas e instalação de um pluviógrafo central. Ainda, o cadastramento dos ocupantes das áreas de preservação permanente ao longo dos principais cursos d’água, centralizando estas informações num banco de dados da Defesa Civil municipal, reunindo trabalhos da Prefeitura, EPAGRI e EMBRAPA. 86 É fato que, algumas benfeitorias necessitarão ser re-locadas, devido ao risco eminente perante a uma enchente ou até mesmo no sentido de aumentar a vazão de água no leito do rio. A MPB/Saneamento (2008), cita algumas, em especial, como é o caso de um galpão industrial a re-locar para fora dos 30 m da faixa sanitária na ponte da Rua 29 de julho, e na área central da cidade a re-locação de uma adutora ø 300 mm com pilares e ancoragens no leito do rio. Um grande avanço a sociedade de Concórdia seria a implantação de lei municipal visando o reuso da água pluvial, fato que poderá diminuir a água nos leitos e auxiliar no uso racional da mesma, assim como a aplicação de programas de educação e conscientização ambiental, focada principalmente, aos moradores da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. 87 CAPÍTULO IV BIOTA AQUÁTICA Os dados sobre a biota aquática apresentados neste diagnóstico, foram obtidos a partir de dados secundários, sendo também, verificado a insuficiência de algumas informações, com proposta de estudos futuros. O estudo da biota aquática foi realizado sob a perspectiva de avaliar e manter a integridade dos ecossistemas aquáticos. Dividiu-se o ecossistema aquático em fitoplâncton, zooplâncton, ictiofauna, macroinvertebrados aquáticos e macrófitas aquáticas. Mereceu atenção especial à publicação denominado “Ictiofauna do Alto Rio Uruguai: biologia, conservação e cultivo.” (ZANIBONI FILHO et al, 2002) bem como, o “ Catálogo ilustrado de Peixes do Alto Rio Uruguai” (ZANIBONI FILHO et al, 2004). Nenhum ambiente natural tem sofrido tantas modificações ao longo dos tempos quanto os ecossistemas aquáticos. As águas correntes superficiais, que incluem desde os grandes rios até os pequenos ribeirões, são as mais prejudicadas pela intensa poluição, e este visível estado de deterioração é a consequência mais indesejável das atividades humanas. A preocupação com este problema, resultou em avanços, nos métodos de avaliação das condições gerais dos ambientes hídricos e através de estudos, percebeu-se que as comunidades biológicas existentes nos cursos d'água, podem ser utilizadas como bioindicadores, já que respondem às alterações do ambiente e refletem precisamente o grau de deterioração do mesmo. (MARQUES ; BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004). As águas doces fornecem habitat para uma variedade de organismos incluindo bactérias, protozoários, fungos, esponjas, celenterados, vermes, rotíferos, briozoários, moluscos, crustáceos, aracnídeos e vários grupos de insetos. A maioria dos grupos possui representantes tanto em ambientes aquáticos como nos ambientes terrestre e marinho. Muitos invertebrados de água doce passam parte de seu ciclo de vida no ambiente aquático e parte no ambiente terrestre, como os Coleoptera, Odonata, Diptera e muitos outros. (ROCHA, 2003). 88 Os organismos de água doce compreendem um grande número de grupos taxonômicos, de diferentes reinos. Em termos gerais, a quantidade de táxons é reduzida, os organismos são de menor tamanho, menos coloridos, e não tão conspícuos quanto aqueles de ambientes marinhos. Não existe informação disponível consistente sobre a diversidade de vírus, bactérias e protozoários para as águas doces brasileiras. Existem previsões de que devem existir pelo menos cerca de 8000 espécies de invertebrados não registradas (1000 Coleoptera; 500 Heteroptera e 5000 Diptera, 500 crustáceos, 500 Rotifera, mais 1000 espécies entre todos os outros táxons), não considerando Bacteria e Protozoa. Para fungos, algas, musgos, pteridófitas e fanerógamas aquáticas, há uma estimativa de 20000 espécies ainda por serem identificadas, e este é, provavelmente, um número conservador. Pode-se afirmar que menos de 30% da biodiversidade das águas doces brasileiras são conhecidas no Brasil, atualmente. (ROCHA, 2003). 4.1 FITOPLÂNCTON A importância do fitoplâncton em ecossistemas aquáticos, reside basicamente, em dois fatores: são produtores primários no sistema, sendo o elo inicial na cadeia alimentar e responsável pela produção de mais de 70% do oxigênio atmosférico terrestre. (ELEJOR, 2006). Para Carney, (1998) apud Zaniboni Filho et al (2002).a comunidade de algas (perifíticas e planctônicas) é de grande relevância na diversidade biológica dos ecossistemas aquáticos continentais, devido ao grande número de espécies e alta proporção na biodiversidade total destes sistemas. Vários pesquisadores afirmam que, a predominância de um ou outro tipo de alga, em determinado ecossistema, é em função das características do meio. Amplas modificações nos padrões de sedimentação e movimentação das massas d,água, promovem alterações físicas, químicas e conseqüentemente das comunidades aquáticas. Da mesma forma, a produção de biomassa fito planctônica depende de vários fatores (físicos, químicos e biológicos) e dos eventos na bacia hidrográfica que podem ser de origem natural, como precipitação, vento e influxo do rio ou antropogênica, principalmente, pelo aporte de nutrientes e pela saída de água em função de seus múltiplos usos. (ESTEVES, 1998). 89 As algas são um grupo bastante grande e diversificado nas águas doces. Bourrely (1990) estimou a existência de 13500 espécies já identificadas no mundo, mas este número é uma subestimativa considerando-se que, novas espécies são continuamente descritas. De acordo com Agostinho et al. (1997), o número de espécies nos ecossistemas aquáticos continentais brasileiros, ainda é impreciso e difícil de ser estimado, principalmente pelo número de bacias hidrográficas jamais inventariadas; a insuficiência no número de pesquisadores e na infra-estrutura necessária para amostragens; o reduzido número de inventários efetuados; a dispersão das informações que freqüentemente são de difícil acesso e a necessidade de revisão taxonômica para vários grupos. Segundo Esteves (1998), os principais grupos de algas com representantes de águas continentais são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyrrophyta. Para as águas brasileiras não foi ainda possível obter uma estimativa, exceto para alguns grupos para os quais alguns esforços de catalogação foram realizados: De acordo com Bicudo & Meneses (1996) 642 Cyanophyta, 74 Charophyta, 44 Rodophyta e 429 Desmidiales (Zygnematophyta) foram catalogadas por alguns grupos de especialistas. 4.2 COMUNIDADES ZOOPLANCTÔNICAS O Zooplancton apresenta papel central na dinâmica dos ecossistemas aquáticos, na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia da cadeia trófica, sendo que o estudo dessa comunidade é importante para o entendimento da dinâmica desses ambientes. Para a fauna de invertebrados nas águas doces brasileiras, foi obtido um levantamento total de 3134 espécies, já registradas, que podem ser agrupados da seguinte forma: um primeiro grupo diversificado, constituído de 10 pequenos táxons representados por menos de 100 espécies cada, 90 perfazendo um total de 365 espécies (44 Porifera; 9 Cnidaria; 92 Turbellaria; 2 Nemertinea; 63 Gastrotricha; 10 Nematomorpha; 10 Bryozoa; 61 Tardigrada; 74 Annelida); Rotifera, com 467 espécies conhecidas no Brasil; Mollusca (Gastropoda e Bivalvia), somando 308 espécies; Acari (Hydracarina, ou ácaros aquáticos), com um total de 332 espécies; Crustácea, com um total de 365 espécies; Insecta, com 1297 espécies registradas em água doce. Grupos planctônicos como Rotifera, Cladocera, e Copepoda são mais bem conhecidos do que as formas bênticas. Também entre as formas bênticas, algumas, como os Crustacea Decapoda, são bem estudadas e taxonomicamente conhecidos por terem maior tamanho e serem comercialmente cultivados. Uma outra tendência observada é que grupos relevantes para a saúde pública são também melhor estudados. Este é o caso de moluscos e insetos vetores ou transmissores de doenças. A comunidade zooplanctônica analisada para a área de influência da UHE Itá (ZANIBONI-FILHO et al, 2002) foi composta por quarenta táxons entre rotíferos e cladóceros, salientando em que um dos pontos de coleta da pesquisa (7BQ) encontra-se no trecho inferior da Bacia do Rio dos Queimados, ambiente lêntico, com vegetação preservada na margem, pois encontra-se nos limites do Parque Estadual Fritz Plaumann. Nesta pesquisa o maior número de táxons foi observado no grupo dos rotíferos, no qual foram identificadas 29 (72.5%) táxons distribuídos em nove famílias, destas oito foram encontradas na Barra do Queimados (Brachionidae, Notommatidae, Conochilidae, Filiniidae, Gastropodidae, Hexarthridae, Lecanidae e Synchaetidae). Brachionidae foi a família que mais contribuiu na composição de rotíferos, com 14 táxons (27,5%) do total identificado, sendo que as demais famílias contribuíram apenas com um ou dois táxons. No ponto BQ foram identificados 9 táxons (Brachionus angularis, Brachionus caudatus, Brachionus dolabratus, Brachionus falcatus, Brachionus sp, Kellicotia bostoniensis, Keratella americana, Keratella cochlearis e Keratella sp.). 91 Em relação aos Cladóceros, foram identificados 11 táxons, distribuídos em cinco famílias, sendo Daphnidae a família com a maior participação. No entanto, em nível de pontos de coleta, no BQ obteve-se apenas duas famílias (Bosminidae e Moinidae) com três táxons (Bosmina longirostris, Bosminopsis deitersi e Moina sp.). (ZANIBONI-FILHO et al, 2002). Conforme Zaniboni-Filho et al (2004), registraram pela primeira vez no Alto Uruguai, uma espécie de rotífero chamado Keratella bostoniensis, uma espécie exótica que, pela sua ampla distribuição na área de estudo parece ter se adaptado bem às condições ambientais existentes na região. Essa espécie apresenta hábito alimentar macrófago, sendo consumidora de pequenas partículas, de detritos e bactérias. (POURRIOT, 1977 apud LANDA et al., 2002). Em estudo realizado no reservatório de Furnas, observaram grandes densidades desta espécie em ambientes com altos valores de nitrato, nitrito e de íon amônio, o que demonstra que a espécie ocorre tipicamente em ambientes eutrofizado ou que recebem uma grande carga de efluentes ricos em matéria orgânica. Estas características são condizentes com o ponto da Bacia do Rio dos Queimados em que foram coletados as amostras da pesquisa. (LANDA et al. 2002 apud ZANIBONI-FILHO et al, 2002). Ainda sobre a pesquisa relacionada (ZANIBONI-FILHO et al., 2002), foram relatadas duas espécies da família Gastropodidae, que foram encontradas exclusivamente em BQ (Gastropus hyptopus, Gastropus stylifer). Ambas as espécies são tipicamente planctônicas e herbívoras. Além disso, apresentam intestino e ânus reduzidos ou ausentes. A presença destas espécies neste ponto pode estar relacionada à grande quantidade de alimento disponível, já que este ponto, além de estar localizado num ambiente com características lênticas, com vegetação marginal preservada, recebe grande carga de nutrientes das localidades vizinhas através do Rio dos Queimados. 4.3 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS Entre as comunidades Aquáticas destacam-se os macroinvertebrados, um grupo de organismos com tamanhos superiores a 0,5mm de comprimento, visíveis a 92 olho nu e possuidores de características importantes para a avaliação da qualidade da água, representando assim, um método de análise eficaz e que demanda custos reduzidos. (TONIOLLO et al., 1996; BEMVENUTI, 2003). Segundo Amancio (2006), macroinvertebrados bentônicos habitam o sedimento de ecossistemas aquáticos continentais, colonizam substratos como restos de troncos, acúmulos de folhas, pedras, macrófitas aquáticas, algas filamentosas, durante parte ou por todo o seu ciclo de vida, os macroinvertebrados são indicadores biológicos, que respondem a alterações no habitat com mudanças em sua abundância, morfologia, fisiologia ou comportamento. Segundo Toniollo et al. (1996) a análise desses organismos é um excelente meio para detectar problemas de qualidade de água, pois diferentes tipos de estresse geralmente produzirão distintas comunidades de macroinvertebrados bentônicos. As associações de macroinvertebrados são entidades biológicas que têm sofrido adaptações aos seus ambientes, apresentando uma estrutura dinâmica controlada por fatores abióticos naturais (características do substrato, hidrodinâmica, salinidade, temperatura, dentre outros), processos bióticos (competição, predação e interações adultos-juvenis) e os efeitos introduzidos pelo homem (enriquecimento orgânico e contaminação por compostos tóxicos). (BEMVENUTI, 2003 apud BASEGGIO, 2004). A presença da população de uma determinada espécie num local indica que independentemente das modificações ocorridas, as condições ambientais foram compatíveis com os níveis exigidos para a sobrevivência da espécie. (SILVA; OLIVEIRA, 1998). Em geral, nos ambientes muito degradados, onde a qualidade de água é realmente baixa, a quantidade de espécies é pequena e ocorre grande predomínio de apenas um tipo de organismo, embora outros ainda ocorram, em abundâncias menores. Nesses casos, os invertebrados ainda capazes de sobreviver são muito tolerantes à poluição, como minhocas aquáticas, sanguessugas, vermes nematódeos e larvas de mosquitos da família Chironomidae. (MARQUES; BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004). 93 Os principais representantes da comunidade de macroinvertebrados pertencem aos filos Annelida, Mollusca e Arthropoda, neste se destacando as classes Crustacea e Insecta (principalmente formas imaturas, larvas e ninfas). Alguns desses organismos são extremamente sensíveis à poluição e às alterações do habitat e suas populações tendem a desaparecer, assim que ocorrem modificações no ambiente. Outros, no entanto, têm adaptações que os tornam bastante tolerantes às más condições ambientais, havendo grande crescimento nas populações. (MARQUES; BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004). Segundo Magurran (1991), a avaliação através dos índices é o de que ambientes não perturbados serão caracterizados por uma alta diversidade e uma distribuição homogênea de indivíduos entre as famílias encontradas. Em ambientes perturbados por despejos orgânicos, a comunidade, geralmente, responde com uma diminuição na diversidade. Na medida em que os organismos sensíveis são perdidos, há um aumento na abundância de organismos tolerantes que passam a ter maior quantidade de alimento, dessa forma, desequilibrando o ambiente com a diminuição da diversidade. Amancio (2006), avaliou a qualidade da água através dos macroinvertebrados bentônicos existentes no Lajeado Cruzeiro no Parque Estadual Fritz Plaumann, Concórdia/SC. O lajeado Cruzeiro é um tributário do Rio dos Queimados. Foram realizadas 4 amostragens nos meses de Outubro de 2005 a Julho de 2006, em cada estação amostral, foram coletadas 3 amostras de sedimentos para o estudo dos insetos aquáticos. O sedimento foi coletado com o amostrador tipo “Surber” com rede de 250 µm e as amostras foram fixadas com formol 70%. Foi proposto um protocolo de avaliação da diversidade e qualidade do ambiente aquático, através da correlação entre diversos parâmetros usados para a determinação da qualidade de ambientes aquáticos como, a abundância dos bentos, a diversidade, o índice de BMWP e os parâmetros físicos - químicos e microbiológicos. Os organismos mais abundantes foram Dípteros (Chironomidae e Ceratopogonidae), Trycoptera (Hidropsydae), Ephemeroptera (Batidae, Canidae, Leptoplebidae...), Coleóptera (Elmidae, Psephenidae), Odonata (Libellulidae e Coenagrionidae) e Oligocheta. O índice de diversidade não apresentou grande diferença nos pontos 1, 2 e 3. O ponto 3, por sua vez, correspondeu ao ponto de maior índice, o que apontou a existência de uma comunidade melhor estruturada. 94 Os resultados obtidos através dos macroinvertebrados foram relacionados com a qualidade microbiológica, como também os parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, oxigênio dissolvido e vazão). Os índices obtidos através dos macroinvertebrados indicaram que, a qualidade de água do Lajeado, é de boa a ruim. Zaniboni-Filho et al. (2002) em sua pesquisa no reservatório de Itá, registraram para o ponto de coleta na Barra do Queimados, 5 famílias (Chironomidae, Ceratopogonidae, Gomphidae, Naididae e uma família pertencente a classe mollusca). 4.4 MACRÓFITAS AQUÁTICAS As Macrófitas são em sua maioria, vegetais terrestres que ao longo do processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam algumas características de vegetais terrestres e uma capacidade de adaptação a diferentes tipos de ambientes. (LISAMBIENTAL, 2004). As macrófitas aquáticas apresentam elevada produtividade e importância na ciclagem de nutrientes dos ecossistemas, estabelecendo um forte intercâmbio entre o ecossistema aquático e o ambiente terrestre adjacente e atuando na manutenção das comunidades de peixes e invertebrados aquáticos. Neste contexto, o conhecimento sobre sua biologia e ecologia, assim como a importância de sua preservação, são hoje, prioritários para a manutenção e funcionamento dos ecossistemas aquáticos. (ROCHA, 2008). Entre as espécies aquáticas flutuantes, destacam-se Utricularia, Pontederia lanceolata, Eicchornia crassipes, Salvinia e Pistia stratiotes, principalmente nas áreas de lagos artificiais formados para geração de energia. (CONSÓRCIO MACHADINHO, 2005 apud BRASIL 2006). Segundo Lisambiental (2004), as espécies de Macrófitas mais frequentes na região são três: a Aguapé, Salvinia e Alface d’água. Quando surgem em equilíbrio, proporcionam inúmeros benefícios, entre os quais incluem-se a oxigenação da água, refúgio para peixes, aves outros seres vivos, como moluscos e insetos. Essa vegetação ainda proporciona proteção às margens contra a erosão, remoção de nutrientes da água e uso paisagístico. 95 Embora a ocorrência destas espécies seja relativamente baixa, nas condições atuais de fluxo de água, na região de reservatórios de empreendimentos hidrelétricos, deve-se atentar para o fato de que é comum a proliferação rápida e maciça destas espécies nestes locais, o que pode acarretar uma série de alterações como a deterioração da qualidade da água, o impedimento da pesca e do tráfego, o entupimento dos canais de irrigação e interferência em plantações, entre outros. O crescimento excessivo das plantas aquáticas pode chagar a níveis tais que interferem nos usos desejáveis do corpo d’água, principalmente quando ocasionado pela eutrofização dos ambientes aquáticos que é um dos grandes problemas de qualidade da água do país. (ROCHA, 2008). 4.5 ICTIOFAUNA A ictiofauna é o conjunto de espécies de peixes que pertencem a uma determinada região biogeográfica. As espécies de peixes foram estudadas na região do Alto Rio Uruguai, nos períodos de julho de 1995 a julho de 2002, pelos professores, alunos de pós-graduação e graduação, técnicos e funcionários de diversos setores das entidades envolvidas (UFSC, CAPES, FAPEU, CNPq e Consórcio Itá), resultando em um levantamento detalhado da situação dos recursos pesqueiros e a influência das alterações ambientais da região sobre eles. Considerando que o Rio dos Queimados é um tributário do Uruguai na sua margem esquerda e que o estudo citado anteriormente, teve um ponto de coleta na bacia (Barra do Queimados-BQ), ponto que se encontra represado pelas águas do lago da Hidrelétrica de Itá, optou-se por citar a lista de peixes (tabela xx) como prováveis constituintes da bacia. Para efeito de comparação da riqueza de espécies usou-se uma pesquisa da Universidade do Contestado, departamento de Ciências Biológicas (ALVES, 2008) em cinco pontos amostrais, localizados próximo a nascente na linha São José, no bairro São Cristóvão, no Bairro Flamenguinho, na linha Santa Catarina e em Sede Brum. As coletas foram realizadas no ano de 2008, nos dias, 29 de março, 16, 04 e 27 de agosto). 96 Segundo Di Persia e Neiff (1986) apud Zaniboni Filho et al (2004) a variedade de peixes para toda a bacia do Uruguai é de 150 espécies. Na região do alto Uruguai foram identificadas 96 espécies de peixes. Durante a pesquisa de monitoramento ambiental no reservatório de Itá, foram identificados 76 espécies de peixes na fase anterior à formação do reservatório e 84 após a formação do lago. (ZANIBONI FILHO et al., 2004). A maior parte dos peixes registrados para a região pertencem à classe Actinopterygii, os peixes com nadadeiras raiadas, distribuindo-se primariamente na subordem Ostariophysi, predominantes nas águas doces do mundo. A subordem Ostariophysi está representada por 4 ordens: Cypriniformes, Characiformes, Siluriformes e Gymnotiformes. A ictiofauna registrada para a Bacia do Alto Uruguai. (MEDRI et. al, 2002 apud ZANIBONI FILHO et al., 2004). Tabela 16- Distribuição da ictiofauna da bacia do Alto Uruguai ORDEM Cypriniformes Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Atheriniformes Perciformes Synbranchiformes Total FAMÍLIAS Cyprinidae Acestrorhynchidae Anostomidae Characidae Crenuchidae Curimatidae Erythrinidae Parodontidae Prochilodontidae Aspredinidae Auchenipteridae Callichthyidae Cetopsidae Clariidae Heptapteridae Loricariidae Pimelodidae Pseudopimelodidae Trichomycteridae Apteronotidae Gymnotidae Sternopygidae Atherinidae Cichlidae Sciaenidae Synbranchidae 26 ESPÉCIES 3 33 % 3% 33% 46 46% 4 4% 1 12 1% 12% 1 100 1% 100% 97 Segundo Alves (2008), o levantamento da ictiofauna do Rio dos Queimados, Concórdia, é de suma importância para o conhecimento da diversidade biológica deste afluente do Rio Uruguai, pois a degradação da integridade do ecossistema está seriamente comprometida devido às atividades humanas relacionadas ao seu desenvolvimento. As alterações ambientais causadas por essas atividades provocam distúrbios de vários graus e profundas alterações nas características físicas, químicas e biológicas do Rio dos Queimados. Metodologias que avaliam a qualidade do ambiente aquático vão de acordo com a riqueza de espécies e a abundância de peixes por amostra e sua diversidade em espécies, tornando os peixes ótimos bioindicadores da qualidade da água. Foram realizadas amostragens padronizadas de três arrastos, com rede do tipo picaré (15m x 1,5m x 0,5cm), de uma ponta a outra do rio, procurando compreender toda a vazante do rio. No ponto 3 localizado no Bairro Flamenguinho, em função da grande poluição por efluentes agro industriais e urbano, não foi possível passar a rede de arrasto, neste caso, utilizou-se um puçá procurando percorrer a mesma área amostrada pela rede. Os peixes presos na rede foram coletados e colocados em cubas de vidro com formol 10% e após levados ao Laboratório de Zoologia da Universidade do Contestado, Campus Concórdia para então serem feitas as pesagens através de balança de precisão e as medições com paquímetro, também receberam etiquetas de identificação contendo dados geográficos e ambientais dos pontos de coleta. (ALVES, 2008). Os resultados obtidos por Alves (2008), comprovam o alto nível de degradação do ambiente, pois só foram obtidos exemplares de peixes em dois dos pontos amostrais próximos da nascente (bairro São José n° 01 e bairro São Cristóvão n° 56). No total foram obtidos 57 exemplares de peixes sendo representados por 4 famílias e 5 espécies. É importante salientar que o ponto de coleta no Bairro São Cristóvão apresentou 31 exemplares da família Characidae representada por Astyanax sp (61%) da amostra e 1 exemplar da família Heptapteridae representado por Rhamdia quelen (0,5%), totalizando 61,5% dos peixes amostrados os quais apresentam hábito onívoro. Segundo Karr (1981) apud Alves (2008) a ocorrência de peixes com hábitos alimentares onívoros, acima de 20% da amostra, pode ser um indicativo de degradação do local. 