Tecnologia para todos
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Tecnologia para todos
1 2 Agosto · 2016 C Á E N TRE N ÓS Tecnologia para todos O setor sucroenergético precisa aumentar a produtividade, a eficiência, ser mais sustentável economicamente. Para isso, é preciso investir em tecnologias de ponta. “Elas já existem. O Brasil tem a melhor tecnologia sucroenergética do mundo. É de fazer inveja aos estrangeiros, muitos tentam copiar, mas sem a mesma qualidade”, diz José Paulo Stupiello, presidente da STAB – Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil. Sim, o setor pode desfrutar de inovações em conectividade e as tecnologias de telemática em máquinas agrícolas, que representam nova fronteira no uso mais eficiente dos equipamentos e contribuição significativa para os sucessivos ganhos de produtividade no campo. Pode obter canaviais cheio de saúde por meio da tecnologia de muda pré-brotada (MPB), que também facilita a adoção de variedades mais produtivas e, ainda possibilita ao setor realizar a Meiosi, intercalando a cana com outras culturas como soja e amendoim, obtendo ganhos agronômicos e renda extra. “Tecnologias existem, estão no mercado. O que precisa é que usinas e produtores tenham acesso à essas ferramentas”, observa Antonio Eduardo Tonielo, presidente do Grupo Virálcool, da Copercana, e presidente de honra da Agrocana 2016. Democratizar o acesso à tecnologia passou a ser outra meta do setor. Um exemplo é a parceria entre a BASF e a Coopercitrus para que até mesmo os pequenos produtores adotem a AgMusa™ - Agriculta de Mudas Sadias. Os cooperados que adquirem a AgMusa™ da Coopercitrus, recebem um amplo pacote de serviços: o voo do VANT, que irá mapear as linhas de plantio; empréstimo de um trator com Piloto Automático; uma plantadora de mudas; um simulador para auxiliar na implantação da Meiosi. Nele, são colocadas as informações específicas de cada área, como tamanho, espaçamento, possível renda com a cultura intercalar, variedade e qual a taxa de multiplicação esperada. E também a supervisão de um técnico que irá acompanhar o plantio do início ao fim. A Coopercitrus possui uma linha de financiamento voltada para a aquisição de mudas AgMusa™ através da Sicoob Credicitrus. Com ela, o produtor paga esse pacote apenas dois anos após a aquisição e em parcela única. É isso aí: tecnologia para todos! Luciana Paiva [email protected] Clivonei Roberto [email protected] 3 ÍN D I C E CAPA MPB para todos Holofote -Mais palha e mais pragas no canavial -O setor está voltando às compras? Tendências Capa -Soja: otimismo, mas com cautela -Projeto Mais Cana: uma onda bem-vinda para o canavial -O MPB tem tudo para viralizar Tecnologia Agrícola -Chega ao mercado nova plantadora de cana Fitotécnico -A praga é microscópica, mas o estrago é gigante Editores: Luciana Paiva [email protected] Clivonei Roberto [email protected] Redação: Adair Sobczack Jornalista [email protected] Leonardo Ruiz Jornalista [email protected] Marketing Regina Baldin Comercial [email protected] Editor gráfico Thiago Gallo Comunicação -A cana-de-açúcar no mundo digital Pesquisa & Desenvolvimento -Mosca-dos-estábulos: a relação entre a pecuária e o setor sucroenergético Aproveite melhor sua navegação clicando em: Vídeo Fotos Áudio Link Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074 Email: [email protected] www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora H O LOFOTE “As usinas estão comprando “de picado” N o caso de produtos químicos como de, podemos oferecer melhor preço, além de gastar menos com frete, pois pequenas quantidades geram muitas viagens. Mirele Paulo, analista de RH e clarificantes, antiespumantes para marketing da Engclarian, empresa fermentação e antincrustantes, desde que localizada em Sertãozinho, SP a usina esteja moendo, produzindo açúcar ou etanol, não tem como deixar de utilizá-los do começo ao fim da safra. Ou seja, precisam ser comprados. Mesmo assim, a crise interferiu na forma de compra, levou muitas usinas a utilizarem polímeros de menor qualidade, menor desempenho e de preço menor. Não deixamos de vender por causa da crise, mas percebemos que Ainda não é hora de abusar, mas tem área que não pode deixar de investir O s preços do etanol e do açúcar melhoraram, não dá para negar que o cenário é bem mais positivo, porém, não muitas usinas optaram por produtos de podemos esquecer que ainda não te- menor eficiência. A melhor remuneração mos nenhuma garantia de políticas públi- do setor já reflete positivamente nas ven- cas que deem mais tranquilidade para que das, as usinas começam a voltar a comprar possamos investir. Também o clima está e a privilegiar produtos de alto desempe- muito instável, é seca, geada, tudo com- nho como os nossos. Com várias certifica- prometendo a produção. Assim, aconse- ções, como a ISO 9001:2008 e a KOSHER lho maior cautela na hora do produtor ir – Antiespumantes e Dispersantes, produ- às compras. Deve adquirir só o que vai fa- zimos polímeros de alta performance. Mas zer a diferença, que vai ajudá-lo a produzir ainda a situação não está normalizada, mais e melhor. E tem coisa que não se pode pois as usinas mudaram o hábito de fa- abrir mão nunca, como fertilizantes e fitos- zer estoque e estão comprando de picado. sanitários. Se deixamos de controlar pragas Antes da crise, compravam carreta cheia e as plantas daninhas, além das per- de produtos, faziam estoque. Agora, com- das de produtividade, depois gasta- pram aos poucos, cada semana pedem remos muito mais para voltar aos ní- uma quantidade. Assim como comprar veis aceitáveis. Deixar de investir em produtos de qualidade inferior acaba sain- tratos culturais é matar a atividade. do mais caro – uma vez que o de- Roberto Cestari, produtor sempenho é menor –, comprar rural e presidente da de picado pode não represen- Associação dos tar redução de custos. Quando se compra em maior quantida- Produtores de Cana de Orindiúva, SP 7 H O LOFOTE Melhorou muito! O s bons preços do setor e a expectativa de mercado em alta realmente es- tão estimulando os investimentos na área agrícola. Estamos até surpresos com a forte demanda, tão diferente da baixa que enfrentamos em anos anteriores. O crescimento já começou em 2015, e em todas as feiras que participamos em 2016 notamos uma sensível melhora no volume de negócios. Estamos vendendo muitos cultivadores, sulcadores e a Plantadora de Cana Picada PCP 6000 Automatizada. Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, de Sertãozinho, SP área que tem recebido menos investimentos por parte do setor, adquirimos ou realizamos melhorias em vários equipamentos, como cozedores, flotadores, só cromatógrafos temos quatro. Não deixar de investir é um dos fatores responsáveis pelos bons índices alcançados por nossa empresa. Nesta safra a ATR (açúcar total recuperável) está 3% superior à da safra passada. A eficiência da indústria também melhorou: o RTC (Recuperado Total Corrigido) está em 94,6%, contra 93% do ciclo anterior. Outra boa notícia é o baixo índice de impurezas vegetais registrado pela Barralcool. No ranking da Fermentec, que inclui seus 88 clientes, estamos em terceiro lugar. Entregamos na indústria matéria-prima com qualidade. Cerca de 95% de nossa colheita é mecanizada, a média de produtividade por hectare é de 83 toneladas, com idade média do Barralcool investe mesmo na crise N canavial de seis cortes, mesmo com 80% dos 30 mil hectares com cana estando em solo de ambiente considerado res- ão deixamos de investir mesmo na tritivo (D e E). A expectativa de moagem época de crise. Só na indústria, a para a safra 2016/17 é de 2,5 milhões de toneladas. José Carlos Santos, engenheiro agrônomo, e Luiz Eduardo Santana Carvalho, líder de laboratório da Usina Barracool, localizada em Barra do Bugres, MT 8 Agosto · 2016 9 H O LOFOTE Perto do marasmo que estava, melhorou muito A crise foi tão profunda que reduziu até mesmo investimentos em tratos cul- turais, e a renovação dos canaviais foi pos- Na área industrial os investimentos ainda são insignificantes A inda é fraco, muito fraco, só alguma coisa na área de manutenção. Mas não esperávamos algo diferente, o buraco tergada, mesmo apresentando baixa pro- do caixa das usinas é muito profundo, vai dutividade. Mas sentimos que um clima de precisar de muito resultado positivo para otimismo começou a tomar conta do se- estancar as dívidas e depois voltar a in- tor. O que é ótimo. A confiança em um ce- vestir. Os recursos chegam primeiro à área nário mais positivo - não só no curto pra- agrícola, pois é preciso garantir a produ- zo - e a melhor remuneração aquecem os ção. Na área industrial, o socorro virá ini- investimentos. Percebemos que cialmente na parte de manutenção, mui- cresce no setor o foco de tas unidades deixaram de realizá-la há investir em produtos e três, quatro entressafras. Assim, acredi- tecnologias que contri- tamos que a partir de outubro comecem buam para o crescimento os pedidos de orçamento para a realiza- vertical da produção. Para ção na próxima entressafra. O cenário das isso, já acontece a melho- empresas sertanezinas continua dramá- ria nos tratos das so- tico, nos últimos anos fechamos mais de queiras, o aumen- nove mil vagas de trabalho. A maior par- to do controle cela das empresas está com 90% da capa- mais eficiente das pragas, das plantas da- cidade ociosa. Ainda não temos conheci- ninhas. E já se ouve que haverá maior re- mento sobre pedidos para ampliação do novação do canavial, aumentando a ado- parque industrial, mas a expectativa é de ção de mudas pré-brotadas de cana com que virão em 2017, pois o cenário do setor alta sanidade (a Syngenta oferece o Plene é muito favorável. Pelo menos agora te- PB) e o sistema de plantio de Meiosi, tom- mos perspectiva positiva. Antes, nem isso bando a cana em áreas intercaladas com tínhamos. Paulo Gallo, presidente do soja, por exemplo. 10 Leonardo Pereira, gerente Centro Nacional das Indústrias de marketing para Cana do Setor Sucroenergético e Brasil da Syngenta Biocombustíveis (CeiseBr) Agosto · 2016 TE N D ÊN CIAS Soja: otimismo, mas com cautela O MELHOR DESEMPENHO DA SOJA, NO ANO DE 2015, FOI FRUTO DAS EXPORTAÇÕES, DA ELEVADA DEMANDA MUNDIAL DA COMMODITY E DA DESVALORIZAÇÃO DO REAL Lara Moraes1 e Ana Palazzo2 A crise econômica esteve entre os uma das principais pautas do ano de 2016. temas mais discutidos no ano de O agronegócio foi o setor menos impacta- 2015 e ainda permanece como do pelas condições adversas da economia 11 brasileira. E a soja, principal produto agrí- O melhor desempenho da soja, no cola no Brasil, também conseguiu ter um ano de 2015, foi fruto das exportações e bom desempenho no ano passado, com da elevada demanda mundial da commo- um Valor Bruto da Produção (VBP) que dity, aliadas à desvalorização do real. Tudo atingiu R$ 106,4 bilhões, mais de 8% de indica que a mesma situação deverá ser elevação em relação à 2014. vivenciada novamente em 2016. No ano O bom resultado também veio acom- passado, segundo dados do Ministério panhado de muitos desafios, principal- da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mente quando se trata de custo de pro- (Mapa), o Brasil embarcou quase 19% mais dução e preço internacional do grão. Para soja do que em 2014, chegando a 54,3 mi- 2016, o cenário para a oleaginosa prome- lhões de toneladas. A evolução do volume te ser parecido com o de 2015, o que em exportado foi motivada pela desvaloriza- outras palavras significa dizer que existe a ção de 45% do real frente ao dólar, o que possibilidade de atingir novamente cres- garantiu rentabilidade às exportações. Se- cimento e rentabilidade em meio a tantas gundo a Associação Brasileira das Indús- dificuldades vividas pelo Brasil. tria de Óleos Vegetais (Abiove), o volume Os Estados Unidos, maiores produtores de soja, podem ter sua área de plantio com a oleaginosa reduzida na safra 2016/17 12 Agosto · 2016 13 TE N D ÊN CIAS exportado deverá crescer 1,8% nesse ano comparado a 2015. O grande destaque deste ano aconteceu nos primeiros dias do mês de junho, quando a cotação da soja alcançou altas China históricas, superando US$ 11,0/bushel, le- A China, que importa 75% da produ- vando a saca a ser cotada a R$ 94,7 em ção nacional de soja, deve continuar im- Paranaguá. O resultado foi motivado pela portando o grão em grandes quantidades. demanda firme, aliada às incertezas na Apesar da sua desaceleração econômi- oferta por parte do Brasil e Argentina, uma ca, a expectativa é que a importação de vez que problemas climáticos poderão di- Quanto aos preços internacionais, o ano de 2015 foi marcado por queda nas cotações devido à elevada oferta do grão alimentos permaneça elevada em função minuir a produção nos dois países. Além do esforço do governo chinês em garan- disso, os