PPGEQ/UFPR - Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Transcrição
PPGEQ/UFPR - Programa de Pós-Graduação em Engenharia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LOURIVAL JOSÉ DOS SANTOS PRODUÇÃO CONTÍNUA DE BIODIESEL UTILIZANDO COLUNA DE DESTILAÇÃO REATIVA CURITIBA 2012 LOURIVAL JOSÉ DOS SANTOS PRODUÇÃO CONTÍNUA DE BIODIESEL UTILIZANDO COLUNA DE DESTILAÇÃO REATIVA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Química, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Química. Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando de Lima Luz Junior CURITIBA 2012 Dedico este trabalho a minha família, Aos meus pais, José e Maria, A minha esposa Solange. AGRADECIMENTOS Agradeço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram na elaboração desse trabalho e, em particular: A Deus, por todas as oportunidades e bênçãos da minha vida, dentre essas, por ter permitido a mim a conclusão desta missão. Ao Prof. Dr. Luiz Fernando de Lima Luz Junior, pela orientação, incentivo e apoio no desenvolvimento deste trabalho e por sua infinita paciência e amizade. A todos os professores que passaram pela minha caminhada, em especial ao professor Emerson Valt no projeto da coluna reativa, como parte da tese de doutorado e o professor Marcos Lucio Corazza, pela ajuda e sugestões. Aos professores Luiz Pereira Ramos e Papa Matar Ndiaye pelos recursos financeiros, pois sem esses os equipamentos não estariam disponíveis para a realização do trabalho. Ao PRH–24 (de Recursos Humanos da ANP) e ao pró-engenharias de CAPES, pelos recursos disponibilizados para a pesquisa. Ao Programa de Pós-graduação da Engenharia Química da Universidade Federal do Paraná À Universidade Federal do Paraná, a todos os professores do Programa de PósGraduação em Engenharia Química, pela oportunidade de realizar este trabalho. Ao Laboratório de Análises de Combustíveis Automotivos, pela infra-estrutura oferecida nas análises do biodiesel para o desenvolvimento deste trabalho. Aos amigos de pós-graduação, pelo incentivo e, principalmente, Alexandre Almeida e Odilon Araújo, pela convivência com vocês nestes anos de trabalho. RESUMO Neste trabalho é apresentada uma alternativa para a produção contínua de biodiesel, utilizando uma coluna de destilação reativa. Com exceção da energia hidroelétrica e nuclear, o petróleo, o carvão e o gás natural são responsáveis pelo fornecimento da maior parte da energia consumida no mundo. Essas fontes energéticas apresentam relativa escassez e ainda existe a possibilidade do esgotamento dessas no futuro próximo. Além desses aspectos, o crescimento populacional e os avanços tecnológicos provocam uma elevação na demanda de energia, o que evidencia a importância da busca por fontes energéticas alternativas. O objetivo principal foi avaliar as características hidrodinâmicas e de operação de uma coluna de destilação para promover a reação e a separação dos componentes presentes, minimizando procedimentos operacionais. O processo proposto avaliou a transesterificação do trialcilglicerol (óleo de soja clarificado) com etanol anidro. Ambas as matérias primas são disponíveis no Estado do Paraná, isso é de suma importância, pois o biodiesel e seus insumos devem estar diretamente ligados aos interesses regionais. Foi montada uma coluna de destilação reativa composta de refervedor, condensador de topo, tambor de refluxo, com vários pontos de medida de temperatura, alimentação e retirada de produtos, possibilitando diferentes formas de operação da coluna. Foram realizados experimentos para a determinação de acúmulos (hold-up) na coluna com recheio randômico (tipo Raschig) e também ensaios para determinação de tempo de residência (DTR). A Reação do biodiesel foi realizado com 6 (seis) litros de etanol no refervedor e 4 (quatro) litros de etanol no tanque de refluxo, em seguida o etanol no refervedor foi aquecido e mantido a temperatura constante a 78 °C. Essa operação ocorreu a refluxo total. As condições de operação foram 690 mm Hg e 78ºC no topo da coluna e vazão de etanol de refluxo variando de 44 a 68 mL/min. Alimentação de óleo de soja clarificado, e a solução de etanol variando 0,5 a 0,75% em massa de catalisador (NaOH), foram alimentados no topo da coluna por bombas peristálticas. Foram realizados vários testes de produção de biodiesel na coluna, mantendo o mesmo processo inicial de partida, mas alterando a retirada de produtos. Um dos testes realizados foi importante para determinar que a maior parte da reação estava ocorrendo na coluna, e não no refervedor. Os melhores resultados ocorreram com alimentação de etanol em excesso de 22% em volume, com 0,75% de catalisador (NaOH) em relação à massa de óleo. A conversão de óleo obtida foi 95% em teor de ésteres, obtida via análise cromatográfica. Neste trabalho demonstrou-se que a coluna de destilação reativa é uma alternativa viável tecnicamente para a produção contínua de biodiesel. Palavras-chave: Biodiesel. Destilação reativa. Distribuição do tempo de residência. ABSTRACT This work has discussed an alternative to the continuous production of biodiesel using a reactive distillation column. Oil, coal and natural gas are responsible for providing most of the energy consumed in the world with the exception of hydroelectric and nuclear power. These energy sources have relatively short and it is a great possibility of depletion of these fuels in the near future. Besides these aspects, population growth and technological advances lead to an increase in energy demand, which highlights the importance of searching of alternative energy sources. The main objective was to evaluate the hydrodynamic characteristics and operation of a reactive distillation equipment to promote the reaction and separation of the components present and minimize operating procedures. The proposed process evaluates the transesterification of a trialcilglicerol (clarified soybean oil) with anhydrous ethanol. Both raw materials are available in the State of Parana, it is extremely important because the biodiesel and its inputs should be directly linked to regional interests. The equipment is a reactive distillation column comprising reboiler, top condenser , a reflux drum, and multi-point temperature measurement, inlet and outlet of products, enabling different modes of operation of the column. The experiments were performed to determine the hold-ups in the column with random packing (Raschig rings) and the distributed of residence time (DTR). Reaction of biodiesel was performed with six (6) liters of ethanol in the reboiler and four (4) liters of ethanol in the tank reflux, then the ethanol in the reboiler was heated and maintained the temperature constant at 78°C. This transaction occurred at total reflux. The operating conditions were 690 mm Hg and 78°C at the top of the column and a reflux flow ethanol ranging from 44 to 68 ml/min . Feeding clarified soybean oil, and ethanol solution ranging 0.5 to 0.75% by weight of catalyst ( NaOH) were fed into the top of the column, while maintaining the same initial process of starting, but changing the product recall One of the tests conducted it was important to determine that most of the reaction was occurring on the column, the reboiler and no. The best results occurring with ethanol feed in excess of 22% by volume with 0.75% catalyst (NaOH) on the mass of oil. The conversion of the oil obtained was 95% in esters contain by chromatographic analysis. In this study, it was demonstrated that the reactive distillation column is a potential alternative for the continuous production of biodiesel. Keywords: Riodiesel. Reactive distillation. Residence time distribution. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- MATRIZ ENERGÉTICA GERAL DO BRASIL ..................................... 21 FIGURA 2 - CRONOGRAMA OFICIAL DO PROGRAMA BRASILEIRO DE BIODIESEL ............................................................ 22 FIGURA 3 - EVOLUÇÃO ANUAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL .................................................................... 26 FIGURA 4 - (A) PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E, (B) REGISTRO DE PATENTES RELACIONADOS AO BIODIESEL NO BRASIL E NO MUNDO ...................................................................... 27 FIGURA 5 - MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL................................................................................... 29 FIGURA 6 - VARIAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA AO LONGO DO TEMPO ............. 29 FIGURA 7 - OLEAGINOSAS NO BRASIL ............................................................. 31 FIGURA 8 - REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO. ........................................... 32 FIGURA 9 - FLUXOGRAMA GERAL DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL POR TRANSESTERIFICAÇÃO COM CATÁLISE HOMOGÊNEA ALCALINA ............................................... 34 FIGURA 10 - MECANISMO BÁSICO DA REAÇÃO DE ESTERIFICAÇÃO ............ 36 FIGURA 11 - DIVISÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO REATIVA EM TRÊS SECÇÕES. ........................................................ 39 FIGURA 12 - FLUXOGRAMA DA UNIDADE PILOTO. ........................................... 47 FIGURA 13 - REFERVEDOR DA UNIDADE PILOTO ............................................. 48 FIGURA 14 - COLUNA DE RECHEIO COM ANÉIS DE RASCHIG DE VIDRO ...... 49 FIGURA 15 - CONVERSOR DE SINAIS ................................................................. 50 FIGURA 16 - UNIDADE PILOTO PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL. .............. 51 FIGURA 17 - TRANSESTERIFICAÇÃO DE TRIGLICERÍDEOS, ONDE R1, ..................R2 E R3 REPRESENTAM AS CADEIAS CARBÔNICAS DOS.........53 FIGURA 18 - CROMATÓGRAFO A GÁS COM INJETOR AUTOMÁTICO. ............ 54 FIGURA 19 - TESTE DE HOLD-UP DA COLUNA REATIVA .................................. 56 FIGURA 20 - VÁRIOS MÉTODOS DE PERTURBAÇÃO UTILIZADOS PARA ..................DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM REATOR QUÍMICO. ................. 57 FIGURA 21 - RESPOSTA PULSO PARA DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM ..................REATOR. .......................................................................................... 59 FIGURA 22 - RESPOSTA A UMA PERTURBAÇÃO TIPO DEGRAU PARA ..................DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM REATOR. .................................. 61 FIGURA 23 - BOMBAS PERISTÁLTICAS PARA ALIMENTAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA CLARIFICADO E SOLUÇÃO DE CATALISADOR. ........... 67 FIGURA 24 - PRIMEIRO RESULTADO DO BIODIESEL ........................................ 68 FIGURA 25 - PERFIL DE TEMPERATURA AO LONGO DA COLUNA .................. 69 FIGURA 26 - PERFIL DE TEMPERATURA AO LONGO DA COLUNA ..................MONITORADO PELO SISTEMA DE AQUISIÇÃO. ........................... 70 FIGURA 27 - CROMATOGRAMA BIODIESEL – TESTE 2 ..................................... 71 FIGURA 28 - VARIAÇÃO DA DENSIDADE COM O TEMPO DE OPERAÇÃO.......73 FIGURA 29 - VARIAÇÃO DA DENSIDADE E DOS RESULTADOS DE .......................CROMATOGRAFIA COM O TEMPO DE OPERAÇÃO......................73 FIGURA 30 - DENSIDADES NO REFERVEDOR E NA COLUNA AO .........................LONGO DO TEMPO DE OPERAÇÃO..............................................75 FIGURA 31 - RESULTADOS DE DENSIDADE E DE CROMATOGRAFIA – TESTE4..............................................................................................75 FIGURA 32 - RESULTADO DA CROMATOGRAFIA – TESTE 5............................77 FIGURA 33 - DADOS DO TESTE DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE .......................RESIDÊNCIA.......................................................................................78 FIGURA 34 - FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA...........80 FIGURA 35 - FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO MÉDIO DE .......................RESIDÊNCIA.......................................................................................82 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS CONSTITUINTES DE ...............ALGUNS ÓLEOS VEGETAIS............................................................... 28 TABELA 2 - CARACTERÍSTICA DOS RECHEIOS UTILIZADOS ............................ 51 TABELA 3 - PLANEJAMENTO DOS EXPERIMENTOS…………………………...….53 TABELA 4 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 3…....................72 TABELA 5 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 4........................74 TABELA 6 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 5…......................76 TABELA 7 - CONCENTRAÇÃO DE SAÍDA DO TRAÇADOR....................................78 TABELA 8 - CONCENTRAÇÃO DE SAÍDA DO TRAÇADOR DADA .....................UMA ALIMENTAÇÃO COM PERTUBAÇÃO EM PULSO.....................79 TABELA 9 - CÁLCULO DA FUNÇÃO DTR ATRAVÉS DA EQUAÇÃO 9.................80 TABELA 10 – CÁLCULO DO TEMPO MÉDIO DE RESIDÊNCIA ........................ATRAVÉS DA EQUAÇÃO 18.............................................................81 TABELA 11 – SUMÁRIO DOS EXPERIMENTOS......................................................82 LISTA DE SIGLAS ANP – Agência Nacional do Petróleo ASTM – American Society for Testing and Materials DR – Destilação Reativa LISTA DE SÍMBOLOS rm – relação molar álcool: óleo t – tempo (minuto) DG – diacilgliceróis EE – fração de ésteres GL – glicerol MG – monoacilgliceróis T – temperatura (°C) TG – triacilgliceróis SUMÁRIO Capítulo 1..................................................................................................................13 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13 1.1 OBJETIVOS.........................................................................................................15 1.1.1 Geral..................................................................................................................15 1.1.2 Específicos........................................................................................................15 1.2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................16 1.3 ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA DA DISSERTAÇÃO...............................................18 Capítulo 2...................................................................................................................20 2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 20 2.1 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA ................................................................. 20 2.1.1 Biodiesel………………………………………………………………………………22 2.1.2 Vantagens ecológicas e técnicas……………………………………….........……23 2.1.3 Crise do petróleo...............................................................................................24 2.1.4 Produção de biodiesel ...................................................................................... 26 2.1.5 Matérias-primas.................................................................................................27 2.2 MÉTODOS DE PRODUÇÃO............................................................................... 31 2.2.1 Transesterificação ............................................................................................ 31 2.2.2 Transesterificação com catalisador homogêneo básico....................................33 2.2.3 Esterificação ..................................................................................................... 