Trazendo uma Mudança

Transcrição

Trazendo uma Mudança
Produzindo Uma Mudança
Comunicar às comunidades sobre temas sensíveis
como sexualidade e violência doméstica
Produzindo uma mudança
Comunicar às comunidades sobre temas sensíveis como sexualidade e a violência doméstica
(baseado em uma oficina internacional organizada pela AIFO em Montesilvano-PE (Italy) em
outubro 2005)
Texto, edição e disposição: Dr. Sunil Deepak, Atividades Unidade Científica, AIFO
(AIFO/AUC):
Fotos: Harry Faisal, Michael Chen, Eduardo Manzano, Francesco Colizzi, Sarmila Shrestha,
Sunil Deepak, arquivos AIFO
Publicado por
Escola internacional de aprendizagem Raoul Follereau
Associação Italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO)
Via Borselli 4-6
40135 Bologna
Italia
Tel: +39-051-433 402
Fax: +39-051-434 046
Email: [email protected]
Webpage: www.aifo.it/english/index.htm
Tradução para o Português:
Profª Rosinei de Souza Anselmo
[email protected]
Índice
Introdução
Pág. 4
Parte 1 – Informação, educação e comunicação sobre temas sensíveis
Pág. 6
1A – Informação, educação e comunicação sobre temas da sexualidade
ligados ao Cuidado da saúde preliminar
1B - Informação, educação e comunicação sobre temas da sexualidade
ligados a Incapacidade e Reabilitação
1C – Informação, educação e comunicação sobre violência doméstica
1D – Comunicação sobre temas sensíveis e difíceis na comunidade
Pág. 7
Pág. 16
Pág. 25
Pág. 31
Parte 2 – Defensoria para produzir mudança
Pág. 34
Conclusões
Pág. 42
Introdução
Organizações envolvidas em cuidados da saúde, incapacidade e reabilitação e outros
programas em desenvolvimento frequentemente desejam comunicar para as comunidades
para informar e educar para promover mudanças nas atitudes, comportamentos e
habilidades que promovem mais saúde e mais vidas ativa.
Tais atividades são frequentemente chamadas de IEC (Informação, Educação e
Comunicação) e incluem panfletos, pôsteres, radio e programas de TV, mostras de filmes,
conversas, etc.
Para as atividades do IEC ser efetivas deve conter o seguinte:
- Objetivos específicos e claros das coisas que deseja mudar e como
- Sistema de monitoramento claro para medir o que as mudanças desejadas
produziram
Estabelecer objetivos e sistemas de monitoração das atividades do IEC devem ser feitos
antes de começar estas atividades.
Comunicação sobre os temas sensíveis
Alguns temas como sexualidade, vício a drogas, prostituição, violência doméstica, alcoolismo,
etc. são considerados sensíveis para as atividades do IEC, porque estão ligados com tabus
sociais, mitos, temas religiosos, tradições ou de uma forma fundamental em cujas sociedades
estão organizadas e preconceitos sociais. Tais temas podem ser percebidos como ameaças
por parte das comunidades.
Diferentes comunidades em diferentes partes do mundo podem diferenciar a forma como elas
percebem a sensibilidade de alguns temas.
As atividades do IEC relacionadas aos temas sensíveis precisam de um cuidado particular e
algumas estratégias específicas.
Defensoria
As atividades da defensoria são um grupo especifico das atividades do IEC que apontam
para promover uma mudança específica que possa beneficiar muitas comunidades ou toda a
população de um país, especialmente através de mudanças da política e sobre a nova
legislação. A defensoria é um objetivo das atividades do IEC que necessita de estratégias
específicas de comunicação.
Este livro
Este livro é sobre Informação, Educação e Comunicação (IEC) estratégia nas comunidades,
especialmente em relação aos temas sensíveis e atividades de defensoria. O livro é baseado
sobre compartilhar as experiências e as discussões durante uma oficina internacional
organizada pela Associação italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO) em Montesilvano
(Pescara, Italia) em outubro 2005.
Trinta e oito pessoas da África, da Ásia e da América do Sul participaram da oficina
internacional organizada pela AIFO/Itália de 24 à 28 outubro 2005. Os Participantes vieram
de 16 países, inclusive grandes delegações de 3 países - Brasil, Índia e Itália. A oficina teve a
tradução simultânea em português, inglês e italiano.
Notas gerais
Este livro toma nota do debate em andamento entre organizações de pessoas com
incapacidades usando dos termos “pessoas com incapacidade” e “pessoas deficientes”. Por
esta razão, este livro usa os dois termos de forma alternada.
A maioria daquilo que está escrito no livro aplica-se aos homens e às mulheres. Entretanto,
por razões práticas, ao falar sobre indivíduos, o livro usa “ele” e “ela “ alternadamente.
Ao falar sobre lepra, como o recomendado por IDÉIA (federação internacional trazendo juntas
as pessoas afetadas pela lepra), este livro usa a terminologia “pessoas afetadas com lepra”.
Prof. Luigi Gravina, vice-presidente da AIFO durante a inauguração da oficina
Parte 1
Informar, Educar e Comunicar (IEC) sobre Temas
Sensíveis
Introdução
Durante a primeira parte da oficina internacional, foi solicitado para alguns dos participantes
fazer uma apresentação e explicar suas atividades relacionadas ao IEC sobre os dois temas
sensíveis - sexualidade e violência doméstica. As apresentações foram agrupadas em três
sessões –
(a) Experiências das atividades do IEC sobre o tema sexualidade ligado ao Cuidado Primário
da Saúde (CPS)
(b) Experiências das atividades do IEC sobre o tema sexualidade ligado à Incapacidade e
Reabilitação
(c) Experiências das atividades do IEC sobre violência doméstica
Em cada sessão, após as apresentações, os participantes foram divididos em grupos
menores para discutir alguns temas específicos e então voltaram para uma discussão no
plenário.
Este capítulo do livro apresenta um sumário breve das apresentações principais, do grupo e
das discussões no plenário de cada sessão, acompanhados por alguns comentários. A parte
final deste capítulo extrai conclusões e as lições aprendidas das três sessões para propor
algumas estratégias para organizar as atividades do IEC.
Participantes do Brasil mostrando as vestimentas e as danças tradicionais da Bahia
Parte 1 A
Informar, Educar e Comunicar sobre temas da Sexualidade ligados
ao Cuidado Primário da Saúde
AIFO: Importância das atividades sobre Informação, Educação e Comunicação
Dr. Enrico Pupulin, membro da diretoria da AIFO na Itália fez uma apresentação introdutória
sobre este tema.
“AIFO missão para trabalhar com a maioria das pessoas marginalizadas nas comunidades. A
AIFO identificou estes grupos “maioria marginalizados” como pessoas afetadas com lepra e
pessoas com incapacidades”, ele disse.
Com relação à comunicação, Enrico disse, “Comunicar às comunidades é tido às vezes como
algo prescritivo, como se é uma ordem e dada de uma forma
agressiva e prescrita. Mas se o alvo da comunicação é
promover força de vontade às pessoas, então deve ser
bidirecional. Deve incluir fazer contato com as pessoas,
ouvi-las, observa-las, aprender delas, aprender não apenas
da comunicação verbal, mas também das reações nãoverbal e do que é deixado de dizer. Uma comunicação
depende de muitos fatores incluindo a cultura, gênero,
idade, experiência educacional, religião, etc. “
Enrico continuou, “Se as comunicações são postas em
termos de julgamento tais como certo e errado, ou melhor e pior, ou normal e anormal, eles
conduzem a violência em comunicação. A violência em comunicação está ligada também ao
abuso de poder, de modo que nós olhemos aspectos positivos de nossa própria comunicação
e olhemos os aspectos negativos dos outros, nós criticamos os outros, ambos como pessoas,
sua maneira de ser e sua maneira de agir ou de comportar-se. Isto não inviabiliza a
comunicação. Conduz à perda da auto estima, frustração e raiva nos ouvintes. Para evitar
isto, a comunicação deve ser para tentar compreender diferentes ponto de vistas, tentando
apreciar a posição dos outros. Compreender outros não significa que você concorde
necessariamente com ela, mas conduz a um diálogo e a uma negociação para chegar a um
consenso.”
A Apresentação de Enrico tocou na importância do contexto em que uma comunicação
ocorre. Uma comunicação não é neutra, não é apenas sobre dar a informação, é também
sobre relacionamentos entre as pessoas que estão ligadas aos temas de poder, conflito,
idéias sobre o certo e errado, cultural e crenças religiosa, etc.
Comsaúde: Lutando contra infecção de AIDS/HIV em Porto Nacional (Tocantins, Brasil)
Dr. Eduardo Manzano, presidente da ONG brasileira Comsaúde começou fornecendo
alguma informação geral sobre o seu país, “Brasil é um país de contrastes fortes. O sul do
país é muito desenvolvido, enquanto que o norte e o nordeste são menos desenvolvidos com
problemas de fome, má nutrição, trabalho infantil, exploração sexual das crianças, etc.
Infecção da AIDS/HIV é um problema sério entre a população vulnerável. Aproximadamente
600.000 pessoas são infectadas no Brasil com este vírus. Nos últimos anos, o número de
mulheres infectadas aumentou rapidamente. Dez anos atrás, havia uma mulher infectada com
o HIV para cada vinte homens, agora têm oito mulheres infectadas para cada 20 homens. Isto
trás implicações para as crianças também, e a maioria das mulheres infectadas estão na
idade de procriar. Por esta razão nós colocamos uma grande ênfase em educar a população
sobre riscos e prevenção da infecção do HIV”.
Um panfleto para os homens que explicam
como usar uma camisinha, de Comsaúde
(Brasil)
Falar à comunidade sobre HIV/AIDS
conduz às discussões sobre os temas
relacionados às práticas sexuais. O Dr.
Manzano explicou, “Nossos trabalhadores
estavam inicialmente constrangidos para
falar às pessoas sobre o tema
sexualidade e até mesmo as pessoas da
comunidade estavam constrangidas, mas
com a prática, agora ambos os lados
sentem-se mais confortáveis em falar
sobre isso. Pessoas diagnosticadas com
HIV, inicialmente podem ter sentimentos
de culpa, medo ou recusa e precisam de
conselho. Uma pesquisa foi feita e
mostrou que 96% dos brasileiros sabem
que usar uma camisinha é a melhor forma
de prevenir a infecção do HIV. Nossa
campanha
focalizou
o
uso
das
camisinhas para impedir a propagação
da AIDS. Tal campanha corre o risco de
trivialisar
a introdução do intercurso
sexual, mas foi eficaz
porque a
propagação do HIV no Brasil diminuiu. “
O Dr. Manzano continuou, “Em nosso
trabalho, nós gostamos de enfatizar que a sexualidade não é apenas intercurso sexual, mas
nós falamos também sobre a importância do amor. Talvez, esta campanha ainda não seja
muito eficiente em alcançar os adolescentes, mesmo porque a taxa de gravidez na
adolescência continua em alta. Assim, o tema entre os viciados em drogas e a infecção do
HIV também não foi atacado corretamente.”
Ele enfatizou a importância de envolver as pessoas afetadas pelo HIV na campanha do IEC
para educar comunidades.
