Contribuições da governança de dados como suporte à
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Contribuições da governança de dados como suporte à
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE NEGÓCIOS CONTRIBUIÇÕES DA GOVERNANÇA DE DADOS COMO SUPORTE À TOMADA DE DECISÃO NOS NÍVEIS GERENCIAL E EXECUTIVO TAGIL OLIVEIRA RAMOS Orientadora: Profa. Dra. Ivete Rodrigues São Paulo 2016 ii TAGIL OLIVEIRA RAMOS CONTRIBUIÇÕES DA GOVERNANÇA DE DADOS COMO SUPORTE À TOMADA DE DECISÃO NOS NÍVEIS GERENCIAL E EXECUTIVO Dissertação apresentada à Fundação Instituto de Administração para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Negócios. Orientadora: Profa. Dra. Ivete Rodrigues São Paulo 2016 iii Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário Chefe Kleber Zornoff Manrubia CRB-8 /7561 Ramos, Tagil Oliveira. Contribuições da governança de dados como suporte à tomada de decisão nos níveis gerencial e executivo . / Tagil Oliveira Ramos. São Paulo, [s.n.]: 2016. 150f. Orientadora: Profa. Dra. Ivete Rodrigues Área de concentração: Governança corporativa de dados. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão de Negócios) – Faculdade FIA de Administração e Negócios, Programa de Pós-Graduação em Stricto Sensu, 2016. 1. Administração - Sistema de informação. 2. Governança corporativa 3. Tecnologia da informação. I. Rodrigues, Ivete. II. Mestrado Profissional. III. Faculdade FIA de Administração e Negócios. IV. Fundação Instituto de Administração . iv FOLHA DE APROVAÇÃO Tagil Oliveira Ramos CONTRIBUIÇÕES DA GOVERNANÇA DE DADOS COMO SUPORTE À TOMADA DE DECISÃO NOS NÍVEIS GERENCIAL E EXECUTIVO SP, __/03/2016 Banca Examinadora: __________________________ Profa. Dra. Ivete Rodrigues (Orientadora) __________________________ Prof. Dr. Edson Barbero (Membro externo – Fecap) __________________________ Prof. Dr. Daniel Estima de Carvalho (Membro interno - FIA) __________________________ Profa. Dra. Rosária Macri Russo (Suplente) v Dedico este trabalho ao meu Criador, início e término de todas as vontades, pensamentos e ações. A minha mãe Elerina e meu pai Oliveira Ramos (in memorian), pela oportunidade de viver a vida como ela é. A minhas filhas Luara e Pérola, para a continuidade da construção de um destino nobre. A minha irmã Ticiana, pela presença solidária nos momentos mais críticos da travessia. Ao leitor, para que ouse vislumbrar o projeto de um mundo melhor, a partir de dados transparentes e acessíveis ao cidadão. vi AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer, com profunda admiração e respeito, ao Professor James Wright, pela confiança e pelo apoio. Orgulho-me de poder participar da Turma 1 do Mestrado Profissional em Gestão de Negócios e ter a oportunidade de fazer parte de uma nova era na história da FIA. À minha orientadora Professora Ivete Rodrigues, que desde o início soube, com inteligência e sensibilidade, indicar os caminhos corretos que surgem durante o trabalho de pesquisa, mesmo quando estreitos e difíceis. À equipe do Profuturo FIA, Ana Paula Fraga Guimarães, Ivana Franco, Juliana Lomonaco, Joseph Pavão Neto, Claudia Garcia Ivonciac e Daniana Santos, pela amizade, solidariedade e apoio. Ao mestre e conselheiro Prof. Dr. César Akira Yokomizo, pelo incentivo para continuar a boa luta. Ao mestre e parceiro na área de marketing Prof. Dr. Silvio Bertoncello, cujos ensinamentos vão além das teorias e se manifestam com força de realidade. Ao mestre e mentor Prof. Dr. Marcio Fedichina, cujas aulas foram o mais precioso ensinamento que tive na gamefication para a vida. Ao Professor Ailton Jussani, presença firme e equilibrada nas aulas e nos momentos de labuta do dia a dia. Ao amigo Kleber Zornoff Manrubia, bibliotecário-chefe da FIA, e toda sua equipe, pelo auxílio na pesquisa bibliográfica e por compartilhar sempre as últimas novidades em forma de leituras desafiadoras. Aos Professores Daniel Estima, Marisa Eboli, Flávia Ghisi, Gleriane Ferreira, Rodolfo Olivo, Marcos Bruno, Marcelo Treff, Leandro Fraga e Alfredo Behrens, pelo exemplo de profissionalismo e pelo valioso bem do Conhecimento. vii "O conhecimento tornou-se o recurso econômico chave dominante - e talvez a única fonte de vantagem competitiva." PETER DRUCKER viii ‘ RESUMO Organizações pioneiras, no Brasil e no mundo, têm obtido vantagem competitiva em seus segmentos pela exploração do valor agregado em seus dados. O alinhamento da Governança de Dados com o modelo de negócio mostra-se um diferencial para as corporações do Século XXI. Esta pesquisa qualitativa exploratória, por meio do estudo de casos de três grandes empresas brasileiras, em diferentes estágios de maturidade em dados, contribui para a compreensão do desafio complexo vivido pelas organizações nos dias atuais. Gerenciar de maneira eficaz os ativos de dados e garantir seu nível de qualidade é condição necessária para o planejamento, monitoramento e execução de uma política de informação eficaz. Desse modo, a Governança de Dados se revela um poderoso aliado na tomada de decisão nos níveis gerenciais e da alta administração. As soluções estão disponíveis às empresas sob a forma de guias, métodos, corpos de conhecimento, frameworks, consultorias, auditorias e certificações especializadas. Como indica o estudo, as boas práticas em dados podem evitar sinistros de segurança das informações, mas principalmente se revelam como um diferencial competitivo que leva à liderança e à inovação. Palavras-Chave: Governança de Dados, Gestão de Dados, Tomada de Decisão, Estratégia de Dados, Ambiente Corporativo Brasileiro. ix ABSTRACT Pioneering organizations in Brazil and worldwide achieve competitive advantage in their industries exploiting their data assets. Data Governance aligned with business model is proved to be a differential to companies in XXI Century. This exploratory qualitative research provides case studies of three large Brazilian companies at different stages of data maturity. It contributes to understand the complex challenge experienced by modern organizations. Managing data assets effectively and ensuring their level of quality is a prerequisite for planning, monitoring and implementation of an effective information policy. Thus the Data Governance becomes a powerful ally in decision making at management level and strategic level. Solutions are available for companies as guides, methods, bodies of knowledge, frameworks, consulting, auditing and specialized certifications. As this research indicates, good practices in data governance can prevent information security incidents, but rather becomes a competitive advantage that leads to leadership and innovation. Keywords: Data Governance, Data Management, Data Strategy, Decision Making, Brazilian Corporate Environment. x SUMÁRIO, 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1 1.1 Problema de pesquisa ............................................................................................................... 5 1.2. Objetivos e contribuições deste estudo ............................................................................ 6 1.3 Justificativa para realização do estudo .............................................................................. 7 1.4. Estrutura da dissertação ......................................................................................................... 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 10 2.1 Gestão de dados ....................................................................................................................... 11 2.1.1 Linha do tempo da administração dos dados ....................................................... 11 2.1.2 O contexto atual da Gestão de Dados ..................................................................... 13 2.2. Governança de Dados ........................................................................................................... 19 2.2.1 Governança de dados nas corporações ................................................................. 20 2.2.2 Governança de TI e Governança de Dados .......................................................... 21 2.2.3 O modelo de Governança de Dados do DMBoK................................................. 25 2.2.4 Maturidade Corporativa em Dados............................................................................ 31 2.2.5 Interesse corporativo pelo tema da Governança de Dados .......................... 34 2.3 Tomada de Decisão ................................................................................................................. 40 2.3.1 A Tomada de Decisão ao longo da História .......................................................... 40 2.3.2 A complexidade da decisão .......................................................................................... 43 2.3.3 Sistemas de Apoio à Decisão ...................................................................................... 45 2.3.4 Limitações e vieses .......................................................................................................... 50 3. MÉTODO ............................................................................................................................................. 58 3.1. Natureza e método de estudo ............................................................................................ 58 3.2 Delimitação da pesquisa ........................................................................................................ 59 3.3 Modelo conceitual ..................................................................................................................... 61 3.4 Proposições deste estudo ..................................................................................................... 63 3.4.1 Proposição 1: ...................................................................................................................... 65 3.4.2 Proposição 2: ...................................................................................................................... 65 3.4.3 Proposição 3: ...................................................................................................................... 66 3.5 Procedimentos metodológicos ............................................................................................. 67 xi 3.6 Seleção das empresas participantes e entrevistados................................................ 67 3.7 Roteiro de entrevista usado para a coleta de dados .................................................. 70 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................... 73 4.1. Descrição das empresas entrevistadas .......................................................................... 73 4.2. Avaliação dos entrevistados do nível de maturidade das empresas ................. 74 4.2.1 Empresa A ........................................................................................................................... 75 4.2.2 Empresa B ........................................................................................................................... 76 4.2.3 Empresa C ........................................................................................................................... 77 4.3. Consolidação das respostas do questionário .............................................................. 78 4.4. Consolidação das respostas das entrevistas ............................................................... 82 4.6. Consolidação da análise das proposições .................................................................... 85 4.6.1. Proposição 1: confirmada nos casos A, B e C. ................................................... 85 4.6.2 Proposição 2: confirmada nos casos analisados ................................................ 90 4.6.3 Proposição 3: confirmada nos casos analisados ................................................ 93 4.6.4 Análise geral da pesquisa ............................................................................................. 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 102 APÊNDICES .......................................................................................................................................... 110 APÊNDICE 1: Protocolo de pesquisa para estudo de caso .............................................. 110 APÊNDICE 2: Protocolo de pesquisa para estudo de caso .............................................. 114 APÊNDICE 3: Consolidação das respostas das entrevistas............................................. 120 xii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BI - Business Intelligence CMMI - Capability Maturity Model Integration COBIT - Control Objectives for Information and related Technology DM - Data Management (Gestão de Dados) DQS – Data Quality System EDM - Enterprise Suport Decision DAS – Decision Automated Support EIM – Enterprise Information Management EIS - Executive Information System ESS - Executive Support System ISO 8000 – Padrão internacional para qualidade de dados ISO/NP 8000-62 ITIL - Information Technology Infrastructure Library Risk IT - Enterprise Risk: Identify, Govern and Manage IT Risks SAD - Sistemas de Apoio à Decisão SDA - Suporte à Decisão Automatizado SIG - Sistemas de Informações Gerenciais TI - Tecnologia da Informação TIQM – The TIQM Quality System for Total Information Val IT - Enterprise Value: Governance of IT Investments xiii LISTA DE QUADROS Quadro 1: Frameworks focados em dados e literatura relacionada ....................... 17 Quadro 2: Principais problemas elencados pelo DMBoK ............................................ 26 Quadro 3: Níveis de governança e ferramentas .............................................................. 30 Quadro 4: Percepção da Governança de Dados ............................................................ 35 Quadro 5: Tipologia ..................................................................................................................... 44 Quadro 6: Cruzamento de natureza e níveis de decisão ............................................ 44 Quadro 7: Definições de Sistema de Apoio à Decisão ................................................. 48 Quadro 8: Fases da decisão e os recursos dos Sistemas de Informação. .......... 49 Quadro 9: Informações sobre vieses na tomada de decisão ..................................... 51 Quadro 10: Sistemas analíticos e transacionais ............................................................. 54 Quadro 11: Diferenciais entre SAE e SAD ........................................................................ 56 Quadro 12: Razões para adoção de SI ............................................................................... 57 Quadro 13: Roteiro para as entrevistas .............................................................................. 71 Quadro 14: Descrição das empresas entrevistadas ...................................................... 73 Quadro 15: Heatmap, espectro da maturidade de dados percebida ...................... 80 Quadro 16: HEATMAP – ESPECTRO DA MATURIDADE ......................................... 81 Quadro 17: Avaliação de consultores do mercado ........................................................ 82 Quadro 18: Consultores avisam o que deve ser evitado pelas empresas .......... 84 xiv LISTA DE TABELAS Tabela 1: Perfil dos participantes do DMC LATAM 2015 ................................. 36 Tabela 2: Empresas respondentes na pesquisa da DAMA Brasll. ................... 37 xv LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: : Atividades executadas para controle da Gestão de Dados .................. 38 Gráfico 2: Planejamento da Gestão de Dados ................................................................ 39 xvi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Dados ao longo das décadas............................................................................... 12 Figura 2: Paralelismo entre a Governança de TI e Dados ......................................... 24 Figura 3: Representação das áreas de conhecimento do DMBoK ......................... 27 Figura 4: Funções e atividades contempladas pelo DMBoK............................ 28 Figura 5: Tecnologia, processos e pessoas ...................................................................... 29 Figura 6: Governança e Gestão ........................................................................................... 31 Figura 7: Caminho dos dados ao conhecimento ............................................................. 31 Figura 8: Maturidade da Governança de Dados ............................................................. 32 Figura 9: Estrutura de Governança de Dados. ................................................................ 33 Figura 10: Modelo original Task-Technology Fit (TTF) ............................................... 63 Figura 11: Modelo conceitual desta pesquisa . ................................................................ 64 Figura 12: Proposição 1. .......................................................................................................... 65 Figura 13: Proposição 2 ............................................................................................................. 66 Figura 14: Proposição 3 ............................................................................................................. 66 Figura 15: Proposição 1 do Modelo Conceitual ............................................... 86 Figura 16: Aplicação da Proposição 1 à Empresa A ..................................................... 87 Figura 17: Aplicação da Proposição 1 à Empresa B ..................................................... 87 Figura 18: Aplicação da Proposição 1 à Empresa B ..................................................... 88 Figura 19: Percepção da Governança de Dados........................................................... 89 Figura 20: TTF para a Empresa A........................................................................................ 90 Figura 21 :TTF para a Empresa B ......................................................................................... 91 Figura 22: TTF para o nível estratégico .............................................................................. 91 Figura 23: TTF para a Empresa C ......................................................................................... 92 xvii Figura 24: Pressuposição 3 .................................................................................................... 93 Figura 25: TTF para a Empresa A ......................................................................................... 94 Figura 26: TTF da Empresa B ................................................................................................. 95 Figura 27: Esquema da Empresa B .................................................................................... 95 1 1. INTRODUÇÃO As duas primeiras décadas do Século XXI têm sido caracterizadas pelo crescente aumento da velocidade das transmissões digitais, pela queda do custo do processamento das informações e pela comoditização do armazenamento de bytes. Na prática cotidiana, o resultado desses fatores manifesta-se na produção diária de novas informações em escala vertiginosa. O armazenamento de dados corporativos cresce globalmente a uma taxa anual média de 60%, segundo levantamento de 2015 da HP Autonomy, empresa multinacional especializada em Data Analytics, governança da informação e segurança de dados (ASSIS, 2015). O desafio para o mundo corporativo é grande. Para Laudon e Laudon (2010), uma parte considerável do sucesso empresarial depende do que os gestores podem fazer com os dados disponíveis. A forma como as instituições armazenam, organizam e gerenciam os dados tem relação direta com o resultado oferecido aos acionistas, clientes e demais stakeholders. A questão de como lidar com a crescente quantidade de dados produzida diariamente, em formatos estruturados e não estruturados, é urgente. Ao mesmo tempo em que há uma escalada de informação armazenada e trafegada, os sistemas corporativos tornam-se cada vez mais complexos. Aumenta também o número de atores capazes de se relacionar com o ambiente das instituições. A queda de barreiras proporcionada pela revolução da comunicação de massa e suas mídias, cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, exige das corporações decisões e ações para lidar com a questão. Ao mesmo tempo, as organizações precisam se manter atualizadas para aproveitar novas oportunidades que surgem nos diversos segmentos de atuação (SATO et al., 2005). Para Turban et al. (2010), tomar decisões gerenciais ou estratégicas em um ambiente competitivo cada vez mais complexo requer o suporte da Tecnologia da Informação, bem como a capacidade de gerenciar com eficiência e eficácia 2 dados e informações, para que sejam transformados em conhecimento da organização. É difícil alcançar um processo decisório de qualidade sem informações válidas e relevantes. Elas são necessárias em cada fase e atividade do ciclo de tomada de decisão. A gestão dos dados, base para o investimento semiótico que leva às informações, tem função primordial no ciclo decisório. Essa conclusão com certeza não é válida para todas as empresas. Mas tem sido mandatória para companhias que, para se manterem competitivas, migraram ou estão migrando para modelos mais ágeis de negócio. Quanto mais digitalizada a companhia, mais ágil ela será e com mais facilidade poderá usar os recursos de inteligência de negócios disponíveis no mercado para tomar decisões com maior velocidade e qualidade (O´BRIEN; MARAKA, 2013). De qualquer maneira, parecem irreversíveis as transformações identificadas por Castells (1999), às quais o autor chamou de informacionalismo. O pesquisador considera que as mudanças se originaram na revolução tecnológica transcorrida a partir das últimas décadas do Século XX. Suas características intrínsecas impõem a produtividade por meio da geração de conhecimento, do processamento da informação e da comunicação de símbolos por várias mídias. São afetados, dessa forma, o sistema de produção em massa, os processos do uso dos materiais físicos, com o aumento da importância e do uso de dados e informações, tanto no ambiente empresarial quanto no dia a dia das pessoas. O mercado oferece várias possibilidades de ferramentas para suprir a necessidade de controle e disponibilização da informação, como suporte ao processo decisório. À medida que a tecnologia e os negócios evoluem, surgem novas soluções. Em busca do gerenciamento sistêmico dos dados, muitas organizações adotaram ferramentas de Business Intelligence (BI), rodando em conjunto com os demais sistemas (BARBIERI, 2011). 