98 Castro (1999) apud Alves (2008) afirma que a predominância de peixes de pequeno porte é o único padrão geral para a ictiofauna de riachos, pois o número e composição das espécies variam muito de acordo com o porte e proporção do riacho. Neste sentido no ponto 1, próximo a nascente na linha São José, o Rio dos Queimados se encontra muito afunilado pois não dispõe de uma grande vazão de água. A profundidade é inferior a 60 cm o que não permite a existência de uma diversidade de peixes, apenas os de pequeno porte. Na segunda amostragem foi coletado 1 exemplar pertencente a família Characidae representado por Galeocharax humeralis (Peixe-cachorro, Saicanga). Os representantes da família Characidae são peixes que possuem o corpo comprimido e recoberto por escamas, apresentam uma grande diversidade de tamanho, podendo variar de poucos centímetros como o lambari Macropsobrycon uruguayanae, até mais de um metro como o dourado Salminus brasiliensis. Dentre as espécies de pequeno porte, as mais comuns na sub-bacia do rio Ibicuí são os lambaris: Astyanax jacuhiensis, A. fasciatus, Bryconamericus iheringii, B. stramineus, Cyanocharax alburnus e Hyphessobrycon luetkenii. Estes peixes, conhecidos no sul do Brasil como lambaris, apresentam ampla distribuição dentro dos sistemas aquáticos, podendo ser encontrados na calha principal dos grandes rios até a parte alta dos menores afluentes. São espécies de pequeno porte, nunca ultrapassando os 15 cm de comprimento, mas são de grande importância para a manutenção do equilíbrio do ecossistema aquático, pois, por se alimentar preferencialmente de larvas de insetos, que têm parte de seu ciclo de vida na água, fazem o controle das populações desses animais e são a base da alimentação de espécies de importância comercial como a traíra (Hoplias spp.) e o dourado (Salminus brasiliensis), este último é um representante de Characidaete muito importante na pesca comercial e esportiva. (BRASIL, 2006). 4.6 POLUIÇÃO E VETORES MPB/SANEAMENTO (2008), para levantar a situação concreta das famílias rurais da região na questão da saúde, priorizaram alguns indicadores: análise bacteriológica da água e exames parasitológicos. Das 236 análises de água 99 realizadas foram constatados 91,1% de contaminação por coliformes fecais e totais. Isto demonstra que a água consumida pelas famílias rurais é incompatível com a proteção à saúde. Dos 129 exames parasitológicos realizados em escolares, 61 apresentam verminose, ou seja, 47,3%; algumas das crianças com mais de 03 tipos de vermes. Os parasitas encontrados foram: Ancylostoma Duodenalis, Giardia Lamblia, Entamoeba Colli, Ascaris Lumbricóides, Strongylóides Stercoralis, Enterobius Vermiculares, Hymenolepis, Taenia e Trichocephalus Trichiura. (MPB/SANEAMENTO, 2008) Em relação aos vetores, os principais são as moscas e simulídeos (borrachudos). Em menor proporção, existe o problema dos roedores (ratos) devido à grande quantidade de paióis e depósitos de cereais. Além disto, existe o problema do destino inadequado do lixo doméstico. Das 3.222 propriedades rurais existentes apenas 52,63% dão destino adequado ao lixo doméstico, utilizando fossas, composto ou ainda a queima enquanto 47,35% lançam o lixo direto no rio ou da superfície do solo (MPB/SANEAMENTO, 2008). O destino inadequado do lixo traz como conseqüência alteração na qualidade do meio, provocando a contaminação de alimentos, água, ar e solo e implica na proliferação de moscas, mosquitos, baratas e roedores transmissores de doenças, além de provocar mau cheiro e problemas estéticos. (MPB/SANEAMENTO, 2008). O agravamento do problema do borrachudo decorre do desequilíbrio ecológico causado pela drenagem de estercos nos cursos de água, matando os peixes, seus predadores naturais, que mantém o equilíbrio do meio ambiente, além da caça indiscriminada, desmatamento das margens de rios e riachos e uso excessivo de agrotóxicos. Segundo Brasil (2006), a incidência de borrachudos é considerada de média a alta em 63,93% das propriedades, sendo que os locais de maior incidência são próximos dos rios, na lavoura e arredores da casa. Os borrachudos atacam indiscriminadamente as partes do corpo expostas, levando desconforto aos habitantes durante o trabalho na lavoura, irritabilidade aos alunos nas aulas, enfim, em todos os afazeres. Além de atacar humanos, os borrachudos atacam animais de sangue quente. A picada do borrachudo causa irritação, podendo levar a ferimentos graves decorrentes de coceira, além provocar 100 infecções, como por exemplo, a erisipela e a filariose. A proliferação dos borrachudos atinge um nível grave e já está sendo apontado como uma das principais causas de êxodo rural no município. (MPB/SANEAMENTO, 2008). 4.7 CONSIDERAÇÕES As águas superficiais, que incluem desde os grandes rios até os pequenos ribeirões, são as mais prejudicadas pela intensa poluição, barramentos-construção de hidrelétricas, e este visível estado de deterioração é a conseqüência mais indesejável das atividades humanas. As comunidades biológicas existentes nos cursos d'água, podem ser utilizadas como bioindicadores, já que respondem às alterações do ambiente e refletem precisamente o grau de deterioração do mesmo. Registrou-se pela primeira vez no Alto Uruguai, uma espécie de rotífero chamado Keratella bostoniensis, uma espécie exótica que, pela sua ampla distribuição na área de estudo parece ter se adaptado bem às condições ambientais existentes na região. Os índices obtidos através dos macroinvertebrados indicaram que a qualidade de água do Lajeado é de boa a ruim. Foram identificadas 76 espécies de peixes na fase anterior à formação do reservatório de Itá, e 84 após a formação do lago. Só foram obtidos exemplares de peixes em dois dos pontos amostrais próximos da nascente do Rio dos Queimados: (bairro São José e bairro São Cristóvão). As famílias identificadas foram Characidae e família Heptapteridae. A destruição das florestas ciliares, o aumento da poluição das águas e as modificações causadas pelas hidrelétricas têm causado alterações na relação riqueza e abundância da ictiofauna da região. Embora ainda exista riqueza de espécies, muitas tiveram sua abundância reduzida. E quando se refere à bacia do Rio dos Queimados a situação é ainda mais critica, há pouquíssimas espécies e com uma população mínima, observada nos pontos logo após a nascente. 101 Análises de água realizadas demonstra que a água consumida pelas famílias rurais é incompatível com a proteção à saúde. Algumas propriedades rurais (52,63%) dão destino adequado ao lixo doméstico, utilizando fossas, composto ou ainda a queima, enquanto 47,35% lançam o lixo direto no rio ou da superfície do solo. A incidência de borrachudos é considerada de média a alta em 63,93% das propriedades, sendo que os locais de maior incidência são próximos dos rios, na lavoura e arredores da casa. A proliferação dos borrachudos atinge um nível grave e já está sendo apontado como uma das principais causas de êxodo rural no município. 102 CAPÍTULO V FAUNA TERRESTRE 5.1 INTRODUÇÃO Os dados sobre a fauna terrestre apresentados neste diagnóstico, foram obtidos a partir de estudos pré-existentes como inventários, relatórios técnicos, trabalhos de conclusão de cursos (TCCs), dados provenientes de coleções científicas, relatório de impacto ambiental de hidrelétricas e livros técnicos. Mereceu atenção especial à publicação denominada “AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA (AAI) DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO URUGUAI” (EPE, 2006) bem como o PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL FRITZ PLAUMANN. (SANTA CATARINA, 2005). Este trabalho não tem a pretensão de produzir dados primários, as informações que se mostrarem insuficientes para se planejar a gestão da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, serão recomendadas metodologias para estudos futuros. Para a caracterização da fauna foram elaboradas listagens de espécies registradas para ecorregião do Uruguai Alto, para a Região Hidrográfica do Rio do Peixe e à área de abrangência do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e seus Contíguos, considerando-se as prováveis ocorrências dentro da área da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. 5.2 DIVERSIDADE DE VERTEBRADOS NO BRASIL Devido à grande diversidade de feições topográficas e enorme espectro latitudinal da América do Sul, Cabrera & Yepes (1960) subdividiram o continente, elaborando uma classificação zoogeográfica, definindo os seguintes distritos: distrito 103 Savânico, Amazônico, Tropical, Subtropical, Tupí, Pampásico, Patagônico, Subandino, Chileno, Andino e Incásico. (SANTA CATARINA, 2005). O Brasil é um país de atributos superlativos, notadamente quando se trata de patrimônio biológico e, junto de países como Madagascar e Indonésia, propiciou o surgimento do conceito de megadiversidade biológica (Mittermeier, 1988; Mittermeier et al., 1997). Boa parte da notoriedade e atenção conservacionista voltada para o Brasil se deve à riqueza dos vertebrados, principalmente por causa de sua conspicuidade, beleza e familiaridade que o grande público tem com estes animais. (BRASIL, 2003). O Brasil tem uma admirável e numerosa diversidade de espécies nos diferentes grupos de vertebrados, sendo considerado o mais rico entre os países de megadiversidade (MITTERMEIER et al., 1997). O país apresenta a maior riqueza de espécies de peixes de água doce e de mamíferos do mundo, tem a segunda maior diversidade de anfíbios, terceira de aves e quinta de répteis, conforme a tabela 16. (BRASIL, 2003). Tabela 17- Riqueza de vertebrados (em número de espécies descritas) no Brasil e no mundo, percentual de espécies endêmicas no Brasil, e posição do país no “ranking” mundial de diversidade Classe Agnatha Chondrichthye s Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia TOTAL N° espécies no mundo 83 960 23.800 4.800 10.400 9.700 4.650 54.393 N° espécies no Endemism Brasil o Brasil (%) 04 141 marinhas 13 água doce 1.300 marinhos 3.000 água doce 600 468 1.688 525 7.739 23% 10-20% 57% 37% 11% 25% - Rank diversidad e Brasil 1 2 5 3 1 1 Fonte: Brasil (2003). O grau de endemismo dos vertebrados brasileiros também é um dos maiores do mundo. Para os anfíbios, cerca de 60% das espécies registradas para o Brasil 104 não ocorrem em nenhum outro país. Para as demais classes, o percentual de espécies endêmicas varia entre 37% e 10% e, na classificação geral, o Brasil é o sexto país em endemismos de vertebrados terrestres. (MITTERMEIER et al., 1997). É pertinente citar o trabalho denominado “Relatório ambiental final - obra de contenção de cheias no centro de Concórdia/SC” elaborado por MPB/saneamento (2008). Quanto à fauna, este estudo relatou informações com base em um diagnóstico de campo e dados secundários. MPB/saneamento (2008) realizaram entrevistas com alguns moradores da região, com intuito de obter informações da fauna local, principalmente os de maior porte, que oportunamente são mais avistados. Os grupos taxonômicos observados durante a incursão a campo foram: anfíbios e répteis (Herpetofauna), aves (Avifauna), mamíferos (Mastofauna) e peixes (ictiofauna). 5.3 MASTOFAUNA 5.3.1 Apresentação e Caracterização do Grupo Os mamíferos constituem o grupo de vertebrados mais derivado do ponto de vista evolutivo. Entre seus representantes temos gambás, tatus, tamanduás, roedores, felinos, focas, morcegos, baleias, cavalos, macacos e o homem, além de muitas outras espécies extintas. Estes exemplos demonstram que a classe com cerca de 4.600 espécies viventes, é uma das mais variadas em termos morfológicos e de ocupação de habitats. Há espécies de mamíferos que vivem desde as regiões polares aos trópicos, desde as florestas tropicais úmidas aos desertos mais tórridos e secos, além de espécies capazes de explorar os mares, rios e de voar. (POUGH et al., 1999). Todos os mamíferos são, em maior ou menor grau, cobertos por pêlos e têm controle interno de temperatura (endotérmicos). O termo distintivo "mamífero" se refere às glândulas mamárias das fêmeas, que fornecem o leite para alimentar os filhotes. O cuidado à prole é mais desenvolvido nesta classe e alcançou grande complexidade nos hominídeos. (BRASIL, 2003). 105 A riqueza de mamíferos por biomas brasileiros, endemismo, número de espécies ameaçadas, grau de coleta e conhecimento do grupo é apresentada na tabela 17. A Mata Atlântica e os Campos Sulinos somados, apresentaram 264 espécies de mamíferos, o que representa aproximadamente 55% das espécies da mastofauna brasileira. Na Mata Atlântica, que isoladamente apresenta 250 espécies de mamíferos, há 55 endêmicas, enquanto que das 102 espécies registradas nos Campos Sulinos, 5 são endêmicas deste bioma. (BRASIL, 2003). Tabela 18- Riqueza, endemismo, número de espécies ameaçadas, grau de coleta e conhecimento de mamíferos nos biomas brasileiros Bioma Grau de N° conhec. ssp N° ssp N° ssp endêmicas ameaçadas Fontes Amazônia Grau de Coleta Ruim Ruim 311 174 85 Caatinga Ruim Ruim 148 10 10 Silva et al.,1999; MMA, 2002 Fonseca et al.,1996; MMA, 2002 Campos Sulinos Cerrado Ruim Bom 102 5 * Ruim Bom 195 18 16 Mata Atlântica Pantanal Bom Bom 250 55 38* Ruim Ruim 132 2 14 C.I. et al., 2000; MMA, 2002 Marinho-Filho, 1998; C.I. et al., 1999; MMA, 2002 C.I. et al., 2000; MMA, 2002 Marinho-Filho, 1998; C.I. et al., 1999; MMA, 2002 * Número resultantes da soma de espécies ameaçadas na Mata Atlântica e dos Campos Sulinos. Fonte: Brasil (2003) 106 Tabela 19- Número de espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil por ordem e época em que foram descritas Ordem Séc. XVIII Séc. XIX 1900-1949 1950-1996 Total Didelphimorphia Xenarthra Chiroptera Primates Carnívora Cetacea Sirenia Perissodactyla Artiodactyla Rodentia Logomorpha Total 7 11 10 10 16 6 1 1 5 10 1 78 23 7 92 47 16 30 1 0 3 97 0 316 10 0 23 7 0 0 0 0 0 37 0 77 4 1 16 11 0 0 0 0 1* 21 0 54 44 19 141 75 32 36 2 1 9 165 1 525 Fontes: a partir da lista de Fonseca et al. (1996); Duarte (1996). 5.3.2 Caracterização e Considerações sobre a Mastofauna Local De acordo com FATMA (SANTA CATARINA, 2005), a mastofauna da região do Alto Uruguai e de todo o Oeste Catarinense, enquadra-se no distrito zoogeográfico definido como Subtropical; consequentemente, a área de estudo também se inclui na mesma categoria. Este distrito tem um conjunto faunístico extremamente interessante, do ponto de vista da zoogeografia sul-americana, pois obedece tanto a influências de origem tropical ao norte, como da sub-região Patagônica ao sul. Usando como referência o plano de manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann (SANTA CATARINA, 2005) e o relatório do aproveitamentos energéticos (BRASIL, 2006) foi possível elaborar uma lista de mamíferos que ocorrem no subbacia do Rio dos Queimados (anexo 1). A partir de dados destes inventários, contabilizou-se nesta região, 9 ordens e 26 famílias de mamíferos dos quais alguns, confirmaram-se pela utilização de métodos de observações diretas e indiretas 107 (caracterização de vestígios, avistamentos diretos pela equipe do projeto; armadilha fotográfica e registros de encontros com a fauna dentro de Unidade de Conservação). Observando estes dados pode-se estimar que a riqueza da mastofauna da área de estudo é rica e diversificada, considerando-se que no Estado de Santa Catarina ocorre 9 ordens e 34 famílias. (CIMARDI, 1996). Porém, a equipe de profissionais que elaborou o plano de manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann, consideraram a possibilidade da lista de mamíferos estar super-estimada pois é originada de dados secundários, onde os autores confrontaram diversas bibliografias. “Devido à realidade da cobertura vegetal da UC, onde grande parte dos ambientes naturais estão desaparecendo e/ou estão comprometidos, acreditamos que muitas das espécies citadas nestes trabalhos de levantamento, estejam extintas regionalmente”. (SANTA CATARINA, 2005, p.85). No mundo existem aproximadamente 4.650 espécies de mamíferos, no Brasil são aproximadamente 525 espécies, no bioma Mata atlântica são 250 e na ecorregião da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, são 132. Considerando apenas as espécies citadas em ambas as bibliografias (SANTA CATARINA, 2005 e BRASIL, 2006) obteve-se uma lista com 88 espécies de mamíferos para a Bacia do Rio dos Queimados, das quais 35.22% (n= 31) tiveram sua avistagem confirmada por algum método direto de observação, ou seja, caracterização de vestígios, visualização, captura, carcaças, relatos, armadilha fotográfica, pegadas, abrigos e restos alimentares. Sabe-se que as fontes citadas não estão atualizadas e contém uma margem considerável de erros, para tanto, fez-se algumas análises na listagem de mamiferos para chegar a um número aproximado da riqueza de espécies. Foram retiradas da lista algumas espécies que estão nas categorias criticamente em perigo, provavelmente extintas ou que não tem dados suficientes. Obteve-se, após esta análise, um número total de 60 espécies, das quais 51.66 % tiveram sua ocorrência confirmada por métodos diretos de registro. A ordem Didelphimorphia apresenta 18 espécies descritas para a região da bacia, destas, 10 são citadas em ambas as fontes utilizadas, ou seja, tanto em Santa Catarina (2005) quanto Brasil (2006). Os gambás são os didelfídeos mais característicos da região. A espécie mais conhecida é o gambá-de-orelha-branca 108 (Didelphis albiventris), sendo encontrado em praticamente qualquer ambiente, desde pequenos fragmentos de mata até áreas urbanas. O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) é o único representante da ordem Xenarthra, com visualização direta e captura na região. Este mamífero é encontrado em fragmentos florestais e matas ciliares, este espécime foi capturado pelo 2° batalhão de Polícia de Proteção Ambiental, em área urbana no município de Concórdia, acuado por cães domésticos. (CPPA, 2007). O tamanduá-bandeira, outro representante desta ordem encontra-se na lista vermelha de animais ameaçados de extinção de Santa Catarina, na categoria vulnerável (BRASIL, 2003), durante o levantamento de dados para este relatório não se teve informações sobre a espécie. Quanto à ordem Desypodidae, contabilizou-se cinco espécies, citadas em ambas as bibliografias utilizadas para compor a lista (tatu-de-rabo-mole, tatu-mulita, tatu-galinha, tatu-peludo) e uma espécie que só o plano de manejo do Parque Fritz Plaumann citou o tatu-canastra (pridontes maximus). Os tatus, são encontrados em fragmentos de matas onde é comum avistar seus abrigos e pegadas, são animais bem conhecidos pela população rural. Os morcegos são os únicos mamíferos capazes de voar, existindo aproximadamente mil espécies distribuídas pelo mundo, representando um quarto das espécies de mamíferos. Dividem-se em dois grandes grupos, os Megachiroptera e Microchiroptera. Os Megachiropteros são morcegos grandes, que podem medir até 1,70 metros de envergadura, vivem no norte da África, no sudoeste da Ásia, Austrália, Ilhas Carolina e Samoa, não existindo nas Américas. Os Microchiropteras compreendem 16 das 17 famílias de morcegos com distribuição mundial, só não sendo encontrados nas regiões polares. Recentes listagens apontam à ocorrência confirmada de 138 espécies de morcegos no Brasil. (BORDIGNON, 2005). A ordem Chiropthera apresenta-se na região com quarenta espécies, distribuídas em quatro famílias (Noctilionidae, Phyllostmidae, Vespertilionidae e Mollosidae). A espécie Myotis ruber, conhecida como morcego-borboleta-vermelha está na lista vermelha de animais ameaçados de extinção na categoria vulnerável. (SANTA CATARINA, 2005). Os morcegos tem hábitos noturnos e só saem ao anoitecer. Durante o dia se abrigam em lugares úmidos e escuros, como cavernas, fendas de rochas, troncos 109 ocos, casas abandonadas, forros de casas, bueiros etc. Os morcegos não são cegos, como muitas pessoas pensam. Para se locomoverem utilizam, além da visão, um sistema de ecolocalização, eu seja, emitem ultra-som que ao bater nos obstáculos retornam, em forma de eco, que são recebidos pelos ouvidos e desta forma calculam a que distância estão os obstáculos ou, até, os seus alimentos. Só os Microchiropteras têm o sistema de ecolocalização. As espécies de Megachiropteros se orientam pela visão e outros sentidos. (BORDIGNON, 2005). Bordignon (2005), pesquisou Desmodus rotundus em alguns municípios da região oeste de Santa Catarina, através do método de captura (figura 21 e 22), “O número de animais capturados caracteriza uma população em níveis acima da média observada em outros locais. Figura 21 - Captura de Desmodus rotundus Fonte: Bordignon (2005). Desmodus rotundus é a espécie de vampiro mais importante para a transmissão da raiva para os herbívoros. Suas principais características são: dentes incisivos superiores desenvolvidos em forma de “V” e muito cortantes, que ele usam para cortar a pele dos animais, focinho em forma de ferradura com uma fenda na parte inferior, polegar bastante desenvolvido com 3 calosidades e membrana interfemural rudimentar, sem a presença de cauda. No Brasil estima-se que a raiva 110 cause um prejuízo em torno de 15 milhões de dólares por ano, só com as perdas em herbívoros. O controle dos morcegos hematófagos deve ser feito por pessoas treinadas e imunizadas , em Santa Catarina este trabalho é feito pelos veterinários da CIDASC. Figura 22 - Captura de Desmodus rotundus Fonte: Bordignon (2005). Ao contrário da crença popular, os morcegos são animais benéficos e em, mais de 900 espécies conhecidas em todo o mundo, somente três são hematófagas. Os morcegos desempenham um papel de controladores de insetos. Muitos dos insetos capturados por morcegos são daninhos às lavouras ou podem transmitir doenças ao homem. Mais de 500 espécies de plantas neotropicais são polinizadas por morcegos. (REIS, et al., 1993). Outra ordem importante na região é a dos primatas, das duas famílias citadas ainda encontra-se com certa facilidade, a espécie Cebus apella, o macaco-prego, que pertence à família Cebidae, principalmente nos remanescentes florestais do Parque Estaduam Fritz Plaumann. A família Atelidae não foi citada neste estudo. 111 Os Carnívoros foram citados por ambas as bibliografias utilizadas (BRASIL, 2006 e SANTA CATARINA, 2005) com 4 famílias na região, ambas citadas por métodos de registro direto. Na família Canidae, o mais comum é o graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), (figura 23) o qual foi capturado pelo método de “armadilha fotográfica” no Parque Estadual Fritz Plaumann. O graxaim é uma espécie generalista que se habituou a alimentar-se de vários tipos de alimento e viver em ambientes bem alterados. Figura 23 - Espécime de Cerdocyon thous Fonte: ECOPEF (2008). Da família Procyonidae, as duas espécies contabilizadas são Nasua nasua (quati) (figura 24) e Procyon cancrivorus (mão-pelada). Da família Mustelidae, os mais comuns são o zorrilho (Conepatus chinga), a irara (Eira barbara), o furão (Galictis sp) e a lontra (Lontra longicaudis). Quanto aos felinos, tem-se o gatomourisco (Herpailurus yagouaroundi) e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) como destaque, pois se encontra na lista de animais ameaçados de extinção, categoria vulnerável. (BRASIL, 2003). 112 Figura 24 - Nasua imagem nasua, capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann. Fonte: ECOPEF (2008). Da família Cervidae encontram-se o veado-mateiro (Mazama sp) o qual foi registrado por ECOPEF (2008), através do método de “armadilha fotográfica”, conforme a figura 25. Figura Mazama 25sp, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann. Fonte: ECOPEF (2008). 