O mutum Crax blumenbachii na Reserva Florestal Particular de

Transcrição

O mutum Crax blumenbachii na Reserva Florestal Particular de
Espago,Ambi€nrse Planejamento,
vol. 2. n9 8, set. 88
O mutum Crax blumenbachii
na ReservaFlorestalParticular
de Linhares- ES
N. J. Collar*e L, A. P. Gonzaga**
RESUMO - Pesquisade campo sorbrea situageo do mutum Crax
blumenbachii (aveameagadade extingio end6micano ludeste do Bra.
sil) toi realizadana RaservaFlorestal Particular de Linhares (ES), de
04 a 17 de outubro de 1985. Ao todo. foram encont ado525 mutuns
em 18 pontos da Reserva,todos na sua metade oriental {que ocupa a
porgSomais baixa da propriedade,iunto a v5rzeado rio Barra Seca).
Erpecula-ieque eisa 6rea seja favorgcida, ao menos poriodicamente,
por uma retEn€o maior de umidade.CaCailegalaparentementenio 6
um problema para essaou qualqueroutra esp6ciena Reserva.
Recomenda.seuma continuaio dessapesquita,que deveriaestenderse por v{rios anos, obietivando conheceros requisitosecol6gicose a
dinamica populacionalda esp6cie.Reprodu€o em cativeiro 6 coniide
rada desnece5s6.ia
no momento; foram contactadarpessoasque cliam
mutuns para saber como s€ pode melhorar as condig6esem que se
enconuam os esp6cimeri5 aprisionadoi em Linhares,com visiasa 3ua
reprodugSoem pequena escala.Nestecasg, sugere-s€que reja desenvolvida uma pesquisaadicioml para saber se algo de valor pode ser
feito com o planiel assimobtido.
' D i r e t o r A s ! i s t e n t e p a r a P e s q u i s ad o I n t e r n a r i o n a lC o u n c i l f o r B i r d P r e s e r v a t i o n ,
Carnbridq€, lnglaterra
'*Bi6logo, Consultor contratado da Companhia Vale do Rio Doce, Rio de Janeiro, Brasil
Espaco, Ambiente e Planeiamento, vol. 2, n9 8, set. 88
ABSTRACT - Fieldworkon the statusof the threatenedRed-billed
CurassowCrax blumenbachii was undertakenat CVRD's Forest
Reserve
at Linhares(ES),lrom 04 to 17 October1985. In all, 25 birds
were found at 18 sites.All the siteswere in the low-lyingeasternhalf
and it is speculated
that this areais favoured.at least
of the Reserve,
for its greaterretentionof moisture.lllegal hunting was
seasonally,
not perceivedto be a problem for this or any other speciesin the
Reserve.
Further researchis recommended,extendingover severalyears,to
determinethe ecologicalrequirementsand populationdynamicsof
unnecessary
at present,but
the species.Captivebreedingis considered
gain
information
on
four
breeders
to
contact was establishedwith
how conditions might be improved for existingstock at Linhares.
but in combination
A limited programmeof breedingis suggested,
with researchto determinewhetheranythingvaluablecan be achieved
with the stockoncebred.
Florestal
CVRD
drc'
Vit6ria
N
/T\
ltl
\l-l
Guarapari
EspaCo,Ambiente e Planejamenro, vol. 2, n9 8, set. 88
INTRODUgAO
Pesquisasobreo mutum Crax blumenbachii na ReservaFlorestalParticular de Linhares,estadodo EspiritoSanto.Brasil,foi uma das propor scott {1984)em suaconsultoriaA companhia
postasrelacionadas
Vale do Rio Doce (CVRD) em nome do InternationalWaterfowl
ResearchBureau (IWRB). Esta propostaem particularresultouno
envolvimento,por subcontrato,do lnternationalCouncil for Bird
(ICBP),sediadono Reino Unido. Ouando,em julho de
Preservation
a propostaforam postosno papel,o
1985,os planosparadesenvolver
ICBPnomeouNigelJ, Collarpararealizaro trabalho.Luiz P. Gonzaga
foi contratadodiretamentepelaCVRD.
O mutum Crax blumenbachii, ave florestal de grandeporte, quasetotalmente negra,aparentadacom os fais6ese perus,6 uma esp6cie
ameacada
de extinceo,end6micada mata Atl6nticado Sudestebrasileiro. Emboratenha existidono passadono lestedo estadode Minas
Geraise no norte do estadodo Rio de Janeiro,essaaveencontra-se
nos estahoje somente em certos fragmentosde mata remanescentes
a esp6dos do EspiritoSantoe da Bahia.SegundoKins {1978/19791,
cie esterestritaa apenastres florestas,a saber:o ParqueNacionalde
Monte Pascoalno sul da Bahia, a "Fazenda Klabin" (com apenas
4.000 ha Aquela6pocae agorareduzidaa menosda metadedessetamanho) e a ReservaBiol6gicade Sooretama(24.000ha) no Esplrito
i suaocorr6ncia
Santo.Contudo,Teixeira& Antas ( 1981) referem-se
perto de
tamb6mem umaspoucasmanchasde florestanao protegidas
Pradoe Maraju{ambasna Bahia)e possivelmente
no ParqueEstadual
(estadodo Rio de
no distrito de SantaMarial\4adalena
do Desengano,
que
a espdcieocorretambdm
Janeiro).RenatoMoraesde Jesusafirma
numaflorestada CVRD com 5.000 ha em PortoSeguro,Bahia.