3 As soluções baseadas em inteligência de negócio oferecem uma visualização integrada dos vários sistemas empresariais e a utilização da informação de maneira mais plena, indo além dos interesses das áreas funcionais isoladas. A ideia traz, em seu cerne, a perspectiva de integração sistêmica. Esse mesmo conceito evoluirá na direção de uma visão abrangente, com a proposta da governança de dados, feita por vários autores. No entanto, a solução apontada não se restringe às plataformas tecnológicas. Em vários frameworks do mercado, como será visto no Capítulo 2, considera-se que as responsabilidades vão além da área de Tecnologia da Informação de uma empresa, chegando a seus clientes internos e externos e envolvendo tanto a alta direção como os profissionais de nível operacional (BARBIERI, 2015). Ao mesmo tempo em que gestão de dados fica mais complexa no ambiente corporativo com o passar do tempo, o processo de tomada de decisão precisa levar em conta um número cada vez maior de variáveis. A quantidade de informações determinantes do sucesso estratégico de um negócio aumenta dia a dia, tornando a tarefa do gestor cada vez mais difícil. Esse profissional, esteja ele no nível gerencial ou na alta administração da empresa, precisa de informações mais precisas, de mais qualidade e no tempo correto. Os tomadores de decisão contam, em geral, com um grande volume de dados operacionais, mas muitas vezes essas informações estão isoladas, não relacionadas e não contextualizadas. Necessita monitorar com eficácia a direção de seus objetivos e alcançar metas cada vez mais ousadas. Por causa dessa complexidade e do dinamismo das variáveis externas, as corporações se tornam cada vez mais dependentes dos mecanismos de gestão da informação (STONER, 2012). O atual ambiente, caracterizado por uma profusão de dados, cria problemas mas também oportunidades. Umas e outros passam a definir o modo com as organizações conduzem seus processos de negócios. Além de suas atividades básicas, as empresas precisam responder aos desafios com “respostas 4 organizacionais” adequadas. As próprias atividades organizacionais criam mais dados, mais indicadores de desempenho e de mercado, que podem fornecer a solução para os problemas e servir de lastro para o aproveitamento das oportunidades. O feedback vindo a partir dessas informações pode afetar praticamente tudo: seu planejamento, sua estratégia e até a missão corporativa, A tomada de decisão torna-se mais complexa e (TURBAN et al., 2010). Independente do segmento de atuação, as grandes empresas precisam aprender a lidar com os dados. Com esse intuito, foram criados os sistemas de informação baseados em computadores (SIBC). Esses sistemas podem envolver centenas ou milhares de unidades computacionais com as mais variadas capacidades de processamento, acoplados a um leque de periféricos e dispositivos de coleta, impressão, exibição ou processamento. Eles incluem hardware, software, banco de dados, redes, procedimentos e também as pessoas que trabalham com ele, fazendo interface bom ele ou simplesmente utilizando o resultado final de todo o processamento (O´BRIEN; MARAKAS, 2013. TURBAN et al., 2010). Ao detectar sinais de possíveis mudanças no mercado e ambiente organizacional, as corporações precisam primeiramente lidar com dados e informações, antes de tomar decisões gerenciais ou estratégicas. Mas, em geral, eles se apresentam ambíguos, incompletos ou desconectados. Surge a partir dessa realidade a demanda pela gestão de dados e informações de maior confiabilidade e mais qualidade (HITT et al., 2002). A demanda por uma melhor governança de dados na atualidade é indicada por pesquisadores da área. De acordo, com Barbieri (2015), a importância do conceito de governança de dados “cresce significativamente, na medida em que as empresas percebem o volume exponencial desse (considerado novo) ativo organizacional”. A conclusão do especialista é obtida a partir de eventos como o MDM and Data Governance Summit, ocorrido entre 4 e 6 de outubro de 5 2015, em Nova York, e o seminário da IAIDQ- International Association for Information and Data Quality, realizado em Baltimore, entre 12 e 14 de outubro de 2015. O interesse gerado pelo tema da governança e gestão de dados tem aumentado. A realidade dentro das empresas, no entanto, parece não seguir no mesmo ritmo que as mudanças do mercado. Estudo publicado no último trimestre de 2015 pelo provedor de tecnologia de serviços financeiros Eagle Investment Systems LLC (braço do grupo BNY Mellon), contemplando empreendimentos da área financeira na Índia e nos Estados Unidos, mostra resultados preocupantes: apesar de respondentes de 80% das companhias entrevistadas declararem que suas organizações reconhecem o valor dos dados como ativos, apenas 35,8% responderam que suas empresas possuem estratégia de governança de dados madura (FIRSTPOST, 2015). No Brasil, o interesse a respeito da gestão e governança dos Dados é cada vez maior. Pesquisa realizada nos meses de outubro e novembro de 2012 com 76 empresas brasileiras mostrou como o tema é considerado pelo mercado corporativo brasileiro. No estudo, 38% dos pesquisados afirmaram haver entendimento estratégico das necessidades de uma gestão de dados em suas organizações. Cerca de 21% dos entrevistados disseram que a atividade é realizada consistentemente entre as linhas de negócio. Em contrapartida, 29% declararam que a atividade não é realizada (DAMA-BR; FUMSOFT, 2012). 1.1 Problema de pesquisa O cenário apresentado mostra a crescente importância da Governança de Dados, entendida nesta pesquisa como a define Mosley et al. (2009): Nota: Dentro deste trabalho será adotada a seguinte nomenclatura: quando grafadas com iniciais maiúsculas, Gestão de Dados e Governança de Dados se referirão às definições 6 de Mosley et al. (2009) no DMBoK. Quando grafadas em minúsculas (gestão de dados e governança de dados), serão tomadas no sentido genérico. “Governança de Dados é o exercício da autoridade e controle (planejamento, monitoramento e execução) sobre a gestão de ativos de dados, com o objetivo de que as organizações possam tomar decisões eficientes e eficazes que gerem valor para o negócio.” (MOSLEY et al., 2009, p.29). Além do interesse crescente pelo tema, de acordo com pesquisa quantitativa realizada pela Dama-BR no universo corporativo brasileiro, verifica-se que há uma porcentagem significativa de empresas que ainda não implementaram qualquer atividade de gestão ou governança de dados, indicando uma possível demanda por informações não atendida, principalmente envolvendo casos qualitativos e sugestões de boas práticas de mercado (DAMA-BR; FUMSOFT, 2012). Desse modo, este estudo qualitativo, dentro do âmbito e da missão de um mestrado profissional, propõe-se a responder, a partir de um estudo de multicasos, à seguinte questão de pesquisa: Como a implantação da Governança de Dados numa organização pode auxiliar no suporte à tomada de decisão nos níveis da gerência e da alta administração? 1.2. Objetivos e contribuições deste estudo O objetivo geral da pesquisa é entender como as empresas estão implementando a Governança de Dados e como é percebida sua contribuição para o aumento da eficiência e da eficácia do processo decisório. Os objetivos específicos deste estudo são: 7 a) Investigar as práticas e modelos de Governança de Dados utilizados por empresas atuantes no mercado brasileiro; b) Identificar os fatores de maturidade da Governança de Dados que impactam positiva ou negativamente no processo decisório nos níveis gerencial e executivo; c) Identificar e descrever, baseado em estudo de casos, algumas boas práticas da Governança de Dados que permitem os gestores adquirir informações de qualidade para a tomada de decisão. 1.3 Justificativa para realização do estudo O investimento feito nos dados para levá-los a se tornar informações e, em seguida, em conhecimento, é a maneira pela qual Mosley et al. (2009) identificam a sua transformação em ativos de uma empresa. De nenhuma maneira esse “enriquecimento” dos dados é obtido apenas com seu armazenamento. Surge a necessidade de uma gestão completa, cuja função é a de orientar e zelar por todos os tipos e modelos de dados criados na companhia, tanto para os novos projetos como para os antigos. Com relação aos dados nativos, é preciso mantê-los atualizados e com um determinado nível de qualidade para serem usados. Do contrário, não agregarão valor. No início deste capítulo, foi discutida como é importante que as empresas reconheçam os dados disponíveis na organização como ativos, para servir de apoio ao processo decisório. Sem essa visão estratégica, como se poderá verificar no Capítulo 4, na análise de casos, é pouco provável que os executivos fomentem a Governança de Dados dentro do processo produtivo organizacional. O diferencial competitivo, segundo Rêgo (2013), será percebido nitidamente em ambientes de negócio caracterizados pela velocidade das mudanças e pela 8 importância assertiva na tomada de decisão. As vantagens advindas do conhecimento podem ser consideradas como competitivas, no sentido como Porter (1989) as toma. Do ponto de vista da prática organizacional, como salienta Rêgo (2013), não obstante a importância do tema, a adoção da Gestão de Dados no Brasil ainda é incipiente. Países como Canadá e EUA já a adotam com eficiência há mais de uma década. Do ponto de vista do desenvolvimento acadêmico sobre o tema, Barata (2015), mediante uma revisão da literatura, verificou os diversos frameworks para a implantação da Governança de Dados no Brasil, bem como os benefícios proporcionados por eles. No entanto, do ponto de vista da literatura científica sobre o tema, há uma escassez de casos de implantação relatados. Dessa forma, considera-se oportuna a realização deste estudo de multicasos, que poderá contribuir para auxiliar as empresas a identificar os fatores relacionados à Governança de Dados e a ajudar gerentes e executivos, especialmente de empresas atuantes no Brasil, a terem melhor qualidade de informações no processo decisório. Da mesma forma, espera-se oferecer uma contribuição teórica para um tema em crescente expansão. 1.4. Estrutura da dissertação Este estudo está organizado em cinco capítulos, dispostos da seguinte maneira: Capítulo 1 – INTRODUÇÃO: capítulo corrente no qual se faz a introdução necessária ao tema proposto, sua justificativa, formulação da questão situação problema, bem como os objetivos do trabalho e contribuições geradas pela pesquisa. 9 Capítulo 2 – REFERENCIAL TEÓRICO: seu conteúdo reúne a fundamentação teórica para a condução da pesquisa científica, com o objetivo de explicitar as fontes bibliográficas usadas para o delineamento do modelo teórico conceitual adotado. São debatidos os principais conceitos referentes à Governança de Dados, Gestão de Dados, Tomada de Decisão e Sistemas de Suporte à Tomada de Decisão. Capítulo 3 – MÉTODO: apresenta as opções metodológicas eleitas para a realização desta pesquisa, discutindo suas vantagens e limitações, a escolha da amostra e os instrumentos de coleta. Capítulo 4 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS: descreve e explica os resultados da aplicação da pesquisa, respondendo a questão levantada na situação problema e interpretando o significado dos dados coletados, fazendo comparações entre as empresas pesquisadas e a análise dos consultores participantes. Capítulo 5 – CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS: apresenta as conclusões possíveis que podem ser feitas, considerando os dados coletados, a literatura pesquisada e a metodologia adotada. Analisa a contribuição da pesquisa para o saber acadêmico e para o mercado profissional, dentro dos temas da Governança de Dados e da Tomada de Decisão baseada em Sistemas de Informação. Sugere também caminhos para futuros trabalhos e abordagens. 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo será mostrada a evolução do conceito de “dados” e sua gestão até os dias atuais, dentro do contexto da Tecnologia da Informação (TI) e do ambiente corporativo. No decorrer das décadas, ele foi se elaborando, passando de um mero armazenamento de informações digitais até chegar à significação moderna de um dos “ativos” da empresa. A partir da compreensão desse panorama, será aprofundada sua importância no moderno cenário de negócios. Será considerada a gestão das informações disponíveis às empresas nos dias atuais, bem como seus vários processos, métricas e frameworks disponíveis. Por meio da elaboração e sofisticação da administração dos dados e suas várias funções, chega-se ao conceito de governança de dados, um dos temas centrais deste trabalho. Embora sem se desvincular da área tecnológica, ela o termo ganha significados específicos quando relacionado ao ambiente competitivo. Sua importância, quando relacionada ao processo das organizações modernas, em um mundo cada vez mais digitalizado, aponta para o segundo eixo desta pesquisa, a saber, a tomada de decisões nos níveis gerenciais e estratégicos. A partir dessa base teórica, será discutida a influência da Governança de Dados dentro do processo decisório, em um ambiente de negócios com uma profusão de dados nem sempre acompanhados pela qualidade. Conclui-se o capítulo mostrando as influências dos Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) nos vários níveis de tomadas de decisão, tanto o nível tático como o estratégico. 11 2.1 Gestão de dados 2.1.1 Linha do tempo da administração dos dados Na última década, a massa de dados disponível ao cidadão comum cresceu de maneira exponencial por causa da popularização da internet e do fácil acesso a ela por meio de dispositivos móveis e computadores pessoais. Nas empresas e na vida profissional, o quadro acompanhou a tendência geral da sociedade. Devido às características dos negócios em um ambiente pautado pela tecnologia. a questão tornou-se grave e significativa. A situação precisa ser gerenciada de maneira criteriosa. Um dos papéis da Tecnologia da Informação (TI) é proporcionar uma vantagem estratégica às organizações facilitando a solução de problemas, aumentando a produtividade, a qualidade e a velocidade. Aperfeiçoam-se, dessa forma, os serviços de atendimento ao cliente, provendo uma melhor comunicação e permitindo, assim, a reestruturação dos processos de negócio (TURBAN et al., 2010). Essa visão sobre a importância dos dados numa organização evoluiu ao longo do tempo. Rêgo (2013) considera que, no decorrer de várias décadas, os cenários de atuação das áreas de gestão de dados mudaram radicalmente. Segundo o autor, os mais diversos tipos de “erros foram cometidos”, numa análise que começa nos anos 1980 e vem até os dias de hoje. A visão cronológica do estudioso é esquematizada na figura 1: De acordo com a visão de Rêgo (2013), as últimas quatro décadas são analisadas em fases alternadas, nas quais se verificou um aumento de interesse por soluções relativas aos dados e, em contrapartida, um decréscimo de interesse pelo assunto. Na Fase 1, representante da década de 1980, ainda na época da computação de grande porte dos mainframes teria havido o que o autor chama de “boom”. O sucesso dos bancos de dados relacionais substituiu a antiga arquitetura baseada em sistemas de arquivos, bancos de dados em rede e bancos de dados hierárquicos. 12 Figura 1: Dados ao longo das décadas Fonte: Rêgo (2013). A próxima etapa, a Fase 2, correspondente aos anos 90, seria a da estabilização. Uma era em que as organizações optaram pelo chamado downsizing, ou seja, pela migração de uma plataforma baseada em mainframe para uma solução alicerçada em microcomputadores. Para o estudioso, nasce nesse período a concepção de data como um ativo da corporação (RÊGO, 2013). Na Fase 3, verificou-se um declínio da administração de dados no ambiente corporativo. Ela coincide com os anos 2000 e é caracterizada, na opinião de Rêgo (2013), pela terceirização dos serviços relacionados a TI. Com um aumento da desqualificação do profissional da área, observou-se uma desvalorização das atividades correlatas. Muitas companhias, para reduzir custos, fundiram as atividades de administrador de dados com as de administrador de banco de dados. Outro fenômeno da época foi a consolidação das plataformas de Enterprise Resource Planning (ERP). 13 Finalmente, na Fase 4, correspondente à década de 2010, haveria ocorrido a “redescoberta”. Diante da falta de entrega dos resultados prometidos pelas plataformas de ERP, de acordo com o autor. Perante o alto volume de dados trafegando pelas organizações, houve uma valorização de determinadas funções, adquirindo uma perspectiva mais estratégica e alinhadas com o modelo de negócio da companhia. Os dados voltaram, dessa forma, a serem vistos como ativos da empresa (RÊGO, 2013). 2.1.2 O contexto atual da Gestão de Dados O ambiente empresarial dos dias de hoje é substancialmente diferente daquele da década passada. Em decorrência da profusão de informações com que lidam as empresas, seus clientes e colaboradores, os dados que as originam requerem soluções de gestão e também governança. A ausência dessas práticas pode ter custo alto. O prejuízo relacionado à baixa qualidade de dados possivelmente tenha um fator de peso nos fracassos empresariais modernos. Uma pesquisa nos Estados Unidos, envolvendo 122 organizações, apontou prejuízo total de US$ 1,2 trilhão por causa de falhas de processo e desperdícios causados pela informação de má qualidade (ENGLISH, 2009). A questão da baixa qualidade dos dados tem raízes complexas. Ela pode ter origem em práticas do dia a dia, bem como ser consequência da própria arquitetura das informações empresariais e dos sistemas instalados. Muitos problemas dessa natureza derivam de erros durante a entrada de dados. Imprecisões como nomes grafados de maneira incorreta, números trocados, códigos errados ou não registrados podem ser minimizadas com uma gerência mais apurada do momento da inserção de informações (LAUDON; LAUDON, 2010). Laudon e Laudon (2010) recomendam que sejam estabelecidas normatizações e padronizações. Uma vez que o banco de dados for adequadamente projetado, é possível mitigar as incorreções e diminuir a incidência de erros 14 com alguns procedimentos gerenciais simples. No entanto, como observam os autores, a incidência de erros tem aumentado proporcionalmente ao longo dos anos, na medida em que as empresas transferem seus negócios para a internet e permitem que clientes e fornecedores insiram informações em seus sites diretamente, fazendo a atualização dos dados de seus sistemas internos. Mas a inserção dos dados é só o começo do problema. Mosley et al. (2009) relatam no DAMA-DMBoK que, antes de fazer qualquer melhoria no gerenciamento dos dados de uma empresa, seria necessário capacitar as corporações a discriminar entre os dados bons e ruins. A recomendação é simples. Já sua implementação exige um laborioso processo, envolvendo análises e critérios complexos de classificação. A generalização das possíveis soluções para a questão da qualidade é extremamente difícil, uma vez que cada corporação enxerga seus dados de uma maneira diferente, pautada pelo modelo de negócios que implementa e também pelo segmento em que atua. Dentro do ambiente competitivo moderno, a questão é crucial. O problema demanda, para algumas empresas, decisões urgentes, principalmente aquelas em que informações e dados de qualidade são considerados críticos para o bom desempenho dos negócios (OTTO; CABALLERO, 2011). Em plena era da Informação, as corporações têm dificuldade em operar de forma eficaz. As companhias trabalham na dependência de dados, que precisam ter um nível de qualidade mínimo para tomada de decisão. Os grandes varejistas, por exemplo, não contam os produtos no armazém para saber os níveis de estoque. Eles pesquisam as informações de inventário numa tela de um dispositivo, seja ele um computador, um PDA ou smartphone. Bancos não contam moedas para informar ao cliente seu saldo. Eles consultam dados de sua conta corrente. Dá para entender por que erros no registro ou nos processos de informação podem causar prejuízos graves para empresas e pessoas (ENGLISH, 2009). 15 A literatura dispõe de diversos frameworks sobre o tema, que podem ser utilizados pelas empresas desde o início da implantação da gestão de dados, com o propósito de, partindo da complexa administração das várias funções relativas aos dados, chegar a uma governança eficiente e eficaz. A visão e a compreensão da administração estratégica dos dados sedimentam os conceitos básicos da governança, levando a uma série de procedimentos, regras e definições (MOSLEY, 2009). Um dos frameworks que a literatura propõe para resolver o problema é o TIQM Quality System, criado por English (2009). Com foco inicial na gestão da qualidade de dados, sua pesquisa aplicada recomenda técnicas para marketing, vendas, finanças e recursos humanos, dentre outras. Ao apresentar cenários do mundo real, o autor estende os conceitos teóricos para áreas de negócio específicas, como a gestão da cadeia de suprimentos, desenvolvimento de produtos e serviços e atendimento ao cliente. O TIQM se propõe como uma metodologia para a gestão da qualidade da informação, fazendo uso de técnicas e processos como o Six Sigma. Para Tavares (2015), o entendimento estratégico das necessidades de dados da organização se configura como a “primeira questão para avaliação do estágio de maturidade em gestão e governança de dados”. Nesse sentido, o framework da DAMA (Data Management Association), propõe-se a oferecer dez funcionalidades em seu DMBoK (Data Management Book of Knowledge), recomendando as melhores práticas de mercado. Como se mostrou no subcapítulo anterior, o conceito de administração ou gestão de dados é bastante amplo. Sua definição tem merecido várias perspectivas ao longo do tempo. Cada um dos frameworks apresentados traz sua definição particular, com algumas variações em torno do tema. O DMBoK considera a Gestão de Dados como a disciplina responsável por “definir, planejar, implantar e executar: estratégias, procedimentos e práticas necessárias para gerenciar de forma efetiva os recursos de dados e informações das organizações” (MOSLEY et al., 2009). 16 A definição é ampla e inclui também o planejamento para a sua definição, padronização, organização, proteção e utilização. Barbieri (2013) pontua que o data management (tradução do inglês para o termo “gestão de dados”) visa controlar e alavancar eficazmente o uso dos ativos de dados. Baseando-se no DMBoK (2009), o autor diz que sua missão e objetivo são atender às necessidades de informação de todos os envolvidos (stakeholders) da empresa, em termos de disponibilidade, segurança e qualidade. A literatura traz várias opções para os gestores de dados. São compêndios, metodologias, conjunto de boas práticas e frameworks (sistemas de gestão) que podem servir de modelo para a implementação. A maioria desse material está em inglês. Vale ressaltar que desde o ano de 2010, o DMBok Capítulo Brasileiro está disponível no vernáculo. Os sistemas de gestão de dados, pesquisados por este estudo, estão relacionados no Quadro 1: As empresas têm escolhido um, dentre os vários sistemas listados, para implementar sua política de gestão ou sua governança de dados. Na literatura recente, Barata (2015) faz extenso estudo descritivo dos frameworks de governança de TI, bem como aqueles conceitualmente relacionados à governança dos dados. O autor cita frameworks originalmente centrados em conceitos de TI, como COBIT (Control Objectives for Information and related Technology), Val IT (Enterprise Value: Governance of IT Investments), Risk IT (Enterprise Risk: Identify, Govern and Manage IT Risks), CMMI (Capability Maturity Model Integration) e ITIL (Information Technology Infrastructure Library), dentre outros. Foge ao escopo deste estudo o aprofundamento de frameworks diretamente relacionados a TI. Embora se reconheça que muitas vezes a origem dos sistemas de governança ou gestão de Dados tenham origem histórica e tecnológica em conceitos trabalhados pela Tecnologia da Informação, adota-se aqui a concepção de Mosley et al. (2009) e Aiken e Gorman (2013), a partir das quais os dados são vistos como ativos. Em geral, nas concepções tradicionais 17 dos frameworks baseados em TI, com algumas exceções, adotam-se diferentes conceitos sobre os dados, que figuram apenas como resultados de um processo e não como tendo inerentemente um valor financeiro ou intangível agregado. Por essas razões, neste trabalho, optou-se por considerar sistemas alinhados à perspectiva de valoração acima descrita. Dentre os vários frameworks focados em gestão e governança de dados, como se pode observar pelo Quadro 1, destaca-se o DMBoK, detentor de vasta literatura sobre o tema. Organizado por Mosley et al. (2009), esse framework foi elaborado de maneira colaborativa por mais de 120 praticantes de gerenciamento de dados. Diferente dos demais, o guia não insere uma metodologia específica, mas um corpo de conhecimento em gerenciamento de dados, elencando as melhores práticas da área, dentro do espírito dos diversos outros exemplares baseados no BoK (Body of Knowledge). Quadro 1: Frameworks focados em dados e literatura relacionada Frameworks / Sistema de gestão DMBoK Descrição/conteúdo Proposto pela DAMA (Data Management Association), cobre dez áreas do conhecimento, tendo a Governança de Dados como centro. Obras relacionadas The Data Governance Imperative: A business strategy for corporate data Data Governance for The Executive The Data Asset: How Smart Companies Govern Their Data for Business Success Monetizing Data Management Master Data Management and Data Governance Master Data Management and Data Governance The New Era of Enterprise Business Intelligence: Using Analytics to Achieve a Global Competitive Advantage Secrets of Analytical Leaders: Information from information insiders Data Stewardship: an actionable guide to effective data management and data governance Business Metadata: Capturing Enterprise Knowledge Collaborative Enterprise Architecture: Enriching EA with Lean, Agile, and Enterprise 2.0 Practices Connecting the Data: Data Integration Techniques for Building an Operational Data Store (ODS) 18 DMBoK Data Modeling: Theory and Practice UML Requeriments Modeling for Business Analysts Master Data Management Building the Unstructured Data Warehouse A Manager's Guide to Data Warehousing UML: Database Modeling Workbook The Analytical Puzzle: Profitable Data Warehousing, Business Intelligence and Analytics EIM – Enterprise Information Management Tem o objetivo de encontrar soluções otimizada para o uso de informação dentro das organizações, tentando superar as barreiras relacionadas à TI tradicionais para gerenciamento de informações em nível empresarial. Making EIM – Enterprise Information Management – Work for Business DQS – Data Quality System Tendo como centro o conceito de melhoria da qualidade dos dados, o sistema desenvolvido por Redman (2013) e outros autores, os dados são considerados como o ativo-chave dos tempos modernos. Entre os benefícios citados, está a redução dos custos com o gerenciamento. The Data Quality: The Field Guide Data Quality Assessment Measuring Data Quality for Ongoing Improvements Executing Data Quality Projects Executing Data Quality Projects: Ten Steps to Quality Data and Trusted Information 19 Frameworks / Sistema de gestão TIQMR Quality System TDQM – Total Data Quality Management ISO 8000 – The International Standard for Data Quality Descrição/conteúdo Obras relacionadas Criado por English (2009), tem o foco inicial na gestão da qualidade dos dados e agrega conteúdos que objetivam a sua obtenção dentro de uma organização. Information Quality Applied: Best Practices for Improving Business Information, Processes, and Systems Concebido e desenvolvido pelo MIT, esse framework elaborou níveis de certificações. Em seu conteúdo, destaca-se o Nível de Qualidade da informação relacionado ao seu uso. Introduction to Information Quality Padrão ISO em desenvolvimento que tem como foco a qualidade de dados, publicado como uma série de documentos distintos. ISO 8000 Improving Data Warehouse and Business Information Quality: Methods for Reducing Costs and Increasing Profits Quality Information and Knowledge Jorney to Data Quality Fonte: Tavares (2015) adaptado 2.2. Governança de Dados O conceito de Governança de Dados é amplo e variado. Assim como o termo Gestão de Dados, sua definição depende do sistema escolhido. As variações são derivadas da perspectiva adotada por cada um dos frameworks. Independente dessas opções, a nomenclatura fica ainda mais complexa quando se considera que as classificações partem da compreensão da expressão “governança corporativa”, por si só multifacetada (CARVALHO, 2002; MOSLEY, 2009). 