113 A ordem Rodentia destaca-se com 10 famílias, a maioria com espécies bastante comuns e abundantes. A família Erethizontidae é representada por dois gêneros de ouriço-cacheiro (Coendou e Sphiggurus). O ouriço é um animal bem conhecido nas comunidades rurais. A família Hidrochoeridae contempla uma espécie bem abundante, a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) (figura 26), a qual se proliferou muito após o represamento do Rio Uruguai e consequentemente de trechos do Rio dos Queimados também. Outras famílias de roedores que também são bem comuns são Agoutidae (pacas), Dasyproctidae (cutia, figura 27), Capromyidae (ratão-do-banhado), Sciuridae (esquilo), Cavidae (preá) e Cricetidae/ Muridae (ratos e camundongos). Figura 26Hydrochaeris hydrochaeris, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann Fonte: ECOPEF (2008). Figura 27Dasyprocta azarae, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann Fonte: ECOPEF (2008). 114 Nichele (2007) fez uma pesquisa com o objetivo de levantar informações para o planejamento de estratégias fomentadoras de motivação e envolvimento comunitário para a conservação da natureza em três comunidades rurais pertencentes ao entorno do Parque Estadual Fritz Plaumann. Duas destas comunidades têm sua área dentro da bacia do Rio dos Queimados: Sede Brum e Linha Laudelino. A forma utilizada para recolhimento dos dados foi através de uma entrevista semi-estruturada pautada numa conversa informal com o objetivo de buscar o conhecimento e a relação dos mesmos com a fauna silvestre local, sempre seguido de um eixo de perguntas pré-estabelecidas embasadas e relacionado a critérios de história local e pessoal. (NICHELE, 2007). Além do conhecimento espontâneo da fauna, foram demonstradas quatorze fotos já pré-selecionadas da fauna silvestre, fazendo com que os entrevistados reconhecessem os respectivos representantes de fauna e posteriormente identificassem algumas de suas características, danos nos cultivos agrícolas e se já foi um animal apreciado pela caça. (NICHELE, 2007).. Os animais que foram trabalhados por Nichele (2007) são o Quati (Nasua nasua), o Mão-Pelada (Procyon cancrivorus), o Macaco-Prego (Cebus apella apella), a Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), a Cutia (Dasyprocta azarae), a Lontra (Lontra longicaldis), o Leão-Baio (Puma concolor), a Jacutinga (Pipile jacutinga), o Porcodo- Mato (Tayassu pecari), o Jacu (Penelope obscura), o Graxaim (Cerdocyon thous), a Saracura (Aramides saracura), o Gato-do-Mato (Leopardus tigrinnus) e o Veado (Manzama mama). Através da menção espontânea da fauna, quarenta e três espécies foram mencionadas (tabela 19), das quais doze coincidiam com a á fauna já pré-escolhida. Só não foram mencionadas nas repostas espontâneas, a Jacutinga (Pipile jacutinga) e a Cutia (Dasyprocta azarae). (NICHELE, 2007). A Jacutinga está extinta localmente. 115 Tabela 20- Representantes de fauna citados espontaneamente FAUNA CITADA ESPONTANEAMENTE NÚMERO DE ENTREVISTADOS Jacu 10 Veado 09 Gato-do-mato 08 Quati 07 Graxaim 06 Iambu 06 Pomba-carijó 06 Pomba-do-mato 06 Macaco-prego 05 Baitaca 05 Irara 04 tucano 04 Capivara 03 Saracura 03 Papagaio (maracanã) 03 Surucuá 03 Tatu 03 Paca 03 Porco-espinho 03 Tamaduá-mirim 03 Gambá 03 Cutia 02 Caturrita 02 Curucacá 02 Garça-branca 02 Leão-baio 02 Lebre 02 Mão-pelada 02 Perdigão 02 Sangue-de-boi 02 Tico-tico 02 116 FAUNA CITADA ESPONTANEAMENTE NÚMERO DE ENTREVISTADOS Anta 01 Bem-ti-vi 01 Chupim-do-Paraná 01 Coruja-buraqueira 01 Furão 01 Gralha-azul 01 João-de-Barro 01 Jaguatirica 01 Macuco 01 Pica-pau-de-cabeça-branca 01 Porco-do-mato 01 Serelepe 01 TOTAL 135 Segundo Nichele (2007), dos 14 representantes de fauna ilustrados através das foto-figuras, seis foram reconhecidos e vistos por todos os entrevistados, são eles: o Jacu (Penelope obscura), a Saracura (Aramides saracura), o Veado (Manzana mama), o Gato-do-Mato (Leopardus tigrinus), o Quati (Nasua nasua) e o Macaco- Prego (Cebus apella apella), sendo os representantes mais presentes na vida dos entrevistados, Hachmann (2007), utilizando o método de parcelas de areia para identificar pegadas de mamíferos, (figura 28) no Parque Estadual Fritz Plaumann, obteve resultados interessantes: 4 ordens, 8 famílias, e 10 espécies. A ordem Xenarthra, com as famílias, Myrmecophagiodidae, da qual são pertencentes a espécie Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), família Dasypodidae, e as espécies Dasypus novencinctus (tatu-galinha), e Dasypus sexcinctus (tatu-peba). A ordem Carnívora, com as famílias, Canidae, a qual pertence o Cerdocyon thous (cachorrodo-mato), e a família Felidae, com a espécie de Leopardus tigrinus (gato-do-mato), e a família Mustelidae, que inclui o Galictis vittata (furão). A Ordem Artiodactyla, com as famílias, Tayassuidae com a espécie Tayassu pecari (queixada), família Cervidae 117 com a espécie Ozotocerus bezoarticus (veado-campeiro) e a ordem Rodentia, com a família Dasyproctidae, a qual pertence a espécie Dasyprocta azarae (cutia). Figura 28Pegada de Cuniculus paca (paca), no Parque Estadual Fritz Plaumann, Concórdia – SC Fonte: Hachmann (2007). Segundo MPB/Saneamento (2008), em suas expedições na área de estudo foi registrada a presença de Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca), encontrado atropelado em uma rodovia próxima. Identificaram-se através de vestígios, tocas de tatú (possivelmente Dasypus sp). Considera-se ainda, pertencente ao grupo mamífero, que devam ocorrer espécies de pequeno porte como algumas espécies de morcegos, pequenos roedores e marsupiais. Um dos principais papéis dos mamíferos na bacia, além da biodiversidade, é a interação com a flora, atuando como polinizadores e dispersores de sementes. Alguns aspectos podem contribuir para a fragilidade dos mamíferos, fazendo com que se tornem mais vulneráveis, com populações em declínio ou extintas na região. Segundo Santa Catarina (2005), a acentuada destruição e redução do ecossistema Florestal Estacional Decidual são responsáveis pela fragmentação das populações de mamíferos. 118 5.4 AVIFAUNA 5.4.1 Apresentação e Caracterização do Grupo As aves compreendem o grupo de vertebrados mais facilmente reconhecível, dadas as suas características diagnósticas e ao período de atividade, predominantemente diurno. São os únicos vertebrados viventes que apresentam penas que revestem o corpo, servindo tanto para possibilitar o vôo quanto para o isolamento térmico. (FORSHAW, 1998). A temperatura do corpo é regulada internamente (endotérmicos) e tal controle evoluiu independentemente da endotermia apresentada pelos mamíferos (POUGH et al., 1999). São os únicos tetrápodas com os membros anteriores transformados em asas, através da fusão dos ossos da mão. Os ossos dos pés também são fundidos numa conformação única e os membros posteriores são adaptados para empoleirar, andar ou nadar. O tamanho varia desde aproximadamente 5 cm e 3 gramas nos pequenos beija-flores (e.g., beija-flor-de-helena, Mellisuga helenae, provavelmente a menor ave) até a avestruz (Struthio camelus), que pode chegar a 2,5 m de altura e cerca de 130 kg. (FORSHAW, 1998). Por serem relativamente bem conhecidas, especializadas por habitats e sensíveis a alterações dos biótopos preferidos, as aves são muito utilizadas como indicadores biológicos. (SILVA, 1998). Por exemplo, espécies típicas de florestas são sensíveis ao desmatamento e apresentam declínios populacionais ou mesmo extinções locais após alterações do hábitat. (WILLIS & ONIKI, 1992; SILVA, 1998). O maior conhecimento da Biologia e Ecologia deste grupo pode subsidiar programas de manejo e conservação de ecossistemas. (SILVA, 1998). Muitas espécies atuam como polinizadoras e dispersoras de sementes, mas a vasta maioria é insetívora. A coloração vistosa e a sonoridade do canto de algumas espécies de aves chamam atenção dos humanos e muitas delas são usadas como animais de estimação, fatos que as tornam vítimas do tráfico de animais silvestres. Algumas espécies de aves são domesticadas e contribuem para o suprimento da alimentação humana. A caça predatória ou de subsistência, mesmo ilegal, continua a ser praticada em muitas regiões do país. (BRASIL, 2003). 119 5.4.2 Caracterização e Considerações sobre a Avifauna Local O conhecimento taxonômico da fauna de aves do Brasil é bom, com famílias, gêneros e mesmo espécies bem estabelecidas, e a identificação pode ser feita através de literatura específica. Contudo, ainda faltam bons guias populares, carência destacada por praticamente todos os pesquisadores ao longo do projeto. (BRASIL, 2003). O Comitê Brasileiro de Registro Ornitológico (CBRO) produz e atualiza periodicamente três listas de aves do Brasil: principal, secundária e terciária. Na lista principal, estão incluídas, exclusivamente, as espécies para as quais existe alguma evidência material disponível de ocorrência, tais como pele, fotografia, gravação ou filmagem. A lista secundária é constituída de espécies prováveis, mas cujos registros brasileiros não dispõem de documentação conhecida. Na lista secundária, estarão, desde espécies "muito prováveis" até outras "menos prováveis", da mesma maneira que na lista principal podem constar, por exemplo, espécies com dezenas de evidências materiais conhecidas para o país, ao lado de espécies com apenas uma ou pouca documentação ou evidências materiais registradas na literatura. Finalmente, na lista terciária são incluídas espécies que em algum momento foram consideradas por alguém como ocorrentes no Brasil, mas cujos registros não apresentam informações suficientes para justificar sua inclusão na lista secundária. (CBRO, 2007). A lista primária do CBRO (2007) indicava a ocorrência de 1801 espécies de aves no Brasil, distribuídas em 26 ordens e 95 famílias, sendo 11% endêmicas, colocando o pais em terceiro no rank de diversidade mundial de aves. No mundo todo existem no mundo todo aproximadamente 9.700 espécies de aves, no estado do Rio Grande do Sul há registros de 624 espécies enquanto em Santa Catarina 596 espécies. (SILVA, 1998). Para elaborar a lista de avifauna da área de estudo (anexo 2) utilizou-se o plano de manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann (SANTA CATARINA, 2005), Unidade de Conservação localizada na Sub-bacia do Rio Queimados e o relatório dos aproveitamentos energéticos (BRASIL, 2006), complementado por dados 120 primários produzidos por outras fontes. Totalizou-se 285 espécies de aves que foram relatadas em ambas as bibliografias. MPB/Saneamento (2008) identificaram, em seu estudo, na bacia do Rio do Queimados, a presença de algumas espécies, como é o caso das espécies: Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Milvago chimachima (carrapateiro), Columbina talpacoti (rolinha), Colaptes campestris (pica-pau-do-campo), Pitangus sulphuratus (bem-te-vi), Tyrannus melancholicus (suiriri), Tyrannus savana (tesourinha), Troglodytes musculus (corruíra), Turdus rufiventris (sabiá-vermelho), Thraupis sayaca (sanhaçu-cinzento), Zonotrichia capensis (tico-tico), Sicalis flaveola (canárioda-terra), Saltator similis (trinca-ferro), Molothrus bonariensis (chopim), Vanellus chilensis (quero-quero) Theristicus caudatus (curicaca). Optou-se por discutir as famílias das aves mais comuns e que foram citadas em algum dos métodos diretos de amostragem, ou seja: visualização direta, captura, carcaça, armadilha fotográfica, pegadas, abrigos, restos alimentares, relatos e fotos. A família Tinamidae, a qual pertencem macucos, inhambus, perdizes e codornas, compreende um grupo de aves muito perseguidas por caçadores, ainda se aproveitam do desmatamento e se infiltram até em áreas cultivadas. Estão ameaçadas pelo emprego de inseticidas, espalhados indiscriminadamente por toda parte, comem formigas cortadeiras envenenadas por iscas granuladas e carrapatos mortos caídos do gado tratado. As posturas das espécies campestres são prejudicadas pelas queimadas e trabalhos agrícolas entre agosto e novembro. (SICK, 1994). A espécie Phalacrocorax brasilianus, conhecido como biguá, representa a família Phalacrocoracidae na região. Os biguás, segundo Gmelin (1789) apud Sick (1994), da família Phalacrocoracidae, podem ser encontrados em ambientes de água doce e salina. Alimentam-se principalmente de peixes, e em menor quantidade de moluscos, artrópodes aquáticos e anfíbios. As curicacas (Theristicus caudatus) pertencem à família Threskiornithidae e são visualizadas com freqüência na Bacia do Rio dos Queimados. É uma espécie de habitats abertos, típica da região de campos (ROSÁRIO, 1996). Segundo Ghizoni-Jr et al (2006), esta espécie não apresentava registro na região oeste de Santa 121 Catarina a cerca de vinte anos atrás, mas, após a derrubada da floresta são mais comum atualmente. A família Anatidae compreende aves aquáticas como as marrecas, patos e gansos. Sua importância é demasiadamente grande, pois dela descendem várias de nossas aves domésticas, bem como por possuir varias espécies silvestres que se constituem em alvos para caçadores (BELTON, 1994). Na bacia, foram identificados espécimes de Anas flavirostris, a marreca pardinha. Um grupo de aves bem representados na região são os Falconídeos, com três espécies citadas: carrapateiro (Milvago chimachima), Chimango (Milvago chimango) e o caracará (Polyborus plancus). Os falconídeos distinguem-se dos outros falconiformes por matarem a presa com o bico e não com as garras. Para isso, possuem a ponta da parte superior do bico curvada. (BELTON, 1994). Dentre as espécies mais perceguidas por caçadores encontra-se a Penelope obscura, o jacu (figura 29), que é bem conhecido e citado nos relatos de habitantes da Bacia Hidrográfica. O jacu pertence à família dos Gracidae a qual também pertence a jacutinga (Pipile jacutinga) extinta localmente. Os cracídeos são normalmente barulhentos, pois sua vocalização é estridente e alta. Quando assustados fazem o maior barulho, voando em seguida. São monógamos e normalmente fazem seus ninhos de gravetos em galhos ou forquilha em árvores, sendo todo desengonçado, sem muita harmonia. (SICK, 1997). Figura 29Penelope obscura, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann Fonte: ECOPEF (2008) 122 As aves da família Rallidae são encontradas quase sempre perto da água, e compreendem os populares saracuras, frangos e pintos d'água. Segundo Sick (1997), são aves "magrelas", de pernas e bicos longos, altamente adaptados ao seu habitat que é muito especial: os alagados, mangues, brejos, solos úmidos e sombreados das florestas. São onívoros, pois se alimentam de capim de brotos de milho e de pequenas cobras d’água. Na área de estudo foram citados as espécies Aramides saracura (saracura) e Gallinula chloropus (frango-de-água). O quero-quero (Vanellus chilensis) representante da família Charadriidae habita da América Central até a Terra do Fogo, e no Brasil é encontrado em todo o território (SICK, 1997). Em Santa Catarina é considerada uma espécie abundante, residente e nidificantes em todo o estado (NAKA e RODRIGUES, 2000). Esta espécie é comum na área de estudo, tolerando fortes pressões antrópicas. A família Columbidae é formada por mais de duzentas espécies espalhadas por todo o planeta. Seus ninhos são feitos de pequenos gravetos meio desordenados, sem muito capricho. Os ovos brancos são em número de um a dois. O macho e a fêmea se revezam na criação dos filhotes. Há pouca diferença entre os dois sexos, praticamente imperceptível. Seu papo durante a época de procriação fornece aos filhotes uma secreção leitosa. Alimentam-se de sementes. Seu canto (arrulho) é de poucas notas repetitivas (PINTO, 1949). É comum na área da bacia hidrográfica adaptando-se as áreas urbanas e degradadas. Três espécies foram citadas neste levantamento: pombo comum (Columba lívia), rola (Columbina talpacoti) e juriti (Leptotila verreauxi). A famosa família dos papagaios “Psittacidae” reúne mais de 350 espécies distribuídas as redor do mundo, principalmente nos trópicos e no Hemisfério Sul. (BELTON, 1994). Na área da Bacia apenas a espécie Myiopsitta monachus (caturrita) foi visualizada. A caturrita é qualificada de ave extraordinária nesta família, porque é a única espécie que constrói o seu próprio ninho. Todas as outra procuram cavidades existentes para esta finalidade. (BELTON, 1994). Os agricultores consideram as caturritas aves destrutivas, pois podem causar danos as plantações. A família Cuculidae apareceu neste estudo representado por três espécies: alma-de-gato (Piaya cayana), anu-preto (Crotophaga ani) e anu-branco (guira guira), ocupam matas ciliares, bordas de florestas e áreas urbanas arborizadas. Alimentanse de gafanhotos, percevejos, aranhas, miriápodes etc. Predam também lagartas 123 peludas e urticantes, lagartixas e camudongos. Pescam na água rasa; periodicamente comem frutas, bagas, coquinhos e sementes, sobretudo na época seca quando há escassez de artrópodes. (SICK, 1997). Duas espécies de corujas da família Strigidae foram citadas por métodos diretos de observação neste estudo: corujinha-do-mato (otus choliba) e corujaburaqueira (Speotyto cunicularia). As corujas têm olhos grandes voltados para a frente o que lhes confere uma visão binocular; a audição é muito especializada e algumas espécies possuem os ouvidos dispostos assimetricamente na cabeça, auxiliando na localização das fontes de som; as rêmiges são macias tornando possível um vôo silencioso (SICK, 1997). A figura 30 mostra o ninho de um exemplar da família Strigidae, na cavidade de uma árvore. Figura 30 - Espécime de coruja no ninho com os filhotes Fonte: Müller (2008). Os beija-flores representantes da familia Trochilidae foram citados entre as aves encontradas na área de estudo, no entanto, normalmente as pessoas não conseguem descrever de quais espécies estão falando. O beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris albicollis) pode ser contabilizado visto que é um dos membros da 124 família mais facilmente indentificáveis. Como os insetos e alguns mamíferos, os beija-flores são importantes agentes polinizadores. Os surucuás (família Trogonidae) são aves de grande beleza, pois apresentam uma rica e colorida plumagem com uma combinação de cores de grande raridade. São aves de porte médio que vivem em áreas florestadas, onde se alimentam de lagartas, cigarras, aranhas e pequenos insetos que pegam nas folhagens, fazendo um certeiro vôo. Alimentam-se também de frutos tais como embaúba, figueira, canela e muitos outros que encontram na floresta. É um ótimo controlador de insetos que causam danos na agricultura. Encontra-se, principalmente, na área represada da bacia do Rio dos Queimados o martim-pescador (Ceryle torquatus), representante da família Alcedinidae. São execelentes predadores, alimentando-se principalmente de peixes e anfíbios. Para isso possui características como visão aguçada, cabeça grande em relação ao corpo e bico robusto, o que permite capturar a presa durante rápidos mergulhos. Apresenta hábitos diurnos e territorialistas. Tucanos é uma designação atribuída às espécies de aves que ocorrem nas florestas da América do Sul e Central, pertencentes à ordem Piciformes e família Ramphastidae. Os tucanos apresentam um grande bico, altamente especializado e brilhantemente colorido, e frequentemente uma plumagem vistosa. Vivem em pequenos bandos, alimentando-se de frutos, sementes e insetos. Fazem o ninho em buracos de árvores, onde a fêmea põe 2 a 4 ovos; ambos os progenitores cuidam dos ovos e das crias. Existem 37 espécies, cujo tamanho varia entre 30 cm e 60 cm (SICK, 1997). Na região em estudo, a espécie que ocorre é Ramplastos dicolores. Estas aves são excelentes dispersores de sementes e, portanto importantes “plantadores de florestas”. No Brasil, encontramos 47 espécies da família Picidae. Os pica-paus são aves relativamente fáceis de se identificar na natureza pelo observador de aves, pois possuem uma característica muito especial: são hábeis "cavadores de buracos em troncos", o que fazem com o forte bico, a procura de alimentos. Sua língua é vermiforme e muito longa, sendo um eficiente instrumento para a coleta de insetos que ficam no interior dos "furos que faz na madeira". A espécie citada durante o trabalho foi o pica-pau-do-campo (Colaptes campestris). 125 O João-de-barro (Furnarius rufus) é um pássaro pertencente à ordem dos Passariformes e à família Furnaridae. Seu tamanho é um pouco menor do que o do sabiá, ele se alimenta de larvas, insetos, pequenos moluscos e sementes. Na parte superior do corpo ele possui cor de ferrugem acanelada, na parte inferior, tem coloração marrom clara e sua cauda tem uma tonalidade avermelhada. É uma ave conhecida por não ser tímida, pois se aproxima do homem sem medo e canta como se soubesse que está sendo observada e admirada. (BELTON, 1994). Algumas de nossas aves mais conhecidas são membros da família Tyrannidae, a qual compreende 435 espécies, todas habitantes do continente americano. (BELTON, 1994). Para a área da Bacia as espécies que foram citadas pelos métodos diretos foram o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e a tesoura (Tyrannus savana). A gralha-picaça (Cyanocorax chrysops), foi a representante da família Corvidae observadas na área de estudo. Residente em florestas e fragmentos de matas, onde vive em bandos pequenos. É muito curiosa e freqüentemente se aproxima fazendo algazarra de pessoas que estão na floresta. Têm uma grande variedade de sons vocais, alguns parecendo mecânicos. (BELTON, 1994). A familia das corruíras (Troglodytidae), é particularmente abundante nos trópicos americanos. As corruíras são notáveis por suas vozes bonitas, este simpático passarinho compensa com o canto o que lhe falta em colorido. É encontrada ao redor de casas e nos jardins. Também é comum nas capoeiras, brejos e beiras de matas. A espécie visualizada na Bacia Hidrográfica é a Troglodytes aedon. Os sábias (família: Muscicapidae subfamília: Turdinae) são comuns em bordas de florestas, parques, quintais e áreas urbanas arborizadas. Vive solitário ou aos pares, pulando no chão. Come coquinhos de várias espécies de palmeiras contribuindo assim para a dispersão dessas espécies. Alimenta-se ainda de laranjas e mamões maduros, bem como de insetos e aranhas. Na área de estudo foram citadas duas espécies de sábias: Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira) e Turdus subalaris (sabiá-ferrereiro). 126 5.5 FAUNA DE ANFIBIOS 5.5.1 Apresentação e Caracterização do Grupo Os Amphibia incluem as cecílias (Ordem Gymnophiona; ca. 160 spp.), as salamandras (Ordem Caudata; ca. 410 spp.) e os sapos, rãs e pererecas (Ordem Anura; ca. 4.200 spp.). Há, portanto, apenas três ordens viventes, com cerca de 4.800 espécies atuais. (ZUG et al. 2001). Embora existam variações na forma do corpo e nos órgãos de locomoção, pode-se dizer que a maioria dos anfíbios atuais, notadamente da Ordem Anura, tem uma pequena variabilidade no padrão geral de organização do corpo. O nome anfíbio indica apropriadamente que a maioria das espécies vive parcialmente na água, parcialmente na terra. Fora o primeiro grupo de cordados a viver fora da água: entre as adaptações que permitiram a vida terrestre incluem pulmões (embora exista um grupo de salamandras que não os apresenta), pernas, e órgãos dos sentidos que podem funcionar tanto na água como no ar. No Brasil, a maioria dos anfíbios tem entre 3 e 10 cm de comprimento. (MMA, 2003). A maioria das espécies de anfíbios apresenta hábitos alimentares insetívoros, sendo, portanto, vertebrados controladores de pragas. Muitas espécies sensíveis a alterações ambientais (e.g., desmatamento, aumento de temperatura ou poluição) são consideradas excelentes bioindicadores (HADDAD, 1998). A diminuição de certas populações tem sido atribuída a alterações globais de clima (HEYER et al., 1988; WEYGOLDT, 1989). Para certos biomas do Brasil, como a Mata Atlântica, os declínios populacionais ou mesmo extinção de anfíbios têm sido atribuídos ao desmatamento (BERTOLUCCI & HEYER, 1995; HADDAD, 1998). A Mata Atlântica segundo Brasil (2002) é de longe, o bioma com a maior riqueza, (340 spp) endemismos e (250 spp) de anfíbios. 