os fatores motivacionais como agentes do comprometimento e da
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os fatores motivacionais como agentes do comprometimento e da
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MURIEL GARCIA DA CUNHA OS FATORES MOTIVACIONAIS COMO AGENTES DO COMPROMETIMENTO E DA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: Um Estudo de Caso na Celesc Distribuição S.A., Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol São José 2012 PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MURIEL GARCIA DA CUNHA OS FATORES MOTIVACIONAIS COMO AGENTES DO COMPROMETIMENTO E DA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: Um Estudo de Caso na Celesc Distribuição S.A., Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol Trabalho de Conclusão de Estágio do Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José (USJ). Orientadora: Prof.ª Lehmkuhl Schmidt São José 2012 MSc. Luciane MURIEL GARCIA DA CUNHA OS FATORES MOTIVACIONAIS COMO AGENTES DO COMPROMETIMENTO E DA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: Um Estudo de Caso na Celesc Distribuição S.A., Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol Trabalho de Conclusão de Estágio como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Administração do Centro Universitário Municipal de São José (USJ), avaliado pela seguinte banca examinadora: Orientador: Prof.ª Luciane Lehmkuhl Schmidt, MSc. Prof.ª Alessandra Tonelli, Dr.ª Prof. Alcides José Fernandes Andujar, M. Eng. São José, 27 de junho de 2012 Dedico esse Trabalho de Conclusão de Estágio aos Mestres e Mentores, do qual tive o privilégio e a honra de conhecer e conviver nesses últimos anos. Em especial aos meus pais, ao meu irmão, à minha orientadora e aos meus amigos e namorada. AGRADECIMENTOS Aos mestres e mentores. É com imensa gratidão que me reporto ao Centro Universitário Municipal de São José - USJ, que viabilizou a construção dessa graduação de qualidade que tanto me esforcei para alcançar. Aproveito o ensejo para enaltecer o nome de um ícone na idealização do projeto de construção desse Centro Universitário, o Sr. e Prof. Telmo Vieira, ao qual agradeço muito o empenho e o comprometimento com a causa da educação. Agradeço também o empenho da Coordenação de Curso, pela busca incessante do aperfeiçoamento do curso de Administração, e do próprio Centro Universitário. Obrigado Prof. Gilson Rihan Karkotli. À Prof.ª Renata Silva pela organização, regulamentação e dedicação à disciplina de Estágio. À minha orientadora, pela motivação, sinceridade, dedicação e apoio. Muito obrigado Prof.ª Luciane Lehmkuhl Schmidt. A todos os Professores que tive a honra de compartilhar conhecimentos e aprender sempre mais, os citarei: Agripa, Alcides, Alessandra, Alexandre, Alissane, Daniela, Débora, Ednaldo, Fabiana, Fabiana Wit, Fernanda, Francisco, Isair, Ivan, Humberto, Jorge, Juarez, Karkotli, Luciana Costa, Luciana Rocha, Luciane, Luciano, Marivone, Paulo, Renata, Sergio, Stela, Telê, Tiago. Aos ilustres colegas de trabalho pela compreensão e contribuição para finalização dessa pesquisa científica. Aos amigos, pela força, motivação e compreensão pelas ausências. À namorada pelo incentivo, pela compreensão das ausências, e pela credibilidade. Enfim, aos meus pais e meu irmão que sempre tiveram orgulho de minha dedicação e disciplina, pela compreensão das ausências e pelo incentivo. Se queres colher em três anos, plante trigo, se queres colher em dez anos, plante uma árvore, mas se queres colher para sempre, desenvolve o homem. Provérbio Chinês Nenhuma empresa é melhor do que o seu administrador permite. Peter Drucker O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência. Henry Ford O sucesso é uma consequência e não um objetivo. Gustave Flaubert RESUMO O setor de atendimento ao público de uma empresa é a porta de entrada e saída, onde os consumidores realizam suas solicitações, reclamações e naturalmente esperam que sejam atendidas e resolvidas. Por isso dispor de um atendimento ao público motivado, comprometido e capaz de alcançar a excelência, atualmente é uma exigência de mercado e do ponto de vista estratégico, um diferencial competitivo. Neste sentido justifica-se a relevância do referido estudo, quando se objetiva analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento visando a excelência no atendimento ao consumidor. Nota-se que para atingir esse objetivo foi preciso levantar na bibliografia disponível, teorias sobre os temas: Gestão de Pessoas, Motivação, Comprometimento, Atendimento ao Consumidor, Condições de Trabalho, Satisfação no Trabalho e Órgãos Norteadores das Diretrizes de Qualidade e Excelência na prestação do Serviço Público de Energia Elétrica. Portanto trata-se de um Estudo de Caso, Pesquisa Básica, Exploratória e Descritiva, com dados analisados qualitativamente. Em meios práticos através das entrevistas realizadas com os Atendentes Comerciais que permearam os grandes temas: Motivação, Condições de Trabalho, Comprometimento e Excelência e ainda da aplicação da observação direta e análise de conteúdo pode-se chegar ao resultado de que os fatores motivacionais identificados estão comprometidos e precisam melhorar. A partir da implantação do “Plano de Ação” e do “Plano Programado de Rotatividade” se criará um ambiente com melhores condições de trabalho possibilitando à Empresa uma “gestão de pessoas” mais eficaz, onde os fatores motivacionais possam de fato ser agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor satisfazendo por sua vez: Sociedade, Empresa e Atendentes Comerciais. Palavras-chaves: Atendimento ao Consumidor. Comprometimento. Excelência. Atendentes Comerciais. Fatores Motivacionais. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRADEE - Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica AC - Prédio da Administração Central (Celesc) ACT - Acordo Coletivo de Trabalho AERH - Administração Estratégica de Recursos Humanos AGRE - Agência Regional (Celesc) ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica ARH - Administração de Recursos Humanos ARFLO - Agência Regional de Florianópolis (Celesc) ATC - Atendente Comercial CA - Conselho de Administração (Celesc) CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas CONCEL - Conselho de Consumidores (Celesc) CRFB - Constituição da República Federativa do Brasil DAC - Débito automático Bancário DCL - Diretoria Comercial (Celesc) DGC - Diretoria de Gestão Corporativa (Celesc) DPGP - Departamento de Gestão de Pessoas (Celesc) DPDO - Departamento de Desenvolvimento Organizacional (Celesc) DVCL - Divisão Comercial (Celesc) DVDO - Divisão de Desenvolvimento e Desempenho Organizacional (Celesc) ERP - Enterprise Resource Planning = Sistema Integrado de Gestão Empresarial FNQ - Fundação Nacional da Qualidade FPNQ - Fundação Prêmio Nacional da Qualidade GESPÚBLICA - Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização KV - Quilovolts MME - Ministério de Minas e Energia MPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas PCS - Plano de Cargos e Salários PDVP - Plano de Demissão Voluntária e Programada PGE-SC - Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina PLR - Participação nos Lucros e Resultados PMGP - Programa Modernizando a Gestão Pública PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica RH - Recursos Humanos SAP - Systems, Applications, and Products in Data Processing = Sistemas, Aplicativos e Produtos em Processamento de Dados – SAP (Empresa Alemã, líder no segmento de softwares corporativos). S.A. - Sociedade Anônima SC - Santa Catarina SEGES - Secretaria de Gestão T & D - Treinamento e Desenvolvimento LISTA DE QUADROS Quadro 1 - PCHs por Regiões e Capacidade de Geração................................. 18 Quadro 2 - Quantidade por Origem da Mão-de-obra.......................................... 27 Quadro 3 - Nível de Escolaridade....................................................................... 28 Quadro 4 - Faixa Etária....................................................................................... 28 Quadro 5 - Quadro síntese das Escolas/Fases que serviram de base para nortear a evolução da ARH............................................................... 39 Quadro 6 - Fase e Contexto da Evolução da ARH (baseada nas Escolas)...... 41 Quadro 7 - Pressupostos das Teorias X e Y....................................................... 55 Quadro 8 - Facetas Comuns da Satisfação no Trabalho.................................... 61 Quadro 9 - Fatores motivacionais identificados que precisam ser mantidos..... 106 Quadro 10 - Fatores motivacionais identificados que precisam melhorar.......... 107 Quadro 11 - Fatores motivacionais que independem de ação pela empresa e que refletem os valores da mesma assim como as peculiaridades do perfil de ATC................................................................................ 108 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura Organizacional da Celesc...................................................... 17 Figura 2 - Composição Acionária da Celesc.......................................................... 19 Figura 3 - Área de Concessão............................................................................... 21 Figura 4 - Energia distribuída por classe de consumo........................................... 22 Figura 5 - Organograma das áreas de atuação da Celesc Distribuição S.A........ 24 Figura 6 - Organograma das áreas de atuação da ARFLO.................................. 26 Figura 7 - Organograma das Áreas de Atuação da ARFLO (onde se localiza a Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol) .......................... 34 Figura 8 - Pirâmide de Maslow.............................................................................. 52 Figura 9 - Síntese dos Métodos Empregados na Pesquisa.................................. 77 Figura 10 - Etapas de Elaboração e Conclusão da Pesquisa............................... 79 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 1.1 OBJETIVOS................................................................................................................... 13 1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 13 1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 13 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 13 2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ..................................................................................... 16 2.1 HISTÓRICO ................................................................................................................... 16 2.2 FORMAS DE GESTÃO, MISSÃO, VISÃO E VALORES ................................................. 17 2.2.1 Missão ....................................................................................................................... 20 2.2.2 Visão .......................................................................................................................... 20 2.2.3 Valores....................................................................................................................... 20 2.3 ÁREA DE ATUAÇÃO / SEGMENTO DE MERCADO ...................................................... 20 2.4 ORGANOGRAMAS ....................................................................................................... 22 2.5 SETORES E COLOBARADORES ................................................................................. 27 2.6 ANÁLISE INTERNA ....................................................................................................... 28 2.6.1 Diversificação de Segmento de Mercado ............................................................... 28 2.6.2 Expansão do Parque Gerador ................................................................................. 29 2.6.3 Ranking das 500 Maiores do Sul ............................................................................. 29 2.6.4 Prêmio IASC 2009 ..................................................................................................... 29 2.6.5 Programa Celesc de Eficiência Energética (proCeleficiência) .............................. 29 2.6.6 Dimensão Social ....................................................................................................... 30 2.6.6.1 Dimensão Social Interna .......................................................................................... 30 2.6.6.2 Dimensão Social Externa ......................................................................................... 30 2.6.7 Quadro de empregados caminhando para a aposentadoria ................................. 31 2.7 ANÁLISE EXTERNA ...................................................................................................... 31 2.7.1 A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) .................................................. 31 2.7.2 A Empresa de Referência (ER) ................................................................................ 32 2.7.3 Renovação das concessões .................................................................................... 32 2.7.4 Transmissão de dados pela rede elétrica em substituição às fibras óticas. ....... 33 2.8 A LOJA DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO DO BAIRRO KOBRASOL ........................... 33 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 37 3.1 GESTÃO DE PESSOAS ................................................................................................ 37 3.1.1 A Gestão Estratégica de Pessoas ........................................................................... 38 3.1.2 As Escolas sob a perspectiva de inspiração da evolução da ARH ...................... 38 3.1.3 As cinco fases evolutivas da Administração de Recursos Humanos (ARH) ....... 40 3.1.4 A Importância das Pessoas na Organização .......................................................... 42 3.1.5 Os Processos de Recursos Humanos (RH) ............................................................ 43 3.1.5.1 Provisão ................................................................................................................... 44 3.1.5.2 Aplicação ................................................................................................................. 44 3.1.5.3 Remuneração .......................................................................................................... 45 3.1.5.4 Desenvolvimento ..................................................................................................... 46 3.1.5.5 Manutenção ............................................................................................................. 47 3.1.5.6 Monitoração ............................................................................................................. 47 3.1.6 Considerações sobre a Administração de RH no Serviço Público ...................... 48 3.2 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................. 49 3.2.1 Definição de Motivação ............................................................................................ 50 3.2.2 Vetores Motivacionais .............................................................................................. 51 3.2.2.1 Motivação Intrínseca ................................................................................................ 51 3.2.2.2 Motivação Extrínseca .............................................................................................. 51 3.2.3 Algumas Teorias Motivacionais Consagradas ....................................................... 52 3.2.3.1 Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow ................................ 52 3.2.3.2 Teoria dos dois Fatores de Herzberg ....................................................................... 53 3.2.3.3 Teoria X e Y ............................................................................................................. 54 3.2.3.4 Teoria ERC de Alderfer............................................................................................ 55 3.2.4 Despertando a Motivação nas Pessoas .................................................................. 56 3.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO ....................................................................................... 57 3.3.1 Liderança................................................................................................................... 57 3.3.2 Comunicação ............................................................................................................ 58 3.3.3 Recompensa ............................................................................................................. 59 3.3.4 Incentivo .................................................................................................................... 59 3.3.5 Autonomia ................................................................................................................. 60 3.4 SATISFAÇÃO NO TRABALHO ...................................................................................... 61 3.5 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL ................................................................. 62 3.6 ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR ............................................................................. 64 3.6.1 Qualidade no Atendimento ao Consumidor ........................................................... 64 3.6.2 Excelência no Atendimento ao Consumidor .......................................................... 66 3.6.2.1 Treinamento e Desenvolvimento (T & D) ................................................................. 67 3.6.2.2 O consumidor como foco estratégico das organizações .......................................... 68 3.7 NORTEADORES DAS DIRETRIZES DE QUALIDADE E EXCELÊNCIA ........................ 68 3.7.1 A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) .................................................. 68 3.7.2 O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) ..... 69 3.7.3 A Lei Estadual (SC), nº 15.435 de 17 de Janeiro de 2011....................................... 71 3.7.4 O Movimento Catarinense para Excelência (MCE)................................................. 72 3.7.5 O Movimento Brasil Competitivo (MBC) ................................................................. 73 3.7.5.1 O Programa Modernizando a Gestão Pública (PMGP) ............................................ 74 3.7.6 A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) ............................................................. 74 3.7.7 Organização Internacional para Padronização (ISO 9000) .................................... 75 3.7.7.1 Critérios para a normatização .................................................................................. 75 4 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................... 77 4.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................................... 80 5 RESULTADOS DA PESQUISA ....................................................................................... 81 5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS E DAS INFORMAÇÕES .......................... 81 5.2 APRESENTAÇÃO DAS SUGESTÕES DE MELHORIAS ............................................. 105 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 110 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 112 APÊNDICE ........................................................................................................................ 118 12 1 INTRODUÇÃO Com o advento das tecnologias nas comunicações, percebeu-se um distanciamento das relações presenciais de atendimento, que fez com que as rotinas das empresas, tanto públicas quanto privadas fossem tratadas cada vez mais por canais alternativos, como: Telefone e internet (e-mail, website). Neste sentido acaba sendo um diferencial para a empresa que investe mais recursos no setor de atendimento ao público presencial1. Não é de hoje que têm os consumidores, buscado no atendimento presencial, o esclarecimento para as suas dúvidas e a resolução para seus problemas. Afinal é neste setor que se tem mais recursos linguísticos, o que favorece uma boa comunicação entre o consumidor e a empresa. É nesta modalidade de atendimento que o consumidor pode conferir com mais proximidade a importância dada ao seu problema, tornando esta relação mais transparente, harmoniosa e satisfatória. Na Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol, uma das unidades de atendimento ao público da Celesc Distribuição S.A. não é diferente, a questão é, que cada vez mais os profissionais dessa área, conhecidos como Atendentes Comerciais, estão agregando responsabilidades, tendo que ter ainda facilidade de comunicação, flexibilidade com as diferenças de personalidade dos consumidores, conhecimentos técnicos e habilidades afins. Os consumidores por sua vez estão mais exigentes, buscam agilidade, presteza, eficiência. É por esse motivo que está na hora de repensar as políticas de manutenção destes profissionais, para aliviar a carga de suas responsabilidades, serem valorizados, trabalharem mais motivados e prestar um atendimento com excelência. O fator que define aos olhos dos consumidores o devido comprometimento da empresa com a sociedade e com a excelência, é a motivação predominante da linha de frente, isto é, dos Atendentes Comerciais. A partir do exposto nasce o seguinte problema de pesquisa: Quais são os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais (Loja Kobrasol) da Celesc Distribuição S.A. visando a excelência no atendimento ao consumidor? 1 Neste contexto a expressão “presencial” não é redundante, pois reforça que o atendimento ao público tanto pode ser realizado in loco (pessoalmente) ou através dos tradicionais Call Centers. 13 1.1 OBJETIVOS Após terem sido apresentados brevemente o tema, sua problemática e contexto, aparecem na sequência, o objetivo geral e os objetivos específicos, norteadores desse estudo. 1.1.1 Objetivo Geral Analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais (ATC’s) visando a excelência no atendimento ao consumidor. 1.1.2 Objetivos Específicos Identificar dentre os fatores motivacionais, os que contribuem para o comprometimento dos ATC’s visando a excelência no atendimento ao consumidor, na avaliação do ATC; Verificar dentre os processos existentes de Recursos Humanos (RH), os que contribuem para o comprometimento dos ATC’s visando a excelência no atendimento ao consumidor; Verificar as condições de trabalho a que os ATC’s estão submetidos e que influenciam no seu comprometimento visando a excelência no atendimento ao consumidor; Propor melhorias aos fatores motivacionais identificados que “não” contribuem para o comprometimento dos ATC’s visando a excelência no atendimento ao consumidor. 1.2 JUSTIFICATIVA Nos últimos anos, se pode perceber nas empresas, um crescente investimento nos Recursos Humanos. Isso se deve ao reconhecimento efetivo do capital humano de uma empresa como diferencial competitivo. Afinal, dispor de pessoas valorizadas, motivadas e comprometidas possibilita à empresa o alcance ao resultado. Na Celesc não é diferente. São as ações de RH que promovem a valorização do empregado, nesse caso, os Atendentes Comerciais. Eles são responsáveis por 14 mediar a resolução de problemas que permeiam vários setores da Empresa, como: Arrecadação, Faturamento, Construção/Projetos, Área Técnica entre outros. O Atendente Comercial é o representante oficial da Empresa, e como atua na linha de frente da mesma, precisa dispor de inúmeras habilidades e conhecimentos para alcançar os resultados com excelência. A questão é que o comprometimento e por consequência a excelência no atendimento ao consumidor nos últimos anos, não vêm atingindo bons índices de satisfação, fazendo inclusive com que a Empresa não conquiste, desde 2006, o “Prêmio Abradee2 (Prêmio da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica)” como melhor distribuidora de energia elétrica do país na avaliação do consumidor. A busca pela excelência também tem evoluído e de certa forma tem estimulado as empresas públicas a se tornarem mais eficientes e capazes de satisfazer as exigências dos consumidores. Em 1999 foi criada a Secretaria de Gestão, vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com o objetivo de estudar, desenhar, implementar e avaliar a ação do Estado para a prestação de bons serviços ao cidadão, hoje conhecida como GesPública que passa a ser norteador dos órgãos públicos que buscam a excelência. Por isso a importância e a relevância desse trabalho, que busca analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais visando a excelência no atendimento ao consumidor. Para a Empresa a pesquisa poderá subsidiar futuras ações de RH, servindo como uma ferramenta de conhecimento e intervenção da atual situação vivenciada pelos Atendentes Comerciais, e contribuirá para retomar à primeira colocação no prêmio Abradee pela avaliação do consumidor. Para o consumidor cada vez mais exigente e conhecedor de seus direitos, portanto mais crítico, refletirá na qualidade do atendimento prestado, melhorando os índices de satisfação dos mesmos. Para o Centro Universitário de São José enriquecerá o conteúdo de futuras pesquisas nesta área, servindo como mais uma visão sobre a realidade investigada. Para o Atendente Comercial revelará o grau de importância deste setor para Empresa 2 Considerado o prêmio mais importante para Empresa e por outras Distribuidoras na avaliação da satisfação pelo consumidor. Tem magnitude nacional, considerado um marco, uma referência para as distribuidoras de todo o Brasil. O Prêmio IASC (índice ANEEL de satisfação do consumidor) também premia as melhores Distribuidoras de energia do Brasil, porém com base apenas na avaliação do consumidor. 15 tornando-o mais valorizado e comprometido com a excelência no atendimento ao consumidor. Por fim, para o acadêmico, a pesquisa servirá para preencher as lacunas que existem entre a teoria vivenciada dentro e fora de sala de aula e a prática do estágio curricular e da própria profissão, ou seja, a importância de se estudar, explorar e analisar com profundidade este tema. 16 2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL A seguir, podem-se observar o histórico, as diretrizes, as características, assim como a atuação e a forma de gestão da Empresa pesquisada. 2.1 HISTÓRICO Até a metade do século, as necessidades energéticas do estado eram supridas por pequenos e médios sistemas elétricos regionalizados, geralmente mantidos pela iniciativa privada (SCHMITZ, 1995). Ainda na primeira década do século, por exemplo, Blumenau já dispunha de um rudimentar sistema de iluminação pública. Lá, a Usina Hidrelétrica Salto Weissbach, datada de 1916, significou uma evolução dos pequenos geradores mantidos pelo espírito empreendedor dos imigrantes desde a virada do século. A Usina Salto foi definitiva para a extraordinária expressão industrial de todo o Médio Vale do Itajaí. Em Joinville, a Usina Hidrelétrica Piraí entrou em funcionamento em 1908 e, em 1913, foi a vez da São Lourenço, em Mafra. Para o suprimento da Capital, o governador Gustavo Richard ordenou a construção da Usina Hidrelétrica Maroim, em São José. Esta usina está desativada e encontra-se em processo de recuperação arquitetônica. Este modelo, no entanto, começou a mostrar-se incapaz de responder ao incremento da demanda, pressionada pelo surto desenvolvimentista que tomou conta do país no governo de Juscelino Kubitschek. Preocupado em oferecer condições infra estruturais aos investimentos, o governo do estado decide, então, pela criação da estatal (HAMILTON; MARKUN, 2006). De acordo com Hamilton; Markun (2006, p. 59) “As Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) foi criada em dezembro de 1955 pelo decreto estadual nº 22, assinado pelo governador Irineu Bornhausen”. Autorizada a funcionar como Empresa de Energia pelo decreto federal n° 39.015, de 11 de abril de 1956, na modalidade de Sociedade Anônima de Economia Mista, controlada pelo Governo do Estado de Santa Catarina em condição de acionista majoritário (Idem, 2006). 17 2.2 FORMAS DE GESTÃO, MISSÃO, VISÃO E VALORES Estruturada desde outubro de 2006 no formato de holding, em atenção ao novo marco regulatório do setor elétrico que obriga à desverticalização das atividades de concessão de serviço público de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a companhia controla, desde outubro de 2006, participações societárias em atividades afins do seu negócio e duas subsidiárias: a Celesc Distribuição S.A. e a Celesc Geração S.A., como mostra a figura 1. Figura 1: Estrutura Organizacional da Celesc Fonte: Celesc, 2010b A subsidiária de distribuição é a sexta maior distribuidora brasileira de energia elétrica em volume de receita de fornecimento, a sétima em volume de energia distribuída e a nona em número de consumidores. Sua área de concessão abriga um mercado altamente qualificado, com atividades industriais diversificadas, responsável pela parcela de 5,1% do total de energia elétrica consumida no Brasil. Em 31 de dezembro de 2010, o capital social subscrito da Empresa somava R$1,053 bilhão, composto por 630 milhões de ações ordinárias nominativas. Seus serviços são consumidores. reconhecidos pelo elevado índice de satisfação dos seus 18 Em sua área de concessão, a Celesc Distribuição S.A. atende 2.345.398 unidades consumidoras, o equivalente a 648 unidades por empregado (599 em 2009), distribuídas em 262 municípios catarinenses, que correspondem a 91,79% do território do Estado, e em um município no Estado do Paraná (Rio Negro). A Empresa distribui, ao ano, mais de 19 bilhões de kWh (1,6 bilhões/mês), correspondendo a 26,8% do consumo da região Sul. Seu faturamento bruto médio está na casa dos R$4,9bilhões anuais (CELESC, 2010a) A subsidiária de geração, administra a operação de 12 PCH’s (Pequenas Centrais Hidrelétricas), que formam o parque de geração própria, com potência instalada de 81,15 MW (megawatts) como pode ser visto no quadro 1. PCH / Região Capacidade de Geração (MW) Celso Ramos 5,4 Ivo Silveira 2,6 Rio do Peixe 0,52 Pery 4,4 Caveiras 3,83 Garcia 8,92 Salto Weissbach 6,28 Palmeiras 24,6 Cedros 8,4 Bracinho 15 Piraí 0,78 Mafra 0,42 Quadro 1: PCH’s por Regiões e Capacidade de Geração Fonte: Celesc, 2011b (adaptado pelo autor, 2011) Além dessa estrutura, a Empresa é gerida pelo Conselho de Administração (CA), do qual são integrantes, os representantes dos acionistas: Majoritário (o Estado) e Minoritário (Iniciativa privada), além de um representante dos empregados. Apenas como órgão consultivo, o CONCEL (Conselho de Consumidores da Celesc), é formado por voluntários e consumidores da Empresa. Tem a finalidade de defender o interesse dos consumidores junto à concessionária, 19 auxiliando a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a assegurar serviços de qualidade à sociedade. A composição acionária da Empresa é apresentada pela figura 2: Figura 2: Composição Acionária da Celesc Fonte: Celesc, 2011b Baseada na filosofia da gestão compartilhada e nas boas práticas de Governança Corporativa, a partir de 2003, introduz-se na Celesc o Contrato de Gestão e Resultados, firmado entre o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva, e os Contratos de Resultados, firmados entre a Diretoria Executiva e os Chefes de Departamento e de Agências Regionais. Esses Contratos permitem a participação dos empregados no processo de administração da Empresa, por meio de uma estrutura formal, composta por Comitês e Comissões de Gestão e Resultados. Ao assinarem os Contratos de Gestão e de Resultados, os Diretores, Chefes e empregados se comprometem a gerir a Celesc Distribuição S.A. visando maximizar o seu desempenho em busca das metas acordadas, bem como identificar as necessidades de melhorias por meio dos mecanismos de controle existentes (CELESC, 2010a). 