LB 309_Comentarios Adicionais

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LB 309_Comentarios Adicionais
4º TRIMESTRE • 2014 • Nº 309
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
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A teologia da
prosperidade
4 DE OUTUBRO DE 2014
1. Painel da Teologia da prosperidade (TP)1: “Boa para quem?
O teólogo nigeriano Femi Adeleye apontou algumas fraquezas da TP:
•Ausência de uma teologia do sofrimento. A TP afirma que você deve dar
a Deus para que ele vá ao encontro de suas necessidades. Normalmente, não se fala sobre dor e sofrimento. A pergunta é: será que a TP é
“boas novas para os pobres”? Alguns dizem que sim, pois ela tem funcionado. Mas tem funcionado para quem? Frequentemente, em meu
contexto africano, são os pastores e líderes que mostram este resultado
com a aquisição de roupas e carros, e não os pobres que, na verdade,
são o alvo principal dessa teologia.
•Má interpretação do propósito em dar. No Antigo Testamento, por
exemplo, fazer uma oferta é uma atitude de entrega, de gratidão. É um
ato de adoração, e não um investimento para obter retorno. Na verdade, Deus abençoa seu povo, estejamos doando ou não. Não precisamos
investir para recebermos o direito de respirar e outras bênçãos da vida.
•Má interpretação da missão de Jesus. Para os defensores da TP, Jesus veio
para tornar seu povo rico, como um elemento da salvação. Entretanto,
esta teologia geralmente não enfatiza os outros aspectos da salvação,
como o arrependimento, confissão ou o perigo da ganância e da avareza.
2. Painel da Teologia da prosperidade (TP)2: “A Teologia da Prosperidade é muito útil para fazer a igreja crescer, mas tem pernas curtas.
Paul Freston iniciou sua análise sugerindo que os participantes suspendessem temporariamente seus juízos normativos para alcançarem compreensão
e empatia. Ele declarou que a TP no Sul Global atua na periferia do capitalis1. Femi Adeleye, nigeriano, é teólogo e diretor de cooperação eclesiástica da Visão Mundial
Internacional.” (A Teologia da Prosperidade na berlinda. Disponível em: <http://www.ultimato.
com.br/revista/artigos/348/a-teologia-da-prosperidade-na-berlinda>. Acesso em: 25 de setembro de 2014)
2. Paul Freston, inglês naturalizado brasileiro, é sociólogo.” (Ibden).
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
mo e geralmente não se baseia na ética clássica do trabalho e do consumo
modesto. Entretanto, ela pode infundir otimismo, confiança, novos padrões
de solidariedade, sobriedade e diligência, além de ensinar novas habilidades,
causando, assim, uma mudança psíquica em direção à independência e à
iniciativa, necessárias para a sobrevivência numa economia informal.
A flexibilidade da TP é um dos segredos de seu sucesso. Ela explica por
que a vida vai bem ou não, e pode ser entendida como um chamado para
trabalhar muito ou uma autorização para viver endividado. Ela é, também,
uma espécie de capital espiritual: “As pessoas investem nas suas relações
com as entidades espirituais, a fim de melhorar a qualidade de suas vidas”.
Conforme a antropóloga holandesa Ter Haar (citada por Paul), a TP é “inteiramente lógica a partir de uma perspectiva holística que não separa o
material do espiritual”. Sobre os apelos monetários “escandalosos”, Paul
argumenta que dar, na mentalidade popular, é poder e que as doações
muitas vezes substituem gastos anteriores com remédios, álcool ou drogas.
Ele afirma também que a doação à igreja e a racionalização do comportamento econômico vêm juntos, como um pacote de transformações, e que
os ouvintes são capazes de filtrar os apelos.
Por fim, Paul conclui dizendo que para o ouvinte, muitas vezes, prosperidade
significa apenas segurança ou dignidade e que, com menos exigências, a TP é
uma forma de tornar o evangelicalismo uma religião de massas. Além disso, ela
possibilita que o cristão rompa com a textura social. A TP está mudando, seja
por fatores internos ou externos, afinal, ela é muito funcional para fazer uma
igreja crescer, mas não para mantê-la ao longo dos anos. Por isso, precisará
incorporar outros elementos para manter-se como comunidade estável.
3. Painel da Teologia da prosperidade (TP)3: “O que ela ataca? Para o
teólogo Daniel Salinas, a TP no contexto latino-americano ataca principalmente a cristologia, a eclesiologia e a doutrina bíblica.
•
Em relação à cristologia – a TP tira Jesus do lugar de senhor soberano
para torná-lo um prestador de serviços, um Cristo sem poder, e transfere
aos homens a autoridade e o senhorio sobre as coisas e situações. A partir
disso, os cristãos devem fazer escolhas e ditá-las a Deus para que ele lhes
conceda o que desejam conforme o desígnio humano, e não o divino.
•
Em relação à eclesiologia – a TP propõe um novo modelo de igreja,
cuja referência é a economia de mercado. Pastores e ovelhas se relacio-
3. Daniel Salinas é doutor em teologia histórica pela Trinity Evangelical Divinity School e trabalha
como missionário da Latin American Mission, com a IFES.” (Ibden)
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nam como empresários e consumidores religiosos que têm como produto principal o lucro das ofertas (na maior parte das vezes monetárias)
devolvidas por Deus através das bênçãos materiais e espirituais.
•
Em relação à doutrina bíblica – para os pregadores da prosperidade a
palavra do homem é mais importante que a Palavra de Deus. A leitura,
a meditação e os estudos bíblicos têm lugar reduzido nos cultos, além
do risco permanente de distorção do conteúdo real das Escrituras.
A superação dos problemas trazidos pela TP começa na elaboração de uma
teologia latino-americana que parta do exemplo bíblico de comunidade cristã
como instrumento de Deus para manifestar seu reino. Tal teologia deve produzir uma mensagem encarnada na realidade social, sensível às necessidades
humanas e processos históricos, fiel à revelação bíblica, cheia de compaixão
e poder do Espírito Santo e centrada na cruz de Cristo.
4. Conceituando o evangelho da prosperidade:
“Esse evangelho centra-se em verdades bíblicas pela metade. E isso tem levado muitos crentes a pensarem que só passarão por privações se um demônio – ou “encosto” – da miséria estiver por perto. Ora, enfrentar dificuldades
nunca foi nem andando de cabeça erguida, haja vista o seu maior tesouro
estar guardado nos céus (1 Pe 1.3,4).” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos
que Paulo jamais pregaria. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.69).
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O evangelho da
saúde perfeita
11 DE OUTUBRO DE 2014
1. Na Bíblia tem gente doente:
“Há diversos exemplos na Bíblia de homens de fé que adoeceram. Ao
lermos a Bíblia como um todo, verificamos que homens de Deus, cheios de
fé, ficaram doentes e até morreram dessas enfermidades. Um deles foi o
próprio profeta Eliseu. Outro foi Timóteo. Paulo recomendou-lhe um remédio
por causa de problemas estomacais e enfermidades frequentes (...)” (LOPES,
Augustus Nicodemus. O ateísmo cristão e outras ameaças à igreja. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011, p.32).
2. Na história da Igreja tem gente doente:
“João Calvino era um homem acometido com frequência de várias enfermidades. Outro caso conhecido é o de Adoniram Gordon, um dos principais líderes do movimento de cura pela fé do século 19. Gordon morreu
de bronquite, apesar da sua fé e da fé de seus amigos. A. B. Simpson, outro
líder do movimento da cura pela fé, morreu de paralisia. (...) pessoas de fé,
eventualmente adoeceram e morreram de enfermidades, conforme a Bíblia e
a História demonstram.” (Idem, p.34).
3. Quem vai ao médico tem fé?:
“Uma das posições que mais tem gerado controvérsia e suscitado críticas
à teologia da prosperidade é a negação dos sintomas da doença, levando o
enfermo a rejeitar os recursos da medicina. Nem todos os pregadores da confissão positiva agem assim, mas há os que consideram um ato de fraqueza
espiritual a ação de recorrer à medicina. [Estão errados].” (ROMEIRO, Paulo.
