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E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 1 5 D E M A I O D E 2 0 0 6 5 CULTURA ARTES CÊNICAS Festival Internacional de Teatro de Bonecos, que acontece em junho, em Belo Horizonte, traz companhias da Alemanha, Canadá e Espanha, que se apresentam ao lado de grupos brasileiros Entre luzes e sombras YVES DUBE JANAINA CUNHA MELO A 7ª edição do Festival Internacional de Teatro de Bonecos promete espetáculos líricos e poéticos na programação que movimenta a cidade de 1º a 8 de junho. São 18 apresentações em diferentes técnicas de teatro de animação, executadas por companhias da Alemanha, Canadá e Espanha, além dos grupos do Rio Grande do Sul (Cia. A Caixa do Elefante), Rio de Janeiro (Pequod), São Paulo (Morpheus Teatro) e Minas Gerais (Giramundo, que encena A bela adormecida). A venda antecipada de ingressos começa amanhã, com preços promocionais, no posto do Sinparc no Parque Municipal, até o dia 31. Idealizador e coordenador do festival, Lelo Silva adianta que é enorme a expectativa para a chegada das companhias. Entre as produções deste ano, nove são de espetáculos inéditos para o público mineiro. “Temos montagens descomplicadas, fáceis de operacionalizar, e outras mais complexas, que exigem uma produção bastante antecipada”, comenta o organizador, que participa regularmente de festivais no exterior e em outras capitais brasileiras para selecionar as atrações. Entre as que traz para o evento deste ano estão a Cie Le Deux Mondes, do Canadá, que vai apresentar Contos de Teeka. A peça, em técnica mista, conta a história de um menino camponês que sofre maus tratos do pai e tem um ganso como cúmplice. A amizade com o animal faz a criança escapar do ambiente de bras, com projeção de imagens e pintura, com trilha sonora ao vivo, para abordar os sentimentos que as cores podem provocar. Mas Lelo Silva adverte que não existem destaques na programação. Todos os números estão pensados para oferecer de maneira ampla e diversificada as diferentes possibilidades do gênero. Todas as companhias participantes são conceituadas e, de acordo com Lelo, mostram produções de ponta. Este ano, o festival acontece de forma reduzida. Não oferece programação de rua nem oficinas, contrariando o formato das realizações anteriores. Lelo Silva explica que houve atraso na aprovação do projeto pela Lei Rouanet. O imprevisto reduziu a captação de recursos de R$ 380 mil para R$ 230 mil e impediu outras ‘Contos de Teeka’, do Canadá, é uma das mais grandiosas produções do gênero atividades. “Esse tipo de situação compromete demais o nosso violência, segundo o relato que um mês de trâmites com a alfân- trabalho. A programação de rua e envolve atores, bonecos e ima- dega”, conta Lelo. o espaço de formação possibilitagens. “Essa é uma das maiores A rainha das cores, da Alema- do pelas oficinas são fundamenproduções que já vi para o gêne- nha, também gera expectativas. tais. Mas estamos nos preparanro. Foram muitas as exigências, Há três anos a produção espera a do já para a próxima edição”, afirincluindo o deslocamento de disponibilidade de agenda do ma. A estimativa da organização uma carga enorme, que tem que grupo, que vai mostrar no festi- é de que pelo menos 10 mil pesser trazida por navio, e mais de val a técnica de teatro de som- soas participem do evento. LANÇAMENTO Educação brasileira em crise DIVULGAÇÃO CARLOS HERCULANO LOPES Tania Zagury ouviu mais de 1,2 mil professores para escrever seu livro Para tentar entender como anda a realidade da educação no Brasil, aquela que vai da primeira série do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, a educadora Tania Zagury foi à luta. Rodou todo o país, entrou em dezenas de salas de aulas, conversou com alunos e, pacientemente, ouviu cerca de 1,2 mil professores. O resultado dessa maratona, durante a qual constatou que a situação não vai nada bem, está no livro O professor refém, que ela lança hoje em Belo Horizonte. “Estamos vivendo uma crise no ensino e uma queda acentuada no rendimento dos alunos. As coisas não vão bem”, afirma a educadora. Para ela, o problema pode ser computado, desde à má qualidade do próprio ensino, a uma série de outros fatores, que vão da estrutura social às relações familiares, passando pelo sistema educacional. No seu trabalho, no qual mostra ainda como as mudanças no ensino no país – sobretudo as ocorridas as partir de 1970 – não foram acompanhadas das condições necessárias à sua execução, ela aponta também as maiores dificuldades que atualmente são enfrentadas pelos professores no desempenho de sua missão. “A mais grave de todas está relacionada à falta de disciplina e agressividade por parte dos alunos. Esse problema foi apontado por 22% dos professores entrevistados. Em seguida veio a desmotivação e a falta de