O Dr. Manzano disse, “Quando um paciente de
HIV sabe externar seu medo e sai, ele tem duas
vantagens. Em primeiro lugar, tais pessoas
adquirem uma maior auto confiança e podem
utilizar os recursos da comunidade, da
solidariedade social para apoiá-lo em caso de
necessidade. Ao mesmo tempo, se eles puderem
falar às comunidades, eles são muito mais
eficazes em influenciar o comportamento da
comunidade, muito mais do que qualquer
campanha com pôsteres, etc. “
Panfleto sobre o uso da camisinha de
Comsaúde
A apresentação do Dr. Manzano tocou em dois aspectos úteis das atividades do IEC
relacionadas à sexualidade das atividades sobre os Cuidado Primários da Saúde:
• Inicialmente fala sobre temas como a
sexualidade pode ser constrangedora para
trabalhadores e clientes, mas com prática, isto se
torna mais fácil.
• Usar pessoas afetadas com HIV pode ser muito
mais eficaz para
alcançar a comunidade
comparado o uso de pôsteres ou panfletos.
Pôster sobre Comportamento de Risco
que pode conduzir à infecção do HIV,
usado por Comsaúde para as
atividades do IEC
Olhando os materiais do IEC apresentados pelo
Dr. Manzano, os participantes notaram que estes
materiais mostram que no Brasil é possível usar
imagens e linguagem explícitas para falar sobre
temas sexuais.
Por exemplo, o pôster sobre o comportamento de risco mostrado pelo Dr. Manzano teve
ambos pares homossexual e heterossexual, dando uma impressão que temas sobre
sexualidade alternada podem ser discutidos abertamente na sociedade brasileira. Muitos
participantes sentiram que tais materiais não seriam aceitáveis em suas comunidades.
CUIDADO: Promovendo a saúde entre grupos rurais marginalizados, especialmente
mulheres, no Nepal
A senhora Sarmila Shrestha trabalha como coordenadora de uma ONG Nepales chamada
CUIDADO que trabalha com Cuidado Primário da saúde e atividades desenvolvidas na
comunidade, em comunidades rurais focalizando grupos marginalizados de mulheres. Sarmila
informou, “CUIDADO trabalha com 272 grupos de mulheres e muitos outros grupos da
comunidade em 135 vilas espalhadas por três distritos de Nepal. As atividades do IEC são
muito importantes para nosso trabalho e nós usamos uma variedade de materiais do IEC tais
como pôsteres, vídeos, livros, etc. em nosso trabalho. Nós temos um centro de Treinamento
rural no vilarejo de Devdaha no distrito de Rupandehi em Nepal que enfoca a capacidade de
construção dos fazendeiros pobres. “
Com relação às atividades específicas do IEC relacionados à sexualidade, Sarmila explicou,
“Trabalhar com as mulheres rurais pobres significa que os temas sobre a sexualidade estão
enfatizando para falar sobre doenças sexualmente transmitidas, temas do planejamento
familiar ligados aos problemas tais como: anemia e má nutrição devido aos freqüentes partos,
problemas sociais de prostituição, trafico de meninas, etc. Esta informação é dada através dos
pôsteres, cartas na parede, carta de jogo, calendários de bolso, tira de desenho, peças na
rua, canções e danças, etc. Para despertar temas como o da sexualidade em nossas
comunidades, você deve ser bem conhecido na comunidade e eles devem saber que a
organização é boa e confiável, que você não está lá para explorá-los ou criar problemas com
suas tradições. “
“Para tratar com tais temas nós organizamos reuniões limitadas para participantes mulheres
ou somente para participantes homens, mesmo porque em nossa cultura não é fácil falar
sobre tais temas em reuniões comuns onde homens e mulheres estão presentes. Para evitar
constranger as mulheres, são as mulheres trabalhadoras que falam para elas e lhes explicam
a mensagem. A carta de jogo é uma ferramenta útil para as trabalhadoras da saúde desde
que tenha figuras de um lado e no outro texto que pode ser lido pela trabalhadora de saúde.
Com uma carta de jogo, estamos certos que tocamos em todos os aspectos sem esquecer-se
de nenhum. “
O CUIDADO trabalha também com meninas e mulheres positivas do HIV bem como com
grupos especiais do risco como as trabalhadoras do sexo. Estas atividades são realizadas
também na área urbana através de uma farmácia em Kathmandu. Sarmila diz “Por exemplo,
nós temos uma tira de desenho chamada “IIusão e Realidade” que explica as promessas
bonitas feitas por homens para seduzir as meninas para “trabalho lucrativo” e como isto
conduz à exploração sexual das meninas nos bordéis na Índia e em outros lugares e como
estas meninas voltam quando têm AIDS e são rejeitadas por suas famílias. Uma outra tira
cômica é chamada “Presente do Amor” e explica como negociar o uso da camisinha.”
Com respeito ao trabalho com as
trabalhadoras do sexo, Sarmil
elaborou mais, “A
comunidade
culpa-as por todos os problemas,
os clientes não são os culpados.
Trabalhar
com
tais
grupos
marginalizados e oprimidos pode
criar
problemas
para
as
trabalhadoras
da
saúde
na
comunidade. A comunidade pode
te colocar na lista negra e tratá-lo
como um problema porque eles
dizem que você está perturbando a
comunidade.
As organizações
devem estar preparadas para isto
e devem continuar a trabalhar
apesar de todos estes problemas.”
Uma reunião de grupo de mulheres em Nepal
Sarmila sentiu que mesmo os profissionais médicos discriminavam as trabalhadoras do sexo
e as pessoas com HIV positivo, e que HIV/AIDS são vistos apenas como um tema médico e
não como um tema social, mas a menos que nós desafiemos os aspectos sociais, nós não
podemos resolver qualquer um desses problemas.
Sarmila confirmou, “Falar sobre problemas sexuais inicialmente aos membros da comunidade
e em reuniões internacionais, pode ser muito constrangedor inicialmente, mas com a prática
torna-se mais fácil atacar. É importante que nós possamos aprender falar claramente sobre
estes temas desde que os interesses para a saúde das comunidades e especialmente da
saúde das mulheres sejam tão altas. Os trabalhadores da saúde também necessitam de
treinamento específico e apoio para atacar estes temas nas comunidades.”
A apresentação por Sarmila deu algumas indicações sobre o crescimento dos temas
sensíveis e tabus nas culturas tradicionais:
•
Levantar temas sensíveis em uma comunidade, as pessoas e as organizações
relacionadas devem ser bem conhecidas na comunidade. O conhecimento mútuo e a
compreensão sobre a organização que está levantando os temas de uma forma
responsável e digna, também são importantes.
•
Mais informação sensível pode ser compartilhado na comunidade em grupos
separados por gênero. Eventualmente, mais informação explícita sobre a sexualidade
pode ser discutida em sessões individuais, onde a confidencialidade é garantida.
•
Existem grupos vulneráveis específicos tais como as trabalhadoras do sexo que não
podem ser fáceis de alcançar através das intervenções gerais nas comunidades,
mesmo se em um modo específico de gênero. Para alcançar tais grupos, as estratégias
e as intervenções específicas de grupo podem ser necessitadas.
•
Os trabalhadores da saúde necessitam aprender a lidar com seus próprios sentimentos
e emoções sobre o assunto antes que elas possam levantar os temas com os clientes.
Promover um compartilhar de experiências, discutindo desafios enfrentados e as
estratégias utilizadas, podem ser úteis. Inicialmente isto pode ser mais fácil em grupos
específicos de gênero dos trabalhadores da saúde.
Pôsteres de educação da comunidade em Nepal
KULIMA: Mitos Sexuais entre grupos da população de Macuas em Nampula
(Mozambique)
Sr. Victor Sousa trabalha como coordenador da saúde para Kulima, uma ONG nacional em
Mozambique. Ele está baseado em Nampula no norte, onde a ONG está envolvida em um
projeto chamado “Educação para a Saúde da Comunidade”. O projeto cobre seis distritos da
província de Nampula e suas atividades incluem o treinamento de voluntários da comunidade,
mobilização da comunidade através das oficinas, dança e iniciativas de teatro de rua para a
prevenção e o cuidado de doenças infecciosas como doenças de cólera, doenças
sexualmente transmitidas, lepra, etc.
Victor explicou os mitos sexuais e as tradições da população indígena de Macuas na província
de Nampula, “Macuas têm sua própria língua. Para elas a sexualidade não é um tabu e eles
têm muitos mitos relacionados à sexualidade. Adolescentes de Macuas, quando alcançam a
idade de 12 anos, são preparados pela comunidade para sua iniciação sexual. A iniciação dos
ritos incluem circuncisão coletiva para meninos que aprendem “ser um homem” dos homens
mais velhos, que significa aprender a controlar o medo e a dor.
Para meninas, a iniciação significa uma operação para abrir os lábios externos da vagina e
aprender sobre o intercurso sexual das mulheres mais velhas que simulam o ato sexual. “
A respeito dos costumes sexuais de Macuas, Victor explicou, “Durante a menstruação as
mulheres devem comer um pão especial chamado Mussiro e não podem ter relação sexual
neste período. Quando uma mulher está grávida, também naquele mesmo período, nenhuma
relação sexual é permitida. Após a morte de seu marido, as mulheres pertencem ao irmão
mais velho do marido. Algumas vezes estes costumes tradicionais podem estar ligados aos
problemas. Por exemplo, a cerimônia coletiva da circuncisão, se não for feito corretamente
causa infecção e complicações para os meninos. Ou, por exemplo, entre as mulheres, a
transmissão da AIDS pode acontecer na família, quando uma viúva é forçada a ter relação
sexual com o irmão do seu marido. Nós necessitamos criar uma consciência sobre estes
temas. Entretanto, falar sobre o tema sexual não é um tabu em sua comunidade e o tema
pode ser abordado de uma forma sem julgamento. Nós tomamos cuidado para que nossa
comunicação não seja percebida como uma critica às tradições e nosso objetivo é que a
comunidade possa encontrar uma forma diferente de continuar a tradição. “
Teatro da comunidade para informar e educar (Nampula, Mozambique)
A apresentação do Vitor ilustrou que as intervenções do IEC devem ser específicas de região
e cultura. Ao mesmo tempo, a apresentação abordou o tema da linguagem dos grupos da
minoria da população. Os materiais e as intervenções do IEC que não mantêm nota destes
temas específicos, não podem ter um impacto nos grupos alvo específicos nas comunidades.
Discussões
Depois das apresentações do Brasil, Nepal e Moçambique, os participantes da oficina
identificaram e discutiram quatro temas em grupos menores e vieram então junto no plenário
apresentar um resumo de suas conclusões para uma discussão maior.
O primeiro grupo decidiu-se considerar as estratégias para alcançar adolescentes em
situações urbanas sobre temas da sexualidade. O grupo concluiu que identificar líderes
entre os adolescentes que podem servir como “multiplicadores” para alcançar outros
adolescentes é uma forma útil. Entretanto, o grupo sentiu que é igualmente importante ouvir
as idéias e os sentimentos dos adolescentes e não apenas dar o conselho e a informação.