Decepcionados com a graça: esperança e frustrações no Brasil neopentecostal. São Paulo: Editora Candeia, 2013, p.108).
4. OS PROPÓSITOS DA ENFERMIDADE:
“1. A enfermidade em si mesma é um mal, mas Deus pode transformá-la em bem para cumprir os seus propósitos – João 9 e João 11; 1 Sm 1:5,6;
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Rm 8:28. Na doença Deus grita conosco (C.S.Lewis). 2. A doença ajuda os
homens a lembrarem-se da morte: A maioria das pessoas vive como se não
fosse morrer. Eles vivem como se a terra fosse o seu lar eterno. Planejam e
projetam para o futuro, como o rico insensato como se tivessem uma apólice
vitalícia de vida e nunca tivessem que prestar contas. Uma doença grave, às
vezes, faz muito para que este engano seja desfeito. “Poe em ordem a tua
casa, porque morrerás e não viverás”. 3. A doença faz com que os homens
pensem seriamente sobre Deus, (...) [suas vidas] e a eternidade. A maior parte
das pessoas, em seus dias de saúde, não encontram tempo para tais pensamentos. Não gostam deles, acham estes assuntos desagradáveis. Entretanto,
às vezes, uma doença séria tem o maravilhoso poder de reunir e unir tais pensamentos, e de trazê-los diante dos olhos da alma de uma homem. (...) 4. A
doença ajuda a amolecer o coração dos homens e lhes ensina a sabedoria. O
coração natural é duro como a pedra. Ele não tem nenhuma alegria que não
seja desta vida. Uma enfermidade corrige isso. Exemplo: John Rockfeller – O
homem de negócios descobre que o dinheiro não satisfaz. A mulher mundana descobre que as roupas caras e os comentários sobre bailes e diversões
são péssimos consolados quando se está num quarto de hospital. 5.A doença
ajuda-nos a nos equilibrar e a nos humilhar. Poucos estão isentos do vírus
maldito da vaidade e do orgulho. Muitos de nós são como o fariseu: “Não
sou como os demais homens”. O leito da enfermidade é um poderoso domador de tais pensamentos. Ela nos impõe a grande verdade de que somos todos pobres vermes e que habitamos em casas de barro, e somos esmagados
como a traça (Jó 4:19). 6. A doença ajuda a testar a autenticidade da religião
dos homens. Muitos credos parecem bons enquanto as águas da saúde são
suaves, mas revelam-se absolutamente falsos e inúteis nas ondas cruéis de
uma cama de hospital. Somente com Cristo podemos atravessar seguros o
vale da sombra da morte. 7. Nem todos são beneficiados pela doença. Milhares são prostrados anualmente pela doença e restaurados à saúde e voltam
novamente para o pecado. Ano após ano muitos passam da doença para a
sepultura sem deixarem seus pecados e sem se voltarem para Deus. Contudo,
milhares de pessoas são quebrantadas, arrependem-se, humilham-se, e se
voltam para Deus e são salvas. 8. Obrigações especiais impostas pela doença.
A de viver constantemente preparado para encontrar-se com Deus. A de viver
constantemente em prontidão para suportá-la com paciência. A de constante
prontidão para ajudar os nossos semelhantes a enfrentarem a doença.
(...) A MEDICINA HUMANA E A MEDICINA DE DEUS
1. A medicina de Deus: Vemos vários casos de cura miraculosa no Velho
Testamento. Chamamos cura miraculosa, porque em última instância toda
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cura é divina (Sl 103:3). O Senhor curou Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Ezequias,
Naamã. Jesus curou muitas pessoas, usando variados métodos: Cristo tocou
(Mt 8:15); falou (Jo 5:8-9); usou cuspe (Mt 8:22-26); ungiu com lodo e saliva
(Jo 9:6). Os apóstolos foram usados por Deus para curar os enfermos. Pedro
curou o paralítico no templo, Paulo curou o coxo em Listra. Deus cura sem
os meios, com os meios, e apesar dos meios, mas, às vezes, Deus resolve
não curar. Exemplo: Eliseu (2 Rs 13:14), Timóteo (1 Tm 5:23), Trófimo (2 Tm
4:20), Epafrodito (Fp 2:25-27), Paulo (2 Co 12:7).
2. A medicina humana: Deus cura através dos meios. O plano de Deus
inclui tanto a medicina humana como a divina. Exemplo: A cura do rei Ezequias. Há lugar para a prevenção e para a cura. Há lugar tanto para a oração
da fé quanto para a terapêutica do remédio. Há lugar tanto para o relógio
de Acaz quanto para a pasta de figos. Há lugar tanto para a ação sobrenatural de Deus quanto para a ação natural do conhecimento humano. A
medicina não age à parte de Deus, mas como instrumento de Deus. Entre
a morte e a vida existe uma pedra que precisa ser removida e Jesus manda
que os homens a removam!”. 4
4. LOPES, Hernades Dias. A enfermidade e a cura na perspectiva de Deus. Disponível em:
<http://hernandesdiaslopes.com.br/2010/04/a-enfermidade-e-a-cura-na-perspectiva-de-deus/#.
VCrJsfldWKI>. Acesso: em 30 de setembro de 2014.
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A quebra de
maldições
18 DE OUTUBRO DE 2014
1. Pregadores de maldições:
“Os pregadores de [outro] evangelho voltado para o homem dão muita
ênfase à quebra de maldições. Enfatizam que, mesmo salvo, o crente precisa
de libertação. E apresentam fórmulas e receitas para o salvo se libertar da
maldição hereditária, tomando como base textos fora do contexto (...).” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006, p.56)
2. Entendendo mais Êx 20.5:
“Podemos ter certeza de que os juízos de Deus são justos, e envolvem os
filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais.
Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Ademais, existe
aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes de pais para
filhos, e etc., provocando a ira divina.” (CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo
Testamento interpretado: versículo por versículo: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números, volume 1. São Paulo: Editora Candeia, 2000, p.391).
3. Deus zeloso e misericordioso (Êx 20.5,6):
“Até à terceira e quarta geração. Esta é uma frase tipicamente semita que indica continuidade e não deve ser tomada em sentido aritmético.
Além disso, a frase se aplica aos que aborrecem (odeiam) a Deus, que se
recusam a viver em consonância com Sua vontade. A palavra milhares é
usada vagamente, como ‘miríades’ em português, para indicar a extensão
ilimitada da misericórdia demonstrada por Deus (COLE, R. Alan. Êxodo: introdução e comentário. Tradução: Carlos Oswaldo Pinto. São Paulo: Vida
Nova e Mundo Cristão, -, p.150,151).
4. A Quebra de Maldições é Bíblica?:
“Uma das tendências do movimento de ‘Batalha Espiritual’ é adicionar à
obra de Cristo uma complementação feita por peritos em maldições. É ensi-
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
nada claramente a necessidade de se quebrar as maldições hereditárias e de
se anular compromissos que ficaram pendentes com o diabo, mesmo após a
pessoa ter sido convertida a Cristo. Ensina-se que herdamos as maldições que
acompanharam nossos antepassados, por causa de seus pecados e pactos
demoníacos, e que precisamos anulá-las.
Êxodo 20 e Ezequiel 18
Geralmente o texto usado para defender este ponto é Êxodo 20.5, em que
Deus ameaça visitar a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que o aborrecem. Entretanto, ensinar que Deus faz cair sobre os filhos
as consequências dos pecados dos pais, é só metade da verdade revelada.