36 2.3 DESTILAÇÃO REATIVA......................................................................................37 2.3.1 Classificações da destilação reativa..................................................................38 2.3.2 Aplicações, benefícios e desvantagens da destilação reativa..........................40 2.4 DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA………............................……….43 Capítulo 3……………………...………………….…………………………………………46 3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 46 3.1 EQUIPAMENTO .................................................................................................. 46 3.1.1 Montagem do equipamento .............................................................................. 48 3.1.2 Recheios utilizados..............................................................................................................51 3.1.3 Materiais utilizados nos testes.......................................................................... 52 3.2 MÉTODOS...........................................................................................................52 3.2.1 Planejamento experimental………………………………………………………...52 3.2.2 Procedimentos dos testes de produção de biodiesel………......................……53 3.2.3 Preparo das amostras do biodiesel para análise cromatográfica.....................53 3.2.4 Procedimentos experimentais para os testes de hold-up e DTR......................55 3.2.5 Teste de hold-up................................................................................................55 3.2.6 Teste de DTR....................................................................................................56 3.2.6.1 Perturbação em pulso ................................................................................... 58 3.2.6.2 Perturbação em degrau ................................................................................. 61 3.2.6.3 Relações integrais da função DTR ................................................................ 63 3.2.6.4 Tempo de residência médio .......................................................................... 63 3.2.6.5 Função DTR normalizada.............................................................................. 64 3.2.6.6 Variância e assimetria da distribuição ........................................................... 65 3.2.6.7 Procedimento experimental para determinação da DTR ............................... 65 Capítulo 4………………………………………………………………………………..…..66 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 66 4.1 REALIZAÇÃO DOS TESTES DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL…......……….....66 4.2 RESULTADOS DE HOLD-UP E DTR..................................................................77 Capítulo 5……………………………………………………………………………………84 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES…………………………………………………...…..84 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86 13 Capítulo 1 1 INTRODUÇÃO Suprir a demanda energética mundial tem sido um grande desafio para nossa sociedade. A contínua elevação do preço do barril de petróleo e as questões ambientais associadas à queima de combustíveis fósseis também têm contribuído para colocar a humanidade frente à necessidade de novas fontes energéticas. O uso em larga escala da energia proveniente da biomassa é apontado como uma grande opção que poderia contribuir para o desenvolvimento sustentável nas áreas ambiental, social e econômica (TREVISANI et al., 2007). Antes mesmo do diesel de petróleo, os óleos vegetais foram testados e utilizados como combustíveis nos motores do ciclo diesel. Por razões tanto econômicas quanto técnicas, esses deram lugar ao diesel de petróleo (RINALDI et al., 2007). O baixo preço e a oferta dos derivados de petróleo, na época, influenciaram decisivamente na escolha pelo diesel mineral. A transesterificação dos óleos vegetais ou gordura animal com álcool é a forma mais usual de produção de biodiesel, que pode ser obtido por diferentes processos. O biodiesel apresenta algumas vantagens em relação ao óleo diesel em termos de desempenho do motor, lubrificação e benefícios ambientais (PETERSON et al., 1998; CANAKCI, 2007). Devido à política de governo, que determinou e estabeleceu prazos para introdução do biodiesel na matriz energética do país através da adição deste no óleo diesel em diferentes proporções (B2 - 2% de biodiesel e B5 - 5% de biodiesel), iniciou-se um processo para implantação de plantas de produção de maior porte, para atender a demanda do mercado nacional. O petróleo, o carvão e o gás natural são responsáveis pelo fornecimento da maior parte da energia consumida no mundo. Essas fontes energéticas apresentam relativa escassez e existe a possibilidade de esgotamento no futuro (FERRARI et al., 2005). Além desses aspectos, o crescimento populacional e os avanços tecnológicos provocam uma elevação na demanda de energia, o que evidencia a importância da busca por fontes energéticas alternativas. Nesse contexto, o biodiesel surge como uma promissora alternativa para substituir o óleo diesel em motores de ignição por compressão. 14 Por décadas, preocupações relacionadas aos problemas ambientais e à qualidade de vida no planeta têm sido consideradas bastante significativas. A emissão de poluentes dos combustíveis derivados do petróleo tem uma parcela relevante de contribuição para o agravamento dessa situação. Na tentativa de superar o desafio de atender à crescente demanda por energia de forma sustentável, causando o menor impacto possível ao ambiente, existe uma crescente motivação para o desenvolvimento de tecnologias que permitam utilizar fontes renováveis de energia, que possam substituir os combustíveis fósseis, mesmo que parcialmente. É nesse contexto que os biocombustíveis vêm ganhando cada vez mais força e destaque, principalmente no Brasil, que possui potencial natural para a produção desses combustíveis. O biodiesel pode ser definido como biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil (FUKUDA et al., 2001). Sua obtenção pode ser realizada através do processo de craqueamento, enzimática, esterificação ou, mais comumente, pela transesterificação. A transesterificação de óleos vegetais pode ocorrer via catálise homogênea ou heterogênea. Atualmente, a catálise homogênea é a rota tecnológica predominante para a produção do biodiesel. A catálise homogênea em meio alcalino é o processo mais comumente empregado, particularmente devido à sua maior rapidez, simplicidade e eficiência (CANAKCI, 2007). O rendimento da reação de transesterificação para a produção do biodiesel é afetada pela temperatura de reação, tipo e concentração do catalisador e razão molar etanol/óleo vegetal (ENCINAR et al., 2007). Levando-se em consideração estes fatos, torna-se necessário o estudo da otimização de processos que visa encontrar condições ótimas de operação de processos, principalmente os industriais. O combustível produzido tem que estar dentro das especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Pretende-se analisar a viabilidade econômica e ambiental, além da possibilidade de testar diferentes condições de tempo de reação, razão molar de etanol/ óleo e a quantidade de vários tipos de catalisadores sólidos (catálise heterogênea), de modo que essa tecnologia possa ser empregada tecnologicamente pela indústria nacional de biocombustíveis. 15 A produção de biodiesel apresentada neste trabalho utiliza a coluna de destilação reativa, processo no qual ocorrem simultaneamente a reação e separação de produtos, sendo que o principal foco deste trabalho foi avaliar a produção contínua de biodiesel e as características hidrodinâmicas de operação do equipamento para promover a reação e a separação dos componentes presentes. Para a realização deste trabalho foi utilizado o laboratório da UFPR e os recursos financeiros das agências de fomento. Os equipamentos adquiridos e resultados obtidos poderão dar início a novas pesquisas com futuros alunos. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Geral O presente trabalho tem como objetivo avaliar as características hidrodinâmicas e de operação do processo contínuo para produção de biodiesel utilizando a técnica de destilação reativa, na qual ocorrem simultaneamente a reação e separação de produtos sendo que o principal objetivo deste trabalho foi avaliar as características hidrodinâmicas e de operação do equipamento para promover a reação e a separação dos componentes presentes. Assim nessa análise, foram observados os diferentes processos e os aspectos positivos e complicadores, de maneira a apontar o que seria mais interessante em termos de inovação na produção desse biocombustível. 1.1.2 Específicos Montar a unidade piloto projetada, a fim de obter os primeiros dados iniciais para melhor avaliar o equipamento; Realização dos testes de acúmulos(hold-up) na coluna com recheio randômico e também ensaios para determinação de tempo de residência (DTR), para avaliação hidrodinâmica da coluna projetada; 16 Realização dos experimentos para produção de biodiesel com avaliação do desempenho do equipamento; Testar diferentes condições de tempo de reação, razão molar de etanol/óleo e a quantidade de catalisador, visando à qualidade e a especificação do biodiesel, em conformidade com a portaria n° 310 de 27/12/2001 da ANP. 1.2 JUSTIFICATIVA Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizado um estudo sobre a produção de biodiesel em processo contínuo, utilizando a técnica da destilação reativa. Com exceção da energia hidroelétrica e nuclear, a maioria das fontes para produção de energia são provenientes de fontes não renováveis, como petróleo, gás natural e carvão. Essas fontes são limitadas e seu esgotamento é certo e num futuro não muito distante. Este fato, além do aumento no consumo e apelos ambientais, gerou uma busca incessante por alternativas para substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis e menos poluidoras. Atualmente, o uso de óleos vegetais transformados (transesterificados) tem sido uma alternativa na substituição de combustíveis derivados de petróleo, além de ser uma fonte de grande impacto econômico e social. Rudolph Diesel, inventor do motor a diesel, já havia testado seu uso, todavia sem muito sucesso, possivelmente devido à alta viscosidade. A transesterificação mostra-se como uma opção para melhorar o desempenho dos óleos vegetais como combustíveis, sendo um processo simples, cujo produto, denominado de biodiesel, terá características similares ao óleo diesel obtido do petróleo. Assim, podemos definir o biodiesel como um monoalquil éster de ácidos graxos, derivado de fontes renováveis, tais como óleos vegetais e gorduras animais, obtido através de um processo de transesterificação, no qual ocorre a transformação de triglicerídeos em moléculas menores de ésteres de ácidos graxos. Os catalisadores mais comuns são hidróxido de sódio ou potássio, embora carbonato de potássio já tenha sido usado na tentativa de evitar uma reação paralela indesejada, a saponificação. A preparação do biodiesel também pode ser 17 feita através de enzimas, em que as lípases são usadas como catalisadores, porém o rendimento da reação é, algumas vezes, menor. Vários tipos de óleos vegetais já foram testados na preparação do biodiesel (canola, soja, milho, girassol, mamona, algodão etc.). O tipo de óleo a ser utilizado na produção do biodiesel depende de fatores geográficos, pois cada região produz um determinado tipo de óleo, segundo sua aptidão. Em alguns países da Europa, por exemplo, é utilizado o óleo de colza, já no Brasil, dependendo da região, podese produzir a partir do óleo de soja, babaçu ou mamona. Destaca-se ainda o uso de óleos utilizados em frituras cuja finalidade mais nobre era até então a produção de sabão ou descartados em aterro sanitário. Vários autores investigaram o uso de óleos usados em frituras na obtenção do biodiesel. As características físico-químicas e rendimentos foram semelhantes aos ésteres preparados a partir de óleos vegetais refinados, surgindo daí um uso muito importante não somente como um substituto para o óleo diesel, mas também como um novo benefício social, tendo em vista a reutilização de um produto que não pode ser descartado facilmente no meio ambiente, dessa forma podendo causar sérios problemas no descarte inconsiente deste material. Como pode ser visto a transesterificação de óleos vegetais, refinados ou usados, já é bastante conhecida, todavia o problema maior é a quantificação dos ésteres formados (etil éster ou metil éster, de acordo com o álcool). Dependendo do tempo da reação e das razões entre reagentes, além do éster, podemos ter também mono, di e triglicerídeos, os quais comprometem a qualidade do biodiesel e diminuem a pureza do éster obtido. Sem dúvida, a cromatografia é a técnica analítica mais utilizada para essa finalidade, contudo não é uma metodologia rápida e tampouco "popular". No entanto, misturas contendo o éster do ácido graxo, mono, di e triglicerídeos têm viscosidade e densidade mais altas que o éster puro, sendo que esta diferença é suficiente para quantificar o éster. Na produção de biodiesel, os óleos e gorduras reagem com o álcool, formando ésteres de ácidos graxos que constituem o biodiesel. Trata-se de uma fonte de energia renovável com um forte impacto sobre o meio ambiente. Quando comparado ao diesel proveniente do petróleo, o biodiesel apresenta menor emissão de dióxido de carbono, contribuindo, dessa forma, para amenizar o problema do aquecimento global. 18 Além disso, o biodiesel apresenta menor emissão de dióxido de carbono em relação ao diesel, e os ésteres de ácidos graxos não contribuem com a formação do “smog” fotoquímico, fenômeno que é caracterizado pela formação de substâncias tóxicas e irritantes, como o ozônio e o nitrato de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e hidrocarbonetos, na presença de energia solar. Este aspecto positivo dos ésteres pode ser explicado pelo fato de que estes compostos não apresentam nitrogênio em suas estruturas. Convém ressaltar que os ésteres de ácidos graxos também não apresentam enxofre e, dessa forma, também não contribuem para fenômenos com o de acidificação das precipitações. Sendo o biodiesel um combustível de origem vegetal, além de ser barato, tem a vantagem de ser renovável, não contribuir para o efeito estufa e possui um nível de biodegradabilidade maior que o diesel; o biodiesel apresenta, ainda, vantagens ambientais, pois permite reaproveitar resíduos energéticos, com economia dos recursos naturais não renováveis e que, geralmente, são dispostos na natureza, de forma inadequada, destacando-se o problema do descarte em esgotos, nos lixões, dentre outros, e a complexa teia de necessário tratamento advindo desse processo inadequado. Assim, evitando-se esse problema, há uma considerável cadeia de consequências extremamente danosas à sociedade e ao meio ambiente que será evitada. Ainda acrescentar, a situação de que a possibilidade de ocorrência de chuvas ácidas ocasionadas pela combustão do biodiesel é reduzida uma vez que este combustível possui teor de enxofre 400 vezes menor que o encontrado no diesel oriundo do petróleo, além de não produzir resíduos poluentes no processamento do biodiesel. As situações apresentadas foram relevantes para o desenvolvimento desta dissertação, dado o seu enfoque ao processo de biodiesel com a técnica de destilação reativa. 1.3 ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA DA DISSERTAÇÃO Para melhorar a compreensão deste trabalho, citaremos um breve comentário do que será relatado nos capítulos seguintes. 