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HISTÓRIA L E GA D O DESAFIOS EXPEDIENTE REVISTA COMEMORATIVA AOS 70 ANOS DA SOCIEDADE RURAL DO PARANÁ DIRETORIA EXECUTIVA Moacir Norberto Sgarioni Diretor Presidente Octávio Cesário Pereira Neto Diretor Vice-Presidente Wanderley Batista da Silva Diretor Secretário Roberta Meneghel Vilela Diretora Administrativo-Financeira Paulo Afonso Magalhães Nolasco Diretor Jurídico Nivaldo Benvenho Diretor Comercial Adauto Quintanilha Diretor de Manutenção e Obras Bernardo Garcia de Araújo Jorge Diretor de Pecuária de Leite José Henrique Cavicchioli Diretor de Equinocultura e Melhoramento Genético Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho Diretor de Ovinocultura, Caprinocultura e Melhoramento Genético Luly Barbero Turquino Diretora de Relação Internacional Luigi Carrer Filho Diretor de Atividade Agroindustrial Ricardo Neukirchner Diretor de Aquicultura e Melhoramento Genético Silvana Kantor Diretora de Relação Social Luiz Roberto Ferrari Diretor de Fomento Alcides Spoladore Filho Diretor de Avicultura e Melhoramento Genético José Luiz Vicente da Silva Diretor de Suinocultura Pedro Favoreto Filho Diretor de Atividade Agrícola Gilberto Martins Diretor de Horticultura Humberto de Almeida Barros Junior Diretor de Atividade Pecuária Osmar Ceolin Alves Diretor de Patrimônio CONSELHO SUPERIOR Afrânio Eduardo Rossi Brandão, Antonio de Oliveira Sampaio, Eloy Spagnolo Junior, Ilson Romanelli, José Tavares de Paiva Junior, Luiz Roberto Neme, Oezir Marcello Kantor, Oswaldo Pitol, Paulo Bento, Paulo Roberto de Oliveira Vilela Filho, Pedro Garcia Pagan, Ricardo Hoefel Rezende CONSELHO FISCAL Jadir Fernandes de Miranda, Bruno Ribas Bonalumi, João Massarutti, Ademar Ajimura, Alvino Aparecido Filho, José Edson Baggio CONSELHO TÉCNICO Célio Arantes Heim, Luis Guilherme Braga Gimenez, Guilherme da Motta Torres, Fernando Humberto Mesquita de A. Barros, Flavio Antonio Baccarin Costa, Gil Abelin, Dr. Juarez José de Santana (representante no Ministério da Agricultura), Antonio Carlos Barreto (representante na SEAB) DIRETORIA JOVEM Mário Vanzela Bonalumi João Inocente Valéria Melo Nogueira Guilherme Neme Textos: Beatriz Pozzobon (MTb 10547-PR) e Rogério Fischer (MTb 2492-PR) Pesquisa e produção fotográfica: Elvira Alegre (MTb 2218-PR), com acervos SRP, Museu Pe. Carlos Weiss e assessorias de imprensa Edição: Rogério Fischer Diagramação: Egg Comunicação Impressão: Midiograf Tiragem: 4 mil exemplares A rica história da SRP Assim como me sinto honrado de ter presidido a Sociedade Rural do Paraná por dois mandatos consecutivos (2012-2016), me sinto orgulhoso de a ela ser associado desde outubro de 1969 e de tê-la vivido intensamente nas últimas cinco décadas. Neste período, pude comprovar o esforço desprendido pelos associados – em especial os diretores, conselheiros, presidentes – para construir a rica história de uma entidade politicamente forte e tecnicamente moderna. Neste junho de 2016, editamos o Jornal da Rural com os excelentes resultados da última ExpoLondrina e a revista comemorativa aos 70 anos da SRP, data histórica que enseja homenagens. Justamente para render homenagens a sócios, pessoas, entidades e parceiros que ajudaram nesta longa caminhada que oferecemos esta edição especial da revista, que traz um pouco dos feitos, lutas e conquistas da classe que mantém o Brasil de pé, o agronegócio. Obrigado a todos e um grande abraço. Moacir Norberto Sgarioni Presidente ÍNDICE a rural a EXPO 08 12 16 18 20 22 50 54 58 62 Tempos Pioneiros O Legado Político O Legado Econômico Grande Conquista Grandes bandeiras Solidariedade O PARQUE 26 30 32 46 A Grande Casa da Agropecuária Brasileira Bustos Monumentos História Preservada Nossa maior Festa Popular Shows Mostram a Cara do Brasil Universidade a Céu Aberto Uma Paixão Os DESAFIOS 66 Força, União e Credibilidade EM JUNHO DE 1946, Londrina tinha 11 anos de idade, 70 mil habitantes e 1.300 estabelecimentos agrícolas. A cidade era uma clareira em meio a um imenso cafezal. Não havia as grandes avenidas, empresas, universidades de hoje. Não tinha o Cine Teatro Ouro Verde, o Estádio do Café nem o Lago Igapó. Mas havia um grupo de pessoas dispostas a unir forças contra as dificuldades impostas à produção agropecuária daquela época. Liderados por Hugo Cabral, um intelectual cearense com estudos na França, 50 produtores fundaram a Associação Rural de Londrina (ARL). Nas décadas seguintes, a entidade mudou de nome, defendeu causas, organizou eventos. E deixou um legado político e econômico que, 70 anos depois, imprime uma marca indelével no desenvolvimento do agronegócio e na própria História do Brasil. Um legado que compreende três grandes capítulos – e muitos desafios. a rural vocação: liderança NO ANO EM QUE COMEÇOU a Guerra Fria entre as duas superpotências que emergiram da Segunda Grande Guerra e em que a FIFA escolheu o Brasil para sediar a 4ª Copa do Mundo, nascia em Londrina uma das mais importantes entidades de classe do País. Para a Capital Mundial do Café, o cenário era de dificuldades no plano nacional e internacional. Mas nada que fosse obstáculo para que um grupo de homens determinados, pioneiros da SRP, ajudasse a escrever a história de Londrina e revolucionasse a agropecuária paranaense e brasileira. A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Em uma época difícil para a cafeicultura, produtores se uniram para fundar uma entidade que os defendesse Dezenove e 25 de junho de 1946 são datas históricas para Londrina. Naqueles dias, um grupo de agricultores – com o objetivo de defender seus interesses econômicos e promover o progresso da cidade e da região – criou a Associação Rural de Londrina (ARL), hoje Sociedade Rural do Paraná. O ato de fundação e a eleição de uma diretoria provisória ocorreram no dia 19, em um escritório na Praça Willie Davids. Na tarde do dia 25, em assembleia na sede da Associação Comercial, também no centro da cidade, foram aprovados os estatutos e eleita a primeira diretoria da entidade, presidida por Hugo Cabral. Eram tempos de incerteza para a agricultura local, dominada pelo café. As divisas estrangeiras que o Brasil acumulara durante as duas grandes guerras mundiais se esvaíram por conta de políticas equivocadas do governo de Eurico Gaspar Dutra, anota a socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa no livro “A Colheita da Vida”. Para fazer frente às dificuldades, o governo fixou uma taxa rígida de câmbio que favoreceu as importações, o que prejudicou a indústria nacional e os produtores, EXPOSIÇÃO/1965: DIANTE DE CASTELO, À FRENTE DE DOM GERALDO FERNANDES, OMAR MAZZEI DISCURSA EM FAVOR DO PRODUTOR COM CRÍTICAS AO GOVERNO FEDERAL 8 para os quais o aumento dos custos de produção e comercialização era superior às receitas cambiais engessadas na taxa fixa. Em 1946, o preço do café foi liberado nos EUA ao mesmo tempo em que caiu a cotação do produto naquele país. O ano em que a ARL foi criada coincide com um difícil panorama nacional e internacional. Além de defender seus interesses econômicos, a entidade – destaca a autora do livro – teve de estabelecer uma estratégia que a fortalecesse no meio político, o que ressaltou, desde então, a vocação dos cafeicultores para a política. Da primeira diretoria da ARL fizeram parte, além do presidente Hugo Cabral, o vice-presidente Manoel Gonçalves Garcia, o primeiro secretário Ruy Cunha, o segundo secretário Aníbal Veloso de Almeida, o primeiro tesoureiro Celso Garcia Cid, o segundo tesoureiro Silval Leme e a Comissão Fiscal formada por Justiniano Clímaco da Silva, Arthur Thomas e Álvaro Godoy, com Euzébio Barbosa de Menezes, Carlos Aldiguieri e Ângelo Decâneo como suplentes. Os 23 presidentes que até hoje comandaram a Rural contribuíram para a grandeza da SRP, auxiliados por muitos associados que influenciaram decisivamente os rumos da entidade. Depois de Hugo Cabral assumiu Nicolau Lunardelli, sucedido por Nelson Antunes Egas e depois por Raphael Ferreira Rezende. Em 1954 Antônio Fernandes Sobrinho iniciou seu primeiro mandato – o outro foi em 1978-1980. A década de 50 termina com as gestões de Nelson Maculan e Américo Ugolini. A década de 60 teve apenas dois presidentes: a era Omar Mazzei Guimarães (1960 a 1969) e Francisco Antônio Sciarra, em cuja gestão foi inaugurado o Iapar. Manoel Campinha Garcia Cid, o Neco, administrou a Rural por mais de meia década, de 1970 a 1976. Depois dele, Luiz Roberto Neme assumiu o primeiro de três mandatos intercalados. A década de 80, de grandes avanços, teve Jamil Janene, Brazílio de Araújo Neto duas vezes e, entre elas, Luizinho Neme. Já a década de 90 trouxe Luiz Meneghel Neto, José Carlos Tibúrcio duas vezes, Neco e Luizinho Neme novamente e Francisco Galli, que foi de 1998 a 2002. Em 1994, Samir Cury Eide assumiu a presidência com a licença de Tibúrcio, nomeado secretá- rio da Agricultura do Paraná. Na virada do século, depois de Galli assumiu outro membro da família Neme, Edson Ruiz, sucedido pelos dois mandatos de Alexandre Kireeff. A década terminou com a gestão de Fernando Prochet, substituto de Kireeff, que deixou a presidência para candidatar-se a deputado federal. A década atual teve um mandato de Gustavo Lopes e dois de Moacir Sgarioni. A defesa intransigente dos interesses dos agricultores – e, mais tarde, também dos pecuaristas – marcou toda a trajetória da Rural, com posicionamentos firmes, em iniciativas coletivas e atuação em cargos públicos de relevância. Houve momentos tensos como no fim da década de 1950, quando os produtores, com apoio da sociedade, organizaram a Marcha da Produção para levar reivindicações ao governo federal e foram barrados por soldados armados do Exército. Ou quando o então presidente da Rural, Omar Mazzei Guimarães, durante a abertura da Exposição de 1965, em discurso diante do primeiro general presidente do ciclo militar, Humberto de Alencar Castelo Branco, criticou duramente o governo federal e o Ministério da Agricultura, provocando um mal estar preocupante. Desde 2012, a Rural vem lutando contra o risco do Paraná se tornar área livre de aftosa sem vacinação isoladamente. Sem perder a calma, Castelo rebateu dizendo que preferia a franqueza à descortesia e aos elogios. E acrescentou: “O orador afirmou que o Ministério da Agricultura está, aqui, plenamente ausente. Eu concordo que Londrina tem razão em assim se manifestar. Mas é preciso assinalar que há um ano o governo trabalha para desemperrá-lo e entregá-lo a rendimento pleno”. E encerrou o discurso de forma diplomática, dissipando os temores de alguma represália. O posicionamento firme da SRP acerca dos grandes temas nacionais marcou também o discurso do presidente da entidade, Moacir Sgarioni, na abertura da Expo-2016. Segundo ele, a corrupção sistêmica na maioria dos poderes constituídos somou-se à incompetência na gestão do País. “Não há nada pior que essa combinação de desonestidade e incompetência”, declarou, para um auditório Milton Alcover completamente lotado. OS 50 SÓCIOS FUNDADORES São considerados sócios fundadores da Rural os 50 produtores que assinaram as atas de fundação e instalação da ARL, em 19 e 25 de junho de 1946. São eles: Hugo Cabral • Horácio Sabino Coimbra • Ruy Cunha • Celso Garcia Cid • José Procópio Lima Azevedo • Leopoldo Meyer • Olavo Ferreira da Silva • Synval Leme • Severo Rudin Canziani • Urbano Lunardelli • Rui Alves de Camargo • Dario Ferreira Junior • Humberto de Barros • Ulisses Xavier da Silva • Joaquim Figueira Junior • Sebastião Carneiro Lobo • Orlando Vilela Bittencourt • Antônio Vendrame • Carlos Aldiguieri • Saturnino Teixeira • Pedro Vendrame Filho • Arnoldo Bulle Filho • Antonio Panchone . Lúcio Pereira Borba • Remo Massi • Vespertino Ferreira Pimpão • Angelo Decâneo • Augusto Junqueira • Humberto Piccinin. João Silveira Camargo • João Figueiredo • Euzébio Barbosa Menezes • Justiniano Clímaco da Silva • Raimundo Durães • Arthur Thomas • Aníbal Veloso de Almeida • Manoel Gonçalves Garcia • Joaquim Nogueira Azevedo • Agenor Paes de Mello • Antonio de Almeida Barros • Albano de Almeida Barros . Álvaro Godoy • Roberto Junqueira • Antonio Jacinto Junior • Nicolau Lunardelli • Joaquim Toledo Pisa • Gualter Pinto Walvy • Romão Saborido • Nicolau Achy • Aristides Souza Mello. 