A Escritura nos diz igualmente que se um filho de pai idólatra e adúltero
vir as obras más de seu pai, temer a Deus e andar em seus caminhos, nada do
que o pai fez virá a cair so­bre ele. A conversão e o arrependimento individuais
‘quebram’, na existência das pessoas, a ‘maldição hereditária’ (um efeito somente possível por causa da obra de Cristo). Este foi o ponto enfatizado pelo
profeta Ezequiel em sua pregação ao povo de Israel da época (leia cuidadosamente Ezequiel 18. A nação de Israel havia sido levada em cativeiro para a Babilônia, e os judeus cativos se queixavam de Deus dizendo ‘Os pais comeram
uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotaram...’ (Ez 18.2b) - ou seja,
‘nossos pais pecaram, e nós é que sofremos as consequências’. Eles estavam
transferindo para seus pais a responsabilidade pelo castigo divino que lhes sobreveio, que foi o desterro para a terra dos caldeus. Achavam que era injusto
que estivessem pagando pelo pecado de idolatria dos seus pais. Usavam um
provérbio da época, que nos nossos dias seria mais ou menos assim: ‘Nossos
pais comeram a feijoada, mas nós é que tivemos a dor de barriga...’.
Através do profeta Ezequiel, Deus os repreendeu, afirmando que a responsabilidade moral é pessoal e individual diante dele: ‘A alma que pecar,
essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai...’ (Ez 18.4b, 20). E que
pela conversão e por uma vida reta, o indivíduo está livre da ‘maldição’ dos
pecados de seus antepassados (ver 18.14-19). Esta passagem é muito importante, pois nos mostra de que maneira o próprio Deus interpreta (através
de Ezequiel) o significado de Êxodo 20.5. Ou seja, o segundo mandamento
prevê a visitação do juízo divino sobre os descendentes de homens ímpios,
descendentes estes que aborrecem a Deus como seus pais. Várias passagens
no próprio Pentateuco deixam claro que a retribuição divina sobre os filhos
dos que aborrecem a Deus é descontinuada a partir do momento em que
estes filhos se arrependem de seus próprios pecados, e os confessam a Deus,
confessando igualmente os pecados de seus pais, como Levítico 26.39-42.
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Encontramos a mesma ideia em Nm. 14.13-34. Nesta passagem vemos
claramente como a misericórdia e a longanimidade de Deus atuam em conjunto com sua justa ira contra os rebeldes e pecadores. Após a revolta do
povo de Israel contra Deus, inflamados pelo relato desanimador dos dez espias incrédulos, o Senhor Deus condenou aquela geração incrédula a perecer
no deserto. Seus filhos haveriam de levar sobre si as infidelidades de seus
pais, até que estes morressem (v.33), após o que, os filhos entrariam na terra
(v. 31). Aplicando aos nossos dias, fica evidente que o crente verdadeiro já
rompeu com seu passado e com as implicações espirituais dos pecados dos
seus antepassados, quando, arrependido, veio a Cristo em fé.”5
5. LOPES, Augustus Nicodemus. A Quebra de Maldições é Bíblica?. Disponível em: < http://
www.monergismo.com/textos/seitas_heresias/quebra_maldicoes_nicodemus.htm>. Acesso: 30
de setembro de 2014.
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Demonologia
enferma
25 DE OUTUBRO DE 2014
1. Já foi amarrado!:
“Quando afirmamos que o diabo já está amarrado, não queremos dizer com
isto que ele está totalmente imobilizado. Este tipo de linguagem usada nos Evangelhos tem como alvo expressar a verdade bíblica de que Cristo, ao morrer e ressuscitar, limitou o poder de Satanás de modo tão radical a ponto de usar termos
como ‘destruir’, ‘despojar’ e ‘amarrar’.” (LOPES, Augusto Nicodemus. O que você
precisa saber sobre batalha espiritual. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.102).
2. Já vencemos o diabo!
“(...) a base da vitória em nossa luta contra os principados e potestades
é o triunfo de Cristo na cruz do calvário. Por isso, Paulo, quando começa a
falar sobre a batalha da Igreja contra os dominadores malignos deste mundo
tenebroso, começa dizendo: ‘Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e
na força do Seu poder’ (Ef 6.10).” (Ibden).
3. Vitória pelo poder do Senhor!:
“O poder da Igreja está em Cristo, porque ele venceu, despojou, destruiu
e amarrou o valente, que é Satanás. O segredo da vitória da Igreja, portanto,
não consiste em aprender técnicas, estratégias místicas, fórmulas, táticas até
então não reveladas, e as empregar contra o diabo.” (Ibden).
4. O que é batalha espiritual:
“A batalha espiritual é, em primeiro lugar, uma batalha contra o mundo. Mas
em que sentido? Contra o mundanismo dentro de mim. A maior batalha que eu
travo é dentro de mim. Depois, é uma batalha travada na igreja, onde, por meio
da oração e do crescimento de virtudes em Cristo, você evita divisões e brigas dentro da igreja. Ou seja, o inimigo semeia na Igreja divisões e contendas. O inimigo
milita contra a paz dentro da Igreja e contra seu crescimento. Existem empecilhos
criados por certas alas do governo e até vizinhos que se revoltam contra a construção de um templo. De fato, a grande batalha é sermos de Cristo.” (McALISTER,
Walter. O fim de uma era. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2009, p.232).
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Apóstolos e
profetas
1 DE NOVEMBRO DE 2014
1. Apóstolo pródigo:
“Recentemente, estudando para dar aulas de teologia paulina, percebi
mais uma característica do apóstolo Paulo que o distancia dos apóstolos modernos. Ao contrário dos tais apóstolos que se lançam para fazer carreira solo
e ter seu próprio ministério, Paulo sempre fez questão de mostrar que ele
fazia parte do grupo apostólico de sua época, embora tivesse sido chamado
para ser apóstolo quando o prazo de matrícula já havia expirado (‘nascido
fora de tempo’, 1Co 15:8).” (LOPES, Augustus Nicodemus. O ateísmo cristão
e outras ameaças à igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2011, p.23).
2. Definindo “apóstolos”, segundo a Bíblia:
“1. O apóstolo teria de ser testemunha do Senhor ressurreto. Em Atos vemos os apóstolos reunidos no cenáculo, conversando sobre quem substituiria
Judas. Em Atos 1.21-22 lemos: ‘É necessário pois, que, dos homens que nos
acompanham todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre vós foi levado às alturas,
um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição’. Paulo diz que
viu Jesus ressurreto: ‘Não sou, porventura livre? Não sou apóstolo? Não vi a
Jesus, Nosso Senhor?’ (1Co 9.1)
2. O apóstolo tinha de ter um chamado especial da parte de Cristo para
exercer este ministério. As Escrituras são absolutamente claras em nos mostrar que os apóstolos, incluindo Paulo, foram chamados por Cristo (Mt 10.24; Gl 1.11-24).
3. O apóstolo era alguém a quem foi dada autoridade para operar milagres. Isso fica bem claro em 2 Coríntios 12.12: ‘Pois as credenciais do meu
apostolado foram manifestadas no meio de vós com toda a persistência, por
sinais prodígios e poderes miraculosos’. Era como se ele dissesse: ‘Como vocês
podem questionar meu ofício de apóstolo, se as minhas credenciais foram
apresentadas claramente entre vós’. Sinais, milagres e prodígios maravilhosos.
4. O apóstolo tinha autoridade para ensinar e definir a doutrina firmando
as pessoas na verdade.
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5. Os apóstolos tiveram autoridade para estabelecer a ordem nas igrejas.
Nomeavam os presbíteros, decidiam questões disciplinares e questões doutrinárias, e falavam com autoridade do próprio Jesus.6
Será que diante destas questões os ‘apóstolos’ da modernidade podem de
fato reivindicar o título de apóstolo de Cristo? Por acaso, algum deles viu o
Senhor ressurreto? Foram eles comissionados por Cristo a exercerem o ministério apostólico? Quantos dos apóstolos brasileiros ressuscitaram mortos?
