Massagens para bebés e crianças
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Massagens para bebés e crianças
Telma Batista INDICE I – A importância do acto de tocar ....................................................... 1 II – O valor da massagem ...................................................................6 III - Os vários tipos de massagens .......................................................7 III.I- Massagem Energética................................................7 III.II – Massagem “Toque de borboleta” ............................10 III. III – Massagem “Shantalla”.........................................17 IV – Conclusão .................................................................................24 2 I - A IMPORTÂNCIA DO ACTO DE TOCAR O acto de tocar é um comportamento que pode conter alguns elementos fundamentais para o desenvolvimento do ser humano, principalmente das crianças, desde a vida intra-uterina, proporcionando bem estar físico, emocional e social. A qualidade do toque na vida infantil pode gerar tendências positivas no decorrer do seu crescimento, levando-a a formação de uma personalidade terna e amorosa. Conforme Montager (1988) no século dezanove, uma grande quantidade de bebés morria durante o primeiro ano de vida, geralmente de marasmum, (do grego: definhar). Na década de vinte nos Estados Unidos a taxa de mortalidade para bebés com menos de um ano em diversas instituições e orfanatos era muito próxima a cem por cento. Em 1915 o Dr. Henry Dwight Chapin, um pediatra famoso de Nova Iorque, relatou informações assustadoras sobre bebés com menos de dois anos de idade que morriam, excluindo uma única instituição que não seguia esta regra. Dr. Chapin introduziu o sistema de externato para os bebés do orfanato, ao invés de deixá-los definhar na aridez emocional das instituições. Foi contudo, o Dr. Fritz Talbot, de Boston, que trouxe a ideia do "Cuidado Terno, Amoroso", que ao visitar a Alemanha, após a Segunda guerra mundial, ficou muito impressionado ao observar na clínica de crianças em Dusseldorf que mantinha um padrão de higiene e beleza para acomodar as crianças, mas que apesar disto, quando uma criança não respondia aos tratamentos médicos; esta era entregue aos cuidados de uma ama, que cuidava dos bebés com carinho e os mantinha próximo ao seu corpo, promovendo na maioria dos casos a recuperação destes. Em pesquisas realizadas após a Segunda guerra mundial, ficou evidente que a causa do marasmo estava relacionada à falta de amor e no tocar as crianças. Tais evidências apresentavam-se por meio de crianças que conseguiram superar as dificuldades de privação material, mas que por outro lado, recebiam amor de mãe em abundância, e, em contrapartida, lares e instituições considerados “favoráveis”, do ponto de vista de recursos materiais, porém, onde a mãe não era boa, apresentaram o marasmo. Através dos resultados das pesquisas percebeu-se que para as crianças desenvolverem-se bem, elas precisam ser tocadas, acariciadas, levadas no colo, conversar carinhosamente com elas. A criança resiste à ausência de muitas outras coisas, desde que exista o toque amoroso. Supõe-se que para o bebé pequeno, segundo Montager (1988) o mais importante são as sensações da pele e a sensação cinestésica (sensibilidade aos movimentos) e são acalmados prontamente com palmadinhas leves e com calor, e choram em resposta a estímulos dolorosos e ao frio. É por meio de seus receptores localizados nas articulações musculares que o bebé recolhe as mensagens, a respeito do modo como o pegam, mais do que apenas a pressão exercida sobre a pele, que lhe transmitem o que sente por ele a pessoa que o está a massajar. O bebé discrimina adequadamente, de forma parecida ao adulto, o carácter de uma pessoa a partir da qualidade do seu aperto de mão. Os bebés nascem com este sentido cinestésico e, se levarmos em conta as experiências pelas quais passam no seu início de vida; podemos inferir sobre a ideia de que uma parte do modo como o comportamento coloca-se corporalmente devem-se à estimulação exteroceptiva da pele; por eles percebidos. Tocar e sentir Observar, ver é uma forma de tocar à distância, mas é por meio do tocar que verificamos e