Jéssica Alves E. Ferreira e Tamyres Cristina F. Ribeiro
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Jéssica Alves E. Ferreira e Tamyres Cristina F. Ribeiro
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E PROPAGANDA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TRÊS DO ROCK: PROGRAMETES DE RÁDIO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DO ROCK BRASILEIRO Alunas: Jéssica Alves Elias Ferreira Tamyres Cristina F. Ribeiro Orientadora: Ma. Angélica Cordova M. Miletto Brasília - DF 2014 Jéssica Alves E. Ferreira Tamyres Cristina F. Ribeiro TRÊS DO ROCK: PROGRAMETES DE RÁDIO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DO ROCK BRASILEIRO Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, apresentado como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientadora: Professora: Ma. Angélica Cordova M. Miletto Brasília – DF 2014 AGRADECIMENTO Jéssica Alves Aos meus pais que apesar de todas as dificuldades, me apoiaram tanto financeiramente como emocionalmente. Sem eles eu não estaria aqui. Ao meu pai que sempre me incentivou ao caminho dos estudos e ajudou a começar o nível superior. À minha mãe que sempre me deu bons conselhos e apoio a nunca desistir do curso. À Universidade Católica de Brasília e aos professores do curso de Comunicação Social que contribuíram bastante para abrir o caminho do conhecimento com assuntos cotidianos relacionados ao curso, ajudando também na escolha do tema deste trabalho. À nossa orientadora Angélica, com todo seu bom humor e paciência com nossas idéias mirabolantes, sempre nos deu um bom suporte e dicas para enriquecer o projeto. Ao professor Jefferson que foi nosso primeiro orientador e acompanhou os primeiros passos deste trabalho. À Tamyres, que além de ser dupla no projeto é também uma amiga que me acompanha na vida de estudante há anos, desde o ensino fundamental até o ensino superior. Ao meu irmão Rodrigo, que se formou neste curso e me deu algumas sugestões para meu aperfeiçoamento. Enfim, agradeço minhas amigas e a todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha vida e formação acadêmica. Obrigada! AGRADECIMENTO Tamyres Ribeiro Agradeço antes de mais ninguém aos meus pais, Edna e Maurício, que me apoiaram desde meu primeiro dia de vida até agora, e me deram forças e toda a ajuda necessária para que eu concluísse mais uma fase da minha vida. Sem vocês nada disso seria possível. Jefferson Dalmoro, obrigada por me acompanhar e dar suporte no início deste projeto. Sua participação e direcionamento foram de extrema importância para que pudéssemos tocar o trabalho. Angélica Cordova, muito obrigada pela dedicação e compreensão que nos foi dada durante todo o semestre. Sua orientação, estímulo e aconselhamentos foram cruciais para que eu continuasse firme com este projeto. Jéssica Alves, finalmente chegamos ao fim dessa fase. Depois de viver tantas emoções juntas e tantos anos como amiga e companheira acadêmica, agradeço com muita sinceridade por tudo. O momento mais importante da minha vida acadêmica foi a passagem pela Matriz Comunicação, e eu não poderia deixar de agradecer a existência desse projeto e a oportunidade que tive de passar por lá. Um lugar que me fez crescer como profissional, como pessoa e como acadêmica, a Matriz me deu o direcionamento que eu precisava para me encontrar dentro da minha profissão e dar início à minha carreira. Esse lugar me trouxe pessoas e vivências maravilhosas que me marcaram muito, e me ajudaram a definir caminhos que antes pareciam ofuscados pela falta de foco. Agradeço aos amigos que dividiram tantos momentos importantes comigo. Obrigada a todos os Marcianos, que me aguentaram desde o início até agora. Gabriella Ávila, você me deu ânimo para continuar e fez meus dias mais leves com suas visitas cheias de luz. Obrigada pelo estímulo e por todo o resto. Robynson Veríssimo, você ficou por último para fechar com maestria. Você é uma das pessoas mais importantes para a minha vida pessoal e acadêmica. Muito do que tivemos construiu boa parte da pessoa que sou hoje. Muito obrigada por me inspirar e me dar forças sempre, e por me ajudar no projeto até o fim. Obrigada por fazer parte disso tudo. Obrigada a todos que de alguma forma contribuíram para a minha formação acadêmica. RESUMO Este projeto experimental tem como finalidade executar programetes de rádio que têm o intuito de informar sobre a origem e o desenvolvimento das várias manifestações do rock no Brasil, dividindo-os entre subgêneros que contribuíram com a história do rock brasileiro. Apresentaremos a história do rock no Brasil em contraste com o consumo do rádio no país. Palavras-chave: Rádio. Programetes. Rock brasileiro. ABSTRACT This experimental project aims programetes run radio that have the purpose of informing about the origin and development of the various manifestations of rock in Brazil, dividing them between subgenres that have contributed to the history of Brazilian rock. We are going to present rock‟s history in Brazil opposed to the radio consumption in the country. Keywords: Radio. Programetes. Brazilian rock. SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6 OBJETIVO ................................................................................................................ 7 2.1 3. 4. Objetivos Específicos .................................................................................................... 7 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 7 METODOLOGIA ..................................................................................................... 9 4.1 5. 6. Programete .................................................................................................................... 9 O PANORAMA DO RÁDIO CONTEMPORÂNEO ............................................. 12 ROCK ...................................................................................................................... 13 6.1 Origem do Rock .......................................................................................................... 13 6.2 História do rock nacional ............................................................................................ 14 6.3 Ditadura militar, MPB e Rock..................................................................................... 15 7. Subgêneros e bandas de rock dos programetes ....................................................... 16 7.1 7.1.1 Bacamarte ............................................................................................................ 17 7.1.2 Veludo ................................................................................................................. 18 7.1.3 O Terço................................................................................................................ 18 7.2 O punk rock no Brasil ................................................................................................. 19 7.2.1 Cólera .................................................................................................................. 21 7.2.2 Aborto Elétrico .................................................................................................... 22 7.2.3 Blind Pigs – Porcos Cegos .................................................................................. 23 7.3 8. O rock progressivo no Brasil ....................................................................................... 16 O Indie Rock no Brasil ................................................................................................ 24 7.3.1 A banda mais bonita da cidade ............................................................................ 24 7.3.2 Bidê ou Balde ...................................................................................................... 25 7.3.3 Móveis Coloniais de Acaju ................................................................................. 26 Roteiros ................................................................................................................... 26 8.1 Rock Progressivo......................................................................................................... 26 8.2 Punk Rock ................................................................................................................... 29 8.3 Indie Rock ................................................................................................................... 33 9. 10. 