RICARDO AUGUSTO DA SILVA ALFENAS
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RICARDO AUGUSTO DA SILVA ALFENAS
UNIFAE CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO RICARDO AUGUSTO DA SILVA ALFENAS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: concepções de gestores e avaliação por subordinados São João da Boa Vista 2013 1 RICARDO AUGUSTO DA SILVA ALFENAS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: concepções de gestores e avaliação por subordinados Dissertação apresentada como pré-requisito para a conclusão do Curso de Mestrado Stricto Sensu em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE. Área de Concentração: Qualidade de Vida Orientadora: Profa. Dra. Valdete Maria Ruiz São João da Boa Vista 2013 2 Alfenas, Ricardo Augusto da Silva. A376q Qualidade de vida no trabalho na administração pública: concepções de gestores e avaliação por subordinados. Ricardo Augusto da Silva Alfenas. São João da Boa Vista, SP: [sn], 2013. 222p.il. Dissertação (mestrado) – Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE; Orientadora: ProfªDrª Valdete Maria Ruiz. 1.Qualidade de vida no trabalho.2.Administração publica.3.Gestão de pessoas. 4. Desenvolvimento sustentável. I.Ruiz, Valdete Maria. 5.Responsabilidade social empresarial. II.UNIFAE. III. Título. CDU658.31 3 Aos meus pais, Luiz e Maria José, e à minha futura esposa Flavinha. 4 AGRADECIMENTOS À minha orientadora Valdete, por todo o comprometimento, ensinamentos e paciência durante esta trajetória. A todos os membros do órgão público pesquisado, que cederam parte de seu tempo na construção deste trabalho, em especial ao Edivan e à Talita, que foram decisivos em vários momentos cruciais. A todos os professores, funcionários e colegas do mestrado, sobretudo ao Prof. Luciel, pelo grande apoio desde o início do projeto, ao Prof. Marcolino, pelo suporte estatístico e por sua incomparável boa vontade e prestatividade e à Profa. Ana Cristina, pela prestatividade e participação na categorização. Aos professores Henrique Veloso e Maria Izabel Sares, pela boa vontade e participação na banca. A todos os amigos do LAPOC, em especial à Letícia, pelo grande incentivo, ao Carlão, Quinelato e Acir, por todo apoio, e à Raquel e Vívian, pelas participações na categorização. Aos meus pais, Luiz e Maria José, e avós, Vicente, Terezinha, Edgard (in memorian) e Rita (in memorian) por construírem bases familiares sólidas, por todo o carinho e por me ensinarem o valor do estudo. Aos meus irmãos, parentes e amigos, sempre presentes e me apoiando nos momentos bons e difíceis. À minha amada Flavinha, que, mesmo em um dos períodos mais conturbados de sua vida, esteve sempre presente com seu amor que me aquece a alma. A todos que participaram direta ou indiretamente desta pesquisa, tornando-a possível. Esta consquista é de todos nós, sem dúvida! 5 AUTOBIOGRAFIA Ricardo Augusto da Silva Alfenas, natural de Belo Horizonte/MG, nascido em 08 de outubro de 1982, é filho de Luiz Henriques Alfenas e Maria José da Silva Alfenas. Graduou-se em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2006 e tem experiência profissional nas áreas de Gestão de Pessoas e Marketing. Atualmente reside em Poços de Caldas/MG e trabalha desde 2010 no Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal brasileira, onde desempenha função na área de Gestão de Pessoas. O autor possui interesse acadêmico em temas relacionados à Administração de Empresas, sobretudo em Gestão de Pessoas, Qualidade de Vida no Trabalho, Gestão Pública, Gestão no Setor Nuclear, Planejamento e Marketing. Contatos pelo e-mail [email protected] 6 RESUMO A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um tema ainda sem consenso, mas hoje compreendido como um construto multidimensional que visa à humanização do trabalho e cuja percepção depende de paradigmas individuais. Este estudo foi delineado como pesquisa de campo descritiva, com o objetivo geral de analisar relações entre fatores críticos associados às concepções de QVT pelos gestores de um órgão público federal brasileiro e a avaliação desta, por seus subordinados. Foi conduzido em órgão situado em Minas Gerais, com amostra de 127 servidores, sendo 25 gestores e 102 subordinados, que representavam 78,3% do universo de pesquisa. Após estudo piloto e entrevistas com o dirigente e a Comissão de QVT do órgão, a coleta de dados foi realizada mediante aplicações coletivas de versões adaptadas dos instrumentos “Questionário Interfaces QVT e Administração” e “Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT”, respectivamente aos gestores e aos subordinados. Os dados das questões fechadas foram tratados por meio de estatística descritiva e correlacional e os dados das questões abertas foram categorizados por juízes independentes, com base no modelo BPSO-96 de QVT. A média dos fatores críticos avaliados pelos gestores foi de 66,7% (± 9,0%) e o Desvio Padrão foi de 10,7%. Os fatores Conceito de QVT, Legitimidade e Produtividade obtiveram médias superiores (entre 70% e 80%) e os fatores Práticas e Valores e Nova Competência obtiveram níveis inferiores de avaliação (entre 50% e 60%). A avaliação média de QVT dos subordinados obteve escore de 4,2 (64,8% ± 4,6%), Desvio Padrão de 0,79 e foi classificada entre Boa e Muito Boa. As correlações entre a média da QVT e suas 10 dimensões, assim como entre a média dos fatores críticos e seus cinco fatores não foram significativas (n. sig. 95%). Ao mesmo nível de significância, foram encontradas correlações significativas entre o fator Produtividade e as dimensões Equidade no Trabalho (r = +0,471), Organização do Trabalho (r = +0,496) e Adequação da Remuneração (r = +0,420), assim como entre a média da QVT avaliada pelos subordinados e o gênero masculino dos gestores (r = +0,419) e entre a mesma média e a escolaridade dos subordinados (r = -0,271). A média dos fatores críticos apresentou correlação significativa com o número de dependentes dos gestores (r = -0,400), com o número de dependentes dos subordinados (r = -0,450) e com a escolaridade dos subordinados (r = -0,432). A análise qualitativa indicou que os gestores atribuem grande importância e valorizam a realização de ações e programas de QVT, mas faltam-lhes competências específicas para que possam incorporá-los em sua prática. Os resultados obtidos apontam oportunidades de novas investigações sobre a Gestão da QVT na 7 Administração Pública, sobre a associação da produtividade com a QVT e também sobre variáveis sociodemográficas dos servidores a ela relacionadas. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de Vida no Trabalho; Administração Pública; Gestão de Pessoas; Desenvolvimento Sustentável; Responsabilidade Social Empresarial. 8 ABSTRACT Quality of Work Life (QWL) is a theme that, although still without consensus, is understood today as a multidimensional construct that aims at labor humanization and whose perception depends on individual paradigms. This study was designed as a descriptive field research, with the overall objective of analyzing relationships among critical factors associated to conceptions of QWL by managers of a Brazilian federal public body and the evaluation thereof, by their subordinates. It was conducted in a public organ situated in Minas Gerais State, with a sample of 127 civil servers, being 25 managers and 102 subordinates, representing 78.3% of the survey sample universe. After a pilot study and interviews with the director and the organ's QWL Commission, the data collection was conducted by means of collective applications of adapted versions of the instruments "QWL and Administration Interfaces Questionnaire" and "Instrument of Research Synthesis and Diagnosis in QWL", directed respectively to managers and subordinates. The closed questions data were treated by means of descriptive and correlational statistics while open questions data were categorized by independent judges, based on the BPSO-96 model of QWL. The average of the critical factors assessed by the managers was 66.7% (± 9.0%) with Standard Deviation of 10.7%. The factors QWL Concept, Legitimacy and Productivity presented higher averages (between 70% and 80%) and the factors Practices and Values and New Competence presented lower assessment levels (between 50% and 60%). The QWL average assessment of subordinates presented a score of 4.2 (64.8% ± 4.6%), with Standard Deviation of 0.79 and it was rated between Good and Very Good. The correlations between the QWL average and its 10 dimensions, as well as between the critical factors average and their five factors were not significant (sig. l. 0.95). At that same level, significant correlations were found between the Productivity factor and Equity at Work (r = +0.471), Work Organization (r = +0.496) and Earnings Adequacy dimensions (r = +0.420), as well as between the average of the QWL evaluated by subordinates and male managers (r = +0.419) and between the same average and the subordinates average schooling (r = -0.271). The critical factors average presented significant correlation to the number of managers' dependents (r = -0.400), the number of subordinates' dependents (r = -0.450) and the subordinates schooling (r = -0.432). The qualitative analysis indicated that managers assign great importance as well as value the realization of QWL actions and programs, but they lack specific skills to incorporate them into their practice. The obtained results suggest opportunities for further investigations on 9 QWL Management in Public Administration, on the association between productivity and QWL as well as on related sociodemographic variables of civil servants. KEYWORDS: Quality of Work Life; Public Administration; People Management; Sustainable Development; Corporate Social Responsibility. 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 4 3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................... 5 3.1 Qualidade de Vida e Qualidade de Vida no Trabalho.................................................... 5 3.2 Modelos, definições e benefícios da Qualidade de Vida no Trabalho .......................... 11 3.3 Gestão de Pessoas e Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho .................................. 23 3.4 Relações entre Qualidade de Vida, Qualidade de Vida no Trabalho, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial.......................................................... 32 3.5 Qualidade de Vida no Trabalho no Serviço Público Brasileiro.................................... 41 4. MÉTODO ........................................................................................................................ 55 4.1 Delineamento do estudo ............................................................................................. 55 4.2 Universo da pesquisa.................................................................................................. 56 4.3 Composição da amostra.............................................................................................. 57 4.4 Instrumentos............................................................................................................... 57 4.5 Procedimentos de coleta de dados............................................................................... 67 4.6 Procedimentos de análise dos dados ........................................................................... 69 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................... 73 5.1 Caracterização dos participantes................................................................................. 73 5.2 Análise Descritiva ...................................................................................................... 78 5.2.1 Concepções dos Gestores sobre os fatores críticos da QVT.................................. 78 5.2.2 Avaliação das dimensões e indicadores de QVT pelos Subordinados ................... 98 5.2.3 Comparações entre os participantes quanto à natureza das atividades................. 119 5.3 Análise Correlacional ............................................................................................... 124 5.3.1 Fatores críticos x dimensões da QVT................................................................. 124 5.3.2 Variáveis da Amostra x fatores críticos x dimensões da QVT ............................ 129 5.4 Análise Qualitativa................................................................................................... 131 5.4.1 Outras Concepções de Gestores e Subordinados sobre QVT .............................. 131 5.4.2 Concepções dos Gestores sobre as relações entre Qualidade de Vida no Trabalho, Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável........................ 139 5.4.3 Gestão da QVT no órgão público....................................................................... 142 6. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 147 7. REFERÊNCIAS............................................................................................................. 153 ANEXOS........................................................................................................................... 167 APÊNDICES ..................................................................................................................... 179 11 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ARH – Administração de Recursos Humanos BEO – Dois significados: Bem-Estar Objetivo e Modelo de Competência do Bem-Estar Organizacional BES – Bem-Estar Subjetivo BPSO-96 – Modelo de Indicadores Biopsicossocial e Organizacional DS – Desenvolvimento Sustentável Ergo Public – Grupo de Estudos em Ergonomia Aplicada ao Setor Público GQVT – Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho GP – Gestão de Pessoas MFC – Média dos Fatores Críticos: indicador criado neste estudo que se refere ao valor médio atribuído pelos Gestores aos Fatores Críticos de QVT MQVT – Média da QVT: avaliação média de QVT pelos Subordinados PQVT – Programa de Qualidade de Vida no Trabalho QT – Qualidade Total QV – Qualidade de Vida QVT – Qualidade de Vida no Trabalho RSE – Responsabilidade Social Empresarial 12 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Modelo de Chapman para o Aprimoramento da Gestão de Programas de QVT .... 30 Figura 2 – Relações entre Qualidade de Vida, Qualidade de Vida no Trabalho , Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável nas corporações humanizadas. ....................................................................................................................... 39 Figura 3 - Médias percentuais dos Fatores Críticos avaliados pelos Gestores........................ 78 Figura 4 – Resultados percentuais das avaliações das dimensões da QVT pelos Subordinados ............................................................................................................................................ 99 13 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 - Benefícios da QVT para as organizações e seus colaboradores ........................... 19 Quadro 2 - Contribuições da Lei 8.112/1990 para a QVT dos servidores públicos federais brasileiros ............................................................................................................................ 42 Quadro 3 - Contribuições de instrumentos legais para a QVT dos servidores públicos federais brasileiros ............................................................................................................................ 43 Quadro 4 - Principais desafios relacionados aos PQVTs mencionados pelos gestores........... 49 Quadro 5 - Principais dúvidas sobre a implantação de PQVTs evocadas pelos gestores........ 50 Quadro 6 - Principais expectativas sobre a implantação de PQVTs apontadas pelos gestores 51 Quadro 7 – Dimensões e Indicadores de QVT...................................................................... 64 Tabela 1 – Custo/Benefício dos investimentos em QVT ....................................................... 22 Tabela 2 - Critérios de Análise dos Resultados dos Subordinados ........................................ 71 Tabela 3: Distribuição dos participantes quanto a variáveis sociodemográficas .................... 74 Tabela 4: Distribuição dos participantes quanto a características do trabalho no órgão ......... 76 Tabela 5 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Conceito de QVT .................. 79 Tabela 6 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Produtividade ........................ 83 Tabela 7 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Legitimidade ......................... 87 Tabela 8 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Práticas e Valores.................. 91 Tabela 9 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Nova Competência ................ 94 Tabela 10 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Execução do Trabalho ......... 101 Tabela 11 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Autorrealização ................... 103 Tabela 12 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Equidade no Trabalho ......... 104 Tabela 13 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação com a Organização. 107 Tabela 14 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Organização do Trabalho..... 109 Tabela 15 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Adequação da Remuneração 110 Tabela 16 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação Chefe-Subordinado 112 Tabela 17 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional ........................................................................................... 113 Tabela 18 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação Trabalho e Vida Pessoal............................................................................................................................... 114 Tabela 19 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Efetividade dos Processos de Trabalho ............................................................................................................................ 116 Tabela 20 - Indicadores de QVT mais bem avaliados ......................................................... 117 Tabela 21 - Indicadores de QVT mais mal avaliados .......................................................... 118 Tabela 22 - Avaliações de QVT de Subordinados Atendentes e Administrativos................ 121 Tabela 23 - Correlações entre as Dimensões e os Fatores Críticos de QVT......................... 126 Tabela 24 - Correlações entre as variáveis da amostra, Média da QVT e Média dos Fatores Críticos .............................................................................................................................. 130 Tabela 25 - Significado de QVT para os Gestores e Subordinados ..................................... 132 Tabela 26 - Palavras-chave que significam QVT e QVT em órgãos públicos segundo os Gestores............................................................................................................................. 136 14 1. INTRODUÇÃO No cenário contemporâneo, da assim chamada sociedade pós-industrial, é inquestionável que, entre os grandes desafios e responsabilidades dos Estados nacionais, ao redor do mundo, estão os de melhorar as condições dos trabalhadores, promover o desenvolvimento sustentável, o bem-estar, a inclusão social e a saúde pública, definindo-se políticas que proporcionem melhor Qualidade de Vida para os povos. Diante disto, seria de se esperar que a responsabilidade do aparelho estatal pela Qualidade de Vida, de forma ampla, se traduzisse, também, em ações, políticas e programas visando à Qualidade de Vida no Trabalho de seus próprios colaboradores – os servidores públicos. Contudo, pelo menos no caso brasileiro, não é exatamente o que se tem verificado. De fato, conforme se apresenta no Referencial Teórico deste estudo, diferentes autores reconhecem que, embora a temática venha recebendo maior atenção nos últimos anos, ainda há certa fragilidade na Qualidade de Vida no Trabalho desses servidores e uma tendência de se utilizarem práticas que privilegiam o relaxamento imediato de tensões advindas do trabalho, mas sem o devido diagnóstico de suas causas, nem o tratamento adequado de problemas estruturais e de Gestão de Pessoas – alguns deles próprios da Administração Pública. Com isso, tem se identificado um descompasso entre problemas existentes em organizações públicas e as práticas de Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho que adotam. Por outro lado, o exame da literatura evidencia que a promoção da Qualidade de Vida no Trabalho no Serviço Público pode ser vista sob três ângulos igualmente importantes: o do bem-estar dos próprios servidores, o da satisfação dos usuários cidadãos e o da eficiência e eficácia dos serviços prestados pelos órgãos públicos. Vale dizer, portanto, que cuidar da Qualidade de Vida no Trabalho dos funcionários públicos brasileiros gera benefícios que se refletem na sua própria Qualidade de Vida, tanto quanto na produtividade e qualidade dos serviços que estas organizações prestam à comunidade (assistência social, saúde, educação, transportes, entre outros). O tema, portanto, está relacionado, também, à cidadania, à responsabilidade social e ao próprio Desenvolvimento Sustentável do país. Por isso, merece mais investimento acadêmico para que novos conhecimentos teóricos sejam gerados, dando elementos para a formulação de programas e políticas afins. 1 As considerações anteriores levaram o pesquisador a se interessar pelo assunto, também porque atua na área de Gestão de Pessoas de autarquia pública brasileira e passou a se questionar se haveria relações entre as concepções de gestores públicos acerca da Qualidade de Vida no Trabalho e a avaliação que seus subordinados fazem sobre a mesma. Em outras palavras, a maneira pela qual estes gestores compreendem o construto de Qualidade de Vida no Trabalho (e as diversas variáveis que a ele estão ligadas, incluindo as práticas de Gestão de Pessoas que utilizam) guardaria algum tipo de relação com a Qualidade de Vida que seus subordinados percebem, em seus trabalhos? Esta foi a pergunta-problema que norteou o estudo. Para conduzi-lo, o pesquisador identificou um órgão público localizado no estado de Minas Gerais, o qual faz parte de uma autarquia federal brasileira, mas que não é o mesmo em que atua profissionalmente. O órgão pesquisado atende a mais de um milhão de pessoas e sua missão envolve proteção e assistência aos trabalhadores e suas famílias, na região em que atua. Como é mais detalhadamente exposto nesta dissertação, havia grande interesse nos resultados do estudo por parte da mesma, pois se esperava que eles contribuíssem para subsidiar as ações da sua Comissão de Qualidade de Vida no Trabalho. Sob o ponto de vista teórico, a revisão que foi feita para a realização do estudo (apresentada no Título 3) discute diferentes definições e modelos conceituais sobre a Qualidade de Vida no Trabalho – o que evidencia a sua complexidade, bem como as interfaces que tem com os conceitos de Qualidade de Vida, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial. Discute, também, as relações entre Gestão de Pessoas e Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho, assim como descreve trabalhos sobre Qualidade de Vida no Trabalho realizados no setor público brasileiro, desde 2007. Importante destacar que a revisão teórica realizada levou a identificar o modelo BPSO-96 (FRANÇA, 1996; LIMONGI-FRANÇA, 2010), um modelo que é considerado abrangente e integrador, na medida em que avalia os fatores intervenientes na Qualidade de Vida no Trabalho sob as dimensões biológica, psicológica, social e organizacional. Por essa razão, este modelo conceitual (bem como um instrumento de pesquisa dele derivado – o “Questionário 2 Interfaces QVT & Administração”) foi escolhido para embasar a investigação sobre as concepções dos gestores, após adaptações feitas para a realidade da Administração Pública. Por sua vez, o levantamento dos trabalhos nacionais sobre Qualidade de Vida no Trabalho no setor público levou a identificar o “Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT” (MEDEIROS, 2007) que, além de ter sido desenvolvido, especificamente, para avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho neste setor específico, também é um questionário abrangente e integrador, pois se baseia em diferentes modelos conceituais sobre o tema. Por essas razões, este instrumento foi selecionado para a coleta de dados junto ao grupo de subordinados. Sob o ponto de vista metodológico, o presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva, que procurou atender a algumas recomendações também constantes na literatura atual, entre as quais utilizar análises quantitativas e qualitativas para melhor compreensão do tema e das variáveis a ele relacionadas e não se limitar a verificar o nível em que a Qualidade de Vida no Trabalho se encontra na realidade pesquisada, mas também explorar e produzir conhecimentos acerca do papel estratégico dos gestores, buscando, assim, uma perspectiva menos diagnóstica e mais afim à noção de Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho. Espera-se que, desta forma, a pesquisa realizada possa trazer contribuições consoantes com os objetivos propostos, enunciados na sequência. 3 2. OBJETIVOS Objetivo Geral Analisar as relações entre os fatores críticos associados às concepções de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) pelos gestores de um órgão público federal brasileiro e a avaliação desta, por seus subordinados. Objetivos Específicos 1. Identificar a concepção dos gestores sobre QVT, a partir dos fatores críticos: conceito; produtividade; legitimidade; nova competência; práticas e valores. 2. Identificar a concepção de QVT dos subordinados e como a avaliam, a partir das dimensões: execução do trabalho; autorrealização; equidade no trabalho; relação com a organização; adequação da remuneração; relação chefe-subordinado; efetividade da comunicação; relação trabalho e vida pessoal; efetividade dos processos de trabalho. 3. Identificar a concepção dos gestores sobre as relações entre QVT, Qualidade de Vida, Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. 4. Verificar se existem correlações estatisticamente significativas entre os resultados obtidos nos objetivos específicos 1 e 2. 5. Verificar se existem diferenças na avaliação da QVT entre os subordinados que trabalham diretamente com atendimento ao público externo e os que realizam somente tarefas administrativas. 6. Analisar as variáveis da amostra (gênero, idade, estado civil, número de dependentes, renda familiar, escolaridade, tempo de serviço no órgão público, nível do cargo, tipo de função – dos Gestores e dos Subordinados) comparadas com os fatores críticos avaliados pelos gestores e com as dimensões de QVT avaliadas pelos subordinados. 4 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Qualidade de Vida e Qualidade de Vida no Trabalho A expressão “Qualidade de Vida” foi empregada pela primeira vez em 1964, quando o então presidente norte-americano Lyndon Johnson afirmou que os objetivos do governo deveriam ser medidos por meio da qualidade de vida que proporcionam às pessoas e não apenas por meio de balanços contábeis de instituições bancárias (FLECK et al., 1999; MAGRI e KLUTHCOVSKY, 2007). Desde então, Qualidade de Vida (QV) passou a ser um termo cada vez mais utilizado e abrangente (RUIZ, 2005). Sobre isso, Marques (1994) afirma que a QV deve estar presente em todos os lugares e em todas as horas no meio em que se vive. Para o autor, os fatores essenciais para o alcance da QV são: ter harmonia familiar; ter bom relacionamento com colegas de trabalho; estar bem profissionalmente (que se resume em ter condições de desempenhar bem o trabalho e ter bons líderes e subordinados); ter autoestima; estar bem financeiramente; ter saúde física e mental. Seidl e Zannon (2004) também se referem à abrangência do termo QV, explicando que ele é utilizado em duas vertentes: na linguagem cotidiana, por pessoas da população em geral (jornalistas, políticos, profissionais de diversas áreas e gestores ligados a políticas públicas); e no contexto da pesquisa científica, em diferentes campos do saber (Economia, Sociologia, Educação, Medicina, Enfermagem e Psicologia, entre outros). Para Minayo et al. (2000) a noção de QV transita em um campo semântico polissêmico, relacionando-se a modo, condições e estilos de vida, a ideias de desenvolvimento sustentável e ecologia, assim como ao campo da democracia, do desenvolvimento dos direitos humanos e sociais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu QV como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (THE WHOQOL GROUP, 1995, p. 1405). Essa definição tem sido uma das mais citadas na literatura sobre o assunto, tratando a QV como uma construção subjetiva (percepção do indivíduo), multidimensional e composta 5 por dimensões positivas, como a mobilidade, e negativas, como a dor (DELFINO et al., 2012; FLECK et al., 2000; MINAYO et al., 2000; RUIZ, 2005). Keinert e Karruz (2002, p. 32) sublinham que as considerações sobre QV “envolvem aspectos objetivos, passíveis de serem mensurados, mas também aspectos subjetivos, mais difíceis de ser avaliados e considerados pelas políticas públicas”. Segundo eles, a QV pode ser fundamentada em princípios baseados em três verbos básicos na vida humana: ser, amar e ter. O primeiro verbo diz respeito às integrações com a sociedade como um todo, com a forma de influenciar a vida e o ambiente onde está inserido o ser humano. O segundo refere-se às necessidades de relações humanas e à identidade social, enquanto o terceiro pode ser entendido pelas questões básicas necessárias à sobrevivência, como os recursos econômicos, condições de habitação, emprego, educação e saúde. Limongi-França (2009, p. 260) é outra autora que considera os múltiplos aspectos (objetivos e subjetivos) envolvidos na QV, ao conceituá-la como “a percepção de bem-estar, a partir das necessidades individuais, ambiente social e econômico e expectativas de vida, considerando-se o fórum individual”. Cabe destacar que, não obstante as convergências apresentadas nas definições anteriores, o conceito de QV ainda não é unânime, na literatura. Brum et al. (2012) consideram que o consenso na formação desse conceito somente está associado ao fato de que a QV é constituída por múltiplos fatores relacionados ao atendimento das necessidades básicas das pessoas, como alimento, moradia, educação e trabalho, ao passo que Fleck et al. (1999, p. 20) destacam que “a própria definição de qualidade de vida não consta na maioria dos artigos que utilizam ou propõem instrumentos para sua avaliação”. Com o exposto, verifica-se que o conceito de QV inclui fatores relacionados à atividade laboral das pessoas e, nesse caso, aplica-se o termo Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Entretanto, a distinção entre os dois termos não é tão simples. A esse respeito, Silva et al. (2010, p. 12) assim se expressam: Falar de QV e QVT não é uma empreitada simples. Em se tratando de variáveis subjetivas, suas conceituações apresentam dissensão. Há quem as julgue sobrepostas. Outros preferem tratá-las como variáveis independentes. Por fim, o consenso tem convergido para o tratamento de tais variáveis dissociadamente, de forma que a QVT seja representada como uma ramificação da QV. 6 Para Pedroso e Pilatti (2009), QV e QVT são conceitos próximos e com elevada inter-relação, mas dissociados, enquanto Reis Junior et al. (2011), consideram que a QVT está relacionada, diretamente, ao trabalho do indivíduo, mas sem estar isolada da vida dele fora da empresa. Estas relações foram focalizadas pelo estudo de Martin (2012), que buscou identificar as ligações entre os vários domínios que compõem a QV, coletando respostas espontâneas sobre quais áreas da vida estão ligadas entre si. O estudo concluiu que o trabalho configura-se como a segunda área com o maior número de relações com outros domínios da vida, perdendo apenas para o item “dinheiro” e estando à frente de fatores significantes como família, lar, educação e saúde. Dessa forma, percebe-se que não existem limites claros para dissociar os conceitos de QV e QVT. Para ilustrar essa questão, considere-se uma proposta de redução da jornada de trabalho. Sua implantação afetaria positivamente a QVT em vista da redução do tempo de trabalho possibilitar melhor concentração e disposição para o trabalho, ao passo que também influenciaria positivamente a QV, porque as pessoas teriam mais tempo livre para se dedicar às outras esferas de suas vidas (FERREIRA e PILATTI, 2012; PILATTI, 2012). Destaque-se que Pilatti (2012) está entre os estudiosos que consideram a QVT como preponderante na percepção da QV, devido à posição de destaque assumida pelo trabalho. O conceito de QVT é recente, tendo sido criado na segunda metade do século XX. As preocupações em torno do assunto surgiram na década de 1950, na Inglaterra, com Eric Trist. Sua equipe realizou estudos sobre o trinômio Indivíduo / Trabalho / Organização e estes estudos deram origem a uma linha de pesquisa que hoje é chamada de Qualidade de Vida no Trabalho (ALVES, 2010; ATHAYDE e BRITO, 2010; FERNANDES, 1996; FRANÇA Jr. e PILATTI, 2004; GOULART e SAMPAIO, 2004; HONÓRIO e MARQUES, 2001; LEITE JÚNIOR et al., 2011; MARQUES et al., 2008; MOLINA e RUIZ, 2011; PADILHA, 2010; RODRIGUES, 2009; RUIZ, 2007; SOUZA e MEDEIROS, 2007; TOLFO e PICCININI, 2001; VIMIEIRO et al., 2009). Mas, embora as primeiras atenções ao tema tenham surgido a partir de 1950, a expressão “Qualidade de Vida no Trabalho” só começou a ser usada no final da década de 1960. Atribui-se a Irving Bluestone, funcionário da General Motors, nos Estados Unidos da América (EUA), a primeira utilização do termo. A partir de então, o movimento em torno da 7 QVT tomou impulso, em virtude do aumento das preocupações sobre temas como a responsabilidade social das empresas e os direitos civis, principalmente nos EUA, onde os empresários se viram pressionados pela maior conscientização dos trabalhadores e pelo aumento do escopo de suas responsabilidades sociais. Com isso, começou-se a pesquisar melhores formas de organização e gerenciamento do trabalho para incrementar o bem-estar do trabalhador e sua produtividade (MOLINA e RUIZ, 2011; PADILHA, 2010; SANT´ANNA et al., 2011; SOUZA e MEDEIROS, 2007; TOLFO e PICCININI, 2001; VIEIRA e LIMONGIFRANÇA, 2003). Especialmente a partir da década de 1970, as preocupações dos estudos sobre QVT (que antes eram voltadas principalmente para a questão da produtividade), foram direcionadas à saúde e ao bem-estar laboral, surgindo os primeiros movimentos estruturados de aplicação da QVT, em algumas empresas estrangeiras. Todavia, da segunda metade da década de 1970 até o final da mesma, houve uma paralisação no desenvolvimento dos estudos sobre a QVT – o que se deu em virtude da crise energética (ou crise do petróleo), ocorrida, mundialmente, na década em questão. Essa crise fez com que os empresários norte-americanos reavaliassem seus modelos organizacionais e se focassem mais nos problemas da alta da inflação e da substituição do petróleo por outras fontes energéticas (CAÑETE, 2004; HONÓRIO e MARQUES, 2001; RODRIGUES, 2009; SANT´ANNA et al., 2011; SOUZA e MEDEIROS, 2007; TOLFO e PICCININI, 2001; VALLE e VIEIRA, 2004). A partir de 1980, iniciou-se uma nova fase do desenvolvimento das abordagens sobre QVT, motivada, entre outros fatores, pela influência do sucesso econômico japonês, pelo acirramento da concorrência internacional e pela busca, por parte das empresas, de novas formas de incremento da produtividade e da competitividade (HONÓRIO e MARQUES, 2001; PESSOA e NASCIMENTO, 2008; SANT´ANNA et al., 2011; SOUZA e MEDEIROS, 2007; TOLFO e PICCININI, 2001). O processo de globalização, impulsionado na década de 1990, gerou algumas mudanças para as organizações mundiais (aumento da diversidade cultural, novos modos de produção e administração), que culminaram em novos modelos para a Gestão de Pessoas. Nesse contexto, a Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT) tomou mais força e se disseminou em outros países (VIEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2003). 8 Sobre a evolução do movimento em torno da QVT, Noor e Adbullah (2012) argumentam que, diante das mudanças sociais e demográficas ocorridas ao longo dos anos, o indivíduo contemporâneo funciona efetivamente apenas quando o trabalho e a vida das pessoas estão equilibrados e essa constatação ajudou a impulsionar os estudos em QVT. Guidelli e Bresciani (2010), por sua vez, destacam que a QVT passou por várias transformações, desde 1950, deixando de englobar somente disciplinas da saúde para agregar também conteúdos da Psicologia, Sociologia e Administração. Já Mirkamali e Thani (2011), sintetizam a evolução da QVT, lembrando que, desde o início de sua breve existência, ela já foi vista como: uma variável, uma abordagem, uma série de métodos, um movimento, tudo, um assunto ético. Para esses últimos autores, o tema ainda está em construção e em estágio de dinâmico desenvolvimento. Sant´Anna et al. (2011) analisando os avanços e limitações, e também tecendo críticas aos estudos sobre o tema, consideram os seguintes pontos: • existe predominância de estudos quantitativos, sendo desejável uma complementação com estudos de natureza qualitativa, para melhor compreensão da dinâmica das situações estudadas; • a maioria dos trabalhos limita-se a verificar o nível em que a QVT se encontra, deixando para segundo plano a análise da complexidade das variáveis que influenciam sua configuração; • há reduzido número de estudos alicerçados no entendimento da QVT sob a percepção dos próprios indivíduos pesquisados; • há um caráter elitista de diversos estudos e intervenções nesse campo, dado seu foco, durante longo tempo, na alta e média administrações, em especial de grandes corporações; • há que se salientar a busca pela compreensão da QVT sob uma perspectiva menos diagnóstica e mais relacionada à noção de gestão. Os autores citados destacam, ainda, que o estágio atual dos estudos sobre QVT visa resgatar a humanização do ambiente organizacional (em detrimento do estereótipo do workaholic, consagrado na década de 1980) e que a vigente fase da QVT busca extrapolar os limites intramuros das organizações e trabalhar a questão do bem-estar de forma mais global, 9 substituindo o estresse e o sedentarismo pelo equilíbrio físico e psicológico entre o trabalho e o lazer. Referindo-se ao cenário atual da QVT, Limongi-França, em entrevista concedida a Ferreira e Pilatti (2013), considera que ele é amplo e diversificado. Segundo a entrevistada, hoje, a QVT é encarada como valor, ferramenta, produto, serviço e resultados. Ela também afirma que o principal elemento que impacta a evolução do tema é a ampla presença da tecnologia. Em resumo, estudiosos do assunto reconhecem que, ainda que recente e em estágio pouco avançado de desenvolvimento de uma disciplina científica, o movimento da QVT demonstra o vigor e a longevidade próprios dos movimentos que vão além dos modismos de alguns instrumentos gerenciais (MEDEIROS e OLIVEIRA, 2011; PILATTI, 2012; SOUZA e FONTES, 2010). Especificamente no Brasil, referências à QVT não são frequentes antes da década de 1990. Estudos como os de Leite Júnior et al. (2011), Molina e Ruiz (2011), Rodrigues (2009), Sant´Anna et al. (2011) e Vieira e Limongi-França (2003) relatam fatos sobre a história da QVT, mas não a mencionam, no Brasil, antes de 1990. As publicações de Quirino e Xavier (1987) e de Fernandes e Gutierrez (1988) foram as nacionais mais antigas encontradas sobre o tema e tratavam a QVT como algo novo, no Brasil da época. De fato, autores como David e Bruno-Faria (2007), Garcia (2007) e Tolfo e Piccinini (2001) consideram que os esforços brasileiros em QVT são tardios. Lima (1994) descreve um período histórico que explica porque a QVT tomou força no solo brasileiro a partir da década de 1990. Para a autora, a abertura do mercado nacional promovida pelo governo Collor, em 1990, teve como uma de suas consequências a implantação de programas de Qualidade Total nas empresas locais. Esses programas visavam ganhos de qualidade e produtividade para as organizações, mas não eram acompanhados, no Brasil, de contrapartidas para os funcionários (como se via em empresas estrangeiras, sobretudo no Japão). Identificado esse descompasso nos programas brasileiros de Qualidade Total, começou-se a buscar, na QVT, as compensações justas aos colaboradores. Esse processo ajudaria na consolidação dos programas de Qualidade Total, como considera a autora. 10 Outros fatores que explicam o fato de que a QVT, no Brasil, ganhou importância nas esferas acadêmicas e empresariais, a partir da década de 1990, foram os problemas judiciais (e, consequentemente, financeiros) gerados por reclamações trabalhistas relacionadas à saúde funcional (CAÑETE, 2004). Esse impulso foi influenciado, também, pelo processo de globalização, que exportou os modelos gerenciais utilizados por norte-americanos para outros países (VIEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2003). De acordo com Garcia (2007) e Sant´Anna et al. (2011), hoje, os estudos da QVT no Brasil estão nos mesmos rumos dos que são desenvolvidos mundialmente, tendo como enfoque o resgate da humanização do trabalho, com base na visão holística do ser humano e no equilíbrio entre o trabalho e o lazer. 3.2 Modelos, definições e benefícios da Qualidade de Vida no Trabalho O fato do movimento da QVT ainda ser relativamente recente e se encontrar em estágio pouco avançado do desenvolvimento de uma disciplina científica, justifica que ainda exista muita confusão sobre os significados técnicos e teóricos sobre esse conceito. Tendo isso em vista, Limongi-França (2010) classifica as diferentes visões que têm exercido influência sobre ele em três escolas de pensamento: Escola Socioeconômica, Escola Condição Humana no Trabalho e Escola Organizacional. A primeira concebe a QVT sob a ótica das relações de trabalho e suas contradições na sociedade pós-industrial, as quais impactam o bem-estar das pessoas. Entre elas está o maior tempo dedicado às atividades laborais (em detrimento do que é dedicado a atividades familiares, culturais e de lazer), as pressões advindas de novas tecnologias e os novos vínculos trabalhistas (terceirizações, trabalho à distância, por exemplo). Segundo Ruiz (2007, p. 44), a Escola Socioeconômica representa [...] uma vertente em que a QVT é colocada num contexto mais amplo, como uma questão de ética, cidadania e responsabilidades compartilhadas (ou multiplicadas) em prol do desenvolvimento econômico, social, científico e cultural da sociedade, garantindo-lhe mais saúde e conhecimento. Desta maneira, alinha-se com o conceito de desenvolvimento sustentável preconizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. 11 Vale ainda chamar a atenção para o fato de que, na Escola Socioeconômica tem destaque o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), que será tratado mais à frente, neste trabalho. A segunda escola de pensamento sobre QVT – a chamada Escola da Condição Humana no Trabalho – baseia-se no enfoque biopsicossocial da saúde, derivado da medicina psicossomática. Propõe uma visão integrada (holística) do ser humano ao considerar que ele é um complexo sociopsicossomático, ou seja, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem, simultaneamente, por suas condições de vida (FRANÇA, 1996; LIMONGI-FRANÇA, 2010). Esta visão, de acordo com Ruiz (2005; 2007), está em conformidade com a conceituação de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1986. Também está de acordo com os esforços da mesma organização para definir QV de forma multifatorial (saúde física, saúde psicológica, nível de independência, relações sociais e meio ambiente), em oposição a critérios meramente econômicos que prevaleciam até aquela época. Em definições que se alinham a essa escola de pensamento, Dolan (2006 apud OGATA e SIMURRO, 2009, p. 7) se refere à QVT como “um conceito e uma filosofia que visam melhorar a vida dos empregados dentro das instituições, de modo que eles tenham maior envolvimento e satisfação no trabalho e menos estresse e exaustão”, enquanto LimongiFrança (2009, p. 275) caracteriza a QVT como o “conjunto das escolhas de bem-estar único e individualizado que proporciona autoestima positiva, percepção de equilíbrio, hábitos saudáveis e prontidão para o desempenho no trabalho saudável”. A última escola de pensamento de QVT proposta por Limongi-França (2010) – a Escola Organizacional – baseia-se na constatação de que a QVT envolve dimensões específicas do local onde as relações de produção ocorrem e, por isso mesmo foi seu berço. Conforme lembra a citada autora, por paradoxal que possa parecer, Taylor foi o primeiro marco desta escola, já que buscava as melhores técnicas e métodos a serem usados pelos empregados. Posteriormente, o movimento das Relações Humanas, iniciado por Mayo e seguido por outros estudos e abordagens mais recentes na Administração, contribuíram para consolidar a visão Organizacional da QVT. 12 Richard Walton é um grande clássico no movimento em torno da QVT e o maior expoente da Escola Organizacional, sendo considerado o pioneiro na criação de um modelo de avaliação da mesma. Sobre o modelo de Walton, Silva et al. (2010, p. 13), afirmam que [...] mesmo depois de quase quatro décadas da sua publicação é considerado o mais completo modelo, sendo assim é o mais utilizado, principalmente por estudiosos da administração de recursos humanos e da psicologia organizacional. Outros autores reconhecem que se trata, também, de um dos modelos mais aceitos e utilizados por pesquisadores brasileiros (GARCIA, 2007; GOULART e SAMPAIO, 2004; SILVA et al., 2010; TIMOSSI et al., 2009; VASCONCELOS et al., 2012). Silva et al. (2010) avaliam, ainda, que o modelo de Walton é o mais completo por contemplar o maior número de critérios entre os modelos clássicos da QVT, embora não explore tanto os aspectos físicos e biológicos do ser humano. O modelo em questão compõe-se de oito critérios (ou dimensões) da QVT e seus respectivos indicadores (ou variáveis): compensação justa e adequada; condições de trabalho seguras e saudáveis; oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas; oportunidades futuras para o crescimento contínuo e a garantia de emprego; integração social na organização; constitucionalismo na organização; trabalho e espaço total na vida do indivíduo; relevância social no trabalho. Cada um dos critérios tem seus respectivos subcritérios, variáveis ou indicadores que contribuem, em seu conjunto, para construção de uma nova cultura organizacional, pois se referem a princípios básicos de bem-estar individual e organizacional (RIEGER, 2002). Cumpre notar que Walton (1975 apud FERNANDES, 1996, p. 43-44) considerava que a expressão Qualidade de Vida no Trabalho “tem sido usada para designar uma preocupação com o resgate de valores humanísticos e ambientais, que vêm sendo negligenciados em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico”. Portanto, em boa medida, a visão do autor também representa a influência da chamada Escola Socioeconômica na abordagem da QVT. Hackman e Oldham (1975) são outros estudiosos considerados como referências pioneiras na literatura sobre QVT, representando a Escola Organizacional. Estes autores inovaram ao criar e validar um instrumento que ajudou a sustentar uma teoria prévia que afirmava que algumas dimensões do trabalho (variedade de habilidades, identidade com a tarefa, significância da 13 tarefa, autonomia e retroação / feedback) podem influenciar decisivamente fatores como motivação, desempenho, satisfação, absenteísmo e rotatividade. Além disso, o modelo de Hackman e Oldham (1975) destaca que todo esse processo é moderado pela necessidade individual de crescimento de cada pessoa. Destaque-se que, segundo Sant´Anna et al. (2011), este modelo – chamado das Dimensões Básicas da Tarefa – tem exercido especial influência nos estudos contemporâneos sobre QVT. Outro modelo característico da Escola Organizacional frequentemente utilizado em estudos sobre o tema é o de Werther e Davis (1983 apud FERNANDES, 1996; FERREIRA e STEFANO, 2008; TIMOSSI et al., 2009), os quais atribuem à QVT vários elementos distribuídos entre três grupos: organizacionais, ambientais e comportamentais. Os elementos organizacionais são as atividades, cargos, departamentos, objetivos, organização e propósitos. Como ambientais, consideram-se os elementos culturais, competitivos, econômicos, governamentais, históricos, sociais e tecnológicos. Já a motivação, as necessidades de recursos humanos e a satisfação são classificadas como elementos comportamentais. Para Nadler e Lawler (autores também considerados clássicos na literatura sobre QVT, conforme Medeiros, 2007), há seis fatores que são vitais para os programas de QVT: percepção da necessidade do programa; foco nos problemas diagnosticados na organização; estrutura adequada para identificação e solução dos problemas; compensações projetadas para as pessoas e para os resultados; sistemas múltiplos afetados; participação ampla dos membros da organização. Os seis citados fatores devem ser completados com outros três, considerados pelos autores como essenciais ao sucesso de projetos de QVT: projeto adequado ao contexto organizacional; mudanças no sistema de gerenciamento e disposições organizacionais; comprometimento da alta gerência com o projeto. Ressalte-se que, segundo Alves (2010) e Sant´Anna et al. (2011), o modelo de Nadler e Lawler, publicado em 1983, demonstrou a evolução da importância das pessoas, pois buscou sua integração nas decisões corporativas e, com isso, conseguiu enriquecer o ambiente de trabalho e melhorar as questões da produtividade e satisfação. A obra de Huse e Cummings1, publicada em 1985, é mais uma considerada clássica nos estudos sobre QVT e, como as anteriores, pode ser classificada na Escola Organizacional. 