Neo h6, portanto,qualquermenqeona literaturade ocorr6nciada esp6cie na Reservade Linhares,isto porque a pr6pria existanciada
(seuvalor como
quasetotalmentedespercebida
Reservatem passado
ref0giode vida silvestre
aguardaaindauma divulgagiomaiscompleta).
A sobrevivenciade uma populaQSode Crax blumenbachlinuma reserva de 21.000ha d, todavia,uma contribuiQioi conserva9So
da esp6cie
que se comparaao papel desempenhado
pela ReservaBiol6gicade
Sooretama,
contlguad Reserva
Florestalde Linhares.E a exist€nciade
cinco exemplares
em cativeirona Reserva
6 um ponto adicionalao potencialde Linharesparagarantiro futuro da esp6cie(Scott,19841.
F s p a c o ,A m b r e n t e e P t a n e , a r l e n r o ,v o r . 2 , n o I , s e t . B B
Tomamos,portanto,como pautade trabalho:
a investigara situaceode Crax blumenbachllem estadosilvestrena
Reserva;
a avaliaa
r u t i l i d a d ev i r t u a ld e d e s e n v o l v m
e re i o sp a r au m p r o g r a m a
em cativeiro;
de reproduqeo
. e faze( um invent6rioornitol69icoabrangente
e uma avaliacSo
da
Reserva.
Apresentamos
aqui os resuitadosobtidosem relagSoaosdois primeiros itensdessapauta.A listagemcompletada avifaunada Reserva
de
Linharesseri apresentada
num proximo trabalho.V. tambdmCollar
( 1 9 8 6 )e C o l l a r e t a / .( n o p r e l o ) .
aa
C:
ru
Oax blumenbach
Mutum,
Ctax btumenbachii
macho
Espago,
Ambientee Planeiamento,
vol. 2, n9 8, set.88
RESULTADOS
Situa€o da popufa€o silvestrede Crax blumenbachii
METODOS
Nosrc principalm6todode pesquisafoi caminharpor itinerdriosprehabitat
estabelecidos
ao longo das estradas(Figura 1), atravessando
apropriadologo is primeirashorasda manhe,De Jesus(em prep.)
de Linharese calda Reserva
compilou um mapa geralda vegetaQeo
culou que, da 6reatotal de 21.787 ha, a florestaprim6ria (floresta
densade coberturauniforme)ocupa 13.757ha, ou 63,1%..Afloresta
(Figura2).
prim6riaest6distribuidapor quasetoda a Reserva
Uma vez que os mutunsseo avesde mataprim5ria(Delacour& Amauma seqiiancia
de itinerdriosa seremperdon, 1973), estabelecemos
dentroda Reserva( Figura 3).
corridosatrav6sdessetipo de vegetagSo
dessepercursopodeserfeita atravdsde comparagao
enUma avaliaceo
em relagSo
d floresta
tre a tigura2, que mostraa posigeodasestradas
prim6rla,e a figura3, que descreve
os itinerdrios.
Forampercorridosao todo 116 Km, num total de 38 horase 35 minuintertos. Essadistanciacoteja-secom o total de 117 Km de estradas
nas (segundoestudosde R. M. de Jesus.em prep.),embora,como inem dois
dicam as figuras2 e 3, algunstrechostenhamsidopercorridos
sentidos,
algunsoutrosdeliberadamente
evitados(habitatinadequado),
outros percorridosao longo de aceirosno Iimite da propriedadee
ainda, no itinerdrio 12, tenha sido feito um longodesvioatravdsde
uma Dicadana floresta.
A seqiiencia
com antecedencia,
em
dos itiner6riosneo foi determinada
pessoal.
grandeparte por raz6esde conveniAncia
Al6m disso,uma vqz
que o curiosotormato da Reservadivide-anitidamenteem tr6s por95es(none, sul e oestel,procuramosdistribuiros itinerdriosentre as
desequilibrios
tr€s ao longo do tempo, de modo a reduzirposs(veis
nosdadoscomo resultadodos efeitosdascondig6esmeteoro169icas
ou
de outros fatores que pudesseminfluenciar a detecceo da espdcie.
tinhamosa intengaode empregarum m6todode censo
Originalmente
que permitissea quantificaceodos dados obtidos atrav6sde c6lculo
estatistico, mas a existoncia de vegeta9aiomuito densa na borda da
mata ao longo da maioria das estradas,associadaao pequenonlmero
de registrosde mutunsobtido em cada itinerrrio (como rapidamente
constatamos),
de tal andlise.Por esse
tornou inexequivela realizagSo
motivo, fomos obrigadosa fazerobservag6es
numabasequalitativae a
deduziro possivela partir dessesresultados.