Estados Unidos, maior produtor tir melhor qualidade de vida à população, de soja, pode ter sua área de plantio com através do maior acesso aos alimentos. a oleaginosa reduzida na safra 2016/17, Quanto aos preços internacionais, o em razão da preferência pelo plantio do ano de 2015 foi marcado por queda nas milho, o que também contribui para sus- cotações devido a elevada oferta do grão, tentar os preços. resultado de anos consecutivos de safras Por outro lado, a depreciação do real recordes nos principais países produtores. faz com que os custos de produção cres- 14 Agosto · 2016 A Argentina é responsável por 50,3% das exportações de óleo de soja çam em larga escala. Isso ocorre porque a atualmente sofre com excesso de chuvas e maior parte dos insumos necessários para grande possibilidade de menor produção. a produção é importada e tem como con- De qualquer maneira, o aumento da con- sequência a redução da margem de lucro corrência com a produção brasileira será com a cultura, que embora menor, ainda uma realidade. foi positiva no ano passado. Dessa forma, os desafios de aumento nos custos de produção e as incertezas Argentina quanto aos preços podem ser compensa- Outro ponto de atenção em 2016 é dos através de planejamento na compra o posicionamento da Argentina. O país é dos insumos, aproveitando preços melho- responsável por 48,8% das exportações res, e por meio de estratégias de hedge e mundiais de farelo e 50,3% das exporta- atenção às oscilações cambiais, garantindo ções de óleo de soja. Os últimos anos não assim bom retorno com as exportações. A foram favoráveis para o agronegócio ar- única certeza neste momento é que a soja gentino. Condições econômicas internas permanecerá como grande pilar do agro- desafiadoras e a implementação de políti- negócio nacional, gerando valor e dando a cas de tributação para exportação de pro- sua contribuição na superação das dificul- dutos, incluindo soja em grão e seus deri- dades da economia brasileira. vados, reduziram sua competitividade. Todavia, é esperado que as mudanças atualmente em curso na política econômica argentina, que incluem a gradual redução nas tarifas de exportação de óleo e farelo de soja, sejam capazes de minimizar o quadro de dificuldades e melhorar o desempenho da indústria esmagadora. A melhora do cenário também dependerá do desempenho da safra no país, que Especialista em Agribusiness da PwC Brasil 1 Especialista em Agribusiness da PwC Brasil 2 15 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Chega ao mercado nova plantadora de cana SIMPLES, LEVE, CONSUMO DE MUDAS NA MEDIDA, ALTA PRECISÃO E ALTA PERFORMANCE ESTÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS Plantadora de cana automatizada TT8022 Inteligente, 100% fabricada no Brasil DA PLANTADORA DE CANA AUTOMATIZADA TT8022 INTELIGENTE Luciana Paiva O plantio mecanização já é uma realidade no cultivo da cana-de -açúcar. As grandes extensões de plantio e o período curto com as condições ótimas de clima, além da economia em mão de obra têm sido as causas da mecanização das operações de plantio de cana. Em muitas unidades sucroenergéticas e empresas agrícolas o plantio mecanizado já se aproxima de 100%, no entanto, profissionais do setor observam que essa prática precisa evoluir, pois é uma ativida- canizada. “Mas acredito que o plantio com de custosa, que demanda grande quanti- máquinas vai evoluir mais rápido do que dade de mudas - em torno de 40% supe- ocorreu com a colheita mecanizada. Em- rior ao plantio manual. presas em parceria com os técnicos do se- Para Cássio Paggiaro, diretor Agrícola do Grupo Clealco, de Clementina, tor trabalham para aperfeiçoar a tecnologia e superar os gargalos”, ressalta. SP, o resultado final e a tecnificação estão Seguindo essa linha de coopera- aquém do nível atingido pela colheita me- ção entre o setor e empresas fornecedo- 16 Agosto · 2016 ras, a DOBLE TT, empresa Argentina com Barbieri, profissional da área Comercial e 36 anos atuando na fabricação de ma- Marketing da DOBLE TT do Brasil Ltda, ex- quinas agrícolas com presença em mais plica que a TT8022 Inteligente é uma plan- de 20 países, investe desde 2015 em sua tadora articulada, sendo que a unidade de nova unidade no Brasil, DOBLE TT do Bra- plantio é acoplada no terceiro ponto do sil Ltda., produzindo sua nova plantadora trator, o que garante que os sulcos serão feitos na mesma linha de deslocamento do trator, sempre no local correto, inclusive em curvas de nível mais pronunciadas. A Plantadora conta com Computador de bordo de fácil manuseio e interpretação. Automação de dosagem de mudas e adubo. Compartimento de armazenagem de cana com exclusivo sistema Autonivelante. Sistema “Split Flow” de dosagem uniforme entre os sulcos, devido ao exclusivo sistema de um dosador de mudas para os dois sulcos. Sulcador de disco que reduz ainda mais a necessidade de potência no trator. Oferece ainda baixa compactação do solo, devido ao menor peso estrutural e aos pneus “Super Flotation” (22% menor peso estrutural e 18% maior apoio no solo). Entre os diferenciais da TT8022 Inteligente apontados pela empresa, estão: Uniformidade na distribuição, alto rendimento em hectares trabalhados por dia, velocida- de cana TT8022 Inteligente, 100% fabrica- de de trabalho, agilidade nas manobras de da no Brasil. cabeceiras, precisão nas linhas de plantio Instalada em Lençóis Paulista – SP, cidade está conhecida pelo alto nível de mesmo em curvas de nível, baixo custo de manutenção e economia de combustível. tecnificação de seus produtores de cana, A edição de setembro da CanaOnline que já estão utilizando esta nova tecnolo- trará matéria completa com todas as caracte- gia de plantio. rísticas da TT8022 Inteligente e o parecer dos O Engenheiro Agrônomo Leonardo usuários sobre seu desempenho. Imperdível! 17 18 Agosto · 2016 F I TOT ÉCN ICO A praga é microscópica, mas o estrago é gigante PRESENTES EM MAIS DE 70% DAS ÁREAS DE CULTIVO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO PAÍS, OS NEMATÓIDES PODEM NEWTON MACEDO REDUZIR EM ATÉ 50% A PRODUTIVIDADE DO CANAVIAL Ataque de Pratylenchus spp à raiz da cana-de-açúcar Leonardo Ruiz P opularmente chamados de pra- co dos nematóides, após adentrar a raiz gas, os nematóides são, na verda- da cana-de-açúcar, eles passam a consu- de, agentes patogênicos. A dife- mir os aminoácidos e açúcares produzi- rença consiste no fato de que as pragas dos, especificamente para seu consumo e são organismos que comem tecidos ve- sobrevivência. getais prontos. Já os agentes patogêni- Porém, independente do termo utili- cos alteram a fisiologia da planta para que zado, é importante ficar atento a esse pro- ela trabalhe para eles. No caso específi- blema microscópico, já que os nematóides 19 F I TOT ÉCN ICO Leila Luci afirma que a umidade exerce dupla influência nas populações de nematóides estão disseminados por, praticamente, todas as áreas de cultivo de cana-de-açúcar do Brasil. Estimativas apontam que em mais de 70% dos canaviais ocorra, ao menos, uma espécie de grande importância. Entretanto, em regiões onde predo- des podem causar grandes danos ao sis- minam solos arenosos, esse número pode tema radicular das plantas, que se tornam ser superior a 90%. deficiente se pouco produtivas. Em casos Mundialmente, mais de 300 espécies, de variedades muito suscetíveis e/ou níveis dentro de 48 gêneros, já foram associadas populacionais muito altos, as perdas po- à cultura. No entanto, segundo a pesqui- dem chegar em até 50% da produtividade. sadora do Instituto Agronômico de Cam- Porém, mesmo com tamanho poten- pinas (IAC), Leila Luci Dinardo-Miranda, os cial de danos, muitos produtores e usinas nematóides mais problemáticos para a ca- não dão a devida atenção aos nematóides, na-de-açúcar no país são os das galhas muitas vezes, devido à sua difícil detecção, (Meloidogyne incognita e M. javanica) e os não podendo ser vistos a olho nu. Entre- das lesões radiculares (Pratylenchus zeae). tanto, como dizia o nematologista Wilson “Muitas pessoas se preocupam apenas Roberto Trevisan Novaretti, falecido em com os nematóides do gênero Meloido- 2015, “não é porque não se pode ver, que gyne, devido ao seu alto poder de destrui- significa que não existe nematóide. Existe ção. Na opinião da pesquisadora, Pra- e a perda é grande.” tylenchus zeae é a espécie de nematóide Além disso, seus danos podem ser mais importante para a cana-de-açúcar, já facilmente confundidos com deficiências que ela é facilmente encontrada em altos nutricionais e fisiológicas de outras ori- níveis de infestações com grande poten- gens, como, por exemplo, déficit hídri- cial de danos.” co. O fato de os nematóides não poderem Uma vez que parasitam o sistema ra- ser detectados na indústria, como no caso dicular, bulbos e tubérculos, os nematói- da broca-da-cana, por exemplo, também 20 Agosto · 2016 21 F I TOT ÉCN ICO é outro grande empecilho, dificultando a ficuldade para que eles se desenvolvam e sua detecção. reproduzam.” Além disso, Leila ressalta que a umi- “Nematóides reduzem a produtividade, mas não matam a cana” dade também interfere no desenvolvi- A pesquisadora do IAC explica que que a cana ganha massa de raiz à medi- no setor canavieiro existe o falso conceito da que envelhece, porém, não de forma de que os nematóides só estão presentes contínua. Ou seja, nos períodos com exce- ta. “Na verdade, essa praga causa redução de produtividade, fazendo com que o canavial fique desuniforme, mas não morto”. te de alimento para essa praga. “Ocorre NEWTON MACEDO em áreas onde há a presença de cana mor- mento do sistema radicular da cana, fon- Essa desuniformidade é reflexo de um sistema radicular debilitado, incapaz de absorver água e nutrientes necessários para o bom desenvolvimento das plantas que, em consequência, tornam-se menores, raquíticas, cloróticas, com sintomas de “fome de minerais”, murchas nas horas mais quentes do dia e menos produtivas. “Caso algum talhão se enquadre nessas características, é importante realizar uma amostragem, única forma de diagnosticar, realmente, se há ou não uma infestação e em qual nível populacional.” Porém, a pesquisadora ressalta que essa amostragem não pode ser feita em qualquer época, já que as populações de nematóides flutuam ao longo do ano, sendo altas nos períodos chuvosos e baixas nos secos. “Isso ocorre pois, quando há falta de chuvas, a umidade do solo fica prejudicada, o que causa redução nas populações de nematóides, pois há maior di- 22 Amostragem: iscas para nematóides Agosto · 2016 dente hídrico ela ganha massa de raiz, enquanto que na seca, ela perde. Dessa forma, como os nematóides precisam de raiz viva para sobreviver, a umidade exerce dupla influência nas populações, pois, além de terem seu desenvolvimento e reprodução impactados, a disponibilidade de alimento será baixa”. Amostrando com mais eficiência Conforme afirmado anteriormente, a amostragem é a única forma de avaliar se uma área está ou não infestada com nematóides e o nível de infestação. Tradicionalmente, a amostragem é feita da seguinte forma: uma equipe vai até o campo, escolhe alguma soqueira já velha, de quar- “O uso de variedades resistentes e o controle biológico são formas ineficazes de combate aos nematóides”, diz Newton Macedo to ou quinto corte, abre uma trincheira ao redor dela e a arranca. Essa touceira, por cesso, tenho que realizar a coleta e des- sua vez, virá com um emaranhado de raí- pachá-la rapidamente, pois, caso contrá- zes velhas e jovens, que serão ambas en- rio, as amostras irão perder a validade”. viadas para um laboratório para que seja O nematologista ressalta, ainda, que não feita a análise. adianta nem mesmo guardar esse material É nesse ponto, segundo o nemato- na geladeira, porque as raízes mais jovens logista e consultor Newton Macedo, que serão as primeiras que começarão a mor- se encontra o primeiro erro desse méto- rer e apodrecer. do, uma vez que, caso a maioria das raízes Dessa forma, visando evitar e/ou mi- seja velha, a leitura dos dados ficará dis- nimizar os problemas de coleta de raízes torcida, já que o ideal é coletar o máximo e o comprometimento na remessa, Mace- possível de raízes jovens. do sugere a metodologia de amostragem Outra desvantagem dessa metodo- com iscas em embalagens. logia é relacionada à curta janela de tem- O processo começa com a limpe- po entre a coleta das raízes no campo e o za da superfície de uma cana já velha, de envio para o laboratório. “Com esse pro- quinto corte, por exemplo. Em seguida, o 23 F I TOT ÉCN ICO colaborador deve raspar e cavar ao lado gar a reserva do tolete, pois, dessa forma, da região da rizosfera da planta. Com um a brotação será mais rápida e o desenvol- balde limpo, pega-se um pouco de terra e vimento da muda será melhor. raiz velha e de forma aleatória, repetindo Após o plantio, é importante cuidar o processo em 10 subamostras, que irão corretamente desses materiais, como se representar até 25 hectares distribuídos fosse um viveiro tradicional: expondo-o ao em ziguezague na área. “Mesmo se o solo sol e molhando-o periodicamente. Com estiver seco, os nematóides estarão ali, 40 a 60 dias, a isca já estará pronta para em modo de resistência, esperando uma ser levada para o laboratório. “Se aberta a oportunidade para se desenvolver”. embalagem após esse período, será possí- Após a coleta, deve-se encher as embalagens com a terra coletada no campo vel ver, além das raízes velhas, muitas outras jovens que brotaram dos toletes”. e, em seguida, plantar de três a cinco to- E, diferentemente da outra metodo- letes. Macedo ressalta que é essencial pe- logia, nesta o envio do material coletado 24 Agosto · 2016 Fonte: Newton Macedo poderá demorar até mesmo duas sema- níveis de infestação devem, imediatamente, nas, sendo que, nesse meio tempo, os ne- ser tratados a fim de que o problema seja matóides presentes não irão morrer. “Fa- atenuado, já que a erradicação completa, de zendo desse modo não tem erro. Dá mais acordo com o nematologista Newton Mace- trabalho, porém, a precisão é muito me- do, é impossível. “Uma vez com nematóides, lhor”, afirma o especialista. nunca mais sem eles. Você atenua a infestação, a cana volta a produzir e ter longevida- Formas de controle de, mas o canavial não irá ficar livre.” Uma vez enviado o material, o labo- Macedo conta que, atualmente, exis- ratório o analisará a fim de que seja cons- tem quatro métodos de controle dos ne- tatada a presença ou ausência de nemató- matóides, sendo que alguns são mais efi- ides naquela área e em qual porcentagem cientes que os outros, conforme relatados populacional. Canaviais com altos e médios a seguir. 