20 Nesse parágrafo já se pode evidenciar a importância das pessoas para a organização assim como as lideranças que desempenham papel fundamental para envolver os empregados nas conquistas dos resultados de curto, médio e longo prazo. Vale ressaltar que: “Pessoas e Liderança” são indicadores diretos deste “Contrato de Resultado”. 2.2.1 Missão3 Distribuir energia elétrica de forma rentável, segura e sustentável, satisfazendo clientes/consumidores, empregados e acionistas (CELESC, 2011a). 2.2.2 Visão Atuar de forma mais eficiente que a empresa de referência até o final de 2012, mantendo os padrões de qualidade da ANEEL (CELESC, 2011a). 2.2.3 Valores - Satisfação (clientes/consumidores, acionistas, empregados e fornecedores). - Confiabilidade (junto a todos os públicos com os quais a empresa se relaciona). - Qualidade (de vida, dos processos e resultados). - Ética. - Transparência. - Profissionalismo. - Responsabilidade social e ambiental. - Segurança e qualidade de vida (CELESC, 2011a). 2.3 ÁREA DE ATUAÇÃO / SEGMENTO DE MERCADO A Celesc atua no campo da prestação de serviço público de energia Elétrica. Tem como atividade preponderante a distribuição, transmissão e geração de energia elétrica, cabendo à sua subsidiária “Celesc Distribuição S.A.”, a distribuição da energia elétrica pelo Estado de Santa Catarina. Além disso, atua no segmento de distribuição de gás natural canalizado. Essa diversificação de segmento faz com a 3 Nota-se que a missão, visão e valores aqui apresentados refere-se à Celesc “Distribuição” S.A., pois tanto a Holding, assim como a Geração possuem aspectos estratégicos diferenciados, haja vista a origem de suas atividades, característica, estrutura organizacional e atividade fim. 21 Celesc agregue valor a imagem da empresa. Atualmente, em âmbito empresarial a Celesc assume o papel de “Grupo” Celesc (CELESC, 2011a). A Estatal é a única4 “concessionária” de energia elétrica do Estado, considerada de grande porte, fornecendo eletricidade à cerca de 2,3 milhões de consumidores. A figura 3 apresenta a área de concessão da Empresa com mais clareza. Figura 3: Área de Concessão Fonte: Celesc, 2011b (adaptado pelo autor, 2011) A Empresa está distribuída nas principais classes de consumo: Residencial; Industrial; Comercial; Rural. Na figura 4 pode ser observada a quantidade em percentual que cada classe de consumo representa. 4 Existem também outras pequenas concessionárias, geralmente cooperativas de eletrificação rural espalhadas pelo estado. Algumas geram pequenas quantidades de energia e outras compram de geradoras para revenda. 22 Figura 4: Energia distribuída por classe de consumo Fonte: Celesc, 2011b Pode-se ainda diferenciar o campo de atuação da Empresa, dividindo estas classes de consumo em consumidores atendidos em baixa tensão e alta tensão (acima de 2,3 KV) esta última predominante na classe de consumo industrial, ou seja, os grandes consumidores. Sua presença também se destaca junto ao mercado de capitais, onde ingressou no ano de 1973. Em 2002, foi a primeira Empresa do País a aderir ao Nível 2 de Governança Corporativa da Bovespa, status conquistado com a adoção do seu atual modelo de gestão, voltado a resultados e orientado para o mercado, apesar do controle estatal (CELESC, 2011). No Brasil, entre muitos outros méritos, recebeu o “Prêmio” da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), que reúne 61 (sessenta e uma) concessionárias, nesse caso, como a melhor do Sul do Brasil na avaliação do cliente/consumidor em 2004 e 2005 e como a melhor do País na avaliação do consumidor em 1999 e 2006. 2.4 ORGANOGRAMAS Para que suas atividades possam ser geridas, fiscalizadas, e de fato ser eficiente em todo o Estado, a Celesc Distribuição S.A. conta com um prédio na 23 Administração Central (AC), localizado no bairro Itacorubi em Florianópolis-SC, mais precisamente na Av. Itamarati, nº 160, onde hospeda a Celesc Holding, Celesc Distribuição S.A. e a Celesc Geração S.A. e de onde partem as diretrizes e os aspectos estratégicos da Empresa. A seguir apresenta-se o organograma representado por siglas de cada Diretoria, Departamento e Divisão além da Presidência e Assessorias da Celesc Distribuição S.A. conforme a figura 5. 24 Figura 5: Organograma das áreas de atuação da Celesc Distribuição S.A. Fonte: DPDO/DVGO, 2011. 25 A Celesc Distribuição S.A. conta ainda com mais 16 (dezesseis) Agências Regionais (AGRE) espalhadas por todo estado, subordinadas hierarquicamente a Presidência da Empresa. As cidades que sediam essas AGRE’s são cidades satélites, responsáveis por gerenciar os serviços relativos à concessão de energia elétrica nos municípios que compõem sua área de atuação. Suas principais atribuições são: Desenvolver todas as atividades inerentes aos negócios da empresa na sua jurisdição; Planejar, supervisionar e executar os serviços de distribuição e venda de energia elétrica na área geográfica sob a jurisdição da Agência Regional; Prestar atendimento e orientação aos consumidores em assuntos técnicos, comerciais e nos programas de conservação de energia; Planejar, supervisionar e executar os serviços construção, operação e manutenção do sistema elétrico de sua jurisdição; Planejar, supervisionar e executar os serviços administrativos relativos à gestão da Agência Regional; Gerir os recursos humanos e financeiros a sua disposição; Coordenar o Programa de Obras de Distribuição e Operação do Sistema, definindo prioridades no âmbito da Agência Regional; Aplicar as políticas, objetivos e metas da empresa, de acordo com os Contratos de Gestão e Resultados; Cumprir e fazer cumprir os dispositivos legais que regem as atividades técnicas, administrativas e financeiras sob a responsabilidade da AGRE. As cidades que sediam as AGRE’s são: Florianópolis, Blumenau, Joinville, Lages, Videira, Concórdia, Jaraguá dos Sul, Joaçaba, Criciúma, São Miguel do Oeste, Tubarão, Rio do Sul, Mafra, São Bento do Sul, Itajaí e Chapecó. Através da figura 65, apresenta-se o Organograma, representado em siglas, da Agência Regional de Florianópolis (ARFLO). 5 A “Loja Kobrasol” está subordinada ao SPGA onde no item 2.8 retrata-se com mais detalhes. 26 Figura 6: Organograma das áreas de atuação da ARFLO Fonte: DPDO/DVGO, 2011. 27 2.5 SETORES E COLOBARADORES Por se tratar de Empresa de Economia Mista, onde o Estado figura como acionista majoritário (possuidor de mais de 50% das ações ordinárias – capital votante), o provimento de pessoas (mão-de-obra) ocorre por concurso público, conforme preceitua o art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB de 1988), porém o regimento jurídico dos empregados é “Celetista”, em conformidade com o ordenamento jurídico vigente do Brasil, através do Direito Administrativo, onde para empresas públicas e sociedades de economia mista a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) passa a vigorar. A mão-de-obra da Celesc Distribuição S.A. pode ser conferida no quadro 2. Origem da mão-de-obra Quantidade Empregados (quadro próprio) 3.621 Terceirizados 1.841 Estagiários 159 Jovens Aprendizes 106 Quadro 2: Quantidade de Empregados por Origem da Mão-de-obra Fonte: Celesc, 2010b (adaptado pelo autor, 2011) Atualmente, a Empresa dispõe de 171 lojas de atendimento presencial distribuídas por toda a área de concessão e projeta a abertura de outros 140 pontos de atendimento, além de oferecer o serviço de call center com atendimento gratuito ininterrupto via chamada 0800, atendimento virtual via web (autoatendimento), atendimento via e-mail (fale conosco), atendimento setorizado para grandes consumidores corporativos e agentes públicos (presencial e virtual), além de ouvidoria. O perfil dos “empregados” da Celesc Distribuição S.A. pode ser observado respectivamente pelos quadros 3 e 4, escolaridade em percentuais e faixa etária em percentuais. 28 Escolaridade Quantidade em % Ensino Fundamental 4,68 Ensino Médio 53,78 Ensino Superior 25,04 Pós Graduação 16,5 Quadro 3: Nível de Escolaridade Fonte: Celesc, 2010b (adaptado pelo autor, 2011) Faixa Etária Quantidade em % Até 30 anos 10,49 Entre 31 e 40 anos 17,61 Entre 41 e 50 anos 49,76 Acima de 50 anos 22,14 Quadro 4: Faixa Etária Fonte: Celesc, 2010b (adaptado pelo autor, 2011) Nas próximas seções serão apresentadas, questões estratégicas da Empresa, uma espécie de diagnóstico da mesma, considerando os aspectos mais marcantes. 2.6 ANÁLISE INTERNA Análise estratégica que busca levantar as características e ações do ambiente interno e que figuram como forças e fraquezas. Nesse caso foram levantas as principais forças e fraquezas. 2.6.1 Diversificação de Segmento de Mercado A diversificação do portfolio de negócios, com ingresso no setor de gás natural, teve início em 2007, com aquisição do controle acionário da SCGÁS. 29 2.6.2 Expansão do Parque Gerador Em 2010, a Celesc Geração continuou priorizando ações para ampliar a capacidade de geração própria. Essas ações têm como pilares a repotencialização das usinas existentes e a constituição de parcerias com investidores privados para viabilização de novos empreendimentos. 2.6.3 Ranking das 500 Maiores do Sul A Celesc figura como 5ª maior Empresa de Santa Catarina e 12ª maior do país, no ranking das 500 maiores empresas do Sul do país, publicado pela revista Amanhã. Três fatores são comparados para composição do ranking: Valor Ponderado de Grandeza, Receita Bruta e Patrimônio Líquido. 2.6.4 Prêmio IASC 2009 Com índice de 75,98, a Celesc Distribuição S.A. conquistou o primeiro lugar do Prêmio Índice Aneel de Satisfação do Cliente/consumidor (IASC), em edição 2009, entre as cinco concessionárias que atendem mais de 400 mil unidades consumidoras na região Sul do País. O índice de satisfação pelos serviços prestados pela Empresa foi de contra a média regional de 71,27%. 2.6.5 Programa Celesc de Eficiência Energética (proCeleficiência) O combate ao desperdício de energia elétrica em todo o mundo vem assumindo urgência na mesma proporção em que os recursos naturais do planeta escasseiam, quer por exaustão, quer pelos maus tratos que recebem da sociedade de consumo. O Setor Elétrico brasileiro, que sempre investiu na hidraulicidade, viu-se na contingência de definir e implantar políticas de conservação de energia. Nascia no final da década de 80 a marca Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), fortemente compromissada com o crescimento sustentável do País, com o fim do desperdício e o incentivo à reciclagem. Baseado nessa diretriz, da Marca Procel, a Celesc criou em 2004 o Programa Celesc de Eficiência Energética (proCeleficiência). É desenvolvido em ciclos anuais, que iniciam em julho e se estendem até junho do ano seguinte. O atual foi submetido à 30 apreciação da sociedade mediante audiência pública. Em cada uma de suas ações, é evidente a preocupação da concessionária em exercer a mais essencial de suas responsabilidades: fomentar o crescimento socioeconômico das pessoas e das comunidades catarinenses. 2.6.6 Dimensão Social Desde sua criação em 2004, o Programa Celesc Distribuição de Responsabilidade Social Empresarial implanta ações articuladas e integradas para toda a Empresa, alinhadas à sua missão e ao seu negócio, e que contribuem para a melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral. A Celesc vê a Responsabilidade Social como estratégia de negócios, tornando clara a preocupação de atender de forma simultânea às necessidades dos acionistas e investidores, mas também às necessidades dos que trabalham na Empresa, vivem no entorno corporativo ou são afetados pelas suas atividades. 2.6.6.1 Dimensão Social Interna Atividades voltadas para o corpo funcional da empresa. Alguns programas: a) Programa de Ginástica Laboral; b) Pesquisa de Clima Organizacional (2001, 2008); c) Avaliação de Desempenho 360 graus, voltada inclusive para o Plano de Cargos e Salários (PCS - 2010); d) Projeto Evolução (sistematização e padronização de processos através do SAP ERP – Sistema Integrado de Gestão); e) Programa Gestão do Trabalho Seguro nas Agencias Regionais (reuniões de segurança, análise de acidentes e normativas); f) Política do Bem Estar (prevenção e preservação da saúde). 2.6.6.2 Dimensão Social Externa A forma como age com todos os seus públicos externos. Essa prática social surgiu, principalmente com o movimento de conscientização das empresas para participar do ambiente social, uma vez que elas são agentes transformadores desse contexto. Alguns projetos: 31 a) Projeto Jovem Aprendiz; b) Tô Ligado Em Um Novo Tempo (capacitação de profissionais para o mercado de trabalho); c) Energia em dia (minimizar a inadimplência por conscientização); d) Energia do Lixo (busca incentivar a separação e reutilização do lixo sólido por meio de técnicas de coleta seletiva); e) Energia do Futuro - Aquecedor Solar com Reutilizáveis (incluído no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC); f) BiblioSESC (parceria com o SESC através de biblioteca itinerante). 2.6.7 Quadro de empregados caminhando para a aposentadoria A representação dos empregados com mais de 40 anos de idade passam dos 70% da mão-de-obra atual da Empresa como pode ser observado no quadro 4 – Faixa Etária. Este fator é preocupante, haja vista, a possibilidade iminente de aposentadoria. Estes empregados detém naturalmente grande experiência profissional e causarão impacto com suas saídas. 2.7 ANÁLISE EXTERNA Análise estratégica que busca levantar as características do ambiente externo e que figuram como oportunidades e ameaças. 2.7.1 A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) A ANEEL tem como atribuições: regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica, atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as partes e em beneficio da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços. Trata-se de uma instituição que realiza fiscalizações às distribuidoras, geradoras e transmissoras, para acompanhar o cumprimento das normas expedidas por ela própria. 32 2.7.2 A Empresa de Referência (ER) A Celesc é a única Empresa de grande porte portadora do título de concessão de energia elétrica do Estado de Santa Catarina. Isso significa dizer que não há um concorrente direto. Nota-se que a Empresa não deixa de ser fiscalizada/regulada pela ANEEL, órgão normativo vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME). A ANEEL criou recentemente com intuito de manter a fiscalização mais eficiente um modelo chamado “Empresa de Referência” que simula uma espécie de concorrência (empresa ideal) e que passa a ser o norteador da estatal e de outras distribuidoras em nível nacional, principalmente nas épocas de revisão tarifária, onde terão maior merecimento as concessionárias que se enquadrarem nas exigências desse modelo. 2.7.3 Renovação das concessões Consoante à regra insculpida no Art. 175 da Constituição Federal de 1988, as concessões de serviços públicos devem ser objeto de licitação. O texto constitucional deferiu à lei ordinária a atribuição de dispor sobre o contrato de concessão e as condições de sua prorrogação. No que toca ao setor de energia elétrica, a questão da prorrogação das concessões vem despertando, no momento, grande interesse, pois, em 2015, expirará simultaneamente, o prazo de uma parcela significativa das concessões de geração, distribuição e transmissão de energia elétrica. O Ministério de Minas e Energia (MME), órgãos reguladores, políticos e envolvidos discutem as soluções necessárias para manter ativo o Sistema de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. Caso essa prorrogação não ocorra, e o processo licitatório venha a ocorrer, algumas geradoras, transmissoras e distribuidoras do País poderão perder suas concessões. Entre os discursos mais aceitos, está o do Sr. Deputado Eduardo Valverde através do projeto de lei 4.154/08 que sugere prorrogar para mais 15 anos atividades de geração e 10 anos as atividades de distribuição, sob a justificativa de que a prorrogação dos prazos das concessões é matéria que se impõe como ação de proteção ao patrimônio público e ao interesse social. 33 2.7.4 Transmissão de dados pela rede elétrica em substituição às fibras óticas. É bem provável que em uma residência comum, não preparada para suportar sistemas de automação, existam tomadas e cabos elétricos em todos os cômodos, e em vários pontos dentro de cada sala, quarto, garagem. Este fator foi percebido por muitas empresas nos últimos anos, e estas passaram a mudar seu foco que era na rede pública de distribuição, da subestação ao medidor das casas, para o interior destas. Assim configura como tendência a utilização de tecnologia para a transmissão de informação digital através da rede elétrica doméstica, como suporte para aplicações de automação residencial de baixo custo. Em outras palavras será possível utilizar internet sem ter telefone ou uma central de servidores via satélite. 2.8 A LOJA DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO DO BAIRRO KOBRASOL O estágio foi realizado na Loja de Atendimento ao Público do bairro Kobrasol em São José, unidade esta subordinada à ARFLO, mais especificamente à Divisão Comercial (DVCL) e à Supervisão de Gestão e Arrecadação (SPGA) como apresentada na figura 7. 34 Figura 7: Organograma das Áreas de Atuação da ARFLO (onde se localiza a Loja de Atendimento ao Público do bairro Kobrasol - São José) Fonte: DPDO/DVGO, 2011 (Adaptado pelo autor, 2011) Por esta Empresa ser de nível estadual, na Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol é possível realizar atendimento para qualquer consumidor, de qualquer região, dentro ou fora do estado. Consumidores que veraneiam nas praias de Florianópolis, por exemplo, e de outros estados que buscam os postos do litoral, para durante este período, solucionarem seus problemas. No entanto, durante todo o ano, o atendimento desta unidade acaba ficando mais reservado para o público da parte continental de Florianópolis e da própria cidade de São José. 35 O atendimento presencial abrange praticamente todas as áreas de atuação da Empresa, por se tratar da linha de frente da mesma. Dentre os principais serviços realizados aos consumidores estão: Pedido de ligação nova; Troca de ramal; Troca de titularidade; Encerramento de vínculo contratual (desligamento) e simulações; Concessão de parcelamentos; Abertura de processo de Indenização por danos elétricos; Encaminhamento de processo por danos materiais; Atualização de endereço e cadastro; Alteração de vencimento; Cadastramento Baixa Renda para os beneficiários dos programas sociais vigentes do governo federal; Emissão de 2ª via; Pedido de religação; Cadastramento de débito automático bancário (DAC) para bancos conveniados; Consulta de débitos; Acerto de leitura; Passagem de leitura por conta de impedimento atribuível ao consumidor; Esclarecimento de itens da fatura (tributos, siglas, taxas, contribuições, classe de consumo, tipificações etc.); Questionamento de consumo alto; Mudança de local de entrega da fatura; Abertura de Ordem de Inspeção de Serviço (OIS), serve para providenciar melhoria e ampliação de rede, deslocamento de poste público etc. O espaço físico “funcional” 6 desta unidade que é de aproximadamente 200m², dispõe de 10 (dez) mesas equipadas com porta documentos, gavetas para materiais de 6 Existe no 1º andar desse prédio o “Arquivo”. Não é um local muito trafegável e nem tão frequentado por funcionários. Juntando o arquivo às demais áreas, o espaço total chega a 400m² de área. 36 escritório e computadores, chegando a realizar, cerca de 300 a 500 atendimentos por dia no horário de expediente que vai das 08h30min às 16h30min para o público e das 08 h as 17 h para os Atendentes Comerciais. A equipe é formada por 19 (dezenove) profissionais: 1 (um ) gerente (Chefe de Loja), 9 (nove) atendentes, 1 (uma) funcionária da limpeza (serviço terceirizado), 1 (um) vigilante (serviço terceirizado) e 7 (sete) Jovens aprendizes. O gerente supervisiona as atividades, assina documentos formais e de responsabilidade e também atende em conjunto com os demais atendentes. Os atendentes, por sua vez, são os responsáveis pela prestação dos serviços e informações mencionados anteriormente, em grau de responsabilidade e hierarquia equivalentes. O vigilante faz a guarda patrimonial. Atualmente, um dos 9 (nove) atendentes realiza no espaço reservado à recepção, a triagem dos atendimentos, direcionando os consumidores para o atendimento compatível com a devida necessidade. A loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol dispõe de atendimento (1) geral, (2) técnico e (3) preferencial (para gestantes, idosos e portadores de deficiência física). Apesar de existir no hall de entrada, os 3 (três) tipos de senha para cada âmbito de atuação, realmente é de grande valia o recepcionista que atua como fiscalizador prévio da ordem de preferência, que nem sempre é respeitada. A limpeza essencial da Loja de Atendimento é sempre realizada antes do início do expediente. Por último, os Jovens Aprendizes auxiliam os atendentes, e são especialistas em atendimentos mais simples, como: Emissão de 2ª via, consulta de débitos e solicitação de religação quando do corte por falta de pagamento. Nota-se que estes auxiliares, os Jovens Aprendizes são acompanhados, assistidos pelos Atendentes Comerciais, assim prevê este projeto social. A seguir, no próximo capítulo, serão apresentadas inúmeras ideias e teorias dos autores referenciados no corpo dessa pesquisa, servindo como base teórica para a análise dos dados dos entrevistados e para o alcance dos objetivos específicos e geral da mesma. 37 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Tratar a motivação, as condições de trabalho, o comprometimento e a excelência no atendimento ao consumidor, através de fatores motivacionais, significa separar os ambientes precursores desta situação, para que tanto Empresa e Atendentes Comerciais (empregados) possam avaliar suas atuações e agir para realizar eventuais melhorias. Neste sentido se torna imprescindível explorar as teorias e aspectos relacionados com a gestão de pessoas e sua evolução, a Administração Estratégica de Recursos Humanos (AERH), a importância das pessoas nas organizações, atuação da área de recursos humanos no funcionalismo público, processos de recursos humanos, condições de trabalho, motivação, comprometimento, atendimento ao consumidor e excelência. 3.1 GESTÃO DE PESSOAS O desempenho que se espera das pessoas no trabalho e o modelo de gestão correspondente são determinados por fatores internos e externos ao contexto organizacional. Dentre os fatores internos, destacam-se o produto ou serviço oferecido, a tecnologia adotada, a estratégia da organização do trabalho, a cultura e a estrutura organizacional. Quantos aos fatores externos, a cultura de trabalho de dada sociedade, sua legislação trabalhista e o papel conferido ao Estado e aos demais agentes que atuam nas relações de trabalho vão estabelecer os limites nos quais o modelo de gestão de pessoas poderá atuar (Fleury et al, 2002). A administração de recursos humanos corresponde, na atualidade, à gestão de pessoas. É uma das áreas que mais tem sofrido com as mudanças e transformações nos últimos anos. Isso se deve ao fato de as pessoas serem consideradas o principal “ativo” das organizações, sendo suas ações, comportamentos e atitudes determinantes para vantagem competitiva da empresa. 38 Segundo Gil (2009, p. 17) “Gestão de Pessoas é a função gerencial que busca a cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos, tanto organizacionais quanto individuais”. A expressão Gestão de Pessoas apareceu no final do século XX e propõem uma evolução no conceito de como é gerida a mão-deobra em um ambiente corporativo. Pode-se destacar que no passado eram designadas como área de Administração de Pessoal, Relações Industriais, Administração de Recursos Humanos (GIL, 2009). O fato de haver modificação nessas nomenclaturas, não significa afirmar o que realmente as empresas fazem ou pretendem fazer com seus empregados, porém evidencia a importância das pessoas que nela trabalham. 3.1.1 A Gestão Estratégica de Pessoas De acordo com Fleury (2002, p. 24) “a partir da evolução da Administração de Recursos Humanos (ARH) pode-se perceber uma nova perspectiva da gestão estratégica de pessoas estruturadas nas seguintes áreas”: Influência sobre os funcionários (filosofia de participação); Processos de Recursos Humanos (recrutamento, desenvolvimento e demissão); Sistemas de recompensas (incentivos, compensação e participação); Sistemas de trabalho (organização do trabalho). No próximo tópico pode ser acompanhada a evolução histórica da Administração de Recursos Humanos e que de certa forma desencadeou no tratamento atual pelos autores da nomenclatura de “Gestão de Pessoas”. 3.1.2 As Escolas sob a perspectiva de inspiração da evolução da ARH A seguir serão apresentadas as cinco escolas sob a perspectiva de inspiração da evolução da Administração de Recursos Humanos, como mostra o quadro 5. 39 Escola/Fase Descrição O movimento da Administração Científica tem origem com as experiências de Frederick W. Taylor (1856-1915), nos Estados Unidos, Administração Científica e Henry Fayol (1841-1925), na França. O objetivo Fundamental desse movimento era proporcionar fundamentação científica às atividades administrativas, substituindo a improvisação e o empirismo. Taylor, com base em observações diretas, feitas em oficinas, concluiu que de modo geral os operários produziam muito menos do que poderiam produzir. O movimento de valorização das relações humanas no trabalho surgiu da constatação da necessidade de considerar a relevância dos fatores psicológicos e sociais na produtividade. As bases desses movimentos Escola das Relações Humanas foram dadas pelos estudos desenvolvidos pelo psicólogo americano Elton Mayo (1890-1949). A importância das relações humanas passou a ser mais reconhecida no âmbito das organizações de maior porte e complexidade. Nelas, as relações tendiam a ser cada vez mais impessoais e ficava claro que essa situação conduzia a consequências bastante desfavoráveis no campo da administração de pessoal. Nos Estados Unidos, sobretudo no período imediatamente posterior à Relações Industriais Segunda Guerra Mundial, verificou-se notável aumento do poder dos sindicatos de trabalhadores. Essa situação determinou mudanças significativas na administração de pessoal das empresas, cujas atividades se restringiam às rotinas de pessoal orientadas pelo enfoque legal e disciplinar. Quadro 5 - Quadro síntese das Escolas/Fases que serviram de base para nortear a evolução da ARH Fonte: Gil, 2009 (adaptado pelo autor, 2011) 40 Escola/Fase Descrição Começa-se a falar em administração de Recursos Humanos na década de 60, quando essa expressão passou a substituir as utilizadas no âmbito das organizações: Administração de Pessoal e Administração de Recursos Humanos Relações Industriais. Atualmente, a maioria das empresas brasileiras de grande e médio porte mantém departamentos de recursos humanos, porém a adoção dessa designação parece estar relacionada ao interesse em apresentar uma característica de modernidade. O aparecimento da administração de Recursos Humanos deve-se à introdução de conceitos originários da Teoria Geral dos Sistemas à gestão de pessoal. As empresas, desde meados da década de 80, vêm sofrendo sérios desafios, tanto Globalização Gestão de Pessoas de da desenvolvimento natureza ambiental economia, tecnológico, evolução quanto organizacional: das comunicações, competitividade etc. Nem todas conseguiram ajustar-se a esses desafios, e muitos das que sobreviveram passaram por experiências, como a reengenharia, a terceirização e o downsizing, que produziram consequências de certa forma dramáticas para seu pessoal. Quadro 5 (continuação) - Quadro síntese das Escolas/Fases que serviram de base para nortear a evolução da ARH Fonte: Gil, 2009 (adaptado pelo autor, 2011) 3.1.3 As cinco fases evolutivas da Administração de Recursos Humanos (ARH) De acordo com Marras (2000) pode-se acompanhar com base no quadro 6, o surgimento das 5 fases da ARH, contextualizadas da seguinte forma: 41 Fase Época/ano Contexto Pioneira da “gestão de pessoal”, também chamada de pré-histórica. Preocupação com os Contábil Antes de 1930 custos da organização e com os registros de entrada e saída. As pessoas são facilmente representadas por números. Registrou o aparecimento da figura do chefe de pessoal, sua principal atividade era gerir e Legal 1930 a 1950 acompanhar as leis trabalhistas, recém-criadas na época. Aparecimento da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Instaurou-se o modelo americano de gestão de pessoal. Alavancou a função de RH ao status Tecnicista 1950 a 1965 orgânico de gerência. Avanço nas relações de trabalho. Começo da alguns serviços operacionalização de como: Recrutamento, treinamento, higiene e segurança no trabalho. Conhecida também como sindicalista. Mobilização relevante da classe trabalhadora. O Administrativa 1965 a 1985 então gerente industrial, passou a ser visto como gerente de RH. Ações voltadas para o indivíduo e suas relações (pensamento humanístico). Introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico aliado aos objetivos das Estratégica organizações. No aspecto hierárquico 1985 até a alcançou o teto de importância, haja vista o atualidade reconhecimento de sua importância, fazendo com que majorasse do nível tático para o estratégico, agora com cargo de diretoria. Quadro 6: Fase e Contexto da Evolução da ARH (baseada nas Escolas) Fonte: Marras, 2000 (adaptado pelo autor, 2011) 42 A partir da evolução da ARH, percebe-se a importância que as pessoas representam para as organizações, nessa concepção. A seção a seguir apresentará algumas razões que justificam esse pensamento. 