20 Carvalho (2002) analisa que a governança, no seu sentido mais genérico, pode ser descrita como “mecanismos ou princípios que governam o processo decisório dentro de uma empresa”. Coerente com o objetivo desta pesquisa, essa concepção será utilizada para compreender como está sendo feita a implementação da Governança dos Dados pelas empresas e de que forma sua contribuição é percebida para o aumento da eficiência e da eficácia do processo decisório. Dentro da multiplicidade de definições de “governança” na literatura, uma importante colocação, no âmbito do Brasil, é aquela feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, segunda a qual a governança corporativa seria “o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas”. Nesse contexto, o conceito envolve desde práticas e relacionamentos entre proprietários da empresa até o conselho de administração, diretoria, bem como os órgãos de controle (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2009). 2.2.1 Governança de dados nas corporações A partir dessas definições, entende-se, portanto, o valor que assume a governança de dados dentro do contexto empresarial. Sua definição no DMBoK considera sua funcionalidade e já a visão da organização que porventura a aplique, ou seja, como já consciente do valor dos dados como ativo. De acordo com o DMBoK, a Governança de Dados é o exercício de autoridade e controle (planejamento, monitoramento e execução) sobre o gerenciamento de ativos de dados”. A função de governança guia, dessa forma, as maneiras como todas as demais funções da Gestão de Dados são realizadas (MOSLEY et al., 2009). Neste trabalho, será adotada esta definição para o conceito Governança dos Dados feita pelo DMBoK por duas razões: a primeira delas, sem qualquer 21 restrição às demais nomenclaturas, é que ela parte de uma práxis, oriunda das dezenas de consultores que colaboraram para a construção do corpo de conhecimento. A segunda razão é metodológica, para adoção de um conceito único ao longo do trabalho. Como será explicado com detalhes no Capítulo 3, frente às várias definições de mercado, consubstanciadas nos vários sistemas e frameworks, foi necessário definir a perspectiva adotada neste estudo, por questão de clareza, coesão e consistência. Uma vez esclarecida a questão de nomenclatura, volta-se ao tema principal do capítulo. Considerando o competitivo ambiente de negócios da modernidade e a quantidade de informações que circulam pelos sistemas corporativos, via de regra uma instituição precisa garantir uma administração de dados eficiente. Vários frameworks estão disponíveis às empresas atualmente para implementar uma governança nessa área. Tavares (2015) faz um alerta ao mostrar que as instituições brasileiras, em geral, não gerenciam os seus dados como deveriam. Para fazer tal afirmação, o autor se baseia em pesquisa realizada com 79 empresas brasileiras no ano de 2012. A baixa qualidade dos dados tem consequências e impactos mais graves do que se supõe. Ela pode gerar confusão e caos, falta de confiança e tomadas de decisões não objetivas, baseadas em intuições e não propriamente em informações advindas da realidade (TAVARES, 2015). Muitas organizações estão conscientes da importância que os dados podem ter para obtenção de vantagem competitiva em seu próprio segmento de atuação. Outras, não. Segundo Aiken e Gorman (2013), a perspectiva “datacêntrica” (data centric) pode ser um diferencial decisivo em certos setores. Para esses autores, a monetização do gerenciamento de informações levará a considerar o ativo de dados como “um dos recursos mais importantes” da empresa. 2.2.2 Governança de TI e Governança de Dados A partir da evolução do conceito de dados e de sua gestão, o conceito de 22 governança de dados também é alterado ao longo do tempo. A discussão na literatura é ampla. Mas, em certo momento, começa-se a diferenciação entre uma governança mais relacionada a TI e outra específica a dados. Essa oposição conceitual é percebida e trabalhada por autores como Khatri e Brown (2010), que concebem uma diferença entre ativos de TI e ativos de dados (ou de informação) de maneira simples e quase funcional. Para as pesquisadoras, os ativos de TI se referem a tecnologias, incluindo computadores, hardware, software, comunicação e base de dados. Os ativos de informação ou dados (as autoras não fazem distinção entre uns e outros) são definidos como “fatos que têm valor ou potencial valor para a organização”. Khatri e Brown (2010) descrevem os domínios de cada um dos itens importantes, bem como os papéis potenciais a serem ocupados pelas pessoas responsáveis, conforme mostra o Quadro 2: Quadro 2: Domínios de decisão da Governança de Dados Domínios da Questões para a determinação Papéis potenciais/ Governança dos Dados dos domínios Responsabilidade PRINCÍPIOS • Quais os usos dos dados pela • Proprietário dos dados / • Esclarecimento do papel dos empresa? administrador dados como ativos • Quais são os mecanismos de • Data Custodian comunicação que empresa utiliza em • Data steward uma base? • Produto de dados / • Quais são os comportamentos fornecedor desejáveis para a utilização dos • Consumidor dos dados dados como ativos? • Conselhos e comitês de • Quais são as oportunidades para o dados na empresa compartilhamento e reutilização de dados identificados? • Quais as influências do ambiente regulatório sobre a empresa, no que refere aos dados? 23 Domínios da Questões para a determinação Papéis potenciais/ Governança dos Dados dos domínios Responsabilidade QUALIDADE Quais são os padrões de qualidade • Proprietário de Dados • Estabelecimento dos de dados com relação à precisão, • Especialista requisitos para uso pontualidade, inteireza e • Gerente de qualidade de dos dados credibilidade? dados • Qual o programa para a criação e • Analista de qualidade de comunicação da qualidade dos dados dados? • Como é que a qualidade dos dados e o programa associado a ser avaliado? METADADOS • Qual programa documentará • Arquiteto de dados • Estabelecimento da semântica semântica de dados? • Modelador de dados ou do "conteúdo" de dados, • Como os dados serão definidos e corporativos para que sejam acessíveis aos modelados usuários usuários saibam interpretá-los? modelagem de dados • Qual é o plano para manter os • Comitê interno de diferentes tipos de metadados Arquitetura de dados para que todos os • Engenheiro de atualizados? ACESSO • Qual é o valor dos dados para a • Proprietário dos Dados • Especificação de acesso e empresa? • Beneficiário dos Dados requisição de dados • Como é feita a avaliação de risco • Responsável pela da atual base de dados? segurança da informação • Como os resultados de avaliação • Data security officer serão integrados como os esforços • Analista técnico de de controle de compliance? segurança • Quais os padrões de acesso e os • Comitê de arquitetura da procedimentos relacionados a eles? informação • Qual o programa para a monitoramento periódico e como será feita sua auditoria? • Como será feita a conscientização da segurança dos dados e como será divulgada? • Como é feita a programação de backup e recuperação? 24 Domínios da Questões para a determinação Papéis potenciais/ Governança dos Dados dos domínios Responsabilidade CICLO DE VIDA • Como os dados são inventariados? • Arquiteto de dados da • Definição, produção, • Qual a programação para a empresa retenção e eliminação dos definição dos dados, sua produção, • Gerente da cadeia de dados retenção e eliminação para Informação os diferentes tipos de informações? • Quais as questões de conformidade relacionadas com a legislação atual e que afetam a retenção dos dados e seu arquivamento? Fonte: Khatri e Brown (2010) traduzido e adaptado pelo autor Estruturalmente, dentro da evolução dos conceitos, alguns princípios já sedimentados pela área de TI foram replicados para a concepção centrada em dados. Como se pode notar pela Figura 2, há um paralelismo entre as duas concepções: Princípios de TI Infraestrutura Arquitetura Necessidades das Investimentos aplicações de e prioridades negócio Princípios de Dados Metadados Qualidades de dados Ciclo de vida Acesso aos dados dos dados Figura 2: Paralelismo entre a Governança de TI e Dados Fonte: Khatri e Brown (2010) traduzido pelo autor 25 2.2.3 O modelo de Governança de Dados do DMBoK A multiplicidade de visões em torno do tema origina as várias associações dedicadas ao tema da Governança de Dados, como a Data Governance Professionals Organization (DGPO), The Data Governance Society, The Data Governance Council, International Association for Information and Data Quality (IAIDQ) e a Data Management Association (DAMA), dentre outras (TAVARES, 2015). Como foi mencionado anteriormente, este estudo adota a definição da DAMA. A visão sintética e panorâmica sobre os corpos de conhecimentos do Data Management Body of Knowledge (DMBoK) considera as seguintes áreas de conhecimento (MOSLEY et al., 2009): a) Governança de dados (tópico central); b) Gerência da Arquitetura de dados; c) Desenvolvimento de dados; d) Gestão de operações de bancos de dados; e) Gestão de Segurança de dados; f) Gestão de Dados mestres e de Referência; g) Gestão de Data Warehousing e BI; h) Gestão de Documentos e conteúdo; i) Gestão de Metadados; j) Gestão de Qualidade de dados. Essas áreas de conhecimento, também chamadas de funções, são usualmente representadas com a Figura 3: Na concepção do DMBoK, a Governança dos Dados não fica restrita a uma divisão. Ela é responsabilidade tanto do setor de TI quanto de seus clientes internos e externos. Além disso, inclui a alta administração, gerência tática e também dos colaboradores do nível operacional, algumas vezes responsáveis pela coleta e produção dos dados (MOSLEY et al., 2009). 26 Dessa forma, a definição de governança de dados, do ponto de vista do DMBoK, é ampla e plural. O propósito desse framework, adotado por várias organizações no Brasil e no mundo, fica clara a perspectiva de um conceito em evolução. A abertura do seu modelo leva ao cruzamento de diversas disciplinas. Essa visão multidisciplinar inclui fatores como avaliação, gerenciamento, melhoria, monitoração de utilização, bem como os aspectos de qualidade, segurança e privacidade (BARBIERI, 2013). Pelo lado mais pragmático, o DMBoK e seu respectivo framework propõem soluções para problemas usualmente vividos pelas mais diversas corporações, quando sentem a necessidade de implantar a Gestão ou Governança de Dados. No Quadro 2, são mostrados os principais deles: Quadro 2: Principais problemas elencados pelo DMBoK Perda de tempo na localização de dados e informações; Armazenamento de dados incompletos, prejudicando o uso futuro; Armazenamento de dados irrelevantes para o negócio, gerando custos adicionais, sem contrapartida de receita; Aplicações (sistemas) desconhecidas pela área de Negócios; Perda de tempo na localização de dados e informações; Armazenamento de dados incompletos, prejudicando o uso futuro; Conteúdo de dados negligenciado pela área de Negócios; Números divergentes apresentados por diversas áreas, quando deveriam ser iguais; Aquisição de dados sem controle legal, financeiro e negocial; Dependência de analistas e técnicos em sistemas para processamento de aplicações. Os heróis de plantão; Conteúdo de dados negligenciado pela área de Negócios; Números divergentes apresentados por diversas áreas, quando deveriam ser iguais; Dados produzidos sem planejamento ou arquitetura; Dados sem responsáveis pela sua produção e uso; Duplicidade de dados e informações; Foco em ações corretivas ao invés de foco em ações preventivas; Utilização de informação errada para tomada de decisão; Colaboradores e partes interessadas com moral baixo; 27 Falta de tempo para adoção de novas tecnologias. Foco em ações corretivas ao invés de foco em ações preventivas; Utilização de informação errada para tomada de decisão. Fonte: (TAVARES, 2014) Por contemplar uma gama de possíveis soluções, a Governança de Dados é considerada como o centro de um processo complexo em que são consideradas várias gestões, todas tendo como foco o dado como recurso de valor para a atividade empresarial. Para Bergon (2013), aos poucos a Gestão e Governança de Dados começam a aparecer no mercado brasileiro de forma abrangente, englobando funções anteriormente esquecidas ou mal gerenciadas pelas empresas. O estudioso, embora reconheça outros frameworks, também opta pela visão do DMBoK. O DMBoK estrutura o processo de Governança de Dados por meio de funções e atividades, distribuídas em dez áreas de conhecimento, conforme apresentado na Figura 3, tendo a própria Governança de Dados como eixo central: Figura 3: Representação das áreas de conhecimento do DMBoK Fonte: Mosley et al. (2009) A evolução para um conceito mais holístico traduz um posicionamento e uma visão que pretende ir além da tecnologia. As ferramentas, por si mesmas, não 28 garantem a qualidade das informações ou dados de uma instituição. Segundo Barbieri (2013), as funções e atividades do DMBoK visam entender as necessidades de informações da organização. Busca-se, dessa forma, uma visão unificada entre elementos vitais como dados, processos, negócios, sistemas, tecnologia, etc. Esse caráter multidisciplinar e multifocal é compreendido a partir da perspectiva representada na Figura 4: Figura 4: Funções e atividades contempladas pelo DMBoK Fonte: Mosley et al. (2009) 29 Figura 5: Tecnologia, processos e pessoas Fonte: Tavares (2015) Para chegar à implementação da Governança de Dados, parte-se de um histórico inicialmente relacionado à gestão de TI e aos sistemas de informação e chega-se a uma configuração conceitual que reúne procedimentos sugeridos ou implementados por várias instituições. Essa experiência passada configura e define um conjunto de boas práticas, chegando a metas e princípios pragmaticamente estabelecidos, conforme mostra a Figura 5 (TAVARES,2015). Antes de avançar, é preciso notar que é necessário trabalhar sobre o alicerce da governança corporativa para que sobre ele sejam instauradas as bases da Governança de TI e da Governança de Dados. As duas últimas não existem sem a primeira. Os sistemas que oferecem as ferramentas podem, então, sobre os pilares da governança corporativa, fazer a entrega dos resultados. O papel de frameworks como o COBIT (Control Objectives for Information and related Technology), guia de boas práticas dirigido para a gestão de Tecnologia de Informação mantido pelo ISACA (Information Systems Audit and Control Association), revela-se importante. Mas ele sozinho não é suficiente para alcançar os objetivos esperados da Governança de Dados (MOSLEY et al., 2009). 30 Da mesma forma, outras bibliotecas de gerenciamento ligadas a projetos de TI, como PMBoK, CMM, COBIT, ITIL e ISO 20000 são úteis e têm funcionalidades específicas para gerar o resultado final. Para Tavares (2014), na concepção do DMBoK, nem a tecnologia nem suas ferramentas podem ser vistas de maneira isolada. O alinhamento dos diversos níveis de governança é o lastro para que se cumpra a missão corporativa, por meio de uma sinergia entre as partes, conforme ilustrado pelo Quadro 3: Quadro 3: Níveis de governança e ferramentas Fonte: Tavares (2014) adaptado. Cabe frisar que o modelo acima apresentado permite outras interpretações e reelaborações. Outro possível modelo, por exemplo, é aquele proposto por Wende (2007), em que governança de dados e governança de TI são consideradas dentro da perspectiva da gestão da governança corporativa, como é mostrado na Figura 6: 31 Figura 6: Governança Corporativa e Governança de Dados Fonte: Wende (2007) –Tradução do autor 2.2.4 Maturidade Corporativa em Dados Para que os dados sejam realmente considerados ativos, é necessário que percorram o caminho semiótico de produção de sentido que tem como destino o conhecimento. A relação entre dado, informação e conhecimento pode ser ilustrada por meio da Figura 7: Os dados precisam sair do estado bruto para ganharem sentido e valor, dentro do modelo de negócio da corporação, tornando-se ativos. Estão, dessa forma, prontos para gerar receita ou para colaborar com sua geração. Em uma análise desse tipo, todos os colaboradores têm papéis a Figura 7: Caminho dos dados ao conhecimento Fonte: Mosley et. al (2009) - Tradução do autor desempenhar. 32 A esfera executiva tem, como se observa, papel essencial no próprio conceito. Do ponto de vista da alta direção, uma avaliação importante é feita pelo estudo de Fischer (2009). O autor inclui a avaliação de riscos, tanto financeiro como de reputação, como consequência da implementação ou não da Governança de Dados. O seu modelo considera quatro níveis de maturidade das organizações: indisciplinada, reativa, proativa ou governada. O modelo, considerado operacional pelo autor, é ilustrado na Figura 8: Figura 8: Maturidade da Governança de Dados Fonte: Fischer (2009) apud Rêgo (2003). Dessa forma, a adoção das soluções tecnológicas oferecidas pelo mercado pode ser somente um ponto de partida para chegar à Governança de Dados. Muitas corporações são levadas a implementações com esse modelo a partir de demandas originadas das exigências de compliance da Sarbanes-Oxley (SOX), por exemplo, quando são exigidos dados financeiros mais precisos das companhias (CHEONG ;CHANG, 2007). 33 A perspectiva “holística” também é recomendada por Friedman (2006) para que as organizações resolvam questões como a da qualidade de dados. Essa abordagem tem como pilares "as pessoas, os processos e a tecnologia". Como a medida da qualidade dos dados precisa ser feita ininterruptamente, torna-se necessário que os dados sejam governados. As atuações são conjuntas. No cotidiano corporativo real, revela-se incoerente compartimentalizar em vez de integrar. O estudo de casos de Cheong e Chang (2007) apresentou uma estrutura de Governança de Dados com atuação nos níveis operacional, tático e estratégico, como é ilustrado por meio da Figura 9: Figura 9: Estrutura de Governança de Dados Fonte: Cheong e Chang (2007) ) - Tradução do autor A configuração da Figura 8 será importante neste estudo para analisar os casos brasileiros e observar semelhanças entre as estruturas apresentadas. Comitês técnicos de TI convivem com os de dados algumas vezes sem diferenciação. 34 Os autores Cheong e Chang (2007) defendem que, para atender às exigência de controles rígidos em TI, é necessário garantir que os dados se mantenham protegidos e corretos. O fator da qualidade dos dados aparece por meio de conceitos e definições como precisão, pontualidade, relevância e integralidade. Mas, para se chegar realmente à governança de dados, é preciso ir além: o estudo de caso que realizam mostra essa necessidade. 