E suas doutrinas? Possuem elas autoridade para se contraporem aos ensinamentos bíblicos? Pois é, infelizmente os ‘apóstolos’ do nosso tempo não
possuem respostas a estas perguntas.”
3. Dom de apóstolo:
“Apóstolo, no sentido técnico da palavra, como aplicada aos doze, não existe
nos nossos dias. Não temos mais apóstolos e nem devemos conferir este título a
ninguém, na atualidade. Todavia, não acreditamos que o ‘dom do apostolado’
foi dado apenas para a fundação da igreja e não é mais dado por Deus hoje em
dia. Este dom, de acordo com o que acreditamos, é diferente do ministério dos
primeiros apóstolos e do sentido técnico em que a palavra era empregada. A
partir do significado do verbo grego apostello, que significa ‘enviar’, acreditamos
que a pessoa que recebe este dom, atualmente, possui uma capacitação especial
para implantar igrejas em solos virgens. É alguém comissionado para fundar igrejas. Por isso, é um ministério de natureza itinerante. Os missionários transculturais
são bons exemplos da aplicação deste dom.” (O Doutrinal: nossa crença ponto
a ponto. 10 ed. Gráfica e Editora A Voz do Cenáculo. São Paulo, 2012, p.118).
4. Entendendo mais o dom de apóstolo:
“Apostolado (1Coríntios 12.28; Efésios 4.11). É capacitação espiritual para
iniciar e supervisionar o desenvolvimento de igrejas ou ministérios com uma autoridade espontaneamente aceita e reconhecida. O apóstolo (homem ou mulher)
tem uma visão ampla, não apenas limitada, à igreja local. Sua liderança não
depende de nenhum ofício. A posição de apóstolo dada aos primeiros discípulos
era única e, pela sua característica, não existe mais. No entanto, o papel desempenhado por eles continua evidente até os dias de hoje em combinação com
outros dons (e ofícios), sem o uso do título ‘apóstolo’.” (AZEVEDO, Israel Belo de.
Gente cansada de igreja. São Paulo: Hagnos, 2010, pp. 105-106).
6. VARGENS, Renato. Existem apóstolos nos dias de hoje? Disponível em: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/09/existem-apostolos-nos-dias-de-hoje-renato-vargens/. Acessado em:
01 de outubro de 2014.
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A salvação
pelas obras
8 DE NOVEMBRO DE 2014
1. O começo da salvação:
“A salvação começa na vida do indivíduo com a regeneração ou o novo
nascimento. Neste sentido, salvação denota um ato definitivo em que a
pessoa muda de um estado de morte espiritual para um estado de vida em
Cristo (Ef 2.1). Portanto, é certo dizer que o crente já está salvo, [embora
tenha um aspecto processual] pois passou por uma transição na vida que
lhe garante a vida eterna (Jo 5.24).” (SEVERA, Zacarias. Manual de Teologia Sistemática. 4 ed. Curitiba: A.D. Santos, 2008, p. 273).
2. A justiça de Deus para o homem injusto:
“Foi a compreensão de que a justiça de Deus poderia se tornar a justiça
do pecador – e isso poderia acontecer por meio da fé. Martinho Lutero
descobriu a verdade no mesmo versículo em que tropeçara – Romanos
1:17: ‘A justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está
escrito: O justo viverá por fé’.” (MACARTHUR, John. O Evangelho segundo
os apóstolos: o papel da fé e das obras na vida cristã. Tradução de Ana
Paula Eusébio Pereira. São José dos Campos: Fiel, 2011, p. 111).
3. A Fé Protestante:
“A visão protestante elimina o mérito humano. Ela reconhece que, embora as obras sejam evidência ou fruto da fé verdadeira, elas nada contribuem ou nada acrescentam à base meritória de nossa redenção. Por um
lado, é importante enfatizar que a fé verdadeira produz frutos verdadeiros.
Por outro lado, é vital realçar que o único mérito que nos salva é o mérito
de Cristo pela fé somente.” (Idem, p.110).
4. Realização de Deus:
“Apenas o cristianismo bíblico é a religião da realização. Outras religiões
dizem: ‘Faça isto’. O cristianismo diz: ‘Está feito’ (cf. Jo 19.30). Outras reli-
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
giões exigem que o devoto satisfaça algum tipo de mérito para expiar pecados, satisfazer a deidade ou, de alguma outra maneira, atingir o objetivo
de aceitabilidade. As Escrituras dizem que o mérito de Cristo é satisfeito
em favor do que crê.” (Idem, p. 126).
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As práticas
judaizantes
15 DE NOVEMBRO DE 2014
1. Ser judeu? Vantagem?:
“Aguns evangélicos entendem que ‘ser judeu’ ou ‘judaizado’ os torna de
alguma forma ‘espiritualmente melhor’. O rei Manassés, Anás e Caifás eram
judeus! Já há quem expulse demônios em hebraico! Em Cristo, judeus e gentios são iguais perante Deus. Na verdade, ‘não há judeu nem grego’ (Gl 3.28).
A igreja cristã já pecou por seu antissemitismo do passado. Será que irá pecar
agora por tornar-se judaizante? Devemos amar judeus e gentios de igual
modo. Além disso, podemos e devemos ser cristãos brasileiros. Não precisamos nos tornar judeus para ter um melhor ‘pedigree’ espiritual.” (SAYÃO,
Luiz Alberto. Agora sim!: teologia na prática do começo ao fim. São Paulo:
Hagnos, 2012, p. 66).
2. Jerusalém? Terra Santa?:
“O Novo Testamento nos ensina que a adoração legítima independe de lugar, de monte, de cidade e de outros elementos materiais (Jo 4). Jesus insiste
em afirmar que Deus procura quem o adore em Espírito e em verdade. A tradição evangélica sempre louvou a Deus por seus atos e atributos. Atualmente
estamos cada vez mais enfatizando o ‘monte santo’, ‘a cidade sagrada’, ‘a
casa de Deus’, ‘a sala do trono’. Nós somos o ‘templo de Deus’. Os elementos
materiais pouco importam na adoração genuína. É preciso retomar o caminho correto.” (Idem, pp. 65-66).
3. Judaizantes e o Concílio de Jerusalém:
“Eles [judeus] diziam aos convertidos gentios que a fé em Jesus não era
suficiente, não bastava para a salvação: eles deviam [no pensamento dos
judaizantes] acrescentar a circuncisão à fé, e à circuncisão a observância da
lei. Em outras palavras, eles precisavam permitir que Moisés completasse o
que Jesus havia começado, e permitir que a lei completasse o evangelho. O
evangelho estava sendo questionado. Os fundamentos básicos da fé cristã
estavam sendo minados [como hoje está pelos judaizantes atuais]” (STOTT,
16
Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
John. A mensagem de Atos: até os confins da Terra. 2 ed. Tradução de Markus André Hediger e Lucy Yamakami. São Paulo: ABU, 2008, p.273). 4. O mais importante é a igreja:
“A Igreja é o que de mais importante existe no mundo. Criada pela vontade de Cristo, ela é a agência da salvação, ensaio e vanguarda da nova humanidade. Deus havia chamado Israel (obediente “versus” desobediente), e
no passado nos falou pelos profetas, guardiões da lei. A função e o “status”
de Israel -- a antiga aliança -- cessaram quando o véu do templo se rasgou.
Hoje o judaísmo e o islamismo são apenas religiões semíticas monoteístas.
A Igreja é o novo Israel, a nova aliança, e, como nos ensina Pedro, herdeira
dos títulos e atributos do primeiro Israel: geração eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo de Deus. Entre o antigo e o atual Estado secular de Israel
(formado por 90% de ateus e agnósticos) só há em comum a geografia e
as mirabolantes teorias de alguns protestantes. Os judeus (e todos os povos)
devem ser enxertados no novo povo, porque não há salvação em nenhum
outro nome senão o de Jesus.”7
7. CAVALCANTI, Robinson. O mais importante é a igreja. Disponível em: <http://www.ultimato.
com.br/revista/artigos/317/o-mais-importante-e-a-igreja>. Acesso em: 03 de outubro de 2014.