9 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S NOTÍCIAS DE 1946 COMO ERA LONDRINA Como era a cidade, em números, na época da fundação da ARL? Baseado no Censo do IBGE de 1950, estima-se que Londrina abrigava aproximadamente 70 mil habitantes; destes, quatro mil eram estrangeiros. Em 1950, o número exato é de 71.412 – curiosamente, menor que a população registrada no Censo-1940, que foi de 75.296. O Censo de 1950 aponta 1.303 estabelecimentos agrícolas ocupando 193.339 hectares. Do total, 995 eram ocupados pelos próprios donos. Havia ainda 158 arrendatários e 137 administradores, além de 131 ocupantes. Dos 1.303 estabelecimentos, 1.162 tinham menos de 100 ha, 501 menos de 50 ha e 370 menos de 20 ha. A pecuária bovina era composta de 9.972 bezerros, 9.837 vacas, 6.077 bois e garrotes, 1.832 novilhos e 585 touros. UTILIDADE PÚBLICA Registrada no Ministério da Agricultura sob o número 689, a Associação Rural de Londrina foi reconhecida como de utilidade pública municipal em 26 de junho de 1954, pela lei 233. Trinta anos depois, em 6 de agosto de 1984, já como Sociedade Rural do Paraná, foi reconhecida como entidade – sem fins lucrativos – de utilidade pública estadual, pela lei 7.888. 10 Na época em que a ARL nasceu, Londrina tinha sete jornais (Paraná Norte, Paraná Jornal, Gazeta do Norte, Gazeta de Londrina, Correio do Norte, O Povo, O Estudante) e uma revista (Terra Roxa). Na semana em que a ARL foi fundada e oficialmente instalada, os veículos se queixavam do abandono da Praça Rocha Pombo, do abuso dos motoristas contra pedestres e da falta de serviço telefônico, de uma banda de música e do Tiro de Guerra. Traziam anúncios publicitários da Empresa Rodoviária Garcia, Garcia e Cia Ltda, da Pan-Am Combustíveis e do Cartório do dr. Macedo. A Irmãos Fuganti oferecia seus produtos e anunciava a construção da Casa Fuganti. O Instituto Mãe de Deus informava que abrigava 40 alunos internos, onze semi-internos e 330 externos. E a Companhia de Terras Norte do Paraná ainda propagandeava a “Terra da Promissão”, com solos de alta qualidade, onde não havia saúvas. A Folha de Londrina – único jornal diário numa cidade com mais de meio milhão de moradores – nasceria em novembro de 1948. CONEXÃO PAULISTA Se até hoje todo o Norte do PR mantém estreitas ligações com São Paulo, antigamente essa relação era ainda maior. Tanto que a ARL, ao nascer, era filiada à Federação das Associações Rurais do Estado de São Paulo. Já naquela época Londrina reclamava de abandono por parte da capital Curitiba. O comércio era quase todo feito com os vizinhos paulistas. Vinham de lá as estradas e ferrovias que abasteciam a cidade. Essa ligação foi importante para que a Rural obtivesse o Departamento de Registro Genealógico de Raças Zebuínas, cuja articulação envolveu a Sociedade Rural Brasileira, sediada em SP. REVOLUÇÕES MUNDO AFORA No mês em que a ARL nasceu surgiram outros dois modelos revolucionários no mundo. No dia 6 foi criada a Liga Norte-Americana de Basquete (NBA), até hoje um dos mais rentáveis e consolidados formatos do showbusiness e do entretenimento globais. E no dia 26 foi lançada, na França, pelo estilista Louis Réard, uma peça que iria revolucionar a moda e os costumes: o biquíni. O nome veio do atol onde foram realizados testes nucleares. Por isso, o biquíni foi logo batizado de “bomba anatômica”. DE ASSOCIAÇÃO À SOCIEDADE No decorrer da sua história, a entidade mudou de nome duas vezes. Em 18/09/1965, em Assembleia Geral, os sócios decidiram nominar a então Associação Rural de Londrina como Sociedade Rural do Norte do Paraná. A entidade, que já abrigava produtores de muitos outros municípios, passa então a carregar uma abrangência regional no próprio nome. A partir do momento em que o Setor de Registros Genealógicos passou a atender criadores de outras regiões do Estado, em especial do Sul e do Sudoeste, a entidade torna-se Sociedade Rural do Paraná, mudança efetuada em 12/12/1970. É dessa época também a iniciativa de se elaborar uma logomarca para a Rural. A logo da SRP foi inspirada na marca da exposição agropecuária de Houston, no Texas (EUA). 11 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S PARQUE NEY BRAGA DURANTE A 8a EXPOLONDRINA, EM 1971 DA RURAL SAÍRAM NOMES QUE OCUPARAM CARGOS RELEVANTES NA GESTÃO PÚBLICA E NA DEFESA DO AGRONEGÓCIO Nestes 70 anos de vida, a Sociedade Rural do Paraná deixa um legado político absolutamente incomum. Não há registro de outra entidade, em Londrina ou no Norte do Estado, que tenha gerado tantas lideranças políticas, para as três esferas – municipal, estadual e federal. Desde a sua fundação, a entidade mostrou força política, ao liderar ações em defesa do agronegócio e ao revelar nomes que ocuparam cargos importantes na administração pública. Raphael Ferreira Rezende, presidente da Rural de 1952 a 1954, foi deputado federal e secretário estadual da Agricultura. Nelson Maculan, que presidiu a gestão 1956-58, elegeu-se vereador, deputado federal e senador. Nelson Ferreira Brandão, diretor financeiro da SRP, foi convidado a assumir a Secretaria de Agricultura no governo de Parigot de Souza. Manoel Campinha Garcia Cid, presidente da SRP entre 1970 e 1976 e em 1996-1997, ocupou a presidência do Banestado no governo de Jaime Lerner. Presidente da Rural em dois mandatos (1986-1990), Brasílio de Araújo Neto comandou a Secretaria de Agricultura do Paraná no governo de João Elísio e, na gestão de Fernando Henrique Cardoso como presidente da República, foi diretor da Itaipu Binacional e presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Presidente em 1992-1993 e 1995-1996, José Carlos Tibúrcio comandou a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab). A vocação para liderança vem desde os sócios pioneiros. Horácio Sabino Coimbra presidiu o Instituto Brasileiro do Café (IBC). Ruy Cunha, promotor e professor universitário, elegeu-se deputado estadual, assim como Olavo Garcia Ferreira da Silva, que também foi vereador. Também foram vereadores Ulisses Xavier da Silva, Raimundo Durães, Euzébio Barbosa de Menezes e Aníbal Veloso Rezende. O médico Justianiano Clímaco da Silva também ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa. Poucas pessoas podem exibir um currículo como o do associado Octávio Cesário Pereira Júnior, que foi diretor jurídico (1968-1970) e conselheiro (1970-1984) da SRP. Cesário elegeu-se deputado federal por três vezes nas décadas de 60, 70 e 80. Comandou três secretarias estaduais (a de Trabalho e Assistência Social no Governo Ney Braga, a do Interior e Justiça no Governo Emílio Gomes e a da Justiça no 2º Governo Ney Braga). Foi chefe de Gabinete do Ministério da Agricultura, senador em 1974 e vice-governador do Paraná entre 1975 e 1979, tendo governado o Estado interinamente em três ocasiões em substituição ao titular, Jayme Canet. TRÊS PREFEITOS DE LONDRINA A vocação de liderança da Sociedade Rural do Paraná manifesta-se, sobretudo, na galeria de prefeitos de Londrina. Três presidentes da Rural comandaram os destinos da segunda maior cidade do Estado, em diferentes épocas. O primeiro presidente da entidade, Hugo Cabral, que liderou a criação da antiga Associação Rural, foi eleito prefeito de Londrina para a gestão 1947-1951. Antônio Fernandes Sobrinho tornou-se, aos 32 anos de idade, o prefeito mais jovem da cidade, até hoje, ao ser eleito para a gestão 1955-1959. Detalhe: ambos comandavam a Rural quando foram eleitos. E o atual prefeito, Alexandre Kireeff, cujo mandato termina em dezembro deste ano, presidiu a SRP de 2006 a 2010. Hugo Cabral – que dá nome a uma das principais ruas do centro de Londrina – nasceu em Fortaleza e diplomou-se pela Academia de Comércio do Rio de Janeiro. Instalou-se em Londrina em 1941, para formar a Fazenda Remancinho, de 500 alqueires. Como prefeito, melhorou radicalmente as estradas do município e construiu um considerável número de escolas. Como político e administrador, deixou uma imagem de homem dinâmico e diligente. Natural de Guará-SP, Antonio Fernandes Sobrinho cursou a Escola Técnica do Comércio José Bonifácio, em Santos. Em sua gestão na prefeitura foram construídas a Praça Primeiro de Maio com a Concha Acústica, a Praça Rocha Pombo e a estação de passageiros no Aeroporto, criada a Caixa de Assis- 13 A RURAL ENTRE OSWALDO PALHARES E ADRIANO JOSÉ VALENTE, ANTONIO FERNANDES SOBRINHO ASSINA TERMO DE POSSE COMO PREFEITO DE LONDRINA, EM SUBSTITUIÇÃO A MILTON MENEZES. O PREFEITO HUGO CABRAL PROVAVELMENTE NA INAUGURAÇÃO DE UMA ESCOLA RURAL; INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO FOI UMA DAS MARCAS DE SUA GESTÃO tência, Aposentadoria e Pensões dos Servidores Municipais de Londrina (Caapsml) e o calendário específico para a zona rural, ampliado o serviço de água e esgoto e iniciada a pavimentação nos bairros. A obra mais marcante e visível de Fernandes Sobrinho é hoje o principal cartão postal de Londrina: o Lago Igapó, que começou no primeiro ano de sua gestão e foi entregue no dia do aniversário da cidade, 10 de dezembro de 1959, poucos dias antes de deixar a administração. Médico veterinário formado pela UEL, Alexandre Lopes Kireeff nasceu em Marília-SP em 30 de setembro de 1966. Eleito no final de 2012 com 141.027 votos, Kireeff chega ao último ano de sua gestão, em 2016, contabilizando ao menos cinco projetos de grande relevância, como o Passe Livre Estudantil, que confere gratuidade no transporte coletivo a alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental e a estudantes matriculados em cursos pré vestibular, em instituições de ensino superior e também de pós graduação. Outro destaque é a lei que criou o Programa Municipal de Incentivo à Inovação, que apoia financeiramente projetos tecnológicos e científicos para transformar empresas de Londrina em referência no Brasil e no mercado exterior. Já o Proverde financia a execução de projetos ambientais com recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente. Também houve a equalização do déficit atuarial da Caapsml (que construiu uma política de investimentos e gestão dos benefícios dos servidores), a renovação do contrato com a Sanepar com a rediscussão de metas e obrigações por parte da concessionária e a desapropriação de terreno para a construção da Cidade Industrial de Londrina, que vai implicar na geração de empregos e arrecadação de impostos para o município. KIREEFF PREFEITO EM SEU GABINETE DURANTE ENTREGA DE COLHEDEIRA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR EM LONDRINA 14 TRÊS REITORES DA UEL Dentre as 14 pessoas que comandaram a UEL nos primeiros 46 anos de vida da mais importante instituição educacional de Londrina encontram-se dois associados da Rural. O médico Ascênsio Garcia Lopes foi o escolhido para comandar o nascedouro da universidade, os primeiros anos de cinco faculdades reunidas. Foi o primeiro reitor da UEL (1970-1974), numa época em que Londrina era tida como um importante centro de oposição política. No período mais duro do regime militar, o Conselho de Administração, na gestão de Ascênsio, autorizou a criação do Diretório Central dos Estudantes (DCE). O economista Jackson Proença Testa (1994-2001) foi o único reitor reeleito da história da UEL. No final de seu segundo mandato, foi substituído pelo diretor do Centro de Ciências da Saúde, Pedro Gordan. Em seu período frente à reitoria, Testa instalou núcleos de extensão na periferia, criou novos cursos de graduação e implantou cursinho pré vestibular gratuito. Na gestão do médico veterinário Wilmar Marçal (2006-2010), sobrinho de sócio da SRP, a frota da universidade foi renovada, foram retomadas as diretrizes do Plano Diretor para organizar o crescimento do campus e foram construídas cerca de 70 salas de aula. A UEL também obteve o domínio sobre um grande imóvel fora do campus, que havia sido desapropriado pelo Governo do Estado por conta de dívidas fiscais. WILMAR SACHETIN MARÇAL ASCÊNCIO GARCIA LOPES JACKSON PROENÇA TESTA 15 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S MELHORAMENTO GENÉTICO, REGISTRO GENEALÓGICO, SANIDADE, INICIATIVAS INSPIRADORAS: RURAL DEMONSTRA QUE TEM O