25 F I TOT ÉCN ICO •Variedades resistentes: infelizmente, segundo o nematologista, não há cultivares resistentes no mercado. “Existem boatos de que, em dois anos, teremos alguns novos materiais que serão lançados com essa característica. Porém, acho muito difícil isso acontecer.” •Controle biológico: Macedo explica que a rizosfera é uma arena de batalha entre microrganismos antagonistas a nematóides, como: bactérias, fungos, protozoários, anelídeos e artrópodes, componentes da flora e fauna naturais. Dessa forma, desenvolver técnicas que permitam o emprego de tais formas em alta eficiência em escala comercial no controle dos nemató- Rafael Factor: o Comet® entrega um amplo controle fúngico das principais podridões de solo e possibilita que a cana se desenvolva tão bem quanto em áreas onde foi aplicado o nematicida Fonte: Newton Macedo 26 Agosto · 2016 ides tem sido objeto de muitas pesquisas o parasitismo, conforme a quantidade de que, por enquanto, têm falhado. “Uma di- matéria orgânica no solo. “É pouco prová- ficuldade observada nos fungos e bacté- vel que no curto prazo se poderá contar rias é a grande variabilidade na virulên- com um ou mais agentes biológicos que cia do organismo, devido à variabilidade possam ser facilmente multiplicados, em genética.” larga escala, a baixo custo, e que se mos- Segundo ele, o efeito “tampão bio- trem capazes de promover um controle lógico” é outro fenômeno observado, em eficiente e persistente dos nematóides em que muitos organismos de solo encon- cana-de-açúcar.” tram-se em um estado de equilíbrio dinâ- •Rotação de culturas: É muito co- mico, de forma que a adição de um de- mum encontrar pesquisadores afirmando terminado agente de biocontrole poderá que a rotação de culturas com legumino- ativá-lo, resultando em uma rápida redu- sas não controla os nematóides e que, em ção ou, até mesmo, eliminação da popu- vez disso, apenas aumenta sua população lação do agente introduzido. Além dis- no solo. Porém, Newton Macedo discor- so, muitos fungos biocontroladores são da dessa afirmação. De acordo com ele, saprofitas. Por isso, não necessariamen- caso a cana seja rotacionada com Crota- te atacam os nematóides, o que prejudica laria spectabilis, Crotalaria ochroleuca ou 27 F I TOT ÉCN ICO Amendoim, as infestações poderão sim ser reduzidas. •Controle químico: Por último, Macedo destaca os nematicidas, estratégia mais importante para enfrentar o problema e que é a favorita dos produtores e usinas brasileiras. Efeito 3 em 1 Por ter um número limitado de ferramentas de controle, o manejo de áreas infestadas com nematóides tem se baseado no uso de nematicidas e antagonistas químicos aplicados no momento do plantio e/ou nas soqueiras logo após a colheita. Um produto que pode promover efeitos fisiológicos positivos na planta é o “O uso do Comet® na Usina Cerradão, resultou em um aumento de produtividade entre 5 e 7 toneladas de cana por hectare”, diz Michel Fernandes Comet®, da BASF, contribuindo para proporcionar maior arranque, enraizamento, tes patogênicos, fazendo com que, ao fi- uniformidade no stand, além de estimular nal do ciclo da cultura, sejam encontradas as defesas naturais das plantas de cana-de menores quantidades de fêmeas capazes -açúcar, o que contribui para o manejo ra- de se reproduzir ou produzir ovos.” cional da população de nematóides. Factor explica que isso ocorre por- O técnico em desenvolvimento de que o Comet® estimula a planta a pro- mercado de cana-de-açúcar da BASF, com duzir uma série de enzimas e fitoalexinas, atuação nos estados de GO, MG, MS e MT, compostos de defesa de baixo peso mole- Rafael Factor, ressalta, porém, que o Co- cular, que se acumulam nas zonas de en- met® não é um nematicida, e sim um pro- tradas do patógeno e acabam interferindo duto fungicida que, além de entregar um na alimentação e na entrada, ou atrasando amplo controle fúngico das principais po- a infecção nos tecidos da planta. “É des- dridões de solo, pode promover efeitos sa forma que o Comet® pode agir como fisiológicos positivos na planta, contri- um indutor químico de resistência para as buindo para um efeito supressor de ne- plantas.” matóides. “O Comet® pode contribuir na Outro destaque do Comet® é o fato redução do desenvolvimento desses agen- de trazer a tecnologia AgCelence em sua 28 Agosto · 2016 formulação. Essa é uma marca mundial da uma região com condições edafoclimáti- BASF que identifica os produtos que, além cas favoráveis à ocorrência de nematóides. de promoverem proteção dos cultivos, Porém, o gerente de produção agrícola da ainda contribuem para o aumento da pro- Unidade, Michel da Silva Fernandes, co- dutividade das culturas. “Com ele, é certe- meçou a perceber que aquelas áreas que za de que o produtor ou a usina terão uma haviam recebido o produto Comet® visan- cana muito mais produtiva e com melhor do o combate de fungos estavam mais custo benefício.” vigorosas. Após uma série de estudos de cam- Menos nematóides e mais produtividade na Usina Cerradão po, Fernandes comprovou que a utilização Localizada no município mineiro de matóides. “No entanto, sou catedrático Frutal, a Usina Cerradão se encontra em em afirmar que o Comet® não mata ou in- do Comet® também estava contribuindo para a solução do problema com os ne- 29 F I TOT ÉCN ICO toxica os nematóides, pois sua população, já testou diversos outros fungicidas. Po- mesmo nas áreas em que ele foi aplicado, rém, percebeu que o produto Comet® da permanece inalterada.” BASF trazia, além de um amplo espec- O gerente de produção agrícola ex- tro de controle, mais produtividade, devi- plica que, na verdade, o produto pode do, principalmente, ao efeito AgCelence, proporcionar um incremento entre 20% que contribui para maior enraizamen- a 30% da quantidade de raízes da cana- to, maior velocidade de brotação e stand de-açúcar. “Assim, o número de nemató- mais uniforme. ides por grama de raiz é menor, causan- “Do ponto de vista fúngico, hoje diria do menos danos às plantas, e resultando que o Comet® é um dos produtos que tem na possibilidade de aumento de produti- o maior espectro de controle de fungos no vidade entre 5 e 7 toneladas de cana por sulco de plantio. Sou catedrático em di- hectare.” zer que o produto contribui para proteção Segundo ele, para realmente reduzir contra os fungos que vão incidir no siste- a população de nematóides da área, seria ma radicular. Desde que comecei a utili- necessária a aplicação de um nematicida zá-lo, o ganho com a aplicação do pro- específico. Porém, observa que, em mé- duto no sulco de plantio varia de 6 a 10 dias e baixas infestações, isso pode não toneladas.” ser preciso, porque o Comet® pode contribuir de forma positiva. “Será que vale a pena controlar os nematóides com algum nematicida, um fungicida para combater os fungos e ainda utilizar outro produto para aumentar o sistema radicular? Como o orçamento nos dias atuais é baixo, não vejo razão para fazer isso, ao menos que a população de nematóides seja extremamente alta.” Atualmente, a Usina Cerradão utiliza o Comet® em 100% da sua área de plan- ATENÇÃO rigoso AAAAA Este produto é peà saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. nunca permita a utilização do produto por menores de idade. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. tio. “Com o plantio mecânico, devido a todos os ferimentos e fissuras que ele causa no tolete, há uma ação mais rápida e danosa dos fungos.” Fernandes conta que, no passado, 30 + Uso exclusivamente agrícola. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Registro MAPA: Comet® nº 08801. Agosto · 2016 31 F I TOT ÉCN ICO Com o início do recolhimento da palha pelas usinas, foi criado nos canaviais um novo cenário: sem fogo e sem palha Mais palha e mais pragas no canavial NOVO AMBIENTE DE PRODUÇÃO FAVORECE O AUMENTO DE CERTAS PRAGAS E EXIGE NOVAS FORMAS DE CONTROLE Leonardo Ruiz C onstantes e profundas modifica- últimas décadas. Até o final de 1960, a co- ções marcaram o ambiente dos lheita era realizada manualmente, porém, canaviais brasileiros ao longo das sem a utilização da queimada. Com o iní- 32 Agosto · 2016 cio do carregamento mecânico, foi adota- Já nos últimos anos, devido aos bons da a prática da queima da palha do ca- preços da energia, as usinas começaram a navial, horas antes do corte. O intuito era olhar para essa palha com outros olhos e elevar a produtividade para conseguir passaram a investir pesadamente no seu acompanhar a maior intensidade das ou- recolhimento. Esse material seco, unido ao tras operações. bagaço, aumenta a geração de energia ou Já entre o final da década de 1990 os dias de geração, por parte da usina. e o início dos anos 2000, a mecanização É obvio que, com o avanço da tecno- da colheita de cana crua dava seus pri- logia, é necessária uma readaptação dos meiros passos, ganhando ainda mais in- processos cotidianos. Porém, cada mu- tensidade com a assinatura do Protocolo dança na colheita da cana-de-açúcar im- Agroambiental, em 2007. Neste novo sis- plica, posteriormente, em alterações nas tema, a palha, anteriormente queimada, espécies e níveis populacionais das pra- permanece sobre o solo, variando de 5 a gas presentes nos canaviais, uma vez que 15 toneladas por hectare, dependendo da há uma modificação no microclima dessas variedade. áreas, resultando em mudanças na umi- Cigarrinha-das-Raízes foi a primeira praga que mudou de importância com o advento da colheita de cana crua 33 F I TOT ÉCN ICO dade, temperatura e amplitude térmica, A pesquisadora do Instituto Agronô- o que favorece alguma espécie em detri- mico de Campinas (IAC), Leila Luci Dinar- mento de outras. do-Miranda, conta que, logo no início dos processos mecanizáveis, foi realizada uma De praga secundária para uma das mais importantes pesquisa, conduzida no município paulis- Até o final da década de 1990, épo- ças populacionais dessa praga nas áreas ca em que a colheita ainda era realizada com e sem queimada. Foi constatado que, com a prévia queimada, a Cigarrinha-das numa mesma fazenda, o número de ninfas -Raízes (Mahanarva fimbriolata) era con- + adultos por metro na cana queimada era siderada uma praga secundária e de pou- de 0,5. Já nas áreas onde a cana foi colhi- ca importância, já que o fogo matava as da sem a presença do fogo, esse número formas biológicas da mesma, eliminando saltou para 20,2. “A Cigarrinha-das-Raízes seu potencial de danos em função de uma foi, portanto, a primeira praga que mudou população menor. Porém, com a introdu- de importância com o advento da colhei- ção do sistema de cana crua, os problemas ta de cana crua.” com essa praga começaram a ganhar novas proporções. 