11. DIÁRIO DE BORDO ......................................................................................... 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 37 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 38 1. INTRODUÇÃO O rock é um gênero muito rico quando analisamos suas diversas vertentes que se desenvolveram a partir de suas raízes, e nesse sentido, temos fãs e ouvintes ocasionais que desconhecem a história e a diversidade desses subgêneros. E este é um dos fatores que serão trabalhados com o produto executado neste projeto: O rock não é caracterizado somente pela heterogeneidade musical e estilística: seus fãs diferem radicalmente entre si apesar de ouvirem o mesmo tipo de música. Diferentes fãs parecem usar a música com diferentes propósitos e de diferentes modos, eles possuem fronteiras diferenciadas para definir não só o que ouvem, mas também o que é incluído dentro da categoria de rock and roll. (GROSSBERG, 1997, p.29) Boa parte do público geral desconhece os subgêneros que se derivam do rock. Em tempos onde o rock nacional não tem o destaque que já teve no passado, seu público atual se nutre, muitas vezes, do rock produzido fora do país. O consumo musical está relacionado ao que é inserido na cultura atual, ou seja, na mídia. Janotti (2003) afirma que o consumo está ligado, nos dias de hoje, a uma parte do processo identitário, em que as tensões entre a cultura global e suas apropriações locais acabam sendo importantes nichos de negociação. Assim, a identidade também é perpassada pelo consumo de objetos culturais, veiculados globalmente, e aqueles com características locais. A partir disso podemos dizer que a inserção do rock nacional no cotidiano das pessoas pode fortalecer a relação entre o gênero e a identificação com o ouvinte. Podemos considerar um fortalecimento da relação do rock com as pessoas que não sabem que gostam de rock. Isso acontece muito porque muita gente não consegue definir o que é rock e o que não é. O rock tem em suas raízes uma imagem relacionada à juventude. Janotti (2003) traz esclarecimentos relacionados a isso quando ressalta que embora os dicionários reduzam juventude à “idade moça; à mocidade; adolescência...”, o conceito de juventude deve ser tensionado até permitir a compreensão de suas implicações dentro da configuração do rock. Ele diz ainda que a ideia de juventude não está limitada a certos estágios entre a infância e o mundo adulto. Essa ideia, presente no rock, abarca conformações que surgem com a explosão midiática após a Segunda Guerra e a valorização mercadológica do segmento juvenil a partir da música. O posicionamento juvenil que vai contra os espaços normativos sociais já é percebido desde a década de 50. Os movimentos juvenis 6 se tornaram referencias para uma parcela da população que buscava estilos de vida e ideais independentes. Ao longo do desenvolvimento deste projeto, visamos desenvolver as técnicas de produção radiofônica introduzidas no decorrer do curso, além de oferecer ao público jovem uma oportunidade prática de conhecer melhor o rock nacional. Por isso, foram feitos pilotos de um programa, denominado programete pela sua pequena duração, para informar um pouco mais sobre o rock nacional, valorizando as músicas que marcaram época no Brasil e que foram e ainda são muito importantes para a história do gênero no país. Uma possibilidade é despertar interesse nos jovens que gostam de rock, mas não tiveram contato com bandas que fizeram a história do gênero e não têm conhecimento sobre os artistas, auxiliando esses jovens a terem uma visão plena da história do rock e de seu desenvolvimento no Brasil, reconstruindo a imagem desse cenário. Trazemos com esse projeto a base do cenário atual que, muitas vezes, foi ofuscada ao longo dos anos. 2. OBJETIVO Produzir pilotos de programetes de rádio sobre gêneros de rock brasileiro. 2.1 Objetivos Específicos Aprender técnicas de produção, programação e desempenho no rádio, ampliando assim os caminhos no futuro profissional. Oferecer ao público jovem novas perspectivas sobre a história do rock brasileiro, contextualizando a trajetória desse gênero musical. Apresentar bandas dentro do gênero escolhido. Dar mais visibilidade a bandas e fatos curiosos sobre a história do rock brasileiro aos jovens com idade entre 16 e 25 anos através de programetes diretos e envolventes. Informar o público-alvo com curiosidades de algumas bandas do rock nacional e mostrar como elas surgiram e se desenvolveram. 3. JUSTIFICATIVA Segundo Hausman, Messere, O‟Donnell e Benoit (2010), o rádio tem duas características mágicas: primeiro que ainda é uma das poucas mídias que podem ser acessadas de maneira segura e confiável no carro, onde gastamos um percentual cada vez maior do nosso tempo, e segundo, é um parceiro constante de gente que realiza 7 diversas tarefas. Uma fatia cada vez maior da audiência dedica-se a ouvir rádio simultaneamente com alguma outra mídia, em especial as inerentes ao computador. O que o autor traz nesse trecho ajuda a justificar o interesse pelo público jovem, cada vez mais imerso em vários afazeres ao mesmo tempo, especialmente no universo virtual. Outro ponto que deve ser destacado é a questão do uso do rádio nos carros. Com o crescimento do trânsito nas grandes cidades brasileiras, inclusive na capital federal, temos situações propícias para estimular o ouvinte a ter contato com o programa em dias de tráfego intenso, agindo no sentido de entreter e informar durante uma situação de desgaste como um engarrafamento, por exemplo. O argumento proposto nos aponta um caminho interessante, complementando possibilidades de segmentação de público. A parcela do público-alvo que já tem idade para dirigir e possui carro contribui para uma nova forma de tratar o programa, inclusive em sua divulgação. O rádio deixou de ser uma mídia de audiência em massa para se tornar mais específico, ou seja, ele alcança um público-alvo selecionado, mais definido que o público atingido pela programação das emissoras de televisão, na visão de Hausman, Messere, O‟Donnell e Benoit (2010). O programa proposto nesse projeto terá como base um público-alvo bem segmentado1, estando assim adequado ao que é proposto no mercado atual. O meio continua monopolizando grande parte do índice de audiência, e o Radio Advertising Bureau 2(um grupo especializado no setor) estima que uma pessoa nos Estados Unidos gasta, em média, 19 horas por semana ouvindo rádio, um número que se manteve estável nos últimos dois anos. No Brasil, o meio é ouvido por 61% dos brasileiros constantemente, segundo pesquisa de hábitos de consumo de mídia no Brasil3. Isso comprova que o rádio ainda é uma mídia relevante e que vale a pena investir no projeto proposto. O rock nacional influenciou não só outros gêneros músicais, mas também foi inspiração para filmes baseados em letras das músicas, enriquecendo a cultura brasileira. Como exemplos, podemos citar o filme “Somos tão jovens”, que recentemente esteve em cartaz nos cinemas, sobre a vida de Renato Russo e “Faroeste 1 Segmentação: Conjuntos específicos de pessoas com hábitos e comportamentos semelhantes. O Radio Advertising Boureau é uma organização formada por estações de rádio norte-americanas que lidera e promove pesquisas relacionadas ao rádio como meio de comunicação. 3 Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/download/PesquisaBrasileiradeMidia2014.pdf 2 8 Caboclo”, que tem a letra da famosa canção da banda Legião Urbana como base para a trama do longa. Os programetes propostos neste projeto terão como público-alvo jovens com idade entre 16 e 25 anos. Essa segmentação nos coloca frente a um público que tem interesse no conteúdo proposto, considerando que o rock é um gênero que se relaciona diretamente com a juventude. Segundo Corrêa (1989) existem algumas razões que explicam como o rock tornou-se o gênero dominante na música popular jovem: em primeiro lugar, a pouca idade do gênero, que praticamente tem inicio a partir os anos 1950, difundindo-se pelo mundo em larga escala a partir dos anos 1960; em seguida seria a ruptura com todos os gêneros tradicionais anteriores, modificando os padrões de criação, produção, interpretação e audiência na música popular; também porque o rock enseja rupturas e transformações constantes em seu próprio estilo; tem uma identidade com as novas gerações, que buscam também romper tradições; o gênero tem a desvinculação geográfica de culturas ou sistemas políticos; tem também a facilidade de assimilação rítmica pelos jovens, que tem nesse gênero um diferencial etário importante; e por último, tem um vinculo necessário entre uma particularidade do gênero e um artista ou grupo de artistas que o representam ou interpretam, uma vez que falar de rock é sempre particularizar uma de suas características, necessariamente associada a quem representa. 