3.1.4 A Importância das Pessoas na Organização A noção de se gerir pessoas parece estar ligada apenas à de administrar pessoas, mas a assertiva não é verdadeira. A administração de recursos humanos, dentro de uma visão funcionalista, vê o ser humano como agente no processo da administração e cuida de sua instrumentalização: recrutamento, seleção, contratação, treinamento, demissão entre outros processos. Para Lacombe (2005) as pessoas figuram inclusive como vantagem competitiva e são essenciais para alcançar o resultado. Nota-se, entretanto, que não existe um modelo de gestão de pessoas, assim naturalmente as empresas não teriam problemas de pessoal. O êxito de uma empresa deriva de sua habilidade em saber conduzir o desenvolvimento de seus empregados que assim como a organização também tem seus objetivos, suas metas, pontos fortes, pontos fracos e valores. Administrar essas questões é evoluir para uma administração “estratégica” de Recursos Humanos, fator imprescindível para manter um corpo funcional motivado, comprometido e passível de atingir a excelência em seus negócios. A visão humanística nos processos organizacionais vem se aflorando com o passar do tempo e talvez na mesma proporção em que se evidencia também a complexidade de lidar com esta questão. Para Chiavenato (1999, p. 19) “administração de recursos humanos não é apenas administrar pessoas, mas administrar com as pessoas”. Segundo o mesmo autor, o ser humano tem necessidade de interagir com os demais membros de sua comunidade (equipe) e nesta relação um indivíduo influencia a atitude do outro. Chiavenato (1999, p. 19) define uma organização como um grupo de “pessoas capazes de se comunicarem e dispostas a contribuírem com ação a fim de cumprir um propósito em comum, e que podem ainda vir a sacrificar a própria conduta em benefício da coordenação”. Nota-se, entretanto, nesse contexto de interdependência, que a relação empresa e empregado é hoje mais flexível, ou seja, 43 caminha para uma relação com maior negociação entre os interesses do empregado (salário, benefícios sociais, segurança, estabilidade no emprego, condições adequadas de trabalho e crescimento profissional) e os interesses da empresa (lucro, produtividade, qualidade, redução de custos, participação no mercado, satisfação do consumidor). De acordo com as ideias de Fleury (2002), quando estudamos uma organização, devemos levar em consideração que todo participante ou grupo de participantes recebe incentivos (recompensas) em troca das contribuições, e que o nível de participação só é mantido enquanto os incentivos oferecidos forem satisfatórios em relação às contribuições exigidas. A seguir, na próxima seção é possível acompanhar os processos de RH. Processos estes que servem para organizar o tratamento dispendido às pessoas na organização que por sua vez contribuem para a motivação, comprometimento e excelência. 3.1.5 Os Processos de Recursos Humanos (RH) Os profissionais de RH da atualidade devem estimular a construção de relacionamentos confiáveis; conhecer os negócios o bastante para se engajar nas discussões; certificar-se de que os sistemas operacionais básicos de sua área estão desenhados corretamente; participar dos processos tanto de elaboração como de execução das estratégias; conhecer a teoria e as ferramentas necessárias para identificar e administrar um talento; possibilitar que, nas empresas, as coisas aconteçam de maneira certa, no momento correto (ULRICH, 2000). Conforme Chiavenato (1999), a área de RH envolve os seguintes processos: a) Provisão: recrutamento e seleção; b) Aplicação: orientação, modelagem de cargos, avaliação de desempenho; c) Remuneração: remuneração, programas de incentivos, benefícios; d) Desenvolvimento: treinamento e desenvolvimento; e) Manutenção: relações trabalhistas, higiene, segurança, qualidade de vida no trabalho; f) Monitoração: banco de dados e sistemas de informações de RH. 44 Nos tópicos a seguir, procurou-se abordar estes processos num modelo de RH estratégico, de acordo com as obras dos autores citados. 3.1.5.1 Provisão Para Chiavenato (1999) o processo de provisão refere-se ao recrutamento e seleção das pessoas. O RH deve ter critérios de seleção bem definidos, para que este processo ocorra da melhor forma possível. Uma seleção mal realizada traz consequências sérias para a organização, que têm impactos diretos no desempenho da mesma. No processo de seleção e recrutamento, geralmente realiza-se o recebimento de currículos, dinâmicas de grupos, entrevistas, provas seletivas, dentre outras atividades, de acordo com os critérios estabelecidos pela organização. Uma seleção estratégica começa por conhecer os valores, as crenças da pessoa que está pleiteando o cargo. Certamente que não se conhece uma pessoa numa simples conversa de alguns minutos. Mas, se o profissional de RH souber valer-se de algumas táticas neste processo, poderá coletar informações estratégicas que ajudarão na tomada de decisão (GIRARDI, 2008). Conforme Chiavenato (1999) quando todos os funcionários conhecem a missão e os valores que norteiam seu trabalho, tudo fica mais fácil de entender, inclusive saber qual o seu papel e como contribuir eficazmente para a organização. Nota-se que o subsistema “provisão”, apresentado nessa seção, não é compatível com empresa pública, objeto dessa pesquisa, onde o provimento ocorre através de concurso público, conforme preceitua o art. 37 da CRFB de 1988. 3.1.5.2 Aplicação De acordo com as ideias de Chiavenato (1999) o processo de aplicação envolve a orientação, a modelagem de cargos e a avaliação de desempenho. Este processo é fundamentalmente estratégico para a organização, pois se refere aos ajustes que são necessários de se fazer e imprescindíveis para um bom desempenho dos empregados e da organização como um todo. Aqui o gestor de RH verifica se o trabalho está evoluindo, da forma como estão distribuídas as pessoas em seus respectivos cargos, 45 se há necessidade de alguma intervenção, de ajustes, de movimentação de pessoal, troca de cargos, funções, ou de remodelar determinado cargo, rever as atribuições, ou ainda de orientar melhor as pessoas para um desempenho mais eficiente. Há ainda no processo de aplicação, a avaliação de desempenho, que é realizada em algumas organizações, tanto pelo supervisor de área e pelo gestor do RH, quanto pelo empregado. É uma espécie de feedback onde o empregado terá uma avaliação do seu superior sobre o seu desempenho no trabalho, bem como poderá fazer o mesmo com o seu chefe (PEREIRA, 2008). Para Dutra (2006) o gestor de RH deve ter sensibilidade para perceber qual o momento certo de fazer esta avaliação, para não comprometer os resultados. Por exemplo, quando a empresa está passando por problemas, está em momento de crise, certamente que não será a melhor ocasião para se fazer avaliação de desempenho. Da mesma forma, quando se está em épocas festivas, como festas de final de ano, as pessoas estão muito envolvidas e certamente vão falar somente coisas positivas. Esta avaliação deve ser periódica, mas num espaço de tempo razoável para que se possa verificar a evolução do funcionário. 3.1.5.3 Remuneração Outro processo envolvido na gestão de pessoas diz respeito à remuneração, e refere-se aos salários, aos programas de incentivos, benefícios (CHIAVENATO, 1999). A remuneração é um processo estratégico no RH. Tem relação com a valorização do trabalhador. Os empregados precisam receber um salário digno, para suprir suas necessidades. Quando um funcionário recebe um bom salário, ele se sente motivado para o trabalho, e, mais ainda, quando ele recebe elogios do gestor. As pessoas têm necessidade não somente de uma boa remuneração, mas também de elogios, de serem lembradas, notadas. E este é um papel fundamental do gestor, não apenas chamar a atenção quando saiu algo errado, mas principalmente parabenizar o funcionário quando realizou algo bom (idem, 1999). De acordo com as ideias de Lacombe (2005), além da remuneração, propriamente dita, há ainda, uma série de outros benefícios que podem ser implantados nas organizações, como prêmios por mérito, quando o funcionário consegue bons 46 resultados; planos de saúde; auxílio alimentação; descontos em farmácias, faculdades, comércio em geral, por meio de convênios firmados com a empresa; programas de saúde e qualidade de vida; remuneração variável, dentre outros. Tudo isso, são formas de estimular a motivação das pessoas para com o trabalho, o comprometimento com a organização, além de serem importantes estratégias para reter talentos. Um dos maiores problemas da gestão de pessoas é a questão da rotatividade, a oferta de benefícios, além do salário, é uma estratégia que pode favorecer as políticas de valorização e retenção de profissionais (LACOMBE, 2005). Muitas organizações possuem ainda o Plano de Cargos, Carreiras e Salários, onde estão descritas as atribuições de cada cargo, bem como a remuneração respectiva. Este documento como o nome já diz, é um planejamento da evolução da carreira das pessoas nas organizações (DUTRA, 2006). E é muito importante que estas conheçam o mesmo para avaliarem quais suas perspectivas de carreira na empresa e compararem com as suas visões de futuro. Assim como as organizações tem um conjunto de objetivos que pretendem alcançar num determinado período, as pessoas também os têm. Quando estes objetivos não coincidem, então talvez seja o momento certo de mudar de empresa, buscar novas oportunidades de crescimento profissional, novas parcerias. “As pessoas têm expectativas de crescimento e é fundamental elas saberem onde estão e o que precisam agregar em termos de atitudes, conhecimento e qualificação para terem oportunidades dentro da organização” (PEREIRA, 2008, p. 45). 3.1.5.4 Desenvolvimento Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente as organizações têm investido no desenvolvimento de seus empregados, com ações de treinamento, formação e educação. No entanto, a falta de cursos adequados e o custo elevado para ampliar o investimento são algumas dificuldades apontadas pelas empresas (PEREIRA, 2008). Entretanto, para que a organização seja competitiva é necessário investir na qualificação das pessoas, são elas que trazem os resultados esperados. Em consonância às ideias de Pereira (2008), existe ainda, receio por parte dos empresários em investir na qualificação do empregado, e posteriormente as empresas concorrentes o contratarem. Isso pode acontecer levando em consideração a 47 rotatividade do mercado de trabalho brasileiro. Porém, organizações empreendedoras são autoconfiantes assumem este risco, e investem nas pessoas para o seu próprio desenvolvimento. Outro desafio é combater a indisposição e falta de tempo, já que a maioria dos trabalhadores cumprem jornada de 40 a 44 horas semanais. 3.1.5.5 Manutenção O processo de manutenção refere-se às relações trabalhistas, a questões de higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho (CHIAVENATO, 1999). Em consonância às ideias de Girardi (2008) estes são aspectos muito importantes que precisam de atenção especial do RH, que deve buscar o apoio de profissionais especializados nestas questões. As atividades envolvidas neste processo são essencialmente preventivas, por isso, há uma tendência em não priorizar estas questões. Além disso, os custos são onerosos, o que dificulta ainda mais conscientizar a direção da organização da importância de se realizar estes investimentos. Cabe ao gestor de RH saber argumentar para negociar estas questões. As empresas são criações humanas e, a rigor, não são elas que resistem, mas seus dirigentes e gestores. Tal resistência resulta da combinação de diversos fatores. Dentre eles, merecem destaque: ausência de uma visão social e histórica do papel da organização no contexto contemporâneo; despreparo gerencial, sobretudo, porque faltam teoria, método e ética nas práticas de gestão; mentalidade centrada no lucro, produtividade, resultados; concepção empobrecida do sentido do trabalho humano que tende a pensar o trabalhador como peça de engrenagem; receio de perder o poder de decisão, dentre outros. É responsabilidade da organização, zelar pela saúde e bem estar de seus empregados (DUTRA, 2006). 3.1.5.6 Monitoração Este processo é muito importante, nele estão inseridas as atividades de registros, de manutenção dos bancos de dados e dos sistemas de informações de RH, controles, frequência, produtividade, balanço social e auditoria em recursos humanos. Estes registros servem de subsídios para a tomada de decisão na área de RH. Por meio do processo de monitoração se define também os critérios de avaliação e 48 adequação permanentes das políticas, normas e procedimentos de recursos humanos (CHIAVENATO, 1999). Como a pesquisa fora realizada em empresa pública, onde nem todos os processos de RH são aplicáveis, a exemplo dessa afirmação pode-se citar o processo de “provisão”, na seção seguinte haverá de se fazer uma breve explanação de como ocorre a Gestão de Pessoas na administração Pública. 3.1.6 Considerações sobre a Administração de RH no Serviço Público No serviço público, a legislação, seja ela através de lei ou Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), para os casos de empresas públicas e sociedades de economia mista, que apesar de utilizarem o regime jurídico Celetista, buscam de certa forma equiparar seu ACT ao regime estatutário. Nota-se que nesse caso a legislação é um fator limitador à gestão de pessoas no serviço público. Para Granjeiro e Castro (1997, p. 259), a “legislação que regula as relações de trabalho no setor público é inadequada, notadamente pelo seu caráter protecionista e inibidor do espírito empreendedor”. Baseado na Lei do Servidor Público Civil Federal (Lei 8.112 de 1990) o autor (1997, p. 260) completa que: [...] a extensão do regime estatutário para todos os servidores civis, ampliando o número de estáveis, não apenas encareceu os custos da máquina administrativa, mas também levou muitos funcionários a não valorizarem os seus cargos, na medida em que a distinção entre eficiência e ineficiência perde relevância. Neste sentido, as ideias do autor consideram que embora seja possível interpretar que a Constituição (CRFB, 1988) e o Regime Jurídico Único (Lei 8.112 de 1990) tenha originalmente tentado preservar a administração, evitando a utilização política dos cargos e promovendo a valorização através da proteção ao servidor, o que se observa, é o fato de que contribuíram para restringir a capacidade operacional do governo, ao dificultar a adoção de mecanismos de gestão de recursos humanos, que sejam baseados em princípios de valorização pelo efetivo desempenho profissional, e também, eficaz na busca de melhorias dos resultados das organizações, e da qualidade dos serviços prestados (GRANJEIRO; CASTRO, 1997). Com isso o administrador fica destituído de ferramentas para motivar seus funcionários; visto os incentivos positivos 49 também limitados como dificuldade de estabelecer gratificações por desempenho. “Um dos poucos recursos que restam ao administrador é atribuir gratificações por ocupação de cargos em comissão, como: Direção, Assessoramento e Supervisão (Chefia).” (GRANJEIRO; CASTRO, 1997, p. 260). Desta forma observa-se que a administração de recursos humanos neste ambiente fica limitada, carecendo da existência de um sistema de incentivos para o profissional, como: Política orgânica de formação, capacitação permanente e de remuneração condizente com a valorização do exercício da função pública. Para Granjeiro e Castro (1997, p. 271) “a melhor forma de motivação positiva está relacionada com o sentido de missão do próprio servidor”. Já Meireles (2001, p. 117) converge para essa idéia quando cita o Código de ética profissional do servidor público civil do poder executivo federal, capítulo I, seção I, inciso V: “o trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar [...] o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio”. A segunda motivação para o autor é a da profissionalização do servidor público, não apenas através de concursos e processos seletivos públicos, mas principalmente através de um sistema de promoções na carreira em função de mérito, acompanhadas por remuneração correspondente. (MEIRELES, 2001). Após as considerações de Gestão de Pessoas, suas estratégias e evolução, assim como os processos de RH, a importância das pessoas, e algumas limitações, partiremos para a motivação como base do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. 3.2 MOTIVAÇÃO A motivação é um dos temas de grande relevância na atualidade. As organizações necessitam entender os mecanismos que geram motivação e devem procurar meios eficazes de colocá-los em prática. Para que ocorra a contribuição dos indivíduos no ambiente de trabalho é imprescindível compreendê-los e comprometê-los nas situações que ocorrem dentro 50 desse ambiente profissional. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 240), “[...] Se envolvermos os empregados nas decisões que lhes dizem respeito e aumentarmos sua autonomia e seu controle sobre o próprio trabalho, eles se tornarão mais motivados, comprometidos, produtivos e mais satisfeitos com o trabalho”. Sendo assim, nota-se que a motivação ao ser despertada, precisa de um ambiente que dispunha de condições de trabalho agradáveis e que promovam a satisfação no trabalho, favorecendo por sua vez a chegada ao comprometimento. Podem-se citar algumas ações, como: diálogo franco, reconhecimento que os indivíduos são diferentes, reconhecimento de ambos os objetivos, feedback, liderança, comunicação dentro da empresa, suporte, entre outros. A parceria entre empresa e empregado é imprescindível, levando-se em consideração o respeito mútuo, os anseios desses empregados e a motivação recíproca. Isso contribuirá para o sucesso da organização (ROBBINS; JUDGE e SOBRAL, 2010). A contribuição das pessoas, seus estímulos, e conhecimentos são fatores que influenciam o desempenho organizacional. Isso leva ao questionamento acerca do que seja motivação ou ainda se as pessoas são motivadas ou devem se auto motivar. 3.2.1 Definição de Motivação “É o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinada meta”. (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 196). De acordo com Ferreira (1999) e Chiavenato (2000) a palavra motivação significa motivo para a ação, decorrendo da contração dos termos motivo e emoção, que, por sua vez, compartilham a mesma raiz do Latim: movere, ou seja, mover. Assim, são as emoções que impulsionam as pessoas na obtenção das suas metas e também moldam o seu jeito de perceber as coisas. Portanto, a motivação, ou ausência de, é um fenômeno intrínseco, absolutamente pessoal. As necessidades humanas, as chamadas forças impulsionadoras, determinam a motivação. A influência dessas necessidades varia de pessoa para pessoa e geram comportamentos diferenciados. Uma mesma pessoa pode apresentar variações de suas necessidades e valores no decorrer do tempo. 51 Em consonância às ideias de Bergamini (1994) e Chiavenato (2000), isso ocorre porque o que leva uma pessoa a agir de uma determinada forma, não necessariamente tenha o mesmo valor, a mesma importância para outra pessoa. Sendo assim o que motiva um indivíduo pode não ter o mesmo efeito em outro. Para Bergamini (1994) a motivação nasce das necessidades humanas e não das coisas que satisfazem essas necessidades. Entende, portanto, que ninguém pode jamais motivar ninguém, pois não se tem condições de colocar necessidades em quem quer que seja. 3.2.2 Vetores Motivacionais A motivação humana tem sido um dos temas mais estudados e debatidos nas práticas organizacionais. Basicamente, a motivação possui dois grandes vetores: A motivação intrínseca; A motivação extrínseca. 3.2.2.1 Motivação Intrínseca A motivação intrínseca surge espontaneamente das necessidades psicológicas das curiosidades pessoais e dos esforços inatos para se obter o crescimento. Quando são intrinsecamente motivadas, as pessoas agem sem interesse, “apenas pelo prazer de fazer”, e também pelo senso de desafio que uma determinada atividade lhes proporciona. Esse comportamento ocorre espontaneamente e não resulta de nenhuma razão instrumental (extrínseca). Funcionalmente, a motivação intrínseca fornece a motivação inata para que a pessoa busque seus próprios interesses e exerça o esforço de procura de desafios necessários para desenvolver suas próprias habilidades e competências (REEVE, 2006). 3.2.2.2 Motivação Extrínseca Surge das consequências e dos incentivos ambientais (alimento, dinheiro). Em vez de o indivíduo participar de uma atividade com o propósito de experimentar as satisfações inerentes que ela pode proporcionar (como ocorre no caso da motivação intrínseca) ela surge de alguma consequência distinta da atividade em si. Quando 52 desejamos obter consequências atraentes, e evitar consequências desagradáveis, a presença dos incentivos e das consequências, cria em nós um sentimento de querer adotar comportamentos capazes de produzir as ações por nós desejadas (REEVE, 2006). 3.2.3 Algumas Teorias Motivacionais Consagradas Na esfera motivacional, existem inúmeras teorias, apresentadas pelos mais diversos cientistas da área, porém existem aquelas que se tornaram balizadoras de pesquisas acadêmicas com este tema, pois além de serem mais aceitas no meio acadêmico e corporativo conseguem esclarecer de forma mais dinâmica e convincente a questão motivacional. A seguir, apresentam-se então, algumas Teorias Motivacionais. 3.2.3.1 Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow Abraham Maslow, professor de psicologia, ficou conhecido pela teoria da hierarquização das necessidades humanas. Segundo ele, a motivação nos indivíduos tem como objetivo satisfazer as necessidades que vêm, desde as mais primárias (fisiológicas), até as mais complexas ou psicológicas, que são as de auto realização. Segundo Spector (2010), a motivação humana era vista por Maslow como uma hierarquia de cinco necessidades cuja apresentação se daria de forma piramidal, como demonstrado na figura 8. Figura 8: Pirâmide de Maslow Fonte: Spector (2010, p. 288) 53 O objetivo de representá-la em forma de pirâmide é demonstrar que na base está a prioridade das necessidades das pessoas: Fisiológica: Incluem-se necessidades como água, comida, ato de dormir; Segurança: Proteção, abrigo; Associação: Necessidades Sociais, como amor, afeição e relacionamento com outras pessoas; Estima: Respeito a si próprio e aos outros; Auto-realização: Satisfação dos objetivos pessoais, alcance pleno do potencial individual. 3.2.3.2 Teoria dos dois Fatores de Herzberg Conforme Marras (2002), Frederick Herzberg ressaltou a importância da motivação no trabalho, afirmando que o maior fator motivacional para o homem encontra-se dentro do seu trabalho. Identificou também dois grupos de fatores que orientam o comportamento humano. O primeiro está relacionado com os que causam satisfação. Sua falta não causa necessariamente insatisfação. São os “fatores motivadores”. No segundo grupo estão os que causam insatisfação, também denominados de “fatores higiênicos”. Foi de grande importância a contribuição de Herzberg para o estudo sobre motivação no ambiente de trabalho, enfocando a natureza das tarefas. Tarefas que motivam são as mais enriquecidas (com muito conteúdo) servindo para o aumento da produtividade. As tarefas pobres e com pouco conteúdo servirão para desenvolver alienação e apatia no funcionário. Herzberg apud Chiavenato (1990) salienta que os fatores que causam insatisfação ou higiênicos, dizem respeito às questões relacionadas ao contexto do trabalho destacando as condições físicas e ambientais. Neles, estão incluídos: condições de trabalho, política da organização e administração, salários, segurança no cargo e relacionamento com os colegas. Os fatores motivadores se referem ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres. Tais fatores trazem efeitos de satisfação e mais produtividade. Quando esses fatores são bons, aumentam a satisfação dos empregados. Quando não são bons, provocam a ausência da satisfação. Herzberg 54 conclui que os fatores responsáveis pela satisfação são separados dos que são responsáveis pela insatisfação profissional. Satisfação profissional não teria como oposto insatisfação, e sim ausência de satisfação. Da mesma forma, o oposto de insatisfação seria a ausência de insatisfação, e não a satisfação. 3.2.3.3 Teoria X e Y Segundo Marras (2000), após a ideia das necessidades humanas serem lançadas por Maslow, o psicólogo McGregor, estudioso da área social, complementa tais afirmações dizendo que essas necessidades são encontradas no trabalho. Ele apresenta a teoria X e Y, acerca da natureza da motivação dos trabalhadores, mostrando as formas de “ser” do trabalhador ou duas formas de “ver” o trabalhador. Na teoria X, os administradores veem os trabalhadores como não tendo interesse em assumir responsabilidade, preferindo ser dirigidos e, assim, buscando segurança. Um trabalhador Y, visto por um gerente de visão Y, é alguém que tem satisfação no trabalho, buscando atingir os objetivos que lhe são colocados. É criativo e tem potencialidades que podem ser exploradas. Para Bergamini (1994), McGregor acredita serem os trabalhadores esforçados e dispostos a atingir suas metas por meio do trabalho, tendo na organização a disponibilização de recursos que ajudam a despertar a motivação de seus funcionários. Se as pessoas não tiverem condições de satisfazer suas necessidades, tornar-se-ão indolentes e não terão ânimo para o trabalho. As teorias X e Y de McGregor são apresentadas no quadro 7, explicando suas características para melhor entendimento. 55 Pressupostos da Teoria X Pressupostos da Teoria Y As pessoas são preguiçosas e negligentes As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer. As pessoas evitam o trabalho. O trabalho é uma atividade tão natural como brincar ou descansar. As pessoas evitam as responsabilidades, As pessoas procuram e aceitam a fim de se sentirem mais seguras. responsabilidades e desafios. As pessoas precisam ser controladas e As pessoas podem ser automotivadas e dirigidas. autodirigidas. As pessoas são ingênuas e sem iniciativa. As pessoas são criativas e competentes. Quadro 7: Pressupostos das Teorias X e Y Fonte: Chiavenato, 2000 (adaptado pelo autor) 3.2.3.4 Teoria ERC de Alderfer Originária das palavras: Existence, Relatedness and Growth (ERG), as quais, traduzidas, significam: Existência, Relação e Crescimento (ERC). Desenvolvida pelo psicólogo Clayton Alderfer, a partir da teoria de Maslow e de novas pesquisas, a Teoria ERC concorda que a motivação do trabalhador pode ser medida seguindo uma hierarquia de necessidades, porém diverge da Teoria de Maslow em alguns pontos básicos. Maslow via as pessoas subindo progressivamente dentro da hierarquia das necessidades (ROBBINS, 2002). Já Alderfer percebia que as pessoas subiam e desciam dentro da hierarquia das necessidades e que existiam apenas três fatores essenciais para motivação: Necessidade existencial: necessidades básicas de Maslow, ou seja, necessidades de sobrevivência; Necessidades de relacionamento: o ser humano tem necessidade de relacionamentos interpessoais, ou seja, sociabilidade e relacionamento social; Necessidades de crescimento: necessidade que o ser humano tem de criar, dar sugestões, participar, etc. Desenvolvimento do potencial humano. Essa teoria adota o princípio de frustração-regressão, ou seja, uma necessidade inferior pode ser ativada quando uma necessidade mais elevada não pode ser satisfeita 56 e também salienta que mais de uma necessidade poder ser focalizada de uma única vez. Após o conhecimento dos vetores motivacionais e algumas teorias motivacionais consagradas, a seguir, na próxima seção, já se pode discorrer sobre como despertar a motivação nas pessoas. 3.2.4 Despertando a Motivação nas Pessoas De acordo com as ideias de Robbins, Judge e Sobral (2010), sendo a motivação um processo interno inerente a cada indivíduo, não há como motivar uma pessoa. Os motivos para a ação têm de vir dela mesmo. O que o líder deve procurar fazer, é provocar ou estimular a motivação nas pessoas sob sua responsabilidade. Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 252), sugerem algumas ações para despertar a motivação das pessoas: Desafiar as pessoas a alcançarem seu padrão de excelência, explicitando também os padrões de desempenho empresariais desejados; Estimular os indivíduos a sentirem orgulho do que fazem; Explicitar as recompensas individuais e as grupais oferecidas pela empresa, em um processo de reconhecimento pelo esforço despendido; Respeitar os ritmos de trabalho de cada pessoa; Identificar os pontos fortes e o talento específico de cada pessoa, procurando oferecer oportunidade para colocá-los em ação; Permitir que os empregados participem das decisões que os afetam; Utilizar a ferramenta feedback. Essas e outras ações podem provocar, estimular a motivação nas pessoas, sendo ferramentas importantes colocadas à disposição do líder podendo oferecer resultados surpreendentes. A seguir, será discorrido de forma sucinta, sobre as condições de trabalho (fatores motivacionais) que também envolvem os objetivos dessa pesquisa e que estão alinhados com a motivação. 57 3.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO As condições de trabalho influenciam no clima organizacional. Para Martins (2008), o clima organizacional pode ser definido como o conjunto das percepções sobre vários aspectos das organizações, como: comunicação, envolvimento, coesão, suporte do supervisor e/ou da área de apoio (staff), recompensa, autonomia, orientação das tarefas, pressão no trabalho, clareza das tarefas, controle, inovação, feedback, liderança e ergonomia. Considera-se que a percepção dos empregados sobre o ambiente de trabalho têm se tornado fator importante para as organizações. Acrescente que a qualidade do ambiente de trabalho é fator que interfere na satisfação e motivação dos funcionários. Martins (2008, p.29) descreve que: Devido às rápidas mudanças que vêm ocorrendo nos anos de globalização, as empresas têm tentado conhecer melhor a dinâmica da vida organizacional, buscando identificar como trabalhadores expostos a uma série de estímulos oriundos da organização e do ambiente de trabalho têm percepções similares e atribuem significados semelhantes aos aspectos importantes da vida organizacional. Já Luz (1995) afirma que o clima organizacional influencia os comportamentos do indivíduo na organização, bem como a produtividade, a motivação e a satisfação. Dessa forma, o clima deve ser favorável para auxiliar positivamente nos aspectos descritos. A seguir, nas próximas seções serão abordados alguns dos elementos que compõem as condições de trabalho e que tendem a ser recorrentes nas falas dos entrevistados, já que fora realizado prévio levantamento bibliográfico (superficial) ainda na etapa 1 da pesquisa, vide figura 10. 