o conceito de desenvolvimento sustentável
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o conceito de desenvolvimento sustentável
O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O termo “desenvolvimento sustentável” de há muito é a palavra chave quando alguém quer se referir ao crescimento ou desenvolvimento econômico. Por outro lado, o conceito de crescimento econômico com o significado de melhoria das condições de vida da população de uma determinada região, sofreu várias mutações, a partir das medidas adotadas para medir esse “crescimento econômico”. Passando pelo significado de “desenvolvimento econômico”, chegou aos nossos dias com o significado de “desenvolvimento socioeconômico sustentável”, tendo como objetivo maior o bem-estar da população. No que diz respeito ao conceito de bem-estar social, apesar de todo este tempo, entre as muitas preocupações acadêmicas dos economistas ainda não de todo solucionadas, se destaca a medida desse fenômeno. No seu aspecto empírico, a medida do bem-estar socioeconômico, teve seus primórdios com os estudos sobre a relação rendaconsumo. De fato, isto se deu em 1857 com o trabalho de Christian Lorenz Ernst Engel (1821 – 1896), um estatístico alemão que propôs uma medida de bem-estar social associando o gasto com bens de primeira necessidade com o nível de renda do indivíduo. Desta forma, segundo ele, quanto menor a renda, maior era a proporção dessa renda gasta com bens de primeira necessidade. Tal relação, segundo Engel, permitiria vislumbrar o grau de bem-estar social dessa população. É importante salientar que um dos principais problemas para se trabalhar com a “renda” como parâmetro de medida de bem-estar socioeconômico diz respeito ao problema da distribuição pessoal de renda, fenômeno que, aliás, já fazia parte das preocupações de Vilfredo Pareto, expressas em seu livro Curso de Economia Política, publicado em 1897 Outro exemplo de mais uma tentativa para a medição da variável em discussão, foi o trabalho de John Richard Hicks, de 1939 que tomou o crescimento do produto nacional como medida de desenvolvimento econômico. Talvez por entender que a medida do produto nacional fosse o parâmetro representativo do suprimento de todas as necessidades básicas da população é que Hicks argumentava que o Produto Nacional era uma boa medida do bem-estar socioeconômico de um país. Na verdade, tomar o PIB como medida de bem-estar pode ser justificado, talvez, até por uma questão de praticidade: o PIB (ou o PNB) é o único parâmetro macroeconômico calculado sistematicamente pela grande maioria dos países desde que o conceito foi descoberto pelos economistas, a partir das contribuições de John Maynard Keynes. Como por muito tempo os economistas não descobriram outro indicador para a medida do bem-estar socioeconômico, ficou aquela variável, como símbolo de prosperidade e de bem-estar de um povo, simultaneamente. De fato, ainda hoje é muito difícil encontrarem-se estatísticas contínuas e fidedignas sobre ingestão de calorias e proteínas, horas gastas em lazer, percentual de renda gasta em vestuário, percentual de renda gasta em lazer etc. Entretanto, quando os economistas começaram a estudar o problema da distribuição de renda como um fenômeno intrinsecamente ligado ao cálculo do bem-estar socioeconômico de um povo, é que se descobriu que o PIB ou mesmo o PIB per capita não era um bom indicador para o bem-estar. Isto é, as evidências empíricas acumuladas ao longo do tempo, mostraram que tal parâmetro (PIB) era inadequado como medida de bem-estar socioeconômico da população, se tomado isoladamente. Mesmo a renda per capita, segunda variável a ser considerada medida de bem-estar, mostrou-se inadequada como representativa do nível de satisfação socioeconômico de uma comunidade. Isto porque, tanto o PIB quanto a renda per capita nada dizem acerca da distribuição de renda entre os cidadãos. Um país ou nação pode apresentar altos valores para o PIB e para a renda per capita e, no entanto, a grande maioria de sua população viver bem abaixo dos padrões aceitáveis de condições de vida. Mesmo o