DNA DO AGRONEGÓCIO Muitos presidentes, diretores ou associados da Rural ocuparam cargos relevantes em todas as esferas da administração pública. Tão importante quanto o legado político, porém, é o legado econômico que a Sociedade Rural trouxe a Londrina, ao Paraná e ao Brasil através de ações – institucionais ou iniciativas próprias de integrantes da entidade – que envolveram desde a sanidade até o registro genealógico dos animais, com destaque, sobretudo, para o melhoramento genético do gado de corte nacional. A qualidade do rebanho bovino brasileiro não seria a mesma sem a façanha histórica de um dos sócios pioneiros da SRP. Natural da aldeia de Tamaguelos, Celso Garcia Cid deixou a Espanha aos 18 anos de idade. Em 1928, chegou a Santos, onde trabalhou como ajudante de cozinha e garçom. Atraído pelas maravilhas que se propagandeava do Norte do Paraná, instalou-se em Cambará e depois em Cornélio Procópio. Com um caminhão Ford 29, passou a transportar cargas. Trouxe o primeiro carregamento de telhas de barro para Londrina. O caminhão virou uma “jardineira”, a Catita, da qual nasceu, no início da década de 30, a Viação Garcia, uma das maiores em- AO LADO DO MARAJÁ DE BHAVNAGAR, CELSO GARCIA SEGURA O TOURO GIR PUSH PANO-IMP 6505, IMPORTADO EM 1960 16 presas de transporte rodoviário de passageiros do País. Em 1940, Garcia Cid entrou na atividade agropecuária. Duas décadas depois, protagonizaria a célebre importação de gado indiano que revolucionou a pecuária nacional. Lidar com gado era uma obsessão desde a adolescência, na Espanha. Com o objetivo de aprimorar as raças zebuínas existentes no Brasil, empenhou-se numa batalha que começou em 1957 e terminou apenas em 1960. No fim daquele ano, 112 touros gir, nelore e guzerá foram desembarcados na Fazenda Cachoeira, em Sertanópolis. Era o final feliz de uma epopeia que envolveu guerra aberta contra organismos burocráticos e interesses escusos. Escolhido a dedo pelo próprio Celso Garcia Cid e por Ildefonso dos Santos, um de seus principais colaboradores, o gado adquirido na Índia enfrentou uma viagem cinematográfica, descrita minuciosamente pelo escritor Domingos Pellegrini em “O Tempo de Seo Celso” com base, principalmente, no diário de Garcia Cid. A façanha, que se repetiria em 1962, rendeu muito mais do que um livro histórico. Com a importação, o agora selecionador Celso Garcia Cid formou um plantel de alta qualidade cuja linhagem se CELSO GARCIA COM O TOURO GUZERÁ PAREV-IMP 860, IMPORTADO EM 1962 O LEGADO, PAÍS AFORA espalhou pelo Paraná e outros Estados. Em 1964, por sugestão da Sociedade Rural, a Secretaria Estadual de Agricultura, comandada por Paulo Pimentel, criou o Programa de Melhoramento Genético, que, em termos de eficiência, revelou-se o melhor das Américas. Pecuaristas trocavam seus reprodutores de baixa qualidade por outros de alto valor genético, financiados pelo governo. No ano seguinte, a família Garcia Cid inaugurou, na Fazenda Cachoeira, o primeiro Laboratório de Industrialização e Comercialização de Sêmen do Brasil, para preservação, multiplicação e distribuição de sêmen de reprodutores importados, através do uso pioneiro da inseminação artificial. A partir de 1968, o Paraná se tornaria exportador de animais e de sêmen para as Américas do Sul e Central. Em junho daquele ano, um fato histórico: a primeira exportação de zebuínos do Paraná, para o governo e criadores da Venezuela. A Rural envolveu-se ainda em um grande programa, o GE COFE, destinado a combater os altos surtos de febre aftosa que prejudicava, em muito, os bovinos do Paraná. As marcas da SRP no desenvolvimento do agronegócio estão em toda parte. Em 1989 e 1992, a Sociedade Rural promoveu as duas edições da ExpoDinâmica, nas fazendas Cachoeira 2C e Couro do Boi. Idealizada por um grupo de agrônomos, a ExpoDinâmica era um evento específico para demonstração de máquinas agrícolas e cultivares. A ideia inspirou a realização de feiras similares de repercussão internacional, como a Agrishow, em Ribeirão Preto, e a Show Rural Coopavel, em Cascavel, assim como eventos em RS, MS e BA. Em 1990, a Rural promoveu a 1ª ExpoLeite, uma exposição de animais de todas as raças leiteiras e técnicas de produção de rendimentos. O modelo que passou pelo Parque Ney Braga se fixou na região de Castro, maior produtora de leite do Brasil, por conta do clima apropriado às raças europeias. Em abril de 1970, a SRP sediou a Expoinel (Exposição Internacional do Nelore), em parceria com a ABCZ, com criadores do Brasil e do exterior. A Expoinel era itinerante. A partir de 1985 passou a ter como sede Uberaba (MG). O EXTRAORDINÁRIO KRISHNA O melhoramento genético de muitos rebanhos do Brasil e da América do Sul é resultado dos filhos do touro Krishna, da raça gir, trazido ao Brasil pela primeira importação de zebuínos da Índia pelo pioneiro de Londrina e fundador da SRP Celso Garcia Cid, em 1960. Krishna foi registrado dia 6 de julho de 1961 e morreu no fim do ano seguinte. A perda, considerada irreparável, motivou Celso Garcia a construir o primeiro laboratório, no Brasil, para industrialização, conservação e comercialização de sêmen de reprodutores melhoradores de plantéis zebuínos, em 1965. São descendentes dele o touro Krishnan Sakina, que viveu na Fazenda Cachoeira, em Sertanópolis; e a vaca Virbay III, que tornou-se símbolo da Associação Nacional de Criadores da Raça Gir do México. AUTOR DA AUTORIZAÇÃO DECISIVA PARA A ENTRADA DO GADO INDIANO TRAZIDO POR CELSO GARCIA CID AO BRASIL, O PRESIDENTE JK MARCA UM BEZERRO QUE GANHOU DE PRESENTE DURANTE VISITA À FAZENDA CACHOEIRA, EM SERTANÓPOLIS CELSO GARCIA CID COM KRISHNA SAKINA DC-6666 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S REGISTRO GENEALÓGICO DAS RAÇAS ZEBUÍNAS TAMBÉM CONTRIBUIU PARA A MELHORIA DO REBANHO NACIONAL Além da importação de gado indiano, do programa governamental de melhoramento genético e do laboratório de Industrialização e Comercialização de Sêmen, outra iniciativa oriunda da Sociedade Rural contribuiu significativamente para a melhoria da qualidade do rebanho bovino nacional: o Setor de Registro Genealógico das Raças Zebuínas. Instalado no Parque Ney Braga em 1962, o Setor de Registro é fruto de um convênio – homologado pelo Ministério da Agricultura – da Sociedade Rural com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), maior associação de criadores do mundo. O convênio funcionou até agosto de 2013 especificamente para os serviços de Registro Geral de Nascimento (RGN) e Registro Geral Definitivo (RGD) das raças Brahman, Guzerá, Gir, Indibrasil, Sindi, Nelore e Tabapuã. Neste período, técnicos realizaram 1.025.008 registros para cria- dores do Paraná e de todo o território nacional. A primeira Comunicação de Nascimento (CDN no 0001) é de 18 de abril de 1962. É de um animal da raça Gir, do pecuarista Harry Prochet, sócio pioneiro da Sociedade Rural, o registro de número 1. Seria o Registro Genealógico – que ainda funciona no Parque Ney Braga, agora sob coordenação da ABCZ – um departamento meramente burocrático? Qual seria, afinal, a importância dele para a qualidade do rebanho bovino nacional? Uma grande conquista: assim pode ser encarada a instalação do setor em Londrina. A atuação do Registro Genealógico está diretamente ligada à evolução do melhoramento genético do gado no Paraná. O registro do animal é a garantia da origem da combinação genética. Programas de melhoramento mensuram o valor de herdabilidade de um reprodutor ou de uma matriz. INAUGURAÇÃO DO SETOR DE REGISTROS DA SRP-ABCZ, COM A PRESENÇA DO ENTÃO DEPUTADO FEDERAL JOSÉ RICHA, DO PRESIDENTE DA RURAL JAMIL JANENE E DE JOÃO GUIMARÃES COSTA, QUE HOJE DÁ NOME AO DEPARTAMENTO 18 A IMPORTÂNCIA, EM NÚMEROS Nosso registro de nascimento, dos humanos, é único. Já o de um boi, não. No caso da raça zebuína, além do registro de nascimento, o animal passa por vistoria técnica com um ano e meio de idade, para se checar se não adquiriu algum defeito que possa ser desclassificatório. O nelore, por exemplo, se tiver o rabo branco é desclassificado. O registro atesta a qualidade de um animal. E suas características. O que impede o cruzamento com consaguinidade, inadequada para melhoramento genético. O importante é ter características e herdabilidades positivas diferentes. No melhoramento, soma-se qualidades e evita-se defeitos. O resultado prático do melhoramento genético é um gado capaz de produzir mais carne comendo menos e em menos tempo. Antes, os animais eram abatidos com quatro ou cinco anos. Agora, uma grande percentagem deles vai para o abate com três, às vezes dois anos de idade. Com cruzamento industrial, muitos chegam a ser abatidos com um ano e meio. Há também a taxa de desfrute, que mede a eficiência da exploração da atividade pecuária: maior índice de nascimentos, menor índice de mortes, idade cada vez mais precoce para abate. Até o melhoramento genético propiciado pela importação de zebu da Índia, o pecuarista paranaense vendia para abate um tucura de 5/6 anos com 12/13 arrobas. Anos depois, comercializava bois de dois anos com 17/18 arrobas. Os ganhos genéticos proporcionados por iniciativas nascidas dentro da SRP ganham relevância ainda maior se levarmos em conta que o Brasil possui o 2º maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia, mas lá não há a característica comercial que se tem aqui. Dados de 2014 do IBGE indicam que, naquele ano, o País contabilizava 212,3 milhões de cabeças. No primeiro quadrimestre de 2016, o Brasil exportou 479 mil toneladas de carne bovina, 12% a mais que no mesmo período do ano anterior, com faturamento de US$ 1,8 bilhão. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o País lidera o ranking de maior exportador mundial desde 2008. 1.304.521 É o total de escriturações de animais realizadas pelo Setor de Registro Genealógico das Raças Zebuínas nos 51 anos em que funcionou sob a coordenação da SRP. Neste número estão incluídos os registros de nascimentos e definitivos de 26.359 animais da raça Gir, 900.186 Nelore, 25.553 Guzerá, 55.930 Tabapuã, 5.634 Indubrasil, 19 Sindi e 11.346 Brahman, além de 21.239 transferências, 1.314 segundas vias e 274.349 outros serviços. 19 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S RURAL EMPENHOU-SE NA LUTA POR INSTITUIÇÕES QUE PUDESSEM PROPICIAR DESENVOLVIMENTO DE LONDRINA E DO AGRONEGÓCIO – COMO O IAPAR Ter convidado o presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), João Ribeiro Júnior, para a Exposição de abril de 1970 revelou-se um tremendo acerto por parte da Sociedade Rural, então presidida por Francisco Sciarra, que substituíra Omar Mazzei Guimarães. Em conversas com diretores da Rural, João Ribeiro contou que o IBC dispunha de recursos suficientes para criação de um instituto de pesquisas agronômicas, uma vez que o projeto da Universidade do Café havia naufragado e o dinheiro, portanto, estava disponível. O sonho de um instituto agronômico vinha sendo acalentado havia alguns anos por entidades de Londrina, principalmente pela Sociedade Rural, que via, com isso, a necessidade de uma instituição que, com pesquisas, desse suporte à diversificação da Francisco Sciarra, então presidente da SRP, agricultura paranaense. ao presidente do IBC, João Ribeiro O café já andava mal das pernas por conta da geada de 1955 – e sofreria um golpe fatal com a geada negra de 1975. Na Expo-70, o presidente do IBC perguntou a Sciarra o que ele reivindicaria ao ministro da Indústria e Comércio, Pratini de Moraes, que chegaria no dia seguinte. Sciarra respondeu de pronto: “O que todos os presidentes da Sociedade Rural vêm desejando: o instituto agronômico”. Previamente informado, o ministro anunciou, durante jantar em sua homenagem, a criação do instituto. Nascia, ali, o Iapar, uma das mais importantes instituições da história de Londrina. No dia seguinte ao anúncio de Pratini de Moraes, foi formada uma comissão para estudar a compra de um terreno, “O que queremos? O que todos os presidentes da Sociedade Rural vêm desejando: o instituto agronômico”. 