1 HUSE, E. F.; CUMMINGS, T. F. Organization development and change. 3. ed. St. Paul: Ed. Minn, 1985. 14 Para Cummings e Worley (2009), em edição mais recente e atualizada da obra original, a QVT se insere no contexto chamado de Organization Development and Change – teoria de Desenvolvimento Organizacional que tem como objetivo orientar a mudança empresarial direcionada para a resolução de problemas, responsabilidade, QVT e efetividade. Neste contexto, os autores apontam as dimensões que trariam ao indivíduo uma melhor QVT. São elas: recompensa adequada; segurança e saúde no trabalho; desenvolvimento das capacidades humanas; crescimento profissional; integração social; direitos dos trabalhadores; espaço total de vida fora e dentro do trabalho (equilíbrio entre o tempo dedicado à vida profissional e à pessoal); relevância social. Para operacionalizar sua teoria, Huse e Cummings (1985 apud MEDEIROS, 2007) apontam quatro iniciativas para programas em QVT: participação do trabalhador, projeto do cargo, inovação no sistema de recompensa e melhora no ambiente de trabalho. No Brasil, Fernandes e Rodrigues são considerados clássicos representantes da Escola Organizacional (RUIZ, 2007). Em uma das primeiras definições nacionais, Fernandes e Gutierrez (1988) definiram QVT, com base nas concepções de Walton, como algo novo (que envolvia atos legislativos para proteger o trabalhador e para atendê-lo em suas necessidades e aspirações humanas). Ressalte-se que essa definição se apóia na ideia de humanização do trabalho e na responsabilidade social da empresa, elementos característicos da concepção de QVT pela Escola Socioeconômica. Rodrigues (2009, p. 21), por seu turno, apresentou definição baseada nos modelos de Walton, Westley, Davis e Werther, Nadler e Lawler, Huse e Cummings (clássicos antes citados): Entendemos aqui por Qualidade de Vida no Trabalho – QVT – a resultante direta da combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e de outras dimensões não dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir motivação e satisfação em diferentes níveis, além de resultar em diversos tipos de atividades e condutas dos indivíduos pertencentes a uma organização. A este ponto, cabe apresentar outras definições de QVT encontradas em obras mais recentes. Observe-se que, em algumas delas, predominam uma ou outra das concepções antes apresentadas e, em outras, há uma conjugação de diferentes concepções. Conte (2003, p. 33), por exemplo, associou a QVT com as necessidades dos trabalhadores e com a produtividade empresarial, com a seguinte definição: 15 Podemos entendê-la como um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização, tendo como ideia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. Já Royuela et al. (2008) consideram que o foco das definições acadêmicas internacionais sobre QVT está na percepção do indivíduo sobre seus sentimentos e ambiente. Os autores apontam, como referência na tentativa de construção de uma definição consensual, o trabalho de Marcel e Dupuis (2006 apud ROYUELA et al., 2008), que expandiram para a QVT uma definição anteriormente criada por eles mesmos para a QV, qual seja: “QV, em um determinado momento, é um estado que corresponde ao nível alcançado por uma pessoa na busca de seus objetivos hierarquicamente organizados” (MARCEL e DUPUIS, 2000 apud ROYUELA et al., 2008, p. 401). Aziz et al. (2011, p. 150) definiram QVT enfatizando as relações laborais como “a qualidade do relacionamento entre empregados e o ambiente total de trabalho”. Mirkamali e Thani (2011) especificaram elementos presentes nessas relações, considerando a QVT como uma estrutura dinâmica que envolve conceitos como segurança no trabalho, sistemas de recompensas, fluxos de trabalho, oportunidades de desenvolvimento educacional e de trabalho, bem como participação na tomada de decisões. Para estes últimos autores, a QVT deve ser um programa abrangente, que aumente a satisfação dos membros empresariais, reforce sua aprendizagem com o ambiente e os ajude a gerir mudanças. Ainda mais recentemente, Ouppara e Sy (2012) classificaram a QVT não como uma técnica, mas como uma filosofia adotada por muitas organizações contemporâneas para equilibrar os negócios com as necessidades humanas e sociais. Com foco nessas necessidades, Pilatti (2012, p. 20) definiu QVT como “a percepção do indivíduo dos pontos favoráveis e desfavoráveis de um ambiente laboral”. Em síntese, o exame da literatura indica que, realmente, não há consenso nas definições sobre QVT. Os pontos comuns mais encontrados referem-se ao fato de se tratar de um construto multidimensional (cuja percepção depende dos paradigmas de cada indivíduo) que visa a uma maior humanização do trabalho (ATHAYDE e BRITO, 2010; BOTH et al., 2008; BRAZ et al., 2011; DARGAHI e SERAGI, 2007; FERNANDES, 1996; FERREIRA, M. C. et al., 2009; GUTIERREZ e VILARTA, 2007; HONÓRIO e MARQUIES, 2001; LEITE JÚNIOR 16 et al., 2011; LIMONGI-FRANÇA, 2009; MOLINA e RUIZ, 2011; MONACO e GUIMARÃES, 2000; ROCHA e FELLI, 2004; SANT´ANNA et al., 2011; SARAJI e DARGAHI, 2006; SILVA et al., 2010; TEIXEIRA e RUIZ, 2013; VENSON et al., 2011). Por outro lado, a falta de consenso é explicada em decorrência de se tratar de uma área de estudos recente, que vem sendo objeto de constante e rápida evolução, com reformulações frequentes. Sendo assim, é importante que as diversas definições (e respectivos modelos teóricos) se completem, a fim de contribuir para o avanço conceitual do assunto (RUIZ, 2007; SOUZA e FONTES, 2010). Neste sentido, Medeiros e Oliveira (2011), apresentaram um modelo conceitual que abrange 10 dimensões da QVT, em conformidade com a literatura clássica e contemporânea sobre o tema. Essas dimensões são descritas a seguir: • Execução do Trabalho – aborda, especificamente, a tarefa ou o trabalho desenvolvido pelo sujeito, ou seja, refere-se às características objetivas do trabalho; • Autorrealização – refere-se ao quanto o trabalho proporciona satisfação e realização para o indivíduo que o desempenha, seja na profissão ou na vida pessoal; • Equidade no Trabalho – envolve a disposição de reconhecer, igualmente, o direito de cada indivíduo no espaço de trabalho; • Relação com a Organização – contempla os valores, princípios e normas da organização; • Organização do Trabalho – reporta-se às formas e aos arranjos organizacionais, o que inclui processos de trabalho, procedimentos administrativos e políticas organizacionais; • Adequação da Remuneração – estabelece a relação entre a realização do trabalho e sua devida remuneração; • Relação Chefe-Subordinado – implica na satisfação do funcionário no que concerne ao seu relacionamento tanto pessoal como profissional com seu chefe; • Efetividade da Comunicação e Aprendizagem Organizacional – representa o nível de eficácia do processo de transmissão de informações na organização, em todas as direções, assim como a possibilidade de se qualificar no trabalho; • Relação Trabalho e Vida Pessoal – reflete as relações entre as atividades profissionais e a vida pessoal dos trabalhadores; • Efetividade dos Processos de Trabalho – relaciona-se com a forma de trabalho da organização e sua contribuição para o alcance das metas organizacionais. 17 Convém destacar que o modelo em questão deu origem a um instrumento para avaliação da QVT no Serviço Público brasileiro – instrumento esse utilizado no presente estudo e que será, posteriormente, mais bem descrito. O modelo BPSO-96 (que também subsidia conceitualmente este trabalho) foi elaborado e validado na década de 1990 por Limongi-França (FRANÇA, 1996; LIMONGI-FRANÇA, 2010). Trata-se de um modelo que é considerado abrangente e integrador, na medida em que avalia os fatores intervenientes na QVT das pessoas sob quatro dimensões: • dimensão biológica, que se refere às características constitucionais herdadas e congênitas, incluindo os diferentes órgãos e sistemas que promovem o funcionamento do corpo humano (como sistema glandular, cardiovascular, gastrointestinal, entre outros), inclusive a resistência e a vulnerabilidade do corpo; • dimensão psicológica, que corresponde aos processos afetivos, emocionais e intelectuais, conscientes ou inconscientes, caracterizando a personalidade, a vida mental, o afeto e o jeito de se relacionar com as pessoas e com o mundo que as rodeia; • dimensão social, relativa à incorporação e influências dos valores, das crenças e expectativas das pessoas com as quais se convive, dos grupos sociais e das diferentes comunidades com as quais o indivíduo entra em contato durante sua vida, desde o nascimento. Inclui o papel na família, no trabalho e em grupos e comunidades a que cada pessoa pertence e de que participa, o meio ambiente e a localização geográfica e também a influência do ambiente físico e as características ergonômicas dos objetos que utiliza; • dimensão organizacional, que envolve aspectos específicos do local onde as relações de produção ocorrem como: relações de trabalho, cultura, políticas, práticas e valores, processos de gestão e de controle, tecnologia, tempos e movimentos, produtividade, qualidade, critérios de competência e excelência, relações com o mercado. Importa destacar, todavia, que, independentemente do modelo teórico e definição adotados em cada estudo, é consenso na literatura que a atenção à QVT traz inúmeros benefícios, tanto para as pessoas quanto para as organizações. No Quadro 1, são apresentados alguns desses benefícios. 18 Quadro 1 - Benefícios da QVT para as organizações e seus colaboradores REFERÊNCIAS BENEFÍCIOS Alves (2011); Amorim (2010); Balassiano et al. (2011); Braz et al. (2011); Cavassani et al. (2006); Conte (2003); Fernandes (1996); Fernandes e Gutierrez (1988); Fernandes e Rendón (1992); Ferreira, M. C. et al. (2009); Ferreira, R. R. et al. (2009); Freitas e Souza (2008); Honório e Marques (2001); Karpinski e Stefano (2008); Limongi-França (2010); LimongiFrança e Arellano (2002); Magri e Kluthcovsky (2007); Monaco e Guimarães (2000); Nadler e Lawler (1983 apud SANT´ANNA et al., 2011); Nespeca e Cyrillo (2011); Noor e Abdullah (2012); Oliveira e Limongi-França (2005); Pereira (2012); Regis Filho e Lopes (2001); Souza e Fontes (2010); Trierweiler e Silva (2007); Vasconcelos et al. (2012); Venson et al. (2011); Vieira e Limongi-França (2003) Alves (2011); Celik e Oz (2011); Dargahi e Seragi (2007), Karpinski e Stefano (2008); Noor e Adbullah (2012); Ouppara e Sy (2012); Regis Filho e Lopes (2001) Incremento da produtividade Aumento do envolvimento e/ou participação e/ou comprometimento dos funcionários Alves (2011); Dargahi e Seragi (2007); França Jr. e Pilatti (2004); Karpinski e Stefano (2008); Limongi-França e Rodrigues (2002); Oliveira (2011); Regis Filho e Lopes (2001); Venson et al. (2011); Vieira e Limongi-França (2003) Melhoria na motivação Alves (2011); França Jr. e Pilatti (2004); Limongi-França e Rodrigues (2002); Nespeca e Cyrillo (2011) Diminuição dos níveis de estresse Alves (2011); Noor e Abdullah (2012); Souza e Fontes (2010) Redução de despesas relacionadas à saúde do trabalhador Alves (2011); Nespeca e Cyrillo (2011); Oliveira (2011); Pereira (2012); Vasconcelos et al. (2012) Melhora a saúde física e emocional Amorim (2010); Fischer e Novelli (2008); Garcia (2007); Reis Junior et al. (2011); Venson et al. (2011) Vantagem/diferencial competitiva(o) para as empresas Amorim (2010); Freitas e Souza (2008) Melhora do clima ou ambiente organizacional An et al. (2011); Dallimore e Mickel (2006); Ferreira, M. C. et al. (2009); Ouppara e Sy (2012); Vieira e Limongi-França (2003) Aziz et al. (2011); Karpinski e Stefano (2008); Noor e Abdullah (2012); Reis Junior et al. (2011); Seragi e Dargahi (2006) Melhora da eficiência e da eficácia do serviço Melhora na capacidade de atração e retenção de talentos Braz et al. (2011); Dallimore e Mickel (2006); Oliveira (2011) Melhoria das condições de vida dos trabalhadores Braz et al. (2011); Cavassani et al. (2006); Ferreira, M. C. et al. (2009); Ferreira, R. R. et al. (2009); Noor e Abdullah (2012); Oliveira e Limongi-França (2005); Vasconcelos et al. (2012) Aumento do Bem-Estar dos indivíduos inseridos nas empresas Cavassani et al. (2006); França Jr. e Pilatti (2004) Aumento da lucratividade ou resultados Celik e Oz (2011); Limongi-França e Rodrigues (2002); Vasconcelos et al. (2012) Fonte: elaborado pelo autor Redução do índice de rotatividade 19 Quadro 1 - Benefícios da QVT para as organizações e seus colaboradores (continuação 1) REFERÊNCIAS BENEFÍCIOS Cheremeta et al. (2011); Conte (2003); Karpinski e Stefano (2008); Magri e Kluthcovsky (2007); Pereira (2012); Timossi et al. (2009); Vasconcelos et al. (2012) Aumento da qualidade do trabalho e dos produtos/serviços Dargahi e Seragi (2007) Melhor uso das habilidades e da força de trabalho existentes e ambiente de trabalho mais profissional e eficiente Fernandes (1996); Fernandes e Gutierrez (1988); Fernandes e Rendón (1992); Honório e Marques (2001); Karpinski e Stefano (2008); Mirkamali e Thani (2011); Monaco e Guimarães (2000); Nadler e Lawler (1983 apud SANT´ANNA et al., 2011); Nespeca e Cyrillo (2011); Noor e Abdullah (2012); Oliveira (2011); Regis Filho e Lopes (2001); Timossi et al. (2009); Vasconcelos (2001); Vasconcelos et al. (2012); Vieira e Limongi-França (2003) Melhora na satisfação dos colaboradores Ferreira, M. C. et al. (2009); Freitas e Souza (2008); LimongiFrança e Rodrigues (2002) Melhoria do comportamento do funcionário no atendimento aos clientes internos e externos, gerando o aumento da satisfação destes últimos França Jr. e Pilatti (2004) Menos problemas de dependência química nas corporações França Jr. e Pilatti (2004); Karpinski e Stefano (2008); Limongi-França e Rodrigues (2002); Oliveira (2011); Vasconcelos et al. (2012) França Jr. e Pilatti (2004); Limongi-França e Rodrigues (2002) Redução do absenteísmo funcional Redução de conflitos França Jr. e Pilatti (2004); Oliveira (2011) Diminuição do número de afastamentos, em geral França Jr. e Pilatti (2004); Oliveira (2011) Prevenção e redução dos índices de acidentes e/ou doenças do trabalho Freitas e Souza (2008) Melhoria do contato entre os colaboradores e os fornecedores Garcia (2007) Pode auxiliar no alcance das metas empresariais Karpinski e Stefano (2008) Mais disposição e energia Karpinski e Stefano (2008) Melhoria na comunicação empresarial Karpinski e Stefano (2008); Vieira e Limongi-França (2003) Redução de custos Karpinski e Stefano (2008) Torna os colaboradores mais orgulhosos de fazer parte da organização Karpinski e Stefano (2008); Monaco e Guimarães (2000) Possibilita o desenvolvimento pessoal, profissional e social Karpinski e Stefano (2008); Noor e Abdullah (2012); Saragi e Dargahi (2006) Karpinski e Stefano (2008); Vasconcelos (2001); Venson et al. (2011) Limongi-França (2010, p. 33) Melhora da imagem organizacional Desenvolvimento de felicidade / alegria “Aumenta-se a possibilidade de viver melhor na empresa” Fonte: elaborado pelo autor 20 Quadro 1 - Benefícios da QVT para as organizações e seus colaboradores (continuação 2) REFERÊNCIAS BENEFÍCIOS Limongi-França e Rodrigues (2002) Redução dos índices de insatisfação salarial, sabotagem, militância sindical e ações na Justiça do Trabalho Mirkamali e Thani (2011) Contribui para que os colaboradores fiquem mais preparados para gerir mudanças Mirkamali e Thani (2011) Contribui para reforçar a aprendizagem com o ambiente Noor e Abdullah (2012) Gera um aumento do prazo de relacionamento com os clientes, o que leva ao crescimento das empresas Ouppara e Sy (2012) Criação de mais oportunidades de participação para os empregados Sant´Anna et al. (2011) Pode tornar os empregados mais responsáveis e autônomos Vasconcelos et al. (2012) Atitude mais favorável no trabalho Vasconcelos et al. (2012) Desenvolvimento de segurança Vasconcelos et al. (2012) Fonte: elaborado pelo autor Redução da fadiga Outra forma de apresentar os benefícios de programas relacionados à QV nos ambientes de trabalho é oferecida por Chapman (2005 apud OGATA e SIMURRO, 2009). O autor, como coordenador da certificação em Gestão de Programas de Qualidade de Vida e Bem-Estar nas organizações do National Wellness Institute, sediado nos EUA, distingue benefícios tangíveis (redução do absenteísmo por doenças, diminuição do uso do sistema de saúde e diminuição do turnover) dos intangíveis (melhoria na imagem da organização, aumento da moral e lealdade dos funcionários, diminuição dos conflitos na organização, aumento da produtividade dos funcionários). Vale comentar que, referindo-se aos EUA, representante do mesmo instituto considera que: [...] há uma tendência para ver qualidade de vida como uma forma ampla de reduzir custos em assistência médica. No Brasil, uma gama mais ampla de benefícios ligados ao bem-estar é suscetível de ser abraçada, incluindo o aumento da produtividade, o prazer de viver e a oportunidade de ajudar as pessoas. Se isso realmente se concretizar, o movimento do bem-estar terá mais sucesso em envolver os empregados, suas famílias e a comunidade em geral. O engajamento mais amplo possibilita o empoderamento das pessoas e representa um grande avanço sobre os modelos existentes (ALLEN apud OGATA e SIMURRO, 2009, apresentação). Em se tratando de benefícios para a produtividade das organizações, também vale considerar que, embora possam ser difíceis de medir (LIMONGI-FRANÇA, 2010; OGATA e 21 SIMURRO, 2009), no exterior já se contabilizaram ganhos financeiros dos investimentos em QVT, conforme se observa na Tabela 1. Tabela 1 – Custo/Benefício dos investimentos em QVT EMPRESA VALOR INVESTIDO x RETORNO (em US$) GM Equitable Life Motorola Gillete 1 = 6,0 1 = 5,5 1 = 3,0 1 = 2,5 Fonte: American University apud França Jr. e Pilatti (2004) Estudos recentes no contexto da QVT têm focalizado, especialmente, os benefícios do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Um deles é o de Zare et al. (2012), o qual identificou que o desequilíbrio entre o tempo particular e o profissional pode afetar negativamente a QVT das pessoas. Por outro lado, a pesquisa realizada por Dallimore e Mickel (2006) apresenta evidências de que a adequada integração entre a vida pessoal e a profissional dos empregados gera benefícios para os colaboradores (como, por exemplo, menos estresse e pressão, melhor controle do trabalho e mais tempo para a família) e para os empregadores (por exemplo, redução do absenteísmo e aumento do desempenho organizacional). Para demonstrar a importância do tema, essas autoras mencionam grandes campanhas privadas e até governamentais (nos EUA e em países da União Européia, como França e Inglaterra) que desenvolvem programas para que as pessoas equilibrem o tempo profissional e o pessoal. Mas, além dos benefícios para as organizações e para os colaboradores, Souza e Fontes (2010) destacam que os investimentos em QVT beneficiam todos os stakeholders de uma organização, desde os trabalhadores e seus dependentes, passando por clientes e acionistas, até as comunidades externas que interagem com a empresa. Referindo-se, especificamente, a servidores públicos, Ferreira, R. R. et al. (2009, p. 155) realçam que melhorar a QVT desta categoria profissional contribui “para o exercício da cidadania dos clientes (cidadãos) dessa organização”. Por seu turno, Noor e Abdullah (2012) chamam a atenção para o fato de que a QVT leva a uma melhor sociedade, com mais inovação e sucesso. Portanto, é inegável que os investimentos em QVT resultam em benefícios para as organizações e seus funcionários, tanto quanto para a sociedade como um todo. Por isso, é 22 importante mencionar a crítica que faz Padilha (2010, p. 558) sobre a utilização da QVT em algumas empresas. Para a autora, muitas delas empregam práticas de QVT como um “meio” para se obter a produtividade, quando a visão deveria ser de “fim”, pois seu alcance já seria um grande resultado para as organizações e seus colaboradores, além de se configurar em uma “humanização do capital”. Para que se compreenda melhor essa posição de Padilha (2010), assim como a de outros estudiosos que tratam do tema, importa que se contemplem, mais detalhadamente, as relações entre Gestão de Pessoas (GP) e Gestão da QVT (GQVT). 3.3 Gestão de Pessoas e Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho Atualmente, as pessoas são vistas como o principal diferencial competitivo nas organizações. Pesquisadores como Demo et al. (2011), Souza e Fontes (2010) consideram que, nesses novos tempos, a Gestão de Pessoas (GP) passou a ter um papel estratégico, relevante e indispensável, contribuindo decisivamente para os resultados das companhias. Por isso, na Era do Conhecimento, lidar com as pessoas deixou de ser um problema, um desafio, e passou a ser considerada uma vantagem competitiva (VENSON et al., 2011; VIEIRA e LIMONGIFRANÇA, 2003). Hanashiro et al. (2008) acrescentam que o fator humano é a melhor forma de construir uma vantagem competitiva sustentável, à medida que os recursos materiais contribuem pouco nesta meta, mas as pessoas podem criar competências próprias para cada organização – o que fica mais difícil de ser imitado pelos seus concorrentes. Para Castro et al. (2012), essa vantagem competitiva sustentável se apóia na incapacidade dos concorrentes obterem resultados análogos, ainda que tentem criar estratégias semelhantes. Hendry (1995) completa essas ideias ao afirmar que, por serem capazes de impulsionar as capacidades organizacionais, as pessoas não deveriam ser vistas como meras ferramentas de trabalho, mas como foco de toda estratégia organizacional. Essa estratégia, segundo Búrigo e Loch (2011) não deve mais ser vista como gestão de pessoas, mas gestão com as pessoas, no sentido de envolvê-las no processo de decisão das companhias. Tendo-se em vista a importância das pessoas para as organizações, compreende-se, como diz Cañete (2004), que não é possível existir qualidade empresarial sem que haja QV individual. 23 Por esta razão, autores entre os quais Machado e Aguiar (2011) defendem que o foco das práticas e estratégias em Administração de Recursos Humanos (ARH) deve estar voltado para o desempenho organizacional, mas também para a QVT dos colaboradores. Chiavenato (2004) alinha-se às posições anteriores afirmando que a atenção com a QVT faz parte do escopo da GP, no que tange aos processos de manutenção dos colaboradores. E, quanto a isso, defende que a responsabilidade é dos chefes (gestores os quais as pessoas estão imediatamente subordinadas), com ajuda técnica do órgão de RH. Sobre esse ponto, o autor explica que: Há um princípio básico em ARH: gerir pessoas é uma responsabilidade de linha e uma função de staff. O que significa isso? Simples. Quem deve gerir as pessoas é o próprio gerente – ou supervisor ou líder de equipe – ao qual elas estão subordinadas [...] Para que o gerente possa assumir com plena autonomia essa responsabilidade de gerir seu pessoal, ele precisa receber assessoria e consultoria do órgão de ARH, que lhe proporciona os meios e serviços de apoio. Assim, gerir pessoas é uma responsabilidade de cada gerente que deve receber orientação do staff a respeito das políticas e procedimentos adotados pela organização (CHIAVENATO, 2004, p. 22). Búrigo e Loch (2011) compartilham a perspectiva anterior, recomendando que as ações do processo de desenvolvimento dos trabalhadores (entre as quais se incluem as ligadas à QVT) devem ser feitas em conjunto, pelo órgão de GP e os gerentes de linha (os gestores diretos das pessoas, na linha hierárquica). E, sobre isso, Guidelli e Bresciani (2010) explicam que, a partir da década de 1980, estabeleceu-se um novo perfil de gestão de Recursos Humanos que confere às lideranças o papel de protagonistas na promoção da QVT. Isso ocorreu, segundo os autores, porque se percebeu que os gestores diretos estavam mais próximos dos seus subordinados na convivência cotidiana, na atribuição de tarefas e objetivos organizacionais, tanto quanto no acompanhamento do desempenho. Data dessa época publicação clássica sobre QVT da Harvard Business Scholl de Schlesinger (1982), que destacava o papel dos supervisores no contexto da QVT, atribuindo aos superiores hierárquicos a incumbência de suprir suas equipes com as informações, ferramentas necessárias ao trabalho e outras necessidades, de forma a permitir que o grupo de trabalho esteja focado em suas tarefas, de maneira produtiva. Greca e Martins (2011, p. 68) reforçam o papel dos supervisores/gestores na QVT, afirmando que ela “está diretamente ligada à forma como o líder se relaciona com sua equipe e como 24 proporciona um bom ambiente de trabalho”. Por sua vez, Ferreira, R. R. et al. (2009), referem-se à importância dos gestores no contexto específico da QVT na Administração Pública brasileira, considerando que a QVT deve ser tarefa tanto dos gestores quanto dos servidores de órgãos públicos. O autor salienta que a participação de gestores e dirigentes desses órgãos na implantação de Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVTs) é essencial. Isto porque os dirigentes e gestores são modelos de conduta para os seus subordinados e também porque podem representar as funções de facilitadores ou dificultadores dos referidos programas. Importante frisar que a visão de responsabilização dos gestores pelo desenvolvimento humano de seus subalternos já estava presente desde os trabalhos pioneiros em QVT no Brasil, como o de Fernandes e Gutierrez (1988), os quais destacavam a necessidade de mudanças na ARH e no papel dos gerentes, da seguinte forma: Através da revisão do papel do Gerente e, consoante às novas políticas de RH, busca-se estimular e desenvolver os Gerentes para que assumam a função indelegável de responsabilizar-se pelo desenvolvimento e apoio ao crescimento dos membros de seu grupo (FERNANDES e GUTIERREZ, 1988, p. 37). No final da década de 1990, Albuquerque e França (1998) foram outros autores brasileiros que já chamavam a atenção para a necessidade de novo posicionamento por parte dos gestores de pessoas nas empresas, situando as ações de QVT em suas estratégias de recursos humanos. Mais tarde, Oliveira e Limongi-França (2005, p.9) afirmaram que nem sempre as ações de QVT são desenvolvidas pelos departamentos de GP, pois “todas as ações que a empresa e os empregados desenvolvem na busca da integração biopsicossocial e do controle dos fatores de risco ocupacionais estão ligadas à gestão da qualidade de vida no trabalho”. A posição dos autores antes citados também é expressa por Ouppara e Sy (2012), os quais consideram que os esforços em QVT devem estar distribuídos, sendo que os próprios colaboradores têm papel determinante no sucesso das ações e programas, além do que as organizações precisam rever suas políticas de recursos humanos regularmente, para que as falhas sejam corrigidas e para que ela possa oferecer oportunidades para os empregados encontrarem a maior expressão para suas necessidades mais profundas. Como já comentado, segundo Sant´Anna et al. (2011, p. 27) entre os avanços dos estudos de QVT está a busca pela sua compreensão sob uma perspectiva “menos diagnóstica e mais afim 25 à noção de gestão – de qualidade de vida no trabalho para gestão da qualidade de vida no trabalho” – a GQVT. Nessa direção, os autores distinguem de forma especial, no Brasil, os trabalhos da professora Limongi-França, que definiu a GQVT como: A capacidade de administrar o conjunto de ações, incluindo diagnóstico, implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho alinhada e construída na cultura organizacional, com prioridade absoluta para o bem-estar das pessoas da organização (LIMONGIFRANÇA, 2009, p. 260). Destaque-se que, à época da criação do modelo BPSO-96 (antes apresentado), França (1996, p. 143) referiu-se à GQVT como: “[...] conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho". Posteriormente, esta definição foi expandida para: [...] conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho (ALBUQUERQUE e FRANÇA, 1998, p. 41) Mais recentemente, a mesma autora referiu-se à QVT como a busca pelo equilíbrio dinâmico e harmônico entre as necessidades humanas, biológicas, psicológicas, sociais e organizacionais e os princípios do trabalho ergonomicamente correto e sustentável, dando ênfase ao fato de que a GQVT deve ser considerada uma competência estratégico-gerencial que necessita da utilização de diferentes conceitos, ferramentas, participação e indicadores visando melhor equilíbrio da vida pessoal e profissional, com autoestima valorizada, hábitos saudáveis, política de equidade, justiça social e sustentabilidade (LIMONGI-FRANÇA, 2010; 2013). Não obstante a posição estratégica onde a GQVT é colocada pelos autores antes mencionados, é preciso que se tenha em vista que, a depender da concepção de QVT de cada organização, e também de outras variáveis (seus próprios valores, recursos, estilo de gestão organizacional e de GP, entre outros), podem ser identificados três diferentes níveis de abrangência da GQVT: Gestão Estratégica de QVT (GE-QVT) quando é declarada na missão e política da empresa, juntamente com a imagem corporativa. Gestão Gerencial de QVT (GG-QVT) quando aparece como responsabilidade e atribuição dos líderes e chefes das áreas e departamento específicos no segundo ou 26 terceiro nível hierárquico, com ênfase em objetivos, metas e produtividade organizacional. Gestão Operacional de QVT (GO-QVT) quando há ações específicas – aleatórias, reativas ou planejadas – visando ao bem-estar e à conscientização de novas práticas de estilo de vida para as pessoas da empresa, mas não alinhadas aos propósitos de competitividade ou otimização do gerenciamento, da produtividade e da performance para o trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 2001, p. 244). O nível de abrangência da GQVT é comentado por estudiosos do assunto, entre os quais Rodrigues (2011) e Ferreira (2006) que, mesmo reconhecendo que, cada vez mais, as organizações estão investindo em QVT, tem havido uma profusão de ações com o foco imediato no bem-estar e na saúde (como sessões de Tai Chi Chuan, massagens, exercícios de relaxamento, aulas de danças, entre outros). Tais ações são benéficas para o bem-estar dos funcionários, mas não atendem aos verdadeiros anseios deles, segundo os autores citados. Destaque-se que, para a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Saad, em entrevista a Rodrigues (2011), é bom proporcionar momentos de prazer para os colaboradores, mas, se as ações forem planejadas de forma isolada, não serão produtivas. É necessário planejar tais ações como um todo, alinhadas com as características das organizações, com o tipo de gestão desempenhada e com as atividades de cada funcionário – recomenda a entrevistada. Kanikadan et al. (2005) também recomendam que os programas de QVT sejam elaborados em sintonia com as estratégias da organização, pois só assim poderão contribuir para seus objetivos estratégicos e terão condições de se tornarem perenes. Por outro lado, outros consideram que ainda há dificuldades no estabelecimento do papel dos executivos, profissionais de RH e consultores no que se refere à GQVT e que, ainda hoje, muitas organizações brasileiras concentram os esforços sobre a GQVT nos setores de RH – quando essas ações não deveriam estar limitadas às estratégias de GP, mas às estratégias organizacionais (LIMONGI-FRANÇA,2010; MOLINA e RUIZ, 2011). Portanto, verifica-se a necessidade de atenção especial, por parte das organizações, ao definir e adotar conceitos e modelos a fim de que a GQVT se torne cada vez mais evoluída, madura e estratégica, trazendo benefícios para elas mesmas (as organizações) e para seus colaboradores. Neste sentido, a literatura registra alguns modelos, entre eles o de Fernandes (1996) que, inspirada em aspectos de auditoria, criou a chamada Auditoria Operacional de Recursos Humanos (AORH), estabelecendo as etapas necessárias para diagnosticar e efetuar mudanças 27 organizacionais com a finalidade de melhorar a QVT. Neste modelo, aspectos de auditoria (geralmente utilizados em funções financeiras e contábeis) foram adaptados à função de pessoal para se avaliar aspectos organizacionais, ambientais e comportamentais, a partir da percepção dos próprios colaboradores. Com isso, mudanças podem ser feitas, incrementandose a QV dos próprios funcionários. A primeira etapa da AORH é a preparação, quando há o alinhamento dos conceitos da auditoria com os dirigentes do órgão (explica-se, neste momento, o que é a AORH, por que será feita, como será aplicada e quem será o responsável). No segundo momento, há a sensibilização, que é a fase na qual há o comprometimento da equipe de alta direção com o programa de QVT. O planejamento é o terceiro estágio, quando é criada uma equipe para levar o projeto adiante, ou alguma empresa de consultoria é contratada para tal fim. Posteriormente, entra-se na fase de execução do modelo analítico, quando se determinam os objetivos, indicadores e demais fatores (sob medida) para a organização. No penúltimo estágio do modelo, coletam-se os dados por meio de entrevistas com os colaboradores, analisa-se e elabora-se o relatório com os resultados, gerando o diagnóstico. Por fim, entra-se no plano de ação: a partir do que for evidenciado no relatório, propõem-se medidas de melhoria da QVT, que são monitoradas a partir de indicadores (FERNANDES, 1996). Note-se que Fernandes (1990 apud FERNANDES, 1996, p. 45-46) tinha como base para esse modelo a seguinte definição: “a gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos, e sócio-psicológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas”. Outro modelo para a GQVT que tem destaque na literatura é o apresentado por Ogata e Simurro (2009), os quais sugerem um processo gradual e contínuo na implementação de um programa de QVT, além de apontarem, como cruciais para seu sucesso, o aprofundamento dos conhecimentos a respeito da empresa (incluindo-se aí suas estratégias e cultura). O modelo é composto por quatro etapas, sendo que a primeira é chamada de “Pesquisa e Avaliação Diagnóstica”. Essa etapa inclui o levantamento do interesse da organização em implementar um programa de QVT; a definição do seu gestor (que pode ser interno ou externo); a busca de apoio e comprometimento das lideranças da organização; a criação de um grupo de trabalho específico (comitê) para discutir e encaminhar as ideias e ações para o 28 programa; e a avaliação diagnóstica da situação atual da QV, utilizando-se indicadores e instrumentos apropriados. A segunda etapa do referido modelo constitui o “Planejamento do Programa” e nela os autores indicam as necessidades de definir: a visão e a missão do programa (que devem estar alinhadas com a visão e missão da empresa); as metas e objetivos do mesmo; as estratégias de marketing e comunicação (incluindo o nome/logo do programa); o sumário executivo (síntese do projeto para sua apresentação à empresa); os recursos (financeiros, de pessoal, de tempo, instalações e infra-estrutura); e o modelo e abrangência das ações. Após a etapa anterior segue-se a de “Lançamento e Implementação do Programa”, com a escolha das ações (definidas a partir do diagnóstico e das prioridades organizacionais); a definição do modelo de ações (determinação das dimensões da pessoa que serão abrangidas pelo programa, como as dimensões física, emocional, social e espiritual); o estabelecimento do calendário e cronograma, para subsidiar a organização e controle das ações desenvolvidas. A “Avaliação de Resultados” é a quarta e última etapa do programa em questão. Essa etapa, considerada de fundamental importância pelos autores citados, deve contar com: a identificação de indicadores para se avaliar o programa; a avaliação da participação e da satisfação dos participantes com o mesmo; e a avaliação da percepção da QVT, a partir dos indicadores antes definidos, preferencialmente por meio de questionários padronizados. Com essas quatro etapas, conclui-se o primeiro ciclo do processo de gestão do programa de QVT proposto por Ogata e Simurro (2009). Mas, de acordo com o Modelo de Chapman (2005; 2007 apud OGATA e SIMURRO, 2009), para que ele ganhe maturidade deve ser constantemente aperfeiçoado e alinhado às estratégias de gestão da própria organização. É isso que dará condições para que novos ciclos (com ações mais integradas e gerenciadas) sejam iniciados, elevando a sustentabilidade do programa de QVT da organização, como se pode perceber na Figura 1. 29 Figura 1 - Modelo de Chapman para o Aprimoramento da Gestão de Programas de QVT Fonte: Chapman (2005; 2007 apud OGATA e SIMURRO, 2009, p. 105) A instituição norte-americana Wellness Councils of América (WELCOA) é um organização com mais de 20 anos de experiência na gestão de programas de Saúde e Bem-estar em ambientes de trabalho e adota um modelo baseado em sete passos que guardam semelhança com os apresentados anteriormente: apoio dos gestores; criação de comitê; coleta de informações diagnósticas; construção de plano de ação; escolha das melhores intervenções; criação de ambiente de suporte; avaliação consistente (OGATA e SIMURRO, 2009). Também semelhante aos anteriores é o modelo apresentado por Limongi-França (2001), o qual considera seis etapas para a implantação de projetos de GQVT: conscientização, diagnóstico, capacitação, criação de planos de ação, implantação e avaliação. Posteriormente, Limongi-França e Kanikadan (2006) apresentaram o modelo chamado Competência do BemEstar Organizacional (BEO). Este modelo é constituído por fatores críticos de gestão que, segundo as autoras, são as competências essenciais que as empresas precisam apresentar para que os funcionários sintam que a organização é capaz de proporcionar um ambiente profissional voltado para o bem-estar. Os fatores críticos são: conceito de QVT, produtividade, legitimidade, perfil do gestor, práticas e valores e nova competência. 30 A partir desse modelo, Limongi-França (2010) realizou uma ampla pesquisa de campo com administradores (sendo considerados como tais alunos e professores de Administração de Empresas, além de profissionais que já exerciam a função de administradores) para avaliar as concepções desse público-alvo sobre os fatores críticos da QVT. Para tanto, utilizou o chamado “Questionário Interfaces QVT & Administração” (instrumento que também é utilizado no presente estudo para avaliar as concepções dos gestores sobre QVT). Os principais resultados do estudo são relatados a seguir: • Sobre o fator crítico conceito de QVT o Embora seja mais frequentemente associado a questões de saúde e segurança no trabalho, o conceito de QVT sinaliza a emergência de conhecimentos, habilidades e atitudes em outros fatores, associando a QVT com produtividade, legitimidade, experiências e competências gerenciais. o Independentemente da área de atuação ou formação, os gestores demonstraram crescente consciência ou percepção da importância da QVT. o A QVT, hoje, engloba diversas categorias profissionais (incluindo o nível gerencial e a alta administração) como alvos potenciais, em vez de focar apenas o chão de fábrica. • Sobre o fator crítico produtividade o Há uma alta percepção de que a QVT está diretamente associada à produtividade do trabalho. o Muitas organizações utilizam métodos gerenciais poucos afeitos à QVT. o A QVT é vista como investimento capaz de impulsionar o crescimento da empresa. • Sobre o fator crítico legitimidade o É evidente a consciência dos gestores diante da relevância das ações e programas de QVT, o que não ocorre, ainda (segundo a percepção dos gestores) com os empregadores e demonstra possível conflito entre trabalhadores e patrões. o Os benefícios da QVT são sentidos como perpetuados dentro das organizações. • Sobre o fator crítico práticas e valores o Há um potencial de crescimento das práticas e de QVT nas organizações. o As ações de QVT estão no âmbito da empresa, não do colaborador. 31 o A conquista da QVT pode ser obtida por intermédio das formas sindicais de organização. • Sobre o fator crítico nova competência o Há a consolidação de uma nova competência gerencial específica em QVT requerida dos gestores. o Para adquirir status estratégico, a QVT não pode ser tratada simplesmente do ponto de vista operacional ou mesmo gerencial. o Há indícios de que a qualidade dos processos desperta a discussão sobre a Qualidade de Vida Pessoal e Organizacional. o A informação, ou a falta dela, é vista como interface crítica para a construção de uma nova competência, pois sua difusão é dificultada por aspectos éticos ou mesmo pela falta de conhecimento. • Sobre o fator crítico perfil do gestor, o estudo identificou, a partir de modelos estatísticos, três grupos típicos: o os Incondicionais, que apresentaram respostas mais positivas ou notas maiores para a importância da QVT, valorizando informações, capacitação especializada e legitimidade; o os Conciliadores, grupo que obteve notas ainda mais altas em todos os fatores críticos, mas observando questões ligadas, especialmente, à vivência dos executivos nas empresas; o os Refratários, que foram aqueles que consideraram a QVT relevante, mas com restrições, tendo obtido médias menores em todos os fatores críticos. As conclusões desse estudo, em boa medida, ensejaram a realização do presente trabalho que tem, entre seus objetivos, analisar as relações entre a GQVT em um órgão público e a QVT percebida por seus colaboradores. 3.4 Relações entre Qualidade de Vida, Qualidade de Vida no Trabalho, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Empresarial Muitas das relações entre Qualidade de Vida (QV), Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), Desenvolvimento Sustentável (DS) e Responsabilidade Social Empresarial (RSE) foram 32 abordadas anteriormente. Porém, considerando-se o contexto e os objetivos do presente estudo, convém aprofundá-las, sob diferentes perspectivas. Uma das definições mais conhecidas de DS é a contida no Relatório Brundtland, segundo o qual o Desenvolvimento Sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem as suas (WCED, 1987 apud DIEGUES, 1992). Guerra et al. (2007, p. 18), são autores que apresentam os temas contidos nas várias definições de Desenvolvimento Sustentável por eles consultadas, nas quais está incluído o conceito de Qualidade de Vida. A esse respeito afirmam que: Embora nas várias definições de Desenvolvimento Sustentável seja possível identificar muitos temas tais como os referentes: (1) ao desenvolvimento humano; (2) à integração ecológica, econômica, política, tecnológica e de sistemas sociais; (3) à conexão entre objetivos sócio-políticos, econômicos e ambientais; (4) à equidade, como uma distribuição justa de recursos e da propriedade dos direitos sobre os recursos naturais; (5) à prudência ecológica; e (6) à segurança, traduzida em níveis seguros de saúde e de qualidade de vida [...] (GUERRA et al., 2007, p. 18). Tratando-se de DS, a amplamente difundida perspectiva do Triple Bottom Line2 aponta a necessidade de evolução na mentalidade da direção das corporações contemporâneas no sentido de não se preocuparem apenas com os impactos financeiros dos negócios, mas considerarem os efeitos ambientais, econômicos e sociais de suas ações, de forma que possam agir com mais responsabilidade perante a sociedade (SAVITZ e WEBER, 2006). Sachs (1993), em abordagem considerada uma evolução da perspectiva do Triple Bottom Line, aponta, como dimensões da sustentabilidade, as esferas cultural, ambiental, econômica, espacial e social. A relação entre DS e QV é analisada por Vlek (2003), sob a perspectiva dos “Dilemas dos Comuns” – uma perspectiva baseada na “Tragédia dos Comuns” (HARDIN, 1968 apud VLEK, 2003), utilizada pela psicologia ambiental – que reflete os conflitos existentes entre os interesses coletivos e os individuais nesta era de globalização, que sofre o impacto de forças propulsoras de “desenvolvimento (in)sustentável”. Tais forças ou elementos são, segundo ele, de natureza econômica, social e ambiental (população, afluência e tecnologia). Deveriam levar à abundância econômica, bem-estar social e qualidade ambiental (representando três componentes do conceito de sustentabilidade) e podem ser decompostos em variáveis de 2 Chamado no Brasil de “Tripé da Sustentabilidade”. 33 qualidade específica, relativas a várias necessidades e desejos humanos, crenças e atitudes. Mas sobre isso o autor expressa, de forma contundente, que: [...] embora atores individuais operem muito eficientemente aqui-e-agora para o aumento de sua própria qualidade de vida, a sociedade de todos os atores reunidos se move em uma direção que parece insustentável a longo prazo, com o que a qualidade de vida de todos os indivíduos irá afinal se deteriorar (VLEK, 2003, p. 222). Essas considerações remetem à necessidade de maior discussão sobre o vocábulo “sustentabilidade”, sobre o qual Veiga (2010, p. 11) explica que: Até o final dos anos 1970, o adjetivo “sustentável” não passava de um jargão técnico usado por algumas comunidades científicas para evocar a possibilidade de um ecossistema não perder sua resiliência, mesmo estando sujeito a agressão humana recorrente. Entretanto – continua explicando o citado autor –, nos anos 1980, quando começou a ser usada para qualificar o desenvolvimento (e mais ainda depois de sua legitimação, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em 1992, no Rio de Janeiro), a noção de sustentabilidade foi muito rejeitada (tanto pelos adeptos do culto ultraliberal aos mercados quanto por seus oponentes), e hoje “o substantivo – sustentabilidade – passou a servir gregos e troianos quando querem exprimir vagas ambições de continuidade, durabilidade ou perenidade” (VEIGA, 2010, p. 11). Ainda segundo o autor, atualmente não é possível se obter uma resposta simples e definitiva para a pergunta “o que é sustentabilidade?”, mesmo porque a evolução do tema ainda vai demandar tempo para ser bem entendida. Não se trata, para ele, de atrelar diretamente a sustentabilidade a indicadores de progresso, ou a tipos de balanços de uma dada sociedade, pois nenhum deles, por melhor que possam ser, vão conseguir revelar, simultaneamente, o grau de sustentabilidade do processo econômico e o grau de qualidade de vida que dele decorre. Trata-se, isto sim, de um processo “recentíssimo, resultante de uma assimilação que tem sido rápida e que, simultaneamente, estimula um aprofundamento do debate sobre os valores que serão mais adequados para este século” (VEIGA, 2010, p. 41). Note-se que as considerações de Veiga (2010), assentam a sustentabilidade sobre o debate de valores e, portanto, revelam sua dimensão ética e moral. Por sua vez, as necessidades e desejos, crenças e atitudes das pessoas citadas por Vlek (2003) são variáveis de natureza 34 subjetiva (impactadas pela cultura) que afetam sua percepção de QV. Já a óptica de Sachs (1993) traz outras dimensões da sustentabilidade para o debate. Com tudo isso se verifica que relacionar DS com QV implica a necessidade de se considerarem múltiplos fatores (e preocupações), além dos econômicos, sociais ou ambientais. Vários autores sublinham tal necessidade, como o faz Smith (2003), ao afirmar que o compromisso com o DS gera a necessidade da preocupação com questões relacionadas à proteção ambiental, à justiça social, à justiça intergeracional, à democracia e, também, à QV. Lenzi (2009) reforça esta consideração, afirmando que o conceito de DS não se dirige apenas ao meio ambiente, mas a várias outras questões que influenciam a QV, como saúde, educação, lazer e justiça, enquanto Chaves e Rodrigues (2006) consideram forte a ligação entre os dois conceitos, referindo-se à QV como fruto do DS. Como já discutido, a QVT pode ser considerada uma subárea do conceito de QV (SILVA et al., 2010). Aliando-se isso ao fato de que a QV está relacionada ao DS, pode-se questionar se a QVT seria um subproduto desejável da cultura sustentável ou uma etapa necessária ao alcance da sustentabilidade plena. Todavia, esta não é uma resposta fácil, dadas as múltiplas variáveis que estão presentes nas diferentes concepções sobre QVT (assim como nas de DS e QV). No caso específico da QVT, talvez a concepção que mais ilustre sua relação com o DS seja a da chamada Escola Socioeconômica, conforme o que discute Limongi-França (2010). Note-se que, para focalizar a influência do pensamento representado por essa escola de pensamento sobre a QVT, a autora se apóia na concepção sociopolítica denominada “terceira via” representada por Giddens – o qual explica os principais dilemas da sociedade atual e enumera os princípios básicos dessa corrente (desenvolvimento da cidadania, responsabilidade social, igualdade com liberdade, preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável) – e conclui que falar em QVT, hoje, implica em analisar as relações de trabalho nesta era de globalização e de suas contradições. Note-se também que a mesma autora destacou a relação entre QVT e DS em publicação posterior (LIMONGI-FRANÇA, 2013), referindo-se à GQVT como a busca pelo equilíbrio dinâmico e harmônico entre as necessidades humanas, biológicas, psicológicas, sociais e organizacionais e os princípios do trabalho ergonomicamente correto e sustentável. 