34 ta de Guaíra, para saber se haveria diferen- Porém, Leila afirma que a ausência do fogo não foi o fator que mais impac- Agosto · 2016 tou as populações, já que a fêmea coloca diminuem grandemente. “O motivo é que, seus ovos a uma profundidade de 10 cm, quando retiramos esse material da linha o que impossibilita que o fogo pré-colhei- de cana, os raios solares incidem com mais ta, que atinge apenas as camadas superfi- intensidade e, por causa disso, as ruas se- ciais do solo, os eliminasse. “Dessa forma, cam, o que prejudica o desenvolvimento o fator mais impactante foi mesmo a pre- dessa praga.” sença da palha.” Pesquisas apontam que somente a A pesquisadora explica que o impac- retirada da palha reduz em cerca de 60% a to da palha sobre a Cigarrinha é tão gran- população de Cigarrinha presente naque- de que, uma vez retirada, as populações la área. “Essa é uma ferramenta importan- Pesquisas apontam que somente a retirada da palha reduz em cerca de 60% a população de Cigarrinha presente em uma área 35 F I TOT ÉCN ICO te e que pode ser usada no manejo, porém, essa técnica sozinha não a eliminará por completo, apenas atenuará o problema”, afirma Leila. Métodos cruciais de controle Para Victor Silveira, a utilização de tecnologias de aplicação que direcionem o produto para a base da touceira é essencial para o controle da Cigarrinha Se a retirada da palha controla 60% da população de Cigarrinha presente na área, é importante que o produtor utilize outras formas de controle para combater aque- fibras e dos colmos mortos, o que dimi- les 40% restantes. E engana-se quem pen- nui a capacidade de moagem, além da ex- sa que esse valor não causará tantos estra- tração de grandes quantidades de água e gos, já que os danos causados pela praga nutrientes das raízes pelas ninfas. são significativos, mesmo em níveis de in- Para Victor Silveira, técnico da área festação menores. Entre os prejuízos cau- de desenvolvimento técnico de mercado sados por ela, estão a redução do teor de da Syngenta, existem certas ações que são açúcar nos colmos e o aumento do teor de cruciais para que se tenha a máxima eficiên- 36 Agosto · 2016 cia no controle da Cigarrinha-das-Raízes. utilização de tecnologias de aplicação que O primeiro passo, segundo ele, é con- direcionem o produto para a base da tou- trolar a primeira geração da praga. “Para ceira (cortador de soqueira, 70/30 ou Dren- isso, é essencial contar com equipes de le- ch), além do uso das doses recomendadas. vantamento populacional capacitadas para Por fim, Silveira ressaltou o Actara que seja possível pegar a praga no timing 750SG, inseticida sistêmico de rápida ação certo. Lembrando, sempre, que a técnica e elevada persistência que controla eficaz- preconiza a realização de avaliações a cada mente um vasto número de insetos. “Nosso 15 dias no período de maior incidência.” produto, além de controlar até mesmo as Outro ponto problemático é a perda novas espécies de Cigarrinha, entrega um de sensibilidade do inseto ao inseticida. canavial mais produtivo, com melhor enrai- “Esse é um ponto que a Syngenta tem pre- zamento e absorção de nutrientes e com ocupação constante.” Por isso, a compa- uma soqueira mais bem estabelecida.” nhia tem um laboratório focado em per- eficiente contra a Cigarrinha. “Temos cole- “A palha é extremamente benéfica para o Sphenophorus levis” tas anuais, tanto no Centro-Sul, como no Se a Cigarrinha-das-Raízes foi a pri- Nordeste, em que acompanhamos as po- meira praga em que foram constatados pulações para sabermos se a efetividade impactos decorrentes da presença da pa- do produto está sendo mantida.” lha no canavial, o Sphenophorus levis foi a da de sensibilidade, o que é importante para garantir que o produto sempre seja O técnico também sugere certas for- segunda. De acordo com a pesquisadora mas de manejo, como a retirada da palha da soqueira, “desafogamento” em áreas com histórico de altas infestações, visando uma eficiência melhorada do inseticida, Em áreas sem a prévia queima da cana, a população de Sphenophorus levis cresce exponencialmente 37 F I TOT ÉCN ICO do IAC, Leila Luci Dinardo-Miranda, a po- mento por si só não será a medida que vai pulação desse inseto cresce exponencial- resolver o problema, já que o Sphenopho- mente em áreas sem queima, em função rus levis é muito resistente a condições de dois motivos principais: sem o fogo, adversas. os adultos continuam perambulando pelo go à praga, por conter menores tempe- De 3% de tocos atacados para 25% em um ano raturas e maior umidade. “Nesse calorão Além de resistente, essa praga, já dis- dos meses de agosto, setembro e outubro, seminada por todo o Estado de São Paulo, até o Sphenophorus levis (Sl)gosta de ficar e em algumas regiões de MG, GO, PR, MT debaixo de uma sombrinha.” e MS, é extremamente danosa. As larvas solo; além disso, a palha proporciona abri- Leila ressalta que a palha é, portan- se abrigam no interior do rizoma e danifi- to, muito benéfica para o Sl e que, quanto cam os tecidos. A partir daí, pode ocorrer maior for sua presença no campo, maior a morte da planta e falhas nas brotações será a quantidade de tocos atacados. das soqueiras, causando prejuízos na or- “Dessa forma, o fato de recolher a palha dem de 30 toneladas de cana por hectare. pode ajudar a controlar o problema, pois A longevidade do canavial também é re- as condições que ficarão no campo não duzida, obrigando reformas extremamen- serão tão adequadas, fazendo com que a te precoces. população desse inseto cresça mais lenta- Portanto, mesmo com a retirada da mente.” Porém, ela salienta que o recolhi- palha, é importante adotar medidas rápi- 38 Agosto · 2016 das para que os danos causados pelo Sl tância de se controlar rapidamente as in- sejam os menores possíveis. De acordo festações. “Se este ano estou com 3% de com José Carlos Rufato, da área de desen- tocos atacados e resolvo deixar o controle volvimento técnico de mercado da Syn- para o ano seguinte, o problema se mul- genta, se olharmos o potencial de danos, tiplicará exponencialmente, pois a infesta- é possível, inclusive, pensar que essa não é ção passará para cerca de 25% de tocos uma praga muito severa. Porém, o princi- atacados.” pal problema é a redução de produtivida- Segundo ele, para que o controle de e o dano que ela traz no ano, que dei- seja eficiente é necessário que o inseticida xa graves sequelas para a cultura durante adotado pela usina ou produtor seja: todo o ciclo. Sistêmico: Ele deve ter capacida- O técnico da Syngenta explica que o de de entrar dentro da planta e conseguir ciclo biológico do Sphenophorus levis é contaminar os vasos para que, quando as de cerca de 70 dias, fazendo com que exis- larvas começarem a se alimentar dentro tam de quatro a cinco gerações por ano. do rizoma, elas possam ser contaminadas; “Essa informação é muito importante, pois Resistente à seca: Como a maior mostra o grau de capacidade de desen- parte do controle dessa praga ocorre nos volvimento da praga. Se eu não controlo períodos mais secos, o produto deve ter uma fêmea, ela vai conseguir passar por quatro gerações. Dessa forma, quando ela morrer de forma natural em 210 dias, até seus bisnetos já estarão na área se multiplicando.” Para Rufato, esse é o motivo da impor- Rufato: “Para que o controle de Sl seja eficiente, o inseticida deve ser sistêmico, resistente à seca, flexível nas modalidades de aplicação, eficiente e desalojante 39 F I TOT ÉCN ICO capacidade de se distribuir pela plan- res de cápsulas microscópicas que liberam ta mesmo com pouca disponibilidade de seu conteúdo de forma gradual e por difu- água no solo; são. Dessa forma, as substâncias são man- Flexível nas modalidades de apli- tidas no solo sem perdas, fazendo com cação: Seja em Drench ou no corte de que o resultado final seja uma ação resi- soqueira; dual específica e poderosa.” Eficiente: Deve garantir alto poder Outro ponto positivo do produto, residual, com liberação gradual, essencial segundo ele, é o fato de ser o único com para um controle eficiente do Sl; efeito bioativador comprovado, entregan- Desalojante: O produto deve tirar a do uma cana-de-açúcar com maior vigor, fêmea adulta do esconderijo e fazer com maior perfilhamento, mais vigorosa, com que ela tenha um contato maior com a melhor brotação e com sistema radicular área contaminada. mais desenvolvido. E, de acordo com Rufato, o insetici- A recomendação do técnico da Syn- da Engeo Pleno, da Syngenta, é a melhor genta é que o Engeo Pleno seja utilizado opção para o controle de Sphenophorus de maio a outubro com a modalidade cor- levis, por contar com todas as caracterís- te de soqueira, visando o controle de pra- ticas citadas anteriormente. “Por possuir gas de solo. Já de novembro a fevereiro, é dois ingredientes ativos (Lambda-cialo- recomendável o produto com a modalida- trina e Tiametoxam) em sua composição, de de Drench ou 70/30 para o controle de cada gota de Engeo Pleno contém milha- pragas de solo e/ou Cigarrinha-das-Raízes. 40 Agosto · 2016 Software utiliza banco de dados da usina para otimizar o manejo integrado de pragas e doenças da cana SMARTBIO TEM CAPACIDADE DE ANÁLISE DE ATÉ 99 QUATRILHÕES DE DADOS, PODENDO SER UM INSTRUMENTO DECISIVO NA GESTÃO DO NEGÓCIO Num primeiro momento, o SmartBio conta apenas com o módulo para controle da broca-da-cana A Syngenta apresentou, duran- nejo integrado das pragas e doenças. te o 12º Insectshow - Seminá- O programa é fruto de uma parceria rio sobre Controle de Pragas entre a multinacional e a companhia da cana, o SmartBio, um software em que dá nome ao sistema. desenvolvimento desde 2012 e que Segundo Leonardo Pereira, ge- tem como objetivo utilizar do conhe- rente de marketing da Syngenta, o sis- cimento escondido no banco de da- tema entra no banco de dados da usi- dos de cada unidade em prol do ma- na e avalia 60 fatores de determinada 41 F I TOT ÉCN ICO área, como produtividade, variedade, tipo de solo, mês de corte e uso de vinhaça. Posteriormente, ele compara os talhões e forma blocos de manejo. O software tem capacidade de análise de até 99 quatrilhões de dados, podendo ser um instrumento decisivo na gestão do negócio. “Seja para a usina ou para o produtor, é uma oportunidade de ganho de eficiência.” Pereira observa que utilizar tecnologias como essa já é uma tendência para grandes corporações ao redor do globo. “Já temos gigantes no mundo olhando para a agricultura neste conceito de análise de dados. Mas ainda nenhuma companhia no Brasil - Leonardo Pereira: “Seja para a usina ou para o produtor, o SmartBio é uma oportunidade de ganho de eficiência” e nenhuma em cana-de-açúcar - utiliza este conceito”, diz. No desenvolvimento desta ferramenta, a Syngenta contou com a par- ramento da tecnologia. “Queríamos como parceira uma empresa aberta para tecnologia.” ceria da Usina Guaíra, que ofereceu Num primeiro momento, o Smar- instalações e dados para o aprimo- tBio conta apenas com o módulo para controle da broca-da-cana. Ainda em 2016, o software estará pronto para auxiliar na gestão da cigarrinha-das -raízes, ferrugens e do Sphenophorus levis. Para 2017, o sistema já terá condições de contribuir com a maturação, em evitar florescimento e em alocação varietal. A Syngenta já disponibiliza a ferramenta para o mercado. 