20 COMISSÃO PELA CRIAÇÃO DO IAPAR (CELSO GARCIA CID, FRANCISCO SCIARRA, NECO GARCIA E JOÃO MILANEZ) REÚNE-SE COM O MINISTRO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E TURISMO, PRATINI DE MORAES, EM 13 DE JULHO DE 1970 PESQUISAS DO IAPAR EM LABORATÓRIO E NO CAMPO DESENVOLVERAM MAIS DE 200 CULTIVARES DE VÁRIAS ESPÉCIES PARA MUITAS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL presidida por Sciarra. Concluiu-se pela aquisição de 80 alqueires próximos à rodovia Londrina-Mauá. Na sequência, foram adquiridos lotes menores até a área chegar à margem da rodovia, totalizando 105 alqueires. Criado em junho de 1972, o Instituto Agronômico do Paraná desenvolveu, até hoje, mais de 200 cultivares aos produtores do Paraná e do Brasil de várias espécies, com destaque para aveia, café, feijão, maçã, mandioca e trigo, adotadas por agricultores de diversas regiões produtoras do País. Além do melhoramento genético, o instituto é referência mundial em manejo do solo e da água, com pesquisas importantes sobre microbacias, plantio direto e rotação de culturas. Durante toda sua trajetória, em maior ou menor grau, a Sociedade Rural envolveu-se na luta para a instalação, em Londrina, de instituições que fomentassem o desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico. As grandes bandeiras da sociedade local tiveram a participação ativa de presidentes, diretores e associados da SRP. Assim foi com a criação da Universidade Estadual de Londrina, hoje ranqueada como a 23ª entre as 100 melhores do Brasil, com 54 cursos presenciais de graduação e 236 de pós graduação, distribuídos em nove centros de estudos instalados em um campus de 235 hectares. Fundada em 1971, a UEL tem aproximadamente 17 mil alunos, 1.650 professores e 3,4 mil agentes universitários – e, sobretudo, uma participação na vida de Londrina de altíssima relevância. Assim foi também com a vinda da Embrapa, cuja contribuição histórica ao agronegócio da soja coloca a unidade londrinense como referência mundial no desenvolvimento de tecnologias para a cultura em regiões tropicais. Instalada em uma fazenda experimental de 350 hectares no distrito da Warta, a Embrapa Soja, nascida em 1975, tem contribuição decisiva no desenvolvimento de cultivares adaptadas a regiões de baixas latitudes, controle biológico de pragas e técnicas de manejo e conservação de solos. 21 A RURAL S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S DESDE O INÍCIO A RURAL DESENVOLVE AÇÕES EM PROL DE INSTITUIÇÕES E DA COMUNIDADE Durante a Exposição, a Sociedade Rural abre os portões do Parque Ney Braga para que cerca de 40 mil pessoas, gratuitamente, visitem a maior feira agropecuária e industrial da América Latina. É, muitas vezes, uma oportunidade única para grupos de escolares, de creches, cadeirantes, para o pessoal das APAE’s (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e do ILECE (Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais). Nas provas de laço, dentro da Expo, o dinheiro arrecadado com as inscrições é revertido para o Hospital do Câncer. Em 2015, arrecadou-se R$ 75 mil. Estes são alguns exemplos de uma das marcas da Rural nestes 70 anos: a responsabilidade social. Ao longo do tempo, a SRP sempre prestou auxílio a entidades beneficentes. ‘ Na virada do século, esta ação ganhou corpo: por iniciativa da Diretoria Feminina, a Rural promoveu durante alguns anos a Primasol (Primavera Solidária). Visitas a empresas e eventos no Parque Ney Braga arrecadaram dinheiro e alimentos para mais de 50 creches e instituições. Realizada nos meses de setembro, a Primasol reunia milhares de 22 adultos e crianças no Parque Ney Braga, com leilões e atividades de recreação. Em 2003, houve uma atração extra: um jogo de futebol no Estádio do Café entre o time do cantor Daniel e o time da Primasol. Da Primavera para o Leilão Solidário: já faz uma década que a Rural participa diretamente em uma iniciativa em prol do Hospital do Câncer de Londrina. Trata-se do Leilão Solidário Aravet, que envolve alunos e professores do curso de Medicina Veterinária da Unopar, sediado em Arapongas. Nos meses de outubro, estudantes percorrem cidades da região pedindo doações a produtores rurais. Arrecada-se de tudo: bovinos, eqüinos, suínos, ovinos, aves. De uns anos para cá, a indústria moveleira de Arapongas também tem contribuído. Tudo que é arrecadado é leiloado em um grande evento no Parque Ney Braga, para o qual a SRP convida todos os sócios e pecuaristas da região. O dinheiro vai para o Hospital do Câncer. A empresa leiloeira também atua gratuitamente. Nas dez primeiras edições, o Leilão Solidário Aravet arrecadou R$ 1,6 milhão. PROMOVIDO HÁ UMA DÉCADA, O LEILÃO SOLIDÁRIO ARAVET JÁ ARRECADOU R$ 1,6 MILHÃO PARA O HOSPITAL DO CÂNCER DE LONDRINA “A Rural sempre disponibilizou sua estrutura para que entidades possam realizar eventos e angariar recursos” Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho, diretor da SRP PONTE COM A COMUNIDADE TRÊS MOMENTOS DA PRIMAVERA SOLIDÁRIA, QUE REUNIU MILHARES DE PESSOAS NO PARQUE NEY BRAGA: EVENTO ANUAL COLABORAVA COM MAIS DE 50 ENTIDADES DE LONDRINA A Rural desenvolve ainda iniciativas em prol da comunidade que fica em torno do Parque Ney Braga. Uma das ações mais contundentes foi a negociação junto ao Governo do Estado e à concessionária Econorte que resultou na construção da passarela na Avenida Tiradentes, trecho urbano da BR-369. Com design londrino (as colunas são réplicas do Big Ben), a passarela custou R$ 1,9 milhão e é uma homenagem aos ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná. Serve também como portal de entrada da cidade. No período da Expo, mais de 120 mil pessoas a utilizam para ter acesso ao parque. Durante o ano todo, é uma travessia segura para os moradores. A PASSARELA COM DESIGN LONDRINO SOBRE A BR-369: SEGURANÇA PARA OS MORADORES DO ENTORNO DO PARQUE NEY BRAGA A ECOTERAPIA, que desde de 2007 FUNCIONA NAS INSTALAÇÕES DO PARQUE, TAMBÉM RECEBE FORTE APOIO DA SOCIEDADE RURAL 23 O parque Uma referência nacional AVENIDA TIRADENTES, 6.275. Oficialmente, este é o endereço. Mas não há taxista, carteiro ou qualquer outro profissional em Londrina que necessite dos dados postais para chegar lá. O Parque Ney Braga é uma referência física da cidade, da região, do Norte do Paraná. No plano nacional, ele deixa de ser uma referência geográfica para ganhar uma dimensão político-econômica. Em todo o País, agricultores, pecuaristas, lideranças partidárias e empresariais, gestores públicos, profissionais do campo e do showbiz o conhecem como sede de uma das mais representativas entidades de classe do Brasil e da maior exposição agropecuária e industrial da América Latina. Uma história repleta de nomes, esforço e dedicação que começou em agosto de 1958 – e não tem data para terminar. O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S COM SEUS 450 MIL METROS QUADRADOS, O ‘NEY BRAGA’ É MUITO MAIS DO QUE A SEDE DA RURAL E DA EXPOLONDRINA Se no decorrer da história o nome da entidade que a mantém pulou do plano municipal para o regional e depois para o estadual, nada mais lógico que a sede da SRP extrapolasse, fisicamente, os limites de Londrina. Encravado na divisa com Cambé, a menos de um quilômetro do trevo que dá acesso a Curitiba, ao Noroeste e Oeste do Paraná e ao Oeste e ao Sul de São Paulo, o Parque de Exposições Governador Ney Braga tem 450 mil metros quadrados e uma estrutura física que o credencia como um dos três maiores do Brasil. O parque abriga a Sociedade Rural e a ExpoLondrina, mas seu aparato vai muito além da sede administrativa e prédios de apoio. Pavilhões, recintos, auditórios, arena de shows e rodeios, estacionamento e grandes áreas descobertas o tornam um grande centro de eventos, capaz de abrigar leilões, encontros, palestras, seminários e festas de grande porte. A localização estratégica é um diferencial. O “Ney Braga” de hoje é resultado de um sonho iniciado há 70 anos. E do suor de muitos associados que, dentro ou fora das diretorias, dedicaram tempo e esforços para construí-lo e, hoje, têm seus nomes marcados em cada uma das ruas e edificações. Ruas? Sim! O Parque Ney Braga tem números de uma cidade. São 417,8 mil metros quadrados de área total, 61,5 mil m2 de área construída, 110 obras edificadas em alvenaria, 32.949 m2 de área asfaltada e de calçamento, 4.836 metros de rede hidráulica, 9.354 metros de rede elétrica de alta e baixa tensão. A equipe de manutenção tem doze funcionários. GADO GIR, GUZERÁ E NELORE É JULGADO NA PISTA CENTRAL DURANTE A EXPOSIÇÃO DE 1974: PARQUE DA SRP ABRIGA NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES DE CRIADORES DAS PRINCIPAIS RAÇAS BOVINAS ZEBUÍNAS E EUROPEIAS ARQUIBANCADA LOTADA DA PISTA CENTRAL ACOMPANHA JULGAMENTO DE RAÇAS EM 1966 27 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S JULGAMENTO DE LIMOUSIN (ACIMA) E SIMENTAL (ABAIXO COM O CRIADOR Rudolf Reich): PISTA CENTRAL ABRIGA EVENTOS DAS MAIS DIVERSAS RAÇAS BOVINAS CONSTRUÇÃO DA ARQUIBANCADA EM 1961 E A PISTA CENTRAL SUPERLOTADA EM 1965: ESPAÇO SEMPRE SEDIOU GRANDES EVENTOS, TÉCNICOS E ARTÍSTICOS 28 4 etapas foram cumpridas até a formação atu- al do Parque Ney Braga, desde a aquisição dos primeiros 8 hectares em 1958 até os últimos 10 ha, em 1997, passando pelos 7,8 ha de 1969 e os 15 ha de 1972. Somadas as quantias em dólares, convertidas pelo câmbio da época, o parque só de terra nua custou US$ 2,85 milhões ou, pelo mesmo parâmetro, 129.187 arrobas de boi. Mais detalhes podem ser conferidos na Linha do Tempo que ocupa as páginas centrais desta revista. O NORTE-AMERICANO MARCK J. FORGASON INAUGURA, EM 12 DE ABRIL DE 1994, NO PARQUE NEY BRAGA, A SEDE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE BRAHMAN, FUNDADA UM ANO ANTES, IDEALIZADA PELO IMPORTADOR PIONEIRO NECO GARCIA CID ALMOÇO AO AR LIVRE COMEMORA A INAUGURAÇÃO, EM 1990, DA CASA DA ASSOCIAÇÃO DOS NELORISTAS DO PARANÁ (ANEL) NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES Além da SRP, o Parque Ney Braga é sede de vários núcleos e associações de criadores. Mais precisamente desde 5 de abril de 1984, quando foi inaugurada a Casa do Chianina, idealizada por Anselmo Maseli, selecionador da raça. A iniciativa de Maseli permitiu a criadores de diversas outras raças – como Marchegiana, Limousin, Gelbvieh, Brahman, Simental, Pardo Suíço, Caracu, Angus, Gersey, Brangus, Cavalo Crioulo e Quarto de Milha – instalarem a sede de suas associações nacionais dentro do parque, para a guarda de seus acervos e bem estar de expositores e selecionadores. Em 12 de abril de 1994, por exemplo, foi inaugurada a casa sede da raça Brahman, cuja associação brasileira havia sido criada um ano antes, por iniciativa do selecionador e ex-presidente da SRP Manoel Campinha Garcia Cid, primeiro importador da raça. O parque abriga até hoje núcleos e associações estaduais de diversas raças. O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Bustos QUEM PASSEIA PELO PARQUE SE DEPARA COM HOMENAGENS DA RURAL A TRÊS GRANDES NOMES NEY BRAGA Ney Aminthas de Barros Braga era governador do Estado na época da consolidação do parque de exposições da Sociedade Rural. O busto em sua homenagem foi instalado em 16 de fevereiro de 1964, por conta da inauguração oficial do parque, no dia da abertura da exposição que foi um marco histórico, a 1ª Agropecuária e Industrial. Nascido na Lapa em 1917, Ney Braga construiu carreira militar e política. Foi prefeito de Curitiba, deputado federal, senador e governador em dois mandatos (1961-64, 1979-82). Foi ministro da Agricultura e presidente da Itaipu Binacional. Morreu em outubro de 2000. A homenagem da Rural se deve ao forte apoio que, como governador, Ney Braga prestou ao agronegócio e à construção do parque que leva seu nome. 30 CELSO GARCIA CID Imigrante espanhol que chegou ao Brasil no Natal de 1928 e morreu três dias antes do Natal de 1972. É pioneiro de Londrina – onde fundou uma das maiores empresas brasileiras de transporte rodoviário de passageiros – e sócio fundador da Rural. Tornou-se pecuarista a partir de 1940 – tinha paixão por gado desde a adolescência, na Espanha. Convicto de que o gado puro de origem indiano se adaptaria facilmente às condições daqui e melhoraria em muito a performance do rebanho nacional, realizou duas importantes importações de zebuínos e bubalinos da Índia, em 1960 e em 1962. Instalado no parque em março de 1975, o busto de Celso Garcia Cid traz outras três placas fixadas a posteriori: da própria SRP, em homenagem aos 30 anos da importação, com imagens dos touros Krishna e Arjun; da Associação Brasileira dos Criadores de Gir (Assogir), da qual foi o fundador, “nosso reconhecimento como sustentáculo da pecuária brasileira”; e da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil, “por acreditar no desenvolvimento da raça guzerá” no País. MARAJÁ DE BHAVNAGAR É uma justa homenagem ao homem que contribuiu com a melhoria da pecuária nacional. Era dele a maior parte dos zebuínos que Celso Garcia Cid trouxe da Índia. A placa em sua homenagem, datada de 4 de outubro de 1962, cita-o como “grande criador e burilador da raça gyr”. O marajá de Bhavnagar visitou Londrina, por conta dos laços de amizade firmados com seo Celso. A contribuição do marajá à pecuária brasileira poderia ter sido ainda maior: em testamento, ele deixou para o amigo seu rebanho extraordinário, mas que não pôde ser trazido ao Brasil por, mais uma vez, falta de autorização oficial. 