8
Espsgo,Ambiontoo Planoiamsoto,vol. 2, n9 8, !€t. 88
Figun t
Nomesdas estradasexisteatesne Reaetvede Linhtfts, com e divis& das rqides
de vigilSncia: I = &arrc *ca, ll = Ctoto Grcnde, llt = Jdo kdro,
lV = Juehana- E tam$m indi@da a cutua de nivel de 50 m at.avet da Reserva
(et @tet maioftt fi.A,n e oet@ da linha demarcda),
t{
I
OI
s
vol. 2, n9 8. ..1. 88
E.paco.Ambionl€ € Planeramenlo,
Figura 2
Dist.ibuio^o da
flor$ta NinAria
Itegundo Raaato
,/bne' de Jetut,
em prcpetuQto)
Linhaes,. as
eStf,dat gtE a
+
Fbura 3
DittribuiAlb dos
pelos tutonet
10
Eipago,Ambienr€e Planejamonro,
vol. 2, n9 8, set. 88
Os itine16rios
foram percorridosa p6, de manhecedo (quandotodasas
avesterrestres
diurnasficam maisativasl,desdea primeiraluz do dia
(is 5 horasou pouco depois),atd que toda a extenseoprd-determinada
'14
Km) tivesresido oercorrida.
do itiner6rio(de 5 a
Ap6s o t6rmino da caminhada,normalmentenos dirigiamosa outros
pontos da Res€rvapara reconhecimento
da mesma(incluindoavaliade fuCeo do potencial de certos trechos do ambiente e investigagSo
turos itinerdrios),conversas
com guardase caminhadas
adicionaisou
na torre de controle de inc€ndio.Como a temperatu.a
observag6es
aumeniarapidamenteap6sas t horase paralelamente
a atividade(especialmentea atividadevocal) das aves,em sua maioria,diminui,
tornando-asmais dificeis de detectar,em geralretorndvamosi casade
por volta de 1t h30min.As tardeseramnovamentetomadas
h6spedes
com visitasde reconhecimentoa cenos pontos da Reserva;muitas
vezesretorn6vamosa trechos de itineririos onde neo haviamos registrado mutuns, na esperancade encontr5-los.No comeco da tarde e
comegoda noite tamb6m despendiamos
algum tempo organizando.
transcrevendo
e avaliandoanotac6es.
Na manhi do dia l5 de outubro,
ap6s caminharmoso percursoprevisto,visitamosrapidamentea sede
da ReservaBiol6gicade Sooretama.
Uma fonte adicionalde informagSo
foram os encontroscom funcionSrios da Reserva.Em nossoprimeirodia de permanenciaintegralna
Reserva,reunimo-nos com um grupo de homens tidos como bons
conhecedoresdo mutum, incluindo algunsque passamgrandeparte
do seu tempo de trabalho na mata, coletandosementes.Tomamos
ainda como regraparar e conversarcom todos os guardasque eventualmente encontrassemosdurante nossos deslocamentos. Nossas
principais fontes de informaqeo foram Adai. Correa dos Santos,
DomingosAnt6nio Folli, Gilson Lopesde Farias,HenriqueKopperschmidt e nossomotorista(que adoeceudurantenossaestada,e nos
acompanhousomentedurante a primeirasemanade trabalho)Jorge
del'Piero.
RESULTADOS
Assumindoque nenhumadas avesvistasou ouvidasfoi contadaduas
vezes,ou seja,assumindoque eram estritamentesedentdrias,
ao todo
25 mutuns toram encontradosem 16 lugares,Oessetotal, 19 eram
machos.cinco,tomeas(cadaumaem companhiade um macho),e um
nao foi visto suticientemente
bem para que pud6ssemos
determinar
seusexo (esteindivtduoestavatamtdm na companhiade um macho).
Destemodo,em todosos l6 lugares
estavampresentes
machos.
Al6m desseslugares,dois outros foram constatadoscom baseem pegadas e em uma pena de mutum. Do total de 18 lugares,nove foram
Espa@,
Ambisnls€ Plaoeiarnonto,
vol.2, n9 8, aet.88
assinalados
atrav6sdo cantodos machos,cinco,pelapresenca
dasaves
(incluindo as pegadase a pena) na estradai nossafrente, e somente
quatro referem-sea locais onde avesforam vistas ou espantadasna
vegetagSoao lado da estrada.Onze dessespontos estavamna pr6pria
estradada G,vea ou imediatamenteadiacentea esta, e tros outros a
um quil6metro ou menosdela. Dos outrosquatro
aproximadamente
registros,um estavaa apenascercade dois quildmetrosda estradada
G6vea,e os trdsrestantes(doisdestessendoos pontosassinalados
com
base nas pegadase na pena) estavamtodos a oeste da segio norte
daquelaestrada.