confirmamos a realidade. O tacto atesta a existência de uma realidade objectiva, no sentido de que é alguma coisa fora, que não eu mesma. As pontas dos dedos do bebé fornecem-lhe a existência de um universo, levando-o ao desenvolvimento da consciência de seu próprio corpo e o da mãe, constituindo o seu meio primário e fundamental de comunicação; a sua forma de entrar em contacto com outro ser humano, estabelecendo-se ai a génese do toque humano. Os bebés emitem comportamentos com a finalidade de manter o seu contacto com a mãe. Quando o bebé é frustrado nesta busca de contacto acaba por valer-se de outros recursos, tais como chupar nos seus dedos, agarrar partes de si mesmo, balançar-se. Estes comportamentos são uma regressão à estimulação pelo movimento passivo que experimentou na vida intra-uterina. Os seres humanos tornam-se adultos ternos, amorosos e carinhosos à medida em que recebem muitos cuidados nos seus primeiros anos de vida. O toque na vida social e afectiva do bebé na visão Piagetiana Rodrigues (1989) fala a respeito do período "sensório-motor" de Jean Piaget, “na vida social e afectiva do bebé de 0 a 2 anos de idade, onde há os sentimentos interindividuais – Com o domínio da noção de objecto permanente, há uma 4 separação do eu corporal, em relação ao outro, dando início a um sistema de trocas sociais e afectivas. Essas trocas, porém, não são genuinamente sociais, pois são calcadas, sobretudo, na imitação de gestos. Assim, a imitação do acto da mãe de tocar o rosto do bebé gera-lhe prazer e leva a criança a repetir este gesto na própria mãe.” De acordo com Bee (1997) o contacto imediato após o parto parece aprofundar a capacidade de a mãe (e talvez também do pai) responder em relação ao bebé. Alguns psicólogos acreditam que a capacidade de formação de vínculo social é resultado da maturação e que deve ocorrer algum relacionamento logo no início da vida da criança se quiser que esta seja capaz de, mais tarde, formar vínculos significativos. Os bebés têm que mamar com vigor para que o leite continue a ser produzido em boa quantidade. As mães devem ter o desejo de amamentar. Uma mãe que amamente por sentir que deve e não porque o queira irá sentir-se tensa. Quando as mães se acham perturbadas, os bebés também mostram sinais de aflição. Por outro lado, os bebés de mães tranquilas tendem a ser calmos. A saúde emocional da mãe e do bebé é melhor proporcionada por tudo que gere maior prazer entre ambos. O bebé sinaliza as suas necessidades por meio do choro ou do sorriso, reagindo conforme os pais respondem aos seus apelos, levando-o ao colo, acalmando-o. Tais comportamentos são fundamentais para a formação de vínculos e estabelecimento do elo afectivo familiar, que é uma segunda etapa, posterior ao contacto inicial pósparto. Com relação a bebés prematuros e com baixo peso, que correspondem a vinte milhões do nascimento anual no mundo, um terço deles morre antes de completar um ano de vida. Tal facto levou muitos estudiosos (Charpak, 1997) a pesquisas e discussões permanentes, obtendo respostas que sinalizam o contacto da pele entre o bebé prematuro e a sua mãe; o que se denominou de método “Mãe Canguru“ representando um modelo eficaz de atendimento a este bebé com relação à melhoria da qualidade de vida. O recém-nascido é retirado da incubadora e permanece junto ao colo da mãe, com a cabeça encostada ao seu coração, favorecendo os batimentos cardíacos, a temperatura e a respiração. Além de manter o bebé inclinado, impedindo o refluxo do alimento para o pulmão e permitindo um maior contacto com a mãe, viabilizando o aleitamento materno, que alimenta o bebé e protege-o contra infecções. 5 Na visão de Winnicott (1993) encontramos a capacidade das mães em dedicarem ao seu filho toda a atenção que ele precisa, atendendo às suas necessidades de alimentação, higiene ou no simples contacto sem actividades, cria condições necessárias para a manifestação do sentimento de unidade entre duas pessoas. Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebé, constitui-se a subjectividade do sujeito, conforme Winnicott (1999), ao referir-se ao desenvolvimento emocionalafectivo da criança. No primeiro ano de vida, o bebé mantém uma relação visceral com a mãe, onde ele a considera como uma extensão de seu próprio corpo, até acontecer à divisão do “não-eu” e do “eu” do bebé. Para que haja uma boa formação psíquica deste bebé, é preciso que esta mãe e o ambiente que o cerca sejam suficientemente bons, Winnicott, evitando assim “falhas” ou carências, que podem gerar grande ansiedade, que por sua vez, pode comprometer a constituição da sua subjectividade. Encontramos ainda em Winnicott (1982) que, a mãe, ao tocar, manipular o bebé, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma e psique e, principalmente ao olhá-lo, ela oferece-se como espelho onde o bebé deve ver-se. A forma como esta mãe olha o bebé (expressão facial) devolve-lhe a sua imagem corporal, como forma de comunicação. O acto de tocar insere-se em alto grau de importância desde a convivência gestacional e posterior a ela, onde o contacto da mãe com o seu bebé; já implica em momentos favorecedores na formação da criança. O toque imediato após o parto, estabelecendo o vínculo entre mãe e bebé; o toque na amamentação, gerando trocas positivas entre ambos, e evitando a tensão que possa ocorrer conforme o estado emocional presente, e ainda, a geração de bem estar na mãe, ao perceber o tipo de ajuda favorável que oferece ao seu filho. Encontramos também o valor do contacto entre mãe e bebé prematuro assinalado no método Canguru, o qual demonstra os benefícios obtidos deste tipo de relação inicial. No campo físico, o tocar viabiliza o bom funcionamento da respiração e digestão, entre outros pontos. No desenvolvimento psíquico e social fica evidente a relevância do tocar, principalmente se através dele, é possível estabelecer um vínculo melhor entre a mãe (ou quem cuida) e o bebé, gerando assim uma tendência na criança, de criar e manter outros vínculos mais seguros ao longo da sua vida social. O bebé, por encontrar um contacto desta magnitude na sua formação inicial, vai formando uma personalidade sadia e percebe o mundo de forma agradável, sentindo-se aceite e bem com o passar do tempo, formando 6 então, uma boa auto-estima, instrumento imprescindível na conquista do mundo que vai se desvelando conforme avança no seu crescimento e na manutenção das relações que vai estabelecendo com as outras pessoas. A comunicação é um factor relacionado com o tocar, uma vez que o bebé percebe, por meio de respostas do contacto com o outro, a forma como é tocado, mediante os seus apelos de cuidados. O contacto da relação proporciona as impressões de comunicação dos dois lados: mãe e bebé, os quais, acabam interagindo, cada vez mais, conforme avançam nesta troca, levando, consequentemente, a constituição do sentimento de unidade. 7 II - O VALOR DA MASSAGEM A massagem é uma forma ampliada de tocar com qualidade, proporcionando descanso em partes ou no corpo todo. A massagem é bastante adequada aos bebés, uma vez que saíram da sua posição fetal e precisam alongar os seus músculos, abrir as articulações e coordenar os seus movimentos, habilitando-os melhor para as habilidades físicas. Ela ainda beneficia a frequência cardíaca, a respiração e a digestão. As mães encontram ganhos positivos nestes contactos, a exemplo da ajuda que ocorre na secreção de “hormónio da maternidade”; a prolactina, que auxilia na produção de leite e na capacidade de relaxar. As mães acabam sentindo-se mais seguras através da percepção da sua capacidade em proporcionar benefícios para o bebé, obtendo deles boas respostas. Assim, quando se fala em necessidades do bebé, fala-se também do toque, dos carinhos e dos mimos, do amor compartilhado entre mamã (ou papá) e bebé. E que melhor forma de transmitir esse amor do que através do toque? As massagens são uma das melhores formas de dizer ao seu filho que o ama e que lhe quer muito. As massagens permitem também transmitir ao seu bebé toda a energia que circula entre ambos. O bebé sente o calor da sua mãe através das suas mãos e é este calor que lhe transmite harmonia, paz e imenso amor. Ele recorda inconscientemente todos os sentimentos que tinha dentro do ventre materno e acalma-se. A massagem é, assim, uma forma de lhe dizer que todo o seu amor é correspondido e que o vínculo que estabeleceram durante os nove meses de gravidez, não se perdeu. 