35 Sob a perspectiva da Escola Socioeconômica, Mancini et al. (2004) consideram que o paradigma “newtoniano/cartesiano” (que ainda domina a visão atual do mundo e seus sistemas de valores) não tem conseguido resolver o problema do homem no planeta. Além disso, o próprio modelo capitalista, após a queda do comunismo, vem passando por transformações que implicam uma nova ordem social, na qual a sociedade surge como detentora de um novo papel: o de reivindicar, mas, principalmente, o de realizar ações que o estado não mais realiza. Nesta nova ordem social, cada vez mais, diferentes tipos de organizações têm incorporado o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)3, que foi inicialmente usado no Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), em 1998, sendo definido como o: [...] comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo (OGATA, 2007, apud RUIZ, 2007, p. 43). Mais recentemente, a RSE foi definida pelo Instituto Ethos4 como: Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS, 2012). RUIZ (2007) lembra que o modelo de RSE também passou a ser difundido pelo organismo internacional Social Accountability International (SAI)5, que desenvolveu, em 1997, e revisou, em 2001, uma norma internacional para sua aplicação pelas empresas, baseado na norma ISO 9000: a SA8000. A RSE é, portanto, um fenômeno relativamente novo, que vem adquirindo importância crescente (GONÇALVES et al., 2006; BRAZ et al., 2011), em estrita relação com o DS e a 3 Também chamada de Responsabilidade Corporativa, Ética Corporativa, Responsabilidade Social e Cidadania Corporativa (GONÇALVES et al., 2006). 4 Associação de empresas, sem fins lucrativos, com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável (INSTITUTO ETHOS, 2012). 5 Organização não governamental internacional dedicada a melhorar os locais de trabalho e comunidades por meio do desenvolvimento e implementação de padrões socialmente responsáveis (SAI, 2012). 36 QVT, tendo por trás de si princípios de ética e cidadania. Focalizando este último aspecto, Limongi-França (2010) avalia que o valor social da empresa cidadã vem se elevando em detrimento das empresas estritamente capitalistas. Sobre isso, comenta: “as empresas do terceiro setor, as associações de profissionais e outras organizações visam a benefícios sociais e sustentabilidade, não mais a filantropia opcional, mas missões de responsabilidade social” (LIMONGI-FRANÇA, 2010, p. 89). Por seu turno, Sá et al. (2007) defendem que o papel da empresa cidadã vai além de exercer sua função social perante a sociedade e o meio-ambiente: ele está também relacionado com a promoção de ações de elevação do bem-estar de seus membros. Esses tipos de atitudes socialmente responsáveis, continuam os autores, são mais sustentáveis no longo prazo. Pessoa e Nascimento (2008) estão entre os autores que defendem a ideia de que a RSE deve ser vista como parte da cultura, visão e valores das empresas, requerendo uma filosofia própria e o compromisso de inseri-la na cultura organizacional, juntamente com a QVT. Ainda de acordo com esses autores, por se enquadrarem na mesma filosofia, QVT e RSE devem estar unidas, embora a segunda seja mais abrangente que a primeira. Na mesma direção, Amorim (2010) afirma que a QVT pode ser vista como parte de programas de RSE em muitas empresas, fato também evidenciado no estudo de Machado Filho (2002), que citou o Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa do ano de 2000, no qual ações e prêmios de QVT foram computados como fatores positivos para o julgamento das empresas consideradas socialmente responsáveis. Outros estudos têm focalizado a relação entre RSE e QVT. O realizado por Mancini et al. (2004) buscou explorar as relações existentes entre os programas de RSE e QVT, verificando que a opinião dos trabalhadores envolvidos em ações de RSE foi mais positiva nos aspectos biológicos e sociais de QVT (considerando-se o modelo BPSO-96, já aqui apresentado). Já o estudo de Braz et al. (2011, p. 2) destacou que “a associação entre a qualidade de vida no trabalho e a responsabilidade social empresarial representa a ascensão da empresa a um patamar além do lucro” e, consequentemente, segundo afirmam os autores, gera uma mudança paradigmática no ambiente em que está inserida. Esse estudo também salientou a estreita relação entre QV, QVT e RSE, considerando que as ações das corporações sobre um dos 37 temas geram impactos recíprocos sobre os outros – o que melhora a QV dos funcionários e suas famílias. Ainda segundo os autores, isso acontece porque as ações socialmente responsáveis por parte das empresas geram pressões sobre as instituições públicas (essas últimas vistas, por eles, como omissas na missão de promover QV e DS). Ampliando o foco das conclusões anteriores, Vergara e Branco (2001) consideram que as corporações engajadas no desenvolvimento social, humano, ambiental e que promovem ações eficazes sobre a QV e a RSE podem ser consideradas “empresas humanizadas” e Gonçalves et al. (2006) lembram que a adoção de princípios de responsabilidade social pelas empresas tende a introduzir padrões globais para práticas sociais e de controle ambiental. Outra análise das relações entre QVT e DS pode ser feita à luz da concepção de Sachs (1993), antes apresentada. Com ela pode-se verificar que a QVT está ligada às dimensões social e cultural da sustentabilidade, visto que envolve aspectos sociais (novas necessidades e demandas do mundo do trabalho atual), e que demanda mudanças culturais no modus operandi das corporações contemporâneas – que estão gradativamente se adaptando ao novo paradigma da humanização do trabalho apontado por vários estudiosos do assunto, entre os quais Silva et al. (2010), Timossi et al. (2009) e Westley (1979). Além disso, a QVT se relaciona com a dimensão econômica da sustentabilidade da concepção de Sachs, visto que exerce influência sobre a produtividade empresarial – como se pode verificar em publicações como as de Amorim (2010), Braz et al. (2011), Fernandes (1996), Ferreira, M. C. et al. (2009), Limongi-França (2010), Venson et al. (2011) – também já aqui comentadas. Com relação ao sentimento de pertencimento, inerente à dimensão espacial da sustentabilidade de Sachs (1993), este pode ser identificado com a QVT na medida em que esta leva em conta a relação das pessoas com seus trabalhos. Sendo assim, pode-se dizer que as pessoas que mais experimentam QVT se sentem realmente parte das organizações e praticam o que é chamado, popularmente, de “vestir a camisa da empresa”. E quanto à dimensão ambiental presente na concepção de sustentabilidade do mesmo autor, esta também apresenta relação com a QVT, na proporção em que as corporações têm assumido, cada vez mais, sua responsabilidade com a preservação do meio-ambiente, como parte de uma nova mentalidade humana que também valoriza o DS. Desta forma, pode-se concluir, como o fazem Souza e Fontes (2010), que o despertar para a importância da QVT é fruto de uma 38 aceitação mais forte das ideias de responsabilidade e sustentabilidade social das organizações, que estão aceitando, com maior frequência, seus papéis de destaque nas questões sociais. Com tudo quanto foi exposto, verifica-se que, de fato, QV, QVT, DS e RSE estão intimamente relacionados, sobretudo na visão das organizações mais evoluídas na GP. A esse respeito, Limongi-França (2009) destaca que o atual momento é um cenário de mudança paradigmática, pois, segundo afirma: “A responsabilidade social empresarial e o envelhecimento da população fortalecem a visão de desenvolvimento sustentável. Descortinam-se no início do milênio novos paradigmas para as questões de QVT” (LIMONGI-FRANÇA, 2009, p. 258). As relações entre os temas em debate podem ser visualizadas, em perspectiva integrada, na Figura 2: Figura 2 – Relações entre Qualidade de Vida, Qualidade de Vida no Trabalho , Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável nas corporações humanizadas. Fonte: elaborada pelo autor, baseado em Amorim (2010), Braz et al. (2011), Chaves e Rodrigues (2006), Frey (2001), Gonçalves et al. (2006), Guerra et al. (2007), Lenzi (2009), Limongi-França (2010), Machado Filho (2002), Mancini et al. (2004), Pessoa e Nascimento (2008), Ruiz (2007), Sachs (1993), Savitz e Weber (2006), Silva et al. (2010), Smith (2003); Souza e Fontes (2010) e Vlek (2003). A Figura 2 demonstra que os quatro conceitos mantêm uma relação de proximidade (e até de interseção), mas sem que sejam claramente definidos parâmetros de causa-e-efeito. A QVT 39 está contida tanto no conceito de QV quanto no de RSE, ainda que estes dois últimos não se submetam um ao outro, mas se influenciem reciprocamente, conforme afirmam Braz et al. (2011). Os três conceitos, por extensão, associam-se ao de DS, colocando-o como o pano de fundo do cenário de novos valores da sociedade e das organizações contemporâneas. Todo esse conjunto de vínculos é tanto mais evidente quanto mais moderna e humanizada for a organização. Limongi-França (2009, p. 275-276) explica que esse tipo de organização é aquele em que existe: [...] percepção de um bom clima organizacional, sentimento pessoal de bem-estar e felicidade, integração harmoniosa das pessoas e suas equipes, entre outros sinais do comportamento individual e coletivo sinalizam o perfil de uma empresa moderna. A empresa moderna que está integrada à visão de evolução social, econômica e sustentável, além do impacto positivo na imagem. Ampliar a visão e as práticas de promoção da saúde integradas à qualidade de vida é parte do grande movimento contemporâneo de humanização das condições de vida no trabalho. Mas como humanizar as organizações? Frey (2001) se refere a essa questão em um ensaio teórico sobre as teorias de DS e a gestão pública global, destacando que os movimentos gerados pelas ameaças ambientais e de deterioração da QV, muitas vezes, assumem posturas contraditórias frente aos seus desafios. Essa postura equivocada, segundo o autor, deriva da falta de interação e cumplicidade entre os setores da sociedade, da ciência e do poder público. Como precondição para resolução do problema, o autor aponta a educação ambiental e para a cidadania, as quais, para ele, também podem ser importantes ferramentas de humanização das empresas, pois a cultura empresarial é moldada pela cultura de seus proprietários, gestores e colaboradores. Vale dizer que, se estas pessoas forem educadas para valorizar a cidadania, o meio ambiente e os aspectos sociais, é esperado que as organizações em que estão inseridas sejam influenciadas por esses valores humanos e ambientais. Tal proposta também deve ser adequada a organizações do setor público, foco do presente estudo, já que, conforme indica Azevedo (1992), o setor estatal é sujeito passivo de crescente preocupação no sentido de haver mudanças, entre elas as sociais. Chaves e Rodrigues (2006) são mais enfáticos a esse respeito, defendendo a intervenção do Estado nos modos de produção e consumo, a fim de se alcançar o DS e a QV para todos os povos. 40 3.5 Qualidade de Vida no Trabalho no Serviço Público Brasileiro Segundo Amorim (2010), a atuação dos Estados nacionais ao redor do mundo, em alguns setores (como na economia e nas relações internacionais), é substancial, mas ainda persistem grandes desafios, entre os quais o de melhorar as condições dos trabalhadores e o de promover o Desenvolvimento Sustentável, o bem-estar, a inclusão social e a saúde pública. Neste sentido, Chaves e Rodrigues (2006) defendem que o aparelho estatal deve promover políticas a fim de se chegar a uma melhor QV para os povos. As considerações anteriores destacam, portanto, a responsabilidade estatal sobre a QV da sociedade, de forma geral. Diante disso, poder-se-ia esperar que tal responsabilidade se traduzisse, de forma mais específica, em ações visando o gerenciamento da QVT dos próprios funcionários do Serviço Público. Mas, pelo menos no caso brasileiro, não é o que se tem verificado, conforme alguns estudiosos do tema. Entre eles estão Amorim (2010), Sá et al. (2007), para os quais ainda há poucas ações sobre QVT na prática gerencial do setor público no país, não obstante a temática ter recebido mais atenção nos últimos anos. Além disso, ainda há muitas incertezas em relação ao âmbito da QVT e às responsabilidades por sua gestão nesse setor – sublinham os mesmos autores. A importância da promoção da QVT no Serviço Público é comentada por Amorim (2010) e Ferreira, M. C. et al. (2009), autores que colocam o tema em três perspectivas: a do bem-estar dos próprios servidores, a da satisfação dos usuários cidadãos e a da eficiência e eficácia dos serviços prestados nos órgãos públicos. Por outro lado, Terabe e Bergue (2011, p. 15) reforçam essa importância, mencionando que uma das constatações de seu estudo com servidores públicos federais brasileiros foi a “fragilidade da Qualidade de Vida do servidor”. Sendo assim, esses autores apresentaram, como sugestão de melhoria “implantar projetos de Qualidade de Vida do servidor”. Importante mencionar que, reconhecendo a necessidade de atuação específica no setor público brasileiro, o Grupo de Estudos em Ergonomia Aplicada ao Setor Público (ErgoPublic) vem atuando, desde 2001, em estudos, pesquisas e intervenções interdisciplinares no campo da “Ergonomia da Atividade” em organizações públicas. O ErgoPublic faz parte do Núcleo de Ergonomia da Atividade, Cognição e Saúde, que, por sua vez, integra o Departamento de 41 Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB). Em publicações disponíveis na base de dados deste grupo (já aqui citadas), Ferreira (2006) e Rodrigues (2011) criticam a difusão de programas de bem-estar baseados apenas em atividades como massagens, exercícios de relaxamento, aulas de dança, acompanhamento nutricional e antitabagismo. Para os autores, tanto funcionários de empresas privadas quanto servidores públicos se sentem frustrados com esses tipos de ações de bem-estar – alcunhadas de “Ofurô Corporativo” (por buscarem o relaxamento imediato da tensão dos indivíduos em seus ambientes de trabalho, mas sem tratar os problemas estruturais da organização, nem os de gestão de pessoas) – , quando, na verdade, os funcionários anseiam por: reconhecimento pelo trabalho, crescimento profissional, bom relacionamento, clima de trabalho agradável sem pressão e sem metas inatingíveis. Ainda segundo os autores, as organizações estão investindo nos indivíduos, quando deveriam trabalhar o ambiente de trabalho. Tratando-se da responsabilidade do empregador público (o Estado), é preciso que se reconheça que, no Brasil, nas últimas décadas, criaram-se leis e outras normas legais que contribuem para a tutela do servidor público e, por extensão, afetam, positivamente, sua QVT. Uma delas é a Lei 8.112/1990 (BRASIL, 1990), que instituiu o regime jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Suas contribuições e respectivos impactos sobre indicadores de QVT podem ser observados no Quadro 2. Quadro 2 - Contribuições da Lei 8.112/1990 para a QVT dos servidores públicos federais brasileiros CONTRIBUIÇÕES DA LEI 8.112/1990 INDICADORES DE QVT AFETADOS Regulamenta a estabilidade no serviço público federal Estabelece a isonomia da remuneração de cargos semelhantes Criação de adicionais de insalubridade, periculosidade e penosidade Concessões de licenças e afastamentos para questões profissionais e pessoais Esclarece os direitos, deveres, proibições e penalidades relacionadas a todos os servidores públicos Estabelece licença para capacitação Segurança quanto ao futuro na organização Equidade salarial interna Condições físicas do ambiente de trabalho Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho Tratamento igualitário Incentivo à qualificação Fonte: elaborado pelo autor, baseado em Brasil (1990) e Medeiros e Oliveira (2011). 42 Além da Lei 8.112/1990 (BRASIL, 1990), pode-se considerar que outros instrumentos legais favorecem a QVT dos colaboradores de órgãos públicos federais do Brasil, sendo que a grande maioria trata de assuntos relacionados à saúde e bem-estar, conforme demonstra o Quadro 3. Quadro 3 - Contribuições de instrumentos legais para a QVT dos servidores públicos federais brasileiros INSTRUMENTOS CONTRIBUIÇÕES PARA A QVT Decreto 977/1993 Dispõe sobre assistência pré-escolar destinada aos dependentes Decreto 5.296/2004 Determina os critérios básicos para a promoção da acessibilidade Decreto 6.690/2008 Institui a prorrogação da licença maternidade Decreto 6.833/2009 Institui o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal Decreto 6.856/2009 Regulamenta o exame periódico Decreto 7.003/2009 Regulamenta a licença para tratamento de saúde Resolução 87/2009 Normatiza a perícia odontológica Portaria 1.261/2010 Institui os princípios e diretrizes em saúde mental Fonte: elaborado pelo autor, baseado em Teixeira (2012). Nos dois quadros anteriores verifica-se que as legislações federais focalizadas são mais especificamente voltadas para aspectos da saúde, bem-estar e apenas para alguns outros indicadores/variáveis de QVT. Portanto, não abrangem a QVT de forma mais completa, como vários modelos teóricos sobre o tema antes apresentados recomendam. Lembrando que a promoção da QVT no Serviço Público deve ser considerada não só sob a perspectiva do bem-estar dos próprios servidores, mas também sob as perspectivas da satisfação dos usuários-cidadãos e da eficiência e eficácia dos serviços prestados à população (Amorim, 2010; Ferreira, M. C. et al., 2009), vale tecer algumas comparações entre os setores público e privado. A esse respeito, Ferreira, M. C. et al. (2009) e Guimarães (2009) ressaltam que as inovações ocorridas no âmbito privado produzem impactos nos aparelhos de Estado, inclusive desafios como o da melhoria QVT, pois muitas das ferramentas administrativas utilizadas no setor privado são imitadas pelo setor público, depois de algum tempo. Porém, 43 um dos pontos em que o setor público difere do privado é na forma de interação estabelecida com seus clientes ou usuários – acrescentam eles. Paludo (2012) trata desse último ponto, relatando que, antigamente, o cidadão era visto apenas como um financiador (um pagador de impostos) e seu tratamento nos órgãos públicos era feito de forma indiferente, pois essas organizações preocupavam-se com suas rotinas internas em detrimento de sua efetividade perante o público externo. Segundo o mesmo autor, a insatisfação do até então chamado “cliente-usuário” era notória, pois os serviços eram considerados caros, ineficientes e de pouca utilidade. No entanto, após a reforma ocorrida no âmbito da administração pública federal, em 1995, buscou-se uma nova administração pública, por meio de uma série de mudanças que visavam a implantar a administração pública gerencial no Brasil, que seria marcada pela superação dos problemas do excesso de ritos burocráticos e das práticas patrimonialistas, ao mesmo tempo em que asseguraria ganhos de eficiência e qualidade nos serviços prestados (FERREIRA, 1996). Com essas mudanças, almejou-se que o público externo fosse visto como “cliente-cidadão”, sendo tratado com maior profissionalismo. Sobre isso, PALUDO (2012, p. 246), assim se expressa: O sentido democrático apregoa maior participação do cidadão no meio público; orienta a atuação do Estado para o atendimento dos usuários; e proporciona mais transparência nas decisões, ações e relações do Estado com o cidadão e com a sociedade. Ainda como parte das reformas da década de 1990, o texto da constituição brasileira foi alterado pela Emenda Constitucional nº 19 (BRASIL, 1998), adequando-se à nova realidade almejada pelo governo da época. Nos trechos a seguir pode-se perceber a busca pela valorização e participação do cidadão na administração pública: Art. 37, § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública (BRASIL, 1998, p. 1). Todavia, quanto às mudanças na visão e no relacionamento com o cliente-cidadão, Paludo (2012) alerta para dois pontos. O primeiro é o fato de que transformações culturais dessa 44 magnitude demoram muito para ser concretizadas. O segundo (que influencia o primeiro) é que essa visão de cliente não é muito adequada para o usuário dos serviços públicos pois, diferentemente do mercado privado, esse usuário não tem poder de escolha para mudar de prestador de serviços. Além disso, os recursos utilizados no atendimento das demandas da sociedade são limitados e concorrem com outras inúmeras utilidades públicas. Assim, muitas vezes, não há a adequada captação de verbas públicas para prover um atendimento adequado e bem avaliado – conclui o autor. Além das mudanças na visão de como prestar serviços, Guimarães (2009) destaca que as reformas do governo federal brasileiro da década de 1990 e as pressões da sociedade conduziram a diversas outras mudanças no setor público brasileiro. São mudanças semelhantes às ocorridas no setor privado, que vão se tornando cada vez mais presentes nas organizações públicas, embora com certo atraso. Dentre elas destacam-se: aumento do período de experiência (Estágio Probatório) para três anos; adoção de programas de demissão voluntária; implementação de programas de Qualidade Total; adoção de programas de racionalização e competitividade; submissão dos gerentes a novos processos seletivos; automação; maior direcionamento para o mercado por meio de oferta de mais produtos e segmentação de clientes; terceirização de algumas atividades; aumento da padronização de processos; contratação de trabalhadores temporários; extinção de filiais. Com o que foi tratado, verifica-se que, efetivamente, houve avanços quanto à atenção para a QVT dos trabalhadores do setor público e que muitos deles foram impulsionados por demandas que vêm atingindo, igualmente, o setor privado. Neste sentido, ainda nos anos de 1990, Azevedo (1992) expressou que havia uma crescente preocupação no sentido de mudar a máquina pública para torná-la mais eficiente, eficaz e passível de controle social. Para a citada autora, essa preocupação aponta para a necessidade de integração entre as esferas política, do planejamento e da administração. Mas, para subsidiar as ações e decisões nas três esferas mencionadas, é preciso, também, que pesquisas específicas sobre a QVT no setor público brasileiro sejam levadas em conta. Com esse intuito apresentam-se, na sequência, alguns trabalhos recentes sobre o tema, encontrados na literatura nacional. 45 Medeiros (2007) realizou estudo exploratório e descritivo de natureza quantitativa em organização pública estadual (EMATER/RN). A amostra da pesquisa foi composta por 260 dos 570 servidores da organização e foi identificada, de maneira geral, percepção positiva dos servidores, em relação à QVT. Entretanto, o autor verificou que “[...] à medida que a avaliação da satisfação com a QVT na organização caminha de fatores intrínsecos para fatores extrínsecos, esse nível de satisfação vai diminuindo [...]” (MEDEIROS, 2007, p.130). As dimensões mais bem avaliadas foram a autorrealização e a equidade no trabalho, enquanto a pior avaliação ocorreu na dimensão adequação da remuneração. Este estudo também propôs um questionário chamado de “Instrumento Síntese de Medida” para avaliação da QVT, integrando dimensões indicadas por vários autores clássicos e contemporâneos sobre o tema. O instrumento foi validado no órgão público citado e, posteriormente, foi publicado por Medeiros e Oliveira (2011). Foram sugeridos novos estudos com o mesmo questionário para ampliar o campo explicativo referente à QVT, assim como aplicá-lo (e adaptá-lo, se for o caso) a outras amostras populacionais, realizando-se testes estatísticos para confirmar sua validade. Também foram sugeridas novas pesquisas (com outras abordagens teóricas e metodológicas), de forma a gerar uma compreensão mais sistêmica das variáveis estudadas. Nascimento e Pessoa (2007) realizaram um estudo exploratório e descritivo em uma instituição pública federal de ensino (CEFET/CE), com 63 professores, utilizando um questionário (sobre o qual não há menção de autoria, nem de validação) para investigar o lazer como tecnologia de aperfeiçoamento de programas de QVT. A conclusão foi que os investimentos em tecnologia pelas empresas devem ser acompanhados (paralelamente e na mesma proporção), pela promoção de melhores condições físicas e psíquicas de trabalho e pela melhoria das condições de aperfeiçoamento e atualização das potencialidades não exploradas, a fim de possibilitarem o desenvolvimento do indivíduo como pessoa integral. O estudo descritivo de Sá et al. (2007) também foi realizado com docentes, neste caso com 243 professores efetivos da Universidade Federal da Paraíba. O intuito foi o de investigar os itens positivos e negativos na percepção da QVT desses profissionais. Para a coleta de dados foi utilizada observação direta e um questionário (elaborado pelos próprios pesquisadores). O estudo concluiu que havia um desequilíbrio na QVT dos professores pesquisados, mas que, devido à peculiaridade do trabalho docente, eles tinham prazer em fazer parte da instituição. 46 Garcia (2007) conduziu um estudo de caso exploratório e descritivo cujo objetivo foi verificar as percepções de QVT de funcionários públicos concursados que exerciam suas atividades na Secretaria de Saúde da Prefeitura de Barra Mansa (RJ). A população tinha 725 funcionários e a amostra contou com 205 deles. Para tanto, a autora elaborou um questionário (baseado no modelo de QVT de Walton) e chegou à conclusão de que o público pesquisado avaliou a QVT entre razoável e boa. A maior satisfação foi identificada na relação entre o trabalho e a vida pessoal e a menor foi com a renda salarial. A pesquisa também concluiu que o modelo de QVT de Walton não é capaz de detectar algumas dimensões da QVT no setor público e, por isso sugeriu que pesquisas adicionais avaliem o grau de adequação dos modelos de QVT (propostos a partir do universo privado) para a realidade do serviço público. Com a finalidade de construir e validar um instrumento próprio para avaliar a percepção da QVT, baseado no modelo de Hackman e Oldham (1975), David e Bruno-Faria (2007) realizaram pesquisa exploratório-metodológica na Secretaria de Economia e Finanças do Exército Brasileiro, que contou com uma amostra estratificada proporcional de 300 militares. O estudo, segundo seus autores, alcançou seu objetivo e foi recomendada a aplicação do instrumento criado em diferentes contextos, visando-se seu aperfeiçoamento. Pessoa e Nascimento (2008) realizaram um estudo de caso exploratório-descritivo em uma instituição pública federal de ensino (CEFET/CE) com 63 docentes, tendo como objetivo analisar as contribuições do lazer na vida individual e organizacional dessa população. O estudo concluiu que o lazer representa uma alternativa concreta para a melhoria da QVT, na medida em que enseja motivação para que o indivíduo continue ativo, produtivo e interessado – o que converge para a sua realização pessoal. Farias et al. (2008) investigaram a QVT de professores de Educação Física da rede pública estadual (Ensino Fundamental e Médio) do Estado do Rio Grande do Sul, que contou com a participação de 380 dos 7.625 docentes do universo de pesquisa. A investigação teve cunho descritivo-exploratório e utilizou como instrumento de coleta de dados a “Escala de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho Percebida por Professores de Educação Física do Ensino Fundamental e Médio” (QVT-PEF), desenvolvida por Both et al. (2006 apud FARIAS et al., 2008). Seus resultados evidenciaram elevados níveis de satisfação com a QVT, exceto na dimensão chamada pelos autores de “Remuneração e Compensação”. 47 Paiva e Couto (2008) realizaram pesquisa descritiva quantitativa e qualitativa na qual foram utilizados: pesquisa documental, observação direta e um questionário elaborado pelos autores. Os pesquisadores estudaram os impactos do estresse ocupacional sobre a QVT no corpo gerencial (96 participantes) de uma empresa pública estadual, após uma reestruturação produtiva nos moldes de empresas privadas. De forma geral, a QVT dos gerentes foi considerada satisfatória, exceto em relação à variável “significado da tarefa”, pois os mesmos concluíram que suas tarefas tinham importância mediana para a empresa. Marques et al. (2008) também estudaram os impactos que a QVT sofreu depois de reestruturação administrativa, numa população de professores de duas escolas públicas (uma municipal e outra estadual) de Belo Horizonte (MG). Por meio de estudo comparativo de casos com enfoque qualitativo-quantitativo, concluíram que, de forma geral, os docentes estavam moderadamente satisfeitos com a QVT, mas insatisfeitos em dois de seus fatores: condições de trabalho e crescente desvalorização. A amostra para a pesquisa quantitativa contou com 144 dos 270 professores das escolas, ao passo que 18 docentes participaram de entrevistas qualitativas semi-estruturadas. O trabalho de Ferreira, M. C. et al. (2009) teve como objetivo caracterizar as práticas de QVT em 10 órgãos públicos federais brasileiros por meio de pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas com gestores públicos. A amostra foi composta por 10 órgãos (representados por 13 gestores públicos) dos três poderes federais, sendo dois do Poder Legislativo, três do Poder Judiciário e cinco do Poder Executivo que possuíam programas ou atividades de QVT. A pesquisa documental contou com análises de fontes fornecidas pelos gestores sobre missão, objetivos, estrutura organizacional dos órgãos pesquisados e informações textuais existentes sobre QVT. As entrevistas semi-estruturadas avaliaram os tópicos: conceito de QVT, política de QVT adotada pela instituição (caso houvesse), localização do programa ou atividade no organograma do órgão, avaliação das atividades e fatores prejudiciais à QVT no órgão. Os resultados apontaram um “descompasso” entre os problemas existentes e as práticas de QVT adotadas (estas últimas muito assistencialistas, quando deveriam ter uma abordagem mais preventiva, conforme conclusão dos autores). Além disso, três aspectos foram destacados pelos autores: as práticas gerenciais apresentavam foco no indivíduo, como se o servidor público fosse uma “peça” que necessitasse de ajuste; as 48 atividades e práticas de QVT tinham caráter assistencial e distante dos problemas vivenciados; o foco das práticas de QVT estava na produtividade, sendo o Bem-Estar considerado um ganho acessório. O trabalho recomenda futuras investigações que verifiquem se o descompasso identificado é uma tendência dos órgãos públicos federais brasileiros. A pesquisa de Ferreira, R. R. et al. (2009) foi delineada como um estudo de caso qualitativo (com a utilização de um questionário proposto pelos autores, composto de três perguntas abertas) desenvolvido em um órgão público federal brasileiro de médio porte com atividadefim relacionada à verificação e monitoramento legal de recursos financeiros. Seu objetivo foi identificar os dilemas (desafios, dúvidas e expectativas) dos gestores que participaram do processo de concepção e implantação de um Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT). Participaram da pesquisa todos os 36 gestores do órgão, que era composto por 723 trabalhadores. Os quadros a seguir resumem os dilemas identificados no estudo. Quadro 4 - Principais desafios relacionados aos PQVTs mencionados pelos gestores DESAFIOS 1 Melhorar a QVT dos servidores públicos 2 Obter adesão dos servidores aos Programas de QVT 3 Combinar a QVT com a produtividade 4 Envolver a alta administração 5 Melhorar as relações sociais e profissionais 6 Considerar a diversidade existente na organização 7 Investir na capacitação gerencial 8 Melhorar a eficiência e a eficácia dos processos 9 Evitar a falta de continuidade 10 Compatibilizar o PQVT com as limitações legais 11 Promover a mudança da cultura organizacional 12 Obter a adesão de terceirizados, estagiários e cedidos Fonte: adaptado de Ferreira, R. R. et al. (2009). Os desafios apontados no Quadro 4 estão em ordem decrescente de frequência. Para Ferreira, R. R. et al. (2009) os dois primeiros desafios do quadro contrariam o senso comum (bastante recorrente nas organizações), de que os gestores apresentam preocupação obsessiva e exclusiva com a produtividade de seus subordinados e, embora tais resultados não possam ser 49 generalizados (em virtude das características metodológicas da pesquisa), apontam indícios que devem ser observados com cautela em outras pesquisas. No Quadro 5 apresentam-se as principais dúvidas dos gestores em relação à implantação de PQVTs identificadas no estudo de Ferreira, R. R. et al. (2009). Os autores do estudo destacaram que a grande quantidade de dúvidas apontadas demonstrou que a implantação de PQVTs era uma assunto novo, ainda pouco dominado pelos gestores do órgão público, que, portanto, careciam de maiores esclarecimentos. Quadro 5 - Principais dúvidas sobre a implantação de PQVTs evocadas pelos gestores DÚVIDAS 1 Qual é o papel dos gestores? 2 Haverá continuidade do PQVT? 3 Quais são os objetivos/premissas do programa? 4 Como funciona o PQVT na prática? 5 Como enfrentar as variáveis que fogem ao nosso controle? 6 De quem será a responsabilidade de gestão do PQVT? 7 Quais são os indicadores de QVT? 8 Como motivar os servidores? 9 Quais são os resultados de PQVTs em outras organizações? 10 Como driblar o conservadorismo existente no órgão? 11 Como o programa será implementado? 12 Quais serão os efeitos sobre a estrutura e a cultura organizacionais? 13 Quais serão os instrumentos gerenciais para a implantação? 14 Haverá o apoio da alta administração? 15 Como conseguir o apoio dos servidores? 16 Temos conhecimento para implantar o PQVT? 17 Como contemplar as diferenças existentes? Fonte: adaptado de Ferreira, R. R. et al. (2009). Em relação às expectativas identificadas no estudo em questão (Quadro 6), os pesquisadores afirmaram que a expectativa de melhorar a QVT de todos foi um consenso entre os gestores. As questões relacionadas ao desempenho e aos resultados foram consideradas relevantes e foram destacados os possíveis ganhos institucionais a partir do investimento em PQVTs. 50 Ferreira, R. R. et al. (2009) também apresentaram recomendações para futuras pesquisas no setor público, como relacionar métodos quantitativos e qualitativos para verificar as percepções dos gestores, explorar as relações decorrentes entre o Bem-Estar e a produtividade e abordar a concepção e implantação de programas de QVT com foco preventivo em organizações públicas e privadas. Quadro 6 - Principais expectativas sobre a implantação de PQVTs apontadas pelos gestores EXPECTATIVAS 1 Melhorar a QVT de todos 2 Melhorar o desempenho organizacional 3 Que as ações práticas gerem resultados 4 Que haja continuidade do programa 5 Que as diferenças existentes sejam contempladas 6 Estabelecimento de diretrizes para condução do PQVT 7 Que haja empenho dos gestores 8 Que haja mudança cultural na organização Fonte: adaptado de Ferreira, R. R. et al. (2009). O estudo de Amorim (2010) objetivou avaliar o nível de QVT do Ministério Público do Estado de Pernambuco, por meio de uma pesquisa quantitativa e descritiva que utilizou um instrumento de coleta de dados elaborado pela autora. Os participantes da pesquisa foram os 45 dos 442 servidores do órgão. Foi verificada percepção positiva quanto aos aspectos: condições e instrumentos de trabalho, jornada de trabalho, remuneração e natureza do trabalho realizado. Também foram sugeridas novas pesquisas que verifiquem as variáveis que influenciam a QVT dos servidores públicos e salientado o fato de que QVT é um assunto recente, que chama mais atenção de organizações privadas de grande porte do que das instituições públicas (as quais, para a autora, não apresentam muitas iniciativas para estruturação e implantação de PQVTs). Terabe e Bergue (2011) realizaram um estudo exploratório qualitativo que visou identificar como o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) do Poder Executivo Federal vinha agindo no tocante à gestão de pessoas (GP). Por meio de entrevistas semi-estruturadas e não estruturadas, o estudo concluiu que a área de Recursos Humanos (RH) do citado ministério 51 atuava preponderantemente no campo operacional e que não existia um RH estratégico. Também concluiu que havia fragilidade da QV dos servidores e, por isso, apontou a necessidade de implantação de projetos de QVT para os mesmos. Em estudo descritivo do tipo Survey realizado com docentes de Educação Física da rede pública estadual de ensino fundamental do estado do Paraná (com participação de 654 dos 4770 da população estudada), Moreira et al. (2011) utilizaram dois instrumentos: Escala de Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho Percebida por Professores de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio (Both et al., 2006 apud MOREIRA et al., 2011) e Perfil do Estilo de Vida Individual (Nahas et al., 2000 apud MOREIRA et al., 2011) para investigar a QVT. Os resultados obtidos indicaram que, de forma geral, os entrevistados estavam satisfeitos com a sua QVT, exceto com o fator “remuneração e compensação financeira”. Este, segundo os autores, é um dado compatível com vários estudos similares desenvolvidos com professores de diferentes contextos do Brasil. Alguns fatores da QVT tiveram avaliação equilibrada entre satisfação e insatisfação, entre os quais: condições de trabalho, integração social na organização do trabalho e trabalho e espaço de vida. Estes resultados foram considerados, pelos pesquisadores, como indícios de descontentamento com a carreira docente. A publicação recomenda, para estudos posteriores, um maior aprofundamento sobre os parâmetros individuais e socioambientais da qualidade de vida do trabalhador docente. O ensaio teórico-empírico de Búrigo e Loch (2011) teve como objetivo possibilitar reflexões sobre a área de GP de uma universidade federal, principalmente no que tange à concepção de homem, de mundo e de sociedade. Os autores concluíram que se tratava de uma instituição atípica, talvez porque “teve, desde os primórdios, a busca do saber e do conhecimento como algo constitutivo da sua essência” (BÚRIGO e LOCH, 2011, p. 227). Dessa forma, segundo eles, no contexto analisado não foi possível dissociar a GP do contexto de desenvolvimento humano e social do servidor, no qual está inserida sua QVT. Leite Júnior et al. (2011) avaliaram quantitativamente a QVT dos servidores públicos de um instituto de pesquisa público federal utilizando uma adaptação do questionário de Hackman e Oldham (1975) elaborada, traduzida e validada por Moraes e Kilimnik (1989 apud LEITE JÚNIOR et al., 2011). A população era composta pelos 1065 funcionários do instituto, dos quais participaram da pesquisa 242. Os pesquisadores concluíram que todas as categorias de 52 QVT englobadas no estudo apresentavam resultados negativos em maior ou menor grau e recomendaram, para futuras investigações, análises sobre os fatores intervenientes na QVT, a fim de possibilitar seu melhor gerenciamento. Nespeca e Cyrillo (2011) realizaram estudo exploratório com uma amostra de 276 funcionários não docentes de uma autarquia federal (Universidade de São Paulo). O objetivo da pesquisa foi verificar como as variáveis socioeconômicas, demográficas, estado nutricional, qualidade da dieta e QV podem influenciar a QVT dos servidores. Concluíram que o sobrepeso afeta negativamente a QVT dos servidores, que a QV tem um papel importante em uma das dimensões da QVT relacionada à tarefa do indivíduo e que a escolaridade mais alta leva a avaliações mais críticas da QVT. Freitas et al. (2013), por meio de estudo quantitativo, buscaram identificar os aspectos mais críticos na percepção de QVT de servidores técnico-administrativos de uma universidade estadual, sendo a amostra composta por 64 dos 559 do universo de estudo. Na coleta de dados foram usados dois questionários (ainda não validados) propostos por Freitas e Souza (2009 apud FREITAS et al., 2013). Os resultados indicaram como aspectos mais críticos na QVT dos servidores pesquisados o salário, as oportunidades de crescimento na carreira e as condições do ambiente de trabalho. Em síntese, pela revisão da literatura envolvendo pesquisas sobre QVT no serviço público brasileiro que foi realizada, podem ser destacados os pontos a seguir. • Foram publicados, entre 2007 e agosto de 2013, 17 trabalhos – o que representa uma média de 2,4 deles por ano. A maior concentração de publicações ocorreu em 2007 e 2011 (5) e a menor, em 2012 (0). Portanto, não há tendência evidente de aumento ou redução do número de publicações sobre o tema no contexto da Administração Pública brasileira, pelo menos no que foi possível ao Autor do presente estudo verificar, até o momento. • Houve predominância de métodos exploratórios e/ou descritivos (82%), sendo que oito estudos (47%) tiveram como objetivo somente avaliar a QVT dos servidores pesquisados. Esses dados vão ao encontro da constatação de Medeiros e Oliveira (2011), Pilatti (2012), Souza e Fontes (2010), além de outros estudiosos que consideram que o tema QVT é recente e se encontra, ainda, em estágio pouco avançado de desenvolvimento de uma disciplina científica. 53 • Preponderaram abordagens quantitativas (65%), seguidas das qualitativas e mistas (18% cada) – o que confirma a conclusão de Sant´Anna et al. (2011) sobre a predominância de métodos quantitativos nos estudos de QVT e reforça a recomendação desses autores, no sentido da utilização complementar de abordagens qualitativas, em futuros estudos. • Quanto ao público-alvo, nove (52%) dos estudos foram realizados na esfera pública federal e seis estudos (35%) foram realizados com docentes de instituições de ensino públicas. Sendo assim, pode-se concluir que o universo de servidores públicos brasileiros não está bem representado nas pesquisas. • Para futuros estudos, os autores consultados nessa revisão sugeriram: pesquisas com abordagens teóricas e metodológicas mais abrangentes, a fim de possibilitar uma compreensão sistêmica das variáveis de QVT; avaliar o grau de adequação no universo público de modelos de QVT propostos para a realidade privada; reaplicações de instrumentos por eles criados; investigar se o descompasso entre os problemas existentes e as práticas de QVT no serviço público brasileiro é uma tendência; relacionar métodos qualitativos e quantitativos na verificação da percepção dos gestores sobre a QVT; explorar as relações entre QVT e produtividade; abordar programas de QVT com foco preventivo; verificar as variáveis que influenciam a QVT dos servidores públicos; maior aprofundamento nos parâmetros individuais e socioambientais da QVT; análises sobre os fatores intervenientes na QVT. • Não foi identificado qualquer estudo com o mesmo escopo deste, no que se refere a relacionar a avaliação da QVT por servidores públicos com a GQVT local e com outras variáveis/concepções a elas ligadas. 54 4. MÉTODO 4.1 Delineamento do estudo O estudo foi delineado como uma pesquisa de campo descritiva, visto que teve como objetivo registrar e analisar dados sobre concepções e avaliações de servidores públicos em relação à QVT, e que procurou identificar, com a maior precisão possível, a frequência, natureza, características, relações e conexões dessas concepções e avaliações com outras variáveis (RAMPAZZO, 2005). O corte da pesquisa foi transversal e foram utilizadas técnicas quantitativas (estatística descritiva e correlacional) e qualitativas (análise de conteúdo) para a análise e discussão dos dados obtidos. Isto levando-se em conta que a indicação de combinar estes tipos de técnicas para avaliar percepções de gestores e funcionários sobre a QVT, assim como explorar suas relações com outras variáveis e também a concepção e implantação de programas de QVT é recorrente na literatura atual (FERREIRA, R. R. et al., 2009; SANT´ANNA et al., 2011). Para adequação e teste dos instrumentos e do procedimento de coleta de dados, foi realizado previamente (entre novembro e dezembro de 2012) um estudo-piloto com uma amostra de 20 funcionários públicos (nove gestores e 11 subordinados) que não faziam parte da população pesquisada, embora fosse similar à ela (mesma natureza jurídica do órgão; mesmo público, ou seja servidores públicos federais regidos pela Lei 8.112/90; e mesma localização geográfica). Para a caracterização do órgão público pesquisado, assim como para se apresentarem os objetivos, instrumentos e procedimento de coleta de dados, obtendo-se aprovação para o estudo, foram realizadas três reuniões, sendo uma somente com o dirigente do órgão (em 29 de maio de 2012), outra com membros da Comissão de Qualidade de Vida no Trabalho do mesmo (em 24 de setembro de 2012) e uma terceira, envolvendo o dirigente e alguns membros da referida comissão (em 21 de janeiro de 2013). Vale destacar que a banca de qualificação do projeto da pesquisa julgou não ser necessária sua submissão a um Comitê de Ética, nem tampouco o uso de Termo de Consentimento Livre Esclarecido para os seus participantes (conforme ata de qualificação). 55 4.2 Universo da pesquisa A organização estudada faz parte de uma autarquia federal brasileira e é vinculada a um ministério do Poder Executivo Federal. Seu corpo dirigente autorizou a realização desta pesquisa, mas não sua identificação. A pesquisa foi realizada em uma das Gerências desta autarquia, que se localiza em um município do sul do estado de Minas Gerais e cuja atuação se estende, por meio de Postos de Atendimento, a cerca de setenta outros municípios. Essa estrutura atende a mais de um milhão de pessoas da região. A Gerência da autarquia é chamada, neste estudo, de “organização”, “órgão” ou “órgão público”. O órgão é composto por seis Seções Administrativas e 10 Postos de Atendimento distribuídos nos municípios sob sua competência. As Seções são responsáveis por trabalhos administrativos e outros direcionados à atividade fim do órgão, ao passo que os Postos realizam atendimento ao público e outros serviços administrativo-burocráticos relacionados à missão geral da organização, que envolve proteção e assistência aos trabalhadores e suas famílias. Nas Seções Administrativas concentram-se servidores públicos que realizam atividades predominantemente administrativas (que serão chamados Administrativos neste estudo), ao passo que nos Postos de Atendimento haja mais servidores que realizam atendimento ao público (chamados Atendentes), embora haja exceções. Sua estrutura apresenta três níveis hierárquicos (Anexos A e B), e contava, à época da coleta de dados (fevereiro de 2013), com o total de 162 colaboradores. Destes, 31 foram aqui considerados no grupo chamado de Gestores (que representa os servidores com um nível hierárquico sob sua gestão e inclui seus eventuais substitutos), e 131 foram considerados no grupo denominado como Subordinados (os que não tinham nenhum nível hierárquico inferior a eles ligado). Destaque-se que o Dirigente do órgão foi previamente excluído da pesquisa por ter dois níveis hierárquicos abaixo de sua linha de comando. 56 4.3 Composição da amostra A amostra foi constituída pelo critério de acessibilidade, ou seja, foram convidados a participar os servidores que estavam presentes e disponíveis em dia e horário normais de expediente de trabalho no órgão. Para ser incluído na amostra da pesquisa, cada servidor atendeu aos seguintes critérios: • ser servidor público efetivo (não poderia ser estagiário, funcionário terceirizado ou ter qualquer outro tipo de vínculo trabalhista que não fosse o de efetivo); • ser lotado no órgão público estudado; • ter idade superior a 18 anos e inferior a 70 anos – intervalo de idade permitido no serviço público civil federal brasileiro, conforme legislação (BRASIL, 1990); • optar, voluntariamente, pela participação na pesquisa, após informações sobre seus objetivos e demais esclarecimentos do pesquisador sobre a confidencialidade do uso dos dados; • responder o questionário adequado ao seu nível hierárquico (Gestor ou Subordinado); • responder o questionário por completo (inclusive às questões abertas e dados de caracterização) e sem rasuras. Dos 28 questionários respondidos pelos Gestores, três foram excluídos por apresentaram respostas incompletas, duplicadas ou rasuradas. Dos 104 questionários respondidos pelos Subordinados, dois foram excluídos pelos mesmos motivos. Assim, com base nos critérios de inclusão e exclusão adotados, a amostra ficou constituída de 25 servidores no grupo de Gestores e de 102 no grupo de Subordinados. 4.4 Instrumentos Foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados. Ambos são adaptações de instrumentos criados, utilizados e validados por outros autores brasileiros: o Questionário Interfaces QVT & Administração (LIMONGI-FRANÇA, 2010) e o Instrumento Síntese de 57 Pesquisa e Diagnóstico em QVT (MEDEIROS, 2007), os quais foram aplicados, respectivamente, aos Gestores e aos Subordinados que compuseram a amostra. O Questionário Interfaces QVT & Administração (Anexo D) – conforme descrição de seu modelo conceitual (BPSO-96) no item 3.2 (p. 30) – tem 29 questões e foi criado para identificar as concepções de administradores de empresas sobre os fatores críticos associados à QVT. Para este estudo ele foi adaptado para aplicação junto aos Gestores do órgão público estudado, sendo a adaptação denominada Questionário Interfaces QVT & Administração Pública (Apêndice B). As definições dos Fatores Críticos de QVT, segundo Limongi-França (2010), com as questões correspondentes no instrumento utilizado neste estudo são: • Conceito – percepção conceitual sobre QVT. Questões: 1, 2, 3, 17, 19, 28 e 29; • Produtividade – relação entre a QVT e produtividade no trabalho. Questões: 6, 10, 20, 22 e 26; • Legitimidade – percepção da QVT como algo legítimo, importante, valorizado. Questões: 5, 7, 8, 9, 14, 21, 27, 31 e 32; • Perfil do Gestor – agrupamento dos gestores nas categorias chamadas de Incondicionais, Conciliadores e Refratários (Fator Crítico excluído dessa dissertação, por não fazer parte de seus objetivos); • Práticas e Valores – esforços orientados para a QVT (ações, programas, modelos e ideias). Questões: 4, 11, 18, 23 e 30; • Nova Competência – percepção da QVT no cenário de novas práticas organizacionais. Questões: 12, 13, 15, 16, 24, 25 e 26. Para caracterização da amostra, o instrumento adaptado também solicitou as seguintes informações dos participantes: gênero, idade, estado civil, escolaridade, renda, número de dependentes, tempo de serviço no órgão público, nível do cargo (médio ou superior) e se realiza atendimento diário ao público externo. Esta última informação foi solicitada porque a Comissão de QVT da organização relatou, em entrevista, que havia diferenças na avaliação de QVT entre os servidores que realizam e os que não realizam atendimento ao público. 