2.2.5 Interesse corporativo pelo tema da Governança de Dados O crescente volume de dados criados e compartilhados pelas organizações, bem como o ritmo crescente das inserções de novas informações em múltiplos formatos (aplicações, texto, fotos, infográficos, vídeos, etc) no dia a dia das corporações, promove uma demanda por soluções que possam gerenciar esses arquivos digitais e seu fluxo. Apesar da necessidade reconhecida de administrar esses recursos, internamente não são implementados projetos de Gestão e Governança de Dados, que posam resolver os problemas que descrevem como urgentes. Tome-se o exemplo das empresas de serviços financeiros internacionais. Embora trabalhem diretamente com dados de alto valor agregado, as iniciativas decisivas internamente não acontecem no ritmo desejado (FIRSTPOST, 2015). A pesquisa realizada pela Eagle Investment Systems LLC, subsidiária da BNY Mellon, provedora de tecnologia de serviços financeiros, mostra essa realidade do mercado internacional, como mostra o Quadro 4: Por um lado, a pesquisa da Eagle Investment destaca os benefícios da adoção de uma estratégia formal de Governança de Dados. São incluídas e descritas boas práticas do mercado quanto à precisão, segurança e acessibilidade dos dados. Por outro lado, a pesquisa aponta as principais ameaças potenciais presentes numa abordagem menos estruturada. Por outro lado, constata que apenas 35,8% das empresas entrevistadas possuem estratégia de Governança de Dados madura (FIRSTPOST, 2015), 35 Quadro 4: Percepção da Governança de Dados Percepção da Governança de Dados Empresa possui estratégia de governança de dados madura Suas organizações reconhecem o valor dos dados como ativos Implementação de uma estratégia formal de governança de dados é uma prioridade imediata Empresa planeja introduzir estratégia formal de governança de dados nos próximos 12 meses. Perderam clientes por imprecisão de informação Empresa sofreu quebra de segurança de dados Ineficiências operacionais como consequência de não possuir estratégia de governança de dados Têm enfrentado o aumento da complexidade dos dados devido à implantação de sistemas múltiplos Porcentagem de respondentes 35,8% 80,0% 43,2% 53,5% 15,1% 9,4% 58,5% 41,5% Fonte: (FIRSTPOST, 2015) adaptado – Tradução do autor Como se poderá constatar neste estudo, o interesse pelo tema da Governança de Dados (53,5% das empresas entrevistadas) nem sempre é seguido por sua implementação completa (apenas 35,8% das companhias possuem estratégia de governança de dados madura). O processo de maturidade é complexo. A demanda existe, mas as empresas não implementam as medidas com prioridade ou velocidade. Essa característica do mercado internacional se verifica também no Brasil, a se inferir pela pesquisa quantitativa realizada pela Dama-BR e Fumsoft (2012), e que se refletem nas empresas pesquisadas neste estudo de multicasos, como se verá no Capítulo 4. No Brasil, o tema da governança de dados é abordado em congressos e eventos especializados. A DMC LATAM 2015 (Data Management Conference), na sua sétima edição, realizada em São Paulo no mês de agosto, é um deles. Com um perfil de público segmentado, a iniciativa atraiu interesse de executivos e profissionais da Alta Administração, bem como de gerentes e 36 analistas de sistemas, conforme dados da Tabela 1: Tabela 1: Perfil dos participantes do DMC LATAM 2015 Fonte: DMC LATAM (2015) Outra pesquisa, realizada em novembro de 2012, pelo Capítulo Brasileiro da Data Management Association (Dama-BR) em conjunto com a Fumsoft, serve como parâmetro inicial para entender qual o nível de maturidade da Governança de Dados do ambiente brasileiro. O estudo não tem validade estatística para generalização e avaliação do ambiente empresarial brasileiro, uma vez que a amostragem foi de 78 empresas, concentrada nos estados de Minas Gerais (42,3%), São Paulo (23,1%) Distrito Federal (14,1%) e Rio de Janeiro (14,1%). No entanto, o estudo traz informações úteis numa abordagem exploratória quantitativa inicial. A localização geográfica das empresas participantes é mostrada na Tabela 2: O alcance da pesquisa está em seus 19 blocos de questões, a partir dos quais foi possível mapear a situação das organizações em relação à Gestão, Governança e Qualidade dos dados. Tendo como base os resultados do referido estudo, Tavares (2014) chegou a concluir que “as organizações 37 brasileiras não tratam e nem consideram com a devida importância dados e informações”. Tabela 2: Empresas respondentes na pesquisa da DAMA Brasll. ESTADO Quantidade % Minas 33 42,3% Gerais São Paulo 18 23,1% Distrito 11 14,1% Federal Rio de 11 14,1% Janeiro Alagoas 1 1,3% Bahia 1 1,3% Paraná 1 1,3% Rio Grande 1 1,3% do Sul Fonte: DAMA-BR; FUMSOFT (2012). A frase, vinda de um especialista da área, presidente da DAMA Brasil, soa como um alerta. É importante perceber o perfil individual dos respondentes da pesquisa, amostra composta por diretores, gerentes e técnicos ligados à área de Gestão de Dados. Como se verá nos quadros, figuras e tabelas a seguir, algumas minúcias técnicas e estratégicas, respondidas por gestores e técnicos, revelam a percepção da Governança de Dados do universo pesquisado (TAVARES, 2014). Uma porcentagem substancial reconhece que não coordena atividades de Governança de Dados (44,9%), enquanto apenas 6,4% considera que a atividade é realizada, monitorada e medida, ou seja, gerenciada, como se pode ver no Gráfico 1 (DAMA-BR; FUMSOFT, 2012): Barbieri (2013a) comenta que o objetivo da pesquisa não teve preocupação com a escolha técnica da amostra. Segundo ele, a intenção era uma “primeira fotografia” da situação da Gestão de Dados em empresas brasileiras. A amostra apresenta uma variedade de empresas de atributos diferentes (porte, 38 número de colaboradores, natureza). Para ele, existe uma probabilidade maior de que se encontre maior maturidade em empresas com maior estrutura organizacional. O estudo foi elaborado a partir das dez áreas de conhecimento do processo de Governança e Gestão de Dados consideradas por Mosley et al. (2009). Houve alguns desdobramentos entre os processos ou corpos de conhecimentos, como analisa Barbieri (2013a). Modelos exteriores, como as proposições do COBIT, foram considerados na parte relativa à Segurança de Dados. Outras incursões específicas em suas especialidades incluíram o framework Zachman e arquitetura TOGAF no capítulo relativo à Arquitetura de Dados. Estimar valores de ativos de dados é, segundo Moisley et al. (2009), uma das maneiras de reconhecer o valor das informações que circulam dentro das empresas. No entanto, a pesquisa mostra que 71,8% dos entrevistados não realizam essa atividade e apenas 5,1% monitoram-na e a medem, como mostra o Gráfico 2: Gráfico 1: : Atividades executadas para controle da Gestão de Dados 39 Fonte: DAMA-BR e FUMSOFT (2012). Gráfico 2: Planejamento da Gestão de Dados Fonte: DAMA-BR; FUMSOFT (2012). 40 2.3 Tomada de Decisão O segundo eixo conceitual deste trabalho faz com o pilar da Governança de Dados um todo coerente. Governar dados não é uma atividade em si, mas um meio de alcançar resultados para a organização. Essa premissa está enfatizada por autores como Davenport e Harris (2007). A Tomada de Decisão com o auxílio de ferramentas computacionais, por outro lado, não se revela como uma unanimidade. Ao longo deste subcapítulo, será possível perceber os matizes que cercam o “sonho dourado” de uma decisão baseada em um grande número de dados. Esse pensamento está expresso em outro artigo de Davenport e Harris (2007a), em que as empresas se empenham em uma “batalha de analítica”. Por analytics, entende-se o extensivo uso de dados, estatísticas, análises quantitativas, explanações e modelos preditivos, para conduzir a Tomada de Decisão. Como se verá adiante, o caminho tomado pelos estudos acadêmicos na área nem sempre atesta que uma maior quantidade de informações levará a uma melhor decisão. Há detalhes e nuances que precisam ser considerados por gestores e empresas. É o que se verá nos próximos tópicos. 2.3.1 A Tomada de Decisão ao longo da História Uma retrospectiva sobre o ato de tomar decisões - e como ele tem sido considerado ao longo da História - remete aos filósofos gregos. Desde o Século IV a.C., na tradição ocidental, o assunto tem interessado os estudiosos. A pesquisa remonta a Aristóteles, que contrapõe a racionalidade prática (phronesis) à experiência (empeiria). O debate passa, ao longo dos séculos, tendo sido tratado também por pensadores como Francis Bacon e René Descartes (LIMA, 2011). 41 O interesse acadêmico pela capacidade de tomar decisões tem produzido robusta literatura ao longo do Século XX. Desde quando foram descritas e estabelecidas as funções administrativas de planejar, controlar, organizar e dirigir, pelos pais da Administração moderna, Taylor e Fayol, a abordagem do assunto tem estado em pauta. Nas empresas, as atividades organizacionais são, em sua essência, relacionadas à resolução de problemas e à tomada de decisões, dentro dos mais variados níveis hierárquicos e, de maneira mais concentrada, na gerência tática e na alta administração, com objetivos estratégicos (YU et al., 2011). Fora do âmbito teórico ou filosófico, a ação de um então jovem estadista e guerreiro, traria uma contribuição forte para a percepção da tomada de decisão, capaz de ter influência até os dias atuais. Trata-se da figura histórica de Alexandre, o Grande. No Século III a.C., esse general resolveu de maneira radical e decisiva um problema que era discutido havia tempo por sábios da Antiguidade: o nó górdio (SILVA; DAVIS, 2013). Na região da Frígia, existia um nó que tinha sido atado por um camponês que se tornara rei por causa de uma profecia. Para que todos se lembrassem desse feito, deu um nó em uma carroça, fazendo uma previsão que se tornou lenda: que aquele desatasse a aquela amarração dominaria toda região (KURKE, 2005). Lenda ou fato, Alexandre teria chegado à região da Frígia em uma de suas conquistas. Ao saber da narrativa e que o enigma perdurara por mais de 500 anos, o general meditou por alguns momentos diante do novelo e, em seguida, desembainhou a espada e decepou com um só golpe o emaranhado de fios. Estava resolvido, de uma vez por todas, o problema do nó górdio (KURKE, 2005). 42 A oposição entre a resolução intuitiva do líder e a necessidade de complexa análise das informações para a tomada de uma boa decisão continuou ao longo dos milênios e séculos. Do ponto de vista de uma abordagem mais moderna ligada à Administração, o debate ganhou nova perspectiva quando, em meados do século XX, um executivo da companhia Bell, Chester Barnard introduziu o termo decision making (“Tomada de Decisão”). Desse momento em diante, a expressão tem sido tratada pelos mais diversos autores, trazendo uma ampla discussão no âmbito da gestão e do ambiente organizacional (BARNARD, 1968). A moderna perspectiva do processo decisório teve um marco no ano de 1978, quando o jornal Harvard Business Review publicou o artigo “Chief Executives Define Their Own Data Needs”. Fortaleceu-se, a partir de então, a compreensão de que um gestor organizacional precisaria de ferramentas tecnológicas para tomar decisões melhores, baseando-se não somente na intuição, mas em informações e na lógica (ROCKART,1978). A ideia do suporte à decisão realizada com a ajuda de computadores aprimorou-se quando, no final da década de 1980, o Gartner Group passou a usar a expressão Business Intelligence (BI), para descrever sistemas de informação automatizados com a função de ajudar os executivos a fazer uso de complexas ferramentas de simulação, com o objetivo de avaliar riscos, oportunidades e vulnerabilidades da sua própria empresa e dos concorrentes (BUCHANAN; O’CONNELL, 2006). Apesar de grande aceitação nos círculos acadêmicos e de negócios, a ideia de que se precise de um número grande de informações para tomar uma boa decisão não é unânime. O espírito da narrativa do nó górdio, citada anteriormente, tem seus defensores até hoje. Uma frase do empresário britânico Richard Branson, fundador do grupo Virgin, revela a predileção pela procedimento do general Alexandre, mesmo em pleno Século XXI: “Não 43 dependo dos outros para fazer levantamentos ou pesquisas de mercado ou para desenvolver estratégias. Sou de opinião que o risco para a empresa é reduzido pelo meu próprio envolvimento nos detalhes do novo negócio” (MITZBERG et al., 2007). A defesa da intuição como responsável pela qualidade e perspicácia com que um executivo toma uma decisão extraordinária tem sido defendida com eloquência por intelectuais das mais diversas formações. Citando um exemplo conhecido da área de Tecnologia da Informação, os adeptos dos métodos intuitivos afirmam que a decisão correta não tem nenhuma relação com o bom funcionamento de um software ou mesmo de um moderno SI. Autores em defesa da decisão intuitiva citam como exemplo a opção de Bill Gates em ceder o uso de licença do sistema operacional MS-DOS para microcomputadores fabricados pela IBM e mais tarde para outras empresas como Compaq, Dell e HP. Essa visão intuitiva teria lhe dado uma vantagem competitiva frente aos concorrentes que nenhuma análise de dados, por mais apurada que fosse, lhe traria (CRAINER, 2002). 2.3.2 A complexidade da decisão O debate sobre a natureza e a complexidade do ato de decidir está longe de chegar ao fim. Na verdade, para analisar a questão mais profundamente, é preciso considerar que os níveis de decisão dependem dos tipos de problemas contemplados. Inicialmente, em relação à complexidade, eles podem ser classificados em três tipos: estruturados, semiestruturados ou não estruturados. (SHIMIZU et al., 2010). Indo além, as peculiaridades da decisão sobre qualquer um dos tipos de problemas podem ter um componente relacionado ao nível do processo de tomada de decisão. Essa descrição tipológica está mostrada no Quadro 5: 44 Quadro 5: Tipologia Nomenclatura Estratégica Definição (em relação ao tempo) Em geral, decisão para o intervalo de tempo de dois a cinco anos. Decisão para alguns meses a até dois anos. Decisão para alguns dias ou alguns meses. Decisão para algumas horas ou dias. Tática Operacional Despacho ou liberação Fonte: (SHIMIZU et al. , 2010). Quadro 6: Cruzamento de natureza e níveis de decisão Nível dos Operacional Tático Estratégico Bem definido Processo Objetivo bem definido, definido. Resultado Alternativas a variável serem escolhidas. Meses/ 1 ano / 5 anos problemas Estruturados Características Duração/frequê Dia/ 1 mês ncia Semiestruturados 1 ano Decisor Chefe de seção Gerente Diretoria Complexidade Nenhuma Baixa Média Características Bem definido, Definido Rotina variada níveis em Novos Serviços / Planejamento diferentes Duração/frequê Dias/ semanas Meses/ 1 ano Anos Decisor Chefe de seção Gerente Diretoria Complexidade Baixa Média Alta Características Rotina Não rotineira Novos ncia Não estruturados sujeita a imprevistos Duração/frequê empreendimentos Dias/ por período Caso a caso Anos Chefe de seção, Gerente, Diretoria, acionistas gerente diretor Média Alta ncia Decisor Complexidade Fonte: Turban e Aronson (1998) adaptado Muito alta 45 As duas classificações anteriores, contemplando a natureza do problema e os níveis de decisão, foram pesquisadas por Turban e Aronson (1998). Esses autores se dedicaram a mapear e classificar o cruzamento entre os tipos problemas (estruturados, semiestruturados e não estruturados) e as modalidades operacional, tática e estratégica. As conclusões dos autores estão reunidas no Quadro 6. 2.3.3 Sistemas de Apoio à Decisão O período em que aparecem as soluções automatizadas e aplicativos computacionais relacionados à tomada de decisão pode ser localizado no início de década de 1960. No entanto, as nomenclaturas se mostraram imprecisas na época, de modo que as descrições técnicas só apareceram nas décadas seguintes, em que foram cunhadas expressões como Decision Support Systems (DSS), cuja tradução para o português gerou o acrônimo SAD (Sistema de Apoio à Decisão) (EOM; KIM, 2006). A partir da percepção da necessidade de interpretar os dados disponíveis para tomar decisões melhores, o segmento de desenvolvimento de software passou a entregar ao mercado soluções particulares para atender às demandas. As ofertas das empresas eram pautadas, em geral, por dois conceitos básicos. O primeiro deles é baseado numa abordagem fundamentada na concepção de utilidade, procurando maximizar esse valor. Segue a mesma linha de propostas de maximização dos lucros ou da minimização dos custos, idéias aceitas pelo mercado em geral sem questionamentos (BECKER,1997). A segunda abordagem apoia-se na concepção da racionalidade limitada do tomador de decisão. Essa perspectiva considera que as pessoas tomam 46 decisões na prática perante um quadro complexo. Essa complexidade inclui conflito de valores e interesses individuais e informações incompletas. Também considera que pode acontecer inadequação do conhecimento ou até inconsistência nas preferências e nos comportamentos daqueles que precisam decidir. O modelo também considera a própria incapacidade de cálculo e processamento dos dispositivos computacionais (BECKER,1997). A escassez de dados ou informações pode impedir o acesso à geração das alternativas possíveis para a solução de um problema. Mas a questão vai muito além dessa percepção de falta de informações. Ao contrário de procurar tomadas de decisões maximizadas, como no modelo anterior, procuram-se “soluções satisfatórias” (BALESTRIN, 2002). Simon (1965) caracterizou os processos administrativos como processo de decisão, nos quais o “homem administrativo” é um ator econômico estimulado por escolhas e decisões. A questão na tomada de decisão vai muito além da falta de dados para se compor os caminhos para a solução. De acordo com essa abordagem, soluções baseadas em modelos heurísticos, em que são empregados experiência, conhecimento empírico e preferências do tomador de decisão, podem levar a soluções simplistas. Dessa forma, as relações entre o processo decisório e os Sistemas de Informações (SI) são fundamentadas na abordagem da racionalidade limitada (ANDY; BRODBECK, 2003). Com o objetivo de abordar o tema da Gestão e Governança de Dados e sua relação com a Tomada de Decisão nos níveis gerencial e estratégico, é preciso contextualizar como a gestão da informação em nível computacional faz conexão com as demandas do processo decisório. Os Sistemas de Informação (SI), no seu sentido mais genérico, têm subdivisões específicas quanto à ênfase adotada durante a sua concepção e desenvolvimento. Desse modo, essas ênfases podem ser direcionadas ao tratamento dos dados brutos, para a oferta de informação para um determinado perfil ou para a tomada de decisão propriamente dita (MASON, 1969). 47 Segundo esses critérios, os Sistemas de Informação podem ser divididos em três modalidades básicas: Sistemas de Informações Transacionais (SIT), relacionados ao processamento de dados, Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), dedicados a oferecer informações a um determinado perfil de gestor, e Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), concebido para fornecer subsídios para a atividade específica do decision maker (MASON, 1969). A descrição de cada uma das modalidades leva a entender que os SIT têm o objetivo prioritário de fornecer rotinas do nível operacional. Incluem, dessa forma, a coleta de dados, seu armazenamento e recuperação. São projetados para processar grandes volumes de bits, com eficiência e eficácia. Um exemplo desse tipo de aplicação é a folha de pagamento. Também são incluídos nessa classe os programas de contas a pagar e a receber, bem como os aplicativos de controle de estoque. Os SIG, por sua vez, têm o papel de integrar informações por funcionalidades administrativas, como finanças, marketing, RH, dentre outras. Emitem relatórios específicos, agrupando os dados obtidos a partir de fluxos estruturados. São utilizados, em geral, pelos gestores de nível gerencial das empresas (BECKER,1997). Focados na tomada de decisão, seja ela individual ou em grupo, os SAD têm características de flexibilidade e adaptabilidade. Precisam fornecer respostas com rapidez a problemas novos. Para Courbon (1983), esses sistemas são desenvolvidos para atividades com baixo nível de estruturação. Os problemas que pretendem resolver não têm solução mecânica. Refletem a interação entre homem e computador de uma maneira dialogal, com o objetivo de proporcionar melhorias no processo decisório no que se refere à identificação e resolução de problemas pouco padronizados. A literatura apresenta variadas definições para a caracterização de um SAD, cuja definição originou-se da sigla DDS (em inglês, Decision Support System). Shimizu et al. (2010), destacam três delas, conforme mostra o Quadro 7: 48 Quadro 7: Definições de Sistema de Apoio à Decisão Definição 1 Conjunto de procedimentos baseados em modelos para processar dados e analisar problemas tendo como finalidade dar assistência aso administradores no processo de decisão. Os problemas resolvidos por um SAD podem ser estruturados, semiestruturados e não estruturados, conforme o ponto de vista das pessoas que tomam a decisão. Definição 2 Sistema flexível e expansível, capaz de dar apoio à análise ad hoc dos dados e dos modelos de decisão, que procura obter resultados eficazes no planejamento de longo, médio e curto prazos. Definição 3 Sistema de computação formado por três componentes interativos: a) Sistema de linguagem (que permite a comunicação entre os usuários e os subsistemas do SAD; b) Sistema de conhecimento (que armazena os dados, os procedimentos e as informações inteligentes disponíveis; c) Sistema para processar problemas (estrutura e executa os modelos para resolver os problemas apresentados). Fonte: Shimizu et al. (2010). Como se pode verificar a partir das próprias definições, a implementação tecnológica dos sistemas de apoio à decisão ganha aspectos particulares dentro de diferentes empresas. A avaliação do seu desempenho, a partir do ponto de vista da Governança de Dados, passa a ser crítica, como se poderá ver no Capítulo 4 (Análise de Dados). A importância da informação, bem como de sua gestão, para a atividade competitiva das empresas é uma percepção quase unânime pela empresas. Certamente o grau desse valor deve variar de contexto para contexto e a partir da cultura corporativa considerada. Essa percepção também tem relação com o nível hierárquico dos colaboradores em questão. É perceptível que as organizações que têm mais competência e vocação para administrar a informação de uma forma satisfatória tenham maior vantagem competitiva. Para autores como Porter e Millar (1985) a questão da eficiência da gestão de dados e das informações é indiscutível: 49 "A importância da revolução da informação não está em discussão. A questão não é se a tecnologia da informação vai ter um impacto significante na posição competitiva da empresa. A questão é quando e como o impacto vai acontecer. Empresas que se preparam com o poder da tecnologia da informação estarão no controle dos eventos. Empresas que não se prepararem serão forçadas a aceitar as mudanças que os outros iniciaram e estarão em desvantagem competitiva ". (PORTER; MILLAR, 1985, p.160). Alguns autores, como Yu et. al., relacionam as fases do processo decisório com processos oferecidos por Sistemas de Informações, como no Quadro 8: Quadro 8: Fases da decisão e os recursos dos Sistemas de Informação. Fase do processo decisório Constituição dos SADs Definição do problema Processamento de dados e consolidação com SIG (relatórios gerenciais) e SAD de processamento de dados como OLAP, data mining, internos a ERPs ou não. Busca de alternativas Checklists em Bancos de Soluções e Aprendizados, SAE, clippings, DIG e SAD baseados em processamento e consolidação de informações. Definição de critérios e/ou SAE, clippings e análises de concorrência e objetivos e coleta de mercado, informações processamento SIG e SAD baseado em e de consolidação informações. Modelagem do problema SAD apropriados para análise e modelagem com ferramentas de Pesquisa Operacional, Estatística , Decisão Multicritério, dentre outras. Solução e aprendizado SAD dedicados a análise e modelagem, com aplicativos de Pesquisa Operacional, Estatística , Decisão Multicritério, Realidade Virtual, dentre outras. Fonte: (YU et al., 2011) adaptado 50 À medida que o tempo passa, mais valor tem sido dado à informação. Para Davenport e Harris (2007), a importância das informações disponíveis nas empresas é cada vez mais percebida pelos executivos. Segundo ele, durante a década passada, várias organizações entenderam que a informação é “um de seus mais críticos recursos, sendo que o grande acesso, a utilização e o aumento de sua qualidade são a chave para aumentar o desempenho do negócio". 