Todosos nossosregistrosde mutum em Linharesforam feitosa leste
do "gargalo"perto da estradada PerobaAmarelae ao norte do c6rrego JoSo Pedro,ou seja,somentenas regi6esde vigilancial- Barra
Seca,e na parte norte da se96oll - CantoGrande(videfigura 1). Os
16 pontos forneceram19 "contatos" (visuaisou auditivos).Destes,
'11
foram obtidos exclusivamente
durante percursosde itinerdrios,
dois somentefora de itinerdrios,e em tres lugaresfizemoscontatos
uma vez no itinerarioe uma vezfora dele.Os itiner6riosesteomostrados na figura 3 e numeradosna seqGnciaem que foram percorridos.
Nossosregistrosde mutum sao plotadosna tigura 4. cada letra correspondentea uma anotagaono Afrondicel.
Os registroscorrespondenteses informag6esobtidas de funcion6rios
da Reservaesteoplotados na figura 5; cada letra equivalea uma anotagio complementarno Ap6ndicell.
Os funcioniriosda Reserva
relataramque, segundosuaexperi0ncia,
os
mutunsseo maisabundantesna regiSoI que em qualqueroutro lugar
na Reserva.Elesalegaramque nesta6rea podem ser vistoscom freq06nciagruposde 3 a 4 aves,sendoao menosuma dessas
um macho.
Relataramtamtdm que a parte norte da seceoll era uma boa 6rea
para seencont.armutuns.Todavia,foi tamb6matirmadoque ocorrem
mutuns no bloco de florestabem isoladoao sul da regiSoll, e igualmente na regiio lll (Jo5o Pedro)e na regiSolV {Jueirana),ou seja,
por toda a Reserva(obviamenteneo pudemosplotar na figura5 esses
Narraramque os mutunscostumavam
registrosmaisimprecisos).
cami.
nhar pelasestradasde manhi cedo, e que vocalizavam
tambdmnesse
horirio, bem como nashorasmaisquentesdo dia; segundocontaram,
o periodo do ano em que vocalizavam
comeQa
em julho e seprolonga
at6 setembro/outubro.Acreditam que o mutum tem uma pequena
6readomiciliarou territ6rio (ou seia,um individuoou casalpodeser
visto freqiientementenum mesmo lugar). Ainda de acordo com
aquelesfuncion6rios,o mutum p6e dois ovos.Os dois ninhosdescobertospor elesestavama lGl2 m de altura em 6rvores,situadosno
meio de emaranhados
de cip6s.Um delesfoi encontradoem outubro/
novembro(pontoc na Figura5) junto a estradada Gdveae do c6rrego
(ponto d na Figura5), na
Alb€rico,e o outro em dezembro/janeiro
bordade um aceirono perimetroda propriedade.
'11
12
E,pago,Ambientes Planejamento,
vol. 2, n9 8, ser.88
Figwa 4
Distribuigtto do
mutum cr6t
blumenbachiira
R$erve de
Linharct tqundo
ot fqittros dot
autor6. Descriclb
detelhda de cada
ponto constano
Aptndice l.
?61!n!^a(Crcx blumenbacti,
assinaladospelos eutores
a . i / b c h o v o c a l i z a n d oa s 8 h 1 s m i n d e 1 6 d e o u t u b r o ( i t i n e r 6 r i o 1 2 ) o e r t o d o r i o
Bar.a Ssca na Florgsta rodeada Dor Dalmeiras.
b. Par (macho visto inicialmente ao lado de uma ooca na estrada) is l6h3omin
de 08 de ourubro no lado oeste da Atrada da Gi6vea.O macho emiriu o aqudo
grito de alarme. Ambos afastaram-sevoando atrav6s do dossel da mata.
Eapago, Ambiente e Planejamento, vol. 2, n9 g, !ot. 88
c . M a c h o v o c a l i z a n d oa s 6 h o r a s d e l 6 d e o u t u b r o l i t i n e r 6 r i o 1 2 1 n o l a d o o € s t e
da €rtrada da Gi6vea,a cerca de 1.5 Km ao norlo do gntroncamento com a estracla do C€ing5, A ave estava pousada a cerca de 15 m de altura na iirvore mais alta
da parcela A1, a cerca de 10O m cla estrada. Ouando o observador chegou ao p6
detsa 6rvore. o mulum parou de cantar, 6mitiu ssu grito de alarme e voou.
d. Pena lsecund6rial da asa de uma fAmoa encontrads no char_ona est.ada do
C€ing5. a aproxamadamente 3 Km do antroncamonto com a elrada da Giivea,
om l5 de outubro (itinererio 1ll.
e. Macho vocalizando:s 5 horas de 15 de outubro (iriner6rio 12), ouvido logo
qua param6 o veiculo para iniciar o percurso. A ave esteva na floresta a oesle
cla sstracla da G5vea e ao sul da estrada do Caini, portanro num local p€lo qual
paisamG na manht anterior ds 5hSOmin litiner6rio I 'l ) s€m rer ouvido qualquer
mutufi voc:|li2ando.