58 Como resultado do estudo-piloto, para adequação do instrumento foram modificados os seguintes aspectos do instrumento original: • as instruções iniciais foram redigidas em outros termos, pois o instrumento original era devolvido à pesquisadora via e-mail e, nesta pesquisa, a aplicação foi presencial; • incluiu-se, após a questão 2 (Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho), uma questão com os mesmos termos, acrescida do complemento “em órgãos públicos”. Isso para que se verificasse se as concepções dos participantes sobre a QVT no setor privado e público eram as mesmas; • na questão 6.1 do instrumento adaptado (e 5.1, no instrumento original), acrescentou-se a frase “Caso a resposta da questão 6 tenha sido 3 (concordo) ou 4 (concordo plenamente), responda à questão 6.1” antes da pergunta “De que forma?”, pois os participantes do estudo-piloto consideraram que, se o participante respondesse a questão 6 de forma discordante, não haveria lógica em responder à questão 6.1; • as identificações dos participantes como “administradores de empresas” foram substituídas por “chefes/gestores”, as dos “empregados” por “servidores públicos que não ocupam posição de chefia/gestão”, as dos “empregadores” por “Direção e Alta Direção em órgãos públicos” e a da “empresa” por “órgão público”; • nas questões 22, 23, 25, 27, 28 e 29 do instrumento original (23, 24, 26, 28, 29 e 30, respectivamente, no instrumento adaptado), as opções de respostas foram alteradas (algumas incluídas, outras alteradas ou retiradas) para melhor se contextualizarem com o Serviço Público; • foram incluídas as questões 31 e 32, para identificar a concepção dos participantes sobre relações entre QVT e Responsabilidade Social Empresarial e entre QVT e Desenvolvimento Sustentável; • duas questões abertas (33 e 34) também foram incluídas, a fim de que os participantes indicassem uma palavra-chave que definisse os termos Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável, respectivamente. A versão final do instrumento em questão, após essas adaptações ficou composta com 34 questões e se encontra no Apêndice B. O Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT (Anexo C) – cujo modelo conceitual já foi mencionado no item 3.2 (p.29) – tem 48 questões e visa à avaliação da QVT 59 com base em dez dimensões e 48 indicadores. Estas dimensões e indicadores são descritos, a seguir, com base em Medeiros (2007) e Medeiros e Oliveira (2011). 1. Execução do Trabalho – aborda, especificamente, a tarefa ou o trabalho desenvolvido pelo sujeito. Refere às características objetivas do trabalho e tem os seguintes indicadores: o Ritmo de Trabalho – avalia se há esgotamento em relação à quantidade de trabalho executada em cada turno de trabalho; o Significado do Trabalho (Realização de Tarefas Simples e Corriqueiras) – se a execução de tarefas agrega conhecimento profissional; o Uso de Iniciativa, Criatividade e Discernimento no Trabalho – uso da iniciativa e discernimento pelo indivíduo para realização do trabalho; o Significância do Trabalho – grau através do qual o indivíduo experimenta suas tarefas de forma significativa e valiosa; o Feedback do Trabalho (Feedback Intrínseco) – nível em que o indivíduo recebe informações claras sobre seu desempenho, por meio da execução de sua própria tarefa; o Realização de Tarefas Completas (Identidade da Tarefa) – grau em que a tarefa requer a execução de um trabalho completo e identificável, isto é, realiza-se uma tarefa do começo até o fim, com seus resultados visíveis; o Desempenho na Realização das Tarefas – visa medir a qualidade do trabalho. 2. Autorrealização – refere-se ao quanto o trabalho proporciona satisfação e realização para o indivíduo que o desempenha, seja na profissão ou na vida pessoal. Seus indicadores são: o Progresso Funcional – oportunidade de ascensão profissional dentro da organização; o Realização Pessoal – desenvolvimento de um trabalho digno e gratificante; o Realização Profissional – oportunidade de aprendizagem e de seguir carreira dentro da organização; o Oportunidade de Desenvolvimento Pessoal – processo de educação continuada para o desenvolvimento de potencialidades da pessoa e aplicação das mesmas; o Variedade de Tarefas: grau em que a tarefa requer uma variedade de atividades diferentes para sua execução, por meio das quais há envolvimento e uso de várias habilidades e talentos por um mesmo indivíduo; 60 o Satisfação com o Trabalho – visa medir o Bem-Estar do indivíduo em relação ao seu trabalho. 3. Equidade no Trabalho – envolve a disposição de reconhecer, igualmente, o direito de cada indivíduo no espaço de trabalho. Inclui os indicadores: o Relacionamento com Colegas – qualidade do relacionamento inter-pessoal recebido pelo auxílio recíproco, confiança mútua e respeito à individualidade; o Responsabilidade pelo Trabalho Executado – grau através do qual o indivíduo se sente pessoalmente responsável pelos resultados das tarefas que executa; o Ajuda do Chefe quando tem Problemas no Trabalho – nível de apoio oferecido pelo superior aos seus subordinados; o Fluxo de Informações na Organização – nível de eficácia do processo de transmissão de informações na empresa em todas as direções; o Condições Físicas do Ambiente de Trabalho – diz respeito à melhoria das condições físicas, proporcionando maior conforto e a organização do local de trabalho, com mínima possibilidade de risco de doenças e danos físicos ao trabalhador; o Plano de Cargos e Salários – satisfação com o plano de cargos e salários da organização. 4. Relação com a Organização – contempla os valores, princípios e normas da organização. São seus indicadores: o Imagem Externa da Organização – importância da organização para a comunidade; o Identificação com a Missão – semelhança entre a missão da organização e os objetivos da vida do sujeito; o Importância das Antigas Histórias de Sucesso da Organização – nível de relevância do passado organizacional em relação ao seu presente; o Importância do Indivíduo para que a Organização atinja seus Objetivos – refere-se ao sentimento de valorização e relevância que a organização e a comunidade atribuem ao indivíduo, na organização; o Contribuição do Trabalho para a Comunidade – percepção do trabalhador sobre a importância e responsabilidade de seu trabalho e da sua organização por dar retorno à comunidade; o Clareza dos Objetivos e Metas do Trabalho – grau de divulgação dos objetivos e metas do trabalho. 61 5. Organização do Trabalho – reporta-se às formas e aos arranjos organizacionais, o que inclui processos de trabalho, procedimentos administrativos e políticas organizacionais. São seus indicadores: o Ausência de Burocracia – avalia se a estrutura organizacional permite agilidade nas decisões; o Existência de Comemorações Internas – verifica a existência e comemoração de datas significativas para a organização; o Satisfação com a Supervisão Recebida – grau de Bem-Estar do indivíduo em relação à supervisão; o Gestão da Organização Competente e Democrática – nível de competência e de democracia existentes na gestão; o Relação com Sindicato ou Associação – refere-se à efetividade da mobilização do sindicato ou associação da categoria; o Materiais e Equipamentos – satisfação quanto à quantidade e qualidade dos materiais e equipamentos disponíveis para a execução do trabalho. 6. Adequação da Remuneração – estabelece a relação entre a realização do trabalho e sua devida remuneração, com os seguintes indicadores: o Equidade Salarial Interna – procura estabelecer uma relação de proporcionalidade entre os diversos níveis de compensações dentro da empresa; o Equidade Salarial Externa – identifica a relação entre os padrões salariais da empresa com mercados de trabalho semelhantes fora dela; o Relação Salário-Desempenho – verifica se o salário recebido pelo trabalhador é justo, se comparado com as tarefas que desenvolve, além de verificar se o nível de remuneração é adequado ao grau de esforço, de qualificação, de habilidade e de responsabilidade que o trabalho exige do indivíduo. 7. Relação Chefe-Subordinado – implica na satisfação do funcionário no que concerne ao seu relacionamento tanto pessoal como profissional com seu chefe; o Feedback Extrínseco – revela o grau em que o indivíduo recebe claras informações sobre seu desempenho, através de seus superiores, colegas e clientes; o Respeito Recebido dos Superiores – consideração e estima dos superiores para com seus subordinados; o Reconhecimento – verifica se há retorno positivo por uma ação bem executada; 62 o Tratamento Igualitário – ausência de favoritismo e preferências da direção e chefia em relação aos trabalhadores; o Autonomia – grau em que a tarefa fornece ao indivíduo liberdade substancial, independência e descrição para programar o trabalho e determinar os procedimentos necessários para sua execução. 8. Efetividade da Comunicação e Aprendizagem Organizacional – representa o nível de eficácia do processo de transmissão de informações na organização, em todas as direções, assim como a possibilidade de se qualificar no trabalho. Os indicadores são: o Acesso à Informação – nível de disponibilidade de informações quando do surgimento de algo novo na rotina de trabalho; o Incentivo à Qualificação – nível de incentivos para qualificação profissional, por treinamentos e capacitações promovidos pela organização ou fora dela; o Conhecimento do Processo de Prestação de Serviço da Organização – visa medir como o indivíduo conhece e entende a maneira como a organização funciona. 9. Relação Trabalho e Vida Pessoal – reflete as relações entre as atividades profissionais e a vida pessoal dos trabalhadores, por meio dos indicadores: o Imagem Interna – verifica o orgulho e a satisfação do indivíduo em ser membro integrante da organização; o Segurança quanto ao Futuro na Organização – nível de segurança do trabalhador em relação à manutenção do seu emprego e de sua remuneração; o Habilidade para Enfrentar Mudanças – nível de habilidade para lidar com as mudanças no trabalho; o Equilíbrio entre Vida Pessoal e Trabalho – relacionamento equilibrado entre o trabalho do indivíduo e as outras atividades existentes em sua vida, como o convívio familiar, o lazer e as atividades pessoais. 10. Efetividade dos Processos de Trabalho – relaciona-se com a forma de trabalho da organização e sua contribuição para o alcance das metas organizacionais, com dois indicadores: o Coerência e Eficácia do Trabalho – identifica se há harmonia na relação existente na rotina de trabalho; o Atuação Integrada dos Setores – avalia o senso de comunidade existente na organização. 63 As dimensões e indicadores do Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT foram elaboradas com base em perspectivas conceituais de diferentes autores, conforme se pode visualizar no Quadro 7. Quadro 7 – Dimensões e Indicadores de QVT DIMENSÃO / FATOR 1- EXECUÇÃO DO TRABALHO INDICADOR / VARIÁVEL AUTORES Realização de tarefas simples e corriqueiras (Significado do trabalho) Hackman e Oldham, Walton, Werther e Davis, Belanger, Nadler e Lawler, Siqueira e Coleta, Fernandes, Rodrigues, Quirino e Xavier Desempenho na realização das tarefas Hackman e Oldham, Belanger Significância do trabalho Hackman e Oldham, Limongi-França, Rodrigues, Walton Realização de tarefas completas (Identidade da tarefa) Belanger, Hackman e Oldham, Lippitt, Fernandes Feedback do trabalho (Feedback intrínseco) Hackman e Oldham, Denis, Walton Uso de iniciativa, criatividade e discernimento no Hackman e Oldham, Westley, Walton, Lippitt, trabalho (Criatividade) Belanger, Fernandes Ritmo de trabalho Westley, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Walton, Nadler e Lawler, Huse e Cummings, Fernandes Realização profissional Westley, Hackman e Oldham, Walton Realização pessoal Westley, Hackman e Oldham Variedade de tarefas Hackman e Oldham, Belanger, Rodrigues, Walton, Fernandes, Quirino e Xavier, Limongi-França, Huse e Cummings, Nadler e Lawler, Lippitt, Westley, Werther e Davis, Siqueira e Coleta Satisfação com o trabalho Hackman e Oldham, Theriault, Limongi-França Oportunidade de desenvolvimento pessoal Westley, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Walton, Quirino e Xavier Progresso funcional (Oportunidade de desenvolvimento profissional) Rodrigues, Westley, Limongi-França, Werther e Davis, Belanger, Hackman e Oldham, Quirino e Xavier 2AUTORREALIZAÇÃO Fonte: adaptado de Medeiros (2007) e Medeiros e Oliveira (2011) 64 Quadro 7 – Dimensões e Indicadores de QVT (Continuação 1) DIMENSÃO / FATOR 3- EQUIDADE NO TRABALHO INDICADOR / VARIÁVEL AUTORES (Contar com a) Ajuda do chefe quando tem problemas no trabalho Lippitt, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Quirino e Xavier, Fernandes Relacionamento com colegas Rodrigues, Westley, Walton, Lippitt, Werther e Davis, Belanger, Hackman e Oldham, Limongi-França, Fernandes, Quirino e Xavier, Siqueira e Coleta Responsabilidade pelo trabalho executado Walton, Hackman e Oldham, Lippitt, Balenger, Westley, Quirino e Xavier, Siqueira e Coleta Fluxo de informação (Fluxo de informações na organização) Rodrigues, Lippitt, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Fernandes, Denis, Siqueira e Coleta Condições físicas do ambiente de trabalho Limongi-França, Walton, Rodrigues, Theriault, Fernandes, Siqueira e Coleta Satisfação com o plano de cargos e salários (Plano de cargo e salários) Westley Identificação com a missão Rodrigues, Theriault, Werther e Davis, Hackman e Oldham Importância do indivíduo para que a organização atinja seus objetivos Walton, Werther e Davis Contribuição do trabalho para a comunidade Walton, Lippitt Imagem externa da organização Werther e Davis, Fernandes, Siqueira e Coleta Importância das antigas histórias de sucesso da organização Rodrigues Clareza dos objetivos de metas do trabalho Lippitt, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Belanger, Fernandes Ausência de burocracia (Estrutura permite agilidade nas decisões) Limongi-França, Rodrigues Qualidade da supervisão recebida (Satisfação com a supervisão recebida) Hackman e Oldham Atuação sindical (Relação com sindicato ou associação) Westley, Denis, Theriault Existência de comemorações internas Rodrigues, Theriault, Nadler e Lawler, Westley Gestão da organização competente e democrática (Gestão da organização) Westley, Quirino e Xavier, Siqueira e Coleta Existência de materiais e equipamentos adequados (Materiais e equipamentos) Limongi-França, Walton, Westley, Werther e Davis, Quirino e Xavier, Siqueira e Coleta 4- RELAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO 5- ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Fonte: adaptado de Medeiros (2007) e Medeiros e Oliveira (2011) 65 Quadro 7 – Dimensões e Indicadores de QVT (Continuação 2) DIMENSÃO / FATOR 6- ADEQUAÇÃO DA REMUNERAÇÃO 7- RELAÇÃO CHEFESUBORDINADO 8- EFETIVIDADE DA COMUNICAÇÃO E APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL 9- RELAÇÃO TRABALHO E VIDA PESSOAL INDICADOR / VARIÁVEL AUTORES Equidade salarial externa Walton, Werther e Davis, Fernandes Equidade salarial interna Werther e Davis, Huse e Cummings, Walton, Fernandes Relação salário-desempenho Walton, Hackman e Oldham, Westley, Quirino e Xavier, Wether e Davis Feedback extrínseco Werther e Davis, Hackman e Oldham, Westley, Belanger, Walton, Huse e Cummings, Lippitt, Fernandes, Quirino e Xavier Reconhecimento Werther e Davis, Rodrigues Respeito recebido dos superiores Hackman e Oldham Autonomia Hackman e Oldham, Lippitt, Werther e Davis, Belanger, Walton, Nadler e Lawler, Huse e Cummings, Rodrigues Tratamento igualitário Rodrigues, Werther e Davis, Theriault, Walton, Quirino e Xavier, Fernandes Conhecimento do processo completo de produção ou prestação de serviço da organização (Conhecimento dos resultados do trabalho) Walton, Lippitt Informação quanto a mudanças e eventos (Acesso à informação) Rodrigues, Lippitt, Werther e Davis, Hackman e Oldham, Fernandes Incentivo à qualificação Walton, Rodrigues, Belanger, Fernandes, Quirino e Xavier, Siqueira e Coleta Habilidade para enfrentar mudanças Lippitt Imagem interna (Esta é a melhor organização para se trabalhar) Limongi-França, Westley, Hackman e Oldham, Rodrigues, Walton, Fernandes, Siqueira e Coleta Segurança quanto ao futuro na organização Hackman e Oldham, Werther e Davis, Walton, Westley, Rodrigues, Fernandes, Quirino e Xavier Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho (Interferência do trabalho na vida pessoal) Limongi-França, Walton, Werther e Davis, Lippitt, Siqueira e Coleta Atuação integrada dos setores 10- EFETIVIDADE DOS PROCESSOS DE TRABALHO Processos de trabalho coerentes e eficazes (Coerência e eficácia do trabalho) Werther e Davis Rodrigues, Werther e Davis, Fernandes Fonte: adaptado de Medeiros (2007) e Medeiros e Oliveira (2011) Após sua elaboração, o Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT foi aplicado, pelo seu autor, em uma amostra de servidores públicos, sendo, posteriormente, validado estatisticamente e encontrando-se disponível na literatura (MEDEIROS e OLIVEIRA, 2011). 66 O citado instrumento foi escolhido para a coleta de dados sobre QVT junto ao Grupo de Subordinados do presente estudo, tendo-se em conta sua abrangência e validação em órgão do Serviço Público brasileiro de natureza semelhante ao que foi aqui estudado. Para tanto, foram feitas as seguintes adaptações, após o estudo-piloto: • retirou-se o sombreado das colunas de respostas de números 1, 3 e 5; • incluíram-se questões para a caracterização dos participantes (sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda, número de dependentes, tempo de serviço no órgão público, nível do cargo; se realiza atendimento diário ao público externo, ou não); • incluiu-se uma questão aberta (Questão 49) na qual os participantes foram solicitados a definir, com uma palavra, o significado do termo “Qualidade de Vida no Trabalho”. O instrumento resultante dessas adaptações ficou composto com 49 questões e é apresentado no Apêndice A. Importante destacar que os dois instrumentos de coleta de dados utilizados se relacionam, visto que, conforme aponta o Quadro 7, o Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT (MEDEIROS, 2007) foi formulado utilizando em sua base conceitual indicadores oriundos de estudos da autora do Questionário Interfaces QVT & Administração (LIMONGIFRANÇA, 2010). 4.5 Procedimentos de coleta de dados Previamente à coleta de dados, o dirigente do órgão enviou correspondência oficial via e-mail para todos os servidores de sua Gerência, identificando o pesquisador, apresentando informações sobre a pesquisa (objetivos, duração e outros) e solicitando a adesão de cada um (Apêndice D). O dirigente também solicitou que uma servidora de confiança (membro do Comitê de Qualidade de Vida no Trabalho do órgão) desse apoio ao pesquisador, principalmente para o agendamento das visitas nos locais onde ocorreria a aplicação dos questionários. A coleta de dados, propriamente, ocorreu entre os dias 15 de fevereiro e 17 de abril de 2013, dentro do horário de expediente de trabalho, em 10 cidades onde se localizam as Seções Administrativas e os Postos de Atendimento do órgão. Em cada local, foi disponibilizada uma 67 sala para aplicação coletiva dos questionários, pelo pesquisador. Para o local se encaminharam, em grupos de até 27 pessoas, os servidores presentes no dia de trabalho e interessados/disponíveis para participar da pesquisa (gestores e subordinados). Em cada sessão de aplicação, o pesquisador recebeu os participantes, apresentou-se e procedeu à coleta de dados, de acordo com as etapas descritas na sequência. • Apresentação do estudo (objetivos, aspectos éticos e de sigilo/anonimato), utilizando slides em Microsoft Power Point (Apêndice C). • Entrega dos questionários aos servidores subordinados e aos gestores, solicitando que lessem as instruções de preenchimento neles contidas. • Esclarecimento sobre eventuais dúvidas. • Recebimento dos questionários preenchidos. • Verificação sobre o adequado preenchimento dos questionários. Quando havia questões em branco, preenchidas em duplicidade ou com rasuras, o pesquisador solicitava que o participante sanasse a inconformidade – o que foi atendido pela grande maioria. Nos casos contrários, os questionários foram excluídos do estudo. • Agradecimento pela participação. No total, foram realizadas 30 sessões para aplicação dos questionários, cuja duração média foi de 12 minutos para os Subordinados e 18 minutos para os Gestores. Os dados secundários utilizados para caracterizar as ações de QVT e classificar seu nível de gestão de QVT no órgão público foram coletados pelo pesquisador por meio de entrevistas não estruturadas realizadas com o dirigente do mesmo, com a Comissão de QVT e com os gestores dos Setores Administrativos e dos Postos de Atendimento. Nessas entrevistas, os participantes foram questionados sobre as ações de QVT existentes no órgão, seus resultados, a procedência de tais ações, os modelos conceituais, instrumentos e indicadores eventualmente utilizados para embasá-las. As respostas obtidas foram anotadas para posterior análise. 68 4.6 Procedimentos de análise dos dados Na etapa inicial da análise dos dados, foram utilizados métodos de estatística descritiva para melhorar o entendimento do panorama geral do estudo (TRIOLA, 1999). Nesta etapa, com o auxílio do programa Microsoft Excel 2003 e do software estatístico SPSS 14.0 (Statistical Package for the Social Sciences), foram calculadas medidas de frequência, de tendência central (média), de dispersão/variação (desvio-padrão) e Intervalo de Confiança6 (Nível de Confiança de 95%). Para facilitar a visualização das informações, foram criadas tabelas descritivas com frequências e percentuais das respostas (Apêndices E e F). A fim de se caracterizar os participantes da pesquisa (Gestores e Subordinados) quanto às variáveis sociodemográficas e às características do trabalho no órgão público pesquisado, foram criadas tabelas de frequências e respectivos percentuais, no Microsoft Excel 2003. Para identificar equilíbrio ou desequilíbrio na distribuição das frequências nas categorias de respostas relativas a estas variáveis, foi utilizado o teste estatístico Qui-quadrado (MALHOTRA, 2006), cujos cálculos também foram feitos por meio de planilha do Microsoft Excel 2003. Os dados coletados dos Gestores sobre suas concepções (Fatores Críticos) de QVT, mediante o Questionário Interfaces QVT & Administração Pública (Apêndice B), foram tabulados em planilha do Microsoft Excel 2003 e tratados de diferentes formas, considerando-se que o instrumento utilizado não é uniforme (conta com questões abertas e fechadas, estas últimas com diferentes números de pontos em escalas do tipo Likert). As questões 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23 (1ª parte), 24 (1ª parte), 25 (1ª parte), 26 (1ª parte), 27 (1ª parte), 31 e 32 são fechadas, sendo apresentadas como uma afirmativa diante da qual o participante deveria escolher entre as opções verdadeiro e falso, ou entre níveis de concordância, discordância ou desconhecimento. Para a tabulação dessas questões, as escalas foram uniformizadas, a fim de que houvesse possibilidade de aglutinação das respostas em conjuntos comuns de Fatores Críticos (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Independentemente do número de pontos das escalas dessas perguntas, todas as 6 Calculados com o auxílio do software livre disponível no sítio www.researchinfo.com/docs/calculators/samplesize.cfm. 69 respostas foram padronizadas para que 0% significasse a menor opção possível e 100%, a maior. Importante destacar que as questões 8 e 18 tiveram suas respostas revertidas (100% a menor opção e 0% a maior), dada sua natureza. Dessa forma, a apresentação dos resultados dos Fatores Críticos é feita com os valores ajustados das respostas (de 0% a 100%). Após isso, foi calculada a Média dos Fatores Críticos (MFC), que é a média aritmética simples de todas as respostas obtidas nas questões fechadas. As frequências e percentuais dessas respostas, encontram-se no Apêndice E. As demais respostas do Questionário Interfaces QVT & Administração Pública foram tratadas conforme descrição que se segue. • Questão 1 – a partir das respostas obtidas, foram criadas categorias com base na questão similar do estudo de Limongi-França (2010). A seguir, as respostas foram classificadas nessas categorias, mediante debate e acordo entre o pesquisador e a orientadora. • Questões 2, 3 e 27 (2ª parte) – foram definidas categorias a partir do Modelo BPSO-96 (apresentadas no subtítulo 3.2, também com base em Limongi-França, 2010). Posteriormente, as definições e o conjunto de respostas dos participantes foram submetidos a um corpo cinco juízes independentes à pesquisa, para que fizessem a categorização. Cada um deles o fez de forma isolada e, depois, foram calculados Índices de Concordância (IC) por questão (FAGUNDES, 2004), sendo consideradas as respostas que obtiveram o IC mínimo de 60% entre os cinco juízes. • Questão 25 (2ª parte) – as respostas obtidas nessa questão foram apresentadas de forma literal, na seção 5 (Resultados e Discussão). • Questões 33 e 34 – a partir das respostas, criaram-se categorias semânticas (BARDIN, 1994) que as englobassem, mediante o acordo entre o pesquisador e sua orientadora. • Questões 23 (2ª parte), 24 (2ª parte), 26 (2ª parte), 28, 29 e 30 – foram tabuladas e calculadas as frequências de cada resposta. • Questões com opção “Outros”: 23, 24, 26, 28, 29 e 30 – as respostas obtidas foram citadas de forma literal, na seção 5 (Resultados e Discussão). Importante salientar que, na maioria das questões do Questionário Interfaces QVT & Administração Pública a escala de respostas varia de 0 a 4, sendo: 0, desconheço; 1, Discordo Plenamente; 2, Discordo; 3, Concordo; 4, Concordo Plenamente. Dessa forma, para efeito de análise e discussões, convencionou-se que a soma dos percentuais nos pontos 1 e 2 das 70 escalas é considerada discordância e a soma dos percentuais nos pontos 3 e 4 das escalas é considerada concordância. Os dados relativos à avaliação da QVT pelos Subordinados (obtidos por intermédio do Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT adaptado para a presente pesquisa) foram tabulados e tratados como o fizeram Medeiros (2007) e Medeiros e Oliveira (2011). Além disso, criou-se o indicador Média da QVT (MQVT), que é a média aritmética simples dos resultados das 10 dimensões constantes no instrumento. Para a classificação dos dados de QVT também se seguiram os critérios de Medeiros (2007), que constam na Tabela 2. Note-se que essa tabela foi adaptada, com a inclusão da coluna de percentuais equivalentes às pontuações/escores médios obtidos e que as respostas das questões da Dimensão 1 foram revertidas, considerando-se a forma como são apresentadas no questionário. Tabela 2 - Critérios de Análise dos Resultados dos Subordinados Pontuação/Escore Médio 1 2 3 4 5 6 Percentual Equivalente 0% 20% 40% 60% 80% 100% Classificação de QVT Péssima Negativas Muito Ruim Ruim Boa Positivas Muito Boa Ótima Fonte: adaptado de Medeiros (2007) Para as comparações entre os Subordinados que realizam atendimento ao público externo (aqui chamados de Atendentes) e aqueles que não realizam (chamados de Administrativos), primeiramente utilizou-se o software estatístico SPSS 14.0 para calcular o índice de Correlação Linear de Pearson (r) entre as respostas dos Atendentes e o índice Média da QVT, considerando-se significativas, conforme os critérios do referido software, as correlações com um nível maior ou igual a 0,95. Destaca-se que tanto os Subordinados quanto os Gestores podem realizar atendimento ao público, na organização pública pesquisada. Posteriormente, calculou-se o escore médio de cada um dos 48 indicadores do instrumento para cada um dos dois grupos (Atendentes e Administrativos). Foram objeto de análise os indicadores cujos resultados dos dois grupos divergissem em mais de 20%. Para as análises correlacionais dos Fatores Críticos x Dimensões da QVT, as respostas dos Gestores e Subordinados foram padronizadas, considerando-se a menor resposta possível 71 como 0 e a maior como 100, sendo as respostas intermediárias classificadas em intervalos proporcionais. Como exemplo, nas questões onde a escala variava de 1 a 6, as respostas foram assim tabuladas: a resposta “1” foi tabulada como 0, a resposta “2” foi tabulada como 20, a resposta “3” foi tabulada como 40, a resposta “4” foi tabulada como 60, a resposta “5” foi tabulada como 80 e a resposta “6” foi tabulada como 100. Utilizou-se como recurso de cálculo o software estatístico SPSS 14.0 (Statistical Package for the Social Sciences) e, dessa forma, mesmo as questões com diferentes gradações puderam ser equiparadas. Em seguida, foram calculadas correlações pelo cruzamento dos valores atribuídos no estudo aos cinco Fatores Críticos de QVT, da Média dos Fatores Críticos (MFC), das dez Dimensões de QVT e da Média da QVT (MQVT), totalizando 66 pares de dados. Para tal, foi utilizado o Coeficiente de Correlação Linear ou de Pearson (r) (TRIOLA, 1999) calculado por meio do programa SPSS 14.0. Para verificar se a correlação encontrada era significativa do ponto de vista estatístico, adotaram-se os critérios do referido software: valores de “r” acompanhados de dois asteriscos quando a correlação era significante ao nível de 0,99, de um asterisco quando a correlação era significante ao nível de 0,95 ou de nenhum asterisco quando não havia significância na correlação. Além dos resultados obtidos por meio dos dois questionários utilizados no estudo, o pesquisador realizou entrevistas não estruturadas com diversos servidores do órgão durante as reuniões prévias à coleta de dados e durante essa mesma fase, obtendo dados secundários que foram registrados a fim de que subsidiassem a caracterização da organização e sua classificação em termos do nível de abrangência da Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (GQVT), conforme definições de Limongi-França (2001) apresentadas no subtítulo 3.3. 72 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Caracterização dos participantes Os servidores do órgão público que constituíram a amostra foram 127 no total, incluindo o grupo de Gestores e o de Subordinados. Do universo de 31 Gestores, a amostra contou com 25 participantes (80,6%) ao Nível de Confiança de 95% e Intervalo de Confiança de 9,0. Já da população de 131 Subordinados, 102 (77,8%) participaram da pesquisa (Nível de Confiança de 95% e Intervalo de Confiança de 4,6). Os dados sociodemográficos que caracterizam os dois grupos de participantes são apresentados na Tabela 3, onde se pode verificar que a amostra total se apresentou bem equilibrada quanto ao Gênero, sendo praticamente metade os participantes do gênero masculino (50,4%) e metade do gênero feminino (49,6%). No grupo dos Subordinados, a distribuição foi exatamente igual (50%) para cada gênero e no grupo de Gestores, foi de 48,0% para o feminino e 52,0% para o masculino. Portanto, considera-se que não há diferenças nessa variável. Quanto à variável Idade, verifica-se, na mesma tabela, que a distribuição é ampla (entre 18 e 70 anos). No grupo dos Subordinados, a maior concentração ocorre na faixa de 30 a 35 anos (18,6%), embora nas faixas de 24 a 29 anos e 46 a 50 anos também haja concentrações próximas (16,7% em cada uma). Nesse grupo, o teste de homogeneidade (Qui-quadrado) indica que a distribuição observada difere da esperada de modo significativo (χ2o = 37,41; χ2C = 16,92; n.g.l. = 9; n. sig. = 0,05). No grupo de Gestores as maiores frequências ocorrem nas faixas de 30 a 35 anos e 51 a 55 anos (20,0% em cada) e não há diferenças estatísticas significantes na distribuição (χ2o = 13,80; χ2C = 16,92; n.g.l. = 9; n. sig. = 0,05). Comparandose os dois grupos, verifica-se, portanto, uma diferença entre eles no que se refere à variável Idade: entre os Gestores há uma distribuição equilibrada nas diferentes faixas, mas entre os Subordinados não. 73 Tabela 3: Distribuição dos participantes quanto a variáveis sociodemográficas Variáveis Feminino Masculino Total 18 a 23 24 a 29 30 a 35 36 a 40 41 a 45 IDADE 46 a 50 (em anos) 51 a 55 56 a 60 61 a 65 66 a 70 Total Solteiro(a) Casado(a) / União Estável Viúvo(a) ESTADO CIVIL Separado(a) / Divorciado(a) Total Nenhum 1 2 NÚMERO DE 3 DEPENDENTES 4 5 Total 1a5 6 a 10 RENDA FAMILIAR 11 a 15 (em salários 16 a 20 mínimos) Acima de 20 Total Ens. Médio Completo Ens. Técnico Incompleto Ens. Técnico Completo Ens. Superior Incompleto Ens. Superior Completo Especialização Incompleta ESCOLARIDADE Especialização Completa Mestrado Incompleto Mestrado Completo Doutorado Incompleto Doutorado Completo Total Fonte: resultados da pesquisa GÊNERO Subordinados Freq. % 51 50,0 51 50,0 102 100,0 01 1,0 17 16,7 19 18,6 10 9,8 07 6,9 17 16,7 14 13,7 10 9,8 06 5,9 01 1,0 102 100,0 20 19,6 71 69,6 01 1,0 10 9,8 102 100,0 27 26,5 20 19,6 26 25,5 19 18,6 07 6,9 03 2,9 102 100,0 06 5,9 56 54,9 21 20,6 04 3,9 15 14,7 102 100,0 05 4,9 00 0,0 03 2,9 07 6,9 40 39,2 02 2,0 38 37,3 00 0,0 05 4,9 00 0,0 02 2,0 102 100,0 Gestores Freq. % 12 48,0 13 52,0 25 100,0 00 0,0 04 16,0 05 20,0 04 16,0 02 8,0 03 12,0 05 20,0 01 4,0 01 4,0 00 0,0 25 100,0 02 8,0 21 84,0 01 4,0 01 4,0 25 100,0 04 16,0 07 28,0 10 40,0 04 16,0 00 0,0 00 0,0 25 100,0 00 0,0 11 44,0 07 28,0 06 24,0 01 4,0 25 100,0 01 4,0 00 0,0 00 0,0 01 4,0 05 20,0 02 8,0 16 64,0 00 0,0 00 0,0 00 0,0 00 0,0 25 100,0 Total Freq. % 63 49,6 64 50,4 127 100,0 01 0,8 21 16,5 24 18,9 14 11,0 09 7,1 20 15,7 19 15,0 11 8,7 07 5,5 01 0,8 127 100,0 22 17,3 92 72,4 02 1,6 11 8,7 127 100,0 31 24,4 27 21,3 36 28,3 23 18,1 07 5,5 03 2,4 127 100,0 06 4,7 67 52,8 28 22,0 10 7,9 16 12,6 127 100,0 06 4,7 00 0,0 03 2,4 08 6,3 45 35,4 04 3,1 54 42,5 00 0,0 05 3,9 00 0,0 02 1,6 127 100,0 A distribuição das frequências nas seis categorias de respostas da variável sociodemográfica Estado Civil (Tabela 3) indica que a maior parte dos participantes de ambos os grupos é de servidores casados ou em união estável. No grupo de Subordinados o percentual nessa categoria é de 69,6% e o teste de homogeneidade da distribuição indica assimetria (χ2o = 74 115,33; χ2C = 7,82; n.g.l. = 3; n. sig. = 0,05). No grupo de Gestores o percentual da mesma categoria é maior (84,0%) e a distribuição de frequências também é assimétrica (χ2o = 46,52; χ2C = 7,82; n.g.l. = 3; n. sig. = 0,05). Destaca-se que na categoria dos participantes solteiros (segunda maior em ambos os grupos), é bem maior a proporção de Subordinados (19,6%) do que de Gestores (8,0%). Na Tabela 3 também se observa que o número de Dependentes dos participantes variou de zero a cinco. No grupo dos Subordinados predominam os que não têm dependentes (26,5%), seguidos de perto pelos que têm dois dependentes (25,5%). A distribuição nas categorias de respostas é estatisticamente desequilibrada, conforme indica o teste Qui-quadrado, com o qual se obteve χ2o = 22,82 (χ2C = 11,07; n.g.l. = 5; n. sig. = 0,05). Por outro lado, o maior grupo de Gestores (40%) tem dois dependentes, sendo que a distribuição de frequências também é estatisticamente desigual entre as categorias de respostas (χ2o = 18,44; χ2C = 11,07; n.g.l. = 5; n. sig. = 0,05). Em relação à variável Renda Familiar, em ambos os grupos pesquisados, as maiores frequências são observadas nas categorias de 6 a 10 e de 11 a 15 salários mínimos, como se verifica na Tabela 3. No caso dos Subordinados estas duas categorias representam 75,5% dos participantes do grupo e, no caso dos Gestores, representam pouco menos (72,0%). A distribuição desta variável mostrou-se diferente da esperada de modo significativo nos dois grupos da amostra (para os Subordinados obteve-se χ2o = 86,92 e para os Gestores χ2o = 16,40; χ2C = 9,49; n.g.l. = 4; n. sig. = 0,05). Na Tabela 3 verifica-se, ainda, que a Escolaridade dos participantes, em seu conjunto, varia entre Ensino Médio Completo e Doutorado Completo, embora as maiores frequências ocorram, em ambos os grupos, entre Ensino Superior Completo e Especialização (Incompleta e Completa). Nestas categorias, o grupo de Subordinados conta com 78,5% dos participantes e o de Gestores com um percentual maior (92,0%). Ressalte-se que entre os Gestores, a categoria predominante e na qual ocorre a maior escolaridade é a dos participantes com Especialização Completa (64%), enquanto que entre os Subordinados há, inclusive, aqueles com Mestrado e Doutorado Completos. A aplicação do teste de homogeneidade das distribuições de frequências nas categorias de resposta da variável Escolaridade indica 75 diferenças estatísticas significantes nos dois grupos de participantes: para os Subordinados obteve-se χ2o = 331,73 e para os Gestores χ2o = 135,72 (χ2C = 22,36; n.g.l. = 13; n. sig. = 0,05). Além dos dados sociodemográficos, os dois grupos de participantes da amostra são apresentados, na Tabela 4, sob a perspectiva de algumas características do trabalho que exercem no órgão público. Tabela 4: Distribuição dos participantes quanto a características do trabalho no órgão Características do Trabalho Menos de 1 1a5 6 a 10 11 a 15 TEMPO DE 16 a 20 SERVIÇO NO ÓRGÃO 21 a 25 (em anos) 26 a 30 31 a 35 Acima de 35 Total De Nível Médio TIPO DE CARGO De Nível Superior Total Atendimento ao Público (Atendente) NATUREZA DAS Serviços Administrativos ATIVIDADES (Administrativo) Total Fonte: resultados da pesquisa Subordinados Gestores Total Freq. 18 21 34 00 02 08 13 06 00 102 66 36 102 % 17,6 20,6 33,3 0,0 2,0 7,8 12,7 5,9 0,0 100,0 64,7 35,3 100,0 Freq. 00 06 11 00 00 02 03 02 01 25 13 12 25 % 0,0 24,0 44,0 0,0 0,0 8,0 12,0 8,0 4,0 100,0 52,0 48,0 100,0 Freq. 18 27 45 00 02 10 16 08 01 127 79 48 127 % 14,2 21,3 35,4 0,0 1,6 7,9 12,6 6,3 0,8 100,0 62,2 37,8 100,0 82 80,4 16 64,0 98 77,2 20 19,6 09 36,0 29 22,8 102 100,0 25 100,0 127 100,0 Nessa tabela verifica-se que a ampla maioria do conjunto dos participantes tem até 10 anos de serviço no órgão estudado e que há, também, uma elevada concentração deles que têm entre 21 e 35 anos de serviço na organização. O grupo de Subordinados apresenta 71,6% de pessoas com 10 ou menos anos de serviço no órgão público, ao passo que o grupo dos Gestores concentra 68,0% das pessoas nessa faixa de tempo de casa. A aplicação do teste de homogeneidade para a distribuição da amostra nas faixas de Tempo de Serviço no Órgão diferiu do esperado de forma significante entre os Subordinados χ2o = 91,59 e também entre os Gestores χ2o = 38,00 (χ2C = 15,51; n.g.l. = 8; n. sig. = 0,05). Segundo a Tabela 4, o Tipo de Cargo entre os Subordinados está distribuído entre os de Nível Médio, com 64,7% de representatividade e os de Nível Superior, com 35,3%. Quanto ao grupo de Gestores, (48,0%) têm cargos de Nível Superior 52,0% têm cargos de Nível Médio. 76 Os cálculos de homogeneidade para as frequências nos dois níveis de cargos demonstram que as distribuições ocorreram de forma estatisticamente desigual entre os Subordinados (χ2o = 8,82; χ2C = 3,84; n.g.l. = 1; n. sig. = 0,05), ao passo que entre os Gestores a distribuição observada foi equilibrada (χ2o = 0,04; χ2C = 3,84; n.g.l. = 1; n. sig. = 0,05). A Tabela 4 também permite verificar que o Atendimento ao Público (Atendentes) é realizado tanto por Subordinados quanto por Gestores, embora os primeiros o desempenhem com maior frequência (80,4% contra 64,0%, respectivamente). A distribuição entre as duas faixas relativas à Natureza das Atividades ocorreu de forma estatisticamente assimétrica entre os Subordinados (χ2o = 37,69; χ2C = 3,84; n.g.l. = 1; n. sig. = 0,05), embora tenha sido simétrica na amostra de Gestores (χ2o = 1,96; χ2C = 3,84; n.g.l. = 1; n. sig. = 0,05). Em resumo, predominam, entre os Subordinados, aqueles com idade entre 24 e 35 anos (35,3%) e 46 a 55 (30,4%), os casados (69,6%), com até três dependentes (90,2%), renda familiar entre seis e 10 salários mínimos (54,9%), graduados ou especializados (76,5%), com até dez anos de serviço no órgão (71,6%), com cargo de nível médio (64,7%) e que realizam atividades frequentes de atendimento ao público (80,4%). O teste Qui-quadrado indicou que a distribuição de gêneros neste grupo foi perfeitamente simétrica, com 50,0% de mulheres e o mesmo percentual de homens, no entanto, todas as outras variáveis relativas aos Subordinados apresentaram distribuição assimétrica. O perfil predominante no grupo de Gestores é de 30 a 35 anos ou 51 a 55 anos de idade (20% em cada categoria), casados (84,0%), com um ou dois dependentes (68,0%), renda familiar entre seis e 20 salários mínimos (96,0%), especializados (64,0%), com tempo de trabalho no órgão entre um e 10 anos (68,0%). A distribuição das frequências estatísticas neste grupo quanto às variáveis Gênero e Idade e quanto às características do trabalho Tipo de Cargo e Natureza das Atividades foi simétrica, sem predominâncias significativas, conforme indicou o teste Qui-quadrado, ao passo que as demais variáveis exibiram distribuições de frequências assimétricas. 77 5.2 Análise Descritiva 5.2.1 Concepções dos Gestores sobre os fatores críticos da QVT Atendendo ao primeiro objetivo específico deste estudo, qual seja: identificar concepções dos gestores sobre QVT, a partir dos Fatores Críticos Conceito, Produtividade, Legitimidade, Nova Competência, Práticas e Valores, na Figura 3 são apresentados os resultados das avaliações destes cinco Fatores Críticos pelo grupo de Gestores da organização pesquisada, mediante o Questionário Interfaces QVT e Administração Pública. Os dados são expressos em médias percentuais e Intervalos de Confiança. Figura 3 - Médias percentuais dos Fatores Críticos avaliados pelos Gestores Fonte: resultados da pesquisa Conforme se observa nesta figura, a Média dos Fatores Críticos (MFC) foi de 66,7%, sendo o valor mínimo encontrado de 42,0%, o valor máximo de 84,0%, o Desvio Padrão de 10,7% e o Intervalo de Confiança de 9,0%. Trata-se, portanto, de um resultado mediano, indicando que, do ponto de vista dos participantes, não há plena nem uniforme compreensão sobre o conjunto 78 de fatores que estão ligados à QVT. De fato se verifica que três Fatores Críticos (Conceito de QVT, Legitimidade e Produtividade) obtiveram médias superiores (entre 70% e 80%) em relação aos outros dois (Práticas e Valores e Nova Competência), que se situaram em patamares inferiores de avaliação (entre 50% e 70%). O Fator Crítico mais bem avaliado foi o Conceito de QVT (76,5% ± 9,0%), como se pode observar na Figura 3. Este é o Fator Crítico que, de acordo com Limongi-França (2010), indica como a QVT é compreendida na organização (no presente caso, pelos seus Gestores) – o que inclui a identificação dos fatores e critérios que a integram. Essa concepção é sobremaneira importante, pois nela estarão baseados (ou não) modelos para a implantação de ações/programas de QVT. Vale dizer, conforme destaca a mesma autora, que a simples decisão de se criarem ações/programas de QVT em uma organização é insuficiente, se não estiver atrelada a uma definição clara e a indicadores objetivos de QVT, em conformidade com o contexto local. Tabela 5 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Conceito de QVT Questão Média Percentual por Questão (± 9,0%) Média Percentual da Dimensão (± 9,0%) 17 19 95,0% 58,0% 76,5% Fonte: resultados da pesquisa Na Tabela 5 são apresentados os resultados das questões fechadas 17 e 19, que compõem este Fator Crítico. Destaque-se que as questões 2 (“Indique uma palavra-chave que para você signifique QVT”) e 3 (“Indique uma palavra-chave que para você signifique QVT em órgãos públicos”), que completam a análise deste fator crítico são tratadas no tópico 5.4.1, em virtude de terem merecido análise qualitativa. De acordo com essa tabela, a expressiva média percentual de 95,0% (± 9,0%) obtida na questão 17 (“Todo órgão público deveria ter um Programa de QVT”), denota que os Gestores do órgão público pesquisado reconhecem a importância de programas de QVT. Tal média é consequência dos 100,0% de concordância dos Gestores com a pergunta (sendo 80,0% de concordância plena e 20,0% de concordância, conforme se verifica no Apêndice E). Esse resultado é congruente com os encontrados em outros estudos nacionais realizados com administradores em geral e com alunos de graduação de Administração de Empresas, 79 Economia e Ciências Contábeis, como os de Limongi-França (2010), Vieira e LimongiFrança (2003) e Molina e Ruiz (2011) (respectivamente: 96,3%, 94,0% e 100% de concordância). Com isso, pode-se concluir que o grau de importância atribuído à implantação de programas QVT pelos Gestores do órgão público pesquisado não difere, significativamente, do que é lhe é atribuído por profissionais de gestão, em geral, nem do que lhe é dado por estudantes de áreas afins. Resultados inferiores sobre o Fator Crítico Conceito de QVT foram encontrados na questão 19 (“Tenho uma definição clara sobre QVT em órgãos públicos”), onde a média percentual foi de 58,0% (± 9,0%), conforme a Tabela 5. Nesta questão, quase metade (48,0%) dos Gestores concordaram com a afirmação, mas 40,0% discordaram e 12,0% declararam desconhecimento (Apêndice E). Nas pesquisas de Limongi-França (2010) e Molina e Ruiz (2011) 59,9% e 98,8% dos participantes, respectivamente, concordaram com a mesma assertiva (embora ela não fosse, especificamente, dirigida a órgãos públicos). Isto posto, conclui-se que a parcela de Gestores que julgaram ter uma definição clara de QVT foi menor que a verificada junto aos participantes dos estudos mencionados. Resta, portanto, por meio de novas investigações, verificar se os resultados inferiores aqui encontrados são significativos e também se seriam devidos a características próprias dos Gestores do órgão pesquisado ou, ainda, do Serviço Público, de forma geral. A questão aberta 1, que também integra a avaliação do Fator Crítico Conceito de QVT, solicitava aos Gestores que citassem as duas áreas de maior importância na administração de órgãos públicos. Os percentuais de respostas por áreas apontadas foram: Gestão de Pessoas (38,0%); Administração Geral (16,0%); Logística (16,0%); Planejamento (8,0%); Atendimento ao Público (8,0%); Gestão de Processos e Produção (4,0%); Gestão Financeira (2,0%); Tecnologia da Informação (2,0%); Outros (6,0%). Nesta última categoria, foram englobadas as respostas “coletividade”, “comprometimento” e “área reguladora de normas”. Para a mesma pergunta, na pesquisa de Limongi-França (2010), também houve maior concentração de respostas (30,9%) na categoria Gestão de Pessoas (ou Recursos Humanos, como lá se identifica essa área), seguida de Finanças (19,7%), Marketing (14,4%) e Administração Geral (13,4%). Por outro lado, no estudo de Molina e Ruiz (2011) houve uma 80 inversão entre as duas primeiras áreas, sendo que a de Finanças (39,5%) foi seguida por Recursos Humanos (31,6%) e, depois, por Planejamento Estratégico (5,3%) e Produção (5,3%). Comparando-se os resultados dos três estudos (e, embora se considerando que, em cada um deles, houve variações de áreas citadas, provavelmente em decorrência da natureza dos universos de pesquisa e/ou da formação dos participantes), verifica-se que os percentuais de importância atribuídos à área de Gestão de Pessoas (ou Recursos Humanos) são próximos, o que reforça a conclusão de Limongi-França (2010, p. 148) a respeito de “uma migração da valorização dos gestores” para a referida área e também no sentido de que, segundo ela, “as respostas à variável RH podem significar congruência com as atividades de QVT, normalmente enquadradas como atividades de Recursos Humanos”. Mas, como no presente estudo o percentual da área de Gestão de Pessoas foi ligeiramente superior aos obtidos nos dois estudos de comparação, poder-se-ia dizer que a importância da área e a sua congruência com as atividades de QVT é ainda maior. Esse dado leva a sugerir outras investigações sobre a possibilidade de generalização para outros órgãos do Serviço Público brasileiro. Na questão 28 (“Em órgãos públicos, as ações e programas de QVT são vistos como”), que também faz parte da avaliação do Fator Crítico Conceito de QVT, as respostas dos Gestores distribuíram-se, em ordem decrescente, nas opções: Uma Ação Específica de RH (32,0%), Obrigação Legal (28,0%), Investimentos (20,0%), Despesas (12,0%), Outros (8,0%). Na opção Outros foram citadas as repostas: “forma de atrasar o trabalho” e “na nossa instituição: necessidade”. Na questão em tela, os quatro maiores percentuais obtidos na pesquisa de Limongi-França (2010) foram: Investimentos (32,7%), Uma Ação Específica de RH (22,1%), Despesas (10,6%) e Publicidade (5,1%). Por sua vez, os quatro maiores percentuais obtidos no estudo de Molina e Ruiz (2011) foram Investimentos (36,0%), Uma Ação Específica de RH (28,0%), Despesas (16,0%) e Obrigação Legal (8,0%). Assim sendo, verifica-se que os resultados dos dois últimos estudos convergem para a visão de ações e programas de QVT principalmente como Investimentos, enquanto neste estudo foram dirigidos, em especial, para Ação Específica de RH, seguida de Obrigação Legal. Em 81 vista disso, os resultados aqui obtidos indicam certo distanciamento em relação ao que recomendam estudos recentes, no sentido de que ações e programas de QVT devem ser encarados como investimentos capazes de gerar vários benefícios para as organizações e para as pessoas (ver Quadro 1, do subtítulo 3.2.). Portanto, tem-se aqui mais um dado a ser mais bem investigado, a fim de que se verifique se é passível de generalização em outros órgãos públicos nacionais. O tema específico da questão 29 (“As ações e programas de QVT em órgãos públicos devem ser”) complementa o da questão anterior. Nesta questão, as respostas foram: Um Produto ou Serviço Permanente do Órgão (60,0%), Estratégias e Políticas do Órgão (32,0%), Suporte às Atividades do Órgão (4,0%) e Ações Gerenciais (4,0%). Pode-se concluir, então, que a maioria dos Gestores do órgão público pesquisado denota valorizar ações e programas de QVT, mas considera que estes devem ser um produto ou serviço oferecido pelo mesmo (provavelmente pela área de Gestão de Pessoas), mais do que integrantes das estratégias e políticas de gestão, de forma ampla. Diferentemente desses resultados, os obtidos por Limongi-França (2010) na mesma questão convergiram para uma visão mais estratégica das ações e programas de QVT (Estratégias e Políticas da Empresa = 50,2%), do que sua visão como Produto ou Serviço Permanente da Empresa (17,0%). Já os resultados de Molina e Ruiz (2011) tenderam à visão de suporte (Suporte às Atividades da Empresa= 47,4%), seguida por Estratégias e Políticas da Empresa, e Produto ou Serviço Permanente da Empresa (ambas com 21,0%). Com essa análise comparativa verifica-se que os dados dos três estudos divergem em alguma medida, ou seja, entre eles não há uma concepção comum a respeito de ações e programas de QVT. Todavia, de acordo LIMONGI-FRANÇA (2001; 2010; 2013), nos dias atuais, as organizações precisam desenvolver tais ações e programas como uma competência estratégico-gerencial. Com isso poderão atingir o nível da chamada Gestão Estratégica de QVT (GE-QVT). Isto significa declarar a QVT em sua missão e política, juntamente com a sua imagem corporativa (e não apenas encará-la como um conjunto de ações específicas, produtos ou serviços de uma ou mais áreas). 