Para interagir com os adolescentes, os grupos recomendaram as metodologias participatória
desenvolvida por Paulo Freire. O grupo sublinhou a importância de monitorar o impacto de
estratégias de comunicação, de modo que os métodos mais eficazes possam ser
desenvolvidos com experiência. Ao mesmo tempo, o grupo sentiu que respeitar diferenças
culturais é muito importante, as pessoas são diferentes e não podem ser um grupo
homogêneo, mesmo que pertençam ao mesmo grupo de idade.
O segundo grupo decidiu
considerar as atitudes dos
membros da família das
trabalhadoras do sexo. O
grupo concluiu que tema
sobre
a
base
social
relacionada
às
trabalhadoras do sexo pode
ser muito diferente. Sem
compreender este tema
fundamental não é possível
pensar em estratégias ou
alcançar grupos
etc. O
grupo
sentiu
que
frequentemente os projetos
usam as palavras
como
estratégias de comunicação
mas sem nenhum conhecimento real do que está acontecendo e por que está acontecendo. O
grupo sentiu que se os projetos não identificam e não compreendam os temas reais da
pressão social, da pressão do par, da pobreza, da cobiça, etc. E pensam apenas em termos
de doença, então suas comunicações não são eficazes.
O terceiro grupo decidiu considerar as estratégias para a promoção de comportamentos
sexual positivos. O grupo sentiu que existem conceitos errados na comunidade sobre
doenças tais como a tuberculose ou lepra de modo que as pessoas afetadas são
ordinariamente excluídas dos relacionamentos sexuais. A pessoa afetada pode ser ignorada
pelo esposo ou uma pessoa solteira afetada pode não encontrar um esposo. O grupo sentiu
que além das comunicações direcionadas às comunidades, para tais temas de comunicação
inter pessoal com os membros da família pode também ser útil.
O quarto grupo considerou sobre o tema diferenças culturais com respeito à sexualidade.
Eles sentiram que as pessoas dos países desenvolvidos e a cultura ocidental têm
preconceitos com relação as outras culturas. Às vezes, os estrangeiros vêem o tema
específico nas comunidades sem realmente compreender o contexto cultural local. O grupo
sentiu que na própria sociedade ocidental, há gêneros relacionados aos temas ligados à
sexualidade. Por exemplo, o grupo sentiu que a promiscuidade sexual entre homens é
tolerada, mas é desprezada entre em mulheres.
Após todas as apresentações, na sessão plenária, os participantes discutiram
momentaneamente suas próprias atitudes para discutir temas da sexualidade. Diferentes
participantes notaram que há diferenças cultural importantes mas apesar disso, os
participantes fizeram esforços conscientes para ouvir diversos ponto de vistas. Alguns
participantes masculinos explicaram sua surpresa ao ouvir Sarmila fazer sua apresentação
sobre sexualidade de uma maneira clara e sentiram que se as mulheres podem salientar tais
temas, isto as conduzirá para sua força de vontade.
Um dos grupos de discussões
Parte 1 B
Informação, Educação e Comunicação sobre os temas Sexualidade ligados à
Incapacidade e Reabilitação
AIFO: Sexualidade, um Componente Essencial da Nossa Identidade Humana
Dr. Sunil Deepak, diretor do departamento de apoio médico da AIFO introduziu o assunto
sobre o tema sexualidade ligado à incapacidade e reabilitação afirmando, “a sexualidade é
uma parte essencial da identidade humana. Torna-se ainda mais importante para pessoas
com incapacidades, enquanto pode parecer que por causa da sua incapacidade ‘a pessoa
não é suficiente um homem ou uma mulher' para merecer a expressão sexual. As pessoas
com incapacidade indicam que frequentemente são vistas como infantis, como se não
praticam nenhum ato sexual. Às vezes os ajudadores e pais ficam receosos que pessoas
inescrupulosas tomem vantagem de seu filho ou filha e exploram-nos sexualmente. Assim
eles podem super proteger seus filho/filha, limitando suas oportunidades para interação social.
Ao mesmo tempo, as barreiras físicas e atitudinais que cercam o incapacitado pode significar
que as pessoas com incapacidade vivem isoladas com pouca oportunidade para
relacionamentos sócio afetivo. “
Sunil adicionou, “Existem muitos mitos ligados à sexualidade para pessoas com a
incapacidade. Há também uma dimensão de gênero para este tema. Geralmente os homens
incapacitados têm mais oportunidades para a expressão sexual comparado às mulheres
incapacitadas. Por exemplo, muitas sociedades aceitam que homens incapacitados possam ir
às prostitutas, mas nenhuma oportunidade similar existe para mulheres incapacitadas. Ao
mesmo tempo, as pessoas com deficiência indicam que a prostituição não é uma resposta a
suas necessidades para expressão sexual e as atitudes na sociedade necessitam ser
mudadas.”
Finalmente Sunil explicou que frequentemente o aspecto da
sexualidade é ignorado nos projetos que tratam da
incapacidade e reabilitação ou visto apenas como um
problema. O objetivo desta sessão é ver como os projetos
da reabilitação e os programas de reabilitação base da
comunidade (RBC) estão lidando com o tema sexualidade.
Sunil mostrou um livro preparado por um cadeirante italiano,
Sr. Gabriele Viti, chamou “Kamasutra per Disabili”
(Kamasutra para pessoas com incapacidade).
Um dos projetos do livro por
Gabriele Viti (www.gabrieleviti.org)
Este livro discute barreiras da sexualidade que cercam as pessoas com incapacidades e trás
algumas fotos explícitas sobre as pessoas incapacitadas tendo relação sexual.
Sunil disse, “É um exemplo como estes temas podem trazer discussões abertas.
Provavelmente livros similares podem não ser aceitos em muitos países desde que tais
imagens podem ser tratadas como materiais obscenos ou ilegais.” Ele convidou os
participantes para olhar o livro e refletir sobre possíveis estratégias para levantar o tema de
uma maneira positiva.
AMICI Índia: Incapacidade e Sexualidade em programas de RBC na Índia
Amici Índia coordena diferentes projetos apoiados pela AIFO na Índia e está baseado em
Bangalore. Esta apresentação foi feita conjuntamente pelo Sr. Jose Manikkatham,
representante da AIFO na Índia e pelo Sr. Jayanth Kumar, coordenador de RBC em Amici
Índia.
Jose e Jayanth explicaram, “Mesmo se houver uma perda da função, pessoas com
incapacidades necessitam de experiência física e emocional da sua sexualidade como todos
os outros. Para todos os programas do RBC, é importante salientar o tema da sexualidade e
envolver pessoas com a incapacidade, homens e mulheres, bem como pais, para expressar
seus pontos de vista sobre este assunto. Nós discutimos este assunto com as diferentes
partes interessadas em programas de treinamento do RBC e vimos temas como anatomia,
atitudes da comunidade, opinião popular, mulheres e sexualidade, materiais de audio-vídeo
sobre sexualidade, temas específicos para os pais, etc. “
Jose e Jayanth continuaram, “Durante estas discussões as pessoas envolvidas no
treinamento do RBC sentiram que estes materiais devem ser culturalmente sensíveis.
Concordaram que as pessoas ficam muito constrangidas ao falar sobre esses assuntos e não
existem materiais apropriados para aprender e ensinar sobre este assunto. Até mesmo a nova
lei nacional sobre incapacidade na Índia, que é se não muito compreensiva, não menciona o
tema da sexualidade. A capacidade de construção da equipe de funcionários de RBC deve
incluir treinamento específico neste assunto. Ao mesmo tempo que para atacar este tema
com as pessoas com a incapacidade envolvidas em um projeto, deve haver trabalhadores do
RBC tanto homens como mulheres nos projetos. “
Finalmente
Jayanth
compartilhou
algumas experiências pessoal sobre
sua própria vida como uma pessoa
cega, sobre seu casamento e sua vida
familiar. Disse, “Eu não posso me ver.
Algumas vezes, eu me pergunto,
como eu pareço para as outras
pessoas? Para pessoas cegas como
eu, os outros pensam que nós não
temos nenhum desejo sexual. As
pessoas
que
enxergam
obtem
informação de diferentes fontes, dos
filmes ou da Internet, mas nós temos
que obter informação de outra pessoa
como eu, de grupos iguais. Materiais sobre este assunto em formatos acessíveis tais como o
Braille ou fitas de áudio podem ser úteis. “
Sobre o aspecto gênero, Jose indicou, “É muito raro ver uma mulher com incapacidade
casada com um homem normal, enquanto que alguns homens deficientes encontram
esposas normais. Em um enfoque direto, temas sobre sexualidade devem também fazer
parte de outras discussões sobre o desenvolvimento.”
A apresentação de Jose e Jayanth foi baseada em suas discussões com as pessoas que
trabalham em programas diferentes do RBC na Índia e levantou tema significante, que os
cursos de treinamento do RBC normalmente não tocam sobre o tema sexualidade e não têm
material apropriado para este assunto para os programas do RBC. Jayanth levantou também
que os materiais de aprendizagem sobre o tema sexualidade em Braille e as fitas de áudio
precisam estar acessíveis às pessoas cegas.
SRMAB: Destacando Gênero e o Tema sobre sexualidade em Bangalore (Índia)
SRMAB ou ‘Sri Raman Maharishi Accademy para Blind (cego)' é uma ONG baseada em
Bangalore que funciona uma escola, um instituto de treinamento de agricultura e algumas
oficinas geradoras de renda para pessoas cegas. Ao mesmo tempo, SRMAB está envolvida
em inúmeros programas do RBC em nível de comunidade em áreas rurais no distrito de
Mandya em Karnataka no Sul da Índia. O Sr. Srinivasan do SRMAB levantou o tema gênero
sobre a sexualidade. SRMAB promove ativamente a inclusão de meninas e mulheres
deficientes em sistemas de instrução e emprego e está envolvido ativamente em defender
com respeito à efetivação da lei do deficiente. Finalmente o Sr. Srinivasan sublinhou a
importância da negociação com as famílias de modo que as mulheres com deficiência
pudessem se casar.
SSBI: Destacando o Deficiente e o tema Sexualidade em um programa do RBC na
Libéria
SSBI é uma ONG Liberiana ativa em Gardnersville na periferia do capital nacional Monrovia
na Liberia. O Sr. Lamuel Boah é o coordenador da comunidade baseada no programa de
reabilitação (RBC) em SSBI. Lamuel explicou que eles nunca discutiram o tema relacionado à
sexualidade em seu projeto de uma forma sistemática. Entretanto, eles decidiram manter
discussões com os trabalhadores do RBC e com as pessoas deficientes sobre este assunto
antes de vir à oficina. Estas discussões mostraram que, “A comunidade é composta de
pessoas com bases diversas sobre política, cultura, religião e etnia. Pessoas deficientes não
vivem isoladas. Portanto, seria difícil compreender a opinião de homens e mulheres
deficientes, em se tratando de sexualidade, se nós não compreendermos as percepções da
comunidade. Alguns homens normais abusam sexualmente mulheres deficientes visitando-as
a noite e ignorando-as durante o dia. Isto porque, os homens normais sentem que um
relacionamento público com uma mulher deficiente causa vergonha, constrangimento e têm
um efeito estigmatizante.”