3.3.1 Liderança Analisando as lideranças, vê-se que estas quando capacitadas têm habilidades suficientes para tornar salutar a comunicação das equipes de trabalho, aonde todos os envolvidos são imprescindíveis no complexo da cadeia produtiva. 58 Em relação às ideias de Chiavenato (2000), um gerente faz com que os outros façam, mas um líder faz com que os outros queiram fazer. Eles conseguem isso, através de cinco práticas: a) Assumindo riscos e experimentando inovações; b) Convencem as equipes de suas aspirações; c) Oportunizam capacitação técnica para a equipe; d) Praticam o que pregam e compartilham resultados; e) Ressaltam o que cada um é capaz de realizar. 3.3.2 Comunicação Entende-se por comunicação toda a forma de manifestação: oral, escrita, simbólica ou gestual e eletrônica. Tavares conceitua a comunicação empresarial como: [...] a comunicação existente entre a organização (empresas privadas, empresas públicas, instituições, etc.) e os seus públicos de interesse: cliente interno ou funcionário da organização, fornecedores, distribuidores, clientes, mídia e sociedade em geral (TAVARES, 2007, p.11). O autor ratifica a importância de a organização utilizar a comunicação como base de sua existência, mas que o planejamento dessa comunicação é primordial para seu sucesso. Em consonância com as ideias de Marchiori (2006) a comunicação está relacionada a aspectos interpessoais, organizacionais e sociais e que esta amplitude tem funções e disfunções que variam de acordo com os arranjos organizacionais. Devem ser concebidas como processo, pessoas, mensagens, significados e propósitos. Já para Pimenta (2004), a comunicação empresarial caracteriza-se como sendo o somatório de todas as atividades de comunicação da empresa. É vista como multidisciplinar, envolvendo métodos e técnicas de relações públicas, jornalismo, assessoria de imprensa, propaganda, promoções, pesquisa, marketing. Percebe-se, então, a necessidade de sinergia entre as áreas, envolvendo a todos que possuem relações com a organização. 59 3.3.3 Recompensa Segundo Chiavenato (2004), a Administração Científica baseava-se na concepção do homo economicus, no qual o homem é motivado somente pela busca do dinheiro e pelas recompensas salariais e materiais do trabalho. Mayo, citado por Chiavenato (2004, p.116), propôs uma nova teoria da motivação: “o ser humano é motivado, não apenas por estímulos salariais e econômicos, mas por recompensas sociais e simbólicas”. Os efeitos de condicionamento podem ter resultados beneficentes, porém com alguns contratempos. No caso de premiações, por exemplo, causam uma reação positiva aos indivíduos, por estarem acostumados a receber somente a remuneração mensal, ficam maravilhados com a boa nova. Entretanto, essa reação é de curta duração, persistindo algumas vezes até a segunda ou terceira premiação no máximo (BERGAMINI, 1997). O autor ainda ressalta que outro fator relevante são os prêmios oferecidos sob a forma de bens palpáveis, pois o bem precisa ser substituído por outro mais valioso e a gratificação em dinheiro deve sofrer um aumento significativo toda vez que for repetida, isso implica em altos gastos para a organização. 3.3.4 Incentivo Muitas empresas colocam uma ampla gama de programas de remuneração baseados em dinheiro à disposição dos funcionários como forma de incentivo/motivação. Entretanto, uma organização pode manter seus funcionários comprometidos e motivados por meios não monetários, como por exemplo, uma política de promoção interna. Outro incentivo não monetário enfatiza a qualidade, seguindo a teoria de que os funcionários sentem-se descontentes quando sabem que seu trabalho dedica-se a produzir um produto de má qualidade (CERTO, 2003). O incentivo, seja material ou emocional, é intensamente aplicado nas organizações para conseguirem de seus funcionários, maior empenho em suas tarefas e um consequente desempenho melhor em busca dos objetivos organizacionais. É importante ao administrador ter conhecimento sobre como ocorre a motivação e o 60 incentivo no indivíduo para que possa aplicar uma política de incentivos que realmente sensibilize seus funcionários (BIRCH, 1970). Para Gil (1993), os incentivos dependem do estágio da cultura organizacional, dos anseios dos profissionais, da tecnologia praticada, das práticas que visam qualidade, dos alvos a serem atendidos, do ambiente empresarial, do segmento econômico, e da personalidade do povo de cada região geográfica. O tipo de premiação é relacionado com a área de atividade do centro de responsabilidade e com a cultura vigente. Prêmios como viagem de estudos, certificado, vestimenta, pagamento de cursos, bolsas de estudos, prêmio em dinheiro, entrega gratuita de produtos da empresa, fornecimento de cestas básicas, cursos para a família (inglês, artesanato) podem gerar melhorias na comunidade em termos ecológicos ou estruturais, e por consequência, modificações no ambiente de trabalho. 3.3.5 Autonomia Presume-se que a estrutura tenha que suportar não só seu aspecto formal de poder, responsabilidade e controle. A estrutura tem um escopo mais amplo de variáveis e elementos que a compõe. As estruturas horizontalizadas têm novos desafios: lidar com a informação rápida, utilizando autonomia de decisões. Isto requer um desenvolvimento organizacional em conjunto, tanto da filosofia da organização, como dos gerentes e trabalhadores de nível operacional (HANDY, 1997). O poder nas novas organizações provém das relações e não das estruturas. A confiança sendo o principal meio de controle, torna as pessoas mais eficazes, criativas e capazes de atuar em um ambiente dinâmico. Esta colocação corrobora com a visão de que a função da estrutura não está somente na designação do poder, mas sim nas relações que a mesma implica (HANDY, 1997). Na próxima seção consta-se a ligação existente entre motivação e condições de trabalho. Portanto é natural que ocorra satisfação no trabalho quando a motivação (aspecto intrínseco) e condições de trabalho (aspecto extrínseco) estejam alinhadas. 61 3.4 SATISFAÇÃO NO TRABALHO A satisfação no trabalho é uma variável de atitude que mostra como as pessoas se sentem em relação ao trabalho que têm, seja no todo, seja em relação a alguns de seus aspectos. De forma simples, a satisfação no trabalho é o quanto as pessoas gostam do trabalho delas; insatisfação no trabalho é o quanto não gostam. De acordo com Spector (2010), existem duas abordagens relacionadas ao estudo da satisfação no trabalho: A abordagem Global = Considera a satisfação no trabalho como um sentimento único e global em relação ao trabalho. Muitos estudos avaliam a satisfação global das pessoas e muitas das conclusões discutidas neste capítulo refletem essa variável; A abordagem de Facetas ou Aspectos = Considera a satisfação no trabalho como sentimento atrelado a algo, isto é, caracteriza-se pela satisfação oriunda de premiações, aumento de salário etc. Uma relação das facetas de trabalho mais estudadas pode ser conferida através do quadro 8: Salário Supervisão Natureza do trabalho Oportunidades de promoção Companheiros de trabalho Comunicação Benefícios Condições de trabalho Segurança Quadro 8: Facetas Comuns da Satisfação no Trabalho Fonte: Spector (2010, p. 321) A abordagem pelas facetas possibilita um quadro mais completo da satisfação no trabalho. Uma pessoa geralmente apresenta diferentes níveis de satisfação em relação às várias facetas. Ela pode estar muito insatisfeita com os pagamentos e as vantagens e, ao mesmo tempo, estar muito satisfeita com a natureza do trabalho e com os chefes. 62 Já na próxima seção pode-se constatar que quando satisfeito no trabalho a partir da motivação e das condições de trabalho o empregado fica de fato suscetível ao comprometimento. 3.5 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL Devido à globalização, e a busca incessante pela eficiência, cada vez mais é necessário que os funcionários de uma determinada organização estejam totalmente envolvidos com o processo produtivo. Segundo Ferreira (1999), comprometer significa dar como garantia, arriscar, ou seja, assumir responsabilidade. O comprometimento pode ser um fato ou um estado psicológico que caracteriza a relação do indivíduo com a empresa em que trabalha, bem como este, assumindo os objetivos da empresa como seus. Para Dessler (1996), funcionários comprometidos são os que se identificam com a empresa e adotam suas metas como se fossem seus proprietários. O autor ainda ressalta que a necessidade do comprometimento origina-se da nova natureza das tarefas dos trabalhadores. A forma de trabalhar está em evolução, sendo que hoje as empresas necessitam de pessoas que não mais trabalhem com o chefe do lado, com o supervisor cobrando resultados, mas, sim, que assumam responsabilidades. As pessoas precisam ter iniciativa em suas atividades. As tarefas realizadas hoje precisam ser realizadas mais rapidamente do que ontem, e isso requer boa vontade, inteligência, habilidade e conhecimento. A iniciativa e inovação são indispensáveis: No que se refere às tarefas a realizar, entramos na era da imprevisibilidade, da inovação e da iniciativa. Consequentemente entramos, em uma era em que o comprometimento do funcionário não é apenas louvável, mas indispensável DESSLER (1996, p. 9). Para tanto, é necessário que as empresas conheçam e definam uma cultura organizacional. Formular ideologias claras e bem documentadas é crucial para o comprometimento. Não se poder levar nenhum funcionário ao comprometimento sem antes haver um objetivo, uma missão (DESSLER, 1996). 63 Aos funcionários, cabe também, se conhecerem, identificando-se com os anseios da organização. Não existe mais lugar para o desinteresse e o descomprometimento. Todo funcionário deve especificar seus objetivos e definir ou traçar metas profissionais e pessoais, bem como tenham pleno conhecimento de suas atividades e das atividades que realizar-se-ão em equipe (GOMES, 1994). Fatores internos e externos podem influenciar o comportamento de cada indivíduo. Para a organização é importante estudar e verificar quais características podem trazer pontos positivos e pontos negativos. Essas diferenças constituem um grande obstáculo aos objetivos organizacionais, uma vez que dificultam os relacionamentos e a integração entre as pessoas e diferentes setores da organização. Robbins (2002) apud Silva (2005) diz que: [...] entre os fatores que exercem pressão sobre a formação de nossa personalidade, estão: A cultura dentro da qual somos criados, as condições de nossa infância e as normas vigentes entre nossa família, nossos amigos e grupos sociais, além de outras influências que experimentamos na vida. O ambiente ao qual estamos expostos tem um papel importante na formação de nossa personalidade. Por isso é importante destacar o funcionário como pessoa e como parte integrante do sistema, tratando-o com dignidade e ajudando-o a alcançar os seus objetivos, tanto pessoais quanto profissionais, desenvolvendo suas habilidades e qualificando-o melhor. Gerir através do comprometimento significa obter o envolvimento de todas as pessoas que atuam na organização para a busca dos objetivos organizacionais. O comprometimento tem quer ser olhado de uma forma estratégica pela organização, uma ponte para o sucesso ou para o fracasso. Ao olhar de uma forma estratégica, a organização promove dentro do indivíduo uma identificação com os objetivos e metas, havendo uma busca contínua pela qualidade, sendo percebida pelo consumidor (GOMES, 1994). A seguir, dando continuidade aos objetivos da pesquisa, serão elencadas nas próximas seções as questões que envolvem qualidade e excelência no atendimento ao consumidor. 64 3.6 ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR Quem trabalha no atendimento ao público deve estar preparado para lidar com a variedade de situações que podem ocorrer neste setor. O desafio é constante. Não existe uma rotina pré-estabelecida para ser seguida. Todos os empregados da empresa devem receber treinamento específico para o desenvolvimento de habilidades no relacionamento interpessoal, que enfoquem metodologias e estratégias para conquistar e cativar consumidores. Para prestar um bom atendimento aos consumidores cada empregado deve, além da aptidão pessoal, desenvolver técnicas de motivação, percepção e comunicação que, uma vez aprendidas, devem ser permanentemente exercitadas e periodicamente recicladas (CLARKE, 2001). Um importante fator de sucesso do empreendimento é compor sua equipe de empregados com pessoas proativas que fazem as coisas acontecer, que dão o primeiro passo na busca de soluções para os problemas surgidos, que procuram sempre avançar, crescer, evoluir (ALMEIDA, 2001). A motivação tem fundamental importância no desempenho funcional dos empregados. Uma pessoa motivada consegue envolver a todos que estão a sua volta para que sejam atingidas as metas da empresa (LEITE, 2000). Um empregado motivado produz mais. Com todos os empregados motivados a probabilidade dos consumidores terem suas expectativas atendidas é exponencialmente elevada (HUBER, 1999). 3.6.1 Qualidade no Atendimento ao Consumidor Para Chiavenato (2000), a qualidade no atendimento é a satisfação das exigências do consumidor. Segundo Gil (1997), a qualidade no atendimento envolve a eficácia no atendimento ao consumidor na satisfação de seus anseios e desejos de consumo. Já para Maximiano (1997), qualidade no atendimento significa o melhor que se pode fazer, o padrão mais elevado de desempenho. Na concepção de Gerson (1999), um atendimento deficiente a consumidores é 65 muito caro. Um bom atendimento não tem preço, e pode-se ter em sua empresa. Primeiro é preciso reconhecer que atendimento é, para o negócio, tanto uma ferramenta administrativa quanto de marketing. Ele incrementa o marketing porque motiva os consumidores a difundir bons comentários sobre os serviços e negócios de uma empresa a outros compradores. Pilares (1989) destaca que a relação interpessoal que envolve o funcionário de uma organização e o destinatário de produtos, ideias ou serviços dessa organização (ou ainda entre o funcionário e quem vende produtos ou presta serviços à empresa) constitui o atendimento ao consumidor. Em geral, esse atendimento engloba o encaminhamento e o acompanhamento do consumidor, que podem ser inclusive funcionários de departamentos distintos necessitando uns dos outros. Abrange, assim, diversos funcionários de vários setores. Diante deste contexto, pode-se averiguar que em atendimento, portanto, não importa o nível hierárquico do funcionário dentro da organização. Todos que tiverem contato direto ou indireto com o consumidor serão considerados pessoas envolvidas na função de atendimento. Pilares (1989) ainda destaca que o atendimento independe da duração do contato interpessoal. Como consumidor considera-se toda pessoa que entra em contato com a empresa para solicitar um serviço, falar com um funcionário ou simplesmente pedir uma informação. Isso significa que o comportamento de qualquer funcionário para com as pessoas que entrem em contato com a empresa (ou com seu departamento) deve ser o de tratá-las como consumidor. Assim, é importante que os funcionários estejam atentos, evitando discriminar as pessoas. Exemplo: diante de uma pessoa que entra em uma empresa, que deseja uma informação simples, o funcionário deve tratar essa pessoa com a mesma cortesia que dispensaria a um consumidor importante. Um atendimento sem discriminação é essencial. Em outra oportunidade este consumidor poderá voltar, e ainda comentar para parentes e amigos, que foi bem atendido naquele estabelecimento, constituindo-se dessa forma, naquilo que Kotler (1997) chama de advogado da empresa, ou seja, o consumidor que defende a empresa e estimula outras pessoas a comprar seus 66 produtos. Retomando o pensamento de Gerson (1999), a maneira mais barata de adquirir novos consumidores ou potencializar a imagem da empresa é através de recomendação verbal. Bons serviços tornam o gerenciamento mais fácil porque todos estão comprometidos com a satisfação do consumidor. Os resultados serão: maior produtividade e maiores lucros ou menor inadimplência, simplesmente porque a gerência e seus funcionários estão trabalhando para atingir o mesmo objetivo. Na visão de Lobos (1995), cada situação de atendimento é única; varia, portanto, de pessoa para pessoa e de momento para momento. Em função disso, o atendimento deve ser diferenciado. Pesquisas realizadas pela psicologia social demonstram que as pessoas sentem necessidade de serem tratadas como únicas. Muitas vezes, essa necessidade é mais importante que os negócios ou problemas que procuram resolver. Portanto, o consumidor supõe que tanto a organização como o funcionário (representante dessa organização) deve atendê-lo de forma especial e única. O consumidor espera que a organização reconheça a importância de sua pessoa e de sua solicitação e que os empregados, além de reconhecer isso, favoreçam com o auxílio de seus conhecimentos técnicos à realização do atendimento. 3.6.2 Excelência no Atendimento ao Consumidor Para Gonçalves (2005), excelência no atendimento é fundamental. Não adianta focar, apenas, nos produtos e na propaganda, pois a realidade só é percebida no momento em que se interage com as pessoas que trabalham nas empresas, atendendo ou não às necessidades e expectativas dos consumidores. O atendimento a consumidores envolve todas as atividades de empresa e seus funcionários para satisfazê-los. Isso significa mais que atender reclamações, providenciar reembolsos ou trocas nas devoluções ou sorrir para os consumidores. O atendimento a consumidores também significa sair em sua busca, fazendo todo o possível para satisfazê-los e tomando decisões que os beneficiem, mesmo à custa da empresa (GERSON, 1999). 67 3.6.2.1 Treinamento e Desenvolvimento (T & D) É lamentável que para muitos empresários, treinar e capacitar a linha de frente (funcionários que lidam diretamente com os clientes/consumidores) a agir seja um custo e não um investimento. Contudo, é estrategicamente inteligente capacitar esses profissionais adequadamente, para que possam atender bem e superar as expectativas da clientela. Na visão de Gonçalves (2005), capacitar a linha de frente é Treinamento Estratégico de alto nível. É estratégico porque atua diretamente com os profissionais que interagem com os consumidores e é de alto nível porque gera altos níveis de produtividade e motivação nesses profissionais, além de alto nível de satisfação nas pessoas que recebem o atendimento. Ainda para o autor (2005), a excelência no atendimento ao consumidor é um dos maiores diferenciais competitivos do mercado e o fator principal para o crescimento das vendas e a evolução das empresas. Não existe empresa estabilizada que prospere e conquiste mercado sem clientes/consumidores satisfeitos. Ainda assim, organizações de todos os portes persistem em atendê-los com desatenção. Consumidores mais maduros e exigentes com a concorrência, cada dia, mais acirrada é uma equação devastadora para as empresas que negligenciam o atender bem. Gonçalves (2005) continua destacando que o que faz a diferença no mercado de hoje é a competência profissional, a eficiência, o entusiasmo, a polidez, a rapidez e a simpatia de quem atende. É o consumidor ter a sensação de conforto, conveniência, praticidade e satisfação quando compra um produto ou serviço em uma empresa. Proporcionar um serviço de qualidade ao consumidor é muito mais do que zelar pelas suas necessidades ou encaminhar suas reclamações. Superar suas expectativas e encantá-lo requer uma preparação prévia. Um ótimo atendimento passa pela antecipação dos problemas dos consumidores. No entanto, para isso, treinamento é fundamental e é a chave para o sucesso de um programa de excelência no atendimento ao consumidor. Em uma época em que o sucesso dos negócios tem à frente o atendimento, e na base, o foco no consumidor, conhecer plenamente o potencial dos empregados que formam a linha de frente da empresa é a melhor estratégia. Treinar é acima de tudo valorizar o funcionário e 68 prepará-lo para também valorizar o consumidor (GONÇALVES, 2005). 3.6.2.2 O consumidor como foco estratégico das organizações Cativar cada consumidor e superar suas expectativas faz parte de uma estratégia do atendimento personalizado, que é garantia de retorno à imagem da empresa. Através de práticas como estas, as empresas transformam o consumidor regular em um fiel aliado. Personalizar o atendimento é criar valor ao consumidor, mostrando o quanto ele é importante à empresa (MOLLER, 1992). Qualidade e excelência no atendimento é deixar o consumidor à vontade para decidir e, ao mesmo tempo, dar toda a assistência. Conversar com o consumidor antes de fechar negócio torna-se tarefa indispensável para atender às suas necessidades. Além disso, especialistas em marketing recomendam que aplicar questionários, telefonar para esclarecer todos os detalhes e fazer reuniões antes de cada serviço é um diferencial que atrai consumidores em busca de satisfação e qualidade. A seguir, nessa última seção, serão abordados os norteadores de qualidade e excelência em relação ao serviço público de energia elétrica que são utilizados como diretrizes pela empresa pesquisada. 3.7 NORTEADORES DAS DIRETRIZES DE QUALIDADE E EXCELÊNCIA Por se tratar de Empresa que presta serviço público de energia elétrica, inclusive por caracterizar um serviço classificado como essencial pelo Estado, a Celesc, assim como suas subsidiárias de Geração e Distribuição, é regulada e/ou normatizada pelas organizações que seguem. 3.7.1 A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) A ANEEL, autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) foi criada pela Lei 9.427 de 26 de Dezembro de 1996. Tem como atribuições: regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica, atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as partes e em beneficio da sociedade; mediar os 69 conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços (ANEEL, 2011). A missão da ANEEL é proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em benefício da sociedade. Além de regulamentar e fiscalizar as distribuidoras de energia elétrica no Brasil, regula a criação, organização e funcionamento do conselho de consumidores de energia elétrica, que é um órgão sem personalidade jurídica, de caráter consultivo, formado por representantes das principais classes das unidades consumidoras, com a incumbência de opinar sobre assuntos relacionados à prestação do serviço público de energia elétrica, doravante, denominado genericamente pelo termo Conselho. Na Celesc o conselho é denominado: Conselho de Consumidores da Celesc (CONCEL), (ANEEL, 2011). A ANEEL regulamenta as atividades das Distribuidoras de todo o Brasil, principalmente através da Resolução Normativa nº 414 de 9 de setembro de 2010, onde estabelece as condições gerais de fornecimento de energia elétrica de forma atualizada e consolidada. 3.7.2 O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) O GesPública foi criado em 23 de fevereiro de 2005, por meio da publicação do Decreto nº 5.378, resultado da fusão do Programa da Qualidade no Serviço Público e do Programa Nacional de Desburocratização. Sua finalidade é contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do país mediante a melhoria contínua da gestão (GESPÚBLICA, 2009). O Programa dispõe de consolidado conhecimento sobre gestão pública, construído a partir de modelos nacionais e internacionais de avaliação da gestão e dos fundamentos constituintes da natureza pública de nossos órgãos e entidades ao mesmo tempo em que orienta os cidadãos e os agentes públicos para o exercício 70 prático de uma administração participativa, transparente, orientada para resultados e voltada para responder às demandas sociais (GESPÚBLICA, 2011). No âmbito do Governo Federal, a Secretaria de Gestão (Seges), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) tem, além de outras, a competência de imprimir à gestão pública um cunho empreendedor, orientado para resultados e que atenda às demandas da sociedade quanto aos serviços prestados pelas organizações públicas. Nesse contexto a Seges orienta e desenvolve junto às organizações públicas ações direcionadas a atender as expectativas dos cidadãos, e segundo as diretrizes estratégicas do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), (GESPÚBLICA, 2009). A evolução da administração pública atual sinaliza que o momento é crucial para investir cada vez mais na excelência em gestão. Um dos grandes desafios é a proposição de iniciativas inovadoras que orientem a ação do Estado para resultados, tendo como foco as ações finalísticas direcionadas ao cidadão. Várias iniciativas que facilitam a vida em sociedade já foram colocadas em prática, ainda que de forma isolada, e outras estão em fase adiantada de formulação (GESPÚBLICA, 2009). Simplificar a vida do cidadão tem sido um tema de discussão forte na busca da melhoria da máquina pública, porém, ainda requer a superação de alguns desafios. São eles: Elevar o padrão dos serviços prestados aos cidadãos, aumentar a capacidade das organizações públicas para fornecerem os serviços desejados pelos cidadãos; Estimular a participação dos cidadãos no processo de melhoria do atendimento prestado pelas organizações por meio da indução ao controle social, tornar os cidadãos mais exigentes em relação aos serviços públicos a que têm direito. É imperativo mobilizar e sensibilizar as organizações públicas para a melhoria da qualidade do atendimento prestado. Verifica-se ainda, que a participação efetiva dos cidadãos na melhoria dos serviços oferecidos pelo setor público encontra-se diluída, tendo em vista alguns fatores, tais como: A ausência de eficientes e eficazes instrumentos institucionais de controle direto por parte dos cidadãos sobre os administradores públicos; 71 A falta de informações adequadas que facilitem o acesso do cidadão aos serviços públicos; O não reconhecimento do cidadão como o principal beneficiário das melhorias dos serviços públicos oferecidos. 3.7.3 A Lei Estadual (SC), nº 15.435 de 17 de Janeiro de 2011 Dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, institui a Carta Estadual de Serviços ao Cidadão e adota outras providências (PGE-SC, 2011). Seus principais artigos são: Art. 1º Os órgãos e entidades do Poder Executivo estadual observarão as seguintes diretrizes nas relações entre si e com o cidadão: I - presunção de boa-fé; II - compartilhamento de informações, nos termos da lei; III - atuação integrada e sistêmica na expedição de atestados, certidões e documentos comprobatórios de regularidade; IV - racionalização de métodos e procedimentos de controle; V - eliminação de formalidades e exigências cujo custo econômico ou social seja superior ao risco envolvido; VI - aplicação de soluções tecnológicas que visem a simplificar processos e procedimentos de atendimento ao cidadão e a propiciar melhores condições para o compartilhamento das informações; VII - utilização de linguagem simples e compreensível, evitando o uso de siglas, jargões e estrangeirismos; e VIII - articulação com outros estados, com os municípios e com a União, para a integração, racionalização, disponibilização e simplificação de serviços públicos prestados ao cidadão. Art. 11. Os órgãos e entidades do Poder Executivo estadual que prestam serviços diretamente ao cidadão, deverão elaborar e divulgar a Carta Estadual de Serviços ao Cidadão, no âmbito de sua esfera de competência. § 1º A Carta Estadual de Serviços ao Cidadão tem por objetivo informar o cidadão sobre os serviços prestados pelo órgão ou entidade, as formas de acesso a estes 72 serviços e os respectivos compromissos e padrões de qualidade de atendimento ao público. Art. 12. Os órgãos e entidades do Poder Executivo estadual deverão aplicar, periodicamente, pesquisa de satisfação junto aos usuários de seus serviços e utilizar os resultados como subsídio relevante para reorientar e ajustar os serviços prestados, em especial no que se refere ao cumprimento dos compromissos e dos padrões de qualidade de atendimento divulgados na Carta Estadual de Serviços ao Cidadão. § 1º A pesquisa de satisfação objetiva assegurar a efetiva participação do cidadão na avaliação dos serviços prestados, possibilitar a identificação de lacunas e deficiências na prestação dos serviços e identificar o nível de satisfação dos usuários com relação aos serviços prestados. § 2º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo estadual deverão divulgar, anualmente, preferencialmente na rede mundial de computadores, os resultados da avaliação de seu desempenho na prestação de serviços ao cidadão, especialmente em relação aos padrões de qualidade do atendimento fixados na Carta Estadual de Serviços ao Cidadão. Art. 13. É lícito aos órgãos referidos no art. 11 valer-se da metodologia para elaboração da Carta Estadual de Serviços ao Cidadão e do instrumento padrão de pesquisa de satisfação, colocados à disposição gratuitamente pelo Poder Executivo federal, no âmbito do Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização GesPública, instituído pelo Decreto federal nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. Art. 14. Os órgãos e entidades do Poder Executivo estadual que prestam serviços diretamente aos cidadãos deverão envidar esforços para manter estes serviços disponíveis às Centrais de Atendimento ao Cidadão de outros estados, do Distrito Federal, da União e dos municípios catarinenses. 3.7.4 O Movimento Catarinense para Excelência (MCE) Em dezembro de 2004, foi instituído o Movimento Catarinense para Excelência (MCE), entidade privada e sem fins lucrativos, fundada por 34 organizações, privadas e públicas, para promover a competitividade sistêmica de Santa Catarina por meio do incentivo à qualidade e produtividade nas organizações do Estado (MCE, 2011). 