82 Os resultados até aqui apresentados sobre o Fator Crítico Conceito de QVT indicam, em resumo, que no órgão pesquisado há um expressivo reconhecimento, por parte dos Gestores, de que todo órgão público deve ter um programa de QVT, mas que, por outro lado, quase metade deles reconhece não ter uma definição clara sobre QVT em órgãos públicos. A maior parte dos participantes também denotou valorizar ações e programas de QVT, mas considerando que devem ser um produto ou serviço permanente oferecido pela organização (provavelmente pela área de Gestão de Pessoas – área à qual atribuíram a maior importância, no contexto da administração de órgãos públicos) e uma obrigação legal da mesma. Ademais, constatou-se que somente 32,0% destes profissionais consideraram que as ações e programas de QVT devam ser estratégias do órgão público, embora vários autores considerem isso essencial. Entre eles estão Chapman (2005; 2007 apud OGATA e SIMURRO, 2009), Kanikadan et al. (2005), Limongi-França (2001; 2010; 2013), Machado e Aguiar (2011) e Molina e Ruiz (2011). Tabela 6 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Produtividade Questão Média Percentual por Questão (± 9,0%) Média Percentual da Dimensão (± 9,0%) 6 6.1 10 20 22 26 91,0% 100,0% 24,0% 30,0% 87,0% 100,0% 72,0% Fonte: resultados da pesquisa O Fator Crítico Produtividade refere-se à conexão entre a QVT e a produtividade da organização, sendo esta última entendida não somente como eficiência na produção, mas também se considerando suas relações com a qualidade, competitividade, tecnologia e conhecimento (know how) da mesma (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Este fator foi o terceiro mais bem avaliado neste estudo, tendo alcançado o escore de 72,0% (± 9,0%), como se pode verificar na Tabela 6, onde são apresentadas as médias percentuais das questões que o compõem, no instrumento de pesquisa utilizado. Como se observa nessa tabela, a questão 26 (“Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm ações e programas de QVT”), que faz parte tanto do Fator Crítico 83 Produtividade quanto do Fator Crítico Nova Competência, obteve média percentual de 100% (± 9,0%). Conforme o Apêndice E, a questão obteve 100,0% de concordância dos Gestores. Este resultado é muito próximo do que foi encontrado por Limongi-França (2010) na questão correspondente (97,2%) e, assim, pode-se concluir que os participantes de ambas as pesquisas reconhecem a elevada associação entre a QVT e a produtividade. Com efeito, a produtividade é um dos benefícios mais apontados na literatura como proveniente de investimentos em programas e ações de QVT nas organizações (ver Quadro 1, no subtítulo 3.2). Para a questão complementar à 26 (“De que forma?”), foram obtidos os seguintes percentuais de respostas: Mais disposição para o trabalho (28,0%), Melhoria do clima interno (26,8%), Maior comprometimento (20,7%), Fidelidade ao órgão público (11,0%), Atração pelos benefícios (6,1%), Postergar a aposentadoria dos servidores (6,1%) e Outros (1,2%). Nesta última categoria um participante escreveu: “Melhoria da produtividade”. Comparando-se estes resultados com os verificados no estudo de Limongi-França (2010), nota-se que as cinco categorias mais frequentes na presente pesquisa foram, exatamente, as mesmas do estudo citado. A ordem de importância foi igual, apenas com variações nos percentuais atingidos (23,8%; 23,4%; 20,8%; 14,6% e 13,5%, respectivamente, nas categorias de respostas citadas no parágrafo anterior). Resultados tão próximos, mesmo com públicos diferentes (naquele estudo com administradores em geral e neste com Gestores de órgão público), indicam que, na concepção de ambos, a melhoria da produtividade que decorre da implantação de ações de QVT está associada, especialmente, a melhorias na disposição e comprometimento dos trabalhadores, além do clima organizacional. A questão 6, que também integra a análise do Fator Crítico Produtividade subdividiu-se em duas: a primeira (6), com a afirmação “As ações e programas de QVT interferem na produtividade em órgãos públicos” e a segunda (6.1), com a pergunta “De que forma?”. Como se pode observar na Tabela 6, a média percentual da questão 6 foi de 91,0% (± 9,0%), sendo que 36% dos participantes concordaram e 64% deles concordaram plenamente (Apêndice E) com a afirmação. Na questão 6.1, 100% dos participantes escolheram a opção “Positivamente” (Tabela 6). Esses resultados indicam que os Gestores pesquisados 84 reconhecem, de forma inequívoca, o benefício que a QVT gera sobre a produtividade da organização pública, em conformidade com a literatura (ver Quadro 1, subtítulo 3.2). Resultados pouco inferiores referentes à concordância sobre a interferência das ações e programas de QVT na produtividade organizacional foram apresentados por Vieira e Limongi-França (2003) e Limongi-França (2010): 58,0% e 89,5%, nesta ordem. A diferença entre os três resultados apresentados sugere que a associação entre QVT e produtividade ocorre de forma diferente, dependendo do tipo de organização ou do tipo de profissionais consultados – o que também pode ser mais bem pesquisado em futuros estudos. A necessidade das ações de QVT, dentro do Fator Crítico Produtividade, foi avaliada pela questão 22 (“As ações de QVT são sempre necessárias no trabalho nos órgãos públicos”). Como se observa na Tabela 6, a média percentual obtida na questão foi de 87,0% (± 9,0%), sendo que houve 96,0% de concordância (Apêndice E) dos Gestores consultados quanto a esta afirmação. Desta maneira, mais uma vez se evidencia o reconhecimento da importância das ações de QVT, por parte dos participantes. Além do mais, é importante destacar que este resultado é muito semelhante ao obtido por Limongi-França, (2010) com administradores em geral (90,7% de concordância, na questão similar) e isto indica que não há diferenças significativas sobre este aspecto, do ponto de vista dos Gestores do órgão público pesquisado e do ponto de vista de outros administradores – o que, igualmente, poderia ser mais bem analisado. Resultado bem inferior ligado ao Fator Crítico Produtividade foi obtido na questão 20 (“Há modelos gerenciais para a implantação de programas de QVT em órgãos públicos”). A média percentual da questão foi de 30,0% (± 9,0%), conforme Tabela 6. Destaque-se que a maioria (52,0%) dos Gestores declarou desconhecimento de tais modelos, enquanto outros 28% concordaram com sua existência e 20% discordaram (Apêndice E). Dessa forma, os dados indicam que modelos gerenciais para a implantação de programas de QVT específicos para o Serviço Público são pouco conhecidos pelos Gestores consultados – o que pode dificultar as iniciativas dos mesmos nesse campo. Outros estudos poderão avaliar se isto se aplica, também, a outros órgãos do Serviço Público. 85 O pior escore entre as questões componentes do Fator Crítico Produtividade foi encontrado na de número 10 (“Em órgãos públicos, há resultados mensuráveis das ações e programas de QVT”), onde a média percentual (Tabela 6) foi de 24,0% (± 9,0%). Entre os Gestores, 52,0% alegaram desconhecimento em relação a essa questão, 40,0% discordaram e apenas 8,0% deles concordaram com tal afirmação (Apêndice E). Em estudo similar com graduandos conduzido por Vieira e Limongi-França (2003), 42% discordaram que há resultados mensuráveis, 34% concordaram com tal afirmação e 24% deles afirmaram desconhecer a mensurabilidade dos investimentos na QVT, em empresas. Já no estudo de Limongi-França (2010), realizado com administradores em geral, os percentuais verificados foram de 18,0%; 14,7% e 66,4%, respectivamente. Embora se reconheça que medir os impactos de tais investimentos sobre a produtividade seja difícil (LIMONGI-FRANÇA, 2010; OGATA e SIMURRO, 2009), as diferenças entre os resultados dos três estudos leva a concluir que os Gestores participantes desta pesquisa detêm menos conhecimento sobre isso, do que estudantes universitários e administradores, de forma ampla. Além disso, os resultados da questão 10 apontam indícios de que as ações e programas de QVT vigentes no setor público não contam com indicadores para atestar sua eficácia e produtividade ou que há falta de comunicação sobre a associação da QVT com os indicadores já existentes nas organizações públicas, como, por exemplo, índices de produtividade, de ausências, de clima interno etc. Sendo assim, tem-se aqui um novo ponto que merece aprofundamento, em especial porque a Gestão da QVT – GQVT precisa ser encarada, hoje, como uma nova competência dos gestores (LIMONGI- FRANÇA, 2010), sejam eles do setor privado ou público (ver discussão mais ampla sobre o Fator Crítico Nova Competência, mais à frente). Os resultados do fator crítico Produtividade (Tabela 6) demonstraram que a concepção dos Gestores do órgão público tende a ser semelhante àquela apontada por vários autores (vide Quadro 1 do subtítulo 3.2) no sentido de que o incremento na produtividade organizacional é um benefício oriundo de investimentos em QVT. Para esse público, a melhoria da produtividade decorre, principalmente, do aumento da disposição e da melhoria do clima interno. Contudo, a maioria dos Gestores declarou desconhecer modelos gerenciais para a implantação de ações de QVT e também desconhecer a existência de resultados mensuráveis 86 deste tipo de ações e programas. Dessa forma, a análise deste fator crítico indica a necessidade de criação e divulgação de modelos gerenciais e indicadores para a QVT no órgão público, pois isso pode ser um limitador para investimentos em QVT e para a melhoria de sua produtividade. Resta avaliar melhor a possibilidade de generalização desta necessidade para outros órgãos públicos. Tabela 7 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Legitimidade Questão Média Percentual por Questão (± 9,0%) Média Percentual da Dimensão (± 9,0%) 5 7 8 9 14 21 27 31 32 89,0% 75,0% 61,0% 45,0% 73,0% 88,0% 92,0% 76,0% 72,0% 74,6% Fonte: resultados da pesquisa O Fator Crítico Legitimidade, atingiu o segundo maior escore (74,6% ± 9,0%) no conjunto avaliado pelos Gestores deste estudo, conforme dados expressos na Figura 3 e na Tabela 7. Tal fator trata da percepção da QVT como algo legítimo, importante, valorizado, de acordo com princípios de justiça, racionalidade, legalidade, lógica e coerência. As questões que o compõem são as de número 5, 7, 8, 9, 14, 21, 27, 31 e 32, sendo que a questão 27 é complementada por questão aberta, cujas respostas são analisadas no item 5.4.1. De acordo com esta tabela, a maior média percentual (92,0%; ± 9,0%), obtida neste fator crítico foi na questão 27 (“Como chefe/gestor, você sente necessidade de implementar ações e programas de QVT em sua área?”). Este resultado indica que os Gestores da organização pública demonstraram que, realmente, sentem necessidade de atuar sobre a QVT de suas respectivas áreas, já que a absoluta maioria deles considerou a questão verdadeira. Vale a pena comentar que, com esse expressivo percentual de concordância, os participantes, em boa medida, denotaram ter a visão de seu papel como gestores da QVT nas respectivas áreas de atuação, em conformidade com o que recomendam vários autores, entre os quais Greca e Martins (2011) e Guidelli e Bresciani (2010). Também é necessário destacar que as respostas 87 à segunda parte desta questão (“Por quê?”) são analisadas qualitativamente no item 5.4.1, para enriquecer sua discussão. A segunda maior média percentual (89,0%; ± 9,0%), conforme a Tabela 7, foi encontrada na pergunta 5 (“As ações e programas de QVT são importantes”), sendo que 100,0% dos Gestores demonstraram concordância com a afirmação (Apêndice E). Ressalte-se que esse último dado é ligeiramente superior ao obtido por Limongi-França (2010) na mesma questão (98,5%) e indica que os pesquisados atribuem importância relativamente superior às ações e programas de QVT. A questão 21 (“Em sua opinião, para você como chefe/gestor, sua QVT precisa ser melhorada”), obteve a terceira maior média percentual (88,0%; ± 9,0%) dentro do Fator Crítico Legitimidade (Tabela 7). Conforme os dados apresentados no Apêndice E, houve unanimidade (100,0% dos participantes demonstraram concordância com a afirmação) entre os participantes em reconhecer a necessidade de melhoria em sua própria QVT, no papel de gestores de um órgão público. Entre os administradores da pesquisa de Limongi-França (2010), 89,0% declararam concordância com a afirmação e entre os participantes do estudo de Vieira e Limongi-França (2003) 100,0% declararam o mesmo. Portanto, os resultados dos três estudos sugerem a necessidade de se investir na melhoria da QVT também dos gestores (e não só dos seus subalternos), seja nas organizações privadas, seja nas públicas. Na questão 31 (“Ações e programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com a Responsabilidade Social Empresarial”), os participantes avaliaram a relação entre QVT em órgãos públicos e a RSE, relação essa considerada, atualmente, muito importante – conforme o que se discutiu no subtítulo 3.4. A questão alcançou média percentual de 76,0% (± 9,0%), sendo que 84,0% dos participantes concordou com a assertiva, ao passo que 12% discordou e 4% alegou desconhecimento sobre o assunto (Apêndice E). O elevado grau de concordância indica, portanto, que grande parte dos participantes reconhece que a QVT tem uma interface com a RSE. Entretanto, chama a atenção o fato de que 16% deles discordou ou declarou não conhecer o assunto. Sendo assim, é importante complementar a discussão desses resultados 88 com uma análise qualitativa acerca da concepção que os Gestores pesquisados têm sobre o conceito de RSE – o que foi feito no item 5.4.2. A questão 7 (“Servidores públicos que NÃO ocupam posição de chefia/gestão valorizam Ações e Programas de QVT”) investigou se os Gestores consideram que seus subordinados valorizam ações e programas de QVT. Sua média percentual, conforme se verifica na Tabela 7, foi de 75,0% (± 9,0%), dado que 88,0% dos Gestores concordaram que seus subordinados valorizam esses programas e ações, 4,0% discordaram e 8,0% afirmaram desconhecimento (Apêndice E). Observe-se que Limongi-França (2010) identificou um nível de concordância bem próximo (85,3%) na mesma questão. A similaridade entre esses dados leva a concluir, portanto, que não existem diferenças importantes na valorização de ações e programas de QVT por subordinados, sob a perspectiva de gestores do setor público e privado. Na Tabela 7 também se pode verificar que a questão 14 (“Ações e Programas de QVT, em órgãos públicos, geram benefícios que se perpetuam para novas gerações”) obteve média percentual de 73,0% (± 9,0%). Obteve-se 80,0% de concordância, 12,0% de discordância e 8,0% de desconhecimento em relação à afirmativa apresentada (Apêndice E). Comparados esses últimos resultados com os obtidos junto aos administradores pesquisados por Limongi-França (2010) (82,9% de concordância) na afirmativa correspondente, mais uma vez se verifica similaridade, podendo-se dizer que não existem diferenças importantes na visão de administradores públicos e privados sobre este aspecto, ou seja, em ambos os grupos os benefícios da QVT são sentidos como perpetuáveis dentro das organizações. Para complementar essa discussão, na seção 5.4.1 são analisados quais os benefícios que os Gestores aqui pesquisados atribuem a ações e programas de QVT. Dentro do Fator Crítico Legitimidade, também foi verificada a associação da QVT com o Desenvolvimento Sustentável (questão 32: “Ações e Programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com o Desenvolvimento Sustentável”). A média percentual da questão foi de 72,0% (± 9,0%), conforme a Tabela 7. Note-se que 80,0% dos Gestores concordou com esse enunciado, 12,0% discordou e 8,0% alegou desconhecimento (Apêndice E). Dessa 89 forma, verifica-se uma percepção dominante no sentido de que a QVT se relaciona com o DS em órgãos públicos. Isso reforça tudo o que foi apresentado no subtítulo 3.4, onde foram identificadas e discutidas as relações entre QVT e DS. Todavia, novamente chama a atenção o fato de que 20% dos participantes discordaram ou declararam não conhecer a relação entre QVT e DS. Diante disso, a discussão desses resultados será complementada com a análise qualitativa acerca da concepção dos Gestores sobre o conceito de Desenvolvimento Sustentável (item 5.4.2). A legitimidade das ações e programas de QVT junto à direção e alta direção de órgãos públicos foi avaliada pela questão 8 (“A direção e alta direção, em órgãos públicos, consideram desnecessárias as Ações e Programas de QVT”), que alcançou média percentual de 61,0% (± 9,0%), segundo se verifica na Tabela 7. Trata-se do segundo resultado mais baixo verificado nas questões que compõem o Fator Crítico Legitimidade, sendo que 64% dos Gestores discordam da afirmação, 24,0% concordaram e 12,0% declararam desconhecimento sobre a mesma (Apêndice E). Dessa forma, tem-se que 36% da amostra indicou não reconhecer que seus superiores hierárquicos considerem necessárias ações e programas de QVT – o que vai contra a recomendação de Ferreira, R. R. et al. (2009) no sentido de que o apoio da direção e alta direção é vital na implantação e continuidade das ações de QVT no setor público. De fato, isso talvez seja ainda mais importante no setor público, onde a visão estratégica e a formulação de políticas de gestão concentram-se nos níveis hierárquicos mais altos. Os dados aqui obtidos indicam, portanto, a importância de se avaliar melhor este ponto. A questão 9 foi a que obteve a menor média percentual no Fator Crítico Legitimidade (45,0%; ± 9,0%), como se observa na (Tabela 7). Ela apresentou aos participantes a afirmação “As ações e programas de QVT oferecidos em órgãos públicos são legítimos de fato”, com a qual 64,0% dos Gestores discordaram, 16,0% alegaram desconhecimento e apenas 20,0% concordaram (Apêndice E). Na questão similar utilizada em sua pesquisa Limongi-França (2010) encontrou mais que o dobro de concordância (42,9%) e índice bem menor de discordância (41,5%). Conforme explica a autora (LIMONGI-FRANÇA, 2010, p. 153), “ganhar legitimidade significa aumentar a frequência e a abrangência das ações e dos programas de QVT e sua aceitação por 90 universo cada vez maior”. Diante dos resultados aqui obtidos, pode-se afirmar, então, que frequência, abrangência e aceitação de práticas relativas à QVT no órgão público ainda são incipientes, pelo menos do ponto de vista dos gestores consultados. Em outras palavras, poder-se-ia dizer que a Gestão da QVT – GQVT – no órgão ainda não atingiu o nível de Gestão Estratégica e, talvez, nem o de Gestão Gerencial, conforme os critérios de classificação de Limongi-França (2001), apresentados no item 3.3. Melhor análise sobre isso é feita no subtítulo 5.4.3., mediante dados secundários obtidos junto ao dirigente principal e à Comissão de QVT da organização pesquisada. Pelos resultados e discussão a respeito do Fator Crítico Legitimidade, pode-se concluir que os Gestores do órgão público estudado valorizam ações e programas de QVT, acreditam que seus subordinados também os valorizem e reconhecem que isso traz benefícios para novas gerações da própria organização, sentindo necessidade de implementar tais ações e programas em suas áreas de trabalho. Também denotaram identificar relações entre QVT, DS e RSE, embora não tenha sido possível, com a análise feita até esse momento, identificar se eles têm clareza sobre o significado dois últimos conceitos. Por outro lado, denotaram que os aspectos mais negativos são o não reconhecimento, por parte de seus superiores hierárquicos, da necessidade de ações e programas de QVT, assim como a legitimidade em si da QVT na organização (provavelmente no sentido de maior frequência, abrangência e aceitação dessas ações e programas por um contingente maior de servidores). Estes dois pontos mais negativos apontam direções para novos estudos sobre a GQVT em órgãos públicos. Tabela 8 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Práticas e Valores Questão Média Percentual por Questão (± 9,0%) Média Percentual da Dimensão (± 9,0%) 4 11 18 23 56,0% 62,0% 75,0% 60,0% 63,3% Fonte: resultados da pesquisa O último Fator Crítico avaliado pelos Gestores, Práticas e Valores se refere ao conjunto de esforços orientados para a QVT, nos quais se incluem as ações, programas, modelos e concepções a ela ligados. Este fator obteve escore médio de 63,3% (± 9,0%), o que o coloca na segunda pior posição entre os fatores críticos estudados (Figura 3). É constituído pelas questões 4, 11, 18, 23 e 30, cujos resultados são apresentados na Tabela 8 e no Apêndice E. 91 A questão 18 (“Toda ação de QVT deve partir do servidor público que NÃO ocupa posição de chefia/gestão”) foi a que obteve maior média percentual em Práticas e Valores, como se verifica na Tabela 8. A média percentual foi de 75,0% (± 9,0%), sendo que 84,0% dos Gestores participantes discordaram da posição apresentada no enunciado, 12,0% concordaram e 4,0% alegaram desconhecimento (Apêndice E). Esses resultados indicam que a grande maioria dos Gestores do órgão público acredita que ações de QVT devem se originar dos níveis de chefia (gestores e dirigentes organizacionais), o que conflui com a posição encontrada na literatura de que a responsabilidade pelas práticas de QVT (como integrantes da Gestão de Pessoas – GP) é dos chefes, com apoio do órgão de RH, ou seja, é uma responsabilidade de linha e uma função de staff (ALBUQUERQUE e FRANÇA, 1998; CHIAVENATO, 2004; FERNANDES e GUTIERREZ, 1988; GRECA e MARTINS, 2011; SCHLESINGER, 1982). De outro lado, embora se reconheça o papel fundamental dos gestores na implementação destas práticas, a QVT deve ser tarefa tanto dos gestores quanto dos servidores de órgãos públicos – como sublinham Ferreira, R. R. et al. (2009). Comparando-se os resultados obtidos na presente pesquisa e na de Limongi-França (2010), verifica-se que esta última apresentou resultado pouco superior de discordância (88,5%) e, consequentemente, pouco inferior de concordância (9,7%) – o que leva a sugerir que outros estudos avaliem se realmente há diferenças neste aspecto, entre administradores do setor privado e público. Na Tabela 8 observa-se que a questão 11 (“Minha área de atuação utiliza práticas relacionadas ao bem-estar no trabalho”) teve resultado bem abaixo da anterior (média percentual de 62,0%; ± 9,0%). Dos Gestores da amostra, 52,0% concordaram, 36,0% discordaram e 12,0% responderam que desconheciam a utilização das citadas práticas, em suas áreas de trabalho (Apêndice E). Portanto, é de se destacar que apenas cerca da metade dos participantes identificou tais práticas, nas suas áreas de trabalho, sendo que, na questão anterior, a grande maioria declarou acreditar que ações de QVT devem se originar dos níveis de chefia. Considerando-se o que foi destacado e também que Limongi-França (2010) encontrou resultado pouco superior na mesma questão (64,0% de concordância e 29,5% de discordância), vale investigar melhor porque houve este descompasso nas respostas e se isto se aplica, também, a outros órgãos públicos. 92 Na questão 23 (Há pressões externas para a implantação de ações e programas de QVT neste órgão público), a média percentual foi bem próxima à questão anterior (60,0%; ± 9,0%), como se observa na Tabela 8. Nesta questão 60,0% dos Gestores declararam que existem essas pressões, embora 40,0% deles tenham considerado que não (Apêndice E). Sobre a origem dessas pressões, indicaram, em ordem decrescente: governo federal (34,6%), sindicato (26,9%), clientes/usuários dos serviços públicos (15,4%), legislação (11,5%), outras organizações (3,8%) e outros (7,7% , com as respostas: “entidades de classe” e “Temos metas a serem cumpridas. QVT pode atrapalhar os resultados”. Os resultados encontrados por Limongi-França (2010) também demonstram percepção de pressões externas (76,5%), mas com origens diferentes: sindicatos (29,7%), outras empresas (21,4%), legislação (20,7%), clientes (17,2%) e outros (11,0%). Os resultados dos dois estudos demonstram, assim, que há pressões exteriores para a implantação de ações de QVT nos setores público e privado (embora elas pareçam ser sentidas de forma pouco mais intensa neste último), que os sindicatos desempenham papel de destaque nessa pressão e que, no serviço público, o governo federal mostra-se como influência significativa para a implantação de ações e programas de QVT – o que pode ser decorrência da Lei 8.112/1990 e de outros instrumentos legais que se aplicam a servidores públicos federais brasileiros (ver Quadros 2 e 3). A questão com menor média percentual (56,0% ± 9,0%) obtida no Fator Crítico Práticas e Valores, como se verifica na Tabela 8, foi a de número 4 (“Assinale a posição das ações e programas de QVT com relação à sua atividade de chefe/gestor, na administração de órgão público”). Parcela de 32,0% dos Gestores afirmou que tais ações ocupam posição primária em suas atividades, enquanto 48,0% consideraram que tais ações e programas estão em posição secundária e 20,0% dos participantes afirmaram que as mesmas não fazem parte de suas atividades (Apêndice E). Portanto, a maior parte deles (68,0%) indicou não reconhecer que ações e programas de QVT têm, de fato, destaque em sua prática administrativa. Na pesquisa desenvolvida por Limongi-França (2010), parcela relativamente maior (44,7%) da amostra considerou que tais ações e programas ocupavam posições primárias em suas atividades (enquanto 25,8% considerou secundárias e 19,4% considerou que não faziam parte 93 de suas atividades). A comparação destes resultados também evidencia diferenças entre administradores do Setor Público e Privado, as quais merecem ser mais bem investigadas. Os resultados obtidos no Fator Crítico Práticas e Valores denotam, em resumo, que a maior parte dos Gestores do órgão público estudado considera que práticas de QVT devem partir de pessoas que ocupam cargos de chefia (eles próprios ou gestores/dirigentes de níveis superiores). Com isso, pode-se concluir, como foi feito em fatores críticos antes analisados, que valorizam ações e programas de QVT. Pode-se concluir, também, que, em termos valorativos, reconhecem que os principais protagonistas destas ações são os níveis de chefia. Contudo, apenas cerca da metade deles concordou que há práticas efetivas de QVT nos respectivos setores de trabalho, a maior parte colocou essas práticas em posição secundária no conjunto de suas atividades como administradores/gestores e muitos assumiram que sentem pressões externas por sua adoção por parte do governo federal e de sindicatos. Assim os resultados indicaram que práticas de QVT estão em dissonância com os valores dos Gestores do órgão público em relação à mesma – o que merece melhor investigação neste e em outros órgãos do Serviço Público brasileiro. Tabela 9 - Resultados das questões fechadas do Fator Crítico Nova Competência Questão Média Percentual por Questão (± 9,0%) Média Percentual da Dimensão (± 9,0%) 12 13 15 16 24 25 26 58,0% 56,0% 55,0% 64,0% 48,0% 10,0% 100,0% 55,9% Fonte: resultados da pesquisa A menor média percentual obtida entre os fatores críticos avaliados pelos Gestores foi no chamado Nova Competência (55,9%; ± 9,0%), como se pode verificar na Figura 3. Este fator trata da competência para a gestão da QVT, tendo como base os conhecimentos e especialidades necessários à realização de ações e programas a ela relacionados. Suas questões, no instrumento de pesquisa, são as de número 12, 13, 15, 16, 24, 25 e 26 e os resultados de cada uma são expressos na Tabela 9. 94 Sobre a questão 26 (“Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm ações e programas de QVT”), a mais bem avaliada neste fator crítico, relembre-se que ela faz parte de dois fatores (Nova Competência e Produtividade) e que seus resultados foram tratados no Fator Crítico Produtividade, onde se verificou que a afirmação obteve 100,0% de concordância (todas plenas), dos Gestores (Apêndice E). Já na questão 16 (“As informações que recebo modificam minha atuação profissional”), a segunda com a melhor média percentual (64,0% ± 9,0%) no Fator Crítico Nova Competência, de acordo com os dados expressos na Tabela 9 e no Apêndice E, houve 52,0% de concordância e 44,0% de discordância por parte dos Gestores, restando 4,0% deles que declararam desconhecimento. Na pesquisa de Limongi-França (2010), o nível de concordância com a mesma questão foi de 68,2% e o nível de discordância foi de 21,2%. A comparação entre os dois estudos indica, mais uma vez, que os administradores públicos pesquisados denotaram resultado pouco inferior aos administradores em geral e sugere melhor análise. Quanto à formação dos Gestores (questão 12), a média percentual obtida foi de 56,0% (± 9,0%), conforme a Tabela 9, sendo que 56,0% dos Gestores discordam que os chefes/gestores de órgãos públicos deveriam ter formação específica na área de QVT, enquanto 40,0% concordam e 4,0% alegaram desconhecimento (Apêndice E). Portanto, apenas menos da metade deles julgou relevante a necessidade de ter conhecimentos específicos sobre QVT. Resultado superior foi obtido na pesquisa de Limongi-França (2010), que identificou, para a mesma questão, 35,4% de discordância e 57,2% de concordância. Dessa forma, tem-se que houve maior valorização de uma formação específica em QVT entre administradores, em geral, do que entre os gestores do órgão público estudado – outro ponto que sugere novas investigações neste e em outros órgãos públicos, já que tal formação leva à consolidação de uma nova competência gerencial, que é catalisadora de práticas de QVT (Limongi-França, 2010). Para a afirmação “A utilização de ações e programas de QVT aumentou nos últimos 5 anos, em órgãos públicos” (questão 13), identificou-se 56,0% (± 9,0%) de média percentual (vide 95 Tabela 9). 64,0% dos Gestores concordaram com tal assertiva, 16,0% discordam e 20,0% alegaram desconhecimento, conforme se pode verificar no Apêndice E. Destaque-se que o percentual de concordância obtido foi menor que o obtido no estudo realizado com administradores por Limongi-França (2010): 76,5%. Este dado vai ao encontro de constatações de pesquisadores como Amorim (2010), Sá et al. (2007), para os quais ainda há poucas ações sobre QVT na prática gerencial do setor público no país. Sendo assim, os dados aqui obtidos indicam a necessidade de maior implementação de ações e programas de QVT em órgãos do Serviço Público brasileiro, bem com de maior divulgação dos que já existem. Sobre a questão 15 (“Tenho tido muita informação sobre QVT”), sua média percentual, de acordo com a Tabela 9, foi de 55,0% (± 9,0%). Verificou-se que 40,0% dos Gestores consultados na pesquisa concordaram com a afirmação, 56,0% discordaram e 4,0% responderam desconhecê-la (Apêndice E). Novamente os dados obtidos foram inferiores aos da pesquisa de Limongi-França (2010), onde o percentual de concordância foi de 68,2%. Isto indica a necessidade de haver mais informações sobre QVT para os gestores da organização pública pesquisada, assim como a necessidade de se verificar o quanto isso também se aplica a outras organizações semelhantes, mesmo porque, segundo Ferreira, R. R. et al. (2009), gestores dessas organizações manifestam muitas dúvidas sobre QVT (ver Quadro 5). Como se observa na Tabela 9, a questão 24 (“Os programas de QVT neste órgão público têm uma atuação específica”) obteve a segunda mais baixa média percentual no Fator Crítico Nova Competência (48,0%; ± 9,0%). Parcelas iguais de 32,0% dos participantes responderam que a afirmação era verdadeira e que era falsa, enquanto 36,0% deles responderam que desconheciam a atuação específica de programas de QVT no órgão público (Apêndice E). Portanto, verificou-se alto grau de discordância e desconhecimento sobre o foco das ações de QVT na organização – o que reforça as conclusões/indicações apresentadas nas questões 13 e 15. Na continuação da questão 24 (respondida somente por aqueles que escolheram a opção “Verdadeiro” para a pergunta inicial), perguntou-se “Quais?”. A alternativa mais assinalada foi “Saúde” (38,9%), seguida das opções “Responsabilidade Social” (27,8%), “Relações de 96 Trabalho” (22,2%), “Lazer” (5,6%), “Nutrição” (5,6%). Somando-se as categorias Saúde e Nutrição, tem-se que 44,5% (quase metade) dos Gestores pesquisados percebem que o foco das ações de programas oferecidos no órgão público é, mais especificamente, voltado para a dimensão biológica da QVT, de acordo com a classificação do modelo BPSO-96 (LimongiFrança, 2010). Sobre isso, é importante lembrar que Ferreira (2006) e Rodrigues (2011), pesquisadores da QVT ligados à ErgoPublic, criticam a difusão de programas baseados apenas em atividades ligadas, mais especificamente, à saúde/bem-estar (massagens, exercícios de relaxamento, aulas de dança, acompanhamento nutricional e antitabagismo, por exemplo) pois, para eles, tanto funcionários de empresas privadas quanto servidores públicos se sentem frustrados com esses tipos de ações – que proporcionam o relaxamento imediato da tensão dos indivíduos em seus ambientes de trabalho, mas não atingem problemas estruturais e de gestão de pessoas nas organizações. Deste modo, buscar maior equilíbrio entre diferentes tipos de ações e programas que possam beneficiar a QVT dos servidores públicos do universo pesquisado, (assim como, talvez, de outros), é uma recomendação que decorre do presente estudo. Na questão 25 (“Há órgãos públicos, no Brasil, que adotam programas abrangentes de QVT”) foi obtida a menor média percentual dentre as demais do Fator Crítico Nova Competência e também dentre todas as médias percentuais dos outros Fatores Críticos. A média percentual foi de apenas 10,0% (± 9,0%), conforme se verifica na Tabela 9. Os dados apresentados no Apêndice E mostram que 88,0% dos participantes declararam desconhecer órgãos públicos brasileiros que adotem programas abrangentes de QVT, 4,0% afirmaram que não há programas abrangentes de QVT em órgãos públicos nacionais e somente 8,0% reconheceram que existem tais tipos de programas, citando como exemplos a Receita Federal e o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. Estes resultados são, de certa forma, congruentes com os da questão 24, onde se verificou que apenas a menor parte dos participantes reconheceu a presença de programas de QVT no órgão público pesquisado e, ainda assim, com foco mais específico na dimensão da saúde/bem-estar. Pode-se assim, dizer que a maioria deles não reconhece, nem no órgão publico em que atuam, nem em outros, programas mais abrangentes de QVT. Também são resultados congruentes com os obtidos na questão 13, onde apenas 64,0% dos Gestores concordaram que ações e programas de QVT aumentaram nos últimos 5 anos, em órgãos públicos (Apêndice E) . 97 Além disso, confrontando-se o percentual dos participantes que consideraram verdadeira a afirmação de que existem órgãos públicos, no Brasil, que adotam programas abrangentes de QVT (8,0%) com o percentual de participantes que considerou verdadeira a mesma afirmação para empresas brasileiras, de modo geral (71,9%, no estudo de Limongi-França, 2010), verifica-se grande divergência. Sendo assim, os dados confirmam a necessidade de maior e mais abrangente implementação e divulgação de programas de QVT entre os Gestores da organização estudada, tendo-se em vista que essa divulgação poderá lhes dar modelos de atuação. Em suma, os resultados obtidos no Fator Crítico Nova Competência denotam que a GQVT ainda não vem sendo plenamente associada, pelos chefes da organização pública pesquisada, como um imperativo entre suas competências gerencias. Denotam, ainda, que lhes faltam mais informações e modelos oriundos do Serviço Público para que possam desenvolver essa competência. No entanto, conforme apontam vários estudos, a Gestão de Pessoas (GP) – onde devem se inserir as ações e programas de QVT – é vista, atualmente, com tendo um papel estratégico nas organizações, porque torna possível a construção de vantagem competitiva sustentável para as mesmas. A responsabilidade pela condução de uma gestão com essas características é dos chefes/gestores, os quais precisam contar com o apoio da alta administração e a participação dos órgãos de Recursos Humanos, para que os benefícios de uma melhor QVT sejam sentidos por todos: funcionários e organizações (DEMO et al., 2011; FERNANDES e GUTIERREZ, 1988; FERREIRA, R. R. et al., 2009; GUIDELLI e BRESCIANI, 2010; LIMONGI-FRANÇA, 2010; MOLINA e RUIZ, 2011; OUPPARA e SY, 2012; SCHLESINGER, 1982; SOUZA e FONTES, 2010; VENSON et al., 2011; VIEIRA e LIMONGI-FRANÇA, 2003). 5.2.2 Avaliação das dimensões e indicadores de QVT pelos Subordinados A fim de atender ao segundo objetivo específico deste estudo, neste sub-tópico são apresentados os resultados obtidos nas dimensões e indicadores da QVT, avaliados pelo grupo de Subordinados mediante a adaptação do Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT (Apêndice A), originalmente criado por Medeiros (2007). Relembre-se que os critérios utilizados para classificação dos dados são os da Tabela 1. 98 Figura 4 – Resultados percentuais das avaliações das dimensões da QVT pelos Subordinados Fonte: resultados da pesquisa Com base nesses critérios, a Média da QVT (média dos resultados das dimensões contempladas no instrumento de pesquisa) dos participantes do grupo de Subordinados foi considerada positiva, situando-se entre Boa e Muito Boa. Como se observa na Figura 4, obteve-se o escore de 4,2 (64,8% ± 4,6%), sendo o valor mínimo encontrado de 2,3 pontos; o valor máximo de 5,8; e o Desvio Padrão de 0,79. Trata-se de um resultado congruente com os obtidos em vários outros estudos realizados em organizações públicas brasileiras, os quais também encontraram resultados que indicam percepção positiva da QVT, em diferentes categorias do funcionalismo público brasileiro (AMORIM, 2011; FARIAS et al., 2008; MARQUES et al., 2008; MEDEIROS, 2007; MOREIRA et al., 2011; PAIVA e COUTO, 2008). Exceção a isso foi uma pesquisa com docentes de instituições públicas de ensino superior, cujo resultado apontou para a “relativa precariedade” das condições da QVT no setor público, pois foi identificado um “desequilíbrio entre as várias esferas de vida” [...] “e 99 uma vivência psico-social não tão satisfatória no ambiente de trabalho” (SÁ et al., 2007, p.12). Na Figura 4 podem ser comparados os percentuais obtidos em cada uma das 10 dimensões da QVT avaliadas pelo grupo de Subordinados. Verifica-se que a grande maioria das dimensões (70%) apresentou resultados positivos situados entre 60% e 80% o que, segundo os critérios de classificação adotados, significa que a QVT foi avaliada entre Boa e Muito Boa. São elas: Relação com a Organização (76,1% ± 4,6%), Execução do Trabalho (72,9% ± 4,6%), Relação Trabalho e Vida Pessoal (72,3% ± 4,6%), Equidade no Trabalho (68,1% ± 4,6%), Relação Chefe-Subordinado (65,4% ± 4,6%), Autorrealização (63,2% ± 4,6%) e Comunicação e Aprendizagem Organizacional (60,8% ± 4,6%). Ressalte-se que as três primeiras dimensões encontram-se mais próximas do limite da classificação Muito Boa, ao passo que as quatro outras estão mais adjacentes à classificação Boa. Estes resultados indicam, respectivamente, melhores níveis de avaliação dos participantes no que se refere aos valores, princípios e normas da organização; às tarefas e trabalhos que desenvolvem; às relações entre suas atividades profissionais e as ligadas à sua vida pessoal; à igualdade de direitos entre os indivíduos na organização; ao relacionamento pessoal e profissional com seu chefe; à satisfação e realização proporcionada pelo trabalho; à eficácia do tráfego de informações; e à possibilidade de qualificação no trabalho. Por outro lado, conforme também se verifica na Figura 4, três dimensões obtiveram resultados entre 40% e 60% e estas, conforme os critérios adotados, são classificadas entre Ruim e Boa (limite entre a avaliação de QVT negativa e a positiva). Trata-se das seguintes dimensões: Efetividade dos Processos de Trabalho (58,6% ± 4,6%); Organização do Trabalho (49,6% ± 4,6%) e Adequação da Remuneração (47,2% ± 4,6%). Portanto, as piores avaliações dos Subordinados ocorreram no que diz respeito: às formas de trabalho da organização e a contribuição desse trabalho no alcance dos objetivos traçados; às formas e arranjos organizacionais (o que inclui os processos, procedimentos e políticas de trabalho); e à relação existente entre a realização do trabalho e sua devida remuneração. 100 Visando melhor análise dos resultados obtidos nos indicadores de cada dimensão da QVT pelo grupo de Subordinados, a seguir são apresentadas as Tabelas de 10 a 19. Nelas se encontram os resultados percentuais de cada indicador que compõe a respectiva dimensão, também classificados segundo os critérios da Tabela 1. As frequências de respostas, médias e desvios-padrões de cada um dos 48 indicadores que compõem estas tabelas podem ser consultados no Apêndice G. Tabela 10 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Execução do Trabalho Questão Indicador 25 29 Avaliações Negativas Positivas Significado do Trabalho 50,0% 16,7% 50,0% 83,3% 30 Uso de Iniciativa, Criatividade e Discernimento no Trabalho 36,3% 63,7% 33 35 38 40 Significância do Trabalho 11,8% 23,5% 25,5% 9,8% 88,2% 76,5% 74,5% 90,2% Ritmo de Trabalho Feedback do Trabalho (Feedback Intrínseco) Realização de Tarefas Completas (Identidade da Tarefa) Desempenho na Realização das Tarefas Fonte: resultados da pesquisa Na Tabela 10 encontram-se os resultados da dimensão Execução do Trabalho, que trata das características objetivas do trabalho, como seu significado, ritmo e criatividade envolvida. A média desta dimensão foi de 4,6 (72,9% ± 4,6%) e o Desvio Padrão 0,90. Portanto, trata-se de um resultado positivo, que situa a avaliação dos participantes entre Boa e Muito Boa, segundo o critério de classificação adotado. Destaque-se que a dimensão em tela obteve a segunda melhor média em relação às demais dimensões (Figura 4) e que a absoluta maioria dos seus indicadores (7 dos seis) apresentou avaliações mais positivas do que negativas. Três indicadores da dimensão Execução do Trabalho (Tabela 10) obtiveram avaliação positiva entre 80% e 100% (classificação da QVT entre Muito Boa e Ótima): Desempenho na Realização de Tarefas, Significância do Trabalho e Significado do Trabalho (com 90,2%, 88,2% e 83,3% de avaliações positivas, respectivamente). Isso indica que os servidores pesquisados consideram de forma especialmente boas: a qualidade do trabalho que executam, a sensação de valor e significância do trabalho e a experiência e os conhecimentos que as tarefas que realizam trazem, para eles. Importante destacar que estes indicadores também obtiveram as melhores avaliações no estudo de Medeiros (2007), no qual, entretanto, os 101 índices de avaliação positiva foram ligeiramente inferiores (85,0%, 83,0% e 77,5%, respectivamente). Outros três indicadores da dimensão Execução do Trabalho foram avaliados positivamente, mas ficaram situados em um patamar inferior aos três anteriores (entre 60% e 80%, ou seja entre a classificação Boa e Muito Boa): Feedback do Trabalho, Identidade da Tarefa e Uso de Iniciativa, Discernimento e Criatividade no Trabalho. Estes obtiveram 76,5%, 74,5% e 63,7% de avaliações positivas (Tabela 10). Por outro lado, nesta mesma dimensão, houve um indicador cuja avaliação foi classificada entre Ruim e Boa (40% a 50%): o Ritmo de Trabalho. Nesse indicador as avaliações positivas e negativas foram de 50% cada (Tabela 10). Esse resultado indica, portanto, que metade dos servidores não avalia bem a movimentação de seu processo/atividade de trabalho no órgão público pesquisado. Trata-se de um resultado proporcionalmente pior que o do estudo de Medeiros (2007), onde se obteve 66,3% de avaliações positivas e 33,7% de negativas no indicador Ritmo de Trabalho. Trata-se, também, de um dado que vai ao encontro dos resultados encontrados por Brum et al. (2012) em pesquisa sobre QV realizada com docentes públicos do Ensino Médio no Estado do Rio Grande do Sul, os quais apontaram o ritmo de trabalho acelerado como um fator estressor. Resultados semelhantes também foram obtidos em outros estudos realizados com professores, segundo os autores citados, por Delcor et al. (2004 apud BRUM et al., 2012), Fernandes et al. (2009 apud BRUM et al., 2012) e Gasparini et al. (2006 apud BRUM et al., 2012). Em resumo, a Dimensão Execução do Trabalho foi a segunda mais bem avaliada pelos Subordinados que compuseram a amostra do presente estudo, com 85,7% de seus indicadores avaliados como mais positivos do que negativos. Sendo assim, pode-se concluir que as características das tarefas e trabalhos desenvolvidos pelos sujeitos pesquisados favorecem sua QVT, exceto no que se refere ao Ritmo de Trabalho, no qual metade dos mesmos demonstrou pior avaliação. Visto que este indicador é destacado como negativo em outros estudos sobre QVT de servidores públicos, mesmo sendo alguns de categorias funcionais diferentes, os dados aqui obtidos reforçam a necessidade de outros estudos e pesquisas que o focalizem. 