Seu Elias - canal srl
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ANO 1 - Nº 10 • Edição Mensal - Fevereiro/2014 • O Jornal de Santa Rosa de Lima • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Seu Elias, o homem do abacaxi das Encostas da Serra Geral “Essa boniteza da propriedade não veio caída do céu. Tem que caprichar.” Tempestade e prejuízos Granizo e vendaval causam danos em várias comunidades de Santa Rosa de Lima Pág. 12 Pág. 20 Volta às aulas e a educação no município Pág. 2 Eleições na Ceral Pág. 11 Confira! Criança SRL está de volta A PEDIDO Nós da Chapa 2, agradecemos as pessoas que acreditaram nas nossas propostas e depositaram seu voto de confiança em nossa candidatura. Mesmo não sendo eleitos, sentimo-nos vitoriosos pela conquista destes votos espontâneos, fruto de um trabalho com seriedade e ética. Um agradecimento especial a todos os amigos e a equipe que esteve ao nosso lado nesta honrosa caminhada. Um forte abraço, Joacy Eller, Siuzete Vandresen Baumann, Wilmar Stupp, Valmir Rodrigues, Plínio Eller, Ivo Bonetti, Joelso Heidemann e Wilson Heidemann. 2 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Reportagem ESPECIAL Mariza Vandresen Mais um ano para encorajar o voo Na segunda semana de fevereiro, começa o ano escolar 2014 (ver boxes Serviços e Planejamento). Esse é sempre um período pleno de sensações. Para algumas crianças (ou “pássaros”), será o começo de uma longa “viagem”. Para outros estudantes, a mudança de nível, de turno ou de turma. Entre mães e pais, renova-se aquele misto de orgulho e preocupação. Para os professores, depois de recarregar as energias, mais um recomeço. Em nosso município, todas as escolas são públicas. Todas as crianças estudam nos mesmos estabelecimentos. Não há aquela segmentação presente nos centros urbanos e determinada pelas situações socioeconômicas e culturais dife- rentes das famílias. Nas cidades grandes, normalmente, os filhos “dos que podem” estudam em boas escolas privadas e os filhos “dos que não podem” frequentam escolas públicas precárias. Aqui no município há, assim, um fator positivo: todos, sem distinção, devem lutar por (e ajudar a construir) uma escola pública de qualidade. Isso inclui currículos e materiais didáticos adequados, o reconhecimento e a remuneração adequada dos professores, a adoção do período integral associado com atividades que contribuem para uma formação integral (artes, línguas, esportes, ética, ecologia, humanismo, protagonismo, organização), a infraestrutura, uma alimentação com produtos locais e orgâni- Espaço físico Segundo a diretora, a deficiência no espaço físico, compromete a realização de um trabalho diversificado, principalmente com as crianças que ficam o dia todo na escola: “Esse sempre tem sido um dos problemas na educação infantil. Tivemos melhorias e ampliações em 2013, mas, devido ao aumento de matriculas, o número de salas é insuficiente. Já conversamos com a direção do Centro Educacional sobre a possibilidade de remanejar o Pré-escolar II para aquela escola. Também estamos com projeto de ampliação para o ano de 2014”. Conquistas em 2013 Nilsa Lemkuhl indica vitórias que o Centro de Educação Infantil alcançou no ano passado: “Com a campanha de matriculas, realizada em 2013, conseguimos ampliar em torno de 35% o número de matrículas. Com isso, aproximadamente 90% das crianças da Educação Infantil estão sendo atendidas. Nós também realizamos uma reforma e ampliação na escola, cobrimos cos e um transporte seguro e com cuidado. Afinal, um município rural como o nosso tem a população “espalhada” e, além disso, somos a Capital da Agroecologia. Francos com a educação. Francos e com educação. Sempre na perspectiva de informar bem e prestar serviços ao seu leitor – todos os cidadãos e cidadãs santarosalimenses – o Canal SRL procurou os dirigentes e gestores da educação no município para tratar da “volta às aulas”. Por opção do Secretário municipal de educação e dos diretores das escolas, as entrevistas foram todas realizadas na forma escrita e no formato de questões e respostas. Não O “Núcleo” O “Jardim” Nilsa Schueroff Lemkuhl, diretora do Centro de Educação Infantil Recanto Alegre diz que para se ter um atendimento de qualidade para as crianças na idade da educação infantil alguns desafios precisam ser alcançados: “É preciso fortalecer a participação dos pais nas atividades escolares, realizar uma reestruturação pedagógica e administrativa, assegurar o atendimento em período integral para as crianças até cinco anos e implantar efetivamente a horta escolar”. Questionada sobre a insatisfação de alguns pais, em 2013, em relação à atuação de professores não habilitados, a diretora foi clara e sucinta: “em 2014, todos os professores titulares terão habilitação em Educação Infantil”. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. As escolas não podem ensinar o voo. Porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. (Rubem Alves) C.E.I. Recanto Alegre. a área do parque e adquirimos novos equipamentos para as salas de aula e a cozinha. Outra grande conquista foi oferecer atendimento em período integral, o curso de aperfeiçoamento, em parceria com o IFSC [Instituto Federal de Santa Catarina], que continua agora em 2014. Também realizamos curso de primeiros socorros com os professores. E melhoramos a qualidade da alimentação escolar”. Família na Escola No quesito aproximação/participação da família na escola, a diretora informa que o Centro de Educação Infantil pretende realizar algumas ações: “Vamos reorganizar e alterar os horários dos encontros com os pais; promover reuniões e palestras com profissionais especializados sobre temas escolhidos em conjunto com os pais e professores; e tentar engajar os pais nos movimentos realizados pela escola, como projetos, festas e outros”. Recado especial “Pai e mãe, participem da vida escolar do seu filho. Sei que há uma preocupação com a questão econômica e com o bem estar, sem problema algum, mas que nosso bem maior seja o processo de educação de nossos filhos”. Loreni Philippi é o diretor do Centro Educacional Santa Rosa de Lima (que continua sendo chamado de “Núcleo”). Ele relata que durante o período de férias as atividades de gestão não foram paralisadas. O espaço escolar passou por reformas e ampliação “para melhor receber alunos e professores no ano letivo 2014”. Para Loreni, é preciso enfrentar o desafio de preparar a escola de forma a torná-la atrativa para as crianças: “A nossa sociedade passa por grandes transformações. Principalmente o avanço tecnológico que reflete, em muito, no comportamento dos nossos alunos. E nós, educadores, temos o grande desafio de planejar e desenvolver nossa prática docente dentro desse contexto que é tão atrativo as nossas crianças”. houve, portanto, condições de aprofundar certos pontos. O secretário de educação, de forma inusitada, fez questão inclusive de que a reportagem do jornal autenticasse uma cópia da versão dele recebida. Como é regra na imprensa escrita, esses materiais recebidos foram editados pela equipe da redação do jornal. O leitor terá acesso à íntegra das entrevistas, exatamente na forma como foram entregues pelos entrevistados, em arquivos digitais que estarão disponíveis no site www.canalsrl.com.br, quando esta décima edição estiver disponível on line e poderá ele próprio avaliar a fidedignidade do conteúdo abaixo. Proposta para aproximar Para tentar aproximar mais a comunidade escolar, principalmente aumentar a participação dos pais na escola, o diretor fala que existe uma proposta a ser discutida com os demais profissionais. A sugestão é que os professores tenham um período semanal à disposição da família na escola. Poucos alunos, poucos recursos O diretor do Centro Educacional julga que os principais problemas para um atendimento de melhor qualidade aos estudantes estão relacionados à questão financeira. “Os recursos que recebemos para investir na educação não são suficientes e por esse motivo muitas vezes o atendimento fica prejudicado. Como se sabe, os recursos que recebemos do governo federal para investir na educação são relacionados com o número de alunos. Por isso, municípios de baixa população ficam prejudicados com essa forma de distribuição”. Recado especial “Aos pais, gostaria de dizer que todos vocês são parte necessária e extremamente importante no cotidiano da vida escolar de seus filhos. No ano passado, a escola esteve à inteira disposição de vocês para que obtivessem informações sobre seus filhos. Neste ano que se inicia, não será diferente. A escola só consegue desenvolver um bom trabalho e alcançar seus objetivos se houver uma parceria muito forte com as famílias. Por isso, pais, o Centro Educacional se coloca sempre à disposição de vocês para sanar dúvidas ou angústias sobre o processo educativo do seu filho. Aos alunos que neste ano frequentarão nossa escola, queremos desejar boas vindas e dizer que a equipe administrativa e pedagógica esta se preparando para recebê-los e fazer com que avancem no processo de aprendizagem. Aos professores, sempre responsáveis e dedicados, dizer que contamos mais uma vez com todos vocês para trilharmos o caminho por uma educação de qualidade para nossas crianças”. Conquistas em 2013 Mesmo nesse contexto de dificuldades financeiras, o diretor aponta que foram possíveis conquistas no ano passado. Ele cita a melhoria no transporte escolar, a reforma da cobertura da escola que apresentava goteiras, a construção de uma nova sala de aulas e a reforma do piso das demais. Lembra, ainda, a implantação de aulas de música e dança, para fazer cumprir a hora atividade dos professores. E, finalmente, destaca o curso de capacitação e aperfeiçoamento destinado aos profissionais das séries de alfabetização, oferecido pelo Pacto nacional pela alfabetização na idade certa. C.E. Santa Rosa de Lima Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL O “Colégio” Para a diretora da E.B.E. Aldo Câmara, Eliete May da Rosa, os principais desafios para a educação em Santa Rosa de Lima são “ampliar o engajamento de todos os pais, para tê-los participando das reuniões e dos eventos, visitando a escola, contribuindo com opinião e com crítica”. Além disso, “reduzir a rotatividade de profissionais, garantindo professores qualificados que possam realizar um trabalho coletivo; e garantir uma educação integral, que articule o local e o universal e que garanta a formação de um cidadão crítico e participativo, capaz de promover mudanças na sociedade”. Questionada sobre os problemas para que se chegue a uma educação de qualidade e a um atendimento adequado aos estudantes, ela aponta como principal “o contexto histórico-social atual, no qual a educação não é vista como o legado mais importante do ser humano”. Ela indica, ainda, “a falta de motivação – primeiro dos profissionais e, consequentemente, do aluno”; “a carga horária excessiva dos profissionais da educação, que dificulta a preparação das aulas”; e “quando as decisões das autoridades não são a favor da melhoria da qualidade da educação”. O estudante de hoje, seus ambientes e suas atitudes A diretora considera que é possível perceber, nos últimos anos, mudanças no comportamento dos estudantes. Segundo ela, “o livre acesso às tecnologias e à internet gerou transformações, porque possibilitou ao indivíduo acesso a todo tipo de informação”. Com esse fenômeno recente, a atenção dos estudantes se deslocou dos livros e do professor para as mídias. Ela afirma se deparar, também, com alguns pais que querem dar aos filhos tudo o que não tiveram na própria infância; “às vezes até para compensá-los pela distância gerada com a saída de ambos (pai e mãe) para o trabalho”. Tal postura é facilitada porque hoje o acesso aos bens de consumo está muito mais fácil. O problema é que “esse comportamento tem gerado filhos que não sabem ouvir um não e que acham que podem tudo”. Eliete May da Rosa acredita que, por outro lado, por vivermos em uma cidade pequena e rural, “a maioria das crianças, mesmo sendo muito mais ativa e participativa do que em outros tempos, ainda conserva o respeito aos pais e aos professores”. E conclui sobre o perfil dos estudantes: “No mais, sabemos que adolescentes, na sua maioria, são altamente influenciáveis. As atitudes deles (positivas ou negativas) vão depender do poder de persuasão de seus amigos e ou das pessoas que os cativarem”. Trabalho ou estudo A diretora tem percebido que, hoje, “muito mais adolescentes têm buscado ingressar mais cedo no mercado de trabalho, “por conta do grande estímulo ao consumismo da vida moderna”. “Alguns, inclusive, priorizando o trabalho ao invés do estudo”. Mas destaca que, “ainda assim, há muito mais jovens do município conseguindo entrar na universidade. Não só porque as universidades se tornaram mais acessíveis, mas também porque nós temos [aqui] mais professores qualificados do que há algum tempo atrás”. Inovador Em 2014, o Aldo Câmara terá sua primeira turma do Ensino Médio Inovador. Trata-se de um programa do Governo Federal para fortalecer e melhorar a qualidade do ensino médio no país. “O trabalho a ser desenvolvido com essa turma é por meio de projetos, o que exige trabalho coletivo. Os professores terão quatro aulas toda segunda-feira à tarde para planejar em conjunto o trabalho com essa turma. Esperamos que E.E.B. Professor Aldo Câmara. esse trabalho não só melhore a qualidade da educação como também reaproxime os professores em torno de um projeto comum”. A família na escola Em 2013, o Aldo Câmara realizou algumas ações que, segundo a diretora, foram essenciais para uma maior aproximação e participação das famílias na escola. Por isso, devem ser repetidas neste ano letivo. Destaca o “Café Pedagógico”, que foi uma palestra com a psicopedagoga combinada com um café colonial servido aos pais e professores. Recorda, também, a entrega de boletins a cada bimestre, “um dia em que os professores ficam à disposição dos pais para conversar sobre o desempenho e o comportamento de cada o aluno”. Por último, avalia que a Feira de Ciências estimulou a visita dos pais à escola. “Os pais não querem só ouvir reclamações e a Feira de Ciências é o momento em que o pai vem à escola para prestigiar o trabalho do filho”. Eliete diz que outras iniciativas podem ser construídas para esse ano, como por exemplo, a promoção de atividades esportivas envolvendo pais e filhos, mas pondera que o que será feito em 2014 precisa ser planejado em conjunto com os professores, o que ocorrerá nas atividades entre os dias seis e doze de fevereiro. 3 Escolas estaduais e municipais foram orientadas pela Secretaria do Estado de Educação (SED) a iniciarem as atividades do calendário escolar da Rede Pública de Ensino no dia 13 de fevereiro de 2014. O recesso escolar deverá ser entre os dias 20 de julho e 3 de agosto e o término do ano em 19 de dezembro. A determinação foi acordada entre a Secretaria de Estado da Educação (SED) juntamente com a presidência da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Santa Catarina (Undime/ SC). Conforme as orientações da SED, em função da Copa do Mundo ser sediada no Brasil, o calendário não sofrerá grandes alterações, principalmente na primeira fase do Mundial. A responsabilidade da escola é a obrigação do cumprimento dos 200 dias letivos e as 800 horas atividades. A Escola de Educação Básica Professor Aldo Câmara mantém o retorno às aulas na data estabelecida pela SED. As escolas municipais, Centro de Educação Infantil Recanto Alegre e Centro Educacional Santa Rosa de Lima antecipam a data do calendário em três dias, 10 de fevereiro. As aulas Licenciatura em Educação do Campo ofertado no município pela Universidade Federal de Santa Catarina, seguindo o calendário unificado da instituição, reiniciam no dia 17 de março. Imagina na Copa Centro de Educação Infantil Recanto Alegre Pretende seguir o calendário oficial da Copa com seus jogos e feriados. Com a possibilidade de alguns empregadores do município não liberarem seus trabalhadores nos horários dos jogos do Brasil, a diretora Nilsa Schueroff Lemkuhl afirma que haverá um planejamento específico. “Será feito uma escala, e alguns profissionais ficarão na escola neste horário. A escola está preocupada em aten- der melhor as famílias, por isso faremos uma programação diferenciada nos dias de jogos da copa, principalmente para atender esta demanda”. Centro Educacional O Diretor Loreni Philippi informa que será seguido o mesmo calendário da rede estadual, “pois existe uma parceria entre as duas esferas e não tem como ser diferente”. E.E.B. Aldo Câmara O que é certo é que não deve haver aula durante os jogos do Brasil. A diretora, Eliete May da Rosa, diz que na primeira fase do mundial de futebol, como os jogos do Brasil serão todos à tarde, as aulas no período matutino serão normais. Por determinação da Secretaria de Estado da Educação (SED), nesses dias não haverá aulas à tarde e à noite. Se o Brasil para passar para a segunda fase e SED dará novas orientações. segue Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497 E-mail: [email protected] Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Publisher (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt. O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O ronco do bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 4 Educação e ambiente de trabalho Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL segue Reportagem ESPECIAL Ano letivo 2014 – Serviços Início das atividades Centro de Educação Infantil Recanto Alegre Plantão a partir do dia 3 de fevereiro Retorno às atividades, com transporte escolar, 10 de fevereiro. Centro Educacional Retorno às aulas, com transporte escolar, 10 de fevereiro. E.B.E. Aldo Câmara Retorno às aulas, com transporte escolar, 13 de fevereiro, inclusive para as turmas do município. Licenciatura em Educação do Campo (LECampo-UFSC/ SRL) Seguindo o Calendário Acadêmico unificado da Universidade Federal de Santa Catarina, as aulas reiniciam no dia 17 de março. Matrículas Às famílias que têm filhos com idade entre zero e dezessete anos e que ainda não estejam matriculados, a Secretaria Municipal de Educação orienta que se dirijam ao Centro Educacional Santa Rosa de Lima (“Núcleo”) para efetuar a matrícula. É indispensável estar com a certidão de nascimento de quem se quer matricular. Qualquer dúvida, entrar em contato via o telefone 3654-3009. Carteirinha para utilizar o transporte universitário em 2014 A Secretaria Municipal de Educação informa que como condição para saber o número de estudantes que irá utilizar o transporte universitário e definir a logística, está fazendo “carteirinhas”. Para fazê-la, é preciso apresentar cópias da carteira de identidade (RG), do CPF e de um comprovante de residência. É necessário, ainda, informar a instituição, o local de destino e o dia da semana que precisará utilizar o transporte. Planejando para o ano letivo 2014 A Secretaria Municipal de Educação informa que, a partir do dia 5 de fevereiro, a equipe de professores e gestores da rede municipal estará, em conjunto, discutindo o planejamento para o ano. Inclusive, no que se refere às metas a serem alcançadas em 2014. No dia seis, o secretário e seu estafe apresentarão a sua proposta de trabalho para a educação municipal. A diretora do Centro de Educação Infantil informa que os professores retornarão às atividades no dia 5 de fevereiro e serão realizadas reuniões, atividades de planejamento e “palestras com a promotora”. O planejamento escolar será realizado primeiramente com a equipe administrativa e, logo após, com os professores e os funcionários. Já o diretor do Centro Educacional disse que o planejamento daquela escola é feito com a participação de todo o corpo docente, que define quais os conteúdos serão trabalhados com maior ênfase, a partir de tópicos relevantes ao momento social. Cita, como exemplo, o fato do ano ser atípico com a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Assim, poderão ser discutidos com os estudantes os benefícios e problemas que esse evento poderá trazer ao país. Finalmente, a diretora do Aldo Câmara declarou que a partir do dia seis de fevereiro e até o dia doze haverá naquela escola ações de planejamento e formação, dentro da chamada “semana pedagógica”, que já está definida desde o final do ano passado. Nos cinco dias úteis desse período, das 8:30 às 17:30 horas, será fixada, também, a programação da escola para