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O louvor
profético
22 DE NOVEMBRO DE 2014
1. Louvor da pobreza:
“Ainda que não seja o caso de todos, há cânticos que não chegam a dizer nenhuma heresia, porque não tem nada a dizer! Vários são os cânticos
que trazem frases simplistas, quase sem nenhum conteúdo. Esses cânticos
geralmente possuem bastante ritmo e algumas poucas frases são repetidas
continuamente. Não é possível que se possa louvar a Deus com entendimento, usando letras tão pobres e vazias de conteúdo. Além disso, devemos
reconhecer que se queremos oferecer um louvor a Deus, precisamos fazê-lo
com mais qualidade.” (SAYÃO, Luiz Alberto. Agora sim!: teologia na prática
do começo ao fim. São Paulo: Hagnos, 2012, p.177).
2. Louvor para quem?:
“O louvor não tem como alvo o nosso deleite. Infelizmente, no conceito popular atual, o louvor é algo para ser apreciado e não algo a ser oferecido. Muitas pessoas entendem que o louvor existe para o nosso benefício, para nos inspirar, como
um instrumento de afirmação de quem nós somos e não quem Deus é.” (MCALISTER, Walter. O fim de uma era. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2009, p.262).
3. Louvor profético:
“No meio evangélico (...) não basta louvar a Deus com cânticos, leitura
bíblica e orações; precisamos de um “louvor extravagante” (...), repetir a
mesma música até entrar em algum transe. Não basta ser alegre e grato,
é preciso pular e gritar freneticamente. Não basta crer em Deus e em suas
promessas, precisamos decretar, reivindicar, exigir. Uma fé normal, ou uma
vida cristã normal, não é mais suficiente.” (SOUSA, Ricardo Barbosa. Quão
verdadeiros somos?. Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/311/quao-verdadeiros-somos> Acesso em: 03 de outubro de 2014.)
4. Culto transformado em show:
“Os israelitas leram o Livro da Lei do Senhor durante três horas, e passaram
outras três horas confessando os seus pecados e adorando o Senhor (Ne 9.3)
18
Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
Não é apenas a mídia que está usando a palavra show para se referir a alguns
cultos. Nós mesmos usamos esse termo em nosso meio. Uma de nossas revistas chama-se Show da Fé. As missas celebradas pelo padre Marcelo Rossi são
usualmente denominadas de ‘showmissas’.
As palavras culto e show não combinam, a não ser que lhes demos significados modernos. O dicionário Aurélio define show como “um espetáculo de
teatro, rádio, televisão etc., geralmente de grande montagem, que se destina
à diversão, e com a atuação de vários artistas de larga popularidade, ou às
vezes de um só”. Ora, nessa definição, nada combina com o significado de
culto, que o mesmo dicionarista diz ser “adoração ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer religião”. “A igreja existe,
não para oferecer entretenimento, encorajar vulnerabilidade, melhorar auto-estima ou facilitar amizades, mas para adorar a Deus. Se ‘falharmos nisso’,
conclui Philip Yancey, ‘a igreja fracassa’ (Igreja: Por Que me Importar, p. 25).
Outro dia, Silas Tostes, um dos organizadores do 4º Congresso Brasileiro
de Missões, mostrou-se inseguro quanto ao número de participantes, por ser
um congresso de missões e não um show de música gospel.
De fato, em muitas igrejas, o tempo destinado à exposição da Palavra é
cada vez menor e o tempo reservado aos cânticos é cada vez maior. Em alguns cultos já não há lugar para o antigo sermão, nem para algum substituto
dele. Assim como há geleia light, maionese light e pão light, temos o culto
light (leve, ligeiro, alegre, jocoso etc.). Embora a música de adoração seja de
suma importância e de fundamento bíblico (basta recordar o desempenho
dos cantores e instrumentistas levitas), o papel da música religiosa hoje em
dia não implica, obrigatoriamente, uma elevação da qualidade dos adoradores e do culto. A decadência do culto transformado em show leva obrigatoriamente a outros absurdos: certo “levita” explicou que o ministro de música
(no caso, o tal artista de larga popularidade, da definição do Aurélio) “deve
andar de carro novo e vestir-se elegantemente porque, afinal de contas, tem
a responsabilidade de conduzir o povo ao trono de Deus em adoração”.
Por ocasião do avivamento acontecido em Jerusalém sob a liderança de
Esdras e Neemias, logo após o retorno dos exilados, gastavam-se três horas
para a leitura da Lei do Senhor e mais três horas para a confissão de pecados
e adoração (Ne 9.1-5).”8
8.Culto transformado em show. Disponível em: < http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/295/culto-transformado-em-show> Acesso em: 03 de outubro de 2014.
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Os cristãos
sem igreja
29 DE NOVEMBRO DE 2014
1. Desigrejados:
Subproduto da sociedade e da religiosidade contemporânea: “A Religião
de Mercado fez da igreja uma prestadora de serviços religiosos, e do membro, um consumidor exigente. Alguma coisa lhe desagrada e pronto: ele
muda de igreja” (LUDOVICO, Osmar. Meditatio. São Paulo: Mundo Cristão,
2007, p. 149). “Na realidade, algumas das tendências contemporâneas da
sociedade atual têm contribuído para a elaboração de um ‘cristianismo diferente’, isto é, um cristianismo de massa, despersonalizado, individualista. Essa
nova tendência tem contribuído para produzir um cristianismo sem igreja; Há
gente que não quer fazer parte da igreja, por não submeter-se a nenhuma
autoridade. Muitas são as pessoas que não querem prestar contas da vida a
ninguém. Só procuram alguém que aceite sua maneira de pensar. Sentem-se donas da verdade, sendo escravos de seus próprios interesses pessoais”
(SAYÃO, Luiz Alberto. Agora sim!: teologia na prática do começo ao fim. São
Paulo: Hagnos, 2012, p. 105)
2. Cristãos sem igreja? Absurdo!:
“O Novo Testamento é claro quando afirma a necessidade da igreja local,
expressão concreta da igreja universal. Do ponto de vista de Deus, o cristão
sem igreja é um herege. O próprio Jesus enfatizou a importância do grupo
(Mt 18:19-20) quando afirmou que está presente entre dois ou três reunidos
em seu nome. como é possível perdoar o outro se me isolo? Como posso
desenvolver o meu dom espiritual sozinho? Como fazer missões sem a comunidade da fé? Como crescer espiritualmente sem fazer parte de uma igreja?
Cristão sem igreja é um absurdo!” (SAYÃO, Luiz Alberto. Agora sim!: teologia na prática do começo ao fim. São Paulo: Hagnos, 2012, p. 106)
3. Não basta crer em Deus, é preciso permanecer na igreja!:
“Cristãos de todas as tendências e denominações evitam a igreja hoje em
dia. Muitos não tem tempo para ela. Com tanta coisa acontecendo, a igreja se
20
Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
transformou numa prioridade menor (...) Mas Cristo não quer que creiamos
em Deus apenas. Ele deseja que entreguemos nossa vida por intermédio de
sua igreja (...)” (GROESCHEL, Craig. O cristão ateu: crer em Deus, mas viver
como se ele não existisse. Tradução de Jurandy Bravo. São Paulo: Vida, 2012,
p.176, 179). “O compromisso de permanecer [na igreja], apesar de nossas
divergências, e caminhar humildemente um com outro, o diferente, gera em
nós fidelidade, virtude essencial para a vida cristã, ensinando que os conflitos
sempre podem ser resolvidos sob a perspectiva do perdão e da restauração”
(LUDOVICO, Osmar. Meditatio. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, 151).
4. Não vamos à igreja; somos igreja!:
“Como Jesus vive nos crentes, somos seus representantes para o mundo.