5.5.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de anfíbios local No mundo existem cerca de 4.800 espécies de anfibios (ZUG et al., 2001), no Brasil, cerca de 600 espécies (HADDAD, 1998), a segunda maior riqueza do mundo. 127 Foram descobertas 115 espécies novas no Brasil entre 1978 e 1995. (BRASIL, 2003). O estado de Santa Catarina possui poucos estudos remissivos sobre os anfibios, a maioria realizada no norte do estado ou na região da Mata Atlântica do litoral. Dados sobre a fauna da região sul do estado, no Planalto das Araucárias, são escassos, resumindo-se aos estudos de impacto ambiental realizados no local e aos trabalhos realizados no Rio Grande do Sul, na região da fronteira entre os dois estados. Alguns dos trabalhos relevantes para o presente estudo são os de Heyer (1983); Garcia (1996); Cruz et al. (1997); Garcia & Vinciprova (1998) e Caramaschi & Cruz (2002), que descrevem novas espécies, e expandem a ocorrência de anuros para o Estado de Santa Catarina. (BRASIL, 2006). A sub-bacia do Uruguai Alto, tem a maior riqueza das espécies de anfíbios registradas em toda bacia hidrográfica do Uruguai, 135 espécies (anexo 3), ou seja, 95,7% das espécies inventariadas reunindo grande parte dos anfíbios citadas por Kwet (2005) para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina (96 e 95 espécies, respectivamente). Dessas 135 espécies de anfíbios, 49 são endêmicas e 19 ameaçadas. Essas condições aumentam a importância da região em relação à conservação desses animais. (BRASIL, 2006). Para Santa Catarina, os estudos herpetológicos na região oeste do estado, são praticamente inexistentes, o que resulta na escassez de informações a respeito desse grupo, tanto taxonômicas quanto ecológicas. Para a região do presente estudo, alguns trabalhos podem ser citados por se encontrarem na grande bacia do Uruguai. Em trabalho realizado no Rio Chapecó (Bacia do Uruguai), para inventário de fauna em uma PCH Testoni e Borchardt (2006), listaram 16 espécies do grupo anfíbia (Quadro 01). 128 Quadro 01- Lista dos anfíbios registrados no Rio Chapecó Táxon Nome comum ANURA Bufonidae Chaunus ictericus sapo Hylidae Hypsiboas faber Dendropsophus minutus Bokermannohyla circumdata sapo-ferreiro perereca perereca-das-folhas Scinax perereca perereca Scinax cf. berthae perereca Scinax fuscovarius perereca Scinax rizibilis perereca Leptodactylidae Leptodactylus fuscus Leptodactylus mystacinus Leptodactylus ocellatus Leptodactylus plaumanni Odontophrynus americanus rã-assubiadeira rã rã-manteiga rã sapo Physalaemus cuvieri rã-cachorro Physalaemus sp aff. gracilis rã-chorona Ranidae Litobates catesbeianus rã-touro Fonte: Testoni e Borchardt Jr (2006). 5.6 FAUNA DE RÉPTEIS 5.6.1 Apresentação e Caracterização do Grupo O grupo dos Reptilia inclui a Ordem Chelonia (tartarugas, cágados e jabotis, ca. 285 spp.), a Ordem Squamata (lagartos, ca. 7.200 spp.; e cobras, ca. 2.900 spp.), a Ordem Crocodylia (crocodilos e jacarés, com 23 spp.) e a Ordem Rhynchocephalia (com 2 spp. De tuataras, da Nova Zelândia) (ZUG et al., 2001). Existem, portanto, apenas quatro ordens viventes, diferentemente das 16 ordens 129 conhecidas, que floresceram no Mesozóico, a era dos répteis. Embora constituídos por linhagens distintas (parafiléticas; veja POUGH et al., 1999), os répteis foram os primeiros vertebrados adaptados à vida em lugares de baixa umidade na terra, visto que sua pele seca e córnea reduz a perda de umidade do corpo. Além da pele córnea, os ovos de répteis apresentam anexos embrionários complexos (âmnio, córion e alantóide) que lhes conferem independência da água para a reprodução. A maioria das espécies é terrestre (terrícolas, fossórios e arborícolas), mas há algumas em água doce e marinhas. O tamanho dos répteis atuais varia de 5 cm a 10 m, mas a maioria mede entre 25 e 150 cm. (BRASIL, 2003). Muitas espécies de serpentes das famílias Colubridae, Boidae e Viperidae apresentam hábito alimentar rodentívoro, sendo vertebrados predadores de pragas. Cerca de 70 espécies das famílias Viperidae (gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis) e Elapidae (gênero Micrurus) são peçonhentas e potencialmente perigosas aos humanos, pois podem causar acidentes ofídicos (SEBBEN et al., 1996). Componentes de venenos de serpentes, como as do gênero Bothrops, apresentam substâncias cujos princípios ativos são usados na indústria farmacêutica, no combate à hipertensão arterial. (MARQUES et al., 2002; BRASIL, 2003). Por serem extremamente suscetíveis às alterações ambientais, principalmente os anfíbios, mas também os répteis vêm sofrendo declínio em suas populações em várias partes do mundo. (BRASIL, 2006). 5.6.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de répteis do Local Das 161 espécies inventariadas para toda a bacia do Uruguai (BRASIL, 2006), (anexo 4), 28 são lagartos, 115 serpentes, 8 quelônios, 1 jacaré e 10 anfisbenas. Nota-se um número muito maior de espécies ocorre no Uruguai Alto (137). Dentre as espécies de répteis registradas 57 são endêmicas (35,2% do total) e 26 ameaçadas (16,7% do total). Em trabalho realizado no Rio Chapecó (Bacia do Uruguai), para inventário de fauna em uma PCH, Testoni e Borchardt (2006), citaram 16 espécies do grupo reptília (Quadro 02). 130 Quadro 02- Lista dos répteis registrados no Rio Chapecó Táxon Nome Comum Chelonia Chelidae Hydromedusa sp Cágado Phrynops hilarii. Cágado Squamata Amphisbaenidae Amphisbaena sp. Cobra-de-duas-cabeças Rineuridae Leposternon sp. Cobra-cega Gymnophthalmidae Pantodactylus schreibersii Lagartixa-comum Tropiduridae Tropidurus torquatus Lagartixa-cinzenta Teiidae Tupinambis merianae Teiú Colubridae Atractus sp. Chironius bicarinatus Cobra Cobra-cipó Liophis miliaris Cobra-d’água Philodryas olfersii Cobra-verde Thamnodynastes sp. Cobra Viperidae Crotalus durissus Cascavel Bothrops jararaca Jararaca Bothrops alternatus Bothrops cotiara Urutú Cotiara Fonte: Testoni e Borchardt Jr (2006). MPB/Saneamento (2008), relataram em seu trabalho na região do empreendimento que o grupo reptília esteve representado pela espécie Tupinambis merianae, avistado durante a incursão a campo e entrevista dos moradores da região sobre a presença de algumas serpentes como cobra-da-água (possivelmente 131 Liophis miliaris), cobra cipó (possivelmente Chironius bicarinatus) e a caninana (Spilotes pullatus). Ainda para este grupo, provavelmente ocorra as espécies de cágado como Hydromedusa tectifera e Phrynops sp, nos rios e córregos próximos. 5.7 DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS NO BRASIL Os animais ditos invertebrados distribuem-se por 33 filos (número que pode variar dependendo da classificação adotada), reunindo 95% das espécies conhecidas. Os outros 5% pertencem a um único filo - os Vertebrados. A maioria dos filos de animais invertebrados é exclusivamente marinha, alguns são predominantemente marinhos e o restante predominantemente terrestres. Os invertebrados que ocorrem em ambientes terrestres são os Acanthocephala, Tardigrada, Onychophora, Platyhelminthes, Nematoda, Arthropoda, Annelida e Mollusca. Os Arthropodas são o maior grupo, existem cerca de l,5 milhão de espécies descritas, mas acredita-se que esse número traduza apenas uma pequena fração do que deve existir. (BRASIL, 2003). As aranhas formam um grupo taxonômico indicado para avaliar o estado de conservação de fragmentos florestais, visto que a estrutura do habitat pode influenciar na composição e riqueza das comunidades de aranhas de florestas tropicais, ou seja, em uma vegetação madura, mais densa e estratificada são encontradas mais espécies e famílias de aranhas. (UETZ, 1991 apud LUZ, 2008). Segundo Coddington & Levi (1991) apud Luz (2008), as aranhas são consideradas um grupo mega-diverso, representando um dos mais diversificados e abundantes grupos de organismos. No entanto Platnick (2007) segundo o mesmo autor listou mais de 39.725 espécies descritas em 3.677 gêneros em todo o mundo. Porém, a fauna de aranhas das regiões tropicais e subtropicais ainda não é bem conhecida. (LUZ, 2008). Gris (2006) realizou estudo no Parque Estadual Fritz Plaumann, Concórdia – SC, utilizou três pontos de coleta que foram amostrados nas quatro estações do ano, onde coletou 694 exemplares pertencentes a 13 famílias. As famílias mais freqüentes foram Araneidae, Salticidae, Linyphidae, Anyphaenidae e Thomisidae. 132 Com a finalidade de dar continuidade ao inventariamento da araneofauna da região oeste de Santa Catarina, Luz (2008) inventariou a fauna de aranhas ocorrentes na área do campus da Universidade do Contestado e comparar com a diversidade encontrada em uma área de preservação que é o Parque Estadual Fritz Plaumann. Destaca-se que ambas as pesquisas estão inseridas no contexto da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Algumas famílias se destacaram em quantidade de indivíduos. Anyphaenidae foi a família mais freqüente com 110 exemplares, seguida por Thomisidae com 88, Salticidae com 79, Araneidae com 72, Theridiidae com 68 indivíduos. Além destas foram coletadas mais 14 famílias de aracnídeos, porém estes com menor número de exemplares: Amaurobiidae, Linyphidae, Lycosidae, Corinnidae, Mimetidae, Ctenidae, Oonopidae, Dictynidae, Oxyopidae, Gnaphosidae, Pholodromidae, Pisauridae, Sparassidae, Tetragnatidae. (LUZ, 2008). Os insetos são considerados bons indicadores dos níveis de impacto ambiental devido a sua grande diversidade de espécies e habitat, além da sua importância nos processos biológicos dos ecossistemas naturais. A classe Insecta, segundo Gallo et al., (2002), é considerada como a mais evoluída do filo Arthropoda, abrangendo cerca de 70% das espécies de animais, sendo que para Filho (1995), os insetos são os organismos de maior ocorrência em ambientes florestais. Portanto, o número de ordens, famílias e espécies destes, diminui, com a elevação do nível de antropização do ambiente. (THOMANZINI e THOMANZINI, 2002). Segundo Freitas et. al., (2003) apud Prando (2004), a utilidade dos insetos como indicadores ambientais é incontestável. Alguns grupos, como borboletas e formigas, são especialmente úteis no monitoramento, porque são muito diversificados, facilmente amostrados e identificados, comuns o ano todo e respondem de imediato às alterações ambientais. É por essa e outras razões que os insetos têm sido alvo de muitos estudos, objetivando encontrar subsídios para o conhecimento da diversidade e que sirvam de apoio para a avaliação das condições ambientais. (GANHO e MARINONI, 2003). Prando (2004) executou uma pesquisa com o objetivo de comparar as espécies de besouros e estudar a interação deles com as espécies hospedeiras, e também servir de apoio na avaliação do ambiente do Parque Estadual Fritz Plaumann onde foram coletadas os espécimes. Durante o período de amostragem 133 foram um total de 194 espécimes de coleópteros pertencentes a 9 famílias: Scarabaeidae, Leiodidae, Tenebrionidae, Bostrychidae, Carabidae, Nitidulidae, Elateridae, Lagriidae, Bostrychidae. Prando (2004) concluiu que nos dois locais estudados, no interior da Ilha do Parque Estadual Fritz Plaumann, a família de coleópteros mais abundante é a Scarabaeidae, seguindo-se de Nitidulidae. Comparando-se os dados obtidos por Lappe (2004) em outra área do Parque Estadual Fritz Plaumann, porém utilizando dois métodos de amostragem, identificou como mais abundante, a família Tenebrionidae. Comparando-se os dados obtidos por Spielmann (2003), em duas áreas fora da Ilha, observa-se que a família Tenebrionidae é a mais abundante na mata e a família Passalidae é a mais abundante no pomar. Esses dados indicam a necessidade de preservação destes ambientes e contribuem para a tomada de decisões quanto ao manejo da área estudada. Um outro grupo importante são as abelhas, segundo Krug (2008), o papel mais importante delas é, provavelmente, seu serviço gratuito de polinização, determinante para a manutenção da flora nativa e contribui na produção de alimentos consumidos pelo Homem. Dois levantamentos da apifauna estão sendo realizados em duas áreas de fisionomia vegetais distintas, Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta Estacional Decidual, respectivamente nos municípios de Blumenau e Concórdia. As abelhas são coletadas ativamente com rede entomológica e também são oferecidos dois tipos de armadilha: iscas de cheiro e bandejas armadilha. (KRUG, 2008). Uma listagem de identificação prévia das abelhas coletadas até o momento na pesquisa inclui 16 espécies em Concórdia e 18 espécies em Blumenau (Tabela 20). Segundo a pesquisadora (KRUG, 2008), este trabalho representa uma pequena contribuição ao conhecimento das abelhas nativas do sul do Brasil e da região Neotropical, mas é evidente que pesquisas nesta área são muito importantes e tem um grande papel nas decisões futuras as quais inclui o parque Fritz Plaumann e, sobretudo a Bacia Hidrográrfica do Rio dos Queimados. 134 Tabela 21- Lista prévia das espécies de abelhas coletadas nas duas áreas de estudo Família Andrenidae Apidae Tribo Protandrenini Blumenau Concórdia Anthrenoides sp. X Psaenythia sp. X Apis mellifera X Bombini Bombus atratus X Bombus morio X Melipona bicolor X Melipona mondury X Melipona sp.1 X Melipona sp.2 X Trigona spinipes X X Tetragonisca angustula X X Plebeia sp. X X Ceratina sp. X X Xylocopa sp. X X Xylocopini Megachilidae Local coleta Apini Melipinini Halictidae Espécie X X Eucerini Sp. X Emphorini Sp. X Augochlorini Neocorynura sp. X Sp. X X Halictini Sp. X X Anthidiini Sp. X X Megachilini Coelioxys sp. X X Megachile sp. X X Fonte: Krug (2008) As pesquisas sobre os insetos ainda são incipientes, existem poucos registros na área de estudo com a composição e distribuição dos grupos na Bacia do Rio dos Queimados ou mesmo a nivel de região, no entanto, é pertinente citar a obra do entomólogo Fritz Plaumann, o qual coletou insetos em toda a região, inclusive 135 comunidades dentro da área de estudo, a partir da década de 20, devendo ser considerada a possibilidade de grande parte das espécies citadas na coleção já estarem extintas. Em 70 anos de trabalho dedicado e apaixonado, esse caçador, colecionador e estudioso de insetos conseguiu classificar um total de 17 mil espécies. Dessas, 1.500 eram desconhecidas da ciência. O trabalho meticuloso desse pesquisador autodidata conquistou o reconhecimento de seus colegas cientistas de todo o mundo, que batizaram 150 das novas espécies descobertas por ele, com o seu nome. A maioria delas são besouros, como o Atenisius plaumanni, o Aleiphaquylon plaumanni e o Ormeta plaumanni. (SANTA CATARINA, 2008). Hoje são 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes, adequadamente preservados em condições ideais de umidade e temperatura, que formam um acervo entomológico (Entomologia é o estudo dos insetos) que não poderá ser igualado, pois mais de 70% das 17 mil espécies catalogadas já não existem mais. O Museu Entomológico Dr. Fritz Plaumann, construído em frente de sua casa pela prefeitura de Seara e pela Fundação Catarinense de Cultura, com o apoio do Banco do Brasil. Hoje, um convênio entre a UFSC e a Prefeitura de Seara (detentora do acervo), administram o museu e garantem a proteção à grande obra de Fritz Plaumann. São gafanhotos, bichos-pau, moscas, vespas, percevejos cigarras, baratas, abelhas, louva-a-deus, besouros, lavadeiras, neurópteros e borboletas diurnas e noturnas com indescritíveis combinações de cores e tons. (SANTA CATARINA, 2008). No caso das borboletas, as musas da coleção, o cientista teve a preocupação de demonstrar a evolução completa do inseto, do estado larval ao adulto. Ele adotou esse mesmo critério em relação às espécies importantes para o estudo de doenças humanas, como o mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue e da febre amarela. (SANTA CATARINA, 2008). Dos exemplares da coleção, a maioria (95%) é da região do Alto Uruguai, que ele começou a explorar assim que se instalou em Nova Teutônia, município de Seara. O começo foi árduo. Tinha de dividir o tempo entre o trabalho duro de amanhar a terra como agricultor, as tarefas de professor (responsável pela alfabetização de várias gerações de habitantes da região) e o estudo de entomologia. Foi também fotógrafo ambulante e comerciante. Em meio a essas atividades, ainda arranjava tempo para enveredar pelas florestas do Alto Uruguai, em busca de insetos. Nessas ocasiões, um cão era o seu único e fiel companheiro. 136 Só na década de 50 ele teve mais tempo e recursos para se dedicar às pesquisas. Nessa época, com um caminhão International ou um jipe importado, rodou pelo Pantanal, pelo oeste e norte paulista e até pelo Rio de Janeiro em busca de novas espécies. (SANTA CATARINA, 2008). 5.8 CONSIDERAÇÕES A acentuada destruição e redução do ecossistema florestal é responsável pela fragmentação das populações de mamíferos, répteis, anfíbios, aves e demais seres do ecossistema. Um dos principais papéis dos mamíferos na bacia, é a interação com a flora, atuando como polinizadores e dispersores de sementes. Muitas espécies de aves atuam como polinizadoras e dispersoras de sementes e controlam populações de insetos. A caça predatória, mesmo ilegal, continua a ser praticada; A maioria das espécies de anfíbios apresenta hábitos alimentares insetívoros, sendo, portanto, vertebrados controladores de pragas. Por serem extremamente suscetíveis às alterações ambientais, principalmente os anfíbios, mas também os répteis vêm sofrendo declínio em suas populações em várias partes do mundo. Os insetos são os organismos de maior ocorrência em ambientes florestais. O número de ordens, famílias e espécies destes, diminui com a elevação do nível de antropização do ambiente. Pode-se dizer que a fauna da sub bacia é rica e diversificada, pois apresenta, segundo a bibliografia, 09 ordens de mamíferos, o mesmo número que o estado de Santa Catarina e 26 famílias, enquanto que o Estado todo apresenta 34 famílias. Tratando-se do número de espécies de mamífero, na ecorregião da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados são 132. Considerando 88 espécies de mamiferos citadas em ambas as bibliografias consultadas (SANTA CATARINA, 2005 e BRASIL, 2006), 35.22% tiveram sua avistagem confirmada por algum método direto de observação. 137 Os gambás são os didelfídeos mais característicos da região. A espécie mais conhecida é o gambá-de-orelha-branca, sendo encontrado em praticamente qualquer ambiente, desde pequenos fragmentos de mata até áreas urbanas. O tamanduá-mirim é o único representante da ordem Xenarthra, com visualização direta e captura na região. O tamanduá-bandeira outro representante desta ordem encontra-se na lista vermelha de animais ameaçados de extinção de Santa Catarina. Segundo pesquisas, na região Oeste de Santa Catarina, os morcegos vampiros caracterizam uma população em níveis acima da média observada em outros locais. No Brasil, estima-se que, a raiva cause um prejuízo em torno de 15 milhões de dólares, por ano, só com as perdas em herbívoros. Quanto aos felinos, pode-se destacar o gato-mourisco e o gato-do-matopequeno, pois se encontra na lista de animais ameaçados de extinção, categoria vulnerável. Contabilizou-se na área de estudo 285 espécies de aves, enquanto no Estado de Santa Catarina existem 596. A família Tinamidae compreende um grupo de aves muito perseguidas por caçadores e ameaçadas pelo emprego indiscriminado de inseticidas, espalhados por toda parte. Também pode ser destacado como espécie perseguida para a caça, o jacu pertence à família dos Gracidae. As curicacas só se estabeleceram na região oeste de Santa Catarina após a derrubada da floresta, há cerca de vinte anos atrás. Algumas espécies de aves são comuns na área de estudo e até abundantes, pois tolerando fortes pressões antrópicas, como áreas urbanas degradadas: queroquero, pombo comum, rola, juriti, alma-de-gato, anu-preto, anu-branco, pica-paus, João-de-barro, bem-te-vi, tesoura, corruíras e sábias. As caturritas podem causar danos às plantações. Os agricultores as consideram aves destrutivas. Encontram-se, principalmente na área represada da bacia do Rio dos Queimados o martim-pescador, além de ter hábitos diurnos e territorialistas é um excelente predador, alimentando-se principalmente de peixes e anfíbios. 138 Os tucanos merecem destaque, alimentam-se de frutos, sementes e insectos. Estas aves são competentes dispersores de sementes e, portanto importantes “plantadores de florestas”. A área de estudo é importante em relação à conservação dos anfíbios, visto que a sub-bacia do Uruguai Alto, tem a maior riqueza de espécies registradas em toda a bacia hidrográfica do Uruguai: 135 espécies, sendo, 49 endêmicas e 19 ameaçadas. Nota-se que o Uruguai Alto apresenta diversidade de espécies de répteis (137), sendo que 57 são endêmicas e 26 ameaçadas. Destacam-se neste grupo as espécies Tupinambis merianae, Chironius bicarinatus, Liophis miliaris, Spilotes pullatus, Hydromedusa tectifera e Phrynops sp, as quais foram contabilizadas por métodos diretos de amostragem. Inseridas no contexto da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados estão relatadas duas pesquisas quanto à fauna de aranhas. Algumas famílias se destacaram em quantidade de indivíduos. Anyphaenidae, Thomisidae, Salticidae, Araneidae, Theridiidae, Gnaphosidae, Amaurobiidae, Linyphidae, Lycosidae, Corinnidae, Mimetidae, Ctenidae, Dictynidae, Oonopidae, Oxyopidae, Pholodromidae, Pisauridae, Sparassidae e Tetragnatidae. Durante pesquisas desenvolvidas no interior do Parque Estadual Fritz Plaumann, inclusive na ilha, contabilizou-se 04 famílias de coleópteros: Scarabaeidae, Nitidulidae, Tenebrionidae e Passalidae. As pesquisas sobre os insetos ainda são incipientes na região, no entanto, é pertinente citar a obra do entomólogo Fritz Plaumann. Em 70 anos de trabalho conseguiu classificar um total de 17 mil espécies. Dessas, 1.500 eram desconhecidas da ciência. Resalta-se que 70% das espécies de insetos catalogadas devam estar extintas e que a maioria das espécies (95%) foi coletada nas florestas do Alto Uruguai. 