o ano, como reunião de pais, festa julina, feira de ciências etc. Da mesma forma, serão discutidas as mudanças necessárias nas regras da escola. Depoimento (entrevista gravada, a fonte pediu que seu nome fosse preservado) “O que eu percebo hoje – e este problema já vem de anos – é o clima no ambiente de trabalho. A sala de professores deveria ser um local de planejamento, mas o que a gente percebe é que virou um local de lamentações. Muitos trazem seus problemas pessoais ou fofocas de rua. É muito individualismo. Se alguém quer fazer alguma coisa diferente, já tem outro alguém que puxa pra trás. É bem difícil trabalhar. No início do ano, deveria ser feito um planejamento em conjunto, de uma semana. Mas realmente [para] trabalhar e não só [para] cumprir horário, como às vezes aconteceu. Vejo também que ‘santo de casa não faz milagres’. Deveria ter alguém que pudesse conduzir e que se trabalhasse realmente com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino”. Comentários (a partir de questionamento da reportagem) Rudinei Pacheco: Acredito que o relato acima mencionado não traduz a realidade, ou que seja algum fato isolado. Mas sou da seguinte opinião: o ambiente de trabalho é construído pelos profissionais que, neste ambiente, convivem. No entanto, primeiro cada um, principalmente os que mais têm dificuldades de convivência, deve rever sua postura como profissional. E eleger como prioridade absoluta o aprendizado de nossos alunos. Loreni Philippi: [Essa é uma] resposta do secretário [municipal de educação]. Eliete May da Rosa: Sei que a maioria dos professores se sente desconfortável quando alguém fica só se lamentando ou fazendo fofoca. Por isso, a postura de alguns deles é se afastar de quem fica só se lamentando. “Através da educação de qualidade, construiremos um futuro melhor” Entrevista com o Secretário Municipal de Educação, Rudinei Pacheco De acordo com a Undime, um secretário municipal de educação “deve compreender, acima de tudo, que a Educação é um direito humano fundamental”. Por isso, ainda segundo a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, na rede ou no sistema de ensino que o secretário gerencia, ele “deve colocar como prioridade do ato de governar a garantia do direito que tem a população matriculada a ter acesso, permanência e aprendizagem com qualidade”. Ademais, tem o desafio de incluir a população que se encontra fora da escola. Tendo isso em conta, no momento que antecede o início do ano letivo 2014, o Canal SRL buscou entrevistar aquele que tem a missão, em Santa Rosa de Lima, de “elaborar, implementar e gerir políticas públicas educativas que garantam o desenvolvimento físico, social, econômico, político e cultural de crianças, adolescentes, jovens e adultos como seres ao mesmo tempo únicos e plenos”. Rudinei Pacheco preferiu que a entrevista fosse feita por escrito, no formato questões e respostas. Para aproveitar a rara oportunidade, a reportagem preparou um longo roteiro de perguntas, cujas respostas, em função do espaço, não poderão, todas, ser apresentadas aqui no formato que os jornalistas chamam de “ping pong”. Contudo, a íntegra do material estará disponível no site www.canalsrl.com. br , quando esta edição estiver disponível também na versão on line. Profissionais da educação Pacheco considerou, por exemplo, que a valorização dos profissionais de educação, através de cursos de aperfeiçoamento e qualificação, está contemplada através de convênio firmado com o IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) “temos assegurado curso de 60 horas, para o ano de 2014, com perspectiva de mais etapas, dando continuidade à parceria firmada”. Com relação ao atendimento da reivindicação dos profissionais da educação do cumprimento da Lei Federal 11.328 (piso salarial dos profissionais da educação), primeiro, o secretário lembrou que essa lei “não trata somente da questão financeira (hora atividade na escola, por exemplo)”. E previu que, no momento em que leem este texto, os profissionais do magistério já têm “contabilizado em seus vencimentos do mês de janeiro um aumento de 8,32%, de acordo com os índices constitucionais de 2014”. Com isso, para o secretário, a atual administração “cumpre com os compromissos assumidos com a categoria”. Plano de carreira e progressão O secretário municipal de educação declarou, em relação à participação dos professores no debate sobre o plano de carreira do magistério municipal, que “no dia seis de fevereiro será apresentada uma proposta de metodologia e calendário para a sua construção ou reformulação”. No que se refere aos pedidos de progressão segue Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL 5 6 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL segue Reportagem ESPECIAL de carreira, afirmou que aqueles que foram devidamente protocolados no setor pessoal e tiveram parecer jurídico favorável já estão contemplados “na folha de pagamento do mês de janeiro de 2014”. Garantiu, ainda, que nesse ano serão habilitados todos os professores titulares das turmas de educação infantil. Infraestrutura Com relação à infraestrutura, informou que um projeto cadastrado para a construção de uma nova escola, com recursos do FNDE, está aguardando parecer técnico daquele Fundo. E que, da mesma forma, toda documentação foi enviada de um projeto, através do PAC 2 [Plano de Aceleração do Crescimento, do Governo Dilma], para a construção de uma quadra coberta no Centro de Educação (“Núcleo”). Também nesse caso, se está na dependência de um parecer técnico. Aspectos mais estratégicos da educação no nosso município são abordados a seguir. Canal SRL: Em sua opinião, quais são as principais dificuldades encontradas na gestão da pasta da secretaria de educação e desporto? SME: Infraestrutura física em péssimas condições (escolas e ginásio de esporte e campo de futebol). Folha de pagamento atingindo os limites da legislação, fato que se reflete diretamente na valorização dos profissionais da educação. O plano de carreira do magistério e dos servidores públicos está desatualizado. Há muita burocracia no setor público. Canal SRL: Quais são as principais conquistas recentes no que se refere à educação municipal? SME: Repasse do piso para o magistério (2014) e, também, valorização dos demais colaboradores da secretaria. Na educação, período integral na creche; melhorias na infraestrutura das escolas; renovação da frota de transporte escolar; melhor qualidade na merenda escolar; o convênio com o IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), viabilizando formação continuada para os professores. No desporto, os quatrocentos e cinquenta mil reais assegurados para reforma e ampliação do ginásio de esportes. Canal SRL: Como avalia, de um modo geral, a educação em Santa Rosa de Lima? SME: Sem dúvida, se observarmos os índices educacionais do Brasil, nosso município se encontra com condição muito favorável. Somos sabedores, contudo, de que temos muitos desafios para superar. Na condição de gestor da área, tenho reafirmado que as dificuldades diárias não podem de maneira alguma ocultar o nosso foco principal, que é a “busca incansável por uma real melhoria na qualidade do aprendizado de nossas crianças”. Sou consciente de que o caminho é árduo para alcançar o objetivo ora mencionado, mas [acredito] que com o comprometimento de cada um dos atores envolvidos, certamente, a cada dia, estamos edificando um futuro melhor para os nossos filhos. Canal SRL: Quais são hoje os maiores desafios para uma educação de qualidade em Santa Rosa de Lima? SME: Implantação do período integral para toda rede municipal, reestruturação pedagógica e administrativa, infraestrutura (escola nova), a participação das famílias, a efetivação da lei do piso (valorização financeira, hora atividade...). Canal SRL: Como está a participação dos conselheiros da educação na gestão da educação? SME: Eu, como gestor dos programas federais no município, gostaria de uma participação mais efetiva dos conselhos. Mas também tenho a consciência de que é um trabalho voluntário e sei da dificuldade de cada um em disponibilizar tempo para se dedicar a entender os trâmites legais de aplicação destes recursos. Canal SRL: E quanto à implantação de novas creches municipais? Que ações estão sendo realizadas para atingir este objetivo? SME: A atual administração tem como objetivo melhorar cada vez mais os espa- “A gente é capaz de mudar o mundo, basta querer” Ketrin Michels Schmidt tem onze anos e viveu uma experiência marcante: participou da IV Conferência Nacional Infantojuvenil sobre o Meio Ambiente. A jovem da sexta série do Aldo Câmara fez parte da delegação catarinense nesse evento, que ocorreu em Brasília entre os dias 23 e 28 de novembro de 2013. A Conferência infanto-juvenil é uma iniciativa do Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente. As reflexões e diálogos deste ano foram sobre o tema “Vamos cuidar do Brasil com escolas sustentáveis”. O evento parte do princípio que “jovem educa jovem”, “jovem escolhe jovem” e “uma geração aprende com a outra”. ços físicos para atender nossas crianças e colaboradores. Sabemos, também, que os programas federais estão avançando – e muito – no sentido de viabilizar a construção novas creches. Entretanto, como o número de matriculas é baixo em nosso município e como existem altas demandas, principalmente nos grandes centros urbanos, são pequenas as chances de nosso município ser contemplado. Canal SRL: Os espaços das bibliotecas escolares parecem não ser mais compatíveis com a demanda, especialmente se for considerado que é indispensável ampliar a informatização delas. O que está sendo feito neste sentido? SME: Sobre a biblioteca municipal, utilizada pelas escolas, estamos cadastrando projeto para melhoria do acervo e para aquisição de mobiliário e equipamentos. Canal SRL: De forma geral, um dos objetivos desta gestão é equipar melhor as escolas na área de informática. Que tipo de trabalho está sendo realizado neste caso? SME: Sem dúvidas, é um objetivo avançar. Até porque é uma necessidade fazer uso destas tecnologias para atender às demandas do século vinte e um. Defendo, todavia, que além dos equipamentos precisamos da capacitação para uso dos mesmos. E tal capacitação já está sendo viabilizada. Canal SRL: Como está a frota atual da secretaria? Com a chegada de três novos ônibus, já é possível contabilizar a economia na manutenção dos veículos do transporte escolar? SME: Temos melhorado muito a qualidade da frota do transporte escolar. Em 2013, foram adquiridos três ônibus novos. Agora, temos mais um micro ônibus praticamente assegurado, mais um utilitário (van de vinte lugares), que vamos adquirir em 2014. Fico muito feliz, pois minhas expectativas são de que até o final deste ano estejamos com a frota praticamente toda atualizada. Tal conquista trará, certamente, uma economia significativa com a manutenção dos veículos de No momento em que se prepara a volta às aulas na Capital da Agroecologia, o Canal SRL buscou recuperar com Ketrin suas principais observações a respeito dessa experiência e do que ela aprendeu sobre sustentabilidade na escola. Mais do que isso, nossa reportagem pode registrar, na conversa bastante madura dessa menina, boas provocações para que nossos leitores (inclusive educadores) pensem a educação em Santa Rosa de Lima. É uma boa lição! Rudinei Pacheco Secretário de Educação. transporte escolar, além de proporcionar segurança e qualidade às nossas crianças. Canal SRL: Somos a Capital da Agroecologia. A Secretaria Municipal de Educação tem priorizando alimentos orgânicos na merenda escolar? Como? SME: Sim. No ano de 2013 fizemos licitação para aquisição de alimentos orgânicos. Em muitos itens, entretanto, não tivemos interessados. E nos itens licitados tivemos dificuldades de logística. Acredito que seja devido ao baixo volume dos pedidos, principalmente quando se trata de produtos mais perecíveis. Canal SRL: Como está o projeto de Hortas Escolares? Que tipo de verduras são plantadas e como são coordenados os trabalhos? SME: Vamos implantá-lo em 2014. O projeto “Eu amo minha escola” envolve todos os atores da escola: colaboradores, alunos, pais e sociedade em geral. Além de proporcionar um alimento fresco, ele terá uma função pedagógica importante e uma mensagem de conscientização ambiental. Canal SRL: Para finalizar, o que pais, alunos, mestres e familiares podem esperar do Secretário Municipal de Educação em 2014? SME: A sociedade santarosalimense pode esperar de mim muito esforço e comprometimento, pois acredito muito que, através da educação de qualidade, construiremos um futuro melhor para todos. Por isso, não medirei esforços para alcançar os objetivos do povo do nosso município. Ketrin Michels Schmidt Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Registros de uma aprendizagem inesquecível Depoimento de Ketrin Michels Schmidt Um dia de agosto O que parecia ser um dia normal de aula no Aldo Câmara se transformou numa grande experiência. Nossa diretora, Eliete, e a professora Luciane motivaram a escola para realizar a etapa municipal da Conferência. Era preciso que todos os alunos do quinto ao nono ano participassem. A coordenação ficou com os professores Volnei [do Aldo Câmara] e professora Juliana [do Centro Educacional]. Fomos orientados a nos dividirmos em quatro grupos, seguindo os elementos Terra, Fogo, Água e Ar. Eu fiquei com o Terra. Depois disso, a nossa missão foi escolher um projeto que trabalhasse o tema. Nossa ideia foi: “SOS Planeta; melhorando o entorno do Centro Educacional Santa Rosa de Lima”. 27 de agosto Este dia foi muito legal. Depois de apresentarmos nosso projeto para todos os alunos e professores do Aldo Câmara, lá no “múltiplo uso”... Iuhuull! Ele foi o escolhido para representar a escola na etapa regional. Era preciso, então, apresentálo em Braço do Norte. Todo mundo ficou acanhado para assumir essa tarefa. Aí, a Karla [Martins] aceitou ir como delegada e eu, como suplente. E lá fomos nós... Cada vez mais longe Na apresentação em Braço do Norte, vencemos mais uma vez. Oba!! E agora? Chegava a parte mais difícil. Era preciso ir a Florianópolis e apresentar para os estudantes de todo o estado. Caramba, a Karla não pode ir e sobrou pra mim... Meu Deus! Não iria ninguém daqui de Santa Rosa comigo. Nenhum outro estudante. Nenhum professor... Eu e mais três meninas da região seríamos acompanhadas pelo pessoal da Gerência Regional de Educação de Braço do Norte. Criei coragem e fui... 4 de novembro Na capital, eu estava ainda mais nervosa. Eu tentei não ficar, mas pensava: e se eu fizer qualquer coisinha errada? Fui uma das últimas a apresentar e quando cheguei lá na frente, tinha mais de duzentas pessoas me olhando. Quem julgava era o público. Ou seja, éramos os delegados e nós mesmos escolhíamos os projetos que iam representar Santa Catarina na etapa nacional. Foi muito difícil. Saí da apresentação tremendo. Minha sorte foi ter usado o datashow, senão nem sei... Infelizmente, o nosso projeto não foi escolhido. Mas, aí, veio uma grande surpresa. Na seleção dos delegados para ir pra Brasília não tivemos a interferência de nenhum adulto. Os professores saíram todos da sala e o que valeu foi a nossa opinião. Então, os outros estudantes do estado me indicaram como delegada. 21 e 22 de novembro de 2013 Nesses dias, eu e mais vinte e três delegados estaduais à Conferência Nacional fomos hospedados em um hotel em Florianópolis. Primeiro, o pessoal da Secretaria Estadual de Educação nos passou todas as regras e informações sobre a viagem, sobre o evento, sobre como nos comportar... Depois, mais um monte de instruções. Também ensaiamos uma apresentação cultural para a “Noite dos Brasis”. Eu tinha conhecido as outras meninas no hotel, mas era engraçado porque parecia que nós éramos amigas de muito tempo. 23 de novembro Voar Eu estava com muito medo. Também, todo mundo falou um monte... E se o avião caísse? Eu nunca tinha voado... As meninas que estavam comigo, também. O avião era enorme e quando ele levantou voo fiquei com mais medo ainda. Depois, ele foi pairando no ar, tão calmo, tão leve... Eu me acostumei e adorei. É bem melhor que andar de carro. Chegar Depois de desembarcar pegamos um ônibus. A conferência foi em Luziânia, a 45 minutos da Capital Federal. Fiquei entediada do tanto que demorou. Quando chegamos lá, recebemos uma mochila e um documento guia. Em seguida, fomos almoçar. Depois, para os quartos e aproveitei para descansar um pouco. Abertura No final da tarde, me arrumei para participar da solenidade de abertura. No ato, além de nos dar boas vindas, eles falaram de como seria a conferência e nos explicaram como usar o “guia”. O primeiro dia terminou maravilhosamente bem com as apresentações culturais na Noite dos Brasis. Eram nove apresentações por noite e eu pude conhecer um pouco da cultura e das tradições de cada estado. 24 de novembro Muito legal! Eu participei da oficina “Ver de Perto”. Nela, se falou de biodiversidade, que é toda a vida, todos os seres vivos que estão a nossa volta. A gente fez cartazes, discutiu, debateu... Eu fiz questão de dizer que morava num lugar muito lindo. Foi muito bom interagir com estudantes do Brasil todo. 25 de novembro Participei da melhor palestra da minha vida. Foi com Edgard Gouveia. Nossa! Esse cara é muito legal. Ele reúne gente do Brasil todo e até do mundo, principalmente as crianças e os jovens. Ele contou que quando era pequeno brincava muito de gincana para ganhar dinheiro. Por isso, pensou como poderia usar isso para ajudar o meio ambiente. Explicou pra gente o trabalho que ele faz. Todo mundo achou que ele era como um herói. Afinal, ele já ajudou muita gente no mundo, até em uma enchente aqui em Santa Catarina. Edgard Gouveia me mostrou que a gente é capaz de mudar o mundo, basta querer. Quero me inspirar nele! Sempre! Recomento uma pesquisa sobre o cara. Ele já está “add” no meu “face”! 26 de novembro Esse, com certeza, será um dia inesquecível em minha vida. Pela capital federal Fizemos um roteiro para conhecer um pouco de Brasília. Foi muito bacana. Fiquei muito impressionada. Mas foi um pouco estranho, porque tudo na cidade está em reforma. Disseram que é para a Copa do Mundo. Eu vi as “bacias” e as duas torres [do Congresso Nacional], foi muito legal. E, nossa, o Palácio do Planalto é lindo, é enorme, é gigante! Conheci a presidente do Brasil Mas o que mais me marcou estava por vir: a presença da presidente Dilma Rousseff. A primeira coisa que eu pensei quando a vi falando foi: ela não está na televisão, está aqui na minha frente, ao vivo. Pena que era muita gente e não dava para chegar mais perto. Mas foi muito emocionante. Nunca esquecerei. 27 de novembro “Com Vida” O último dia do congresso foi muito proveitoso. A gente teve uma conversa sobro o projeto “Com Vida”. Eles nos explicaram como esse projeto pode ajudar a vida dos estudantes no dia a dia da escola. É tipo um grêmio estudantil, mas para cuidar do meio ambiente e, principalmente, para criar projetos para ajudar a nossa escola. Eu gostei muito dessa ideia. Do pessoal que estava lá, poucos sabiam se suas escolas tinham ou não esse projeto. Despedida Logo depois do encerramento, que foi à noite, o pessoal do Acre e do Maranhão foi embora. Como todo mundo ficou muito amigo, já começou o choro. Sorte que tem as redes sociais para conversarmos. Eu fiz uma boa amizade com uma menina de Pernambuco. Ela era uma das poucas participantes da conferência que tinha a minha idade. Na verdade, com onze anos como eu, só conheci ela. A maioria dos participantes tinha 13 ou 14 anos. Poucos tinham doze. Na verdade, naquele momento de despedidas, a gente nem queria mais vir embora. E quando foi a hora de dizer adeus foi uma choradeira só!! Agora, é ruim porque eu e esta amiga estamos bem longe. Mas a gente combinou de sempre se falar pelo “face”. Ketrin (esquerda) e as amigas que conquistou na Conferência. 