19 Capítulo 2 – Revisão da literatura Neste capítulo é apresentada uma breve revisão sobre os métodos de produção de biodiesel. O trabalho será iniciado com uma nova pesquisa bibliográfica abrangente sobre as operações unitárias envolvidas no processo proposto. Isso garantirá que todas as etapas do projeto terão como base as informações da literatura. Capítulo 3 – Materiais e métodos Neste capítulo é apresentada a descrição dos equipamentos utilizados para a obtenção dos dados experimentais necessários à pesquisa desse trabalho. Capítulo 4 – Resultados e discussão No capítulo 4 apresentam-se os resultados obtidos com os experimentos realizados na coluna e a discussão dos resultados. Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões Análise crítica dos resultados obtidos pelo método proposto, e sugestões para os próximos estudos na continuação do desenvolvimento deste trabalho. 20 Capítulo 2 2 REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo são citados alguns métodos convencionais de produção de biodiesel e a aplicação da destilação reativa que é o foco do trabalho desta pesquisa. 2.1 Matriz energética brasileira No Brasil, da mesma forma que no restante do mundo, existe dependência na matriz energética por combustíveis fósseis. Atualmente, os apelos ambientais pela redução da queima desses têm levado à busca por fontes de energia renováveis de menor impacto ambiental (OLIVEIRA, 2004). Mesmo assim, o Brasil é um dos países do mundo com maior índice de recursos renováveis em sua matriz energética, com a porcentagem de consumo de combustíveis limpos em torno de 46,4%; no mundo, esse valor médio é em torno de apenas 13% (MME – EPE, 2011). Isso se deve em grande parte ao sucesso alcançado pela inserção do etanol e o biodiesel na matriz energética veicular brasileira. Uma tendência da matriz energética brasileira pode ser observada pela Figura 1. Nota-se que, apesar do destaque obtido nas fontes de energia renováveis, ainda há espaço para maiores avanços, pois a matriz de petróleo e derivados permanece como maior componente, com participação superior à terça parte (36,7%). 21 FIGURA 1 - MATRIZ ENERGÉTICA GERAL DO BRASIL FONTE: (ADAPTADO DE MME – EPE, 2011) Segundo dados da ANP (2011), o óleo diesel, derivado do petróleo, é o principal combustível da matriz energética veicular brasileira, com aproximadamente 50% desses combustíveis consumidos no país. Deve-se destacar ainda que o parque industrial brasileiro encontra-se aquém das necessidades de consumo, precisando ainda importar óleo diesel para atender a demanda nacional. O biodiesel, dessa forma, surge como um substituto muito promissor para o diesel derivado do petróleo, combustível base da matriz veicular brasileira. Dentre as diversas fontes de energias renováveis atualmente utilizadas e investigadas, o biodiesel destaca-se no cenário mundial no atendimento ao desenvolvimento sustentável (MA e HANNA, 1999). O biodiesel foi incorporado na matriz energética brasileira através da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, e é definido como um “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamentam para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. A Lei 11.097 de janeiro de 2008 tornou obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo. Na Figura 2 mostra-se o cronograma inicial para a implementação do biodiesel na matriz energética brasileira de forma gradual. 22 FIGURA 2 - CRONOGRAMA OFICIAL DO PROGRAMA BRASILEIRO DE BIODIESEL FONTE: (ADAPTADO DE PORTAL WOLKSWAGEN, 2010) Contudo, devido aos bons resultados obtidos pelos pesquisadores em testes de veículos no país, o cronograma oficial de implementação do biodiesel na frota veicular brasileira foi antecipado. Entre os anos de 2005 e 2007, a mistura de 2% (B2) no diesel comercializado foi autorizada de forma não compulsória (período voluntário). O período de obrigatoriedade começou em janeiro de 2008, com a mistura a 2% (B2), tendo de passar a 5% até 2013. No segundo semestre de 2008, o governo elevou a mistura para 3% (B3) e, no segundo semestre de 2009, para 4% (B4). Embora inicialmente a mistura a 5% (B5) estivesse prevista para vigorar somente em 2013, durante o ano de 2009 esse prazo foi revisto, antecipando a meta de B5 a partir de janeiro de 2010; essa porcentagem de 5% de biodiesel no diesel pode ser alterada para o 10% (B10), mas para essa porcentagem não se tem ainda uma data prevista ANP (2011). 2.1.1 Biodiesel O biodiesel é o produto da reação de um triglicerídeo ou ácido graxo (óleo vegetal ou gordura animal) e um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol) denominado ésteres de ácido graxos, podendo ser usado como combustível de motores diesel sem a necessidade de alterações no mesmo (DEMIRBAS, 2002; TAPANES et al., 2008). 23 O biodiesel é composto por uma mistura de diferentes tipos de ésteres que podem possuir insaturações ao longo de suas cadeias. Tais insaturações são susceptíveis a processos oxidativos, principalmente na presença de oxigênio. A estabilidade oxidativa do biodiesel torna-se, portanto, um importante parâmetro de qualidade visto que a oxidação dos ésteres pode causar alguns problemas ao uso desse combustível, que são obtidos através da transesterificação de óleos vegetais ou de gorduras animais com metanol (rota metílica) ou com etanol (rota etílica) na presença de um catalisador. Os estudos, de mecanismo e de cinética de reação, mostraram que o processo consiste em um número de reações consecutivas e reversíveis (FREEDMAN et al., 1984). Os triglicerídeos presentes na matéria-prima são reduzidos a di-glicerídeos, mono-glicerídeos e éster do ácido graxo (biodiesel), e o subproduto glicerol (glicerina). As reações envolvidas dependem de vários parâmetros, a saber: relação molar álcool-óleo, catalisadores, temperatura, tempo de reação e a qualidade da matéria-prima. Portanto, esse combustível de fontes renováveis é um potencial substituto do diesel de petróleo, é biodegradável porque tem efeitos benéficos para o meio ambiente, como redução da emissão CO2. Em blendas com o diesel, há um aumento na emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), com redução de emissões de material particulado (PM), hidrocarbonetos (HC) e monóxido de carbono (CO) (ZHANG et al., 2002). De acordo com o Portal Biodieselbr (2011), as emissões de poluentes locais (controlados e não controlados) do biodiesel variam em função do tipo da matéria graxa (triglicerídeos e ácidos graxos) utilizada para a produção do biodiesel, ou seja, o tipo de óleo vegetal (soja, mamona, palma, girassol, etc) ou gordura animal usada na produção do biodiesel. Quanto ao biodiesel ser um éster etílico ou metílico, a princípio não é relevante quanto às emissões de poluentes locais. 2.1.2 Vantagens ecológicas e técnicas A partir de estudos e análise de resultados de várias pesquisas, pode-se afirmar que: É possível a produção a partir de matérias primas renováveis. 24 Não é tóxico e é biodegradável (descompõe-se aproximadamente em 21 dias) evitando problemas causados por derrame em solos e oceanos (ZHANG, 2002). Tem menos emissões de monóxido de carbono, material particulado (smoke), compostos de enxofre hidrocarbonetos e aromáticos (KOZERSKI e HESS, 2006). Possui uma contribuição insignificante à acumulação de dióxido de carbono, comparado com os combustíveis de origem fóssil, contribuindo, dessa maneira, positivamente para não aumento do problema do efeito estufa (ZHANG, 2002). A combustão do biodiesel produz menos fumaça visível e menos cheiros nocivos do que o diesel derivado do petróleo (CASTRO et al., 2007). Seu ponto de fulgor é bem mais alto do que o do diesel de origem fóssil, isso faz com que se aumente a segurança à hora de transportar ou armazenar esse combustível (ZHANG, 2002). O biodiesel tem propriedades físicas e químicas similares às do diesel convencional, o que permite seu emprego direto em qualquer motor diesel, sem necessidade de realizar modificações nele (CASTRO et al., 2007). Possui um alto poder lubrificante e protege o motor, reduzindo seu desgaste bem como seus gastos de manutenção (ZHANG, 2002). Sua produção permite dar uso a resíduos industriais e domésticos potencialmente energéticos, tais como gorduras e óleos de fritura (DIMIAN e BILDEA, 2008). 2.1.3 Crise do petróleo Em 1973, ocorreu a crise mundial do petróleo, provocada por fatores políticos e econômicos. Consequentemente, todos os países importadores desse produto fóssil foram afetados na época, inclusive o Brasil. Desde então, a busca por novas fontes alternativas de energia tem motivado a classe científica a desenvolver tecnologias que permitam usar fontes renováveis de energia já que a maior parte da energia consumida no mundo provém do petróleo, carvão e gás natural. 25 Recentemente, essas pesquisas vêm sendo aceleradas devido a problemas ambientais associadas à queima de combustíveis fósseis e/ou à preocupação com o desenvolvimento sustentável (RINALDI et al., 2007). Nesse sentido, retomou-se a idéia de utilizar os óleos vegetais como alternativa para substituição ao diesel em motores de ignição por compressão. As primeiras experiências com uso de óleos vegetais processaram-se ao final do século XIX, por Rudolf Diesel (criador dos motores do ciclo diesel) (MA e HANNA, 1999). Diesel apresentou um protótipo de motor, na Exposição Universal de Paris (1900), baseado na utilização do óleo de amendoim (cultura que naquela época era muito difundida nas colônias francesas da África). Posteriormente, o uso do óleo vegetal como alternativa renovável de combustível para competir com o óleo diesel foi proposta ainda no início de 1980. No entanto, um estudo mais avançado só foi realizado na África do Sul, em virtude do embargo do óleo diesel, tendo como consequência a primeira Conferência Internacional em Plantas e Óleos Vegetais, organizada em Fargo, Dakota do Norte, em agosto de 1982 (NASCIMENTO et al., 2001). Em princípio, os resultados foram satisfatórios quanto ao funcionamento do óleo no motor a diesel (KNOTHE et al., 2006), entretanto, observou-se que a aplicação direta de óleo vegetal no motor tornou-se limitada por alguns fatores tais como: elevada viscosidade, baixa volatilidade, menor desempenho do motor, dentre outros (ENCINAR et al., 2007). Mesmo assim, Rudolf Diesel acreditava que, futuramente, esses problemas seriam resolvidos e seria possível utilizar os óleos vegetais como combustível para motores a combustão interna. Com o passar dos anos, inúmeras experiências com combustíveis alternativos passaram a ser investigadas e aprimoradas, a fim de incorporar a competitividade diante dos combustíveis fósseis, sem que o motor do ciclo a diesel não sofresse grandes adaptações e fossem apontados problemas em relação ao seu desempenho (MA e HANNA, 1999). Em meados de 1970, no Brasil, foi criado o programa PRODIESEL, que visava obter a partir de óleos vegetais, um combustível alternativo ao diesel mineral. Todavia, tal programa não obteve êxito devido à diminuição de preço dos barris de petróleo e desinteresse da Petrobrás. Desde então, o programa ficou paralisado. 26 Com o agravamento da situação ambiental, o Brasil retoma as suas pesquisas sobre fontes renováveis e alternativas ao petróleo e, atualmente, na qualidade de país do “paraíso da biomassa”, implementou o Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel (PROBIODIESEL), instituído oficialmente na matriz energética brasileira a partir da lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. 2.1.4 Produção de biodiesel No Brasil, como pode ser observado na Figura 3, a produção de biodiesel tem, ao longo dos anos, batido recordes de produção, com tendências de alta, impulsionados pela disponibilidade de matéria-prima (óleo de soja) e principalmente pelas crescentes percentagens adicionadas de forma obrigatória ao diesel comercializado, como comentado anteriormente (ANP, 2012). FIGURA 3 - EVOLUÇÃO ANUAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL FONTE: ADAPTADO DE ANP (2012) 27 Segundo dados estatísticos da (ANP, 2012), desde 2007 o país tem importado menor quantidade de diesel para atender a demanda, evidenciando a importância do biodiesel no mercado de combustíveis brasileiro. No mundo, também é grande o interesse no estudo das aplicações e produção do biodiesel. A Figura 4 mostra o crescente número de artigos e patentes relacionados ao uso e produção deste biocombustível. Figura 4 - (a) Publicação de artigos e, (b) registro de patentes relacionados ao biodiesel no Brasil e no mundo. Fonte: Adaptado de QUINTELLA et al. (2009) Os dados apresentados na Figura 4 mostraram que houve crescimento quase que exponencial de produções técnicas. Segundo relatório semestral divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, somente no segundo semestre de 2008 foram registradas 285 patentes relacionadas à produção de biodiesel. Considerando o ano de 2008, o total geral foi de 515 patentes. Desse total, a China é o país que mais investe em tecnologias relacionadas ao biodiesel, com 117 patentes registradas. No mesmo período o Brasil anotou 36 patentes, ficando em 5º lugar no cenário mundial, ficando atrás ainda apenas dos Estados Unidos, Japão e União Européia. 2.1.5 Matérias-primas Uma ampla gama de tipos de matérias-primas pode ser usada na produção de ésteres de ácidos graxos, como: óleos vegetais, ácidos graxos em borras, gordura animal e óleos e gorduras residuais. Óleos vegetais e gorduras são basicamente compostos de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos graxos. No 28 óleo de soja, os ácidos graxos predominantes são os ácidos linoléico (18:2), oléico (18:1) e palmítico (16:0). O ácido láurico (12:0) é majoritariamente encontrado no óleo de babaçu, enquanto no sebo bovino, o ácido esteárico (18:0) é predominante (LEÃO, 2009). Na Tabela 1, podem-se observar os tipos de óleos vegetais mais utilizados na produção de biodiesel, com seus respectivos ácidos graxos constituintes: TABELA 1.- COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS CONSTITUINTES DE ALGUNS ÓLEOS VEGETAIS ÓLEO Algodão Papoula Colza Cártamo Girassol Sésamo Linhaça Trigo Palma Milho Mamona Sebo Soja Laurel Amendoim Avelã Noz Amêndoa Azeitona Côco 16:0 28,7 12,6 3,5 7,3 6,4 13,1 5,1 20,6 42,6 11,8 1,1 23,3 13,9 25,9 11,4 4,9 7,2 6,5 5 7,8 16:1 0 0,1 0 0 0,1 0 0,3 1,0 0,3 0 0 0,1 0,3 0,3 0 0,2 0,2 0,5 0,3 0,1 18:0 0,9 4 0,9 1,9 2,9 3,9 2,5 1,1 4,4 2 3,1 19,3 2,1 3,1 2,4 2,6 1,9 1,4 1,6 3 18:1 13 22,3 64,1 13,6 17,7 52,8 18,9 16,6 40,5 24,8 4,9 42,4 23,2 10,8 48,3 83,6 18,5 70,7 74,7 4,4 18:2 57,4 60,2 22,3 77,2 72,9 30,2 18,1 56 10,1 61,3 1,3 2,9 56,2 11,3 32 8,5 56 20 17,6 0,8 18:3 0 0,5 8,2 0 0 0 55,1 2,9 0,2 0 0 0,9 4,3 17,6 0,9 0,2 16,2 0 0 0 OUTROS 0 0 0 0 0 0 0 1,8 1,1 o,3 89,6 2,9 0 31 4 0 0 0,9 0,8 65,7 FONTE: DEMIRBAS (2005) O óleo vegetal, de uma forma geral, é atualmente a matéria-prima mais amplamente utilizada na produção de biodiesel, como mostra a Figura 5. 29 FIGURA 5 - MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL FONTE: ANP (2012) Na Figura 6, pode-se observar a variação da matéria-prima ao longo do tempo. FIGURA 6 – VARIAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA AO LONGO DO TEMPO FONTE: ANP (2012) 30 Por outro lado, algumas fontes residuais para a produção de biodiesel são consideradas mais atraentes que o óleo vegetal, por terem um custo menor de produção, evitando seus descartes e inutilizações ou a possibilidade de agregar valor a seus subprodutos, minimizando o impacto ambiental, como o caso dos óleos e gorduras animais (obtidas em curtumes, frigoríficos e abatedouros de animais de médio e grande porte), óleos residuais (de frituras, resultado do processamento de alimentos em lanchonetes, cozinhas industriais, comerciais e domésticas e indústrias) e borra ácida (resíduo proveniente do processo de refino de óleo), rejeitos industriais e esgotos domésticos, ricos em matérias graxas (ARANDA & ANTUNES, 2005). Outra fonte promissora são as microalgas (plantas microscópicas que necessitam de sol, água e gás carbônico para crescer e são ricas em lipídeos, podendo acumular entre 60% e 80% do seu peso em ácidos graxos) podendo complementar de forma ambientalmente correta a demanda de matéria-prima necessária para produção de biocombustível, barateando os custos da mesma, ( LEÃO, 2009). São muitas as opções disponíveis, algumas insuspeitas, a exemplo do coco, que pode produzir até 2 toneladas de óleo por hectare, matéria-prima para a produção de biodiesel de excelente qualidade. A mamona, de 90 dias de ciclo, e com 40% a 45% de óleo, desponta como uma opção especialmente viável para a Região Nordeste e que também pode ser cultivada na região do Cerrado, principalmente na safrinha. A Figura 7 apresenta as principais oleaginosas produzidas em cada região do Brasil (MME, 2010). 