f . l v b c h o € o u l r o i n d i v i d u o d e s e x o n t o i d o n t i f i c a d o .e s 7 h 1 s m i n d e 0 9 d e o u t u bro (itineriirio 5), caminhando entre plantas d6 vogotaqdo pioneira na estrada a
nosla fronte. Eles voaram em seguida afa3tendo-se de n6s e penotrando na mata
eo sulda estrada,
9. lvlacho vocalizando as 6h10min e olvido de novo quando volt6vamos ao veiculo, es 8 horas, em 14 de outubro (itinerSrio l0). A ave $tava a oeste da eslra
da da G5v€a e t€u canto era duito diffcil de eicutar a parlar da estrada, mas era
6vidente que se achava bBstante pr6xima a marg€m aul do c6rrogo Alb€rico.
h . l \ l a c h o v o c a l i z a n d oa s 5 h 1 s m i n d € l 4 d a o u t u b r o ( i t i n e r 6 r i o 1 0 ) , n a f l o r e s t aa
este da altrada da Give6. a cerca de 5OO m ao nort6 do ontroncamento com a
estrada do Jaceranda.
i..Macho vocalilando as 5 horas de 14 d€ outubro {itineriirio 101,ouvido logo
que paramos o veiculo para iniciar o percurao. A ave estav€ na floresta a €ne da
estrede de Gdvea, no entroncamento com a $trada do Jacarand6.
j . M a c h o v i s t o e s 5 h 4 5 m i n d e 0 9 d e o u t u b r o l i t i n e t g r i o 5 ) n a v e g e t a c S od m a r g€m da estrads da G6vea {ou estrada do Guapuruv0), a csrca de 2gO m ao sul do
e n l r o n c a m e n t o c o m a e s t r a c h d o J a c a r a n d 6 .A s 1 1 h o r a s ,q u a n d o r e l o r n 6 v a m o s
do carro, uma fimea estava na estrada naquels megmo lugar. Ouando nos aproximamoi mais, um macho {presumivelmente o meamo) voou assustado de um
efiaranhedo de cip6s no exato local em que tinha ant6riormente desaparecido.
Embora suspeit6$€mos da eristoncia do um ninho ali, ndo pudemos obrer qualquer evid6ncia que viessea comprovar €sta hip6te!e.
k Po9daa idAnticas as derxadas pof fiuluns que viramos anteriormente toram
encontradai no final da manht d€ 14 de outubro iunto a uma grande poCa
numa ealrada que atravesss a propriedade da CVRO laparentemente para facililar o ascoamento de madeira rerirada do retengulo circundado pela Reserva).
Eate trecho da divisa estava sendo por n6r inspecionado por causa do ninho ali
oncontrado hi tr6s anos (Figura 5, dl.
l . M e c h o v o c a l i z a n d oa s 6 h l o r n i n d e 0 5 d e o u t u b r o ( i t i n e r j r i o 1 ) , a o n o r t e d a
Ftrada do Paraju, a cerca de 1 Km do entroncarhento coln a estrada da G6vea.
m . M a c h o v o c a l i z a n c l oi s 6 h 1 o m i n d e 0 5 d e o u t u b r o { i t i n e r i i r i o 1 ) . n u m b l o c o
axoerimgntal a oeste da estrada da G6vea.
n. Femea ouvida emitindo um grito de alarme As Shlomin de08deoutubro
{itin€rerio 4} e imediatamenle localizada pousada numa drvore b€m ao lado
13
14
E3paco,Ambionte s Planoiam€nto,
vol. 2, n9 8, !€r. 88
{oe$ol da ostrada da Gev6a, a cerca de I Km ao norte do cruzamento com a
e.trada do Flamengo. Ela vooo sm seguida penetrando na vegetaCto abaixo do
doslol da mata. Mais tarde, ouando retornamos, )5 th2omin, um macho 6tava
vocalizando naouele meSmo trecho cla mata.
o. Macho vocalirando es 6h5omin de l0 do outubro (itine.Srio6) b€m ao lado
lsul) da gstrada do Flamengo, a cerca de 40O m a este do cruzamento com a o9
trada da Givea, pouaitdo a carca de 15m rn do Solo numa drvore. Ouando nos
aproxir€moo, voou para longe mergulhando na vsgetaC'o e cruzando a 65trada
mais adiante ap6s alguns segundot, para finalmenlc d€aaparec€rna espe$a mala
ao norte da 6trada. No mosmo dia, maia tarde, €ncontramo! algumas pegadas
perto do cruzamento d6 sttradas do Flamengo a da G6vea, que pod€riam ter
sido deixadas por este macho ou por sua coftpanheira (cram com certeza pege.
d8 d6 CGx blumenbechiil.
p. Par espsntado pelo ob6ervador num p€qucno d€svio circular ao lado da estrada da Farinha Saca, a cerca de 2 Km do sntroncamento com a eitrada da Givea,
as l6h3oman de 09 d6 outubro. Estas aves comportaramae como se tivessem fi.