4. METODOLOGIA Os recursos utilizados como suporte para a elaboração dos programetes foram as técnicas de rádio adquiridas nas aulas no decorrer do curso, o estúdio de rádio da Universidade Católica e o programa de edição de áudio “Adobe Audition”. 4.1 Programete Optamos por produzir programetes por sua curta duração, fazendo com que seu conteúdo seja mais publicitário, aproximando o projeto da maneira como a publicidade lida com o rádio. Além disso, com a proposta dos programetes conseguimos produzir um conteúdo mais dinâmico e diferenciado do que temos hoje nas rádios. Com a proposta de trazer um conteúdo atrativo e tão dinâmico quanto nosso público alvo, concluímos que o programete seria o meio mais adequado para cumprir os objetivos do projeto. 9 O pesquisador André Barbosa Filho (2006) define o programete como um produto próximo ao gênero de entretenimento. No que diz respeito ao tempo de veiculação e ao dinamismo da apresentação, este formato de serviço tem a possibilidade de aprofundar melhor os informes de apoio à população. Inserido normalmente dentro de outros formatos, como os rádiojornais ou programas de variedades são veiculados aconselhamentos diversos, tais como cuidados com a saúde, questões jurídicas, investimentos, preços, turismo, emprego, etc. a. Os programetes: Foram produzidos três programetes pilotos. Cada um mostra um subgênero de rock: rock progressivo, punk rock e indie rock. Esses três são subgêneros de grande importância no Brasil. O recorte temporal que fazemos na escolha das bandas não segue um padrão preestabelecido, pois procuramos trazer um panorama misto do gênero, onde bandas mais percussoras e contemporâneas terão espaço ao mesmo tempo. Há previsões de continuidade do projeto que irá explorar outros subgêneros e, até mesmo, voltando a esses subgêneros aqui apresentados, abordando outras bandas de cada um deles. Para cada programa serão apresentadas três bandas e tocadas uma música de cada banda/artista. O programa começa com uma breve introdução ao subgênero. Com a proposta de ter o 3 como um número que representa vários elementos no nosso conteúdo (o tempo, a quantidade de bandas e programetes produzidos, e etc), inserimos também um terceiro locutor. Alex Santos é um colega de turma que foi convidado a participar das gravações com o intuito de fortalecer o simbolismo do número três e completar a equipe com três locutores. b. Duração de cada programete: 3 minutos. c. Conteúdo: Trazer histórico do subgênero no roteiro Introduzir artistas influenciaram o gênero. Falar sobre o papel e a importância das bandas em questão para o gênero que está sendo tratado. 10 Trazer fatos curiosos sobre o gênero no decorrer da programação. Tocar trechos de músicas das bandas escolhidas4. d. Público alvo primário: Jovens que gostam de rock com idade entre 16 e 25 anos. e. Veiculação: O programa pode ser veiculado em emissoras de rádio classificadas como pop, segmentadas, que se encaixam no segmento do rock, atendendo ao público jovem. f. Nome e slogan: 3 do Rock – 3 minutos de rock para o seu dia g. Identidade visual: A construção do logo se baseou na estrada, que simboliza o que retratamos nos programetes: a trajetória do rock no país. Partindo da estrada, trazemos a representação do que já foi e do que ainda está por vir. Estradas são contínuas, assim como o cenário musical. Existem caminhos que já foram percorridos, mas ainda temos muito a ser visto, e a continuidade dos programetes também retrataria isso. Visualmente, a estrada é vista em um ângulo incomum, sendo retratada de cima e na diagonal. O estilo visual usado foi o minimalismo, trazendo uma estética despojada que se resume a usar apenas elementos essenciais para o entendimento da mensagem, sendo assim mais influente e difundido, mesmo com a economia de elementos. Por isso, a estrada acaba por ser lembrada de maneira mais abstrata. A disposição da pista, com cortes transversais, traz dinamismo ao logo. Isso também é ressaltado pela fonte escolhida, que é bastante fluida e tem uma leitura rápida. O tom de azul escolhido tem muito a ver com nosso público alvo e com o espírito que o rock nos transmitiu ao longo do projeto, que é um tom de azul mais quente que passa jovialidade e muita energia. 4 O histórico das bandas selecionadas para os programas pilotos estão no tópico 7 deste trabalho. 11 Todo o dinamismo trabalhado no logo reflete o dinamismo proposto nos programetes, que são rápidos, diretos e procuram sintetizar de maneira clara o que é interessante saber, em um contato tão rápido, sobre determinado subgênero do rock. 5. O PANORAMA DO RÁDIO CONTEMPORÂNEO Segundo a pesquisa brasileira de mídia5, o rádio é o segundo meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira, além de ser considerado o segundo meio mais confiável, perdendo apenas para os jornais impressos. Apesar do dado, percebe-se também que o consumo de rádio entre o público jovem não é muito comum. O percentual da população que ouve rádio todos os dias aumenta proporcionalmente com a idade. Os idosos compõem o público mais presente para essa mídia. A região centro-oeste apresenta um dos índices de consumo mais baixos, acompanhada pela região norte do país. Já no sul, principalmente no Rio Grande do Sul, temos a parcela da população que afirma ouvir rádio com mais frequência: 27% da população afirma ouvir rádio todos os dias da semana. As mulheres costumam ouvir mais rádio que os homens, e existe também uma segmentação importante ao considerar o porte dos municípios. Quanto maior a cidade, mais duradoura tende a ser cada exposição ao meio rádio. As médias de consumo diário do rádio no país têm seus maiores índices nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, principalmente por causa dos estados de Goiás e Rio de Janeiro, que representam as maiores médias nacionais no período de segunda a sextafeira. Dentre as rádios que têm transmissão no Distrito Federal, a maioria dos entrevistados que usam rádio e tem idade entre 16 e 25 anos não soube responder qual rádio é escutada com maior frequência. Entre as mais citadas pelo público estão a Clube FM, Jovem Pan (São Paulo), Transcontinental FM (São Paulo), Band FM (São Paulo), O Dia FM (RJ) e Beat 98 FM. 5 Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/download/PesquisaBrasileiradeMidia2014.pdf 12 6. ROCK 6.1 Origem do Rock A produção industrial foi estimulada nos Estados Unidos após o conturbado período de guerras mundiais ocorridas na primeira metade do século XX. Durante a Segunda Guerra, os norte-americanos ainda se divertiam ao som das big bands. Mas uma guerra é uma guerra, e seus efeitos são pesados, mesmo para aqueles que levam a melhor. (MONTANARI, 1993, p.62). A grande massa de operários do norte e do oeste os influenciou até a formação dos famosos guetos, que se espalharam por todo o país. A música que era popular na época era basicamente rythm‟n‟blues, gospel e ballad. Com a influência das alterações culturais sofridas em decorrência da segunda guerra, houve crescimento no mercado musical voltado para a população negra, e assim surgiram rádios especializadas da divulgação desse tipo de música. O blues e o country, que vieram de regiões pobres dos Estados Unidos, demoraram a conquistar o grande público, pois eram consideradas periféricas e de conteúdo obsceno. Porém, depois de serem divulgados nacionalmente, esses ritmos começaram, aos poucos, a ganhar os centros urbanos, valorizando o que costumava ser menosprezado por fazer parte da cultura negra, periférica, e caipira, dando lugar a nomes como B. B. King, Lloyd Price, Mudy Water e Fats Domino. Enquanto isso, o gospel e o ballad se misturaram aos poucos na cultura branca, usando harmonias e ritmos atenuados que facilitaram seu reconhecimento. Para confirmar que esses gêneros conquistaram o mercado naquele momento, Montary (1993) lembra o sucesso “Crying in the chapel”, de 1953, prova esse feito após superar, de longe, todas as tiragens já atingidas por artistas brancos nos Estados Unidos. Nessa época a indústria fonográfica passava por uma estagnação, e essa foi a chance das gravadoras independentes se destacarem fazendo sucesso com o rythm‟n‟blues. A partir disso, cantores brancos passaram a gravar cada vez mais covers de músicas compostas por artistas negros, fazendo alterações em suas letras para as canções conseguissem a aceitação do grande público branco. Agora os discos de rock eram produzidos em massa, e já conquistavam espaço nas grandes rádios. Essa conquista tem como símbolo o lançamento de um programa chamado “Rock na roll party”, comandado por Alan Fred (DJ e publicitário), em 1952. 