73 Uma das ações de incentivo é a realização do Prêmio Catarinense de Excelência, que procura estimular a melhoria da qualidade da gestão das organizações catarinenses, reconhecendo anualmente aquelas que se destacam pela excelência da gestão de suas práticas e respectivos resultados, promovendo, interna e externamente, a reputação de excelência dos produtos e serviços, divulgando as práticas exemplares de gestão e, consequentemente, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do povo catarinense (MCE, 2010). O conhecimento na área de avaliação, utilizando o modelo bem sucedido do Prêmio Nacional da Qualidade e de outros prêmios estaduais, aliado a um Código de Ética seguido rigorosamente pelas Bancas Examinadoras e a permanente troca de informações com as instituições congêneres no país, geram a credibilidade desejada para o Prêmio Catarinense de Excelência. 3.7.5 O Movimento Brasil Competitivo (MBC) O Movimento Brasil Competitivo foi criado em novembro de 2001 e é reconhecido como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que busca contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira, através do aumento da competitividade do país (MBC, 2011). Disponibilizar conceitos e ferramentas, mobilizar lideranças públicas e privadas e disseminar conhecimento são as formas com que o MBC busca alcançar seus resultados. Para cumprir o papel de construtor de capital social, o MBC sustenta a ética, o foco em resultado e a transparência como valores fundamentais (MBC, 2011). Sua principal meta é gerar novas lideranças, pessoas que levem para seus municípios e estados o mesmo espírito do Movimento Brasil Competitivo. Dentre outros interesses, o MBC objetiva transformar a cultura empreendedora e competitiva construída ao longo de seus nove anos em realidade para a população brasileira. Para tanto, desenvolve e fomenta o nível de comprometimento assumido pelos envolvidos com a questão da competitividade como ferramenta de desenvolvimento do país. Na área da gestão pública, administração municipal, o Prêmio Prefeito Inovador (PPI) por exemplo, encerrou o ciclo 2010 com 102 (cento e duas) prefeituras inscritas, 74 ultrapassando a meta inicial e praticamente triplicando o número de prefeituras participantes com relação ao ciclo anterior. Desse total, 21 (vinte uma) foram selecionadas por seus projetos inovadores (MBC, 2010). 3.7.5.1 O Programa Modernizando a Gestão Pública (PMGP) O PMGP foi criado pelo MBC em 2005. É uma iniciativa que tem como objetivo a melhoria da gestão dos serviços públicos e obtenção de ganhos significativos em termos de competitividade e eficiência. O trabalho é executado pela administração pública com o apoio metodológico do MBC. O Programa auxilia governos e prefeituras parceiras a aumentar a capacidade de investimento por meio de ações como treinamento do corpo gerencial e dos empregados. Seus principais objetivos são o aumento da receita, a redução dos gastos correntes e a melhoria de índices em áreas como Saúde, Educação, Segurança Pública e Meio Ambiente (MBC, 2011). 3.7.6 A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) A FNQ é uma entidade privada e sem fins lucrativos que foi criada em outubro de 1991 por representantes de 39 organizações brasileiras dos setores público e privado. Sua principal função era administrar o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) e as atividades decorrentes do processo de premiação em todo o território nacional, bem como fazer a representação institucional externa do PNQ nos fóruns internacionais (FNQ, 2011). Em 2004, ao completar 13 ciclos de premiação, a até então chamada de Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) havia cumprido seu papel inicial, voltado ao estabelecimento do PNQ, seguindo as melhores práticas internacionais. Em 2005, a FPNQ lançou projeto a fim de se tornar um dos principais centros mundiais de estudo, debate e irradiação de conhecimento sobre Excelência em Gestão. Nesse sentido, passou a se chamar FNQ - Fundação Nacional da Qualidade, nomenclatura que mantém até hoje (FNQ, 2011). 75 3.7.7 Organização Internacional para Padronização (ISO 9000) A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão (ISO, 2011). A sigla "ISO" refere-se à International Organization for Standardization, organização não governamental fundada em 1947, em Genebra (Suiça), e hoje presente em cerca de 162 países. A sua função é a de promover a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade dos mesmos seja permanentemente melhorada. Esta família de normas estabelece requisitos que auxiliam a melhoria dos processos internos, a maior capacitação dos empregados, o monitoramento do ambiente de trabalho, a verificação da satisfação dos clientes/consumidores, empregados e fornecedores, num processo contínuo de melhoria do sistema de gestão da qualidade. Aplicam-se a campos tão distintos quanto a materiais, produtos, processos e serviços. A adoção das normas ISO é vantajosa para as organizações uma vez que lhes confere maior organização, produtividade e credibilidade, elementos facilmente identificáveis pelos clientes/consumidores, aumentando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional. Os processos organizacionais necessitam ser verificados através de auditorias externas independentes (WIKIPEDIA-PT, 2011). 3.7.7.1 Critérios para a normatização As normas foram elaboradas por meio de um consenso internacional acerca das práticas que uma empresa deve tomar a fim de atender plenamente os requisitos de qualidade total. A ISO 9000 não fixa metas a serem atingidas pelas organizações a serem certificadas; as próprias organizações é quem estabelecem essas metas. Uma organização deve seguir alguns passos e atender a alguns requisitos para serem certificadas. Dentre esses se podem citar: Padronização de todos os processos-chave da organização, processos que afetam o produto e conseqüentemente o cliente/consumidor; 76 Monitoramento e medição dos processos de fabricação para assegurar a qualidade do produto/serviço, através de indicadores de performance e desvios; Implementar e manter os registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade do processo; Inspeção de qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessário; Revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade para garantir sua eficácia. Nota-se que um "produto", no vocabulário da ISO, pode significar um objeto físico, ou serviço, ou software (WIKIPEDIA-PT, 2011). Com estes dados e informações fecha-se o capítulo da fundamentação teórica e abre-se espaço para apresentação dos métodos utilizados nessa pesquisa. 77 4 METODOLOGIA DA PESQUISA O desenvolvimento de um trabalho de investigação científica exige a aplicação de uma metodologia. É preciso construir então, um projeto de pesquisa para examinar o fenômeno que será observado. Para essa finalidade, torna-se necessário organizar e detalhar os procedimentos que serão utilizados na investigação pretendida. O método científico, por sua vez, pressupõe a forma clara e precisa de como se deve realizar uma pesquisa. Uma metodologia bem aplicada e clara é fundamental para que as ideias sejam organizadas e sistematizadas de modo a observar e tratar os fatos e dados estatísticos com maior acurácia. No âmbito de um trabalho desse porte é preciso fazer a pergunta certa ao se buscar uma explicação convincente para o fenômeno estudado. Nesse contexto foi realizada uma pesquisa básica, qualitativa, exploratória e descritiva que se desenvolveu por meio da observação de literatura relacionada ao tema de Administração de Recursos Humanos. A figura 9 sintetiza e justifica os métodos empregados nessa pesquisa. Pesquisa Básica Objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais (MARTINS, 1994). Pesquisa Exploratória Pesquisa Descritiva Proporciona maior familiaridade com o problema. Objetivo principal: descoberta de Instituições e aprimoramento de ideias. Como principal método de coleta de dados surge o levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas envolvidas no problema de pesquisa (GIL, 2002) Descrição de características de um determinado grupo ou população. Técnicas padronizadas de coleta de dados (GIL, 2002). O autor (2002, p. 42) relata ainda que: “as pesquisas descritivas em conjunto com as exploratórias são as que habitualmente realizam os pesquisadores preocupados com a atuação prática”. Pesquisa Qualitativa Associada ao caráter descritivo. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social: trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação (NEVES apud MAANEN, 1979). Figura 9: Síntese dos Métodos Empregados na Pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor, 2011 78 A população foi selecionada por conveniência (amostra não probabilística) e a coleta de dados ocorreu por entrevista semiestruturada (vide apêndice). O referido roteiro de entrevista semiestruturada foi elaborado pelo autor em conjunto com a orientadora, buscando associar os fatores motivacionais com o comprometimento e com a excelência no atendimento ao consumidor. Com base nos procedimentos técnicos conhecidos, foi utilizado para essa pesquisa como principal ferramenta metodológica o “Estudo de Caso” que é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências sociais. Consiste no estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos objetivos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2002). De acordo com as ideias de Yin (2001) é relevante que se possa utilizar o maior número de fontes de coleta de evidências, pois isso aumentará substancialmente a qualidade da pesquisa. Dentre as técnicas de coleta de dados, foram utilizadas: a) Documentação Indireta: abrange a pesquisa documental e bibliográfica: Documental: documentos administrativos, propostas, relatórios de aperfeiçoamento e outros documentos internos. Exceto para os estudos que investigam sociedades que não dominavam a arte da escrita, é provável que as informações documentais sejam relevantes a todos os tópicos do estudo de caso. Este tipo de informação pode assumir muitas formas e deve ser objeto de planos explícitos da coleta de dados (YIN, 2001, p. 107). Bibliográfica: livros, dicionários, enciclopédias, jornais e revistas (periódicos) assim como impressos diversos. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (GIL 2002, P. 44). Tele matizada: se refere às fontes ora mencionadas, oriundas da internet e intranet. b) Documentação Direta: aplicação de entrevista semiestruturada (apêndice) com questões abertas, participante. direcionado aos Atendentes Comerciais e observação 79 Entrevista semiestruturada: uma das mais importantes fontes de informações para um estudo de caso. Pode-se ficar surpreso com essa conclusão por causa da associação usual que se faz entre as entrevistas e o método de levantamento de dados, porém é essencial para um estudo de caso que haja entrevistas. Vale lembrar que este método de coleta de evidências tende a buscar melhores resultados quando utilizado de forma espontânea, favorecendo a qualidade das informações, corroborando a importância do método (YIN, 2001). Observação Participante: é uma modalidade especial de observação na qual você não é apenas observador passivo. Sendo assim, pesquisador e pesquisado estão inteiramente envolvidos (idem, 2001). Para finalizar, foi utilizada na análise dos dados a “análise de conteúdo”. É uma técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda a classe de documentos, onde analisados adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social de outro modo inacessíveis (OLABUENAGA; ISPIZÚA, 1989). Através da figura 10, apresenta-se a evolução das etapas do estudo, que puderam levar a esse relatório de intervenção da realidade investigada, assim como uma síntese de cada etapa: ETAPA 1 ETAPA 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS ETAPA 4 ETAPA 3 COLETA DE DADOS; APRESENTAÇÃO DOS DADOS LITERATURA; ESTUDO DE CASO ETAPA 5 ETAPA 6 ANÁLISE DOS DADOS; SUGESTÕES DE MELHORIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Figura 10: Etapas de Elaboração e Conclusão da Pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor, 2011 Etapa 1: consistiu-se na identificação do problema relacionado aos fatores motivacionais que são agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. 80 Etapa 2: reserva-se ao eixo central da pesquisa buscando através do objetivo geral e dos objetivos específicos direcionar o estudo. Etapa 3: por meio documental, buscou-se na literatura os conhecimentos fundamentais e necessários para a realização do estudo e toda a informação documental e/ou registros que a empresa pode fornecer. Nessa etapa foram utilizados livros, artigos científicos, monografias, dissertações, documentos de sites de órgãos e entidades do setor elétrico brasileiro, relatórios de diretoria e até jornais da Empresa. Etapa 4: foi utilizado como instrumento de coleta de dados para o estudo de caso, uma entrevista semiestruturada com 14 (quatorze) perguntas, inclusive as 2 (duas) últimas perguntas dessa entrevista surgiram espontaneamente, com intuito de complementá-la, além da observação participante que através da interação do pesquisador e pesquisado, pode alternar entre teoria e prática. Etapa 5: a partir das entrevistas foi elaborada uma legenda com valores capazes de representar a interação das respostas com o tema, conciliando por sua vez com os objetivos dessa pesquisa. Nesse sentido de acordo com o manual de metodologia de estágio vigente, fica o pesquisador possibilitado a propor melhorias. Etapa 6: nas considerações finais ocorre o desfecho da pesquisa, além de serem apresentadas outras informações relevantes. 4.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA No que se refere à delimitação, este estudo foi realizado na Celesc Distribuição S.A., mais precisamente na Loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol. Deve-se ressaltar que a Empresa possui inúmeras lojas de atendimento espalhadas pelo estado, porém o estudo considerou os dados coletados apenas na Loja Kobrasol, o que não significa que a pesquisa não possa ser generalizada às demais Lojas de Atendimento, pois existe grande semelhança nas características estruturais, normativas e de atendimento que facilitam o método dedutivo, isto é, de generalização. 81 5 RESULTADOS DA PESQUISA A seguir, nesse capítulo apresentam-se os resultados encontrados com a coleta de dados assim como sua análise subsidiando a apresentação das sugestões de melhorias. 5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS E DAS INFORMAÇÕES A partir da observação participante, da análise de conteúdo, da entrevista semiestruturada e ainda com base na fundamentação teórica, serão analisadas as falas dos Atendentes Comerciais (ATC’s) a respeito da motivação, das condições de trabalho, do comprometimento e da excelência. É importante frisar que o objetivo geral da pesquisa é analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais visando a excelência no atendimento ao consumidor. Nesse sentido, visto que os fatores motivacionais estão diretamente ligados com a motivação, com as condições de trabalho, comprometimento e excelência, buscou- se conhecer dos ATC’s, seus conhecimentos frente a estes temas, o que a Empresa promove nas suas opiniões e o que é praticado pelos próprios ATC’s para contribuir no seu comprometimento e por consequência no atendimento com excelência. Cabe também ressaltar que na coleta de dados através das entrevistas (semiestruturadas) precisou-se descontrair o ambiente, pois os mesmos foram entrevistados em horário de trabalho, porém em outra sala. As entrevistas duraram cerca de 20 a 50 minutos e ocorreram todas no mesmo dia (período matutino e vespertino) sendo realizadas no segundo semestre de 2011. Foi interessante perceber pelos ATC’s (entrevistados) a curiosidade pela finalidade dessa pesquisa; preocupação de alguns entrevistados com o anonimato assim como o entusiasmo pela oportunidade de um espaço disponível não para ouvir reclamações ou resolver problemas (atribuições predominantes do ATC), mas sim de 82 um espaço exclusivo para relatar os desafios dessa profissão e problemas com a empresa frente aos temas mencionados no primeiro parágrafo. Nota-se que algumas falas não precisaram ser citadas na pesquisa para não ficar repetitivo. Quando desse acontecimento aparecer, considere como relato já contemplado em outra fala, não necessariamente com as mesmas palavras, porém com o mesmo sentido. Portanto como esclarecido no segundo parágrafo deste item, os temas analisados nessa pesquisa estão diretamente ligados entre si, sendo natural que haja algumas repetições. Ainda em relação a realização da entrevista, a partir do clima de descontração, cabe ressaltar que o roteiro de entrevista semiestruturada sofreu alteração, sendo acrescida de mais 2 (duas) perguntas, culminando nos últimos 2 (dois) apontamentos desta seção. A seguir serão apresentadas e analisadas as falas dos ATC’s, sob a identificação de entrevistado “(E)”, levando em conta que a pesquisa contou com a participação de 9 (nove) ATC’s, entre eles, 1 (um) desempenha o papel de gerente. Entendimento dos Atendentes Comerciais (ATC’s) sobre a Motivação. Atualmente as empresas vêm se empenhando para propiciar o aspecto motivacional de seus empregados. Esta visão reflete a importância desse fator para alcançar o comprometimento e a excelência, importantes para o resultado de uma organização de serviços. Quando se buscou saber qual o entendimento de motivação para os ATC’s, verificou-se que quatro dos atendentes (E2, E3, E4, E5), relacionam o aspecto motivacional ao comprometimento com o resultado, destacado na fala do E4 “[...] Motivação é o combustível que te impulsiona a chegar nesse resultado [...]” De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010 p. 196) “É o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinada meta”. Percebe-se, no entanto, que a questão emocional (dos sentimentos, princípios e valores particulares) está presente em todas as falas. A exceção são os E1 e E5, pois o 83 primeiro se absteve e o segundo atrelou a motivação à remuneração, refletindo uma visão de homo economicus. Para Chiavenato (2004) o homo economicus é percebido quando o homem é motivado somente pela busca do dinheiro e pelas recompensas salariais e materiais do trabalho. Três dos entrevistados (E3, E7 e E8) relacionam a motivação com a chefia, e os (E6 e E8) com a gestão da empresa no ambiente de trabalho. Como exemplo desse levantamento, destaca-se a fala do E7 “[...] O ideal é conciliar ambos: a vontade prórpia com o respeito e estímulo do chefe” e do E6 respectivamente “[...] É ser estimulado pela empresa [...]”. De acordo com as ideias de Robbins, Judge e Sobral (2010), sendo a motivação um processo interno inerente a cada indivíduo, não há como motivar uma pessoa. Os motivos para a ação têm de vir dela mesmo. O que o líder deve procurar fazer, é provocar ou estimular a motivação nas pessoas sob sua responsabilidade. Neste caso pode-se verificar que há certa ciência de que a motivação tem o vetor intrínseco, porém percebe-se que está muito atrelada aos fatores extrínsecos. Talvez os ATC’s já se sintam satisfeitos, particularmente motivados, mas sentem dificuldade de estímulo por parte da empresa. As ações da Empresa que promovem a motivação dos ATC’s. As necessidades humanas, as chamadas forças impulsionadoras, determinam a motivação. A influência dessas necessidades varia de pessoa para pessoa e geram comportamentos diferenciados. Uma mesma pessoa pode apresentar variações de suas necessidades e valores no decorrer do tempo. Em consonância às ideias de Bergamini (1994) e Chiavenato (2000), isso ocorre porque o que leva uma pessoa a agir de uma determinada forma, não necessariamente tenha o mesmo valor, a mesma importância para outra pessoa. Sendo assim o que motiva um indivíduo pode não ter o mesmo efeito em outro. Para Bergamini (1994) a motivação nasce das necessidades humanas e não das coisas que satisfazem essas necessidades. Entende, portanto, que ninguém pode 84 jamais motivar ninguém, pois não se tem condições de colocar necessidades em quem quer que seja. Percebe-se, no entanto a complexidade da área de RH, que deve buscar conhecer seus empregados, para que suas ações de estímulo sejam bem aceitas e possam de fato alcançar o resultado. É natural que essa complexidade aumente na mesma proporção em que aumenta o tamanho da empresa. Apenas os entrevistados E1, E8 e E9 percebem como positivo o estímulo proporcionado pela empresa. Entre os aspectos positivos que puderam ser evidenciados: a satisfatória remuneração, a pontualidade com o pagamento, os benefícios, a garantia de emprego, assim como concessão de novos uniformes e a redução (ainda em fase experimental) da jornada de trabalho de 8 para 6 horas. O E9 atribui o estímulo da empresa aos próprios empregados e ATC’s por crer que a empresa já fornece os subsídios necessários para se trabalhar adequadamente. De acordo com as ideias de Fleury (2002), quando estudamos uma organização, devemos levar em consideração que todo participante ou grupo de participantes recebe incentivos (recompensas) em troca das contribuições, e que o nível de participação só é mantido enquanto os incentivos oferecidos forem satisfatórios em relação às contribuições exigidas. Os Entrevistados ora mencionados demonstram estar satisfeitos com os estímulos promovidos pela empresa. Isso é resultado do processo de compensação e valorização dos empregados e ATC’s. Os E2, E3, E4, E6 e E7 sentem-se pouco estimulados pela empresa. O E2 comentou: “[...] A empresa estimula pouco, percebe-se a falta de valorização desse setor quando as melhorias não ocorrem [...]”. Os exemplos de pouco estímulo apresentados pelos entrevistados são: a recepção e seu mobiliário muito desgastados, a área de apoio (staff) do atendimento que é pouco acessível. Vale lembrar que esta área é acessada apenas por telefone, em alguns casos para quem utiliza “chat” o canal de acesso aumenta, porém essa tecnologia é pouco utilizada, talvez pela resistência a novas tecnologias em virtude de o quadro funcional dispor de empregados com maior faixa etária como apresentado no quadro 4 (p. 29). 85 Ainda tratando dos aspectos negativos foi percebida a baixa frequência de treinamento que causa inclusive insegurança por parte de alguns ATC’s. A dificuldade de proatividade da área de apoio (staff) também foi levantada como fator relevante para estimular os atendentes comerciais, o E3 relata de forma consciente que este fator também é muito particular e não depende apenas da empresa (estímulo) e sim dos próprios empregados da área de apoio que devem buscar empatia nos colegas de trabalho que precisam de seu suporte. Nota-se a partir do E3 que os empregados da área de apoio precisam receber feedback, tanto para poderem melhorar seu aspecto motivacional quanto para entender sua importância no processo de atendimento ao consumidor, neste caso, em forma de apoio aos ATC’s. Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 252), sugerem algumas ações para despertar a motivação das pessoas: entre elas está o feedback. Concebido como ação que pode provocar, ou melhor, estimular, a motivação nas pessoas, sendo uma ferramenta importante colocada à disposição do líder, podendo oferecer resultados surpreendentes. No processo de aplicação, a avaliação de desempenho, que é realizada em algumas organizações, tanto pelo supervisor de área e pelo gestor do RH, quanto pelo empregado viabiliza o referido feedback, onde o empregado terá uma avaliação do seu superior sobre o seu desempenho no trabalho, bem como poderá fazer o mesmo com o seu chefe (PEREIRA, 2008). Continuando, a questão da premiação por resultados atingidos, caracteriza um estímulo por parte da empresa na visão do E4, ele ainda salienta que a empresa deve enaltecer a possibilidade de elogio e não apenas “reclamações”, sugere inclusive que nas mesas de atendimento pudesse haver um mecanismo que mensurasse o atendimento logo após o término do mesmo. As pessoas têm necessidade não somente de uma boa remuneração, mas também de elogios, de serem lembradas, notadas. E este é um papel fundamental do gestor, não apenas chamar a atenção quando saiu algo errado, mas principalmente parabenizar o funcionário quando realizou algo bom (CHIAVENATO, 1999). Nesse sentido possibilitar, favorecer um elogio de um consumidor, certamente alcançará bons índices de motivação/estímulo. 86 Apesar do processo de provisão de quadro efetivo somente ocorrer mediante concurso público, assim como rege a CRFB de 1988, existe uma cultura na empresa ao qual representa orgulho para os Pais (empregados efetivos) quando seus filhos possam sucedê-los. Os filhos por sua vez, em alguns casos, são educados e envolvidos com a empresa através de projetos sociais, estágios, eventos informais entre outros. Nesse sentido o E5 (filho de celesquiano7) não se sente estimulado pela empresa e busca na figura de seu pai a inspiração para manter-se motivado. Para tanto, é necessário que as empresas conheçam e definam uma cultura organizacional. Formular ideologias claras e bem documentadas é crucial para o comprometimento (DESSLER, 1996). Nesse trecho evidencia-se a importância da construção de valores e do conhecimento dos mesmos por todos os empregados, para que possam ser utilizados em favor da organização e dos empregados, assim como para atingir o resultado. Ações dos ATC’s que demonstram estarem ou não motivados O E1 relata que um bom relacionamento interpessoal, tanto com os colegas de trabalho quanto com a gerência é importante para motivá-los, pois o ambiente de trabalho estando em harmonia o trabalho tende a fluir. De acordo com as teorias de Maslow e Alderfer, as pessoas tem necessidade de relacionamento interpessoal, de sociabilidade. Essa necessidade quando satisfeita gera motivação. Os E2, E3, E4, E6 e E8 demonstram compromisso com a satisfação do consumidor, esse fator representa motivação para eles. Como exemplo deste compromisso pode-se citar a fala do E3 “[...] Eu me motivo quando meu trabalho é 10, ou seja, quando o consumidor sai satisfeito [...]”. O E4 citou a expressão “excelência” o que demonstra seu entendimento frente a esta tendência e/ou a esta exigência atual de excelência no atendimento ao consumidor. 7 Celesquiano é a denominação dada aos empregados da Celesc, como se fosse uma família. 87 Qualidade e excelência no atendimento é deixar o consumidor à vontade para decidir e, ao mesmo tempo, dar toda a assistência. Conversar com o consumidor antes de fechar negócio torna-se tarefa indispensável para atender às suas necessidades (MOLLER, 1992). O mesmo entrevistado relata que se motiva trabalhando com público, e que de sua carreira na empresa os últimos anos dedicados ao atendimento ao consumidor, são, os mais prazerosos. Esta fala remete ao pensamento que de certa forma precisase ter perfil para trabalhar com público e que também não menos importante, que fazer algo pelo próximo e sentir-se responsável pela solução de um problema satisfaz o ATC. Para prestar um bom atendimento aos consumidores cada empregado deve, além da aptidão pessoal, desenvolver técnicas de motivação, percepção e comunicação que, uma vez aprendidas, devem ser permanentemente exercitadas e periodicamente recicladas (CLARKE, 2001). Praticamente todos os entrevistados mencionaram que a empatia é a chave para um bom atendimento, isso demonstra que configura como perfil de ATC ser responsável e consciente de sua importância frente à sociedade (os consumidores) e frente à imagem da empresa, características estas passíveis de viabilizar um atendimento com excelência como objetiva esta pesquisa analisar. Cativar cada consumidor e superar suas expectativas faz parte de uma estratégia do atendimento personalizado, que é garantia de retorno à imagem da empresa. Personalizar o atendimento é criar valor ao consumidor, mostrando o quanto ele é importante à empresa (MOLLER, 1992). O entrevistado E9 reforça que a motivação é um fator intrínseco “Simplesmente eu aprendi a gostar do que faço, e isso me motiva, pois quando eu gosto do que faço, consigo fazer bem feito”. Para o entrevistado os desafios pessoais são motivadores, a exemplo do mesmo foi citado a timidez no qual no atendimento ao público pode aperfeiçoar. A motivação tem fundamental importância no desempenho funcional dos empregados. Uma pessoa motivada consegue envolver a todos que estão a sua volta para que sejam atingidas as metas da empresa (LEITE, 2000). 88 Entendimento dos ATC’s sobre Comprometimento. Devido à globalização, e a busca incessante pela eficiência, cada vez mais é necessário que os funcionários de uma determinada organização estejam totalmente envolvidos com o processo produtivo. Segundo Ferreira (1999), comprometer significa dar como garantia, arriscar, ou seja, assumir responsabilidade. Os entrevistados E2, E3, E4, e E7 demonstram em suas falas a noção de que comprometimento é ser assíduo e procurar ser pontual no serviço. Em consonância a estas falas, o E8 e E9 reforçam em outras palavras de que comprometimento é dedicarse exclusivamente a empresa durante o horário de expediente e não deixar-se abstrair com assuntos particulares, para E9 “Um sinal de comprometimento para mim é o empregado dedicar-se durante o expediente à empresa e não usar o tempo de trabalho para benefício próprio”. Novamente a preocupação com a satisfação dos consumidores reflete-se em ações de comprometimento. Para os entrevistados E1, E3, E4, E5, E6, E7 e E8 a satisfação dos consumidores ocorre por meio do comprometimento, da proatividade, assim como na fala do E2 “A equipe toda pegar junto, sem fazer corpo mole”, do trabalho em equipe, do respeito à hierarquia, aos colegas de trabalho e consumidores, realizar seu trabalho de forma eficaz, ou seja, E3 “É estar preparado e realizar um atendimento 10”. O E3 enaltece que é necessário haver valorização dos ATC’s e de todo corpo funcional da empresa não apenas por questões de política e sim por meritocracia. Os E1, E3, E4, E7, E8 e E9 demonstram em suas falas a responsabilidade com o resultado da empresa e com a imagem da mesma. Para E4 “É agregar valores e atingir os objetivos da empresa”. Gerir através do comprometimento significa obter o envolvimento de todas as pessoas que atuam na organização para a busca dos objetivos organizacionais (GOMES, 1994). 