7 De volta a minha escola Voltei de Brasília muito empolgada com tudo. Procurei, então, a professora Eliete, diretora do Aldo Câmara. Eu queria saber como estava a nossa escola, se aqui tinha o “Com Vida”. Ela me falou que sim, só que estava desativado. Eu aprendi que para ativar um projeto desse tipo é preciso ter estudantes que queiram. E, é claro, apoio dos diretores e professores. Por isso, fiquei um pouco preocupada. Lembrei-me de quando fizemos o projeto lá em agosto. Naquele momento, percebi que os estudantes daqui não têm interesse. Todo mundo fica quietinho. A gente teria que dizer: Eu vou! Eu faço! Para ir para Braço do Norte, ninguém quis ir. A Karla e eu fomos as únicas. Depois, eu vi que em outras escolas houve uma grande concorrência, teve competição entre os muitos que queriam ir. Aqui na nossa escola não tem isso. Minha missão Eu penso em reativar o projeto “Com Vida” na nossa escola. Eu acredito que é possível mobilizar um grupo de alunos. Os estudantes que têm mais interesse vão gostar. Ruim vai ser encontrar esta turma. São poucos. Mas é com poucos que se começa. Depois, outro vai lá e vê que tem gente fazendo e gostando de fazer e fica querendo fazer também. O “Com Vida” é um grupo de alunos, não precisa ser todos. Se conseguirmos esse grupo de alunos interessados, a gente pode reativar o “Com Vida” e transformar a nossa escola em uma escola sustentável. Eu sei que vai ser difícil. Vai depender muito dos alunos e da direção da escola. Quando começarem as aulas de novo, eu quero voltar a falar com a diretora. Uma das coisas que eu vi lá em Brasília é que é possível fazer alguma coisa para ajudar o nosso município. Agora, eu me sinto como uma porta voz da Conferência Nacional Infanto-juvenil sobre o Meio Ambiente. Minha missão é multiplicar o que eu aprendi lá. E eu aprendi muita coisa, tanto sobre cultura como sobre o meio ambiente. Meu desafio é consegui fazer palestras. É falar pros alunos. É fazer com que a escola se conscientize. Que todo mundo fique interessado! Depoimento O nosso orgulho Em entrevista ao Canal SRL, a diretora do Aldo Câmara, Eliete May da Rosa, afirmou sobre Ketrin Michels: “Ela e sua ida a Brasília foram o nosso orgulho em 2013. Essa conquista dela gerou mais confiança e estímulo para todos os alunos”. Com relação ao “Com Vida”, a diretora afirma que este é um dos objetivos para o ano escolar 2014. Ela lembra que durante a Conferência Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente, no ano passado, cada grupo de alunos indicou seus representantes e pensa que eles poderão compor a comissão. “Falta definir o papel de cada um e envolver mais representantes da comunidade escolar e das entidades comunitárias. Não é difícil ativar. A direção deve estimular e apoiar as ações do ‘ComVida’, oportunizando momentos para que os membros da comissão possam se reunir para planejar e, naturalmente, auxiliar na execução dos projetos defendidos pela comissão”. 8 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL INOVAÇÃO Óleos essenciais orgânicos; mais um passo à frente Na segunda quinzena de janeiro, tiveram início a distribuição de mudas e o plantio de ervas aromáticas, dentro do projeto de pesquisa e desenvolvimento de uma cadeia de óleos essenciais orgânicos. Nesta primeira fase, estão mobilizados quarenta e três dos sessenta produtores que atuarão como pesquisadores. Apoio da Agência Brasileira da Inovação A experiência do Centro de Formação em Agroecologia (CFAE) foi apresentada, por João Augusto de Oliveira (Joca), ao Prêmio Finep de Inovação 2011. Por ter sido o vencedor na categoria Tecnologia Social na Região Sul, o CFAE obteve o direito de apresentar um projeto de pesquisa e desenvolvimento à própria Finep, que é a Agência Brasileira da Inovação. Em acordo com as Entrevista Sebastião Vanderlinde, diretor da Editora O ronco do bugio, é também o responsável pelas atividades de campo do projeto. Ele falou ao Canal SRL sobre o andamento desta ação de desenvolvimento para a constituição de uma cadeia de óleos essenciais orgânicos nas Encostas da Serra Geral. Canal SRL: O projeto e as ações nele previstas fazem referência às Encostas da Serra Geral. Quais são os municípios envolvidos? Sebastião Vanderlinde: Nós iniciamos com os municípios de Anitápolis, Grão Pará, Gravatal, Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima. Previmos atuar também em São Bonifácio, mas falta ajustar alguns detalhes para formar um grupo lá. Canal SRL: E os produtores mobilizados? Sebastião Vanderlinde: Basicamente, são agricultores familiares que aceitam o desafio de ser experimentadores; ou seja, que têm disposição para ser pioneiros. O ponto de partida foram os associados da CooperAgreco e da Acolhida na Colônia. Afinal, eles já têm uma vivência de pioneirismo na produção orgânica. A proposta é de produção orgânica. Não vai se trabalhar com a convencional. Em Grão Pará e Anitápolis, temos agricultores convencionais, mas que toparam participar da pesquisa e fazer a produção de ervas aromáticas dentro do sistema orgânico. Canal SRL: Então, é um projeto de pesquisa? Os agricultores vão ser pesquisadores? Sebastião Vanderlinde: Justamente! Neste primeiro momento, a produção ainda não terá caráter comercial. É uma pesquisa para testar o cultivo e desenvolver uma cadeia produtiva. Por isso, as áreas de plantio estão espalhadas em diver- principais lideranças que realizam um esforço para consolidar a produção orgânica nas Encostas da Serra Geral, propôs e negociou, ao longo de quase dois anos, essa iniciativa de estruturação de uma cadeia produtiva de óleos essenciais orgânicos. Tal proposta é vista como inovadora na região e já gerou ótimas expectativas positivas em organizações nacionais e internacionais. Cerca de 50 mil mudas já foram entregues aos produtores. sos municípios, solos e climas diferentes. Desde Anitápolis, com uma região mais alta e mais fria, até Gravatal, com uma região mais baixa e mais quente. É importante pegar toda a região das Encostas da Serra Geral, para testar quais são as espécies de ervas aromáticas que melhor se adaptam por aqui. Nós testaremos seis e esperamos ter um bom resultado. Como não se tinha nenhum trabalho de pesquisa já efetivado aqui sobre essas plantas e a extração de óleos essenciais a partir delas, temos que fazer primeiro essa pesquisa. Assim, poderemos balizar melhor a montagem da cadeia produtiva e dos empreendimentos dentro dela. do que, este verão se anunciava muito quente. Então, cada produtor vai receber cem mudas a mais para buscarmos garantir que teremos mil plantas em cada experimento. Assim, distribuiremos sessenta e seis mil mudas. Canal SRL: São mais de sessenta mil mudas fornecidas aos agricultores pelo projeto. Como foi a produção delas? Sebastião Vanderlinde: A ideia original do projeto era implementar aqui em Santa Rosa de Lima um viveiro para produzir as mudas. Em função da época que o recurso foi liberado, não tivemos tempo hábil para isso. Precisaríamos de pelo menos um ano para instalar o viveiro. Esse período comprometeria o resultado da pesquisa porque não iria dar tempo para fazer o ciclo completo. Avaliamos, então, que seria mais prático buscar um viveiro aqui na região, que já estivesse credenciado e licenciado. Em Rio Fortuna, o viveiro Florestal Rio Verde cumpria todas as condições exigidas no projeto. Solicitamos esta alteração à Finep. Os analistas do projeto consideraram a modificação adequada e a autorização foi tranquila. O viveiro iniciou a produção das mudas em outubro e pudemos, agora, iniciar as entregas. Canal SRL: Quais as razões pela escolha destas espécies? Sebastião Vanderlinde: A principal é o valor de mercado, ou seja, quanto se paga pelo litro do óleo essencial. São produzidos, a partir das espécies escolhidas, óleos muito valorizados. E que o mercado compra. Outra razão é que, a princípio, elas apresentam maior facilidade para a produção. Buscando em literatura, são plantas com uma boa condição de adaptação à região. Sabemos que não há produção delas aqui na região. Alguma coisa que tem é de fundo de quintal. Por isso, não se tem dados mais claros. A gente só vai saber efetivamente depois dos agricultores experimentadores testarem conosco. Depois de plantar e colher, de ver como é o desenvolvimento das plantas, o rendimento e a qualidade do óleo. Canal SRL: Quantas mudas foram distribuídas? Sebastião Vanderlinde: O total previsto no projeto era de sessenta mil mudas para sessenta unidades. Então, cada unidade, cada experimento, receberia mil mudas. Achamos conveniente produzir e fornecer dez por cento a mais de mudas, por causa de possíveis perdas. Isso porque, mais uma vez em função da época de liberação final dos recursos pela Finep, o plantio se dará em uma época limite. Além Canal SRL: Quais foram as espécies escolhidas? Sebastião Vanderlinde: Tomilho, orégano, sálvia, camomila, alecrim e capim vetiver. Para este último, as mudas serão buscadas em Itajaí. Elas já estão prontas e só estamos acertando a logística. Os experimentos com o vetiver vão ser instalados logo em seguida. Canal SRL: Pode ser que alguma espécie não se adapte? Sebastião Vanderlinde: Como disse, é um projeto de pesquisa. Pode ser, sim, que alguma espécie se mostre não adaptada. Eu, particularmente, acredito muito que as chances de dar certo são muito grandes. O alecrim, o tomilho e o orégano, as pessoas têm nos quintais por aí. A camomila, nossas mães e avós já tinham para chás. Todas elas mostram que se adaptam bem por aqui. O próprio capim vetiver é usado na contenção de barrancos. E são todas plantas de cultivo fácil. A chance de não dar certo existe. Por isso a necessidade de fazer essa produção e pesquisa com os agricultores, nas condições das propriedades deles e não em um centro de pesquisa. Canal SRL: E para as que não se adaptarem, os resultados vão ser divulgados? O que vai se fazer? Sebastião Vanderlinde: Se alguma espécie não der certo, vamos informar a todos. E procurar introduzir outras. Aliás, já temos outras espécies que gostaríamos de experimentar. É o caso da Palma Rosa. Talvez seja um dos óleos mais valorizados no mercado. Mas não conseguimos nenhum fornecedor de mudas ou de sementes no Brasil. É preciso importar. Quem sabe ainda consigamos sementes durante o projeto e possamos testar também. É uma espécie de capim e, aparentemente, de uma produção simples. Canal SRL: E agora que as mudas já estão na terra? Sebastião Vanderlinde: Agora, começa o acompanhamento, com visitas mensais aos agricultores experimentadores. Primeiro, vamos conversar bastante Tomilho é uma das espécies experimentadas. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL com eles sobre o projeto e conhecer bem a propriedade deles. Cada produtor também receberá uma ficha para fazer anotações do experimento. Todas as intervenções que ele fizer na lavoura, ele precisará anotar. Seja uma simples capina, ou a colocação de composto ou esterco. Ele vai anotar também se surgir uma doença ou uma praga. Por essas atividades, além de estarem na frente no conhecimento dessa produção, os agricultores receberão um subsídio, na forma de um apoio financeiro. to? Canal SRL: Qual a duração do proje- Sebastião Vanderlinde: O tempo dos experimentos é de dois anos. Ou seja, os recursos, a princípio, são para dois anos. Neste período, estima-se que o tomilho e orégano possam dar três cortes. Alecrim, camomila e sálvia, dois cortes. O capim vetiver é uma colheita apenas, pois dele se usa a raiz. Canal SRL: E quando chegar a fase de colheita e de extração do óleo? Sebastião Vanderlinde: Nós vamos acompanhar permanentemente o desenvolvimento das plantas e quando elas estiverem no ponto ideal de maturação, serão colhidas e transportadas para uma usina de extração situada na Grande Florianópolis. Paralelo à pesquisa, já se trabalha em um projeto que visa captar recursos para a construção de uma usina de extração em Anitápolis. Já temos projetos encaminhados, procurando viabilizar esses recursos a fundo perdido. A prefeitura de Anitápolis já colocou o terreno à disposição. Essa unidade será gerenciada diretamente pela CooperAgreco. Esta é uma definição estratégica. Nós queremos que essa cadeia produtiva seja a mais inclusiva possível e não uma iniciativa particular. A própria cooperativa pode financiar a construção da agroindústria e já temos financiadores interessados. Eles também veem que os óleos essenciais têm um grande valor comercial, principalmente produzidos a partir de técnicas orgânicas, e podem ser uma ótima alternativa na diversificação da agricultura familiar. Canal SRL: E o valor comercial desses óleos? Como eles são comercializados? Sebastião Vanderlinde: Para o projeto, elaboramos uma planilha com os dados apurados sobre o valor de mercado dos óleos das espécies escolhida. Os valores referenciados são em dólares e cotados em vasilhames de um litro de óleo bruto. Um litro de óleo bruto pode valer: U$ 90,00 (R$ 216) para o de alecrim; U$ 140,00 (R$ 476) para o de tomilho; U$ 200,00 (R$ 480) para o de sálvia; U$ 250,00 (R$ 600) para o de capim vetiver; e até U$ 1.000,00 (R$ 2.400) para o de camomila. Fracionado em quantidades menores, em frascos de mililitros, esses óleos podem ter ainda maior valor agregado. Canal SRL: E quais as perspectivas desse mercado de óleos essências? Sebastião Vanderlinde: O Brasil não é um grande produtor desses óleos. Na verdade, só existem iniciativas pequenas. Hoje, grande parte do que é usado no mercado brasileiro vem de fora. O Brasil importa óleos essenciais. Por isso, o mercado interno apresenta grande potencial. A procura por óleos essenciais também é grande nos mercado internacional. E aí está mais uma oportunidade. Canal SRL: É possível ter uma ideia da quantidade de óleo essencial que se pode extrair de mil plantas? Sebastião Vanderlinde: A proporção de óleo que será extraída destes mil pés que cada agricultor vai cultivar, só poderá ser medida no final da experiência. O que nós temos de informação é via literatura, de pesquisas realizadas geralmente em outros países. O João Augusto (Joca) trabalhou planilhas para o projeto e elas indicam algo em torno de 1% a 1,5% do peso. Mas, aqui em Santa Catarina, nós não temos dados mais concretos. Por isso, pretendemos, também, visitar e conhecer mais de perto produções e pesquisas realizadas em outros estados. Por exemplo, na região de Curitiba, há um plantio comercial de camomila. No Rio Grande do Sul, tem um experimento com algumas das plantas que nós escolhemos. Para trabalharmos no projeto, nós temos que ter o máximo de elementos possíveis. Nós encaramos esse projeto como a construção de uma oportunidade para a região. Não tem nada disso aqui nas Encostas, ninguém trabalha com essa atividade. Então, em dois anos, com este projeto e com os agricultores experimentadores, queremos gerar um conhecimento muito grande. Para maturarmos o grande potencial da produção de óleos essenciais em uma região de Mata Atlântica e que é reconhecida pela agricultura familiar, pela agroecologia e pelo agroturismo. 9 Canal SRL: A propósito, para finalizar, você poderia falar sobre a coerência de um projeto desses com o futuro do nosso município? Sebastião Vanderlinde: A questão do trabalho e da renda vinculados a empreendimentos sustentáveis e com valor agregado é o ponto chave. No projeto, nosso foco é a produção de óleos essenciais, mas, para as espécies escolhidas, há ainda a possibilidade de produção de sachês para chás. Com o agroturismo, também é possível pensar em tapetes floridos e aromáticos. Na França, existem ótimas iniciativas com plantas aromáticas junto com o turismo. Outra questão que a gente possivelmente vai fazer durante o experimento é testar as plantas nativas da Mata Atlântica. Vamos colher, fazendo a extração racional. Tem várias espécies aqui da nossa mata que, com um plano de manejo sustentável, é possível coletar. São plantas bem valorizadas. A espinheira santa, que é valorizadíssima é um bom exemplo. Desta maneira, as possibilidades de ganhar dinheiro respeitando a natureza são inúmeras. Assim, nosso projeto tem tudo a ver com a Capital da Agroecologia! Cada propriedade recebeu 1.100 mudas para o plantio. 10 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Meine Meinung Minha Opinião COMUNIDADE RIO SANTO ANTÔNIO Mariléia Torquato | Carol Rodrigues O calor é geral O forte calor das últimas semanas tem prejudicado o desenvolvimento das plantações aqui em nossa comunidade. Sofreram principalmente os cultivos de milho, batata e as diversas variedades de verduras e legumes produzidos a partir do sistema orgânico. As altas temperaturas, o sol escaldante e falta de chuva são elementos que podem prejudicar não só a qualidade, como também a quantidade da produção. Colher a safra e não tempestades Estamos numa época boa para quem vive da roça. É tempo de produção, de colheitas. Mas também é uma época de muitos riscos naturais. Está aberta a temporada das grandes tempestades de verão. Fenômenos que podem pôr em risco toda a produção de uma safra. Em minutos roças inteiras podem ser devastadas pelo granizo, como aconteceu recentemente na comunidade de Rio Bravo Alto. Mas é assim, contra a força da natureza ninguém consegue lutar. Por sorte desta vez nossa comunidade não foi atingida. A lida é árdua A vida no campo tem as suas dificuldades em relação à natureza. No inverno, enfrentamos as baixas temperaturas e as geadas e, no verão, altas temperaturas, ventos fortes, granizos e chuvas torrenciais, que podem levar produções inteiras literalmente “por água a baixo”, como se diz por aqui. É sim uma vida muito dura. Sem contar a falta de valorização da agricultura familiar e, por consequência, de políticas públicas e de assistência técnica. O agricultor é quem mata a fome de quem vive na cidade. E, mesmo assim, sofre preconceitos. Ninguém se coloca no lugar dele. É interessante ver quem vive no conforto de um ar condicionado reclamando do calor. Enquanto isso, o agricultor está aqui, dia a dia, sob o sol, capinando suas lavouras. E ainda “cuidando” do céu, pois uma tempestade pode colocar tudo a perder. Dificuldades e oportunidades Podemos dizer que quem mora aqui é guerreiro. Nossa comunidade está se esvaziando cada vez mais por falta de oportunidades e incentivos para os jovens e suas famílias. Trabalhar na agricultura não é fácil, por isso as pessoas saem em busca de oportunidades melhores e não tão sofridas. Mas por aqui existem também boas oportunidades. O que está em alta é a produção orgânica, uma maneira de se manter no campo que tem atraído as famílias. Wilson Feijão Schmidt Com o tempo Um fato recente nos faz lembrar duas “Leis de Murphy”. A primeira lei: “Nada é tão ruim que não possa piorar”. A segunda: “Inteligência tem limite. Burrice não”. Senão vejamos, nestas últimas semanas, um político antigo e mentiroso local criou mais uma afirmação contrária à verdade. Ele disse, a um velho professor local ainda na ativa, que o responsável por esta impotente coluna faria parte de uma das chapas que concorria às eleições de uma cooperativa de eletrificação. A fábula só comprova a imaginação fértil e a capacidade do político antigo e mentiroso para fazer intrigas, já que isso nunca foi cogitado por qualquer pessoa e não fazia o menor sentido. Mas o que se esperaria de um professor com tantos anos de profissão ao receber tal “informação” do político antigo e mentiroso? O velho professor local ainda na ativa sabe – ou deveria saber – que os estudantes e seus colegas têm a esperança de ver num educador em final de carreira um exemplo de autonomia intelectual e a demonstração diária da importância de ter senso crítico, de questionar informações, de mostrar capacidade de fazer o seu próprio exame dos fatos. Desta forma, se esperaria que o velho professor local ainda na ativa fizesse a coisa mais simples do mundo: procurar as listas das duas chapas, facilmente disponíveis, e confirmar ou negar a informação recebida da parte do político antigo e mentiroso. Mas o que ele fez? Não apenas engoliu a mentira com casca e tudo, como a passou à frente. Parecendo mais uma lavadeira mexeriqueira do que um professor. Ou seja, ficam confirmadas as duas leis de Murphy citadas. Com o tempo, um mentiroso pode se tornar ainda mais mentiroso. O caso torna evidente ainda que a burrice não tem limites. Ou não seria burrice? Esperança No que se refere à sorte futura desse político antigo mentiroso local, a expectativa dessa coluna sem poder e sem ambições de poder é que Abraham Lincoln tenha alguma razão. Sobre a relação entre mentira e a política, aquele presidente dos Estados Unidos entre 1861 e 1865 afirmou: “Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”. Postura republicana Informações prestadas pelo próprio poder executivo santarosalimense à “imprensa oficial” dão conta que o Governo Dilma investirá, em 2014, neste pequeno município de dois mil e cem habitantes, por volta de dois milhões e cem mil reais. São mil reais por habitante. Isso sem contar que a quase totalidade dos R$ 1,9 milhão que serão repassados ao município pelo Governo Colombo, também virão de programas e políticas do Governo Dilma. Os administradores destacaram ao “diário oficial do município”, com direito a foto posada demais, a participação de vereadores de todos os partidos para solicitar a liberação das emendas para Santa Rosa de Lima. O estranho é que, se mantida, em 2014, a mesma postura exibida ostensivamente no ano passado de pouca transparência do executivo e da mesa do legislativo municipais, esses mesmo vereadores “de todos os partidos” não poderão acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos federais que ajudaram a conseguir. Afinal os auxílios financeiros são para servir aos santarosalimenses e não à prefeitura ou aos seus ocupantes. Em suma, o Governo Dilma mostra uma postura republicana no trato da coisa pública. O municipal passará a fazer o mesmo? Ou se manterá na vanguarda do atraso? Palavras do Papa Mesmo na condição de ateu e agnóstico, creio que cabe citar nesta coluna a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, batizada de “O Gáudio do Evangelho”, de novembro de 2013. No texto, Francisco diz que, hoje, “tudo entra no jogo da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco”, deixando muita gente “sem perspectivas, num beco sem saída”. Nas palavras do Papa, “assim como o bem tende a difundir-se, também o mal consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais sólido que pareça”. Lembremos que “exortação” quer dizer advertência ou palavras com que se procura reformar ou melhorar os atos, costumes ou opiniões de alguém. E que gáudio quer dizer alegria. Cabe, assim, a reflexão para quem é ou se diz religioso. E, sobretudo, cabe muita ação. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL 11 COOPERATIVISMO Situação se conserva frente à Ceral Cerca de dois mil associados compareceram às urnas para a eleição da diretoria e do conselho fiscal da Cooperativa de Eletrificação Rural de Anitápolis e Santa Rosa de Lima (Ceral). Laudi e Dico asseguram o terceiro mandato frente à distribuidora de energia. O máximo possível dentro da legislação e dos bons costumes A assembleia geral ordinária da Ceral aconteceu no último dia 25 de janeiro, no município de Anitápolis. Depois da apreciação das contas relativas ao exercício de 2013 e demais trâmites legais, a eleição iniciou às onze horas. A realização do pleito eleitoral, de responsabilidade do conselho administrativo da Ceral, foi supervisionada pela Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural de Santa Catarina (Fecoerusc). O assessor da diretoria daquela entidade, Valdemar Venturi, explica que. “as cooperativas se valem da Fecoerusc para garantir que a coisa seja feita o máximo possível dentro da legislação e dos bons costumes. E [para que seja] bem orientada. Então, [a Federação] orienta e acompanha as eleições dos conselhos”. Sessenta por cento de comparecimento A grande surpresa foi o número de associados que compareceu às urnas. Dos 3.199 associados da Ceral, 1.920 deles compareceram às urnas, ou seja apenas 40% de abstenção. Os 1.187 eleitores de Anitápolis e os 733 de Santa Rosa de Lima precisaram enfrentar grandes filas durante todo o dia. Às dezessete horas, horário previsto para o término da eleição, foram distribuídas cerca de 150 senhas para os que ainda aguardavam para votar. Nos bastidores, pouco depois do fechamento das urnas Valdemar Venturi avaliou que mais de setenta por cento dos associados de Santa Rosa de Lima haviam votado e que “isso não é comum nas cooperativas”. Atraso O atraso de pouco mais de uma hora na votação, também foi explicado pelos pleitos de três associados, que exigiam uma análise jurídica do direito deles ao voto, já que consideravam suas situações regulares e não encontraram seus nomes nas listas de votação. Valdemar Venturi afirmou que houve, de fato, muitas falhas administrativas no pleito. Segundo ele, foram mais de cinquenta pedidos de análise ao apoio jurídico. “São COMUNIDADE NOVA FÁTIMA problemas administrativos que não podem acontecer”. Resultados Com 1078 votos, ou 56%, foi vencedora a chapa 1, Laudi e Nivaldo. A chapa 2, Saulo e Joacy, somou 798 votos, ou 41,5%. Foram 13 votos nulos e 31 cooperados votaram em branco. Depoimentos Assim que soube do resultado das urnas Laudi Coelho falou ao Canal SRL: “Estou contente, muito contente. Eu mais ou menos imaginava que eu ganhava. Não por ser candidato melhor, mais sou o mais conhecido do povo, tanto de Santa Rosa de Lima que nem daqui. É isso aí”. Nivaldo Vandresen também falou ao jornal de Santa Rosa de lima: “Primeiramente, eu quero agradecer a cada associado da Ceral, especialmente do nosso município, que compareceu e soube fazer uma eleição tranquila. A minha satisfação e alegria é do comparecimento destas pessoas, que escolheram livre e democraticamente. A nossa responsabilidade aumenta ainda mais. A gente está indo para um terceiro mandato. De coração, quero dizer que a família Ceral vai estar aberta para todo associado”. Naquele momento, não foi possível ouvir os candidatos da chapa 2. Nos dias seguintes, nossa reportagem tentou contato com Saulo Weiss, mas os telefonemas não foram atendidos. Joacy Eller, também por telefone, declarou que para ele foi muito importante participar das eleições, “primeiro porque a chapa 2 veio como uma oportunidade para que os associados pudessem escolher, para que pudessem manifestar sua vontade de mudança. Segundo, porque ser candidato foi uma grande experiência”. Sobre o resultado, o candidato a vice ponderou: “Continuo acreditando que uma mudança no modo de gestão da cooperativa é necessária, mas a maioria optou pela chapa 1. Eu espero e desejo que esta diretoria faça um bom trabalho pelos associados da Ceral, que continua sendo nossa”. Alexandre Oenning Bittencourt | Valesca Weber Antigos seminaristas, amigos eternos Nos dias 11 e 12 de janeiro, o Cantinho da Família, aqui em nossa comunidade, foi palco de mais um encontro de um grupo de ex-seminaristas do Seminário Nossa Senhora de Fátima, de Tubarão. Esse evento anual foi realizado mais uma vez em Santa Rosa de Lima. De nosso município, os “quase padres” são Celso Heidemann e Ivo Schmidt, que estudaram no Seminário de 1985 a 1987. Coube a eles organizar a festa deste ano. O Ponto... A escolha da Pousada Cantinho da Família foi considerada apropriada e, mais do que isso, muito bem avaliada por todos os participantes. Segundo eles, além do excelente atendimento por parte dos proprietários, a estrutura favorece a integração e a boa convivência de todos. Registram o sucesso da “tirolesa”: Foi uma novidade em relação aos encontros anteriores e foi elogiadíssima por todos. Principalmente pelos mais corajosos. ... do Encontro O primeiro encontro foi em 2001, na Praia do Mar Grosso, em Laguna. Depois dele, a cada ano, um ou dois destes quadros que a igreja perdeu como padres são os responsáveis por organizar a reunião. Já foram realizados encontros em Laguna, Palhoça, Santa Rosa de Lima, Urussanga, São Martinho, Tubarão e São Bonifácio. Depois de tantos anos, a data passou a ser esperada com muita expectativa. O segundo final de semana de janeiro já está consagrado e devidamente registrado e bloqueado na agenda dos participantes. Convivência, velhas histórias e novas risadas Para Mauri Luiz Heerdt, os encontros iniciaram sem muitas pretensões, mas se tornaram um evento “sagrado”: “Solidificou-se porque todos nós valorizamos as coisas simples e a boa convivência”. Ele destaca que os encontros são marcados por muita alegria, saudosismo, confraternização, brincadeiras, futebol, música e convivência. E arremata: “Evidentemente, as histórias do tempo do seminário são sempre a atração principal. Todo ano elas se repetem, mas sempre arrancam as maiores risadas”. Confraria expandida Com o tempo, os familiares dos ex-seminaristas também começaram a participar. Mauri conta que os encontros se transformaram em uma verdadeira integração de famílias. “É interessante que a cada ano alguém que nunca participou de um encontro se integra ao grupo. E ele se transforma no protagonista da reunião, porque todos querem saber sobre a trajetória de vida dele. Neste ano, conquistamos mais um antigo colega, Vilmar do Nascimento, que agora é um novo e bem-vindo membro desta confraria”. Marcado Em 2015 – nem seria preciso dizer, no segundo final de semana de janeiro, o encontro será em Araranguá, com a organização de Adair Jordão. Turma de ex-seminaristas. 12 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE O “home du pacaxi” Se ao abacaxi, por sua coroa, deu-se o apelido de “rei das frutas”, o cultivo dessa planta em Santa Rosa de Lima tem o seu soberano: Elias Herdt. Afinal, são mais de quarenta anos de cultivo pioneiro e, segundo ele, praticamente todas as mudas plantadas no município vieram daquela mesma propriedade onde ele vive até hoje. E quase todo mundo por aqui já comprou pelo menos um abacaxi dele. Como consequência, como diz Seu Elias: “Na Santa Rosa, em Santa Maria, São Bonifácio, Rio Fortuna, pela Vargem do Cedro, e até em Braço do Norte, eu sou conhecido pelo home du pacaxi”. Seu Elias na fazenda de abacaxi. Note-se o cuidado com as “barbas de velho” coGeograficamente, a propriedade do Seu Elias fica fora de Santa locadas sobre os frutos para evitar que o sol os queime. Rosa de Lima. Mas, numa espécie de área de fronteira, entre o Rio Bravo e o Rio Claro, entre Santa Rosa de Lima e Rio Fortuna. E, como ficará evidente a seguir, a vida desse agricultor “diferente” está muito mais relacionada ao nosso município. De qualquer forma, da casa do Seu Elias se tem uma visão maravilhosa do “paredão da serra”. Como essa é a referência de todos aqui na região e como ele produz em sistema orgânico, talvez seja melhor simplificar e considerá-lo o “homem do abacaxi das Encostas da Serra Geral”. “Eu sou uma pessoa diferente, que nem qualquer um” Elias Herdt, nasceu em 1942. Os pais trabalhavam na roça, numa baixada no Rio Bravo. A família mudou em 1953 para a propriedade onde Seu Elias vive até hoje. Ali, trabalhavam na roça, roçavam capoeira, faziam plantação, criavam porcos, plantavam um hectare de batata e três hectares de milho. Tudo com enxada e foice. “Não tinha trator, era só pegar um cavalo no pasto e preparar o trato. Cada ano, no mês de maio botava uns 25 porcos no chiqueiro. Era serviço de colono!” Na juventude, gostava muito de jogar futebol. “Eu joguei muita bola, meu Deus! Jogava torneios pelo time do Rio Bravo em toda a região. Nós tínhamos um time bom e eu jogava de ponta”. Também tocava gaita e percorria a região atrás de festas e de moças. Numa dessas festas, em São Bonifácio, conheceu Melita Schmoeler. “Ela morava do Rio Canudo pra cima, no Rio Pau, encima do Campo”. E lá ia ele até lá, de bicicleta, para namorar. “Foi indo, foi indo” e casou-se em 1969. Teve quatro filhos; três rapazes e uma moça. Hoje, sente muita saudade da companheira, sempre “muito doente”, mas que era “cem por cento” ou “chique nos úrtimo” e que o fez muito feliz. Depois de um derrame, Dona Melita viveu ainda dez anos e “se virava com tudo na casa”. A partir dessa perda, Seu Elias ficou “toda vida sozinho”. Atualmente, ele e o filho mais novo vivem na propriedade. Dos demais, um mora no Rio Areia, outro, em Braço do Norte e a filha, no Rio do Sul. Cortador novo Foi na escola até a quarta série. Quando parou de estudar, com doze anos, o primeiro trabalho, “fora o de ser filho de colono”, foi cortar cabelos. “Cortava cabelos da Santa Rosa até o Rio Bravo Baixo. Dia de semana, quando saia de bicicleta, eu levava os aparelhos de cortar cabelo. Parava nas casas para cortar e o pessoal pagava. E vinham aqui em casa também. Fim de semana, sábado... ô!” E corta até hoje. São sessenta anos cortando cabelo. “Hoje, acho que eu posso cortar cabelo até de olho fechado”. Perguntado sobre como aprendeu o ofício ele diz aos risos: “Eu mesmo fui aprendendo. Cortando. Eu ia lá em Rio Fortuna, onde tinha uns cortadores mais artistas, e ficava de olho neles cortando. Caprichava! O Fata [avô] cortava um pouco. O irmão do Fata, Rudolf Herdt, tinha uma loja no Rio Bravo e já era cortador velho. O Augusto Eller era cortador. Quando eu entrei cortando o Augusto Eller me deu duas máquinas de presente. O Rudolf Herdt me deu todos os aparelhos de cortar cabelo que ele tinha. Me deu tudo de presente. Mas aprendi por mim mesmo. O primeiro no Rio Bravo que começou a cortar com navalha fui eu”. Solteiro “Depois foi indo. Eu ainda era solteiro e morava com os pais. Comprei uma gaita, comprei um violão. Fui lá no Vaqueirinho e fiquei uma semana aprendendo gaita, aprendendo a tocar gaita, pra passar tempo. E cortando cabelo. Depois, comecei fazer roça à terça. Aí foi indo: cortando cabelo, tocando gaita e fazendo roça à terça. Eu ainda tinha uns vinte carneiros no terreno do Fata. Eu comecei a matar carneiro a cada semana, nas quartas-feiras. Eu matava, tirava a buchada e fazia os quartos. Na quinta-feira o ‘rápido de Florianópolis’ passava em Santa Maria. Naquele tempo a gente chamava de rápido um caminhão fechado. Eu enchia o cargueiro, colocava o cavalo no cabresto e levava cedo. Nove, nove e meia, o ‘rápido’ passava lá em Santa Maria e levava a carne toda. O ‘rápido’ me comprava os carneiros. E assim foi indo todos os projetos pra frente. Mas eu estava mexendo com muita coisa”. Casado... “Com 27 anos [em 1969], eu casei. Primeiro, morei um ano na fita (serraria) do Germano. Eu trabalhava com eles e eu e a esposa morávamos lá. Depois, eu vim morar aqui no terreno que era do pai. Aí, fui queimando carvão, fazendo roça... Mas sabia que tinha que trabalhar coisas diferentes. E eu já era, desde pequeno, da fruta. Eu plantei muitos pés daquele pera dura de antigamente. Eu já tinha 150 pés, o que ninguém daqui tinha essa ideia diferente de trabalhar com frutas”. O começo com o abacaxi “Há cinquenta e cinco anos, tinha cinco pés de abacaxi, pelo lado da estrada, ali. Eu nem conhecia o que era abacaxi. O meu irmão plantou dessas mudas. Era daquela qualidade branca. No primeiro ano em que eu vim morar aqui (1970), eu peguei uma junta de bois e fui lá no Alto Rio Fortuna e peguei uma carrada de mudas. Eram uns “alemão” que moravam lá. Eu cortei o cabelo deles lá no Rio Claro e nós estávamos falando de abacaxi. Aí, eles me falaram que tinham abacaxi. Eu não sabia que eram diferentes dos que tinha lá em casa. O deles era amarelo e diferentes dos que nós tínhamos. Eu sabia onde o alemão morava, no Alto Rio Fortuna, e fui lá buscar mudas. Fui com carro de boi. Levei três horas de ida e três horas de volta. Peguei duzentas e cinquenta mudas de abacaxi. Eram mudas grandes, porque o homem estava se incomodando. O pessoal de Rio Fortuna que ia caçar para aqueles lados comia todos os abacaxis dele. Ele resolveu dar tudo pra mim. Eu trouxe pra cá e plantei. E dali, fui plantando, caprichando e plantando, caprichando e plantando. E ia vendendo”. “O abacaxi era a maior força que eu tinha. Criei os filhos com [a renda do] abacaxi” “Eu cheguei a ter sete hectares só de abacaxi. Tinha uns cem mil pés de abacaxi. Teve dia de eu vender mil cabeças de abacaxi. Isso faz trinta anos. Eu estou plantando abacaxi há uns quarenta e quatro anos. Foi a minha maior força. Eu comprei terra, fiz a casa, comprei dois ‘fuques’, despesas de casa, tudo, a maior parte, veio Iasmin, neta de seu Elias, apoiando a reportagem. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL segue do abacaxi. Se naquele tempo eu conseguisse o preço que consigo agora no orgânico, eu tinha comprado até helicóptero (risos). Naquele tempo, com a venda de uma caixa de vinte quilos de abacaxi, eu comprava só um quilo de chimarrão. Hoje, com uma caixa de abacaxi, da média para baixo [tamanho] dá trinta reais. Naquele tempo no sábado de manhã, pegava três carradas de carro de boi até em cima e vendia tudo aqui em casa. Se fosse com o preço de hoje, eu teria feito muito dinheiro, eu teria feito besteira. Verdade! Tu imaginas... Cada ano, eu tinha mais ou menos uns quatrocentos compradores, controlado... De tudo que era lado. Tu não imaginas o que aparecia de gente aqui. Não era só da Santa Rosa, era São Bonifácio, Vargem do Cedro, Braço do Norte, por tudo... Aqui já chegou padre, já chegou freira... O Padre Afonso gostava de vir aqui, atrás de abacaxi e de conversa”. As mudas “Daqui já saiu muda de abacaxi pra todo lado. Pro Paraná, pro Rio Grande do Sul, por tudo. Ao longo desse tempo todo, eu já vendi por volta de cento e vinte mil mudas de abacaxi. Por aqui, foi pra Fátima, pra Santa Rosa, pras Águas Mornas... Todo o abacaxi que tem em Santa Rosa de Lima veio tudo daqui. As pessoas vinham aqui, compravam mudas e levavam para plantar nas propriedades deles. Todo mundo achava que era ‘facinho’. Mas não é fácil cuidar de uma chácara de abacaxi. Ah, e quantas mudas ainda saíram pra fora...” Agreco no início “Faz uns dezessete anos, quando começou a Agreco, o Wilson Schmidt e o pai dele já falecido, o Tino, quantas vezes eles vieram aqui de Gol pegar abacaxi? Era sete oito caixas de abacaxi bonito, cada semana. Eu entreguei bastante para eles. Mas aí não deu mais. O que eu ia fazer? Fui obrigado a parar de entregar para a eles. Naquele tempo era bom. Mas eu só fiquei uns dois anos. E aí o povo entrou tudo de novo. E sabe como é trabalhar com o povo. É barato, é diferente. Fui vendendo pro povo de novo, pra tudo que é lado, espalhado e espalhado”. Se não fosse a Sibele... “Há uns oito anos, nós tínhamos botado uma fitinha (serraria) e serrávamos toletes. Eu e o meu rapaz serramos três anos e não estava dando certo. E o povo dizia: tu volta de novo com fruta. Mas eu não gostava mais de vender pro povo. Aí, chegou a Sibele. Ela perguntou: ‘Por que o senhor não volta [a produzir], mas sem veneno?’ Por uma parte, sem veneno o preço era melhor. Por outra parte, eu não ia precisar mais mexer com o povo, porque a Agreco pegava a produção toda. Você sabe né, quando a gente vende pro povo, tem que atender bem e não tempo nem de comer. E eu ficava sem comida, não conseguia ir pra roça e não podia sair da propriedade. Eu andava louco! E a Sibele era uma pessoa que ajudava a explicar e atendia bem. Ela era muito caprichosa, passava a roça todinha. E me apoiava pelo que ela enxergava. Ela via que eu caprichava, que não usava veneno. Aí eu disse: vou recomeçar. Eu só 13 Iasmin O ambiente é de trabalho, mas também de alegria. “Abacaxi e veneno não dá! Se quer plantar abacaxi, não mexa com veneno. Com round up, essas coisas, tu não podes mexer. Não vai funcionar! Tu tens que capinar caprichadinho.” digo a verdade: se não fosse a Sibele, eu nem tinha voltado a plantar frutas. Ai, eu fui juntando as mudas, das minhas mesmo, e plantando tudo o que tinha ali. Aí, fui caprichando. E a Sibele cada semana passava aqui, explicando as coisas. Ela controlava todos os remédios – não é veneno! – pro pêssego não bichar, pra folha não ficar preta... Aí eu disse pra ela: tudo bem, se vocês acham que têm condições de pegar tudo... E a Sibele respondeu: “Isso vai dar certo. Nós não vamos te deixar na mão”. Aí eu fui pensando... Se isso é verdade mesmo, eu vou tentar”. Ressaca “Quando eu vendia frutas, com esse tanto de gente, eu andava louco, de vez em quando. Não tinha como atender. Depois que a Sibele entrou, eu trabalhei um ano sem botar um pingo de adubo, veneno nada, cercar e fazer barreira para tirar chance. Ela disse que pra entrar pro lado dos orgânicos tinha que matar um ano [sem poder vender como orgânico]. Depois que entrou a venda pra Agreco e acalmou o povo, de vez em quando eu andava até meio esquisito. Antes, me- A velha placa – “Não se vende frutas” – hoje é decoração. xendo direto com o povo e, então, eu tinha botado uma placa lá na estrada: ‘Não se vende uma fruta!’ A maior parte das pessoas de fora passava direto. Aí era só eu e o rapaz aqui e tinha dias que eu andava meio esquisito”. Quando a reportagem agendou a entrevista, Seu Elias fez questão da presença da netinha, Iasmin Herdt Petry, que vai fazer dez anos, mora no Rio do Sul e está indo para a quarta série em Anitápolis. Ela diz que é difícil falar do vô, mas meio encabulada, conta ao gravador: “O vô é trabalhador e sempre quer fazer as coisas bonitas. Eu gosto de vir aqui na casa dele e conversar com ele, sobre um monte de coisas”. Tudo certinho “E agora a Agreco pega aqui e eu sei o dia que tem que arrumar, a hora que eles pegam... Aí eu posso sair e posso trabalhar. É feita uma ficha, a gente entrega e recebe tudo certinho. E eles são muito contentes comigo. Eu trabalho tudo certo e eles também. Agora tá bom de novo. Eu não posso me queixar. Se for para eu sair da Agreco, aí eu fecho, eu vou parar. Pode falar do que tu quiseres porque hoje eu entrego abacaxi, pêssego, cebola, pimentão, batatinha, limão, chuchu, laranjas, abóbora, morango... Tem muita coisa que eu estou entregando. Eu faço de tudo... Teria que ir lá fora olhar. Eu não precisava trabalhar tanto. Mas gosto de trabalhar, eu tenho esses projetos tudo e agora tá vendendo tudo”. Estratégia “Se eu ficar com saúde, a propriedade vai estar ainda mais bonita. No abacaxi, eu vou cuidar bem só de dez mil pés de abacaxi. Aí eu posso caprichar mais e só fazer fruta bonita. Tudo pra Agreco. Aí, eu posso ficar de cabeça fria. Não adianta fazer loucuras, querer abraçar o mundo e, no fim, não dar conta. Eu acho que é uma boa ideia e é o que eu vou fazer”. A semana “Eu trabalho a semana inteira, até nos sábados. Todo dia, às seis horas, eu já estou indo com a enxada pra roça. A enxada em primeiro lugar. Isso eu não posso perdoar. Porque é tudo capinado, né? Essa terra de manhã dá pra trabalhar. Até umas onze horas. Mas, à tarde a coisa muda. O sol pega mesmo. Fica quente demais. Dá pra voltar pra roça às três e meia. Aí, dia de semana, eu tenho que ir muito pra Santa Rosa. Tem compromissos, tem que ir no banco, tem que ir na Agreco... Domingo de manhã cedo, até às oito e meia eu estou na roça, capinando. Nove e meia tem o terço ou a missa. Eu pego a Biz e vou lá rezar. Tem muita gente que diz que dia de domingo não pode trabalhar. Mas não vão pro terço... Eu trabalho, mas quando chega a hora do terço ou da missa, vamos adorar... Eu respeito!” Iasmin exibe a produção do vô. Sobre o local da entrevista ela comenta: “Aqui era a casa que a minha mãe tinha quando eu nasci. Quando ela se mudou, o vô começou com o trabalho dele aqui e resolveu pintar e enfeitar tudo. Eu ajudei em algumas coisas. E ficou legal”. Perguntada se poderíamos dizer que o vô era o homem do abacaxi, ela pondera: “No jornal, todo mundo vai ter que reconhecer e se colocar Elias, a metade não vai conhecer. Então, é melhor botar ‘o homem do abacaxi’. Ou o ‘homem do bacaxi’, sem o ‘a’ na frente mesmo”. [Iasmin, nós preferimos “pacaxi”, com “p”, para respeitar o sotaque alemão do teu vô]. E faz questão de registrar: “Também gosto muito do tio Delanio. A gente brinca nas conversas e nós nos damos muito bem”. Enquanto Iasmin falava, Delanio chega com um carrinho de mão onde estão três belas melancias colhidas pouco antes para a sobrinha. Sorrindo com os olhos azuis, bastante expressivos, comenta: “ela é muito esperta”. segue 14 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL segue PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE Contando “Causos” Um fuque de abacaxi na Gabiroba Naquele tempo que eu tinha bastante abacaxi, o pessoal de Gabiroba vinha aqui comprar. E um deles disse: ‘Mas um sábado de tarde tu enche o fuque de abacaxi e vá lá na Gabiroba que não sobra nada’. Passou um sábado, passou outro e não dava tempo. Aí, um domingo de manhã, eu disse pro meu rapaz: nós vamos encher o fuque de abacaxi e nós vamos lá na Gabiroba vender, todo mundo tá gritando. Chegamos lá bem na hora do terço. A pessoa me disse pra encostar e esperar até acabar. Quando acabou, parecia um ninho de abelhas em cima de nós. O rapaz ficou envaretado e eu não ti- nha mais como controlar tudo. Foi todo o abacaxi embora! Todo mundo pegava e eu dizia para eles mesmos fazerem a conta e me pagar. Eu estava tonto, não tinha como fazer nada. Foi tudo num jato. Eu fiquei bobo. Se eu ganhei tudo pago, eu nem sei. Depois, eu disse pra rapaz: Tchau! Numa dessa eu não me pego mais. Isso é uma coisa de louco! A dança na igreja No nosso tempo de jovem, a gente se divertia. Nós íamos a muita festa e jogávamos muita bola. Hoje, os jovens só querem se encher de cachaça e de cerveja. Para nós, o dinheiro era pouco, nós éramos pobres em casa. Nós só íamos para brincar com as moças e se divertir. Aí era um domingo de tarde e tinha tanta moça bonita, que nós tínhamos que dançar. Arrumamos um gaiteiro que eu não lembro quem era, mas lembro que não era muito bom, e precisávamos de um local. Só tinha a igreja velha. A igreja nova de Santa Rosa já estava pronta, mas aquela velhinha ainda estava de pé, perto da casa do Helmut Eller, ao lado de um pinheiro. Ali mesmo, o gaiteiro tocou e nós fizemos a maior festa. Até chegarem uns velhos gritando: “Oh, pra rua bicharada! Isso não é da lei”. Acabaram com a nossa festa! Mas até hoje eu acho que era uma igreja passada e podíamos dançar até tango... E os santos nem falaram nada... Ficaram ali quietinhos... É verdade!” Depoimento A virada Isso até que teve início a primeira colheita das frutas com manejo orgânico. Primeiro, ele conseguiu vender tudo o que produziu, independente do fruto ser grande ou pequeno. Foi uma alegria. E ele ainda descobriu o valor de outras produções que tinha na propriedade. Conseguiu vender tudo o que produzia. Por exemplo, limão e laranjas de um pomar que ele já havia desistido de cuidar. Vendeu também chuchu. Segundo, porque quando foi completada a conversão para a produção orgânica, ele viu que a qualidade era tão boa, ou até melhor, do que antes. Isso fortaleceu muito a nossa parceria. “Diferente” Abraçar a agricultura orgânica fez com que Seu Elias melhorasse o aspecto da propriedade. E ao ver as mudanças, ele ficou estimulado a, como ele diz, “caprichar” ainda mais. De um jeito “diferente”, também como ele mesmo diz, que só ele tem. Eu percebia, a cada visita técnica, uma melhora na autoestima do Seu Elias. E, cada vez que chegava lá, notava novas flores plantadas, a casinha cada vez mais enfeitada, as pedras decoradas e um sorrisão Rodinei Beckauser Peço licença Caros amigos e leitores do Canal SRL, a partir desta edição esta coluna tem um novo correspondente. Assumo a responsabilidade de propagar a querida Santa Bárbara a todos os recantos em que o nosso jornal chega. Quero manifestar meu agradecimento aos amigos Igor Bonetti, que até janeiro deste ano, representou muito bem nossa comunidade neste espaço, e a Edinei Boeger que também já foi um de nossos correspondentes nos primeiros meses após o lançamento do jornal. Obrigado por levarem as notícias daqui a todos os leitores do Canal SRL. Espero poder contar com a ajuda e experiência de vocês nessa minha mais nova empreitada. Uma honra Fiquei muito feliz quando recebi o convite para escrever neste espaço. Agradeço aos diretores Mariza Vandresen e Sebastião Vanderlinde por acreditar em mim, confiandome o papel de “porta-voz” de Santa Bárbara. Pretendo me esforçar ao máximo para ser autêntico com meus vizinhos e com os meus leitores. Essa coluna será feita pela comunidade Pretendo trazer notícias, histórias, entrevistas, imagens... Tudo o que for possível para bem informar nossos leitores. Para isso, pretendo e preciso contar com o apoio de todos. São muito bem vindas sugestões, opiniões, criticas e informações. Lembrem-se, o nosso jornal é comunitário e deve ser feito pelas comunidades. Peço gentilmente que me procurem para isso. Assim faremos o melhor por Santa Bárbara e para todos os que apreciam este jornal e o município. Sibele Maia Lunardi Engenheira agrônoma, trabalhou junto à Agreco e CooperAgreco do início de 2009 ao final de 2012. Atualmente, atua em Gravatal, junto à família, na produção de alimentos orgânicos. O trabalho de assessoria técnica na propriedade do Seu Elias começou na primavera de 2009. O início No trabalho com a Agreco, por indicação do Gauchinho (Márcio Fontoura da Rosa), cheguei até o Seu Elias. Na época, ele produzia pêssegos e abacaxis sob um manejo convencional. Seu Elias sempre foi um produtor muito dedicado, que seguia corretamente as recomendações de manejo que eu passava para ele. Mas, vivia incomodado com opiniões de outras pessoas que chegavam até ele e diziam: “Isso não vai dar certo!”; “Sem veneno, vais perder todo o pêssego”; “Eles só vão te enrolar”. Então, a cada semana, ele chegava desconfiado no escritório da Agreco. E eu precisava reforçar o que já havíamos conversado antes. COMUNIDADE SANTA BÁRBARA ainda maior no rosto. Ele adorava receber visitas, dos técnicos, de pesquisadores e, até, dos inspetores da certificadora, o que muitos produtores ainda temem. Em pouco tempo o Seu Elias começou a produzir, também, cebola e batatinha. E seguiu ampliando a produção. Hoje, ele cultiva também amoras. A produção dele é quase toda destinada à fabricação de geleias da Agroindústria das Águas. Dedicação, sucesso e gratificação Para finalizar, a partir do meu trabalho e da convivência com o Seu Elias, posso afirmar que ele é um produtor que tem amor pelo que faz. E afirmar que foi a dedicação do Seu Elias, a cada dia, a cada detalhe, que fez dar certo o “projeto” (como ele adora dizer). Sucessos como esse são a maior gratificação que um técnico pode receber. Despedida com festa No dia 18 de janeiro, Padre Marcelo Buss celebrou o que foi provavelmente sua última missa aqui em nossa igreja. Ele se despede de nós para ser o novo reitor do Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Tubarão. A missa foi muito bonita. Após a celebração, o “nono” Remi Bonetti, em nome de todas as famílias da comunidade, entregou um presentinho ao sacerdote. Segundo o “nono”, um pequeno gesto de agradecimento pelos esforços realizados aqui pelo Padre Marcelo. Ao contrário de muitas despedidas, esta aconteceu em um clima de festa. Toda a comunidade se reuniu para celebrar. Padre Marcelo veio acompanhado do pai, Pedro, do irmão, Marino, e de alguns amigos dele de Braço do Norte. Foi servido um delicioso almoço a todos os visitantes e membros de nossa igreja. Não cansaremos de agradecer Mais uma vez, obrigado Padre Marcelo. E que Deus o guie e ilumine nessa sua nova missão. Em Tubarão, não se esqueça desta comunidade ao pé do paredão da Serra Geral. Ela estará sempre de portas abertas para o senhor e para os seus. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL ANO 1 - Nº 8 • Edição Mensal - Fevereiro/2014 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM • Distribuição gratuita. Venda Proibida. QUERIDA LEITORA, QUERIDO LEITOR, JÁ ESTAVA COM SAUDADES, NÃO É? AFINAL, DUAS EDIÇÕES SEM O CRIANÇA SRL... EM DEZEMBRO, FOI O ESPECIAL DE NATAL. EM JANEIRO, NOSSA PRINCIPAL COLABORADORA, A FLORA BAZZO, TROUXE AO MUNDO UM FUTURO COLEGA DE LEITURA PARA VOCÊ. NASCEU O RODRIGO. E, É CLARO, A MÃEZINHA FEZ QUESTÃO DE SE DEDICAR TOTALMENTE À CRIANÇA DELA. E, ASSIM, O NOSSO CRIANÇA SRL NÃO PODE SAIR. PUBLICAÇÃO, AUTORIZAÇÕES E AGRADECIMENTOS 15 NOVIDADE ER, AI V COMO VOCÊ V MOS NESTE MÊS TE E NO UMA NOVIDAD SE FORMATO DES SUPLEMENTO INFANTIL. EZA DE E TEMOS CERT GOSTAR. QUE VOCÊ VAI CAPITÃO ANA MACCARI, QUE ADOROU A IDEIA DE VER AS CARTILHAS DA “AMBIENTAL” NO CRIANÇA SRL COM A ACOLHIDA CALOROSA E O APOIO DA CAPITÃO PM ANA LUIZA MACCARI, O CANAL SRL CONSEGUIU A AUTORIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL DE SANTA CATARINA PARA PUBLICAR AS CARTILHAS DA SÉRIE “NOSSO AMBIENTE”. AGRADECEMOS, TAMBÉM, AO AUTOR DO TEXTO E DOS DESENHOS, ALEXANDRE BECK, QUE, GENTIL E GRATUITAMENTE, CEDEU OS DIREITOS DE PUBLICAÇÃO. VEJA COMO ELE É MUITO LEGAL. O CRIADOR DO ARMANDINHO ALEXANDRE BECK, TEM POUCO MAIS DE 40 ANOS E NASCEU EM FLORIANÓPOLIS. DEPOIS DE CONCLUIR O ENSINO MÉDIO, FEZ TRÊS FACULDADES: AGRONOMIA, PORQUE GOSTAVA MUITO DE MEIO AMBIENTE E BICHOS; PUBLICIDADE, PORQUE GOSTAVA MUITO DE DESENHAR; E JORNALISMO, PORQUE GOSTAVA DE ESCREVER E DE SE COMUNICAR. QUASE POR ACASO, TRABALHANDO COMO ILUSTRADOR, ALEXANDRE VIROU UM CRIADOR DE “TIRINHAS”, QUE SÃO AQUELES DESENHOS EM QUADRINHOS PUBLICADOS EM JORNAIS. AS MAIS FAMOSAS DELE SÃO AS DO MENINO ARMANDINHO, QUE CONVERSA MUITO E TEM UM SAPO DE ESTIMAÇÃO. ALÉM DE PUBLICADAS NO DIÁRIO CATARINENSE, ELAS SÃO DIVULGADAS NO FACEBOOK. SE VOCÊ QUISER DAR UMA ESPIADA, DIGITE WWW.FACEBOOK.COM/TIRASARMANDINHO. ESSA “FANPAGE” TEM MAIS DE 200 MIL CURTIDORES. PARA PENSAR ALEXANDRE DISSE PARA O CRIANÇA SRL QUE A PRINCIPAL INTENÇÃO DELE NÃO É FAZER RIR, MAS FAZER AS PESSOAS PENSAREM SOBRE A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA E SOBRE OS PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES QUE EXISTEM ENTRE AS PESSOAS. POR ISSO, OS PERSONAGENS DELE MOSTRAM QUE NÓS TODOS PODEMOS MELHORAR E QUE EXISTEM OUTROS CAMINHOS. PARECE QUE O QUE O ALEXANDRE BECK PROCURA NOS MOSTRAR, COM SEUS TEXTOS E DESENHOS, É QUE VOCÊ, CRIANÇA, PODE SER “A LUZ NO FIM DO TÚNEL”. ALEXANDRE BECK COM SEUS FILHOS AUGUSTO – O GUTO NAS TIRINHAS – E FERNANDA – A FÊ NAS TIRINHAS COMEÇAMOS PELO PUMA PARA COMEÇAR A SÉRIE “NOSSO AMBIENTE”, ESCOLHEMOS A CARTILHA NÚMERO 9. ELA TRATA DO PUMA. VOCÂ JÁ DEVE TER ESCUTADO SEUS AVÓS, PAIS OU TIOS CONTANDO ALGUMA HISTÓRIA SOBRE PUMA, LEÃO-BAIO OU ONÇA. NÃO? ENTÃO PERGUNTE A ELES. PRINCIPALMENTE PARA OS QUE MORAM MAIS PERTO DO PAREDÃO DA SERRA. 16 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL 18 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL SRL: Eu conheço e Valorizo! COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA Álvaro Dalmagro – Jornalista Na memória e na vida Santa Rosa de Lima entrou na minha vida de tal forma que, mesmo que eu decidisse me mudar definitivamente para o outro lado do mundo, jamais apagaria de minha memória uma série de fatos que me atraíram para o município e que não me deixam esquecê-lo. É uma questão de atração mesmo. Como repórter Cheguei a Santa Catarina em setembro de 1997 para trabalhar como repórter da RBS TV Criciúma, na sucursal da empresa em Tubarão. Pela influência do curso técnico em agropecuária que fiz, e por ser filho de agricultores, questões ligadas ao meio rural sempre me atraíram. Essa predileção pela roça me levou a ir ao interior mais vezes do que meu chefe gostaria. Quan- do digo “interior”, me refiro aos municípios fora do eixo Tubarão-Laguna-Imbituba, que são os três mais populosos da região. E foi como repórter que conheci Santa Rosa de Lima. As matérias eram sobre tratamento fitoterápico em animais e sobre diferentes aspectos da produção de alimentos orgânicos. Elas envolviam entidades como Epagri, Agreco, prefeitura, Cidasc, Ufsc, além de um bocado de técnicos, professores, agricultores e agricultoras. Foram muitas idas ao município e confesso que, enquanto não havia o asfalto depois de Rio Fortuna, as viagens nem sempre eram agradáveis. Com o passar do tempo, minhas idas a Santa Rosa tornaram-se mais frequentes. Não mais só a trabalho, mas como turista pra desfrutar as belezas e gostosuras de Santa Rosa de Lima. Uma pequena contribuição à memória do município Em 2010, atuando pela Amurel (Associação de Municípios da Região de Laguna) tive o prazer de conhecer o então prefeito, Celso Heidemann, que na época era presidente da entidade. Celso, que 15 Jaqueline Tonn Aqui na Nova Esperança, o ano de 2014 começou muito bem. Nossos encontros de sexta feira são um costume e são famosos, por isso de conhecimento dos leitores desta coluna. Sempre contam com pessoas incríveis, fantásticas, acolhedoras e dispostas a buscar sempre novas oportunidades de vida. E todos sabem: onde tem gente boa reunida, o que não pode faltar é uma boa comida. considero um homem público diferenciado, me convidou a colaborar na produção de um livro que contasse a história do município. O lançamento desta publicação seria um dos eventos da festa do cinqüentenário do município, em 10 de maio de 2012. Foram seis meses indo a Santa Rosa nas terças e voltando a Tubarão nas sextas. Para encontrar as pessoas sugeridas para as entrevistas, trilhei por estradas no interior do município que certamente boa parte da própria população sequer conhece. Foi um trabalho inédito, desgastante, suado, mas extremamente gratificante. Conheci muitas pessoas e aprendi muito com elas. Com o livro “Santa Rosa de Lima História e memória: da colonização à emancipação” o município entrou definitivamente na minha vida e eu, com esta pequena contribuição, acredito ter passado a fazer parte da vida de Santa Rosa de Lima. A aventura de um grupo de imigrantes germânicos liderado pelo Padre Clemente Roer desde Teresópolis até o Verde Vale do Rio Braço do Norte já foi objeto de pesquisa e registro pelo Padre João Leonir Dall´Alba, o homem que revelou ao público as mais variadas correntes migratórias no Sul Catarinense. Padre João classificou de “epopeia” esta arrojada aventura concretizada por 52 famílias imigrantes que num primeiro estágio haviam iniciado uma tentativa de colonização de Teresópolis, no município de Palhoça próximo à capital do estado. O autor utilizou fartamente do material constante do livro do Padre João sobre “O Vale do Rio Braço do Norte.” Tem como fonte os seus registros e entrevistas, além da farta documentação que ele citou em seus livros lançados anteriormente a 1972. O livro está agregado à metodologia da historia de toda a região uma boa participação de dados e estatísticos de um levantamento a nível municipal numa série de até quatro anos, o que permite ao pesquisador estudioso estabelecer comparativos entre uma série histórica e fazer avaliações sobre a situação cultural, política e econômica entre os municípios que compõe o grande Vale: Anitápolis, Braço do Norte, Grão Pará, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima e São Ludgero. O mérito pelo resultado que por certo alcançará este livro será creditado, mesmo que em memória, ao trabalho inteligente e capaz desenvolvido pelo Pe. João Dall´Álba. Dentre outros textos que constam do mesmo o Combate da Serra da Garganta no município de Anitápolis. Além de dados históricos de cada município algumas fotos históricas foram também agregadas. O autor Historiador Jucely Lottin apresenta um excelente trabalho composto de informações destinadas à consultas, principalmente de estudantes de todos os níveis das Escolas da Região. Do mar para Nova Esperança No primeiro encontro do ano, no dia 4 de janeiro, a janta foi especial. O cardápio foi um tanto diferente do que costumamos comer por aqui. E muito saboroso! No revezamento de a cada quinzena uma família se responsabilizar pelo jantar, foi a vez do casal Ney e Adriana. Eles não são “nativos” da Nova Esperança mas, há anos, possuem um sitio aqui. E já são considerados – e, felizmente, se consideram – moradores da comunidade. Ney e Adriana prepararam uma “paeja” com frutos do mar. Esse é um prato à base de arroz, típico da gastronomia espanhola. Destaque A novidade foi que Ney e Adriana resolveram participar conosco da brincadeira que marca o início dos nossos encontros. Para nós, isso foi muito gratificante e importante. Trata-se de um incentivo para a união da comunidade e de uma demonstração que podemos nos divertir todos em um só grande grupo. Comida e lazer Após a comida deliciosa e maravilhosa, a noitada foi completada com bocha em casal e um carteado. Por essas e por outras é que estes encontros ajudam a comunidade a fortalecer sua união e sua alegria. A cada dia que passa há muito mais para desfrutarmos por aqui. Entrada em 2014 com força total Tivemos, também, uma ótima virada de ano. Todos em uma grande família para comemorar. O céu se enfeitou com fogos de artificio e foi servido um delicioso churrasco. Janeiro movimentado No primeiro mês do ano, ninguém parou um só instante por aqui. Nos finais de semana, tem acontecido as trilhas. Elas servem para arejar as cabeças e exercitar os corpos, além de favorecer a integração com comunidades vizinhas. E as famílias tiveram, também, que manter o pique total no trabalho. Porque aqui todos sabem de suas obrigações. E que o lazer tem seus momentos certos. Registro fotográfrico 16 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Espaço d’Acolhida Tabita Wenz Sítio Águas Mornas – Dona Tabita A casa é em estilo enxaimel. Feita de tijolos rústicos, daqueles feitos de barro e amassados com os pés, já completou seus 60 anos. Um córrego, ao fundo, fascina pelo burburinho e pela limpidez. Jabuticabeiras completam um jardim florido e bem cuidado. Uma piscina grande e nova [não perca a inauguração, veja ao lado] integrou-se muito bem ao ambiente acolhedor do Sítio de Dona Tabita. É bom encher a casa Eu vivo