139 CAPÍTULO VI CARACTERIZAÇÃO DA MATA CILIAR 6.1 INTRODUÇÃO Considerando que a mata ciliar é um ecossistema linear de interface águaterra, com função de formação de habitat, corredores de migração, locais de reprodução, constancia térmica, regulação de fluxo de energia, fornecimento de material orgânico, contenção de ribanceiras, contenção de entradas de sedimentos, sombreamento, regulação da vazão, influência na concentração de elementos químicos, torna-se necessário concentrar esforços para promover ações, objetivando a conservação e a recuperação nos trechos que são considerados conexão entre os fragmentos florestais dos ecossistemas locais. Em uma bacia hidrográfica a cobertura florestal contribui decisivamente para regularizar a vazão dos cursos d’água, aumentar a capacidade de armazenamento nas microbacias, reduzir a erosão, diminuir os impactos das inundações e manter a qualidade da água. Soma-se a esse aspecto, a noção de que o aporte de nutrientes oriundo da cobertura vegetal propicia a manutenção das espécies aquáticas, que compõe os mananciais hídricos. De acordo com Santa Catarina (1986), a área da ecoregião do Uruguai Alto (figura 31, resolução SNRH,n° 32 de 15 de outubro de 2003), originalmente era ocupada em sua maior parte pela Floresta Ombrófila Mista, seguida pela Floresta Estacional Decidual (Mata Caducifólia) e em menor parte pela Savana. A coexistência de floras adversas determina o padrão estrutural e fitofisionômico da Floresta Ombrófila Mista, cujo domínio desce aos 500/600 metros de altitude, conforme a figura 32. Segundo Santa Catarina (2005), o Parque Estadual Fritz Plaumann, o qual encontra-se na Bacia do Rio dos Queimados, está inserido na região de transição entre a Floresta Estacional Decidual e a Floresta Ombrófila Mista, sendo esta última, 140 representada na UC pela ocorrência de esparsos indivíduos remanescentes de pinheiro-brasileiro, Araucaria angustifólia. A área de estudo encontra-se inserida no bioma da Mata Atlântica. Em alguns dos pontos da bacia têm-se altitudes de aproximadamente 800 metros, evidenciando um ambiente de transição entre duas fisionomias florestais: Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual. A vegetação da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados é composta basicamente pelas regiões fitoecológicas: Floresta Ombrófila predominando no Mista terço ou Floresta superior da com bacia Araucária, hidrográfica (aproximadamente 800 metros de altitude, na nascente); Floresta Estacional Decidual, que compreende o terço médio e inferior da bacia hidrográfica; O IBGE em parceria com o MMA elaborou o “Mapa de Biomas do Brasil” (IBGE, 2004a) (figura 33), estudo que tem como base técnico-operacional o “Mapa da Vegetação do Brasil”, onde são classificadas e mapeadas as diferentes tipologias vegetais que os compõe. (IBGE, 2004b). Na conformação dos biomas considerou-se a distribuição contínua das tipologias vegetais dominantes e as variáveis abióticas determinantes de sua ocorrência, resultando no reconhecimento de seis grandes unidades continentais. 141 Figura 31 - Ecorregiões aquáticas brasileiras Fonte: Brasil (2006a). 142 Figura 32 - Fisionomias florestais do Estado de Santa Catarina, divididas por regiões hidrográficas. 143 Figura 33 - Mapa dos biomas brasileiros 144 6.2 BIOMA MATA ATLÂNTICA Bioma é definido como um conjunto de vida (vegetal e animal), constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis regionalmente, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em diversidade biológica própria. (IBGE, 2004a). O bioma consiste na unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo várias comunidades em diferentes estágios de evolução, tendo como elemento de união o tipo de vegetação dominante. (IBGE, 2004a). O bioma da mata atlântica é um complexo ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica leste brasileira. No sudeste e sul do país se expande para oeste, alcançando as fronteiras com o Paraguai e Argentina, avançando também sobre o Planalto Meridional até o Rio Grande do Sul. Abrange litologias do embasamento Pré-Cambriano, sedimentos da bacia do Paraná e sedimentos cenozóicos. Dependente de maior volume e uniformidade de chuvas, esse bioma constitui o grande conjunto florestal extraamazônico, formado por Florestas Ombrófilas (Densa, Aberta e Mista) e Estacionais (Semideciduais e Deciduais). (BRASIL, 2006a). A Floresta Ombrófila Densa constitui o núcleo do bioma e está relacionada ao clima quente e úmido costeiro das regiões sul-sudeste, sem período seco sistemático e com amplitudes térmicas amenizadas por influência marítima.Tais condições, tem como reflexo, a grande riqueza estrutural e florística da vegetação. (BRASIL, 2006a). A floresta Ombrófila Aberta ocorre, principalmente, próximo ao litoral dos estados de Alagoas e Paraíba, associada à bolsões de umidade da costa nordestina, intercalando-se com outros tipos de vegetação, sobretudo a Floresta Ombrófila Densa e a Estacional Semidecidual. (BRASIL, 2006a). A Floresta Ombrófila Mista ocorre em poucas e dispersas formações remanescentes nas Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e no Planalto Meridional. Neste, em desacordo com o clima florestal de altitude, ocorre junto a Floresta Ombrófila Mista áreas disjuntas da Estepe (BRASIL, 2006a). 145 Em relação às Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais, suas formações primárias remanescentes ocupam situações geográficas mais interiorizadas, afastadas ou mais abrigadas da influência estabilizadora marítima, apresentando inserções disjuntas da Estepe e da Savana. (BRASIL, 2006a). Segundo Brasil (2006a), o bioma da Mata atlântica representou outrora um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais Sul-Americanos, somente ultrapassado em extensão pela Floresta Amazônica. Atualmente, é reconhecido como o mais descaracterizado dos biomas brasileiros, onde se iniciou e ocorreram os principais eventos da colonização e ciclos de desenvolvimento do país. Sua área de abrangência, tem hoje, a maior densidade de população e lidera as atividades econômicas do país. Ainda assim, suas reduzidas formações vegetais remanescentes abrigam uma biodiversidade ímpar, assumindo uma importância primordial para o país, além dos inúmeros benefícios ambientais oferecidos. Faz contato com o Bioma Caatinga na faixa semi-árida nordestina, com o Bioma Cerrado por ampla faixa interiorana de clima tropical estacional e com o Bioma Pampa, associado ao clima frio/seco meridional sul-americano. 6.3 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI A Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai está inserida em dois Biomas brasileiros: o Bioma Mata Atlântica e o Bioma Pampa, estendendo-se a partir das nascentes do rio Pelotas, nos contrafortes da Serra Geral, passando pelos campos planálticos (campos de altitude), pela floresta com Araucárias (Floresta Ombrófila Mista), floresta estacional decidual e o pampa (campos da campanha riograndense), até a sua foz no rio da Prata. A região encontra-se intensamente alterada e apenas áreas isoladas ainda conservam a vegetação original, considerando-se todas as tipologias vegetais registradas na bacia. (BRASIL, 2006b). Dentro do contexto sócioambiental atual, os estados sulinos, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, possuem uma grande variabilidade de ecossistemas, abrangendo desde formações pioneiras até áreas florestais – atualmente fragmentadas e em diferentes estados de conservação - sendo que 146 muitos destes ambientes abrigam espécies raras, endêmicas, ameaçadas ou em processo de extinção. (BRASIL, 2006). Em nível de paisagem, quando se consideram as duas grandes formações determinantes da fisionomia vegetal na região da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, percebe-se que, em sua metade setentrional, concentra-se a maior área com ocorrência de florestas nativas, especialmente no estado do Rio Grande do Sul. (BAPTISTA et al. 1992). Adicionalmente, a região do planalto sul-brasileiro, devido à sua ampla extensão territorial, apresenta uma heterogeneidade de ambientes que permite a ocorrência de tipologias vegetacionais diferenciadas, onde se destacam, entre as formações florestais, a Floresta Estacional Decidual e a Floresta Ombrófila Mista (floresta com Araucária). (RADAMBRASIL, 1986). O clima preferencialmente úmido e sombreado (matas) na maior parte da região planáltica meridional favorece o predomínio de espécies de briófitas (musgos e hepáticas) que, como um todo, tende a estar bem representada no Bioma Mata Atlântica na Região Sul. Estima-se que, nas regiões Sul e Sudeste, ocorram cerca de 372 espécies de briófitas, sendo que elas apresentam grande número de espécies endêmicas. (SCHEPHERD, 2003 apud BRASIL, 2006). Da mesma forma, também características de ambientes úmidos, as pteridófitas são bastante diversas e bem concentradas na Região Sul, estimando-se algo em torno de 690 espécies – 420 em Santa Catarina e 270 no Rio Grande do Sul. Destaca-se o xaxim Dicksonia sellowiana como espécie típica da Floresta Ombrófila Mista nestes dois estados. (BRASIL, 2006). Entre os liquens, cabe destacar a Floresta Ombrófila Mista devido à sua grande importância liquenológica, registrando-se a ocorrência de exemplares Usnea sp. Por serem extremamente sensíveis a poluentes atmosféricos, inclusive os acumulando – referências para o gênero Usnea em Carneiro (2004) - os líquens constituem excelentes bioindicadores e biomonitores da qualidade do ar. As gimnospermas estão representadas por 3 gêneros na Região Sul (aproximadamente 25% das espécies conhecidas no Brasil), sendo dois deles registrados em formações florestais do Bioma Mata Atlântica: Podocarpus sp. e Araucaria angustifólia. (SCHEPHERD, 2003 apud BRASIL, 2006). 147 Segundo Coelho (2000), no que se refere à flora, o estado do Rio Grande do Sul - que ocupa a maior parte da bacia - é privilegiado em fitodiversidade em razão dos vários ecossistemas existentes sobre seu território, com um número de espécies em torno de 600, considerando-se somente os representantes de hábito arbóreo, e um total de 3 a 4 mil espécies de plantas nativas. Nessa região hidrográfica estão integralmente incluídas as ecorregiões aquáticas Alto Uruguai e Baixo Uruguai. 6.4 ECORREGIÃO DO ALTO URUGUAI As ecorregiões podem ser definidas como áreas espaciais finitas, menores que os biomas, onde condições ambientais ou assembléias de espécies são presumivelmente homogêneas quando comparadas à heterogeneidade observada em áreas mais amplas. As ecorregiões são unidades de escala mais detalhadas, que buscam, sobretudo capturar as interações ecológicas que são determinantes para a viabilidade das comunidades em longo prazo. (OLSON et al., 2001). A abordagem ecorregional consiste num sistema de classificação, regionalização e mapeamento, que estratifica progressivamente a superfície terrestre em áreas menores e de homogeneidade maior. Os tipos ecológicos são classificados e as unidades ecológicas mapeadas com base nas associações dos fatores bióticos e ambientais que regulam a estrutura e funções dos ecossistemas. O Planejamento ecorregional é aplicado tanto para sistemas terrestres, quanto para aquáticos ou marinhos, constituindo importante ferramenta para a gestão integrada de ecossistemas. (BAILEY, 1986 apud BRASIL, 2006b). A delimitação das ecorregiões aquáticas é primariamente estabelecida por meio do agrupamento de grandes redes de drenagem com base na zoogeografia de espécies obrigatoriamente aquáticas. (HIGGINS et al., 2005 apud BRASIL, 2006b). Estudos baseados na abordagem ecorregional constituem importante subsídio à discussão de estratégias para o uso sustentável dos recursos naturais, pois as ecorregiões correspondem aos principais processos ecológicos e evolucionários que criam e mantém a biodiversidade, abrangendo grupos lógicos de 148 comunidades naturais biogeograficamente relacionadas, possibilitando análises de representatividade que visam garantir que todos os habitas e suas espécies sejam respeitados a luz dos demais usos inerentes na respectiva região. (ABELL, 2002 apud BRASIL, 2006b). O conhecimento das diferentes interações entre terra e água, variações regionais nos padrões de qualidade da água, padrões biogeográficos distintos, similaridades e diferenças entre ecossistemas nas diferentes ecorregiões, tornam a abordagem ecoregional uma importante ferramenta para a organização e análise de informações, racionalizando os custos necessários ao efetivo monitoramento ambiental. (USGS, 2005 apud BRASIL, 2006b). Com base nos dados obtido na bibliografia consultada para a elaboração desta caracterização, destacam-se as principais espécies ocorrentes na ecorregião do Uruguai Alto, a qual a área de estudo pertence (tabela 21). Tabela 22- Principais espécies arbóreas observadas na ecorregião do Uruguai Alto. Espécie Popular Família Hábito Ocorrência Acacia bonariensis Unha-de-gato Fabaceae Arv FOM/FS Aechmea recurvata Bromélia Bromeliaceae ErvR, ErvE Allophylus edulis Chal-chal Sapindaceae Arv FOM/FED/FS Allophylus guaraniticus Vacum Sapindaceae Arv FOM/FED/FS Allophylus puberulus Vacum Sapindaceae Arv - Apuleia leiocarpa Grápia Fabaceae Arv FOM/FED VU** Araucaria angustifolia Pinheiro-brasileiro Araucariaceae Avr FOM/FS VU*/** Aspidosperma parvifolium Guatambu Apocynaceae Avr - - Astronium balansae Pau-ferro Anacardiaceae Avr FS EP** Ateleia glazioviana Timbó Fabaceae Arv - - Baccharis dracunculifolia Alecrim do campo Asteraceae Arb FED/FS - Baccharis guadichaudiana Carqueja Asteraceae ErvT - - Baccharis punctulata Vassoura Asteraceae Arb - - Baccharis semiserrata Vassoura Asteraceae Arb FOM/FED - Baccharis trimera Carqueja Asteraceae ErvT - - Baccharis unicella Carqueja Asteraceae ErvT - - Balfourodendron riedelianum Guatambú Rutaceae Arv - - Banara parviflora Guaçatunga-preta Flacourtiaceae Arv - - Bauhinia fortificata Pata-de-vaca Fabaceae Avr - - - Situação EP ou VU (1)** VU** 149 Espécie Popular Família Hábito Ocorrência Situação Bauhinia sp. Pata-de-vaca- pilosa Fabaceae Avr - - Butia eriospatha Butiá Arecaceae Pal - EP** Calliandra foliolosa Quebra-foice Fabaceae Arb - - Calyptranthes concinna Guamirimde-facho Myrtaceae Arv - - Campomanesia guazumifolia Sete-capotes Myrtaceae Arv FOM - Campomanesia xanthocarpa- Guabiroba Myrtaceae Arv - - Capsicodendron dinissi Pimenteira-arbórea Canellaceae Arv - - Casearia decandra Guaçatunga Flacourtiaceae Arv FOM - Casearia sylvestris Chá-de-bugre Flacourtiaceae Arv FED/FS - Cedrela fissilis Cedro Meliaceae Arv FS - Chorisia speciosa Paineira Bombacaceae Arv - - Chusquea sp. Taquara Poaceae Bam FOM - Cinnamomum amoenum Canela Lauraceae Arv - - Clethra scabra Caujuja Clethraceae Avr - EP** Cupania vernalis Camboatá-vermelho Sapindaceae Arv FOM/FED/FS - Dalbergia frutescens Rabo-de-bugio Fabaceae Arv - - Diatenopteryx sorbifolia Maria-preta Sapindaceae Arv - - Dicksonia sellowiana Xaxim Dicksoniaceae Arbs FOM EP* VU** Dyckia cabrerae Gravatá Bromeliaceae ErvT - EP* Eryngiun horridum Caraguatá Apiaceae ErvT - - Eugenia hyemalis Guamirim-folhamiúda Myrtaceae Arv FS - Eugenia involucrata Cerejeira-do-mato Myrtaceae Arv FS - Eugenia uniflora Pitangueira Myrtaceae Arv FOM/FED/FS - Eupatorium serratum Vassourinha Asteraceae Arb FOM/FS - Eupatorium sp. Vassourinha Asteraceae Arb - - Gymnanthes concolor Laranjeira-do-mato Euphorbiaceae Arv FOM/FED/FS - Helietta apiculata Canela-de-veado Rutaceae Arv FED/FS - Holocalyx balansae Alecrim Fabaceae Avr - - Hovenia dulcis Uva-do-japão Rhamnaceae Arv - - Ilex brevicuspis Caúna-da-serra Aquifoliaceae Avr FOM - Ilex paraguariensis Erva-mate Aquifoliaceae Avr - - Inga marginata Ingá-feijão Fabaceae Arv FED - Inga vera Ingá-banana Fabaceae Arv - - Justicia brasiliana Justicia Acanthaceae Avr FED - Lamanonia speciosa Guaperê Cunoniaceae Arv - - Lithraea brasiliensis Aroeira-bugre Anacardiaceae Avr FOM/FS - Lonchocarpus campestris Pau-canzil Fabaceae Arv FED - Lonchocarpus nitidus Farinha-seca Fabaceae Arv FOM/FS - ou 150 Espécie Popular Família Hábito Ocorrência Situação Luehea divaricata Açoita-cavalo Tiliaceae Arv FOM/FED - Machaerium paraguariense Canela-do-brejo Fabaceae Arv FOM/FED - Machaerium stipitatum Canela-do-brejo Fabaceae Arv FED Matayba elaeagnoides Camboatá-branco Sapindaceae Arv FOM/FED/FS - Microgramma squamulosa Cipó-cabeludo Polypodiaceae ErvE - - Miltônia flavescens Orquídea Orchidaceae ErvE - EP** Miltonia segnelli Orquídea Orchidaceae ErvE - EP** Mimosa scabrella Bracatinga Fabaceae Arv - - Morus nigra Amoreira-vermelha Moraceae Arb - - Myrceugenia cucullata Guamirim-quebradiço Myrtaceae Arv FOM - Myrceugenia glaucescens Conserva-branca Myrtaceae Arv - - Myrcia bombycina Guamirim-do-campo Myrtaceae Arv FOM/FS - Myrcianthes pungens Guabijú Myrtaceae Arv FED - Myrocarpus frondosus Cabriúva Fabaceae Arv FOM/FS VU** Myrsine coriacea Capororoquinha Myrsinaceae Arv - - Myrsine umbellata Capororocão Myrsinaceae Arv FED - Nectandra lanceolata Canela-amarela Lauraceae Arv FOM/FED - Nectandra megapotamica Canela-preta Lauraceae Arv FOM/FED/FS - Ocotea diospyrifolia Canela-louro Lauraceae Arv - - Ocotea odorifera Sassafrás Lauraceae Arv - EP*/** Ocotea porosa Canela Lauraceae Arv - VU*/** Ocotea puberula Canela-guaicá Lauraceae Arv FOM/FED - Ocotea pulchella Canela-lageana Lauraceae Arv FOM/FED - Parapiptadenia rigida Angico-vermelho Fabaceae Arv FOM/FED/FS - Patagonula americana Guajuvira Boraginaceae Avr FED/FS - Peltophorum dubium Canafístula Fabaceae Arv - - Phytolacca dioica Umbu Phytolaccaceae Arv FED - Pilocarpus pennatifolius Cutia Rutaceae Arv - - Podocarpus lambertii Pinheiro-bravo Podocarpaceae Arv FS CP** Podocarpus sellowii Pinheiro-bravo Podocarpaceae Arv - CP** Prunus selowii Pessegueiro-Bravo Rosaceae Arv - - Pteridium aquilinum Samambaia Polipodiaceae ErvT - - Quillaja brasiliensis Pau-sabão Rosaceae Arv FS - Rollinia rugulosa Araticum-quaresma Annonaceae Avr FOM - Ruprechtia laxiflora Marmeleiro-do-mato Polygonaceae Arv FS - Schinus lentiscifolius Aroeira-cinzenta Anacardiaceae Avr FS - Schinus terebinthifolius Aroeira-vermelha Anacardiaceae Avr FOM - Sebastiania brasiliensis Branquilho-leiteiro Euphorbiaceae Arv FOM/FED/FS - Sebastiania commersoniana Branquilho-comum Euphorbiaceae Arv FOM/FED/FS - 151 Espécie Popular Família Hábito Ocorrência Situação Sinningia lineata Rainha do abismo Gesneriaceae ErvR - EP** Sorocea bonplandii Cincho Moraceae Arv FED - Strychnos brasiliensis Anzol-de-lontra Loganiaceae Arv - - Styrax leprosus Carne-de-vaca Styracaceae Arv FS - Symphyopappus sp. Vassoura Asteraceae Arb - - Symplocos uniflora Sete-sangrias Symplocaceae Arv - - Tecoma stans Caroba-louca Bignoniaceae Avr - - Tillandsia geminifolia Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Tillandsia stricta Bromélia Bromeliaceae ErvE - - Tillandsia tenuifolia Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Tillandsia usneoides Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Trichilia catigua Catiguá-verdadeiro Meliaceae Arv - - Trichilia elegans Catiguá-de-ervilha Meliaceae Arv FOM/FED/FS - Trithrinax brasiliensis Buriti Arecaceae Pal - EP** Tarumã Verbenaceae Arv FS - Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Vriesea reitzii Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Vriesea rodigasiana Bromélia Bromeliaceae ErvE - EP** Warmingia eugenii Orquídea Orchidaceae ErvE - - Xylosma ciliatifolium Espinho-de-agulha Flacourtiaceae Arv - Zanthoxylum rhoifolium Mamica-de-cadela Rutaceae Arv FOM/FED Vitex egapotamica Vriesea Platynema - Hábito = Hábito predominante. Arv (árvore); Arb (arbusto); Arbs (arborescente); ErvT (erva terrícola); ErvE (erva epífita); ErvR (erva rupícola); Lia (liana – trepadeira lenhosa); Bam (bambu lenhoso); Pal (palmeira). (1) Depende da variedade. Ocorrência = ocorrência das espécies lenhosas foi classificada em acordo com dados do Inventário Florestal Contínuo do Estado do Rio Grande do Sul (SEMA/UFSM, 2001) em FOM = Floresta Ombrófila Mista FED = Floresta Estacional Decidual e FS = Fisionomia Savânica (Savana, Savana Estépica e Estepe, segundo IBGE, 2004). Situação = Categoria de ameaça de acordo com: * Portaria 37N/1992 IBAMA e ** Decreto Estadual do Rio Grande do Sul Nº 42.099/2002 (EP = Em perigo. VU = Vulnerável. CP= Criticamente em perigo. IC= Imune ao corte segundo Lei Estadual/RS 9.519/1992). Obs.: Para as espécies lenhosas (árvores, arbustos e lianas), a lista foi elaborada a partir de uma compilação de dados do IFC/RS (SEMA/UFSM, 2001), ou seja, através de dados quali-quantitativos referentes aos principais taxons inventariados em cada sub-bacia; para as demais formas de vida (ervas terrícolas, epífitas e rupícolas), a listagem foi elaborada a partir de fontes qualitativas, empregando-se apenas o registro/ocorrência das principais espécies em cada região, após consulta em estudos específicos (referidos ao longo da caracterização). Fonte: Brasil (2006). No que se refere à quantificação da cobertura vegetal florestal na sub-bacia do Uruguai alto, a Floresta Estacional Decidual ocupa aproximadamente 213.221,52ha e a Floresta Ombrófila Mista 1.313.248,59ha 152 6.5 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA Os solos, em geral, em Santa Catarina, são oriundos, da decomposição das rochas do trap (diabásio e meláfiro) e menos freqüentemente de outras formações geológicas e em geral menos ácidos do que os ocupados pelos campos. (KLEIN, 1984). A Floresta Ombrófila Mista (floresta com pinheiros), se estende, principalmente, pela parte leste e central do Planalto Meridional Sul-brasileiro, dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, formada por duas floras que aí se encontram: a tropical Amazônica e a temperada Australásica. Apresenta estratificação própria, sendo o estrato superior exclusivamente formado pelo pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), imprimindo assim, à floresta uma característica peculiar, face ao extraordinário gregarismo, que por vezes se verifica. (KLEIN, 1984). A densidade dos pinheiros varia consideravelmente nas diferentes áreas, chegando por vezes a mais de 200 árvores adultas por hectare, em determinadas áreas. Sob a copa dos pinheiros se encontra uma cobertura geralmente bastante densa, formada, principalmente, pelas representantes das Lauráceas dos gêneros Ocotea, Nectandra e Cryptocarya, além de outras latifoliadas de menor expressão fitofisionômica e, sobretudo, econômica. (KLEIN, 1984). O estrato das arvoretas é visivelmente caracterizado pelas Áqüifoliáceas, predominando muitas vezes: a erva-mate (Ilex paraguariensis). Outras espécies muito comuns são a caúna (Ilex brevicuspis), a guaçatunga (Casearia decandra), o vacunzeiro (Allophylus edulis) e o vacunzeiro miúdo (Allophylus guaraniticus). (KLEIN, 1984). Nos ambientes ainda preservados é possível observar a imponente araucária sobre a copagem de outras espécies, onde se destacam principalmente as canelas (canela-lajeana: Ocotea pulchella, canela-amarela: Nectandra lanceolata, canelaguaicá: Ocotea puberula, canela-fedida: Nectandra grandiflora, canela-fogo: Cryptocarya aschersoniana) e, em particular, a imbuia (Ocotea porosa), ao lado dos camboatás (Matayba elaeagnoides), da sapopema (Sloanea lasiocoma), da erva- 153 mate (Ilex paraguariensis), da bracatinga (Mimosa scabrela) e tantas outras arbóreas, arbustivas e herbáceas típicas do planalto. (KLEIN, 1984). Durante a elaboração do Plano de Gerenciamento dos programas ambientais apresentados no Estudo Ambiental Simplificado (EAS), do Loteamento Mores, a ser implantado na Rua Tancredo de Almeida Neves, 2885 no Bairro São Cristóvão no município de Concórdia/SC, os técnicos responsáveis identificaram que, o local apresenta remanescentes de floresta ombrófila mista, confirmando que a região da nascente do Rio dos Queimados apresenta uma tipologia florestal que difere das demais áreas da bacia. 