Comemoração Fiéis Defuntos - Família Salesiana

Transcrição

Comemoração Fiéis Defuntos - Família Salesiana
Comemoração
Fiéis Defuntos
Homilias Meditadas
Lectio Divina para a Família Salesiana
P. J. Rocha Monteiro, sdb
Comemoração de todos os Fiéis Defuntos - Ano B
1. Introdução
A religião cristã e o Culto à vida. Celebramos hoje o Dia de Finados, impregnado de
um profundo sentimento religioso, no qual se unem afeto e recordações familiares
com a fé e esperança cristãs. Por esse motivo suscita sempre um profundo eco no
povo de Deus.
É uma oportunidade especial para rezar mais pelos nossos mortos e lembrar a
verdade sobre a qual está fundada a nossa fé: a RESSURREIÇÃO. A religião cristã
não celebra o culto à morte, mas à vida. Assim o ressalta a liturgia da palavra de hoje
com suas muitas leituras. Todo o conjunto nos fala de ressurreição e vida.
2. Hino à vida no Livro da Sabedoria
Refletindo sobre a longanimidade divina, o autor do livro da Sabedoria afirma em
forma de oração: “Tens piedade de todos, porque tudo podes, fechas os olhos aos
pecados dos homens, aguardando o seu arrependimento.
Com efeito, Tu amas todas as coisas que existem e nenhuma das coisas que criaste
te desagrada; se tivesses odiado alguma coisa, não a terias criado. Como poderia
subsistir uma coisa, se Tu a não tivesses querido? Poderia manter-se aquilo que
Tu não chamaste à existência? És indulgente com todas as coisas, porque são tuas,
Senhor, que amas a vida”
(Sab. 11,21-26).
3. Amor de Deus
“A liturgia deste dia convida-nos, antes de mais, a contemplar o amor de Deus por
nós, a constatar a sua incrível preocupação com a nossa felicidade e com a nossa
realização plena, a descobrir que não estamos perdidos e abandonados face à nossa
fragilidade, debilidade e finitude.
Esta constatação deve levar-nos a encarar, com serenidade e confiança, a nossa
caminhada pela terra, com a certeza de que nos espera, para lá do horizonte deste
mundo imperfeito, a vida verdadeira e definitiva” (Dehonianos).
4. Is 25,6a.7-9
Deus criou o homem para a vida. “Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de
preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos. (…) Ele destruirá
a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará
desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor
falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o
Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque
nos salvou”.
O autor sagrado descreve-nos ao pormenor o ambiente do “banquete messiânico”.
Estão convidados todos os povos. Nele é oferecida a vida em plenitude, a vida
definitiva. Basta aos homens aceitar o seu convite e melhorar o comportamento da
sua vida dando prioridade ao amor e aos valores do reino.
5. 1 Tes 4,13-18
“Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não
vos contristardes como os outros, que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com
Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo
a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que tiverem morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor
descerá do Céu e os mortos em Cristo Ressuscitarão primeiro”. Em seguida, nós, os
vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as
nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.
6. Força da imagem
Paulo utiliza aqui uma linguagem simples e cheia de imagens. A razão desse
procedimento é que, como o núcleo da sua pregação tinha sido o anúncio insistente
da parusia de Cristo, os tessalonicenses julgaram que se tratava de algo iminente.
É verdade que o próprio Paulo se inclui naqueles que poderiam estar presentes no
momento da parusia, mas que geração cristã, ao longo dos séculos, foi impedida
de se imaginar a si mesma nos umbrais da consumação? Depois de dois mil anos,
continuamos a ter o direito de imaginar iminente este acontecimento final, para
o qual tende toda a história, prenhe do Reino de Deus pela ação fecundante da
evangelização.
7. Jo 6. 1-58
“Eu sou o pão da vida”. (Cfr. XX DTC – B desta coleção de Lectio Divina)
“O discurso sobre o “pão da vida” (Jo 6,22-58) ficou, portanto, no esquema de João,
com o seguinte enquadramento lógico: os homens buscam o pão material; Jesus
traz-lhes o “pão do céu que dá vida ao mundo”; e o pão eucarístico realiza, de forma
plena, a missão de Jesus no sentido de dar vida ao homem.