8 III – OS VÁRIOS TIPOS DE MASSAGENS Então, que tipo de massagens fazer? Qual o lugar propício para fazer as massagens? Como saber o momento certo para as fazer? Antes de mais, procure sempre um lugar calmo, arejado e confortável onde não só a criança, mas também você, se sinta bem. Deverá estar em silêncio, pois todo o contacto visual entre si e o seu bebé é essencial para que a massagem funcione. Poderá optar por vários tipos de massagens, entre elas cita-se: Massagem energética (desde a altura do nascimento), a massagem “Toque da borboleta” (a partir do primeiro mês) e a massagem “Shantalla” (a partir do segundo mês de vida do bebé). III.I - MASSAGEM ENERGÉTICA Antes do primeiro mês de vida da criança a mãe e o filho também podem trocar carinhos e amor através de toques suaves. Isso aliás pode acontecer desde a vida fetal. Uma das maneiras de viabilizar essa troca é fazendo uso da massagem energética, que em simples palavras significa fazer carícias delicadas e sem compressão. Na gravidez, a mãe já pode massajar a barriga com leves toques, que com certeza vão estimular o feto. Logo após o seu filho ter vindo ao mundo, não há nada melhor do que o toque, para mãe e filho se reconhecerem. Antes de iniciar a massagem, preste atenção a algumas recomendações: • Na maternidade, a massagem pode ser feita com o bebé no seu colo. • É bom deixar o bebé sem roupa e com fraldas durante as carícias, porque no final da massagem poderá ter surpresas, como ficar toda molhada de xixi. • Em casa, a sugestão é fazer a massagem ao ar livre, no horário em que o sol está fraquinho. Se mora num apartamento, escolha a varanda ou um cantinho que recebe luz solar. 9 • Use um óleo para bebé ou óleo de amêndoas doces. Coloque um pouquinho na palma da mão. E quando sentir necessidade, ao longo da sequência, coloque novamente. O óleo facilita o deslizar das suas mãos. • Se quiser, coloque uma vela perfumada (lavanda, camomila, etc) no ambiente. • Para não aleijar o bebé, mantenhas as unhas sempre aparadas. • Escolha os horários antes das mamadas, para o bebé não vomitar. • Depois da massagem, dê um banho relaxante ao seu filho. 1- Rosto: Faça movimentos circulares do meio dos olhos para o queixo, com a ponta dos dedos indicadores. 2- Peito: Com as mãos paralelas, massaje todo o peito do centro para as laterais. 3- Braços: Alongue os bracinhos com as mãos em forma de concha, de cima para baixo, isto é, dos ombros para as mãozinhas. 10 4- Abdómen: Faça movimentos circulares com as pontas dos dedos. comece próximo do umbigo e vá "crescendo" até o início do peito, como se fosse um caracol. Com a mão esquerda, segure as perninhas. 5- Pernas: Com as mãos em concha, alongue a perna do início da coxa até os pézinhos. Pode fazer simultaneamente ou uma perna de cada vez. Depois dobre-as em direcção ao abdómen. 6- Costas: Com a mão direita em forma de gancho para apoiar o rabinho, vá alongando as costas do bebé desde o pescoço até as nádegas. 7-Rosto: Acaricie as orelhas e o rosto do seu filho. Antes de terminar, converse com o bebé, dizendo que a massagem acabou e que ele vai tomar um banho, mamar e dormir como um anjo. 11 Benefícios: Um bebé massajado desde o seu primeiro dia de vida, dificilmente terá cólicas. A massagem ajuda também a prevenir e amenizar problemas respiratórios como renites e bronquites, sem contar que o bebé terá mais oportunidade de tornar-se uma pessoa mais tranquila. III.II – MASSAGEM “TOQUE DA BORBOLETA” Foi também a pensar na importância da estimulação táctil desde os primeiros dias de vida, que a americana Eva Reich criou uma massagem para bebés, o Toque da Borboleta. Esta massagem tem a vantagem sobre a shantalla de não exigir o uso de óleos e de poder ser feita desde o primeiro mês por ser muito suave. Um pediatra americano descobriu que o toque aumenta a resistência a doenças através de uma experiência que realizou. Dividiu os seus pequenos pacientes em dois grupos. Parte das mães foi orientada a tocar as costas do filho diariamente enquanto as demais não. Resultado: as crianças que haviam sido tocadas apresentavam menor incidência de doenças infantis. Assim como, A enfermeira Ruth Rice, que trabalha com prematuros nos