89 Ações dos ATC’s que demonstram estar ou não comprometidos. Nessa pergunta da entrevista pode-se reforçar de fato que há entendimento por parte dos ATC’s do significado de “comprometimento”. Consideram-se algumas falas: Para o E1 “[...] Procuro não faltar, chegar no horário, não me ausentar do local de trabalho. Sigo as normas da empresa”, o E6 complementa “[...] É não faltando, é tendo disciplina no uso dos uniformes, não chegando atrasado, respeito à hierarquia”. A parceria entre empresa e empregado é imprescindível, levando-se em consideração o respeito mútuo, os anseios desses empregados e a motivação recíproca. Isso contribuirá para o sucesso da organização (ROBBINS; JUDGE e SOBRAL, 2010). O E2, no entanto, ressalta insatisfação no que se refere a autonomia despendida aos ATC’s, há inclusive conflito entre alguns funcionários no tocante a esta questão, “Pelas ferramentas que a empresa me concede, tento fazer o possível para prestar um bom atendimento, porém existe dificuldade de autonomia, ou seja, alguns atendentes tem “perfil (modelo de autonomia)” variado, então uns conseguem realizar uma atividade e outros não”. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 240), “[...] Se envolvermos os empregados nas decisões que lhes dizem respeito e aumentarmos sua autonomia e seu controle sobre o próprio trabalho, eles se tornarão mais motivados, comprometidos, produtivos e mais satisfeitos com o emprego”. O E4 traz em sua fala duas questões relevantes para a pesquisa: Na primeira é revelada a preocupação com o erro, mostrando que há um alto grau de responsabilidade das atividades dos ATC’s, e a outra questão é o envolvimento com empresa e que deflagra a importância da gestão participativa, que mesmo às vezes não sendo propiciada, muito depende da iniciativa dos envolvidos (empregados). Conforme descreve o E4 “[...] há tempos atrás tivemos problema com o pessoal da limpeza e eu na função de empregado percebi que a limpeza não vinha sendo feita a contento, deixando nossa loja não tão limpa e com má imagem. Acionei a diretoria alegando gasto desnecessário e serviço mal prestado pela empreiteira responsável pela limpeza. No outro dia fomos visitados pelas gerencias regionais da empresa e da empreiteira”. 90 A forma de trabalhar está em evolução, sendo que hoje as empresas necessitam de pessoas que não mais trabalhem com o chefe do lado, com o supervisor cobrando resultados, mas, sim, que assumam responsabilidades. As pessoas precisam ter iniciativa em suas atividades. As tarefas realizadas hoje precisam ser realizadas mais rapidamente do que ontem, e isso requer boa vontade, inteligência, habilidade e conhecimento. A iniciativa e inovação são indispensáveis (DESSLER, 1996). A questão legalista e normativa da empresa também aparece como sinal marcante do E7, essa fala evidencia que precisa haver disciplina e normatização no trabalho. As ações da Empresa que viabilizam o comprometimento dos ATC’s. O E3 demonstra-se abalado em relação ao comprometimento, é alegado por ele, falta de credibilidade nos empregados pelos gerentes e empresa, mais especificamente nos ATC’s. Essa insatisfação refere-se à autonomia de perfil já citada também como aspecto negativo na fala do E2 no item: ações dos ATC’s que demonstram estarem ou não comprometidos. O perfil frisado pelo E3 quer dizer que os ATC’s estão organizados no mesmo nível hierárquico, porém apenas “alguns” ATC’s mesmo não ocupando cargo de chefia (confiança), acabam por ter um “perfil” diferenciado (mais autonomia), fazendo com que outros ATC’s que não dispunham deste perfil diferenciado fiquem limitados na solução de alguns problemas, causando por consequência abalo no comprometimento. De acordo com as ideias de Clarke (2001) as empresas precisam assegurar aos empregados, ferramentas necessárias e apoio suficiente para fornecer um serviço de atendimento qualificado ao consumidor. O E3 realça este incômodo de pouca credibilidade por parte da empresa com a insatisfação pelo excesso de burocracia e formalização que existe nesse setor (Loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol), isto é, para muitos atendimentos o ATC precisa arquivar inúmeros documentos em seu porta-documentos com intuito de se preservar em auditorias internas e preservar a empresa em auditorias externas (pela reguladora ANEEL entre outros). 91 Os E1, E2, E6 e E7 apontam como aspecto negativo por parte da empresa a questão sobre o T&D (treinamento e desenvolvimento). Os mesmos apresentam em suas falas, certa conscientização e talvez conformismo em relação às dificuldades naturais do próprio setor de atendimento ao público, ou seja, de que não podem se ausentar, pois não há substitutos, e a demanda de trabalho nas lojas é sempre muito grande. Apesar do exposto os entrevistados mencionados foram unânimes em ressaltar que apesar das dificuldades, sentem muito a falta de treinamento e relacionam este fator ao nível de comprometimento com a empresa e com o resultado. Os mesmos sentem-se estagnados quanto ao desenvolvimento de suas carreiras. Na visão de Gonçalves (2005), capacitar a linha de frente é treinamento estratégico de alto nível. É estratégico porque atua diretamente com os profissionais que interagem com os consumidores e é de alto nível porque gera altos níveis de produtividade e motivação nesses profissionais, além de alto nível de satisfação nas pessoas que recebem o atendimento. A questão da insatisfação com a área de apoio (staff) é retomada nas falas do E4 e E8. Os mesmos detalham essa abordam e apontam dois problemas: o primeiro refere-se a ausência de apoio da “regional” na hora do almoço. Vale lembrar que o expediente nas lojas de atendimento ocorre das 08h30min às 16h30min, porém na Agência onde se situa a área de apoio (staff), são elas: arrecadação, faturamento, tesouraria, secretaria, área técnica, assessorias etc., há parada para o almoço que ocorre entre 11h30min as 13h30min, indicando por sua vez, ausência temporária de 2 horas. A segunda refere-se à dificuldade de acesso a essa área de apoio, mesmo durante o período em que os mesmos deveriam estar disponíveis. Nesse caso pode-se concluir que são grandes os desafios dessa área, que tão importante é na visão dos ATC’s, entre eles: O acesso á essa área ocorre praticamente e somente por telefone, pois os recursos de chat e/ou mensagem via servidor próprio são pouco utilizadas. Vale lembrar que o número de empregados que atuam nessas áreas de apoio (staff) é insuficiente, causando também sobrecargas, dificultando a disponibilidade para suporte. De acordo com as ideias de Martins (2008) o suporte do supervisor e/ou da área de apoio (staff) se refere às condições de trabalho e que precisam ser satisfeitas para gerar motivação e comprometimento dos empregados. 92 O E7 chama a atenção da empresa para a questão da distância do corpo gerencial, tanto dos níveis táticos quanto estratégicos. Em outras palavras, argumenta que essa distância em relação às lojas de atendimento (nível operacional) diminui a socialização. Por sua vez as normas, processos e objetivos que poderiam ser reforçados ou revisados a partir dessas visitas, acabam por ficar fragmentados, dificultando a chegada ao resultado. Essa necessidade de socialização, espécie de acompanhamento levantada pelo E7 quando não satisfeita gera desmotivação. A seguir, aparece trecho da fala que baliza o que fora mencionado: “[...] Não percebo valorização da empresa, as chefias mal nos visitam”. Novamente a dificuldade de disponibilidade da área de apoio (staff) assim como o desafio dos níveis gerenciais e estratégicos de poder acompanhar as rotinas de trabalho do nível operacional como relatado pelo E7 gera desmotivação. Essas duas dificuldades podem ser associadas ao subsistema de RH: “Aplicação”, cujo principal objetivo é tratar de realizar avaliações de desempenho e acompanhar o andamento das tarefas de seus empregados, aferir se está havendo evolução, se há necessidade de treinamento (CHIAVENATO, 1999). Entendimento dos ATC’s sobre excelência no atendimento ao consumidor. Para Gonçalves (2005), excelência no atendimento é fundamental. Não adianta focar, apenas, nos produtos e na propaganda, pois a realidade só é percebida no momento em que se interage com as pessoas que trabalham nas empresas, atendendo ou não às necessidades e expectativas dos consumidores. Os entrevistados foram unânimes quando se reportaram ao seu entendimento frente ao tema “Excelência”. Todas as falas convergem para a preocupação com a satisfação do consumidor. Destaca-se a fala do E4 “Excelência é o empregado conseguir realizar sua atribuição, mesmo que com limitações da melhor maneira possível, desde a precisão do atendimento, do retorno. [...] É atender com cordialidade, segurança, saber o que está fazendo [...].”, do E7 “Excelência é se colocar no lugar do consumidor com respeito, educação, ouvir o consumidor e ter o conhecimento para poder dar o retorno.” 93 O atendimento a consumidores envolve todas as atividades da empresa e seus funcionários para satisfazê-los. Isso significa mais que atender reclamações, providenciar reembolsos ou trocas nas devoluções ou sorrir para os consumidores. O atendimento a consumidores também significa sair em sua busca, fazendo todo o possível para satisfazê-los e tomando decisões que os beneficiem, mesmo à custa da empresa (GERSON, 1999). O E1 traz em sua fala aspectos interessantes, alega que a excelência não se resume apenas no atendimento propriamente dito, ressalta uma espécie de preocupação acessória, ou seja, de que a excelência também está atrelada aos fatores do ambiente organizacional e de como a empresa investe na estrutura do seu atendimento, que vai desde mobiliário a materiais de escritório. Diante dessa colocação pode-se concluir que o atendimento ao consumidor é mais amplo do que se imagina. Para o E1 “[...] É ser bem recebido (recepcionado) com boas cadeiras, um bom cheiro no ambiente. Em suma é ser bem tratado”. Excelência no atendimento ao consumidor requer empatia para os E3 e E7. O E3 diz: “[...] utilizar a empatia [...]”, já o E7 alega que excelência “É se colocar no lugar do consumidor [...]”. Cativar cada consumidor e superar suas expectativas faz parte de uma estratégia do atendimento personalizado, que é garantia de retorno à imagem da empresa. Através de práticas como estas, as empresas transformam o consumidor regular em um fiel aliado. Personalizar o atendimento é criar valor ao consumidor, mostrando o quanto ele é importante à empresa (MOLLER, 1992). Associada a essa ideia aparece a fala do E9: “[...]. A excelência faz você agir sob o aspecto humano [...]” isso demonstra que a excelência para ser atingida permeia o aspecto emocional, porém na fala do mesmo entrevistado percebe-se também a presença do aspecto racional “É manter o equilíbrio entre o que é legal e moral [...]”. É necessário que as empresas conheçam e definam uma cultura organizacional. Formular ideologias claras e bem documentadas é crucial para o comprometimento. Esse fator reflete na satisfação dos consumidores (DESSLER, 1996). 94 As ações da Empresa que promovem a excelência no atendimento ao consumidor. Para o E2 o fato de prometer ao consumidor um prazo, combinado entre o ATC (linha de frente) e o executor (fiscal de campo) e não cumprir, implica em não atingir a excelência. A questão motivacional do ATC fica abalada, pois acaba absorvendo a insatisfação do consumidor por algo que não lhe compete diretamente. Isso afeta também a imagem do ATC que é o representante da empresa. Conforme E2 “[...] Prometemos para o consumidor às vezes determinado prazo e não cumprimos. Nesse caso o consumidor atribui à nossa responsabilidade [...]”. O E2 assim como o E4 e E7 alegam em sua fala, que o setor, a Loja de Atendimento ao Público do bairro Kobrasol sofre com falta de valorização e reconhecimento. Desse modo o E4 e o E7, respectivamente, comentam que “A empresa não tem dado respaldo suficiente, ela procura fornecer apenas o básico [...]”; “A empresa não valoriza o setor de atendimento ao público. Deveria haver mais envolvimento da empresa [...]”. As falas do E4 e E6 reforçam novamente algumas respostas já concedidas para outros questionamentos. Conforme o E4 “[...] Não há padronização nos atendimentos, deveria haver treinamentos para isso”.e para o E6 “A área de apoio (staff) não nos dá a devida atenção, este problema já é antigo e continua na mesma, temos dificuldade de acessá-los”. O E8 apresenta em sua fala a preocupação com consumidor se referindo aos prazos, principalmente os de ligação nova que apesar de a Celesc naturalmente cumprir o prazo de direito (legal) poderia ser mais ágil, porém precisaria de mais empregados para isso, uma carência do setor. Com essa visão o E8 reforça a questão da empatia. Para o E9 a empresa se esforça em viabilizar o alcance da excelência, porém falta mais empenho dos empregados, assim como dos ATC’s em utilizar essas ferramentas. Continua o entrevistado: “A empresa, na minha opinião trabalha muito para que todos atinjam a excelência. Ela viabiliza uma boa sala de trabalho, pensa na ergonomia, cabe ao empregado utilizar este empenho da empresa e produzir um trabalho bem feito”. A fala dele remete ao pensamento de que a excelência também é 95 intrínseca, chamando para si a responsabilidade de atingir a excelência no atendimento ao consumidor. Devido à globalização, e a busca incessante pela eficiência, cada vez mais é necessário que os funcionários de uma determinada organização estejam totalmente envolvidos com o processo produtivo. Segundo Ferreira (1999), comprometer significa dar como garantia, arriscar, ou seja, assumir responsabilidade. Mais uma vez a questão da meritocracia apareceu na fala do mesmo entrevistado, o E3. Ele ressalta que o corpo gerencial (líderes) praticamente não recebem qualificação nem preparação para ser líder, e que a indicação política para exercer estas funções sem às vezes haver competência, ainda está presente na empresa. Nota-se, portanto que o reconhecimento pelo trabalho bem feito é importante para a motivação, para o comprometimento e para viabilizar a excelência no atendimento ao consumidor. Assim como o nível operacional, o gerencial e estratégico também precisa ser capacitado. É lamentável que para muitos empresários, treinar e capacitar a linha de frente (funcionários que lidam diretamente com os consumidores) seja um custo e não um investimento. Contudo, é estrategicamente inteligente capacitar esses profissionais adequadamente, para que possam atender bem e superar as expectativas da clientela (GONCALVES, 2005). Ainda na fala do E3 percebe-se que há um sentimento de distância entre o nível operacional realizado pelos ATC’s (linha de frente) com os níveis táticos e estratégicos (gestores) da empresa: “[...] A empresa precisa de mais planejamento, nosso chefe (gestor) imediato precisa levar os problemas elencados por nós, não pode apenas absorvê-los e não levá-los para frente”. Portanto, verifica-se que há insatisfação por parte dos ATC’s com essa ausência. Vale ressaltar que o mesmo apontamento é reincidente, pois no item seis que se refere a comprometimento o E7 já destaca o mesmo aspecto: [...] Não percebo valorização da empresa, as chefias mal nos visitam. Ações que o ATC’s praticam para atingir a excelência no atendimento ao consumidor. 96 O E2 revela em sua fala novamente a insatisfação com a área de apoio (staff). Resume seu relato numa frase: “Ter um apoio disponível e atuante”. Percebe-se aqui que o entrevistado está satisfeito com seu empenho perante os consumidores, porém para ser completo e atingir a excelência precisa de um suporte disponível e atuante. O E3 novamente traz a tona o aspecto emocional com o qual se utiliza no atendimento ao público, ou seja, há naturalmente o desafio de se tratar com pessoas diretamente: “[...] O setor de atendimento ao público, assim como o nosso, já é desafiante por si só, pois trabalhar com público envolve muito o emocional”. Ainda a respeito da fala do E3, nota-se que há entendimento de que precisa haver união da equipe. O respeito às diferenças favorece um ambiente harmonioso que por sua vez propicia a excelência no atendimento ao consumidor: “Sou ágil. Mas respeito o ritmo dos colegas de trabalho [...]”. Os E1, E4 e E7 mostram-se preocupados com a satisfação do consumidor: E1 “Procuro atender o consumidor bem, observando o que ele deseja e para que possa sair daqui satisfeito. Mesmo que o problema não seja resolvido, um bom atendimento já satisfaz quando se percebe vontade por parte da empresa/empregado”. O E4 traz aspectos interessantes em sua fala. Relata que sua fonte de inspiração (estímulo) vem dos consumidores: “[...] Me basta ouvir um elogio quando atendo bem um consumidor. Busco esse respaldo no consumidor e não na empresa”. Nota-se, portanto a partir dessa fala que é estimulante sentir-se útil, conhecer sua importância no processo da empresa e/ou pertencer a um grupo. Outro relato fica por conta da credibilidade e descontração que busca no atendimento alcançar: “[...] Procuro me envolver um pouco mais no atendimento, deixando-o mais casual e mais sincero”. Verifica-se, portanto, que o atendimento atencioso, descontraído, porém sincero tende a fluir de maneira positiva, resultando na satisfação dos envolvidos e elevando a imagem da empresa. Para Chiavenato (1999) as pessoas têm necessidade não somente de uma boa remuneração, mas também de elogios, de serem lembradas, notadas. O E5 foca na gestão do conhecimento como ferramenta para alcançar a excelência: “Leio, assisto jornais, acesso a internet, me mantenho atualizado, às vezes ligo para o Call Center da empresa para obter algumas informações”. 97 O E8 apresenta em sua fala sinais de acomodação. Em sua entrevista (nesse apontamento) resume: “Utilizo apenas a ferramenta disponível da empresa”. O E1, E4, E7 e E9 difundem alguns dos valores da empresa em sua fala: “[...] Procuro sempre ser justa, tento beneficiar o coletivo, utilizar empatia e ser imparcial”. Nota-se que a satisfação, confiabilidade e profissionalismo estão presentes nas falas dos referidos entrevistados. O êxito de uma empresa deriva de sua habilidade em saber conduzir o desenvolvimento de seus empregados que assim como a organização também tem seus objetivos, suas metas, pontos fortes, pontos fracos e valores. Administrar essas questões é evoluir para uma administração “estratégica” de Recursos Humanos, fator imprescindível para manter um corpo funcional motivado, comprometido e passível de atingir a excelência em seus negócios (LACOMBE, 2005). Condições de trabalho necessárias para um atendimento com excelência. As condições de trabalho influenciam no clima organizacional. Para Martins (2008), o Clima Organizacional pode ser definido como o conjunto das percepções sobre vários aspectos das organizações, como: comunicação, envolvimento, coesão, suporte do supervisor e/ou da área de apoio (staff), recompensa, autonomia, orientação das tarefas, pressão no trabalho, clareza das tarefas, controle, inovação, feedback, liderança e conforto físico. A questão dos perfis e da autonomia necessária para solução dos problemas dos consumidores reaparece na fala do E1. O E1 recorre novamente à questão da liderança como fator imprescindível para o alcance da excelência. Nota-se que a liderança compõe o aspecto extrínseco da motivação. No entanto o mesmo entrevistado ressalta que os ATC’s devem dispor de “bom senso” o que denota uma noção de responsabilidade e comprometimento com o resultado, chamando a responsabilidade para si. O E2 reforça o tema “motivação”. Alega que para promover um atendimento com excelência é necessário estar motivado. 98 Os E3 e E6 embasam suas falas demonstrando preocupação com a sobrecarga no trabalho, o que acaba refletindo na qualidade vida do trabalhador, na satisfação do consumidor (pressupõe-se mais demora nos atendimentos) e por sua vez reflete na imagem da empresa. Sendo assim, nota-se que a motivação ao ser despertada, precisa de um ambiente que dispunha de condições de trabalho agradáveis e que promovam a satisfação no trabalho, favorecendo por sua vez a chegada ao comprometimento. Podem-se citar algumas ações, como: diálogo franco, reconhecimento que os indivíduos são diferentes, reconhecimento de ambos os objetivos, feedback, liderança, comunicação dentro da empresa, suporte, entre outros. (ROBBINS; JUDGE e SOBRAL, 2010). Reincidentemente os E1, E2 e E8 enfatizam a insatisfação com a área de apoio (staff). Alegam que para se oportunizar um atendimento com excelência é necessário dispor de um suporte acessível, atuante e que possam fornecer as informações com prontidão. Retomamos ao aspecto da globalização e das exigências dos consumidores, entre elas o dinamismo, isto é, solução rápida para seus problemas. A questão estrutural da Loja de Atendimento, como: espaço físico limpo com bom cheiro; mobiliários novos e adequados; material de escritório disponível; recepção adequada com bebedouros e sofás novos aparece como fatores acessórios de relevância na prestação de um atendimento com excelência. Os E1, E3, E4, E5, E6 e E7 estão de acordo nesses levantamentos. Os E4 e E8 apresentam em sua fala a importância do trabalho em equipe e de manter a equipe unida, em sintonia, inclusive com procedimentos que devem estar padronizados para que não haja enfraquecimento das diretrizes normativas da empresa, pondo em risco sua credibilidade. Como exemplo, pode-se citar: O consumidor busca um atendimento e lhe passam um procedimento, insatisfeito o mesmo procura outra pessoa e recebe outro procedimento. Aqui nesse trecho concluise que a socialização através de reuniões formais e até mesmo informais é importante para que haja coesão nos procedimentos da empresa. Naturalmente a iniciativa dessa socialização partirá dos líderes e gestores. “E4 - Penso que deve haver uma equipe unida [...]”. 99 Gonçalves (2005) destaca que o que faz a diferença no mercado de hoje é a competência profissional, a eficiência, o entusiasmo, a polidez, a rapidez e a simpatia de quem atende. É o consumidor ter a sensação de conforto, conveniência, praticidade e satisfação quando compra um produto ou serviço em uma empresa. É preciso desenvolver o empregado e realizar treinamentos com periodicidade. O E9 atribui exclusivamente ao próprio ATC a responsabilidade de promover a excelência. Em sua explanação complementa inclusive que esse atendente não pode ser apenas uma pessoa, deve ter a capacidade de sensibilizar e acolher o consumidor. Conclui desse trecho que E9 está satisfeito com o desempenho da empresa e que precisa de pouco estímulo para consecução de suas atividades, inclusive para promover a excelência no atendimento ao consumidor. “Não pode faltar o atendente e não somente uma pessoa, mas um ser humano capaz de sensibilizar-se e acolher o consumidor assim como a Celesc, que é uma mãe para nós [...]”. Percebe-se que a satisfação do E9 com a remuneração, benefícios e plano de saúde embasa seu posicionamento: “[...] Conferimos isso a partir de nossa PLR (Participação nos Lucros e Resultados) que depende diretamente do empregado, benefícios, plano de saúde”. De acordo com as ideias de Fleury (2002), quando estudamos uma organização, devemos levar em consideração que todo participante ou grupo de participantes recebe incentivos (recompensas) em troca das contribuições, e que o nível de participação só é mantido enquanto os incentivos oferecidos forem satisfatórios em relação às contribuições exigidas. O E8 em sua fala relata que a proatividade também se faz necessária. “Equipe sintonizada, não fazer corpo mole, pegar junto”. A questão do treinamento reaparece na fala do E3. Ele salienta que o consumidor busca dinamismo e conhecimento, por isso precisa se desenvolver para então poder satisfazer as expectativas alheias. Ainda sobre o mesmo entrevistado (E3) percebe-se clareza da ciência de sua importância como Atendente Comercial (linha de frente) perante a empresa, veja a fala: “[...] Estamos lotados numa vitrine, precisamos de uma boa condição física de trabalho [...]”. O E6 relata que também se deve dispor de bons equipamentos de informática. Vale lembrar que por atuarem como mediadores nos atendimentos, os ATC’s lidam 100 exclusivamente com informações, sendo assim necessitam dispor de equipamentos de rápido acesso. Por isso o E6 menciona: “[...] dispor de um bom equipamento de informática”. Ações da Empresa, através das condições de trabalho da Loja Kobrasol e de toda Empresa que contribuem para excelência no atendimento ao consumidor. Em relação às respostas dos entrevistados podem-se evidenciar algumas novidades. O E4 relata que o retorno (via sistema) de boa parte dos serviços realizados em campo levam alguns dias para ser atualizado, o que torna o atendimento ao consumidor deficitário (desatualizado), haja vista que este setor depende de informações céleres e corretas. Vejamos a fala: “O aspecto informacional (baixa dos serviços e outros) deveriam ser mais rápidos, porque não “on-line”? [...]”. Ainda sobre o mesmo entrevistado, novamente aparece a insatisfação com a área de apoio (staff), o E4 comenta que seria ideal haver exclusividade de acesso, ou seja, que existisse uma área de apoio (staff) exclusiva para as lojas de atendimento inclusive no horário de almoço quando estão ausentes das 11h30min as 13h30min. O E6, assim como o E9 apontam como obsoletos os equipamentos de informática dificultando o alcance da excelência: E6 “[...] E os equipamentos de informática que são obsoletos”. Porém o E9 demonstra conscientização no processo de melhoria por parte da empresa “[...] Às vezes a melhoria não ocorre depressa, pois a Celesc é uma empresa Pública [...]”. Na visão desse último entrevistado é percebida a falta de comprometimento por parte dos Atendentes Comerciais. “[...] Acho que precisamos mais é de comprometimento dos empregados”. Relação dos temas: Motivação, Comprometimento e Excelência. O objetivo desse questionamento é evidenciar, na opinião dos ATC’s, se há ligação entre motivação, comprometimento e excelência no atendimento ao consumidor. 101 O E3 relata que o ser humano é o eixo central de tudo, salienta a motivação como um fator intrínseco e não se desmotiva no outro, enfatizando que busca realizar seu trabalho da melhor maneira possível. Nota-se que nesse trecho existe muito profissionalismo e disciplina no trabalho, assim como a responsabilidade demonstrando que apesar dos desafios há satisfação com sua empresa e com seu trabalho. Para o E3 “Tudo depende do ser humano. A motivação é interna, não podemos nos desmotivar no outro, temos que realizar nosso trabalho da melhor maneira possível. Tento entrar pela porta do posto de atendimento e me desligar dos problemas lá fora”. A noção de se gerir pessoas parece estar ligada apenas à de administrar pessoas, mas a assertiva não é verdadeira. A administração de recursos humanos nos dias de hoje, enxerga o ser humano como agente no processo da administração e cuida de sua instrumentalização: recrutamento, seleção, contratação, treinamento, desenvolvimento, demissão entre outros processos. Para Lacombe (2005) as pessoas figuram inclusive como vantagem competitiva e são essenciais para alcançar o resultado. O E4 reforça o caráter (personalidade) como aliado no profissionalismo e chama a atenção novamente para o aspecto de importância das Lojas de Atendimento para a empresa. Em sua fala relata que se houvesse maior dedicação com as lojas, a excelência seria muito mais facilmente atingida. Todos os entrevistados convergiram suas respostas para os mesmos apontamentos, ou seja, todos creem que a tríplice: Motivação, Comprometimento e Excelência estão interligados, isto é, um assunto leva ao outro. Essa observação geral permite verificar que todos estão antenados para as tendências e cientes de sua importância frente aos processos e da valorização que este setor de atendimento ao público merece. Dentre as falas marcantes, aparece o E1: “Uma depende da outra, precisa da motivação para atingir excelência. Esses três fatores estão ligados e são dependentes entre si”. 102 Alegação dos ATC’s para identificar se os mesmos se sentem motivados. Em suma todos os Atendentes Comerciais entrevistados se sentem motivados, porém todos, com exceção dos E4 e E9, relatam ter algum problema com o estímulo por parte da Empresa. Destacam-se as falas: E1 - “Me sinto motivado, mas é difícil lidar com as limitações ao qual a empresa não ajuda a melhorar”; E2 - “Me sinto motivado apesar dos problemas”; E3 - “Me sinto motivado, mas não sinto muito estímulo da empresa”. O E5 aponta uma questão muito importante e pouco trabalhada na pesquisa por não tratar-se de seu enfoque: a estagnação funcional. O entrevistado relata que para esse cargo/função um atendente deveria ficar no máximo 10 anos lotado: “Me sinto desmotivado e cansado, deveríamos ficar no máximo 10 anos nesse setor”. A motivação intrínseca fornece a motivação inata para que a pessoa busque seus próprios interesses e exerça o esforço de procura de desafios necessários para desenvolver suas próprias habilidades e competências (REEVE, 2006). Com o mercado de trabalho cada vez mais exigente as organizações têm investido no desenvolvimento de seus empregados, com ações de treinamento, formação e educação. No entanto, a falta de cursos adequados e o custo elevado para ampliar o investimento são algumas dificuldades apontadas pelas empresas (PEREIRA, 2008). No entanto, para que a organização seja competitiva é necessário investir na qualificação das pessoas, pois são elas que trazem os resultados esperados. O E7 atribui à questão política um aspecto negativo quando não há “competência” nas indicações gerenciais. O E8 atribui sua motivação à recente ação da empresa como política de RH e que já vem sendo estudada há algum tempo: A redução de 8 (oito) para 6 (seis) horas da jornada de trabalho por dia para o cargo de Atendente Comercial. Esse projeto ainda está em experimento e em breve será determinado por sua aplicação definitiva ou não. Para o E8 - “Agora eu me sinto motivado, principalmente porque a jornada de trabalho foi reduzida para 6 horas, mesmo que em fase experimental”. 