13 Foi aí que surgiu o Rei do Rock, Elvis Presley, através de um contrato impressionante de 30 mil dólares e um cadillac com a Sun Records, de Memphis. Elvis já tinha em sua bagagem a experiência com o country rock e o rockabilly. Com sua vendagem impressionante, já se afirmava o quanto o rythm‟n‟blues estava aceito pela cultura branca do país e que o gênero estaria disseminado pelo mundo todo. O rock and roll passa a ser devidamente consolidado e dominante em 1965, dez anos após a contratação de Elvis pela gravadora. A consolidação do rock na cultura norte americana influenciou a maior parte do mundo ocidental, desencadeando diversas manifestações isoladas em outros países, provocando o anseio pela evolução de gêneros populares, se tornando assim hinos para a expressão de movimentos sociais como o hippie e o punk. 6.2 História do rock nacional Os jovens do país foram introduzidos ao rock na exibição do filme No balanço das horas (Rock around ten o‟clock), em meados de 1957, que desencadeou o movimento local do rock com Tony e Cely Campelo, Sérgio Murilo e alguns artistas não tão famosos, que atuavam no filme. Com os hits americanos traduzidos para o português, o filme apresentava um ritmo completamente internacional, apesar de suas letras em língua portuguesa. Assim que chegou ao Brasil, o rock gerou certo estranhamento aos jovens da época, já que era totalmente novo e diferente por conta dos instrumentos e do próprio ritmo em si. Mesmo com a falta de espaço social para a juventude, o rock foi absorvido inicialmente pelas orquestras de jazz, e pelos cantores tradicionais, responsáveis pelos primeiros hits do novo gênero. Influenciada pela agitação americana que circulava em torno do políticolibertário e o fim da divisão da cultura branca e negra e com o sucesso dos Beatles, dos Rolling Stones e Jimi Hendrix, a Jovem Guarda afirma o gênero no Brasil. No fim da década de 60, o ritmo brasileiro já incorpora a politização com a Tropicália de Caetano Veloso, Gilberto Gil, e Rita Lee com os Mutantes. No início da década de 70 tivemos o rock de Baby e Pepeu Gomes como marco no gênero. Mundialmente, a indústria conseguiu fazer com que todas as formas de protesto fossem transformadas em peças de consumo, vendendo não só o musical, como também roupas e estilos de vida espelhados em posturas e manifestações observadas naquele 14 momento. Com a morte dos revolucionários da música, Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, a revolução dá lugar à pretensão no rock. Depois disso, quem se destaca no Brasil são grupos como O Terço, Bolha, Módulo 1000, Som Imaginário e o Vímana (que era composto por Lulu Santos, Ritchie e Lobão), em paralelo ao início da visibilidade do rock rural brasileiro, protagonizado por Milton Nascimento e os irmãos Borges. A década de 70 trouxe um mix de subgêneros do rock que aprofundou os sons. Foi daí que nasceu o progressivo, a música rural e outros sons nordestinos. 6.3 Ditadura militar, MPB e Rock Durante o período da ditadura militar, o país ficou abalado não só socialmente, mas também culturalmente, pois o governo detinha o poder de tirar direitos do cidadão brasileiro, de forma que muitos cantores, compositores, atores e jornalistas chegaram a ser intimados a deixar o país. O Brasil estava praticamente isolado culturalmente. A MPB tinha muita força e o rock era visto como uma grande ameaça de rebeldia vinda dos jovens. A repressão à produção cultural perseguia qualquer ideia que pudesse ser interpretada como contrária aos militares, mesmo que não tivesse conteúdo diretamente político. Por conta disso os militares foram capazes de prender, sequestrar, torturar e exilar artistas e intelectuais. Compositores do rock nacional sofreram muito com a repressão porque o regime militar via o perigo representado pelo rock como aliado à rebeldia da juventude. O rock era claramente uma ameaça por conta de grupos jovens que se reuniam para tentar fazer a revolução no país. Os roqueiros eram vistos como “demolidores” por conta de seus cabelos longos, roupas diferentes e o próprio instrumento musical, que passavam totalmente o contrário das ideias do governo ditador. Vários músicos foram presos no período e a impossibilidade de realizar apresentações artísticas ou a proibição de músicas tocadas em shows, programas de rádio ou de TV eram frequentes. São inúmeros os casos de discos que foram lançados com atraso e outros tantos que nem chegaram a ser lançados, prejudicando importantes bandas brasileiras que provavelmente teriam feito sucesso caso a situação fosse diferente. As letras de suas músicas eram atrativas aos jovens, que se identificavam com as canções de protesto e o espírito também jovem da MPB da época. 15 A explosão do grupo Secos e Molhados, que herdou seu estilo da incorporação do glam and gliter ao erudito, feita por David Bowie no cenário internacional, e os shows de Alice Cooper no país em março de 1974 fizeram com o rock estivesse presente na grande mídia. Isso permitiu o deslanche do rock no país, principalmente de 1974 a 1976, quando foram realizados os melhores trabalhos no rock da década de 1970. Foi a partir de 1974 que boas bandas que antes se mantinham ofuscadas em garagens e porões saíram do escuro e se encontraram sob a luz de um novo período musical. 7. Subgêneros e bandas de rock dos programetes 7.1 O rock progressivo no Brasil O Rock progressivo surgiu no final da década de 1960, no Reino Unido, e ficou muito conhecido a partir da década de 1970 no Brasil. O estilo recebeu influencia direta da música clássica, e do jazz fusion, onde as big bands se destacavam com os grandes grupos que podiam variar entre 12 a 25 músicos em uma orquestra que utilizavam instrumentos músicais típicos do próprio jazz, como os saxofones, trompetes, trombones, violino e violoncelo, que são os instrumentos mais conhecidos em uma big band, e se tornaram os mais usados no rock progressivo. Deste estilo surgiu o rock sinfônico, o space rock, e o metal progressivo. Dentre as principais características do progressivo, estão as músicas lentas com longas composições, complexas e harmoniosas. Algumas músicas podem chegar a atingir de 20 a 23 minutos, como é o caso da música “Echoes” da banda inglesa Pink Floyd. As letras do rock progressivo abordam temas épicos, assim como ficção cientifica, guerra, ódio, entre outros. O rock progressivo chegou ao Brasil com muita força, inclusive disputando a frente da popularidade músical com a MPB. A partir da chegada do progressivo ao país, foi possível considerar que o rock nacional começava a se igualar com o rock mundial em termos de simultaneidade. Uma banda nacional de rock progressivo que se destacou muito na época foi “Os Mutantes”, por inovar bastante o gênero, misturando outros estilos. A banda é conceituada no exterior, já tendo feito shows no Reino unido e outros países da Europa. A década de 70 é dita como a época perdida do rock nacional. Apesar disso, muito rock de qualidade foi produzido durante esse período. Muitas bandas foram 16 esquecidas e várias delas não têm sequer registros de seu trabalho gravado. Porém, é inegável que o papel desses artistas foi fundamental para que o rock tenha se desenvolvido no país nas décadas seguintes. A linguagem do rock progressivo foi interpretada muito bem pelos brasileiros, e foi assimilada paralelamente à época em que países periféricos e até mesmo a Europa e a América do Norte faziam o mesmo. Durante o período de 1971 a 1973, algumas bandas inglesas pioneiras (que são consideradas as maiores referências do gênero), outras alemãs e algumas poucas italianas estavam delineando e fundamentando o estilo. Em meados de 1974 surge uma leva de bandas em todas as partes do mundo, inclusive no Brasil, que se aventura nos terrenos ecléticos do que pode ser denominado um lado ainda mais artístico do rock. O progressivo se embala no Brasil por ter uma abordagem mais aberta e menos padronizada, sendo capaz de enfrentar a popularidade até então inabalada da música popular brasileira. A MPB teve muita importância para diferenciar a produção do rock progressivo no Brasil, onde ao mesmo tempo em que diluía a face já conhecida do rock, trazia ao gênero um toque altamente original. 