2.3.4 Limitações e vieses Mesmo que os computadores estejam presentes nos vários momentos da atividade de um decision maker, é preciso lembrar que as decisões são tomadas por indivíduos. Não se pode delegar às máquinas tarefa que é inerentemente humana. O reconhecimento desse simples fatos e suas consequências tem produzido pesquisas sobre os vieses de julgamento. Autores como Herbet Simon, Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 1978, tornou popular a noção de que a sociedade, os negócios e as percepções a respeito de vários assuntos são muito complexos, enquanto que o cérebro de qualquer indivíduo e sua capacidade de processamento de informações são muito limitados. Com as percepções limitadas, os atos decisórios são submetidos a irremediáveis vieses. Essa perspectiva gerou vasta literatura sobre os vieses de julgamento a que todos os líderes estão sujeito, pelo simples fatos de pertencerem à raça humana (MINTZBERG et al., 2007). Não é escopo deste trabalho aprofundar o debate sobre os vieses de julgamento. No entanto, a literatura de pesquisa sobre o assunto precisa ser considerada para avaliação dos limites das opções metodológicas e tecnológicas. Esta questão será retomada no Capítulo 3 (Métodos). Trabalhos como o de Daniel Kahneman, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2002 e autor da chamada Teoria da Perspectiva, não podem ser ignorados dentro do tema Tomada de Decisão.. A junção entre a Economia e a 51 Psicologia produziram estudos relevantes para a compreensão do poder de influência dos vieses sobre a tomada de decisão (MINTZBERG et al., 2007). Quadro 9: Informações sobre vieses na tomada de decisão Tipo de viés Descrição Busca de evidência de apoio Disposição para colher fatos que levam a certas conclusões e desprezar outros fatos que as ameaçam Incoerência Incapacidade de aplicar os mesmos critérios de decisão em situações semelhantes Conservadorismo Incapacidade de mudar (ou mudar lentamente) a percepção à luz de novas informações e evidências Recentidade Os eventos mais recentes dominam os menos recentes , que recebem menos importância ou são ignorados. Disponibilidade Basear-se em eventos específicos facilmente lembrados, excluindo-se outras informações pertinentes. Ancoragem As previsões são indevidamente influenciadas por informações iniciais que recebem mais peso no processo de previsão Correlações ilusórias A crença de que os padrões são evidentes e/ou duas variáveis estão relacionadas por causalidade, quando não estão. Percepção seletiva Aumentos persistentes [em algum fenômeno] podem-se dever a razões aleatórias, as quais, caso sejam verdadeiras, iriam elevar à probabilidade de um decréscimo subsequente. Por outro lado, decréscimos persistentes podem elevar as probabilidades de aumentos subsequentes. Efeitos de regressão Aumentos persistentes em algum fenômeno podem ser devido a razões aleatórias. Caso sejam verdadeiras, eles podem elevar a probabilidade de um decréscimo subsequente. Por outro lado, decréscimos persistentes podem elevar a probabilidade de aumentos subsequentes Atribuição de sucesso e O sucesso é atribuído às aptidões da pessoa e o fracasso à má sorte fracos ou ao erro de outra. Isso inibe o aprendizado, pois não permite o reconhecimento dos próprios erros. Otimismo injustificado As preferências das pessoas por resultados futuros afetam suas previsões a respeito deles. Subestimar a incerteza Otimismo em excesso, correlação ilusória e a necessidade de reduzir a ansiedade resultam em subestimar a incerteza futura. Fonte: Makridakis (apud Mintzberg, 2007) 52 Vasta pesquisa sobre as predisposições de julgamento tem sido feito por autores da Escola Cognitiva. Alguns importantes resultados foram relacionados por Makridakis (apud Mintzberg et al., 2007) no Quadro 9, em que se faz a descrição da tendência associada aos tipos de vieses discriminados em vários estudos. Segundo Makridakis (apud Mintzberg et al., 2007), algumas afirmações dentro da cultura são divulgadas como verdadeiras. Acredita-se, por exemplo, que quanto mais informações se recolhem sobre um determinado tema, mais precisas serão as decisões relacionadas ao assunto. No entanto, as evidências empíricas não confirmam essa crendice. O maior número de informações coletadas apenas têm influência psicológica nos tomadores de decisão. Eles se sentem mais confiantes de que estão no caminho certo, sem que isso melhore necessariamente a precisão das decisões. Um análise mais criteriosa sobre um grande número de informações coletadas mostra que em geral são redundantes e agregam pouco valor adicional ao resultado, conforme o Quadro 9. Laudon e Laudon (2010) defendem que uma das principais contribuições dos Sistemas de Informação é a melhoria da tomada de decisão, tanto para indivíduos como para grupos. Esse incremento na qualidade do processo decisório. Na definição dos autores, uma tomada de decisão melhor “refletiria de maneira mais precisa os dados do mundo real”. Um dos parâmetros alegados para o uso dos recursos computacionais é o aumento da velocidade para tomar a decisão. No entanto, não é possível se ater somente a esse indicador. Existem muitas dimensões no processo decisório que devem ser consideradas, como a precisão, abrangência, imparcialidade coerência, dentre outros. No mundo corporativo, a crença na vantagem competitiva oferecida por esses recursos traduz-se no uso dos Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) e Sistemas de Apoio à Decisão (SAD). O primeiro deles se refere basicamente a problemas estruturados. Já o 53 segundo, tem como objetivo facilitar a solução de questões não estruturadas ou semiestruturadas (LAUDON; LAUDON, 2010). Estudo conduzido por Harbridge House, em Boston, com cerca de 6.500 gerentes e 100 empresas, traz informações estatísticas sobre a tomada de decisão e sua importância percebida dentro das organizações. A prática mais importante, considerada pelos avaliadores, foi “tomar decisões claras e definitivas quando necessário”. A segunda prática mais destacada foi “chegar ao cerne do problema em vez de lidar com questões menos importantes”. (HUBER, 2003) Os SIG têm a função de apoiar os gerentes no monitoramento e controle de suas atividades de negócios cotidianas. Em geral, fornecem relatórios padronizados, emitidos periodicamente, utilizando dados extraídos dos sistemas adjacentes usados na empresa. É mais comum que venham de Sistemas de Processamento de Transações (SPT) (LAUDON; LAUDON, 2010). Segundo Laudon e Laudon (2010), os SAD clássicos, traziam embutidos modelamentos. Por utilizar uma “teoria”, apresentavam uma limitação inicial. Caso os dados não tivessem suporte do modelo, o resultado obtido na saída poderia não ter significado nem coerência. Um dos grandes avanços da nova geração de ferramentas SAD é sua orientação para dados (data mining), que trazem a capacidade de analisar grandes volumes de dados provenientes das bases corporativas. Aplicações de Inteligência Empresarial permitem extrair significados muitas vezes ocultos por baixo dos bytes armazenados. Os dois tipos de soluções têm a ver, sob a perspectiva da tecnologia de banco de dados, com os tipos de plataformas de processamento: OLTP (Online Transaction Processing) e OLAP (Online Analytical Processing), usados pela empresas em suas soluções de negócio, conforme é mostrado no Quadro 10: 54 Quadro 10: Sistemas analíticos e transacionais Fonte: CANALTECH (2015). O esforço para identificar de que modo as decisões não estruturadas acontecem em uma empresa tem sido feito por pesquisadores como Mintzberg et al. (1976). O objetivo desses estudos foi expor a possível lógica de desenvolvimento do processo decisório, mesmo quando não se tem a consciência de sua configuração inicial. Os pesquisadores identificaram três 55 fases do processo de decisão, consideradas fundamentais: identificação, desenvolvimento e seleção. Essas fases seriam permeadas por conjuntos de rotinas de suporte: controle, comunicação e política. Essas rotinas podem estar presentes ou não. Segundo os pesquisadores, mesmo que não estejam explícitas, elas são essenciais para o planejamento do processo decisório. Definem-se, por exemplo, estrutura e recursos necessários para o desenvolvimento da solução, assumindo em seu aspecto metalinguístico a decisão sobre o próprio processo decisório (MINTZBERG et al., 1976). Frente à complexidade desse processo, uma das opções para mitigar os riscos envolvidos entre os executivos e gestores empresariais tem sido usar ferramentas analíticas como apoio à tomada de decisões. Conceitos desenvolvido por autores como Hammond et al. (2006) apresentam soluções administrativas e ferramentais para a solução de questões da gerência e da alta administração. Dois sistemas são comumente utilizados, com funções específicas: o SAE (Sistema de Apoio ao Executivo) e o SAD (Sistema de Apoio à Decisão), conforme mostrados no Quadro 11: Uma parcela significativa dos executivos vê os Sistemas de Informação SAD, SGI e SAE como um possível recurso para minimizar riscos na tomada de decisão. Segundo Turban (2006), o método da tentativa e erro para a solução de problemas corporativos tornou-se muito caro. Mitigar riscos é somente um aspecto do problema. Há várias razões que justificam a adoção de Sistema de Informação, mostradas no Quadro 12: 56 Quadro 11: Diferenciais entre SAE e SAD Fonte: Canaltech 57 Quadro 12: Razões para adoção de SI Muitas O número de alternativas a serem consideradas aumenta com alternativas frequência cada vez maior, decorrentes das inovações tecnológicas, maior fluxo de comunicação, desenvolvimento de mercados globais e a popularização do uso da internet. A chave para uma boa decisão é explorar e comparar muitas alternativas relevantes. Quanto mais alternativas, mais pesquisas auxiliadas por computador e comparações são necessárias. Pressão do Um número cada vez maior de decisões precisa ser tomado sob tempo pressão do tempo. Mesmo em tempo real, frequentemente não é possível processar manualmente as informações necessárias de Uma maneira suficientemente rápida para que elas sejam efetivas. Flutuações e Devido a um numero cada vez maior de flutuações e incertezas no incertezas ambiente de decisão, às vezes é necessário conduzir uma análise sofisticada a fim de tomar uma boa decisão. Essa análise geralmente requer o uso de um modelo matemático. Processa o modelo manualmente leva muito tempo. Custos para Frequentemente é necessário acessar rapidamente informações obter as remotas, fazer consultas com especialistas, agendar uma sessão de informações tomada decisão em grupo, tudo com o menor custo ou sem gera despesas. Distância Tomadores de decisão podem estar em diferentes localizações, assim onerosa como as informações. Agrupar tudo de uma forma rápida e barata pode ser uma tarefa complexa. Cenários A tomada de decisão frequentemente exige que uma organização complexos conduza uma previsão de preços, com informações sobre sua participação no mercado e outras métricas. Previsões confiáveis requerem ferramentas analíticas e estatísticas. Necessidade A tomada de decisão requer dados. A quantidade de dados é grande e de dados cresce continuamente. Geralmente têm múltipla origem e estão confiáveis e localizados em várias fontes. Precisam ser integrados a partir dessa integrados origem e interpretados. Fonte: Turban et al. (2006) adaptado. 58 3. MÉTODO Este capítulo apresenta conceitos, definições e procedimentos metodológicos adotados por esta pesquisa, escolhidos em função dos objetivos a que o estudo se propõe, apresentados no Capítulo 1. Durante a explanação das opções surgidas durante a pesquisa e as escolhas feitas por este pesquisador, será usado o seguinte esquema: Definição do Modelo Conceitual (a partir de definições metodológicas de determinados autores) e definição dos procedimentos operacionais, procedimento de campo e procedimento para o tratamento dos dados coletados. Finalmente, caracterizam-se os procedimentos para a análise dos resultados. 3.1. Natureza e método de estudo Para responder à questão de pesquisa levantada no Capítulo 1, diante das opções oferecidas pelo contexto e pelos caminhos metodológicos sugeridos pela literatura, foram tomadas decisões que terminaram por configurar a identidade deste trabalho. Seguindo a classificação proposta no livro de Selltiz et al. (1987), também adotada por autores como Marconi e Lakatos (2004) e Gil (2002), este trabalho ganhou as características de uma pesquisa exploratória qualitativa. Dentre as diversas opções oferecidas a partir da abordagem qualitativa, a pesquisa bibliográfica e o contato com consultores do mercado terminaram por definir a identidade mais específica deste trabalho: um estudo de múltiplos casos com empresas brasileiras de três setores diferentes, cada uma delas em seu estágio particular de maturidade de Governança de Dados. Emergiu, desse modo, o modelo de análise a ser descrito nos próximos parágrafos, no qual estão definidas as categorias de análise, a serem 59 exploradas em profundidade por meio de método qualitativo de estudo de múltiplos casos. Ainda dentro da classificação proposta por Selltiz et al. (1987), esta dissertação pode ser considerada também um estudo de campo, atendendo às propostas de um mestrado profissional, uma vez que suas conclusões não são frutos apenas da teoria ou da mera aplicação de modelos, mas oriundas da prática viva de organizações importantes e atuantes no atual cenário brasileiro de negócios. Serão discutidas, mais adiante, suas limitações e também sugeridos caminhos para futuros pesquisadores interessados no tema. 3.2 Delimitação da pesquisa Segundo Godoi (2006), a pesquisa baseada em estudo de casos pode ser elaborada a partir de diferentes perspectivas. Neste trabalho, o recurso promovido pelo método permite entender como empresas diferentes, com modelos corporativos de negócios específicos, em diferentes estágios de maturidades da Governança de Dados, percebem o papel de suas próprias bases de informações, dentro de suas estruturas de trabalho (operacionais, táticas e estratégicas). Mais do que apenas uma descrição do processo instaurado de Gestão de Dados, este estudo permite avaliar e comparar a percepções que as organizações têm de suas Governanças de Dados, tendo como referência frameworks praticados no mercado. Dessa forma, as conclusões da pesquisa podem servir como fonte para um benchmarking futuro a ser desenvolvido por pesquisadores interessados no tema. Cada um dos frameworks contemplados pela literatura trabalha com pontos de vistas e definições particulares, como se viu no Capítulo 2. Há intercessões entre eles e também discordâncias, uma vez que se baseiam em perspectivas 60 diferentes. Frente às diversas definições de Governança de Dados existentes na literatura, foi preciso optar por uma delas neste estudo, por motivo de coerência e de coesão. Sem nenhum julgamento de valor com relação aos demais frameworks, considera-se nesta pesquisa a definição de Governança de Dados consolidada do DMBoK: “Governança de Dados é o exercício de autoridade e controle (planejamento, monitoramento, e execução) sobre o gerenciamento de ativos de dados. A função de governança de dados guia como todas as outras funções da gestão de dados são realizadas. Governança de dados é de alto nível, ou seja, é gestão estratégica de dados na esfera executiva (MOSLEY et al., 2009, p.32) É preciso pontuar que pesquisas exploratórias relacionadas à Tecnologia da Informação, dentro da perspectiva qualitativa, usam o estudo de casos como método para aprofundar o conhecimento sobre os fenômenos (ORLIKOWSKI;BAROUDI, 1991). As peculiaridades do método – e sua contribuição para uma maior qualidade do trabalho científico – são nuançadas por Eisenhardt (1989), que aponta a validação interna, quando se verifica convergência entre as teorias existentes e as teorias construídas (modelos de análises). Para a autora, isso proporciona evidências do poder explicativo destas últimas. Cabe ressaltar, dentro da lógica de replicação permitida pelo estudo de multicasos, a realização de experimentos múltiplos feita neste trabalho, bem diferente da amostragem feita por pesquisas de natureza quantitativa (YIN, 2010). A seleção dos casos foi feita dentro do universo corporativo empresarial brasileiro, não de maneira aleatória, mas procurando experiências de Governança de Dados diferenciadas. Não se teve a intenção de prever resultados semelhantes, a partir de uma replicação literal. Do ponto de vista de Yin (2010), a pesquisa trouxe resultados contrastantes, partindo da replicação teórica de um modelo conceitual (a ser descrito no subcapítulo 3.3). 61 O método escolhido tem sua força e limitações. Apesar de não ser possível a generalização estatística inerente às investigações de natureza quantitativa, uma vez que os casos escolhidos não são unidades de amostragem, pode ser de grande utilidade para pesquisadores acadêmicos e gestores do mercado compreender com profundidade a relação existente entre o nível de Governança de Dados e a Tomada de Decisão em empresas reais dentro do contexto do mercado brasileiro. Com base nos recursos promovidos pelo método de estudo de casos múltiplos, considerou-se para este estudo como unidade de análise o departamento ou a área das empresas responsáveis diretamente pela Governança de Dados ou gestão de Dados. Em algumas companhias, essa função é exercida pelo departamento de Tecnologia da Informação (TI), pois historicamente tem sido a equipe que lida o armazenamento, segurança e processamento dos dados, entre outras funções. Em um número mais reduzido de empresas – pois se trata de uma tendência moderna – essa função é exercida por um Departamento de Dados, que trabalha colaborativamente com a área de TI, mas que não necessariamente se reporta a ela. Conforme sugere Yin (2010), a validade deste estudo, dentro de uma abordagem qualitativa, restringe-se aos próprios casos contemplados, não permitindo generalizações a partir de suas conclusões. Uma das possibilidades de aproveitamento do trabalho, ressaltando-se o seu caráter exploratório, é apontar e abrir caminhos para investigações mais amplas e inspirar novas pesquisas, tanto qualitativas quanto quantitativas. 3.3 Modelo conceitual Neste trabalho, foi utilizado o modelo da gestão de TI que vem da literatura sobre Sistemas de Informação (SI): o Task-Technology Fit (TTF) ou Ajuste Tecnologia-Tarefa. Ele fornece a base teórica para explorar os fatores que explicam os impactos da Governança de Dados sobre a tomada de decisão 62 nos níveis gerencial e estratégico. A interpretação do impacto da tecnologia durante sua utilização na prática pode ser feita tendo como base o modelo apresentado e discutido por Goodhue e Thompson (1995). Para que o modelo tenha sentido para resolver a questão-problema proposta neste trabalho, foram feitas alterações necessárias, baseadas no paralelismo estrutural entre os problemas geralmente analisados nas pesquisas de TI e aqueles contemplados por uma visão mais baseada em Gestão e Governança de Dados. Dentro do escopo deste trabalho e de um estudo de casos, essa avaliação é aquela percebida pelos declarantes da pesquisa qualitativa, feita a partir da avaliação de profissionais envolvidos tático e estrategicamente na implementação das diretrizes de dados e informações de suas respectivas empresas. Em linhas gerais, a proposta de Goodhue e Thompson (1995) traz um modelo abstrato em que as tarefas (tasks) são definidas como ações executadas por indivíduos que transformam 'entradas' (inputs) em 'saídas' (outputs), tendo como referência as soluções tecnológicas, definida como sendo “as ferramentas usadas por indivíduos para desenvolver suas tarefas e trabalhos”. O alinhamento tecnologia-tarefa é definido como “o grau em que a tecnologia se torna performática em relação às respectivas tarefas”. Esses construtos, combinados com o fato de o indivíduo utilizar soluções tecnológicas para resolver seus problemas, determinam o impacto sobre o desempenho percebido. Para aplicação nesta pesquisa, foi feito um paralelo entre o modelo conceitual TTF e aqueles usados pela literatura de Governança de Dados e de Tomada de Decisão. O paralelismo, num plano mais abstrato, se revelou capaz de interpretar os fenômenos propostos na questão da pesquisa e também no objetivo geral e específico deste estudo, conforme a proposta de Goodhue e Thompson (1995). 63 Partiu-se do modelo TTF, esquematizado na Figura 10: Figura 10: Modelo original Task-Technology Fit (TTF) Fonte: Goodhue e Thompson (1995) 3.4 Proposições deste estudo Tomando a proposta do modelo de Goodue e Thompson (1995), alinhados com os conceitos dos autores Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009) e Mintzberg et al. (1976), chegou-se, por paralelismo, ao modelo conceitual usado nesta pesquisa, esquematizado pela Figura 11: O modelo conceitual proposto tem suas vantagens e limitações. As vantagens estão em se apoiar em resultados históricos da literatura científica produzida sobre os temas relacionados à Tecnologia da Informação. Essas pesquisas, em geral com características qualitativas, confirmam a robustez da matriz teórica então adotada. As limitações dizem respeito principalmente aos processos de tomada de decisão empresarial. Conforme se mostrou no 64 Capítulo 2, existe um leque de decisões que prescindem da utilização de uma análise de uma massa crítica de dados para uma tomada de decisão acertada (YU et al., 2011). Figura 11: Modelo conceitual desta pesquisa Fonte: Autor desta pesquisa, baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Para este estudo, foram considerados prioritariamente os tipos de decisões que podem ser afetados pelo acesso a dados de melhor qualidade. Como já foi visto no Referencial Teórico, não é sempre possível nem recomendável ao tomador de decisões ter acesso ao total de informações que ele supõe necessárias e nem saber todas as possibilidades de sua ação dentro do processo decisório, principalmente quando se refere a questões estratégicas. Também não se consegue antever a medida exata das consequências de cada opção que tem à mão, seja pela impossibilidade física e temporal, seja pelos custos envolvidos em um processo dessa natureza. Dessa forma, tendo em conta o conceito da racionalidade limitada, serão consideradas nas respostas dos entrevistados as tomadas de decisão que podem ser influenciadas pelo acesso a dados de melhor qualidade (YU et al., 2011). Com a finalidade de ir a campo com uma teoria, como a concebe Yin (2010), foi criado um modelo de análise baseado na revisão de literatura, identificando analogias entre dois modelos iniciais, oriundos da Governança de Dados (gestão de dados e suas respectivas dimensões) e a Tomada de Decisão (nos 65 níveis tático-operacionais e estratégicos). Para este estudo, consideram-se, a partir do modelo proposto, as seguintes proposições: 3.4.1 Proposição 1: O alinhamento da Governança de Dados com a Tomada de Decisão será afetado pelas características da Demanda por Decisão e/ou pelo nível de maturidade da Governança de Dados, conforme a Figura 12: Figura 12: Proposição 1 Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 3.4.2 Proposição 2: A Tomada de Decisão Gerencial ou Estratégica influenciará positivamente ou negativamente o desempenho percebido da Governança de Dados, ou seja, impactará na maneira como os gestores percebem a possibilidade de tomar melhores decisões tendo como base as informações processadas pelos Sistemas de Informação a que tem acesso. Esses argumentos estão representados esquematicamente na Figura 13: 66 Figura 13: Proposição 2 Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995) 3.4.3 Proposição 3: O Alinhamento entre a Tomada de Decisão e a Governança de Dados influenciará positivamente (ou negativamente) o desempenho da Tomada de Decisão por gerentes e executivos, dedicados respectivamente a tarefas táticooperacionais e estratégicas, conforme o esquema da Figura 14: Figura 14: Proposição 3 Fonte: Autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 67 3.5 Procedimentos metodológicos Dentro do método de estudo de multicasos adotado neste trabalho, foram feitos o desenvolvimento da Teoria e a formulação das proposições, seguindo recomendações de Yin (2010). Com o objetivo de garantir a qualidade do estudo foram também consideradas a validade do construto e suas validades interna e externa; Também foi auferida sua confiabilidade, principalmente pela pesquisa bibliográfica, em que são mostrados vários estudos que aplicam o modelo Task-Technology Fit (TTF). A delimitação desta pesquisa, como relacionada anteriormente, tem relação com o próprio conceito de tomada decisão baseada em dados. Toma-se neste trabalho apenas uma dessas dimensões, para objeto de análise, a saber os processos decisórios que usam os dados de um Sistema de Informação para sua realização (YU et al., 2011;GOMES et al., 2009; MINTZBERG et al., 2007; HAMMOND; KEENEY,1999). Do ponto de vista do método, seguindo as recomendações de Yin (2010) para o estudo de múltiplos casos, foram adotadas as seguintes fases durante a pesquisa: Planejamento, Projeto, Preparação, Coleta, Análise e Publicação (que coincide com a defesa da qualificação). Segundo o mesmo autor, o estudo de caso se apresenta como estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”. Também é recomendado para situações em que o pesquisador tem pouco ou nenhum controle sobre os eventos. Outra recomendação de Yin (2010) diz respeito a fenômenos contemporâneos inseridos em contextos da vida real. Como se pode constatar, este estudo tem todas as características apontadas acima. 