31 FIGURA 7 - OLEAGINOSAS NO BRASIL FONTE: MME, 2011 2.2 MÉTODOS DE PRODUÇÃO 2.2.1 Transesterificação Esse processo também denominado alcoólise é a reação dos triacilgliceróis provenientes dos óleos vegetais e/ou gorduras animais com um álcool para formar uma mistura de ésteres de ácidos graxos e o glicerol. Os alcoóis que participam na reação de transesterificação são alifáticos, possuem um só grupo OH primário ou secundário e de 1 a 8 átomos de carbono, sendo o metanol e o etanol os compostos de maior preferência (MA e HANNA, 1999). A reação de transesterificação acontece na presença de um catalisador já que a velocidade de reação não é suficientemente alta às temperaturas usualmente empregadas. Essas temperaturas dependem do tipo de álcool que se utilize no processo. Considerando-se que a reação se dê em fase líquida, a temperatura de reação deve ter um valor ligeiramente próximo ao ponto de ebulição do álcool (DIMIAN e BILDEA, 2008). Os catalisadores podem ser ácidos homogêneos (H2SO4, HCL, H3PO4), ácidos heterogêneos (Zeólitas, resinas sulfonicas), básicos heterogêneos (MgO, 32 CaO), básicos homogêneos (KOH, NaOH) ou enzimáticos (enzimas lípases: de candida, de pseudomonas); dentre todos eles, os catalisadores que acostumam ser utilizados em escala industrial são os catalisadores básicos homogêneos, já que atuam bem mais rápido e permitem operar em condições moderadas (CAMÚS e LABORDA, 2008). Esse processo tem a capacidade de diminuir a viscosidade do óleo vegetal até um valor próximo ao de combustível diesel, mantendo constante o seu poder calorífico e o índice de cetano. O processo de transesterificação é considerado como o método mais eficaz e prático na hora de melhorar as propriedades dos óleos vegetais. Dessa forma, por meio da reação de transesterificação, é possível viabilizar o uso dos óleos vegetais como combustíveis nos motores convencionais (CANACKCL, 2007; MA e HANNA, 1999). O processo global de reação da transesterificação é normalmente uma sequência de três passos, os quais são reações reversíveis. Os triacilgliceróis são passo a passo convertidos em diacilgliceróis, monoacilgliceróis e finalmente em glicerol, o qual é o sub-produto. Como produto principal se obtém uma mistura de ésteres de ácidos graxos (Biodiesel) em cada uma destas reações (MARCHETTI et al., 2007), pode ser observada na Figura 8. FIGURA 8 - REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO FONTE: (Adaptado de MARCHETTI et al., 2007) A conversão máxima que pode ser conseguida na transesterificação e depende das constantes de equilíbrio dos passos individuais. Como uma ordem de 33 magnitude, essas possuem valores próximos a 10 a uma temperatura de 60°C. Em consequência, um excesso substancial de álcool é necessário para deslocar o equilíbrio químico para o lado direito da reação e assim atingir produções de ésteres próximas a 99% (DIMIAN e BILDEA, 2008). A transesterificação é um processo que reduz significativamente a viscosidade dos óleos vegetais sem afetar seu poder calorífico, no qual se obtém como produto principal o biodiesel e, como co-produto, o glicerol, ressaltando que o biodiesel apresenta-se melhor em características como atomização, combustão, viscosidade e emissões com respeito aos óleos. Esta reação pode ser descrita como a seguir; os triacilgliceróis estão compostos por três cadeias de ácidos graxos esterificadas a uma molécula de glicerol. Quando o triacilglicerol reage com o álcool, essas cadeias se liberam e se combinam com este para produzir o Biodiesel. Esse processo normalmente acontece a uma temperatura próxima ao ponto de ebulição do álcool sob uma pressão ligeiramente maior à atmosférica para garantir que a reação terá lugar em estado líquido, geralmente em presença de um catalisador que pode ser ácido, básico, ou uma enzima (ISSARIYAKUL et al., 2007). 2.2.2 Transesterificação com catalisador homogêneo básico A transesterificação de óleos vegetais na presença de catalisadores alcalinos homogêneos é um processo relativamente simples que ocorre sob pressão atmosférica, temperaturas amenas e razão molar álcool/óleo mais baixa em relação à catalise ácida homogênea. O sistema de catálise básica tem sido estudado e aplicado com frequência na indústria, principalmente por causa de sua rápida velocidade de transesterificação, as taxas de reação são cerca de 4000 vezes mais rápidas do que a catálise ácida quando é utilizada a mesma quantidade de catalisador (SUAREZ et al., 2007). Adicionalmente, nesse sistema, as condições operacionais mais brandas tornam o meio reacional menos corrosivo à superfície dos reatores. Por causa desses fatores, dentre outros, a transesterificação de óleo vegetais via catálise básica tornou-se o processo mais aplicado mundialmente para produção de biodiesel nos processos industriais. Os compostos usualmente empregados nessa rota são o hidróxido de sódio, hidróxido de potássio e metóxido de sódio (ZHANG, 2002). 34 O fluxograma geral básico desse processo é apresentado na Figura 9. FIGURA 9 - FLUXOGRAMA GERAL DE PRODUÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO COM CATÁLISE HOMOGÊNEA ALCALINA Fonte: (Adaptado de FUKUDA et al., 2001) BIODIESEL POR Nimcevica et al., (2000) fabricaram etil- ésteres a partir de óleo de canola usando KOH como catalisador. Com uma relação molar 6:1 etanol:óleo, concentração de catalisador 1,5% (em base a massa do óleo), temperatura de 65°C e tempo de reação de 3 horas, obteve-se uma conversão a ésteres de 98,5%. Vicente et al.,(2004) fizeram a comparação do uso de diferentes catalisadores básicos (metóxido de sódio, metóxido de potássio, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio) na metanólise do óleo de girassol. Todas as reações foram feitas sob as mesmas condições experimentais, 65°C, relação molar álcool: óleo 6:1, 1% em peso de catalisador (em base a massa do óleo) e tempo de reação 4 horas. Com o emprego dos quatro catalisadores, obtiveram-se reações completas com conversões de 99,33 %, 98,46%, 91,67% e 86,71% quando o catalisador foi metóxido de sódio, metóxido de potássio, hidróxido de potássio e hidróxido de sódio, respectivamente. Concentrações ao redor de 100% de éster na fase biodiesel foram atingidas em tempos relativamente baixos, sendo as reações que usaram hidróxido de sódio ou potássio as mais rápidas. 35 No trabalho de Jeong et al., (2004), realizou- se a transesterificação básica do óleo de canola com metanol anidro usando KOH como catalisador sob as seguintes condições: relação molar metanol:óleo 10:1, 1% de catalisador (em base à massa do óleo), temperatura de reação 60°C e tempo de reação 30 minutos, obtendo uma conversão dos triacilgliceróis próxima a 98%. Yang et al.,(2009) fabricou biodiesel por meio da transesterificação do óleo do fruto da planta Idesia Klico. No processo usou metanol e KOH como catalisador. A conversão máxima a ésteres esteve ao redor de 99% sob as seguintes condições: relação molar metanol: óleo 6:1, concentração de catalisador 1% (em base à massa do óleo), temperatura de reação 30 °C e tempo de reação 40 minutos. Uma importante limitação dessa rota de produção é sua sensibilidade à pureza dos reagentes, em especial à quantidade de água e ácidos graxos livres contidos nas matérias-primas. A presença de água pode causar hidrólise do éster formado ou provocar a reação de saponificação. Os ácidos graxos livres podem reagir com o catalisador alcalino para produzir sabão e água, esses compostos provocam emulsões, as quais dificultam a recuperação de materiais e purificação do biodiesel. Por isso, óleo vegetal desidratado com valor ácido menor a 1 e um catalisador anidro são completamente necessários para o bom desempenho e viabilidade comercial desse sistema (FREEDMAN et al., 1984). De acordo com Kiss et al. (2006), no método de produção que utiliza a transesterificação de óleos vegetais, há alguns inconvenientes, como risco de manuseio, o catalisador é corrosivo aos equipamentos, necessita da neutralização posterior com ácido; forma sabões em presença de ácidos graxos livres, exigindo assim a necessidade de que a matéria prima seja de elevado grau de pureza em triglicerídeos, encarecendo portanto o processo; onera o fluxograma de processo pela dificuldade de separação dos produtos em várias etapas consecutivas e ainda há o problema de operação não contínua, com restrição da produção. Outras rotas, como os processos de esterificação e interesterificação com catálises homogênea, heterogênea ou enzimática, têm sido investigados por apresentarem altas conversões. A facilidade de separação entre as fases geradas, seletividade e especificidade do biocatalisador (enzima) com condições mais brandas de temperatura e pressão (evitando a desnaturação da enzima), facilidade de recuperação do glicerol e a possibilidade de reutilização do catalisador (FARIA, 2004). 36 2.2.3 Esterificação A reação de esterificação consiste na obtenção de ésteres a partir da reação entre um ácido graxo e um álcool de cadeia curta (metanol ou etanol), com formação de água como subproduto. A reação de esterificação pode ser catalisada por catalisadores ácidos de Brøsnted ou de Lewis, por catalisadores básicos de Lewis, além de enzimas (LEÃO, 2009). O processo da reação de esterificação é reversível, obtendo como produto principal um éster específico. Entre os diversos métodos que podem ser utilizados para sintetizar os ésteres, um bom exemplo é a reação de esterificação de Fischer (1895), na qual, sob aquecimento, um ácido carboxílico reage com um álcool (produzindo éster e água). Essa reação, quando processada em temperatura ambiente, é lenta, mas pode ser acelerada com o emprego de aquecimento e/ ou catalisador (exemplo, o ácido sulfúrico H2SO4). Conforme esquema global da reação, em um dado tempo, os produtos e reagentes entram em equilíbrio químico e, nesse momento, as velocidades das reações de formação dos produtos e de formação dos reagentes se mantêm constantes. O emprego de um catalisador e/ou o aumento da temperatura se tornam úteis para que o equilíbrio seja estabelecido mais rapidamente. No entanto, o éster obtido pode reagir com a água (reação de hidrólise), gerando novamente ácido carboxílico e álcool; porém, a reação inversa é mais lenta. A hidrólise do éster em meio básico é denominada saponificação - do latim, sapo = sabão, conforme a Figura 10. FIGURA 10 - MECANISMO BÁSICO DA REAÇÃO DE ESTERIFICAÇÃO A atenção dada aos ésteres orgânicos decorre de essas substâncias despertarem grande interesse por causa de sua importância industrial, especialmente nas atividades que envolvem emprego de solventes, vernizes, 37 resinas, plastificantes, polímeros, intermediários para a indústria farmacêutica, fragrâncias e essências sintéticas. Outra rota de emprego da esterificação reside num processo combinado de hidrólise inicial dos triglicerídeos para a produção de ácidos graxos e posterior emprego do processo de esterificação para produção do biodiesel (ARANDA e ANTUNES, 2005). Leão (2009) fez um estudo empírico e cinético da esterificação de ácidos graxos saturados utilizando o mesmo catalisador óxido de nióbio em pó em um reator autoclave batelada. A linha de tendência para a reatividade de ácidos graxos foi determinada na seguinte ordem decrescente de reatividade: palmítico > láurico> esteárico. Os valores de conversões de ésteres ficaram na faixa entre 73 e 84 %, com a utilização de etanol anidro. Observou-se que o catalisador em questão opera em temperaturas de até 200ºC. A Escola da Química / UFRJ juntamente com a empresa Agropalma patentearam a produção de biodiesel por esterificação de resíduos do processo de refino do óleo de palma (ARANDA & ANTUNES, 2005), com baixo custo de produção. O catalisador utilizado neste processo é o óxido de nióbio. Esses ácidos graxos são esterificados com metanol e etanol e depois destilados a vácuo, gerando assim produto de elevada pureza. Esse processo poderia ser, em princípio, ainda mais favorável economicamente se pudesse ser executado em apenas uma etapa integrada, na qual reação e separação ocorressem em um único equipamento, como em uma coluna de destilação reativa. 2.3 DESTILAÇÃO REATIVA A destilação reativa é uma operação unitária em que a reações e separações de produtos ocorrem simultaneamente no mesmo equipamento. É uma alternativa eficaz para a combinação reator-separadores em especial quando estão acontecendo reações reversíveis ou consecutivas. Podem-se empregar colunas de recheio ou de pratos. As aplicações industriais desse tipo de equipamento são inúmeras, podendo-se citar: esterificação (produção de MTBE, ETBE e TAME); esterificação (acetato de metila e outros), (DOHERTY e MALONE, 2001). 38 A dificuldade de separação de alguns sistemas levou ao crescimento da técnica de destilação reativa, que é um processo no qual a reação química e a separação por destilação acontecem continuamente em uma única operação unitária (KHALEDI e BISHNOI, 2006). A separação de produtos é parte essencial da grande maioria dos processos químicos industriais, e a destilação é a técnica de separação mais largamente utilizada para separar componentes de misturas que apresentam diferentes graus de volatilidade (GOUVÊA, 1999). Vários estudos têm mostrado que grande parte da energia consumida na indústria química é usada na geração de vapor, sendo que a maior parcela deste vapor serve para aquecer os refervedores das colunas de destilação. Esse excessivo consumo de energia característico dos equipamentos de destilação pode ser justificado fundamentalmente pela grande necessidade de aquecimento aliada à baixíssima eficiência apresentada por eles (NETTO, 1991). Por outro lado, a destilação permite obter altas taxas de produtos e é essencialmente isso que a torna bastante utilizada (GOUVÊA, 1999). Nesse sentido, nota-se a importância da integração energética proporcionada pela destilação reativa. 