102 A dimensão Autorrealização refere-se à satisfação e realização (tanto no âmbito profissional quanto no pessoal) proporcionadas, pelo trabalho, ao indivíduo que o desempenha. Essa dimensão apresentou resposta média de 4,2 (63,2% ± 4,6%) e Desvio Padrão de 1,16 – o que coloca sua avaliação em um nível entre Boa e Muito Boa (mais próxima da primeira). Conforme se verifica na Tabela 11, a absoluta maioria dos seus indicadores (6 dos 7) obteve avaliações entre 60% e 80%, situando-se, portanto, entre os critérios de QVT Boa e Muito Boa. Tabela 11 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Autorrealização Questão Indicador 1 3 10 24 31 32 Progresso Funcional Realização Pessoal Realização Profissional Oportunidade de Desenvolvimento Pessoal Variedade de Tarefas Satisfação com o Trabalho Avaliações Negativas Positivas 53,9% 29,4% 20,6% 36,3% 23,5% 24,5% 46,1% 70,6% 79,4% 63,7% 76,5% 75,5% Fonte: resultados da pesquisa A Realização Profissional foi o indicador mais bem avaliado pela amostra nesta dimensão, tendo apresentado 79,4% de avaliações positivas (portanto, em nível próximo de avaliações Muito Boas). Em seguida, foram mais bem avaliados os indicadores: Variedade de Tarefas (76,5% de avaliações positivas), Satisfação com o Trabalho (75,5% de avaliações positivas), Realização Pessoal (70,6% de avaliações positivas) e Oportunidade para Desenvolvimento Pessoal (63,7% de avaliações positivas). No estudo de Medeiros (2007), esses seis indicadores apresentaram resultados pouco superiores aos aqui apresentados, tendo alcançado 85,7%; 91,1%; 87,3%; 91,1% e 80,1% de avaliações positivas, respectivamente (classificação entre Muito Boa e Ótima). Essa diferença pode estar ligada a características especiais do trabalho desenvolvido no órgão público pesquisado – o que demandaria melhor análise. De outro lado, o indicador Progresso Funcional apresentou apenas 46,1% de avaliações positivas (Tabela 11), o que o situa em categoria inferior aos anteriores (entre Ruim e Boa, mais próximo de Ruim), ao passo que o mesmo indicador alcançou percepção positiva de 67,1% no trabalho de Medeiros (2007), classificando-se entre as categorias Boa e Muito Boa. No estudo de Leite Júnior et al. (2011, p.43) este indicador obteve “avaliações muito próximas da média”. Frisa-se que, neste estudo, a média do indicador Progresso Funcional foi 103 de 3,4 (48,0% ± 4,6%) e a média da QVT foi de 4,2 (64,8% ± 4,6%), ou seja, aqui as avaliações do indicador Progresso Funcional foram 16,8 pontos percentuais inferiores às médias da QVT e demonstraram menores níveis de satisfação que as demais em sua dimensão. Com esta análise se verifica que os resultados apresentados na dimensão Autorrealização demonstram avaliação positiva entre Boa e Muito Boa (exceto pelo Progresso Funcional, que se situou entre Ruim e Boa), mas em menores níveis que os apresentados pelos trabalhos de Medeiros (2007) e Leite Júnior et al. (2011). Sendo assim, embora a grande maioria dos indicadores aponte que o trabalho, na organização pesquisada, proporciona satisfação e realização para seus colaboradores (seja na profissão ou na vida pessoal), as oportunidades de progressão na carreira constituem-se em fatores limitadores para tanto. Este dado sugere melhor investigação de Planos de Carreira (para a população pesquisada, assim como para todo o funcionalismo público brasileiro) como fator de impacto sobre a QVT. Tabela 12 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Equidade no Trabalho Questão 14 18 19 20 21 47 Indicador Relacionamento com Colegas Responsabilidade pelo Trabalho Executado Ajuda do Chefe quando tem Problemas no Trabalho Fluxo de Informações na Organização Condições Físicas do Ambiente de Trabalho Plano de Cargos e Salários Avaliações Negativas Positivas 3,9% 8,8% 9,8% 15,7% 56,9% 71,6% 96,1% 91,2% 90,2% 84,3% 43,1% 28,4% Fonte: resultados da pesquisa Os resultados da dimensão Equidade no Trabalho são apresentados na Tabela 12. Essa dimensão envolve a disposição da organização em reconhecer, igualmente, o direito de cada indivíduo no seu espaço de trabalho. A média obtida foi de 4,4 (68,1% ± 4,6%), com Desvio Padrão de 0,79 – o que a coloca a dimensão em um patamar de avaliação intermediário (entre Boa a Muito Boa). Comparados aos anteriores, os indicadores da dimensão Equidade no Trabalho (Tabela 12), são mais díspares, pois quatro deles foram avaliados em um nível considerado entre Muito Bom e Ótimo (de 80% a 100%), enquanto um ficou duas categorias abaixo, sendo classificado 104 a meio-termo entre Ruim e Bom (40% a 60%) e outro foi avaliado de forma ainda pior, na classificação intermediária entre Muito Ruim e Ruim (20% a 40%). Entre os quatro indicadores mais bem avaliados dessa dimensão destaca-se o Relacionamento com Colegas, que obteve percentual bastante alto de avaliações positivas (96,1%), representando o segundo indicador mais bem avaliado neste estudo. Ressalte-se que a pesquisa de Medeiros (2007) obteve resultados semelhantes neste indicador, sendo verificado índice praticamente igual (96,5% de avaliações positivas). Leite Júnior et al. (2011) também encontraram bons resultados para o indicador em questão, sob a ótica de servidores de um instituto de pesquisas público federal. Paiva e Couto (2008), por sua vez, verificaram que 95% dos seus pesquisados (gestores de uma empresa pública) consideraram elevado o grau de inter-relacionamento com os colegas de trabalho. No entanto, o estudo de Moreira et al. (2011, p. 204), com docentes da rede pública, revelou certo “descontentamento entre os professores no que se refere aos relacionamentos interpessoais no ambiente escolar”. Resultados tão divergentes em relação ao encontrado nesta pesquisa podem ser devidos às especificidades das categorias profissionais. Neste sentido, considere-se que Moreira et al. (2011) apontaram outros estudos realizados com professores, nos quais os resultados foram semelhantes aos seus, neste indicador. Considerese também que a pesquisa de Marques et al. (2008) realizada com docentes (de escolas municipais e estaduais), constatou falta de união, falta de apoio mútuo, direção distante e reduzidos relacionamentos entre colegas de trabalho. Dessa forma, tem-se aqui um indicativo de que o relacionamento entre colegas de trabalho não se relaciona diretamente com o serviço público, senão com características mais específicas do grupo funcional (e, provavelmente, também com outras, do próprio contexto onde se realiza o trabalho) – o que se configura em um tema a ser mais bem estudado em outras pesquisas Três outros indicadores da dimensão Equidade do Trabalho (Tabela 12) obtiveram avaliações positivas maiores em relação às anteriores (entre 80% e 100%): a Responsabilidade pelo Trabalho Executado, a Ajuda do Chefe diante de Problemas no Trabalho e o Fluxo de Informações na Organização (com 91,2%; 90,2% e 84,3% de avaliações positivas, respectivamente). Esses mesmos indicadores obtiveram avaliação positiva muito similar no estudo de Medeiros (2007): 91,9%; 89,5% e 84,8%, respectivamente. Portanto, em ambos os 105 estudos a avaliação se classifica entre Muito Boa e Ótima. Isso indica que, para os dois grupos de servidores públicos pesquisados, os três indicadores em discussão são pontos que favorecem, de forma especial, sua QVT. Já em um nível intermediário de avaliações (entre 40% a 60%, com classificação entre Ruim e Boa), encontra-se o indicador Condições Físicas do Ambiente de Trabalho (Tabela 12), que foi avaliado positivamente por apenas 43,1% dos participantes. Na pesquisa de Medeiros (2007) o percentual positivo obtido neste indicador foi relativamente maior (69,6%) e na de Leite Júnior et al. (2011) foram verificados resultados acima da média. Conclui-se, assim, que as Condições Físicas do Ambiente de Trabalho merecem atenção no órgão público pesquisado mas, quanto a isso, é importante salientar que o mesmo encontra-se em uma fase de transição e é provável que a avaliação do indicador seja mais positiva em um futuro próximo, visto que o pesquisador obteve a informação de que novos padrões de imóveis e respectivos mobiliários foram criados para os Postos de Atendimento e estão sendo gradativamente implantados – o que realmente foi verificado durante a fase de coleta de dados. O Plano de Cargos e Salários foi o indicador mais mal avaliado no conjunto dos que compõem a dimensão Equidade do Trabalho, assim como no conjunto de todos os 48 abrangidos por este estudo. Ele obteve 28,4% de avaliações positivas, classificando-se entre Muito Ruim e Ruim (Tabela 12). No estudo de Medeiros (2007), a organização pública estudada não apresentava Plano de Cargos e Salários, o que impossibilita a comparação com os resultados aqui obtidos. Porém, comparando-se esse dado com o obtido no indicador Progresso Funcional da dimensão Autorrealização (Tabela 11) e com os resultados da dimensão Adequação da Remuneração (apresentados mais adiante, na Tabela 15), pode-se concluir que a QVT da população pesquisa é influenciada negativamente por esses fatores. Portanto, mais uma vez se recomenda estudar mais especificamente o impacto de Planos de Carreira e Planos de Cargos e Salários na organização em tela, assim como em outras do setor público brasileiro. Em síntese, os resultados da QVT relacionados à dimensão Equidade no Trabalho foram mais dissonantes que os relacionados às dimensões antes discutidas (quatro indicadores muito bem avaliados, um intermediariamente avaliado e outro mal avaliado). A análise e discussão desses resultados mostram a necessidade de mais atenção dos gestores do órgão público 106 estudado (além de outras investigações em diferentes organizações públicas nacionais) às Condições Físicas do Ambiente de Trabalho e ao Plano de Cargos e Salários. Isso especialmente porque estes fatores estão presentes em vários modelos de QVT, particularmente no de Walton (1975 apud FERNANDES, 1996). Tabela 13 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação com a Organização Avaliações Questão Indicador Negativas Positivas 2 Imagem Externa da Organização 37,3% 62,7% 5 Identificação com a Missão 18,6% 81,4% 13 Importância das Antigas Histórias de Sucesso da Organização 22,5% 77,5% 34 Importância do Indivíduo para que a Organização atinja seus Objetivos 15,7% 84,3% 42 Contribuição do Trabalho para a Comunidade 1,0% 99,0% 48 Clareza dos Objetivos de Metas do Trabalho 12,7% 87,3% Fonte: resultados da pesquisa Entre as dez dimensões da QVT aqui estudadas, a mais bem avaliada foi a Relação com a Organização, cujos resultados são apresentados na Tabela 13. A média desta dimensão foi 4,8 (76,1% ± 4,6%) e o Desvio Padrão foi 0,82. Ela contempla os valores, princípios e normas da organização e, conforme os critérios de classificação adotados, situou-se no patamar de avaliação de QVT Boa a Muito Boa (mais próximo desta última). Além disso, todos seus seis indicadores situaram-se na camada positiva de avaliações, ainda que com graduações diferentes, como se analisa a seguir. Quatro indicadores da Relação com a Organização obtiveram avaliações entre Muito Boa e Ótima (80% a 100%), sendo que, entre eles, merece destaque a Contribuição do Trabalho para a Sociedade – indicador que foi positivamente avaliado por 99,0% dos Subordinados e representou o melhor resultado entre os 48 avaliados neste estudo. Com isso pode-se concluir que os servidores públicos estudados reconhecem prestar serviços relevantes para a sociedade e isto impacta positivamente sua QVT. Resultados semelhantes foram verificados no estudo de Leite Júnior et al. (2011), onde o mesmo indicador também obteve a melhor avaliação, e no de Medeiros (2007), cujo índice de avaliações positivas foi de 94,6% no indicador em foco. Este, portanto, parece ser um aspecto peculiar dos servidores públicos que merece ser capitalizado quando se trata de planejar ações relativas à GQVT nos órgãos onde eles colaboram. Trata-se de um fator ligado à cidadania, à RSE e à qualidade dos serviços 107 prestados à comunidade, configurando-se, também, em oportunidade de aprofundamento temático por novos estudos. Analisando-se os demais indicadores que obtiveram classificação de Muito Boa a Ótima na dimensão Relação com a Organização (conforme a Tabela 13), verifica-se que outros três obtiveram avaliação positiva superior a 80%: a Clareza dos Objetivos e Metas do Trabalho (87,3%), a Importância do Indivíduo para que a Organização Atinja seus Objetivos (84,3%) e a Identificação com a Missão (81,4%). Nesses indicadores, o trabalho de Medeiros (2007) verificou avaliação positiva ligeiramente mais elevada (90,2%; 93,0% e 91,8%, respectivamente). Em um patamar inferior situaram-se dois indicadores nesta dimensão (Tabela 13) que geraram avaliação entre Boa e Muito Boa (60% a 80%): Importância das Antigas Histórias de Sucesso da Organização (77,5% de avaliações positivas) e Imagem Externa da Organização (62,7% de avaliações positivas). Na pesquisa de Medeiros (2007), as avaliações positivas para os mesmos fatores foram em respectiva ordem, de 93,8% e 89,5%. Como pode concluir, todos os indicadores da dimensão Relação com a Organização foram positivamente avaliados, e com altos percentuais – o que a coloca como a dimensão que, provavelmente, mais contribui com a QVT dos servidores pesquisados. Visto que esses resultados vão ao encontro de outros encontrados na literatura, especialmente no que se refere à Contribuição do Trabalho para a Sociedade, reforça-se sua importância para os funcionários do Serviço Público. A dimensão Organização do Trabalho (Tabela 14) trata das formas e arranjos organizacionais, incluindo processos de trabalho, procedimentos administrativos e políticas organizacionais. Ela foi a segunda dimensão mais mal avaliada desta pesquisa, com média de respostas de 3,5 (49,6% ± 4,6%) e Desvio Padrão de 1,05. Assim, ela se classificou entre os critérios de avaliação Ruim e Boa da QVT. Como se verifica na Tabela 14, dois indicadores dessa dimensão foram avaliados entre Bom e Muito Bom (60% a 80%). São eles: Gestão da Organização Competente e Democrática (com 68,6% de avaliações positivas) e Satisfação com a Supervisão Recebida (com 62,7% de 108 avaliações positivas). Medeiros (2007) identificou percentuais semelhantes de avaliações positivas para esses indicadores (74,0% e 62,3%, respectivamente). Portanto, nos dois estudos foram identificados bons níveis de avaliação quanto aos aspectos de gestão (incluindo a supervisão imediata). Diferentemente disso, o estudo conduzido por Leite Júnior et al. (2011) apresentou resultados considerados, pelos autores, como indicativos de insatisfação com a supervisão recebida por servidores públicos federais de um instituto de pesquisa. Com isso se identifica a necessidade de que outros estudos avaliem este aspecto – considerado fundamental para a GP e para a GQVT, como destacam autores entre os quais Ferreira, R. R. et al. (2009) e Greca e Martins (2011). Tabela 14 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Organização do Trabalho Questão Indicador 4 6 7 9 11 22 Ausência de Burocracia Existência de Comemorações Internas Satisfação com a Supervisão Recebida Gestão da Organização Competente e Democrática Relação com Sindicato ou Associação Materiais e Equipamentos Avaliações Negativas Positivas 49,0% 61,8% 37,3% 31,4% 63,7% 53,9% 51,0% 38,2% 62,7% 68,6% 36,3% 46,1% Fonte: resultados da pesquisa Outros dois indicadores da dimensão Organização do Trabalho tiveram avaliações classificadas entre as categorias Ruim e Boa (40% a 60%): Ausência de Burocracia (51,0% de avaliações positivas) e Materiais e Equipamentos (46,1% de avaliações positivas). Sobre a Ausência de Burocracia, Medeiros (2007) verificou índice pouco superior (57,4% de avaliações positivas) mas, Nunes e Lins (2009) concluíram que os servidores públicos do Poder Judiciário Federal evocam sofrimento devido à racionalização burocrática. Portanto, os mais baixos resultados obtidos no presente estudo vão ao encontro a outros registrados na literatura e sugerem que os órgãos públicos brasileiros avaliem a burocratização a que seus servidores (e usuários) estão submetidos. No que concerne aos materiais e equipamentos, a literatura também registra trabalhos que indicam menores níveis de satisfação de trabalhadores do setor público com os insumos disponíveis para a realização de seus trabalhos (AMORIM, 2011; BRUM et al., 2012; FARIAS et al., 2008) e, assim, da mesma forma, temse aqui evidências de que este é um fator que compromete a QVT dos mesmos, merecendo maior atenção dos gestores. 109 Contudo, na dimensão Organização do Trabalho, as piores avaliações do grupo de Subordinados que participou da presente pesquisa (classificação entre Muito Ruim a Ruim – 20% a 40%, conforme Tabela 14) ocorreram nos indicadores: Existência de Comemorações Internas (positivamente avaliada por 38,2% dos Subordinados) e Relação com o Sindicato ou Associação (positivamente avaliada por apenas 36,3% deles). Resultados pouco superiores foram encontrados por Medeiros (2007): 58,7% e 48,4%, respectivamente. Sobre a Existência de Comemorações Internas, vale dizer que Carrieri et al. (2007) destacam a importância de rituais e comemorações na cultura organizacional brasileira, a qual é inclinada às celebrações, sobretudo as decorrentes de suas conquistas. Dessa forma, as avaliações entre muito ruins e ruins aqui encontradas no indicador Comemorações Internas tornam esse resultado ainda mais relevante para a população pesquisada. Já no tocante à Relação com a Associação/Sindicato, Medeiros (2007) e Marques et al. (2008) também identificaram insatisfação de trabalhadores do setor público com essas entidades representativas. Sendo assim, conclui-se que os resultados do presente estudo convergem com os dois citados, lançando mais foco sobre a importância desse fator para a QVT de servidores públicos brasileiros. Isto posto, tem-se que, no geral, os resultados da dimensão Organização do Trabalho afetam negativamente a QVT dos funcionários públicos pesquisados, sobretudo no que se refere aos indicadores Comemorações Internas e Relação com a Associação/Sindicato. Sobre este último, identificou-se consenso com outros estudos relatados na literatura sobre o tema, o que reforça a necessidade de que outros estudos se detenham sobre ele. Tabela 15 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Adequação da Remuneração Questão Indicador 44 Avaliações Negativas Positivas Equidade Salarial Interna 46,1% 53,9% 45 Equidade Salarial Externa 52,9% 47,1% 46 Relação Salário-Desempenho 53,9% 46,1% Fonte: resultados da pesquisa A dimensão mais mal avaliada pelos Subordinados participantes deste estudo foi a chamada Adequação da Remuneração, cujos indicadores buscam estabelecer a relação entre a realização do trabalho e sua devida remuneração. Os resultados das avaliações desses indicadores são apresentados na Tabela 15, onde se verifica que se situaram nos critérios de 110 classificação da QVT entre Ruim e Boa (40% a 60%), sendo a média de respostas 3,4 (47,2% ± 4,6%) e o Desvio Padrão de 1,66. Destaque-se que todos os indicadores dessa dimensão (Tabela 15) situaram-se no intervalo entre 40% e 60% (Ruim e Boa). A Equidade Salarial Interna obteve 53,9% de avaliações positivas e os indicadores Equidade Salarial Externa e Relação Salário-Desempenho obtiveram avaliações positivas de 47,1% e 46,1%, respectivamente. Medeiros (2007) obteve respostas positivas para esses três indicadores de 42,4%%; 48,4% e 45,3% de seus participantes, respectivamente. Outros estudos realizados no contexto do serviço público, como os de Amorim (2011), Brum et al. (2012), Farias et al. (2008), Garcia (2007), Leite Júnior et al. (2011), Marques et al. (2008), Moreira et al. (2011), Quirino e Xavier (1987), Valle e Vieira (2004) também identificaram menores níveis de satisfação de funcionários públicos com sua remuneração e/ou carreira. Portanto, os resultados obtidos neste estudo corroboram outros encontrados na literatura, indicando que a remuneração vem sendo avaliada pelos servidores públicos brasileiros como uma dimensão crítica, no sentido negativo da QVT. Destaque-se, também, que os resultados obtidos no presente estudo nos indicadores Plano de Cargos e Salários (indicador mais mal avaliado no conjunto dos que compõem a dimensão Equidade do Trabalho, assim como no conjunto de todos os 48 abrangidos por este estudo) e Progresso Funcional (componente mais mal avaliado na dimensão Autorrealização) guardam semelhanças conceituais com os que fazem parte da dimensão Adequação da Remuneração, antes discutidos. Sendo assim, os resultados inferiores obtidos em todos eles podem ser considerados complementares, indicando que é sobremaneira importante considerar seu impacto sobre a QVT a população pesquisada, tanto quanto dar-lhes foco, em estudos semelhantes com servidores públicos nacionais. Sugere-se que estes investiguem, mais especificamente, se os motivos de menor satisfação são devidos à Equidade Salarial Interna, à Equidade Salarial Externa ou à Relação Salário-Desempenho. Com isso, novos Planos de Cargos e Salários e de Carreira poderão ser propostos. A Tabela 16 traz os resultados da dimensão Relação Chefe-Subordinado, que implica no nível de satisfação do funcionário no que concerne ao seu relacionamento pessoal e profissional com o chefe imediato. A média das respostas foi de 4,3 (65,4% ± 4,6%) e Desvio Padrão de 111 1,04. A referida dimensão classifica-se entre os critérios de classificação da QVT Boa e Muito Boa (mais próxima de Muito Boa), sendo que todos os seus cinco indicadores foram avaliados como positivos (entre 60% e 100%). Trata-se, portanto, de outro resultado que, como os obtidos nos indicadores Satisfação com a Supervisão Recebida (62,7% de avaliações positivas na dimensão Organização do Trabalho) e Ajuda dos Chefes quando tem problemas no Trabalho (90,2% de avaliações positivas na dimensão Equidade do Trabalho) indica que o relacionamento do público participante desta pesquisa com seus superiores hierárquicos é muito boa e merece ser capitalizada, já que, como afirmam Greca e Martins (2011, p. 68), a QVT “está diretamente ligada à forma como o líder se relaciona com sua equipe e como proporciona um bom ambiente de trabalho”. Ressalte-se que a pesquisa de Medeiros (2007) obteve resultados semelhantes, exceto no indicador Tratamento Igualitário (38,1% de avaliações positivas). Tabela 16 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação Chefe-Subordinado Questão Indicador 12 15 16 17 28 Feedback Extrínseco Respeito Recebido dos Superiores Reconhecimento Tratamento Igualitário Autonomia Avaliações Negativas Positivas 39,2% 4,9% 35,3% 37,3% 28,4% 60,8% 95,1% 64,7% 62,7% 71,6% Fonte: resultados da pesquisa O maior destaque positivo entre os indicadores da dimensão Relação Chefe-Subordinado (Tabela 16) foi o indicador Respeito Recebido dos Superiores, cuja avaliação foi bastante positiva (95,1%, muito próxima da classificação Ótima), ao passo que Medeiros (2007) identificou percepção positiva ligeiramente inferior (89,5%) para esse indicador. Os outros quatro indicadores da dimensão em tela obtiveram avaliações positivas classificadas entre Boas e Muito Boas, com índices de 71,6% (Autonomia); 64,7% (Reconhecimento); 62,7% (Tratamento Igualitário) e 60,8% (Feedback Extrínseco), conforme também se verifica na Tabela 16. Medeiros (2007) observou resultados positivos semelhantes nos indicadores Autonomia (77,1%), Reconhecimento (68,7%) e Feedback Extrínseco (73,1%), mas não em Tratamento Igualitário (38,1%). 112 Vale sublinhar que o resultado positivo aqui obtido no indicador Autonomia também vai ao encontro dos obtidos nos estudos de Amorim (2011), Moreira et al. (2011), Paiva e Couto (2008) que apontaram, igualmente, boa percepção de funcionários públicos de diferentes categorias profissionais sobre tal indicador. Essa análise comparativa confirma que a Autonomia é um fator que os servidores públicos brasileiros têm como favorecedor de sua QVT. Os resultados dos indicadores da dimensão Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional são expressos na Tabela 17. Esta dimensão representa o nível de eficácia no processo de transmissão de informações organizacionais, assim como a possibilidade do funcionário se qualificar no trabalho. Atingiu a média 4,0 (60,8% ± 4,6%), com Desvio Padrão de 1,03 e se mostrou ligeiramente superior ao critério de classificação Bom. Contudo, cada um de seus indicadores se classificou de uma forma diferente, como se analisa a seguir. Tabela 17 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional Questão Indicador 8 Avaliações (em %) Negativas Positivas Acesso à Informação 13,7% 86,3% 23 Incentivo à Qualificação 48,0% 52,0% 37 Conhecimento do Processo de Prestação de Serviço da Organização 36,3% 63,7% Fonte: resultados da pesquisa O Acesso à Informação foi aqui bem avaliado por 86,3% dos participantes (níveis de QVT Muito Boa a Ótima), ao passo que Medeiros (2007) verificou 67,3% de avaliações positivas nesse indicador (avaliação entre Boa e Muito Boa). Isso indica que a transparência e eficiência da organização na divulgação de normas, eventos e rotinas de trabalho parece ser um fator diferencial para a QVT do público da presente pesquisa. Em se tratando do indicador Conhecimento do Processo de prestação de Serviço da Organização, foram verificadas aqui 63,7% de avaliações positivas (também entre Boa e Muito Boa), enquanto Medeiros (2007) obteve índice pouco maior, mas ainda na mesma classificação (78,7%). 113 Quanto ao indicador Incentivo à Qualificação, esta pesquisa obteve resultado quase neutro (52%), classificado entre as categorias Ruim e Boa, o que diverge do resultado encontrado por Medeiros (2007): 76,0% de avaliações positivas (classificação entre Boa e Muito Boa). No entanto, Quirino e Xavier (1987) e Valle e Vieira (2004) verificaram reduzida satisfação quanto a esse indicador da QVT no serviço público entre servidores técnico-administrativos de uma universidade federal e entre pesquisadores de um instituto de pesquisas público. Sendo assim, sugere-se que estudos posteriores investiguem mais acuradamente a relativa inconsistência dos dados apresentados, a fim de verificar se estão associados a variáveis específicas das populações e/ou contextos de trabalho no Serviço Público. Conclui-se, desse modo, que a Comunicação e Aprendizagem Organizacional foram bem avaliadas neste estudo, principalmente no que se refere ao Acesso à Informação. Por outro lado, no que se refere ao Incentivo à Qualificação os dados obtidos vão ao encontro de outros identificados na literatura, os quais denotam menor satisfação por parte de servidores públicos brasileiros. Tabela 18 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Relação Trabalho e Vida Pessoal Questão Indicador 26 27 41 43 Imagem Interna Segurança quanto ao Futuro na Organização Habilidade para Enfrentar Mudanças Equilíbrio entre Vida Pessoal e Trabalho Avaliações (em %) Negativas Positivas 18,6% 31,4% 24,5% 19,6% 81,4% 68,6% 75,5% 80,4% Fonte: resultados da pesquisa As avaliações dos indicadores da dimensão Relação Trabalho e Vida Pessoal são exibidas na Tabela 18. Essa dimensão reflete as relações entre as atividades profissionais e a vida pessoal do trabalhador e obteve a terceira melhor avaliação entre as dimensões deste estudo. Sua média foi 4,6 (72,3% ± 4,6%) e o Desvio Padrão foi de 1,09. Portanto, ela se situa entre os níveis de avaliação Boa e Muito Boa da QVT. Ressalte-se que todos os indicadores dessa dimensão foram positivamente avaliados, mas dois deles obtiveram classificações melhores (entre Muito Boa e Ótima) do que os dois outros (situados entre as categorias Boa e Muito Boa). Os dois primeiros são a Imagem Externa (81,4% de avaliações positivas) e o Equilíbrio entre Vida Pessoal e Trabalho (80,4%), 114 enquanto os dois seguintes são a Habilidade para Enfrentar Mudanças (75,5%) e a Segurança quanto ao Futuro na Organização (68,6%). Resultados próximos foram verificados no trabalho de Medeiros (2007), no qual os resultados positivos dos quatro indicadores foram, respectivamente, 82,8%; 78,7%; 88,0% e 72,9%. Sendo assim, os dados indicam que, para as duas populações de servidores públicos contempladas nesses estudos, os quatro indicadores em questão ancoram positivamente a QVT. E isto é muito importante, conforme argumentam estudiosos entre os quais Zare et al. (2012) e Dallimore e Mickel (2006). No que se refere, especificamente ao indicador Equilíbrio entre Vida Pessoal e Trabalho, é importante mencionar que os resultados aqui obtidos divergem dos encontrados no estudo de Moreira et al. (2011) e nos de outros apontados por esses autores, todos realizados com populações de docentes de instituições públicas, para os quais, segundo os pesquisadores, há certa dificuldade de alcançar equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (BAKKER et al., 2000 apud MOREIRA et al., 2011; MENON e SAITIS, 2006 apud MOREIRA et al., 2011; GOMES et al., 2006 apud MOREIRA et al., 2011; CARLOTTO e PALAZZO, 2006 apud MOREIRA et al., 2011; OZAN, 2009 apud MOREIRA et al., 2011; YUCEL, 2008 apud MOREIRA et al., 2011; LEMOS et al., 2007 apud MOREIRA et al., 2011; BOTH et al., 2008 apud MOREIRA et al., 2011). Em outros estudos realizados com docentes públicos, a percepção do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional também se mostrou comprometida porque grande parte dos professores pesquisados cumpria carga horária de trabalho extra com finalidade de complementação da renda e não havia tempo suficiente para as questões pessoais (FARIAS et al., 2008; MARQUES et al., 2008; SÁ et al., 2007). No entanto, o estudo de Valle e Vieira (2004), realizado com docentes públicos federais, apresentou resultados divergentes, concluindo que as atividades profissionais dos entrevistados não afetavam suas vidas pessoais. De forma semelhante, pesquisa realizada com profissionais da área da saúde indicou o “não prejuízo à vida familiar causado pelo trabalho” como o indicador de maior satisfação do grupo pesquisado (GARCIA, 2007, p. 9). Com essa análise, parece claro que, embora na presente pesquisa os resultados encontrados tenham sido muito favoráveis no tocante às relações entre trabalho e vida pessoal, estas merecem ser mais bem investigadas em outros estudos, levando-se em conta características próprias das categorias funcionais de servidores públicos. 115 Tabela 19 - Avaliação dos indicadores de QVT da Dimensão Efetividade dos Processos de Trabalho Questão Indicador 36 39 Avaliações (em %) Negativas Positivas Coerência e Eficácia do Trabalho 48,0% 52,0% Atuação Integrada dos Setores 29,4% 70,6% Fonte: resultados da pesquisa Na Tabela 19 apresentam-se os resultados da última dimensão da QVT aqui avaliada pelo grupo de Subordinados: a Efetividade dos Processos de Trabalho, que trata das formas de trabalho na organização e sua contribuição para o alcance de metas e objetivos. A média dessa dimensão foi de 3,9 (58,6% ± 4,6%) e o Desvio Padrão foi 1,25. Sua avaliação se classifica entre os níveis de QVT Ruim e Boa (40% a 60%), porém mais próxima de Boa. Nesta dimensão, o indicador Atuação Integrada dos Setores situou-se entre os critérios Bom e Muito Bom, por ter alcançado 70,6% de avaliações positivas. Trata-se, portanto, de um resultado que indica que os processos de trabalho são harmônicos entre os setores de trabalho do órgão pesquisado. Trata-se, também, de um resultado muito parecido com o obtido por Medeiros (2007), no mesmo indicador (74,9% de avaliações positivas). Em contrapartida, o indicador Coerência e Eficácia do Trabalho apresentou pior resultado (entre Ruim e Bom, com 52,0% de avaliações positivas). Tal resultado também foi bem inferior aos 81,9% de avaliações positivas encontradas por Medeiros (2007) e, com isso, pode-se concluir que impacta negativamente a QVT da população pesquisada. Seria importante pesquisar suas causas, que podem estar relacionadas às da dimensão Organização do Trabalho (segunda dimensão mais mal avaliada neste estudo), especialmente no indicador Ausência de Burocracia (49% de avaliações negativas nesta dimensão). Tem-se assim que, de forma geral, os resultados da dimensão Efetividade dos Processos de trabalho indicam a necessidade de se reverem processos de trabalho no órgão pesquisado, a fim de que isso favoreça a QVT de seus colaboradores e o alcance de suas metas organizacionais, como destacam alguns modelos de QVT, principalmente os ligados à chamada Escola Organizacional (ver Referencial Teórico). 116 Em resumo, dos 48 indicadores avaliados nas dez dimensões contidas neste estudo, 39 (81%) alcançaram resultados superiores a 50% de avaliações positivas, um (2%) obteve resultado neutro, com 50% de avaliações positivas e 50% negativas, e oito (17%) obtiveram resultados inferiores a 50% de avaliações positivas. Isto, mais uma vez, comprova que a QVT na organização pesquisada foi avaliada como bastante positiva (entre Boa e Muito Boa, segundo os critérios adotados), pelos seus colaboradores. Na Tabela 20, destacam-se os indicadores cuja avaliação positiva superou os 90%. Dado que o presente estudo utilizou o modelo conceitual e o instrumento de coleta de dados propostos por Medeiros (2007), a tabela também apresenta os dados das avaliações obtidas no estudo do citado autor, permitindo mais fácil comparação. Tabela 20 - Indicadores de QVT mais bem avaliados Indicador Contribuição do Trabalho para a Comunidade Avaliações Positivas neste estudo 99,0% Avaliações Positivas no estudo de Medeiros (2007) 94,6% 96,1% 96,5% Relacionamento com Colegas Respeito recebido dos Superiores 95,1% 89,5% Responsabilidade pelo Trabalho Executado 91,2% 91,9% Desempenho na Realização das Tarefas 90,2% 85,0% Ajuda do Chefe quando tem Problemas no Trabalho Fonte: resultados da pesquisa e do estudo de Medeiros (2007) 90,2% 89,5% Pela análise da Tabela 20 verifica-se que os indicadores mais bem avaliados neste estudo também foram muito bem avaliados no estudo de Medeiros (2007), não havendo diferenças percentuais expressivas entre eles. Note-se que três dos indicadores (Relacionamento com Colegas, Respeito recebido dos Superiores e Ajuda do Chefe quando tem Problemas no Trabalho) estão associados ao ambiente humano (pessoal e profissional) no trabalho. Pode-se dizer, também, que estão ligados a uma adequada GP na organização. Por outro lado, os outros três (Contribuição do Trabalho para a Comunidade, Responsabilidade pelo Trabalho Executado e Desempenho na Realização das Tarefas) estão ligados aos valores/grau de importância que os avaliados demonstram atribuir a seu trabalho, no sentido de sua relevância para a organização e para a comunidade. Portanto, vale dizer que estão relacionados à cidadania e à RSE. 117 A congruência dos dados obtidos pelos dois estudos nos indicadores mais bem avaliados não só leva a concluir que são aspectos que devem ser capitalizados na GP e na GQVT das organizações pesquisadas como também levanta a oportunidade de investigação científica em futuros trabalhos, que poderiam, utilizando o mesmo instrumento, consultar outros grupos de servidores, com o intuito de se buscar generalizar tal conclusão para todo o Serviço Público brasileiro. Na Tabela 21 apresentam-se os oito indicadores que obtiveram menos de 50% de avaliações positivas neste estudo e foram, assim, classificados como negativos em termos de seu impacto sobre a QVT dos participantes. De forma geral, eles estão relacionados à compensação e aos recursos físicos e materiais oferecidos para que o trabalho seja realizado na organização, assim como à representatividade da categoria profissional por seus órgãos de classe. Importante destacar que, no que se refere à compensação/remuneração, vários outros estudos com funcionários públicos brasileiros apontam na mesma direção, conforme o que se discutiu anteriormente. Tabela 21 - Indicadores de QVT mais mal avaliados Indicador Plano de Cargos e Salários Relação com Sindicato ou Associação Avaliações Positivas neste estudo 28,4% Avaliações Positivas no estudo de Medeiros (2007) Não se aplica 36,3% 48,4% Existência de Comemorações Internas 38,2% 58,7% Condições Físicas do Ambiente de Trabalho 43,1% 69,6% Progresso Funcional 46,1% 80,1% Materiais e Equipamentos 46,1% 51,2% Relação Salário-Desempenho 46,1% 45,3% Equidade Salarial Externa 47,1% Fonte: resultados da pesquisa e do estudo de Medeiros (2007) 48,4% A Tabela 21 também permite comparar os resultados obtidos nos indicadores de QVT mais mal avaliados no presente estudo com os obtidos por Medeiros (2007). Nesse caso, verifica-se que a semelhança entre eles não é tão grande quanto a que ocorreu com os indicadores da Tabela 20. Destaque-se que todas as avaliações aqui obtidas foram relativamente inferiores às do citado estudo e que as maiores semelhanças ocorreram nos indicadores: Relação saláriodesempenho e Equidade salarial externa. Isso tende a indicar que, de fato, tais indicadores contribuem negativamente para a QVT de funcionários públicos nacionais e merecem atenção por parte de seus gestores. 118 Por outro lado, as divergências entre os resultados de ambos os estudos nos demais indicadores apresentados na Tabela 21 provavelmente sejam decorrentes de especificidades dos públicos-alvos e/ou dos contextos de ambos – o que também demandaria comprovação por pesquisas com diferentes populações do funcionalismo público brasileiro. 5.2.3 Comparações entre os participantes quanto à natureza das atividades Considerando que, desde os contatos iniciais com o dirigente e com a comissão de QVT do órgão público onde foi realizada a presente pesquisa, até a fase de coleta de dados da mesma, foram feitos comentários sobre uma possível percepção mais negativa de QVT pelo Grupo de Subordinados que realizavam atendimento ao público externo (Atendentes) por conta de queixas7 que apresentavam sobre piores condições de trabalho comparadas às dos colegas que não o realizavam (Administrativos), acrescentou-se ao projeto original do estudo o objetivo específico de verificar se existem diferenças na avaliação da QVT entre esses dois subgrupos. Este objetivo específico também se justifica porque a variável atendimento ao público não foi focalizada em nenhum estudo sobre QVT (nem com servidores públicos, nem com outro tipo de funcionários), pelo menos no que foi possível ao pesquisador identificar. Isso talvez se deva ao fato de que os estudos e intervenções em torno da QVT têm tido um caráter elitista, focalizando a alta e média administrações, em especial de grandes empresas, conforme constataram Sant´Anna et al. (2011). Para atender a esta análise específica de resultados, foi considerada a amostra de 102 servidores do Grupo de Subordinados, dos quais 82 se enquadram como Atendentes e 20 como Administrativos (ver Tabela 4, subtítulo 5.1). Nessa amostra foi feito o cruzamento do índice Média da QVT (obtido a partir das respostas ao Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT) com a variável Atendimento ao Público, verificando-se que o índice de correlação (r) foi de 0,046 (n. sig. 95%). Com este índice conclui-se que a correlação não é significante e, dessa forma pode dizer que, sob o ponto de vista estatístico, a percepção de QVT global dos servidores não está associada ao fato de exercerem ou não atendimento ao público externo. Por extensão, pode-se dizer, também, que os relatos de piores condições de 7 Esses comentários são apresentados, em mais detalhes, no subtítulo 5.4.3. 119 trabalho do subgrupo de Subordinados Atendentes não está relacionada à pior percepção global de QVT. Visando melhor explorar a variável em tela, a Tabela 22 apresenta os escores médios (e respectivos percentuais) de respostas, questão por questão, dos dois subgrupos. A tabela também apresenta os percentuais de diferenças entre os dois subgrupos, em cada questão. Nela se verifica que a Média da QVT dos Atendentes foi de 4,22 (64,4%) e a dos Administrativos 4,31 (66,2%). Portanto, as médias são muito similares (diferença de apenas 2,1%) e ambas classificadas entre os níveis de avaliação Bom e Muito Bom, segundo os critérios adotados nesta pesquisa (Tabela 2, subtítulo 4.6). Essa análise também indica que não há impacto considerável da variável Atendimento ao Público sobre a QVT dos servidores que realizam atendimento ao público, na organização. Analisando-se os percentuais de diferenças entre os escores médios dos dois subgrupos em cada um dos indicadores de QVT considerados no instrumento de pesquisa (Tabela 22) constata-se que 43 dos 48 deles (89,6%) diferiram em menos de 20%. Vale dizer que esse dado também não evidencia diferenças quantitativas consideráveis entre os subgrupos de Subordinados. Os cinco indicadores que tiveram diferenças superiores a 20% foram: Progresso Funcional (questão 1), Existência de Comemorações Internas (questão 6), Oportunidade de Desenvolvimento Pessoal (questão 24), Equidade Salarial Externa (questão 45) e Plano de Cargos e Salários (questão 47). Tendo-se em vista que esses indicadores podem representar, do ponto de vista qualitativo, condições diferentes para cada subgrupo, segue-se análise mais apurada sobre os mesmos. Como se observa na Tabela 22, o subgrupo dos Subordinados Administrativos avaliou três indicadores em patamar superior em relação aos Atendentes: Progresso Funcional (questão 1), Oportunidade de Desenvolvimento Pessoal (questão 24), e Existência de Comemorações Internas (questão 6). Destaque-se que os dois primeiros indicadores fazem parte da dimensão Autorrealização, que trata no nível de satisfação e realização experimentada pelo indivíduo em relação ao seu trabalho. O terceiro indicador faz parte da dimensão Organização do Trabalho, que trata das formas e arranjos organizacionais, incluindo políticas, processos e procedimentos. 120 Tabela 22 - Avaliações de QVT de Subordinados Atendentes e Administrativos Dimensão Questão Execução do Trabalho Autorrealização Equidade no Trabalho Relação com a Organização Organização do Trabalho Adequação da Remuneração Relação Chefe-Subordinado Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional Relação Trabalho e Vida Pessoal Efetividade dos Processos de Trabalho Média da QVT 25 29 30 33 35 38 40 1 3 10 24 31 32 14 18 19 20 21 47 2 5 13 34 42 48 4 6 7 9 11 22 44 45 46 12 15 16 17 28 8 23 37 26 27 41 43 36 39 Atendentes Escore Médio % 3,4 4,8 4,0 5,3 4,7 4,6 5,5 3,3 4,2 4,3 3,8 4,6 4,4 5,6 5,0 5,3 4,7 3,1 2,7 4,0 4,7 4,5 4,9 5,7 5,0 3,5 2,9 4,1 3,9 2,8 3,3 3,5 3,3 3,4 3,8 5,5 4,1 4,0 4,0 4,8 3,4 3,9 4,8 4,2 4,5 4,9 3,6 4,3 4,2 48,5% 75,1% 61,0% 85,4% 74,6% 71,5% 89,0% 45,1% 64,1% 66,3% 55,9% 72,9% 67,8% 91,2% 80,7% 85,4% 73,7% 42,0% 34,1% 60,7% 73,4% 69,5% 78,8% 94,9% 80,2% 49,0% 38,0% 61,7% 57,8% 36,8% 46,6% 50,0% 46,6% 48,5% 56,1% 89,3% 62,2% 60,2% 60,5% 75,1% 48,3% 58,5% 75,1% 63,2% 70,0% 78,5% 52,4% 66,6% 64,4% Administrativos Escore Médio % 3,7 5,3 4,6 5,5 4,4 4,7 5,5 4,0 4,5 4,5 4,7 4,2 4,6 5,3 5,4 5,3 5,3 3,6 1,9 4,1 4,8 4,8 4,9 5,5 4,7 3,8 3,6 4,1 4,4 2,7 4,0 3,9 2,6 2,9 4,1 5,4 3,9 3,6 4,1 4,9 3,6 3,8 5,0 4,6 4,9 4,5 3,5 4,1 4,3 54,0% 86,0% 71,0% 90,0% 68,0% 74,0% 90,0% 60,0% 69,0% 70,0% 73,0% 64,0% 72,0% 86,0% 87,0% 85,0% 86,0% 52,0% 18,0% 62,0% 76,0% 76,0% 77,0% 89,0% 73,0% 55,0% 52,0% 62,0% 67,0% 33,0% 59,0% 57,0% 32,0% 38,0% 62,0% 87,0% 58,0% 52,0% 62,0% 77,0% 52,0% 56,0% 80,0% 71,0% 78,0% 69,0% 49,0% 61,0% 66,2% Percentuais de diferenças 8,0% 11,4% 12,4% 4,4% 7,5% 2,8% 0,9% 22,8% 5,8% 4,2% 22,6% 10,6% 4,8% 4,9% 6,2% 0,3% 13,2% 16,2% 42,5% 1,6% 2,8% 7,2% 1,8% 5,4% 7,8% 8,7% 24,0% 0,4% 11,8% 7,2% 18,6% 10,0% 28,0% 18,2% 7,8% 2,1% 5,4% 11,4% 1,9% 2,0% 5,4% 3,3% 5,1% 9,4% 8,9% 10,7% 5,0% 6,9% 2,1% Fonte: resultados da pesquisa 121 O indicador Progresso Funcional (questão 1) alcançou escore de 4,0 (60,0%) entre os Administrativos e de 3,3 (45,1%) entre os Atendentes, ou seja, conforme os critérios de classificação adotados no presente estudo, os Administrativos o avaliaram como Bom e os Atendentes o avaliaram entre Ruim e Bom. Esses resultados apontam que as oportunidades de ascensão profissional na organização pública estudada são consideradas boas pelos servidores Administrativos e regulares (entre Ruins e Boas) pelos Atendentes. Relembrando-se que os resultados desse indicador obtidos pelo grupo completo de Subordinados (subtítulo 5.2.2), foram inferiores aos encontrados em outros órgãos públicos (MEDEIROS, 2007; LEITE JÚNIOR et al., 2011), pode-se concluir que isso se deu mais por conta das avaliações dos Subordinados Atendentes. Outro indicador mais bem avaliado pelo subgrupo dos Subordinados Administrativos do que pelos Atendentes foi a Oportunidade de Desenvolvimento Pessoal (questão 24). Este indicador reflete o processo de capacitação contínua para o desenvolvimento das potencialidades dos colaboradores. O escore desse indicador entre os servidores Administrativos foi de 4,7 (73,0%), classificando-se entre Bom e Muito Bom, enquanto entre os Atendentes o escore foi de 3,8 (55,0%), classificando-se entre Ruim e Bom. Essa avaliação inferior por parte dos Atendentes também leva à conclusão de que este subgrupo foi mais responsável pelos resultados mais baixos encontrados no órgão público aqui estudado para este indicador, quando comparados como os encontrados por Medeiros (2007) em outro órgão público (ver tópico 5.2.2). O terceiro e último indicador mais bem avaliado pelos Subordinados Administrativos do que pelos Atendentes foi a Existência de Comemorações Internas (questão 6), que se refere à existência de comemorações de datas consideradas significativas na organização. Este indicador alcançou escore de 3,6 (52,0%), com classificação regular (entre Ruim e Boa) no subgrupo de Administrativos e de 2,9 (38,0%), com classificação entre Muito Ruim e Ruim, pelo subgrupo de Atendentes. Percebe-se, com esses resultados, que nenhum dos dois subgrupos de servidores públicos pesquisados concordou que a organização tem momentos especiais de comemorações e atividades sociais e esportivas, mas que o subgrupo dos Atendentes denotou se ressentir mais da falta destes momentos. Isso talvez porque tenham menos interação com os colegas, por conta de suas atividades típicas de trabalho. Quanto a isso, ressalte-se que, conforme Carrieri et al. (2007), um dos traços da cultura organizacional 122 brasileira é a característica de valorização de rituais de celebração, sobretudo nas conquistas profissionais, o que, como já discutido, precisa ser levado em conta no planejamento das ações de QVT, seja em órgãos públicos, seja em empresas privadas. Por outro lado, os dados constantes na Tabela 22 também mostram que dois dos cinco indicadores que diferiram em mais de 20% em seus escores médios foram mais bem avaliados pelos servidores Atendentes do que pelos Administrativos: Equidade Salarial Externa (questão 45) e Plano de Cargos e Salários (questão 47). Esses indicadores fazem parte das dimensões Adequação da Remuneração e Equidade no Trabalho, que se referem, respectivamente, à relação entre o trabalho realizado e sua devida remuneração e ao reconhecimento dos direitos dos colaboradores, de forma igualitária. O indicador Equidade Salarial Externa (questão 45) classifica-se entre Ruim e Bom pelos Atendentes (escore de 3,3 e percentual de 46,6%) e entre Muito Ruim e Ruim pelos Administrativos (escore de 2,6 e percentual de 32,0%). Esse indicador se refere à relação entre os níveis salariais praticados na organização e aqueles verificados em mercados de trabalho semelhantes, externos a ela. Assim, conclui-se que os Atendentes avaliaram seus padrões salariais de forma regular, mas os Administrativos os avaliaram de forma negativa, comparando-os com os oferecidos por organizações semelhantes. O outro indicador mais bem avaliado pelos Atendentes foi o Plano de Cargos e Salários (questão 47), que trata da satisfação com o plano de cargos e salários da organização. De acordo com a Tabela 22, o indicador alcançou o escore de 2,7 (34,1%) entre os Atendentes e o escore de 1,9 (18,0%) entre os Administrativos. Ressalte-se que esse indicador foi o que apresentou a maior distorção entre as avaliações dos dois subgrupos de servidores Subordinados (diferença de 42,5%). Utilizando-se os critérios de classificação que foram adotados nesta pesquisa considera-se que os Atendentes avaliam tal indicador entre os níveis Muito Ruim e Ruim (mais próximo deste último), ao passo que os Administrativos o avaliam entre Péssimo e Muito Ruim (também mais próximo deste último). Conforme abordado no subtítulo 5.2.2, há outros estudos realizados no serviço público brasileiro que também apontam menores níveis de satisfação dos servidores em relação à remuneração e/ou à carreira (AMORIM, 2011; BRUM et al., 2012; FARIAS et al., 2008; 123 GARCIA, 2007; LEITE JÚNIOR et al., 2011; MARQUES et al., 2008; MOREIRA et al., 2011; QUIRINO e XAVIER, 1987; VALLE e VIEIRA, 2004). Sendo assim, os resultados aqui apresentados levantam a oportunidade de se pesquisar melhor se, realmente e porque, servidores públicos que realizam trabalhos administrativos são mais afetados negativamente (em relação àqueles que não os realizam), pelos indicadores de QVT relacionados à equidade salarial externa e ao plano de cargos e salários. Concluindo essa análise, tem-se que a percepção global da QVT dos servidores públicos pesquisados que trabalham frequentemente com atendimento ao público (Atendentes) não se diferenciou muito (apenas 2,1%) daqueles que não realizam tal tipo de atendimento (Administrativos), sendo que, em ambos os subgrupos classifica-se entre Boa e Muito Boa. Sob o ponto de vista estatístico, o índice de correlação entre a Média da QVT e a variável Atendimento ao Público, não apresentou significância, com o que se pode dizer que a percepção de QVT global dos servidores não está associada ao fato de exercerem ou não atendimento ao público externo Por outro lado, foram encontradas algumas diferenças nas avaliações de indicadores específicos de QVT entre os dois subgrupos, as quais merecem melhor investigação: os Subordinados Administrativos avaliaram de melhor forma seu progresso profissional, seu desenvolvimento pessoal e a disponibilidade de momentos especiais de comemorações e atividades sociais e esportivas, enquanto os Subordinados Atendentes melhor avaliaram a relação entre sua remuneração e a de outras organizações similares, assim como o plano de cargos e salários do órgão público. 5.3 Análise Correlacional 5.3.1 Fatores críticos x dimensões da QVT A fim de se atender ao objetivo específico 4 deste estudo, a Tabela 23 apresenta os dados obtidos com os cálculos das correlações entre os Fatores Críticos de QVT avaliados pelos Gestores e as Dimensões de QVT avaliadas pelos Subordinados. 124 Conforme se verifica na Tabela 23, a correlação entre a Média da QVT (MQVT) e a Média dos Fatores Críticos (MFC) foi positiva, mas não significativa ao nível de 95%, do ponto de vista estatístico (r=0,183). Dessa forma, constata-se que, de maneira global, as concepções dos Gestores do órgão público pesquisado sobre a QVT não estão associadas à percepção da mesma pelos seus Subordinados, pelo menos a julgar pelas respostas dadas pelos dois grupos de participantes às questões dos instrumentos que foram utilizados para a coleta dos dados (e os modelos conceituais de QVT em que estão baseados). A Média da QVT (MQVT) também não apresentou qualquer correlação estatisticamente significante (Tabela 23) com os Fatores Críticos avaliados pelos Gestores (FC1, FC2, FC3, FC4 e FC5), donde se conclui, dentro dos mesmos limites apontados no parágrafo anterior, que a percepção global da QVT pelos Subordinados não tem correlação com qualquer concepção específica acerca da QVT, por parte dos seus superiores hierárquicos. De fato, as únicas correlações significativa (n. sig. 95%) e positivas encontradas foram entre um dos Fatores Críticos – o Fator Produtividade – e as dimensões Equidade no Trabalho (r=0,471), Organização do Trabalho (r=0,496), e Adequação da Remuneração (r=0,420), as três com valores muito próximos. Sobre o Fator Crítico Produtividade, é importante lembrar que, de acordo com a concepção teórica aqui adotada, ele se refere à conexão entre a QVT e a produtividade da organização, esta última entendida não somente como eficiência na produção, mas também se considerando suas relações com a qualidade, competitividade, tecnologia e conhecimento (know how) da mesma (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Este fator foi o terceiro mais bem avaliado neste estudo, tendo alcançado o escore de 72,0%, conforme resultados apresentados na Figura 3 e na Tabela 6. Verificaram-se, inclusive, questões onde as respostas obtiveram altas médias percentuais, casos da questões 26 (Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm ações e programas de QVT), 6 (As ações e programas de QVT interferem na produtividade em órgãos públicos) e 6.1 (De que forma?). 