31 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Monumentos HOMENAGENS FEITAS PELA RURAL VÃO DO TRABALHADOR AO DESCOBRIMENTO TRABALHADOR RURAL “Matuto, caipira, lavrador, agricultor, seja o que for, para a Sociedade Rural do Paraná é o sustentáculo do Brasil”. É dessa maneira que a SRP define o trabalhador rural e sua importância para o País, conforme consta da placa que acompanha o Monumento ao Trabalhador Rural. Localizada defronte o Museu Histórico da SRP, a homenagem retrata um trabalhador em lavoura de café – uma relação direta à história de Londrina e da própria Sociedade Rural. O Brasil tem 15,7 milhões de trabalhadores rurais, segundo o IBGE, que inclui agricultores familiares, acampados e assentados da reforma agrária, assalariados, meeiros, comodatários, extrativistas, quilombolas, pescadores artesanais e ribeirinhos. No Paraná, são cerca de 1,2 milhão, segundo a Fetaep. 32 MONUMENTO AO TRABALHADOR RURAL, EM FRENTE AO MUSEU HISTÓRICO, INAUGURADO EM 9 DE ABRIL DE 2015: HOMENAGEM AO “SUSTENTÁCULO DO BRASIL” BOI BANDIDO Outro dos monumentos mais recentes está fixado na rampa de acesso à Arena de Shows e Rodeios João Milanez. Trata-se de uma réplica, em tamanho natural, do Boi Bandido, o touro de rodeios mais famoso do Brasil, que se apresentou diversas vezes na ExpoLondrina. Temido por todos os peões, virou astro da novela global “América”, de 2005. Pertencia ao tropeiro Paulo Emílio Marques e morava na Fazenda Santa Martha, em Icém-SP, onde era tratado como atleta olímpico, com alimentação balanceada e exercícios diários. Chegou a pesar 1,1 tonelada. Teve 70 filhos e quatro clones. Gerou duas mil doses de sêmen. Boi Bandido viveu 15 anos e encarou mais de 200 desafios. Fez a última apresentação em julho de 2008, em São José do Rio Preto. Morreu (invicto!) em janeiro de 2009 e está enterrado no Parque do Peão, em Barretos. DIRETORIA DA RURAL E CONVIDADOS À FRENTE DO BOI BANDIDO, EM 09/04/2015: TOURO VIVEU 15 ANOS E DEIXOU AS ARENAS INVICTO 33 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S CAVALEIRO DAS AMÉRICAS Quem desce a Rua Manoel Campinha Garcia Cid rumo à Pista Equestre Família Romanelli passa obrigatoriamente pelo monumento que, segundo a placa, é uma reverência a “um verdadeiro herói nacional”. A homenagem foi prestada a Filipe Masetti Leite, que empreendeu uma aventura que lhe rendeu o apelido de Cavaleiro das Américas. Durante 25 meses, Filipe – jornalista por formação – e seus cavalos Bruiser, Dude e Frenchie percorreram 16 mil quilômetros por 12 nações, em descampados e à margem de rodovias, enfrentando todo tipo de território, clima e perigos. A jornada, de Calgary (Canadá) a Barretos-SP, terminou em agosto de 2014. 34 NO DIA 9 DE ABRIL DE 2015, MOACIR SGARIONI DESCERRA PANO QUE COBRIA O MONUMENTO EM HOMENAGEM A FILIPE MASETTI LEITE (FOTO MENOR): JORNADA DE 25 MESES ENTRE CALGARY E BARRETOS 500 ANOS DE BRASIL Em abril de 2000, por conta dos 500 anos de descobrimento do Brasil pelos portugueses, a diretoria da Rural instalou um monumento comemorativo, na esquina da Praça Luiz Antonio Mayrink Góes. A obra foi inaugurada pelo presidente da Rural, Francisco Galli, e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pratini de Moraes. 50 ANOS DE EXPOSIÇÃO A Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina de 2010 teve uma atração extra: a inauguração de um monumento em homenagem à 50ª edição da Expo. Obra de Henrique Aragão, o monumento está instalado ao lado da Pista Central de Julgamento, próximo do Museu e da entrada principal do parque. 35 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S UMA CASA DE MUITAS HISTÓRIAS Um dos endereços mais nobres e requisitados do Parque Ney Braga, a Casa do Criador abriga muitas histórias em seus 55 anos de existência. O imóvel remonta aos primórdios do parque. Foi inaugurado no último dia de 1961 como alojamento para os tratadores de gado que vinham de muito longe para participar da Expo. Passou por reformas, desde então. Dotada de beliches e armários, chegou a abrigar os peões que disputavam os rodeios. Com o tempo, foi perdendo a utilidade original, até ser transformada num ponto de encontro dos associados. Foi reinaugurada, após obras, em abril de 1967. Atualmente é dividida em dois pavimentos. O inferior, batizado de “Raul Noronha da Silva”, tem uma sala de estar climatizada com 140 metros quadrados de área e uma varanda coberta de 280 m2, além de um jardim com paisagismo. O térreo abriga também o Painel de Marcas, homenagem aos criadores que apoiaram a revitalização do espaço. A parte superior leva o nome de Celso Garcia Cid e é formada por um salão de 350 m2. Nas exposições, o piso térreo é administrado por uma casa noturna e o salão de cima é reservado para eventos da diretoria. Em seu conjunto, é um prédio sobretudo charmoso, que lembra uma casa de campo. A CASA DO CRIADOR, QUE JÁ FOI CASA DO PEÃO, ABRIGA O PAINEL DE MARCAS DOS CRIADORES (INAUGURADO POR LUIZ MENEGHEL NETO E HUMBERTO BARROS JUNIOR), O SALÃO NOBRE CELSO GARCIA CID (INAUGURADO POR FRANCISCA CAMPINHA GARCIA E LÍGIA MENEGHEL EM 1991) E, NA VARANDA, A PLACA QUE MARCA A REINAUGURAÇÃO DO ESPAÇO, EM 01/04/1967 36 37 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S OS RECINTOS Fazem parte da estrutura do Parque Ney Braga três recintos – José Garcia Molina, Abdelkarim Janene e Horácio Sabino Coimbra – que abrigam todo tipo de evento, principalmente leilões de bovinos, equinos e ovinos, característica marcante da Sociedade Rural e da ExpoLondrina. Neste segmento, o recorde pertence ao ano de 2001, quando foram realizados 110 leilões durante o ano, com a comercialização de 55.086 animais. Apenas durante a Expo foram realizados 31 leilões e comercializados 10.340 animais, com liquidez de 85,5%. JOSÉ MASCARO DISCURSA NA INAUGURAÇÃO DO RECINTO DE LEILÕES QUE LEVOU O NOME DE SEU PAI, JOSÉ GARCIA MOLINA, EM 31 DE MARÇO DE 1995 DOIS ANOS DEPOIS DE INAUGURADO, O RECINTO ABDELKARIM JANENE SEDIOU O 1º LEILÃO NACIONAL DE CHIANINA, EM 5/4/1984. NAQUELE DIA TAMBÉM FOI INAUGURADA A CASA DO CHIANINA NO PARQUE NEY BRAGA 38 INAUGURAÇÃO DO RECINTO HORÁRIO SABINO COIMBRA E BAIAS MICHEL NEME, EM 1º DE ABRIL DE 1976 OS PAVILHÕES E SUA VARIEDADE Dois grandes pavilhões abrigam um grande leque de expositores durante as exposições da Rural – além de sediar eventos no restante do ano. Inaugurado em 1º de abril de 1986, próximo à sede administrativa, com o nome de Carlos Pereira Paschoal, o Pavilhão Nacional tem 2.052 metros quadrados e, atualmente, reúne concessionárias de carros de luxo e exposição de carros antigos durante a Expo. O Internacional, com nome de Octávio Cesário Pereira Júnior, foi inaugurado em 1º de abril de 1994, na esteira da criação do Mercosul. Nas exposições, abriga um grande número de estandes de varejo, em especial roupas em couro, cosméticos e acessórios. Está localizado próximo à Pista de Julgamento Roberto Requião. FOTO GERAL DA INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO NACIONAL, QUE HOJE ABRIGA UM LEQUE VARIADO DE EXPOSITORES VAREJISTAS DURANTE AS EXPOSIÇÕES JOSÉ CARLOS TIBÚRCIO FALA NA INAUGURAÇÃO DO PAVILHÃO INTERNACIONAL, NA PRESENÇA DO HOMENAGEADO OCTÁVIO CESÁRIO, DO EX-PRESIDENTE FRANCISCO SCIARRA E DO MINISTRO DA AGRICULTURA ROBERTO RODRIGUES. ESPAÇO JÁ SEDIOU EMBAIXADAS E ATUALMENTE ABRIGA A VEIRA DE VAREJOS, ENTRE OUTROS EVENTOS 39 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S ARENA DE SHOWS E RODEIOS Foi-se o tempo dos shows musicais e dos rodeios em locais improvisados. Os rodeios foram se profissionalizando. O sertanejo de raiz foi dando lugar ao sertanejo universitário, com público cada vez mais numeroso. Chegara a hora do Parque Ney Braga contar com um local à altura da Exposição de Londrina. As obras começaram em novembro de 2013. Em abril do ano seguinte, com show de Daniela Mercury, foi inaugurada a Arena de Shows e Rodeios João Milanez. E, como em quase tudo que existe dentro do parque, contou com a ajuda decisiva dos associados, que adquiriram 80 camarotes e, com o dinheiro arrecadado, a entidade deu início à construção. Nas exposições, a arena recebe, em média, 130 mil pessoas, em oito dias de shows e três de rodeios. É um espaço bastante requisitado no decorrer do ano, para shows e outros eventos. O nome é uma homenagem ao catarinense que, vindo de São Paulo, em 1948 fundou a Folha de Londrina. “O João Milanez sempre foi parceiro da Sociedade Rural do Paraná. Ele via na SRP e na Exposição uma forma de divulgar Londrina”, conta o ex-presidente da Rural, José Carlos Tibúrcio. “E era uma pessoa muito alegre. Então, o recinto de shows e rodeios tem a cara dele.” NA FOTO ABAIXO, O INÍCIO DA CONSTRUÇÃO, EM 1993. ACIMA, A ARENA HOJE, PARA VINTE MIL PESSOAS O MINISTRO DA CASA CIVIL, HENRIQUE HARGREAVES, AJUDA O JORNALISTA JOÃO MILANEZ A DESATAR A FITA DE INAUGURAÇÃO DA ARENA, EM 1º DE ABRIL DE 1994 O RODEIO DA EXPO EM 1980, NA PISTA CENTRAL DE JULGAMENTO, E DE AGORA, NA ARENA: RODEIOS EM LONDRINA PASSARAM A TER EXPRESSÃO A PARTIR DO MOMENTO EM QUE A SRP CONSTRUIU RECINTO ADEQUADO 20.456 PESSOAS: É A CAPACIDADE DA ARENA JOÃO MILANEZ, AUTORIZADA PELO CORPO DE BOMBEIROS 41 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S ESTÍMULO À PISCICULTURA A agropecuária presente no Parque Ney Braga não se restringe a pastos e bois. A Rural incentiva fortemente a criação de peixes com a Casa do Piscicultor, dotada de um aquário gigante que, embora permanente, atrai a atenção de milhares de visitantes durante a ExpoLondrina. Com 18 mil litros de água, o aquário abriga peixes nativos e exóticos. Na Expo-2016, havia tilápias do Nilo, um pirarucu da Bacia Amazônica e outras espécies. Inaugurados em abril de 2014 pelo então ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Benedito Lopes, e pelo diretor de Piscicultura da SRP, Ricardo Neukirchner, a Casa e o Aquário estimulam produtores a investir na atividade de maneira correta e sustentável. E funciona, também, como centro de educação ambiental. 42 O PRÍNCIPE E OS PRESIDENTES O PRÍNCIPE FUMIHITO PASSOU PELO PARQUE NEY BRAGA DURANTE AS COMEMORAÇÕES PELOS 80 ANOS DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL, EM 1988 Não é apenas durante as exposições que o Parque Ney Braga recebe figuras ilustres. Nomes importantes da vida pública, do Brasil e do exterior, visitaram o recinto da Rural em diferentes épocas. Em 1988, durante as comemorações pelos 80 anos da imigração japonesa (Imin’80), o então presidente da República, José Sarney, acompanhou o príncipe do Japão, Fumihito, a uma visita ao Norte do Paraná, região que concentra grande número de japoneses e descendentes. O príncipe Fumihito passou pelo Parque Ney Braga, cuja entrada havia sido decorada com peças orientais. Acompanhados também pelo empresário Iwao Miyamoto e o deputado federal Antônio Ueno, Sarney e Fumihito almoçaram na antiga churrascaria Chopim, que funcionou durante muitos anos dentro do parque da Rural. O “Ney Braga” sediou outro evento importante fora da Expo: o lançamento, pelo governo federal, do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010. Vieram a Londrina o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e os senadores Roberto Requião e Gleisi Hoffmann. Na solenidade, assistida por 1,5 mil agropecuaristas no dia 22 de junho de 2009, Lula anunciou R$ 107,5 bilhões – recorde histórico na época – para financiar toda a cadeia produtiva do agronegócio. 