3.6 Seleção das empresas participantes e entrevistados Foram feitas entrevistas com os líderes dos departamentos envolvidos com a Governança ou Gestão de dados dentro da organização. Os casos 68 selecionados levaram em conta sua atuação com líder da unidade de análise (o departamento de dados) da empresa em questão, bem como sua capacidade de avaliação estratégica, tática e operacional dos Sistemas de Informação (SI) da empresa e do segmento em que atua. Foram destacadas três empresas brasileiras, escolhidas neste estudo por sua importância no cenário empresarial brasileiro e por suas iniciativas na gestão de TI e Dados. Dentro da vocação da pesquisa qualitativa, não se pretendeu, na ida ao campo, ter um design definitivo para as entrevistas, com começo, meio e fim (PATON, 1990). Foi feito um roteiro semiestruturado, por meio do qual foram conduzidas as entrevistas, que pode ser visto no item 3.7 deste capítulo. O roteiro não se propôs a aplicar uma forma rígida à entrevista. As perguntas foram feitas tendo como norteadores os temas definidos, com o objetivo de aplicar as proposições definidas neste estudo. Foram definidos e executados, dentro do projeto de pesquisa, todas as etapas e protocolos da pesquisa de campo definida anteriormente, conforme aconselhado por Yin (2010). As empresas eleitas para estudo não são concorrentes diretas e pertencem a segmentos de atuação diferentes. Para caracterizá-las dentro deste estudo e salvaguardar o acordo de confidencialidade e anonimato feito com os entrevistados, segue breve descrição de cada uma delas: a) Empresa A: birô de crédito com atuação no segmento de informações. b) Empresa B: instituição do segmento financeiro-bancário. c) Empresa C: atua na área de logística. Com o objetivo de ter parâmetros de mercado e opiniões avalizadas das práticas de mercado, também foram entrevistados dois consultores com vasta experiência na área de Governança e Gestão de Dados. A participação deles se mostrou relevante e diferencial para o estudo, uma vez que se trata de uma área ainda em desenvolvimento no Brasil e com rarefeita literatura sobre o tema. Os dois consultores foram escolhidos pelo conhecimento prático 69 na área, tendo um deles experiência internacional, necessária para comparar a realidade corporativa na área de data management em outros países e no Brasil. A ida a campo foi realizada por meio de entrevistas, pré-agendadas com gestores de departamentos das empresas relacionadas. Todas possuíam reconhecida estratégia de Governança ou Gestão de Dados delineada, com práticas de Gestão de Dados reconhecidas pelo mercado. Para garantir uma maior liberdade na avaliação técnica dos entrevistados, foi garantido sigilo das informações e das pessoas envolvidas em todos os casos. A coleta de dados foi feita por meio de gravação em arquivo de voz digital, feita de forma presencial ou por meio de gravação telefônica (ou via Skype), por meio do roteiro semiestruturado definido no item 3.7 deste capítulo com os executivos responsáveis pela área de dados das respectivas corporações. As três empresas, supostamente em diferentes estágios de maturidade na Governança Dados (comprovado pela pesquisa posteriormente). O período de coleta foi de aproximadamente dois meses, devido a fatores como à dificuldade de agenda dos entrevistados. A abordagem foi feita por pedido de entrevista diretamente com gestores. A empresa não foi informada oficialmente sobre a entrevista e não se manifestou de maneira formal sobre as entrevistas em nenhum momento, sendo dado aos entrevistados garantia de sigilo da identidade corporativa e profissional. Os executivos responsáveis pelas áreas de dados estavam em atuação nas respectivas empresas ou estiveram em cargo de liderança na área de Governança/Gestão de Dados no período de 6 a 18 meses que antecederam a entrevista, demonstrando conhecimento e propriedade para avaliar o nível de maturidade dos processos tecnológicos e de Tomada de Decisão das corporações em que atuavam. 70 3.7 Roteiro de entrevista usado para a coleta de dados Segue no Quadro 13 roteiro de entrevista semiestruturada feita com os executivos responsáveis pela área de dados das empresas A, B e C. Os temas estão relacionados diretamente com as proposições feitas nos itens 3.4.1, 3.4.2 e 3.4.3. Alguns dos temas têm ligação com várias proposições. Nos parágrafos seguintes, foram destacadas as principais aproximações. Na Proposição 1, ao analisar como o alinhamento da Governança de Dados com a Tomada de Decisão será afetado pelas características da Demanda por Decisão e/ou pelo nível de maturidade da Governança de Dados, foram enfocados os temas: a) Resultados da governança de dados na tomada de decisão gerencial e b) Alinhamento entre governança de dados e o modelo de negócio. Na Proposição 2, ao analisar como a Tomada de Decisão Gerencial ou Estratégica influencia positivamente ou negativamente o desempenho percebido da Governança/Gestão de Dados, foram enfocados os temas: a) Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) e b) Influência dos dados na tomada de decisão estratégica. Na Proposição 3, ao analisar como o Alinhamento entre a Tomada de Decisão e a Governança/Gestão de Dados influencia positivamente (ou negativamente) o desempenho da Tomada de Decisão por gerentes e executivos foi enfocado o tema: Papel dos dados e da Governança de Dados na corporação. 71 Quadro 13: Roteiro para as entrevistas Conceitos/Construtos: Fontes Questão para o entrevistado TEMA: PAPEL DOS DADOS E DA GOVERNANÇA DE DADOS NA CORPORAÇÃO Gestão de Dados (TURBAN et al. 2010).(MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004)(O´BRIEN; MARAKAS, 2013). Descreva a situação atual da área de dados na empresa e quais departamentos que gerenciam ou governam os dados Dados como ativos da empresa (TURBAN et al. 2010).(MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009)(O´BRIEN; MARAKAS, 2013). De que maneira o modelo de negócios praticado inclui os dados da empresa como recursos? Dados como geradores de receita para a empresa (TURBAN et al. 2010). (MOSLEY, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) (FISHER, 2009) (DAVENPORT, 2013) Como os dados, são avaliados como geradores de valor e receita para a empresa? Governança de dados Como essa avaliação é feita? Recursos empregados em Dados (DAVENPORT, 2013) (FISHER, 2009) Quantas pessoas trabalham na área e quais suas funções? TEMA: IMPACTOS DA GOVERNANÇA DE DADOS NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL Participação das áreas na Governança e gestão de Dados (AIKEN; GORMAN, 2013) (DAVENPORT, 2013) (FISHER, 2009) (GOMES et al., 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) Como é a participação das outras áreas da empresa na gestão / Governança de Dados? Decisão gerencial baseada em dados (TURBAN et al. 2010).(MOSLEY, 2009) (GOMES et al., 2009) (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). Como a visão baseada em dados influencia a tomada de descisão gerencial? 72 Conceitos/Construtos: Fontes Questão para o entrevistado TEMA: INFLUÊNCIA DOS DADOS NA TOMADA DE DECISÃO ESTRATÉGICA Participação da Alta administração na gestão / Governança de Dados (AIKEN; GORMAN, 2013) (DAVENPORT, 2013)(FISHER, 2009) (YU et al., 2011) (GOMES et al., 2009) (MINTZBERG et al., 2007)(HAMMOND; KEENEY,1999). Como o presidente e a alta administração participam da Política de Dados? Dados e informação estratégicos para tomada de decisão da alta administração (YU et al., 2011) (GOMES et al., 2009) (MINTZBERG et al., 2007) (HAMMOND; KEENEY,1999). (TURBAN et al. 2010).(MOSLEY, 2009) Como os demais executivos usam os dados para a tomada de decisão? SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO (SAD) Sistemas de suporte à tomada de decisão (SHIMIZU et al. , 2010). (MINTZBERG et al., 2007). (HAMMOND; KEENEY,1999).(MOSLEY, 2009) (TURBAN et al. 2010). Quais sistemas de dados que contribuem para uma melhor tomada de decisão na empresa? Alinhamento dos Dados com o modelo de negócio (AIKEN; GORMAN, 2013) (FISHER, 2009) (GOMES et al., 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (TURBAN et al. 2010).(YU et al., 2011) Como é o alinhamento da Governança/gestão de dados com modelo de negócio da corporação? Focos da Governança de Dados e desafios (MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). (TURBAN et al. 2010). Qual o foco da Governança e gestão de dados e quais são os desafios para o futuro ALINHAMENTO ENTRE GOVERNANÇA DE DADOS E O MODELO DE NEGÓCIO Governança de Dados e sua relação com modelo de negócio ou práticas empresariais (DAVENPORT, 2013) (FISHER, 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) Fonte: Elaborado pelo autor. Avalie o alinhamento entre a Governança de Dados com a tomada de decisão de gerentes e executivos. 73 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. Descrição das empresas entrevistadas As empresas consultadas estão descritas genericamente abaixo: EMPRESA A – Empresa do setor de informações de crédito. EMPRESA B – Empresa do setor bancário/financeiro. EMPRESA C – Empresa do setor de logística. Foram relacionados no Quadro 14, os aspectos relevantes para a pesquisa, relacionados à Gestão e Governança de Dados, informadas pela empresa por meio de seus gestores ou informadas em relatórios ou informações de mercado. Quadro 14: Descrição das empresas entrevistadas Tema / EMPRESA A Governança Gestão de dados Centralizada EMPRESA B EMPRESA C Gestão centralizada em um departamento, mas a gestão é compartilhada com outras áreas. Atividade transversal e diluída. O desenvolvimento de informação e dados foi descentralizado para cada uma das unidades de negócio. Officer Vice-presidente de Serviços Assuntos Corporativos Principal executivo Superintendente de dados Chief (CDO) Sistemas baseados em dados para a tomada de decisão Três sistemas integrados Sistemas autônomos sem gestão central, operados por cada área de negócios, Implantação de núcleo de gestão de dados, na área de governança . Data São usados data marts, com informações coletadas de ERP, sistema de atendimento, rastreamento e triagem. Esses subsistemas são provedores de informações um dataware house maior. 74 Tema / EMPRESA A EMPRESA B Governança Mudanças Estabelecimento de novas Mudanças nos sistema recentes que rotinas operacionais. gerenciais impactaram a Governança e a Gestão de dados EMPRESA C No ano de 2014, houve uma reestruturação que acabou incorporando várias áreas sob a direção da Vicepresidência de Assuntos Corporativos, inclui TI, engenharia, segurança patrimonial, segurança da informação, dentre outras. TI e dados ficaram diluídos dentro desse guarda-chuva. Governança de Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira pulverizada Certificação de dados Certificação internacional em dados no nível 4 pela DAMA- DMBOK Nível 5 é o máximo Não informado Não tem certificação em gestão ou Governança de Dados Fonte: Autor (a partir das entrevistas realizadas) 4.2. Avaliação dos entrevistados do nível de maturidade das empresas O questionário mostrado no Apêndice 2 foi enviado por e-mail, após as entrevistas semiestruturadas com os entrevistados, para preenchimento online. A partir das informações coletadas (inseridas no Apêndice 3), a percepção do executivo de dados sobre a maturidade de sua Governança de Dados, avaliada por intermédio do framework DMBoK (MOSLEY et al., 2009), chega-se à seguinte avaliação: 75 4.2.1 Empresa A Arquitetura de Dados Desenvolvimento dos Dados A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Operações de Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Gestão da Segurança dos Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Como você avalia a Gestão de Dados Mestres e Dados de Referência A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão da Documentação e Conteúdo A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão de Metadados A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão de Data Warehousing e Business Intelligence Gestão da Qualidade dos Dados Possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Arquitetura imprópria Não envolvimento dos demais departamentos 76 4.2.2 Empresa B Arquitetura de Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Desenvolvimento dos Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Operações de Dados A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Gestão da Segurança dos Dados A atividade é realizada de maneira incipiente Como você avalia a Gestão de Dados Mestres e Dados de Referência A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada Gestão da Documentação e Conteúdo A atividade é realizada de maneira incipiente Gestão de Metadados A atividade é realizada de maneira incipiente Gestão de Data Warehousing e Business Intelligence A atividade é realizada de maneira incipiente Gestão da Qualidade dos Dados A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) Possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? Projeto lógico insuficiente Capacidade de venda dos fornecedores acima das especificadas Arquitetura imprópria 77 4.2.3 Empresa C Arquitetura de Dados A atividade não é realizada Desenvolvimento dos Dados A atividade é realizada de maneira incipiente Operações de Dados A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão da Segurança dos Dados A atividade é realizada de maneira constante e consistente Como você avalia a Gestão de Dados Mestres e Dados de Referência A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão da Documentação e Conteúdo A atividade é realizada de maneira incipiente Gestão de Metadados A atividade é realizada de maneira incipiente Gestão de Data Warehousing e Business Intelligence A atividade é realizada de maneira constante e consistente Gestão da Qualidade dos Dados A atividade é realizada de maneira constante e consistente Possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? Arquitetura imprópria Falta de patrocínio efetivo ao projeto Não envolvimento dos demais departamentos Não envolvimento da alta direção da empresa 78 4.3. Consolidação das respostas do questionário Como foi estudado no Capítulo 2 (Referencial Teórico), os Sistemas de Informação oferecem soluções para várias necessidades de informação utilizadas durante a tomada de decisão, nos níveis operacional, gerencial e de estratégico das organizações. Dentro deste trabalho, foram consideradas as várias características que envolvem o trabalho dos gestores. Embora existam problemas mais simples que demandam a atenção dos gerentes e executivos, muitas tarefas precisam levar em conta a complexidade da decisão (estruturada, semiestruturada ou não estruturada). Mas, pela delimitação feita nesta pesquisa, é possível uma caracterização mais simples, por exemplo, baseada apenas nas dimensões em que os SI (SGI, SEA e SAD) são considerados relevantes para a redução do tempo de tomada de decisão ou reconhecidos como essenciais para a formação do julgamento do decisor (SHIMIZU et al., 2010). As vantagens para este estudo têm relação com a comunicação com os gestores e entrevistados durante o processo de coleta. Apesar de todos os respondentes considerarem as questões a partir de interpretações pessoais (e não a partir de definições teóricas), as respostas demonstraram que há um tipo de “interpretação comum” entre os administradores. Para a comunicação e resposta das questões, considerou-se que as tomadas de decisão estratégicas são tidas como mais complexas e levam mais tempo para ser resolvidas, o que nem sempre pode corresponder à realidade. Um processo tático complexo pode levar muito tempo para ser resolvido e ter todas suas decisões tomadas com rapidez. Dessa forma, neste estudo as decisões tático-operacionais são consideradas, em geral, com sua resolução em menor 79 tempo e suas características menos complexas que as estratégicas, conforme preveem autores como Shimizu et al. (2010). No geral, decisões táticas e operacionais são tomadas mais rapidamente e são consideradas bem resolvidas basicamente levando em conta critérios de tempo e não as questões estruturais de cada problema. As limitações desta pesquisa, portanto, têm relação com a reduzida capacidade do modelo de descrever cada uma das questões do trabalho descrito pelos gestores. Mesmo um trabalho operacional complexo pode demorar um tempo relativamente longo para ser concluído (SHIMIZU et al., 2010). Na verdade, como se verificou no Capítulo 2, os níveis de decisão dependem dos tipos de problemas. Eles foram mapeados e classificados por Turban e Aronson (1998), que fizeram um cruzamento entre o nível de decisão dos problemas (estruturados, semiestruturados e não estruturados) com as modalidades operacional, tática e estratégica. Tendo como fonte as informações nos quadros dos itens 4.2.1, 4.2.2 e 4.2.3, foi construído o heatmap (mapa de temperatura) para uma primeira avaliação da percepção da maturidade da Governança de Dados a partir dos entrevistados, principais gestores do processo de gestão de dados nos últimos dois anos. Para a visualização da Maturidade da Governança de Dados, os dados da pesquisa por questionário foram inseridos em um heatmap, mostrado no Quadro 15, sendo considerados os seguintes valores e as seguintes cores para seu design. 80 Quadro 15: Heatmap, espectro da maturidade de dados percebida Resposta Pontuação A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Cor associada Sinal verdíssimo Conceito Associado A Governança é excelente Sinal verde A Governança vai bem, mas pode melhorar 3 Estado de atenção Está no bom caminho, mas precisa de ajustes 2 Alerta 1 Alerta vermelho 5 4 Necessário mais velocidade e investir mais no desenvolvimento Necessário investimento urgente na área indicada Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Mosley et al.(2009). A partir desses critérios, chegou-se ao seguinte Heatmap (mapa de temperatura) da Maturidade em Dados das empresas pesquisadas (Quadro 16): 81 Quadro 16: HEATMAP – ESPECTRO DA MATURIDADE DE DADOS PERCEBIDA Gestões Empresas A B C 1 -gestão da Arquitetura de Dados 4 5 1 2- A gestão do Desenvolvimento dos Dados 5 5 3 3- A gestão de Operações de Dados 5 5 4 4- A gestão da Segurança dos Dados 5 3 4 5- gestão de dados Mestres e Dados de Referência 4 5 4 6- gestão da Documentação e Conteúdo 4 3 3 7- A gestão de Metadados 4 3 3 8- gestão de Data Warehousing e Business Intelligence 4 3 4 9- A gestão da Qualidade dos Dados 5 2 4 4,4 3,7 3,3 Arquitetura imprópria Arquitetura imprópria Arquitetura imprópria Não envolvimento dos demais departamentos Capacidade de venda dos fornecedores acima das especificadas Falta de patrocínio efetivo ao projeto 10 - Governança de Dados (Média das avaliações) Possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados Projeto lógico insuficiente Não envolvimento dos demais departamentos Não envolvimento da alta direção da empresa 82 4.4. Consolidação das respostas das entrevistas Para ter parâmetros de mercado, numa abordagem coerente com a proposta do Mestrado Profissional, foram entrevistados dois consultores, que avaliaram algumas práticas de Gestão e Governança de Dados das empresas entrevistadas, bem como as práticas usuais do mercado. Os consultores foram entrevistados pessoalmente ou por telefone. Suas declarações foram gravadas, transcritas e em seguida tabuladas no Quadro 17: Quadro 17: Avaliação de consultores do mercado RECOMENDAÇÕES FONTES CONCEITOS/ RECOMENDAÇÃO DOS CONSULTORES PRÁTICAS NOS CASOS ESTUDADOS Equipes e comitês devem ser designados para aperfeiçoar a Governança constantemente Formar comitês multifuncionais e colaborativos para discutir, rever e aprovar projetos relacionados a dados e informações na empresa. - Boas práticas das Empresas A e B que mantêm reunião de comitês e participação de outras áreas. Qualidade dos dados é imprescindível para a Governança e uma de suas metas. Começar a implementação da Governança com o objetivo de trazer resultados concretos para a melhoria da qualidade dos dados para a tomada de decisão tática Empresa A CONSTRUTOS: RECOMENDAÇÃO DA LITERATURA (KHATRI; BROWN, 2010) (MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009) (TURBAN et al. 2010). (MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) (LAUDON; LAUDON, 2004) RESULTADOS PRÁTICOS PARA A GERÊNCIA (MINTZBERG et al., 2007) Fonte: Entrevista realizada “As pessoas não se engajam se não vêm utilidade nas implementações feitas e melhoria na qualidade das informações” 83 RECOMENDAÇÕES (MINTZBERG et al., 2007) O alinhamento entre o modelo de negócio e a Governança de Dados promove qualidade de dados Investir em soluções internas, promovidas pela cultura da empresa Empresa B (FISHER, 2009) CERTIFICAÇÃO (AIKEN; GORMAN, 2013) Empresa A obteve certificação internacional Nota 4/5. (LAUDON; LAUDON, 2004) Na melhoria contínua do processo de governança, é recomendável certificar suas práticas para caminhar na direção correta “Não tentar reinventar a roda. Aproveitar as boas práticas do mercado e buscar certificação de colaboradores e processos.” (FISHER, 2009) METAS (AIKEN; GORMAN, 2013) Ter metas claras e definidas para cada uma das funções da gestão Definir e medir metas de qualidade dos dados e seu impacto na tomada de decisão e no custo de cada atividade-chave Empresa A – O ROI dos dados e a redução de custos de processos. (LAUDON; LAUDON, 2004) - Projeto local acontecia independente do mundial. (AIKEN; GORMAN, 2013) (LAUDON; LAUDON, 2004) Fonte: Entrevista realizada 84 Quadro 18: Consultores recomendam o que deve ser evitado pelas empresas O QUE EVITAR FONTES RECOMENDAÇÃO DA LITERATURA CONCEITOS/CONSTRUTOS: PARECER DAS CONSULTORIAS Práticas a serem evitadas nos casos estudados PRÁTICAS DAS EMPRESAS ESTUDADAS (TURBAN et al. 2010). Definir uma visão baseada em dados e não em práticas ou ativos de TI A gestão de dados é mais próxima do modelo de negócio da empresa. É preciso evitar uma análise pautada só em TI quando se refere a ativos de dados. - Empresa C passou de uma visão baseada em TI para uma visão genérica baseada serviços. Redundância de dados no processo de gestão deve ser evitada Sistemas com redundância custam caro e são pouco operacionais. É preciso eliminar as redundâncias - Desativação de projetos redundantes da Empresa B colaborou para instaurar gestão de Dados. (MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) (LAUDON; LAUDON, 2004) (TURBAN et al. 2010). (MOSLEY, 2009) (FISHER, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) - Empresa C não tem consciência de que seus sistemas têm dados redundantes. Essa não é uma de suas atenções (LAUDON; LAUDON, 2004)” Fonte: Entrevista realizada. 85 O QUE EVITAR (FISHER, 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004 SINERGIA Implantar projeto que envolva líderes de TI e da área de negócios (MOSLEY, 2009) O investimento em pessoas é imprescindível. Capital humano tem mais valor que os ativos de TI. - A saída de profissionais e a mudança de configuração da equipe atrasaram a implantação da Governança na Empresa B. - Empresa A perdeu cerca de 20% dos profissionais na primeira fase. Resolveu dar incentivos e plano de carreira. (FISHER, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) (LAUDON; LAUDON, 2004) Ausência de metas O que não dá para medir não é gerenciável Ao deixar a medição dos indicadores da Gestão de Dados, perde-se controle e cai o nível de Governança. Empresa B – Não tem clareza a respeito do retorno sobre o investimento feito em dados. Empresa C não sabe como monetizar os dados que possui em sua base. Fonte: Entrevista realizada. 