42 Agosto · 2016 43 C A PA Dinâmica na Feacoop com plantadora de uma linha de muda pré-brotada AgMusa™ da BASF MPB para todos A PLANTADORA DE MUDA PRÉ-BROTADA AGMUSA™ DA BASF PARA UMA LINHA DE CANA REFORÇA QUE A TECNOLOGIA DE MPB É ACESSÍVEL DO PEQUENO AO GRANDE PRODUTOR Luciana Paiva e Leonardo Ruiz E m 2013, a agroindústria canaviei- O primeiro a anunciar esta tecnologia de ra conheceu um novo conceito de multiplicação foi o Instituto Agronômico multiplicação de mudas de cana, (IAC) da Secretaria de Agricultura e Abas- o sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB). tecimento do Estado de São Paulo. Na 44 Agosto · 2016 época, Mauro Alexandre Xavier, pesqui- de mudas que vai a campo. Para o plantio sador do IAC e integrante da equipe do de um hectare de cana, o consumo de mu- Programa Cana que desenvolveu o MPB, das cai de 18 a 20 toneladas por hectare, disse: “esse sistema pretende aumentar a no plantio convencional, para duas tone- eficiência e os ganhos econômicos na im- ladas no MPB. Isso significa que 18 tone- plantação de viveiros, replantio de áreas ladas que seriam enterradas como mudas comerciais e, possivelmente, renovação e irão para a indústria produzir álcool e açú- expansão de áreas de cana-de-açúcar. Tra- car, gerando ganhos.” ta-se de um novo conceito no método A informação atraiu muitos profis- de multiplicação, reduzindo volume e le- sionais da área de cana ao IAC, em Ribei- vando para o campo, efetivamente, uma rão Preto, SP. Todos queriam saber mais planta.” sobre o novo método e o pesquisador ex- Xavier ressaltou ainda se tratar de plicava: no método convencional, abre-se uma tecnologia que contribuirá para a o sulco e coloca-se colmo-semente den- produção rápida de mudas, associando tro. Agora propomos colocar a planta. A elevado padrão de fitossanidade, vigor e tecnologia do MPB permite mudar a forma uniformidade de plantio. “Outro grande de produção de mudas, realizada pratica- benefício está na redução da quantidade mente do mesmo jeito desde que a cana Mauro Xavier durante apresentação do sistema MPB, em 2013, na Agrishow 45 C A PA chegou ao Brasil, em 1530. No lugar dos ca. Mesmo assim, novidade sempre gera colmos como sementes, entram as mu- certa desconfiança. No entanto, logo após das pré-brotadas, que são produzidas a a divulgação realizada pelo IAC, a BASF partir de cortes de canas, chamados mi- lançou sua tecnologia de muda-pré-bro- nirrebolos, onde estão as gemas. Depois, tada AgMusa™ – Agricultura de Mudas Sa- passam por uma seleção visual e são tra- dias – para a implantação de viveiros com tados com fungicida. São colocados em alto potencial produtivo. Um pacote tec- caixas de brotação, com temperatura e nológico que oferece: orientação no pre- umidade controlada e, ao final, inseridas paro do solo, no manejo, fornecimento da em tubetes que passam por duas fases de muda, realização do plantio, irrigação e aclimatação.” assistência técnica. Foi o reforço que o sistema necessi- AgMusa™ contribuiu para acelerar a retomada da formação de viveiros com mudas sadias tava para vingar. Além do mais, chegou no Era uma ótima notícia no meio de um viais com mudas de má qualidade e sem cenário marcado pela crise sucroenergéti- sanidade. “Temos um posicionamento téc- momento em que o setor vivia a dura realidade da queda de produtividade, muito em decorrência da expansão de cana- Agricultura de Mudas Sadias – para a implantação de viveiros com alto potencial produtivo 46 Agosto · 2016 se perdeu ao longo da última década em função da necessidade grande de expansão”, observa Douglas Leme de Oliveira, gerente de Marketing de Território para os Cultivos de Cana, Café, Citros e Amendoim. Prática que, segundo o executivo, voltou a ser um dos focos do setor. “Agora, quando sentamos para conversar com Peraceli salienta que a tecnologia AgMusa™ é uma inovação que quebra paradigmas do setor sucroenergético produtores ou profissionais das usinas, a questão de formação de viveiros e de mudas de qualidade é um dos temas principais. E a receptividade é ótima, porque se nico de portfólio dentro de uma oferta muito robusta de soluções em todo ciclo da cana, buscando manter nossa posição de liderança no setor sucroenergético”, pontua Cristiano Ortigosa Peraceli, gerente de Marketing e Cultivos para Cana-de-Açúcar. Ouvir os clientes sobre suas necessidades e buscar soluções faz parte desse posicionamento da Basf e é o que levou a empresa a criar o sistema AgMusa™. “Com o AgMusa™, a BASF retomou o conceito de formação de mudas de qualidade, que Na Meiosi, a canamuda é tombada em um solo livre de pragas 47 Meiosi MPB AgMusa intercalada com soja conscientizaram que a formação de vivei- também incentiva o setor a adotar méto- ros deve ser prioridade para se alcançar al- dos como a Cantose (viveiro plantado em tas produtividades dos canaviais em esca- um talhão “num canto” da propriedade la comercial.” que servirá de muda para o plantio meca- Peraceli salienta que a tecnologia Ag- nizado após alguns meses do plantio efe- Musa™ é uma inovação que quebra para- tivo da MPB) e Meiosi (Método Inter-rota- digmas do setor sucroenergético. É outra cional Ocorrendo Simultaneamente) para maneira de plantar cana, e que apresen- formação de áreas comerciais. “São práti- ta adesão crescente.” Cada vez mais, uni- cas que aumentam a sustentabilidade do dades sucroenergéticas e produtores de setor ao gerar ganhos agronômicos, renda cana buscam os benefícios oferecidos por extra e redução de custo”, diz Antônio Cé- este sistema de mudas sadias. Tanto que, sar Azenha, gerente Sênior de Marketing – em 2015, já havia mais de três mil hecta- Proteção de Cultivos BASF. res plantados com AgMusa™ com ótimas Na Meiosi, intercala-se ruas de cana expectativas de crescimento para a safra com culturas como, por exemplo, amen- 2016/17. doim e soja. A cana proveniente de mudas sadias é tombada nas linhas onde foi co- Com MPB, setor abraça a meiosi lhida a outra cultura, em um solo de quali- Com a tecnologia AgMusa™, a BASF à uma economia de até R$ 2.500,00 por 48 dade, livre de pragas. A prática pode levar Agosto · 2016 hectare. Isso ocorre devido ao menor uso dutores devido à sua capacidade de fixar de mudas, rentabilidade auxiliar na cultura nitrogênio direto da atmosfera, por sim- intercalar e maior quantidade de cana en- biose. Para que o canavial seja formado tregue à usina. com o máximo de sanidade possível, ou Por se tratar de um método que traz seja, com menor risco da ocorrência de ganhos para o produtor, disseminar infor- doenças, como raquitismo e escaldadura, mações sobre seu uso passou a ser pre- e de introdução de pragas (Sphenopho- sença obrigatória na programação dos rus levis, por exemplo), as linhas de cana eventos técnicos do setor. Como aconte- dessa área de demonstração foram plan- ceu na 17ª Feacoop (Feira de Negócios da tadas com as mudas de alta qualidade Ag- Coopercitrus), realizada na Estação Expe- Musa™. A variedade escolhida foi a preco- rimental de Citricultura de Bebedouro, SP, ce RB 855156. entre 1 e 4 de agosto. A cana foi plantada em julho de 2015 Os visitantes puderam conferir uma e a soja em setembro de 2015, sendo que área de Meiosi, onde a cultura intercalar a colheita da leguminosa e a desdobra escolhida foi a soja. Essa leguminosa, in- ocorreram em maio deste ano. A taxa de clusive, está entre as preferidas dos pro- multiplicação obtida foi de 1 para 12, ou “Com o AgMusa™, a BASF retomou o conceito de formação de mudas de qualidade”, diz Douglas Leme 49 Irrigação por gotejamento logo após o plantio da muda seja, um hectare plantou 12 hectares. áreas”, observa Azenha. É o caso da Usina A gerente de projetos da Cooperci- Alta Mogiana, em São Joaquim da Barra, SP, trus, Alessandra Barreto, explica que, nes- que já plantou acima de dois mil hectares sa área de testes, foi possível economizar com MPB. Mais de 90% das mudas manu- cerca de 43% no custo de plantio em re- seadas pela Alta Mogiana seguem para a lação ao sistema convencional, em função da diluição do investimento na muda. “Além disso, como promovemos uma prática de rotação de culturas, ainda conse- Biofábrica móvel AgMusa™ guimos obter uma receita extra com venda da cultura intercalar, que neste caso foi a soja.” Biofábrica móvel AgMusa™ Áreas com 5 e 10 hectares plantados com mudas pré-brotadas (MPB) é a realidade da maioria do setor. “Mas há clientes mais estruturados que já plantam grandes 50 Agosto · 2016 “Mas há clientes mais estruturados que já plantam grandes áreas”, observa Azenha formação de viveiro secundário. Uma das ferramentas que facilita o plantio de MPB em larga escala na Alta Mogiana tonio de Posse, SP, para a industrialização é biofábrica móvel AgMusa™ de extração das gemas, a biofábrica móvel é levada até de gemas de cana. Lançada pela BASF em o canavial do cliente. A cana cortada pas- 2014, a biofábrica móvel é um equipamen- sa pela biofábrica onde é realizado a ex- to patenteado pela empresa e que tem o tração das gemas, o que equivale de 2 a objetivo de fazer a extração de gemas pró- 3% da cana. O restante da matéria-prima xima ao talhão, onde a cana será plantada. vai para a usina se transformado em açú- Funciona assim: a usina fechou ne- car, etanol, energia, gerando receita para gócio com AgMusa™, construiu seu vi- o cliente. A gema segue para a biofábri- veiro primário dentro dos parâmetros de ca fixa da BASF, para a industrialização e sanidade do sistema e, passado um ano, produção da muda, que retorna ao campo quer multiplicar esse varietal. Ao invés de dois meses depois. a cana ser colhida e levada para a biofá- Nos canaviais da Alta Mogiana en- brica da BASF, no município de Santo An- contram-se quatro unidades da biofábrica móvel AgMusa™. A Usina trabalha com a BASF em duas linhas de negócios com relação à tecnologia MPB: a linha Premium, em que compra a muda, e a linha compartilhada, em que extraí gemas de materiais oriundos de meristemas da própria usina, por meio das biofábricas móveis. Há mais de 20 unidades de biofábrica móvel AgMusa™ espalhadas por outras unidades sucroenergéticas na região Centro-Sul. Pacote tecnológico Desenvolver soluções para que a tec- 51 C A PA nologia apresente alto desempenho faz primordial, pois proporciona entrelinhas parte do pacote AgMusa™. Entre elas, res- com qualidade muito superior ao método salta Douglas Leme, está a garantia de pe- convencional. A empresa também investe gamento da muda e a possibilidade de no desenvolvimento e no aprimoramento plantio o ano todo, o que dependem mui- de plantadoras das mudas. “Esse conjunto to de irrigação, que deve entrar logo após de ações faz parte da política da compa- o seu plantio. A BASF, junto com os clien- nhia, de não entregar apenas a muda, mas tes e empresas parceiras, busca as melho- um sistema completo, que vai garantir o res práticas na área de irrigação dirigidas sucesso da tecnologia”, diz Marcos Pavan, ao plantio de MPB, como o gotejamento e gerente de Negócios da BASF, responsável o sistema de barras irrigadoras. comercial pelas culturas de Cana-de-açú- Mas o acompanhamento aos clientes car, Citros, Café e Amendoim. AgMusa™ começa bem antes da irrigação, Dependendo do tamanho da área a com a orientação sobre preparo de solo, a ser plantada com mudas AgMusa™ (se for importância da coleta de amostras de solo superior a 5 hectares) e da negociação, a georreferenciadas, a aplicação de insumos BASF disponibiliza ao produtor ou à usi- em taxa variável e o uso de piloto auto- na uma plantadora de duas linhas. Trata- mático para o plantio de MPB - ferramenta se de uma máquina que foi adaptada para “Não entregamos apenas a muda, mas um sistema completo”, diz Marcos Pavan, gerente de Negócios da BASF 52 Agosto · 2016 o plantio semimecanizado de cana, e que no saca-mudas para que as mudas fiquem realiza sulcação e toda operação de adu- soltas, facilitando o posterior manuseio. A bação e aplicação de defensivos. velocidade da plantadora é de 2 km/h. A fazenda a receber o equipamento Vale ainda destacar que o plantio para o plantio de AgMusa™ deve disponi- mecanizado do AgMusa™ exige que seja bilizar um trator de cerca de 180 CV e pro- feito previamente um preparo de solo fissionais para fazerem o plantio. A máqui- adequado. O rendimento médio da má- Plantadora adaptada para o plantio semimecanizado de duas linhas de MPB AgMusa na é acoplada ao sistema de três pontos quina é de 2 a 4 ha/dia, mas varia de acor- do trator. Além do operador do trator, duas do com o preparo da área e o comprimen- pessoas vão sentadas retirando as mudas to do talhão. da bandeja e colocando na pinça ou tam- Sempre que a plantadora de AgMu- bor que realiza o plantio. Outras duas pes- sa™ é disponibilizada para um produtor ou soas caminham ao lado da máquina para usina, a BASF também envia para acompa- retirar as bandejas do suporte e colocá-las nhar a operação um coordenador de plan- 53 C A PA tio que realiza os ajustes do equipamento. cionada por tratores de 80 a 110 CV e que, O posicionamento técnico da planta- diferente da outra de duas linhas, não re- dora BASF é o seguinte: aliza a sulcação e adubação, ou seja, antes - profundidade de sulco: 35-45 cm; de plantar o produtor deverá realizar es- - profundidade da muda: 25-35 cm; sas operações. Com relação ao rendimen- - cobertura da muda: 5-10 cm; to, é praticamente igual ao da plantado- - profundidade de calha: 10-20 cm; ra de duas linhas, já que a capacidade de - espaçamento entre mudas: 50-60 cm. mudas dela é maior, ou seja, não é neces- O plantio também pode ser feito sário ficar parando para o abastecimento manualmente - quatro pessoas fazem um de mudas. “A plantadora atende peque- hectare por dia. Vai uma pessoa com a ma- nos e médios produtores e ao plantio de traca e outra caminha do lado com ban- Meiosi”, ressalta Degaspari. deja ou balde cheio de mudas. Um bate a irrigação para eliminar qualquer bolsão de MPB com acesso para todos, mas sem abrir mão da sanidade ar e depois repetir a irrigação conforme a Por ser um sistema bastante favorá- matraca e outro coloca a muda. Depois é só chegar a terra com o pé e entrar com a necessidade da muda. vel, a adoção do MPB se espalha pelo se- Mas para facilitar e agilizar o plan- tor. Muitas unidades sucroenergéticas e tio em menores áreas ou no sistema de produtores de cana já plantam muda pré Meiosi, onde se planta uma linha de cana, -brotada. E muitos passaram a produzir a BASF lançou, na 17º Feacoop, sua plan- suas mudas para uso próprio ou comercia- tadora para uma linha de cana. Nilton