2.3.1 Classificações da destilação reativa Os equipamentos típicos de destilação reativa são formados por um esquema não híbrido, no qual a reação e a separação ocorrem simultaneamente em todos os estágios, e um sistema híbrido em que a coluna é dividida em três regiões (MERCADO, 2008). O sistema híbrido ocorre quando a reação química envolvida no processo necessita de catálise sendo a mesma feita heterogeneamente, ou seja, nem todos os estágios são recheados com catalisador e a reação sem a presença do catalisador ocorre muito lentamente, podendo ser considerada desprezível. Uma coluna híbrida é dividida em três secções: reativa, de retificação e de “stripping”. Na secção reativa os reagentes são convertidos em produtos e também ocorre a separação dos produtos da zona reativa por meio de destilação. As tarefas das secções de retificação e “stripping” dependem dos seis pontos de bolha dos reagentes e produtos. Quando os produtos contêm o 39 componente de menor ponto de bolha no processo, a secção de retificação é usada para purificação dos produtos e reciclo de reagente. Nesse caso, na secção de “stripping”, ocorre a remoção de inertes e subprodutos, assim como o reciclo de reagentes. Caso os produtos contenham o componente de maior ponto de bolha, as secções de retificação e “stripping” têm suas funções invertidas (HIGLER, TAYLOR & KRISHNA, 1999). A divisão da coluna em três secções é apresentada na Figura 11. FIGURA 11 - DIVISÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO REATIVA EM TRÊS SECÇÕES FONTE: HIGLER, TAYLOR E KRISHNA (1999) O processo de destilação reativa enquadra-se nos chamados “processos intensificados”, dentre os quais é o mais largamente aplicado atualmente (REAY, RAMSHAW e HARVEY, 2008). A expressão “intensificação de processos” se refere às tecnologias que substituem equipamentos grandes, onerosos e com alto consumo de energia por outros menores, mais baratos e mais eficientes, ou por processos que combinem múltiplas operações em um menor número de unidades ou, ainda, em uma única unidade. Assim, esse conceito emerge como uma nova filosofia de projeto, a qual se aplica tanto a novos tipos de equipamentos, quanto a novas técnicas de processamento e a métodos de desenvolvimento de processos e/ou unidades industriais (REIS, 2006). A intensificação de particularmente em processos implica em processos mais termos dos custos devido à aquisição de áreas baratos, industriais 40 (maior capacidade de produção e maior número de produtos fabricados por unidade de área); custos de investimento mais baixos (equipamentos menores, menor quantidade de tubulações, etc.) e custos menores com matérias-primas (maior rendimento e/ou seletividade), com utilidades (em particular com energia), com o tratamento de correntes residuais e com a disposição de resíduos. Além disso, a intensificação de processos pode aumentar a segurança dos mesmos, uma vez que “menor pode ser mais seguro” (REIS, 2006). A destilação reativa faz parte de uma área mais ampla de processos de separação reativa, que inclui qualquer combinação de reação química com separação, tais como: destilação, “stripping”, absorção, cristalização e separação por membrana. Separações extração, adsorção, reativas são operações difundidas. Em processos de separação reativa típica, a superposição de reação e separação é empregada. Em outros casos, reação e separação simultâneas simplesmente não podem ser evitadas. Este é, por exemplo, o caso quando reações laterais ocorrem no equipamento de separação. Além disso, em muitos reatores os produtos são diretamente removidos, o que é basicamente uma separação reativa (SUNDMACHER e KIENLE, 2003). 2.3.2 Aplicações, beneficios e desvantagens da destilação reativa Muitos sistemas de reações tecnicamente importantes consistem em reações competitivas irreversíveis do tipo A reagindo com B formando C e A reagindo com C formando D, no qual C é o produto e D é um subproduto indesejado. Um processo reativo geralmente tem por objetivo a conversão total dos reagentes. Entretanto, se houver varias reações laterais, a conversão total pode corresponder em baixa seletividade. Para aumentar a seletividade, excesso de um dos reagentes (B) geralmente é usado. Nesse caso, para atingir a conversão total em todo o processo, o reciclo do reagente excedente é necessário (BLAGOV et al., 2000). As principais características da destilação reativa que tornam esses processos atrativos são os seguintes: a simplificação do processo pode levar à economia de capital; maiores conversões podem ser obtidas para reações limitadas pelo equilíbrio químico devido ao deslocamento do equilíbrio para a direita, isso 41 diminui os custos com reciclo, por trabalhar com alimentações próximas das estequiométricas evitando excesso de um dos reagentes; maiores seletividades são obtidas devido à remoção de pelo menos um dos produtos da zona reativa ou mantendo nesta mesma zona a concentração de um dos reagentes baixa, assim, prevenindo que ocorram reações laterais a subprodutos; utilização de menor quantidade de catalisador para o mesmo grau de conversão; condições reacionais podem evitar possíveis azeótropos de mistura de produtos de reação, evitando assim a utilização de solventes auxiliares; benefícios da integração do calor são obtidos pela utilização do calor gerado na reação química para vaporização, zonas quentes são, portanto, evitadas (TAYLOR & KRISHNA, 2000). A separação de misturas que envolvem azeótropos e isômeros por destilação convencional requer elevados custos de energia, enquanto que a separação por destilação com solvente requer um solvente adequado, o qual, em alguns casos, pode não estar disponível. A destilação reativa, por reduzir o número de equipamentos e o número de conexões entre equipamentos, reduz o risco de emissões de gases devido a vazamentos. Além disso, como requer menor quantidade de energia, também apresenta menores emissões de dióxido de carbono, consequentemente, trata-se de um processo que causa menos agressão ao meio ambiente (HARMSEN, 2007). Na destilação reativa o calor de reação é utilizado na evaporação. Altas taxas de reação resultam em elevadas taxas de evaporação; contudo, a temperatura de reação muda muito pouco. Dessa forma, anomalias no processo da destilação reativa são em geral menos intensas que em um reator convencional. Isso significa que os processos em coluna de destilação reativa requerem uma menor quantidade de medidas de segurança na operação do equipamento (HARMSEN, 2007). Dentre as desvantagens deste processo destacam-se: Os reagentes e produtos devem ter uma volatilidade compatível para manter altas concentrações de reagentes e baixas concentrações de produtos na zona reativa; Nos casos em que o tempo de residência da reação é elevado, é necessária uma coluna que tenha elevados volumes de retenção em cada estágio. Dessa forma, pode ser mais vantajoso usar um arranjo convencional composto por um reator seguido de uma coluna de destilação; 42 É difícil projetar colunas de destilação reativa para altas taxas de fluxo devido a problemas de distribuição do líquido em colunas empacotadas; Em algum processo, as condições ótimas de temperatura e pressão para a destilação podem estar muito longe das condições ótimas para a reação e viceversa (TAYLOR e KRISHNA, 2000). A destilação reativa é um processo alternativo que tem grande potencial para ser aplicado quando a reação em fase líquida convencional exibe uma ou mais destas características: reação química limitada pelo equilíbrio, reação exotérmica que exige o resfriamento de um reator convencional, mau uso da matéria-prima devido a perdas por seletividade ou excessiva complexidade no fluxograma, presença de reações paralelas, formação de azeótropos (HARMSEN, 2007). Atualmente, muitas pesquisas e atividades em desenvolvimento estão a caminho de introduzir a destilação reativa em outros processos químicos. Mas, apesar do convincente sucesso das aplicações da destilação reativa na esterificação e eterificação, é importante notar que a destilação reativa nem sempre é vantajosa (SUNDMACHER e KIENLE, 2003). Os processos de destilação reativa comercial têm demonstrado reduções no capital de investimento e/ou consumo de energia. Mas, é difícil trazer um novo processo de destilação reativa para linhas de produção por causa da complexidade no projeto, síntese e operabilidade do processo de destilação reativa resultante da interação da reação e destilação. A análise do processo e operabilidade é efetivamente tratada através da simulação. Como a coluna de destilação tem diversas variáveis que podem ser controladas, a simulação é uma importante ferramenta para a otimização do equipamento (CHEN et al., 2000). Nos últimos anos, a destilação reativa tem recebido um interesse cada vez maior não apenas da indústria química e petroquímica, mas também de pesquisas acadêmicas e um aumento no número de publicações. Esse processo se tornou muito importante na produção de aditivos de combustíveis, tais como MTBE, ETBE, TAME (KHALEDI e BISHNOI, 2006). Geralmente a reação é induzida pela adição de uma alimentação contendo compostos reativos. Esses reagem seletivamente com um dos componentes no interior da coluna formando produtos que são removidos. Para uma mistura binária de difícil separação, por exemplo, seria necessária uma coluna com muitos pratos e 43 alta razão de refluxo. Com a alimentação adicional de uma mistura reagente apropriada, o tamanho da coluna e a razão de refluxo podem ser significativamente reduzidos para obter a separação desejada, com um menor custo. Um exemplo de “separação difícil”, que pode ser solucionada alternativamente pela destilação reativa, é a purificação de águas fenólicas, buscando atender às questões econômicas e ambientais (REIS, 2006). A comercialização bem sucedida da tecnologia de destilação reativa requer uma atenção especial com relação aos aspectos de modelagem, incluindo a dinâmica da coluna de destilação. Muitos dos paradigmas advindos dos processos de reação e de destilação convencional não são facilmente traduzidos para a destilação reativa. As potenciais vantagens desse processo poderiam ser anuladas pela escolha inadequada do estágio de alimentação, refluxo, quantidade de catalisador empregado, etc. (REIS, 2006). Assim, é possível diminuir a conversão atingida pelo aumento da quantidade de catalisador empregado, uma vez que a capacidade de separação maior poderia diminuir o desempenho do processo (HIGLER et al., 1999). 2.4 DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA Para projetar um reator, deseja-se conhecer a capacidade, o tipo de reator e que método de operação são melhores para uma determinada reação (LEVENSPIEL,1999). Uma informação importante no projeto de reatores químicos é o conhecimento da distribuição de tempos de residência (DTR). A determinação da DTR permite diagnosticar problemas de escoamento no reator. Os principais problemas recorrentes em reatores são: Existência de zonas de estagnação do fluido ou zonas mortas; Curto circuitagem extrema e sub-passagem do fluido; Existência de canalização, especialmente em operações em contracorrente; Dispersão axial em reatores tubulares; Segregação, resultante das condições de mistura. Outras técnicas, além da DTR, são necessárias para a previsão do comportamento para o projeto de um reator real (não-ideal), tais como, modelos 44 matemáticos com parâmetros a serem ajustados a partir de informações experimentais. Esses parâmetros são correlacionados como funções de propriedades do fluido, do escoamento e da configuração do reator. Esses modelos são por natureza semi-empíricos. Em detrimento disso, usa-se um certo modelo, preferencialmente a outro, para um certo tipo de escoamento. Por exemplo, um dos modelos que melhor representa fisicamente o escoamento em um reator com enchimento (leito fixo) é denominado modelo de dispersão axial. Reatores de escoamento em mistura em série são bem representados utilizando-se o modelo de tanques em série (JOSÉ, 2002). Os pioneiros no estudo da distribuição dos tempos de residência para análise do desempenho em reatores químicos foram MacMullin e Weber (1935) apud FOGLER (2009). No entanto, isso deu-se somente a partir do início dos anos 50, quando o professor P. V. Danckwerts (1953), apud FOGLER (2009), apresentou uma estrutura organizada ao assunto DTR, definindo a maioria das distribuições de interesse. Em um reator ideal de escoamento empistonado, todos os átomos de material que deixam o reator têm permanecido em seu interior exatamente o mesmo tempo. Similarmente, em um reator ideal em batelada, todos os átomos de materiais dentro do reator têm permanecido em seu interior um período idêntico de tempo. Portanto, esse tempo de permanência é chamado de tempo de residência dos átomos no reator (FOGLER, 2009). A classe de reatores ideais é caracterizada pela hipótese de que todos os átomos nos reatores possuem o mesmo tempo de residência. Em reatores ditos não-ideais, os vários átomos na alimentação permanecem tempos diferentes no interior do reator, isto é, existe uma distribuição de tempos de residência do material dentro do reator. A DTR de um reator é uma característica da mistura que ocorre no reator químico. Não há mistura axial em um reator com escoamento empistonado e essa omissão é refletida na DTR. Um reator CSTR possui uma condição de mistura perfeita e possui um tipo diferente de DTR em relação ao reator de escoamento empistonado (PFR), sendo a partir da DTR, pode-se encontrar indícios claros sobre o tipo de mistura que ocorre no interior do reator (FOGLER, 2009). 45 Neste capítulo foram apresentados os métodos de produção de biodiesel e a importância de estudar fontes de combustíveis renováveis. O Brasil e o mundo precisam de uma energia mais limpa, devido aos impactos causados no aumento do efeito estufa. 46 Capítulo 3 3 MATERIAIS E MÉTODOS Neste capítulo é apresentada a descrição dos equipamentos utilizados para a obtenção dos dados experimentais necessários à pesquisa desse trabalho. 3.1 EQUIPAMENTO A coluna é um tubo de aço inox com 3,8 cm de diâmetro interno e 160 cm de altura, composta de refervedor, condensador de topo e tanque de condensado. Os vapores são condensados num trocador de calor vertical multitubular no topo da coluna e o condensado é armazenado no tanque de condensado. A energia térmica entra no processo no refervedor localizado na base da coluna, sendo resultante da resistência elétrica. Ao longo dos 160 cm da coluna existem 16 pontos di amostragem de temperatura, conectados a um computador, e de retirada de produtos para análise. O recheio da coluna reativa é estruturado, mas um dos leitos é específico para reações heterogêneas, pois permite colocar as partículas sólidas do catalisador. Portanto, nesta configuração pode-se avaliar o desempenho de dois tipos de reator, um reator tipo Plug-Flow (fluxo empistonado) e uma coluna reativa. Um diagrama esquemático dessa coluna com os acessórios é apresentado a seguir. 47 FIGURA 12 - FLUXOGRAMA DA UNIDADE PILOTO 1. T-01- Tanque de óleo de soja com 2 litros de capacidade 2. T-02- Tanque de etanol com 2 litros de capacidade 3. T-03- Tanque de condensado 4. R-01- Refervedor de 8 litros de capacidade 5. C-01- Coluna reativa empacotada com 3,8 cm de diâmetro interno e 160 cm de altura, com 120 cm de altura de empacotamento, tempo de reação médio de 8 minutos 6. E-01- Condensador de topo 7. E-02- Resistência de 2000 Watts de potência 8. E-03- Manômetro 48 9. B-01- Entrada de óleo 10. B-02- Entrada de etanol 11. B-03- Refluxo de condensado de etanol 12. a – Ponto de alimentação dos reagentes 3.1.1 Montagem do equipamento Após a fabricação dos componentes da coluna, foi iniciada a montagem do equipamento. No refervedor Figura 13, foram colocados a resistência e os termopares para o controle de temperatura. FIGURA 13 - REFERVEDOR DA UNIDADE PILOTO No refervedor existem um visor de nível e duas saídas, uma superior ( biodiesel) e outra inferior (glicerol). Na coluna reativa, o recheio utilizado é composto por anéis de raschig de vidro, com 11,6 mm de altura, 6,1 mm de diâmetro e 0,67 de porosidade. O recheio é colocado em toda a extensão da coluna como se mostra abaixo. 49 FIGURA 14 - COLUNA DE RECHEIO COM ANÉIS DE RASCHIG DE VIDRO A coluna possui dois visores de vidros, seis termopares e um manômetro. Os sinais analógicos dos termopares são enviados para o computador através de conversor digital apresentado na Figura 15, e convertidos em dados de temperaturas. 50 FIGURA 15 - CONVERSOR DE SINAIS . Após a montagem da coluna foram instaladas as bombas dosadoras (peristálticas) e bomba (engrenagem) de condensado de etanol. A temperatura da resistência e a vazão da bomba de condensado são controladas pelo painel de comando, conforme apresentado na Figura 16. 