43 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S PARQUE NEY BRAGA ABRIGA, DESDE 2012, UMA DAS MAIS MODERNAS PISTAS DO BRASIL PARA PROVAS EQUESTRES Nada é conquistado com facilidade. As verdadeiras conquistas têm a marca da persistência e da determinação. Exemplo disso é a pista equestre do Parque Ney Braga. Há décadas a ExpoLondrina abriga certames envolvendo cavalos, cavaleiros e amazonas. No início, porém, a Sociedade Rural apenas chancelava as disputas, que eram promovidas fora do recinto do parque durante as exposições. Desde que a SRP construiu uma adequada rede de esgoto, há cerca de dez anos, a antiga área de captação foi transformada em uma pista eqüestre, de areia, com 120 metros de comprimento, cercada, mas a céu aberto. Com isso, muitas vezes as provas eram realizadas sob chuva ou sol forte. Essa situação melhorou a partir do momento em que a entidade financiou recursos a médio prazo para erguer a cobertura. Assim é que, hoje, o parque da Rural abriga a melhor pista eqüestre do Paraná, e uma das mais modernas do Brasil. Inaugurada em 2012, a Pista de Atividades Equestres “Família Romanelli” tem 6,2 mil metros quadrados de área coberta, com os mesmos 120 m de comprimento por 50 m de largura. Desde a inauguração, a pista vem sediando diversas provas durante o ano todo e, nas exposições, a Prova de Laço, a Prova do Tambor e o Freio de Ouro do Cavalo Crioulo. Também é utilizada para aula de doma e exercícios da Polícia Montada, que possui alojamento dentro do parque, com apoio da SRP. A nova pista é de grande importância para os criadores de cavalos, por uma questão de segurança: sabem que a cobertura não deixará a pista escorregadia, com riscos de lesões para animais que às vezes custam até R$ 300 mil. A pista é apta a receber grandes torneios eqüestres, abrindo o leque de captação de eventos do Parque Ney Braga. “Já realizamos campeonatos estaduais e nacionais. Agora estamos na luta para sediar o Campeonato Nacional do Quarto de Milha”, diz o conselheiro da SRP Ilson Romanelli. “A pista eqüestre é um ativo da Rural com muita oportunidade de levantar grandes eventos para Londrina. É uma excelente ferramenta para trazer benefícios para a cidade e toda a região”, ele ressalta. “Um torneio como o Quarto de Milha, por exemplo, ocupa oito mil leitos da rede hoteleira”, diz. 44 GUSTAVO LOPES, MOACIR SGARIONI E ILSON ROMANELLI DESCERRAM A PLACA NA INAUGURAÇÃO DA PISTA EQUESTRE DA RURAL, EM SOLENIDADE QUE CONTOU COM A PRESENÇA TAMBÉM DO VICE-PREFEITO GUTO BELUCCI, CÉLIO ARANTES HEIM E WELLINGTON FERREIRA “A pista equestre é uma excelente ferramenta para trazer benefícios para toda a região. Um torneio como o Quarto de Milha, por exemplo, ocupa oito mil leitos da rede hoteleira” Ilson Romanelli, conselheiro da SRP 45 O PARQUE S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S NO MUSEU, OBJETOS, IMAGENS E DOCUMENTOS MOSTRAM A TRAJETÓRIA DA RURAL O MUSEU, NA ÉPOCA DA INAUGURAÇÃO, COM O BUSTO DE NEY BRAGA: 194 M2 COM TODO O ACERVO DA SOCIEDADE RURAL DO PARANÁ 46 – Moça, aquele serrote grandão é o do Pica-pau? – Foi naquele negócio ali que a Bela Adormecida espetou o dedo? Essas são perguntas que a responsável do Museu da Sociedade Rural do Paraná, Bruna Martins do Prado, sabe que terá de responder toda vez que o local recebe grupos de alunos de uma escola de Londrina ou da região. O traçador (ferramenta com a qual os pioneiros derrubaram gigantescas perobas para lavrar a terra e construir suas casas) e a roca (utilizada para fiar a lã com a qual as mulheres de antigamente faziam as roupas da família) são os itens que mais chamam a atenção da garotada. Além deles, o Museu da Rural possui outros 225 objetos cuidadosamente expostos que instigam a imaginação dos visitantes. Passar um tempo ali é viajar pela história da entidade e do modo de vida dos pioneiros. Inaugurado em abril de 2010, durante a gestão do presidente Alexandre Kireeff, o Museu da Rural consumiu três anos de trabalho, desde o início de levantamento de recursos com os sócios, elaboração do projeto – que contou com profissionais que ajudaram a construir o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo – e execução da obra. Havia o entendimento de que era necessário resguardar a história da Sociedade Rural, que poderia se perder se não fosse feito um esforço para organizar a documentação e garantir o registro de fatos e acontecimentos vivenciados por muitos das pessoas que protagonizaram a história da SRP e que ainda estavam vivas. Assim, além de um grande levantamento do acervo documental, foram feitas gravações, em áudio e vídeo, com depoimentos de personalidades importantes na trajetória da entidade. Há milhares de fotos abrigadas em cofre climatizado para que não se percam com o tempo. Nos 195 metros quadrados do Museu, existe também um acervo de objetos típicos da atividade rural de época, registro dos eventos agropecuários promovidos, linha do tempo que apresenta cronologicamente a ocupação dos cargos e principais fatos da história. E também uma apresentação das atividades agropecuárias realizadas em Londrina de forma muito didática e compreensível para leigos. Nesse contexto, o Museu da Rural – que integra a Rota do Café – é mais do que uma fonte de estudos. É obrigação estatutária as diretorias produzirem seus relatórios de gestão, que ficam no Museu. Ele resguarda a história para que a entidade não perca a sua trajetória e seu sentido original, que é defender a atividade agropecuária em Londrina, no Paraná e no Brasil. O TRAÇADOR E A ROCA SÃO OS QUE MAIS ATRAEM A CURIOSIDADES DAS CRIANÇAS: SÃO AO TODO 225 OBJETOS HISTÓRICOS CARTAZES DE CADA EDIÇÃO MOSTRA A TRAJETÓRIA DA EXPOLONDRINA: ACERVO DO MUSEU REÚNE DOCUMENTOS, OBJETOS HISTÓRICOS E GRAVAÇÕES COM DEPOIMENTOS DE PERSONALIDADES IMPORTANTES 38.553 É a quantidade de itens que formam o acervo do Museu da Rural. São 36.909 imagens: 18.194 fotografias em 180 álbuns, 1.036 fotos guardadas em 43 pastas e 17.679 fotos arquivadas em 174 CD’s. Há ainda 162 documentos bibliográficos (livros, periódicos, revistas), 1.000 documentos textuais e 255 documentos audiovisuais, gravados em CD, DVD, VHS e até em fitas cassete. Os números do Museu impressionam também em relação à visitação. Em 2015, os dados de frequência registraram 4.828 pessoas, entre adultos, adolescentes, crianças, grupos de alunos, idosos, estrangeiros, portadores de deficiência, autoridades e universitários. Apenas na Expo-2106 houve 9.740 visitações durante os onze dias da feira – incluindo 219 alunos de cinco escolas. 47 A expo A mais completa do País ELA NÃO É ASSIM CONSIDERADA à toa. Durante onze dias, sempre nas primeiras semanas de abril, em uma área de mais de 40 hectares, a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina reúne meio milhão de pessoas que movimentam centenas de milhões de reais em alimentação e lazer, na aquisição de veículos e equipamentos agrícolas, e em leilões de animais de alto valor genético. Profissionais de diferentes áreas assistem a palestras, realizam seminários, integram simpósios. Núcleos e associações de criadores abrem suas portas. Gente de todo o País faz negócios, se diverte em brinquedos e shows musicais e tem contato direto com tecnologia de ponta. A ExpoLondrina é tudo isso e um pouco mais. a expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Genética, negócios, tecnologia, lazer, música, concursos, educação ambiental: números e diversidade fazem a Exposição de Londrina a mais completa do Brasil Se há um evento que mexe com todo o Norte do Paraná é a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, promovida pela Sociedade Rural, todos os anos, no Parque Governador Ney Braga. É difícil apontar um setor da economia que direta ou indiretamente não seja impactado pela maior festa popular da região. Nos onze dias de feira, sempre em abril, a Expo movimenta a rede hoteleira, a cadeia de restaurantes, o setor de estacionamentos. Aumenta o consumo em postos de combustíveis e o fluxo nas praças de pedágio. Descontos oferecidos pelas revendedoras de veículos instaladas no parque são estendidos, em regra, à rede de concessionárias em toda a região. O transporte coletivo urbano e intermunicipal, taxistas, motoristas, entregadores – todos têm trabalho e renda extras. A ExpoLondrina gera milhares de empregos em atividades internas e nas empresas prestadoras de serviços, em áreas que vão da montagem de estandes à instalação elétrica, de pintura e a serralheria, de buffet a segurança, de varejo a entretenimento, de higiene e a bebidas, de comunicação visual e a destinação de resíduos e muitos outros. Toda essa movi- 50 mentação gera tributos aos municípios, ao Estado e à União. No total, 522.069 pessoas – quase a população de Londrina – passaram pelo sistema eletrônico das portarias do parque durante a Expo-2016, cuja movimentação financeira ultrapassou R$ 400 milhões, o que significa praticamente 1/4 do orçamento total de Londrina para o ano inteiro. Não são apenas o número expressivo de visitantes e o grande volume de recursos movimentados que justificam a fama da ExpoLondrina como “a mais completa do Brasil”. Além de ser realizada em um dos maiores parques de exposições do País, a feira da Rural exibe aos produtores e ao público o que há de melhor em genética animal. Touros reprodutores de grande porte e alto valor, de raças zebuínas e europeias, encantam adultos e crianças nos vários pavilhões do Parque Ney Braga, que abriga, durante a Expo, a excelência genética e a moderna tecnologia animal, não só em bovinos, como também em ovinos, caprinos, eqüinos, além de peixes e pequenos animais. O certo é que a exposição anual da SRP transforma a antiga Capital Mundial do Café na Capital do Agronegócio no Brasil. NÚMEROS DA EXPO/2016 R$ 400,21 milhões em movimentação financeira R$ 210 milhões em volume de negócios financiados e prospectados 6,8 mil empregos gerados 522.069 Visitantes 13.720 produtores rurais 6.100 animais de 60 raças; 14 leilões 2.602 expositores 10 emissoras de TV contratadas 12 jornais (8) e revistas (4) 21 emissoras de rádios 13 milhões de visualizações no Facebook, com 175 mil seguidores, 78 mil comentários e 24 mil compartilhamentos 1 milhão de visualizações no site do evento, com 189.106 usuários GENÉTICA, NEGÓCIOS E DIVERSÃO, CARACTERÍSTICAS QUE FAZEM DA EXPOLONDRINA A MAIS COMPLETA DO BRASIL 51 A expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S ORIGEM AGRÍCOLA: DO SHANGRI-LÁ PARA O JÓQUEI CLUBE A ExpoLondrina tem 56 edições. A primeira exposição agropecuária ocorreu em 1955, no recinto do Jóquei Clube, durante a gestão de Antônio Fernandes Sobrinho na presidência da então Associação Rural de Londrina. Aberta no dia 23 de julho, contou pela primeira vez com produtos agrícolas e de pecuária. Os expositores eram majoritariamente da colônia japonesa, reunida na ACEL (Associação Cultural e Esportiva de Londrina), que no ano anterior havia promovido a 1ª Exposição Agrícola da cidade, no prédio do Mercado Municipal do Jardim Shangri-lá, como mostram essas fotos históricas. O MERCADO SHANGRI-LÁ SEDIOU A 1a EXPOSIÇÃO AGRÍCOLA DE LONDRINA (FOTOS MENORES) E O JÓQUEI, A 1a PECUÁRIA E 2a AGRÍCOLA (FOTO MAIOR) 52 O MARECHAL ARTUR DA COSTA E SILVA, PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NA EXPO DE 1967 VISITAS ILUSTRES O MARECHAL CASTELO BRANCO, COM DOM GERALDO FERNANDES E OMAR MAZZEI GUIMARÃES, CAMINHA PELO PARQUE NA ABERTURA DA EXPO-1965 Desde Getúlio Vargas, todos os governos eleitos estiveram presentes na ExpoLondrina, com o presidente ou seu vice – a exceção foi Jânio Quadros/João Goulart (1961-1964). Juscelino Kubitschek, que desempenhou papel importante na importação de gado indiano em 1960, esteve na Fazenda Cachoeira, de Celso Garcia Cid, como vimos no Capítulo I desta revista. José Sarney (1985-1990), que exerceu a presidência devido à morte de Tancredo