De- lizá-las. Mas é fundamental lembrar que a gaspari, gerente técnico para AgMusa™, base desse sistema não se resume em mul- explica que essa plantadora pode ser tra- tiplicar mudas em larga escala e em tem- Veja o plantio da plantadora de 2 linhas de mudas AgMusa 54 Veja o plantio da plantadora de 1 linha de mudas AgMusa Agosto · 2016 As mudas são inseridas no tambor da plantadora de uma linha po menor, mas produzir mudas com alta nhar o plantio do início ao fim. “Lembran- sanidade. Se os cuidados necessários para do que não há problemas se o produtor isso não forem respeitados, o sistema de quiser utilizar seu próprio trator. Caso ele muda pré-brotada irá disseminar em lar- não tenha piloto automático, nós levamos ga escala doenças e pragas nos canaviais. todo o equipamento e instalamos tempo- Para que isso não ocorra, a BASF tem rariamente na máquina do cliente.” firmado parcerias para que até mesmo pe- Outro equipamento disponibiliza- quenos produtores tenham acesso à tec- do pela BASF para auxiliar na hora de im- nologia AgMusa™. Uma dessas parcerias plantar o sistema de Meiosi é um simula- é com a Coopercitrus. Alessandra Barre- dor simples e prático. Nele são colocadas to, gerente de Projetos da Cooperativa, as informações específicas de cada área, explica que os cooperados que adquirem como tamanho, espaçamento, possível AgMusa™ da Coopercitrus receberão um renda com a cultura intercalar, variedade e amplo pacote de serviços: desde o voo do qual a taxa de multiplicação esperada. “To- VANT, que irá mapear as linhas de plan- dos os técnicos da Coopercitrus possuem tio, empréstimo de um trator com Piloto esse simulador e conseguem realizar rapi- Automático e de uma plantadora, além da damente alguns cálculos com a realidade supervisão de um técnico que irá acompa- da fazenda de cada produtor, mostrando 55 C A PA Em detalhe o plantio da muda realizado pela plantadora de 1 linha na hora quais serão os lucros obtidos de- tar serviços para atender tanto o pequeno correntes da adoção de AgMusa™”, afirma quanto o médio produtor. Ele não preci- a gerente de projetos. sa fazer grandes investimentos, deixando A Coopercitrus possui uma linha de financiamento voltada para a aquisição de que a Coopercitrus faça por ele”, finaliza Alessandra. mudas AgMusa™ através da Sicoob Credi- Essa parceria BASF-Coopercitrus fa- citrus. Com ela, o produtor paga esse pa- cilitou ao produtor canavieiro José Pedro cote apenas dois anos após a aquisição e Fernandes Sala, proprietário de cerca de em parcela única. “Nosso objetivo é pres- 700 hectares na região paulista de Matão, adquirir um pacote de Muda Pré-Brotadas AgMusa™ para a realização de um siste- Nilton Degaspari fala sobre a plantadora de 1 linha ma de Meiosi em 120 hectares de sua área. O produtor conta que adquiriu as mudas da BASF através da Coopercitrus, e vai poder desfrutar seus benefícios: redução de custos na formação de viveiros e implantação do canavial comercial; maior velocidade na introdução de novas varie- 56 Agosto · 2016 Alessandra Barreto explica que os cooperados que adquirem a AgMusa™ da Coopercitrus, receberão um amplo pacote de serviços dades; menor risco da ocorrência de doen- realização do plantio, além de uma equi- ças como raquitismo e escaldadura; elimi- pe técnica que irá me acompanhar, garan- nação de riscos de transporte e introdução tindo, assim, máxima eficiência da ope- de pragas (Sphenophorus levis) via mudas ração”, afirma José Pedro Fernandes Sala, e formação de canavial comercial com vi- que optou pela soja como cultura inter- veiro de mudas de alta qualidade. calar. “Além de maior sanidade e, conse- O pacote também inclui uma am- quentemente, maior produtividade na ca- pla gama de serviços e benefícios ofere- na-de-açúcar, ainda terei lucro extra com a cidos pela cooperativa. “Após a entrega venda da soja.” Um belo exemplo de aces- das mudas, a Coopercitrus irá disponibi- so à tecnologia de ponta, mudas sadias e lizar uma plantadora automatizada para a alta produtividade. O produtor José Pedro e seu filho Felipe: maior sanidade, produtividade e lucro extra com a aquisição do pacote AgMusa pela Coopercitrus 57 Produção de muda pré-brotada (MPB): acesso mais rápido dos produtores às novas variedades Projeto Mais Cana: uma onda bem-vinda para o canavial RESULTADOS DO PRIMEIRO PERÍODO COMPROVAM DESEMPENHO DO PROJETO E TRAZEM BOAS PERSPECTIVAS PARA NOVOS POLOS PRODUTORES Texto: Clivonei Roberto Fotos: Ewerton Alves e Ricardo Carvalho N o dia 27 de julho, a Coplana (Co- No encontro, as entidades também operativa Agroindustrial), a Soci- apresentaram os resultados do primeiro cana (Associação dos Fornecedo- período do projeto (1ª Onda), com base res de Cana de Guariba) e o IAC (Instituto no trabalho dos sete polos produtores que Agronômico da Secretaria de Agricultu- foram formados. ra do Estado de São Paulo) fizeram o lan- Além do uso da tecnologia de Mudas çamento da 2ª Onda do “Mais Cana, Mais Pré-Brotadas (MPBs), desenvolvida pelo Produtividade para o Canavial”, programa IAC, o programa prevê a capacitação dos iniciado em março de 2015 com o objeti- produtores, acesso a variedades de acordo vo de promover a sustentabilidade da la- com os ambientes de produção e comple- voura canavieira. to suporte técnico. 58 Agosto · 2016 Resultados da 1ª Onda do Mais Cana: quirir experiência. Na primeira fase, iniciaram o processo direto na propriedade; •aprovação, pelos produtores, da as- •a instalação na propriedade ocorre- sistência técnica, com presença dos técni- rá somente depois da capacitação no IAC; cos e pesquisadores nas propriedades; •acesso às novas variedades; •autonomia do produtor em relação ao manejo das variedades; •capacitação na cultura da cana; •introdução de 12 variedades em cada polo produtor; •produção da muda a um custo menor que no mercado. •os produtores irão trabalhar com um conhecimento maior do sistema; •haverá redução dos custos iniciais de implantação por conta da mudança na dinâmica. Ao avaliar a 1ª Onda do projeto, José Antonio Rossato Junior, presidente da Coplana, destaca que o “Mais Cana” traz um novo olhar para a cultura. “Aqui falamos de uma evolução depois de mais de 500 anos. O que muda na 2ª Onda do projeto: Atuamos como a ponte entre o IAC e o •os produtores irão produzir as mu- nor custo e de aumento de produtividade das no IAC para conhecer a estrutura e ad- produtor, ao trazer esta tecnologia de mee de competitividade ao produtor rural.” Cooperados da Coplana presentes no lançamento da 2ª Onda do “Mais Cana, Mais Produtividade para o Canavial” 59 C A PA Bruno Rangel Geraldo Martins, presi- isolado, sem acesso às novas tecnologias. dente da Socicana, enfatizou a aproxima- Através da Socicana e da Coplana, este tra- ção entre produtor e institutos de pesqui- balho abre as portas das instituições para sa. “Esta era uma carência muito grande, que o produtor possa melhorar sua gestão em um cenário em que o produtor ficava e aumentar a sua produtividade.” DEPOIMENTOS DE PRODUTORES DOS POLOS DO MAIS CANA Projeto é viável oferece variedades novas e mais sanidade “Eu, em nome dos cinco produtores nas mudas, que apresentam bastante vi- do meu polo, posso dizer que estamos sa- gor. Isso vai agregar em maior produtividade. A gente faz o que mais gosta, que é ver nascer a planta. É outra vida. Sérgio Pavani, José Bonifácio, SP Mudas com sanidade “A parte mais interessante foi a transferência de tecnologia, com a parceria da tisfeitos. Produzimos até mais mudas do Coplana, Socicana e IAC, e o aparato téc- que o esperado. Estamos bem contentes. nico que oferecem na produção de MPB. Em um ano já deu para perceber que o projeto é viável.” Eduardo Bignardi, Pindorama, SP É outra vida “A avaliação é positiva. O projeto A produção de MPB, em si, não é complicada, mas demanda muito cuidado e zelo. Aprendemos o sistema, e eu creio que o projeto venha contribuir muito para termos mudas com sanidade.” Levi Mendes Junior, Guariba, SP 60 Agosto · 2016 Meiosi em área total Uma grande vantagem é identificar qual “O projeto foi muito interessante variedade vai se comportar melhor den- para inserir novas variedades na fazenda, tro da sua propriedade. O produtor tem possibilitar a produção de mudas sadias uma opção de variedades muito maior, e mudar o sistema de plantio. Plantamos e, num espaço muito pequeno [de terra], você consegue produzir uma quantidade de mudas muito grande.” Ricardo Bellodi Bueno, Jaboticabal, SP Potencial genético A partir da implantação do Mais Cana na propriedade, notamos um avanço tecnológico muito grande. O projeto abriu cana há 50 anos do mesmo jeito. É a sani- as portas de nossa propriedade, e tivemos dade do canavial que vai melhorar. A pers- um contato direto com os pesquisadores, pectiva é iniciar com Meiosi em área total pessoal da entomologia, nutrição, melho- e, num futuro próximo, plantar uma área ramento. O pessoal da Coplana, da Soci- comercial de MPB.” cana, do IAC e de outras entidades pro- Mateus da Silva Carneiro, Dumont, SP Consciência “Este é um projeto que trouxe novidades e desafios e uma consciência sobre a produção de muda de cana. Passamos moveu um aporte tecnológico gigantesco para um futuro muito promissor. As novas variedades estão muito à frente do que tínhamos aqui e são variedades que realmente imprimem seu potencial genético: produzem mais e crescem mais, sem falar a ter a dimensão sobre o que é a sanida- na facilidade de multiplicação. A mudança de na lavoura, desde o viveiro primário até do plantel varietal da propriedade é mui- o momento em que a muda está pron- to rápida. ta para ir ao campo para a multiplicação. Renato Trevizoli, Taquaritinga, SP 61 C A PA O MPB tem tudo para viralizar MARCOS LANDELL JÁ VISLUMBRA O MOMENTO EM QUE SERÁ POSSÍVEL A USINA E O FORNECEDOR PRODUZIREM MUDAS SUFICIENTES PARA PLANTAR O CANAVIAL COMERCIAL Área de produção de muda pré-brotada (MPB), no IAC, em Ribeirão Preto Clivonei Roberto O engenheiro agrônomo Marcos mais do que uma nova alternativa à dispo- Landell, diretor do Centro de sição do produtor. Para Landell, o conceito Cana do IAC, em Ribeirão Preto, que está por trás do MPB quebra todos os não é apenas um pesquisador. É também paradigmas que se tem em cana-de-açú- um visionário. Entre os vários projetos em car. “O MPB, na minha visão, já é revolu- cana-de-açúcar que já desenvolveu e se cionário, e nesse momento está projetan- dedicou ao longo da carreira, fala com ca- do uma nova canavicultura.” rinho especial sobre as mudas pré-brotadas, carinhosamente denominada MPB. Ele enxerga nesta tecnologia muito 62 Para criar um novo modelo de produção de cana-de-açúcar, que garanta sustentabilidade ao negócio, o produtor Agosto · 2016 “O MPB, na minha visão, já é revolucionário, e nesse momento está projetando uma nova canavicultura”, diz Landell tem que estar aberto a outra dinâmica de produção. E hoje o MPB é uma das ferramentas que podem garantir, na produção de mudas e adoção a touceira. Terei condição de saber pre- de novas variedades, ganho em agilidade viamente que a muda x originou tal tou- e dinamismo. Mas Landell vai além: ele já ceira. E isso nos remete à agricultura de vislumbra o momento em que será pos- precisão.” sível a usina e o fornecedor produzirem Em cana hoje ninguém sabe onde mudas suficientes para plantar o canavial está a unidade biológica. Joga-se um mon- comercial. te de colmo no sulco e as plantas nascem “Quando isso ocorrer, ao invés de entrelaçadas. Às vezes não nascem, ou plantar cana como convencionalmente se nascem muitas, e se nascem muitas possi- faz, o plantio no sistema de MPB permitirá velmente está havendo uma intercompe- localizar a unidade biológica do canavial, tição. Mas o MPB poderá organizar espacialmente um canavial. “Isso abrirá a nossa cabeça em termos de oportunidades.” A partir do momento que se tem um canavial bem espacializado, com a posição geográfica de cada touceira, isso vai ajudar na definição da nutrição da lavoura, no O passo a passo do IAC para a obtenção do MPB 63 C A PA Mais de 600 produtores rurais e técnicos já participaram do Curso Técnico e Prático de Formação de Mudas Pré-brotadas do IAC controle de matos e pragas, permitirá ter dutores rurais e técnicos. E o sucesso do dados muito mais precisos sobre a produ- MPB ultrapassou as fronteiras do país. De ção do canavial. acordo com Landell, profissionais de paí- É difícil dizer o quanto já se plantou ses da América Latina, como El Salvador, de mudas pré-brotadas ou qual tem sido Guatemala e México, estão fazendo o cur- o crescimento médio da adoção desta tec- so. Fora as inúmeras visitas internacionais nologia. Mas o que já se sabe é que atual- interessadas no MPB que o Centro de Cana mente vários grupos sucroenergéticos, em do IAC recebeu, como delegações