51 FIGURA 16 - UNIDADE PILOTO PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL 3.1.2 Recheios utilizados Cada tipo de recheio apresenta as características apresentadas na Tabela 2. As dimensões dos anéis de Raschig usados são maiores do que as especificações recomendadas e foram usadas para facilitar o início dos experimentos. Os anéis de Raschig com diâmetro menor produzem uma maior perda de carga. TABELA 2 – CARACTERÍSTICA DOS RECHEIOS UTILIZADOS RECHEIO MATERIAL TAMANHO POROSIDADE Esferas vidro 0,44 Anéis de Raschig vidro Anéis poliestireno diâmetro 5,0mm altura 11,6mm diâmetro 6,1mm diâmetro do anel 3,2mm diâmetro do filamento 0,7mm 0,67 0,85 52 3.1.3 Materiais utilizados nos testes Os materiais utilizados nos testes foram: óleo de soja clarificado fornecido pela Encopa (acidez de 0,04 g, ácido oleico/100g e massa específica de 0,916 g/cm³); etanol da Vetec P.A 99,5%; hidróxido de sódio da Vetec (NaOH) com teor mínimo de 97%, foi usado nas proporções 0,5% e 0,75% em relação à massa de óleo clarificado; coluna de destilação reativa apresentada no item 5.1; balança semi-analítica modelo BC-1000, marca Gehaka de capacidade 1.010g e precisão ± 0,01g; agitador magnético com aquecimento da Nova Ética (modelo 350A); densímetro marca Anton Paar, modelo DMA 5000 M; phmetro da Hanna, modelo HI221; bomba de vácuo da Prismatec, modelo 131; bomba dosadora peristáltica da Provitec, modelo DM 7000; cromatógrafo. Shimadzu, modelo GC 2010 / AOC 5000. 3.2 MÉTODOS 3.2.1 Planejamento experimental Foram estabelecidos cinco testes para produção de biodiesel conforme apresentado na Tabela 3. Os critérios tomados desta escolha foram para determinar se a maior parte da reação estava ocorrendo ao longo da coluna ou no refervedor. Após a finalização dos testes pode-se concluir se a coluna esta operando como destilação reativa, onde a maior parte da reação tem que ocorrer na coluna. 53 TABELA 3 – PLANEJAMENTO DOS EXPERIMENTOS teste catalisador razão Temperatura tempo vazão (%) molar no (h) refervedor vazão vazão de de óleo de condensado (ml/min) etanol (ml/min) (oC) (ml/min) 1 0,5 18:1 78 a 100 6 7,46 8,18 44 a 68 2 0,5 24:1 78 a 100 6 7,46 10,9 44 a 68 3 0,5 28:1 78 a 80 10 7,46 12,72 44 4 0,75 24:1 78 a 80 6 7,46 10,9 44 5 0,75 28:1 78 a 80 5 7,46 12,72 44 3.2.2 Procedimentos dos testes de produção de biodiesel O biodiesel foi produzido através da transesterificação do óleo de soja clarificado (acidez de 0,04 g, ácido oleico/100g e densidade 0,916 g/cm³), com o catalisador hidróxido de sódio (NaOH), com 0,5% em massa em relação ao óleo dissolvido em etanol anidro segundo a estequiometria apresentada a seguir. H 2C O CO R1 HC O CO R2 H 2C O CO R3 Trialcilglicerol 3 C2H6O Etanol H2C OH R1CO2C2H5 HC OH R2CO2C2H5 H2C OH R3CO2C2H5 Glicerol Ésteres etílicos FIGURA 17 - TRANSESTERIFICAÇÃO DE TRIGLICERÍDEOS, REPRESENTAM AS CADEIAS CARBÔNICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS EM QUE R1, R2 E R3 3.2.3 Preparo das amostras do biodiesel para análise cromatográfica As amostras para análise foram preparadas a partir da mistura de 250 mg do biodiesel, previamente purificado com 5 ml de solução padrão (metil heptadecanoato), usando uma pipeta volumétrica. Uma alíquota foi transferida para o vial de 2 ml para injeção no cromatógrafo. Através dos cromatogramas, foram analisadas as áreas dos picos dos ésteres etílicos e do padrão interno, sendo calculada a concentração molar em ésteres etílicos da etanólise do óleo de soja realizada. 54 A concentração total de ésteres, expressa como a fração em massa percentual, é calculada usando a equação 1. C A Aei * Cei * Vei *100 Aei * m (1) Na qual: C - é a concentração total de ésteres em %(m/m); A - é a área total dos picos do intervalo de ésteres etílicos C14 ao C24; Aei - é a área do pico correspondente ao heptadecanoato de metila; Cei - é a concentração (mg/ml) da solução padrão heptadecanoato de metila usada; Vei - é o volume (ml) da solução padrão de heptadecanoato de metila usada; m - é a massa (mg) da amostra; A conversão do óleo em biodiesel foi determinada por cromatografia gasosa utilizando um cromatógrafo Shimadzu, modelo GC 2010 / AOC 5000, com sistema automático de injeção de amostra Figura 18 , detector de ionização de chama, integrador ( ou computador) para tratamento de dados, e coluna capilar com fase estacionária de polietileno glicol. A coluna cromatográfica tem 30 m de comprimento por 0,25 mm de diâmetro e 0,25 µm de espessura de filme. FIGURA 18 - CROMATÓGRAFO A GÁS COM INJETOR AUTOMÁTICO FONTE: LACAUT/UFPR 55 A conversão do óleo em biodiesel também foi calculada através da fórmula indicada abaixo equação 2, usando uma correlação entre a fração de éster etílico, determinada por cromatografia e a densidade do biodiesel. Essa correlação já havia sido obtida anteriormente por outros autores (FROEHNER et al., 2006) e pode ser expressa por: EE=-1554,1*ρ+1452,3 (2) Na qual: EE= representa a fração mássica do éster etílico; E ρ= é a densidade do biodiesel em g/ml. 3.2.4 Procedimentos experimentais para os testes de acúmulo (hold-up) e distribuição de tempo de residência (DTR) Com operação em regime permanente foram realizados testes de hold-up e de distribuição de tempo de residência com o intuito de se conhecer o comportamento dinâmico do equipamento. 3.2.5 Teste de hold-up Independente do tipo de coluna a ser estudada, a quantificação da fração de retenção da fase dispersa (hold-up) e a velocidade de inundação da coluna são parâmetros importantes no projeto de colunas de destilação. O teste de inundação determina a capacidade total de operação da coluna (Gayler e Pratt, 1951). Para o teste de inundação da coluna pode-se aumentar a vazão de condensado até atingir a inundação. Para a determinação do acúmulo de líquido (hold-up ) na coluna com recheio de anéis de Raschig de vidro, iniciou-se a operação da coluna com etanol no refervedor. Amostra foi coletada num ponto superior do refervedor, como se mostra pela Figura 19. 56 Retirada de amostra FIGURA 19 - TESTE DE HOLD-UP DA COLUNA REATIVA Após a estabilização do processo ao longo da coluna, a bomba de condensado entra em operação e uma nova estabilização do processo é esperada. Em seguida, simultaneamente, desliga-se a resistência e a bomba de condensado e, com auxílio de uma proveta calibrada, é coletado o acúmulo de líquido presente na coluna. O procedimento é repetido três vezes, o volume retido na coluna é coletado num béquer e medido o volume médio. 3.2.6 Teste de DTR Os problemas de escoamento não ideal estão intimamente ligados ao aumento de escala, pois a questão de se partir ou não para as unidades piloto reside em grande parte em possuir o controle de todas as variáveis mais importantes envolvidas no processo. A distribuição do tempo de residência (DTR) é uma importante ferramenta para conhecer a não idealidade do sistema em questão. A determinação da DTR é feita de forma experimental através da injeção, no interior do reator de uma substância química inerte, molécula ou átomo, chamada de 57 “traçador”, em algum tempo t = 0, medindo-se a concentração do traçador na corrente efluente em função do tempo. Além de ser inerte, o que é facilmente detectável, o traçador deve ter propriedades físicas similares àquelas da mistura reagente e ser completamente solúvel na mistura. Também não deve ser absorvido nas paredes ou em outras superfícies do reator. Os tipos mais comuns de traçadores são materiais coloridos e radioativos, juntamente com gases inertes. Os dois métodos mais usados de injeção são “perturbação em pulso” e “ perturbação em degrau”, no entanto pode-se aplicar também perturbações aleatórias e periódicas que são mais difíceis de se interpretar. Em seguida Figura 20 são mostrados os tipos de perturbações utilizadas para a obtenção de dados de DTR. FIGURA 20 - VÁRIOS MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM REATOR QUÍMICO FONTE: LEVENSPIEL (1999) PERTURBAÇÃO UTILIZADOS PARA Em Fogler (2009) encontra-se um procedimento para escolha de um modelo capaz de prever a concentração e a conversão de saída de reatores não-ideais. Este procedimento é descrito com os seguintes passos: Verificar onde se encontra as correntes de entrada e saída para os reatores e provenientes dos reatores. Verificar se existem correntes de desvio (bypassing); Verificar o sistema de mistura. Quantos impelidores existem; Analisar a configuração do reator. Se existe recirculação interna; Através da injeção de um traçador, fazer um gráfico da função de distribuição de tempo de residência (E(t)) e distribuição cumulativa (F(t)); Analisar o gráfico de função adimensional E(Θ) e F(Θ). Analisar se é possível um ajuste das curvas por um modelo de reator ideal; 2 Calcular o tempo de residência médio, tm, e variância, . Conhecido tm, a partir de dados da DTR, comparar com o tempo espacial ( ) quando medido com medidor de vazão; 58 Escolher um, dois ou três modelos; Usar os dados do traçador para determinar os parâmetros do modelo; Aplicar um algoritmo para calcular as concentrações e a conversão de saída para o modelo selecionado. 3.2.6.1 Perturbação em pulso A aplicação de uma perturbação em pulso consiste em injetar repentinamente uma quantidade N0 de traçador na corrente de alimentação do reator, em um tempo tão curto quanto possível. A concentração de saída é então medida em função do tempo. Deve-se analisar a injeção de um pulso de traçador para o sistema com uma única entrada e uma única saída em que somente o escoamento carrega o material através das fronteiras do sistema. Primeiramente define-se um incremento de tempo t suficiente pequeno, de modo que a concentração do traçador C t , que sai entre os tempos t e t t , é essencialmente a mesma. A quantidade de material do traçador, N , que deixa o reator entre os tempos t e t t é então: N C t t (3) Onde é a vazão volumétrica do efluente. E N é a quantidade de material que sai do reator e que permaneceu uma quantidade de tempo entre t e t t no reator. Dividindo N concentração do traçador pela quantidade total de material que foi injetada no reator, N0, chega-se a: N C t t N0 N0 (4) A equação 4 representa a fração de material que tem um tempo de residência no reator entre o tempo t e t t . 59 Uma curva típica de concentração-tempo para entrada e saída de um reator, dada uma perturbação em pulso é mostrada abaixo. FIGURA 21: RESPOSTA PULSO PARA DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM REATOR FONTE: LEVENSPIEL (1999). Para uma injeção em pulso, tem-se: E t C t N0 (5) De modo que: N E t t N0 (6) Sendo assim, a grandeza E(t) é chamada de função de distribuição de tempo de residência. É a função que descreve, de uma maneira quantitativa, quanto tempo diferentes elementos de fluido permaneceram no reator. A grandeza E(t)dt é fração de fluido saindo do reator que permaneceu no interior do reator entre os tempos t e t t . Caso não se conheça N0 diretamente, pode-se obtê-la a partir de medidas da concentração de saída, somando todas as quantidades de materiais N 0 , entre o tempo zero e um tempo suficientemente longo. 60 Reescrevendo a equação 3 na forma diferencial e em seguida integrando, tem-se: dN C t dt N0 C t dt 0 (7) (8) A vazão volumétrica é geralmente constante, sendo assim, pode-se definir E(t) como: E t C t C t dt (9) 0 Sendo que a integral no denominador é a área sob a curva C mostrada na Figura 21. Uma maneira alternativa de interpretar a função tempo de residência é a sua forma integral: Fração de material saindo do reator que permaneceu no reator entre os t2 E t dt t1 tempos t1 e t2 (10) Sabendo que a fração de todo o material que ficou por período de tempo t no reator, entre t 0 e t é 1, logo tem-se: E t dt 1 t2 t1 (11) 61 3.2.6.2 Perturbação em degrau A concentração de saída de um reator está relacionada com a concentração de entrada através de um integral de convolução: Csaída t Centrada t t ' E t ' dt t (12) 0 A concentração de entrada frequentemente toma a forma de uma perturbação em pulso perfeito (função delta de Dirac), injeção em pulso imperfeito, ou uma perturbação em degrau. Na Figura 22 encontra-se um esquema da resposta concentração-tempo a uma perturbação degrau. Cmáx Saída lida Fluído antigo Cdegrau Degrau de entrada em t = 0 t 0 m kg s de traçador m3 s Saída V m3 Fluído Novo 0 t t FIGURA 22 - RESPOSTA A UMA PERTURBAÇÃO TIPO DEGRAU PARA DETERMINAÇÃO DA DTR DE UM REATOR FONTE: LEVENSPIEL (1999) Assim como a função DTR, E(t) pode ser determinada diretamente a partir de uma perturbação em pulso, e a distribuição cumulativa F(t) pode ser determinada diretamente a partir de uma perturbação em degrau. Na perturbação em degrau considera-se uma aplicação constante de traçador na alimentação que é iniciada t=0. Antes desse tempo, nenhum traçador foi adicionado, obedecendo à seguinte condição: t0 0 C0 t C0 constante t 0 62 A concentração de traçador na alimentação para o reator é mantida nesse nível até que a concentração no efluente seja indistinguível daquela na alimentação e, então, este pode ser interrompido como indicado na Figura 22. Uma vez que a concentração é constante com o tempo, Csaída pode ser escrita da seguinte forma: Csaída C0 E t ' dt ' t 0 (13) Dividindo a equação 13 por C0, tem-se: t Csaída E t ' dt ' F t 0 C0 degrau C F t saída C0 degrau (14) A equação 14 é, então, derivada para obter a função DTR, E(t): E t d C t dt C0 degrau (15) O método de perturbação em degrau positivo é geralmente mais fácil de executar experimentalmente que a perturbação tipo pulso, e tem a vantagem adicional de que a quantidade total de traçador na alimentação ao longo do período do teste não necessita ser conhecida, como no caso do teste em pulso. 63 3.2.6.3 Relações integrais da função DTR A fração da corrente de saída que permaneceu no reator por um período de tempo mais curto que um dado valor t é igual à soma ao longo de todos os tempos menores do que t de E(t)Δt, ou expressa continuamente: Fração do efluente que 0 E t dt permaneceu no no reator F t por um tempo menor que t t (16) Analogamente, tem-se: t Fração do efluente que E t dt permaneceu no no reator 1 F t por um tempo maior que t (17) A equação 16 é chamada de função de distribuição cumulativa e pode ser calculada em vários tempos t a partir da área sob a curva de um gráfico de E(t) versus t. 3.2.6.4 Tempo de residência médio Em reatores ideais um parâmetro muito utilizado é o tempo espacial ou tempo de residência médio, , que é definido como V . Na ausência de dispersão e para uma vazão volumétrica constante, independente da DTR, ideal ou não-ideal, o tempo espacial nominal é igual ao tempo de residência médio tm. O tempo de residência médio é dado por: tm tE t dt E t dt 0 0 0 tE t dt (18) 64 A partir da equação 18 pode-se determinar o volume de um reator através de: V tm (19) 3.2.6.5 Função DTR normalizada No projeto de um reator, muitas vezes é utilizado a normalização da DTR em vez da função E(t). Definindo um parâmetro como sendo: t (20) Uma função adimensional E poderá ser definida como: E E t (21) A grandeza representa o número de volumes de fluido do reator, baseado nas condições de entrada, que escoaram através do reator no tempo t. A utilização dessa função normalizada permite a comparação do desempenho do escoamento de reatores de diferentes volumes. Escrevendo a função DTR normalizada na forma integral, tem-se: E d 1 0 (22) 65 3.2.6.6 Variância e assimetria da distribuição Para fins comparativos da DTR, normalmente usa-se a variância ou o quadrado do desvio padrão, que é definido como: 2 t tm E t dt 2 (23) 0 A equação 23 pode ser escrita também da seguinte forma: t tm C t dt 0 t 2C t dt 2 2 0 tm 0 C t dt 0 C t dt 2 (24) O resultado da equação 23 e 24 indica a dispersão da distribuição, quanto maior o valor desse momento, maior a dispersão da distribuição. Outro indicador importante comumente usado é a assimetria da distribuição definida por: s3 1 3 2 t t E t dt 0 3 m (25) 3.2.4.7 Procedimento experimental para determinação da DTR Para a realização do teste de distribuição do tempo de residência (DTR) da coluna foram utilizados 6 litros de etanol no refervedor. Com a coluna em operação e o processo estabilizado, 5 (cinco) mL da solução de impulso (solução de etanol e hidróxido de sódio 0,4 % em massa), com pH 13,60, foi injetada no topo da coluna, no qual o etanol é reciclado (com pH 7,32). A DTR foi avaliada a partir da variação do pH no fundo da coluna, mostrado na Figura 19 durante esse processo foram coletadas várias amostras ao longo do tempo. O pH foi medido utilizando-se o pHmetro modelo HANNA HI221, com precisão ±0.01 de pH. 66 Capítulo 4 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Este capítulo apresenta os resultados obtidos nos testes realizados na coluna reativa com discussão dos mesmos. 