6.6 FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL Os ambientes típicos da área de estudo são freqüentemente marcados por forte dissecação do relevo, vales encaixados e pendentes íngremes. Esses e outros gradientes ecológicos permitem o desenvolvimento de uma flora típica e de uma floresta particularmente interessante pelo seu dinâmico aspecto fitofisionômico. A dinamicidade é refletida magnificamente no estrato superior da floresta que, anualmente, no inverno, perde suas folhas, recuperando-as na primavera e permanecendo verdes durante o verão e o outono. (KLEIN, 1988). O conceito desta Região Ecológica, é semelhante ao da região da Floresta Estacional Semidecidual variando apenas a percentagem da decidualidade foliar dos indivíduos dominantes que passa a ser de 50% ou mais. (KLEIN, 1988). O agrupamento abrange em Santa Catarina apenas a formação Submontana, situada ao longo do Rio Uruguai e seus afluentes, entre as altitudes de 200 a 500 m. (KLEIN, 1988). No Sul do Brasil se encontram duas áreas principais de Floresta Estacional Decidual Submontana, a saber: uma na Bacia do Alto Uruguai e outra na Bacia Média e Inferior do Jacuí. (KLEIN, 1988). A vegetação original da Floresta Estacional Decidual era representada por espécies arbóreas de grande porte, atingindo de 30 a 40 metros de altura, dando à floresta um cunho imponente, sem, contudo formarem uma cobertura superior 154 contínua. Os troncos destas árvores são grossos de fuste longo e sem esgalhamento, de modo geral mais largo do que o apresentado pelas árvores da Floresta Atlântica imprimindo assim, um perfil próprio e muito característico. De composição consideravelmente mais homogênea do que a Floresta Atlântica, seus agrupamentos são caracterizados fitofisionomicamente por um número relativamente reduzido de árvores dominantes do estrato superior, que se tornam responsáveis por largas áreas de aspecto fitofisionômico bastante homogêneo. Quanto à estrutura podem ser distinguidos, com relativa facilidade, três estratos arbóreos além de um estrato arbustivo, bem como o herbáceo. Os três estratos arbóreos são: o estrato das árvores altas ou emergentes do estrato superior (30 – 40 metros de altura); o estrato das árvores (comumente entre 20 – 25 metros de altura) e estrato das arvoretas (comumente entre 6 – 15 metros de altura). (KLEIN, 1972). Esta formação florestal é constituída por um número relativamente pequeno de espécies arbóreas, apresentando um aspecto fitofisionômico bastante homogêneo, realçando ainda a acentuada predominância de poucas espécies no estrato emergente. (PERIN, 2008). A área da Bacia do Alto Uruguai se caracteriza pela acentuada predominância da grápia (Apuleia leiocarpa) no estrato emergente; como subdominante observa-se geralmente a Parapitadenia rigida que, não raro, nas altitudes maiores, (400-600 metros), pode se tornar a dominante. (PERIN, 2008). Como espécies freqüentes deciduais do estrato emergente, aparecem no Alto Uruguai: a canafístula (Peltophorum dubium), a timbaúva (Enterolobium contortisiliquum), a maria-preta (Diatenopterix sorbifolia) e a cabreúva (Myrocarpus frondosus), além de outras menos freqüentes. (PERIN, 2008). No estrato arbóreo contínuo predominam as espécies perenefoliadas e onde as Lauráceas desempenham papel muito importante. Em toda a Bacia do Alto Uruguai domina neste estrato a Canelinha (Nectandra megapotamica), apresentando vasta e expressiva dispersão. Além desta Laurácea, temos ainda as seguintes, que também são bastante expressivas: a canela-amarela (Nectandra lanceolata), canela-sassafrás (ocotea odorífera) e a canela (Ocotea acutifolia). (PERIN, 2008). Neste estrato ocorrem também algumas espécies deciduais, dentre as quais sobressai pela sua abundância e frequência a guajuvira (Patagonula americana), que, 155 não raro, domina no fundo dos vales e no início das encostas; Cedrela fissilis é outra espécie bastante característica neste estrato, apresentando bastante regular distribuição pela floresta, bem como o louro-pardo (Cordia trichotoma), com distribuição bastante regular e expressiva, por toda a região. (PERIN, 2008). O estrato das arvoretas é bastante homogêneo, em virtude do alto gregarismo das principais espécies constituintes deste estrato. Predominam quase sempre: a laranjeira-do-mato (Actinostemon concolor), o cincho (Sorocea bonplandii), o catiguá (Trichilia claussenii) e o chal-chal (Allophylus edulis), formando um estrato muito denso e característico pelo elevado número de indivíduos componentes. (PERIN, 2008). A Floresta Decidual apresenta também grande número de espécies perenifoliadas, porém de baixa representatividade fisionômica. Deste grupo fazem parte o pau-marfim, as canelas, os camboatás, o tanheiro, etc. que, junto com as espécies arbustivas e herbáceas, dão conteúdo interior à floresta. A maior parte da área originalmente ocupada com estas formações encontra-se descaracterizada devido aos desmatamentos efetuados desde o início da colonização do Oeste de Santa Catarina, todo restante da área encontra-se sob agricultura com culturas cíclicas. (KLEIN, 1988). Epe (2006), destaca que no contexto sócioambiental atual, os estados sulinos, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, possuem uma grande variabilidade de ecossistemas, abrangendo desde formações pioneiras até áreas florestais – atualmente fragmentadas e em diferentes estados de conservação sendo que muitos destes ambientes abrigam espécies raras, endêmicas, ameaçadas ou em processo de extinção. Com base em MPB/saneamento (2008), elaborou-se a tabela 22, contendo a área total e a área de mata densa das sub-bacias que se localizam na área urbana e as da área rural próximas a nascente. 156 Tabela 23- Sub-bacias urbanas do Rio dos Queimados com suas áreas de mata densa Sub-bacias do Queimados Rio Edificações Lotes ou Área de vegetação mata rasteira. densa Sub-bacia do Lajeado dos 1,33 km² Tapajós 1 km² 0,2 km² 0,03 Km² Sub-bacia do Lajeado Tigre 2,08 km² Velho 1,78 km² 0.10 0,2 km² Sub-Bacia do Lajeado do 1.44 km² Sabão 1,24 km² - 0,2 km² Sub-bacia do Lajeado do 0,88 km² Fabrício 0,55 km² - 0,23 km² Sub-bacia do Lajeado do 0,61 km² Parizotto 0,14 km² 0.40 0,07 km² Sub-bacia do Exposições 0,12 km² 0,97 km² 0,35 km² Sub-bacia da Nascente do 8,38 km² rio dos Queimados 1,3 6,88 km² 1,3 km² Sub-bacia do Lajeado do 2,27 km² Abraão - 2.04 0,23 km² Sub-bacia do Lajeado do 3,43 km² Claudino 0,3 km² 2,67 km² 0,26 km² Sub-bacia do Lajeado do 4,00 km² Curtume 0,74 km² 2,66 km² 0,6 km². Sub-bacia do Lajeado da 2,26 km² Sadia 0,68 km² - 0,42 km² Sub-bacia do Lajeado do 2,23 km² Salvador 0,5 km² 1.26 0,47 Km² Total de sub-bacias: 09 8.35 km² 17.18 km² 4.36 Km² Parque dos Área total de 1,44 km² 30.35 km² De acordo com a tabela 22, pode-se perceber que de uma área de 30.35 km² amostrados, ou seja, 33.64%, apenas 14.16% do território da bacia do Rio dos Queimados encontram-se coberto com Mata densa (4.36 km²), 27.51% encontramse ocupado com edificações (8.35 km²) e 56.60 % é ocupado por lotes, vegetação rasteira ou pastagens (17.18 km²). O município de Concórdia possui uma população urbana de 50.693 habitantes, se dividir-mos a área de remanescentes pela população urbana tem-se um índice de 86.00 m² de mata por habitante. Um índice 157 (discute-se se este foi estabelecido pela ONU, ou não) sugere 12 metros quadrados de área verde por habitante para que haja equilíbrio entre a quantidade de oxigênio e gás carbônico. Se incluirmos todas as atividades antrópicas com combustão (indústria, tráfego, atividades domésticas) este índice se eleva para 75 metros quadrados por habitante. Em trabalho realizado com espécies frutíferas do Parque Estadual Fritz Plaumann - Concórdia, SC, Kerber et al (2006), foram encontrados 35 espécies, pertencentes à 20 famílias, grande parte dessas espécies são características e preferentes de formações secundárias. Das espécies coletadas, somente a uva-doJapão (hovenia dulcis) é exótica. A família que apresentou a maior diversidade foi a Fabaceae, com 9 espécies, seguida pela Lauraceae com 5 e por Meliaceae, Moraceae e Rutaceae com 2 espécies cada. Dentre as espécies encontradas estão: Erva-mate (Ilex paraguariensis), Aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia), Uva-doJapão (Hovenia dulcis), Grápia (Apuleia leiocarpa), Ingá-feijão (Inga marginata), Cabreúva (Myrocarpus frondosus), Corticeira-da-serra (Erythrina falcata), Rabo-debugiu (Lonchocarpus campestris), Pata-de-vaca (Bauhinia forficata), Canafístula (Peltophorum dubium), Angico-vermelho (Parapiptadenia rígida), Angico-branco (Albizia polycephala), Cedro (Cedrela fissilis), Canjerana (Cabrelea canjerana), Coqueiro-gerivá (Syagrus romanzoffiana), Guajuvira (Patagonula americana), Cháde-bugre (Casearia sylvestris), Cincho (Soroceae bonplandii), Figueira (Ficus enormis), Açoita-cavalo (Luehea divaricata), Mamica-de-cadela (Zanthoxylum rhoifolium), Jaborandi (Pilocarpus pinnatifolius), Fumo-bravo (Solanum erianthum), Mamona (Ricinus communis), Pessegueiro-bravo (Prunus sellowii), Capororoca (Myrsine umbellata), Carapicho-de-carneiro (Arctium minus), Canela-amarela (Nectandra lanceolata), Canela-imbuia (Ocotea porosa), Canela-cheirosa (Endlicheria paniculata), Canela-sêbo (Ocotea puberula), Canela-sassafráz (Ocotea pretiosa), Camboatá-branco (Matayba elaeagnoides), Grandiúva (Trema micrantha), Pente-de-macaco (Pithecoctenium sp.). 6.7 MATA CILIAR A expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea vinculada à beira de rios. Fitoecologicamente, trata-se da vegetação florestal às 158 margens de cursos d´água, independentemente de sua área ou região de ocorrência e de sua composição florística. Nesse sentido, a abrangência do conceito de matas ciliares é quase total, para o território brasileiro, pois ocorrem de uma forma ou outra em todos os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do país. (RODRIGUES et al., 2004). As matas ciliares encontram-se inseridas, indistintamente, dentro de das formações florestais registrados na Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai. São formações situadas ao longo dos cursos de água e no entorno das nascentes podendo estender-se por dezenas de metros a partir de suas margens e apresentar variações em sua composição florística e estrutura comunitária de acordo com as interações que se estabelecem entre o ecossistema aquático e o terrestre adjacente. (RODRIGUES, 2000), Estas formações são de fundamental importância na proteção ambiental das encostas, proporcionando, entre outros parâmetros (VALCARCEL, 1985 apud JESUS, 1992): melhoria das propriedades físico-hidrológicas dos solos no que se refere a estruturação, infiltração e percolação; a regularização do regime hídrico das bacias hidrográficas, através da perenização dos cursos d'água e das nascentes, controle de enchentes, recarga do lençol freático e melhor administração do recurso água nas bacias; estabilização e minimização do processo erosivo dos solos e assoreamento dos rios e represas. As formações florestais ciliares são incontestavelmente essenciais para a sobrevivência da fauna regional, representando para ela, local de refúgio, água (também como local de nidificação, entre outros) e alimento, além de serem fontes de água potável e também de produção de energia. Principalmente quando localizadas em áreas agrícolas bastante desenvolvidas, desempenham funções vitais na qualidade da água dos mananciais, pois absorvem e filtram a água das chuvas contaminadas com resíduos de fertilizantes e agrotóxicos que escorrem sobre o solo, evitando a contaminação das nascentes e aumentando o suprimento de água despoluída aos aqüíferos subterrâneos. (BRASIL, 2006). 159 Existe uma interação funcional permanente entre a vegetação ciliar, os processos geomórficos e hidrológicos dos corpos d’água e a biota aquática. Ela decorre, em primeiro lugar, em função do papel desempenhado pelas raízes na estabilização das margens. A rugosidade destas margens e a queda de galhos e troncos (resíduos grosseiros) favorecem o processo de retenção de nutrientes por obstruírem o fluxo d'água, criando zonas de turbulência e zonas de velocidade diminuída. Este fenômeno auxilia no processo de deposição diferencial de partículas e sedimentos, favoráveis para alguns organismos aquáticos e para a ictiofauna local. (FERRAZ, 2001 apud BRASIL, 2006). Um outro aspecto desta interação, resulta da atenuação da radiação solar proporcionada pela mata ciliar, auxiliando na manutenção do equilíbrio térmico da água e influenciando positivamente a produção primária deste ecossistema. (BARBOSA, 2000 apud BRASIL, 2006). Do ponto de vista ecológico, as matas ciliares têm sido consideradas como corredores biológicos extremamente importantes para o movimento da fauna ao longo da paisagem, assim como para a dispersão vegetal, facilitando o fluxo gênico e a colonização de novos habitats. (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Elas são responsáveis, desta forma, pela manutenção de uma abundante fauna específica. Esta função ecológica já é, sem dúvida, razão suficiente para justificar a necessidade da conservação das zonas ripárias. Os valores das matas ciliares do ponto de vista do interesse de diferentes setores de uso da terra são bastante conflitantes: para o pecuarista, representam obstáculos ao livre acesso do gado à água; para o produtor florestal, representam sítios bastante produtivos, onde crescem árvores de alto valor comercial; em regiões de topografia acidentada, proporcionam as únicas alternativas para o traçado de estradas; para o abastecimento de água ou para a geração de energia, representam excelentes locais de armazenamento de água visando garantia de suprimento contínuo. (BREN, 1993). A destruição da mata ciliar pode, a médio e longo prazo, pela degradação da zona ripária, diminuir a capacidade de armazenamento de água da microbacia e consequentemente a vazão diminuir na estação seca. (LIMA & ZAKIA, 2000). Sob a ótica da hidrologia florestal, considerando a integridade da microbacia hidrográfica, as matas ciliares ocupam as áreas mais dinâmicas da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e geomorfológicos. Estas áreas têm sido 160 chamadas de Zonas Ripárias. Tal zona está intimamente ligada ao curso d´água, porém não é facilmente demarcada, pois, em tese os limites laterais estendem-se até o alcance das planícies de inundação, mas como processos físicos moldam frequentemente os leitos dos cursos d´água, que vão desde intervalos de recorrência curtos de cheias anuais, até fenômenos de enchentes intensas, impõemse a necessidade de considerar um padrão temporal de variação da zona ripária. (BREN, 1993). Do ponto de vista ecológico, as zonas ripárias são consideradas corredores extremamente importantes para o movimento da fauna ao longo da paisagem, bem como para a dispersão vegetal. Além das espécies tipicamente ripárias, nelas ocorrem também espécies típicas de terra firme, desta forma são também consideradas como fontes importantes de sementes para o processo de regeneração natural. (RODRIGUES, et al. 2004). No Brasil o Código Florestal (Lei n° 4.777/65) inclui as matas ciliares na categoria de áreas de preservação permanente. Assim, toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser preservada. (IBAMA, 2008). Entre os ecossistemas terrestres representativos da bacia hidrográfica situase o Parque Estadual Fritz Plaumann, originalmente recoberto pela Floresta Estacional Decidual e onde ocorrem cerca de 400 espécies nativas, dentre as quais 21 características de matas ciliares, 124 de bordas das matas e 255 de seu interior. Quanto ao hábito, estima-se que, cerca delas 80% sejam lenhosas, destacando-se arbustos, árvores e espécies trepadeiras. Nas encostas mais íngremes existentes ao longo da calha do Rio Pelotas e do Rio Uruguai, observam-se também, formações melhor preservadas desta tipologia florestal. Para o mapeamento da classe “Mata Ciliar”, seria necessário delimitar a faixa existente em cada corpo de água (zona ciliar) e, posteriormente, a região ocupada pela vegetação florestal dentro dela. Assim, são imprescindíveis a definição do tamanho da planície de inundação do corpo hídrico e de sua interação com as diferentes tipologias registradas na região ciliar, uma vez que foram identificados, segundo a literatura especializada (RODRIGUES e LEITÃO-FILHO, 2000), “diferentes níveis hierárquicos na classificação destas formações, definindo subformações ou sub-tipos deste tipo vegetacional”, conforme segue: 161 formação ribeirinha com influência fluvial permanente; formação ribeirinha com influência fluvial sazonal e formação ribeirinha sem influência fluvial. Nesta abordagem, existe a necessidade de um extenso e detalhado esforço de amostragem em todos os cursos de água da bacia, com o objetivo de identificar, em cada um deles, quais as sub-formações de mata ciliar registrados, e qual o seu limite. Esta classificação demandaria um esforço de campo ao longo do tempo, com características similares a estudos de monitoramento (não compatível com os objetivos e métodos do presente trabalho), envolvendo investigações sazonais com equipe multidisciplinar (avaliação do recurso hídrico e da flora característica destas tipologias), não sendo abrangente o mapeamento da classe “Mata Ciliar” de outra forma. Quanto à delimitação da faixa ciliar a partir da Área de Preservação Permanente (APP), esta é uma definição legal que procura manter a cobertura vegetal mínima, necessária para a proteção do recurso hídrico, e que, sob esta abordagem, em alguns corpos de água, pode também não incluir todas subformações de mata ciliar existentes. Tratando-se da mata ciliar do Rio dos Queimados praticamente não existem publicações sobre as espécies características, utilizou-se, então, dois trabalhos que foram feitos no Rio Jacutinga, levando em consideração que estão dentro da mesma Ecorregião. Um dos trabalhos refere-se a um estudo fitossociológico de um fragmento da mata ciliar do Rio Jacutinga, localizado na comunidade de Lajeado Crescêncio, Concórdia – Santa Catarina, região de floresta estacional decidual (coordenadas 27° 13´50´´ S e 52º 01´ 00´´ W a uma altitude aproximada de 740 metros), o qual teve o intuito de descrever a estrutura dos componentes arbóreos. Demarcou-se 30 parcelas de 5x5, distribuídas em 10 transectos, ocupando uma área de 750 m2, onde foram identificados e medidos todos os indivíduos com perímetro a altura do peito, PAP≥15cm (1,3 m do solo). Foram amostrados 116 indivíduos distribuídos em 22 espécies, 14 famílias e 19 gêneros (tabela 23). As famílias com maior riqueza foram as Myrtaceae, Fabaceae, Lauraceae e Boraginaceae. Das espécies com maior Índice de Valor de Importância (IVI) destacaram-se Myrocapus frondosus (cabriúva) 162 com 14,78%, a Patagonula americana (guajuvira) com 13,96%, o Casearia sylvestris (chá-de-bugre) com 13,87% e a Rollinia sylvatica (araticum) com 10,66%. (SCHIAVINI, 2004). De acordo com Klein (1972) e Rambo (1980) a riqueza encontrada nas matas estacionais das bacias dos Rios Paraná e Uruguai, variam de 130 a 140 espécies. Tabela 24- Espécies amostradas em um fragmento da mata ciliar do Rio Jacutinga em Concórdia – SC. Nome Científico Nome Comum Família Nº de indívidos Myrocarpus frondosus Cabreúva Fabaceae 17 Casearia sylvestris Chá-de-bugre Flacourtiaceae 16 Patagonula americana Guajuvira Boraginaceae 16 Rollinia sylvatica Araticum Annonaceae 12 Ocotea puberula Canela-guaicá Lauraceae 10 Parapiptadenia rigida Angicovermelho Fabaceae 8 Rapanea guianensis Capororoca Myrsinaceae 8 Psidium guajava Goiaba Myrtaceae 6 Sebastiania commersoniana Branquilho Euphorbiaceae 4 Campomanesia guazumaefolia Sete-capote Myrtaceae 2 Campomanesia xanhtocarpa Guabirova Myrtaceae 2 Cordia trichotoma Louro Boraginaceae 2 Ficus luschnatiana Figueira Moraceae 2 Ocotea velutina Canela amarela – Lauraceae 2 Zanthoxylum rhoifolium Mamica-decadela Rutaceae 2 Apuleia leiocarpa Grápia Fabaceae 1 Cabralea canjerana Canjerana Meliaceae 1 163 Nome Científico Nome Comum Família Nº de indívidos Campomanesia neriiflora Guabirova branca Cupania vernalis Camboatávermelho Sapindaceae 1 Eugenia involucrata Cerejeira Myrtaceae 1 Luechea divaricata Açoita-cavalo Tiliaceae 1 Peschiera fuchsiaefolia Leiteiro Apocynaceae 1 Total: 22 14 – Myrtaceae 1 116 6.8 CONSIDERAÇÕES A recuperação das faixas ciliares é muito importante, onde animais poderão estar transitando em busca de alimentos e reprodução, podendo assim aumentar a diversidade de espécies. Torna-se necessário concentrar esforços para promover ações, objetivando a conservação e a recuperação nos trechos que são considerados conexão entre os fragmentos florestais dos ecossistemas locais. A área de estudo encontra-se inserida no bioma da Mata Atlântica. Em alguns dos pontos da bacia têm-se altitudes de aproximadamente 800 metros, evidenciando um ambiente de transição entre duas fisionomias florestais: Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Decidual. A área da ecorregião do Uruguai Alto, originalmente era ocupada, em sua maior parte, pela Floresta Ombrófila Mista, seguida pela Floresta Estacional Decidual. O domínio da Floresta Ombrófila desce aos 500/600 metros de altitude. A sub-bacia apresenta duas tipologias florestais: floresta ombrófila mista na região da nascente do Rio dos Queimados e floresta estacional decidual, na maior parte da bacia. 164 A Floresta Ombrofila Mista conta com a presença de espécies tipicas da flora em perigo de extinção: pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), xaxim (Dicksonia sellowiana). A Floresta Estacional Decidual encontra-se no estado de Santa Catarina apenas a formação Submontana, a qual situa-se ao longo do Rio Uruguai seus afluentes, entre as altitudes de 200 a 500 m. Entre os ecossistemas terrestres representativos da bacia hidrográfica situase o Parque Estadual Fritz Plaumann, originalmente recoberto pela Floresta Estacional Decidual. Se analisado as áreas de mata densa nas sub-bacias do Rio dos Queimados nota-se que as maiores remanescentes estão na Nascente, Lajeados do Curtume, Lajeado Salvador, Lajeado da Sadia e Lajeado do Parque de Exposição. O município de Concórdia tem um índice de 86.00 m² de mata por habitante. Existe a necessidade de um extenso e detalhado esforço de amostragem em todos os cursos de água da bacia, com o objetivo de identificar, em cada um deles, quais as sub-formações de mata ciliar registrados, e qual o seu limite. Destaca-se o Programa de Revitalização, Renaturalização e Preservação do Rio dos Queimados, iniciativa pioneira da OSCIP “Queimados Vivos” na recuperação da faixa ciliar. 165 CAPÍTULO VII CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO 7.1 INTRODUÇÃO Os estudos dos fenômenos naturais, de forma não integrada é em geral uma prática comum, vista com a pressuposição de que conhecendo as partes de um sistema pode-se conhecer suficientemente o todo. Porém para conservar a natureza, particularmente o solo e a água, faz-se necessário o envolvimento coordenado e integrado de todos, o que faz com que a bacia de drenagem corresponda a unidade fundamental de trabalho na conservação do solo e do meio ambiente, já que permite o detalhamento progressivo de estudo sem a perda do sentido de conjunto. (ALVES, 2005). Assim, este capítulo terá como objetivo proceder à caracterização ambiental da área sob o ponto de vista do uso e ocupação do solo e cobertura vegetal, bem como, as áreas de preservação permanente, apresentando o histórico e as legislações pertinentes com o objetivo de entender a atual situação das áreas ocupadas pelas diversas atividades humanas. A caracterização da região da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, no que se refere aos aspectos de uso e ocupação do solo, cobertura vegetal e as áreas de preservação permanente será centrada em uma abordagem descritiva dos dados disponíveis. Este trabalho pretende produzir subsídios para compreender a interferência humana na dinâmica do ciclo hidrológico da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. 