do Egi- diferentes ritmos, já estão aderindo a este to e da Austrália. Vários lugares do mundo sistema. já querem plantar cana por meio das mu- “Desde quando lançamos esta tec- das pré-brotadas. nologia com este nome, em 2012, o MPB O curso de MPB do IAC permite de- chegou num tamanho maior do que ima- mocratizar o acesso à tecnologia. Mas al- ginávamos”, salienta Landell, que festeja: gumas empresas estão investindo no po- “isso mostra que o setor está se abrindo tencial deste tipo de tecnologia, como as para a mudança”. multinacionais Basf e Syngenta. Landell Exemplo do alto interesse pela tec- acredita que o mercado que se consolida- nologia é o grande número de profissio- rá no futuro terá tanto a atuação das em- nais que já participaram do Curso Técnico presas privadas, que oferecem mudas com e Prático de Formação de Mudas Pré-bro- alta qualidade, como unidades e produ- tadas do IAC, que está em sua décima edi- tores com estrutura própria de produção. ção em curso. Nas turmas formadas até “E isso é extremamente positivo para a ca- agora, já foram treinados mais de 600 pro- na-de-açúcar, porque neste setor, duran- 64 Agosto · 2016 te mais de uma década, pouco se pensou negativo. Multiplicaram variedades anti- em qualidade de muda. E termos produto- gas, lançadas na década de 1990. res, usinas e empresas de tecnologia tra- Mas a mentalidade mudou. Os em- balhando ao mesmo tempo nesta área é presários e técnicos do setor, indepen- muito importante.” dente do tamanho da empresa, têm se conscientizado. “Desde 2010, 2011, pau- Nova consciência latinamente, todo mundo começou a fa- A negligência ao uso de mudas de lar de qualidade de muda, o que reflete na qualidade e à adoção de novas varieda- produção. Hoje já se ouve várias notícias des, mais modernas e produtivas, princi- positivas de aumento de produtividade palmente verificada na década passada, dos canaviais mais novos. De forma geral, foi um fator primordial para que o setor são variedades novas e com boa quali- sucroenergético não tivesse um ganho dade de muda. Quando se somam essas nominal na produtividade do canavial. A duas coisas, não tem como fugir: o resul- produção estagnou. tado é a elevação da produtividade.” Para as empresas que tiveram esta Ele cita o exemplo de uma usina da prática, especialmente nas áreas de ex- região de Ribeirão Preto, que no ano pas- pansão da cana-de-açúcar, o resultado foi sado estava com pouco menos de 80 t/ha de produtividade. Mas com todas as mudanças adotadas, deverá fechar 2016 com 105 t/ha, mesmo estando em ano mais seco do que 2015. Mais Cana: um outro olhar Segundo Landell, há dois anos, os produtores da Socicana e da Coplana não falavam em adoção de novas variedades: 90% dos materiais que usavam eram da década de 1990. Mas, na visão do pesquisador, com a Pesquisador Mauro Xavier, do IAC, mostra na Agrishow como produzir MPB: disseminar informações é fundamental 65 C A PA criação do “Mais Cana”, parece que todos cientes vem do mercado: “Temos certeza os produtores de cana das entidades fo- que os próximos três anos serão de bons ram contagiados por um outro modo de preços. O produtor tem que correr para olhar a canavicultura. aproveitar a oportunidade, mas quem não Números da 1ª Onda do projeto? “Ain- conseguir, perderá a oportunidade.” da não temos, o levantamento dos resultados está sendo feito, mas com certeza os O resgate do produtor rural reflexos do ‘Mais Cana’ serão expressivos.” A criação da 1ª Onda do “Mais Cana” Segundo ele, o sucesso do programa veio de um diagnóstico preocupante rea- é perceptível principalmente pela dinâmi- lizado em 2014: na média dos produtores, ca de adoção de novas variedades. Permi- a produtividade era baixa e as variedades te ganho em velocidade, o que tem cha- usadas eram muito antigas. mado até a atenção de outras associações. Para modificar rapidamente essa si- “E isto é importante porque os processos tuação, priorizou-se a adoção de varie- na canavicultura não podem mais aconte- dades modernas, adaptadas à região, aos cer lentamente. Não temos mais tempo. E solos, ao clima. Mas isso tinha que ser rá- o MPB vem perfeitamente contribuir com pido. Como dar agilidade a esse proces- essa dinâmica e temos agora a oportuni- so? Usando o MPB. “Fizemos uma série de dade de mudar a nossa história.” treinamentos, que mostrou ao produtor Sinal da urgência de medidas efi- como seria possível fazer do MPB um ve- O Plene PB, da Syngenta, também ganha espaço nos canaviais, levando mudas de alta sanidade 66 Agosto · 2016 MPB agiliza a adoção de novas variedades de cana ículo ágil para a mudança da situação em vão aprender a fazer o MPB e os que tive- que se encontravam”, relata Landell. rem interesse vão investir para montar nú- Os polos que foram formados vira- cleos em suas propriedades.” ram minifábricas de produção de mudas De acordo com Landell, o investi- de cana, e os produtores ficaram apaixo- mento para se montar um núcleo de mu- nados. “Dedicar-se ao MPB cria um vínculo das pré-brotadas pode variar muito. É entre o produtor, a sua atividade e a terra. possível inclusive aproveitar estruturas Por isso que digo que uma das consequ- que a própria fazenda possui para redu- ências do projeto foi o resgate do produ- zir custos. “No entanto, em média, o inves- tor rural.” Para ele, esta foi a grande con- timento fica entre R$ 60 e R$ 70 mil para quista do “Mais Cana” se montar um núcleo.” Valor que pode ser . Para a 2ª Onda do projeto, houve uma mudança do foco. “Simplificamos o maior ou menor de acordo com o tamanho da estrutura. projeto para reduzir os investimentos da fazenda. Vamos usar o nosso núcleo, do Garantia de sanidade IAC, como núcleo escola. Os produtores Mas o MPB produzido pelas próprias 67 C A PA usinas e fornecedores tem sanidade asse- neste mercado de mudas de alta qualida- gurada? Landell explica que a sanidade é de. “Estas empresas que têm alto nível tec- garantida primeiramente pelo interesse e nológico que vão produzir os matrizeiros pela consciência do próprio produtor. “O para esses produtores.” produtor consciente toma todos os cui- Para Landell, a expansão do MPB abre dados, pega muda certificada. Segue to- um campo enorme de negócios e oportu- dos os procedimentos que são ensinados nidades. E explica o motivo com cálculos: no curso de fabricação de MPB, senão vai se considerar a área anual de plantio de tudo por água abaixo”, diz Landell. cana, tem-se aproximadamente 1 milhão Na verdade, o investimento com o de hectares. Se multiplicar por dez mil, A produção de MPB se espalha pelo Brasil: na Agrovale, na Bahia MPB só é bem-sucedido se o compromis- que é o número de MPBs por hectare, se- so do produtor com a sanidade for total. riam necessários 10 bilhões de mudas pré “Não adianta multiplicar variedade nova -brotadas para fazer o plantio a cada ano. sem sanidade. É preciso ter consciência de “É um número maluco. Mas se um que é fundamental ter muda boa. Quem dia o produtor chegar à conclusão de que busca alternativas baratas e rápidas só sai plantando com MPB vai aumentar entre penalizado.” 20% e 30% sua produtividade, teremos Para assegurar a qualidade, segundo demanda para tudo isso de mudas. Todos ele, os produtores podem obter material vão correr atrás para montar núcleos de com as próprias multinacionais que atuam MPB e as companhias que oferecem mu- 68 Agosto · 2016 das de alta sanidade poderão oferecer sua mais rápido que se imagina. Não será in- tecnologia.” tegralmente, mas produtores e usinas vão O retorno do investimento em MPB é aos poucos aderindo ao sistema. “Não obtido rapidamente pela usina e pelo pro- tenho dúvida de que já teremos gran- dutor de cana, o que acontece simples- de número de produtores plantando MPB mente com o aumento da produtividade nos dois próximos anos em área comer- obtido já no primeiro corte do canavial. cial. Teremos áreas 100% plantadas com o No IAC, a equipe de Landell continua sistema.” trabalhando com afinco não apenas na ex- Inclusive ele relata que alguns pro- pansão do MPB, como também no apri- dutores que aderiram ao projeto “Mais moramento de todo o sistema. Quando Cana” já querem plantar toda área comer- o instituto começou a fazer as mudas pré cial em um ou dois anos. -brotadas, por exemplo, eram necessários O pesquisador do IAC acredita que 80 dias. Hoje se faz com 50 dias e já existe o MPB deve chegar primeiro para o for- a meta de produzir em 45 dias. necedor de cana. E isto está muito propício no momento, segundo ele, por conta O futuro do MPB do processo de reestruturação e moder- O sistema de mudas pré-brotadas nização que a Orplana (Organização dos tenderá a ganhar força cada vez maior na Plantadores de Cana da Região Centro- canavicultura brasileira. Para Landell, o Sul do Brasil) vem passando. “É uma gran- plantio em áreas comerciais vai chegar o de oportunidade para o fornecedor ficar Viveiro de MPB na fazenda Santa Isabel, em Guariba, SP 69 C A PA Área com Plene PB, da Syngenta, na usina Nardini, em Vista Alegre do Alto, SP: após plantio entra a irrigação mais forte, com melhor qualificação e maior capacidade de produção. Será a hora de virar o jogo a fa- de produção da muda, para que tenha boa vor dos produtores.” capacidade quando for a campo.” Outro processo que não deverá tra- Mas o processo como um todo vai zer problemas à expansão do MPB é a me- ser aperfeiçoado no dia a dia. Landell re- canização do plantio. Landell acredita que lata um produtor de um dos núcleos do já existem transplantadoras eficientes no “Mais Cana” que montou um caminhão mercado e a tendência é serem aperfeiço- pipa e o transformou num modelo eficien- adas conforme este negócio cresça e des- te de irrigação. Agora pode plantar doze perte maior interesse por parte dos fabri- meses por ano porque é possível irrigar cantes de máquinas. com facilidade. “O nosso maior problema que está “Quando um produtor perceber que sendo resolvido está no próprio proces- o MPB que produziu deu certo, o vizinho so de produção do MPB; já o segundo é o vai se interessar. E um produtor que con- processo de rustificação, que consiste em seguir produzir mais mudas do que for colocar plantas com boa capacidade de utilizar, poderá fornecer o excedente à adaptação e promover isso no momento propriedade mais próxima, inclusive oferecendo o serviço da transplantadora, otimizando a estrutura que montou. Assim o MPB tem tudo para viralizar”, profetiza Landell. Se a muda não tiver sanidade, não adianta nada 70 Agosto · 2016 71 CO M U NICAÇÃO A cana-de-açúcar no mundo digital COMPLETA DEZ ANOS A RGB, AGÊNCIA RESPONSÁVEL POR APRESENTAR À CADEIA SUCROENERGÉTICA OS BENEFÍCIOS DA COMUNICAÇÃO DIGITAL Atualmente mais de 50% dos 563 clientes da agência são do setor sucroenergético Clivonei Roberto A cadeia sucroenergética está cada gir o público alvo, além da interatividade e vez mais conectada. Os próprios agilidade na troca de informações. empresários já perceberam as Tradicionalmente é o varejo que mais vantagens do mundo digital e já colhem aposta no digital, mas o setor industrial e frutos ao investirem e ousarem em comu- de bens de capital também está se mo- nicação. É cada vez mais nítido que, com a dernizando, até porque se faz necessá- mídia digital, se consegue fazer um traba- rio aprimorar a maneira como se relacio- lho mais direcionado e eficiente para atin- na com seus clientes. Esta evolução já é 72 Agosto · 2016 perceptível no setor sucroenergético, que nicação online do cliente”, diz Junior. Atu- está mais aberto às novas realidades digi- almente mais de 50% dos 563 clientes da tais. Independente do segmento em que agência são do setor. atue, o empresário precisa estar antenado às novas tecnologias de comunicação. Origem Uma das grandes responsáveis por Há dez anos, o setor sucroenergético levar à cadeia sucroenergética os bene- brasileiro passava por um franco período fícios da comunicação digital foi a RGB, de expansão. Por reunir várias empresas da agência criada há dez anos em Sertãozi- área, Sertãozinho, SP, cresceu a reboque do nho, SP, por Junior, Ricardo e Rubens Gal- boom da cana-de-açúcar. “Vimos poten- vani. Pioneira em comunicação digital cial de atender as indústrias em comunica- na agroindústria canavieira, hoje atende ção digital, que estavam mal atendidas na grande parte das empresas desta cadeia cidade”, sublinha Junior. No negócio, ele e – usinas, indústrias de serviços e de bens seu pai utilizaram da experiência que já ti- de capital, além de escritórios de proje- nham no mercado. Rubens trabalhava com to e inovação. “A RGB sempre trabalha em mídia digital em outra empresa, e Junior parceria, assumindo toda área de comu- atendia clientes como publicitário. Junior Galvani: “Independente do segmento em que atue, o empresário precisa estar