4.1 REALIZAÇÃO DOS TESTES DE PRODUÇÃO DE BIODIESEL Teste 1: O experimento iniciou com o carregamento de 8 (oito) litros de etanol no refervedor, e em seguida o refervedor foi aquecido e mantido a temperatura constante e igual à aproximadamente 78 oC. Esta operação ocorreu com refluxo total. As condições de operação foram 1 atm, 78ºC no refervedor e vazão de etanol condensado de 44 mL/min. O próximo passo foi realizar a alimentação de óleo de soja clarificado, e a solução de etanol com 0,5%, em massa, de catalisador (NaOH) no topo da coluna (como apresentado na „Figura 12‟, ponto “a”). O óleo clarificado e solução com etanol na razão molar 18:1 (etanol/óleo), como mostra a Figura 23, foram alimentados por bombas peristálticas com vazão de 7,46 mL/min e 8,18 mL/min, respectivamente. 67 FIGURA 23: BOMBAS PERISTÁLTICAS PARA ALIMENTAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA CLARIFICADO E SOLUÇÃO DE CATALISADOR. À medida que o biodiesel, óleo não reagido e hidróxido de sódio foram descendo pela coluna, a temperatura do refervedor foi aumentando, devido à mudança da composição do refervedor. A temperatura do refervedor se estabilizou em 100ºC. O excesso de etanol condensado além dos 44mL/min foi retirado durante a operação por uma drenagem que se localiza antes da bomba de condensado. Isto foi necessário para estabilizar o nível de líquido no refervedor. Após as seis (06) horas de operação, foi retirado todo o material na parte inferior do refervedor. A glicerina foi separada por processo de decantação conforme Figura 24 e o etanol foi evaporado no rota-evaporador. Esse foi o procedimento durante o primeiro teste de operação que teve a duração de seis (06) horas. 68 FIGURA 24 - PRIMEIRO RESULTADO DO BIODIESEL A conversão do óleo em biodiesel foi determinada por cromatografia gasosa, utilizando-se um cromatógrafo Shimadzu, modelo GC 2010 / AOC 5000. O teor de éster etílico obtidos foi de de 87,1%. Na Figura 25, pode-se observar o perfil de temperatura ao longo da coluna durante a operação. O controle de temperatura tem como variável controlada a temperatura do refervedor e a variável manipulada, a potência, no refervedor (resistências de aquecimento). 69 FIGURA 25 – PERFIL DE TEMPERATURA AO LONGO DA COLUNA Observa-se Figura 25 que a temperatura de fundo após 17 minutos mantevese constante em dois períodos distintos: no início quando do aquecimento do etanol; e depois estabilizou em 100°C durante o processo de reação/destilação. As temperaturas ao longo da coluna são monitoradas na tela do computador conforme Figura 26. 70 FIGURA 26 – PERFIL DE TEMPERATURA AO LONGO DA COLUNA MONITORADO PELO SISTEMA DE AQUISIÇÃO Teste 2: No segundo teste manteve-se o processo de partida do equipamento. A única diferença foi o início da retirada dos produtos. O biodiesel, o óleo de soja não reagido e hidróxido de sódio foram retirados do refervedor (descrito na Figura 12 como “biodiesel”). A glicerina também foi retirada continuamente (descrito na Figura 12 como “glicerina”). A glicerina deixou a coluna de forma bastante impura. As condições de operação foram 1 atm, 100ºC no refervedor, 78ºC no topo da coluna. O óleo e solução com etanol na razão molar 24:1 (etanol/óleo) foram alimentados por bombas peristálticas com vazão de 7,46 mL/min e 10,9 mL/min, com vazão de etanol condensado de 44 mL/min no início e 68 ml/min no final do teste. A operação como destilação reativa ocorreu por uma (01) hora. Os produtos foram retirados continuamente na parte superior do refervedor. O resultado do biodiesel foi determinado a partir dos picos apresentados pelo cromatograma conforme Figura 27. 71 FIGURA 27 – CROMATOGRAMA BIODIESEL – TESTE 2 Após a somatória das áreas, o teor de éster obtido foi de 87,55%. Teste 3: No terceiro teste, o início da partida foi mantido, a reação ocorreu na proporção 28:1 (etanol / óleo de soja), em base molar e a quantidade de catalisador de 0,5% com relação à massa de óleo. O óleo e solução com etanol foram alimentados com vazões de 7,46 e 12,72 mL por minuto. Os experimentos foram realizados em processo contínuo, durante 10 horas de operação, nas temperaturas de 78 e 80°C conforme a Figura 26. Durante o processo foram retiradas várias amostras na parte inferior do refervedor. O restante de etanol que ficou no biodiesel foi evaporado no rota-evaporador. Diferentemente dos testes anteriores, neste as coletas de amostras foram realizadas ao longo da reação com o objetivo de acompanhar a variação da densidade do produto de fundo e relacionar este valor com o teor de éster. Além disto o teor de éster de algumas das amostras foi obtido por análise de cromatografia. Os resultados estão apresentados na Tabela 4. 72 TABELA 4 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 3 AMOSTRA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 DENSIDADE TEMPO pH FRAÇÃO DE ÉSTERES (%) (g/ml) (mol/L) POR DENSIDADE 0,9204 0,8863 0,8810 0,8800 0,8782 0,8782 0,8773 0,8776 0,8775 0,8774 0,8774 0,8781 0,8777 0,8777 0,8774 0,8771 0,8763 (min) 0 10 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 360 420 480 540 600 7,32 10,85 10,65 10,7 10,6 10,49 10,4 10,45 10,47 10,37 10,35 10,5 10,8 10,6 10,6 10,69 10,6 0,00 74,90 83,14 84,69 85,49 87,49 88,89 88,42 88,45 88,73 88,73 87,64 88,27 88,27 88,73 89,20 90,44 POR CROMATOGRAFIA 76,24 85,94 87,33 90,42 O cálculo da densidade foi determinado pela equação 2. Observa-se, na Tabela 4, que, ao longo do tempo, a densidade da amostra foi diminuindo, indicando claramente que a quantidade de ésteres na mistura estava aumentando. No gráfico abaixo Figura 28 pode-se observar a mudança da densidade ao longo do tempo de operação da coluna. 73 FIGURA 28. VARIAÇÃO DA DENSIDADE COM O TEMPO DE OPERAÇÃO Em seguida Figura 29 estão apresentados os valores do teor de ésteres utilizando a equação 2 e os ésteres encontrados por análise cromatográfica. FIGURA 29 - VARIAÇÃO DA DENSIDADE E DOS RESULTADOS DE CROMATOGRAFIA COM O TEMPO DE OPERAÇÃO 74 Observa-se, neste último gráfico da Figura 29 que os valores do teor de ésteres utilizando a equação 2 ficaram muito próximos dos teores de ésteres obtidos por cromatografia que foi de 90%. Teste 4: No quarto teste, a reação ocorreu na proporção 24:1 (etanol / óleo de soja), em base molar, e a quantidade de catalisador de 0,75% com relação à massa de óleo. Nesse experimento foi aumentado o catalisador e reduzido o excesso de etanol,com o intuito de aumentar a conversão do biodiesel. O óleo e solução com etanol foram alimentados com vazões de 7,46 mL/min e 10,9 mL/min respectivamente. Os experimentos foram realizados em processo contínuo, durante 6 horas de operação, nas temperaturas de 78 e 80°C. Durante o processo foram retiradas várias amostras na parte inferior da coluna e também na parte inferior do refervedor. O restante de etanol que ficou no biodiesel foi evaporado no rotaevaporador. As coletas foram realizadas ao longo da reação para comparar a densidade com o teor de éster obtidos por análise de cromatografia. Os resultados estão apresentados a seguir Tabela 5. TABELA 5 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 4 AMOSTRA DENSIDADE TEMPO FRAÇÃO DE ÉSTERES (%) (g/ml) (min) POR POR DENSIDADE CROMATOGRAFIA REFERVEDOR COLUNA REFERVEDOR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0,9204 0,8844 0,8839 0,8793 0,8792 0,8784 0,8775 0,8775 0,8776 0,9204 0,8827 0,8811 0,8798 0,8798 0,8792 0,8786 0,8781 0,8776 0 10 30 60 90 120 180 240 360 0,00 82,79 83,62 90,81 90,95 92,12 93,52 93,53 93,44 COLUNA REFERVEDOR 0,00 85,46 87,98 89,94 90,06 90,97 91,87 92,68 93,45 0,00 84,46 86,06 93,06 94,79 93,54 94,02 COLUNA 0,00 92,43 89,96 94,50 75 Em seguida na Figura 30 é possível acompanhar o perfil de densidade ao longo da operação. FIGURA 30 - DENSIDADES NO REFERVEDOR E NA COLUNA AO LONGO DO TEMPO DE OPERAÇÃO Por meio dos dados apresentados na Figura 30 tem-se a comparação da densidade calculada a partir da equação 2 com o teor de éster determinado por cromatografia. FIGURA 31 - RESULTADOS DE DENSIDADE E DE CROMATOGRAFIA – TESTE 4 76 No quarto experimento utilizou um porcentual de 0,75% de catalisador em relação a massa de óleo, a conversão foi de 93%. Teste 5: No quinto teste, a reação ocorreu na proporção 28:1 (etanol / óleo de soja), em base molar e a quantidade de catalisador variou de 0,75% com relação à massa de óleo. O óleo e solução com etanol foram alimentados com vazões de 7,46 e 12,72 mL por minuto. Os experimentos foram realizados em processo contínuo, durante 5 horas de operação, nas temperaturas de 78 e 80°C. Durante o processo foram retiradas várias amostras na parte inferior da coluna e também na parte inferior do refervedor. O restante de etanol que ficou no biodiesel foi evaporado no rota-evaporador. As coletas foram realizadas ao longo da reação para comparar a densidade com o teor de éster obtidos por análise de cromatografia. Os resultados estão apresentados a seguir Tabela 10. TABELA 6 - RESULTADOS AO LONGO DO TEMPO DO TESTE 5 AMOSTRA 1 2 3 4 5 6 7 8 DENSIDADE TEMPO FRAÇÃO DE ÉSTERES (%) (g/ml) (min) POR POR DENSIDADE CROMATOGRAFIA REFERVEDOR COLUNA 0,9204 0,8776 0,8780 0,8793 0,8781 0,8779 0,8775 0,8775 0,8773 0,9204 0,8762 0,8816 0,8765 0,8764 0,8768 0,8758 0,8767 0,8765 0 10 30 60 90 120 180 240 300 REFERVEDOR COLUNA REFERVEDOR COLUNA 0,00 93,41 92,75 90,80 92,63 92,97 93,62 93,62 93,95 0,00 95,68 87,19 95,15 95,33 94,65 96,28 94,87 95,13 0,00 95,07 0,00 85,97 90,99 92,72 93,03 95,06 93,72 95,03 83,09 No último teste, o biodiesel produzido ficou dentro da especificação da ANP, com 95% de conversão. Resultado obtido por cromatografia gasosa, na qual os picos do cromatograma indicam os teores de ésteres apresentados, como se observa abaixo Figura 32. 77 FIGURA 32 - RESULTADO DA CROMATOGRAFIA – TESTE 5 4.2 RESULTADOS DE HOLD-UP E DTR Os valores de acúmulo de líquido foram obtidos com o procedimento repetido por três vezes. O volume retido médio de etanol foi de 20 ml com desvio padrão de 0,82 ml, o que representa 1,2% do volume útil da coluna, que são equivalentes aos encontrados na literatura. Este valor indica uma dinâmica muito rápida do equipamento construído. Os dados obtidos na DTR são fundamentais e os parâmetros são importantes no projeto de colunas de destilação, que estão apresentados a seguir. 78 TABELA 7 – CONCENTRAÇÃO DE SAÍDA DO TRAÇADOR AMOSTRA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 TEMPO (min) 0 0,5 1 2 3 4 5 6 8 10 12 15 18 1° TESTE 7,32 (pH) 7,5 7,8 8,7 10,9 11 9,6 8,9 8,5 8,1 7,8 7,7 7,4 2° TESTE 7,32 (pH) 7,25 7,35 7,8 9,8 10,13 9,75 9,2 8,48 7,8 7,61 7,48 7,35 3° TESTE 7,32 (pH) 7,4 7,64 9,95 10,5 10,4 10,1 9,25 9,05 8,35 8 7,6 7,5 4° TESTE 7,32 (pH) 7,62 8,08 9,15 9,18 8,78 8,76 8,11 7,9 7,7 7,58 7,47 7,36 5° TESTE 7,32 (pH) 7,7 7,82 8,7 8,95 8,64 8,5 8,2 8 7,7 7,5 7,41 7,35 MÉDIO (pH) 7,32 7,49 7,74 8,86 9,87 9,79 9,34 8,73 8,39 7,93 7,7 7,53 7,39 No gráfico abaixo Figura 33 são apresentados os resultados da função DTR calculados a partir dos dados experimentais da coluna, dado uma perturbação em pulso no traçador. 11,0 pH 1° teste pH 2° teste pH 3° teste pH 4° teste pH 5° teste pH média 10,5 10,0 pH (mol/L) 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 tempo (min) Figura 33 - DADOS DO TESTE DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA 79 No gráfico observa-se que, no tempo aproximado de dois minutos, obtém-se o valor máximo do pH na saída inferior da coluna. Com esse valor alto do pH em um curto tempo, pode-se supor que existam caminhos preferenciais, sendo assim, é essencial a utilização da função DTR. Esses parâmetros são correlacionados como funções de propriedades do fluido, do escoamento e da configuração do reator. Esses modelos são por natureza semi-empíricos. Em detrimento disso, usase um certo modelo, preferencialmente a outro, para um certo tipo de escoamento. Por exemplo, um dos modelos que melhor representa fisicamente o escoamento em um reator com enchimento (leito fixo) é denominado modelo de dispersão axial. Para calcular os parâmetros da DTR, é usado a Tabela 8. TABELA 8 – CONCENTRAÇÃO DE SAÍDA DO TRAÇADOR DADA UMA ALIMENTAÇÃO COM PERTURBAÇÃO EM PULSO TEMPO (min) 0 0,5 1 2 3 4 5 6 8 10 12 15 18 Cpulso (mol/L) 7,32 7,49 7,74 8,86 9,87 9,79 9,34 8,73 8,39 7,93 7,7 7,53 7,39 O cálculo da função DTR é realizado através da aplicação da equação 9, onde a integral da concentração pode ser aproximada pela regra numérica dos Trapézios. tk 1 tk tk 1 f tk f tk 1 2 C (t ) dt tk k Aplicando a equação 9 e a equação 26, pode-se construir a Tabela 9. (26) 80 TABELA 9 – CÁLCULO DA FUNÇÃO DTR ATRAVÉS DA EQUAÇÃO 9 TEMPO (min) 0 0,5 1 2 3 4 5 6 8 10 12 15 18 Cpulso (mol/L) 7,32 7,49 7,74 8,86 9,87 9,79 9,34 8,73 8,39 7,93 7,7 7,53 7,39 Soma Integral INTEGRAL C(t) 0 18,725 3,8075 8,3 9,365 9,83 9,565 9,035 17,12 16,32 15,63 22,845 22,38 162,9225 E(t) 0,0449293 0,0459728 0,0475073 0,0543817 0,060581 0,0600899 0,0573279 0,0535838 0,0514969 0,0486734 0,0472617 0,0462183 0,045359 Para encontrar E(t), a área sob a curva deve ser unitária, conseqüentemente, cada leitura de concentração deve ser dividida pela área total. Função DTR [E(t)] 0,066 0,064 0,062 0,060 E(t) (min-1) 0,058 0,056 0,054 0,052 0,050 0,048 0,046 0,044 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 tempo (min) FIGURA 34 - FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA 18 20 81 Analogamente, para o cálculo do tempo médio de residência é aplicado a equação 18, aproximando a integral pela regra do Trapézio. tm tk 1 tk tk 1 f tk f tk 1 2 tE (t )dt tk k (27) Através da equação 27, constrói-se a Tabela 10. TABELA 10 – CÁLCULO DO TEMPO MÉDIO DE RESIDÊNCIA ATRAVÉS DA EQUAÇÃO 18 TEMPO (min) 0 0,5 1 2 3 4 5 6 8 10 12 15 18 Cpulso (mol/L) 7,32 7,49 7,74 8,86 9,87 9,79 9,34 8,73 8,39 7,93 7,7 7,53 7,39 t.E(t) 0 0,022986 0,047507 0,108763 0,181743 0,24036 0,286639 0,321503 0,411975 0,486734 0,567141 0,693274 0,816462 soma integral INTEGRAL t.E(t) 0 0,005747 0,017623 0,078135 0,145253 0,211051 0,2635 0,304071 0,733478 0,89871 1,053875 1,890623 2,264604 8 O cálculo do tempo médio de residência pode ser observado no gráfico abaixo Figura 35. 