103 Expectativas em relação às melhorias. O E1 relata em sua fala que tem pouca expectativa em relação às melhorias. Alega que a importância dada ao setor de atendimento ao consumidor ocorre mais na teoria do que na prática assim como citou o E7. E1: “Tenho pouca esperança, pois há pouca importância dada pelos superiores da empresa a esse setor. Há muita conversa em relação à valorização da linha de frente da empresa, porém na prática isso não ocorre. Em algumas lojas o atendimento chega a ser realizado por eletricistas, o que comprova o descaso dos níveis gerenciais e estratégicos da empresa. Nos sentimos abandonados, somos pouco visitados por estes líderes”. Os E2 e E8 depositam suas expectativas na continuidade do projeto experimental de 6 (seis) horas. E2: “A continuidade do projeto de redução para 6 horas, será uma prova de melhoria. Esta redução motiva bastante”. O E3 demonstra-se motivado e percebe-se sua experiência frente aos desafios, o que permite deduzir que tem muitos anos de trabalho dedicados a Empresa e a esse setor e que há de certa forma algum problema de estímulo por parte da mesma. Há indícios de rigidez excessiva ou alto grau de responsabilidade nas atividades do setor de atendimento ao público. “Sou positivo (a). Acredito que a Empresa passa por fases e esta passará também. Tem que estimular o funcionário também, sem pressionar. O eixo é o ser humano, somos uma família, mas temos que ter responsabilidade e ser nota 10”. O E4 relata em sua fala que acha pertinente o chefe valorizar o empregado, elogiá-lo. Quando não há uma boa condução de um chefe isso pode até desmotivar. De acordo com E4 “[...] Acredito que um chefe deva motivar, reconhecer seu trabalho, e te observar como um bom profissional”. O E5 em seu relato transparece insatisfação em relação ao aspecto motivacional. “A empresa deixa a desejar. Não tenho mais força, estou cansado e estou esperando me aposentar e sair no Plano de Demissão Voluntária e Programada (PDVP)”. A partir desse e do relato do apontamento anterior pode-se aferir que o entrevistado (o mesmo que sugere no item 5.2 um programa de rotatividade controlado 104 pela empresa) está desestimulado por ter permanecido mais de 30 anos no mesmo setor de atendimento da Empresa. O E6 relata que: “A empresa poderia elogiar. Se faz errado é rápido, já o elogio estou esperando até hoje e isso vem lá de cima (dos altos escalões). Não tenho expectativa de ascensão”. Nota-se que o entrevistado sente falta do feedback, do retorno dos pontos positivos por meio de elogios e palavras de incentivo, e também está insatisfeito com o aspecto motivacional, haja vista a impossibilidade de ascensão, inclusive devido a própria legislação que se torna um limitador nesse caso. Vale lembrar que na empresa existe o Plano de Cargos e Salários (PCS), onde estão descritas as atribuições de cada cargo, bem como a remuneração respectiva. Este documento como o nome já diz, é um planejamento da evolução da carreira das pessoas nas organizações (DUTRA, 2006). A questão do PCS na empresa é um projeto novo (desde 2007/2008) que ainda dispõe de muitas discussões, tanto pelos empregados quanto pelos gestores. Na verdade para os empregados não há muita clareza na forma de enquadramento, não é divulgado um calendário contemplando as épocas de validação dos merecimentos. Nota-se que é muito importante que os empregados conheçam o PCS para avaliarem suas expectativas de carreira na empresa e observar se atendem aos seus objetivos. Assim como as organizações tem um conjunto de objetivos que pretendem alcançar num determinado período, as pessoas também os têm. Quando estes objetivos não estão alinhados, então talvez seja o momento certo de investir em outra carreira, buscar novas oportunidades de crescimento profissional, novas parcerias. “As pessoas têm expectativas de crescimento e é fundamental elas saberem onde estão e o que precisam agregar em termos de atitudes, conhecimento e qualificação para terem oportunidades dentro da organização” (PEREIRA, 2008, p. 45). O E9 apresenta-se motivado e otimista quanto às melhorias, pois consegue observar o lado positivo das coisas. Sendo assim concluída a apresentação, interpretação e análise dos dados e das informações, no item 5.2 a seguir serão expostas algumas sugestões de melhorias para que haja elevação na satisfação dos fatores motivacionais, que atualmente “não” 105 contribuem para o comprometimento e para excelência no atendimento ao consumidor, assim como manter aqueles que já contribuem para a mesma finalidade. 5.2 APRESENTAÇÃO DAS SUGESTÕES DE MELHORIAS Manter elevado os níveis de comprometimento dos ATC’s assim como dispor de um atendimento com excelência a seus consumidores é de fato um desafio para as organizações, principalmente as públicas, haja vista o aspecto legal que nesse caso torna-se limitador. Na esfera privada basta as organizações não fazerem o que for proibido, já nas organizações públicas deve-se fazer exatamente o que as leis e normas determinam, ressalvados alguns poderes discricionários. Por isso se justifica a relevância do referido estudo em analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais visando a excelência no atendimento ao consumidor. O atendimento a consumidores envolve praticamente todas as atividades de uma empresa e seus funcionários para satisfazê-los. Isso significa mais que atender reclamações, providenciar reembolsos ou trocas nas devoluções ou sorrir para os consumidores. O atendimento a consumidores também significa sair em sua busca, fazendo todo o possível para satisfazê-los e tomando decisões que os beneficiem, mesmo à custa da empresa (GERSON, 1999). Gerir através do comprometimento e da excelência significa obter o envolvimento de todas as pessoas que atuam na organização para a busca dos objetivos organizacionais. O comprometimento assim como a excelência tem quer ser olhado de uma forma estratégica pela organização, uma ponte para o sucesso ou para o fracasso. Ao olhar de uma forma estratégica, a organização promove dentro do indivíduo uma identificação com os objetivos e metas, havendo uma busca contínua pela qualidade, sendo percebida pelo consumidor (GOMES, 1994). Um importante fator de sucesso do empreendimento é compor sua equipe de trabalho com pessoas proativas, que fazem as coisas acontecer, que dão o primeiro passo na busca de soluções para os problemas surgidos, que procuram sempre avançar, crescer, evoluir (ALMEIDA, 2001). 106 A partir das teorias estudadas, das entrevistas, da observação direta e análise de conteúdo, pode-se constatar que os fatores motivacionais identificados estão “comprometidos” e precisam ser melhorados para poderem figurar como agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. Em primeiro lugar então, serão apresentados os fatores motivacionais identificados que já contribuem para o comprometimento e que influenciam positivamente na excelência do atendimento ao consumidor conforme o quadro 9. Fatores motivacionais (extrínsecos) identificados que precisam ser mantidos Remuneração satisfatória Pontualidade com o pagamento do salário Ampla concessão de benefícios Garantia e estabilidade de emprego Concessão de novos uniformes Redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas Quadro 9: Fatores motivacionais identificados que precisam ser mantidos Fonte: Elaborador pelo autor (2011) Em segundo lugar, apresenta-se o quadro 10 com os fatores motivacionais que atualmente precisam ser melhorados. Vale lembrar que os mesmos ainda foram subdivididos em: aplicação que não envolve custo (cor amarela) e aplicação que envolve custo (cor verde) para facilitar a implantação do “Plano de Ação” sugerido também a seguir. 107 Fatores motivacionais (extrínsecos) identificados que precisam melhorar Alguns equipamentos de informática estão obsoletos. Área de suporte regional (staff) ausente nos período das 11h30min às 13h30min. Área de suporte regional (staff) com muita frequência indisponível, mesmo no horário de presença. Atualização/baixa dos serviços de campo demorada prejudicando uma informação mais precisa. Autonomia limitada e às vezes não condizente com a função exercida (problema de liberação de perfil). Baixa frequência de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) para os ATC’s. Baixa frequência na aplicação de Avaliação de Desempenho. Capacitação e desenvolvimento dos gerentes (liderança). Às vezes ocorre indicação política sem haver competência. Carência à valorização e aos elogios por parte da empresa. Descumprimento de prazos para realização de alguns serviços de campo, aumentando a reclamações dos consumidores. Dificuldade de manter “uniformidade nos procedimentos e informações”, causando transtornos à empresa e consumidores. Gerentes (liderança) devem cobrar e acompanhar o cumprimento das leis e também das normas e procedimentos da empresa. Feedback insuficiente das lideranças. Ocorre praticamente e apenas por Avaliação de Desempenho. Gestão participativa. Disponibilizar a participação dos ATC’s em assuntos relacionados ao atendimento comercial. Infraestrutura do posto de atendimento comprometida. Mobiliários velhos e recepção inadequada. Maior atuação da gerência (liderança) em alguns casos. Não apenas absorver os problemas, mas levá-los ao conhecimento daqueles que de fato possam interferir/resolver. Pouco fomento da Empresa aos canais de elogio e agradecimento onde o consumidor possa realizar elogio aos ATC’s. Sobrecarga nas funções devido à grande demanda de serviço e ao grau de responsabilidade que se converte em pressão. Não envolvem custos = Viabilidade gerencial Envolvem custos = Viabilidade orçamentária Quadro 10: Fatores motivacionais identificados que precisam melhorar Fonte: Elaborador pelo autor (2011) 108 Sendo assim sugere-se um “Plano de Ação” capaz de colocar em prática ações de melhoria nos referidos fatores motivacionais comprometidos. No primeiro momento poderá a Empresa atuar nos fatores que não envolvem custos cabendo apenas a tarefa de reorganização gerencial. Já no segundo momento caberá à Empresa definir a prioridade das ações corretivas caso necessite de tempo para elaborar orçamentos dos custos. Não menos importante, outros fatores motivacionais foram identificados como mostra o quadro 11. A razão para não estarem elencados juntamente com os quadros 9 ou 10, é de que esses fatores não são frutos da relação empresa/empregado e decorrem da motivação individual (aspecto intrínseco) e/ou da própria natureza do serviço de atendimento ao consumidor. Intervenção da empresa nesses fatores resultará sem efeito, pois depende de outras condições, porém conhecê-los é imprescindível para entender o perfil do ATC e a relevância do referido estudo. Fatores motivacionais (intrínsecos) que independem de ação pela empresa Aprender a gostar do que faz. Empatia (envolvimento de fato com a causa e com o problema do consumidor). Satisfação do consumidor. Sentimento de utilidade, de ser importante para empresa e para a sociedade. União da equipe e respeito às diferenças. Quadro 11: Fatores motivacionais que independem de ação pela empresa e que refletem os valores da mesma assim como as peculiaridades do perfil de ATC Fonte: Elaborado pelo autor (2011) Para finalizar as sugestões pode-se citar, como “assunto inovador” na Empresa, o que não deixa de figurar como fator motivacional e que demanda planejamento e organização dos setores de RH e afins, é a implantação de um “Plano Programado de Rotatividade”. Plano este que tem por finalidade 2 (dois) objetivos: a) Limitar o tempo de atuação dedicado a essa função para que não haja acomodação; 109 b) Enaltecer a “meritocracia” (espécie de PCS mais elaborado) que contenha estágios a serem alcançados durante a estadia do empregado na função de ATC, como: Tempo dedicado àquela função; Cursos de aprimoramento afins; Complementação escolar externa; Assiduidade; Idoneidade disciplinar; entre outros. O referido plano aparece na sugestão de um dos entrevistados e foi reformulada pelo autor para se tornar viável à aplicação. Segue parte da fala do E5 reformulada ao contexto do estudo e obediência às normas da empresa e à legislação vigente. A empresa poderia ter um plano programado de rotatividade para esse setor já que a função exercida de Atendente Comercial é compatível com a de Assistente Administrativo tanto em escolaridade, quanto no PCS, ou seja, na questão salarial, nesse caso sem prejuízo do art. 37 da CRFB de 1988. Nota-se que a acomodação pelo empregado, a carência de estímulos da empresa, as limitações da legislação e a falta de desenvolvimento tornam-se desestimulantes. O trabalhador desenvolvido, precisa gerir sua carreira e evoluir no mesmo sentido. precisa ser 110 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A motivação é um dos temas de grande relevância na atualidade. As organizações necessitam entender os mecanismos que geram motivação e devem procurar meios eficazes de colocá-los em prática. Tratar a motivação, as condições de trabalho, o comprometimento e a excelência no atendimento ao consumidor, através de fatores motivacionais, significa separar os ambientes precursores desta situação, para que tanto Empresa e Atendentes Comerciais (empregados) possam avaliar suas atuações e agir para realizar eventuais melhorias. O tema escolhido “Os Fatores Motivacionais como Agentes do Comprometimento visando a Excelência no Atendimento ao Consumidor” realizado na Celesc Distribuição S.A., mais especificamente na loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol, teve como problema de pesquisa: identificar os fatores que motivam e estimulam os Atendentes Comerciais, assim como torná-los agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. Nessa linha de pensamento, baseados nos dados e informações coletados, verifica-se que os ATC’s estão em busca de estímulos que possam trazer maior satisfação no trabalho e assim poder oferecer um atendimento de maior qualidade a seus consumidores. Desse modo, implantando o “Plano de Ação” sugerido que será capaz de colocar em prática ações de melhoria nos referidos fatores motivacionais comprometidos (vide quadro 10) e aplicando o “Plano Programado de Rotatividade” se criará um ambiente com melhores condições de trabalho possibilitando à Empresa uma “gestão de pessoas” mais eficaz e resolvendo por sua vez o “problema de pesquisa:”. Também ficou evidente na pesquisa a ciência por parte dos ATC’s em relação à importância de sua função para a empresa e para a sociedade. Tanto que os mesmos percebem nos últimos tempos, maior valorização por parte da empresa sobre este setor. Ainda não suficiente como avaliado pelos ATC’s, porém vêm aumentando. Outra questão relevante é de que a partir dos fatores motivacionais apresentados no quadro 11 (Fatores motivacionais que independem de ação pela empresa e que 111 refletem os valores da mesma assim como as peculiaridades do perfil de ATC) pode-se constatar 2 (dois) apontamentos. O primeiro demonstra que é necessário dispor de um perfil peculiar para se trabalhar no setor de atendimento ao público e o segundo que os “valores” da empresa nascem também dessas peculiaridades. Nota-se então que a referida pesquisa serve de instrumento para a Empresa finalmente tornar os fatores motivacionais agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor, o que configura como objetivo acessório dessa pesquisa, e que ainda poderá ser aplicada às demais Lojas de Atendimento ao Público da CELESC Distribuição S.A., espalhadas por todo estado, em virtude da semelhança de condições e contexto. Vale ressaltar que o Departamento de Recursos Humanos (DPRH) é subordinado à Diretoria de Gestão Corporativa (DGC) e ministra todas as ações de RH pela estatal. Naturalmente uma proposta de ação de RH focada para o Atendimento Comercial, criada nessa Diretoria/Departamento, contemplará todos os Atendentes Comerciais. Portanto apesar de os objetivos da pesquisa terem sido alcançados, ainda se sugere pelo menos mais três estudos que trarão contribuições para o setor de atendimento ao consumidor da empresa: Um levantamento dos fatores motivacionais em todas as lojas de atendimento ao público da Celesc Distribuição S.A. assim como um estudo que possa mensurar a importância desses fatores motivacionais investigados, ou seja, enumerá-los em grau de importância para os ATC’s facilitando a priorização se necessário das ações estratégicas da área de RH da empresa. O terceiro estudo ficaria por conta da exploração e modelagem do “Plano Programado de Rotatividade” propiciando por sua vez uma adequação que esteja de acordo com as possibilidades da Empresa e com a legislação vigente. 112 REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. Ah! Eu não acredito: como cativar o cliente através de um fantástico atendimento. Salvador: Casa da Qualidade, 2001. ANEEL. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=636&idPerfil=3>. Acesso em: 20 jun. 2011. BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997. BERGAMINI, C.W. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 1994. BIRCH, D. Motivação. São Paulo: Herder, 1970. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm>. 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Porto Alegre: Bookman, 2001. 118 APÊNDICE Roteiro de Entrevista semiestruturada 1- O que é motivação para você? 2- O que a empresa faz para que você se motive (ações externas, da empresa que favoreçam o estímulo de se trabalhar neste setor)? 3- O que você faz para se sentir motivado no trabalho (durante o expediente)? 4- O que você entende por comprometimento no trabalho? 5- Você se considera comprometido com o seu trabalho? Como (de que forma) ocorre este comprometimento? 6- O que a empresa disponibiliza ou promove para viabilizar este comprometimento (que ações por parte da empresa poderiam ser citadas)? 7- O que você entende por excelência no atendimento ao consumidor? 8- O que a empresa promove para você alcançar a excelência no atendimento ao consumidor (que ações por parte da empresa poderiam ser citadas)? 9- O que você faz para atingir a excelência no atendimento ao consumidor? 10- Quais as condições de trabalho necessárias para um atendimento com excelência? Em outras palavras, o que configura como imprescindível para se prestar um atendimento qualificado e atingir por consequência a excelência? 11- As condições de trabalho atuais, relacionadas direta ou indiretamente com este setor da empresa contribuem para atingir a excelência no atendimento ao consumidor? 12- Na sua opinião, há relação comprometimento e motivação? existente entre atendimento com excelência, Nota: No andamento da entrevista, com intuito de reforçar as opiniões dos entrevistados e levá-los à reflexão, ainda foi perguntado de maneira não planejada: 13- Em resumo você se considera um empregado motivado? 14- A partir dos desafios citados, tanto pessoalmente quanto aqueles estimulados pela empresa, há de sua parte expectativas em relação às melhorias? OS FATORES MOTIVACIONAIS COMO AGENTES DO COMPROMETIMENTO E DA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: Um Estudo de Caso na Celesc Distribuição S.A., Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol MURIEL GARCIA DA CUNHA8 LUCIANE LEHMKUHL SCHMIDT9 27 de junho de 2012 RESUMO O setor de atendimento ao público de uma empresa é a porta de entrada e saída, onde os consumidores realizam suas solicitações, reclamações e naturalmente esperam que sejam atendidas e resolvidas. Por isso dispor de um atendimento ao público motivado, comprometido e capaz de alcançar a excelência, atualmente é uma exigência de mercado e do ponto de vista estratégico, um diferencial competitivo. Neste sentido justifica-se a relevância do referido estudo, quando se objetiva analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento visando a excelência no atendimento ao consumidor. Nota-se que para atingir esse objetivo foi preciso levantar na bibliografia disponível, teorias sobre os temas: Gestão de Pessoas, Motivação, Comprometimento, Atendimento ao Consumidor, Condições de Trabalho, Satisfação no Trabalho e Órgãos Norteadores das Diretrizes de Qualidade e Excelência na prestação do Serviço Público de Energia Elétrica. Portanto trata-se de um Estudo de Caso, Pesquisa Básica, Exploratória e Descritiva, com dados analisados qualitativamente. Em meios práticos através das entrevistas realizadas com os Atendentes Comerciais que permearam os grandes temas: Motivação, Condições de Trabalho, Comprometimento e Excelência e ainda da aplicação da observação direta e análise de conteúdo pode-se chegar ao resultado de que os fatores motivacionais identificados estão comprometidos e precisam melhorar. A partir da implantação do “Plano de Ação” e do “Plano Programado de Rotatividade” se criará um ambiente com melhores condições de trabalho possibilitando à Empresa uma “gestão de pessoas” mais eficaz, onde os fatores motivacionais possam de fato ser agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor satisfazendo por sua vez: Sociedade, Empresa e Atendentes Comerciais. Palavras-chaves: Fatores Motivacionais. Comprometimento. Excelência. 8 9 Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José - USJ Professora MSc. Luciane Lehmkuhl Schmidt. Curso de Administração do USJ. 2 1 INTRODUÇÃO Com o advento das tecnologias nas comunicações, percebeu-se um distanciamento das relações presenciais de atendimento, que fez com que as rotinas das empresas, tanto públicas quanto privadas fossem tratadas cada vez mais por canais alternativos, como: Telefone e internet (e-mail, website). Neste sentido acaba sendo um diferencial para a empresa que investe mais recursos no setor de atendimento ao público presencial10. Não é de hoje que têm os consumidores, buscado no atendimento presencial, o esclarecimento para as suas dúvidas e a resolução para seus problemas. Afinal é neste setor que se tem mais recursos linguísticos, o que favorece uma boa comunicação entre o consumidor e a empresa. É nesta modalidade de atendimento que o consumidor pode conferir com mais proximidade a importância dada ao seu problema, tornando esta relação mais transparente, harmoniosa e satisfatória. Na Loja de Atendimento ao público do bairro Kobrasol, uma das unidades de atendimento ao público da Celesc Distribuição S.A. não é diferente, a questão é, que cada vez mais os profissionais dessa área, conhecidos como Atendentes Comerciais, estão agregando responsabilidades, tendo que ter ainda facilidade de comunicação, flexibilidade com as diferenças de personalidade dos consumidores, conhecimentos técnicos e habilidades afins. Os consumidores por sua vez estão mais exigentes, buscam agilidade, presteza, eficiência. É por esse motivo que está na hora de repensar as políticas de manutenção destes profissionais, para aliviar a carga de suas responsabilidades, serem valorizados, trabalharem mais motivados e prestar um atendimento com excelência. O fator que define aos olhos dos consumidores o devido comprometimento da empresa com a sociedade e com a excelência, é a motivação predominante da linha de frente, isto é, dos Atendentes Comerciais. A partir do exposto nasce o seguinte problema de pesquisa: Quais são os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais (Loja Kobrasol) da Celesc Distribuição S.A. visando a excelência no atendimento ao consumidor? 10 Neste contexto a expressão “presencial” não é redundante, pois reforça que o atendimento ao público tanto pode ser realizado in loco (pessoalmente) ou através dos tradicionais Call Centers. 3 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Tratar a motivação, as condições de trabalho, o comprometimento e a excelência no atendimento ao consumidor através de fatores motivacionais, significa separar os ambientes precursores desta situação, para que tanto Empresa e Atendentes Comerciais (empregados) possam avaliar suas atuações e agir para realizar eventuais melhorias. 2.1 GESTÃO DE PESSOAS O desempenho que se espera das pessoas no trabalho e o modelo de gestão correspondente são determinados por fatores internos e externos ao contexto organizacional. Dentre os fatores internos, destacam-se o produto ou serviço oferecido, a tecnologia adotada, a estratégia da organização do trabalho, a cultura e a estrutura organizacional. Quantos aos fatores externos, a cultura de trabalho de dada sociedade, sua legislação trabalhista e o papel conferido ao Estado e aos demais agentes que atuam nas relações de trabalho vão estabelecer os limites nos quais o modelo de gestão de pessoas poderá atuar (Fleury et al, 2002). A administração de recursos humanos corresponde, na atualidade, à gestão de pessoas. É uma das áreas que mais tem sofrido com as mudanças e transformações nos últimos anos. Isso se deve ao fato de as pessoas serem consideradas o principal “ativo” das organizações, sendo suas ações, comportamentos e atitudes determinantes para vantagem competitiva da empresa. Segundo Gil (2009, p. 17) “Gestão de Pessoas é a função gerencial que busca a cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos, tanto organizacionais quanto individuais”. A expressão Gestão de Pessoas apareceu no final do século XX e propõem uma evolução no conceito de como é gerida a mão-de-obra em um ambiente corporativo. Pode-se destacar que no passado eram designadas como área de Administração de Pessoal, Relações Industriais, Administração de Recursos Humanos (GIL, 2009). O fato de haver modificação nessas nomenclaturas, não significa afirmar o que realmente as empresas fazem ou pretendem fazer com seus empregados, porém evidencia a importância das pessoas que nela trabalham. 4 2.1.1 A Gestão Estratégica de Pessoas De acordo com Fleury (2002, p. 24) “a partir da evolução da Administração de Recursos Humanos (ARH) pode-se perceber uma nova perspectiva da gestão estratégica de pessoas estruturadas nas seguintes áreas”: Influência sobre os funcionários (filosofia de participação); Processos de Recursos Humanos (recrutamento, desenvolvimento e demissão); Sistemas de recompensas (incentivos, compensação e participação); Sistemas de trabalho (organização do trabalho). No próximo tópico pode ser acompanhada a evolução histórica da Administração de Recursos Humanos e que de certa forma desencadeou no tratamento atual pelos autores da nomenclatura de “Gestão de Pessoas”. 2.1.2 A Importância das Pessoas na Organização A noção de se gerir pessoas parece estar ligada apenas à de administrar pessoas, mas a assertiva não é verdadeira. A administração de recursos humanos, dentro de uma visão funcionalista, vê o ser humano como agente no processo da administração e cuida de sua instrumentalização: recrutamento, seleção, contratação, treinamento, demissão entre outros processos. Para Lacombe (2005) as pessoas figuram inclusive como vantagem competitiva e são essenciais para alcançar o resultado. Nota-se, entretanto, que não existe um modelo de gestão de pessoas, assim naturalmente as empresas não teriam problemas de pessoal. O êxito de uma empresa deriva de sua habilidade em saber conduzir o desenvolvimento de seus empregados que assim como a organização também tem seus objetivos, suas metas, pontos fortes, pontos fracos e valores. Administrar essas questões é evoluir para uma administração “estratégica” de Recursos Humanos, fator imprescindível para manter um corpo funcional motivado, comprometido e passível de atingir a excelência em seus negócios. 2.1.3 Considerações sobre a Administração de RH no Serviço Público No serviço público, a legislação, seja ela através de lei ou Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), para os casos de empresas públicas e sociedades de economia mista, que apesar de utilizarem o regime jurídico Celetista, buscam de certa forma 5 equiparar seu ACT ao regime estatutário. Nota-se que nesse caso a legislação é um fator limitador à gestão de pessoas no serviço público Para Granjeiro e Castro (1997, p. 259), a “legislação que regula as relações de trabalho no setor público é inadequada, notadamente pelo seu caráter protecionista e inibidor do espírito empreendedor”. Baseado na Lei do Servidor Público Civil Federal (Lei 8.112 de 1990) o autor (1997, p. 260) completa que: [...] a extensão do regime estatutário para todos os servidores civis, ampliando o número de estáveis, não apenas encareceu os custos da máquina administrativa, mas também levou muitos funcionários a não valorizarem os seus cargos, na medida em que a distinção entre eficiência e ineficiência perde relevância. Neste sentido, as ideias do autor consideram que embora seja possível interpretar que a Constituição (CRFB 1988) e o Regime Jurídico Único (Lei 8.112 de 1990) tenha originalmente tentado preservar a administração, evitando a utilização política dos cargos e promovendo a valorização através da proteção ao servidor, o que se observa, é o fato de que contribuíram para restringir a capacidade operacional do governo, ao dificultar a adoção de mecanismos de gestão de recursos humanos, que sejam baseados em princípios de valorização pelo efetivo desempenho profissional, e também, eficaz na busca de melhorias dos resultados das organizações, e da qualidade dos serviços prestados (GRANJEIRO; CASTRO, 1997). Com isso o administrador fica destituído de ferramentas para motivar seus funcionários; visto os incentivos positivos também limitados como dificuldade de estabelecer gratificações por desempenho. “Um dos poucos recursos que restam ao administrador é atribuir gratificações por ocupação de cargos em comissão, como: Direção, Assessoramento e Supervisão (Chefia).” (GRANJEIRO; CASTRO, 1997, p. 260). 2.2 MOTIVAÇÃO A motivação é um dos temas de grande relevância na atualidade. As organizações necessitam entender os mecanismos que geram motivação e devem procurar meios eficazes de colocá-los em prática. Para que ocorra a contribuição dos indivíduos no ambiente de trabalho é imprescindível compreendê-los e comprometê-los nas situações que ocorrem dentro 6 desse ambiente profissional. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 240), “[...] Se envolvermos os empregados nas decisões que lhes dizem respeito e aumentarmos sua autonomia e seu controle sobre o próprio trabalho, eles se tornarão mais motivados, comprometidos, produtivos e mais satisfeitos com o trabalho”. A contribuição das pessoas, seus estímulos, e conhecimentos são fatores que influenciam o desempenho organizacional. Isso leva ao questionamento acerca do que seja motivação ou ainda se as pessoas são motivadas ou devem se auto motivar. 2.2.1 Vetores Motivacionais A motivação humana tem sido um dos temas mais estudados e debatidos nas práticas organizacionais. Basicamente, a motivação possui dois grandes vetores: A motivação intrínseca; A motivação extrínseca. 