lhotlr {esr. encontro d dcrcrito n6 pdginas 2l c 22 com mai! datalh6).
q- Macho, iis 6hlsmin de 08 do outubro {iriner6rio 41, erpanrado do doss€t
numa parcela do mata circundada por um paqusno dssvio cirqJlar iunto a e!trada & G6vea. Ele emitiu o agudo grilo de alarme anras de voar para oert6. Em
12 do outubro, poi volta d6 I horai, eate caminho foi novemente investigEdo e
no fim do m€6mo ufi macho e uma l6maa csmanhavam gela o$rada da Gavea a
algumas dozenal de metrol de n6s, tendo evidcntemente acabado de lair da ilha
de vogetagSo formada p6lo caminho. Elea voaram para sudeste. L-ogoem soguida
onconfamG as pagBcbsqua deixarEm no local, junto a ufi|a po9a na 6stracb.
r. Olatro machos, a! 6h30min do 08 da outubro (itincrdrio 4), tormando um
grupo parrc de po9as na catrada ds Gevea. Ele! i6 €atavain aparent€mente ciont€s
cla nosla prcienca quando 03 avistamos, m6 a uma daat6ncia,uticiente para n5o
licarem alarmadoa de imediato. Afastaremae de n6a caminhando dovagar pela
6atrada. Urn dele. pargceu .oalizar uma 6xibiC6'o ritualizada inclinando o corpo
p6ra a frente em diregto a um dos outroi, € eo m66mo temgo llevando a cauda
num 6ngolo !imilar. Ocasionalmonte bicavam o chaio, ralvoz apanhando formigas
ou grSoc da sreia, o que foi imposslval voriticar. Encontram6 ruas p€gadar iunto
a pofat na e!!rada. Como prrcisdvamot continuar a porcorr€r o itinerdrio proesta,
bolecido, tivemoa que sapant+lo5 mostrandcno6 acantosamente e apartando o
pa5so am 3ua diracd'o. Entdo trotaram p6la e,t.eda Drocuaando uma 3eida Dara a
tlore,ta de um lado e de outro, ,endo finalm6nte obrigados a lavantar v6o para
pode. encontrar uma ab€rtura na vegelagto da borda da.hata, por onde pene
traram,
E.p.eo, Ambi.nt. a Plen€jemonto,
vol. 2, n9 8,.t.
89
15
I
0I
\-*')
s
.d,/
Figur. S
Oittribui& tu
mutum cf6,
blumanbachiin
Bas.r6 dc
Lioher$ tquoab
oE rqittftot de ',ut
fuacioatriot,
A dcscriglo do
qua (oi tisto am
da ponto @nstt
oo Ap&ndi6 ll.
APCNOICEII
Mlltun (C''x blunenbrchirT
aaainalado3palor Iunciondriot da Raa.rva
a, 2-3 6vcaviatasd. rnsnh5c.do no dia (N dr outubro da 1985.
b. Fam.. com doi. tilhot.. {urn d.1.. foi caoturado}.m 1984.
c. Ninho d6coberto por H. c. Koppanchanldt am 1977 (oa ovos torsm colcta(ba a indrb.doa por ume galinhe).
16
Et9afo, Ambiont66 Planai..nanlo,vol. 2, n9 8, aat.88
d. Ninho dorcobano9or O. A. Folli am 1982 los ovoaforam colatsdot a incuba
dot por uma 96linha).
c Fam- com um filhote (cEpturado,morrou pGtoriorhentol cm 1977.
t. Machovirto am l9 da aatamtrodo 1984.
g. "Par" freqibnt.m.ntc vi|lo a,n ano, ruosntes(J. del'Pi.ro intorftou tar viato
sampreapenatum macho,agorad€aap€fscido).
h. Doispare.vistoarm 31 da julho d. 1985.
i. Parvino ap65chuva.m 02 de agoatod. 1985.
j. Parvirto em algumponto da *tradd do C€ini em 03 da j'Jlho de 1985.
k Machoc duas temsarvitlot am algumponto da 6lrada da Eombad'Agua .ln
13 dc junhodo 1985.
l. F6m€avi.t6 em alg! m ponto da .atradado Jacarand6om t 9 de julho d. 1985.
m. Macho6 trei lamaaaviato, !m algum ponto da 6trada do Parajucm Og de
maio de l98A
n. Par em 04 do julho do 1985 . macho em 22 d€ iulho d. 1985, ns ..trsds da
G&aa, p.no do Rio PeuArrwaraado.