166 7.2 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS Para a melhor compreensão dos atuais problemas sociais e ambientais que assolam a sociedade contemporânea é necessário recorrer a história para entender as diferentes relações estabelecidas pelo homem com a natureza. (MARCHESAN, 2003). O povoamento do Oeste Catarinense, teve início, tempos antes do processo de colonização, pois estas terras eram habitadas por índios e caboclos. Estes sucederam as populações indígenas, e procederam os colonizadores imigrantes, tendo como principal cultura a extração de erva-mate. Portanto, a colonização efetivou-se como uma nova forma de ocupação das terras. (MARCHESAN, 2003). Esta colonização passou a ser intensificada após a Guerra do Contestado, especialmente nos anos de 1920 e 1930. Nesta época os governos estadual e federal estimulavam a venda de pequenas propriedades rurais aos colonos gaúchos. Estes colonos, principalmente descendentes de alemães e italianos foram atraídos pela propaganda de Companhias colonizadoras, iniciando a ocupação definitiva do solo do Oeste catarinense baseado na extração da madeira, estabelecendo a base da economia do atual processo agro-industrial que se alicerça na suinocultura e na avicultura. (ROSSETTO, 1989 apud MARCHESAN, 2003). Uma das grandes motivações ao processo de colonização em pequenas propriedades e com produção familiar de excedentes agrícolas foi quanto a disponibilidade de recursos naturais da região. A mata nativa, associada a boa fertilidade do solo, propiciaram aos imigrantes uma forte base de produção de meios para viabilização do modelo. (TESTA et al 1996). No início da demarcação das terras havia poucos moradores, que habitam a região dos “Queimados”, atual município de Concórdia. As instalações eram ranchos de tábuas rústicas, construídas com precariedade pelos caboclos. Até meados de 1923, este município era denominado de “Queimados”. Passou a ser chamado de "Concórdia", por ter sido “assinado” o acordo de paz para o final da Guerra do Contestado nestas terras. 167 No dia 12 de julho de 1934, o Coronel Aristiliano Ramos, interventor Federal do Estado, assinou o Decreto nº 635, criando o Município de Concórdia, instalado solenemente no dia 29 de julho de 1934, com a presença do Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, Secretário do Interior e Justiça. (CONCÓRDIA, 2008). Figura 34Festa de emancipa ção de Concórdia Fonte: Concórdia (2008) 7.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL E PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS O processo de colonização da região se baseou no padrão de lotes coloniais dispostos de forma a facilitar as comunicações e a circulação, seguindo as condições topográficas do terreno. A área da maior parte deles era de 10 ou 12 alqueires. Os loteamentos rurais tinham como limite as estradas. Baseados em pequenos lotes, tais loteamentos geraram uma seqüência de edificações que deram origem às futuras aglomerações urbanas, consolidadas a partir da igreja, da venda e da escola rural, consolidando o chamado “núcleo da linha” (SOCIOAMBIENTAL, 2005). Na figura 35 apresenta-se a forma de ocupação das áreas de onde hoje encontra-se o centro da cidade de Concórdia, em meados de 1940. 168 Figura Concórdia meados 1940 35em de Fonte: Concórdia (2008) A paisagem atual da região foi principalmente influenciada por dois grandes ciclos econômicos, a exploração da madeira e expansão agropecuária. O primeiro teve início na ocupação do território, envolvendo o corte de árvores de valor econômico significativo. Parte destas seguiam através de balsas durante as cheias do Rio Uruguai com destino a Argentina. O resultado desta exploração foi a descaracterização de boa parte da Floresta Estacional Decidual (SANTA CATARINA, 2007). Na figura 36 apresenta-se a exploração de madeira no Comércio do Sr. João Carlos Krombauer em Presidente Kenedy interior de Concórdia no ano de 1931. Figura 36Exploração da Madeira Fonte: Buchele (1999). 169 O ciclo madeireiro foi sendo substituído gradualmente pela expansão agropecuária, em virtude da elevada qualidade e fertilidade destes solos. Criação de animais e cultivos agrícolas, com destaque para o cultivo de erva-mate foram base para a ocupação mais consistente da região, abrindo novas fronteiras sobre as áreas de floresta. (SOCIOAMBIENTAL, 2005). A expansão agropecuária foi consolidada em período mais recente, principalmente pelo estabelecimento de agroindústrias para o beneficiamento de grãos e abate de aves e suínos, além da introdução de novas tecnologias de uso de insumos químicos. Em meio às grandes transformações mundiais e ao avanço industrial brasileiro que marcaram a década de 40, a região de Concórdia também atravessava por mudanças em seu perfil. Se nas décadas anteriores a região era vista como área de difícil acesso e desprovida de desenvolvimento social ou econômico, nos anos 40 começa a se tornar importante centro produtor, o que posicionavam o município de Concórdia entre os 10 mais prósperos do Estado. Foi neste cenário de desenvolvimento, trabalho árduo e visão do potencial econômico e social que surge a empresa Sadia. Fundada por Attilio Francisco Xavier Fontana em 7 de junho de 1944, a partir da aquisição de um frigorífico em dificuldades, a S. A. Indústria e Comércio Concórdia é batizada por seu fundador, pouco tempo depois, como Sadia. O nome foi composto a partir das iniciais SA de "Sociedade Anônima" e das três últimas letras da palavra "Concórdia", DIA, e virou marca registrada em 1947. (CONCÓRDIA, 2008). A paisagem atual da região é composta por lavouras, benfeitorias, áreas de criação de animais e florestas em diferentes estágios de regeneração, baseado na pequena propriedade familiar, compondo a paisagem atual em forma de mosaico. (SANTA CATARINA, 2007). Para D’Angelis (1995) o modelo colonizador agrícola juntamente com os processos de ocupação do solo na região foram apenas de interesse econômico não havendo respeito humano que valesse a pena ser considerado, desta forma o Oeste Catarinense foi devastado tanto física como culturalmente. 170 7.4 ATUAL OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA URBANA E RURAL NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS Historicamente a cidade de Concórdia desenvolveu-se sobre terrenos ondulados, às margens do Rio dos Queimados e nas encostas e patamares dos morros sem ter de fato uma ocupação do solo de forma organizada, prevista em lei através de critérios técnicos. No ano de 2001 através da Lei Complementar nº 185, foi criado com fundamento na Constituição da República, em especial no que estabelecem os arts. 30 e 182 e na Lei Orgânica do Município de Concórdia, o Plano Diretor Físico Territorial Urbano - PDFTU da cidade de Concórdia. O PDFTU, nos exatos termos das leis que o compõem, aplica-se à área urbana do Município de Concórdia, delimitada pelo perímetro urbano e a zona rural de utilização controlada – ZRUC. Desta forma, a partir da data mencionada todas as políticas, diretrizes, planos e projetos de ocupação do solo passaram a atender o que está estabelecido nesta lei. Alguns objetivos do PDFTU merecem destaque: estabelecer critérios de ocupação e utilização do solo urbano, tendo em vista o cumprimento da função social da propriedade; orientar o crescimento da cidade visando minimizar os impactos das cheias; definir zonas, adotando-se como critério básico seu grau de urbanização atual, com a finalidade de reduzir as disparidades entre os diversos setores da cidade; prever e controlar densidades demográficas e de ocupação de solo urbano, como medida para gestão do bem público, da oferta de serviços públicos e da conservação do meio ambiente; compatibilizar usos e atividades diferentes. 171 Segundo os dados da Prefeitura Municipal de Concórdia, as áreas do município correspondem a 797,26 km². Atualmente destes, 771,86 km² situam-se em áreas rurais e 25,40 km² em áreas urbanas. (CONCÓRDIA, 2008). O município de Concórdia conta com uma população total de 67.249 habitantes. Desta População, 16.556 habitantes residem na zona rural e 50.693 habitantes na área urbana, com um crescimento médio anual de 2,91%. (IBGE/2008). A densidade demográfica do município de Concórdia é apresentada na tabela 24, com os cálculos iniciados em 1970 até 2007. Tabela 25- Densidade Demográfica Densidade Demográfica (habitantes/Km²) 1970 1980 1991 1996 2001 2002 2003 2007 38,01 49,69 64,34 63,96 78,1 79,09 80,47 84,35 Fonte: Concórdia (2008) A região tem grande aptidão a produção de alimentos, olerícolas, frutícolas, avicultura, suinocultura e a bovinocultura de corte e leite. Tem propensão para a produção de madeiras, de essências nativas e reflorestadas. Alem destas, possui duas grandes vocações industriais, sendo uma delas a perfeita fusão da atividade agropecuária com a indústria de transformação, no exemplar sistema de integração agroindustrial. A outra engloba o setor de floresta, madeireiro e seus derivados: papel e papelão, mobiliário e produtos afins. Está em expansão, por sua vez, a indústria metal-mecânica, metalúrgica e os setores de cereais, hortigranjeiros e de frutas de clima temperado. (MPB/ SANEAMENTO, 2008). 7.4.1 Solos Urbanos Aproximadamente 75% da população do município de Concórdia reside na área urbana do município. Conforme visto anteriormente o Plano Diretor Físico 172 Territorial Urbano implantado em 2001 entre outras atribuições passou a orientar a ocupação do solo urbano. Na figura 37 apresenta-se o mapa da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, com áreas destacadas conforme a legenda. Conforme pode ser visto na figura 37, a área destacada ilustra a área urbana da cidade de Concórdia, que correspondente a aproximados 24% ou 22,0 km² do total da bacia. Dos 25,40 km² de área urbana do município, 3,4 km² ou 13,4% estão situados fora dos limites físicos da bacia. Existem cadastrados 20.252 domicílios no município de Concórdia, destes 14.974 ou 74% do total são domicílios urbanos, sendo que a maior parte encontra-se nas áreas inseridas na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, fato atribuído principalmente a maior concentração de imóveis na área central urbana. (IBGE, 2008). Quanto à produção de resíduos sólidos na cidade de Concórdia, segundo dados da FUMDEMA – Fundação Municipal de Defesa do Meio Ambiente, através de Concessão de área junto ao Aterro Sanitário acontece a triagem de materiais recicláveis encontrados na coleta convencional dos resíduos domiciliares urbanos. Em 2006 foram triados 741,64 toneladas. 173 Área do Perímetro Urbano inserido na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados N N O NE O E SO SE S Perímetro da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Perímetro Urbano da Cidade de Concórdia Figura 37 - Perímetro Urbano da Bacia Fonte: Autor 174 7.4.2 Solos Rurais Do total de domicílios cadastrados no município de Concórdia 26% situam-se na zona rural, correspondendo a 5.278 imóveis. (IBGE, 2008). Concórdia tem sua principal característica a estrutura rural, formada basicamente por minifúndios, constituídos pelas atividades econômicas da suinocultura, avicultura, pecuária de leite, culturas agrícolas e indústria alimentícia. Destaca-se ainda como um dos municípios de maior produção de milho de Santa Catarina. (CONCÓRDIA, 2008). Na tabela subseqüente apresenta-se os principais produtos cultivados no município de Concórdia nas lavouras temporárias. Tabela 26- Produtos das Lavouras temporárias Principais Produtos das Lavouras Temporárias do Município de Concórdia 2006 Área Plantada Área Colhida Produção Produto Média (kg/ha) (ha) (ha) (t) Feijão safra 270 270 324 1200 Fumo 200 200 360 1800 Milho 12500 12500 60000 4800 Soja 370 370 777 2100 Arroz 200 200 400 2000 Alho 3 3 18 6000 Batata doce 330 330 3960 12000 Batata 80 80 800 10000 Inglesa Cebola 15 15 120 8000 Melancia 50 50 1600 32200 Tomate 5 5 200 40000 Abacaxi 4 4 40 10000 Cana de 300 300 12000 40000 açúcar Mandioca 440 220 3432 15600 Banana 10 10 200 20000 Caqui 10 10 100 10000 Pêssego 30 30 135 4500 Uva 82 72 720 10000 Fonte: Concórdia (2008). 175 Já a tabela 26 expressa os produtos cultivados no município em lavouras permanentes. Tabela 27- Produtos das Lavouras Permanentes Principais Produtos das Lavouras Permanentes do Município de Concórdia 2006 Área Colhida Produção Média Produto Área Plantada (ha) (ha) (t) (kg/ha) Erva-Mate (folha verde) 4659 4572 27.954 6.114 Laranja 350 300 6000 20.000 Fonte: Concórdia (2008). Os números acima dão conta das culturas de lavouras temporárias e permanentes, abrangendo de forma total o município e não apenas a área da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados. Devido à característica topográfica da região, a utilização de máquinas e equipamentos para a prática de culturas agrícolas é prejudicada, exigindo o esforço braçal do produtor. Comumente são adicionados às áreas destinadas ao cultivo, dejetos animais com o objetivo de proporcionar ao solo e consequentemente à planta, maior quantidade de nutrientes. O uso atual do solo mostra que 28% da área total do município é ocupada por culturas anuais. Atualmente observa-se que ainda muitos agricultores possuem seus potreiros em áreas próprias para a exploração de culturas perenes, e suas lavouras são plantadas em áreas planas. A forma como se desenvolveu a agricultura no município, ao longo da ocupação dos espaços rurais proporcionou um descaso com os recursos naturais, resultando em uma situação preocupante. (CONCÓRDIA, 2008). Com relação a pecuária destaca-se a criação de suínos, aves e gado de leite. O desenvolvimento da avicultura é responsável pelo município ser o maior produtor de frangos no Brasil. 176 Na tabela 27 pode-se observar as principais atividades pecuárias no município. Tabela 28- Rebanhos no município de Concórdia Rebanho Cabeças - 2006 Bovinos Suínos Equinos Coelhos Ovinos Galinhas 60.457 513.700 472 652 3.147 17.580 Galos, frangos e pintos 5.185.200 Codornas 2380 Fonte: Concórdia, (2008). Na tabela 28, destaca-se os principais produtos de origem animal. Tabela 29- Produtos de origem animal Principais Produtos de Origem Animal - 2006 Leite (mil litros) 42.393 Ovos galinha (mil dúzias) 25.324 Ovos de codorna (mil dúzias) 116 Mel de abelha (kg) Lã (kg) Peixe (kg) 121.372 1.742 143.230 Fonte: Concórdia (2008). Entre as atividades vistas anteriormente, as agroindústrias ocupam papel fundamental no beneficiamento dos produtos cultivados. Algumas ainda compõem uma modalidade de integração, tornando o produtor parte do sistema. É desta forma que algumas empresas, com destaque a SADIA S/A, pois situa-se nas áreas da bacia do estudo, disponibilizou os números relativos aos integrados e a quantidade de animais alojados. 177 Tabela 30- Produtos e Produtores Quantidade de Integrados por Comunidade e número de animais alojados Comunidade Linha São José Lajeado Quintino Linha Schiavini Linha Guarani Linha Sede Brum Linha Santa Catarina Total Parceria Terminação Produção Leitões Frango Corte Integrados Nº Aves Integrados Nº Fêmeas Integrados Nº Aves 1 1100 1 150 6 108300 1 630 - - 1 12500 1 600 - - 0 0 3 960 - - 5 76900 2 1160 2 185 3 40500 1 9 700 5150 3 335 2 17 33210 271410 Fonte: Sadia S/A (2008) Na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados existem atualmente nove integrados, divididos em seis comunidade rurais do interior de Concórdia que produzem suínos e/ou aves para a empresa citada acima. Existem outros dados, que apontam para o número total de suínos na comunidade de Sede Brum em 19.554 no período de 1 (um) ano. O volume estimado de produção de dejetos é de 4.045 m³/6 meses, existindo uma defasagem em relação a capacidade de armazenamento (esterqueiras) em 846 m³, podendo haver em determinadas épocas o descarte destes dejetos para o rio. (SOCIOAMBIENTAL, 2005). Apesar de haver em torno de 80% do volume de dejetos atendidos pelas esterqueiras este número caí bastante quanto ao manejo dado aos mesmos, uma vez que grande parte destes resíduos acabam sendo carreados, quando de chuvas intensas, para os cursos d’água. 178 De maneira geral a comunidade de Sede Brum possui a maior quantidade de suínos da cidade de Concórdia (juntamente com a Linha Guarani), com drenagem para o Rio dos Queimados. (SOCIOAMBIENTAL, 2005). Atualmente 25% da população concordiense reside no interior do município, nas 100 comunidades existentes. Na tabela 30 são apresentadas as nove comunidades rurais envolvidas, total ou parcialmente na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, com a parcela da população feminina e masculina em cada local. Tabela 31- População nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados Comunidade Linha Sede Brum Linha Shiavini Linha Guarani Linha 29 de Julho Linha Presidente Kennedy Linha Santa Catarina Lajeado Quintino Linha Laudelino Linha São José Total População Feminina 142 22 76 5 385 68 43 32 66 839 População Masculina 135 16 70 8 420 59 42 31 65 846 Total 277 38 146 13 805 127 85 63 131 1685 Fonte: Concórdia,(2008). A tabela acima mostra que, 1685 pessoas residem atualmente nas comunidades rurais localizadas na bacia do estudo, representando pouco mais de 2,5% da população do município. Se calculado este percentual apenas para a população rural do município esta porcentagem sobre para 10,2%. 7.5 COBERTURA VEGETAL E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL 7.5.1 Um Breve Histórico Sobre As Matas Segundo Dean (1997) apud Marchesan (2003), quando os portugueses aportaram em território brasileiro, em 22 de abril de 1500, um de seus primeiros atos 179 e que se tornou histórico, foi o de derrubar uma árvore e de seu tronco fazer uma cruz que, para eles, representava o símbolo da salvação da humanidade. Na perspectiva colonizadora, desmatar um território, cultivá-lo, significa “humanizá-lo”, ou seja, afirmar a supremacia de uma certa civilização sobre os elementos naturais. Assim, esta concepção justifica a profunda interação do processo de humanização, que se deu através de uma relação de exploração dos recursos naturais, entre eles, as matas, primeiramente, como condição de existência e sobrevivência e posteriormente, no decorrer do processo do modelo capitalista, como condição para a acumulação econômica. (MARCHESAN, 2003). A compra de terras no oeste Catarinense, pelos imigrantes, obedecia, principalmente, a observação de um critério fundamental: a cobertura vegetal. Este indicador era um pressuposto relevante, pois revelava a garantia de fertilidade do solo. Onde havia florestas, os solos, seguramente, seriam humosos, férteis e de boa qualidade para a produção agrícola. (MARCHESAN, 2003). A área de estudo que no passado era a Colônia Rio Uruguai, também conhecida como Colônia do Rio do Engano e Colônia Concórdia. “Uma cobertura vegetal, própria, foi percebida como fonte de uma riqueza significativa, geralmente, exploradas pelas próprias empresas colonizadoras ou por empresas madeireiras. Muitas das espécies têm valores medicinais, especialmente nas áreas próximas aos rios”. Para poder instalar-se numa determinada área, e estabelecer a propriedade, era preciso devastar a vegetação, “abrindo clareiras” nas espessas matas nativas, compostas em sua maioria por madeiras de lei, como o angico, o cedro, a canela, a imbuia, o pinheiro e outros. (WOLOSZYN, 2006 apud MARCHESAN, 2003). Marchesan (2003), em sua pesquisa relata que os imigrantes e seus descendentes, os primeiros moradores da região enfrentaram muitas dificuldades para desbravar as matas e fazer suas roças. Com uma geografia predominantemente composta de vales e montanhas, as dificuldades encontradas eram imensas. 180 7.5.2 Vegetação Primária e Secundária nos Estágios Inicial, Médio e Avançado de Regeneração O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei no. 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela Lei no. 8.028, de 12 de abril de 1990, regulamentadas pelo Decreto no. 99.274, de 06 de junho de 1990, e Lei no. 8.746, de 09 de dezembro de 1993, considerando o disposto na Lei no. 8.490, de 19 de novembro de 1992, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e considerando a necessidade de se definir vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica em cumprimento ao disposto no artigo 6o. do Decreto 750, de 10 de fevereiro de 1993, na Resolucão/conama/no. 10, de 01 de outubro de 1993, e a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Estado de Santa Catarina, resolve: Art. 1º Vegetação primária é aquela de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies, onde são observadas área basal média superior a 20,00 metros quadrados por hectare, DAP médio superior a 25 centímetros e altura total média superior a 20 metros. Art. 2º Vegetação secundária ou em regeneração é aquela resultante dos processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária. Art. 3º Os estágios em regeneração da vegetação secundária a que se refere o artigo 6o. do Decreto 750/93, passam a ser assim definidos: 7.5.2.1 Estágio inicial de regeneração nesse estágio a área basal média é de até 8 metros quadrados por hectare; fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo; altura total média até 4 metros, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta; 181 espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude: DAP médio até 8 centímetros e 4 metros de altura. epífitas, se existentes, são representadas principalmente por líquens, briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade; trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas; serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta, contínua ou não; diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou arborescentes, podendo apresentar plântulas de espécies características de outros estágios; espécies pioneiras abundantes; ausência de subosque; espécies indicadoras: 1. Floresta Ombrófila Mista: Pteridium aquilium (Samambaiadas Taperas), Melines minutiflora (Capim-gordura), Andropogon bicornis (Capim-andaime ou Capim-rabo-deburro), Biden pilosa (Picão-preto), Solidago microglossa (Vara-de-foguete), Baccharis Baccharis dracunculifolia elaeagnoides (Vassoura), (Vassoura-braba), Senecio brasiliensis (Flor-das-almas), Cortadelia sellowiana (Capimnavalha ou macegão), Solnum erianthum (fumo-bravo). 2. Floresta Estacional Decidual: (Samambaia-das-taperas), Melinis Pteridium aquilium minutiflora (Capim- gordura), Andropogon bicornis (Capim-andaime ou Capimrabo-de-burro), Baccharis Solidago microglossa elaeagnoides (Vara-de-foguete), (Vassoura), Baccharis dracunculifolia (Vassoura-braba), Senecio brasiliensis (Flôrdas-almas), Cortadelia sellowiana (Capim-navalha ou macegão), Solanum erianthum (Fumo-bravo). 182 7.5.2.2 Estágio médio de regeneração nesse estágio a área basal média é de até 15,00 metros quadrados por hectare; fisionomia arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea podendo constituir estratos diferenciados; altura total média de até 12 metros; cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência eventual de indivíduos emergentes; distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com predomínio dos pequenos diâmetros: DAP médio de até 15 centímetros; epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação ao estágio inicial, sendo mais abundantes na floresta ombrófila; trepadeiras, quando presentes, são predominantemente lenhosas; serapilheira presente, variando de espessura, de acordo com as estações do ano e a localização; diversidade biológica significativa; subosque presente; espécies indicadoras: 1. Floresta Ombrófila Mista: Cupanea vernalis (Cambotávermelho), Schinus therebenthifolius (Aroeira-vermelha), Casearia silvestris (Cafezinho-do-mato); 2. Floresta Estacional Decidual: Inga marginata (Inga feijão), Baunilha candicans (Pata-de-vaca). 