2.2.2.1 Motivação Intrínseca A motivação intrínseca surge espontaneamente das necessidades psicológicas das curiosidades pessoais e dos esforços inatos para se obter o crescimento. Quando são intrinsecamente motivadas, as pessoas agem sem interesse, “apenas pelo prazer de fazer”, e também pelo senso de desafio que uma determinada atividade lhes proporciona. Esse comportamento ocorre espontaneamente e não resulta de nenhuma razão instrumental (extrínseca). Funcionalmente, a motivação intrínseca fornece a motivação inata para que a pessoa busque seus próprios interesses e exerça o esforço de procura de desafios necessários para desenvolver suas próprias habilidades e competências (REEVE, 2006). 2.2.2.2 Motivação Extrínseca Surge das consequências e dos incentivos ambientais (alimento, dinheiro). Em vez de o individuo participar de uma atividade com o propósito de experimentar as satisfações inerentes que ela pode proporcionar (como ocorre no caso da motivação intrínseca) ela surge de alguma consequência distinta da atividade em si. 7 Quando desejamos obter consequências atraentes, e evitar consequências desagradáveis, a presença dos incentivos e das consequências, cria em nós um sentimento de querer adotar comportamentos capazes de produzir as ações por nós desejadas (REEVE, 2006). 2.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO As condições de trabalho influenciam no clima organizacional. Para Martins (2008), o Clima Organizacional pode ser definido como o conjunto das percepções sobre vários aspectos das organizações, como: comunicação, envolvimento, coesão, suporte do supervisor e/ou da área de apoio (staff), recompensa, autonomia, orientação das tarefas, pressão no trabalho, clareza das tarefas, controle, inovação, feedback, liderança e ergonomia. Considera-se que a percepção dos empregados sobre o ambiente de trabalho têm se tornado fator importante para as organizações. Acrescente que a qualidade do ambiente de trabalho é fator que interfere na satisfação e motivação dos funcionários. Martins (2008, p.29) descreve que: Devido às rápidas mudanças que vêm ocorrendo nos anos de globalização, as empresas têm tentado conhecer melhor a dinâmica da vida organizacional, buscando identificar como trabalhadores expostos a uma série de estímulos oriundos da organização e do ambiente de trabalho têm percepções similares e atribuem significados semelhantes aos aspectos importantes da vida organizacional. Já Luz (1995) afirma que o clima organizacional influencia os comportamentos do indivíduo na organização, bem como a produtividade, a motivação e a satisfação. Dessa forma, o clima deve ser favorável para auxiliar positivamente nos aspectos descritos. 2.4 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL Devido à globalização, e a busca incessante pela eficiência, cada vez mais é necessário que os funcionários de uma determinada organização estejam totalmente envolvidos com o processo produtivo. Segundo Ferreira (1999), comprometer significa dar como garantia, arriscar, ou seja, assumir responsabilidade. 8 O comprometimento pode ser um fato ou um estado psicológico que caracteriza a relação do indivíduo com a empresa em que trabalha, bem como este, assumindo os objetivos da empresa como seus. Para Dessler (1996), funcionários comprometidos são os que se identificam com a empresa e adotam suas metas como se fossem seus proprietários. O autor ainda ressalta que a necessidade do comprometimento origina-se da nova natureza das tarefas dos trabalhadores. A forma de trabalhar está em evolução, sendo que hoje as empresas necessitam de pessoas que não mais trabalhem com o chefe do lado, com o supervisor cobrando resultados, mas, sim, que assumam responsabilidades. As pessoas precisam ter iniciativa em suas atividades. As tarefas realizadas hoje precisam ser realizadas mais rapidamente do que ontem, e isso requer boa vontade, inteligência, habilidade e conhecimento. A iniciativa e inovação são indispensáveis: No que se refere às tarefas a realizar, entramos na era da imprevisibilidade, da inovação e da iniciativa. Consequentemente entramos, em uma era em que o comprometimento do funcionário não é apenas louvável, mas indispensável DESSLER (1996, p. 9). Para tanto, é necessário que as empresas conheçam e definam uma cultura organizacional. Formular ideologias claras e bem documentadas é crucial para o comprometimento. Não se poder levar nenhum funcionário ao comprometimento sem antes haver um objetivo, uma missão (DESSLER, 1996). 2.5 ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR Quem trabalha no atendimento ao público deve estar preparado para lidar com a variedade de situações que podem ocorrer neste setor. O desafio é constante. Não existe uma rotina pré-estabelecida para ser seguida. Todos os empregados da empresa devem receber treinamento específico para o desenvolvimento de habilidades no relacionamento interpessoal, que enfoquem metodologias e estratégias para conquistar e cativar consumidores. Para prestar um bom atendimento aos consumidores cada empregado deve, além da aptidão pessoal, desenvolver técnicas de motivação, percepção e 9 comunicação que, uma vez aprendidas, devem ser permanentemente exercitadas e periodicamente recicladas (CLARKE, 2001). Um importante fator de sucesso do empreendimento é compor sua equipe de empregados com pessoas proativas que fazem as coisas acontecer, que dão o primeiro passo na busca de soluções para os problemas surgidos, que procuram sempre avançar, crescer, evoluir (ALMEIDA, 2001). A motivação tem fundamental importância no desempenho funcional dos empregados. Uma pessoa motivada consegue envolver a todos que estão a sua volta para que sejam atingidas as metas da empresa (LEITE, 2000). Um empregado motivado produz mais. Com todos os empregados motivados a probabilidade dos consumidores terem suas expectativas atendidas é exponencialmente elevada (HUBER, 1999). 2.5.1 Qualidade no Atendimento ao Consumidor Para Chiavenato (2000), a qualidade no atendimento é a satisfação das exigências do consumidor. Segundo Gil (1997), a qualidade no atendimento envolve a eficácia no atendimento ao consumidor na satisfação de seus anseios e desejos de consumo. Já para Maximiano (1997), qualidade no atendimento significa o melhor que se pode fazer, o padrão mais elevado de desempenho. Na concepção de Gerson (1999), um atendimento deficiente a consumidores é muito caro. Um bom atendimento não tem preço, e pode-se ter em sua empresa. Primeiro é preciso reconhecer que atendimento é, para o negócio, tanto uma ferramenta administrativa quanto de marketing. Ele incrementa o marketing porque motiva os consumidores a difundir bons comentários sobre os serviços e negócios de uma empresa a outros compradores. Pilares (1989) destaca que a relação interpessoal que envolve o funcionário de uma organização e o destinatário de produtos, ideias ou serviços dessa organização (ou ainda entre o funcionário e quem vende produtos ou presta serviços à empresa) constitui o atendimento ao consumidor. Em geral, esse atendimento engloba o encaminhamento e o acompanhamento do consumidor, que podem ser inclusive funcionários de departamentos distintos necessitando uns dos outros. Abrange, assim, diversos funcionários de vários setores. Diante deste contexto, pode-se averiguar que em atendimento, portanto, não 10 importa o nível hierárquico do funcionário dentro da organização. Todos que tiverem contato direto ou indireto com o consumidor serão considerados pessoas envolvidas na função de atendimento. 2.5.2 Excelência no Atendimento ao Consumidor Para Gonçalves (2005), excelência no atendimento é fundamental. Não adianta focar, apenas, nos produtos e na propaganda, pois a realidade só é percebida no momento em que se interage com as pessoas que trabalham nas empresas, atendendo ou não às necessidades e expectativas dos consumidores. O atendimento a consumidores envolve todas as atividades de empresa e seus funcionários para satisfazê-los. Isso significa mais que atender reclamações, providenciar reembolsos ou trocas nas devoluções ou sorrir para os consumidores. O atendimento a consumidores também significa sair em sua busca, fazendo todo o possível para satisfazê-los e tomando decisões que os beneficiem, mesmo à custa da empresa (GERSON, 1999). 3 METODOLOGIA O desenvolvimento de um trabalho de investigação científica exige a aplicação de uma metodologia. É preciso construir então, um projeto de pesquisa para examinar o fenômeno que será observado. Para essa finalidade, torna-se necessário organizar e detalhar os procedimentos que serão utilizados na investigação pretendida. O método científico, por sua vez, pressupõe a forma clara e precisa de como se deve realizar uma pesquisa. Uma metodologia bem aplicada e clara é fundamental para que as ideias sejam organizadas e sistematizadas de modo a observar e tratar os fatos e dados estatísticos com maior acurácia. No âmbito de um trabalho desse porte é preciso fazer a pergunta certa ao se buscar uma explicação convincente para o fenômeno estudado. Nesse contexto foi realizada uma pesquisa básica, qualitativa, exploratória e descritiva que se desenvolveu por meio da observação de literatura relacionada ao tema de Administração de Recursos Humanos. A população foi selecionada por conveniência (amostra não probabilística) e a coleta de dados ocorreu por entrevista semiestruturada e observação direta. 11 Para finalizar, foi utilizada na análise dos dados a “análise de conteúdo”. É uma técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda a classe de documentos, onde analisados adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento de aspectos e fenômenos da vida social de outro modo, inacessíveis (OLABUENAGA; ISPIZÚA, 1989). A seguir, através da figura 1, apresenta-se a evolução das etapas do estudo que puderam levar a esse relatório de intervenção da realidade investigada, assim como uma síntese de cada etapa: ETAPA 1 ETAPA 2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA OBJETIVOS ETAPA 4 ETAPA 3 COLETA DE DADOS; APRESENTAÇÃO DOS DADOS LITERATURA; ESTUDO DE CASO ETAPA 5 ETAPA 6 ANÁLISE DOS DADOS; SUGESTÕES DE MELHORIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Figura 1: Etapas de Elaboração e Conclusão da Pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor, 2011 Etapa 1: consistiu-se na identificação do problema relacionado aos fatores motivacionais que são agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. Etapa 2: reserva-se ao eixo central da pesquisa buscando através do objetivo geral e dos objetivos específicos direcionar o estudo. Etapa 3: por meio documental , buscou-se na literatura os conhecimentos fundamentais e necessários para a realização do estudo e toda a informação documental e/ou registros que a empresa pode fornecer. Nessa etapa foram utilizados livros, artigos científicos, monografias, dissertações, documentos de sites de órgãos e entidades do setor elétrico brasileiro, relatórios de Diretoria e até jornais da Empresa. Etapa 4: foi utilizado como instrumento de coleta de dados para o estudo de caso, uma entrevista semiestruturada com 14 (quatorze) perguntas, inclusive as 2 (duas) últimas perguntas dessa entrevista surgiram espontaneamente, com intuito de 12 complementá-la, além da observação participante que através da interação do pesquisador e pesquisado, pode alternar entre teoria e prática. Etapa 5: a partir das entrevistas foi elaborada uma legenda com valores capazes de representar a interação das respostas com o tema, conciliando por sua vez com os objetivos dessa pesquisa. Nesse sentido de acordo com o manual de metodologia de estágio vigente, fica o pesquisador possibilitado a propor melhorias. Etapa 6: nas considerações finais ocorre o desfecho da pesquisa, além de serem apresentadas outras informações relevantes. 3.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA No que se refere à delimitação, este estudo foi realizado na Celesc Distribuição S.A., mais precisamente na Loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol. Deve-se ressaltar que a Empresa possui inúmeras lojas de atendimento espalhadas pelo estado, porém o estudo considerou os dados coletados apenas na Loja Kobrasol, o que não significa que a pesquisa não possa ser generalizada às demais Lojas de Atendimento, pois existe grande semelhança nas características estruturais, normativas e de atendimento que facilitam o método dedutivo, isto é, de generalização. 4 RESULTADOS A seguir, nesse capítulo apresentam-se os resultados encontrados com a coleta de dados assim como sua análise subsidiando a apresentação das sugestões de melhorias. 4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS E DAS INFORMAÇÕES A partir da observação participante, da análise de conteúdo, da entrevista semiestruturada e ainda com base na fundamentação teórica foram analisadas as falas dos Atendentes Comerciais (ATC’s) a respeito da motivação, das condições de trabalho, do comprometimento e da excelência. É importante frisar que o objetivo geral da pesquisa é analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais 13 visando a excelência no atendimento ao consumidor. Nesse sentido, visto que os fatores motivacionais estão diretamente ligados com a motivação, com as condições de trabalho, comprometimento e excelência, buscou- se conhecer dos ATC’s, seus conhecimentos frente a estes temas, o que a Empresa promove nas suas opiniões e o que é praticado pelos próprios ATC’s para contribuir no seu comprometimento e por consequência no atendimento com excelência. Cabe também ressaltar que na coleta de dados através das entrevistas (semiestruturadas) precisou-se descontrair o ambiente, pois os mesmos foram entrevistados em horário de trabalho, porém em outra sala. As entrevistas foram aplicadas a 9 (nove) ATC’s, entre eles, 1 (um) desempenha o papel de gerente, duraram cerca de 20 a 50 minutos e ocorreram todas no mesmo dia (período matutino e vespertino) no segundo semestre de 2011. Foi interessante perceber pelos ATC’s (entrevistados) a curiosidade pela finalidade da pesquisa; preocupação de alguns entrevistados com o anonimato assim como o entusiasmo pela oportunidade de um espaço disponível não para ouvir reclamações ou resolver problemas (atribuições predominantes do ATC), mas sim de um espaço exclusivo para relatar os desafios dessa profissão e seus problemas com a empresa frente aos temas mencionados no primeiro parágrafo. A seguir apresenta-se apenas um “extrato” das análises das falas dos ATC’s, sob a identificação de entrevistado “(E)” em relação ao apontamento: As ações da Empresa que viabilizam o comprometimento dos ATC’s. O E3 demonstra-se abalado em relação ao comprometimento, é alegado por ele, falta de credibilidade nos empregados pelos gerentes e empresa, mais especificamente nos ATC’s. Essa insatisfação refere-se à autonomia de perfil já citada também como aspecto negativo na fala do E2 no item: ações dos ATC’s que demonstram estarem ou não comprometidos. O perfil frisado pelo E3 quer dizer que os ATC’s estão organizados no mesmo nível hierárquico, porém apenas “alguns” ATC’s mesmo não ocupando cargo de chefia (confiança), acabam por ter um “perfil” diferenciado (mais autonomia), fazendo com que outros ATC’s que não dispunham deste perfil diferenciado fiquem limitados na solução de alguns problemas, causando por consequência abalo no comprometimento. 14 De acordo com as ideias de Clarke (2001) as empresas precisam assegurar aos empregados, ferramentas necessárias e apoio suficiente para fornecer um serviço de atendimento qualificado ao consumidor. O E3 realça este incômodo de pouca credibilidade por parte da empresa com a insatisfação pelo excesso de burocracia e formalização que existe nesse setor (Loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol), isto é, para muitos atendimentos o ATC precisa arquivar inúmeros documentos em seu portadocumentos com intuito de se preservar em auditorias internas e preservar a empresa em auditorias externas (pela reguladora ANEEL entre outros). Os E1, E2, E6 e E7 apontam como aspecto negativo por parte da empresa a questão sobre o T&D (treinamento e desenvolvimento). Os mesmos apresentam em suas falas, certa conscientização e talvez conformismo em relação às dificuldades naturais do próprio setor de atendimento ao público, ou seja, de que não podem se ausentar, pois não há substitutos, e a demanda de trabalho nas lojas é sempre muito grande. Apesar do exposto os entrevistados mencionados foram unânimes em ressaltar que apesar das dificuldades, sentem muito a falta de treinamento e relacionam este fator ao nível de comprometimento com a empresa e com o resultado. Os mesmos sentem-se estagnados quanto ao desenvolvimento de suas carreiras. Na visão de Gonçalves (2005), capacitar a linha de frente é treinamento estratégico de alto nível. É estratégico porque atua diretamente com os profissionais que interagem com os consumidores e é de alto nível porque gera altos níveis de produtividade e motivação nesses profissionais, além de alto nível de satisfação nas pessoas que recebem o atendimento. A questão da insatisfação com a área de apoio (staff) é retomada nas falas do E4 e E8. Os mesmos detalham essa abordam e apontam dois problemas: o primeiro refere-se a ausência de apoio da “regional” na hora do almoço. Vale lembrar que o expediente nas lojas de atendimento ocorre das 08h30min às 16h30min, porém na Agência onde se situa a área de apoio (staff), são elas: arrecadação, faturamento, tesouraria, secretaria, área técnica, assessorias etc., há parada para o almoço que ocorre entre 11h30min as 13h30min, indicando por sua vez, ausência temporária de 2 horas. A segunda refere-se à dificuldade de acesso a essa área de apoio, mesmo durante o período em que os mesmos deveriam estar disponíveis. Nesse caso podese concluir que são grandes os desafios dessa área, que tão importante é na visão 15 dos ATC’s, entre eles: O acesso á essa área ocorre praticamente e somente por telefone, pois os recursos de chat e/ou mensagem via servidor próprio são pouco utilizadas. Vale lembrar que o número de empregados que atuam nessas áreas de apoio (staff) é insuficiente, causando também sobrecargas, dificultando a disponibilidade para suporte. De acordo com as ideias de Martins (2008) o suporte do supervisor e/ou da área de apoio (staff) se refere às condições de trabalho e que precisam ser satisfeitas para gerar motivação e comprometimento dos empregados. O E7 chama a atenção da empresa para a questão da distância do corpo gerencial, tanto dos níveis táticos quanto estratégicos. Em outras palavras, argumenta que essa distância em relação às lojas de atendimento (nível operacional) diminui a socialização. Por sua vez as normas, processos e objetivos que poderiam ser reforçados ou revisados a partir dessas visitas, acabam por ficar fragmentados, dificultando a chegada ao resultado. Essa necessidade de socialização, espécie de acompanhamento levanta pelo E7 quando não satisfeita gera desmotivação. A seguir, aparece trecho da fala que baliza o que fora mencionado: “[...] Não percebo valorização da empresa, as chefias mal nos visitam”. 4.2 APRESENTAÇÃO DAS SUGESTÕES DE MELHORIAS Manter elevado os níveis de comprometimento dos ATC’s assim como dispor de um atendimento com excelência a seus consumidores é de fato um desafio para as organizações, principalmente as públicas, haja vista o aspecto legal que nesse caso torna-se limitador. Na esfera privada basta as organizações não fazerem o que for proibido, já nas organizações públicas deve-se fazer exatamente o que as leis e normas determinam, ressalvados alguns poderes discricionários. Por isso se justifica a relevância do referido estudo em analisar os fatores motivacionais que contribuem para o comprometimento dos Atendentes Comerciais visando a excelência no atendimento ao consumidor. Gerir através do comprometimento e da excelência significa obter o envolvimento de todas as pessoas que atuam na organização para a busca dos objetivos organizacionais. O comprometimento assim como a excelência tem quer ser olhado de uma forma estratégica pela organização, uma ponte para o sucesso ou para o fracasso. Ao olhar de uma forma estratégica, a organização promove 16 dentro do indivíduo uma identificação com os objetivos e metas, havendo uma busca contínua pela qualidade, sendo percebida pelo consumidor (GOMES, 1994). Um importante fator de sucesso do empreendimento é compor sua equipe de empregados com pessoas proativas que fazem as coisas acontecer, que dão o primeiro passo na busca de soluções para os problemas surgidos, que procuram sempre avançar, crescer, evoluir (ALMEIDA, 2001). A partir das teorias estudadas, das entrevistas, da observação direta e análise de conteúdo, pode-se constatar que os fatores motivacionais identificados estão “comprometidos” e precisam ser melhorados para poderem figurar como agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. Em primeiro lugar então, serão apresentados os fatores motivacionais identificados que já contribuem para o comprometimento e que influenciam positivamente na excelência do atendimento ao consumidor conforme o quadro 1. Fatores motivacionais (extrínsecos) identificados que precisam ser mantidos Remuneração satisfatória Pontualidade com o pagamento do salário Ampla concessão de benefícios Garantia e estabilidade de emprego Concessão de novos uniformes Redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas Quadro 1: Fatores motivacionais identificados que precisam ser mantidos Fonte: Elaborador pelo autor (2011) Em segundo lugar, apresenta-se o quadro 2 com os fatores motivacionais que atualmente precisam ser melhorados. Vale lembrar que os mesmos ainda foram subdivididos em: aplicação que não envolve custo (cor amarela) e aplicação que envolve custo (cor verde) para facilitar a implantação do “Plano de Ação” sugerido também a seguir 17 Fatores motivacionais (extrínsecos) identificados que precisam melhorar Alguns equipamentos de informática estão obsoletos. Área de suporte regional (staff) ausente nos período das 11h30min às 13h30min. Área de suporte regional (staff) com muita frequência indisponível, mesmo no horário de presença. Atualização/baixa dos serviços de campo demorada prejudicando uma informação mais precisa. Autonomia limitada e às vezes não condizente com a função exercida (problema de liberação de perfil). Baixa frequência de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) para os ATC’s. Baixa frequência na aplicação de Avaliação de Desempenho. Capacitação e desenvolvimento dos gerentes (liderança). Às vezes ocorre indicação política sem haver competência. Carência à valorização e aos elogios por parte da empresa. Descumprimento de prazos para realização de alguns serviços de campo, aumentando reclamações dos consumidores. Dificuldade de manter “uniformidade nos procedimentos e informações”, causando transtornos à empresa e consumidores. Gerentes (liderança) devem cobrar e acompanhar o cumprimento das leis e também das normas e procedimentos da empresa. Feedback insuficiente das lideranças. Ocorre praticamente e apenas por Avaliação de Desempenho. Gestão participativa. Disponibilizar a participação dos ATC’s em assuntos relacionados ao atendimento comercial. Infraestrutura do posto de atendimento comprometida. Mobiliários velhos e recepção inadequada. Maior atuação da gerência (liderança) em alguns casos. Não apenas absorver os problemas, mas levá-los ao conhecimento daqueles que de fato possam interferir/resolver. Pouco fomento da Empresa aos canais de elogio e agradecimento onde o consumidor possa realizar elogio aos ATC’s. Sobrecarga nas funções devido à grande demanda de serviço e ao grau de responsabilidade que se converte em pressão. Não envolvem custos = Viabilidade gerencial Envolvem custos = Viabilidade orçamentária Quadro 2: Fatores motivacionais identificados que precisam melhorar Fonte: Elaborador pelo autor (2011) 18 Sendo assim sugere-se um “Plano de Ação” capaz de colocar em prática ações de melhoria nos referidos fatores motivacionais comprometidos. No primeiro momento poderá a Empresa atuar nos fatores que não envolvem custos cabendo apenas a tarefa de reorganização gerencial. Já no segundo momento caberá à Empresa definir a prioridade das ações corretivas caso necessite de tempo para elaborar orçamentos dos custos. Não menos importante, outros fatores motivacionais foram identificados como mostra o quadro 3. A razão para não estarem elencados juntamente com os quadros 1 ou 2, é de que esses fatores não são frutos da relação empresa/empregado e decorrem da motivação individual (aspecto intrínseco) e/ou da própria natureza do serviço de atendimento ao consumidor. Intervenção da empresa nesses fatores resultará sem efeito, pois depende de outras condições, porém conhecê-los é imprescindível para entender o perfil do ATC e a relevância do referido estudo. Fatores motivacionais (intrínsecos) que independem de ação pela empresa Aprender a gostar do que faz. Empatia (envolvimento de fato com a causa e com o problema do consumidor). Satisfação do consumidor. Sentimento de utilidade, de ser importante para empresa e para a sociedade. União da equipe e respeito às diferenças. Quadro 3: Fatores motivacionais que independem de ação pela empresa e que refletem os valores da mesma assim como as peculiaridades do perfil de ATC Fonte: Elaborado pelo autor (2011) Para finalizar as sugestões pode-se citar, como “assunto inovador”, o que não deixa de figurar como fator motivacional e que demanda planejamento e organização dos setores de RH e afins, é a implantação de um “Plano Programado de Rotatividade”. Plano este que tem por finalidade 2 (dois) objetivos: c) Limitar o tempo de atuação dedicado a essa função para que não haja acomodação; d) Enaltecer a “meritocracia” (espécie de PCS mais elaborado) que contenha estágios a serem alcançados durante a estadia do empregado na função de ATC, como: Tempo dedicado àquela função; 19 Cursos de aprimoramento afins; Complementação escolar externa; Assiduidade; Idoneidade disciplinar; entre outros. O referido plano aparece na sugestão de um dos entrevistados e foi reformulada pelo autor para se tornar viável à aplicação. Segue parte da fala do E5 em obediência às normas da empresa e à legislação vigente. A empresa poderia ter um plano programado de rotatividade para esse setor já que a função exercida de Atendente Comercial é compatível com a de Assistente Administrativo tanto em escolaridade, quanto no PCS, ou seja, na questão salarial, nesse caso sem prejuízo do art. 37 da CRFB de 1988. Nota-se que a acomodação pelo empregado, a carência de estímulos da empresa, as limitações da legislação e a falta de desenvolvimento tornam-se desestimulantes. O trabalhador precisa ser desenvolvido, precisa gerir sua carreira e evoluir no mesmo sentido. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A motivação é um dos temas de grande relevância na atualidade. As organizações necessitam entender os mecanismos que geram motivação e devem procurar meios eficazes de colocá-los em prática. Tratar a motivação, as condições de trabalho, o comprometimento e a excelência no atendimento ao consumidor, através de fatores motivacionais, significa separar os ambientes precursores desta situação, para que tanto Empresa e Atendentes Comerciais (empregados) possam avaliar suas atuações e agir para realizar eventuais melhorias. O tema escolhido “Os Fatores Motivacionais como Agentes do Comprometimento visando a Excelência no Atendimento ao Consumidor” realizado na Celesc Distribuição S.A., mais especificamente na loja de atendimento ao público do bairro Kobrasol, teve como problema de pesquisa: identificar os fatores que motivam e estimulam os Atendentes Comerciais, assim como torná-los agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor. Nessa linha de pensamento, baseados nos dados e informações coletados, verifica-se que os ATC’s estão em busca de estímulos que possam trazer maior 20 satisfação no trabalho e assim poder oferecer um atendimento de maior qualidade a seus consumidores. Desse modo, implantando o “Plano de Ação” sugerido que será capaz de colocar em prática ações de melhoria nos referidos fatores motivacionais comprometidos (vide quadro 2) e aplicando o “Plano Programado de Rotatividade” se criará um ambiente com melhores condições de trabalho possibilitando à Empresa uma “gestão de pessoas” mais eficaz e resolvendo por sua vez o “problema de pesquisa:”. Também ficou evidente na pesquisa a ciência por parte dos ATC’s em relação à importância de sua função para a empresa e para a sociedade. Tanto que os mesmos percebem nos últimos tempos, maior valorização por parte da empresa sobre este setor. Ainda não suficiente como avaliado pelos ATC’s, porém vêm aumentando. Outra questão relevante é de que a partir dos fatores motivacionais apresentados no quadro 3 (Fatores motivacionais que independem de ação pela empresa e que refletem os valores da mesma assim como as peculiaridades do perfil de ATC) pode-se constatar 2 (dois) apontamentos. O primeiro demonstra que é necessário dispor de um perfil peculiar para se trabalhar no setor de atendimento ao público e o segundo que os “valores” da empresa nascem também dessas peculiaridades. Nota-se então que a referida pesquisa serve de instrumento para a Empresa finalmente tornar os fatores motivacionais agentes do comprometimento e da excelência no atendimento ao consumidor, o que configura como objetivo acessório dessa pesquisa, e que ainda poderá ser aplicada às demais Lojas de Atendimento ao Público da Celesc Distribuição S.A., espalhadas por todo estado, em virtude da semelhança de condições e contexto. Vale ressaltar que o Departamento de Recursos Humanos (DPRH) é subordinado à Diretoria de Gestão Corporativa (DGC) e ministra todas as ações de RH pela estatal. Naturalmente uma proposta de ação de RH focada para o Atendimento Comercial, criada nessa Diretoria/Departamento, contemplará todos os Atendentes Comerciais. 21 REFERÊNCIAS ALMEIDA, S. Ah! Eu não acredito: como cativar o cliente através de um fantástico atendimento. Salvador: Casa da Qualidade, 2001. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 15 set. 2011. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2000. CLARKE, G. Marketing de serviços e resultados: Teoria e prática para ações e campanhas bem sucedidas. São Paulo: Futura, 2001. DESSLER, G. Conquistando Comprometimento. São Paulo: Makron Books, 1996. FERREIRA, A.B.H. Novo Aurélio Século XXI: O Dicionário da Língua Portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. FLEURY, M. T. L. (Org.). As Pessoas na Organização. 10.ed. São Paulo: Gente, 2002. GERSON, R. A excelência no atendimento a clientes: mantendo seus clientes por toda vida. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. GIL, A. C. 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