Nós na igreja somos suas mãos e seus pés (...) Cada crente tem um dom e
um papel na igreja e no mundo (...) Se você não ministra nem usa seus dons
na igreja, então há algo que Deus deseja fazer que está sendo ignorado. Se
você foi à igreja e não gostou - porque se sentiu magoado, desiludido ou
decepcionado -, então seja o instrumento da transformação que quer ver
implementada. Embora a igreja esteja longe da perfeição (a minha com certeza está), pense no quanto ela poderia melhorar se você lhe dedicasse sua
vida. Deus não nos chama para irmos à igreja; ele nos chama para sermos sua
igreja, a esperança do mundo” (GROESCHEL, Craig. O cristão ateu: crer em
Deus, mas viver como se ele não existisse. Tradução de Jurandy Bravo. São
Paulo: Vida, 2012, p. 179).
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Ateísmo cristão
6 DE DEZEMBRO DE 2014
1. Conceituando ateísmo cristão:
“Pois é, isso existe. Ateísmo cristão é a negação do Deus cristão revelado na Bíblia por alguém que, ao mesmo tempo, tenta redefini-lo usando
linguagem e termos evangélicos. Alguém que, na prática, vive como se ele
não existisse. (...) o cristão que não crê em um Deus que atenda as orações
também não dobra seus joelhos. Este vive como se Deus não existisse.”
(LOPES, Augustus Nicodemus. O ateísmo cristão e outras ameaças à igreja.
São Paulo: Mundo Cristão, 2011, p.78).
2. Ateísmo cristão na História:
“A ideia de que Deus não se mete no mundo e com os homens tomou
forma ‘cristã’ após o Iluminismo, quando teólogos ingleses resolveram
adaptar o Deus cristão da Bíblia às exigências do racionalismo predominante do século 18. Naquela época o mundo estava sendo concebido
como uma grande engrenagem autossuficiente que funcionava de forma
ordeira seguindo leis naturais e intrínsecas. Cada efeito, cada fenômeno,
cada evento da natureza e na História era entendido como resultado de
alguma causa natural. Um sistema fechado de causa e efeito que não
precisava de nenhuma intervenção externa para manter seu funcionamento.” (Idem, p.79).
3. Confissões de um cristão ateu em recuperação:
“Desde quando posso me lembrar, creio em Deus. Mas nem sempre
vivi como se ele existisse. Hoje meu ateísmo cristão deixou de ser um
problema tão grande quanto já foi, mas ainda luto contra ele. Como o
alcóolatra em recuperação cuida para nunca imaginar garantida a sobriedade, tenho de viver um dia por vez. Você talvez ache estranho um
pastor lutando para não viver como se Deus não existisse. Contudo, no
meu canto de mundo, o ateísmo cristão é uma pandemia espiritual que
se dissemina com rapidez, capaz de envenenar, adoecer e até matar para
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
todo o sempre. (GROESCHEL, Craig. O cristão ateu: crer em Deus, mas
viver como se ele não existisse. Tradução de Jurandy Bravo. São Paulo:
Vida, 2012, p. 15).
4. Crer não é o mesmo que conhecer:
“Recente pesquisa Gallup concluiu que 94% dos norte-americanos afirmam crer em Deus ou em um espírito universal. Todavia, um rápido folheio das Escrituras, e nossa cultura deixa bastante evidente que não chega
nem perto de 94% o percentual dos que conhecem a Deus. Quero dizer,
conhecem-no de verdade – na sua intimidade. Crença não é o mesmo que
conhecimento pessoal. Para muita gente, a simples ideia de que se pode
conhecer a Deus em nível de relacionamento parece improvável, irreal, inatingível. (Idem, p.27).
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O homem como
centro
13 DE DEZEMBRO DE 2014
1. Músicas para embalar:
“A educadora religiosa Isabel da Cunha Franco se mostra preocupada com
a letra de alguns cânticos que estão sendo entoados hoje, tais como: “Bendito serei”, “Transbordarei, prosperarei” e “Somos mais que vencedores”:
“Quando tais músicas predominam, mesmo sem perceber, vamos trocando
o culto que é devido ao Senhor pelo louvor ao ego”. Isabel teme que esses cânticos focados no “eu” tornem-se instrumentos de autoajuda e que
os crentes absorvam muitos valores da sociedade atual em busca de sucesso e vantagens.” (EDUCADORA religiosa chama atenção para o perigo dos
cânticos de autoajuda. Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/revista/
artigos/328/educadora-religiosa-chama-atencao-para-o-perigo-dos-canticos-de-autoajuda#extras>. Acesso em: 30 de setembro de 2014.
2. Resultados da pregação:
“O pregador que vê o seu ofício como uma performance não entende de
pregação. Pregação é coração, em primeiro lugar. Você tem de mergulhar
na Palavra, achar a verdade onde ela está e pregá-la com integridade de
coração. O pregador que se motiva pela reação das pessoas está cometendo
um erro. Não deve se motivar pelo bem-estar do povo, pelas reações momentâneas, mas pelas consequências de cada palavra. Só que quero ver isso em
longo prazo e não na hora do culto.” (MCALISTER, Walter. O fim de uma era.
Rio de Janeiro: Anno Domini, 2009, p.153).
3. Metáforas de uma vida passiva:
“Sentei-me na reunião de quinta com meu caderninho. Procurava comprovar uma preocupação que trouxera do Brasil. O campus de Kailua envia de
trezentas a quinhentas pessoas em equipes missionárias de curto prazo para
o mundo inteiro a cada trimestre. Jovens dirigem o louvor com solos de guitarra, pulos, vozes intimistas à moda Coldplay ou gritos primais em havaiano.
Apesar do sabor internacional, da mistura de estilos, as letras não diferenciam
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
das que cantávamos no Brasil na nossa igreja em Porto Velho. A maioria se
refere às minhas emoções e a um Deus que me ama, salva, transforma, ampara, cura, trata, mima. Eu sou o centro de minhas adorações.
As palavras que usamos no dia-a-dia influenciam nosso comportamento.
Palavras definem nossa relação com o universo e nossa expectativa pela vida.
Se interpretamos de maneira mística ou meramente psicológica, o fato é que
a linguagem tem uma função essencial em nossa existência.
No processo de nos fazer entendidos e tentar entender, criamos com as
palavras figuras de linguagem. Usamos metáforas para compor imagens.
Metáforas nos ajudam a criar padrões na linguagem, tecer realidades para
explicar outras. Cada analogia nos leva a uma rede de referências. De acordo
com James Geary, editor da coluna ‘Quotable Quotes’, da revista ‘Reader’s
Digest’, e autor de um livro sobre metáforas, usamos seis metáforas por minuto, como um recurso corriqueiro na comunicação. Geary constatou por
meio de um estudo que as metáforas influenciam nossas decisões. Pessoas se
tornam mais propensas a uma decisão quando é estabelecido um determinado contexto, e metáforas criam o contexto das conversações.
No Brasil fiz uma análise textual de algumas músicas cristãs. Em quase todas o eu é soberano e central. Aqui procurei por metáforas. O que cantamos
em nossos cultos, como nos vemos e como vemos ao Senhor? O que encontrei não me surpreendeu. O Senhor é doce, suave, meigo, uma brisa, um furacão, um abraço, um calor que me inunda, o abrigo que me protege, a mão
que me ampara, um grande coração, aquele que me faz voar, aquele que
chora por mim, que tem ciúmes de mim. Ele é também glória, majestade e
beleza. É o Cordeiro com muito mais frequência do que é o Leão… Nenhum
problema. O nosso Deus é mesmo tudo isto. Mas é também muito mais. Eu,
por minha vez, sou frágil, estou abatido, magoado, ferido e cansado; sou um
nada, preciso de proteção; estou sempre à beira do pecado, estou chorando,
meu canto é um eterno lamento.