EUA, e a própria Eva Reich constataram que os recém-nascidos estimulados através do toque da borboleta apresentavam melhor desenvolvimento neurológico e melhores reflexos em relação aos que recebiam atendimento de rotina. Constataram também que a criança desnutrida também sai a ganhar. Muitas vezes, a desnutrição é também de afecto e carinho. A partir do estabelecimento de vínculos afectivos, ela começa a comer. Consequentemente, desenvolve-se fisicamente e aceita melhor o carinho. O toque humano é como o alimento, vital para o bebé. Se não houver nutrição correcta, a criança será prejudicada. O mesmo acontece com o toque carinhoso, na falta desse, o desenvolvimento emocional, físico será prejudicado. Podemos estabelecer também outras formas de aproximação com o bebé, como abraçar, segurar, embalar, olhar, aumentando a ligação com a nossa criança. 12 Como é a massagem? No toque da borboleta, os movimentos, sempre suaves, começam na cabeça e vão descendo até os pés. São simétricos e feitos primeiro na frente e depois atrás. No final, o bebé é embalado durante um minuto. O balancear é muito importante. Segundo o cientista americano Ashley Montegu, ele melhora a digestão. Nos berçários dos hospitais americanos há uma cadeira de balanço para a enfermeira, principalmente em berçários de alto risco. Antes de começar, lave as mãos, enxugue-as e esfregue-as – isso concentra a energia. Cada movimento é feito com extrema delicadeza. Só há dois lugares em que se exerce uma certa pressão: na palma das mãos e na sola dos pés, sempre em direcção aos dedos. Segundo a medicina tradicional chinesa, na sola dos pés estão projectados todos os órgãos. Ao ser massajada, automaticamente os órgãos internos também o são. Para os menos crentes nas técnicas orientais, vale a pena lembrar que as mãos e os pés contêm muitas terminações nervosas. Mais importante do que a técnica é o modo como é feita. Nada de passar a mão e pronto. Tem de ser uma relação afectuosa, com o adulto a olhar atentamente para o bebé. Caso tenha sido um parto difícil, às vezes, o bebé não gosta que se toque na sua cabeça. Aí, poderá começar a massagem pelas costas. No toque da borboleta, o olhar é tão fundamental quanto a carícia. Escolha um ambiente calmo. Dê preferência ao local mais aquecido da casa ou, então, à hora mais quente do dia. Lembre-se que o seu filho fica nuzinho durante toda a massagem. Coloque-o sobre um colchão coberto com um lençol ou uma toalha, pois é comum ele fazer xixi devido ao relaxamento produzido pelo toque. O melhor horário: Evite fazer a massagem logo depois de alimentar a criança, pois toda a sua energia está focalizada na digestão, ou quando ela estiver com muita fome. Antes ou depois do banho é um bom horário. Aproveite também o tempo em que a criança estiver na banheira para fazer alguns movimentos adicionais. O ideal é tocar a criança três vezes por dia. Quando o bebé está maiorzinho, dificilmente a mãe conseguirá fazer a massagem mais do que uma vez, pois ele mexe-se muito. Se a mãe quiser aproveitar o 13 momento para ficar a conversar com o bebé, a duração da massagem pode atingir até meia hora. Tudo depende da disponibilidade de ambos. É importante respeitar os limites da criança. Se ela demonstrar que não quer ser massajada, não force. Apenas toque o campo energético do bebé (ao redor do corpo), dinamizando-o com movimentos circulares. Isso acalma a criança e possibilita que a massagem seja feita logo em seguida. O testemunho de uma mãe: Praticamente desde que nasceu, a Tainá foi acariciada pela sua mãe, Patrícia. Quando Tainá tinha 3 meses, Patrícia começou a fazer shantalla. Pouco depois, descobriu o toque da borboleta e quando a sua filha completou 5 meses, passou a alternar os dois tipos de massagem. Actualmente, aos 11 meses, Tainá recebe diariamente a visita de borboleta através das mãos da mãe. "Ela não chora, gosta de ter contacto com as pessoas e de tocá-las. É também bastante independente. Foi ela mesma que, aos 10 meses, desmamou. Certo dia não quis mais o peito e pronto. Durante a gravidez, eu ouvia muita música clássica e conversava com minha filha para criar um momento de harmonia e tranquilidade", conta a mãe. Quando Tainá era mais novinha, Patrícia chegou a massajá-la três vezes ao dia. Actualmente, com a menina ensaiando os seus primeiros passos, uma vez, antes do banho, é suficiente. Mas a mãe aproveita também a hora do banho para acariciá-la mais um pouquinho. "É importante aprender a respeitar os seus limites. Tirá-la de uma brincadeira para massajá-la não é uma boa ideia, pois está a negar um prazer da criança e a massagem perde o seu sentido", alerta. 