acentuado e contínuo crescimento da renda nacional não é um adequado indicador da melhoria das condições de vida dos cidadãos, devido, justamente, ao problema da distribuição pessoal da renda, e que foi demonstrado pelo Prof. Paul Samuelson. Entretanto, como já foi dito, por muito tempo foi o PIB (ou a renda per capita) a variável mais utilizada nas tentativas de se estimar o nível de bem-estar socioeconômico de um povo. Somente em meados da década dos sessentas do século passado é que alguns economistas concentraram suas atenções na busca de melhores indicadores para a medida do bem-estar socioeconômico em termos empíricos. Assim, a partir dos anos setentas daquele século, os primeiros resultados desse esforço vieram a lume na literatura econômica. Assim, os economistas começaram a considerar outras variáveis e indicadores como importantes para se medir o desenvolvimento econômico. Desta forma, pode-se imaginar que variáveis poderiam ser utilizadas para servirem de base para o conceito de bem-estar socioeconômico. Isto é sugerido no Quadro abaixo Na década dos noventas do século passado veio a lume um importante trabalho nesta área que foi o trabalho do economista Mahbub BL Haq, publicado no Human Development Report, 1990, do UNDP. Em 1994, Sudhir Anand e K. Amartya Sem publicaram o artigo “Human Development Index: Methodology and Measurement”, no Cálculo deste ìndice, são usadas as seguintes variáveis: renda, nível de educação e expectativa de vida. Uma análise mais profunda sobre o IDH pode ser encontrada no trabalho do economista Pedro Jorge Ramos Vianna, intitulado BEMESTAR SÓCIOECONOMICO: CONCEITOS E MEDIDAS (IPECE/SEPLAN, 2005) Na realidade, os indicadores de desenvolvimento econômico podem utilizar muitas das variáveis listadas no Quadro abaixo. QUADRO 1 CONJUNTOS Primeiro VARIÁVEIS QUE REPRESENTAM RENDA OU PRODUTO Renda Interna ou Produto Interno Renda Per Capita Valor da Transformação Industrial Produtos ou Rendas Setoriais Remuneração Média da PEA ou Massa Salarial/PIB Formação Bruta de Capital Físico – FBKF SEGUNDO QUE INDICAM A DISPONIBILIDADE DE SERVIOS OS BÁSICOS PARA A POPULAÇÃO Número de Leitos Hospitalares por 1.000 Habs. Número de Médicos por 1.000 Habs. Número de Enfermeiros por 1.000 Habs. Domicílios Servidos com Água Tratada Domicílios Servidos com Esgoto Sanitário Domicílios com Coleta Adequada de Lixo nas Áreas Urbanas Domicílios Servidos com Energia Elétrica Domicílios Servidos com Telefonia Número de Professores por 1.000 Alunos TERCEIRO QUE INDICAM O ESFORÇO DO GOVERNO EM PROVER A A POPULAÇÃO COM MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA Gastos do Setor Público com Educação Gastos do Setor Público com Saúde Gastos do Setor Público com Saneamento Básico Gastos do Setor Público com Segurança Pública QUARTO VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS Expectativa de Vida Taxa de Mortalidade Infantil Taxa de Escolaridade Taxa de Analfabetismo (População com 15 Anos ou Mais) Número de Alunos por Professor da Rede Pública Número de Alunos por Sala de Aula Gastos da População com Lazer Ingestão de Proteínas Ingestão de Calorias Crescimento Populacional Crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) Densidade Demográfica Densidade Econômica Densidade Agropecuária Densidade Industrial Grau de Industrialização Grau de Urbanização Nível de Pobreza Absoluta Mas porque hoje o foco é o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL? Porque a preocupação, dadas as diversas tragédias que está assolando o mundo, é com a sustentabilidade da vida humana neste planeta. A DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ESTÁ TRAZENDO PARA A HUMANIDADE A CONSCIÊNCIA DE QUE PRECISAMOS PRESERVÁ-LO SE QUEREMOS DEIXAR UM PLANETA HABITÁVEL PARA AS GERAÇÕES VINDOURAS. ASSIM, DEVEMOS EXPLORAR OS RECURSOS NATURAIS HOJE EXISTENTES, MAS COM A OBRIGAÇÃO DE FAZÊ-LO COM O CUIDADO NECESSÁRIO PARA PRESERVÁ-LO. É CLARO QUIE OS RECURSOS NÃO RENOVÁVEIS, COMO OS MINERAIS, NÃO PODEM SER PRESERVADOS. MAS SE PODE UTIULIZAR NOVAS TECNOLOGIAS PARA SUBSTITUIR O USO DESSES RECURSOS NÃO-RENOVÁVEIS.