Vemos aqui um quadro triste no evangelicalismo atual. Embora verdadeiras, as imagens de um Deus extremamente meigo e dos seres humanos fragilizados, a quem ele serve, não nos contam toda a história. Produzem um
estado mental angustiado e egocêntrico. Enquanto olho pra minha fragilidade, não ajudo o próximo. Enquanto fraco, nada vejo além do meu umbigo.
Envolvido em meu romance celestial, esqueço meu destino terreal.
Nos anos 80, as músicas que produziram a minha geração missionária falavam de guerra, de exército, de conquista. Jesus era o Leão de Judá, o Senhor
dos Exércitos, e eu, o soldado obediente à missão a qualquer preço. Pode-se
argumentar que as metáforas daquela época produziram, quem sabe, o erro
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de uma missão arrogante, cega à realidade humana. As metáforas de hoje,
no entanto, produzem uma passividade total. Enquanto canto àquele que me
ama, sou uma árvore plantada no lugar de minha conveniência esperando
que a brisa me refresque e o abrigo me proteja. Minha missão inexiste. Só nos
resta esperar que James Geary esteja errado.”9
4. Vitoriolatria:
“Vivemos numa época estranha da História da Igreja. Esquecemos o que
a Bíblia diz, esquecemos o testemunho dos mártires, esquecemos os escritos
dos patriarcas, esquecemos a teologia dos reformadores. Mas damos ouvido
a qualquer pregador que apareça na TV vendendo livros com lições de vitória
ou a qualquer ou a qualquer preletor convidado que suba aos púlpitos distorcendo o sentido das histórias bíblicas – e, é claro, vendendo seus CDs e DVDs
ao final da reunião, no cartão ou cheque pré-datado. Somos reféns de uma
doença que, aos poucos, foi tomando conta de muitas igrejas, contaminando
muitos pastores, embaçando a mente de muitos de nossos irmãos. A doença
que chamo de vitoriolatria – o culto à vitória.” (ZÁGARI, Maurício. A verdadeira vitória do cristão. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2012, p.31)
9. RIBEIRO, Bráulia. Metáforas de uma vida passiva. Disponível em: <http://ultimato.com.br/
sites/brauliaribeiro/2010/09/21/metaforas-de-uma-vida-passiva/>. Acesso em: 30 de setembro de 2014.
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
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Cultos
desordeiros
20 DE DEZEMBRO DE 2014
1. Cheio do Espírito, controlado pelo Espírito!:
“Quando o Espírito Santo controla um cristão no culto, ele não fica fora
de si, nem perde o domínio próprio, nem os sentidos, como ocorre nas religiões pagãs dominadas por espíritos malignos. Boa parte dos movimentos e
ministérios atuais relacionados com a ‘terceira onda’ [igrejas neopentecostais]
do Espírito focalizam-se nas experiências, nos fenômenos, nas manifestações
sobrenaturais, muitas das quais envolvem a perda do controle emocional por
parte dos crentes.” (LOPES, Augustus Nicodemus. O culto espiritual: um estudo em 1 Coríntios sobre questões atuais e diretrizes bíblicas para o culto
cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p.107).
2. O culto controlado pelo Espírito:
“Um culto onde o Espírito de Deus está verdadeiramente no controle haverá de produzir ordem e decência, sobriedade e equilíbrio. É bem verdade
que, como alguns exemplos da história da Igreja nos mostram, pode haver
profunda emoção e mesmo reações físicas, como tremores, desmaios e quedas. Mas até essas coisas ocorrem numa perfeita ordem espiritual, bem diferente da histeria e descontrole que, por vezes, caracteriza alguns encontros
neopentecostais.” (Ibden.)
3. Emoção no culto:
“Muitos acham que na comoção de um culto houve, necessariamente,
a manifestação do poder de Deus. Isso é um engano. Só que, na ausência
da manifestação verdadeira do poder de Deus como o conhecemos, nós
pentecostais, costumamos ficar ansiosos. Na ânsia de manter o fluxo da
manifestação de sinais e prodígios, lançamos mão de artifícios que parecem
ser o poder de Deus – mas não são. Achamos que barulho e comoção constituem poder.” (MCALISTER, Walter. O fim de uma era. Rio de Janeiro: Anno
Domini, 2009, p.211).
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4. A TEOLOGIA DO TOMBO E A UNÇÃO DO CAI-CAI:
“Uma das principais características dos cultos neopentecostais é a chamada ‘unção do cai-cai.’ A cantora Ana Paula Valadão, (...) pastora da Igreja
Batista da Lagoinha, protagonizou umas das típicas cenas deste movimento
onde mediante o sopro de um pastor ela caiu no Espirito.
Pois é, basta com que o pregador sopre ou atire o seu paletó contra o
público, que um número incontável de pessoas caem no chão, quer desacordadas ou tomadas por aquilo que alguns denominam de unção do riso.
A unção do cai-cai iniciou-se com o americano Randy Clark, que foi ordenado pastor em 1950. Segundo alguns relatos, ele recebeu uma profecia que
afirmava que através de sua vida e ministério pessoas seriam derrubadas no
Espírito. Para o pastor Clark, a unção era como dinamite, e a fé como a cápsula que explode a dinamite. Clark é autor do movimento “Catch the fire” (agarre o fogo) que possuía uma noção estranha do significado do poder divino.
Gostaria de ressaltar que na terra do Tio Sam, a unção do cai-cai virou
uma febre. Pastores como Benny Hinn, Keneth Haigin também foram protagonistas na arte do tombo, disseminando sobre milhões de pessoas em toda
a América um conceito errôneo e equivocado além é claro de anti-bíblico
sobre o poder de Deus.
No Brasil, o movimento ganhou popularidade na década de 80 através do
pastor Argentino Carlos Anacôndia. Anacôndia chegou ao Brasil, através
das Comunidades Evangélicas, que mediante encontros e congressos esparramados em todo país, difundiram na igreja brasileira esta prática e comportamento doutrinário. Em 1990, a unção do cai-cai se espalhou de tal forma,
que os crentes em Jesus passaram a acreditar que quando caíam no Espírito
experimentavam cura para suas almas e a unção do tombo representava um
olhar especial de Deus para com os seus filhos.
Em 1994 na Igreja Comunhão Divina do Aeroporto de Toronto, Canadá.
Surge a bênção de Toronto, onde as pessoas movidas por uma “especial unção” caíram no chão, sem fala, rindo, chorando ou dando gargalhadas. Em
pouco tempo, o templo estava lotado, vindo pessoas de todos os países e região. Em pouco tempo, as manifestações dos mais diferentes tipos de unções
se fez presente no Canadá. Por exemplo, o pastor da Igreja de Vancouver,
afirmou também que havia recebido uma profecia que o Espírito Santo se
manifestaria imitando o som dos animais. Vale a pena ressaltar que o próprio
pastor começou a urrar como leão, alegando que era o leão da tribo de Judá,
uma das maneiras como Jesus é chamado na Bíblia.
Caro leitor, a luz disto tudo resta-nos perguntar: Existe fundamento bíblico
para este tipo de unção? Em que lugar no Novo Testamento, vemos Jesus
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
ou os apóstolos ensinando sobre a necessidade de cair no Espirito? Ou ainda,
quais são os pressupostos teológicos que nos dão margem para acreditar na
zooteologia, onde Deus se manifesta através de grunhidos animalescos?
Prezado amigo, vale a pena ressaltar que ao longo da história pessoas
caíram prostradas diante de Deus. Jonathan Edwards nos traz relatos absolutamente impressionantes da manifestação do poder e da graça divina. John
Wesley, em determinado momento da vida ao pregar o Evangelho da Salvação Eterna levou centenas de pessoas ao chão chorando e confessando os
seus pecados. Agora, vamos combinar uma coisa? A quantidade de pessoas
que dizem que foram derrubadas pelo Espírito de Deus e que continuam com
o mesmo tipo de vida não está no Gibi. As pessoas que caem rugem como
leões, latem como cães, comportam-se como animais e vivem uma vida cristã
absolutamente aquém daquilo que Deus projetou.