7.1.1 Bacamarte Bacamarte é uma banda carioca, surgiu em 1974, e era formada por três colegas do Colégio Marista São José no Rio de Janeiro. Foi uma das primeiras bandas a fazer o rock progressivo nacional, mesclando elementos do estilo com um jeito sonoro bem brasileiro. A banda teve várias mudanças de formação ao decorrer dos três primeiros anos de vida. O grupo se apresentou no programa Rock Concert da TV Globo, o que despertou interesse pelo som diferente do grupo com a voz encantadora de Jane Duboc. O resultado seria uma fita gravada em 1977, mas o projeto não foi adiante. Em 1982, a rádio Fluminense FM tinha o costume de abrir espaço para bandas novas, com isso ajudou bastante o grupo a ter a oportunidade de ficar conhecido e foi uma grande revelação para a população na época. Depois disso a banda fez um show em um Teatro de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 1983, a banda gravou o primeiro e único disco, o álbum independente “Depois do fim” que foi considerado um dos melhores álbuns do gênero, e esteve disponível ao público com o apoio da Rádio Fluminense. O site Progarchives lista o 17 álbum Depois do Fim do Bacamarte juntamente com as mais expressivas criações das principais bandas do gênero, como Pink Floyd, Jethro Tull, Yes, Genesis. Foram vendidas milhares de cópias no Brasil, países da Europa e também no Japão, mas com o tempo depois do sucesso da estreia a banda chegou ao fim. Na década de 1990 o guitarrista Mário Neto lançou o CD “As sete Cidades” com o codinome de Bacamarte. Músicos: Jane Duboc (voz). Marcus Moura (flauta, acordeon). Mario Neto (violão e guitarra). Mr. Paul: (percussão). Delto Simas: (baixo). Marco Verissimo: (bateria). Sergio Villarim: (teclados). 7.1.2 Veludo O Veludo surge em 1974, formada por Elias Mizrahi, que era líder da banda e tecladista, Paulo Castro nas guitarras, Pedro Jaquaribe no baixo e Gustavo Schoeter, que antes era integrante da banda Bolha, como baterista. A banda se iniciou com o nome de Veludo Elétrico, ainda com integrantes como Lulu Santos, Fernando Gama (que mais tarde formariam o Vímana), Rui Motta, Tulio Mourão e Luciano Alves. Em 1974 e 1975, a banda ganhava destaque e fazia um sucesso razoável, porém seu som era bastante experimental e nenhuma gravadora arriscava a apostar no grupo e leva-los a estúdio. Com isso, alguns fãs tomaram a iniciativa de levar gravadores às apresentações da banda com o intuito de guardar algum registro de suas músicas, já que a banda nunca conseguiu lançar um álbum de estúdio. É a partir disso que surge, no início da década de 90, o disco Veludo Ao Vivo. As músicas foram gravadas em uma apresentação em um projeto chamado Banana Progressiva. A qualidade das gravações é baixa, pela falta de recursos utilizados. 7.1.3 O Terço O Terço, é uma banda precursora do progressivo no Brasil, foi formada em 1968. As músicas eram feitas com influencias do rock italiano e uma misturae de outros estilos, como folk e MPB. A palavra “terço” significa "fracionário que corresponde a três" ou a "terça parte de alguma coisa", inclusive a do Rosário, conjunto de contas utilizado na liturgia Católica para computar um determinado número de orações (quinze Pais-Nossos e quinze Ave18 Marias). O nome O Terço foi muito bem intitulado, para essa primeira formação da banda, porque era um trio (guitarra-baixo-bateria). Sérgio Hinds, perguntado de onde foi tirado o nome do grupo disse: O Terço, como trio, é o símbolo do rosário representando união. O primeiro álbum não tinha tantos elementos do progressivo, mas mesmo assim foi um trabalho de destaque no cenário progressivo nacional. Posteriormente, alguns integrantes d‟O Terço fizeram sucesso com a banda “14 Bis”. Seu álbum mais relevante foi o “Criaturas da noite”, que fez muito sucesso e consolidou a banda na história do gênero. Os grandes ícones da banda, nessa época, eram o tecladista, violonista e vocalista Flávio Venturini e o guitarrista, violonista e vocalista Sérgio Hinds. Sérgio Hinds, junto com Sérgio Dias, dos Mutantes, e Mozart de Mello, do Terreno Baldio, foi um dos maiores guitarristas do rock progressivo nacional nos anos 70. Em dezembro de 1998, no Rio de Janeiro, o grupo realizou um show em comemoração aos 30 anos de existência da banda. 7.2 O punk rock no Brasil O movimento punk surge no Brasil no fim dos anos setenta, pregando uma ruptura em relação aos padrões sociais das estrelas do rock da época. Como era uma época onde o tráfego de informações era mais lento, o movimento punk que teve início na Inglaterra e que contava com jovens da classe trabalhadora veio para o Brasil através de jovens de classe média, que tinham mais acesso a informações sobre o que acontecia fora do país. A primeira banda que se intitulou punk no país foi a Joelho de Porco, que na verdade adotou a poética do movimento como um golpe de marketing, adotando muito mais a parte da atitude escrachada que o punk pregava do que o posicionamento político em relação aos espaços normativos e a trajetória do rock até aquele momento. O movimento chegou de maneira tão superficial que em 1978 a revista Isto É retratava a nova coleção da grife Ellus seguindo a moda punk. Mas ainda assim era possível identificar o espírito punk iniciado pelos ingleses nos lançamentos músicais da época, com coletâneas que traziam Sex Pistols, Ramones e The Jam, além do LP Pure Mania, do grupo The Clash. Janotti (2003) retrata um pouco do cenário punk no Brasil: a trajetória punk no Brasil está ligada a jovens de classe baixa da zona leste de São Paulo e da região do 19 ABC paulista. Pela primeira vez na história do rock tupiniquim irá se reproduzir por aqui a ligação seminal entre a falta de perspectiva que seduzia jovens carentes do mundo anglo-americano em direção ao rock. Até então, fazer rock no Brasil era coisa de poucos adolescentes que dispunham de tempo para estudar música e acesso à informação. Para suprir essas lacunas começou-se a construir uma cadeia midiática que estava situada longe dos grandes conglomerados multimidiáticos e seus modismos músicais. Essa cadeia músical era alicerçada sobre um programa apresentado por Antônio Senefonte o Kid Vinil, na Rádio Excelsior; pela loja Wop Bop e pelos shows que começaram a se multiplicar a partir de 1978. Enquanto surgiam os espaços de consumo de objetos culturais associados ao universo punk, também viria a circulação dos primeiros fanzines6 nacionais, que eram especializados nas bandas e também discutiam políticas e questões sociais. Os fanzines foram percussores de todas as produções impressas e eletrônicas independentes da década de 80. Era através deles que se espalhavam notícias sobre gêneros do rock como o punk e o heavy metal, que ficavam comumente à margem da grande mídia. Segundo Silvio Essinger (1999), o primeiro fanzine que circulou na capital paulista foi o FactorZero, criado em 1980 por Strombus, integrante da banda Anarkólatras. Os punks conseguiram estabelecer circulação nacional e internacional de seus trabalhos, mesmo longe das gravadoras e da grande mídia, através de trocas via correio, com suas gravações independentes. A partir disso, eles saíram do isolamento local. Antes do movimento punk, os discos independentes eram praticamente restritos a suas locais de origem, e pessoas de outros estados ou países não tinham acesso nem conhecimento sobre eles. A partir disso, bandas como Cólera e Ratos de Porão conseguiram inclusive fazer turnês pela Europa. Essas turnês eram na verdade pequenos shows que eram pagos com o dinheiro arrecadado com a venda de seus discos após os shows, ou ainda fazendo trocas por hospedagem e alimentação. Janotti (2003) ressalta que não se pode deixar de notar que o punk era muito mais que uma sonoridade ou um jeito de fazer rock. Seu modo de contestação exigiu 6 A palavra „fanzine‟ nasceu da redução fônica da expressão fanatic magazine. Ela provém da combinação do final do vocábulo „magazine‟, que tem o sentido de „revista‟, com o início de „fanatic‟. Trata-se de um veículo editado por um fã, seja de graphic novels, obras de ficção científica, ou de poemas, músicas, filmes, vídeo-games, entre outras temáticas incorporadas por estas publicações. 