Com relação ao tema gênero, Lamuel explicou sobre
suas discussões com mulheres deficiente, “As
mulheres disseram que desejos sexuais não são
experimentados por homens sozinhos mas, que as
mulheres experimentam também a sensação e
amam expressar suas emoções sexual ao sexo
oposto.
Infelizmente, as mulheres não podem
expressar estes sentimentos por medo de serem
desvalorizadas pelos homens. Mulheres com
deficiência acreditam que o sexo é importante porque
sexo produz filhos e que ter filhos salienta a
qualidade de uma mulher. As mulheres sentem
também que sexo é a apreciação real da vida e isso
satisfaz os maiores desejos humano. “
Lamuel explicou que homens com
deficiência
compartilham pontos
de vistas similares,
“Sexualidade é considerada muito importante na vida
dos homens com deficiência, porque os homens
sentem que o sexo produz filhos e ter filhos traz de
volta o valor real de um homem.”
Como uma continuação destas discussões realizadas na comunidade, Lamuel explicou que
gostariam de começar uma atividade aconselhando sobre este assunto que será realizada por
uma pessoa com deficiência.
Serviços de saúde da comunidade na Liberia
SETI: Tema Sexualidade com relação as deficiências intelectuais em Alexandria (Egito)
Fr Emad Bishoy da ONG Egita chamada SETI em Alexandria (Egito) explicou que seus
projetos trabalham principalmente com crianças que têm deficiência intelectual tais como a
paralisia cerebral. Suas atividades focalizam as áreas suburbanas de baixa renda da cidade.
O projeto apóia e trabalha em colaboração com organizações dos pais das crianças com
deficiência. Emad disse, “Atividades de informação, educação e comunicação têm muita
importância em nosso trabalho. Nós realizamos reuniões regulares em cada uma das
diferentes áreas da comunidade onde nós trabalhamos. Nosso objetivo é promover a inclusão
das crianças com deficiência em todos os aspectos da vida e por esta finalidade nós
queremos identificar voluntários na comunidade para juntar ao nosso trabalho. Nós
promovemos também esportes e atividades de lazer para as crianças com deficiência e uma
das meninas com deficiência do nosso projeto na área de Bakous , recebeu uma medalha de
prata como parte da equipe de basquetebol nas para-Olimpiadas realizada na Tunísia em
2004. ”
Com relação ao tema mais específico sobre sexualidade, Emad explicou, “O tema principal
para nós inclui casamento, abuso sexual de pessoas com deficiência e desejo dos pais para
esterilizarão e histerectomia (remoção cirúrgica do útero) de suas filhas com deficiência”.
Crianças com deficiência, pais e voluntários do
projeto RBC em Alexandria
Ele continuou, “Comportamento
gerencial é um outro tema como às
vezes
os
adolescentes
com
deficiência mental não sabem lidar
com seus impulsos sexual em
público. Nós incentivamos sessões
abertas sobre estes temas com pais
para promover discussões. Os pais
podem ter sentimentos positivos e
negativos sobre os temas de
casamento e expressão sexual.
Temem que seus filhos com
deficiência possam ter filhos com a
mesma
deficiência,
isto
é
frequentemente um importante tema
para os pais. “
Com relação a estas dificuldades, Emad mencionou, “Não é fácil salientar estes assuntos em
nossa comunidade, pois para muitas pessoas falar sobre este assunto é um pecado. Em
nossos materiais ensinar e aprender para os trabalhadores do RBC, nós temos a descrição
dos órgãos reprodutivos masculino e feminino, mas frequentemente os professores pulam
estas partes. Nós tentamos empurrar para a educação sexual para pais e crianças com
deficiência, incluindo como protegê-los do abuso sexual. Não há nenhuma lei no Egito com
relação a esterilização ou união de pessoas com deficiência mental, mas é a atitude da
comunidade que determinam como as famílias se comportam. Encontrar material apropriado
de ensino que possam ser usados com pais e as pessoas deficientes é um grande desafio.
Quase não existe materiais publicados sobre este assunto, apropriado para o trabalho da
comunidade.”
As discussões que seguiram a apresentação de Emad mostraram que não há nenhuma
resposta fácil a estes temas. Os participantes concordaram que como Emad disse, é
importante promover discussões abertas na comunidade e ajudar as pessoas a vir para serem
informadas sobre às decisões tomadas sobre suas vidas e sobre as escolhas que eles têm.
Os participantes concordaram também sobre a falta de material apropriado de ensino e
aprendizagem apropriados sobre este assunto para programas de comunidade-base de
reabilitação.
Discussões
Depois das apresentações individuais, os participantes foram divididos em quatro grupos e
solicitados para refletir em duas indicações feitas durante as apresentações individuais. Os
grupos foram divididos de acordo com sua língua (Inglês Português e Italiano). As duas
indicações em que, os grupos refletiram foram:
(a) “Para fazer pessoas com deficiência compreender que a satisfação no nível (interno)
mental é mais importante na vida humana do que no nível físico, através de conselho no nível
cognitivo.”
(b) “A reunião realizada com pais incluindo aqueles com os filhos com deficiência entre as
idades de 10 a 15 anos. Os grupos dos pais incluindo as mulheres com deficiência e pais.
Entre os assuntos abordados eram: Temor de que seus filhos fossem explorados
sexualmente.”
Depois das discussões, os grupos vieram juntos no plenário compartilhar das idéias principais
que vieram de suas discussões.
Grupo um decidiu focalizar sobre o medo dos pais para a exploração sexual de seus filhos
com deficiência mental. O grupo sentiu que o assunto tocou em aspectos de preconceitos
bom como o de discriminação. Por um lado há “super proteção” dos menores porque os pais
sentem que seu filho está vulnerável a exploração. Este medo da exploração sexual das
meninas com deficiência mental é reconhecido legalmente desde a existência de leis que
permitem abortos para as mulheres com deficiência mental que foram violentadas. Uma forma
para enfrentar este assunto é certificar-se de que as crianças com deficiência vão às escolas
regulares e então as crianças normais possam saber o que significa ser uma criança com
deficiência. Promover oportunidades de emprego para pessoas com deficiência é um outro
aspecto, por exemplo, aprovando incentivos as empresa que empregam pessoas com
deficiência. Tal integração pode existir no nível legislativo, mas pode não ser aplicada. Um
outro aspecto é a discriminação na família contra crianças com deficiência.
Uma das discussões do grupo
O grupo dois decidiu considerar o assunto de satisfação mental versus física nos termos da
expressão da sexualidade. O grupo sentiu que a satisfação mental e física é complementar e
integrada e não pode ser separada. Ambos os tipos de satisfação são necessários para todos
os seres humanos incluindo para pessoas com deficiência. Aconselhamento pode ajudar as
pessoas conduzirem uma vida melhor e compreender os méritos e as desvantagens de
parcerias da vida. A consciência da comunidade é necessária para reduzir as barreiras que
cercam pessoas com deficiência. O grupo sentiu também que a força de vontade das pessoas
com incapacidades é muito mais eficaz em fazer uma mudança do que apenas falar sobre os
direitos sexuais.
Grupo três também focalizou o mesmo tema, satisfação mental versus física. O grupo
sentiu que a sexualidade não é apenas sobre o intercurso sexual, mas é também sobre amor,
intimidade, afeição e dignidade humana. Nós todos necessitamos estes elementos em nossas
vidas. Sexualidade é um assunto sensível e deve ser dirigido corretamente. O pessoal do
RBC e os clientes necessitam compreender que sexualidade é sobre relacionamentos
humanos. Nós todos, pessoas com deficiência, membros da família, amigos, trabalhadores da
saúde, trabalhadores do RBC, etc., precisamos de informação sobre as funções biológicas de
nossos corpos e sobre sexualidade. Para alguns de nós, compreender sobre relacionamentos
inter pessoais é também necessário.
O quarto grupo refletiu sobre o significado da sexualidade na cultura européia e a forma
como o assunto sexualidade para pessoas com deficiência são percebidos. Como em
diferentes países em desenvolvimento, o grupo sentiu que na Europa também nós temos
estereótipos similares e concepções erradas sobre a sexualidade das pessoas com
deficiência. É importante refletir no papel da sexualidade em nossas vidas e como nós
transmitimos nossas idéias na sociedade. A Sexualidade é uma maneira de nos expressar, de
conhecer uns aos outros, relacionar com outros, e esta experiência é negada frequentemente
às pessoas com deficiência. A maioria das pessoas deficientes não tem possibilidades para
experiências sexuais diretas. As pessoas com inabilidades específicas tais como inabilidades
mentais enfrentam ainda mais barreiras.
As quatro apresentações provocaram muitos comentários e discussões no plenário. Alguns
dos assuntos adicionais que emergiram destas discussões incluindo as seguintes:
Quando a sexualidade é negada, isto significa negar o status da vida adulta, a possibilidade
de crescimento, significa que as pessoas com deficiência devem permanecer como crianças.
É como uma prisão de que você não pode sair.
Violência e o gênero são outros temas que estão intimamente ligados à sexualidade das
pessoas com deficiência. Existem diferenças entre homens e as mulheres e as mulheres
enfrentam mais discriminação. Para ser uma mulher e ser deficiente, significa ter menos
oportunidades para serviços. Denunciar a violência, pequenas violências diários das ações e
atitudes, requerem o força de vontade. Estar em grupo igual, falar sobre isto com outras
pessoas nas mesmas condições pode ajudar na força de vontade.
Informação sobre sexualidade deve estar acessível às pessoas com deficiência. Nas
circunstâncias como HIV e AIDS, frequentemente a informação não é acessível às pessoas
com deficiência, em quanto que algumas delas podem estar em risco igual ou maior à AIDS.
Quando as pessoas têm deficiência cognitiva, é discutida frequentemente por profissionais e
por meios meramente em termos patológicos como quando falam sobre assassinos em série.
Aconselhamento igual tem um papel importante para fortalecer a força de vontade das
pessoas com deficiência. Na sexualidade não há nada chamado “normal”, sexualidade é
sobre diversidade humana, nós somos todos diferentes em nosso sexualidade. É importante
tentar não pôr um rótulo sobre tudo, mas sim iniciar um diálogo para aumentar nossa
compreensão. Isto é verdadeiro também para os pais das crianças com deficiência, é
importante evitar as noções pré concebidas sobre seus medos crenças, mas promover um
diálogo aberto e compreender seus sentimentos. Eles amam seus filhos, às vezes, o amor
deles pode ser maior para o filho com deficiência. Para encontrar soluções e para promover a
força de vontade, é importante evitar idéias pré concebidas. Decidir-se por outras é a violação
de seus direitos humanos, quando as pessoas estão com forças, elas pedem a possibilidade
de tomar suas próprias decisões.
Sexualidade é um argumento tabu mesmo para as pessoas normais, é um assunto
ignorado completamente. Nós temos que reconhecer que falar sobre isto é difícil, é até
mesmo mais difícil falar sobre filhos e sexualidade. O IEC neste assunto é muito difícil. A
comunicação não deve estar limitada à informação apenas, mas organizando ocasiões
festivas onde as pessoas com deficiências possam encontrar com outras pessoas, pode ser
juntos para excursões, ocasiões que estão fàcilmente disponíveis às pessoas normais,
também é importante.