1 – Delicadamente, coloque as duas mãos nos rosto do bebé e desça até o queixo. Repita três vezes o movimento com o cuidado de nunca tirar as duas mãos ao mesmo tempo do rosto da criança. 14 2 – Coloque dois dedos de cada mão no meio da testa deslizando até as têmporas. Retorne à posição inicial, uma mão de cada vez, e repita três vezes o movimento. 3 – A partir da sobrancelha, faça pequenos círculos com o dedo indicador ao redor dos olhos enquanto a outra mão apoia a cabeça. Repita três vezes. 4 - Coloque dois dedos de cada mão na ponta do nariz e desça até as orelhas. Retorne à posição inicial – cada mão de uma vez – e repita três vezes. 5 – Cuidadosamente, segure a cabeça do bebé com uma mão. Com o indicador da outra mão, faça pequenos círculos, no queixo. Repita três vezes. 6 - Segure a cabeça do bebé com a mão esquerda. Com dois dedos da direita, desça até o começo do osso esterno. Três vezes. 15 7 - Vire a cabeça do bebé para o lado. Com uma das mãos bem aberta, acaricie-a, desde a orelha até o ombro. Faça este movimento três vezes de cada lado. 8 – Toque o bebé com uma mão. Com a outra massaje-o, do ombro às mãos. Pressione o seu polegar na mãozinha da criança, abrindo-a e virandoa para cima. Repita três vezes de cada lado. 9 – Deslize as duas mãos desde o ombro até a pélvis. Repita três vezes, lembrando que enquanto uma mão sobe, a outra fica. 10 – Deslize dois dedos desde o pescoço até os genitais, tocando outra parte do corpo com a mão livre. Se o umbigo não cicatrizou, faça o movimento, mas não toque. Repita três vezes. 11 – Massaje a perna do bebé com uma mão enquanto a outra toca qualquer parte do corpo. Na sola do pé pressione com o polegar, acompanhado a curva do pé até os dedinhos. Três vezes de cada lado. 16 12 – Volte o bebé de barriga para baixo. Toque a cabeça da criança em direcção à orelha até o ombro. A mão livre segura outra parte do corpo. Repita três vezes. 13 - Toque os braços, um de cada vez, fazendo uma leve pressão ao chegar na mão do bebé. Três vezes de cada lado. 14 – Começando pelos ombros, as duas mãos descem até o rabinho. Para voltar à posição inicial, suba com uma mão de cada vez. Repita três vezes. 15 – Com dois dedos, faça uma rotação ao redor de cada vértebra, descendo até o cóccix. É feito apenas um vez. 16 – Com uma das mãos, toque o bebé e com a outra, deslize toda a perna, fazendo uma leve pressão com o polegar na sola do pé. Repita três vezes. 17 17 – Ao terminar a massagem, coloque o bebé. no colo, como um arco. Por dois minutos, faça movimentos da direita para a esquerda. Isso contribui para uma boa postura e equilíbrio. Benefícios: • Ajuda a fortalecer o vínculo mãe/ pai/ bebé. • Ajuda a acalmar as cólicas e diminui o stress entre pais e bebé. • Faz com que o bebé tenha um sono tranquilo. • O padrão de sono torna-se mais estável. • Ajuda a aliviar o stress na época da dentição. • Tonifica os músculos do bebé. • Aumenta a percepção corporal do bebé. • Ajuda a relaxar. • Alivia a tensão e a ansiedade. • Melhora a digestão, circulação e aumenta a resistência às doenças. • Melhora o desenvolvimento neurológico e aumenta do ganho de peso (principalmente no caso dos prematuros), • Ajuda no crescimento de relacionamentos emocionais saudáveis. • Aumenta a percepção do bebé. • Favorece uma auto-imagem corporal saudável. • Quando feito entre crianças maiores, orientado pelo adulto, melhora o relacionamento entre elas e diminui a agressividade. 