82 Tempo médio de residência 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 t.E(t) 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 -0,2 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 tempo (min) FIGURA 35: FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO MÉDIO DE RESIDÊNCIA Portanto tm é igual a 8 minutos, como mostrado na Figura 35 com o cálculo da área sob a curva. Com esse resultado pode-se conhecer melhor a dinâmica da coluna. Sumário dos testes realizados Nos experimentos realizados, apresentados na Tabela 11, na coluna de destilação reativa foram utilizados o hidróxido de sódio, variando de 0,5 a 0,75% em massa (NaOH), como catalisador homogêneo. TABELA 11 – SUMÁRIO DOS EXPERIMENTOS teste catalisador razão teor Temperatura (%) molar de no refervedor éster ( C) tempo vazão vazão de vazão (h) de óleo etanol condensado (ml/min) (ml/min) (ml/min) o (%) 1 0,5 18:1 87,1 78 a 100 6 7,46 8,18 44 a 68 2 0,5 24:1 89 78 a 100 6 7,46 10,9 44 a 68 3 0,5 28:1 90 78 a 80 10 7,46 12,72 44 4 0,75 24:1 93 78 a 80 6 7,46 10,9 44 5 0,75 28:1 95 78 a 80 5 7,46 12,72 44 de 83 Com base nos resultados apresentados na Tabela 11,observa-se que nestes primeiros testes obteve-se biodiesel conforme a especificação da (ANP). Entretanto, a coluna de destilação reativa foi operada de forma bem característica, sendo que a reação ocorreu ao longo da coluna com produtos sendo separados, caracterizando o equipamento como destilação reativa. 84 Capítulo 5 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES Diante dos objetivos propostos, metodologia apresentada e resultados obtidos nesta dissertação final de mestrado, chegou-se as seguintes conclusões: Com o percentual de 0,5% de catalisador em relação à massa de óleo foi alcançado 90% de conversão em ésteres. Quando a porcentagem de catalisador passou para 0,75%, a conversão atingiu 95% de conversão e com isso, atingiu a especificação da ANP. A temperatura e o excesso de etanol também foram fundamentais no deslocamento de reagentes para a formação do produto, tendo em vista que o tempo de residência médio foi de 8 minutos, o que significa um tempo curto para reação ocorrer totalmente. A caracterização das amostras transesterificadas, principalmente pela análise de cromatografia gasosa, permitiram, respectivamente, a identificação dos ésteres e a conversão dos triglicerídeos, verificando-se a necessidade de um maior controle na destilação reativa para a produção do biodiesel. Os valores de acúmulo de líquido determinados são equivalentes aos encontrados na literatura e indicam uma dinâmica muito rápida do equipamento construído. Neste trabalho pode-se observar que a destilação reativa é um processo viável para a produção contínua de biodiesel utilizando-se catálise homogênea. A operação da coluna ainda precisa ser melhor estudada, mas os resultados de conversão de biodiesel são muito promissores. A reação ocorreu ao longo da coluna e no refervedor, com produtos sendo separados no fundo do equipamento, com o etanol sendo continuamente refluxado no topo. A conversão de óleo obtida foi 95%, resultados estes obtidos via análise cromatográfica. Neste trabalho demonstrou-se que a coluna de destilação reativa é uma alternativa viável tecnicamente para a produção contínua de biodiesel. Um ponto importante do trabalho foi a produção do biocombustível numa coluna com 3,8 cm de diâmetro por 160 cm de altura. Este resultado foi alcançado após vários teste experimentais. 85 Outra parte importante é que todas as matérias-primas utilizadas são de fontes renováveis; dentre outros, foi escolhido o óleo de soja, pela sua importância da cadeia produtiva brasileira. A continuidade destes estudos para avaliar o processo com catálise heterogênea poderá apontar novos horizontes para a produção contínua de biodiesel. Diante dos resultados promissores obtidos, sugere-se a continuidade dessa pesquisa com os seguintes encaminhamentos: Um estudo da operação da coluna, utilizando-se catalisador heterogêneo, que possa ser estruturado na coluna; isso pode trazer importantes contribuições para a produção do biodiesel em escala industrial, usando a destilação reativa. Projetar um novo refervedor para a coluna que permita a separação das fases, tendo em mente evitar que o aquecimento prejudique a separação dos produtos no fundo da coluna. Desenvolvimento de estudos de simulação do processo, visando à otimização das condições operacionais, a saber: temperatura de reação, tempo de residência na coluna reativa; relação álcool-óleo, refluxo de álcool e de produto na coluna reativa; pontos ótimos de alimentação, otimização energética da unidade, pressão de operação e desenvolvimento de modelos matemáticos e a simulação do processo. 86 REFERÊNCIAS ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Capacidade Autorizada de Plantas de Produção de Biodiesel. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/biocombustiveis/capacidade_plantas.asp>. Acesso em: 17/05/2011. ARANDA, D. A. e ANTUNES, O. Processo Catalítico para Esterificação de ácidos graxos na borra ácida de palma utilizando catalisadores sólidos ácidos – Pi 0301103-8. 2005. BAUR, R.; HIGLER, A. P.; TAYLOR, R.; KRISHNA, R. Comparison of equilibrium stage and nonequilibrium stage models for reactive distillation. Chemical Engineering Journal, v. 76, n. 1 p. 33-47, january. 2000. BIODIESEL. O Novo Combustível do Brasil. Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/cartilha.pdf>. Acesso em: 14/05/2011. BLAGOV, S.; BESSLING, B.; SCHOENMAKERS, H.; HASSE, H. Feasibility and multiplicity in reaction-distillation processes for systems with competing irreversible reactions. Chemical Engineering Science, v. 55, n. 22, p. 5421-5436, november. 2000. BONIFÁCIO, W. P. Simulação e otimização de colunas de destilação reativa, Dissertação de Mestrado, FEQ-UNICAMP, 1999. BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Biodiesel – Introdução. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/?pg=40787&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=12 970002977>. Acesso em: 02/03/2011. CAMÚS, J.M.G.; LABORDA, J.Á.G. Informe de actualización: "Biocarburantes líquidos: biodiesel y bioetanol". Madrid: Universidad Rey Juan Carlos, 2008. CANACKCI, M. The potential of restaurant waste lipids as biodiesel feedstocks. Bioresource Technology, v. 98, n. 1, p. 183–190, January 2007. 87 CASTRO, P.; COELLO J.; CASTILLO-LIMA, L. Opciones para la producción y uso Del biodiésel en el Perú, S.P. ITDG, 2007. Cap 3: Situación actual del biodiesel en el mundo y en el Perú, p. 63-89. CHEN, F.; HUSS, R. S.; MALONE, M. F.; DOHERTY, M. F. Simulation of kinetic effects in reactive distillation. Computers and Chemical Engineering, v. 24, n.11, p. 2457-2472, november. 2000. DANTAS, M. B.; CONCEIÇÃO, M. M.; FERNANDES Jr, V. J.; SANTOS, N. A., ROSENHAIM, R.; MARQUES, A. L. B.; SANTOS, I. M. G e SOUZA, A. G., Thermal and kinetic study of corn biodiesel obtained by the methanol and ethanol routes. J. Them. Anal. Calorim. 87(3): 835, 2007. DIMIAN, A. C.; BILDEA, C. S. Chemical Process Design-Computer-Aided Case Studies, Wiley. V. V. G. C, 2008. Cap 14: Biodiesel manufacturing. DOHERTY, M. e MALONE, M. F. Conceptual design of distillation systems. McGrawhill, New York, USA, 2001. ENCINAR, J.M.; GONZÁLEZ, J.F., RODRÍGUEZ-REINARES, A. Ethanolysis of used frying oil. Biodiesel preparation and characterization Fuel Processing Technology, v.88, n. 5, p. 513-522, May 2007. FARIA, M. M. Influência das propriedades físico-químicas das misturas diesel/biodiesel na etapa de atomização de combustível em motores diesel de injeção direta. Dissertação de mestrado. Escola de Química. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004. FERRARI, R. A.; OLIVEIRA, V. S.; SCABIO, A., Biodiesel de Soja – Razão de Conversão em Ésteres Etílicos, Caracterização Físico-Química e Consumo em Geradores de Energia. Química Nova. 28(1): 19, 2005. FOGLER, S. H. Elementos de Engenharia das Reações Químicas. Quarta Edição.LTC, Livros Técnicos e Científicos. Rio de Janeiro, 2009. FREEDMAN, B.; PRYDE, E.H.; MOUNTS, T.L. Variables affecting the yields of fatty esters from transesterified vegetable oils. JAOCS, v. 61, n. 10, p. 1638-1644, October, 1984. 88 FROEHNER, S; LEITHOLD, J.; JÚNIOR, L. F. L. Transesterificação de óleos vegetais: Caracterização por cromatografia em camada delgada e densidade. Química Nova, v. 30, n. 8, p. 2016-2019, 2007. FUKUDA, H.; KONDO, A. e NODA, H. Biodiesel fuel production by transesterification of oils. Journal of Bioscience and Bioengineering. v. 92, n.5, pp.405-416, 2001. GAYLER, R.; PRATT, H.R.C. Hold-up and pressure drop in packed columns. Trans. Inst. Chem. Eng., 29 (1951), 110-125. GOUVÊA, P. E. M. Simulação e análise de configurações alternativas de destilação: meta e para-destilação. Campinas: Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, 1999. 137p. Dissertação (Mestrado). HARMSEN, G. J. Reactive distillation: The front-runner of industrial process intensification: A full review of commercial applications, research, scale up, design and operation. Chemical Engineering and Processing, v. 46, n. 9, p. 774780, september. 2007. HIGLER, A. P.; KRISHNA, R.; ELLENBERBER, J.; TAYLOR, R. Countercurrent operation of a structured catalytically packed-bed reactor: Liquid phase mixing and mass transfer. Chemical Engineering Science, v. 54, n. 21, p. 5145-5152, November. 1999. INNOCENTINI, M. D. M., Biodiesel: energia Renovável (2007). Disponível em http://146.164.33.61/termo/cogeracao/SemanaBiodiesel.pdf. Acesso em: 22/02/2011. INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI Mapeamento Tecnológico do Biodiesel e Tecnologias Correlatas Sob o Enfoque dos Pedidos de Patentes. Maio/2008. ISSARIYAKUL, T.; KULKARNI, M.; DALAI, A.; BAKHSHI, N. Production of biodiesel from waste fryer grease using mixed methanol/ethanol system. Fuel Processing Technology, v. 88, n. 5, p. 429-436, May 2007. JEONG, G. T., et al., Production of biodiesel fuel by transesterification of Rapeseed oil. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 114, n. 1-3, p. 757-758, 2004. JOSÉ, H. J. Prática: Distribuição de Tempos de Residência (DTR). Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos. Florianópolis, 2002. 89 KHALEDI, R.; BISHNOI, P. R. A method for modeling two-and three-phase reactive distillation columns. Industrial and Engineering Chemical Research, v. 45, n. 17, p. 6007-6020, july. 2006. KISS, A. A.; OMOTA, F.; DIMIAN, A.; ROTHENBERG, G. The heterogeneous advantage: biodiesel by catalytic reactive distillation. Topics in Catalysis, v. 40, n. 14, p. 141-150, 2006. KNOTHE, G.; GERPEN, J. V.; KRAHL, J.; RAMOS, L. P. Manual do biodiesel. Tradução de Luiz Pereira Ramos. São Paulo: Edgard Blucher, p. 340, 2006. KOZERSKI, G. R.; HESS, S.C. Estimativa dos poluentes emitidos pelos ônibus e microônibus de Campo Grande/MS, empregando como combustível diesel,biodiesel ou gás natural. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 11, n. 2, p. 113-117, Junho 2006. LEÃO, L. S. Estudo empírico e cinético da esterificação de ácidos graxos saturados sobre o óxido de nióbio. Dissertação de Mestrado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. LEVENSPIEL, Octave. Chemical Reaction Engineering. Third Edition. John Wiley & Sons, Inc., New York, NY, 1999. FIGUEIREDO, M. M. "Absorção – Colunas de Enchimento", Cadernos de Eng. Química, 1, Departamento de Engenharia Química, Universidade de Coimbra, Coimbra, 1987. MA, F.; HANNA, M. A. Biodiesel production: a review. Bioresource Technology, v. 70, n. 1, p. 1-15, October 1999. MARCHETTI, J. M.; MIGUEL, V. U.; ERRAZU, A. F. Possible methods for biodiesel production. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 11, n. 6, p. 1300–1311, August 2007. MERCADO, G. J. R. Design and analysis in modeling reactive separation processes. Tese de Doutorado of Mayaguez: University of Puerto Rico, p. 93, 2008. MULLER, M. D. ; CARVALHO, G. R. ; FERNANDES, E. N. Impacto do Aumento da Demanda de Biodiesel no Custo da Alimentação Animal. In: II Congresso da Rede 90 Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, 2007, Brasília. Anais II Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel.. Brasília : ABIPTI, 2007. MME – EPE (Empresa de Pesquisa Energética / Ministério de Minas e Energia). Disponível em http://www.epe.gov.br. Acesso em: 11/04/2011. NASCIMENTO, M. G.; COSTA N. P. R.; MAZZUCO, L. M. Biotransformação de óleos e gorduras utilização de lípases para obtenção de biocombustíveis. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, ano 111, n. 19, p. 28-31, abr 2001. NETO B. B.; SCARMINIO I.S.; BRUNS R. E. Como Fazer Experimentos, 2° edição, Campinas, SP, Editora Unicamp, p. 80-402, 2003. NETTO, M. M. Dinâmica e controle de um sistema de integração energética em processos químicos. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, p. 113, 1991. NIMCEVICA, D.; PUNTIGAM, R.; WÖRGETTER, M.; GAPES., J. Preparation of rapeseed oil esters of lower aliphatic alcohols. JAOCS, v. 77, n.3, p. 275–280, 2000. OLIVEIRA, L. B. Potencial de aproveitamento energético de lixo e de biodiesel de insumos residuais no Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, 2004. PETERSON, C. L.; HUSTRULID, T. Carbon cycle for rapeseed of biodiesel fuels. Biomass and bionergy, v. 14, p. 91-101, 1998. PETROBRAS. Biodiesel, [200-]. Disponível <http://www2.petrobras.com.br/Petrobras/portugues/perfil/Perfil_biodisel.asp>. Acesso em: 15/02/2011. em: PORTAL BIODIESEL. GOV. Disponível em http://www.biodiesel.gov.br/. Acesso em: 10/05/ 2011. PORTAL CANALBIOENERGIA. Disponível em http://www.canalbioenergia.com.br/files/revista/mzhzrmwcksodtzgwmcxqhnawluvvpj. pdf>. Acesso em: 13/06/2011. 91 PORTAL WOLKSWAGEN. Acesso em: 16/03/2011. Disponível em http://www.vwtrucksandbuses.com. QUINTELLA, C. M. et al. Cadeia do biodiesel da bancada à indústria: uma visão geral com prospecção de tarefas e oportunidades para P&D&I. Quím. Nova, vol.32, no.3, p.793-808, 2009. REAY, D. A.; RAMSHAW, C.; HARVEY, A. P. Process intensification: Engineering for efficiency, sustainability and flexibility. Oxford: Butterworth-Heinemann, p.444. 2008. REIS, M. H. M. Desenvolvimento de modelagens de não equilíbrio para caracterização e aplicação em simulação de colunas de destilação complexa. Campinas: Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, 2006. 254p. Tese (Doutorado). Rinaldi, R.; Garcia, C.; Marciniuk, L. L.; Rossi A. V.; Schuchardt, U. Síntese de biodiesel: uma proposta contextualizada de experimento para laboratório de química geral. Química Nova, v. 30, n. 5, p. 1374-1380, Out 2007. TAPANES, O.; NEYDA, C.; DONATO, A.; ARANDA, G. Transesterification of Jatropha curcas oil glycerides: Theoretical and experimental studies of biodiesel reaction. Fuel, Volume 87, Issues 10–11, P. 2286-2295, August 2008. TAYLOR, R.; KRISHNA, R. Modeling reactive distillation. Chemical Engineering Science, v. 55, n. 22, p. 5183-5229, november. 2000. TREVISANI, L.; FABBRI, M.; NEGRINI, F.; RIBANI,P. L. Advanced energy recovery systems from liquid hydrogen. Energy Convers. Manage, v. 48, n. 1, p. 146-154, January 2007. SUAREZ, P. A. Z.; MENEGHETTI, S.; MENEGHETTI, M.; WOLF, C. Transformação de triglicerídeos em conbustíveis, materiais poliméricos e insumos químicos: algumas aplicações da catálise na oleoquimica. Química Nova, v. 30, n. 3, p. 667676, June 2007. SUNDMACHER, K.; KIENLE A. Reactive Distillation: Status and Future Directions. Weinheim: Wiley-VCH, p. 287. 2003. 92 VICENTE, G.; MARTÍNEZ, M.; ARACIL, J. Integrated biodiesel production: a comparison of different homogeneous catalysts systems. Bioresource Technology v. 92, n.3 p. 297–305, May 2004. YANG, F. X.; QUAN S.; HONG L. X.; ZHANG, Q.; SUN, R. Preparation of biodiesel from Idesia polycarpa var. vestita fruit oil. Industrial Crops and Products, v. 29, n. 2-3, p. 622-628, March 2009. ZAGONEL, G. F.; PERALTA-ZAMORA, P. G.; RAMOS, L. P., Estudo de otimização da reação de transesterificação etílica do óleo de soja degomado. Ciência e Engenharia, v. 12, n.1, p. 35-42, 2003. ZHANG, Y. Desing and economic assessment of biodiesel production from waste cooking oil, Ottawa: Department of chemical engineering, University of Ottawa, 2002. ZHANG, Y.; DUBE, M. A.; MCLEAN, D. D.; KATES, M. Biodiesel production from waste cooking oil: 1. Process design and technological assessment. Bioresour. Technol. 89:1, 2003.