20 que os próprios músicos fossem responsáveis pelos lançamentos de seus álbuns e, mais ainda, pela divulgação de seus ideais. Alguns selos dirigidos por adeptos do punk e até mesmo os próprios músicas produziam discos e shows independentes, como por exemplo o LP Grito Suburbano, que contava com bandas como Inocentes, Olho Seco e Cólera. Aconteceu em 1982 o festival O Começo do Fim, que contou com 3 mil fãs do gênero e mais de 20 bandas de São Paulo e do ABC paulista. Esse festival terminou com 25 presos, vários feridos e muitas manchetes nos meios de comunicação que traziam os jovens punks como agressivos e baderneiros. Tudo isso por que os vizinhos do Sesc Pompéia, local onde aconteceu o festival, espantados com o visual distinto do jovens, chamaram a polícia, que chegou ao local batendo e prendendo todos que encontravam pela frente. Paralelamente, o movimento punk já estava se espalhando por outros estados brasileiros, inclusive pelo Rio de Janeiro, onde bandas como Molotov, Patrulha 666 e Desordeiros traziam um lado da música carioca diferenciado do estereótipo praiano da zona sul. O movimento punk, além de sua vertente do subúrbio que mostrava atitudes e feições mais radicais, originários das periferias de onde surgiu, também veio a ser apropriado musicalmente por adolescentes de classe média que se inspiravam nas bandas inglesas e norte-americanas para falar de tédio e da falta de perspectiva de suas rotinas de vida. Temos exemplos bastante conhecidos de bandas formadas por esses jovens, como as bandas Legião Urbana e Plebe Rude, de Brasília e o grupo Camisa de Vênus, da Bahia. A partir dessa apropriação, voltada muito mais para a estética do que para os aspectos políticos do movimento, aparece o pop rock, na década de 80, sendo um dos movimentos roqueiros mais importantes em termos mercadológicos na trajetória do rock nacional. 7.2.1 Cólera Uma das primeiras bandas de punk rock do brasil, a banda surgiu em 1979. Foi formada por Redson (baixo/vocal), Helinho (guitarra) e Pierre (bateria), que traziam uma proposta libertária, com mensagens diretas, com arte, mostrando um som rápido e melódico. Ainda em 80 a formação foi alterada. Eles fizeram poucos shows até então, bem pequenos. No fim da década, a banda tinha 36 músicas e pelo menos metade delas era 21 tocada em seus shows. Algumas músicas de destaque foram Subúrbio Geral, Dê o fora, Volume pra Caixão e Jane, entre outras. O primeiro disco foi lançado em 1982, pela PunkRock Discos, e se chamava Grito Suburbano, que tinha a participação de outras duas bandas: Olho Seco e Inocentes. O Cólera lançou quatro músicas: Subúrbio Geral, João, Hhei e Guitar. Depois do lançamento do álbum em um show no mesmo ano e de sua apresentação em um grande evento chamado O começo do fim, o gênero foi alavancado e consequentemente o Cólera também. A banda saiu de São Paulo para tocar em outras cidades a partir de 1983, e em 84 participou de coletâneas internacionais e ainda realizou turnê em várias cidades brasileiras. Entre as músicas que se destacaram até 1985, podemos citar Palpebrite, Quanto Vale A Liberdade, Histeria, Subúrbio Geral e São Paulo. Na década de oitenta, a banda continuou aumentando sua popularidade no Brasil, tendo bastante repercussão em estações de rádio e programas de rock, tendo ainda seus LPs vendidos em vários países da Europa e América do Norte. Em 87 fez um turnê na Europa que durou 5 meses, sendo a primeira banda do gênero rock nacional a realizar uma turnê no exterior. Em 1989, mais alterações acontecem em sua formação e eles gravam seu primeiro cd pela Devil Discos, chamado “Verde, não desvaste!”. Depois de mais mudanças na formação na década de noventa, a banda seguiu lançando novas músicas e comemorou seus vinte anos de existência em 1999 com um show em São Paulo. A banda segue com quatro integrantes atualmente e ainda está ativa. 7.2.2 Aborto Elétrico A banda Aborto Elétrico esteve em seu auge entre os anos de 1978 e 1981. Seu show de despedida, que aconteceu em 1982, é tido como lendário dentro do cenário músical brasileiro. A banda representa a origem da Turma da Colina (residencial que tinha tinha prédios onde se podia enxergar o Lago Norte), que consagrou diversas bandas de Brasilia como a Plebe Rude. Existem duas explicações para o nome da banda: uma que diz que o nome surgiu a partir de uma conversa entre Fê Lemos e André Petrorius, e outra que afirma que o nome é uma crítica à polícia Brasiliense, que usava descargas elétricas em manifestantes. Essa versão diz que uma mulher grávida foi atingida por uma descarga elétrica durante uma manifestação e acabou tendo um aborto em meio à multidão. 22 No começo de 1978 foram iniciados os processos de democratização após a ditadura militar. A banda foi fundada quando o gênero estava no auge no cenário músical ocidental. Os rapazes andavam pela cidade com jovens de classe média e mantinham uma rotina de bagunça entre encontros onde bebiam vinho e faziam uso de drogas. Foi em meio a essa realidade que Felipe Lemos, Renato Russo e André Pretorius formaram o Aborto Elétrico. Sua primeira música se chamava I want to be a junkie, e seu primeiro show foi feito no começo de 1980, em um bar da cidade intitulado Só Cana. Após esse show, mudaram de formação e de lugares que frequentavam, dando fim à Turma da Colina. Suas músicas traziam um espírito raivoso e radical, além de tratarem frequentemente de morte como tema. O auge do grupo foi em 1981, mesmo ano em que se iniciou o declínio da banda. Dinho Ouro Preto chegou a fazer parte da banda como vocaliza em seus três últimos meses. A partir do fim do Aborto Elétrico, os integrantes da banda vieram a construir grandes expoentes do rock nacional: a carreira solo de Renato Russo que logo depois foi para o Legião Urbana, e o Capital Inicial, resultado da união entre Flávio, Fê e Dinho Ouro Preto. Grande parte das composições do Aborto Elétrico acabou sendo esquecida. 7.2.3 Blind Pigs – Porcos Cegos A banda Blind Pigs foi fundada em 1993. Seguindo como uma banda independente no cenário punk brasileiro, o grupo teve suas dificuldades para se manter de pé. Lançou seu primeiro álbum em 1997, com o título de São Paulo Chaos, pelo selo Grita! O álbum foi produzido pelo ex-baterista do Bad Religion, revolucionando os padrões de qualidade de produção e gravação no meio punk brasileiro. Depois de seu segundo álbum, “The punks are alright”, a banda lançou um álbum intitulado “Blind Pigs” que assumia uma postura até então inédita no mercado independente brasileiro, que foi a proposta de ter uma unidade visual, combinando clipes, fotos promocionais, site, pôster em um padrão estabelecido. Em 2006 o Blind Pigs se permitiu traduzir-se de vez, se nomeando como Porcos Cegos e lançando o disco “Heróis ou Rebeldes”, que foi o último trabalho da primeira fase da banda. Depois de uma pausa iniciada em 2008, a banda retorna suas atividades em 2013. Agora com vinte anos de carreira, lançaram o álbum “Capitânia”, que trouxe 23 uma nova cara para a banda. Eles propõem inovar até mesmo seu próprio estilo de compor, apontando a reforma na identidade como um desprendimento necessário de sucessos do passado. Em comemoração aos 20 anos de carreira, toda a discografia de estúdio da banda está sendo relança em vinil, saindo em uma turnê comemorativa, com vários shows pelo Brasil. 7.3 O Indie Rock no Brasil O termo “indie” é de origem inglesa, é a abreviação de independent que em português significa independente. Essa vertente teve início na década de 1980 no Reino Unido e Estados Unidos. Era usado por muitos músicos e produtores que trabalhavam independentemente, que ainda não tinham contratos em publicações e distribuições. Um exemplo é quando um músico ou produtor cria um perfil no YouTube e utiliza o termo indie em sua descrição. O indie chegou ao Brasil na década de 90, ele tem um jeito diferente do indie rock americano, é mais parecido com o samba e a MPB. No final da década foi lançado o primeiro disco da banda carioca Los Hermanos, é uma das bandas que fez maior sucesso no Brasil na época, a música que ficou mais conhecida é a “Anna Júlia”. O indie no Brasil segue dois lados diferentes, um lado que faz dançar e com letras em inglês, com bandas como Copacabana Club; Cansei de ser Sexy; Garotas Suecas entre outras. Tem como grande influência bandas como The Strokes, Franz Ferdinand, Arcade Fire, Bloc Party e Arctic Monkeys. É o chamado Indie Rock. Ainda na década de 80, o termo indie também recebeu um conceito diferente. Com a chegada do sucesso, algumas bandas assinavam com gravadoras maiores, mas continuavam com a “ideologia” indie original. Depois disso, pôde-se perceber que indie vai além do que somente um segmento de bandas, passando a ser um movimento mais estruturado. 