Philippe Schaus Louis Vuitton
Transcrição
Philippe Schaus Louis Vuitton
´ BAu O Homem DO Antes de inaugurar mais uma loja no Brasil, esta semana, Phillipe Schaus, VP da grife LOuis vuitton, famosa por suas malas — e maior do mundo no mercado de luxo, — explica por que o bom custa caro por cynthia garcia U foto marcos vieira ma visita à obra da nova loja Louis Vuitton, que abrirá para o público no sábado, 31 de maio, no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, um espaço dedicado unicamente a grifes de luxo, foi o motivo que trouxe o vice-presidente mundial da marca, Phillipe Schaus (pronunciase Chá-us), a passar pouco mais de 36 horas no país. Schaus, natural de Luxemburgo, casado, com quatro filhos, não estará presente, no entanto, na abertura para convidados na quarta, dia 28. Sua agenda de viagens, planejada com um ano de antecedência, não podia prever o atraso na entrega desse shopping paulistano que servirá de termômetro para avaliar a quanto anda o mercado de luxo no Brasil. Entre nós há 18 anos, a marca possui 19 lojas na América Latina (cinco das quais aqui, incluindo a nova) e duas na África do Sul, sob responsabilidade do francês Frédéric Morelle, no cargo há três anos. A grife pertence ao grupo LVMH (Louis Vuitton–Moët Hennessy) do megaempresário francês Bernard Arnault, do qual fazem parte cerca de 60 marcas de luxo (Dior, Givenchy, Donna Karan, Kenzo, Fendi, Tag Heuer, Sephora, entre outras, e champanhes como Moët & Chandon, Dom Pérignon e mais), o que o torna o maior conglomerado de luxo do mundo, com mais de 2 mil lojas, 71 mil funcionários, um faturamento anual, em 2007, de 16,5 bilhões de euros, segundo o site, e crescimento de 12% no mesmo período. Presidida por Yves Carcellle há 19 anos, a Louis Vuitton cresceu 14% no ano passado e é responsável por cerca de 50% do faturamento total da LVMH. Em suas quase 400 lojas em diferentes partes do planeta não existem franqueados, todas são administradas diretamente pelo QG parisiense e seus escritórios divididos em regiões. Tendo aterrissado pela manhã, de Paris, Philippe Schaus, que na semana anterior estava na Ásia, dedicou uma hora de seu corrido dia para Domingo. Na manhã seguinte de sua terceira viagem ao país (“na última vez estive no Rio”), ele foi para Brasília (“inauguraremos uma loja lá, no ano que vem”) e à noite voou para a ilha de Barbados, no Caribe, para verificar outra loja do grupo. A entrevista, única concedida à imprensa brasileira, transcorreu em clima de reunião ministerial, testemunhada atenta e silenciosa>>> mente pela cúpula da Louis Vuitton no Brasil. revista domingo 23 l u x o ph i l l i p e s c ha u s “o luxo é um prazer, um sonho. É o produto perfeito que alegra o nosso cotidiano cheio de incertezas” É pecado amar o luxo? O tradicional baú Louis Vuitton, com o monograma criado em 1896 Não, o luxo é um prazer, um sonho. É o produto perfeito, com os melhores materiais, o acabamento impecável, com todo savoir-faire de criação e de design reunidos para nosso bel-prazer. Ele alegra nosso cotidiano cheio de incertezas. O senhor vê o consumo como o ideal dos nossos tempos? Cada um tem seus ideais. Não acredito que o consumo seja um ideal em si. Mas o consumo dá prazer, propicia descobertas, emoções, novas experiências aos cinco sentidos, também proporciona experiências intelectuais e a descoberta de si mesmo. Renovada: a pintura de Murakami é um sucesso na bolsa Papillon Neverfull Murakami: clássico por 700 euros Pendente LV diamantes: agora a grife aposta nas jóias 24 revista Para esse grupo não há limite no que podemos oferecer. Podemos criar produtos únicos, extraordinários, sob medida, para suprir seus desejos. Mas também temos artigos como a bolsa Neverfull, que custa uns 700 euros, para pessoas de vários níveis. E também com design perfeito, equilibrado, personalidade, durabilidade. Os muito ricos têm desejos excepcionais, mas também possuem desejos normais. Várias marcas de luxo estão expandindo seus domínios para outras áreas, como, por exemplo, a hotelaria. Algum dia teremos um hotel Louis Vuitton, um Learjet Louis Vuitton, um Rolls-Royce com monagrama LV? Sapato prefall: LV na moda De acordo com pesquisas, o número de milionários aumenta, atualmente, 11% ao ano. Hoje, no mundo, existem 95 mil bilionários. O que a Louis Vuitton oferece a esse grupo? São questões nas quais pensamos freqüentemente. Há dez anos a Louis Vuitton deu um passo gigante em direção à moda com a contratação de Marc Jacobs, e começamos, com enorme sucesso, a produzir prêt-à-porter. Começamos a fazer sapatos, fomos buscar o melhor know-how na Itália, e, hoje, somos a marca de luxo que mais vende sapatos. Saber se domingo entraremos em outras áreas, como cosméticos ou perfumaria, é difícil dizer. O importante é que todos os desenvolvimentos da Louis Vuitton, sejam as coleções de jóias, de relógios, sejam os acessórios, tudo é feito com muita pesquisa, muita estratégia, sempre em busca da perfeição. Como se dá a ligação da marca com arte em seus produtos, como no caso em que o artista plástico japonês Takashi Murakami criou o monograma multicolorido Louis Vuitton, que se tornou um ícone? Vuitton se nutre da arte como a arte se nutre de Vuitton. Recentemente, Murakami fez uma instalação no Brooklyn Museum, de Nova York, e no Moca (Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles), que é uma butique com a linha que ele criou para a marca e que vendeu os produtos no espaço expositivo! É um fato inédito, a primeira vez que uma butique entra num museu e, ainda por cima, vendendo produtos como parte da instalação. E qual foi a reação do Murakami? Ele ficou muito entusiasmado, disse que o projeto da loja não só fazia parte da exposição como era o centro dela. Ele considera a linha que criou para Vuitton como parte de sua obra. Sua arte é de difusão mais restrita, mas as bolsas e outros produtos que fez para a marca acabaram se tornando uma manifestação artística extremamente contemporânea, uma vez que possibilitou que a obra do artista chegasse a um grande número de pessoas e, ainda, que a portassem em seu dia-a-dia. Vamos para a arquitetura. À parte a belíssima butique dos Champs Elysées, em Paris, quais são as suas preferidas? Tentamos com nossa equipe de arquitetura criar sempre algo de novo, com a linguagem local. Cada butique da marca tem uma característica diferente, nenhuma é igual à outra. >>> Nomes como Catherine Deneuve protagonizaram anúncio famoso da LV. Eles doaram seus cachês para organizações relacionadas à sustentabilidade e à ecologia Modelos de grife Como a LV criou a premiada campanha publicitária com personalidades como Mikhail Gorbachev, Keith Richards, Catherine Deneuve, Steffi Graf e André Agassi “A sociedade Louis Vuitton foi criada, em 1854, tendo como filosofia atender às viagens elegantes. O monograma, criado para os baús Louis Vuitton há mais de cem anos, está impresso em inúmeros de nossos produtos para enfatizar essa idéia. Há uns dez anos, com a chegada de Marc Jacobs (estilista americano), a Louis Vuitton passou a desenvolver o lado fashion da marca. Com isso ficamos com dois pilares na empresa: o primeiro simbolizando a viagem, a tradição, o craftmanship (produtos feitos à mão), e o outro, a moda, o espírito fast-moving (ágil). Ultimamente temos focado grande parte de nossa comunicação na moda, mas, no ano passado, concluímos que temos de equilibrar esses dois pilares, voltando a enfatizar o prazer de viajar. Mas resolvemos tomar um partido diferente de uma campanha clássica, baseada em imagens de lugares. A idéia evoluiu para uma viagem mais introspectiva e intelectual. Quisemos frisar que há homens e mulheres de excepcional talento, que criaram coisas únicas e que as criaram ao longo de suas viagens pessoais. A questão que colocamos é: são os seres humanos que fazem as viagens ou são as viagens que fazem os seres humanos? E o companheiro nessas viagens é a Louis Vuitton.” Bolsa Murakamispeedy multicolor: arte de carregar Mala special order LV: sob encomenda Mala Eole: os chiques adoram Cameron Diaz revista domingo 25 l u x o ph i l l i p e s c ha u s “não acredito que o consumo seja um ideal em si. Mas propicia novas experiências para os cinco sentidos” Sem dúvida, adoro a do Champs Elysées. A do Rio é menor, mas tem muito charme. Em Gstaad, na Suíça, temos uma butique bem pequena, mas também cheia de bossa. Outra de que gosto muito é a de Courchevel (estação de esqui francesa muito chique), no Hotel Cheval Blanc. Acabamos de inaugurar uma numa ilha da China, muito bonita, aconchegante, toda de madeira, em arquitetura chinesa. Em Rappongi, bairro muito in de Tóquio, criamos o primeiro Bag´s bar dentro da loja. A idéia é ótima, vamos levá-la para outras lojas. Cada uma é uma nova interpretação da marca para nosso cliente sempre querer visitá-las onde quer que esteja. lv Em números: A maison foi fundada em 1854, em Paris O monograma foi criado, em 1896, para um baú Desde 1997 o estilista Marc Jacobs é o responsável pelo segmento moda na LV A grife tem 390 lojas no mundo, em 57 países Apenas 69 delas oferecem ready-to-wear (roupas). No Brasil, a da Daslu Ao todo são 14 fábricas de artigos de couro (11 na França, duas na Espanha e uma na Califórnia), mais uma de sapatos na Itália e outra de relógios na Suíça (Fonte Louis Vuitton / janeiro de 2008) E as novas fronteiras? Existem várias cidades onde não imaginaríamos ter loja há um tempo, mas a clientela se sofisticou. Hoje não só há muito mais ricos mas também houve o crescimento da classe média, e a Vuitton quer levar sua cultura, seus valores, a esse nicho. Abrimos três lojas na China continental, recentemente, e inauguramos a segunda maior loja do grupo em Hong Kong, em Canton Road. Para a inauguração criamos uma linha especial de produtos. Vamos inaugurar uma segunda em Mumbai, na Índia – já temos uma em Nova Delhi –, e faremos uma em Bangalore. Abrimos uma loja grande em Istambul, onde já tínhamos duas pequenas. Estamos estudando algumas cidades da Rússia. Não estamos presente, no momento, em Brasília, mas vamos abrir uma loja lá no ano que vem. É um movimento constante. A loja da avenida Champs Elysées, em Paris, a maior de todas Qual é o grande luxo para o homem Phillipe Schaus? O maior luxo é ter um fim de semana com a minha família, na minha casa em Versailles, perto de Paris. Ter tempo, ter meu espaço, caminhar na natureza, curtir um dia bonito sem problemas matutando na cabeça, admirar o verde e as pedras da região que rendem à paisagem local uma atmosfera zen, de paz. D 26 revista domingo O estilista americano Marc Jacobs deu nova cara para a marca A top brasileira Raquel Zimmermann