antenado às novas tecnologias de comunicação” 73 CO M U NICAÇÃO A agência tem 23 funcionários e uma rede de colaboradores que fornece serviços à distância No começo, além de pai e filho, a tamos o que dá certo nesta área.” Outras RGB tinha apenas um funcionário. “Mas agências, sem afinidade com o sucroener- rapidamente começamos a agregar no- gético, adotam estratégias que geram dis- vos profissionais”, recorda-se Junior. Hoje persão e pouco resultado. a agência tem 23 funcionários e uma rede de colaboradores que fornece serviços à distância. Outro importante passo ocorreu há três anos, quando instalou uma filial em Ribeirão Preto. “Foi uma estratégia comercial, porque temos muitos clientes na cidade. Também nos ajudou a diversificar nosso portfólio de clientes”, explica Junior. DNA canavieiro A empresa sempre atingiu alto nível de confiança. É por isso que conquistou vários parceiros do setor sucroenergético. “Como nosso DNA está neste segmento, sabemos o que funciona. O mercado reconhece este nosso diferencial, pois ofer- 74 Ricardo, o terceiro sócio da RGB Agosto · 2016 Em comunicação online, o dinamis- so negócio, oferecemos boas estratégias mo é muito grande. As tecnologias es- no Google, fomentando o negócio.” É uma tão em constante mutação. Mas o segredo agência full em serviços para internet. De- do sucesso da RGB está em um elemento senvolve websites, lojas, portais, e oferece que vem de sua fundação: a qualidade da suporte e atualização. prestação de serviços. “Temos uma equipe Relacionamento de redes sociais é muito capacitada em todas as áreas, mas a o foco de outro departamento da agên- prestação de serviço pós-entrega dos pro- cia. “É um serviço ainda pouco usado pe- jetos sempre foi o nosso diferencial. Isso las indústrias, mas a cada dia temos novos nos fez crescer, mantendo os parceiros do adeptos pelos bons resultados obtidos.” A RGB oferece boas estratégias no Google e nas mídias sociais início da empresa, como o Grupo Agora, Para o setor industrial, não apenas o que foi o nosso primeiro cliente”, relata Facebook traz retorno. O LinkedIn é uma Junior. opção interessante e o uso do Youtube não para de crescer. Este já é o segundo Mídias sociais maior buscador do mundo. “Por esta rede A RGB não apenas propõe o de- social, é possível mostrar um conteúdo senvolvimento de websites, mas cria fer- técnico”, explica Junior. O vídeo é conte- ramentas que permitem que as empre- údo e vem sendo utilizado pelas empre- sas sejam encontradas na internet pelos sas por apresentar ao público de forma di- compradores. “Desde o começo do nos- ferenciada depoimentos, procedimentos e 75 CO M U NICAÇÃO produtos, tanto na indústria como na agrí- integração ainda maior entre os canais. cola. “Dá muito resultado e quem está uti- Quando o cliente acessa a página de uma lizando este canal colhe bons frutos.” empresa, o próprio site capta seus dados e depois o aciona no Facebook e dispara um Futuro e-mail. “São mídias que conversam entre Ao longo dos últimos dez anos, a co- si. Essa convergência de tecnologias e ca- municação digital evoluiu muito. Aí está nais, baseada na internet, vai ser mais co- um dos desafios da RGB: estar sempre mum e presente.” atualizada nas novidades que surgem em E os investimentos em comunicação um universo tão dinâmico. “Hoje 65% do pelo setor sucroenergético deverão ga- fluxo do Google já é mobile. As empresas nhar novo impulso em breve. Esta é a opinião dos sócios da RGB, que acreditam na retomada da ca- Rubens Galvani: “Apostamos na recuperação do setor no curto espaço de tempo” deia sucroenergética. “Apostamos nessa recuperação no que não se adaptam estão perdendo flu- curto espaço de tempo”, afirma Rubens xo. Essa mudança veio rápida e estamos Galvani. correndo para atualizar a comunicação dos clientes”, diz Junior. “Em Sertãozinho, já estamos percebendo a recuperação. Muitas empre- Segundo ele, é tendência cada vez sas que estavam com projetos pausados maior a assertividade na comunicação, aguardando o mercado reagir já estão re- principalmente em definição de públi- tomando. Esta é a mesma opinião das prin- co e medição de resultado. “A mídia digi- cipais lideranças da cidade. Acredito que tal ajuda a atingir as pessoas certas e no Sertãozinho será das primeiras a retomar momento certo.” No futuro deverá haver o crescimento no país”, conclui Rubens. 76 Agosto · 2016 77 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Mosca-dos-estábulos: a relação entre a pecuária e o setor sucroenergético NO BRASIL, ESTIMATIVAS APONTAM PREJUÍZOS ANUAIS CAUSADOS PELA PRAGA SUPERIORES A US$ 300 MILHÕES; A PRINCIPAL SOLUÇÃO É O DIÁLOGO ENTRE OS SETORES ENVOLVIDOS Mosca-dos-estábulos *Taciany Ferreira de Souza Dominghetti C onhecida popularmente mosca-dos-estábulos como (Stomo- de importância para os setores pecuário e sucroenergético. xys calcitrans), esta mosca tem De hábito hematófogo e sem es- se destacado como uma praga de gran- pecificidade por hospedeiros, alimenta- 78 Agosto · 2016 domésticos e humanos. Esta praga possui um aparelho bucal picador- SITE DE FOTOS: HTTP://WWW.BIOIMAGES.ORG.UK/HTML/R160588.HTM se de animais silvestres, Destaque ao aparelho bucal picador-sugador da praga sugador e ao se alimentar de seus hospedeiros, especialmente bovinos, causa picadas dolori- das que provocam alterações comportamentais nos animais. No Brasil, estimativas apontam prejuízos anuais causados por esta mosca su- São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso. periores a US$ 300 milhões, excluindo o As larvas e pupas da mosca-dos-es- impacto decorrente dos surtos ocorridos tábulos se desenvolvem em diversos tipos recentemente em várias regiões do Brasil. de substratos, geralmente contendo ma- De modo geral, os surtos têm se concen- téria orgânica vegetal em decomposição, trado nas regiões Centro-oeste e Sudes- eventualmente misturada a dejetos ani- te do país, principalmente nos estados de mais, como fezes bovinas. Os substratos TACIANY FERREIRA Manejo inadequado das instalações pecuárias, formando local de desenvolvimento da mosca-dos-estábulos 79 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO TACIANY FERREIRA Manejo inadequado das instalações pecuárias, formando local de desenvolvimento de larvas da mosca-dos-estábulos orgânicos oriundos de atividades sucroenergéticas, principalmente a torta de filtro e a palha da cana-de-acúcar, misturados à vinhaça, se mostram adequados ao desen- praga. Após emergência nas áreas da usi- volvimento desta mosca. na, as moscas - em sua fase adulta - retor- No contexto envolvendo estabele- nam às fazendas em busca de seus hospe- cimentos pecuários e usinas, tem-se veri- deiros para alimentação, principalmente ficado uma estreita relação entre a época os bovinos. de safra de cana-de-açúcar e a abundância Em situações específicas, como na ci- de moscas. Estudos recentemente realiza- dade de Planalto, SP, onde as lavouras ca- dos sobre dinâmica populacional de mos- navieiras se aproximam das áreas urbanas, ca-dos-estábulos em usina e fazendas pe- também têm sido relatados ataques de cuárias adjacentes comprovou esta relação. mosca-dos-estábulos a cães e humanos. De fato, o aumento da abundância de mos- Atualmente, estes fatos geram um cená- ca ocorre após o início da safra e reduz gra- rio de acusações mútuas e o diálogo tor- dativamente após o término das atividades. na-se cada vez mais difícil entre os seto- Outro fato é que a população basal res envolvidos, dificultando ainda mais os de mosca-dos-estábulos, mantida nas fa- avanços nas ações de prevenção ou con- zendas pecuárias no período da entressa- trole desta praga. fra, torna-se a fonte inicial para a primeira Em períodos de explosões popula- geração de moscas que, após o início da cionais de S. calcitrans são comumente safra, são atraídas para as áreas canaviei- observadas nas fazendas pecuárias deze- ras, dando origem à criação massiva desta nas de moscas alimentando-se dos bovi- 80 Agosto · 2016 TACIANY FERREIRA nos, causando comportamento de aglomeração do rebanho e frequentes movimentos para se livrarem das picadas, levando a um expressivo gasto de energia e significativas quedas de produção. Além das perdas Pátio de compostagem de torta de filtro com acúmulo de umidade na base das leiras causadas diretamente à TACIANY FERREIRA produção pecuária, soma-se aos prejuí- cenças ambientais; entre outros. zos a tentativa das usinas em controlar a As usinas, na tentativa de controlar mosca-dos-estábulos. Apesar de não ser esta praga, têm investido principalmente uma praga que causa danos à produtivi- em ações de controle químico e de ma- dade das lavouras canavieiras, o setor su- nejo de seus subprodutos, com resultados croenergético sofre prejuízos diretos e in- variáveis. No estado de Mato Grosso do diretos, os quais incluem: despesas com Sul, os investimentos anuais das usinas di- produtos químicos; investimentos com recionados ao controle da mosca-dos-es- equipamentos; aumento da mão de obra; tábulos em municípios com registros de imagem negativa da usina; conflitos com a surtos são estimados em cerca de R$ 100 sociedade; dificuldades na obtenção de li- mil/ milhão de tonelada de cana-de-açú- Propriedade pecuária próxima da usina: animais se aglomeram para se protegerem do ataque da mosca 81 TACIANY FERREIRA P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Aplicação de vinhaça por aspersão em áreas canavieiras car colhida. Também há relatos de usina mentos pecuários, tem colaborado signi- em Minas Gerais com investimentos supe- ficativamente para a proliferação de focos riores a um R$ 1 milhão, visando apenas o de criação da praga nestas áreas. controle de S. calcitrans. Dentre as ações de prevenção e con- A ausência de manejo adequado à trole de mosca-dos-estábulos, tanto nas prevenção do desenvolvimento de mos- usinas como nas propriedades adjacentes ca-dos-estábuos nas usinas, somada à de produção pecuária, sugere-se o que falta de manejo sanitário nos estabeleci- está apresentado nas tabelas 1 e 2. Tabela 1 Para o controle da mosca-dos-estábulos, os estabelecimentos pecuários devem: • Realizar a higienização das instalações, removendo diariamente as fezes e restos alimentares; • Destinar adequadamente os materiais retirados das instalações pecuárias (compostagem); • Usar produtos químicos visando o controle da mosca-dos-estábulos. Cabe salientar que o uso de inseticidas de maneira incorreta pode propiciar seleção e desenvolvimento de populações de moscas resistentes; • Utilizar armadilhas para redução das infestações de moscas nos animais, principalmente no entorno dos currais e confinamentos. 82 Agosto · 2016 Tabela 2 Para combater a mosca-dos-estábulos, as usinas sucroenergéticas devem: Larvas e pupa de mosca-dos-estábulos em desenvolvimento na palha com vinhaça • Diminuir o volume de vinhaça aplicado por hectare, ou parcelar este volume, visando a redução da umidade da palhada; • Realizar a incorporação ou escarificação da palha de cana ao solo antes da primeira aplicação de vinhaça; • Realizar a queima profilática de forma estratégica e conforme autorização do órgão ambiental competente, conforme orientações do Comunicado Técnico 126 publicado pela Embrapa Gado de Corte; • Ajustar corretamente a máquina de compostagem para que haja o revolvimento total das leiras de torta de filtro; • Realizar a secagem mecânica das poças e vazamentos de vinhaças nas áreas canavieiras; • Utilizar calcário em locais com acúmulo de vinhaça para elevação do pH; 83 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV I MENTO Armadilha reflexiva utilizada para monitoramento populacional de mosca-dos-estábulos em áreas canavieiras e propriedades pecuárias • Revestir os canais de vinhaça. No caso de canais provisórios não revestidos, realizar a secagem imediata após sua utilização; • Definir o produto e dose a ser aplicada, após análise in loco para avaliar o nível populacional da praga; • Monitorar popula- ção de mosca-dos -estábulos em áreas canavieiras com o uso de armadilhas reflexivas, para que as ações de controle sejam mais efetivas. Considerando a importância socioeconômica do problema e as consequências de um controle cada vez mais oneroso e menos eficaz, ressalta-se a necessidade de diálogo e trabalho conjunto entre os setores envolvidos. Além disso, fazse necessário o acompanhamento por profissional qualificado para que as ações de prevenção e controle sejam específicas para cada usina e, consequentemente, mais eficazes. *Taciany Ferreira de Souza Dominghetti é bióloga, mestre em Meio Ambiente, doutoranda em Ciência Animal pela Univ. Federal de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Embrapa Gado de Corte, e responsável técnica pela empresa Volare Consultoria Ambiental 84 Agosto · 2016 85