7.3.1 A banda mais bonita da cidade A Banda Mais Bonita da Cidade começou em 2009 e nasceu da vontade de reinterpretar canções do repertório independente de Curitiba. De lá pra cá, a banda publicou no YouTube o vídeo de “Oração”, um dos mais vistos em 2011. O projeto se tornou um dos responsáveis pela massiva difusão do financiamento coletivo, destacando 24 a banda pelo empreendedorismo em sua gestão. Agora, os músicos trabalham no lançamento do segundo disco de estúdio, “O Mais Feliz da Vida”. A banda representa um estilo mais maduro e sereno comparado com as outras bandas de indie rock e com o próprio rock em si, pois mostra uma mudança sonora com suas principais características. É presente em um som dividido em dois lados: um mais quente, para ser cantado em multidões; e outro mais escuro, voltado à introspecção. O Mais Feliz da Vida, é um álbum conceitual da banda e foi inspirando nas bandas de Arcade Fire e Pink Floyd. O álbum propõe uma reflexão sobre as etapas da vida, com todas as suas alegrias, fracassos, superações e o fim. 7.3.2 Bidê ou Balde Bidê ou Balde é uma banda de rock brasileira formada em 1998 na cidade de Porto Alegre no Rio Grande do Sul. O nome da banda não tem um significado específico. Muitos perguntam de onde veio esse nome, mas a banda sempre fala uma resposta diferente. Mas em uma entrevista para o site Sana Inside7, por Diego Sana feita em Abril de 2001, um dos integrantes respondeu: “Carlinhos: Na verdade nós temos uma fixação quase sexual por certos elementos da ortografia nesta língua brasileira e a relação destes com o rock. O nome é uma bolação nossa em cima disso: queríamos que o nome tivesse as iniciais B e B (por causa de uma música que o Serge Gainsbourg fez para a Bigitte Bardot, e por que todas as bandas que mais gostamos começam com “B” – Beck, Blur, B52s, Blitz, Butter 08, enfim, até os Beatles!). Queríamos também que o nome tivesse um “ou” (porque é legal!). Então falamos com dois cineastas daqui o Carlos Gerbase (que também faz as vezes de punk pós-apocalíptico quando sobe ao palco com Os Replicantes), e o Otto Guerra (que bebe demais!). Pedimos a cada um deles um substantivo com “B”. Então, somos a Bidê ou Balde.” Integrantes: O grupo é composto por Carlinhos Carneiro (vocal), Rodrigo Pilla (guitarra), Vivi Peçaibes (vocal/teclado), Marcos Rübenich (bateria), Lucas Juswiak (baixo) e Leandro Sá (guitarra). Outros ex-membros incluem Katia Aguiar (vocal/teclado), Rafael Rossatto (guitarra), Pedro Hahn (bateria), Sandro Caveira (bateria), André Surkamp (baixo), Pedro Porto (baixo) e Gisele Figueredo (vocal). 7 http://sanainside.com/arquivos-do-central-da-musica/entrevista/bidê-ou-balde-o-rock-sempre-foi-sobreamor 25 7.3.3 Móveis Coloniais de Acaju Móveis Coloniais de Acaju é uma banda brasileira, os integrantes foram criados em Brasília, embora nem todos sejam nascidos na Capital. Beto e Fábio, por exemplo, nasceram em outros países. Quito (Equador) e Lund (Suécia), respectivamente. O nome da banda é baseado em um evento histórico fictício: um suposto conflito unindo índios e portugueses contra os ingleses na Ilha do Bananal. E também homenageia a Revolta do Acaju. A banda é formada por dez integrantes: André Gonzales (voz), Beto Mejía (flauta transversal), Eduardo Borém (gaita cromática, escaleta e teclados), Esdras Nogueira (sax barítono), Fabio Pedroza (baixo), Fabrício Ofuji (produção), Gabriel Coaracy (bateria), Paulo Rogério (sax tenor), Xande Bursztyn (trombone) e Fernando Jatobá (guitarra). A partir de 2005, ano de lançamento do primeiro disco, “Idem”, o grupo se torna presença constante nos principais festivais independentes do país, e conquista um público cada vez maior. Em 2008, “Idem” é eleito pela revista Senhor F. um dos 50 discos independentes mais importantes lançados entre 98 e 2008. A música “Copacabana” também entrou na lista como uma das 50 mais importantes do período. No mesmo ano, a banda realiza uma miniturnê de seis shows pela Europa. 8. Roteiros 8.1 Rock Progressivo Técnica Vinheta de abertura Áudio Três do Rock – Três minutos de rock para o seu dia LOC. Tamyres Oi, eu sou a Tamyres LOC. Jéssica E eu sou a Jéssica LOC. Alex E aqui é o Alex LOC. Tamyres Está começando agora o Três do rock, com mais rock para o seu dia LOC. Jéssica Hoje é dia de falar de rock 26 progressivo. TEC// MÚSICA BACAMARTE – SMOG ALADO EM BG LOC. Alex O rock progressivo chegou ao Brasil com muita força, e disputava até com a MPB. LOC.Tamyres Foi com o rock progressivo que projetamos o Brasil no cenário internacional do rock. LOC. Jéssica No Brasil a aceitação do progressivo foi facilitada porque esse gênero tem uma abordagem mais aberta e menos padronizada. LOC. Alex A banda Bacamarte foi uma das primeiras a tocar rock progressivo no Brasil, em 1974. LOC. Tamyres Eles misturavam elementos do progressivo com um jeito sonoro bem brasileiro. LOC. Jéssica Os caras da banda eram colegas da escola, e nos primeiros anos a banda mudou de formação várias vezes. Um destaque é a voz de Jane Duboc. LOC. Alex O primeiro e único álbum da banda se chama Depois do Fim e foi gravado em 1983. LOC. Jéssica Eles fazem algumas reuniões periódicas e tocam no Rio e em São Paulo. Então se ver a agenda por aí, já corre pro próximo show! LOC. Alex Apesar de ter sido gravado já na época do neoprogressivo, na década de 80, esse álbum ainda tem características muitos marcantes da década de 70, da primeira fase do progressivo. LOC. Jéssica Vamos tocar agora um trechinho de uma música chamada Smog Alado. 27 TEC//Fade out. MÚSICA BACAMARTE – SMOG ALADO TEC// Fade in. MÚSICA VELUDO – A ÚNICA EM BG LOC. Alex Outra banda de progressivo nacional é a Veludo, que foi formada em 74e teve até Lulu Santos em sua formação. LOC. Tamyres Naquela época era difícil que uma gravadora apostasse em uma banda tão experimental quanto eles, mas mesmo assim eles tiveram algum destaque no cenário progressivo. LOC. Jéssica Como eles não conseguiram gravar álbuns de estúdio, foi lançado Veludo Ao Vivo na década de 90, o que só foi possível fazendo uma coletânea de áudios que os fãs gravavam em seus shows. LOC. Alex Vamos conferir um pouco de Veludo então. Essa é a música “A única”. TEC// MÚSICA VELUDO – A ÚNICA TEC// FADE OUT. MÚSICA VELUDO – A ÚNICA TEC// FADE IN. MÚSICA O TERÇO – JOGO DAS PEDRAS EM BG LOC. Tamyres LOC. Jéssica Outra precursora do progressivo no Brasil é a banda O terço, formada em 1968. LOC. Alex Eles tinham influencias do rock italiano e misturavam outros estilos, como folk e MPB. LOC. Tamyres O primeiro álbum não tinha uma pegada tão progressiva, mas ainda assim é um trabalho de destaque no cenário progressivo nacional. 28 Seu álbum mais relevante foi o “Criaturas da noite”, que fez muito sucesso e consolidou a banda na história do gênero. LOC. Alex TEC// MÚSICA O TERÇO – JOGO DAS PEDRAS Fiquem com um trecho da música Jogo das Pedras. TEC// Fade out. MÚSICA O TERÇO – JOGO DAS PEDRAS LOC. Tamyres Essa foi a sua dose de rock por hoje. O progressivo fica por aqui, mas o rock continua no próximo programa. TEC// Fade in. VINHETA TEC// VINHETA DE ENCERRAMENTO Três do rock – três minutos de rock para o seu dia. 8.2 Punk Rock Técnica Áudio Vinheta de abertura Três do Rock – Três minutos de rock para o seu dia LOC. Tamyres Oi, eu sou a Tamyres LOC. Jéssica E eu sou a Jéssica LOC. Alex E aqui é o Alex LOC. Tamyres Está começando agora o Três do rock, com mais rock para o seu dia LOC. Jéssica Hoje é dia de falar de punk rock. LOC. Alex O movimento punk chegou ao Brasil no final dos anos 70, rompendo 29 padrões sociais e musicais. TEC// FADE IN. MÚSICA CÓLERA – GRITO SUBURBANO EM BG LOC. Tamyres Enquanto quem fazia rock no país eram adolescentes que tinham tempo e acesso à informação, o punk surge com jovens de classe baixa da zona leste de São Paulo e do ABC Paulista. LOC. Alex Além da galera do subúrbio que trazia um som com mais radicalidade, o punk também foi reproduzido por jovens de classe média que falavam do tédio e falta de perspectiva em suas músicas. LOC. Tamyres Umas das primeiras bandas de punk rock no Brasil foi a Cólera, fundada em 1979. LOC. Alex O cólera cresceu basicamente junto com o cenário junto com o cenário do punk em São Paulo. LOC. Tamyres LOC. Alex A partir de 84 já faziam turnês nacionais e participavam de coletâneas