A liturgia deste dia convida-nos, antes de mais, a contemplar o amor de Deus por
nós, a constatar a sua incrível preocupação com a nossa felicidade e com a nossa
realização plena, a descobrir que não estamos perdidos e abandonados face à nossa
fragilidade, debilidade e finitude. (Dehonianos).
8. Catequese - Santo Cura d’Ars
O Santo Cura d’Ars dizia, que “a morte é união com Deus” e que “no Céu, o amor de
Deus preencherá e inundará tudo!”
Neste sentido, a eternidade pode estar e está já presente no coração da vida terrena e
temporal, quando a nossa vida, mediante a graça, está unida a Deus, seu derradeiro
fundamento. Continua: “Ser amado por Deus, estar unido a Deus, viver na presença
de Deus, viver para Deus: Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para
agradar a Deus”!
9. Catequese - Sto. Agostinho
No ser humano há o anseio pela justiça, pela verdade e pela felicidade completa! Já
ele observava dizendo que todos queremos a “vida bem-aventurada”, a felicidade.
Não sabemos bem o que isso seja e como seja, mas sentimo-nos atraídos por essa
felicidade eterna.
Esta é uma esperança universal, comum aos homens de todos os tempos e lugares.
Diante do enigma da morte, em muitos de nós estão bem vivos o desejo e a esperança
de voltar a encontrar no além os seus entes queridos. “Fizeste-nos, para Vós, Senhor,
e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Vós” (Sto. Agostinho).
10. Vida Eterna
No fundo, quando falamos de “vida eterna” queremos dar um nome a esta
expectativa. Trata-se do imergir-se da nossa vida, no oceano do amor infinito de
Deus, no qual o tempo, o antes e o depois, já não existem. Trata-se de uma plenitude
de vida e de alegria: é isto que esperamos e aguardamos do nosso ser e nosso estar,
do nosso viver, morrer e ressuscitar com Cristo (Bento XVI, Spe Salvi, 12-13). Só em
Cristo Ressuscitado é que a nossa vida se realiza e finaliza, na sua plenitude.
11. A oração pelos defuntos
A oração pelos defuntos é uma tradição
da Igreja. Subsiste no homem, também
quando morre em estado de graça,
muita imperfeição, muita coisa a ser
mudada!
Tudo isto acontece na morte, logo
morrer, significa também morrer ao
mal.
Crê a Igreja, que a morte, vista noutra
perspetiva, pode ser uma purificação,
a definitiva e total volta à luz de
Deus. Por isso rezamos pelos mortos,
visto que também eles pertencem à
comunidade da Igreja.
No evangelho, no esplêndido sermão
do monte, conforme são Mateus, no
cântico das bem-aventuranças temos
uma realização em ato do anúncio
profético de Jesus:
a salvação vem de Deus.
Senhor, que amas a vida
“Como poderia subsistir uma coisa,
se Tu a não tivesses querido?
Poderia manter-se
aquilo que Tu não chamaste à existência?
És indulgente com todas as coisas,
porque são tuas, Senhor, que amas a vida”
(Sab11,21-26)
No silêncio da terra nasceste
Canta amor ao amante da vida
Canta aromas versos de Aleluia
Tu que na terra semeada cresceste.
Quem sou, onde moro, para onde vou?
Diz à minha alma gigante cipreste,
Acende esta luz que se apagou
Canta teu esplendor, diz donde vieste.
Filho dum tempo nasceste do nada
Na terra viveste simples criatura
Regressa ao céu tua alma incriada
Teu corpo repousa na sepultura.
Voltará a primavera nas lezírias
Tambores flautas cantarão melodias
Deus virá nesse dia me levará
A descansar numa manhã de Páscoa.
(J. Rocha Monteiro in “Palavra ardente”)
[email protected] | www.adma.salesianos.pt