125 Tabela 23 - Correlações entre as Dimensões e os Fatores Críticos de QVT MFC FC1 FC2 FC3 FC4 FC5 Média dos Fatores Críticos Conceito Produtividade Legitimidade Práticas e Valores Nova Competência MQVT 0,183 0,281 0,280 0,078 0,132 0,101 D1 0,018 0,070 -0,320 -0,061 0,205 0,119 D2 0,099 0,336 0,081 -0,005 0,138 0,050 D3 0,371 0,311 0,471(*) 0,241 0,265 0,212 D4 0,128 0,356 0,280 0,049 0,040 0,041 D5 0,245 0,278 0,496(*) 0,084 0,069 0,205 0,358 0,339 0,420(*) 0,322 0,156 0,215 0,135 0,193 0,392 0,062 0,076 -0,008 -0,121 0,055 0,135 -0,088 -0,100 -0,241 -0,020 -0,077 0,024 -0,076 0,065 -0,018 0,165 0,197 0,213 0,145 0,045 0,095 Média da QVT Execução do Trabalho Autorrealização Equidade no Trabalho Relação com a Organização Organização do Trabalho D6 Adequação da Remuneração D7 Relação Chefe-Subordinado D8 Efetividade da Comunicação e Aprendizagem D9 Relação Trabalho e Vida Pessoal D10 Efetividade dos Processos de Trabalho ** Correlação significativa ao nível de 99% * Correlação significativa ao nível de 95% Fonte: resultados da pesquisa (SPSS) Destaque-se que os resultados obtidos nessas questões foram muito semelhantes aos obtidos por Limongi-França (2010) e, sendo assim, a análise descritiva (5.2.1) levou concluir que os participantes de ambas as pesquisas demonstraram alta percepção de que a QVT está diretamente associada à produtividade do trabalho, assim como que há aumento de 126 produtividade com a implementação de ações de QVT. Vale, ainda, lembrar que esta conclusão tem farto apoio de outros estudos, os quais apontam a produtividade como um dos maiores benefícios de investimentos em programas e ações de QVT nas organizações (ver Quadro 1, subtítulo 3.2) e que Ferreira, R. R. et al. (2009) apresentaram, entre suas recomendações para futuras pesquisas no setor público, explorar mais as relações entre QVT e produtividade. Neste sentido, o de explorar mais as relações entre QVT e produtividade, as correlações identificadas na presente pesquisa indicam que a produtividade, do ponto de vista dos Gestores, se mostrou associada – positiva e significativamente – não com a QVT global percebida pelos Subordinados, mas com algumas de suas dimensões específicas, quais sejam: a Equidade no Trabalho, a Organização do Trabalho e Adequação da Remuneração. Sobre a correlação significativa identificada entre o Fator Crítico Produtividade e a Dimensão Equidade no Trabalho considere-se que, por definição, esta dimensão envolve o tratamento igualitário dos superiores hierárquicos em relação aos seus subordinados nos âmbitos das relações pessoais, da ajuda e cobrança na realização do trabalho e da remuneração/carreira – o que influencia o clima organizacional. Considere-se, também, que os resultados relativos ao fator crítico Produtividade obtidos neste estudo (5.2.1) demonstraram que os Gestores do órgão público avaliaram que a produtividade decorre, principalmente, do aumento da disposição para o trabalho e da melhoria do clima interno. Sendo assim, pode-se dizer que a produtividade (dimensão organizacional da QVT no modelo BPSO-96, conforme LimongiFrança, 2010) no órgão público tenderá a ser tanto maior quanto mais os colaboradores sentirem que são tratados com equidade por seus superiores hierárquicos (dimensão psicológica da QVT, no mesmo modelo). Note-se que esta associação está em conformidade com novos valores da sociedade e gestão das organizações contemporâneas, nas quais a percepção de um bom clima organizacional, o sentimento pessoal de bem-estar e felicidade, a integração harmoniosa das pessoas e suas equipes – entre outros sinais do comportamento individual e coletivo sinalizam o perfil de uma organização moderna e humanizada (LIMONGI-FRANÇA, 2009). Note-se, por outro lado, que, conforme pesquisa de Ferreira, R. R. et al. (2009), combinar a QVT com a produtividade está entre os principais desafios relacionados aos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho mencionados pelos gestores de órgãos públicos brasileiros e que Greca e Martins (2011, p. 68) colocam em destaque o 127 papel dos supervisores/gestores, ao afirmarem que a QVT “está diretamente ligada à forma como o líder se relaciona com sua equipe e como proporciona um bom ambiente de trabalho” Por sua vez, a correlação estatisticamente significativa entre o Fator Crítico Produtividade e a Dimensão da QVT Organização do Trabalho, indica que, na organização estudada, a eficiência no desempenho do trabalho e suas relações com a qualidade, competitividade, tecnologia e conhecimento da organização também estão, direta e positivamente, associadas aos arranjos organizacionais, que contemplam os métodos, desenhos, políticas e infraestrutura da mesma. Trata-se de uma associação que se situa, mais especificamente, na dimensão organizacional do modelo BPSO-96 (LIMONGI-FRANÇA, 2010), já que envolve aspectos específicos do local onde as relações de produção ocorrem. Com isso, os dados aqui obtidos reforçam a importância de se considerar a promoção da QVT no Serviço Público também sob a perspectiva da eficiência e eficácia dos serviços que oferece, principalmente porque estes serviços estão dirigidos à população (AMORIM, 2010; FERREIRA, M. C. et al., 2009). Neste sentido é importante frisar que, após a reforma ocorrida no âmbito da administração pública federal brasileira, em 1995, tem-se buscado uma nova administração pública, por meio de uma série de mudanças (muitas delas inspiradas em modelos e ferramentas gerenciais do setor privado) marcadas pela superação dos problemas do excesso de ritos burocráticos e de práticas patrimonialistas, assegurando ganhos de eficiência e qualidade nos serviços prestados ao usuário-cidadão (FERREIRA, 1996, PALUDO, 2012). A terceira correlação positiva e estatisticamente significativa identificada foi a existente entre o Fator Crítico Produtividade e a Dimensão Adequação da Remuneração da QVT. A respeito desta associação, tenha-se presente que, ainda nos primórdios da Administração Científica, Taylor já vinculava a estrutura remuneratória dos funcionários à sua produtividade (IVANCEVICH, 2008) e que o modelo de Walton, de 1973, (ainda hoje considerado o mais completo e mais utilizado modelo de QVT), já apresentava, entre seus indicadores a compensação justa e adequada (SILVA et al., 2010). Portanto, o dado obtido reforça que otimizar a relação entre o desempenho do ofício laboral e sua contrapartida financeira para cada funcionário, considerando-se os resultados individuais e a realidade interna e externa da corporação tende a gerar incrementos na produtividade – e, por extensão na QVT de servidores públicos. Para tanto (e, mais uma vez, sob inspiração do setor privado) poderiam ser utilizados diferentes sistemas, como o de remuneração variável, o qual, segundo Reis Neto 128 e Assis (2010), embora ainda incipiente no setor público do Brasil, já conta com experiências compatíveis às boas práticas internacionais. Além disso, tenha-se em vista que a produtividade dos servidores públicos pode ser recompensada pela investidura dos mesmos em um cargo em comissão ou função de confiança, de acordo com a legislação vigente (BRASIL, 1990). Considerando os resultados aqui discutidos, tem-se que eles devem ser interpretados como pontos de atenção para futuros estudos, que poderiam aprofundar as relações encontradas, no sentido de sua generalização para outras organizações públicas nacionais. 5.3.2 Variáveis da Amostra x fatores críticos x dimensões da QVT Como concluiu o item 3.5, estudos recentes sobre a QVT de servidores públicos recomendam a investigação de diferentes variáveis que podem influenciá-la, de forma mais direta ou até indiretamente. Com base nisto, e mesmo que este não fosse um objetivo inicialmente previsto no projeto deste estudo, resolveu-se que seriam analisadas as variáveis sociodemográficas e as ligadas a características específicas do trabalho no órgão dos dois grupos da amostra (Gestores e Subordinados) e suas eventuais associações com a QVT (objetivo específico 6). Para esta análise, foram calculados índices de correlação (r) entre cada uma destas variáveis (gênero, idade, estado civil, número de dependentes, renda familiar, escolaridade, tempo de serviço, nível e tipo de função exercida no órgão público por ambos os grupos) e os indicadores Média da QVT (MQVT) e Média dos Fatores Críticos (MFC). Esses resultados são expressos na Tabela 24. O exame da Tabela 24 indica que houve cinco correlações significativa do ponto de vista estatístico, sendo uma positiva e as demais negativas. A correlação significativa positiva foi identificada entre a MQVT e o gênero masculino8 dos Gestores (r= 0,419; n. sig. 95%). Assim, pode-se dizer que, para os servidores públicos consultados, a avaliação global da QVT pelos Subordinados se mostrou tanto melhor quanto 8 Destaque-se que, na tabulação, a identificação das pessoas do gênero feminino foi feita pelo número 1, ao passo que as pessoas do gênero masculino foram identificadas pelo número 2. 129 mais houve a presença de chefes homens. Este é um dado que merece melhor investigação junto à população estudada, assim como junto a outras populações de funcionários públicos. Tabela 24 - Correlações entre as variáveis da amostra, Média da QVT e Média dos Fatores Críticos MQVT Média da QVT MFC Média dos Fatores Críticos MQVT Média da QVT 1,000 0,183 Gênero dos Subordinados -0,076 -0,104 Idade dos Subordinados 0,124 -0,106 Estado Civil dos Subordinados 0,081 -0,004 Número de Dependentes dos Subordinados -0,074 -0,450(*) Renda Familiar dos Subordinados -0,112 -0,366 Escolaridade dos Subordinados -0,271(**) -0,432(*) Tempo de Serviço no Órgão dos Subordinados 0,034 -0,107 Nível do Cargo dos Subordinados -0,153 -0,330 Tipo de Função dos Subordinados 0,046 -0,127 MFC Média dos Fatores Críticos 0,183 1,000 Gênero dos Gestores 0,419(*) -0,228 Idade dos Gestores -0,114 -0,112 Estado Civil dos Gestores 0,039 -0,150 Número de Dependentes dos Gestores 0,242 -0,400(*) Renda Familiar dos Gestores -0,020 -0,004 Escolaridade dos Gestores -0,232 -0,073 Tempo de Serviço no Órgão dos Gestores 0,205 -0,141 Nível do Cargo dos Gestores -0,067 -0,116 Tipo de Função dos Gestores -0,162 0,294 ** Correlação significativa ao nível de 99% * Correlação significativa ao nível de 95% Fonte: resultados da pesquisa (SPSS) O indicador MQVT também obteve correlação significativa (n. sig. 99%), mas, neste caso, negativa, com a escolaridade dos Subordinados (r= -0,271), ou seja, verificou-se forte relação inversamente proporcional entre a escolaridade9 dos Subordinados e sua avaliação da QVT. Sobre este dado, destaque-se que, em estudo sobre a QVT no setor público, Nespeca e Cyrillo (2011, p.194) identificaram resultados semelhantes, concluindo que “funcionários com maior nível de escolaridade terão sempre um olhar mais crítico acerca das ações de QVT da 9 Na tabulação das escolaridade dos participantes, o número de identificação da escolaridade foi mais alto à medida que a nível de escolaridade aumentou. 130 organização, mesmo sendo ela do setor público”. Desta forma, constata-se que os resultados de ambas as pesquisas convergem no sentido de indicar a importância da variável escolaridade no planejamento de ações e programas de QVT. Sobre o indicador MFC, verificou-se que ele apresentou correlação negativamente significativa (r = -0,400; n. sig. 95%) com o número de dependentes dos Gestores. Esse dado significa, portanto, que quanto maior o número de dependentes que têm, menor tende a ser a importância atribuída pelos Gestores pesquisados aos fatores críticos que compõem sua concepção global acerca da QVT. Além desta, o indicador MFC, também apresentou outras duas correlações negativas significativas (n. sig. 95%) com dados sociodemográficos do grupo de Subordinados: com o número de dependentes (r=-0,450) e com a escolaridade destes últimos (r=-0,432). Diante desses índices de correlação com a MFC, conclui-se que a concepção global dos Gestores do órgão público sobre os fatores críticos envolvidos na QVT é inversamente proporcional ao número de dependentes que eles mesmos e que seus Subordinados têm, assim como é inversamente proporcional ao nível de escolaridade de seus Subordinados. Esses dados também demandariam novas investigações para aprofundar os motivos das associações negativas aqui encontradas. 5.4 Análise Qualitativa 5.4.1 Outras Concepções de Gestores e Subordinados sobre QVT A análise apresentada neste tópico atende aos objetivos específicos 1 e 2, no que se refere a identificar concepções sobre QVT de Gestores (neste caso complementando discussões apresentadas no item 5.2.1) e de Subordinados do órgão público. Foram aqui analisadas as questões abertas constantes em ambos os instrumentos de coleta de dados, mediante categorização realizada por juízes independentes à pesquisa, com base nas definições do modelo BPSO-96 (LIMONGI-FRANÇA, 2010). 131 Na Tabela 25, são apresentadas as frequências (e respectivos percentuais) de respostas por categorias, obtidas a partir da questão aberta que solicitou aos dois grupos de participantes: “Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)”. Nesta tabela observa-se que não houve grande diferença na ordem das categorias mais frequentes entre ambos os grupos, mas apenas uma inversão das categorias Psicológica e Organizacional (os Gestores concentraram suas respostas na categoria Psicológica, enquanto os Subordinados as concentraram na Organizacional). Com isso conclui-se que as concepções dos Gestores e dos Subordinados pesquisados sobre o que significa a QVT são semelhantes. Tabela 25 - Significado de QVT para os Gestores e Subordinados Categorias Gestores Freq. % Subordinados Freq. % Total Freq. % Biológica 0 0,0% 4 3,9% 4 3,1% Psicológica 15 60,0% 32 31,4% 47 37,0% Social Organizacional 2 5 8,0% 20,0% 22 41 21,6% 40,2% 24 46 18,9% 36,2% Outras Concordância menor que 60% 0 3 0,0% 12,0% 0 3 0,0% 2,9% 0 6 0,0% 4,7% 25 100,0% 102 100,0% 127 100,0% Total Fonte: resultados da pesquisa A categoria Biológica, que, de acordo com o modelo BPSO-96 da QVT, se refere às características constitucionais herdadas e congênitas, incluindo os diferentes órgãos e sistemas que promovem o funcionamento do corpo humano, inclusive a resistência e a vulnerabilidade do mesmo (LIMONGI-FRANÇA, 2010), foi aquele em que houve menor percentual de respostas tanto de Gestores (0,0%) quanto de Subordinados (3,9%), conforme se verifica na Tabela 25. A única palavra-chave incluída nesta categoria foi “saúde” (quatro ocorrências de repostas de Subordinados). Considerando-se que Limongi-França (2010), em pesquisa realizada com administradores de empresas, também verificou o menor percentual de respostas na categoria Biológica (12,9%), os dados aqui obtidos confirmam, portanto, a menor participação da dimensão Biológica na concepção da QVT, em especial da Saúde, restando que se identifique melhor qual é o significado que os Subordinados atribuem à mesma. Se se tratar de um significado mais 132 amplo, como o da Organização Mundial de Saúde (OMS) – que, já em 1948, conceituou saúde não só como a ausência de doenças, mas de uma situação de perfeito bem-estar físico, mental e social –, a resposta indica, mais propriamente, um estado de equilíbrio biopsicossocial, representado pela palavra bem-estar (que foi classificada na categoria Psicológica, como se pode observar mais à frente). Sublinhe-se que este significado de saúde é o que deve ser, hoje, considerado, prevalente (BALDIN e ZANOTELLI, 2006 ; LACAZ, 2000; MINAYO et al., 2000; RUIZ, 2005). A categoria Social, que foi a terceira mais frequente nas respostas dos Gestores (8,0%) e também dos Subordinados (21,6%) é relativa à incorporação e influências dos valores, das crenças e expectativas das pessoas com as quais se convive, dos grupos sociais e das diferentes comunidades com as quais o indivíduo entra em contato durante sua vida, desde o nascimento. Inclui o papel na família, no trabalho e em grupos e comunidades a que cada pessoa pertence e de que participa, o meio ambiente e a localização geográfica e também a influência do ambiente físico e as características ergonômicas dos objetos que utiliza (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Das palavras-chave indicadas pelos Gestores, somente “respeito” (duas ocorrências) foi enquadrada nessa categoria, enquanto das indicadas pelos Subordinados, foram nela abrangidas: respeito (cinco ocorrências); dignidade e união (três ocorrências cada); consideração e paz (duas ocorrências cada); cuidado, harmonia, integração, interação, participação, relacionamento e tempo-livre (uma ocorrência em cada). Verifica-se, assim, que ambos os grupos atribuíram especial importância à palavra respeito, denotando, assim, que este é um valor fundamental para a convivência no órgão público – algo que deve, portanto, ser priorizado em sua Gestão de Pessoas (GP) e, por conseguinte, em sua Gestão da QVT (GQVT). Fica aqui a sugestão para que outros pesquisadores identifiquem o quanto o respeito também é um valor central em outras organizações do Serviço Público. A categoria Psicológica obteve 60,0% de respostas dos Gestores e praticamente a metade (31,4%) entre os Subordinados, conforme se verifica na Tabela 25. Esta categoria, no modelo BPSO-96 da QVT, corresponde aos processos afetivos, emocionais e intelectuais, conscientes 133 ou inconscientes, caracterizando a personalidade, a vida mental, o afeto e o jeito de se relacionar com as pessoas e com o mundo que as rodeia (LIMONGI-FRANÇA, 2010). No grupo de Gestores, incluíram-se nessa categoria as seguintes respostas: satisfação (nove ocorrências); bem-estar (quatro ocorrências) e stress (duas ocorrências). Já entre os Subordinados foram computadas, na mesma categoria, as respostas: satisfação (13 ocorrências); tranquilidade (oito ocorrências); felicidade, prazer e realização (duas ocorrências cada), amor, paixão, persistência, stress e utopia (uma ocorrência cada). Note-se que prevaleceu, tanto para os Gestores quanto para os Subordinados, a palavra-chave satisfação – o que, mais uma vez, denota semelhança entre as concepções associadas à QVT por ambos os grupos. Por outro lado, note-se que os Gestores fizeram quatro referências ao bem-estar, ao passo que os Subordinados não fizeram esta referência nenhuma vez, mas dividiram suas respostas em uma gama maior de concepções, estas relacionadas a sentimentos/emoções/afetos específicos (amor, felicidade, paixão, persistência, prazer, realização), os quais não deixam de estar ligados ao bem-estar. De fato, estão ligados ao Bem-Estar Subjetivo (BES) – conceito que, para estudiosos do tema ligados à Psicologia Positiva, é definido como a avaliação subjetiva da QV. Estes estudiosos, é bom que se destaque, consideram que a QV é constituída por dois componentes: o Bem-Estar Objetivo – BEO – subdividido em bem-estar econômico (salário/renda) e bem-estar sociodemográfico (moradia, saúde, alimentação, educação, lazer e outros); e o Bem-Estar Subjetivo – BES – formado por quatro componentes: satisfação de vida, felicidade, afeto positivo e afeto negativo (ALBUQUERQUE e TRÓCOLI, 2004; DIENER et al., 1999; GIACOMONI, 2004; RODRIGUES e PEREIRA, 2007 apud RIBEIRO e RUIZ, 2009). Com estas considerações, pode-se concluir as concepções dos Gestores e Subordinados pesquisados convergem para o sentido de satisfação e para o conceito de Bem-Estar Subjetivo (BES) e, desta forma, sugerem-se novos estudos que focalizem estes temas e suas relações com a QVT. Sobre a categoria em análise, ainda é importante mencionar que, em seu estudo com estudantes e administradores de empresas, Limongi-França (2010), também obteve o maior 134 percentual de respostas para os focos das palavras-chaves sobre QVT na categoria Psicológica (39,2%). Entretanto, no referido estudo, as percentagens foram mais equilibradas (32,3% na categoria Social, 13,8% na Organizacional e 12,9% na Biológica). Essa comparação indica que os Gestores do órgão público pesquisado têm uma concepção mais restrita a respeito do que significa a QVT. Sendo assim, vale investigar os motivos que estariam ligados a isso e se é possível generalizar tal constatação para gestores de outros órgãos públicos. Na Tabela 25, pode-se verificar que a categoria Organizacional obteve 20,0% de respostas dos Gestores e o dobro entre os Subordinados (40,2%). Relembre-se que esta categoria da QVT, segundo o modelo BPSO-96, envolve aspectos específicos do local onde as relações de produção ocorrem como: relações de trabalho, cultura, políticas, práticas e valores, processos de gestão e de controle, tecnologia, tempos e movimentos, produtividade, qualidade, critérios de competência e excelência, relações com o mercado (LIMONGI-FRANÇA, 2010). Foram consideradas nessa categoria as palavras-chave indicadas pelos Gestores: aproveitamento, importante investimento, qualificação e segurança (todas com uma ocorrência). As palavras-chave dos Subordinados enquadradas na mesma categoria foram: equilíbrio (oito ocorrências); reconhecimento (seis ocorrências); ambiente e segurança (cinco ocorrências cada); organização (quatro ocorrências), equipe, justiça e valorização (duas ocorrências cada); autonomia, competência, equidade, estrutura, flexibilidade, funcionamento, holístico, igualdade, importante, perspectiva e salário (uma ocorrência cada). Neste caso, verifica-se convergência de palavras-chave associadas à QVT pelos dois grupos apenas para as palavras “importante” e “segurança” e que nenhum deles denotou concepções mais especificamente voltadas para processos de gestão e de controle, tecnologia, tempos e movimentos ou produtividade. Com isso, pode-se dizer que a visão dos dois grupos sobre a QVT, no que se refere à participação da categoria Organizacional é relativamente restrita e precisaria, portanto, ser ampliada. Isto tendo-se em vista as contribuições que os estudos ligados à chamada Escola Organizacional da QVT têm trazido para a abordagem do tema (ver subtítulo 3.2). Em síntese, os resultados apresentados na Tabela 25 demonstram que o termo Qualidade de Vida no Trabalho é concebido, principalmente, como um construto psico-organizacional 135 (73,2%) pelos servidores públicos da organização estudada e que, embora tenha havido maior frequência de respostas classificadas como psicológicas entre os Gestores (60,0%) e como organizacionais entre os Subordinados (40,2%), as concepções dos dois grupos não apresentaram maiores diferenças. A análise levou a concluir que a dimensão Organizacional da QVT é relativamente restrita na visão de ambos e que a Psicológica está bastante relacionada ao BES. A fim de se buscar um aprofundamento sobre a concepção da QVT considerada, especificamente, no contexto da Administração Pública, pelos Gestores (e completando a análise descritiva do Fator Crítico Conceito de QVT – item 5.2.1), foi solicitado a eles que indicassem uma palavra-chave que significasse QVT em órgãos públicos. As frequências e percentuais de respostas obtidos nessa questão (questão 3 do questionário aplicado aos Gestores: “Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho em órgãos públicos”) após categorização dos juízes, também com base no modelo BPSO-96 (LIMONGI-FRANÇA, 2010), são apresentadas na Tabela 26. Esta tabela mostra, ainda, os resultados obtidos na questão 3, comparados aos resultados da questão 2 (que solicitava uma palavra-chave para QVT, em geral), para facilitar a visualização dos dados. Tabela 26 - Palavras-chave que significam QVT e QVT em órgãos públicos segundo os Gestores Questão Categorias Biológica 0 0,0% 2- Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Psicológica 15 60,0% Social 2 8,0% 3- Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em órgãos públicos Freq. % Organizacional 5 20,0% Concordância menor que 60% 3 12,0% Biológica 3 12,0% Psicológica 10 40,0% Social 4 16,0% Organizacional 7 28,0% Concordância menor que 60% 1 4,0% Fonte: resultados da pesquisa Com os dados expressos na Tabela 26, verifica-se que as distribuições de frequências nas categorias se dão na mesma ordem de predominância em ambas as questões (Psicológica, Organizacional, Social e Biológica) – o que leva a concluir que não há diferenças importantes 136 nas concepções associadas à QVT em geral e à QVT específica em órgãos públicos, segundo os Gestores pesquisados. Por outro lado, a concepção dos Gestores sobre a QVT especificamente associada a órgãos públicos se mostrou um pouco mais equilibrada do que sua concepção geral a respeito do tema nas quatro categorias de respostas, tendo ganhado representatividade as categorias Biológica (+12,0 pontos percentuais), Social (+8,0 pontos percentuais) e Organizacional (+8,0 pontos percentuais) e, em contrapartida, perdido representatividade a categoria Organizacional (-20,0 pontos percentuais). Isto parece indicar que quando focalizam as palavras-chave em seus ambientes de trabalho, os Gestores avaliam em maior harmonia as quatro dimensões da QVT. Todavia, é importante lembrar que, na análise descritiva da questão 19 do Fator Crítico Conceito de QVT, verificou-se que apenas 58,0% dos participantes julgaram ter uma definição clara de QVT (ver subtítulo 5.2.1). Portanto, mais uma vez se indica que novas investigações possam verificar se as limitações na visão da QVT que os Gestores pesquisados denotaram nesta resposta são devidas à abrangência em si do conceito de QVT (como discutido no referencial teórico deste trabalho), se estão relacionadas ao órgão pesquisado ou se são comuns a outros gestores do Serviço Público, até porque, a amostra aqui utilizada foi restrita. Se estes dados forem comparados com os da pesquisa de Limongi-França (2010), que visou identificar palavras-chave que significam QVT para administradores, em geral (categoria Psicológica = 39,2%; Social = 32,3%, Organizacional = 13,8% e na Biológica = 12,9%), observa-se grande similaridade nas categorias Biológica e Psicológica, mas observa-se, também, que os Gestores do presente estudo tiveram suas respostas mais concentradas na categoria Organizacional e menos na Social. Sendo assim, indica-se que outras pesquisas verifiquem se essa diferença é significativa entre administradores do setor público e os demais, assim como o porquê das diferenças eventualmente encontradas. As palavras-chave que foram citadas pelos Gestores como respostas à questão 3 (ou seja, especificamente para a QVT em órgãos públicos) foram: atendimento, compromisso, contentamento, desenvolvimento, eficiência, espaço, interação, motivação, necessidade, 137 reconhecimento, saúde e valorização. Cotejadas com as palavras-chave que os mesmos apresentaram como respostas à questão 2 (QVT , de forma ampla) houve coincidências em cinco delas: ambiente, aproveitamento, bem-estar, respeito e satisfação. Sendo assim, estas palavras parecem, realmente, ser centrais no significado que os participantes atribuem à QVT. A análise da questão 3 denotou, portanto, não haver diferenças importantes nas concepções associadas à QVT em geral e à QVT específica em órgãos públicos, para os Gestores da organização, embora, no segundo contexto, as respostas tenham se mostrado mais equilibradas e compatíveis com as de outros administradores, nas quatro dimensões do modelo BPSO-96 da QVT aqui utilizado para a categorização. A análise também indicou que os participantes concebem a QVT (nos dois contextos) especialmente ligada às palavras ambiente, aproveitamento, bem-estar, respeito e satisfação, assim como indicou a necessidade de novas pesquisas que aprofundem os dados encontrados, tendo-se em vista a complexidade do construto de QVT e a limitação da amostra. Complementando a análise descritiva do Fator Crítico Legitimidade (item 5.2.1), no que se refere à questão 27 do instrumento de coleta de dados (Como chefe/gestor, você sente necessidade de implementar ações e programas de QVT em sua área?), foi apresentada uma questão aberta: “Por quê?”. As respostas obtidas nesta questão também foram categorizadas pelos juízes que colaboraram nesta pesquisa com base nos benefícios que tais ações e programas podem trazer para a QVT, de acordo com o modelo BPSO-96 (LIMONGIFRANÇA, 2010). A distribuição percentual ocorreu da seguinte forma: 41,0% de benefícios na categoria Organizacional, 28,2% de benefícios na categoria Psicológica, 12,8% de benefícios na categoria Social, 7,7% de benefícios na categoria Biológica, 5,1% na categoria Outras e 5,1% Sem Concordância. Relembrando-se que, na questão 27, 92,0% dos Gestores da organização pública demonstraram que sentem necessidade de atuar sob a QVT de suas respectivas áreas, pode-se dizer que essa necessidade é devida ao fato de reconhecerem, principalmente, os benefícios que esse tipo de ações e programas de QVT traz para sua área, na dimensão organizacional. Entre estes foram citados, em especial benefícios ligados à produtividade e ao ambiente de trabalho. Como exemplos de respostas nessas duas categorias tem-se, respectivamente: 138 “Auxiliará na produtividade” e “Para ajudar a melhorar o ambiente organizacional” (Apêndice H) Note-se que, de acordo com a Tabela 26, 40,0% dos Gestores associaram à QVT palavraschave classificadas na categoria Psicológica, enquanto os resultados da questão 27 indicam que esses profissionais avaliam que os maiores benefícios de implementar ações de QVT são de natureza organizacional (41,0%). Disso se pode dizer que os participantes associam aspectos subjetivos (sentimentos, emoções, afetos) da vivência no trabalho a resultados organizacionais e à legitimidade das ações e programas de QVT. Assim, estes dados reforçam o que a literatura recente sobre GQVT (inclusive a específica para o setor público) tem indicado, ou seja, que os aspectos psicológicos não podem ser negligenciados se a organização pretende otimizar seus resultados, embora este seja um grande desafio (FERREIRA, M. C. et al., 2009; FERREIRA, R. R. et al., 2009; NASCIMENTO e PESSOA, 2007). 5.4.2 Concepções dos Gestores sobre as relações entre Qualidade de Vida no Trabalho, Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável No objetivo específico 3 deste estudo, foi proposto analisar as concepções dos gestores sobre as relações entre QVT, RSE e DS. Para a exploração destas relações, foram incluídas no questionário de coleta de dados deste grupo as questões 31, 32, 33 e 34. Na questão 31 (Ações e programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com a Responsabilidade Social Empresarial), os Gestores escolheram o nível de concordância ou discordância que julgassem adequado à sua concepção sobre o tema. Verificou-se que 56,0% deles concordaram com a assertiva, 28,0% concordaram plenamente, 12,0% discordaram, e 4,0% alegaram desconhecimento sobre o assunto. Dessa forma, Tem-se que a expressiva maioria dos participantes (84%) concordou, em algum nível, que há relações entre as ações e programas de QVT e a RSE. A seguir, a questão 32 indagou dos gestores se ações e programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com o Desenvolvimento Sustentável. Os resultados obtidos foram próximos aos da questão anterior: 56,0% dos participantes concordaram com a afirmação, 139 24% concordaram plenamente, 12% discordaram e 8% optaram pela opção “desconheço”. Por conseguinte, 80% dos gestores concordaram, em alguma medida, que há relações entre as ações e programas de QVT e o DS. Os resultados das questões 31 e 32 permitem concluir que os Gestores do órgão público estudado percebem a estreita relação que existe entre os conceitos de QVT, RSE e DS (bem como com o de QV), conforme o que foi representado na Figura 2 (exibida no subtópico 2.7 desta dissertação, com base em revisão da literatura e reapresentada a seguir). Figura 2 – Relações entre Qualidade de Vida, Qualidade de Vida no Trabalho , Responsabilidade Social Empresarial e Desenvolvimento Sustentável nas corporações humanizadas. Fonte: elaborado pelo autor, baseado no resultado desta pesquisa e em Amorim (2010), Braz et al. (2011), Chaves e Rodrigues (2006), Frey (2001), Gonçalves et al. (2006), Guerra et al. (2007), Lenzi (2009), LimongiFrança (2010), Machado Filho (2002), Mancini et al. (2004), Pessoa e Nascimento (2008), Ruiz (2007), Sachs (1993), Savitz e Weber (2006), Silva (2010), Smith (2003); Souza e Fontes (2010) e Vlek (2003). As questões abertas 33 e a 34 contribuíram para se compreender como os Gestores da organização pública concebem a RSE e o DS, solicitando uma palavra-chave que, para eles significasse RSE e DS, respectivamente. As palavras-chave indicadas nestas questões foram categorizadas pelo pesquisador e pela orientadora, de acordo com as indicações de Bardin, (1994). 140 Assim, na questão 33 (Indique uma palavra-chave que, para você signifique Responsabilidade Social Empresarial), os percentuais de respostas por categorias foram: • Comprometimento/Compromisso/Obrigação (36,0%) – incluindo as palavraschave: comprometimento (sete ocorrências), obrigação e compromisso (uma ocorrência cada); • Produtividade/Produção/Lucratividade (16,0%) – cujas palavras-chave citadas foram: produtividade (duas ocorrências), produção e lucratividade (uma ocorrência cada); • Sustentabilidade (8,0%) – composta pela própria palavra-chave sustentabilidade (duas ocorrências); • Valorização (8,0%) – com a palavra-chave valorização (uma ocorrência); • Outros (32,0%) – categoria que agregou as palavras-chave: apoio, cooperação, desenvolvimento, gestão, humanitário, inteligência, meio ambiente e QVT (cada uma com uma ocorrência) Nota-se que a maior concentração das respostas dos Gestores associou a RSE ao Comprometimento/Compromisso/Obrigação, o que está em linha com a definição de RSE do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), qual seja um comprometimento perene dos empresários em assimilar comportamentos que contribuem para o desenvolvimento econômico e melhorem, paralelamente, a qualidade de vida dos funcionários, de suas famílias e da sociedade como um todo (OGATA, 2007 apud RUIZ, 2007). Mas, por outro lado, nota-se que é proporcionalmente elevado o percentual de citações de palavras-chave com significados distintos (32,0%), ou seja, que não puderam ser agregadas em nenhuma das demais categorias ou em alguma outra que poderia ter sido criada por semelhança de significados. Isso parece indicar que a concepção de RSE não é consistente na amostra – o que mereceria futuras investigações. Já na questão 34 (Indique uma palavra-chave que para você signifique Desenvolvimento Sustentável), os percentuais de respostas dos Gestores, por categorias foram: • Futuro/Renovação (28,0%) – incluindo seis ocorrências da palavra-chave futuro (seis ocorrências) e uma ocorrência da palavra-chave renovação; 141 • Responsabilidade/Compromisso/Preocupação (20,0%) – com as palavras-chave responsabilidade (três ocorrências), compromisso e preocupação (uma ocorrência cada); • Reduzir/Racionalizar/Reciclar/Evitar Desperdício (20,0%) – agregando as palavras-chave reciclagem (duas ocorrências), desperdício , racionalizar e reduzir (uma ocorrência cada); • Outras (32,0%) – inclusas as palavras-chave ações, coerência, ecologia, humano, investimento, objetividade, permanência e saúde, cada uma com uma ocorrência. Os resultados obtidos nesta questão indicam que as concepções dos gestores sobre DS são quase que igualmente divididas entre as três primeiras categorias, não se podendo dizer, com essa análise (e também pelo tamanho da amostra) que há predomínio significativo de uma sobre outra. Entretanto, pode-se dizer que todas elas estão em harmonia com o que preconiza o Relatório de Brundtland (WCDE, 1987 apud DIEGUES, 1992), que definiu o DS como o desenvolvimento que busca a satisfação das necessidades presentes sem, com isso, comprometer as necessidades das gerações futuras. No entanto, considerando-se a difundida perspectiva do Triple Bottom Line10 (SAVITZ e WEBER, 2006), mais objetiva e recente que a anterior, na qual os comportamentos sustentáveis devem se ater aos pilares ambientais, sociais e econômicos, percebe-se que as palavras-chave não contemplaram todos os três pilares, demonstrando uma visão incompleta sobre o tema conforme seus paradigmas mais recentes. Além disso, vale destacar que, como na questão relativa à RSE, que foi elevado o percentual de respostas que não puderam ser agregadas em nenhuma categoria, por expressarem significados variados e não congruentes entre si (32,0%). Deste modo, também se pode dizer que a concepção de DS não apresenta consistência na amostra. 5.4.3 Gestão da QVT no órgão público Conforme relatado no item 4.5, o pesquisador realizou entrevistas não estruturadas durante as reuniões prévias à coleta de dados (uma somente com o dirigente do órgão, outra com membros da Comissão de QVT do mesmo e uma terceira, envolvendo o dirigente e alguns 10 Chamado no Brasil de “Tripé da Sustentabilidade”. 142 membros da referida comissão e outras com os gestores dos setores administrativos e de atendimento ao público da organização). Na fase de coleta de dados, os participantes também fizeram comentários espontâneos sobre a QVT na organização. As informações obtidas dessas duas formas foram registradas e consideradas como dados secundários para subsidiar a análise que se apresenta neste subtópico, que visa, especialmente, classificar o órgão pesquisado em termos do nível de abrangência da GQVT, conforme definições de Limongi-França (2001) apresentadas no subtítulo 3.3. Conforme o dirigente do órgão, a Comissão de QVT existente na estrutura da sua Gerência está formalmente inserida na mesma desde o ano 2011, por meio de portaria, sendo composta por servidores de diferentes setores e formações profissionais (como médico, advogado, assistente social e pedagoga). Além disso, informou que a gestão da QV dos servidores está inserida em seu planejamento estratégico, assim como em seus planos de ação. Com estas informações, pode-se concluir que a organização pesquisada apresenta traços culturais de atenção e tutela de seus servidores, inclusive na questão da QVT. Segundo os membros da referida comissão, a atuação em QVT não era amparada por nenhum modelo conceitual (pelo menos à época em que estas informações foram obtidas), limitandose a seguir orientações gerais do governo federal. A partir disso, o grupo pautava suas ações em planejamento próprio, realizado em reuniões periódicas. A avaliação dos projetos e ações desenvolvidas era feita mediante discussão entre os membros da própria comissão (que, entretanto, não utilizava indicadores específicos para avaliar seus resultados em termos de melhorias na QVT). Membros da Comissão de QVT também informaram que havia sido realizada uma pesquisa interna, que indicou baixos níveis de satisfação do grupo de servidores que realizavam atendimento ao público externo (Atendentes) quanto à sua QVT. Segundo apuraram, para esse grupo de servidores, suas condições de trabalho levavam a piores níveis de QVT, se comparadas às dos servidores que não realizavam este tipo de atendimento (Administrativos). Vale destacar que foi nesse contexto que o presente estudo foi aceito pela comissão e pela direção do órgão, obtendo-se aprovação para que se realizasse. Neste sentido, ele foi 143 considerado como uma análise diagnóstica das condições da QVT , a partir da qual poder-seiam planejar melhor futuras ações. Até o momento da obtenção destas informações (setembro de 2012), os membros da comissão consideravam que sua maior conquista havia sido a implantação de Espaços de Convivência na unidade administrativa e nos postos de atendimento a ela subordinados. Estes espaços haviam sido instalados em locais adequados para o descanso, confraternização e realização das atividades de QVT que a comissão planejava. Como exemplos destas atividades mencionaram: aulas de Tai-Shi-Shuan; ginástica laboral orientada; divulgação de ações e notícias relacionadas à QVT; realização de eventos ligados ao calendário nacional de efemérides, assim como algumas campanhas (Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Servidor Público, Dia Nacional do Combate ao Tabaco, Dia do Amigo, Dia do Voluntariado; Campanha do Agasalho; eventos de promoção da integração dos servidores; aulas de trabalhos manuais e aulas de automaquiagem). Ainda de acordo com os relatos dos membros da comissão, atuavam de forma integrada com as seções administrativas e com as unidades de atendimento da organização, sendo o Gestor de cada seção/unidade o responsável pela QVT local. Esses Gestores recebiam orientação e apoio da comissão, mas também tinham liberdade para gerir a QVT dos servidores sob sua responsabilidade. Questionados sobre sua autoavaliação, os membros da Comissão de QVT declararam considerar seu desempenho como satisfatório , embora esperassem evoluir e atuar em outros campos da QVT, implementando novas ações e promovendo palestras ligadas ao tema. Também declararam pretender atuar no planejamento de aposentadoria – tema considerado relevante no serviço público, visto o volume de servidores que apresentavam tal demanda. Acrescentaram que pretendiam aprimorar seu trabalho enquanto equipe, bem como melhorar suas condições de trabalho, pois todos integrantes atuavam na comissão simultaneamente ao desempenho de suas funções específicas na organização, o que não lhes permitia muito tempo para se dedicar às atividades relacionadas à QVT. De outro lado, durante a fase de coleta de dados, alguns Gestores comentaram, informalmente, que não sabiam da existência da Comissão de QVT e que não conheciam seus 144 membros. Comentaram ter conhecimento de algumas ações afins à gestão da QVT, mas não as relacionavam com o trabalho da referida comissão. Como exemplo, pode ser citada a criação dos Espaços de Convivência pela Comissão de QVT, que muitos consideravam ter sido “entregues por alguém da gerência”, sem maiores comentários, orientações ou instruções de utilização. Outros relatos espontâneos dos servidores durante a etapa de coleta de dados proporcionaram informações adicionais: muitos deles procuraram o pesquisador e fizeram comentários positivos sobre a organização e suas atividades perante a sociedade (o que leva a inferir que têm orgulho de fazer parte da organização pública e da função social que desempenham), enquanto outros reforçaram o que a Comissão de QVT declarara a respeito das queixas do grupo de Atendentes. Com esta análise, pode-se constatar a existência de uma cultura favorável, interesse e prontidão do órgão público pesquisado no sentido de implementar ações relativas à QVT. Todavia, conclui-se que o nível de Gestão da QVT na organização pública pesquisada deve ser classificado como o da Gestão Operacional (GO-QVT), de acordo com os critérios de Limongi-França (2001). Isto porque, embora a organização apresente iniciativas específicas visando à melhoria da QVT dos servidores, estas iniciativas tendem a ser consideradas como de responsabilidade da Comissão de QVT, tanto no que se refere ao seu planejamento quanto à sua implementação e avaliação. Portanto, a responsabilidade não é compartilhada com os Gestores, nem as ações se demonstraram alinhadas aos propósitos de otimização do gerenciamento, da produtividade e da performance para o trabalho. Ademais, não são utilizados modelos conceituais que embasem o planejamento de tais ações, nem tampouco são utilizados instrumentos de avaliação de QVT ou indicadores de resultados das atividades levadas a efeito. Estas, conforme as informações obtidas, estão particularmente voltadas às dimensões biopsicossociais da QVT, mas não à dimensão organizacional, ou seja, não envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho (LIMONGI-FRANÇA, 1996; LIMONGI-FRANÇA, 2010). Este quadro permite melhor compreensão dos resultados inferiores obtidos na avaliação dos Fatores Críticos Práticas e Valores e Nova Competência (ver item5.2.1), indicando a 145 importância de que GQVT, no órgão público estudado, evolua para o nível de Gestão Gerencial (GG-QVT) e, posteriormente, para o da Gestão Estratégica (GE-QVT). Dito de outra forma, indicam a importância de que GQVT, na organização, ganhe maturidade, segundo o que recomenda o Modelo de Chapman para o Aprimoramento da Gestão de Programas de QVT (OGATA e SIMURRO, 2009). Acredita-se, também, que ele possa contribuir para que outras organizações do Serviço Público com características semelhantes avancem nessa direção, contando com a ajuda de novas pesquisas que aprofundem a análise e discussão das inúmeras variáveis relacionadas à GQVT. 146 6. CONCLUSÕES Considerando-se os objetivos que se tinham em vista neste trabalho, são apresentadas, a seguir, suas principais conclusões. As avaliações das concepções dos Gestores do órgão público acerca da QVT, a partir dos fatores críticos, indicaram que, embora eles tenham demonstrado atribuir grande importância e valorizar a realização de ações e programas de QVT, faltam-lhes maiores conhecimentos e formação, ou seja, competências específicas para que possam incorporá-los em sua prática, como gestores da organização – o que pode ser corroborado na análise de cada fator crítico. Com relação ao Fator Crítico Conceito de QVT as avaliações denotaram que os Gestores não consideraram ter uma clara definição de QVT, concebendo-a mais a partir da dimensão Psicológica (bastante relacionada ao Bem-Estar Subjetivo – BES) do que a partir da dimensão Organizacional. Também porque a valorização de ações de QVT foi mais considerada como um produto ou serviço permanente oferecido pela organização (ou como obrigação legal da mesma) e porque apenas a menor parte deles demonstrou ter a visão de que programas de QVT devem estar inseridos nas estratégias do órgão público. As avaliações dos Gestores sobre Fator Crítico Produtividade foram congruentes com a literatura, ao atribuírem à QVT o benefício do incremento da produtividade organizacional, que foi mais associada, por eles, ao aumento da disposição e à melhoria do clima interno. Todavia, declararam desconhecer modelos gerenciais indicados para a implantação de programas de QVT, assim como a existência de resultados mensuráveis destes programas, em órgãos públicos. A visão predominante dos Gestores em relação ao Fator Crítico Legitimidade foi a de valorizar ações de QVT porque estas geram benefícios para seus subordinados e para novas gerações de servidores públicos. Provavelmente por isso manifestaram sentir necessidade de implementar ações e programas de QVT em suas rotinas. Porém avaliaram que tais ações e programas não têm legitimidade em órgãos públicos e que não há o devido reconhecimento de sua necessidade, por parte de seus superiores hierárquicos. 147 Sobre o Fator Crítico Práticas e Valores, os Gestores denotaram considerar que as ações de QVT devem partir dos chefes/gestores e que sentem pressões para que elas sejam levadas a efeito por parte do governo federal e dos sindicatos. No entanto, essas práticas foram colocadas em posição secundária em relação às suas atividades (sendo que apenas cerca da metade deles declarou implementá-las). Com isso, verifica-se uma dissonância entre os valores por eles expressos e suas práticas. Quanto ao Fator Crítico Nova Competência, os resultados levaram a concluir que os Gestores ainda não associam a gestão da QVT como um imperativo em suas competências e que lhes faltam mais informações sobre modelos de QVT originários do setor público. Considerando-se que os dois últimos fatores críticos foram os mais mal avaliados, as conclusões sobre eles, associadas às dos demais fatores críticos, ressaltam a importância de que os Gestores sejam mais conscientizados e preparados para que possam colaborar de forma mais ativa na GQVT da organização, exercendo, assim, seu papel como gestores de pessoas em maior plenitude. Vale questionar se esta importância pode ser generalizada para todo o Serviço Público brasileiro – o que outros estudos poderão investigar. Em se tratando da avaliação pelos Subordinados de sua QVT, esta foi classificada entre Boa e Muito Boa, conforme os critérios adotados neste estudo. Destaque-se que esta avaliação é congruente com vários outros estudos realizados em organizações públicas, os quais também indicaram percepção positiva da QVT em diferentes categorias do funcionalismo público brasileiro. O conceito de QVT, de forma muito semelhante aos Gestores, foi por eles mais associado às dimensões Psicológica e Organizacional (embora um pouco mais concentrada na segunda). Os valores, princípios e normas da organização, bem como a percepção da importância das tarefas e trabalhos que desenvolvem e o equilíbrio entre as atividades profissionais e pessoais foram as principais dimensões responsáveis pela avaliação positiva da QVT pelos Subordinados. Em contrapartida, os arranjos organizacionais (processos, procedimentos e políticas de trabalho) e a relação que percebem entre a realização do trabalho e sua devida remuneração foram as dimensões mais responsáveis pelos decréscimos na avaliação da QVT deste grupo. 