18 III.III – MASSAGEM SHANTALLA Shantalla é o nome da técnica de massagem para bebés usada há milhares de anos na Índia. Foi o Dr. Frederick Leboyer, obstetra francês que observou, numa viagem à Índia, uma mãe a massajar o seu bebé. Encontrou-a no meio de um bairro, em Calcutá, onde trabalhavam dois amigos seus. Por dias, fotografou a rapariga (paralítica) que massajava o seu bebé todas as manhãs, aproveitando o sol. E Encantado com a força do momento, baptizou a sequência de movimentos com o nome daquela mulher: Shantala; que é uma arte de dar amor e uma técnica. Assim, Frédérick Leboyer foi o responsável por introduzir no dia-a-dia de muitas mães, a arte hindu de massajar as crianças aprendida com Shantalla. Ensinando através de seus livros (Shantalla, uma antiga arte de massagem, publicado no Brasil pela editora Ground), os segredos e a forma da massagem como lhe foram transmitidos. A ideia de Shantalla é fornecer o que é fundamental para as crianças: contacto, amor, carinho. Através da comunicação entre a mão e a pele (e mãe e filho), feita silenciosa e atentamente, como exige toda a prática corporal, surge um novo relacionamento, cheio de amor e alegria, onde o aperfeiçoamento e o cuidado revelam-se , claros como o sol da manhã. O melhor horário: A melhor hora para fazer a shantalla é antes da soneca matinal do bebé. Logo depois da massagem, poderá dar-lhe o banho. No verão, pode fazê-la ao ar livre, deixando a criança ao sol. A técnica pode ser iniciada quando o bebé entra no segundo mês. Até então, eles são muito frágeis para ficarem longos períodos de tempo sem roupa. Contra-indicações: Um aviso importante: a shantalla deve ser evitada se o bebé estiver com febre, com gripe, com disenteria ou infecções. Entre o segundo e o terceiro mês, a criança só está acordada enquanto estiver com fome. Então, para conseguir fazer a massagem, dê o peito apenas o suficiente para forrar o seu estômago e siga as demais instruções. Caso contrário, se ela estiver 19 satisfeita, bem alimentada, irá adormecer logo em seguida, e você não poderá acarinhá-la com técnica. Para começar Sente-se no chão, com as pernas esticadas, costas direitas, ombros relaxados. Use óleos vegetais naturais amornados (de hamamélis, amêndoas ou camomila, por exemplo), para que não ocorram choques térmicos. Coloque o bebé sobre as suas pernas, em cima de um impermeável, com uma toalha ou uma fraldinha. Olhe sempre para o bebé. Concentre-se e esfregue um pouquinho do óleo nas mãos. A questão do ritmo, lento e constante, é importante. O que muda é a pressão dos dedos, que aumentará naturalmente. Os movimentos são feitos com firmeza, sempre de dentro para fora (do centro para as extremidades) ou de baixo para cima. Para completar, tente começar sempre pelo lado esquerdo e terminar do lado direito. Segundo os estudiosos da medicina oriental, este é o sentido da energia no corpo humano. Aviso às iniciantes: não se assustem com os gritinhos que a massagem provoca nos bebés – são de puro prazer. 1 – Comece pelo peito, deslizando as mãos do centro para as laterais, como se estivesse a alisar as páginas de um livro. 20 2 – O próximo passo são os braços. Vire o bebé de lado, segure o ombro com uma das mãos (como uma pulseira) e o pulso com a outra. Vá deslizando do ombro ao pulso e alternadamente as mãos sempre que se encontrarem. Não esqueça o ritmo. 3 – Em seguida, cruze as suas mãos pelo peito saindo do quadril esquerdo do bebé e chegando ao ombro direito, e do quadril direito para o ombro esquerdo. Deixe as suas mãos subirem como ondas, alternadamente. 4 – A seguir, faça o mesmo com as duas mãos, indo do ombro em direcção ao pulso. O movimento imita um rosca, com uma mão no sentido contrário da outra. 5 – Antes de fazer ao outro braço, massaje a mãozinha com os polegares. Alongue os dedinhos, dobrando-os para trás gentilmente. Repita com outro braço e a outra mão. Primeiro o esquerdo, depois o direito – este é o rumo da energia, explicam os teóricos da medicina oriental. 21 6 – Coloque uma das mãos na base do peito e deslize em direcção ao ventre, como se estivesse esvaziando a barriga do bebé. Repita várias vezes, alternando o movimento com a outra mão. 7 – Depois, com a mão esquerda, segure os pés erguidos. Com o antebraço direito, vá deslizando desde o peito até o ventre. 8 – Chegamos às pernas. Repita os mesmos movimentos dos bracinhos, deslizando da coxa aos tornozelos. Primeiro, alongue. Depois, massaje com as duas mãos, sempre uma em sentido contrário da outra. 