Prezado irmão, quando o apóstolo João, ouviu a voz do Senhor na ilha
de Patmos, prostrou-se conscientemente diante de Deus confessando o
Senhorio de Cristo. Isaías, quando viu o Senhor no alto e sublime trono,
curvou-se no chão dizendo, SANTO, SANTO, SANTO. Agora, o que não dá
pra entender é esse cai-cai que não produz mudanças, arrependimentos e
conversão de pecados.
Como já escrevi anteriormente creio veementemente que boa parte dos
nossos problemas eclesiásticos se deve ao fato de termos abandonado a
margem da existência as Escrituras. Não tenho a menor dúvida de que somente a Bíblia Sagrada é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias, como também a norma
para todas as decisões de fé e vida. É indispensável que entendamos que a
autoridade da Escritura é superior à da Igreja, da tradição, bem como das
experiências místicas adquiridas pelos crentes. Como discípulos de Jesus não
nos é possível relativizarmos a Palavra Escrita de Deus, ela é lâmpada para os
nossos pés e luz para os nossos caminhos.
O reformador João Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na bíblia, e de que ela é o escudo que nos protege do erro.
Em tempos difíceis como o nosso, precisamos regressar à Palavra de Deus,
fazendo dela nossa única regra de fé, prática e comportamento, até porque
somente assim conseguiremos discernir o verdadeiro do falso.
(...).”10
10.VARGENS, Renato. A teologia do tombo a unção do cai-cai. Disponível em: < http://renatovargens.blogspot.com.br/2011/04/ana-paula-valadao-e-uncao-do-cai-cai.html>. Acessado: 02
de outubro de 2010.
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Jesus e a
missão integral
6 DE DEZEMBRO DE 2014
1. Participamos do Projeto de Deus:
“SOMOS PARTICIPANTES DE UM PROJETO glorioso que está em andamento: o projeto de Deus. Em seu maravilhoso plano, o Pai está redimindo,
por meio do evangelho, todas as coisas, resgatando-as de volta para ele mesmo. Esta é uma verdade radical e de fundamental relevância para as nossas
vidas e ministérios. Precisamos compreender estas profundas verdades em
seu significado completo para sermos efetivos no entendimento do agir de
Deus e cooperar com ele nesta grandiosa obra.” (CUNHA, Maurício José Silva. O reino entre nós: transformação de comunidades pelo evangelho integral. Viçosa: Ultimato, 2003, p. 23).
2. Evangelho do serviço:
“Certamente ele [Jesus] pregou, proclamando as boas do reino de Deus e
ensinando sobre a vinda e a natureza do reino, como entrar nele e como este
reino seria espalhado. Porém, ele serviu por meio de obras, assim como por
palavras, e seria impossível, no ministério de Jesus, separar suas obras de suas
palavras. Ele alimentou bocas famintas, lavou pés sujos, curou enfermos, confortou os abatidos e até ressuscitou os mortos. Agora ele diz que nos envia
como o Pai o enviou. Logo, nossa missão, como a dele, deve ser de serviço.”
(STOTT, John. A missão cristã no mundo moderno. Tradução: Meire Portes
Santos. Viçosa: Ultimato, 2010, p.28).
3. O Evangelho não é isca:
“Se ajudarmos apenas pessoas que aceitem o evangelho, seremos vistos como pessoas que só fazem isso em benefício próprio, ou seja, para
aumentar o rol de membros de nossa igreja. (...) muitas pessoas insistem
em que fazer justiça é anunciar o evangelho, é evangelismo. Fazer justiça
pode, sim, levar as pessoas a ouvir o evangelho da graça, mas achar que
as obras de misericórdia e justiça são idênticas à proclamação do evangelho é um erro fatal.” (KELLER, Timothy. Justiça generosa: a graça de
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
Deus e a justiça social. Tradução: Eulália Pacheco Kregness. São Paulo:
Vida Nova, 2013, p.142).
4. A missão integral de Jesus:
“Basta um estudo superficial de como Jesus desenvolveu seu ministério
terreno para comprovar que para ele todas as necessidades humanas eram
uma oportunidade de serviço. Nos Evangelhos não há a menor evidência de
que ele pusesse as necessidades espirituais acima das corporais nem estas
acima daquelas. Segundo o testemunho de Mateus, “percorria Jesus todas as
cidades e aldeias da província da Galileia, ensinando nas sinagogas deles, e
pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias
entre o povo” (9.35). Seu ensinamento, de um alto conteúdo ético, se resume no Sermão do
Monte (Mt 5–7) e deixa claro que o que Deus requer de seus filhos não se
limita a deveres religiosos na área da relação com ele, mas se estende a todos os aspectos da vida humana, sem exceção. Além da relação com Deus,
abarca a relação com o próximo e com a criação de Deus. Como sugere o
Pai-Nosso, se orienta para “o cumprimento da vontade de Deus na terra”
da mesma maneira como essa boa e soberana vontade se cumpre no céu. O
ministério de Jesus inclui, portanto, o ensino da lei de Deus e dos valores do
reino: paz, justiça, reconciliação, atitude em relação aos bens terrenos.
Vinculada estreitamente com o ensino, “a proclamação do reino de Deus”
é um aspecto essencial do ministério de Jesus. Com efeito, o estudo deste
conceito nos Evangelhos nos permite afirmar, sem medo de errar, que este
foi o tema fundamental da pregação de Jesus. Não é à toa que a expressão
reino de Deus (ou seu equivalente “reino dos céus”, no Evangelho de Mateus) se repete com tanta frequência nos Evangelhos. O de Marcos capta a
importância desta proclamação quando resume as boas novas anunciadas
por Jesus nestes termos: “O reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e
crede no evangelho” (1.15b). Em um ambiente de expectativas messiânicas,
como o que reinava entre os judeus naquele tempo, Jesus anuncia o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Não em termos do advento de
um messias conquistador que vem libertar a nação de Israel de seus opressores, mas sim em sua própria pessoa e obra. Ele é o rei-servo que veio para
estabelecer um reinado de paz e justiça! Como ele mesmo afirma no sermão
inaugural (baseado em Isaías 61.1-2), na sinagoga de Nazaré da Galileia, no
começo de seu ministério, referindo-se ao Messias enviado por Deus para
anunciar boas novas aos pobres, proclamar liberdade aos cativos, dar vista
aos cegos, por em liberdade os oprimidos e pregar o ano aceitável do Senhor:
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“nele se cumpre esta Escritura” na presença de seus ouvintes. E estes experimentam a presença do reino em suas vidas, na medida em que respondem a
ele em arrependimento e fé.
O ensino e a proclamação do reino de Deus são acompanhados pela ação
de Jesus em termos de “cura de toda enfermidade e de toda dor”. Os quatro
Evangelhos demonstram essa maravilhosa liberação de poder milagroso em
resposta às necessidades corporais de multidões submetidas à pobreza, sobretudo na província da Galileia. É óbvio que para Jesus o corpo humano não
é menos digno de atenção e cuidado que o espírito.
Se algo está claro a partir da descrição do ministério de Jesus é que para ele
a unidade do ser humano é uma premissa fundamental e, consequentemente, a missão de Deus aponta para a restauração da totalidade da pessoa em
comunidade, segundo o propósito que estabeleceu originalmente na criação.
Assim, hoje tomamos parte nisso como continuadores da missão integral de
Jesus, na medida em que orientamos nosso ministério para a satisfação de
necessidades humanas de pessoas indivisíveis.”11
11.PADILLA, C. Rene. A missão integral de Jesus. Traduzido por Wagner Guimarães. Disponível
em: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/335/a-missao-integral-de-jesus> Acessado: 03
de outubro de 2010.
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Comentários Adicionais – 3º Trimestre de 2014
50ªAssembleiaGeral
Sumaré, 28 a 29 de novembro de 2014
Os ceifeiros, os frutos e os campos
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