grande projetos - auditorio 1
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grande projetos - auditorio 1
Internacional Singular geometria Escultórica e geometricamente complexa, a Casa da Música, criação do arquiteto holandês Rem Koolhaas, torna-se o mais novo edifício-ícone de Portugal. Criticada por sua escala avantajada e por estar isolada do entorno, a obra também é compreendida como ponto de encontro entre o antigo e o novo Ouando foi anunciado que o OMA, escritório de arquitetura liderado pelo holandês Rem Koolhaas, seria autor de uma casa pública de espetáculos no centro histórico da cidade portuguesa do Porto, a simples expectativa sobre o que viria a ser construído criou um alvoroço. Afinal, o que o mundo e a comunidade local deveriam esperar de um dos arquitetos mais inovadores e provocativos dos últimos tempos? Depois de seis anos de obra e 100 milhões de euros consumidos, o resultado surpreendeu a todos. Implantada numa praça, a Casa da Música surge como uma caixa de concreto branco aparente em forma de cristal. Em um artigo para o jornal norte-americano The New York Times, o crítico de arquitetura Nicolai Ouroussoff elogia a construção e afirma que a casa é "o mais atraente projeto já criado por Koolhaas". Apesar disso, o projeto desagradou parte da comunidade arquitetônica local, que critica o fato de o edifício, com toda sua avantajada escala, não estabelecer uma relação de continuidade com o tecido urbano da Rotunda da Boa Vista, a praça onde foi implantado. Já seus defensores alegam que a integração com a cidade acontece no plano visual pelos janelões dispostos nas extremidades de dois auditórios. Da mesma forma que revelam o interior ao exterior, as aberturas trazem a cidade para dentro do prédio de maneira inusitada. Para muitos, o arquiteto holandês conseguiu transpor para a obra a sobriedade arquitetônica do Porto. No memorial descritivo da Casa da Música, Koolhaas e Ellen van Loon, arquiteta que colaborou na elaboração do projeto, explicam porque criaram um edifício solitário em meio à paisagem urbana: segundo a dupla, a Casa não foi feita para ser "mais um muro curvo em pequena escala ao redor da rotunda", como são, para eles, os demais edifícios. "Após essa intervenção, a rotunda da Boa Vista passou a ser um modelo positivo do encontro entre o antigo e o novo na cidade do Porto, reunindo, em um só gesto, simbolismo, visibilidade e acesso", afirmam. Um dos principais desafios do projeto foi encaixar um complexo programa de necessidades em um edifício com geometria tão irregular. Pode-se dizer que o centro nevrálgico de todo o projeto é o Auditório Principal, um espaço retangular com capacidade para 1.300 lugares que configura o grande vão central do edifício. Cercado por paredes de vidro, o auditório se comunica visualmente com os demais ambientes da casa, algo incomum em instalações desse porte. Um auditório menor, situado na porção sul da construção, surge como um espaço multifuncional e flexível, equipado com palco e cadeiras removíveis, concebido para acolher diferentes tipos de espetáculos e eventos. A casa conta ainda com um restaurante na cobertura, esplanada voltada para a praça, salas para ensaio e estúdios de gravação, além do espaço CiberMúsica, idealizado como ponto de encontro para tecnologia, artes visuais e gêneros alternativos de música. Na Casa da Música, estrutura e arquitetura são sinônimos. Além de criar cenários e enquadramentos inusitados, pilares e paredes inclinadas em concreto branco formam um complexo sistema de transmissão de cargas às fundações. Na porção norte do prédio, por exemplo, a complexidade geométrica das lajes, escadas e rampas tornou essa transmissão particularmente difícil. Para cálculo de esforços e dimensionamento, a equipe recorreu a um modelo tridimensional constituído por todos os elementos que formam a estrutura primária: casca exterior, as duas paredes longitudinais principais, o