9 – Primeiro, com os seus polegares massaje do calcanhar até os dedinhos. Depois, passe a palma da sua mão na sola do pezinho do bebé. Em seguida, repita os mesmos movimentos com a outra perna. 22 10 – É a vez das costas. Vire o bebé de bruços, atravessado no seu colo, com a cabeça para o lado esquerdo. A massagem tem três tempos. No primeiro, você coloca as suas duas mãos juntas, paralelas, na nuca do bebé, e vai deslizando até as nádegas, massajando para frente e para trás. As mãos vão e vêm, subindo e descendo, mantendo o ritmo, vagarosamente. 11 – No segundo tempo, sustente as nádegas do bebé com a mão direita, enquanto a mão esquerda desliza da nuca ao rabinho, lentamente. 12 – No terceiro tempo, segure os pézinhos com a mão direita mantendo as perninhas esticadas elevadas. Enquanto isso, a mão esquerda passeia da nuca em direcção aos pés e recomeça mais uma vez. 13 – Estamos quase no fim. Vire o bebé para massajar o rosto. A partir do meio da testa do bebé, deslize a ponta dos seus dedos para os lados, ao longo das sobrancelhas. Depois, coloque os seus dedos entre os olhos e deslize pelas laterais das narinas. Para finalizar, contorne a boca e o maxilar em direcção às orelhas. 23 14 – Para libertar as tensões das regiões cervical e dorsal, da caixa torácica e a respiração superior, segure as mãozinhas do bebé e cruze os bracinhos sobre o peito, fechando e abrindo. 15 – Para libertar as tensões das vértebras, em especial das lombares, segure um pé do bebé e a mão do lado oposto, cruzando braço e perna, de forma que o pé se aproxime do ombro e a mão da coxa oposta. Repita o movimento do outro lado 16 - Para relaxar as articulações da pélvis e dos ligamentos com a base da coluna, segure os dois pés, cruzando as perninhas sobre a barriga do bebé. Em seguida, abra as perninhas, estenda e cruze novamente, invertendo a posição. 24 Benefícios da Shantalla: • Aumenta a oxigenação dos tecidos e estimula o fluxo de energia pelo organismo. • Favorece a respiração, ajudando o organismo a expelir toxinas e revitalizando o corpo. • Previne prisão de ventre e insónias. • Alivia as cólicas e a tensão acumulada nas vértebras. • Relaxa as articulações da pélvis e ligamentos até à base da coluna. • Tem uma acção relaxante e melhora o humor. • Actua directamente sobre o desenvolvimento psicomotor. • Contribui para o contacto afectivo e promove a harmonia do bebé com o mundo exterior. 25 IV - CONCLUSÃO A prática da massagem possibilita que mãe e bebé se conheçam. A mãe irá sentirse realizada ao tocar o pézinho, a mãozinha, enfim, perceber cada pedacinho daquele ser minúsculo. O ideal é que ela entre em sintonia com o filho e esteja disponível para ele. Inclusive se a mulher estiver a passar pela depressão pósparto, a aproximação com o bebé pode auxiliar muito na melhora do mãe, tirando-a do estado no qual se encontra. No entanto, ela precisa estar realmente com vontade de se ajudar. De nada adianta, por exemplo, estar nervosa na hora da massagem por que o bebé vai perceber o seu estado emocional e vai sentir-se incomodado. O ideal é reservar um tempo do dia para massajar o bebé com calma e paciência. Tanto para a mãe como para o bebé é prazeirosa esta troca de energia. Mais do que isso: é um prazer que será importante para o resto da vida dessa criança, porque esse jogo de "erotismo" - de dar e receber - vai reflectir na vida adulta. Uma criança acariciada será um adulto mais seguro, que tomará as decisões certas. Será um ser humano mais feliz e sem carências, porque ele teve colo e afecto, sem contar que a mãe também é beneficiada, irá sentir-se realizada e feliz ao ver a satisfação e alegria do seu bebé ao ser massajado. Conclui-se portanto que, há a necessidade de tocarmos com carinho os bebés no quotidiano e, consequentemente, a criança que se desenvolve posteriormente. É possível ainda compreender, dentro da perspectiva de contínuo desenvolvimento, que o tocar é importante para o jovem, o adulto e o idoso, que são apenas um ser humano, nas suas diferentes dimensões com relação ao tempo. Este tocar carrega em si numerosos benefícios em forma de estímulos que geram um melhor desenvolvimento físico, emocional e social, potencialmente gerador de uma personalidade terna e amável no adulto posteriormente. 26