Mudar o ambiente onde as pessoas podem livremente falar sobre a necessidade de saber
mais sobre sexualidade e especialmente sexualidade das pessoas com deficiência precisam.
O contexto cultural adjacente à sexualidade cria barreiras. Boa aparência, ser atraente e
desempenho sexual são as áreas que são populares na mídia, TV, influência em toda
comunicação e criar estereótipos que agem como barreiras em torno da expressão da
sexualidade das pessoas com deficiência.
Três coordenadores regionais da AIFO, da esquerda - Jose (Índia), Deolinda (Brasil) e
Massimo (Moçambique)
Parte 1 C
Informação, Educação e Comunicação sobre Violência Doméstica
Introdução: Vulnerabilidade, poder para influenciar e origens da violência
O Dr. Enrico Pupulin abriu a sessão sobre estratégias de comunicação ligadas à violência
doméstica. Mencionou o novo documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) na
Classificação Internacional de Funcionamento, Deficiência e Saúde (CIF) e como os fatores
pessoais e ambientais diferentes nos influenciam e o que nós podemos fazer, aumentando os
prejudicados, limitações e restrições. Estes fatores incluem cultura, gênero, idade, força física,
a religião, etc. Habilidades e inabilidades podem ser vistas como variações em continuo, em
que ninguém é “perfeito”, todos são parte de variações em diferentes formas.
Nós necessitamos influenciar as pessoas, instituições e os ambientes que nos cercam para
defender nossos direitos incluindo o direito à sobrevivência, direito de ter nossa cultural
pessoal e valores religiosos. Pessoas vulneráveis e sem forças perdem o “poder” de ter
influência e assim são considerados de terem menos valor. Viver em uma cidade dá-nos mais
poder para influenciar comparado em viver em uma área rural ou montanhosa. Ter parentes
poderosos dá-nos mais influência comparada ao pertencer a uma família pobre. Nossa
influência depende de ambos, de nossas características pessoais e de nosso ambiente.
Quando as características diferentes são vistas como posições contrárias que semeiam as
sementes da violência. Por exemplo, quando as pessoas fazem comparações como “Eu sou
melhor porque eu sou jovem e você é pior porque é velho” isto cria as posições contrárias que
não ajudam no diálogo e não criam condições para a violência. As comparações como normal
anormal, melhor - pior, certo-errado críam posições contrárias.
A violência não é apenas sobre o abuso físico, mas é também sobre tentar fazer os outros
submissos, tentar humilhar os outros, etc. A comunicação em si pode transformar a violência
se não respeita os outros. Na violência em comunicação, as pessoas focalizam sobre os seus
próprios aspectos positivos e sobre os aspectos negativos de outro lado. Os grupos
vulneráveis e mais fracos são geralmente os receptores da violência. A violência conduz à
frustração, perda da auto estima e desordens somáticas nos receptores. As vítimas da
violência podem também reagir sendo violentas sobre aqueles que são mais fracos em seu
próprio grupo. Por exemplo, a frustração devido à violência recebida transforma-se em
violência familiar.
É difícil falar de violência da familiar. As vítimas da violência familiar podem ás vezes
identificar com humilhação e frustração a pessoa violenta na família, geralmente marido ou
pai, e tentam justificar-se. É difícil falar mal de sua própria mãe ou do pai e isto pode criar
sentimentos fortes de traição e culpa.
Crianças e Violência Doméstica: Experiência da Vila Esperança (Goiás, Brasil)
Max Robson do projeto Vila Esperança no Brasil falou sobre sua experiência. A violência
doméstica é o maior problema que afeta a vida das crianças, velhos e mulheres. Isto afeta
pessoas de ambos os sexos, e não está ligado aos contextos social, cultural ou religioso das
famílias. Frequentemente este fato permanece escondido sob o silêncio. A violência pode
estar também acompanhada pela negligencia e exploração sexual e traz sérias
conseqüências na vida das crianças. No Brasil, a violência é a principal causa de morte entre
os jovens de 5 a 19 anos.
Os educadores podem fazer um
significativo papel em identificar as
situações de risco. Agressão e outro
comportamento estranho para com os
outros e o ambiente podem ser sinal
para sua presença, especialmente nas
crianças na idade pré escolar grupo (4
a 6 anos). Estas crianças podem ter
outros problemas relacionados à
aprendizagem, fala e capacidades
cognitiva. Mãe solteira em famílias com
baixo
nível econômico, falta de
necessidades
básicas,
conflitos
matrimonial estão ligados também à
violência da família em nosso contexto.
Educador com as crianças na Vila Esperança
A violência não é apenas agressão física, não fornecer o cuidado necessário às crianças é
também uma forma de violência. A violência verbal com humilhação, falta de respeito,
rejeição, punições exageradas podem ser tão devastadora quanto a violência física. O
silêncio, falta de diálogo, indiferença, denigrem seu trabalho, insulta-o na frente de estranhos,
são outras formas de violência psicológica. A vítima de tal violência tem baixa auto estima.
Frequentemente os agressores fazem as vítimas se sentirem responsáveis pela violência,
que eles mereceram ou eles “forçaram o outro a ser violento”.
O Alcoolismo é um outro fator agravante para a violência doméstica.
As escolas e os educadores podem fazer um papel chave em reconstruir a auto estima das
crianças, que são vítimas da violência. Podem também iniciar um diálogo com os membros da
família para explorar as situações e para sugerir soluções. Estas ações são mais eficazes
quando são realizadas em colaboração próxima com as comunidades. Uma iniciativa da Vila
Esperança chamado “projeto Lalabà” trabalha com grupos de crianças, grupos de educadores
e grupos de mães para promover discussões sobre as crianças com problemas de agressão.
A finalidade não é colocar a culpa em alguém, mas promover a discussão sobre o impacto da
violência nas crianças e como o apoio está disponível de outras mães e educadores.
Dedicando-se ao assunto de violência doméstica na Mongólia
Sra. Tulgamaa Damdinsuren falou sobre o trabalho realizado pela Associação das Mulheres
Deficientes na Mongólia (AMDM) em colaboração com o Centro Nacional Contra a Violência
sobre violência doméstica enfrentada por pessoas com deficiência.
AMDM está envolvida nestas atividades
de conscientização sobre o tema violência
doméstica.
Eles notam alguns desafios nestas
atividades de conscientização sobre violência
doméstica –
•
•
•
atitudes negativas na comunidade sobre
pessoas com deficiência;
• a lei frequentemente considera pessoas
com deficiência como “criminoso”
porque as pessoas com deficiência na
visão, audição ou mental não podem se
comunicar eficazmente;
frequentemente as crianças com deficiência são escondidas em casa e isoladas, e isto
é especialmente verdadeiro para crianças com deficiência mental;
as crianças com deficiência não tem oportunidade de ir à escola e especialmente as
meninas são vítimas fáceis de estupro e trapaças.
A atitude da comunidade em relação ao deficiente diz que isto é algum tipo da punição de
Deus, e essa atitude cria ainda mais dificuldades para a família. Há violência psicológica
contra esses deficiente nas famílias, ainda mais quando eles necessitam de cuidados ou
tratamento específico que requerem recursos das famílias.
Violência contra mulheres e crianças - uma experiência de Mandya (Karnataka, Índia)
Sr. A. Cheenuthuvattuhulam, chamada Sr Leela por todos, do distrito de Mandya na Índia
apresentou as atividades do IEC de seu projeto pela luta contra violência doméstica. Sr Leela
sente que a violência doméstica é resultado do emprego errado do poder por uma a pessoa
contra outros membros da família e afeta crianças, mulheres e pessoas idosas.
A violência doméstica pode tomar muitas formas e variações. Pode ser episódica, significando
que acontece uma vez por um período de tempo, ou pode ser regular. A violência doméstica
pode ser abuso psicológico, abuso financeiro, ou/e abuso físico e sexual.
A violência contra as mulheres pode tomar muitas formas – homicídio de mulheres ou
infanticídio, perseguição por recompensa e morte, abuso sexual, tráfico para a prostituição e
humilhação pública. As crianças podem ser vítimas diretas da violência ou podem enfrentar o
trauma psicológico testemunhando a violência no lar.
Embora se pense que famílias mais pobres têm mais violência, em um estudo feito pelo
projeto, a taxa de violência foi encontrado quase o dobro nas famílias de melhores condições
comparado às famílias mais pobres. Neste estudo não ficou claro porque os homens nas
famílias de melhores condições são mais violentos. Um outro estudo realizado na área
mostrou que 40% de mulheres afetadas permanecem silenciosas e não fazem o protesto
formal contra a violência. Outros estudos de Karnataka mostraram que de 22 a 60% das
mulheres podem estar enfrentando a violência de alguma forma em algum nas famílias. Na
maior parte, tais atos cometidos pelos homens são justificados como sendo úteis para “manter
a ordem e a segurança” na família e por isso não são punidos.
Há uma nova legislação no
parlamento
Indiano
sobre
violência doméstica que pode
ajudar a ter posições mais fortes
contra os agressores.
Sr
Leela
contou
algumas
histórias da vida das mulheres
que se encontram como vítimas
da violência familiar e explicou o
trabalho do seu projeto em ajudar
as mulheres para se organizar
em grupos para promover suas
força de vontade. Ao mesmo
tempo, o projeto incentiva as
mulheres a enviar suas filhas a
escola.
Crianças com deficiência participam em uma função
pública para defensoria em Mandya (Índia)
Violência sob o silêncio: Abuso das mulheres no Nepal
Sra. Sarmila Srestha apresentou a vasta experiência do CUIDADO Nepal sobre o tema
violência de gênero no Nepal. Sarmila disse, “Violência começa antes que a menina nasce e
continua durante toda sua vida. Antes da criança nascer a violência é através dos abortos
seletivos e espancamento nas mulheres grávidas. Durante o infância, as meninas são vítimas
do infanticídio, acesso de cuidado diferenciado, alimento e educação, abuso emocional e
físico. Durante a infância as meninas enfrentam incesto e violência sexual, forçada para
prostituição de criança, cresce entre a discriminação para seu acesso ao cuidado médico, à
instrução e à alimentação.”
Esta violência continua durante toda a sua vida adulta, através da prostituição forçada,
estupro, violência na família, mortes por recompensa e mesmo na velhice, as mulheres mais
velhas enfrentam abusos, e às vezes, são tidas como bruxas, etc. Geralmente a violência é
pelo marido ou pela sua família e pode tornar-se severa durante a gravidez, quando a
violência direta é dirigida para sua barriga.
O CUIDADO promove campanhas em largas discussões de conscientização sobre este tema
e acredita-se que a parede do silêncio que cerca as vítimas das mulheres necessita ser
quebrada. As mulheres necessitam aprender levantando suas vozes, elas não estão trazendo
desonra, mas estão pedindo por direitos humanos mas elas também necessitam de apoio de
suas famílias. A comunidade necessita de um olhar critico e mudar a forma como os homens
e as mulheres as vejam e ver seus papéis na família.