vontade dos alunos em aprender. E o terceiro problema tem a ver com o sistema de avaliação, que não é feito como os professores gostariam ou acham que deveria ser”, diz Tania Zagury. Para ela, um outro dilema relacionado ao sistema educacional brasileiro tem a ver com a falta de continuidade de determinados programas. “Às vezes uma coisa está indo bem, dando resultados positivos, e aí chega um governo novo e interrompe o processo, sem a menor sensibilidade”, diz. No seu entendimento, os professores, no caso de se fazerem mudanças, também deveriam ser ouvidos, pois são eles que, melhor do que ninguém, “conhecem a realidade de uma sala de aula”. FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE BONECOS PROGRAMAÇÃO DIAS 1º E 2 DE JUNHO 20h – O princípio do espanto, Morpheus Teatro (SP), Teatro Santa Dorotéia DIA 3 11h e 16h – Inzôonia (RS), Teatro Santa Dorotéia 16h – A bela adormecida, Giramundo (MG), Teatro Francisco Nunes 20h – L’Avar, Tabola Rassa (Espanha), Espaço Cultural Imaculada 20h – Las aventuras de la extraña pasajera en: de una habitación a otra, Cia. La Cònica/Lacònica (Espanha), Teatro Alterosa DIA 4 11h e 16h – Encantadores de histórias, Cia. A Caixa do Elefante (RS), Teatro Santa Dorotéia 16h – A bela adormecida, Teatro Francisco Nunes 20h – L’Avar, Espaço Cultural Imaculada 20h – Las aventuras de la extraña pasajera en: de una habitación a otra, Cia., Teatro Alterosa DIA 5 20h – O velho da horta, Pequod (RJ), Teatro Alterosa DIA 6 20h – Die Königin der Farben (A rainha das coresfoto), Erfreuliches Theater Erfurt (Alemanha), Espaço Cultural Imaculada 20h – O velho da horta, Teatro Alterosa M. BARTELS DIA 7 11h – Lançamento da revista Móin-Móin, Teatro Alterosa 20h – L’histoire de l’Oie (Contos de Teeka), Les deux mondes (Canadá), Teatro Alterosa 20h – Die königin der farben (A rainha das cores), Espaço Cultural Imaculada DIA 8 20h – L’histoire de l’Oie, Teatro Alterosa A Exposição Catibrum 15 Anos acontece todos os dias, das 13h às 21h, no Teatro Alterosa, com entrada franca. ENDEREÇOS ■ Espaço Cultural Imaculada, Rua Aimorés, 1.600, Lourdes, (31) 3335-1900 ■ Teatro Alterosa, Av. Assis Chateubriand, 499, Floresta, (31) 3237-6611 O PROFESSOR REFÉM Lançamento do livro de Tania Zagury, hoje, a partir das 19h30, no Espaço de Arte Pitágoras/MAP, Rua Madalena Sofia, 25, Cidade Jardim, dentro do Projeto Sempre um Papo, com patrocínio do Estado de Minas e Usiminas. Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501. ■ Teatro Francisco Nunes, Av. Afonso Pena, s/nº, Parque Municipal, Centro, (31) 3224-4546 ■ Teatro Santa Dorotéia, Rua Chicago, 240, Sion, (31) 3285-1687 INGRESSOS ■ R$ 9, cada, no posto Sinparc do Mercado das Flores (Av. Afonso Pena com Rua da Bahia), de amanhã a dia 31 deste mês. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60) na bilheteria dos teatros, a partir de 1º de junho. VÍDEO ■ Informações: (31) 3224-4949 ou pelo site Histórias para ver e ouvir MARIANA PEIXOTO Quinze vídeos realizados entre 1998 e 2006 integram a mostra Espirrada de sangue, retrospectiva do realizador Carlos Magno que integra a programação do projeto Curta Circuito, hoje, no Cine Humberto Mauro. A antologia foi dividida em três blocos: Vídeos de escutar (feitos em VHS); Experimentos não-lineares (vídeos digitais feitos com baixa resolução); e Ex-machines (realizados em mini-DV). Todos os trabalhos têm um ca- ráter autobiográfico – boa parte é experimental. “Faço meus vídeos com amigos e parentes. A última série (Ex-machines), por exemplo, venho realizando desde 2001 com meu filho”, comenta Carlos Magno. Há trabalhos realizados em parceria com outros videomakers, caso do mais recente, Kalashnicov, sobre realidades aparentes, feito com Chico de Paula. “Os vídeos são provocadores, muitos tratam sobre uma violência simbólica.” Graduado em Cinema na Escola de Belas Artes da UFMG, Carlos Magno atualmente está produzindo seu primeiro trabalho em 35mm. O curta Igreja revolucionária dos corações amargurados também segue a linha documental, em que o realizador interfere diretamente no assunto tratado. “Filmei, no Alto Vera Cruz, uma história sobre religião e imaginário popular”, conta Carlos Magno. Junto com sua equipe, ele criou para o público da comunidade um ritual de uma suposta igreja pentecostal que simulou até sacrifício de animais. “Foi uma encenação e as pes- soas sabiam disso. Mas teve gente que chamou a polícia, que chegou sem saber o que estava acontecendo.” Houve certa truculência por parte das pessoas, que acabaram misturando realidade e ficção, nos moldes de um reality show. O lançamento deve ser ainda esse ano. CURTA CIRCUITO Retrospectiva Espirrada de sangue, do realizador Carlos Magno. Hoje, às 19h, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3237-7399). Entrada franca. www.festivaldebonecos.com.br