o. i/bcho virto am algum ponto cla anrada de Farinha S6caam 09 da junho dc
r98n
orscussAo
Nib podemos 6tar totalmente segurosde que a nossa8ssun95oinicial
(ou seia,a de que os mutuns s5osedent6riosnesta6pocado ano e n6o
foram contados duas vezes)s€iacorreta, mas 6 largamenteaceito que
machosde qualquer esp6cien6o migrat6ria €o quaseinvariavelmente
ligados a um certo ponto quando estSocantando. e usualmentechegam a defender este sftio como um territ6rio. Neo pudemosveriticar
a presengacontlnua de machos cantando em lugaresem que foram
previamente ouvidos, mas se houvdssemosdisposto de mais tempo
estamoscertos de que issopoderiater sido comprovado,
Onde os registrosneo foram bas€adosna 6scuta.os pontos estavamou
suficientemente perto ou suficientemente distantes uns dos outros
perceb€rque uma dupla contagemde um mesmo
para que pud6ssemos
indivfduo era uma possibilidademuito remota. Nos tr€s casosem que
Ambiontos Planojamento,
vol.2, n9 8, aot 88
Espaco,
encontramosmutuns num mesmolugar,tanto duranteo percursodo
itinerdriocomo ap6so mesmo,doisocorreramnum mesmodia, maso
outro envolveuum macho,visto em 08 de outubro, e um par,em 12
de outubro {ponto q na Figurae); este lugard quaseexatamenteo
mesmoem que um par foi visto em 02 de agosto(ponto i na Figura5),
o que sugereque nossaassunCeo
de sedentarismoera razodvel.
Nossosresultadostendema confirmaro julgamentoda equipede funciondriosda Reserva,
de que os mutunssao maisabundantes(ou ao
menos mais f6ceisde encontrar) no setor none (RegiaoI e parte norte
da RegiSolll, e al€m do exemploque acabamosde citar diversos
outros pontos em que encontramosmutum mostram-sebastantepr6ximos aos citados por aquelesfuncion6rios.Todavia,ficamos um
pouco desapontadoscom o pequeno n0mero de registrosque obtivede estudo;nossotrabalhofoi delibemos durantenossas
duassemanas
radamenteprogramadopreviamentepara coincidir com o infcio da
estaqgoreprodutiva,quando,devido ds vozesemitidaspelosmachos
que a espdcieestivesseo mais evidentepossfnesta6poca,esper6vamos
vel na Reserva.O pequeno nomero de registrose a falta de registros
em uma grandeporQeoda Reservamerecemserdiscutidose parte, mas
podemosanteciparuma conexeoentre os dois fatos.
Todas as avesflorestais€o mais ativas (inclusivena vocalizageo)logo
ap6s um pertodo de chuvas,e a atividade(inclusivevocal)decresce
bastantedurante o oeriodo maisseco.O mesde outubro foi escolhido
para nossapesquisapor coincidir (apresentamos
a seguirevidencia
para essaassertiva)com o inicio da estagSo
chuvosaem Linhares,a
estagaoem que Crax blumenbachii cornegaa se reproduzir. N6o pode
haverd0vidade que a estagSo
chuvosaem Linharesgeralmente
comega em outubro, como se pode ver pelasmddiasmensaisde precipitaga'o
a
{mm) obtidas no periodo de 1975 a 1984 (os dadosapresentados
seguirforam calculadosa partir dos registrosmantidosno posto me.
teorol6gicoda Reserva)
e os totaismensais
em 1985:
Periodos
Jan
19751a4
1985
227 129 119 102 64
530 69 155 84 56
Periodo!
Out
1975|8/
162 209 153
148 241 195
1985
Fev fr/lar Ab'r Mai Jun Jul
Nov Dez
32
3
56
33
Ago
Set
36
42
82
81
17
18
[email protected]€ Planejsmonro,
vol.2, n9 8, ,et. 88
Embora1985tenhas€guidobastanteo padreodasm6dias,nos 13 dias
em que estivemosna Reserva
choveuo inexpressivo
valorde 1,6 mm,
ap6s cerca de 24 horas de tempo enevoadoe ventoso, na tarde de 08
de outubro. Podeser mera coinciddnciaeue nessedia tenhamosencontradonove mutunse no dia seguinteseis,isto d,60% do total que
encontramosem 15% do tempo que despendemos,
mas que de fato
existe uma conex6o entre chuva e a detecaSoda esp6cieparececerto:
no dia 07 de outubro (segunda-feira),
ap6squatro diasde estiagem,
n6o encontramossequer um mutum ao longo da estradada Farinha
Seca,enquantono inlcio da semanaanterior,ap6s15,8 mm de cnuva
durante res dias, um guardarelatou ter visto 3-4 mutuns ali diariamente.No perfodode 17 de setembroa 16 de outubro (dia anterior
rc de nossapartida), somente24,4 mm de chuvaloram recolhidos;em
a maiorpane dos 81 mm que foram recolhidosem seoutraspalavras,
tembro caiu na primeirametadedo m6s.Nossotrabalhotranscorreu.
ponanto.num perlodode s€caanormal.