Neves, acompanhou o príncipe japonês Fumihito durante a Imin’80, conforme vimos no Capítulo II. Fernando Collor de Mello (1990-1992), Marco Maciel (vice nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002), Lula (2003-2010) e Michel Temer (vice de Dilma Rousseff desde 2011 e agora presidente interino) estiveram na Expo ou no Parque. Dois cinco presidentes do regime militar, três – Castelo, Costa e Silva e Geisel – participaram da feira agropecuária. O Parque e a Expo receberam também, desde a década de 1960, um grande número de ministros, governadores, secretários de Estado e embaixadores de diversos países. O GENERAL ERNESTO GEISEL, TERCEIRO PRESIDENTE MILITAR, COM NECO GARCIA E JOÃO MILANEZ À SUA DIREITA, EM 1975 FERNANDO COLLOR DE MELLO EM PASSAGEM PELA EXPO NA GESTÃO DE BRAZÍLIO ARAÚJO NETO NA GESTÃO DE FRANCISCO GALLI, HOUVE RECEPÇÃO E HOMENAGEM A MARCO MACIEL, VICE-PRESIDENTE NO GOVERNO FHC LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA NA TRIBUNA DA SEDE ADMINISTRATIVA DA RURAL, NA EXPO/2003 MICHEL TEMER, ENTÃO VICE-PRESIDENTE DE DILMA ROUSSEFF, NA EXPO/2011, DIA 16 DE ABRIL, AO LADO DO PREFEITO BARBOSA NETO E DO VICE-GOVERNADOR ORLANDO PESSUTI E À FRENTE DE GUSTAVO LOPES, PRESIDENTE DA SRP 53 A expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Tonico e Tinoco Fagner Nelson Gonçalves Há décadas que a Exposição traz a Londrina os principais artistas do cenário musical brasileiro Eliana Pittman Nas suas 56 edições, a Exposição da Rural trouxe a Londrina uma gama de artistas que revela a riqueza musical do Brasil. Como ocorre hoje com o sertanejo universitário, antigamente a grade de shows também contemplava os principais artistas da época. O frevo de Elba Ramalho. O acordeon de Dominguinhos. O reggae de Jimmy Cliff. Tonico e Tinoco. Rolando Boldrin. O samba de Agepê, Luiz Airão, Alcione. O show do Chacrinha. Fagner. O rock dos Titãs. Chitãozinho, Zezé di Camargo, Sérgio Reis, Milionário e Zé Rico. O talento singular de Sivuca. A Orquestra Sinfônica da UEL. Grupos emergentes da cidade. Longe das modernas instalações da Arena de Shows e Rodeios João Milanez, inaugurada em 1997, e que atualmente recebe 150 mil pessoas em média por Exposição, os locais de apresentação ocuparam espaços improvisados. Roberto Carlos cantou a partir das arquibancadas superiores da Pista Central de Julgamento. Também foram muito utilizadas áreas próximas onde hoje ficam o setor de alimentação e a pista equestre. Mudou o público – hoje muito mais jovem que antigamente – assim como mudaram as exigências para os grandes shows, o que levou a Sociedade Rural a construir a Arena João Milanez. 54 Zezé di Camargo e Luciano Dominguinhos Chitãozinho e Xororó Roberta Miranda Fernando e Sorocaba Jorge e Matheus Milionário e José Rico Padre Reginaldo Manzotti A paraguaia Perla Arena lotada para o show de Daniel, em 2000 Show do Chacrinha Sérgio Reis Sidney Magal Galinha Pintadinha Alcione César Menotti e Fabiano 55 A expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S A QUAIS SHOWS VOCÊ ASSISTIU? Abaixo, a relação completa de todos os artistas que se apresentaram na ExpoLondrina R Agepê • 1985, 1986 Alceu Valença • 1985 Alcione • 1980 Alex & Evandro • 2001, 2006, 2009 Almir Guineto • 1989 Almir Sater • 2000, 2001, 2004, 2006 Alvarenga e Ranchinho • 1972 Amado Batista • 1991 Ana e Banda • 1993 André Valadão • 2005, 2008 Ângela &Tizziane • 2014 Angélica • 1996 Anitta • 2016 Apollus Band • 1979, 1988 Ari Sanches • 1979 Art Popular • 1998 Asa de Águia • Década de 90 Balão Mágico e Roy • 1991 Banda Cheiro da Bahia • 1996 Banda Flotilha • 1988 Banda Mel• 1993 Banda Rojão • 1985 Barão Vermelho • 1989, 1998 Belchior • Década de 80 Biquíni Cavadão • 1996 Blitz • 1985 Branco Billy & Daniel • 2000, 2006 Bruno & Marrone • 2004, 2005, 2008, 2014, 2015 Bruninho & Davi • 2013 Caio & João Victor • 1999 Capital Inicial • 1987, 1990, 2002, 2005, 2007 Carlos César e Cristiano • 1984 Carrapicho • 1998 César & Roger • 2001, 2006 César Menotti e Fabiano • 2007, 2014 Chacrinha • 1977, 1978, 1984 Chaminé Batom • 1993 Chitãozinho e Xororó • 1984, 1985, 1988, 56 1989, 1992, 1993, 1999 Chrystian& Ralf • 1985, 1986, 1987 Cícero de Souza • 2001, 2006 Cidade Negra • 1993 Club do Choro • 1993 Conjunto Razão Brasileira • Década de 90 Conrado & Alekssandro • 2012, 2013, 2015 Coral Infantil e Adulto da UEL • 1993 Cravo e Canela • 1995 Cristiano Araújo • 2013 Daniel • 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2005, 2006, 2007 Demônios da Garoa • 1988 Denis & Fabiano • 2002 Dino Franco & Mouraí • 2001, 2006 Dólar de Prata • 1989 Dominguinhos • 1980, 1986 É o Tchan • 2001, 2006 Edilson & Edvan • 2001, 2002, 2006 Edson e Hudson • 2004, 2005, 2007, 2008 Edu & Eduardo • 1992, 1999, 2001, 2002, 2006 Eduardo Araújo • 1993 Eduardo Costa • 2011 Edy & Eder • 2001, 2006 Elba Ramalho • 1985, 1992 Eliana • 1988, 1996 Eliane Pitman • 1973 Estúdio Som • 1993 Everton e Evandro • 1993 Exalta Samba • 2011 Fábio Júnior • 1990, 1991 Fabrício & Fernando • 2002 Face Oculta • 1999 Fafá de Belém • 1980, 1991 Fagner • 1987 Falamansa • 2002 Fernando & Sorocaba • 2001, 2009, 2011, 2014 Fiduma & Jeca • 2016 Gaúcho da Fronteira • 1988 Genival Lacerda • 1985 Gian & Giovani • 1993, 1996 Gilliard • 1998, década de 90 Gino e Geno • 2008 Gretchen • 1981/1984 Grupo Intermezzo • 1993 Grupo Molejo • 1999 Grupo Roupa Nova • 1992 Guilherme & Santiago • 2001, 2007, 2011 Gustavo Lima • 2011, 2012, 2013 Gustavo Mioto • 2015, 2016 Henrique e Diego • 2015 Henrique e Juliano • 2016 Hugo Pena & Gabriel • 2010 Humberto & Alencar • 2001, 2006 Humberto & Ronaldo • 2012 Inimigos da HP • 2007/2010 Inimigos do Rei • 1990 Israel & Rodolfo • 2013 Ivan Lins • 1985 Ivete Sangalo • 2001, 2003, 2006, 2012 Jads & Jadson • 2014, 2015 Jane e Herondy • 1975 Jair Rodrigues • 1974, 1980 JazzMania • 1993 Jean & Júlio • 2009, 2010, 2011 Jimmy Cliff • Década de 80, 1996 João Bosco & Vinícius • 2011, 2013, 2014, 2015 João Mineiro e Marciano • 1976, 1989, 1991, 1992 João Neto & Frederico • 2013 João Paulo & Daniel • 1996 João Victor & Ricardo • 2009 Jorge & Mateus • 2011, 2013, 2014, 2015, 2016 Jorge Aragão • 2002 ROBERTO CARLOS SE APRESENTOU TRÊS VEZES NA EXPOLONDRINA, EM 1973, 1976 E 1980 Roberto Carlos José Augusto • 1992 Jota Quest • 2001, 2004, 2006 Juliano e Jardel • 1986, 1988, 1990, 1992 Karametade • 1999 Kid Abelha • 1996 KLB • 2001, 2003, 2006 Leandro & João Paulo • 2001, 2006 Leandro & Leonardo • 1991, 1992, 1993, 1994 Leonardo • 2001, 2006 Lian & Adrianu • 2001, 2006 Los Hermanos • 2000 Loubet • 2015, 2016 Luan Santana • 2010, 2012, 2014, 2015, 2016 Lucas Lucco • 2014, 2015 Luís Caldas • 1987, 1990 Luís Fernando & Eduardo • 2001, 2006 Luiz Airão • 1979 Márcio Rogério & Luciano • 2001, 2002, 2006 Marco & Montenegro • 2009 Marcos & Belutti • 2011, 2014, 2015 Maria Cecília & Rodolfo • 2010 Mariana & Mateus • 2012 Mariana Fonseca • 2012 Marquinhos Diet • 2001, 2006 Matheus & Kauan • 2016 Mato Grosso & Mathias • 2015 Maurício e Mauri • 1993 Maurício Mattar • 1996 Meire Rose • 1979 Michel & Jefe • 1999, 2001, 2006 Michel Teló • 2012, 2013 Milionário e José Rico • 1981, 2003, 2013, 2014 Moacir Franco • 1980 Molejo • 1996 Moraes Moreira • 1993 Nando Reis • 2013 Negritude Júnior • 1996, 1998 Nelson Gonçalves • 1988 Nenhum de Nós • 1991 NX Zero • 2009 Oiga Tchê • 1989 O Rappa • 2015 OSUEL (Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina) • 1993 Osvaldinho do Acordeão • 1976, 1985, 1986, 1987, 1990, 1992 Oswaldo Montenegro • 1989 Padre Silvio Andrei • 2001, 2002 Padre Silvio Andrei e Banda Diálogo com Deus • 2006 Patrícia & Pâmela • 1999 Paula Fernandes • 2011, 2012 Paulo Santiago • 1986, 1990, 1992 Pedro Paulo & Alex • 2014, 2015, 2016 Perla • 1976, 1980 Pinheiro e Campeão • 1980 Praense & Peão do Vale • 1992 Preferido & Predileto • 1993 R2 • 2002 Raça Negra • 1996 Rádio Táxi• 1984, 1988 Renato Borghetti • 1987 Renato Teixeira • 2004 Rick & Renner • 1999, 2000, 2002 Rio Negro & Solimões • 1999, 2000, 2004 Roberto Carlos • 1973, 1976, 1980 Roberto Leal • 1976 Roberta Miranda • 1989 Rock & Ringo • 1979, 1984, 1988, 1990, 1993 Rodrigo & Rogério • 2001, 2002, 2006 Rolando Boldrin • 1986 Rosi Bueno • 1993 Rosemary • 1984 RPM • 1986 Sá & Guarabira • 1986 Sambô • 2103 Sandra & Denise • 2001, 2006 Sandy e Júnior • 1998 Sargentelli • 1976, 1987 Sérgio e Serginho • 1990, 1992 Sérgio Reis • 1976, 1979, 1980, 1987, 1988, 1989, 1992, 1996, 2002, 2004 Sidney Magal • 1978, 1979, 1984 Sivuca • 1986 Skank • 2004, 2007 Só Pra Contrariar (SPC) • 1996, 1998, 2014 Sula Miranda • 1989, 1990, 1991 Talita • 1999 Teodoro e Sampaio • 1976, 1986, 1988, 1999, 2000, 2003, 2004, 2005 Thalles Roberto • 2014 Thaeme & Thiago • 2016 Tibagi & Paraná • 2001, 2006 Titãs • 2003 Tonico e Tinoco • 1979, 1985 Tony & Renan • 2011 Tradição • 2003, 2005, 2007 Trio Los Angeles • 1976, 1988 Trio Parada Dura • 1988 Vanuza • Década de 90 Victor e Leo • 2008, 2009, 2010 Vieira e Vieirinha • 1964 Vilson & Valdir • 2001, 2002, 2006 Violonista João Carlos da Costa Barros • 1995 Vivian Lemos • 2002 Wanessa Camargo • 2008 Wesley Safadão • 2016 Wilson Simonal • 1980 Zé Ricardo & Thiago • 2013 Zezé di Camargo & Luciano • 1993, 1996, 1998, 2000, 2002, 2003, 2006, 2008, 2012 57 a expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Todos os anos, há quatro décadas, a Exposição da Rural abriga eventos que difundem tecnologia e melhoram a renda do produtor e do trabalhador rural “Todas as diretorias da Rural primaram por trazer a Londrina eventos significativos. A cidade tem o DNA do agronegócio” Toda a negociação para implantar um instituto agronômico em Londrina, que resultou na criação do Iapar, em 1972, não foi um esforço isolado da Sociedade Rural em busca de tecnologia para o produtor. Modalidades a serem aplicadas no dia a dia da agropecuária, exemplos práticos e bem próximos da realidade de quem lida com a terra, treinamento e capacitação de mão de obra, enfim, o que é necessário para aumentar a produtividade e a renda no campo é uma meta trilhada todos os anos pelos responsáveis pela grade técnica da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. Em parceria com o Governo do Estado, instituições de ensino e pesquisa e empresas voltadas à difusão de tecnologia, a ExpoLondrina programa para os onze dias da feira uma série de eventos técnicos que, nos últimos dez anos, reuniram mais de 100 mil pessoas nos auditórios Milton Alcover, Horácio Sabino Coimbra e José Garcia Molina. “Uma das grandes tradições da Expo é a grade técnica, feita sempre com muito cuidado para que seja realmente atrativa, com temas perfeitamente aplicáveis na rotina do produtor rural”, afirma o diretor de atividades agroindustriais da SRP, Luigi Carrer Filho. “Todas as diretorias da Rural sempre primaram por trazer a Londrina eventos significativos ao agronegócio”, ele avalia. “A Rural, na época da Exposição, se torna uma universidade a céu aberto.” Há eventos, segundo ele, que acontecem na Exposição há mais de 20 anos, como os simpósios sobre café, leite, pecuária de corte, reprodução de matrizes e machos e, ainda, o simpósio sobre Mulheres no Agronegócio, com a presença de mais de 600 participantes de todo Paraná. Oferecer eventos ao produtor para que ele possa incrementar a rentabilidade e produtividade e capacitar a mão de obra, para remunerar melhor o homem do campo: eis a importância da grade técnica da Expo, que reúne agropecuaristas, estudantes e um grande número de profissionais de várias áreas. “Londrina é muito bem servida em entidades de referência mundial, como Iapar e Embrapa, universidades com cursos de ciências agrárias, dois hospitais veterinários”, enumera Luigi Carrer. “A cidade tem o DNA do agronegócio.” QUESTÃO DE PRODUTIVIDADE A importância do estimulo a pesquisas e da realização de eventos técnicos capazes de melhorar o desempenho da agricultura e da pecuária pode ser facilmente traduzida em números. Há dez anos, o Brasil tinha 37 milhões de hectares cultivados e produzia 50 milhões de toneladas de grãos. Hoje, o País cultiva 41 milhões de hectares (10% a mais) para uma produção de 120 milhões de toneladas de grãos (mais que o dobro). O agronegócio responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Efetivamente”, diz Luigi Carrer, diretor da SRP, “o Brasil não quebrou por conta do agronegócio”. 