internacionais de punk rock. Vale a pena conferir o primeiro disco dos caras, chamado Grito Suburbano. Vamos ouvir agora um trechinho de uma das músicas desse álbum, chamado Subúrbio Geral. TEC// MÚSICA CÓLERA – GRITO SURBUBANO 30 TEC// FADE OUT. MÚSICA CÓLERA – GRITO SURBUBANO TEC// FADE IN. MÚSICA ABORTO ELÉTRICO – FÁTIMA EM BG LOC.Tamyres LOC. Jéssica LOC. Alex LOC. Tamyres Outra banda que teve peso no cenário do punk nacional foi o Aborto Elétrico, formada por jovens de classe média que viviam uma realidade diferente da galera da periferia, trazendo um espírito raivoso e radical. O Aborto elétrico teve seu auge entre os anos de 78 e 81, e fez show de despedida em 82. Depois do fim da banda, a formação da época se desmembrou e deu origem a grandes expoentes do rock nacional: a carreira solo de Renato Russo, que depois fundou a Legião Urbana, e o Capital inicial, que foi resultado da união entre Flávio, Fê e Dinho Ouro Preto. Algumas composições do Aborto Elétrico acabaram se dividindo entre a Legião e o Capital. Confira um trecho da música Fátima, criada na época de Aborto Elétrico. TEC// MÚSICA ABORTO ELÉTRICO – FÁTIMA TEC// FADE OUT. MÚSICA ABORTO ELÉTRICO – FÁTIMA TEC// FADE IN. MÚSICA BLIND PIGS – AMANHÃ NÃO VAI MUDAR EM 31 BG Uma banda mais contemporânea no nosso cenário punk é a Blind Pigs, e é dela que vamos falar agora. Essa banda foi fundada em 1993 e se mantém como um grupo independente até hoje. LOC. Jéssica Em 2006 eles deram um toque mais brasileiro, traduzindo a banda por completo. Agora com todas as músicas em português, se nomeram como Porcos Cegos. LOC. Tamyres Vamos conferir um pouco do antigo Blind Pigs com a música Amanhã não vai mudar. LOC. Jéssica TEC// MÚSICA BLIND PIGS – AMANHÃ NÃO VAI MUDAR TEC// FADE OUT. MÚSICA BLIND PIGS – AMANHÃ NÃO VAI MUDAR Essa foi a sua dose de rock por hoje. O punk fica por aqui, mas o rock continua no próximo programa. LOC. Tamyres TEC// FADE IN. VINHETA Três do Rock – Três minutos de rock para o seu dia. TEC// VINHETA DE ENCERRAMENTO 32 8.3 Indie Rock Técnica Áudio Vinheta de abertura Três do rock – três minutos de rock para o seu dia LOC. Tamyres Oi, eu sou a Tamyres LOC. Jéssica E eu sou a Jéssica LOC. Alex E aqui é o Alex LOC. Tamyres Está começando agora o Três do rock, trazendo mais rock para o seu dia. LOC. Jéssica Hoje iremos falar um pouco do Indie Rock. TEC// MÚSICA A BANDA MAIS BONITA CIDADE – ORAÇÃO EM BG LOC. Alex Em um rápido resumo, podemos dizer que é um estilo de rock independente, surgiu em 1980 no Reino Unido e Estados Unidos, num é isso Tamyres? LOC. Tamyres É isso Alex. Agora uma banda brasileira que podemos citar é “A banda mais bonita da cidade”. LOC. Jéssica Interessante esse nome, fale um pouquinho dessa banda para nós, Tamyres. LOC. Tamyres Mas é claro, enquanto isso, passaremos uma música da banda que fez sucesso. A banda surgiu em 2009. É formada por 5 integrantes, 4 homens e uma mulher no vocal e eles são todos de Curitiba. Eles ficaram mais conhecidos com essa música, o nome dela é “Oração” e foi feita em 2011. A banda também é muito conhecida internacionalmente. 33 TEC// MÚSICA FADE IN. A BANDA MAIS BONITA CIDADE – ORAÇÃO TEC// MÚSICA FADE OUT. A BANDA MAIS BONITA CIDADE – “ORAÇÃO” TEC// FADE IN. MÚSICA MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJÚ – “SEM PALAVRAS” EM BG Agora uma banda do Centro – Oeste é a “Móveis Coloniais de Acaju”, ela é de Brasília e surgiu em 1998. Uma curiosidade é o nome né? Bem diferente, eles se basearam em um evento histórico e fictício, que foi um conflito unindo índios e portugueses contra os ingleses na Ilha do Bananal. A banda é formada por 10 integrantes. Essa música que está passando é a “Sem palavras”, ela foi lançada em 2007 pela banda e ficou em 21ª posição na lista das 50 melhores músicas do ano na revista Rolling Stone. LOC. Alex TEC// MÚSICA FADE IN. MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJÚ – SEM PALAVRAS TEC// MÚSICA FADE OUT. MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJÚ – SEM PALAVRAS TEC// MÚSICA FADE IN. BIDÊ OU BALDE – “MESMO QUE MUDE” EM BG LOC. Jéssica Muito bom! Agora vou falar pra você outra banda de Indie e que também é da Região Sul, é a “Bidê ou Balde”, formada em 1998 no Rio Grande do Sul. O grupo é formado por 4 34 integrantes. Essa música que está passando é a “Mesmo que mude”. TEC// MÚSICA BIDÊ OU BALDE – “MESMO QUE MUDE” TEC// MÚSICA FADE OUT. BIDÊ OU BALDE – “MESMO QUE MUDE” TEC// FADE IN. VINHETA LOC. Tamyres TEC// VINHETA DE ENCERRAMENTO Essa foi a sua dose de rock por hoje, o Indie fica por aqui, mas o rock continua no próximo programa. Três do rock – Três minutos de rock para o seu dia. 35 9. DIÁRIO DE BORDO No início do projeto, o objetivo inicial era produzir programas de média duração onde falaríamos sobre várias bandas de rock nacional, uma por programa, fazendo uma espécie de pequeno documentário em áudio sobre cada uma delas. Com as pesquisas, identificamos que o progressivo era um subgênero de muita relevância no Brasil, que trazia um conteúdo tão rico por si só, que seria interessante tratar apenas desse gênero no projeto. Por isso, fizemos mudanças no conteúdo dos programas, fazendo um novo recorte. Agora passaríamos a apresentar o rock progressivo no Brasil da década de 1970. Já na segunda fase do projeto, depois de passar pela banca de qualificação, mudamos mais uma vez a proposta para produto final. Em uma conversa com um redator amigo da dupla, Tico Tavares, falávamos sobre nossa proposta e tivemos a ideia de deixar o programa com um toque mais publicitário. Daí surge a ideia de produzir programetes, que teriam a proposta de seduzir rapidamente o ouvinte, trabalhando textos mais persuasivos no produto final. A partir da proposta de ter os programetes como algo que se inserisse no cotidiano do público alvo, estabelecemos como objetivo produzir algo que chegasse entretendo e informando ao mesmo tempo. Até aqui, fazer todos estes recortes tinha sido complicado. A ideia já estava encaminhada, e precisávamos lapidar ainda mais. Agora voltaríamos a falar do rock e de todos os seus subgêneros, porém o foco era trazer um panorama misto das manifestações do rock no país. Estabelecendo que o tempo de duração de cada programete seria de três minutos, tiramos do número três a base para o resto do programa. O nome, a quantidade de bandas por programete, a quantidade de pilotos que seriam produzidos, e até mesmo quantos locutores teríamos nas gravações. O período de gravação e finalização dos últimos detalhes foi corrido, e para fazer os ajustes finais, precisamos gravar todo o conteúdo mais de uma vez. Com tudo finalizado, trabalhamos na identidade visual, que transmite tudo pelo que passamos na trajetória do projeto. 36 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS A execução deste projeto trouxe experiências únicas a cada uma das alunas. Seja no sentido de conhecer melhor um gênero musical que já era muito apreciado por ambas, ou por ter adquirido uma compreensão completamente diferente sobre a produção de programas de rádio. Trabalhar com a concepção da ideia e torná-la realidade foi um processo muito gratificante. Desde amadurecer a ideia inicial até efetivamente gravar, passamos por muita coisa que nos ajudou e nos ensinou muito. Adquirimos conhecimentos técnicos importantes que nos deram um pouco mais de segurança para quem sabe, futuramente, investir profissionalmente no rádio. Além disso, nos desafiamos em vários momentos para que a ideia fosse executada da melhor forma possível. O projeto também foi um marco de amadurecimento pessoal e acadêmico, trazendo o fim de uma fase muito marcante em nossas vidas. Anos se passaram desde que ingressamos na universidade, e após o fim deste projeto, reconhecemos a importância e a oportunidade que é fazer um projeto nosso se concretizar. 37 11. REFERÊNCIAS A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE. Disponível http://abandamaisbonitadacidade.art.br/a-banda/ Acesso em 23 abr. 2014 em A DITADURA MILITAR DE 1964 E A CULTURA. J. Dias. Disponível em: www.santovivo.net/gpage64.aspx Acesso em 24 set. 2013 Acesso em: 20 out. 2013 ABORTO ELÉTRICO. HISTÓRICO DA BANDA. Disponível em: http://musica.culturamix.com/bandas/aborto-eletrico-historia-da-banda Acesso em 27 abr. 2014 Além dos Cogumelos. Disponível em: www.alquimiarockclub.com.br/alem-doscogumelos/1904/ Acesso em: 06 jun. 2013 BACAMARTE: O GENUÍNO ROCK PROGRESSIVO BRASILEIRO. 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