4.6. Consolidação da análise das proposições 4.6.1. Proposição 1: confirmada nos casos A, B e C. Pela Proposição 1, conforme mostrado na Figura 15, o alinhamento da Governança de Dados com a Tomada de Decisão é afetado pelas características da Demanda por Decisão e/ou pelo nível de maturidade da Governança de Dados: 86 Figura 15: Proposição 1 do Modelo Conceitual Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Ao submeter essa proposição à realidade dos casos coletados, ela se mostrou verdadeira para cada uma das empresas analisadas: Para a Empresa A, as altas demandas tático-estratégicas, aliadas a um alto grau de maturidade da Governança de Dados (GD), promoveram uma avaliação positiva do alinhamento entre GD e a Tomada de Decisão (TD) (GD/TD). Essa configuração está representada esquematicamente pela Figura 16: Nota: Dentro do subcapítulo 4.6, serão utilizadas as seguintes abreviações: GD para Governança de Dados, TD para Tomada de Decisão e GD/TD para o alinhamento entre a Governança de Dados e a Tomada de Decisão. A utilização dos recursos fornecidos por uma GD eficiente e eficaz, do ponto de vista do modelo de negócios, traduz a prática de tomar decisões auxiliadas pelos SI (sejam eles SGI, SAD ou SAE). O impacto da GD foi bem avaliado pelos gestores das demais unidades (no relato do próprio entrevistado da Empresa A), gerando a percepção de que a TD ganha mais qualidade a partir de informações consideradas confiáveis e geradas nos diversos Sistemas de Informação que a empresa mantém. Essa avaliação é traduzida de forma 87 gráfica na Figura 16: Figura 16: Aplicação da Proposição 1 à Empresa A Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Já para a empresa B, a falta de demandas por decisões nas áreas estratégicas faz com que os gestores não consigam ter uma avaliação com relação ao alinhamento GD/TD. A TD no nível executivo não acontece. Por isso, a percepção de que a TD possa melhorar a partir de informações mais confiáveis vindas dos SI também não é percebida. Essa avaliação pode ser representada esquematicamente pela Figura 17: Figura 17: Aplicação da Proposição 1 à Empresa B Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 88 Ainda na Empresa B, no nível gerencial foi verificado uma legítima demanda por decisões baseadas nos SI. Com uma percepção positiva da GD, o alinhamento GD/TD é considerado positivo. As decisões tomadas a partir da utilização frequente dos SGI foram consideradas positivas. Dessa forma, a percepção de que uma produtividade de GD causa uma avaliação positiva do aumento da qualidade das decisões tomadas a partir de dados confiáveis oriundos dos SI também foi positiva, conforme é mostrado na Figura 18: Para a Empresa C, também houve a confirmação da Proposição 1, com os fatores operando de maneira negativa. No caso dessa empresa, a avaliação dos sistemas puramente operacionais é considerada funcional e, portanto, positiva. Apesar disso, não há uma percepção positiva da capacidade do SI em oferecer soluções gerenciais e estratégicas de valor. A percepção de uma dissonância geral na GD talvez tenha sido causada pela descentralização aleatória da Governança/Gestão de Dados, que está atrelada a uma visão antiga ligada como “serviço” ligado a TI, como mostra a Figura 19: Figura 18: Aplicação da Proposição 1 à Empresa B Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 89 Figura 19: Aplicação da Proposição 1 à Empresa C Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). A Proposição 1 também se mostrou coerente em outros aspectos. Na Empresa C, o alinhamento GD/TD não é considerado relevante para o negócio, não havendo por isso um uso frequente nas áreas gerencial ou estratégica. Não há possibilidade, portanto, de se desenvolver uma avaliação positiva sobre a obtenção de melhores decisões tomadas a partir de Sistemas de Informações disponíveis. Nessa configuração, a Proposição 1 também se mostra válida, sendo indiferente a percepção da GD, conforme se mostra na Figura 20. Figura 19: Percepção da Governança de Dados Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 90 4.6.2 Proposição 2: confirmada nos casos analisados A Tomada de Decisão Gerencial ou Estratégica influenciará positivamente ou negativamente o desempenho percebido da Governança/Gestão de Dados, ou seja, impactará na maneira como os gestores percebem a possibilidade de tomar melhores decisões tendo como base as informações processadas pelos Sistemas de Informação a que tem acesso Para a Empresa A, tanto no nível gerencial quanto no nível da Alta Administração, a TD é executada e avaliada de maneira positiva. Essa percepção faz com que todos os departamentos se comprometam com a política de dados sugerida pela área de Governança de Dados. Não se trata de uma imposição normativa, mas da consciência de que as regras e gramáticas têm resultados práticos positivos, conforme se mostra na Figura 21: Figura 20: TTF para a Empresa A Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Para a Empresa B, a utilização dos SI é feita somente no nível gerencial. A percepção de sua utilidade é positiva, conforme se mostra na Figura 22. 91 Figura 21 :TTF para a Empresa B Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Como o nível estratégico não tem condições de usar ou experimentar as vantagens de aplicações de SAE e SAD eficientes, as TDs que poderiam ser classificadas nesse formato simplesmente não são feitas, conforme se mostra na Figura 23. Figura 22: TTF para o nível estratégico Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). OBSERVAÇÃO: Nem pelo questionário nem pelas entrevistas, não foi possível se depreender a respeito das consequências de Tomadas de Decisão negativas. No entanto, o histórico da instituição bancária em questão mostra a 92 perda de market share para seus concorrentes, com a retração de sua atividade no país, o que pode ser um indicativo de que a tomada de decisão estratégica possa ter sido impactada pela má qualidade dos dados, decorrentes de uma Governança de Dados inadequada ou pouco eficiente. O gestor responsável apontou que a instituição não tinha “capacidade para tomar decisões baseadas em dados”. Segundo ele, as decisões executivas eram pautadas principalmente na experiência e intuição das pessoas que trabalhavam em seus quadros. Para a Empresa C, tanto o nível gerencial quanto o nível da Alta Administração tiveram uma avaliação negativa. A partir da percepção do seu gestor, “o alinhamento muito tênue entre a Gestão de Dados e o modelo de negócios é muito tênue”. O conceito de uma Governança de Dados é ainda uma incógnita. Nas palavras do entrevistado, “não está previsto no modelo de negócio da empresa aproveitamento do reconhecido potencial dos dados dos clientes”. A TD é, portanto, executada e avaliada de maneira negativa. Essa percepção faz com a melhoria de TD baseada nos SI disponíveis sejam vistos também de forma negativa, conforme mostra a Figura 23: Figura 23: TTF para a Empresa C Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 93 4.6.3 Proposição 3: confirmada nos casos analisados A avaliação do Alinhamento entre a Tomada de Decisão e a Governança/Gestão de Dados influenciará positivamente (ou negativamente) o desempenho da Tomada de Decisão por gerentes e executivos, dedicados respectivamente a tarefas tático-operacionais e estratégicas. Figura 24: Pressuposição 3 Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Para a Empresa A, o alinhamento entre GD e TD se confirma pelo ajuste fino entre o modelo de negócios e a Governança de Dados. Segundo as respostas da entrevista, a política de dados está totalmente alinhada com o negócio da empresas, sendo o dado “considerado como um dos principais ativos”, juntamente com os recursos humanos e a tecnologia e dados, conforme se mostra na Figura 25. 94 Figura 25: TTF para a Empresa A Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Para a Empresa B, o ajuste entre GD e TD não se verificava em todos os níveis, uma vez que a política de dados, segundo a percepção do próprio executivo entrevistado, “não estava alinhada com a holding”. Segundo ele, o Brasil mantinha uma postura independente, por causa das particularidades do segmento financeiro-bancário do país. Não havia uma avaliação periódica da eficiência da Governança de Dados, ocupando o seu CDO meramente um cargo formal. Ainda segundo esse mesmo executivo, a Governança de Dados “nasceu ligada ao dataware house”, mas aconteceram vários problemas para que ela se difundisse pela empresa como um todo e fosse implementada de forma centralizada, conforme se mostra a Figura 27: Para a Empresa B, o alinhamento entre GD e TD não se verificava nos níveis gerencial e estratégico de maneira total. Segundo seu gestor, o principal desafio era “perceber o valor dos dados da empresa” e “tomar ações para trazer vantagens competitivas para a empresa”. Os dados e sua Governança estavam descolados das novas tendências do modelo de negócios, conforme se mostra na Figura 28: 95 Figura 26: TTF da Empresa B Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). Figura 27: Esquema da Empresa B Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Caoa et al. (2013), Mosley et al.(2009), Mintzberg et al. (1976) e Goodhue e Thompson (1995). 4.6.4 Análise geral da pesquisa Com base na pesquisa realizada, é possível chegar a algumas conclusões a respeito da Governança de Dados e sua relação com a tomada de decisão nos níveis gerenciais e estratégicos: 96 Uma Governança de Dados com índice de maturidade baixo ou mediano (com índice no heatmap inferior a 4, como nos casos das empresas B e C, não favorece uma utilização de informações confiáveis (de qualidade) por parte dos gerentes nem da alta administração. Aplicações pontuais podem funcionar e terem utilidade operacionais, mas sem um maior impacto na política de nas tarefas dados de uma empresa, pois seu valor não é percebido. Uma Arquitetura imprópria (apontada por todas as empresas) tem se mostrado como empecilho básico para o fornecimento de dados confiáveis, tanto para os gerentes como para os executivos. No caso da Empresa C, que apontou a ausência da implementação da gestão da Arquitetura de Dados, o impacto foi decisivo para a avaliação do próprio processo de Governança de Dados como um todo. A percepção da Qualidade de Dados isoladamente pode trazer um viés para o Gestor de Dados. Ela pode ser boa para alguns departamentos ou para o nível tático, por exemplo, e mesmo assim não ter nenhum impacto significativo para o negócio, no aspecto da tomada de decisão. É o caso da empresa C, em que se mostra possível o acesso a dados estratégicos, mas os executivos não o utilizam como deveriam. Em resumo, existe o recurso, mas ele é desperdiçado. O não envolvimento dos demais departamentos foi considerado, tanto pela empresa A como pela empresa C, como responsável por uma possível dissonância entre o planejado e o entregue. Aqui é possível ver um desafio dos programas de Governança de Dados ou projeto de implantação de Gestão de Dados: é preciso considerar como prioridade o acesso facilitado ao usuário, bem como o caráter amigável das aplicações e interfaces que as pessoas vão usar. A entrega de dados brutos (como o informado pela Empresa B) não agrega valor à informação, deixando na mão do cliente caracteres sem significado para seu dia a dia e para o negócio. Não se torna uma equipe mais competitiva assim. 97 Uma boa prática, retirada deste estudo, que pode ser recomendada para outras empresas, é a promoção de reuniões periódicas com os representantes dos Comitês de Dados. 98 5. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro do escopo de um trabalho qualitativo baseado em estudo de casos múltiplos, o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa foram cumpridos. Por meio da investigação do mercado, sob a perspectiva do método adotado, foi possível compreender como três grandes empresas atuantes no Brasil implementaram suas Governanças de Dados e qual o impacto na Tomada de Decisão, tanto no nível gerencial quanto no estratégico. Como estudo exploratório, foi proveitoso ter mais informações sobre o mercado corporativo brasileiro, no que se refere à Gestão de Dados. Existem aqui empresas com elevado grau de maturidade em Governança de Dados, conforme detectou esta pesquisa qualitativa. O caso da Empresa A demonstra que as companhias do país têm condições de aplicar um framework de última geração e alcançar alto padrão de desempenho por meio de seus resultados. Embora não sejam possíveis generalizações dentro do estudo qualitativo, é interessante ressaltar, pelos casos relatados e pela observação dos consultores entrevistados, que as boas práticas, realizadas principalmente pelas Empresas A e B, dão resultados tangíveis e intangíveis com relação à Tomada de Decisão. A Empresa C, embora não se configure um contraexemplo, pode servir para uma reflexão: a adoção de uma Gestão de Dados descentralizada traz pouco avanço para os tomadores de decisão mais estratégicos, mesmo quando os sistemas mais operacionais parecem funcionar. Para realmente ter impacto no processo decisório, os sistemas precisam gerar conhecimento e não somente informação. O caso A (com mais ênfase) e o caso B (com dificuldades na aplicação do recurso “Pessoas”) mostram que a sinergia entre tecnologia, pessoas e processos é o segredo para a boa performance na Governança de Dados corporativa. 99 Em plena era da Informação, as corporações estão tendo dificuldade em operar de forma eficaz com seus ativos digitais. Não é um fenômeno apenas brasileiro, como a pesquisa faz concluir. As soluções são possíveis, desde que haja engajamento de todas as áreas da companhia e também da gerência e alta administração. A confirmação das proposições aqui estudadas pode trazer lições pragmáticas para os gestores e profissionais do mercado. Dentro da proposta de um mestrado profissional, terá pouca utilidade se as empresas interessadas em aumentar a qualidade de seus dados não aplicarem alguns princípios, extraídos da própria práxis. Como alertam os consultores entrevistados, é de pouca valia “reinventar a roda”. A lição que traz a Proposição 1 é de que a qualidade da Tomada de Decisão depende, em boa parte, do alinhamento entre a Governança de Dados e as demanda por decisão. A Empresa A preparou-se com esforços cotidianos para atender às perguntas mais estratégicas de seus gestores. Colheu, portanto, os frutos do investimento feito. A Empresa B quis atender à demanda, mas questões de Processos e Pessoas – observe-se que o problema não é tecnológico – impediram um melhor rendimento. A Empresa C, por ter sua política de dados descentralizada e baseada em serviços de TI, não conseguiu nem perceber as demandas dos altos executivos e da gerência. É interessante atentar para o que pode ser batizado de “círculo virtuoso” em Governança de Dados. A Proposição 2 traz essa possibilidade. Com uma Gestão de Dados alinhada com o modelo de negócio e com as demandas por informação qualificada, a Tomada de Decisão (nos níveis gerencial e estratégico) causa um impacto positivo no processo decisório como um todo. O caso da Empresa A mostra essa realidade. No entanto, levada em outro sentido, a Proposição 2 pode causar o “círculo vicioso”. Sem alinhamento entre o modelo de negócio e as demandas por 100 informação qualificada, a Governança de Dados falha. O caso da Empresa B traz uma reflexão: implementar apenas uma parte da Governança (e não integrá-la e disseminá-la no todo da organização) não traz bons resultados. Como o nível estratégico não teve condições de usar ou experimentar as vantagens de aplicações mais sofisticadas de inteligência de negócios, as possíveis Tomadas de Decisão baseada em dados foram simplesmente ignoradas. Já a Empresa C demonstra a inoperância de uma política de dados descentralizada e sem foco. A proposição 3 mostra como o alinhamento entre a Tomada de Decisão e a Governança Dados influencia a qualidade das decisões tomadas, tanto no nível gerencial quanto no estratégico. No sentido positivo (experimentado pela Empresa A), leva ao engajamento ainda maior da alta administração. Presidente, vice-presidentes e diretores passam a participar de um processo decisório complexo em que são utilizados recursos disponíveis nos Sistemas de Informação. Do ponto de vista negativo (experimentado pela Empresa C em grande medida e com impactos também desfavoráveis pela Empresa B), a percepção que se propaga pela organização é de que os dados não têm qualidade ou que os sistemas não funcionam, sejam eles de nível gerencial ou executivo. Esta análise pode servir de reflexão para companhias que estejam em dúvida em investir em Governança de Dados. Será preciso ser mais visionário e mais rápido, antes que a concorrência o faça. Não é recomendável restringir as vantagens de informações confiáveis apenas às áreas e tarefas táticooperacionais. O maior valor que se pode obter dos dados vem das aplicações gerenciais menos automatizadas e daquelas que são consideradas estratégicas. Também é uma boa prática incentivar e fomentar a criação de comitês especializados em dados. A participação de outras áreas é imprescindível para 101 ir além do domínio da TI e alcançar uma perspectiva que agregue mais valor às informações que são guardadas pela empresa. Sem pretensão de generalização, as práticas da Empresa A e da Empresa B apontam para um bom nível de maturidade na área de dados. A contratação de uma auditoria independente pode dar lastro às atividades de Governança Corporativa como um todo e agregar valor à companhia. Fazendo um paralelo entre os dados quantitativos do referido estudo realizado pela Dama-BR e FUMSOFT (2012) e os resultados deste trabalho qualitativo, observa-se que a Empresa A pode ser incluída no grupo mais maduro das corporações do país, no aspecto da implantação de uma Governança de Dados profissional e eficiente. A Empresa B representa as companhias no meio do processo de implementação, convivendo com questões de Processo e de Pessoas. A Empresa C é símbolo das companhias que ainda não reconhecem seus dados como ativos e consideram a TI somente como um serviço para clientes internos. Um dos propósitos deste trabalho, de natureza exploratória, é o de abrir a possibilidade para que futuras pesquisas possam investigar mais a fundo alguns fenômenos observados. Dessa forma, fica aqui a sugestão para que novos estudos mostrem o grande potencial da Governança de Dados Corporativa para criação de valor para as empresas brasileiras, mesmo em tempo de recessão. Como sugere esta pesquisa, o alinhamento da Governança de Dados com o modelo de negócio introduz um diferencial competitivo para empresas do Século XXI que buscam inovar e se superar. 102 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIKEN, P.; GORMAN, M. The Case for the Chief Data Officer: Recasting the C-Suite to Leverage Your Most Valuable Asset. EUA: Paperback, 2013. ASSIS,F.C. Gestão de dados eficiente gera valor para companhias. O Estado de S.Paulo, São Paulo, edição de 19.maio.2015. Disponível em <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,gestao-de-dados-eficientegera-valor-para-companhias-imp-,1689904>. Acesso em 18.nov.2015. BALESTRIN, Alsones. Uma análise da contribuição de Herbert Simon para as Teorias Organizacionais. Revista Eletrônica de Administração, v. 8, n. 4, 2002. BARATA, André Montoia. Governança de dados em organizações brasileiras: uma avaliação comparativa entre os benefícios previstos na literatura e os obtidos pelas organizações. 2015. 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Arquitetura de dados é considerada como a definição das necessidades de dados e alinhamento dos mesmos com a estratégia de negócio da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *2. Como você avalia a gestão do Desenvolvimento dos Dados da Arquitetura de Dados em seu departamento? A gestão do Desenvolvimento dos Dados é considerada como o conjunto de atividades de modelagem e implementação das estruturas dos dados dentro do ciclo de vida do desenvolvimento dos sistemas de informação A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *3. Como você avalia a gestão de Operações de Dados em seu departamento? A gestão de Operações de Dados é considerada como a manutenção e armazenamento dos dados ao longo do seu ciclo de vida. A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário 111 *4. Como você a gestão da Segurança dos Dados em seu departamento? A gestão da Segurança dos Dados é considerada como a manutenção das políticas de segurança da informação da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *5. Como você avalia a gestão de dados Mestres e Dados de Referência em seu departamento? A gestão de dados Mestres e Dados de Referência é considerada como a definição e controle das atividades para garantir a consistência e disponibilização de visões únicas dos principais dados reutilizados na empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *6. Como você avalia a gestão da Documentação e Conteúdo no seu departamento? A gestão da Documentação e Conteúdo é considerada como o planejamento, implementação e controle das atividades para armazenar, proteger e acessar os dados não estruturados das empresas A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *7. Como você avalia a gestão de Metadados no seu departamento? A gestão de Metadados é considerada como o gerenciamento do signifificados correspondem tanto ao conteúdo técnico do dado, obtido através das informações sobre estrutura, formato, tamanho e restrições como a informações sobre definições e conceitos A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente 112 A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *8. Como você avalia a gestão de Data Warehousing e Business Intelligence no seu departamento? A gestão de Data Warehousing e Business Intelligence é considerada como a definição e controle dos processos para prover dados de suporte à decisão, geralmente disponibilizados em aplicações analíticas. A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *9. Como você avalia a gestão da Qualidade dos Dados no seu departamento? A gestão da Qualidade dos Dados é considerada como a promoção, medição, avaliação, melhoria e garantia da qualidade dos dados da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada A atividade é realizada de maneira constante e consistente A atividade é realizada de maneira incipiente A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) A atividade não é realizada Comentário *10. Como você avalia as possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? A Governança de Dados (visão macro) representa o exercício de autoridade e controle das estratégias, políticas, papéis e atividades envolvidos com os ativos de dados das empresas. Expectativas não realistas Arquitetura imprópria Capacidade de venda dos fornecedores acima das especificadas Projeto lógico insuficiente Falta de desenvolvimento 113 Objetivos de negócio incertos Falta de patrocínio efetivo ao projeto Não envolvimento dos demais departamentos Não envolvimento da alta direção da empresa Outras 114 APÊNDICE 2: Protocolo de pesquisa para estudo de caso Resposta do questionário apresentado ao entrevistado da Empresa A P1: Como você avalia a gestão da Arquitetura de Dadosem seu departamento?Arquitetura de dados é considerada como a definição das necessidades de dados e alinhamento dos mesmos com a estratégia de negócio da empresa A atividade é realizada de maneira constante e consistente P2: Como você avalia a gestão do Desenvolvimento dos Dados da Arquitetura de Dadosem seu departamento?A gestão do Desenvolvimento dos Dados é considerada como o conjunto de atividades de modelagem e implementação das estruturas dos dados dentro do ciclo de vida do desenvolvimento dos sistemas de informação A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P3: Como você avalia a gestão de Operações de Dados em seu departamento?A gestão de Operações de Dados é considerada como a manutenção e armazenamento dos dados ao longo do seu ciclo de vida. A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P4: Como você a gestão da Segurança dos Dados em seu departamento?A gestão da Segurança dos Dados é considerada como a manutenção das políticas de segurança da informação da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P4: Como você a gestão da Segurança dos Dados em seu departamento?A gestão da Segurança dos Dados é considerada como a manutenção das políticas de segurança da informação da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P5: Como você avalia a gestão de dados Mestres e Dados de Referência em seu departamento? A gestão de dados Mestres e Dados de Referência é considerada como a definição e controle das atividades para garantir a consistência e disponibilização de visões únicas dos principais dados reutilizados na empresa A atividade é realizada de maneira constante e consistente P6: Como você avalia a gestão da Documentação e Conteúdo no seu departamento?A gestão da Documentação e Conteúdo é considerada como o planejamento, implementação e controle das atividades para armazenar, proteger e acessar os dados não estruturados das empresas A atividade é realizada de maneira constante e consistente 115 P7: Como você avalia a gestão de Metadados no seu departamento?A gestão de Metadados é considerada como o gerenciamento dos signifificados correspondem tanto ao conteúdo técnico do dado, obtido através das informações sobre estrutura, formato, tamanho e restrições como a informações sobre definições e conceitos A atividade é realizada de maneira constante e consistente P8: Como você avalia a gestão de Data Warehousing e Business Intelligence no seu departamento?A gestão de Data Warehousing e Business Intelligenceé considerada como a definição e controle dos processos para prover dados de suporte à decisão, geralmente disponibilizados em aplicações analíticas. A atividade é realizada de maneira constante e consistente P9: Como você avalia a gestão da Qualidade dos Dados no seu departamento?A gestão da Qualidade dos Dados é considerada como