O CUIDADO também organiza grupos de mulheres para discutir estes temas e para
encarregar ação coletiva dos problemas envolvendo as comunidades. Faz parte desta
estratégia promover educação escolar para meninas.
Dois pôsteres usados pelo CUIDADO para criar conscientização sobre a violência
contra às mulheres
Discussões
As apresentações individuais foram seguidas acima por discussões em plenária sobre o tema
da violência doméstica. Os temas adicionais principais que foram levantados durante estas
discussões incluíram o seguinte:
Na Itália, a violência doméstica pode ser punida se houver uma queixa formal ou se
oficialmente uma vier aprender que alguém foi vítima da violência. Isto é porque na sociedade
européia os direitos individuais são considerados mais importantes do que o papel da família
na comunidade. Quão viáveis podem ser tais posições em outros países e culturas?
A violência não é apenas contra as mulheres, mulheres podem também ser uma participante
na violência na família, especialmente como parte da violência psicológica e violência verbal
para com as crianças. A violência por mulheres contra outras mulheres, tais como as
madrastas participando da violência contra mulheres mais novas na família, é um outro
aspecto.
Os homens podem também ser vítimas da violência, seus direitos podem também ser
violados e nós necessitamos trabalhar com eles também.
A maioria das culturas olha a violência entre o marido e a esposa como algo interno à família.
A única forma de mudar a percepção da sociedade é construir um diálogo sobre estes
assuntos, para trazê-los de forma mais abertos. A violência da família não pode ser resolvida
de fora, mas respostas e mudanças devem vir de dentro da família. Os casais podem juntos
precisar discutir e procurar soluções. A arte, a dança, o jogo etc. podem ser meios de ajuda à
criança vítima da violência, ajudar às vítimas a reconstruir-se, para compreender outros e
sentir parte do grupo.
A violência está relacionada à dependência econômica das mulheres. Isto pode estar
relacionado como parte da vida porque acontece todos os dias na vida familiar de modo que
mulheres e crianças não identificam como violência. Pode-se considerar como parte da vida,
parte de ser uma mulher. Um estudo da Indonésia mostrou que os homens gastam mais em
cigarros do que com as crianças, isto é um outro tipo da violência.
A violência é difusa, mas escondida. Desenvolver as atividades do IEC contra a violência da
família requer primeiro, compreensão dos diferentes temas que os cercam. As palavras em si
mesmas, “violência familiar” parece dizer que isto é algo menor e sem importância e nós
temos que mudar isto. Há uma pergunta da opinião social. As comunidades podem acreditar
que alguma “disciplina” é necessária para crescimento, mas os estrangeiros podem ver como
violência.
Parte 1 D
Comunicação sobre temas sensíveis e difíceis na comunidade
Baseado nas discussões em torno dos temas sexualidade e violência doméstica, o Dr. Sunil
Deepak do departamento médico de apoio da AIFO/Itália, olhou as lições emergentes sobre
estratégias de comunicação no nível comunidade produzindo uma mudança.
Compreender os fatores diferentes relacionado ao problema antes de projetar seus materiais
de comunicação: É importante compreender os temas relacionados ao problema que nós
queremos atacar com nossa comunicação. Isto significa a compreensão de como esse
problema afeta as pessoas, que ele afeta, de quais maneiras, o que são os fatores
sublinhados, etc.
É igualmente importante identificar o que e quem nós desejamos mudar com aquela
comunicação. Conseqüentemente o primeiro passo em definir uma estratégia de é coletar
todas as informações sobre aquele problema particular.
Esclarecer porque nós queremos comunicar: Esta é uma pergunta chave que nós
necessitemos ao perguntar a nós mesmos e nós precisamos pensar profundamente sobre as
razões da nossa decisão. Estamos comunicando para informar sobre alguma coisa? Estamos
comunicando porque nós queremos pessoas para fazer alguma coisa? Estamos comunicando
de forma que as pessoas mudem seu comportamento? Compreender as respostas para esta
pergunta ajuda-nos a projetar nossa comunicação para ser mais eficaz.
Comunicar para informar é diferente de comunicar para aumentar consciência. Uma
Comunicar para mudança no comportamento é diferente de comunicar para promover alguma
ação.
Decidir quem nós desejamos alcançar com nossa comunicação: Uma vez que nós
compreendemos os aspectos diferentes do problema que nós queremos atacar com nossa
comunicação, nós necessitamos identificar o grupo específico das pessoas que nós
desejamos alcançar.
De acordo com os grupos alvo, as mensagens e os materiais de comunicação serão
diferentes. Por exemplo, comunicação aos maridos das famílias rurais será diferente da
comunicação aos responsáveis pelas decisões do comitê na vila. Comunicação às mulheres
vítimas da violência “por quebrar as paredes da violência” será diferente da comunicação das
pessoas idosas do comitê por encontrar um abrigo para as mulheres afetadas.
A comunicação tem que ser específica aos grupos que deseja alcançar. Dar mensagens aos
diferentes grupos alvo pelo mesmo material de comunicação seria menos eficaz.
Quem nós desejamos alcançar também determinará o meio da comunicação. Pessoas
instruídas podem ser alcançadas por panfletos ou jornais, pessoas não instruídas podem ser
melhor alcançadas pelo rádio ou teatro de rua.
Compreender o que nós desejamos conseguir com nossa comunicação: Quando planejar
estratégias de comunicação, pense o que você deseja fazer aos seus grupos alvo após ter
recebido sua mensagem de comunicação.
Se nós desejarmos que as pessoas façam alguma coisa, nós temos a que dar toda
informação relacionada sobre isto. A comunicação deve explicar o benefício que os trará em
uma linguagem que possam compreender. Por exemplo, se nós desejarmos que as pessoas
venham e tenham um tratamento particular, nós necessitamos explicar onde esse tratamento
está disponível, quais são as escolhas das clínicas e o qual o custo do tratamento.
Geralmente falar sobre as mensagens positivas funciona melhor do que as mensagens
negativas. Isto significa dar a informação sobre os benefícios que o grupo alvo receberá. Além
do que, na comunicação interativa, onde seus grupos alvo possam intervir, fazer perguntas,
fazer comentários, etc. funciona melhor do que métodos passivos.
Temas adicionais para comunicação sobre o tema sensível: Para atacar os temas sensíveis, a
comunidade deve conhecer-nos e ter o conhecimento sobre nossa confiabilidade e seriedade.
Antes de decidir-se sobre estratégias de comunicação sobre os temas sensíveis, a fase de
compreensão dos temas chaves, as razões subjacentes, opiniões e apoio das instituições da
comunidade, compreender o contexto cultural local, etc. são todos fundamentais.
Algumas comunicações podem necessitar ser individuais ou em grupos restritos dados em um
ambiente reservado, para promover discussões e confidencialidade.
Todos os materiais de comunicação e mensagens devem ser específicos ao contexto social e
cultural local. Isto é até mesmo mais importante para comunicação sobre os temas sensíveis.
Tradições e áreas sensíveis da comunicação
Para concluir as sessões sobre as estratégias de comunicação sobre os temas sensíveis, aos
participantes da oficina foram solicitados para refletir em grupos menores sobre os diferentes
temas sensíveis para comunicação e compartilhar as reflexões sobre estratégias relacionadas
à comunicação.
O primeiro grupo refletiu sobre os temas que cercam os valores tradicionais em ambos os
países que estão em desenvolvimento e desenvolvido. Para as pessoas que vivem na
Europa, alguns temas são difíceis de compreender e até mesmo difíceis de aceitar.
Entretanto, é importante olhar os valores comuns e envolver a comunidade no tocante aos
temas. É também importante que enquanto as tradições forem vistas em uma luz positiva,
especialmente se as tradições podem ser mantidas nos termos de seus valores, mas suas
práticas devem ser mais flexíveis. A tradição pode ser um valor positivo, quando é flexível e
muda com a comunidade em mudança. Se as tradições forem rígidas, podem transformar-se
em um obstáculo. Pode também ser útil se na tradição, nós podemos separar valores dos
rituais e das práticas. Assim enquanto os valores permanecem, os rituais e as práticas podem
ser mudados de modo que respondam as mudanças das percepções e ideais sobre os
direitos humanos, igualdade, etc. Porém as mudanças devem vir de dentro e não podem ser
impostas de fora, assim que o processo de forças de vontade deve vir de dentro.
O segundo grupo refletiu sobre as dificuldades ligadas a comunicação sobre a lepra visto
que a doença está ligada aos fortes preconceitos da comunidade. Os anciãos religiosos
pensam que os mitos culturais influenciam fortemente como nós percebemos a doença hoje
no nível de comunidade. O diagnóstico da lepra pode ser devastador para a pessoa, mesmo
como nós trabalhadores da saúde a olhamos como uma doença que seja fàcilmente curável.
Pode até afetar os relacionamentos da família, o acesso à educação e ao trabalho,
expectativas de casamento e oportunidades para a expressão da sexualidade, etc. A
globalização está afetando a vida em nível popular até mesmo nas comunidades distantes,
conduzindo aos conflitos em valores culturais. Da mesma maneira, a comunicação é difícil
sobre crianças com deficiência visto que as atitudes da comunidade são guiadas por
preconceitos.
O terceiro grupo continuou a refletir sobre os temas da sexualidade e violência e como as
estratégias de comunicação devem negociar com os valores culturais. Por exemplo, no nível
do programa nós podemos desejar dar igual prioridade às meninas e aos meninos, mas isto
cria com a cultura local. Da mesma forma, têm temas do contexto político e em alguns países
não é possível desafiá-los enquanto organização não governamental porque os governos não
gostam disso. Nós dizemos que a mudança deve vir de dentro, as pessoas afetadas têm que
transformar-se em atores principais da mudança, mas em situações de trabalho com as
pessoas afetadas pela lepra, nós temos que reconhecer que não é fácil convencê-las a lutar
contra os preconceitos antigos e práticas. Nossas próprias atitudes podem ser um problema e
nós precisamos reconhecer isto e olhá-las criticamente. Nós podemos garantir que a equipe
de funcionários compreenda todos os temas e que compartilham nossa visão, mas a equipe
de funcionários é da mesma comunidade e podem ter idéias similares profundas relacionadas
aos problemas, dependendo de seu próprio contexto cultural. Assim, nossa equipe pode
comunicar a mensagem que o programa quer deles, mas o mesmos ainda não estão
convencidos sobre isto. Frequentemente, nós não podemos comunicar entre nós claramente e
honesta, assim é difícil de comunicar às comunidades e esperar que elas mudem, quando nós
não podemos nos mudar primeiramente.
O quarto grupo olhou os temas que as famílias não podem enfrentar facilmente. Estes são
temas de relativa dignidade humana para áreas sensíveis como a deficiência,
alcoolismo, lepra, sexualidade, etc. Às vezes, as famílias sentem diminuídas e humilhadas,
mas não sabem como enfrentar com o diálogo. Por exemplo, noções preconceituosas contra
as pessoas com deficiência são às vezes raízes tão profundas que não é fácil enfrenta-las e
articula-las claramente. Por exemplo, temas sobre viciados em droga ou alcoolismo,
produzem feridas profundas que não são fáceis de enfrentar. Uma pessoa afetada pela lepra
que tem problemas com as drogas ou alcoolismo, encontra tantas portas fechadas que parece
não existir nenhum espaço para o diálogo. Assunto sobre a sexualidade alternativa como o
homossexualismo são também muito difíceis para as famílias e as comunidades atacarem.