pequeno auditório, pilares inclinados e centrais, lajes e escadas. Para realizar o projeto, Koolhaas venceu um concurso restrito do qual participaram grandes nomes da arquitetura mundial, como Dominique Perrault, Norman Foster, Peter Zumthor, Rafael Moneo e Toyo Ito. Monumento oficial do Porto - Capital Européia da Cultura 2001, a Casa da Música surge como edifício-ícone que tem o objetivo de requalificar um trecho específico da cidade. Como conseqüência, também se espera que o prédio vire um pólo de atração de turismo cultural, algo como o Museu Guggenheim é para a cidade espanhola de Bilbao. É esperar para ver. Em concreto branco aparente, a Casa da Música surpreende pelo caráter escultórico, como um diamante lapidado. Em escala monumental, isolado em uma quadra, o edifício rompe com a malha urbana da cidade e torna-se uma referência para a praça da Rotunda da Boa Vista. A integração com o meio é feita pelas amplas transparências presentes inclusive no auditório Relação de continência "Uma acústica excelente." Esse foi o veredicto dos especialistas sobre o desempenho acústico do Auditório Principal da Casa da Música, espaço dedicado a diferentes gêneros musicais, da música clássica e sinfônica a shows de rock. Uma concha acústica acoplada ao teto faz os ajustes necessários para cada tipo de espetáculo. No Auditório Principal, piso, paredes e tetos são separados do restante da Casa por apoios elásticos, um sistema chamado massa-mola, dimensionados de forma a criar um isolamento acústico. Essa separação fez com que o recurso passasse também a ser conhecido pelo termo "caixa dentro de caixa". Na caixa do auditório, a laje do pavimento é em concreto armado, as paredes têm estrutura metálica e o teto é constituído por uma laje mista apoiada em vigas metálicas. Vista do foyer na porção norte do edifício. Escadas e plataformas dispostas ao longo do auditório principal criam uma rota ousada e interessante. Pilares e paredes inclinadas servem de apoio para lajes e "desenham" os espaços internos: na Casa da Música, estrutura e forma se fundem para criar a arquitetura O Holandês criador Considerado por muitos o nome mais importante da arquitetura contemporânea mundial, Rem Koolhaas nasceu em Roterdã, em 17 de novembro de 1944. Depois de viver na Indonésia, entre 1952 e 1956, se estabeleceu em Amsterdã, onde trabalhou como roteirista cinematográfico e jornalista no Haagse Post. Pouco depois se mudou para Londres para estudar arquitetura na Architectural Association (AA). É autor de livros importantes como S, M, L, XL, realizado em colaboração com o desenhista Bruce Mau, em 1996, e Delirious New York, de 1978. Em 1975, fundou com Madelon Vriesendorp, Elia e Zoe Zenghelis o escritório Office for Metropolitan Architecture (OMA). Na Europa, Koolhaas é autor de um número considerável de projetos bem recebidos pela crítica, dentre eles uma residência em Bordeaux, na França; o Educatorium, edifício multifuncional na Universidade de Utrecht, na Holanda; e o Grand Palais para Lille, na França. No ano 2000, foi laureado com o prêmio Pritzker de arquitetura pelo conjunto de sua obra. Considerado um deconstrutivista, é autor da célebre frase: "o caos é uma razão natural da arquitetura contemporânea". O Auditório Principal está cercado por paredes de vidro que o mantêm em permanente contato visual com os demais ambientes do edifício. Para o crítico Nicolai Ouroussoff, este seria o projeto "mais atraente" de Koolhaas, que teria conseguido transpor para a obra a sobriedade arquitetônica da cidade DADOS TÉCNICOS Área de construção do edifício dos auditórios: 16.000 m² Área de construção do estacionamento: 38.700 m² Volume de concreto branco: 22.090 m³ Volume de concreto cinzento: 17.010 m³ FICHA TÉCNICA Projeto de Arquitetura: Office of Metropolitan Architecture ¿ Rem Koolhaas, com Ellen van Loon Projeto de Engenharia: Ove Arup/AFAssociados Empreiteiro: Somague/Mesquita ACE