a promoção, medição, avaliação, melhoria e garantia da qualidade dos dados da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P10: Como você avalia as possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados?A Governança de Dados (visão macro) representa o exercício de autoridade e controle das estratégias, políticas, papéis e atividades envolvidos com os ativos de dados das empresas. Arquitetura imprópria Não envolvimento dos demais departamentos Fonte: Pesquisa realizada com entrevistados 116 Resposta do questionário apresentado ao entrevistado da Empresa B P1: Como você avalia a gestão da Arquitetura de Dados em seu departamento?Arquitetura de dados é considerada como a definição das necessidades de dados e alinhamento dos mesmos com a estratégia de negócio da empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P2: Como você avalia a gestão do Desenvolvimento dos Dados da Arquitetura de Dadosem seu departamento?A gestão do Desenvolvimento dos Dados é considerada como o conjunto de atividades de modelagem e implementação das estruturas dos dados dentro do ciclo de vida do desenvolvimento dos sistemas de informação A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P3: Como você avalia a gestão de Operações de Dados em seu departamento?A gestão de Operações de Dados é considerada como a manutenção e armazenamento dos dados ao longo do seu ciclo de vida. A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P4: Como você a gestão da Segurança dos Dados em seu departamento?A gestão da Segurança dos Dados é considerada como a manutenção das políticas de segurança da informação da empresa A atividade é realizada de maneira incipiente P5: Como você avalia a gestão de dados Mestres e Dados de Referência em seu departamento?A gestão de dados Mestres e Dados de Referência é considerada como a definição e controle das atividades para garantir a consistência e disponibilização de visões únicas dos principais dados reutilizados na empresa A atividade é realizada, monitorada, medida e avaliada P6: Como você avalia a gestão da Documentação e Conteúdo no seu departamento?A gestão da Documentação e Conteúdo é considerada como o planejamento, implementação e controle das atividades para armazenar, proteger e acessar os dados não estruturados das empresas A atividade é realizada de maneira incipiente P7: Como você avalia a gestão de Metadados no seu departamento?A gestão de Metadados é considerada como o gerenciamento dos signifificados correspondem tanto ao conteúdo técnico do dado, obtido através das informações sobre estrutura, formato, tamanho e restrições como a informações sobre definições e conceitos A atividade é realizada de maneira incipiente 117 P8: Como você avalia a gestão de Data Warehousing e Business Intelligence no seu departamento?A gestão de Data Warehousing e Business Intelligenceé considerada como a definição e controle dos processos para prover dados de suporte à decisão, geralmente disponibilizados em aplicações analíticas. A atividade é realizada de maneira incipiente P9: Como você avalia a gestão da Qualidade dos Dados no seu departamento?A gestão da Qualidade dos Dados é considerada como a promoção, medição, avaliação, melhoria e garantia da qualidade dos dados da empresa A atividade está em desenvolvimento (não entrou em produção) P10: Como você avalia as possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? A Governança de Dados (visão macro) representa o exercício de autoridade e controle das estratégias, políticas, papéis e atividades envolvidos com os ativos de dados das empresas. Projeto lógico insuficiente Capacidade de venda dos fornecedores acima das especificadas Arquitetura imprópria Fonte: Pesquisa realizada com entrevistados 118 Resposta do questionário apresentado ao entrevistado da Empresa C P1: Como você avalia a gestão da Arquitetura de Dados em seu departamento? Arquitetura de dados é considerada como a definição das necessidades de dados e alinhamento dos mesmos com a estratégia de negócio da empresa A atividade não é realizada P2: Como você avalia a gestão do Desenvolvimento dos Dados da Arquitetura de Dados em seu departamento?A gestão do Desenvolvimento dos Dados é considerada como o conjunto de atividades de modelagem e implementação das estruturas dos dados dentro do ciclo de vida do desenvolvimento dos sistemas de informação A atividade é realizada de maneira incipiente P3: Como você avalia a gestão de Operações de Dados em seu departamento?A gestão de Operações de Dados é considerada como a manutenção e armazenamento dos dados ao longo do seu ciclo de vida. A atividade é realizada de maneira constante e consistente P4: Como você a gestão da Segurança dos Dados em seu departamento?A gestão da Segurança dos Dados é considerada como a manutenção das políticas de segurança da informação da empresa A atividade é realizada de maneira constante e consistente P5: Como você avalia a gestão de dados Mestres e Dados de Referência em seu departamento?A gestão de dados Mestres e Dados de Referência é considerada como a definição e controle das atividades para garantir a consistência e disponibilização de visões únicas dos principais dados reutilizados na empresa A atividade é realizada de maneira constante e consistente P6: Como você avalia a gestão da Documentação e Conteúdo no seu departamento?A gestão da Documentação e Conteúdo é considerada como o planejamento, implementação e controle das atividades para armazenar, proteger e acessar os dados não estruturados das empresas A atividade é realizada de maneira incipiente P7: Como você avalia a gestão de Metadados no seu departamento?A gestão de Metadados é considerada como o gerenciamento dos signifificados correspondem tanto ao conteúdo técnico do dado, obtido através das informações sobre estrutura, formato, tamanho e restrições como a informações sobre definições e conceitos A atividade é realizada de maneira incipiente P8: Como você avalia a gestão de Data Warehousing e Business Intelligence no seu departamento?A gestão de Data Warehousing e Business Intelligenceé considerada como a definição e controle dos processos para prover dados de suporte à decisão, geralmente disponibilizados em aplicações analíticas. A atividade é realizada de maneira constante e consistente 119 P9: Como você avalia a gestão da Qualidade dos Dados no seu departamento?A gestão da Qualidade dos Dados é considerada como a promoção, medição, avaliação, melhoria e garantia da qualidade dos dados da empresa A atividade é realizada de maneira constante e consistente P10: Como você avalia as possíveis dissonâncias entre o planejado e o entregue na Governança de dados? A Governança de Dados (visão macro) representa o exercício de autoridade e controle das estratégias, políticas, papéis e atividades envolvidos com os ativos de dados das empresas. Arquitetura imprópria Falta de patrocínio efetivo ao projeto Não envolvimento dos demais departamentos Não envolvimento da alta direção da empresa Fonte: Pesquisa realizada com entrevistados 120 APÊNDICE 3: Consolidação das respostas das entrevistas Cada um dos responsáveis pela área de dados das empresas A, B e C foi entrevistado pessoalmente ou por telefone. Suas declarações foram gravadas, transcritas e em seguida tabuladas no Quadro 16: Conceitos, Construtos/ Fontes Questão EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C PAPEL DOS DADOS E SUA GOVERNANÇA/GESTÃO DE DADOS NA CORPORAÇÃO Situação atual da Gestão e Governança de Dados na empresa entrevistada (TURBAN et al. 2010), (MOSLEY, 2009), (FISHER, 2009), Descreva a situação atual da área de dados na empresa e quais departamentos que gerenciam ou governam os dados. - A Governança de Dados passou a ser centralizada na empres a partir da criação da diretoria de dados. - Aquisição, captura, tratamento, carga e gestão de dados passou a ficar sob a administração da área. - Caso um dos departamentos precise de novos tipos de dados, quem faz o processo inteiro é o departamento de dados e o - No começo, não havia um gestão centralizada. Existiam 6 data marts sendo desenvolvidos simultaneamente (1 interno e 5 por consultorias). Os sistemas foram descontinuados e foi dado foco em sistemas destinados a cobrança e crédito. - Na etapa seguinte, houve a necessidade de um processo para melhorar a qualidade - Não há uma gestão de dados centralizada. Tudo estava sob o chapéu de TI. Aconteceu uma mudança organizacional há cerca de um semestre. A área de TI acabou absorvendo outras áreas (como segurança corporativa, segurança da informações) e outras e ganhou status de serviços corporativos. - A área que foi descentralizada foi justamente 121 (AIKEN; GORMAN, 2013) entrega para esse cliente interio. - Como política, todos os relatórios dos demais departamentos são demandados à divisão, bem como os desenvolvimentos técnicos. (LAUDON; LAUDON, 2004) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). de dados. Devido a diversas mudanças organizacionais, inclusive de alocação da área de dados, o problema da Qualidade de Dados persite. a parte de dados e informação. Considero que foi dado um passo atrás. - Deu-se início à implantação da Governança pelos dados mestres relativos a clientes. Dados - A parte de informação e dados ficou transversal. Cada área tem seu próprio provedor de soluções. - No início, começou a ser implementado modelo de maturidade, relacionado à diretoria do centro de excelência, mas já com a descrição de Data Governance. Dados como ativos da empresa (TURBAN et al. 2010). De que maneira o modelo de egócios praticado inclui os dados da empresa como recursos da empresa? - A visão de dados como ativos é disseminada por toda a mpresa. A visão é abraçada e cobrada pelo próprio presidente da empresa, por meio de uma política da dados (criada em - Os dados são visto como ativos. Mas a área de dados é vista mais como fornecedor das demandas existentes e também como um gestor de dados qualificado. - Não há inclusão clara. Do ponto de vista de gestão e contábil, os dados não são considerados ativos, nem como ativos intangíveis. Mesmo uma grande quantidade de dados internos, 122 (MOSLEY, 2009) 2012). com alto valor estratégico para o mercado, como os endereços dos clientes, não são vistos como valor. - Essa política de Governança e gestão de dados é assinada pelo presidente e por todos os diretores. (AIKEN; GORMAN, 2013) (FISHER, 2009) - Na gestão de patrimônio, a TI sim consta como ativo, sendo avaliada, por exemplo, quanto é sua deprecisação ao longo do tempo. Os aplicativos são considerados ativos,uma vez que foi feito um investimento para seu desenvolvimento e também para seu processamento. - Os dados, dentro da empresa, são vistos como um recurso intangível, no balanço patrimonial da empresa. Mas para o departamento ele é visto como “insumo”. (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). - A combinação dos três/ os dados é considerada como fator diferencial da empresa no segmento. Recursos empregados para Gestão / Governança de Dados (TURBAN et al. 2010). Como os dados, são avaliados como geradores de valor e receita para a empresa? Como essa avaliação é feita? - É feita uma avaliação do ROI em dados. Além dos custos de aquisição do dado, sabemos como ele vai ser consumido e por quais produto e qual a receita que ele gera. - Faz-se pesquisa semestral com os cliente para avaliar a - Não há uma avaliação estruturada e métrica do retorno. A avaliação do retorno era definida como “disponibilidade de informação no tempo e no local adquadro e na qualidade desejada”. - Não há um projeto finalizado para o aproveitamento e rentabilização dos dados dos clientes, para levar adiante a comercialização desses dados, com grande valor agregado (para o marketing, para pesquisas, etc). 123 (MOSLEY, 2009) (AIKEN; GORMAN, 2013) (FISHER, 2009) (DAVENPORT, 2013) percepção do serviço. Eles dão notas para os atributos (extremamente relevante, relevante, pouco relevante, nada relevante). - Há métricas para aferir a qualidades dos dados. Mas não são convertidas nem avaliadas em seu “retorno financeiro”. - Há dados que têm alto custo, mas que são fundamentais para certos produtos, que colaboram para uma receita bem alta. Recursos Humanos empregados em Dados Quantas pessoas -Área tem 70 pessoa, divididas trabalham na área e em três gerências: quais suas a) Gerência de operação de funções? dados – 40 pessoas fazem o (AIKEN; processamento de dados GORMAN, 2013) adquiridos e comprados no mercado em várias mídias (DAVENPORT, (mesmo em papel). A área 2013) constrói a estruturação de alguns deles, pois muitas vezes chegam (FISHER, 2009) de forma não estrtuurada. b) Gerência de Dados compartilhadds – 12 - Existe na empresa algum movimento nesse sentido, mas não é um movimento da organização. É uma ideia de um analista, uma simpatia de algum gerente. A empresa não tem visão de transformar os dados em valor. - Os dados operacionais são vistos como passivo, dentro da visão tradicional de TI. - Não informado o número de pessoas atualmente trabalhando com dados. - Não informado o número de funcionário envolvidos com Gestão/ Governança de Dados.. - Com a reestruturação, o quadro ficou pulverizado numa área maior de serviços; - A área de Governança de 124 colaboradores que faz relação com os clientes mais estratégicos, que compartilam dados com a empresa. c) Gerência de Governança de dados (função estratégica)– 18 colaboradores são responsáveis pela qualidade, dos dados. Criam mecanismo para ter todos os processos e rotinas documentados, com atributos e critérios de qualidade. Implmentam as normatizações e avaliam as boas e más práticas de dados dentro da organização. Fazem também o gerenciamento das reclamação, a gestão de indicadores e a de melhoria de processos em dados (Lean Six Sigma). A área de Governança foi uma das que mais ajudou a alavancar o nível da certificação de dados obtida (nível 4) Dados enfrentou problemas de ser inserida na configuração do organograma da empresa. Passou por uma série de locais, mantendobasicamente a mesma equipe. porque o banco precisava do serviço, mas ninguém queria assumir a área. Nessa época, tinha equipe mínima de 6 pessoas. 125 RESULTADOS DA GOVERNANÇA / GESTÃO DE DADOS NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL Participação das áreas na Governança e Gestão de Dados (AIKEN; GORMAN, 2013) (DAVENPORT, 2013) (FISHER, 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) Como é a participação das outras áreas da empresa na Gestão / Governança de Dados? -As áreas participam de três maneiras: 1- Comitê de dados – reúne-se mensalmente. Cargos de gerência e colaboradores que tomam decisão. 2- Treinamentos presenciais – para colaboradores novos e para coloboradores há mais de 2 anos 3- Treinamento EAD – usa o sistema de rh (tem até o final do mês para fazer) / ele dura 45 minutos + avaliação de 15 minutos - A solução foi: 1) primeiro treinar 2) A política de gestão de dados é assinada pela presidência e pela diretor.3) criar os comitês que acontecem mensalmente. Se não existe essa prática mensal, a política cai em desuso. - Por meio de comitês de governança. No dia a dia, por meio da atuação das áreas de negócio. As outras áreas atuam por meio de comitês de gestão de TI, em algumas reuniões em que se discute a gestão de Dados. A periodicidade é semestral. 126 Recursos empregados em Dados (TURBAN et al. 2010).(MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013)(YU et al., 2011) Como a visão baseada em dados influencia a tomada de decisão gerencial? - Com a visão baseada em dados diminuiuram significamente as impressões subjetivas. Todas as avaliações são quantificadas. Evitam-se avaliações como “muito” ou “pouco”. Elas precisam ter expressão numéricas para irem adiante na avaliação. dos gestores. - A confiabilidade das informações registradas e disseminadas na empresa é um dos valores da Governança de Dados. - Sob a Governança de Dados, foram desenvolvido 150 aplicativos usando o conceito de Metadados, aplicados às áreas de negócios - Começou a criar a função de data stewards em cada área, depois de 2010, dentro de um modelo de maturidade mais consolidados. Percebe-se uma evolução incremental no aprimoramento para a tomada de decisão, mas ainda não significativa.- A área de Governança de Dados é a maior fonte fornecedora de dados para área de risco. - Para os gerentes táticos, as decisões táticas são tomadas a partir de relatórios préformatados em interface web. O sistema é subutilizado. - Os provedores de informação alimentam Dataware house e nesses data marts existem inúmeras soluções de geração de informação para os níveis de tomada de decisão táticooperacionais. INFLUÊNCIA DOS DADOS NA TOMADA DE DECISÃO ESTRATÉGICA Participação da Alta administr. na Gestão / Govern. de Como o presidente e a alta administração participam da - A presidência endossa a Governança e gestão de dados , considerada estratégica e - O presidente é avisado, dentro de um círculo de disparo de informações, sobre atrasos com relação à - O presidente participa parcialmente, delegando para a vice-presidência as decisões relativas à área de dados. O 127 Dados (AIKEN; GORMAN, 2013) (DAVENPORT, 2013) (FISHER, 2009) (MINTZBERG et al., 2007) (HAMMOND; KEENEY,1999). (SHIMIZU, 2010) (YU et al., 2011) Política de Dados? diferencial para o negócio. implementação da gestão de dados pelas áreas. - O processo funciona assim: 1 Área responsável é avisada a respeito de erros de processamento. São disparados avisos para o responsável das áreas, depois para o diretor de tecnologia, o diretor da área e depois para o presidente. As pessoas respeitam muito esse proceso. vice-presidente não está focado apenas em dados, mas em serviços corporativos como um todo, dos faz parte a área de TI.Dentro dela, fica embutida a Gestão de Dados. 128 Dados estratégicos para tomada de decisão da alta administração (HAMMOND; KEENEY,1999). (MINTZBERG et al., 2007) (TURBAN et al. 2010). (MOSLEY, 2009) (YU et al., 2011) Como os demais executivos usam os dados para a tomada de decisão? - Os executivos utilizam o Painel de Indicadores para a tomada de decisão. Todos os processos de gestão de dados críticos são acompanhados em dashboards. Essa atividade é feita pelo presidente e pelos diretores executivos mensalmente. - Todos os indicadores precisam ter uma meta. Quandos as metas apresentam um desvio, precisam ter um plano de ação. “A meta fugiu, o plano de ação é este, a data é essa, o responsável” - O diretor responsável pelo processo terá de explicar isso na reunião de diretoria. - As decisões baseadas nesse dashboards dão inclusive o direcionamento estratégico do que será feito nos próximos anos. - O modelo de negócios da empresa não permite que se desenvolva um única plataforma. Não é possível suprir esse tipo de funcionalidade. O que era possível, mas não foi feito para todas as áreas, foi o fornecimento de dados primários brutos (não trabalhados) para as áreas, que poderiam gerar informação, para em seguida gerar conhecimento para um tomada de decisão. - Na verticalização de uma área de negócios de um banco é muito difícil fazer um BI para todos os negócios. Cada setor de negócios precisaria construir a sua aplicação. A informação mais estratégica para tomada de decisão da alta administração é consolidada e aparece para o gestor nacional de cada área. O gestor da rede de agências tem informações sobre o desempenho por região, por unidade de negócio, diariamente. - Teoricamente, podem-se tomar decisões táticas, como o deslocamento de atendentes e funcionários. De uma cidade para outra.Mas isso raramente acontece.- O sistema está pronto e operacional há alguns anos, mas não é usado com muita frequência. É considerado acessório e usado em situações excepcionais, em que acontece, por exemplo, um pico de atendimento em um lugar e não em outro, o que raramente acontece. 129 SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO (SAD) 9 Sistemas de suporte à tomada de decisão (SHIMIZU et al. , 2010). (MINTZBERG et al., 2007). (HAMMOND; KEENEY,1999). (MOSLEY, 2009) (TURBAN et al. 2010). Quais sistemas de dados que contribuem para uma melhor tomada de decisão na empresa? - A empresa possui sistema integrado para registrar todos comentários, sugestões e reclamações de todas as áreas. Ele é composto de três grandes subsistemas: a) Sistema 1: registra qualquer incidente dentro da base de dados. b) Sistema 2: Faz toda a parte de relatórios, volumetria da base de dados. c) Sistema 3: composto de ferramentas de exploração de dados para antecipação e identificação de problemas na base de dados. - Foram desenvolvidos 16 aplicativos de negócios pela área de governança e foi implementado um portal de interfaces. Por meio dele eram feitas dois tipos de integração, integridade lógica e física. A integridade referencial dos dados só começou a ser feita depois de 2010. - O portal de Qualidade de Dados, onde se inaugurou a de Gestão de Dados. - Existe um conjunto de data marts que tem dados do ERP, do atendimento, triagem, logística, etc. - Os provedores de informação alimentam esse dataware house. Nos data marts existem inúmeras soluções de geração de informação para todos os níveis de tomada de decisão, tanto tático-operacionais como estratégico. Mas sua utilização é pequena, com exceção do operacional. Na gerêcia, o recurso é subutilizado. A alta adminisração dá pouco valor a essa ferramente e praticamente não a utilliza. 130 Focos da Governança de Dados e desafios futuros. (AIKEN; GORMAN, 2013) (MOSLEY, 2009) (O´BRIEN; MARAKAS, 2013). (TURBAN et al. 2010). Qual o foco da Governança e Gestão de Dados e quais são os desafios para o futuro? - Foco no amadurecimento da gestão e Governança de Dados. - Desafio: atingir o nível máximo na certificação DAMA (nota 5) - O foco de governança era melhorar, quaificar e passar realmente a governar, cuidando origem e destino dos dados. - Desafio: atingir uma melhor qualidade dos dados entregues às áreas. - Alta direção tem o desafio de fazer Gestão de Dados globais - Foco: Servir às demandas de TI e dos vários centros de negócios da empresa. - Desafio: Perceber o valor dos dados da empresa e tomar ações para trazer vantagens competitivas para a empresa. 131 ALINHAMENTO ENTRE GOVERNANÇA DE DADOS E O MODELO DE NEGÓCIO Alinhamento dos Dados com o modelo de negócio (AIKEN; GORMAN, 2013) (FISHER, 2009) (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) Como é o alinhamento da Governança/Gestão de Dados com modelo de negócio da corporação? - A Governaça de Dados é totalmente alinhada com o negócio da empresa. - O dado é considerado como um dos principais ativos, junto com as pessoas e a tecnologia e dados - Não há alinnhamento com a holding. O Brasil mantinha uma postura independente. A Governança de Dados nasceu ligada ao dataware house e sua visão não se disseminou pela empresa. OBS: No plano internacional, depois de viver problemas com a legislação de países em que estava instalado, o banco resolveu criar a função de CDO CHief Data Officers para cada uma das suas regiões geográficas de negócios, inclusive no Brasil. - Alinhamento muito tênue. Não está previsto no modelo de negócio da empresa o aproveitamento do reconhecido potencial dos dados dos clientes. 132 Gestão de Dados e sua relação com modelo de negócio ou práticas empresariais (AIKEN; GORMAN, 2013) (DAVENPORT, 2013) Avalie o alinhamento entre a Governança de Dados com a tomada de decisão de gerentes e executivos. - Modelo de negócios centrado em dados, tecnologia e pessoas, considerados principais ativos. Há total alinhamento da política de Dados com o processa decisório, nos níveis táticos e executivo. - A empresa ainda não tem a capacidade para tomar decisões baseadas principalmente em dados. As decisõs executivas são mais pautadas na experiência e intuição de seus profissionais. Essa visão impede que haja uma melhor percepção da qualidade dos dados. (LAUDON; LAUDON, 2004) (MOSLEY, 2009) (TURBAN et al. 2010). (YU et al., 2011) Fonte: Entrevista realizada. - Não há uma visão centrada em dados que seja compartilhada pela corporação. Seu impacto no modelo de negócios é pequeno ainda. A presidência delega aos chefes de departamento e superintendentes o poder de gerir políticas próprias referentes à Tecnologia da Informação, que não é vista como core business da empresa, mas como um passivo.