nesta propriedade há 68 anos. Ou seja, desde que nasci. A casa era dos meus pais. Hoje, dos filhos, apenas o Nilson mora comigo, mas os outros vêm sempre em casa. Eu gosto de receber os visitantes aqui na propriedade. É como se eu recebesse um vizinho, um parente. Os turistas sempre elogiam o meu jeito simples e a minha conversa. E dizem que a minha comida é deliciosa. O fumo era muito ruim Nós plantamos fumo por muitos anos. Mas era uma lida muito difícil. Era muito ruim. Além do fumo sempre tínhamos várias plantações. A gente produzia arroz, milho, aipim, batata, praticamente tudo o que a gente comia. Acolhendo na Acolhida e produzindo no orgânico O convite para fazer parte da Acolhida na Colônia surgiu como uma oportunidade. Resolvemos fazer algo diferente, trocar experiências e conhecimento com outras pessoas, ver se mudava a vida pra melhor, com mais vida e mais saúde. A mudança da agricultura convencional para a orgânica nos fez ter muitas dú- vidas. No começo foi um pouco difícil, porque nós achávamos que não iríamos conseguir manter a propriedade limpa e a lavoura livre de insetos. Mas com todos os cuidados que temos, hoje vemos que é mais fácil do que pensávamos. As jabuticabeiras Produzimos quase tudo o que a agricultura oferece. Os turistas gostam muito Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Visitantes deliciam-se com as jabuticabas. das frutas. Na época das jabuticabas, eles se deliciam debaixo dos pés. Os galhos ficam negros da deliciosa fruta. E as verduras, temperos e legumes que eu sirvo à mesa não têm agrotóxicos. É tudo orgânico e tenho orgulho disso. Serviço O Sítio é um lugar com tranquilidade, especial para reunir a família, grupos de amigos. Quem visitar a propriedade será bem acolhido e poderá conhecer de perto o manejo com abelhas nativas, tomar uma bebida refrescante e, agora, dar um mergulho na piscina. Tudo isso, contando com a mesa de delícias preparadas por Dona Tabita. Servem alimentação: almoço, janta e cafés para grupos, mediante reservas. Contato: (48) 3052-9019 21 18 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL ESTUDANTINA COMUNIDADE RIO DOS ÍNDIOS Suziani Baumann Estudar pode fazer bem para a saúde Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra Tempestades de verão Nesta edição, nossa coluna não traz notícias muito boas. O motivo: os fortes temporais que atingiram o município e a região nas últimas semanas. Nossa comunidade foi bastante castigada por estes fenômenos naturais. Primeiro, foi a tempestade do dia 15. Ela foi um pouco mais amena aqui no Rio dos Índios, se comparada aos grandes estragos na região do Rio Bravo Alto. Por aqui, ela atingiu com mais força as áreas mais próximas da “praça”, pelas redondezas do local onde vive a família do senhor Teodoro Heidemann. Raios, fortes rajadas de vento, chuva e granizo provocaram inúmeros prejuízo aos agricultores e suas lavouras. Passada uma semana daquele grande temporal, outra tempestade. Desta vez mais isolada e concentrada em nossa comunidade. Muitas famílias foram afetadas. Contabilizaram maiores prejuízos as propriedades dos senhores Silvestre Heidemann, Wilmar May, Frederico e Daniel Schlickmann. Os estragos aconteceram nas plantações de eucalipto e milho, assim como nas lavouras de subsistência. Rendimento perdido Wilmar May contou à coluna que perdeu grande parte de seu reflorestamento. “Eu tinha feito o raleio e agora esperava por um bom rendimento no futuro. Pelo que vejo, vou ter que tirar tudo e plantar de novo”. Wilmar lamenta pois com a retirada precoce o ganho financeiro é baixo. “Se esperasse o tempo certo, eu iria ter um lucro muito maior. Sair ou ficar Na propriedade do senhor Daniel Schlickmann, o prejuízo maior foi na roça de milho. Seu Daniel diz que está muito desanimado: “Foi tudo perdido. Dá vontade de ir embora do campo e viver na cidade”. Mas agradece também a Deus: “Pelo menos, a vida continua”. Caos total Os estragos não foram só nas plantações. O desânimo não é só pelos prejuízos financeiros. Como as chuvas também danificaram demais as nossas estradas, ir e vir de Rio dos índios ficou bastante difícil. Como dizem por aqui: “as estradas estão um caos total”. Será preciso um grande empenho da prefeitura e da secretaria de obras para reparar, o mais breve possível, nossos caminhos. Prevenção Alertamos também ao poder público que será necessário um imediato acompanhamento técnico e um trabalho de “animação” junto aos agricultores. Como vemos por aqui, o abatimento é muito grande. Percebemos nas conversas com os agricultores uma vontade de desistir, de ir pra cidade. Nossos produtores precisam, mais do que nunca, de apoio efetivo. Para escrever sobre a minha vida de estudante foi preciso parar e relembrar. Quando percebi, me vi remetida aos tempos de “jardim de infância”. Com as “tias”, como filha Na minha época, ele funcionava onde hoje está o Cras. De um jeito explicável, duas pessoas foram essenciais na minha vida escolar: a “Tia” Marlene e a “Tia” Iza. Elas não saem da minha memória e até hoje guardo um enorme carinho por estas “tias”. Foi uma época maravilhosa. Elas faziam tudo com amor e dedicação: a contação de historinhas, as brincadeiras, as primeiras letrinhas... E até o lanchinho na hora do recreio. Impossível não lembrar do balanço, da roda gigante, dos desenhos pintados, das musiquinhas e dos bolinhos de arroz. Meus favoritos até hoje. Éramos cuidados como se fôssemos filhos. Conto isso com orgulho porque o meu “jardim” foi bom demais. A caçulinha Entrei na primeira série aos seis anos. Um ano antes do normal. Não sei se foi sorte ou se foi azar. Por uma lado, tive que me despedir das “tias” do jardim. Por outro, passei a estudar na escola em que minha mãe era professora. Naquele ano, faltou um número mínimo de alunos para completar a turma da primeira série. Foi aí que um teste com a “Tia” Nair me tornou apta para ser “promovida”. Eu era a caçulinha da turma. E foi nesta escola que eu permaneci até concluir a primeira série do Ensino Médio. Olhar mais longe A minha escola era boa, eu tinha bons professores, mas os índices de aprovação dos alunos do Aldo Câmara no vestibular não eram muito animadores. Eu queria me preparar para prestar o vestibular e entrar em uma boa universidade. Resolvi, então, com o apoio de meus pais, que iria estudar em Tubarão. Primeiro, pensamos em uma escola particular. Mas os preços eram assustadores. Por sorte, meu tio que mora em Tubarão conseguiu pra mim uma vaga na Escola Técnica de Tubarão. Era uma escola pública, mas que possibilitava uma boa formação. Com os tios, ainda como filha Só eu sei como foi difícil estudar em Tubarão. Tive que deixar meus amigos e a “minha escola”, aquela na qual eu tinha vivido desde a infância. Fui para um colégio onde não conhecia ninguém. Ainda bem que morei na casa do tio Lucio e da tia Adriana. Assim, os tinha como minha segunda família. Aprendi muito. Estudei bastante, pois paralelo ao ensino médio, fiz cursinho pré-vestibular no colégio Energia. Eu continuava certa que queria ingressar em uma Universidade, mas não sabia que curso ou profissão eu queria. A princípio, pensava em ser professora, como minha mãe. O acaso me reservava outros planos Certa vez, o Vô Roberto e a Vó Valda precisaram fazer uma viagem ao Paraná e pediram para que eu cuidasse do posto de medicamentos que eles tinham. Gostei da ideia e pelo jeito fiz tudo certinho. Porque depois, sempre que o Vô precisava, “recrutava meus serviços”. E foi num destes “expedientes” no Posto de Medicamentos que eu pensei: porque não estudar para ser uma farmacêutica? Parecia uma boa aposta, afinal não existia nem farmácia nem farmacêuticos em Santa Rosa de Lima. A decisão foi tomada: eu cursaria Farmácia. Mas, entrar na faculdade não foi fácil. Apesar de ter me preparado, a concorrência pelas vagas era muito grande. Na primeira tentativa, veio a reprovação. Na segunda, a aprovação. Foi muito emocionante. Faculdade Voltei a morar em Tubarão, desta vez sozinha. Ou melhor, dividindo apartamento com colegas. Conheci muita gente e aprendi que é preciso batalhar muito por aquilo que projetamos. Foi preciso muito esforço, dedicação e coragem. Afinal, além do curso ser bastante difícil, era também bastante caro. Meus pais pagaram meus estudos e eu fazia de tudo para economizar. Às vezes, minhas amigas almoçavam na lanchonete e eu, com receio de gastar, ia comer em casa. Só para poupar uns troquinhos, porque tinha que comprar livros, pagar os xerox... e lá se iam todos os extras. Nunca parar de estudar Minha formatura foi em 2006. Depois dela, transformei o posto de medicamentos de meus avós na Farmácia Santa Rosa. E, de lá pra cá, nunca deixei de estudar. Sempre que há cursos de formação continuada, aproveito para me atualizar. Além disso, este ano irei concluir uma pós-graduação em Farmacologia. E pretendo fazer novas especializações. Minha meta é colocar em prática aqui no nosso município, da forma mais consistente possível, o que é preconizado pelo Conselho Federal da minha profissão: que as farmácias, vistas no país como simples atividades de comércio, se transformem em verdadeiros estabelecimentos de saúde. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Família SRL Adolfo Wiemes COMUNIDADE Educação e escola Já que esta edição do Canal SRL está bastante voltada para a volta às aulas, resolvi escrever sobre educação e sobre escola. A minha e a dos santarosalimenses. Velhos tempos Em 1939, o governo decidiu abrir escolas no interior, e meus pais mandaram a mim e a minha irmã para a escola mais próxima, para nós aprendermos a ler e a escrever em português. Antes, eu já lia e escrevia em alemão, graças ao esforço dos meus pais, principalmente da minha mãe. A escola ficava a mais de quatro quilômetros, havia dois passos de rio com pontes pênsis, e eu e Adelina íamos a pé. Eu aprendi muito bem, graças a muito esforço. E terminei o ensino primário em três anos. Minha irmã foi mais lenta e precisou de mais um ano. Meus pais não quiseram que ela fosse e voltasse sozinha e me mandaram acompanhá-la. Recebi a ordem com muita alegria, pois poderia continuar indo à escola. Em 1943, nossa mãe faleceu. Meu pai, já muito adoentado com um câncer na boca, me pediu para que eu ensinasse o irmão mais novo, Fridolino, que nunca tinha ido à escola, a ler e escrever em casa. Fiquei muito feliz e cumpri bem essa tarefa. Pelo menos, ele aprendeu bem e sempre me agradeceu muito pelo que já foi e pelo que já fez. A família no processo de educar Quando se fala em boa formação escolar, o papel da família é determinante no desempenho do aluno. É ela a responsável por ensinar os valores essenciais que vão contribuir para a boa formação do aluno. Cabe à família incutir nas crianças e adolescentes as ideias de respeito não só aos professores, mas também ao próprio processo de aprendizagem. A professora Margarete Hulsendeger, que é mestre pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, afirma que “muitas famílias desejam apenas a aprovação, sem se preocupar se o seu filho realmente aprendeu o que lhe foi ensinado”. Para ela, a escola, de certa maneira, vem assumindo a responsabilidade de educar e disciplinar os alunos. “Há alguns anos, cabia à família o estabelecimento dos limites, ensinando as crianças o que era certo e errado. No entanto, isso agora foi quase que completamente transferido para a escola e, consequentemente, para os professores”. Responsabilidade e ética não se compra Muitos pais se enganam ao imaginar que estão contribuindo com a felicidade dos seus filhos quando fazem tudo o que as “crias” querem, dão tudo o que elas pedem. Pai e Mãe, não façam pelos filhos a tarefa que é deles. Deem apenas algumas pistas. Não adianta seu filho ter um desempenho escolar “aparente”. Ele precisa ter responsabilidade naquilo que cabe a ele. E desde os primeiros anos de vida. Os pais não podem colocar conhecimento dentro da cabeça das crianças. E se eles podem comprar muitos presentes para os filhos, não podem comprar, para as crianças, responsabilidade e ética. 19 Lembrem-se que a felicidade não depende dos que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que temos. Como educar? É certo o que diziam os antigos: “as palavras comovem; os exemplos é que movem”. Não é raro ouvir jovens dizendo a seus pais: “seus modos de ser e de agir são tão diferentes de tudo quanto me ensinam!”. Antes de me mandarem para a escola, meus pais já haviam me ensinado, pelo exemplo, a ser bom e a amar. Por isso, afirmo: os pais são os primeiros educadores de seus filhos. Digo também que hoje, mais do que nos meus tempos, diálogo é importante para a educação. Ou melhor: é indispensável! Quem não sabe dialogar dificilmente será bem sucedido na educação. Crianças e adolescentes já não aceitam mais passivamente tudo o que lhes transmitem em casa ou nas escolas. E isso não é um mal. O mal consiste em não dar a eles as explicações que precisam ter. Consiste em não motivá-los mostrando todo o bem que esperamos deles. RIO BRAVO Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde Temporal atinge comunidade Chuva, vento forte e granizo foram os componentes da tempestade que passou pela comunidade, no dia 15 de janeiro, deixando um rastro de destruição. Apenas alguns minutos foram suficientes para que grande quantidade de gelo cobrisse o chão, destruindo lavouras de hortaliças e de fumo. Algumas plantações ficaram tão comprometidas que nada pode ser salvo. Muitos moradores tiveram perda total em suas safras de fumo. Houve, também, grandes estragos em chácaras de eucalipto. As safras de milho foram fortemente atingidas, comprometendo o rendimento e a qualidade da produção. Plantações de verduras orgânicas, que garantiam o sustento das famílias e contribuem para a sustentabilidade em nosso município, foram totalmente destruídas. Houve ainda danos materiais em casas e galpões. Granizo e prejuízo Meses de trabalho foram perdidos em apenas alguns minutos, causando tristeza aos atingidos. Marceli S. Marcolino teve sua plantação de fumo destruída. Estima-se que o prejuízo dela chegue aos trinta mil reais. “Ficaram sem colher, em média, 14 folhas por pé”, ela conta abatida. Moradores relatam que há anos não se via tamanha quantidade de granizo. O curioso é que, minutos após a tempestade, o céu “limpou-se”, abrindo um forte sol. Em alguns pontos, onde os raios solares não chegavam, a camada de gelo permaneceu por várias horas. No Campo do Rio Bravo, os moradores ficaram mais de 24 horas sem energia elétrica, ocasionando perdas de alimentos estocados em freezers e congeladores, como carnes e outros frios. Houve também um grande prejuízo para os produtores de leite, que foram obrigados a descartar importantes quantidades de leite mantido em resfriadores. A longa falta de energia fez com que ele azedasse. No bairro Pitinga, a situação não foi muito diferente. Alem dos produtores perderem as suas safras, uma família ainda teve que lidar com a morte de um animal, ocasionada pelo granizo. Granizo arrasou plantações na propriedade dos Alberton. Alerta Depois do temporal, foi a solidariedade quem falou mais alto. Várias famílias prestaram ajuda para aqueles vizinhos e conhecidos que tiveram as maiores perdas em suas propriedades. Por isso, se a defesa civil faz seus alertas para tempestades, nós também fazemos o nosso para esses tempos de crise: ainda é possível refletir e é cada vez mais necessário optar por ser solidário. Jamais deixemos de ajudar ao próximo. Façamos isso, a cada dia, em nossa comunidade, em nosso município. 20 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL TEMPORAIS Tempestade arrasa plantações e causa outros prejuízos Granizo acompanhado de rajadas de vento durou alguns minutos, destruiu lavouras e prejudicou dezenas de agricultores. Tarde do dia 15 de janeiro, por volta das três horas. Na roça, olhando o céu, os agricultores já se preparavam para mais uma daquelas trovoadas típicas das tardes de verão. A ideia era voltar para casa rápido, para evitar uma “molha”. Mas o que chegou repentinamente os deixou assustados: uma chuva de pedras (granizo), acompanhada de fortes ventos e raios. A tempestade durou apenas alguns minutos. Destruiu, contudo, plantações inteiras, destelhou casas, granjas e paióis, derrubou dezenas de árvores que caíram sobre estradas e a rede elétrica. Em algumas comunidades, a energia elétrica só foi restabelecida 24 horas depois. Com isso, produtores de leite, além de ter as ordenhas comprometidas, perderam todo o leite que estava em resfriadores. Os prejuízos monetários ain- da não foram calculados. Relatório elaborado pela Defesa Civil municipal aponta que os danos maiores ocorreram nas localidades do Rio Bravo (leia a Coluna da comunidade). Laudo Técnico A Defesa Civil de Santa Rosa de Lima, sob responsabilidade do secretário municipal de finanças, Edson Jose Vandresen, emitiu um laudo técnico assina- Eucalipto foi uma das espécies mais atingidas. do pela engenheira agrônoma Leoníria Assing. O laudo aponta prejuízos econômicos na agricultura e na pecuária nas comunidades de Rio dos Índios, Rio do Meio, Rio Bravo Alto, Campo do Rio Bravo, Pitinga, Dois Irmãos, Mata Verde, Nova Fátima, Rio Santo Antônio e Nova Esperança. As perdas somam R$ 586.600,00 em valores brutos, assim discriminadas: 8 toneladas de frutas e verduras, R$ 14.600,00; 20.000 litros de leite, R$ 24.000,00; 23.000Kg de fumo, R$ 138.000,00; 15 estufas com perda na qualidade do fumo, R$ 37.500,00; 130 Sacas de sementes de milho, R$ 32.500,00; 10 hectares de reflorestamento, R$ 300.000,00; e danos causados em edificações, R$ 40.000,00. Praticamente arruinado Talete e sua filha Josiane na roça de morangas e abóboras totalmente destruída, “pra vender não presta mais”. No Rio Bravo, em meio às plantações de verduras e legumes conduzidos no sistema de produção orgânica, Talete Folster Werner e sua filha Josiane (a Josi) mostram como a produção foi destruída. Tudo foi praticamente arruinado pelo granizo: salsa, cebolinha, alho porró, feijão de vagem, abobrinha, abóbora, moranga, morango, repolho, couve, pepino... Frente à plantação de feijão de vagem, as duas param. Talete diz para si mesma: “Não sei se adianta a gente começar plantar vagem de novo, vai depender do tempo”. Na roça de abóboras e morangas a agricultora lamenta: “Perda é essa aqui... Dava dinheiro... Ontem mesmo, eu mandei a lista para Agreco do que eu tinha. Eu passei que poderia entregar 40 quilos de couve manteiga, 60 quilos de abobrinha, mais pimentão e... Agora, está tudo estragado! Tem que começar tudo de novo. Outro jeito não tem”. A agricultora conta que ela e sua filha iniciaram a produção orgânica de hortaliças em fevereiro do ano passado (2013). “A gente pode dizer que agora que era o começo. Porque no ano passado a gente nem sabia como fazer bem certo”. Nunca tinha visto tanta “pedra” Talete lembra que ela e Josiane estavam sozinhas em casa na hora da tem- pestade. Nilso, o marido, havia saído. “Veio assim de repente. Eu fiquei preocupada. Nós tínhamos o gado num piquete atrás do morro e eu fui lá tirar as vacas. Quando cheguei em casa, começou a chover. E já veio a pedra! Tinha algumas bem grossas assim [fazendo o tamanho das pedras com os dedos indicador e polegar]. Foi muito rápido. Se fosse mais tempo eu não sei... Assim, já tirou muitas telhas aqui em casa, no rancho das vacas. Nos vizinhos, também arrancou muitas telhas. Lá, no que mora atrás da curva, já não deu tanto granizo. Foi mais neste pedaço aqui. Tanto trabalho... Segundo a agricultora, a filha Josiane é seu braço direito na roça. “Depois da chuva, eu e a Josi fomos ver [as lavouras]”, relata Talete. “E estava tudo estragado... A Josi chorou ontem, a tarde toda e até de noite. Não conseguimos acalmá-la. Até hoje ela está meio fraca. Eu disse: – Isso não adianta. E ela me respondeu: – Ô mãe, hoje, tu não briga se eu não fizer nada. Não sei dizer como eu me sinto, estou meio fraca”. Josiane, que acompanhava a conversa bem calada, aparentando uma grande tristeza, desabafa: “Dá uma pena disso tudo. Esse prejuízo. Perder isso aqui tudo. Tanto trabalho e agora perder tudo”. Perguntadas, elas dizem não saber precisamente quanto perderam em dinheiro. Estimam que possa chegar perto dos dez mil reais. Novamente, Talete parece falar mais para si mesma do que para a reportagem: “Mas eu disse, a gente pode ficar contente, porque estamos vivos. Deus ainda botou a mão em cima da gente. Só foi a roça, mas a gente ficou. E o gado, pelo menos, também ficou. Podemos produzir mais leite. E isso aqui [indicando a roça], a gente precisa começar de novo. Tem coisa que nessa época nem podemos plantar de novo, como pepino abóbora. [Recomeçar] nesta época é mais difícil”. Ao fim, Talete confessa que tem medo de uma nova tempestade. Acredita, entretanto, que “como aquela, não pode dar outra”. Talete olha o canteiro de cebolinha verde. “Não sobrou nada”. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL 21 O que vem da natureza, a gente não pode fazer nada Seu Baldoíno Doerner tem 71 anos. A esposa dele, Dona Varlinda, tem 69. Juntos, plantaram fumo por mais de quatro décadas. Há três anos, os orientadores da fumageira afirmaram para ele: “Baldoíno, tu não podes mais ser visto com bomba de veneno nas costas”. Por isso, passou a plantação e a responsabilidade da produção para o filho Loreni. Em uma conversa na varanda, o casal de agricultores, sob o olhar do neto Jânio, lamenta as perdas e prejuízos. Desde que começaram a plantar tabaco, esta foi a primeira vez que tiveram a lavoura inteiramente destruída pelo granizo. “Olha, estava feio, ontem. Nós já plantamos fumo há quarenta anos, mas desse tipo nunca deu. Foi de repente”. Dona Varlinda completa: “E não foi só o fumo. Nós tínhamos plantado umas coisinhas lá atrás daquele mato, uma rocinha, mas foi tudo. Lá também não sobrou nada. Estragou tudo, as melancias, o baraço [batata doce]... Tudo machucado. Do aipim, sobraram só os toquinhos”. Na casa Dona Varlinda lembra que estava sozinha em casa. “Eles estavam tudo na roça. Daí, eu ouvi uma coisa esquisita, não era avião, mas não era vento. Eu não sabia o que era. Mas, depois, era vento. O gado já estava com os rabos pra cima correndo, com medo, pra se defender debaixo da estufa. Eu gritei pra eles virem pra casa, mas ninguém me escutou. As primeiras [pedras] que caíram foram meio grandes. Depois, no fim, já não eram mais tão grandes. Dava cada uma batida nas paredes. Molhou tudo dentro de casa com esse vento. Eu fui botar uns plásticos por cima das camas para defender as camas... Em cima do sofá... Porque a chuva veio, assim, pra dentro”. Assim seja Seu Baldoíno recorda que estava na roça. “Meu filho perguntou: Quem sabe avisar a hora de ir embora da Seu Baldoíno, Dona Varlinda e o neto Jânio tristes com a destruição. roça pra não se molhar? Eu falei: O velho já vai, porque velho não pode correr ligeiro. Então, fomos todos. E mal a tobata chegou embaixo do paiol da estufa e lá veio a chuva... Nós não podíamos mais vir pra dentro de casa. E lá na estufa a pedra entrava de um lado e saia do outro. Sorte que não voou telha na casa, só no paiol da estufa. Sorte também que só durou uns minutinhos. Mas como eu sempre digo, o que vem da natureza a gente não pode fazer nada, não é? Se Deus quer assim, que seja assim”. completar um pouco mais [o que já tinha sido colhido], porque o gasto de lenha é igual se tem 100, 200 ou 300 tacos...” Foi interrompido por Dona Varlinda: “Isso é tudo pessoal que não trabalha nas lavouras. Porque eu ainda falei hoje para a [nora] Marlete que foi comigo lá: O que vocês vão ajuntar [colher]? Hoje de manhã está tudo molhado, apodrece. Hoje à tarde estará queimado do sol. O que que eles querem ajuntar ali? Não tem folha. É só farelo o que tem”. No seguro “Nossa sorte, agora, é o seguro. Tem gente que diz: ‘pra que pagar seguro? É muito caro!’ Mas imagina se nós não tivéssemos seguro”, afirma Seu Baldoíno. Ele conta que orientador esteve na plantação na manhã seguinte aos estragos. “Eu não sei. O orientador teve aqui e disse que a gente podia ajuntar [colher] um pouco pra Sem sorriso No momento do “retrato”, Dona Varlinda faz questão de arrumar o chapéu, de ajeitar as pessoas, pedindo que o neto esteja junto. Na hora do click, a fotógrafa sugere: a senhora está muito triste, dê um sorriso. A resposta vem pronta: “Mas não é pra ficar triste, se não sobra nada?” A roça se tornou zero Loreni na plantação de fumo. “Veja, nenhuma folha”. Loreni, o filho de seu Baldoíno que há três anos passou a responder pela produção de tabaco na propriedade conta que está na atividade desde a adolescência e que, em outras épocas, o granizo já havia causado perdas parciais e tomado parte do ganho da família. Mas esta é a primeira vez que ele julga que a seguradora deva considerar perda total. Ele relembra com certo pesar: “No começo, parecia ser uma trovoada normal. Aos poucos, o rumo foi se tornando fora do normal. Nós estávamos na roça de fumo e veio a trovoada. Eu falei: vamos embora que se não a gente molha. Parecia nem dar tanto, mas mal deu pra chegar na estufa. Parece que, assim do Sul, já veio chuva, pedra e vento, tudo ao mesmo tempo. E em menos de dez minutos a roça se tornou zero. A lavoura está destruída. Foi perda total! Não sobrou uma folha nos trinta e cinco mil pés. Eram umas três estufadas boas, de 600 varas, na certa. Eu calculo que se perdeu de dois e meio a três mil quilos de fumo. Não sei exato o peso, mas é mais ou me- nos isso”. Na roça, os sinais são mesmo de uma devastação. As plantas ficaram exatamente como Dona Varlinda relatou: tudo “em farelo”. Loreni mostra uma folha: “Olha, dá pra ver quantas pedras pegaram nesta folha antes dela ser derrubada”. A folha parece esmigalhada. Ele volta o olhar para plantação e se lamenta: “Veja, nenhuma folha... Justo este ano que ia mais ou menos”. Com relação à propriedade, o agricultor reflete: “Ainda bem que destelhou pouco. Ainda bem que ficamos com o teto sobre a cabeça. Isso é o principal. Na roça, são só danos materiais. Agora, não tem mais o que fazer. O único jeito é plantar um milho, um feijão, para aproveitar um pouco [a terra]. O fumo só na próxima safra”. Mas, se não tivesse? Ainda em relação às perdas e avarias, Loreni comenta: “O ruim seria se não tivéssemos seguro nenhum. Se tivéssemos que perder tudo. Daí seria difícil. Muitas vezes a gente diz que o seguro é caro. Nós pagamos em torno de 1.600 reais. Mas, se não tivesse? Aí, sim, seria ruim”. O agricultor pondera, entretanto, que o seguro não cobre o que a safra renderia: “Na verdade, se eu pudesse colher, ali na roça tinha mais de vinte mil reais. Não é muito, mas pra mim é bastante. E o seguro não cobre esse valor. O seguro nunca chega naquilo que realmente daria. E eu perdi e melhor parte, do meio pé pra cima. É dali que sai o peso”. Folhas viraram “farelo”. 22 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL TEMPORAIS Avaliação Hilário Boing, inspetor de campo da Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra), diz que o temporal atingiu uma quantia considerável de plantações de tabaco. “Alguns produtores perderam todo o fumo que ainda tinha na lavoura. A região mais atingida foi a do Rio Bravo (leia a Coluna da comunidade). Foram dez produtores que acionaram o seguro: Rudimar Schuroff, Adelso Figueredo, Helmut Dero, Dulce Wenz Westpal, Rosa Wiemes da Silva, Luciandro Schmidt, Jaime Oenning, Loreni Doerner, Inivaldo Francisco Oenning e Dorvalina Monteiro Eller. Alguns deles tiveram perda total e outros, perdas parciais. Mas todos foram prejudicados pelo granizo”. Com relação aos valores de cobertura do seguro, o avaliador ainda não pode precisar exatamente em quanto cada produtor será ressarcido e qual o montante do prejuízo. “Nosso papel é realizar as avaliações e encaminhá-las à matriz, em Santa Cruz do Sul. Lá, o cálculo é realizado pelo departamento de operações”. Hilário Boing diz que o seguro é opcional e que alguns agricultores não asseguram suas lavouras por achar que se trata de mais uma despesa. E avalia: “Quando o produtor perde toda sua lavoura e não tem seguro, em muitos casos, ele perdeu toda sua fonte de renda na propriedade. Na maioria das vezes, tem que recorrer a empréstimos para quitar as despesas já feitas. O fumicultor que opta por fazer o seguro de sua lavoura terá, com certeza, maior segurança e tranquilidade”. Fique alerta nas tempestades O Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) havia emitido, no dia anterior (14), um relatório de previsão que apontava “áreas de alta pressão com formação de núcleos de instabilidade durante à tarde, principalmente, devido ao jato subtropical (ventos fortes em altos níveis da atmosfera) sobre o estado”. A Defesa Civil também emitiu aviso alertando sobre o risco de pancadas de chuvas isoladas e descargas elétricas. Segundo a Secretaria de Estado da Defesa Civil, quando um aviso é emitido, significa que as condições do tempo configuram uma ameaça à vida ou à propriedade. Por isso, as pessoas “no caminho de tempestades” precisam tomar ações de preparação e/ou proteção. Conheça alguns cuidados que a população deve tomar com fenômenos naturais. Tempestades com descargas elétricas e vento: permanecer em local seguro e não transitar em locais abertos, próximo a árvores, placas publicitárias ou objetos que possam ser arremessados. Se houver granizo é aconselhável que as pessoas se protejam em lugares com boas coberturas, ao exemplo dos banheiros das residências, fechar janelas e portas, e não manusear nenhum equipamento elé- Atenção às estradas. Na SC-108 vários pontos ficaram obstruídos. trico ou telefone devido aos raios e relâmpagos. As pessoas que moram em áreas rurais devem evitar se proteger embaixo de árvores isoladas e não se aproximar de cercas de arame. Alagamentos: evitar o contato com as águas e não dirigir em lugares alagados. Evitar transitar em pontilhões e pontes submersas. Cuidado com crianças próximas de rios e ribeirões. Raios (descargas elétricas): Evite lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção contra raios tais como: pequenas construções não protegidas como celeiros, tendas ou barracos ou veículos sem capota como tratores, motocicletas ou bicicletas. Evite estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica. Evite estruturas altas tais como torres de linhas telefônicas e de energia elétrica. Alguns lugares são extremamente perigosos durante uma tempestade. Por isso: NÃO permaneça em áreas abertas como campos de futebol, quadras de tênis e estacionamentos. NÃO fique no alto de morros ou no topo de OBITUÁRIO Silvestre Warmling Nasceu em 31 de Dezembro de 1941. Natural da comunidade de Rio dos Índios, morava e trabalhava com seus pais aqui em Santa Rosa de Lima. Aos 18 anos de idade foi servir o exército. Ficou por lá um ano e regressou para a lida da roça junto com a família. Casou-se com Maria Loch Warmling aos 22 anos, no dia 22 de junho de 1963. A celebração foi na igreja de Rio Fortuna. Com o casamento veio a mudança para o Paraná, foram morar na cidade de Maripá. Com Maria constituiu uma sólida família com oito filhos. Silvestre parte desta vida deixando esposa, filhos, noras, genros, dezesseis netos e dois bisnetos. A família e os amigos se despedem com a certeza de que Deus levou para junto dele um homem muito trabalhador, íntegro, religioso e esforçado. ¶ 31/12/1941 V 06/01/2014 prédios. NÃO se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos. NUNCA se abrigue debaixo de árvores isoladas. NÃO use telefone (o sem fio pode ser usado). NÃO fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas. NÃO toque em equipamentos elétricos que estejam ligados à rede elétrica. Granizo: Abrigar-se da chuva torrencial que poderá acompanhar ao granizo e causar inundações. Tenha cuidado com construções mal construídas ou mal acabadas, procure se abrigar em locais seguros, resistentes a fortes ventos, onde não há riscos de destelhamentos. NÃO se abrigar debaixo de árvores, pois há riscos de quedas. NÃO se abrigar em coberturas metálicas frágeis. NÃO estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda, pois estarão sob a influência de ventos fortes. De carro, evitar estradas que foram afetadas pela chuva de granizo. Fonte: http://www.defesacivil.sc.gov.br Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Rede AGRECO Volnei Luiz Heidemann | Adilson Maia Lunardi Quem ensina de repente aprende Quem passa frente ao “Casarão”, nas Águas Mornas, às vezes estranha um movimento importante de carros e pessoas “de fora”. É porque não sabem que funciona ali uma organização que é muito relevante para Santa Rosa de Lima: O Centro de Formação em Agroecologia. Preparo do solo Tudo começou em 2003, com a cedência do espaço físico e com uma parceria formada por iniciativa da Acolhida na Colônia, Santur, Agreco, Prefeitura Municipal de Santa Rosa de Lima e Balneário Paraíso das Águas. Primeiro, com o apoio financeiro da Santur, foi feita a restauração do Casarão, que estava em um estado precário. Em 2004, O Centro de Formação em Agroecologia (CFAE) foi formalmente constituído pela Agreco, pela Acolhida e pela Aliar. Quem as representa na diretoria do CFAE são os dirigentes dessas organizações. Essa criação foi fruto de um diagnóstico dessas entidades. Os agricultores familiares orgânicos de Santa Rosa de Lima tinham acumulado conhecimento significativo sobre produção orgânica, organização, agroindustrialização de pequeno porte, agroturismo, comercialização e poderiam atuar como “professores” em cursos destinados a outros agricultores e a técnicos. Além disso, avaliaram que esses mesmos agricultores precisavam receber pessoas diferentes e de outros lugares para continuar a aprender e a crescer. Semeadura A primeira gestão foi de dois professores: Volnei Luiz Heidemann, apoiado por Odair Baumann. Ela durou da fundação até 2008 e foi a mais importante porque viabilizou e consolidou o CFAE. No primeiro ano (2004), já foram realizados várias reuniões e encontros de agricultores da região, de outros estados e até de outros países, o que permitiu trocas de conhecimentos e de experiências. Nos três primeiros anos, o CFAE realizou mais de quarenta cursos sobre diversos assuntos e cadeias produtivas orgânicas. Em 2006, a partir de uma mediação do Professor Wilson Schmidt, o filho do Seu Tino e da Dona Ida, houve a instalação da “escola de fábrica”. Com a coordenação de Volnei Luiz Heidemann e com bolsas, vinte estudantes de ensi- no médio tiveram uma formação complementar. Em 2007 e 2008, em uma ponte com o poder público e com uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (o Cedejor, agora bastante reconhecido no município), o CFAE procurou dar ênfase ao trabalho com jovens. Colheita Foi essa trajetória que permitiu que, em 2011, o colaborador do CFAE, João Augusto de Oliveira (Joca), inscrevesse a experiência da organização no Prêmio Finep de Inovação 2011, na categoria Tecnologia Social. A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) entende por tecnologias sociais “produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas em interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social”. E para surpresa e alegria de todos, concorrendo com organizações de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul, o CFAE foi o grande vencedor para a Região Sul. Pós-colheita Foi esse prêmio por sua vez que permitiu a elaboração de um projeto de quinhentos mil reais para a criação de uma cadeia produtiva inovadora (veja entrevista com Sebastião Vanderlinde nesta edição), que vai fazer com que em 2014, quando completa dez anos, nosso Centro de Formação esteja “a pleno vapor”. Por isso, para finalizar, vale a pena lembrar o que dizia Dom Helder Câmara: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”. 23 COMUNIDADE MATA VERDE Kátia Vandresen | Ronaldo Michels Medo e prejuízos Não gostamos de trazer notícias ruins neste espaço. Mas a forte tempestade que atingiu o nosso município e, principalmente, a nossa Mata Verde, fez com que ficássemos tristes. Várias famílias contabilizaram prejuízos. O temporal que ocorreu na tarde do dia 15 de janeiro foi avassalador. Além do medo e da preocupação que gerou, causou danos materiais em granjas, galpões, casas e plantações. Ao mesmo tempo em que nós, os colunistas, também contabilizamos prejuízos, queremos nos solidarizar com todos os atingidos. O mais importante é que ninguém sofreu qualquer tipo de lesão física. Bens materiais, a gente recupera. Então, bola para frente, pois a vida segue. Tempestade derrubou diversas árvores. Para registrar celebração a São Sebastião Nessa edição, expandimos um pouco a área de cobertura de nossa coluna. Fomos até a localidade vizinha de Dois Irmãos. Afinal, é preciso registrar a tradicional e belíssima confraternização do grupo de famílias que tem como padroeiro São Sebastião. A festa foi no dia 20 de janeiro. Como todos os anos, o encontro acontece na casa de uma família pertencente à confraria. Desta vez, foi na residência de Chico e Salete. O dia iniciou com uma santa missa rezada pelo padre Pedrinho. Logo depois foi servido um delicioso almoço. A tarde foi divertida, com jogos, piadas e aquelas fofoquinhas básicas contadas pelos que lá marcaram presença. Registramos a bela organização e a receptividade da Família Leeser, que proporcionou um ótimo dia. Assinalamos, também, que surgiu a ideia de se construir uma sede própria para que as famílias pertencentes a este grupo possam ter um lugar para encontros, festas e reuniões. Grupo de famílias da comunidade Dois Irmãos. Casarão da década de 1930 abriga o Centro de Formação em Agroecologia das Encostas da Serra Geral. Que venha o tetra! A Sociedade Esportiva e Recreativa Mata Verde, presidida atualmente por Ronaldo Vandresen, (Budú) é quem organiza e administra as competições esportivas na comunidade e o time aqui da Mata Verde. Já começamos os ajustes para participar das competições esportivas de nosso município nesta temporada. No ano da Copa, uma forte equipe está sendo escalada para disputar os mais diversos campeonatos que serão realizados. Mas nossa meta principal, depois da conquista do tricampeonato em 2013, é a busca do tetracampeonato de futebol de campo. Nossos treinos e encontros são nas quartas feiras, com o futebol de salão no ginásio municipal, e nas sextas feiras com o futebol suíço em nossa sede aqui na Mata. 24 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Maratcha Edésio Willemann A gravidíssima Ana Paula Baumann e a futura vovó Dida recepcionaram as amigas para um chá de bebê mais que especial. Maria Vitória, seja bem vinda! A mulherada deseja a você Paulinha, uma boa hora!!! A gatinha Kamilli esteve em festa neste mês que passou. Completou oito aninhos do dia 23. Esta princesa é orgulho para a mamãe Ivete, para a Tia Karla e para os vovôs xeretas. Felicidades Kamilli! M&M Luiz Floriano e Valdete completam 24 anos de casamento e celebram Bodas de Opala. A filha Denise manda uma mensagem: “Pai e Mãe, juntos vocês já enfrentaram muitas dificuldades e venceram muitas batalhas. É a demonstração de perseverança, amor, carinho e do verdadeiro sentimento que vocês têm um pelo outro. Que este casamento dure uma eternidade. Parabéns pela data mais que especial e obrigada pelo exemplo de vida”. Parabéns a Vanusa Weber que em 27 de janeiro soprou velinhas. Felicidades e muito sucesso é o que desejam seus familiares! Gabriela Schueroff trocou de idade em janeiro e dá o ar de sua graça em nossa coluna. Felicidades! Ildo Bonetti comemora a passagem de mais um ano de vida no dia 30 de janeiro. Os amigos e familiares desejam muitos anos de vida, saúde e paz! M&M, acompanhados de ótimos amigos, prestigiaram o evento mais alemão e tradicional de Santa Catarina: a Festa Pomerana de Pomerode. A turma teve uma recepção maravilhosa na casa do Deputado João Pizzolatti e no pavilhão principal da festa provou e aprovou a comida típica e o chope. A propaganda de Santa Rosa de Lima e da nossa Gemüsefest ficou garantida. Que maio venha logo. Ein Prosit! Mentira Edson Baumann Hilda Becker Dutra completa seus 80 anos no dia 15 de fevereiro. Ela recebe os cumprimentos de toda a sua família e amigos. Eles lhe desejam um Feliz Aniversário e muitas felicidades! A garotinha Ana Clara completou cinco anos no dia dezesseis de janeiro. Muita saúde e felicidades é o que desejam seus pais João Batista e Rosilete, sua irmã Ana Carolina e todos os seus familiares. Entre os dias 4 e 12 janeiro um dos “M” desta coluna, o Edson, participou da primeira etapa do curso de dança alemã na Casa da Juventude de Gramado. A parceria foi através da Secretaria da Juventude, Cultura e Turismo do município. “Foi uma semana de aulas intensas durante todo o dia e de muita troca de experiência com os vários professores de outros grupos que estavam lá. É a segunda vez que faço o curso e cada vez tem mais novidades. Já são anos de dedicação e tudo o que faço é para cada vez mais resgatar e manter a tradição germânica do município. É isso que me impulsiona a continuar no Gemüse Fest Tanz Grupp”. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Leda Assing (esquerda) fez aniversário no dia 22 de janeiro. A filha Lucilene exclama: “Mais um ano se passando e, como dizem quando estamos juntas, você continua parecendo ser minha irmã. É um grande orgulho ser sua filha e muito bom poder sempre contar com você. Se a trajetória até aqui não foi fácil, ela é muito bem sucedida. Para o futuro, desejo muita saúde e menos aflições e preocupações geradas por nós, seus filhos. Tudo de bom!” Os priminhos Letícia e Luiz Eduardo sopram velinhas juntos. Felicidades é o que deseja a famílias e todos os amiguinhos. Parabéns! O senhor Lindolfo Fulks troca de idade no dia 25 de fevereiro. Amigos e familiares desejam muitos anos de vida, com muita saúde, paz e alegrias. Feliz Aniversário! Laura Heidemann Herdt troca de idade em fevereiro. Seus amigos e familiares, em especial sua neta Kelin, lhe desejam muita saúde, paz e dias repletos de alegrias. Osni Folster completou mais um ano de vida. Homenagem especial dos amigos “pescadores” e de toda sua família! Leandro, o famoso Schmitão soprará velas em fevereiro. Toda a família e, em especial, a esposa e o filho desejam muitas felicidades. E a galera espera pela festa no dia 21! Kauan Bonetti Soares, o orgulho da família, completará seu segundo aninho no dia 14 de fevereiro. Felicidades Kauan! O mês de janeiro foi de comemoração na família Vandresen e Wilke. Seu Roberto e Dona Valda celebraram 57 anos de vida conjugal e sempre foram foram exemplo de cumplicidade, respeito e amor aos filhos. Na mesma data, os filhos e noras Rubens e Irene e Leonir e Rosane celebraram 32 anos de matrimônio e provam que a passagem dos anos só torna o amor mais sólido! 25 Muitas felicidades para nosso amigo Gilmar Vandresen, que no dia 20/01 trocou de idade. O garotinho Diogo da Silva Marques comemorou seu terceiro aninho de vida no dia 22 de janeiro. A mamãe Irene e o papai Diego desejam toda a felicidade do mundo! Quem comemora mais um ano de vida no mês de fevereiro é Ângela da Silva Feldhaus. A homenagem especial é de seu marido Ney, de seus filhos Patrick e Paloma e de seu genro Douglas. 26 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL Promoção da SAÚDE COMUNIDADE Murilo Leandro Marcos RIO DO MEIO Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Projeto inovador Mais uma vez, nossa coluna é dirigida aos agricultores do Rio do Meio. Porque nossa região tem mais novidades na produção sustentável. Famílias começam a plantar várias espécies de ervas aromáticas para a extração de óleos essenciais. Para conhecermos um pouco mais desta produção e sabermos o que as pessoas estão achando desta nova iniciativa, realizamos uma entrevista com um casal que vive em nossa comunidade. Casal de “experimentadores” Adenei da Silva e Ivonete Boeing da Silva constituem uma das famílias que farão parte deste projeto. O casal já trabalha com a produção de galinhas orgânicas e com a venda de leite. Agora, aposta nessa nova atividade que também é orgânica. Ivonete conta que a experiência começou neste mês de janeiro, com o recebimento das mudas: “São mil e cem, todas fornecidas pelo projeto”. Adenei e Ivonete, ao mesmo tempo em que plantam e cuidam das mudinhas, aguardam a reunião dos produtores com os coordenadores do projeto para conhecer melhor como funcionará o “experimento”. Essa palavra complicada quer dizer apenas que eles, juntamente com a equipe do projeto, observarão as plantas e anotarão tudo o que acontecer (crescimento, insetos, doenças). Com isso e com os resultados da produção e da quantidade e qualidade dos óleos extraídos, vai ser possível escolher as ervas aromáticas que se adaptam melhor às Encostas da Serra Geral. (Veja pág. 8) Remédio e cheiro bom A erva que a família ira plantar se chama sálvia. Ivonete conhece muito pouco da planta, mas sabe que depois de colhida será transformada em óleo essencial. Imagina que é para as indústrias de cosméticos para a fabricação de shampoo, sabonetes entre outros produtos, pois é uma erva de aroma. Sabe também que a sálvia serve para fins medicinais, como chá e como tempero. Ivonete diz estar vivendo uma experiência nova e afirma: “Tenho fé que dê certo”. Ela comenta que os filhos Mickael e Samara estão contentes com a iniciativa, já pensando no futuro, porque acham que pode ser uma boa alternativa de renda para eles, sendo um cultivo aparentemente fácil para jovens e mulheres. Ivonete e seus filhos exibem as mudas de sálvia. Uma ajudinha da net Como a gente também não sabia de muita coisa, pesquisamos na internet sobre a tal sálvia. E olha o que achamos no site www.tuasaude.com: “a sálvia é uma planta medicinal que pode ser utilizada no tratamento de várias doenças, seu óleo essencial contem pineno. Tem atuação anti-inflamatória, antirreumática, balsâmica, cicatrizante, digestiva, sudorífica e tônica”. Nosso Rio do Meio mais cheiroso Na comunidade, outros produtores aderiram ao cultivo das espécies aromáticas. O Júnior Tiago Mendes está cultivando orégano. O Dauri Floriano, cultivando tomilho. E até nossa jornalista responsável, que tem um sítio por estas bandas, entrou nesta produção. Desejamos que todos tenham sucesso e que Santa Rosa de Lima se consolide cada vez mais como referência em projetos inovadores e que não agridem a natureza, fazendo jus ao seu título de Capital da Agroecologia. E, além disso, perfumando mais nossos ares e nossas vidas. Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer* “A civilização começará no dia em que o bem estar dos recém-nascidos prevalecer acima de qualquer outra consideração.” (Wilhelm Reich) A coluna deste mês tem um caráter intimista. Gostaria de compartilhar alguns pensamentos sobre essa experiência revolucionária que é o nascimento de um filho. Aproveito para agradecer aos colegas de jornal, especialmente ao Maratcha e ao Mentira, pela homenagem na última edição. Gratidão! Gestação Acompanhar uma mulher durante a gestação não é tarefa para qualquer homem: o corpo dela se transforma, a cabeça voa, o humor varia, o desejo urge, o medo assombra, a família palpita, a vizinha assusta, a dor dá pânico... E ainda tem o enjôo, o xixi, o inchaço, o peso e... tem o bebê! Um mundo de metamorfoses que, após serem digeridas pela mãe, tem de ser assimiladas e respeitadas pelo pai. Afinal de contas, é isso que nos cabe: observar, acolher, entender e respeitar todas essas modificações que nunca vamos, nós homens, sentir na carne. Opção Pois bem, passados nove meses, o bebê tem de sair – e a mãe tem que se desfazer da barriga. A opção pelo parto em casa – antigo e natural, como muitas de nossas avós pariram, tem hoje em dia um quê de absurdo, insano e irresponsável. Conosco, tal opção gerou muita discussão: foi uma escolha bastante desafiadora, de descobertas e coragem, de vencer os medos sociais e culturais e ao mesmo tempo se permitir conectar com a sagrada natureza. Depois de muita leitura, grupos de gestantes, exercícios, yoga e de manter em segredo para não alarmar a família, ter o parto em casa foi se configurando uma decisão segura. E chegou o dia! A regra era manter a naturalidade. Entre as contrações e a expectativa, tinha piada, caminhada, comida e os preparativos finais. A banheira de parto estava montada. As fraldas para manter o bebê aquecido depois do nascimento estavam passadas. A mim, que optei ser pai e não médico durante a gestação e o parto, cabia apoiar minha mulher e oferecer uma água ou uma massagem. O homem não pode fazer muita coisa. Talvez a principal coisa a fazer seja justamente não fazer, mas estar ali, ajudando e respirando. Final de tarde, porém, a normalidade dei- Murilo e Flora, ainda na banheira de parto, logo após o nascimento de Rodrigo. xou de ser “normal”. As contrações vieram fortes e frequentes, e a parteira (que é enfermeira obstétrica, natural de Gravatal) foi chamada. Dali pra frente, a dor aumentou, a ansiedade apareceu e o medo surgiu... A mãe-mulher-animal O parto pode ser uma experiência profundamente terapêutica, uma cura pra toda vida, mas para isso é necessário enfrentá-lo. Enfrentar a dor, os medos e as sombras da nossa história. E foi o que aconteceu: durante as horas mais intensas do trabalho de parto, eu, a parteira e sua ajudante simplesmente esperamos. Não a espera vã, mas a espera com fé, crente de que iria dar certo. Enquanto isso, a mãe do meu filho estava em sua “caverna”, provavelmente fazendo reviver seu lado animal-ancestral, desligando-se do racional e se conectando profundamente com as necessidades do seu corpo – e do bebê! O parto é também uma longa e enraizada conversa da mãe com seu filho. O nascimento Hora de voltar pra banheira de parto e fazer força. Eu permanecia em silêncio, numa tranqüila ansiedade, respirando e dando suporte. Poucas contrações depois, a mágica da vida: meu filho deixando o útero e mergulhando neste mundo, dentro da banheira de fundo azul, com os cabelos balançando de leve, trazendo um olhar firme e sereno de quem vivenciou uma das experiências mais difíceis e reveladoras que se pode ter. Ele havia efetivamente chegado em nossa vida. Nosso filho chegou bem, saudável, de maneira respeitosa e natural. A vida e o mundo Hoje, com um mês, ele parece estar adorando a vida. Se para melhorarmos este mundo, deixando-o fértil pra quem vem, precisamos mudar o jeito como as crianças nascem, acredito que cumprimos nosso papel. * A frase do título é de Michel Odent, médico obstetra francês que revolucionou o jeito de entender e atender partos. Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL 27 Esporte Total Ana Maria Vandresen Futebol das antigas Colaboração de Ronaldo Michels Essa coluna, em época de calor total e calmaria no esporte, aproveitou para iniciar um trabalho de recuperação da memória em torno dos nossos atletas e competições. Já vínhamos fazendo isso com fotos na “Máquina do tempo”, mas consideramos importante ter depoimentos. Começaremos pelo futebol e com um “craque”. A entrevista é com Isaltino Bonetti, 58 anos, que hoje mora na comunidade do Rio do Meio, mas que, na época de futebol dele, morava na comunidade da Santa Bárbara. chegávamos a jogar até as duas ou três horas da tarde. Um pouco depois começaram os torneios na comunidade. Como eram formados os times? Na nossa comunidade, os dois melhores jogadores ou os dois goleiros escolhiam os times. E para jogar nos torneios eram feitos dois quadros, como se dizia naquela época. Tinha o time dos melhores e o time dos mais ruinzinhos. Quem era bom de perna jogava nos dois times. Mas quem competia contra quem? No início, era só entre nós mesmos, na Santa Bárbara. Depois, quando eu estava com uns dezessete anos é que começamos a jogar torneios em outras comunidades. Jogávamos no Rio dos Bugres, no Santo Antônio. Quem organizava essas competições? Meu pai era o presidente e o representante do nosso time. Ele é quem ia às comunidades marcar os jogos. Ia de cavalo ou a pé. Marcava uma semana antes. Se no dia desse uma chuvarada, o jogo saía de qualquer jeito. Não dava para desmarcar, porque era longe pra avisar. Onde elas aconteciam? Como era a premiação? Os jogos aconteciam aonde tinha uma baixada, no meio do pasto mesmo, com muito mato. Às vezes, chutava mais mato do que bola. Levantava mato no meio dos dedos, que chegava até a arrancar (risos). A premiação era um cabrito, um porco ou um boi. Tino Bonetti fez questão de usar a camisa do seu time durante a entrevista. Paixão Quando perguntei ao “Tino” se poderíamos entrevistá-lo sobre sua vida esportiva e sobre como era o esporte na época de “gurizão” dele, respondeu que teria que ser com a camiseta do Palmeiras. Contou que era santista quando criança. Por causa de uma rixa com vascaínos e para defender o amigo Gabriel, afirmou que era palmeirense. Fez, então, uma aposta pesada em um jogo do Palmeiras contra o Vasco e acabou virando palmeirense. A boa fase do “Verdão” à época só ajudou. Sobre a fase atual da equipe do coração ele comenta: “Fiquei com dó quando ele foi pra segundona. Mas, hoje, está na primeira de novo”. Como era a vida esportiva no seu tempo? Na minha época, esporte era só o futebol. Quem trouxe o futebol para nós, lá na Santa Bárbara, foi o Egídio Loch. Primeiro, a “bola” era de pano e inbira. Depois de um ano, o Egídio voltou lá e levou uma bola de verdade. Em que ano vocês começaram a jogar futebol? Como era? Eu comecei a jogar com seis anos, em 1962. Era sempre nos domingos. Íamos para a igreja e depois jogávamos aquela bolinha. Nossas mães iam mais cedo embora para preparar o almoço, mas nos Como o time se deslocava? No início, íamos todos a pé. Saíamos bem cedo, porque tinha a missa pela manhã e o jogo era à tarde. Cada um levava uma trouxinha de comida para o almoço. Algum tempo depois, começamos todos a ir de caminhão. Quem eram os bons de bola? O meu pai jogava muito. E o Valenti e o Leandro, já falecidos, também. E o melhor goleiro? Era o Adelino Lock. Ele tinha uns dois metros de altura. [risos] Ele nem precisava pular para pegar a bola nos cantos. E as mãos eram tão grandes que encaixava a bola dentro uma só. Tinha uniforme, chuteiras? Os uniformes, as mães costuravam para cada filho. Era aquele cuecão, feito de saco de trigo. No início, era tudo descalço. Depois, chegaram os Kichutes [um misto de tênis e chuteira fabricado a partir da década de 1970, pela Alpargatas]. Kichute, a chuteira dos anos 70. E jogos na “praça”? Quando eu tinha uns vinte anos, então começou a ter mais times nas comunidades e jogávamos muito na Santa Rosa [“praça”]. Existia apoio para as equipes? No início, não tinha apoio nenhum. O primeiro auxílio que recebemos foi uma bola doada por um vereador. Conte uma história especial daqueles tempos Um dia o time da Santa Barbara desafiou as outras comunidades para um jogo. Então Rio dos Bugres, Rio dos Índios e o Azedo se juntaram e fizeram um time. E foram lá jogar. Os desafiantes tinham um guri muito veloz e bom de bola, chamado Veloni Carvalho. Fizemos uma provocação: ele não passaria, de jeito nenhum, por nós, na zaga. De repente, veio uma bola e o Veloni subiu tão alto pra cabeceá-la que o Lindolfo Beckauser chutou debaixo do nariz do tal bom de bola. Isso era tanto sangue... Tinha um rio perto e ele saiu correndo para lá. Enfiou a cabeça na água e o sangue era tanto que o rio chegou a envermelhar. Depois, com o nariz inchado, voltou a jogar. O que estava valendo era o desafio. Nos minutos finais da partida, a bola sobrou lá no meio do campo e o Jorge Blasio, que não era dos melhores, chutou. Antes de chegar ao gol, a bola pegou em uns montinhos de merda. É, durante a semana, os bois pastavam no nosso campo e sempre tinha umas merdinhas de gado... O desvio enganou o goleiro e a bola acabou entrando. Assim, eles ganharam o desafio por 1 X 0. E ganharam, também, muitas caneladas. No dia seguinte, disseram que era tanta, mas tanta, dor nas pernas... (risos) 28 Santa Rosa de Lima, Fevereiro/2014, Canal SRL li-secretário responsável pela pasta da agricultura disse que se 2013 foi o ano dos transportes e obras, 2014 será o ano da agricultura. Este pobre e barrigudo Macau torce para que dessa vez seja verdade. E para que se tenha, de fato, políticas e ações públicas municipais voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar santarosalimense. O ano da agricultura familiar 1 Por decisão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014 será celebrado o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”. Essa ação visa chamar a atenção do mundo à importância da agricultura familiar e dos pequenos agricultores para acabar com a fome e a pobreza, para assegurar a segurança alimentar e nutricional, para a proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais. O ano da agricultura familiar 2 O objetivo é colocar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais dos governos, inclusive os municipais. O que se quer é que os poderes públicos entendam os desafios que os pequenos agricultores enfrentam e que achem maneiras eficientes de apoiar os agricultores familiares. O ano da agricultura familiar 3 Parece que em Santa Rosa de Lima não será diferente. Recentemente, em entrevista a uma rádio da região, o po- O ano da agricultura familiar 4 Muito otimista com a decisão da ONU, este ingênuo colunista gostaria de ver o governo municipal de SRL reativando o CONPLAMA, fortalecendo o programa de produção leiteira, apoiando decididamente a produção orgânica, com um técnico especifico para fomentar esse tipo de manejo, assim como desenvolvendo uma campanha sólida pela redução do uso de agrotóxicos e de respeito ao meio ambiente. Pelo menos no fortalecimento do agroturismo há alguma expectativa, porque a avaliação negativa sobre o imobilismo da prefeitura nessa área é ampla, geral e irrestrita. O inadiável sempre adiado Há muito, mas muito tempo, a elaboração do Plano Diretor municipal vem sendo comentada e apontada como uma necessidade urgente. Vive-se, em 2014, um bom momento para encarar esse desafio. Basta que o executivo municipal e a câmara de vereadores comecem a tratar deste tema já no início do ano e que ele receba a prioridade que merece. Santa Rosa de Lima precisa, urgentemente, de um plano diretor que ordene o seu crescimento. E tal Plano precisa ser construído de uma forma em que a população seja realmente ouvida, para que as necessidades das co- munidades sejam consideradas e para que, depois de promulgado, seja possível colocá-lo em prática. Mostrar e ocultar Certas atitudes chamaram a atenção de santarosalimenses atentos. Algumas delas relacionados ao recebimento de bens e recursos públicos. Logo no início de 2013, uma retro escavadeira vinda do Governo Dilma, através do PAC, ficou exposta por muito pouco tempo, com uma singela frase de agradecimento. Em seguida, vieram três ônibus, também com recursos do Governo Dilma e sequer foram apresentados à população. O carro do Pacto por Santa Catarina também foi colocado rapidamente “a rodar”. Recentemente, contudo, chegou um veículo para a Saúde, comprado com recursos de emenda federal. Neste caso, o carro foi colocado em exposição, frente à unidade de saúde, sobre a calçada, com uma enorme faixa que destacava nomes de pessoas. É importante que a população saiba que bens e que recursos públicos chegam ao município. A pergunta que não quer calar é: por que se “escondeu” três ônibus e se “pôs na vitrine” um simples Fiat uno? Agora sob nova direção As atividades ordinárias da câmara de vereadores de SRL reiniciam em quatro de fevereiro, com o comando, espera-se, do vereador Ivo Vandresen. A coluna torce por um ano bem mais produtivo do que o passado. Que haja condições e o preparo para realização de verdadeiros debates. Que os projetos sejam realmente debatidos pelos nobres vereadores. E que parem os “atropelamentos” característicos da presidência anterior. Todo mundo sabe que porco é preguiçoso. Por isso, o nosso torce para que as ações da Câmara estejam lá nas reportagens do Canal SRL. E que não precise gastar tanta energia com a inação ou com as arapucas regimentais da Câmara. Por favor, senhor presidente e senhores vereadores, quem quer ficar arriado é este Macau. Maus tratos O Conselho Tutelar está sem internet. Antes, já ficou “quase” a pé. O quase é só porque, parece, não se pode dizer que ficou a pé, porque, à época, os conselheiros podiam “pegar carona” ou usar um “riscomóvel”. Que zelo está tendo o poder público municipal com ao órgão que tem a responsabilidade de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes do município? A quem se comunica esses maus tratos ou esse comportamento vicioso típico de assédio moral? Uns batem, muitos me assopram Este Macau tem sido elogiado por muitos e criticado por alguns. É este realmente o objetivo. Um porco tipo banha, com este corpinho, não pode esperar o elogio de todos. Não pode esperar só fiu fiu. E um humano já disse que a unanimidade é burra. Aqui se busca apontar questões para a reflexão e o debate. Não se quer criticar pessoas, mas examinar atitudes e condutas consideradas prejudiciais à democracia e à cidadania. Aliás, como porco não consegue ficar ruminando, está louco é para elogiar!
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