148 A análise mais específica dos 48 indicadores de QVT avaliados pelos Subordinados evidenciou que o ambiente humano (relacionamento com colegas e superiores hierárquicos) e a atribuição de valor ao trabalho do órgão para sociedade contribuem, de forma especial, para a boa avaliação da QVT no órgão. Por outro lado, foram evidenciadas necessidades de melhorias no Plano de Cargos e Salários da organização, assim como de aprimoramento das formas de interação com os órgãos representativos (Associação e Sindicato) e de criação de mais ocasiões de celebração. Expressiva parcela dos Gestores do órgão público estudado demonstrou perceber relações entre os conceitos de QVT, QV, RSE e DS, sendo que as concepções sobre Responsabilidade Social Empresarial – RSE – de boa parte deles indicaram associação do tema às palavras comprometimento, compromisso e obrigação, em consonância com a definição de RSE do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. Mas também se concluiu que para outra parte dos Gestores tal conceito ainda se mostra um tanto quanto inconsistente. De forma semelhante, as concepções dos Gestores acerca de Desenvolvimento Sustentável foram relativamente inconsistentes. Houve mais associações com palavras-chave relacionadas ao futuro, à responsabilidade e à racionalização de insumos (em harmonia com o que preconizou o Relatório de Brundtland), mas não de forma mais ampla com os pilares ambiental, social e econômico da sustentabilidade considerados no modelo do Triple Bottom Line. Com isso se conclui que os conceitos de RSE e Desenvolvimento Sustentável merecem ser mais difundidos entre os gestores do órgão estudado, o que poderá lhes dar melhor dimensão da responsabilidade que têm por atuar na melhoria das condições de Qualidade de Vida e Qualidade de Vida no Trabalho de seus colaboradores. Com a análise correlacional entre os fatores críticos avaliados pelos Gestores e as dimensões da QVT avaliadas pelos Subordinados constatou-se que, de forma global, as concepções dos Gestores do órgão público pesquisado sobre a QVT não estão associadas à percepção da mesma pelos seus Subordinados. As únicas correlações positivas e significantes encontradas foram entre Fator Crítico Produtividade e as dimensões Equidade no Trabalho, Organização do Trabalho e Adequação da Remuneração. Disto se conclui que a produtividade, do ponto de vista dos Gestores do órgão público, se mostrou associada não 149 com a QVT global avaliada por seus Subordinados, mas apenas com as três dimensões mencionadas. Em vista disso, seria desejável que outros estudos buscassem avaliar a existência de tais correlações em outros órgãos públicos (assim como em empresas privadas). Considera-se que esta indicação possa ser, também, um importante argumento para a expansão das ações e programas de QVT nas organizações privadas e públicas. Ainda com a análise correlacional, que permitiu comparar as avaliações de QVT dos servidores Subordinados Atendentes e Administrativos, concluiu-se que a percepção de QVT global dos servidores não se mostrou associada ao fato de exercerem atendimento ao público ou não, como supuseram o dirigente e a Comissão de QVT do órgão pesquisado. Entretanto, os Administrativos avaliaram melhor seu progresso funcional, seu desenvolvimento pessoal e a disponibilidade de momentos especiais de comemorações e atividades sociais e esportivas, ao passo que os Atendentes melhor avaliaram a relação entre sua remuneração e a de outras organizações similares, assim como o plano de cargos e salários do órgão público. De outro lado, as correlações das medidas de QVT com as variáveis sociodemográficas da amostra permitiram concluir que a avaliação de QVT dos Subordinados se mostrou mais positiva na presença de chefes homens e mais negativa se seu grau de escolaridade for maior. Ressalte-se que esta segunda conclusão reforça tendência identificada na literatura sobre menores níveis de QVT percebidos, à medida que a escolaridade do avaliador aumenta (isto como consequência de visão mais crítica do mesmo). Sugere-se, também, que novos trabalhos aprofundem a análise dessas correlações, além de buscarem associações entre outras variáveis sociodemográficas e QVT. As análises sobre a gestão de QVT no órgão público levaram a classificá-la no nível de Gestão Operacional, principalmente porque o planejamento, a execução e avaliação das ações de QVT se concentram no âmbito de atuação da Comissão de QVT lá existente (sem o devido alinhamento e compartilhamento de responsabilidades com os gestores). Além disso, o foco dessas ações tem sido colocado, de maneira mais específica, nas dimensões biopsicossociais da QVT, mas não na dimensão organizacional (implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas ou estruturais no ambiente de trabalho). 150 Levando-se em conta todas as conclusões anteriores, considera-se que principal contribuição deste estudo é ter verificado que a concepção dos Gestores sobre a produtividade está associada, de maneira positiva, às dimensões da QVT avaliadas pelos Subordinados: Equidade no Trabalho, Organização do Trabalho e Adequação da Remuneração. Em outros termos, pode-se dizer que quanto mais os servidores subordinados sentirem que são tratados com respeito e igualdade, quanto mais satisfação experimentarem com os processos de trabalho, procedimentos administrativos e políticas organizacionais, assim como quanto mais julgarem que seus esforços são compatíveis com o salário e os benefícios que recebem, mais experimentarão QVT. Por extensão, haverá maior produtividade – um dos benefícios da QVT mais valorizados pelas próprias organizações, como indica a literatura. Essas conexões apresentam-se como campos de investigação para outros em QVT, seja no setor público ou privado. Outra importante conclusão deste estudo é que, embora a avaliação global da QVT pelos Subordinados tenha sido classificada entre Boa e Muito Boa, a GQVT do órgão público foi classificada como pouco madura, ainda em nível operacional. Isso parece demonstrar a importância da dimensão psicológica, dos aspectos subjetivos na percepção de QVT. Vale dizer que as avaliações pessoais dos colaboradores não podem ser desconsideradas na análise diagnóstica da QVT numa dada organização, já que estas podem não coincidir com os dados da realidade concreta ou com as avaliações de seus dirigentes. Essa conclusão também indica oportunidades de novos estudos que busquem entender a QVT sob a percepção dos próprios indivíduos pesquisados, em consonância com recomendação semelhante da literatura da área. Sob o ponto de vista dos instrumentos de coleta de dados utilizados, considera-se que as duas adaptações aqui utilizadas mostraram-se úteis e válidas para os objetivos pretendidos e recomenda-se sua utilização em outras pesquisas similares. Sugere-se, apenas, que ao aplicar o instrumento destinado aos Subordinados, o pesquisador fique atento para que os participantes não deixem a questão aberta em branco e para que não deixem de responder a nenhuma questão fechada. Em relação ao instrumento usado com os Gestores, sugere-se rever o agrupamento das questões. Considera-se, ainda, que as limitações deste estudo residem na reduzida amostra de servidores públicos e na inclusão de somente uma organização do Serviço Público brasileiro. Mas, por 151 outro lado, acredita-se que todas as indicações de pontos de investigação poderão auxiliar outros pesquisadores e gestores (públicos e privados), a direcionarem esforços para a melhoria da QVT de seus colaboradores, potencializando-se, assim, os resultados organizacionais. 152 7. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G; FRANÇA, A. C. L. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração da Universidade de São Paulo (RAUSP). 33 (2), 40-51, 1998. ALVES, E. F. Qualidade de Vida no Trabalho: indicadores e instrumentos de medidas. Diálogos & Saberes. 6 (1), 77-87, 2010. ALVES, E. F. Programas e Ações em Qualidade de Vida no Trabalho: possibilidades e limites das organizações. Revista Eletrônica FAFIT/FACIC. 02 (01), 14-25, 2011. AMORIM, T. G. N; Qualidade de Vida no Trabalho: preocupação também para servidores públicos? Revista Eletrônica de Ciência Administrativa. 9 (1), 35-48, 2010. 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As respostas abaixo devem ser realizadas considerando a variação do 1 (Discordo Totalmente) ao 6 Como você avalia a situação hoje (Concordo Totalmente). Afirmações: 1 2 3 4 5 6 1) A organização permite meu progresso profissional. 2) A organização transmite para a sociedade a imagem de uma instituição que oferece serviços de qualidade. 3) Meu trabalho é fonte de prazer e realização pessoal. 4) A estrutura administrativa da organização permite agilidade nas decisões. 5) Conheço e me identifico com a missão e os valores da organização. 6) Existem, na organização, momentos especiais de comemorações e atividades sociais e esportivas. 7) Existe qualidade na supervisão que eu recebo em meu trabalho. 8) Eu me mantenho informado sobre as mudanças, normas e eventos que acontecem na organização. 9) A Diretoria da organização é competente e democrática. 10) Sinto-me realizado profissionalmente. 11) Estou satisfeito com a atuação da associação dos funcionários da organização. 12) Quando faço bem meu trabalho, recebo elogios; quando faço mal, recebo críticas de meus chefes e clientes. 13) Eu me sinto mal e infeliz quando descubro que tive um desempenho ineficaz em meu trabalho. 14) Considero importantes as antigas histórias de sucesso da organização. 15) Tenho um bom relacionamento com meus colegas de trabalho. 16) Eu participo de movimentos que reivindicam melhorias para a organização. 170 17) Participo das decisões tomadas na minha área de trabalho. 18) Sou respeitado e bem tratado pelos meus superiores. 19) Minha atuação e dedicação ao trabalho são reconhecidas pela organização. 20) Na organização todos os servidores são tratados de forma igualitária, imparcial e justa, sem favoritismo. 21) São de minha responsabilidade o resultado, o bom desempenho e qualidade do trabalho que executo. 22) Posso contar com a ajuda de meu chefe quando tenho problemas em meu trabalho. 23) Existem locais de informação como mural, jornal ou boletins, que são disponibilizados pela organização. 24) As condições de segurança e de saúde para execução das minhas atividades são adequadas. 25) Existem materiais e equipamentos adequados, em número suficiente e em boas condições para a realização do meu trabalho. 26) Existe na organização incentivo para qualificações, capacitações e treinamentos. 27) O trabalho na organização permite meu desenvolvimento pessoal. 28) Sinto-me esgotado com o trabalho que realizo na organização. 29) Sinto-me orgulhoso em fazer parte da organização. 30) Sinto-me seguro quanto ao meu futuro na organização. 31) Tenho autonomia para decidir como fazer o meu trabalho. 32) A maioria das coisas que tenho que fazer neste trabalho parecem corriqueiras e de pouca utilidade. 33) Meu trabalho não me permite usar iniciativa ou criatividade para realizá-lo. 34) O trabalho que faço exige que eu utilize todos os meus conhecimentos, capacidades e habilidades. 35) Estou satisfeito com meu trabalho. 36) Meu trabalho não é muito significante ou importante. 171 37) Eu me considero uma pessoa importante para que a organização atinja seus objetivos. 38) Eu, normalmente, tenho dificuldades em perceber quando estou desempenhando bem ou mal meu trabalho. 39) A maneira de se trabalhar na organização é coerente e eficaz. 40) Tenho conhecimento dos programas e projetos desenvolvidos pela organização. 41) Meu trabalho é realizado de forma que não posso executar uma tarefa do início até o fim. 42) Os setores de trabalho atuam de forma integrada para que sejam atingidos os objetivos globais da organização. 43) Eu não apresento um bom desempenho ao executar minhas tarefas. 44) Não tenho dificuldades em enfrentar mudanças em meu trabalho. 45) Os resultados do meu trabalho podem afetar a vida ou o Bem-Estar de outras pessoas. 46) Mantenho o equilíbrio entre o tempo dedicado à vida pessoal e ao trabalho na organização. 47) A organização oferece ganhos indiretos, complementares ao salário e não obrigatórios por lei. 48) Considerando o cargo que ocupo, meu salário é adequado em comparação aos outros cargos da organização. 49) Meu salário, comparado ao de outros órgãos, é considerado justo. 50) O que recebo, em relação ao que produzo para a organização, é justo. 51) Considero importante a implantação de um plano de cargos e salários. 52) As tarefas, objetivos e metas de meu trabalho estão claras para mim. 172 ANEXO D – Questionário Interfaces QVT e Administração (LIMONGI-FRANÇA, 2010) QUESTIONÁRIO INTERFACES QVT & ADMINISTRAÇÃO Esta é uma pesquisa para avaliar Ações e Programas de Bem-Estar, Saúde e Segurança no Trabalho, e que denominaremos Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Em se tratando de respostas via e-mail, poderá ser utilizado (quando convier) o recurso de preenchimento do MS Excel. 1. Cite as 2 áreas de atuação de maior importância para o administrador: 1ª ___________________________ 2ª __________________________ 2. Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) 3. Assinale a posição das Ações e Programas de Qualidade de Vida no Trabalho com relação a sua atividade de administrador ou futuro administrador: ( ) Primária ( ) Secundária ( ) Não faz parte das minhas atividades Para as afirmações a seguir assinale de acordo com a Legenda: 1234- discordo plenamente discordo concordo concordo plenamente 4. As Ações e os Programas de QVT são importantes para a Administração de Empresas. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 5. Ações e Programas de QVT interferem na produtividade. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 5.1 De que forma? ( ) Positivamente ( ) Negativamente 6. Empregados valorizam Ações e Programas de QVT. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 7. Empregadores consideram desnecessárias as Ações e Programas de QVT. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 8. As Ações e Programas de QVT oferecidos pelas empresas são legítimos de fato. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 9. Há resultados mensuráveis das Ações e Programas de QVT. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 10. Minha área de atuação utiliza práticas relacionadas ao bem-estar no trabalho. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 11. O administrador de QVT deve ter formação específica. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 12. A utilização de Ações e Programas de QVT aumentou nos últimos 5 anos nas empresas. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 174 13. As Ações e Programas de QVT geram benefícios que se perpetuam para sucessores e novas gerações. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 14. Tenho tido muita informação sobre Qualidade de Vida no Trabalho. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 15. As informações que recebo modificam minha atuação profissional. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 16. Toda empresa deve ter um Programa de Qualidade de Vida no Trabalho. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 17. Toda ação de Qualidade de Vida no Trabalho deve partir do empregado. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 18. Tenho uma definição clara sobre Qualidade de Vida no Trabalho. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 19. Há modelos gerenciais para implantação de Programas de QVT. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 175 20. Em sua opinião, para você como administrador sua Qualidade de Vida precisa ser melhorada. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço 21. As Ações de Qualidade de Vida são sempre necessárias no trabalho das empresas. 1- ( ) 2- ( ) 3- ( ) 4- ( ) ( ) desconheço Assinale Verdadeiro ou Falso nas alternativas a seguir: 22. Há pressões externas para implantação de Ações e Programas de QVT. Verdadeiro Falso ( ) ( ) Quais: ( ( ( ( ( ) clientes ) legislação ) sindicatos ) outras empresas ) outros: ______________________________________________ 23. Os Programas de QVT têm uma atuação específica. Verdadeiro Falso ( ) ( ) Quais: ( ( ( ( ( ( ) saúde ) nutrição ) lazer ) responsabilidade social ) relações de trabalho ) outros: ______________________________________________ 24. Há empresas no Brasil que adotam programas abrangentes de QVT. Verdadeiro Falso ( ) ( ) 176 Cite 3 empresas: ______________________________ ______________________________ ______________________________ 25. Espera-se melhoria da produtividade nas empresas que têm Ações e Programas de QVT. Verdadeiro Falso ( ) ( ) De que forma? ( ( ( ( ( ( ) maior comprometimento ) fidelidade à empresa ) melhoria do clima interno ) atração pelos benefícios ) mais disposição para o trabalho ) outros: ______________________________________________ 26. Você sente necessidade de participar de Ações e Programas de QVT. Verdadeiro Falso ( ) ( ) Por quê? ______________________________ ______________________________ 27. As Ações e Programas de QVT são vistos como (marque apenas uma alternativa): ( ( ( ( ( ( ( ) Despesas ) Investimentos ) Obrigação Legal ) Filantropia ) Publicidade da empresa ) Uma ação específica de RH ) Outros: ______________________________________________ 28. As Ações e Programas de QVT devem ser (marque apenas uma alternativa): ( ( ( ( ( ) um produto ou serviço permanente da empresa ) suporte às atividades da empresa ) ações gerenciais ) estratégias e políticas da empresa ) outros: ______________________________________________ 29. Assinale a categoria profissional que mais precisa de Ações e Programas de QVT (marque apenas uma alternativa): ( ) Pessoal de Apoio (Limpeza e Manutenção em Geral) 177 ( ( ( ( ) Pessoal de Operações e Produção ) Gerência ) Direção e Alta Direção ) Outro: ______________________________________________ Nome:_______________________________________ Sexo: ( ) F ( ) M Idade:____ Naturalidade: ___________________ Cidade de trabalho/estudo: __________________ Número de dependentes: __________ Estado civil: _____________________________ Formação: Grad. Qual:_____________ Dout. Qual:_____________ Mestr. Qual:_____________ Espec. Qual:_____________ Grupo: ( ) Aluno ( ) Professor ( ) Executivo/Administrador Trabalha / estuda há _____ anos com administração. Principal área de atuação: ( ) Administração Geral ( ) Produções e Operações ( ) Finanças ( ) Mét. Quant. e Informát. ( ) Marketing ( ) Recursos Humanos ( ) Política dos Negócios ( ) Outra: _____________ Forma de coleta de dados: ( ) internet ( ) pessoalmente ( ) outra: ________ Forma de contato para envio dos resultados da pesquisa: ________________________ Nome do entrevistador: __________________________ Data:________ Hora:______ Duração da entrevista: _________________ (dias ou minutos) Observações (do entrevistador): ___________________________________________ Agradecemos a colaboração: Profa. Ana Cristina Limongi-França e equipe de etagiários: Gaino, A. A. P.; Hamza, L. M.; Oliveira, P. M. de; Muritiba, S. N.; Almeida, S. F. de & Rocha, T. J. 178 APÊNDICES 179 APÊNDICE A – Adaptação do Instrumento Síntese de Pesquisa e Diagnóstico em QVT (MEDEIROS, 2007) utilizada na coleta de dados desta pesquisa. 181 182 APÊNDICE B – Questionário Interfaces QVT e Administração Pública: adaptação do Questionário Interfaces QVT e Administração (LIMONGI-FRANÇA, 2010) e utilizado na coleta de dados desta pesquisa. QUESTIONÁRIO INTERFACES QVT & ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA [Adaptado de Limongi-França (2010)] Esta é uma pesquisa para avaliar Ações e Programas de Bem-Estar, Saúde e Segurança no Trabalho, e que denominaremos Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Considerando sua posição como administrador/gestor em órgão público, solicitamos sua colaboração, respondendo às questões que se seguem. 1. Cite as 2 (duas) áreas de maior importância na administração de órgãos públicos: 1ª _______________________ 2ª _______________________ 2. Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): 3. Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em órgãos públicos: 4. Assinale a posição das Ações e Programas de Qualidade de Vida no Trabalho com relação à sua atividade de chefe/gestor, na administração de órgão público: primária secundária não faz parte das minhas atividades Para as afirmações a seguir assinale de acordo com a Legenda: 1 2 3 discordo plenamente 5. 4 concordo concordo plenamente As Ações e os Programas de QVT são importantes. 1 6. discordo 2 3 4 desconheço Ações e Programas de QVT interferem na produtividade, em órgãos públicos. 1 2 3 4 desconheço Caso a resposta da questão 6 tenha sido 3 (concordo) ou 4 (concordo plenamente), responda à questão 6.1: 6.1 De que forma? positivamente 7. Servidores públicos que não ocupam posição de chefia/gestão valorizam Ações e Programas de QVT. 1 8. negativamente 2 3 4 desconheço A Direção e Alta Direção, em órgãos públicos, consideram desnecessárias as Ações e Programas de QVT. 1 2 3 4 desconheço 9. As Ações e Programas de QVT oferecidos em órgãos públicos são legítimos de fato. 1 2 3 4 desconheço 10. Em órgãos públicos, há resultados mensuráveis das Ações e Programas de QVT. 1 2 3 4 desconheço 11. Minha área de atuação utiliza práticas relacionadas ao bem-estar no trabalho. 1 2 3 4 desconheço 12. O chefe/gestor em órgãos públicos deveria ter formação específica na área de QVT. 1 2 3 4 desconheço 13. A utilização de Ações e Programas de QVT aumentou nos últimos 5 (cinco) anos, em órgãos públicos. 1 2 3 4 desconheço 14. As Ações e Programas de QVT, em órgãos públicos, geram benefícios que se perpetuam para novas gerações. 1 2 3 4 desconheço 15. Tenho tido muita informação sobre Qualidade de Vida no Trabalho. 1 2 3 4 desconheço 16. As informações que recebo modificam minha atuação profissional. 1 2 3 4 desconheço 17. Todo órgão público deveria ter um Programa de Qualidade de Vida no Trabalho. 1 2 3 4 desconheço 18. Toda ação de Qualidade de Vida no Trabalho deve partir do servidor público que não ocupa posição de chefia/gestão. 1 2 3 4 desconheço 19. Tenho uma definição clara sobre Qualidade de Vida no Trabalho em órgãos públicos. 1 2 3 4 desconheço 20. Há modelos gerenciais para implantação de Programas de QVT em órgãos públicos. 1 2 3 4 desconheço 21. Em sua opinião, para você como chefe/gestor, sua Qualidade de Vida precisa ser melhorada. 1 2 3 4 desconheço 22. As Ações de Qualidade de Vida são sempre necessárias no trabalho nos órgãos públicos. 1 2 3 4 desconheço 184 Assinale Verdadeiro ou Falso nas alternativas a seguir: 23. Há pressões externas para implantação de Ações e Programas de QVT neste órgão público. F V Quais: governo federal clientes/usuários dos serviços públicos legislação sindicatos outras organizações outros: _______________________________ 24. Os Programas de QVT neste órgão público têm uma atuação específica. F V desconheço Quais: saúde nutrição lazer responsabilidade social relações de trabalho outros: __________________________ 25. Há órgãos públicos, no Brasil, que adotam programas abrangentes de QVT . F V Cite 3 deles: desconheço ______________________________ ______________________________ ______________________________ 26. Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm Ações e Programas de QVT. F V De que forma? maior comprometimento fidelidade ao órgão público melhoria do clima interno atração pelos benefícios mais disposição para o trabalho postergar a aposentadoria de servidores outros: __________________________ 185 27. Como chefe/gestor, você sente necessidade de implementar Ações e Programas de QVT em sua área. F V Por quê?____________________________________________________ ____________________________________________________ 28. Em órgãos públicos, as Ações e Programas de QVT são vistos como (marque apenas uma alternativa): Despesas Investimentos Obrigação Legal Filantropia Publicidade Uma ação específica de RH outros: __________________________ 29. As Ações e Programas de QVT em órgãos públicos devem ser (marque apenas uma alternativa): um produto ou serviço permanente do órgão suporte às atividades do órgão ações gerenciais estratégias e políticas do órgão outros: __________________________ 30. Assinale a categoria/nível profissional deste órgão público que mais precisa de Ações e Programas de QVT (marque apenas uma alternativa): Pessoal de apoio (Limpeza e Manutenção em Geral) Pessoal administrativo Pessoal de atendimento ao público Gerência outros: __________________________ Para as duas afirmações a seguir assinale de acordo com a Legenda: 1 2 3 discordo discordo concordo plenamente 4 concordo plenamente 31. Ações e Programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com a Responsabilidade Social Empresarial. 1 2 3 4 desconheço 32. Ações e Programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com o Desenvolvimento Sustentável. 1 2 3 4 desconheço 33. Indique uma palavra-chave que para você signifique Responsabilidade Social Empresarial. 34. Indique uma palavra-chave que para você signifique Desenvolvimento Sustentável. 186 DADOS DO PARTICIPANTE Sexo: Masculino Idade: anos Estado civil: Solteiro(a) Feminino Casado(a) / União estável Viúvo(a) Separado(a) / Divorciado(a) Escolaridade: Ensino Fundamental completo incompleto Ensino Médio completo incompleto Ensino Técnico completo incompleto Ensino Superior completo incompleto Especialização completo incompleto Mestrado completo incompleto Doutorado completo incompleto Renda Familiar: De 1 a 5 salários mínimos De 6 a 10 salários mínimos De 11 a 15 salários mínimos De 16 a 20 salários mínimos Acima de 20 salários mínimos Número de Dependentes: pessoas Tempo de serviço no órgão público: anos Cargo de nível: superior médio Realiza atendimento diário ao público externo? sim não Obrigado pela participação! 187 APÊNDICE C – Slides utilizados nas apresentações feitas antes da entrega dos questionários (Gestores e Subordinados), durante a coleta de dados. 188 189 190 APÊNDICE D – Carta de apresentação da pesquisa enviada, pelo dirigente, aos servidores do órgão público pesquisado. CARTA DE APRESENTAÇÃO DE PESQUISA Prezados servidores, Tem esta a finalidade de apresentar a pesquisa Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na Administração Pública: fatores críticos para os gestores e avaliação pelos subordinados, que será aplicada na Gerência Executiva do INSS Poços de Caldas e nas Agências subordinadas a ela. A referida pesquisa será realizada pelo mestrando Ricardo Augusto da Silva Alfenas, como parte do programa de mestrado acadêmico em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (UNIFAE), de São João da Boa Vista e conta com a orientação da professora Dra. Valdete Maria Ruiz. Além disso, ela foi incluída no planejamento da Gerência Executiva do INSS Poços de Caldas, a fim de investigar a QVT de seus servidores e buscar sua melhoria. A pesquisa será feita durante uma reunião onde, inicialmente, será feita uma breve apresentação dos seus objetivos, método e aspectos éticos. Em seguida, haverá um espaço para que os servidores que assim o desejarem façam perguntas e tenham suas dúvidas esclarecidas. Por fim, aqueles que se dispuserem a participar da pesquisa, responderão a um questionário sobre QVT, de forma individual e por escrito. Serão aplicados dois questionários diferentes, ambos já utilizados e validados em pesquisas semelhantes: um específico para aqueles que têm cargo de chefia (mesmo que eventual) e outro àqueles que não têm essa posição (chamados de subordinados). O tempo médio para responder qualquer dos dois questionários é de 15 minutos e a duração máxima prevista para a reunião é de uma hora e vinte minutos. Os servidores do INSS terão total liberdade de participar da pesquisa, portanto, a participação dos servidores será voluntária. Também é assegurado seu anonimato, isto é, não haverá identificação dos participantes em nenhum momento, durante ou após a realização da pesquisa. Como contribuição para o INSS, espera-se avaliar a percepção da QVT pelos seus servidores, de forma a identificar quais são os pontos que devem ser priorizados na gestão de pessoas. Espera-se, também, identificar concepções dos chefes que influenciam a gestão da QVT. Com isso, pode-se melhorar o bem-estar dos servidores desta e de outras organizações de natureza semelhante. Por estas razões, sua participação é fundamental. Contando com ela, desde já, agradecemos! Atenciosamente, Ricardo A. S. Alfenas Pesquisador Responsável Edivan Paiva Gerente Executivo Poços de Caldas 191 APÊNDICE E – Resultados dos Gestores: perguntas, frequências das respostas e percentuais, por Fatores Críticos da QVT. FATOR CRÍTICO 1 - Conceito de QVT Perguntas Qc 1.1 e 1.2 Cite 2 áreas de maior importância na administração de órgãos públicos. Qc2 Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Qc3 Indique uma palavra-chave que para você signifique Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em órgãos públicos Qc17 Todo órgão público deveria ter um Programa de QVT. Qc19 Tenho uma definição clara sobre QVT em órgãos públicos. Qc28 Em órgãos públicos, as ações e programas de QVT são vistos como (marque somente uma alternativa). Qc29 As ações e programas de QVT em órgãos públicos devem ser (marque somente uma alternativa). Categorias Administração Geral Atendimento ao Público Gestão de Pessoas Gestão de Processos e Produção Gestão Financeira Logística Planejamento Tecnologia da Informação Outros Biológica Psicológica Social Organizacional Outras Concordância menor que 60% Biológica Psicológica Social Organizacional Outras Concordância menor que 60% 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) Despesas Investimentos Obrigação Legal Filantropia Publicidade Uma ação específica de RH Outros Prod. ou serv. perm. Suporte às atividades Ações Gerenciais Estratégias e políticas Outros Freq. 8 4 19 2 1 8 4 1 3 0 15 2 5 0 3 3 10 4 7 0 1 0 0 5 20 0 0 10 10 2 3 3 5 7 0 0 8 2 15 1 1 8 0 % 16,0% 8,0% 38,0% 4,0% 2,0% 16,0% 8,0% 2,0% 6,0% 0,0% 60,0% 8,0% 20,0% 0,0% 12,0% 12,0% 40,0% 16,0% 28,0% 0,0% 4,0% 0,0% 0,0% 20,0% 80,0% 0,0% 0,0% 40,0% 40,0% 8,0% 12,0% 12,0% 20,0% 28,0% 0,0% 0,0% 32,0% 8,0% 60,0% 4,0% 4,0% 32,0% 0,0% 192 FATOR CRÍTICO 2 - Produtividade Perguntas Qc6 As ações e programas de QVT interferem na produtividade, em órgãos públicos. Qc6.1 De que forma? Qc10 Em órgãos públicos, há resultados mensuráveis das ações e programas de QVT. Qc20 Há modelos gerenciais para implantação de Programas de QVT em órgãos públicos. Qc22 As ações de QVT são sempre necessárias no trabalho nos órgãos públicos. Qc26 Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm ações e programas de QVT. Qc26 (Continuação) De que forma? Categorias 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Negativamente) 2 (Positivamente) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) Freq. % 0 0,0% 0 0,0% 9 36,0% 16 64,0% 0 0,0% 0 0,0% 25 100,0% 2 8,0% 8 32,0% 2 8,0% 0 0,0% 13 52,0% 1 4,0% 4 16,0% 7 28,0% 0 0,0% 13 52,0% 0 0,0% 0 0,0% 9 36,0% 15 60,0% 1 4,0% 1 (Falso) 0 0,0% 2 (Verdadeiro) 25 100,0% Maior comprometimento Fidelidade ao órgão público Melhoria do clima interno Atração pelos benefícios Mais disposição para o trabalho Postergar a aposentadoria de servidores Outros 17 9 22 5 20,7% 11,0% 26,8% 6,1% 23 28,0% 5 6,1% 1 1,2% 193 FATOR CRÍTICO 3 - Legitimidade Perguntas Qc5 As ações e programas de QVT são importantes. Qc7 Servidores públicos que NÃO ocupam posição de chefia/gestão valorizam Ações e Programas de QVT. Qc8 A direção e alta direção, em órgãos públicos, consideram desnecessárias as Ações e Programas de QVT. Qc9 As ações e programas de QVT oferecidos em órgãos públicos são legítimos de fato. Qc14 As ações e programas de QVT, em órgãos públicos, geram benefícios que se perpetuam para novas gerações. Qc21 Em sua opinião, para você como chefe/gestor, sua QVT precisa ser melhorada. Qc27 Como chefe/gestor, você sente necessidade de implementar ações e programas de QVT em sua área? Qc27 Por quê? Qc31 Ações e programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com a Responsabilidade Social Empresarial. Qc32 Ações e programas de QVT em órgãos públicos estão relacionados com o Desenvolvimento Sustentável. Categorias 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) Freq. 0 0 11 14 0 0 1 15 7 2 3 13 4 2 3 2 14 5 0 4 0 3 13 7 2 0 0 12 13 0 % 0,0% 0,0% 44,0% 56,0% 0,0% 0,0% 4,0% 60,0% 28,0% 8,0% 12,0% 52,0% 16,0% 8,0% 12,0% 8,0% 56,0% 20,0% 0,0% 16,0% 0,0% 12,0% 52,0% 28,0% 8,0% 0,0% 0,0% 48,0% 52,0% 0,0% 1 (Falso) 2 8,0% 2 (Verdadeiro) 23 92,0% Benefício na dimensão biológica Benefício na dimensão psicológica Benefício na dimensão social Benefício na dimensão organizacional Outras Concordância menor que 60% 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 3 11 5 16 2 2 0 3 14 7 1 0 3 14 6 2 7,7% 28,2% 12,8% 41,0% 5,1% 5,1% 0,0% 12,0% 56,0% 28,0% 4,0% 0,0% 12,0% 56,0% 24,0% 8,0% 194 FATOR CRÍTICO 4 - Práticas e Valores Perguntas Categorias Freq. % Qc4 Assinale a posição das Ações e Programas de QVT com relação à sua atividade de chefe/gestor, na administração de órgão público. 0 (Não faz parte das minhas atividades) 5 20,0% 1 (Secundária) 12 48,0% 2 (Primária) 8 32,0% 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 2 7 6 7 3 6 15 3 0 1 8,0% 28,0% 24,0% 28,0% 12,0% 24,0% 60,0% 12,0% 0,0% 4,0% 1 (Falso) 10 40,0% 2 (Verdadeiro) 15 60,0% Governo Federal Clientes/usuários dos serviços públicos Legislação Sindicato Outras organizações Outros Limpeza e manutenção Pessoal administrativo Atend. ao público Gerência Outros 9 34,6% 4 15,4% 3 7 1 2 0 3 20 1 1 11,5% 26,9% 3,8% 7,7% 0,0% 12,0% 80,0% 4,0% 4,0% Qc11 Minha área de atuação utiliza práticas relacionadas ao bem-estar no trabalho. Qc18 Toda ação de QVT deve partir do servidor público que NÃO ocupa posição de chefia/gestão. Qc23 Há pressões externas para implantação de ações e programas de QVT neste órgão público. Qc23 (Continuação) Quais? Qc30 Assinale a categoria / nível profissional deste órgão público que mais precisa de ações e programas de QVT (marque somente uma alternativa). 195 FATOR CRÍTICO 5 - Nova Competência Perguntas Qc12 O chefe/gestor em órgãos púbicos deveria ter formação específica na área de QVT. Qc13 A utilização de ações e programas de QVT aumentou nos últimos 5 anos, em órgãos públicos. Qc15 Tenho tido muita informação sobre QVT. Qc16 As informações que recebo modificam minha atuação profissional. Qc24 Os programas de QVT neste órgão público têm uma atuação específica. Qc24 (Continuação) Quais? Qc25 Há órgãos públicos, no Brasil, que adotam programas abrangentes de QVT. Qc26 Espera-se melhoria da produtividade em órgãos públicos que têm ações e programas de QVT. Qc26 (Continuação) De que forma? Categorias 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Discordo Plenamente) 2 (Discordo) 3 (Concordo) 4 (Concordo Plenamente) 0 (Desconheço) 1 (Falso) 2 (Verdadeiro) 0 (Desconheço) Saúde Nutrição Lazer Responsabilidade social Relações de trabalho Outros 1 (Falso) 2 (Verdadeiro) Freq. 2 12 8 2 1 3 1 13 3 5 4 10 9 1 1 1 10 9 4 1 8 8 9 7 1 1 5 4 0 1 2 % 8,0% 48,0% 32,0% 8,0% 4,0% 12,0% 4,0% 52,0% 12,0% 20,0% 16,0% 40,0% 36,0% 4,0% 4,0% 4,0% 40,0% 36,0% 16,0% 4,0% 32,0% 32,0% 36,0% 38,9% 5,6% 5,6% 27,8% 22,2% 0,0% 4,0% 8,0% 0 (Desconheço) 22 88,0% 1 (Falso) 0 0,0% 2 (Verdadeiro) 25 100,0% Maior comprometimento Fidelidade ao órgão público Melhoria do clima interno Atração pelos benefícios Mais disposição para o trabalho Postergar a aposentadoria de servidores Outros 17 9 22 5 20,7% 11,0% 26,8% 6,1% 23 28,0% 5 6,1% 1 1,2% 196 APÊNDICE F – Resultados dos Subordinados: perguntas, frequências das respostas e percentuais, por Dimensões da QVT. DIMENSÃO 1 - Execução do Trabalho (obs: como é a única dimensão com sentido inverso das respostas, nas análises restantes essas respostas foram invertidas para haver uma padronização com as demais dimensões e indicadores) Perguntas Qs25 Sinto-me esgotado com o trabalho que realizo na organização. Qs29 A maioria das coisas que tenho que fazer neste trabalho parecem corriqueiras e de pouca utilidade. Qs30 Meu trabalho não me permite usar iniciativa ou criatividade para realizá-lo. Qs33 Meu trabalho não é muito significante ou importante. Qs35 Eu, normalmente, tenho dificuldades em perceber quando estou desempenhando bem ou mal meu trabalho. Qs38 Meu trabalho é realizado de forma que não posso executar uma tarefa do início até o fim. Qs40 Eu não apresento um bom desempenho ao executar minhas tarefas. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 16 15 20 16 21 14 46 26 13 5 11 1 25 19 21 23 11 3 70 16 4 6 2 4 46 23 9 10 5 9 46 21 9 9 8 9 76 15 1 5 2 3 % 15,7% 14,7% 19,6% 15,7% 20,6% 13,7% 45,1% 25,5% 12,7% 4,9% 10,8% 1,0% 24,5% 18,6% 20,6% 22,5% 10,8% 2,9% 68,6% 15,7% 3,9% 5,9% 2,0% 3,9% 45,1% 22,5% 8,8% 9,8% 4,9% 8,8% 45,1% 20,6% 8,8% 8,8% 7,8% 8,8% 74,5% 14,7% 1,0% 4,9% 2,0% 2,9% 197 DIMENSÃO 2 - Autorrealização Perguntas Qs1 A organização permite meu progresso profissional. Qs3 Meu trabalho é fonte de prazer e realização pessoal. Qs10 Sinto-me realizado profissionalmente. Qs24 O trabalho na organização permite meu desenvolvimento pessoal. Qs31 O trabalho que faço exige que eu utilize todos os meus conhecimentos, capacidades e habilidades. Qs32 Estou satisfeito com meu trabalho. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 16 18 21 19 12 16 8 9 13 24 15 33 7 6 8 31 23 27 6 11 20 29 16 20 6 6 12 16 25 37 6 7 12 20 26 31 % 15,7% 17,6% 20,6% 18,6% 11,8% 15,7% 7,8% 8,8% 12,7% 23,5% 14,7% 32,4% 6,9% 5,9% 7,8% 30,4% 22,5% 26,5% 5,9% 10,8% 19,6% 28,4% 15,7% 19,6% 5,9% 5,9% 11,8% 15,7% 24,5% 36,3% 5,9% 6,9% 11,8% 19,6% 25,5% 30,4% 198 DIMENSÃO 3 - Equidade no Trabalho Perguntas Qs14 Tenho um bom relacionamento com meus colegas de trabalho. Qs18 São de minha responsabilidade o resultado, o bom desempenho e qualidade do trabalho que executo. Qs19 Posso contar com a ajuda de meu chefe quando tenho problemas em meu trabalho. Qs20 Existem locais de informação como mural, jornal ou boletins, que são disponibilizados pela organização. Qs21 As condições de segurança e de saúde para execução das minhas atividades são adequadas. Qs47 Estou satisfeito com o plano de cargos e salários desta organização. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 0 0 4 5 28 65 2 3 4 16 26 51 1 1 8 12 18 62 5 4 7 14 32 40 17 21 20 24 9 11 42 20 11 10 9 10 % 0,0% 0,0% 3,9% 4,9% 27,5% 63,7% 2,0% 2,9% 3,9% 15,7% 25,5% 50,0% 1,0% 1,0% 7,8% 11,8% 17,6% 60,8% 4,9% 3,9% 6,9% 13,7% 31,4% 39,2% 16,7% 20,6% 19,6% 23,5% 8,8% 10,8% 41,2% 19,6% 10,8% 9,8% 8,8% 9,8% 199 DIMENSÃO 4 - Relação com a Organização Perguntas Qs2 A organização transmite para a sociedade a imagem de uma instituição que oferece serviços de qualidade. Qs5 Conheço e me identifico com a missão e os valores da organização. Qs13 Considero importantes as antigas histórias de sucesso da organização. Qs34 Eu me considero uma pessoa importante para que a organização atinja seus objetivos. Qs42 Os resultados do meu trabalho podem afetar a vida ou o bem-estar de outras pessoas. Qs48 As tarefas, objetivos e metas de meu trabalho estão claros para mim. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 3 11 24 22 24 18 3 7 9 13 37 33 6 7 10 19 23 37 3 5 8 13 25 48 1 0 0 8 11 82 5 1 7 14 30 45 % 2,9% 10,8% 23,5% 21,6% 23,5% 17,6% 2,9% 6,9% 8,8% 12,7% 36,3% 32,4% 5,9% 6,9% 9,8% 18,6% 22,5% 36,3% 2,9% 4,9% 7,8% 12,7% 24,5% 47,1% 1,0% 0,0% 0,0% 7,8% 10,8% 80,4% 4,9% 1,0% 6,9% 13,7% 29,4% 44,1% 200 DIMENSÃO 5 - Organização do Trabalho Perguntas Qs4 A estrutura administrativa da organização permite agilidade nas decisões. Qs6 Existem, na organização, momentos especiais de comemorações e atividades sociais e esportivas. Qs7 Existe qualidade na supervisão que eu recebo em meu trabalho. Qs9 A Diretoria da organização é competente e democrática. Qs11 Estou satisfeito com a atuação da associação dos funcionários da organização. Qs22 Existem materiais e equipamentos adequados, em número suficiente e em boas condições para a realização do meu trabalho. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 10 21 19 26 11 15 21 23 19 19 10 10 6 9 23 16 28 20 5 11 16 35 19 16 27 21 17 24 8 5 11 23 21 17 16 14 % 9,8% 20,6% 18,6% 25,5% 10,8% 14,7% 20,6% 22,5% 18,6% 18,6% 9,8% 9,8% 5,9% 8,8% 22,5% 15,7% 27,5% 19,6% 4,9% 10,8% 15,7% 34,3% 18,6% 15,7% 26,5% 20,6% 16,7% 23,5% 7,8% 4,9% 10,8% 22,5% 20,6% 16,7% 15,7% 13,7% 201 DIMENSÃO 6 - Adequação da Remuneração Perguntas Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs44 Considerando o cargo que ocupo, meu 3 salário é adequado em comparação aos 4 outros cargos da organização. 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs45 3 Meu salário, comparado ao de outros 4 órgãos, é considerado justo. 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs46 3 O que recebo, em relação ao que produzo 4 para a organização, é justo. 5 6 (Concordo Totalmente) DIMENSÃO 7 - Relação Chefe-Subordinado Perguntas Qs12 Quando faço bem meu trabalho, recebo elogios; quando faço mal, recebo críticas de meus chefes e clientes. Qs15 Sou respeitado e bem tratado pelos meus superiores. Qs16 Minha atuação e dedicação ao trabalho são reconhecidas pela organização. Qs17 Na organização todos os servidores são tratados de forma igualitária, imparcial e justa, sem favoritismo. Qs28 Tenho autonomia para decidir como fazer o meu trabalho. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 25 8 14 14 21 20 30 13 11 17 18 13 24 14 17 17 12 18 % 24,5% 7,8% 13,7% 13,7% 20,6% 19,6% 29,4% 12,7% 10,8% 16,7% 17,6% 12,7% 23,5% 13,7% 16,7% 16,7% 11,8% 17,6% Freq. 8 8 24 30 14 18 2 1 2 7 23 67 8 10 18 19 25 22 12 12 14 24 13 27 10 8 11 29 27 17 % 7,8% 7,8% 23,5% 29,4% 13,7% 17,6% 2,0% 1,0% 2,0% 6,9% 22,5% 65,7% 7,8% 9,8% 17,6% 18,6% 24,5% 21,6% 11,8% 11,8% 13,7% 23,5% 12,7% 26,5% 9,8% 7,8% 10,8% 28,4% 26,5% 16,7% 202 DIMENSÃO 8 - Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional Perguntas Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs8 Eu me mantenho informado sobre as 3 mudanças, normas e eventos que acontecem 4 na organização. 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs23 3 Existe na organização incentivo para 4 qualificações, capacitações e treinamentos. 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 Qs37 3 Tenho conhecimento dos programas e 4 projetos desenvolvidos pela organização. 5 6 (Concordo Totalmente) DIMENSÃO 9 - Relação Trabalho e Vida Pessoal Perguntas Qs26 Sinto-me orgulhoso em fazer parte desta organização. Qs27 Sinto-me seguro quanto ao meu futuro na organização. Qs41 Não tenho dificuldades em enfrentar mudanças em meu trabalho. Qs43 Mantenho o equilíbrio entre o tempo dedicado à vida pessoal e ao trabalho na organização. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 0 3 11 22 36 30 19 18 12 22 13 18 6 11 20 27 26 12 % 0,0% 2,9% 10,8% 21,6% 35,3% 29,4% 18,6% 17,6% 11,8% 21,6% 12,7% 17,6% 5,9% 10,8% 19,6% 26,5% 25,5% 11,8% Freq. 4 4 11 16 21 46 9 10 13 18 20 32 4 12 9 12 26 39 1 9 10 12 24 46 % 3,9% 3,9% 10,8% 15,7% 20,6% 45,1% 8,8% 9,8% 12,7% 17,6% 19,6% 31,4% 3,9% 11,8% 8,8% 11,8% 25,5% 38,2% 1,0% 8,8% 9,8% 11,8% 23,5% 45,1% 203 DIMENSÃO 10 - Efetividade dos Processos de Trabalho Perguntas Qs36 A maneira de se trabalhar na organização é coerente e eficaz. Qs39 Os setores de trabalho atuam de forma integrada para que sejam atingidos os objetivos globais da organização. Categorias 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) 1 (Discordo Totalmente) 2 3 4 5 6 (Concordo Totalmente) Freq. 8 14 27 26 17 10 5 7 18 21 27 24 % 7,8% 13,7% 26,5% 25,5% 16,7% 9,8% 4,9% 6,9% 17,6% 20,6% 26,5% 23,5% 204 APÊNDICE G – Resultados dos Subordinados: médias e desvios-padrões por perguntas e por Dimensões da QVT. Dimensão 1 - Execução do Trabalho (já adaptada) Quest. Indicador 25 29 Ritmo de trabalho 30 33 35 38 40 Média Desvio das Padrão Respostas Resp. Méd. Desvio da Padrão Dimens. % (± 4,6%) Significado do Trabalho 3,5 4,9 1,7 1,4 49,6% 77,3% Uso de iniciativa, criatividade e discernimento no trabalho 4,1 1,4 62,9% Significância do trabalho 5,3 4,7 4,6 5,5 1,3 1,6 1,7 1,2 86,3% 73,3% 72,0% 89,2% Feedback do trabalho (Feedback instrínseco) Realização de tarefas completas (Identidade da tarefa) Desempenho na realização das tarefas 4,6 0,9 % (± 4,6%) 72,9% Dimensão 2 - Autorrealização Média Desvio das Padrão Respostas Quest. Indicador 1 3 10 24 31 32 Progresso funcional Realização pessoal Realização profissional Oportunidade de desenvolvimento pessoal Variedade de tarefas Satisfação com o trabalho 3,4 4,3 4,4 4,0 4,6 4,4 1,7 1,6 1,5 1,5 1,5 1,5 % (± 4,6%) 48,0% 65,1% 67,1% 59,2% 71,2% 68,6% Resp. Méd. Desvio da Padrão Dimens. 4,2 1,2 % (± 4,6%) 63,2% Dimensão 3 - Equidade no Trabalho Quest. Indicador 14 18 19 20 21 47 Relacionamento com colegas Responsabilidade pelo trabalho executado Ajuda do chefe quando tem problemas no trabalho Fluxo de informações na organização Condições físicas do ambiente de trabalho Plano de cargo e salários Média Desvio das Padrão Respostas 5,5 5,1 5,3 4,8 3,2 2,5 0,8 1,2 1,1 1,4 1,6 1,7 % (± 4,6%) 90,2% 82,0% 85,3% 76,1% 43,9% 31,0% Resp. Méd. Desvio da Padrão Dimens. 4,4 0,8 % (± 4,6%) 68,1% 205 Dimensão 4 - Relação com a Organização Média das Respostas Desvio Padrão (± 4,6%) 4,0 4,7 1,4 1,3 61,0% 73,9% % Quest. Indicador 2 5 Imagem externa da organização 13 Importância das antigas histórias de sucesso da organização Importância do indivíduo para que a organização atinja seus objetivos 4,5 1,5 70,8% 4,9 1,4 78,4% Contribuição do trabalho para a comunidade 5,7 4,9 0,8 1,3 93,7% 78,8% 34 42 48 Identificação com a missão Clareza dos objetivos de metas do trabalho Resp. Méd. Desvio Padrão da Dimens. 4,8 0,8 % (± 4,6%) 76,1 % Dimensão 5 - Organização do Trabalho Quest. Indicador 4 6 7 9 11 22 Ausência de burocracia Existência de comemorações internas Satisfação com a supervisão recebida Gestão da organização competente e democrática Relação com sindicato ou associação Materiais e equipamentos Média Desvio das Padrão Respostas 3,5 3,0 4,1 4,0 2,8 3,5 1,5 1,6 1,5 1,4 1,5 1,6 % (± 4,6%) 50,2% 40,8% 61,8% 59,6% 36,1% 49,0% Resp. Méd. Desvio da Padrão Dimens. 3,5 1,1 % (± 4,6%) 49,6% Dimensão 6 - Adequação da Remuneração Média Desvio das Padrão Respostas % Quest. Indicador 44 Equidade salarial interna 3,6 1,9 51,4% 45 Equidade salarial externa 3,2 1,8 43,7% 46 Relação salário-desempenho 3,3 1,8 46,5% (± 4,6%) Resp. Méd. Desvio Padrão da Dimens. 3,4 1,7 % (± 4,6%) 47,2% Dimensão 7 - Relação Chefe-Subordinado Quest. Indicador 12 15 16 17 28 Feedback extrínseco Respeito recebido dos superiores Reconhecimento Tratamento igualitário Autonomia Média Desvio das Padrão Respostas 3,9 5,4 4,1 3,9 4,0 1,4 1,0 1,5 1,7 1,5 % (± 4,6%) 57,3% 88,8% 61,4% 58,6% 60,8% Resp. Méd. Desvio Padrão da Dimens. 4,3 1,0 % (± 4,6%) 65,4% 206 Quest. Dimensão 8 - Efetividade na Comunicação e Aprendizagem Organizacional Resp. Média das Desvio Méd. Desvio % Indicador Respostas Padrão (± 4,6%) Padrão da Dimens. 8 Acesso à informação 4,8 1,1 75,5% 23 Incentivo à qualificação 3,5 1,7 49,0% 37 Conhecimento do processo de prestação de serviço da organização 3,9 1,4 58,0% 4,0 1,0 % (± 4,6%) 60,8% Dimensão 9 - Relação Trabalho e Vida Pessoal Quest. Indicador 26 27 41 43 Imagem interna Segurança quanto ao futuro na organização Habilidade para enfrentar mudanças Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho Média Desvio das Padrão Respostas 4,8 4,2 4,6 4,8 1,4 1,7 1,5 1,4 % (± 4,6%) 76,1% 64,7% 71,6% 76,7% Resp. Méd. Desvio da Padrão Dimens. 4,6 1,1 % (± 4,6%) 72,3% Dimensão 10 - Efetividade dos Processos de Trabalho Média Desvio das Padrão Respostas % Quest. Indicador 36 Coerência e eficácia do trabalho 3,6 1,4 51,8% 39 Atuação integrada dos setores 4,3 1,4 65,5% (± 4,6%) Resp. Méd. Desvio Padrão da Dimens. 3,9 1,2 % (± 4,6%) 58,6% 207 APÊNDICE H – Respostas dos Gestores na questão 27 (Como chefe/gestor, você sente necessidade de implementar ações e programas de QVT em sua área? Por quê?). Questão 27 - Respostas (literais) dos Gestores 1 Por que acredito ser importante para melhor eficácia no trabalho e bem-estar coletivo. 2 Porque melhora a relação entre os servidores e torna mais agradável o ambiente de trabalho 3 Maior satisfação no serviço 4 Para que o ambiente de trabalho se torne mais agradável 5 Manter clima harmonioso no trabalho. Deduzir faltas/licenças 6 Melhoria nas relações de trabalho 7 Acredito que estas ações são fundamentais para boa gestão dentro do serviço público 8 Melhorar a saúde dos servidores. Melhorar a relação de trabalho. 9 Melhorar a produtividade e o interesse pela instituição 10 Não tenho conhecimento da política do órgão sobre QVT; 11 Com elas (ex. cadeiras, circulação de ar etc) espera-se um aumento na QVT e rendimento da equipe. Busco realizar as do meu alcance mas seria necessário apoio de profissionais capacitados como: 12 pedagogo, psicólogos e médicos. 13 Auxilia na motivação dos servidores 14 Melhoria no trabalho 15 Auxiliará na produtividade e retorno satisfatório ao plano de ações implementados 16 Para maior desempenho e aproveitamento do tempo de trabalho sem stress É bom sentir um clima de comprometimento profissional dos servidores, bem como sua satisfação 17 pessoal 18 Aumentar o prazer em exercer a atividade diária 19 Melhorar o relacionamento entre servidores e a satisfação com o trabalho 20 Melhoria do ambiente interno, condições e disposição no trabalho. 21 Temos muitas licenças médicas devido ao stress. Porque assim, acredito que a satisfação em estar no ambiente de trabalho aumentaria. Com isso, 22 melhoraria a QV de maneira geral. 23 Para ajudar a melhorar o ambiente organizacional 24 Maior satisfação e conforto no atendimento ao segurado 25 Não há tempo. 208