183 7.5.2.3 Estágio avançado de regeneração nesse estágio a área basal média é de até 20,00 metros quadrados por hectare; fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes; altura total média de até 20 metros; espécies emergentes ocorrendo com diferentes graus de intensidade; copas superiores horizontalmente amplas; epífitas presentes em grande número de espécies e com grande abundância, principalmente na floresta ombrófila; distribuição diamétrica de grande amplitude: DAP médio de até 25 centímetros; trepadeiras geralmente lenhosas, sendo mais abundantes e ricas em espécies na floresta estacional; serapilheira abundante; diversidade biológica muito grande devido à complexidade estrutural; estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo; florestas nesse estágio podem apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária; subosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio; dependendo da formação florestal pode haver espécies dominantes; espécies indicadoras: 184 1. Floresta Ombrófila Mista: Ocotea puberula (Canela guaica), Piptocarpa angustifolia (Vassourão-branco), Vernonia discolor (Vassourão-preto), Mimosa scabrella (Bracatinga). 2. Floresta Estacional Decidual: Ocotea puberula (Canelaguacá), Alchornea triplinervia (Tanheiro), Parapiptadenia rigida (Angico-vermelho), Patagonula americana (Guajuvirá), Enterolobium contortisiliguum (Timbaúva). A lei n° 11.428, de 22 de dezembro de 2006, dispõe sobre a utilização da vegetação nativa do Bioma da Mata Atlântica. Visando a conservação, a proteção, a regeneração e a utilização deste Bioma, observando o que estabelece a legislação vigente, em especial a Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965. 7.5.3 Situação Atual O extrativismo de madeira de alto valor econômico, bem como a exploração da erva-mate, foi inicialmente responsável pela degradação de grande parte da cobertura vegetal. Posteriormente a implantação de lavouras diversas, tais como a do milho, trigo e feijão, contribuíram significativamente para a devastação total da vegetação primitiva. (CONCÓRDIA, 2008). As terras do Município de Concórdia foram bastante exploradas e descaracterizadas no último século, devido ao valor da madeira e aptidão agrícola dos solos. Entretanto, ainda é possível encontrar remanescentes esparsos com cobertura florestal densa e contínua, onde incluem também espécies exóticas, principalmente Hovenia dulcis (uva do japão) e Eucaliptus sp., introduzidas na região e que hoje estão em franca dinâmica de ocupação deste ambiente. Segundo o Profº Dr. Masato Kobiyama da UFSC, as zonas de APPs das propriedades visitadas durante sua pesquisa (Lajeado dos Fragosos, Concórdia- SC) apresentavam diferentes níveis de degradação da cobertura florestal, ocorrendo desde apenas cobertura graminóide até cobertura com dossel mais homogêneo. Ponto positivo: “Boa cobertura vegetal na região. Áreas sem cobertura florestal estão próximas de áreas florestadas englobando espécies nativas, o que representa um facilitador do processo de restauração”. 185 Destaca-se ainda no município o extrativismo da madeira possuindo diversas fábricas de móveis e serrarias. (CONCÓRDIA, 2008). Santa Catarina (2005) descreve que a cobertura vegetal atual, dentro dos limites do parque Estadual Fritz Plaumann, se caracteriza principalmente, por áreas em estágio inicial de regeneração natural, em conseqüência do abandono da terra, devido às indenizações realizadas, bem como, por vegetação arbórea. As áreas cobertas por vegetação arbórea podem ser divididas, de maneira geral, em três tipos: floresta Secundária - vegetação arbórea mais bem desenvolvida; capoeirão - onde houve desmatamento seletivo, permanecendo alguns indivíduos arbóreos de grande porte; capoeira - onde foi eliminada toda a vegetação, encontra-se em estágio inicial e médio de regeneração. Kerber et al (2006), em trabalho realizado com espécies frutíferas do Parque Estadual Fritz Plaumann – o qual se encontra na área da bacia do Rio dos Queimados, encontraram 35 espécies, pertencentes a 20 famílias, grande parte dessas espécies são características e preferentes de formações secundárias. Das espécies coletadas, somente a uva-do-Japão (Hovenia dulcis) é exótica. A família que apresentou a maior diversidade foi a Fabaceae, com 9 espécies, seguida pela Lauraceae com 5 e por Meliaceae, Moraceae e Rutaceae com 2 espécies cada. Dentre as espécies encontradas estão: Erva-mate (Ilex paraguariensis), Aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia), Uva-do-Japão (Hovenia dulcis), Grápia (Apuleia leiocarpa), Ingá-feijão (Inga marginata), Cabreúva (Myrocarpus frondosus), Corticeira-da-serra (Erythrina falcata), Rabo-de-bugiu (Lonchocarpus campestris), Pata-de-vaca (Bauhinia forficata), Canafístula (Peltophorum dubium), Angicovermelho (Parapiptadenia rígida), Angico-branco (Albizia polycephala), Cedro (Cedrela fissilis), Canjerana (Cabrelea canjerana), Coqueiro-gerivá (Syagrus romanzoffiana), Guajuvira (Patagonula americana), Chá-de-bugre (Casearia sylvestris), Cincho (Soroceae bonplandii), Figueira (Ficus enormis), Açoita-cavalo (Luehea divaricata), Mamica-de-cadela (Zanthoxylum rhoifolium), Jaborandi (Pilocarpus pinnatifolius), Fumo-bravo (Solanum erianthum), Mamona (Ricinus 186 communis), Pessegueiro-bravo (Prunus sellowii), Capororoca (Myrsine umbellata), Carapicho-de-carneiro (Arctium minus), Canela-amarela (Nectandra lanceolata), Canela-imbuia (Ocotea porosa), Canela-cheirosa (Endlicheria paniculata), Canelasêbo (Ocotea puberula), Canela-sassafráz (Ocotea pretiosa), Camboatá-branco (Matayba elaeagnoides), Grandiúva (Trema micrantha), Pente-de-macaco (Pithecoctenium sp.). Techio et al. (2008), com o objetivo de contribuir para o conhecimento da composição florística, realizaram um levantamento de espécies medicinais e tóxicas em três áreas amostrais, compreendendo 6 transectos de 300 metros de comprimento por 20 metros de largura. A área de estudo foi o Parque Estadual Fritz Plaumann. Para o estudo florístico foi coletado material botânico fértil no período de maio a setembro de 2004. O material coletado foi processado de acordo com os procedimentos usuais para preparo de exsicatas, analisado morfologicamente e identificado com auxílio de chaves de identificação. Foram catalogadas cinquenta e oito espécies pertencentes a trinta e seis famílias. Dessas espécies, trinta e duas apresentam propriedades medicinais, catorze são tóxicas e doze apresentam propriedades tóxica e/ou terapêutica. O resultado desta pesquisa está demonstrado na tabela 31. Tabela 32- Espécies medicinais e tóxicas coletadas no Parque Estadual Fritz Plaumann TAXONOMIA NOME COMUM ÁREA CLASSIFICAÇÃO AMOSTRAL PTERIDOPHYTA Pteridaceae Adiantum capillus-veneris L. Avenca 2ª Medicinal Dennstaedtiaceae Pteridium aquilinum (L.) Kuhn Samambaia 1ª, 2ª e 3ª Medicinal/Tóxica Pariparoba 1ª Medicinal MAGNOLIÍDEA PIPERALES Piperaceae Piper mikanianum (Kunth) Steud. MONOCOTOLEDÔNEAS ALISMATALES Araceae 187 Pistia stratiotes L. Dieffenbachia picta Schott. Alface - d’água Comigo-ninguémpode Copo-de-leite 3ª 3ª Medicinal Tóxica 2ª Tóxica Pita 3ª Tóxica Ananás 3ª Medicinal Rabo-de-burro Capim-limão 1ª 2ª Medicinal Medicinal Língua-de-vaca 2ª Medicinal Maria-gorda 3ª Medicinal Pitangueira Goiabeira 2ª 3ª Medicinal Medicinal Tajujá 1ª Medicinal/Tóxica Pata-de-vaca Cabriúva 1ª, 2ª e 3ª 1ª, 2ª e 3ª Medicinal Medicinal Salicaceae (Flacourtiaceae) Casearia silvana Schltr. Chá-de-bugre 3ª Medicinal Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamona 2ª Medicinal/Tóxica Azedinha 2ª e 3ª Medicinal Zantedeschia Spreng aethiopica (L.) Agavaceae Agave americana L. POALES Bromeliaceae Ananas ananassoides (Baker) L. B. Sm. Poaceae Andropogon bicornis L. Cymbopogon citratus (DC.) Stapf EUDICOTILEDÔNEAS CORE CARYOPHYLLALES Polygonaceae Rumex crispus L. Portulacaceae Talinum paniculatum Gaertn. (Jacq.) ROSÍDEAS MIRTALES Myrtaceae Eugenia uniflora L. Psidium guajava L. EUROSÍDEAS I CUCURBITALES Cucurbitaceae Bryonia cordifolia L. FABALES Fabaceae Bauhinia forficata Link Myrocarpus frondosus Fr. Allem. MALPIGHIALES OXALIDALES Oxalidaceae Oxalis martiana Zucc. 188 ROSALES Rosaceae Rubus brasiliensis Mart. Prunus myrtifolia (L.) Amora-do-mato Pessegueiro-bravo 2ª 1ª Medicinal Tóxica Moraceae Ficus carica L. Figueira 2ª Medicinal/Tóxica Urticaceae Urera baccifera L. Urtigão 1ª, 2ª e 3ª Tóxica Lima 2ª Medicinal Laranjeira Jaborandi 2ª 1ª Medicinal Medicinal/Tóxica Meliaceae Melia azedarach L. Cinamomo 2ª Tóxica Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira-vermelha 1ª, 2ª e 3ª Tóxica Ericaceae Rhododendron indicum (L.) Sweet Azaléia 3ª Tóxica Primulaceae Anagallis arvensis L. Escarlate 3ª Medicinal/Tóxica Rubiaceae Palicourea crocea (Sw.) Roem. Erva-de-rato 3ª Tóxica Apocynaceae (Asclepiadaceae) Asclepias curassavica L. Oficial-de-sala 1ª, 2ª e 3ª Medicinal/Tóxica Cipó-de-são- 1ª Medicinal/Tóxica Lamiaceae Leonurus sibiricus L. Rubim 1ª e 3ª Medicinal Verbenaceae Lantana camara L. Verbena bonariensis L. Cambará, Lantana Erva-ferro 1ª 2ª e 3ª Medicinal/Tóxica Medicinal Plantaginaceae Plantago major L. Tansagem 3ª Medicinal EUROSÍDEAS II SAPINDALES Rutaceae Citrus aurantifolia (Christm.) Swingle Citrus sinensis (L.) Osbeck Pilocarpus pennatifolius Lem. ASTERÍDEAS ERICALES EUASTERÍDEAS I GENTIANALES LAMIALES Bignoniaceae Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers 189 SOLANALES Solanaceae Solanum americanum Mill. Brugmansia suaveolens (Humb. Et Bonpl. Ex Willd.) Bercht. Et. J. Presl. Cestrum calycinum Wild. Ex. Roem. & Schult. Nicotiana sp. Solanum capsicoides All. Convolvulaceae Ipomoea coccinea L. Maria-pretinha 2ª e 3ª Medicinal/Tóxica Trombeteira 2ª Tóxica Coerana 1ª Tóxica Fumo-de-mato Mata-cavalo 2ª 3ª Tóxica Tóxica Flor-de-cardeal 3ª Medicinal Acariçoba Funcho selvagem 2ª 2ª Tóxica Medicinal/Tóxica Erva mate 1ª, 2ª e 3ª Medicinal Macela 2ª Medicinal Vassourinha Carqueja Erva grossa Buva Maria mole 2ª e 3ª 2ª 3ª 1ª, 2ª e 3ª 1ª e 3ª Medicinal Medicinal Medicinal Medicinal Medicinal/Tóxica Erva lanceta Serralha Dente-de-leão 1ª 3ª 2ª e 3ª Medicinal Medicinal Medicinal Sabugueiro 3ª Medicinal EUASTERÍDEAS II APIALES Apiaceae (Umbelliferae) Hydrocotyle umbellata L. Conium maculatum L. AQUIFOLIALES Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A. St. Hill. ASTERALES Asteraceae (Compositae) Achyrocline satureioides (Lam.) DC Baccharis dracunculifolia DC. Baccharis trimera (Less.) DC Elephantopus mollis Kunth Erigeron bonariensis L. Senecio brasiliensis (Spreng.) Less. Solidago chilensis Meyen Sonchus asper (L.) Hill. Taraxacum officinale L. DIPSACALES Caprifoliaceae Sambucus australis Schldt Cham & De modo geral, a malha vegetal das áreas amostrais no Parque Estadual Fritz Plaumann, transparece um acentuado grau de alteração antrópica imposto à cobertura primitiva. Os diferentes graus de alteração estão em íntima relação com o processo de uso e ocupação da terra por produtores rurais durante, aproximadamente, cinqüenta anos. (TECHIO et al. 2008). 190 Segundo MPB/SANEAMENTO (2008), a floresta com araucárias, é encontrada na área de estudo na sua forma original, embora em pequenos fragmentos, é uma tipologia que se caracteriza pela diversificação ambiental, resultante da interação dos múltiplos fatores, e é um importante aspecto desta unidade fitoecológica, com ponderável influência sobre a dispersão e crescimento da flora e da fauna associada. Sendo assim, a área de estudo está inserida neste contexto, onde são observadas algumas espécies típicas da formação de Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) apresentando em sua composição florísticas espécies de lauráceas como a imbuia (Ocotea porosa), o sassafrás (Ocotea odorifera), a canela-lageana (Ocotea pulchella), além de diversas espécies conhecidas por canelas. Merecem destaque também a erva-mate (Ilex paraguariensis), entre outras aquifoliáceas. Salienta-se porém, que não foi possivel estimar a porcentagem da Bacia Hidrográfica que se encontra sobre a influência da floresta ombrófila mista ou da floresta estacional decidual ou mesmo sobre as áreas de transição entre os dois tipos florestais, devido a ausência de dados confiáveis. Quanto à vegetação secundária pôde ser observada em estágio inicial, preferencialmente ao redor de florestas em estágios intermediários de desenvolvimento e trechos aterrados, sendo observada a maior ocorrência de algumas espécies como: Solanum erianthum (fumo-bravo), Schinus terebinthifolia (Aroeira vermelha), Arctium minus (Carapicho-de-carneiro), Vassoura (Baccharis elaeagnoides), Vassoura-braba (Baccharis dracunculifolia), alecrim-do-campo (Baccharis anomala). Esta formação foi encontrada, na grande maioria dos fragmentos encontrados durante a incursão a campo, conforme MPB/SANEAMENTO (2008). O estágio intermediário de desenvolvimento ou médio de regeneração encontra-se em alguns fragmentos ao longo do traçado da linha e em meio às áreas agricultadas. Observou-se ainda, que esta formação se intercala com estágios iniciais e avançados de desenvolvimento, o que demonstra que a área já sofre com um relativo grau de antropização, nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, ou seja, no trecho urbano da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.( MPB/SANEAMENTO (2008). Pode ser observado ainda, para a área urbana da Bacia, um número elevado 191 de famílias e espécies florestais diferentes na vegetação em estágio intermediário de desenvolvimento dos encontrados nos fragmentos remanescentes, salientando-se as principais espécies encontradas como sendo Araucaria angustifolia (araucária), Corticeira-da-serra (Erythrina falcata) Schinus terebinthifolia (Aroeira vermelha), Hovenia dulcis (Uva-do-Japão), Apuleia leiocarpa (Grápia), Inga marginata (Ingáfeijão), Bauhinia forficata (Pata-de-vaca), Peltophorum dubium (Canafístula), Casearia sylvestris (Chá-de-bugre), Soroceae bonplandii (Cincho), Ricinus communis (Mamona), Myrsine umbellata (Capororoca), Syagrus romanzoffiana (Coqueiro-gerivá), conforme a figura 38. (MPB/SANEAMENTO (2008). Figura 38- Vista de vegetação secundária em estágio Intermediário de desenvolvimento Fonte: MPB/SANEAMENTO (2008). Durante os estudos realizados por MPB/SANEAMENTO (2008), chegou-se a conclusão que o estágio avançado de desenvolvimento é relativamente pouco encontrado, pois são escassos os fragmentos de vegetação existentes na área do empreendimento que mantém as características originais. Como resultados da observação em campo, são poucos os fragmentos de vegetação ou partes destes que se encontram no estágio avançado de desenvolvimento (figura 39), sendo listadas algumas espécies florestais. Citando as seguintes espécies com maior valor de importância: Araucaria angustifolia (araucária), Ocotea pulchella (canela-lageana), Ocotea puberula (canela-guaica), Piptocarpa angustifolia (Vassourão-branco), Vernonia discolor (Vassourão-preto), 192 Mimosa scabrella (Bracatinga), Figueira (Ficus enormis), Lonchocarpus campestris (Rabo-de-bugiu), Parapiptadenia rígida (Angico-vermelho), Cedrela fissilis (Cedro), Cabralea canjerana (Canjerana), Luehea divaricata (Açoita-cavalo), Nectandra lanceolata (Canela-amarela), Ocotea puberula (Canela-sêbo), Matayba elaeagnoides (Camboatá branco), tarumã (Vitex megapotamica). Figura 39Vista de vegetação secundária em estágio avançado de desenvolvim ento Fonte: MPB/SANEA MENTO (2008). 7.5.4 Áreas Protegidas Por Lei A Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000, a qual institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), define como Unidade de Conservação (UC) o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. (BRASIL, 2000). As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, ou seja, Unidades de Uso Sustentável e Unidades de Proteção Integral. (BRASIL, 2000). 193 As Unidades de Uso Sustentável, tem como objetivo básico, compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais para o desenvolvimento. Nesta Unidade destaca-se: Área de Proteção Ambiental (APA), área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva particular do patrimônio natural (BRASIL, 2000). Na bacia do Rio dos Queimados não existem Unidades de Conservação desta categoria. Já as Unidades de Proteção Integral tem como objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Merecem destaque os parques federais, estaduais e municipais. (BRASIL, 2000). Na área da bacia do Rio dos Queimados tem-se o Parque Estadual Fritz Plaumann, situado às margens do Rio Uruguai, em área diretamente afetada pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Itá. Encontra-se entre as coordenadas 27º 16’18” e 27º 18´57” de latitude Sul, 52º 04’ 15” e 52º 10’ 20” de longitude Oeste, junto à foz do Rio dos Queimados. (SANTA CATARINA, 2005). O Parque Estadual Fritz Plaumann é a única Unidade de Conservação existente na Sub bacia, representando 8.2 % da área total da mesma. O Parque Estadual Fritz Plaumann se insere na região do Alto Rio Uruguai, onde a degradação florestal foi intensa, movida pela exploração irracional de madeira e pela expansão da agricultura e da pecuária. Em razão deste processo sócio-econômico relativamente recente, a região apresenta poucos remanescentes da Floresta Estacional Decidual (Floresta do Rio Uruguai) que cobria a maior parte do Vale do Rio Uruguai e que atualmente encontra-se extremamente fragmentada, sendo uma das formações vegetais mais ameaçadas dos Domínios da Mata Atlântica. Em razão disto, apesar de relativamente pequeno, o Parque Estadual Fritz Plaumann representa importância significativa num esforço de conservação desta ameaçada formação florestal. (SANTA CATARINA, 2005). O nome da Unidade de Conservação representa uma homenagem a um dos mais importantes entomólogos do estado catarinense, notório naturalista que sempre atentou e se preocupou com as alterações ambientais que vinham ocorrendo na região oeste do planalto catarinense, onde se instalou e viveu a maior parte de sua vida. (SANTA CATARINA, 2005). 194 De acordo com os critérios estabelecidos pela legislação e IBAMA (1996), definiu-se a Área de Influência do Parque Estadual Frtiz Plaumann como sendo o Município de Concórdia, com destaque para a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, que se encontra totalmente inserido nos limites deste município (Figura 40). Como a UC está totalmente inserida no município de Concórdia este é o único abrangido pela Área de Influência, a área da bacia hidrográfica apresenta importância destacada por motivo geográfico e ambiental, uma vez que as atividades antrópicas desenvolvidas nesta área apresentam grande potencial de interferência na Unidade de Conservação. A drenagem das águas de toda a bacia do Rio dos Queimados se dirige para a área da UC, o que é bastante preocupante, devido o visível grau de poluição que apresentam. O restante do município é abrangido pela Área de Influência em função das relações sócio-econômicas potenciais entre este e o Parque. (SANTA CATARINA, 2005). As Áreas de Preservação Permanente – APP são aquelas em que, mesmo em propriedade particulares, em razão da sua fragilidade, não é permitido o desmatamento, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica e da biodiversidade, bem como o bem estar das populações humanas. (AGUIAR, 1997 apud MPB/SANEAMENTO, 2008). A definição de áreas de preservação permanente esta presente na legislação federal, pelo menos desde a promulgação do Código Florestal de 1934, tendo sido mantida no código Florestal de 1965, atualmente em vigor. Objetivando disciplinar e limitar as interferências antrópicas sobre o meio ambiente, o artigo 2º do Código Florestal Brasileiro - a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 - contempla a criação das Áreas de Preservação Permanente (APP). Nessas áreas não se pode fazer a retirada da cobertura vegetal original, permitindo, assim, que ela possa exercer, em plenitude, suas funções ambientais. (SOARES et al., 2002). O artigo 2° do Código florestal ainda estabelece os parâmetros para as delimitações de áreas de APP, em diversas alíneas, conforme se segue: Art 2°:considera-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: 195 Ao longo dos rios ou de qualquer curso de água desde o seu nível mais alto em faixa marginal; Ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios da água naturais ou artificiais; Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olho de água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros de largura (Brasil, 1965). Mais recentemente, tendo em vista os compromissos assumidos pelo Brasil perante a Declaração do Rio de Janeiro de 1992 e a necessidade de se regulamentar aquele artigo, entrou em vigor, no dia 13 de maio de 2002, a Resolução nº 303, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Essa resolução estabelece parâmetros, definições e limites referentes às APPs e adota, ainda que implicitamente, a bacia hidrográfica como unidade de sua aplicação. No entanto, não se tem pesquisas que possam quantificar o grau de preservação da vegetação ciliar na Bacia do Rio dos Queimados. 196 Figura 40 - Área de influência do Parque Estadual Fritz Plaumann, com destaque para a bacia do Rio dos Queimados. 197 7.6 CONSIDERAÇÕES Os conflitos sócio-ambientais na área de preservação permanente da Bacia do Rio dos Queimados são evidentes, no entanto, não se tem receita fácil e econômica para resolver, o caminho mais adequado parece ser o de possibilitar a população o conhecimento da legislação ambiental e que a mesma tenha a oportunidade de participar nas tomadas de decisão, pelo poder público ao que se refere à conservação dos recursos ambientais do município e efetiva fiscalização da área protegida por parte dos órgãos responsáveis. O Parque Estadual Fritz Plaumann é a única Unidade de Conservação existente na bacia, representando 8.2 % da área total. Mesmo possuindo um tamanho relativamente pequeno, representa um importante remanescente no contexto da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados, para o Município de Concórdia e mesmo da floresta estacional decidual, a qual se encontra tão ameaçada. De forma geral, baseado nos dados existentes da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, sob os aspectos de uso e ocupação dos solos, afirma-se que, a concentração de consequentemente edificações sob o acontece curso principal na do área Rio, central da acarretando cidade e problemas relacionados à impermeabilização da área ou escoamento da água. Para que diminua a pressão de urbanização e de outros usos do solo em áreas de preservação permanente da bacia é necessário que se estabeleça uma política de expansão urbana capaz de evitar que Concórdia cresça de forma desordenada como previsto no plano diretor físico territorial urbano. O desmatamento e uso de terras localizados nas áreas de APPs nos imóveis rurais provoca assoreamento e compromete os corpos de água. Ações de aumento da produtividade com mitigação de impactos devem ser adotadas, ou seja, utilização dos recursos naturais existentes na propriedade em consonância com sua capacidade de suporte. Uma solução para tal questão pode ser a elaboração e implantação de um plano diretor rural, onde tais questões fossem contempladas, baseadas em um documento técnico elaborado por uma equipe multi-disciplinar. 198 Por fim, evitar que se estabeleçam ocupação e uso do solo irregular em APPs, pois uma vez estabelecidas, tornam-se quase sempre inviáveis, a sua desocupação, tanto social quanto economicamente. 199 BIBLIOGRAFIA AECOM – Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Concórdia re Microrregião. Disponível em: <http://www.aecom.org.br>. Acessado em: 20/12/2008. AGOSTINHO, A. A. et al. Ictiofauna de dois Reservatórios do Rio Iguaçu em diferentes fases de colonização: Segredo e Foz do Areia. In: AGOSTINHO, A. A. & GOMES, L. C. (eds.), Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá, EDUEM, 1997. ALVES, M. R. Avaliação ambiental integrada (AAI) dos aproveitamentos hidrelétricos da bacia hidrográfica do rio uruguai. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2005. ALVES, N. 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