58 DIFUSÃO DE TECNOLOGIA Além dos simpósios, encontros e palestras realizados nos auditórios e recintos do Parque Ney Braga, a difusão de tecnologia pela ExpoLondrina é feita também pela Via Rural, administrada pela Emater. Na Fazendinha, como é mais conhecida, 28 unidades didáticas exibem as principais atividades econômicas da região, dos grãos às hortaliças, da pecuária de corte ao cogumelo shitake. Em 22 anos de existência, a Via Rural ultrapassou um milhão de visitantes e 100 mil atendimentos. Fiel ao produtor rural, a Fazendinha oferece soluções para melhoria da renda e da qualidade de vida no campo. E, para o público em geral, também educação ambiental, com a Trilha da Biodiversidade, que em 2016 ofereceu aos mais de 30 mil visitantes – crianças, idosos, jovens, mulheres, lideranças comunitárias – abordagens sobre combate ao mosquito transmissor de doenças, reciclagem de produtos e interação prazerosa com o meio ambiente. ONTEM E HOJE: INAUGURADA HÁ 22 ANOS, A FAZENDINHA EXIBE SOLUÇÕES PARA A VIDA NO CAMPO E PROMOVE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM VISITA DE ALUNOS 59 a expo S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S CAVALGADA ANUNCIA FESTA Desde 2008 que a Cavalgada, algumas semanas antes, anuncia a ExpoLondrina. Naquele ano, pouco mais de cem cavaleiros e amazonas participaram. Em 2016, foram perto de 2,2 mil pessoas de 174 comitivas de 29 localidades do Paraná. Os nomes das comitivas (“Inté que um coice de mula nos separe”, “Os Mar falados”, “Quem não aguenta não frequenta”) dão o tom do clima de confraternização. “Esta cavalgada já se tornou tradição e é considerada uma das maiores do País”, afirma o diretor de Atividades Equestres da SRP, José Henrique Cavicchioli. A Cavalgada da Rural foi idealizada pelo jornalista Paulo Ubiratan, morto em outubro de 2010. 60 61 62 Ao se deparar com algo grandioso demais, o matuto muitas vezes recorre a uma expressão que já entrou para a lista dos provérbios nacionais: “Daria para escrever uma enciclopédia”. E precisaria ser uma baita enciclopédia para reunir tantos registros, balanços, números, causos, histórias de vida, de dedicação, trabalho e, sobretudo, tantas imagens proporcionadas por 56 anos de Exposição e 70 anos de Sociedade Rural. Imagens de histórias nos pavilhões de gado, onde um valioso touro nelore se rende a um afago de um garotinho. Do parque de diversões, de ontem e de hoje, e seus brinquedos de tirar o fôlego. Do concurso da abóbora. Dos suntuosos tratores de hoje, com tecnologia embarcada de humilhar os equipamentos de antigamente. Dos concursos de rainhas. Das bilheterias lotadas, em colorido e em preto-e-branco. Da suntuosa passarela que agora carreia os visitantes, com máxima segurança, para o ‘Ney Braga’. Imagens da formidável diversidade de animais, grandes e pequenos, comuns e exóticos, todos de excelente linhagem. Dos grandes e dos Novos Talentos da nossa música. Dos sabores do Paraná. Da limpeza impecável das ruas do parque. E da correta destinação dos resíduos. Do Aquário que exibe muitas espécies, encanta as pessoas e incentiva a piscicultura. Imagens da Esquadrilha da Fumaça e suas acrobacias. Da habilidade dos peões, cavaleiros e amazonas nas provas equestres, hipismo, rodeios. Dos sorrisos, encontros, abraços, namoros. A ExpoLondrina é sinônimo de alegria. 63 Os desafios A Esquadrilha da Fumaça, grupo de pilotos e mecânicos da Força Aérea Brasileira que fazem acrobacias pelo Brasil e pelo mundo, participou da ExpoLondrina várias vezes - a primeira em 1965 União e fortalecimento QUAIS SÃO, HOJE, OS MAIORES desafios da Sociedade Rural? Como você enxerga a entidade daqui uma década, quando ela completar 80 anos? Essas duas questões foram colocadas para todos os ex-presidentes da SRP. O resultado pode ser conferido nas próximas duas páginas: um posicionamento firme quanto à defesa intransigente dos interesses dos produtores, ações para união da classe, necessário apoio às novas tecnologias – e fé inabalável nas novas gerações. OS DESAFIOS S O C I E DA D E R U R A L D O PA R A N Á 7 0 A N O S Força, união, credibilidade NA OPINIÃO DOS EX-PRESIDENTES, ESTAS DEVEM SER AS METAS A SEREM MANTIDAS OU ALCANÇADAS NA PRÓXIMA DÉCADA Instigados a opinar sobre os maiores desafios da Sociedade Rural do Paraná e como a enxergam daqui a dez anos, ex-presidentes da entidade se posicionaram firmemente em torno de princípios que norteiam a atuação da SRP desde a fundação, em 1946. A defesa dos interesses dos produtores – objetivo ressaltado já pela primeira diretoria, presidida por Hugo Cabral – é unanimidade. Muitas outras questões também vieram à tona, como a excessiva tributação. “O agricultor é penalizado. O governo consome recursos do trabalhador e do empregador rural, mas não dá retorno do que é pago”, afirma Manoel Campinha Garcia Cid (1970-76, 1996-97). “O produto do setor agropecuário é transportado por rodovias”, exemplifica Neco. “No entanto, as estradas não recebem a manutenção adequada. É preciso melhores estradas para o adequado escoamento dos produtos.” Outro ponto, acrescenta Neco, diz respeito às leis trabalhistas que, segundo ele, penalizam o empregador pela quantidade de tributos que lhe é imposta. E destaca que “a SRP precisa, cada vez mais, buscar benefícios para as pesquisas, experimentos e investimentos na área agrícola, como foi o caso das ações políticas em favor do Iapar e da Embrapa. Alta tecnologia aplicada no plantio e exploração de grãos, para melhorar a produtividade”. Luiz Roberto Neme (1976-78, 1986-88, 1997-98) sugere que nos próximos anos as diretorias da SRP tomem iniciativas para aumentar o quadro associativo “para fortalecer a união e dar maior representatividade política à classe produtora”. E prossegue: “Vejo a Rural, daqui dez anos, cada vez mais forte, unida e atuante, com a participação expressiva dos mais jovens, que terão novos e maiores desafios pela frente”. Para Jamil Janene (1980-84), o principal desafio da Sociedade Rural, a curto e médio prazo, “é continuar a ter o prestígio que sempre teve junto aos poderes políticos”. Na opinião de Jane- 66 ne, a entidade, quando comemorar seus 80 anos, “continuará grande, com bastante importância na cidade e na região”. E ressalta: “A Rural tem bastante peso e acredito que continuará tendo”. “A entidade tem tradição que dá a ela uma grande capacidade de convocação no setor perante todas as lideranças. Essa capacidade precisa ser usada nos momentos oportunos. É preciso também manter a correlação da Rural com as festas que promove”, afirma Brazílio de Araújo Neto (1984-86, 1988-90), que vê “a SRP, cada vez mais, assumindo o seu papel, não se distanciando da questão da representatividade da classe e continuando patrocinadora do progresso e da tecnologia rural”. São dois os grandes desafios da Rural, no entender de Luiz Meneghel Neto (1990-92): consolidar a entidade como liderança no agronegócio e como realizadora da melhor feira do segmento no País. “A SRP vai ter que se modernizar, visto que a agricultura vai mudar muito nos próximos dez anos. E a questão ambiental tem muita influência nisso. Por isso, precisa estar na vanguarda e transmitir isso aos associados, para que eles estejam em conformidade com que os clientes vão querer. Os consumidores estão cada vez mais exigentes no que tange ao respeito ao meio ambiente”, analisa Meneghel. José Carlos Tibúrcio (1992-93, 1995-96) diz não ter dúvida de que o maior desafio da SRP é político. “É preciso crescer na defesa dos interesses do produtor rural. Ainda mais agora que o país enfrenta uma forte crise que deve prosseguir pelos próximos anos. É defender o produtor rural com unhas e dentes”, declara Tibúrcio, para quem a entidade vai continuar em ritmo crescente, mantendo a ExpoLondrina como a maior do Brasil e uma das maiores da América Latina e prosseguindo com suas ações de cunho social e político. “Nós sócios precisamos saber votar e saber escolher os dirigentes que possam manter a qualidade da Sociedade Rural do Paraná.” “A tendência é que a SRP continue sendo uma entidade de elevadíssima reputação, com credibilidade para representar o setor agropecuário e promotora de um grande evento popular.” Samir Cury Eide (1994) elege como maior desafio “a representação digna da classe ruralista na defesa de seus interesses, lutando por suas causas, continuadamente, em todos os níveis, municipal, estadual e federal”. Ele defende a SRP “fortalecida em suas diretorias e departamentalizada a tal ponto que possa prestar todos os serviços de demanda da classe ruralista, com seus respectivos custos pagos pelos produtores a ponto de atrair novos sócios e manter-se como uma entidade reconhecida pelos associados e pelos governos”. Para a próxima década, Samir Cury enxerga a Rural como “grande centro de eventos inovador e com perfil de representação de classe mais eficaz”. Além de uma ação constante em defesa da política do agronegócio e do produtor rural, que garanta renda e mais tranqüilidade, Francisco Luiz Prando Galli (1998-2002) afirma que o objetivo está em conquistar o acesso às novas tecnologias desenvolvidas pelos institutos de pesquisa, e aos novos maquinários a juros compatíveis para a agricultura. “Tudo é uma questão de coerência e perseverança”, opina Galli. “A entidade vai continuar funcionando e existindo na exata proporção da defesa dos interesses da classe.” Arrebanhar mais sócios e se inter-relacionar com as demais sociedades rurais do Estado é a proposta imediata de Edson Neme Fernandes Ruiz (2002-2006). Os associados das outras entidades seriam sócios indiretos e não pagariam contribuição. O objetivo seria atraí-los para dentro da SRP para que a entidade represente um número maior de sócios e tenha, consequentemente, mais força política”, ele detalha. “Um dos caminhos seria, por exemplo, a criação de um novo conselho com os representantes das outras sociedades rurais.” Edson Neme Ruiz diz também que “manter a ExpoLondrina é uma necessidade, visto que a feira é a maior fonte de arrecadação” da entidade. “A SRP precisa continuar tendo participa- ção ativa no município, no Estado e na Federação, na defesa dos interesses da classe rural.” Nesse momento de instabilidade política, destaca Fernando Menezes Prochet (2010), a obrigação da SRP, em conjunto com as demais entidades que representam o setor, é se posicionar para que as necessidades da categoria sejam contempladas. “A Sociedade Rural precisa continuar no processo de liderança da categoria”, acredita Prochet. Para ele, “o segundo desafio é continuar repensando e evoluindo como tem sido feito, com sucesso, a execução da ExpoLondrina, que é a principal festa da cidade e da região”. Para Gustavo Andrade e Lopes (2010-2012), é preciso estabelecer mecanismos e canais eficientes de comunicação para que a Rural esteja mais próxima ao produtor e consiga identificar suas necessidades de forma eficaz para representá-lo perante os órgãos governamentais competentes e outros ligados ao setor produtivo. “No futuro, além de uma entidade mais inserida e atuante nas questões da classe e nas questões políticas que contribuam com o desenvolvimento da sociedade, vejo a Rural com um perfil mais jovem de atuação, uma renovação na gestão por meio dos jovens que atuam profissionalmente na área.” Para Alexandre Kireeff (2006-2010), é necessário, sobretudo, não perder a identidade como representante da classe agropecuária. Neste sentido, diz o atual prefeito de Londrina, o desafio é manter o entendimento de que a festa popular, a Expo, na verdade é uma ação que procura viabilizar economicamente o evento agropecuário e técnico, e não o contrário. “A festa do entretenimento não pode virar um fim em si mesmo”, ele alerta. “E para daqui dez anos a tendência é que a SRP continue sendo uma entidade de elevadíssima reputação, com credibilidade para representar o setor agropecuário e promotora de um grande evento popular.” 67 Av. Tiradentes, 6275 • Londrina • PR • 86072-000 •Tel. (43) 3378-2000 - srp.com.br
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