Noções profundas ligadas à cultura, religião, contexto político afetam não apenas nossas
comunidades, mas afetam também nossas instituições educacionais, estruturas do cuidado da
saúde e como nós escutamos os problemas, quão abertos nós estamos para um diálogo.
Os participantes sentiram que não há diálogo suficiente em torno dos temas sensíveis. Esta
falta de diálogo cria dificuldades adicionais. Mudar as atitudes e os comportamentos
tradicionais e discriminatórios pode ser difícil, mas às vezes a mudança pode começar de uma
forma pequena com apenas uma ou duas pessoas que transformam a semente para uma
mudança mais larga.
Parte 2 Defender para produzir mudança
Introdução
Sra. Francesca Ortali do Escritório de Projeto da AIFO começou a sessão sobre defensoria
compartilhando suas reflexões sobre a palavra “defender” e seus diferentes significados. Ela
disse que defensoria é sobre defender alguma coisa. Para defender algo primeiramente você
necessita compreender que algo, “por exemplo se eu estou pensando uma ação relacionada
ao acesso dos serviços de saúde para grupos de população em desvantagem, então eu devo
claramente definir o que significa ‘grupos em desvantagens’ e ‘acesso dos serviços de saúde'.
Eu tenho que definir o objetivo claramente e a estratégia para alcançar esse objetivo. Eu
penso de que defensoria é uma estratégia para trazer uma mudança em uma situação
problemática e em atividades de comunicação fazem parte desta estratégia.”
Sr. Gianpierro Griffo de Pessoas com Deficiência Internacional (PDI) - Itália, adicionou suas
reflexões sobre defensoria. Ele sentiu que a defensoria está defendendo algo, para proteger e
promover alguma coisa. Esta proteção funciona se as pessoas interessadas podem estar
motivadas para tomar uma ação. Aconselhar em dupla é uma forma em que pessoas com
deficiência podem construir capacidades de cada um para promover a defensoria para
proteger seus direitos humanos. Um exemplo de defensoria é participar em uma discussão
com sócios e os responsáveis pelas decisões governamentais de modo que as leis sejam
suficientes para proteger os direitos das pessoas com deficiência. Gianpierro concluiu, “Nós
da PDI sentimos que a defensoria para os temas relacionados à incapacidade deve ser feita
pelas próprias pessoas deficientes.”
Sr. Davide Sacquegna do escritório de Comunicação e Relações Externas da AIFO
compartilhou suas idéias sobre defensoria. Disse, “a palavra defensoria' vem do Latim,
‘chamar para' e significa atividades de comunicação para trazer uma mudança no nível social
e/ou político. Para AIFO isto significa que nós não estamos comunicando sobre nós mesmos,
mas nos transformamos a voz daqueles que não podem levantar suas vozes, com toda nossa
humildade, tornamos suas vozes. Vocês, participantes que vêm de países diferentes, vocês
que trabalham com comunidades, vocês são os atores principais, vocês dão as palavras a
nossa voz.”
Experiências do campo da Defensoria
Defensoria para direitos humanos das pessoas afetadas pela lepra na República
Popular da China
Dr. Michael Chen da organização não governamental Chinesa de pessoas afetadas pela
lepra HANDA, flou sobre o trabalho de sua organização com relação a defensoria para o
respeito dos direitos humanos das pessoas afetadas pela lepra. “Nós, pessoas afetadas com
lepra, podemos fornecer sugestões e idéias para mudanças na base política sobre nossas
próprias experiências de vida. Nós podemos pressionar os responsáveis pelas decisões, de
modo que suas decisões estejam de acordo com nossos interesses ", ele disse.
Voluntários Handa mobilizando a opinião pública na China
Michael continuou, “Por exemplo, todos os anos nós comemoramos 11 março como o dia
internacional da dignidade e do respeito. Entre outras coisas nós perguntamos às pessoas
afetadas com lepra para falar e interagir com o público, para atuar de modo que as pessoas
possam se tornar conscientes de que as pessoas com lepra vivem entre nós e têm o direito
igual a viver com dignidade e respeito. Nós trabalhamos juntos com outras ONGs e nós
tentamos envolver as pessoas da mídia.
Michael adicionou, “Trabalhar com mídia não é sempre fácil. Eles estão procurando histórias
sensacionalistas ou alguma coisa que pareça interessante na notícia, desta forma eles podem
mudar nossas palavras. Nós queremos que eles mostrem pessoas reais, histórias reais e
evitem estereótipos. Fazemos isto pela ampla promoção participação pública. Uma foto de um
voluntário segurando a mão de uma pessoa leprosa é uma mensagem muito forte e eficaz,
muito mais eficaz do que grandes discursos sobre direitos, etc.”
Sobre os desafios enfrentados por Handa em seu trabalho de defensoria, Michael sentiu, “Isto
não é fácil. As pessoas afetadas com lepra não estão frequentemente dispostas para
avançar, porque estão receosas. A apresentação errônea pela mídia é um outro problema que
nós necessitemos olhar com cuidado. Nós também precisamos a dar prioridade à aprovação
governamental antes que nós possamos organizar qualquer atividade.”
Finalmente sobre os planos futuros, Michael explicou, “Para o nosso futuro trabalho
esperamos organizar algumas atividades para influenciar oficiais governamentais. Nós
queremos fazer pesquisa com uma agência legal de modo que nós possamos fornecer o
conselho realístico para mudar a política do governo.”
As atividades de defensoria relacionadas às pessoas com deficiência no Paquistão
Sr. Sibghat Rehaman do projeto RCPD em Peshawar explicou suas atividades do projeto
para defensoria, “Os temas relacionados às pessoas com deficiência são muitos em nosso
país. Às vezes, as famílias maltratam as pessoas com deficiência, às meninas deficientes são
negados educação e cuidados médicos, crianças deficientes raramente participam em
reuniões sociais, crianças normais discriminam as crianças deficientes, etc. As atividades de
defensoria do RCPD incluem organização de seminários para mulheres rurais, rádio e
programas da TV sobre temas de deficiência, desfile público, publicação de artigos nos jornais
e revistas, etc. O RCPD promove também uma participação ativa da juventude deficiente em
jogos para Olímpicos. São muitas das atividades de defensoria, o RCPD trabalha junto com
organizações de pessoas deficientes do Paquistão. “
Duas fotos de Peshawar projeto RBC sobre atividades de defensoria da comunidade
Atividades de Defensoria por Pessoas com Deficiência na Mongólia
Sra. Selenge Khayankhayarvaa da associação de Mulheres Deficientes da Mongólia
apresentou as atividades de defensoria de sua organização, “Por sete décadas Mongólia foi
um país socialista que teve relativamente um bom cuidado das pessoas com deficiência.
Desde 1991, as reformas de mercado foram introduzidas na Mongólia que criaram problemas
como a pobreza e o desemprego. Neste último período viu também o nascimento de muitas
ONGs, incluindo organizações de pessoas deficientes (OPDs) e de uma federação de
pessoas deficientes. Nós quisemos promover uma política nacional nova para proteger os
direitos das pessoas com deficiência. Muitas pessoas que contestaram as eleições nacionais
em 2004 foram pedidas para prometer seu apoio para esta política. Após as eleições, uma
ONG chamada Consensus foi envolvida na preparação dos papéis sobre meio legal para a
proteção dos direitos humanos das pessoas deficientes, com apoio da AIFO (Itália). Algumas
pesquisas e discussões com as partes interessadas foram realizados sobre esta base, um
documento rascunho foi produzido.”
Sobre a situação atual com respeito às propostas das pessoas deficientes, Selenge informou,
“A lei de esboço foi submetida para a consideração no parlamento nacional em Mongólia. Esta
ação de defensoria envolveu os representantes do OPD, federação do OPDs, profissionais,
oficiais do governo e conselheiros legais. Uma vez que esta lei é passada, nossa ação da
defensoria deve continuar. Precisamos apoiar construção dos DPOs, de modo que possam
monitorar sua execução, precisamos criar consciência pública sobre a lei através da mídia. “
Direitos Sexual e reprodutivo das mulheres afetadas pela lepra na Bahia (Brasil)
Dr. Eliana de Paula Santos da filial da Bahia da organização brasileira das pessoas
portadoras da lepra chamada MORHAN apresentou as experiências do seu projeto com
atividades de defensoria, “O conceito de saúde é muito maior do que o foco sobre serviços de
saúde. As mulheres, se tem o acesso à educação e à informação, podem promover a saúde
nas suas próprias comunidades. Se olharmos os direitos sexual e reprodutivo das mulheres,
estes devem ser vistos como parte do direito à saúde. Nós olhamos o acesso ao
planejamento familiar e o cuidado neonatal para as mulheres afetadas com lepra e
descobrimos que elas enfrentam discriminação e obstáculos.
Como MORHAN nós decidimos denunciar
a situação em nosso comitê da saúde do
estado da Bahia, no conselho municipal de
saúde e no municipal conselho dos direitos
das
mulheres. Nós participamos na
conferência
estadual
de
saúde.
Alcançamos
a
rede
de
serviços
ginecológicos e obstétricos e dissemos
que as mulheres afetas pela lepra
necessitam
alcançar
aos
serviços
governamentais como todos os cidadãos.”
“Eliana adicionou, “Nós temos que ter em mente o gênero e as perspectivas raciais e para isto
nós não podemos trabalhar isolados, temos que nos conectar com os outros. Nós
trabalhamos com fórum na comunidade contra a violência, organizações das mulheres,
universidade, organizações estadual e municipal.”
Informação e atividades de Defensoria no sul Sulawesi, Indonésia
Dr. Herry Faisal da província do sul Sulawesi, do projeto de reabilitação (CBR) comunidadebase apresentou suas atividades de defensoria, “Nossos programas cobrem uma população
de aproximadamente 1.7 milhões de pessoas na província sul Sulawesi na Indonésia. Nós
pretendemos envolver ativamente os membros da comunidade para promover total
participação das pessoas com deficiência na vida da comunidade. Para isto nós necessitamos
criar uma percepção positiva sobre a capacidade das pessoas deficientes. Em 2004, nós
realizamos um estudo sobre o impacto de nossas atividades do IEC. Nós identificamos que o
conhecimento e a participação das autoridades locais eram baixos, a conscientização da
comunidade sobre o tema deficiência era baixa, havia dúvidas sobre a capacidade de
sustentar o projeto. Após este estudo, planos foram feitos para informar e alcançar a
comunidade e as atividades diferentes de conscientização foram organizados. Em
conseqüência, o programa RBC foi incluído como parte dos planos desenvolvidos no subdistrito e os trabalhadores leprosos e outros trabalhadores de saúde juntaram-se ao
programa.”
Atividades públicas sobre conscientização no sul Sulawesi (Indonésia)
Compartilhar as experiências por grupos de coordenação da AIFO de Itália
AIFO é uma organização popular composta de grupos periféricos com um nível intermediário
de coordenação (coordenações regionais). Sr. Luigi Gravina, vice-presidente da AIFO
introduziu a estrutura capilar da AIFO espalhada por toda a Itália, envolvendo centenas de
voluntários por todo o país.
Representantes de quatro grupos de coordenação participaram da reunião. Estes foram Sra.
Anna Maria Bertino da coordenação de Liguria, Sr. Sergio Zovini da coordenação
Lombardy, Sra. Cristina Pirri da coordenação de Toscânia e Sra. Antonia Santonastaso da
coordenação de Compania. Compartilharam algumas de suas atividades de comunicação,
informação e educação na Itália. Estas atividades não têm objetivos específicos de
defensoria, mas são mais para criar consciência pública. Estas atividades podem estar ligadas
em coletar fundos, mas ainda mais importante é seu papel em promover uma mudança de
mentalidade entre o público italiano. Os cursos de treinamento sobre inter-cultura e outros
temas ligados à globalização e desigualdades internacionais são organizados para
professores de escola. Muitas atividades da consciência pública tais como venda de mel em
praças públicas e organização de conferências estão concentradas no mês de janeiro para
coincidir com o dia Mundial da Lepra, comemorado no último domingo de janeiro de cada ano.
Executando Lições: Planejando e Executando atividades de Defensoria
Dr. Sunil Deepak do departamento de apoio médico da AIFO facilitou a sessão sobre
defensoria e extraiu lições sobre atividades de defensoria de diferentes apresentações
discussões.
Defensoria é parte da comunicação
As atividades de defensoria são parte das atividades de informação, educação e
comunicação do (IEC). Pode haver muitos objetivos diferentes de atividades de uma
comunicação tais como fornecer a informação, criar conscientização, promover a mudança de
comportamento, defensoria, etc.
Para organizações não governamentais (ONGs), a defensoria significa estratégias específica
de comunicação para defender os interesses específicos de grupos em desvantagem da
população tais como pessoas pobres, mulheres ou pessoas com deficiência ou pessoas
afetadas pela lepra. A palavra defensoria vem de “advogar para” ou “defender” ou “proteger”
alguma coisa ou alguém. É algo parecido quando uma pessoa é trazida ao tribunal e há um
advogado (um advogado) para defender o acusado. Para uma defensoria eficaz, as próprias
pessoas afetadas necessitam encenar um papel principal.
Defensoria requer identificação de situações de “risco” e então uma estratégia específica
defender o grupo alvo desta situação.
Como visto das diferentes apresentações do projeto acima, pois para muitos projetos o
significado de “defensoria” não está muito claro e usam esta palavra para falar sobre suas
atividades de aumento de conscientização.
Lobby é uma outra palavra geralmente usada ao falar sobre defensoria.
A palavra “Lobbying” vem de “lobby” ou o corredor, o lugar de fora dos parlamentares ou sala
de reunião onde as decisões são tomadas. Quando os responsáveis pelas decisões fazem
leis novas ou políticas, algumas vezes estes podem ter uma influência positiva ou negativa
sobre as atividades comerciais. Para defender seus interesses, as organizações comerciais e
de negócios apontam as pessoas cujo trabalho é “influenciar” os responsáveis pelas decisões,
de modo que a nova lei ou a política não tenham impacto negativo em seus negócios. Estas
pessoas permanecem do lado de fora do saguão onde as decisões são tomadas e fazem
relações amigáveis com responsáveis pelas decisões e influenciam-nas os em diferentes
formas para votar em uma forma particular. Estas pessoas são chamadas também de
“lobistas”.
Por exemplo, se um governo toma uma decisão sobre o fumo, os lobistas da indústria de
tabaco podem tentar influenciar as decisões do governo porque isto afetará seus interesses
de negócio.
Aprendendo destas experiências, as ONGs lutam por interesses da população vulnerável e
elas podem também ter seus “lobistas” cujo o trabalho é se certificar de que as políticas ou as
leis novas são feitas mantendo em mente as necessidades dos grupos vulneráveis e
oprimidos
Como a defensoria funciona na prática
Um exemplo de um projeto apoiado pela AIFO pode ajudar-nos a compreender como a
defensoria funciona na prática.
Exemplo: “Nosso conselho da cidade discutia uma nova lei para restringir anúncios de
refrigerantes perto das escolas. As companhias colocaram pressão sobre o conselho dizendo
que esta lei não deveria ser feita com relação aos refrigerantes. Disseram que se tais leis
fossem feitas, estas reduzirão suas vendas e isto significa que teriam que fechar suas fábricas
e muitas pessoas na comunidade perderia seus trabalhos. Disseram também que os
refrigerantes não são prejudiciais e proibir tal anuncio é contra a liberdade pessoal garantida
pela constituição do nosso país.
Nossa organização quis que esta nova lei devesse ser aprovada, porque nós sentimos que
nossas crianças são influenciadas pelas propagandas inteligentes feitas pelas companhias de
refrigerante, eles gastam muito dinheiro nestas campanhas de refrigerante que não têm
nenhum valor nutritivo e críam problemas tais como a obesidade, cáries dos dentes, etc. Nós
achamos que os refrigerantes devem ser limitados para as crianças e que preferivelmente
deviam fazer bebidas a base de ervas que podem ser feitos na vizinhança, não contendo
açúcar, pois são mais saudáveis, mais baratos, etc.
Para neutralizar a influência das companhias de refrigerante em nosso conselho da cidade,
nós criamos uma equipe de pessoas para fazer os seguintes trabalhos:
•
•
•
•
•
Uma pessoa coletou a informação dos trabalhadores do cuidado da saúde sobre a
incidência de cárie nos dentes, obesidade e diabetes da nossa comunidade, para
mostrar que os refrigerantes não são bons para a saúde da nossa comunidade.
Preparamos um documento pequeno e simples sobre isto.
Uma pessoa foi às reuniões do conselho observar como tomas as decisões. A pessoa
tentou compreender - qual é o procedimento para propor políticas novas, como é
modificado, como é aprovado. Ao mesmo tempo, esta pessoa observou se há
membros do conselho que são informados ou interessados sobre temas de saúde e
podem se tornar nossos aliados.
Uma pessoa fez pesquisa sobre políticas e leis similares de outras cidades do nosso
país e de nível internacional, para preparar um documento.
Uma pessoa fez pesquisa sobre as companhias de refrigerante, para verificar como e
onde produzem suas bebidas, quantas pessoas estavam trabalhando lá, se houve
algum problema existente nestas companhias, etc.
Uma pessoa coletou histórias de jornal sobre este tema e falou ao público para
entenderem seus sentimentos.
Após um período da coleta de informação, observação, pesquisa e documentação, nós
estávamos prontos. Nós agora temos todos os argumentos para responder quaisquer
objeções.
•
•
•
•
Apresentamos nossos documentos aos membros do conselho da cidade. Fornecemos
mais informação e argumentos aos nossos aliados entre os membros do conselho.
Nós identificamos um conselheiro que está interessado em dar suporte, e ela estava
disposta apresentar um movimento no conselho. Nós trabalhamos com ela para
preparar o texto do movimento, preparamos os documentos para responder às
possíveis objeções da indústria, preparamos textos alternativos caso o primeiro texto
não fosse aceito, preparamos uma lista de possíveis conselheiros para fazer parte do
comitê para rever o documento político, etc.
Nós começamos uma campanha de conscientização pública sobre este assunto
pedindo que os trabalhadores e os profissionais de saúde, os professores da escola e
as crianças nos apóiem.
Nós conectamos outras organizações que trabalham na comunidade. Muitas delas
compartilharam e compreenderam nossos interesses e juntaram-se a nós informando
as comunidades.
O conselheiro que nos apoiou apresentou o movimento na reunião de conselho, mas as
pessoas da indústria tinham preparado também outros conselheiros que rejeitaram nossa
proposta. Após a discussão, o conselho da cidade decidiu nomear um comitê para preparar
um texto do acordo. Nós arranjamos três conselheiros, que estão do nosso lado, neste comitê.
Agora nós iremos ajudá-lo a preparar o texto do acordo, de tal maneira que seja útil à
comunidade. Se esta política for aprovada pelo conselho, nós ajudaremos monitorar sua
aplicação.”
Fazendo uma estratégia de defensoria
Baseado no exemplo explicado acima, nós podemos definir algumas idéias básicas sobre a
preparação de uma estratégia de defensoria:
•
•
•
•
•
•
Defensoria é uma equipe de trabalho que precisa de apoio para a preparação, estudo,
documentação, etc. Conseqüentemente a defensoria requer o planejamento, incluindo
o planejamento para recursos humanos e recursos financeiros.
Defensoria requer geralmente um planejamento a médio ou longo prazo.
Fazer e manter relacionamentos humanos mantê-los é chave da estratégia da
defensoria. É requerido Identificar e manter relacionamento com os responsáveis pelas
decisões.
É requerido trabalho em rede para trazer juntos todos os parceiros interessados para
juntar-se à defensoria.
Não subestimar as partes interessadas cujos interesses conflitam com seus objetivos,
estudem suas estratégias com cuidado.
Defensoria pode também incluir atividades de conscientização pública, campanhas de
informação, etc., mas o objetivo principal da defensoria está geralmente influenciando
alguma lei ou política em níveis local ou nacional dentro dos países. Defensoria é
também possível no nível regional e internacional, por exemplo, através dos
documentos de política ou estratégia das organizações internacionais tais como WTO,
WHO, etc.
Conclusões
Quase todos os projetos trabalham com grupos vulneráveis da população, conduz as
atividades do (IEC) sobre Informação, Educação e Comunicação. Entretanto, frequentemente
estas atividades faltam análise clara da situação para a identificação de objetivos específicos
das atividades do IEC. Frequentemente, não há nenhuma monitoração do impacto das
atividades do IEC e de uma reflexão sobre estratégias a maioria das estratégias eficientes ou
eficazes do IEC.
Ao mesmo tempo, existem alguns temas sensível e tabu que afetam as comunidades, o que
torna muito difícil atacar através das atividades do IEC. Estes temas incluem sexualidade,
violência doméstica, alcoolismo, vicio a droga, doença mental, etc.
Esta oficina internacional organizada pela Associação italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO)
na colaboração com a equipe Deficiência e Reabilitação da Organização Mundial da Saúde
(OMS/DAR) tocada em dois temas principais –
(a) Atividades do IEC sobre temas sensíveis - aspectos da sexualidade no cuidado da saúde,
aspectos da sexualidade dos programas do CBR e violência doméstica.
(b) Organização das atividades de defensoria
Os representantes vindo da África, Ásia e América do Sul compartilharam suas experiências
sobre estes temas e refletiram sobre os desafios relacionados. Os participantes concordaram
que os temas são importantes e negligenciados. Os participantes pediram também
preparação dos materiais específicos de treinamento sobre estes dois temas.
Produzindo uma mudança
Comunicar para as comunidades sobre temas sensíveis como o sexualidade e
violência doméstica
Publicado pela Escola Internacional de Aprendizagem Raoul Follereau
Associação italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO), este livro está baseado sobre uma
Oficina Internacional realizada em Montesilvano (Pescara), Itália em outubro 2005.
AIFO, 2006