Mais problemdtica € a questeoda ausenciade reglstro da esp€cieem
outras regi6esque n6o a regiio I e a parte norte da regieo ll durante a
nossapesquisa.Se podemoscom algumacertezaadmitir que a presenCa de machosde mutum cantando6 uma indicag6ode atividadereprodutora, seriavdlido concluirque, emborapudessehavermutuns presentesem outras panes da Reservadurante nossolevantamento,estes
muito provavelmenten5o estavamnidificado ou se preparandopara
relativamenteescassos.
nidificar e, aldm disso,encontravam-se
N3o hd d0vidade que as avess6ogeralmentemaisfdceisde detectar
quandoestSoempenhadas
primeirodeem atividadesde reprodugSo;
(canto)do machoe segundoporque,quandoacomvido a vocalizaQeo
panhadospor filhotes,os paiss5o maispropensos
a sealarmarque de
costume. Apesar disso, gostarfamosde entatizar que 6 praticamente
nula a possibilidade
de detectarum mutum se ele estivercalado,ou
fora do campo de visSo do observador,ou suficientementedistante
pelatrilha.
desteoltimo de modo a neo se alarmarcom suapassagem
O interiorda mata d sombrio,a plumagemda aved escurae, a despeito de seu grande pone (atd 3,5 Kg), basta que se eronda i menor
ameagade perigo e permanegaim6vel e calada para passarcompletamente despercebida.E concebtvelque mutuns fagam uso dessatdtica
dentro de uma dist6nciade atd 15 m lno plano)do observador.Em
todo caso,uma distribuigeouniforme da populag6ode mutuns por
toda a floresta. mesmo na falta de atividade reDrodutoraem certas
dreas,teria produzidoalgunsregistrosnas regi6eslll e lV e na porg5o
zul da regiSoll, de modo que estamoscertosde que nossosresultados
refletema situacaoreal,em termosde distribuiceode n0meros,duransemelhantefoi encontra'
te o Derfodo de nosso levantamento.Padra-o
do tamb6m por Gonzagae P. J. Jones (Gonzaga,1986) em fevereiro
de 1986.
Espaco.
Ambionts
e Planejamenro,
vol.2, n9 8, set.88
Os funciondrios da Reservaespecularamque a regiio I seria menos
perturbada que as outras, ressaltandoainda que esta parte da Reserva
6 contfgua, em seu extremo norte, e ReservaBiol6gicade Sooretama.
Ouando perguntamoso que significaria"menos perturbada", Jizeram
vagasrelerdnciasi caga clandestinae ao volume de tr6tego nas estradasda floresta.Cagaclandestinapodeter algumtipo de infludnciae a
regieo | 6 certamentea menosacessiveldas quatro regioesde vigilencia, mas n5o vemos razSopela qual a caQapudesseter um efeito teo
dramdtico sobre uma esp6cie.Encontramos jacus (Penelopesuperci/rbzs,lnasregi6eslll e lV, tresespdcies
de primata(as0nicasque ocorrem na Reserva)foram tambdm encontradasnessasregi6es (as duas
maiorestamtdm na parte sul da regi5oll), e o onico contato visual
clm uma anta (Taphus terrestris)ocorreu num itiner6rio na regiSolll
(embora pegadasde anta foss€m encontradaspor toda a Reserva),
tudo irso sugerindopouca perturbaceocausadapor cagadores.O volume de "tr6fego" nas estradasda Reserva,ao menos durante nosso
estudo,era pequenoa ponto de ser inteiramenteirrelevante,
embora
de qualquermodo uma estrada"arterial" como a estradada Gdvea(ao
longoda qual se concentraram60% dos pontosonde registramos
mutuns) deva suportar um volume de "trdfego" proporcionalmente
que atravessam
muito maiorquequalqueruma dasestradas
a regiaolll
ou a porgSosul da regieoll. A exemploda alegada
contigiiidade
com
Sooretama,n6o vemoscomo issopoderiainfluenciara situag5o.E necess5riobuscaruma explicagSoneo so para a relativaabund6nciada
esp&ie na regieoI como tambampara suadiminuiCSo
em outraspor(a
Reserva
aparentemente
adequadas
da
contiguidade
com Soore96es
tama6, todavia,discutidano final destasec6o).
qualquerdiferengasignificativa
N6opercebemos
entrediversostrechos
da florestaque pudess€explicara distribuiQeo
do mutum tal como a
caracterizamos.O n!mero de ,rvores emergentesparecealgo varidvel
de lugar a lugar, havendo tamb6m uma penurbagSo, em diversos
graus, na borda da mata imediatamenteadjacenteis estradasque a
atravessam.e ess€sdois fatores combinados orovavc:menteconduziram-nosa falhasde interpretagdoa respeitoda qualidadeda mab,
deixando-noscom sentimentosimprecisosem relacSoao que s€ria
"floresta primdria" em diferenteslugares.Todavia,ndo relacionariamos tais impres!6esa qualquerpadreo,embora Benato Moraesde
Jesustenha nos informadooue a drea basalmexima encontradana
regiSolll €-de somente28 m2 por hectare.enquantona regiaoI d
de ati 42 m' por hectare,
Um aspecto not6vel das regi6es lll e lV 6 a naturezabastantemais
acidentadado terreno. lsto pode s€r percebido facilmente quando se
percorre a estradado Flamengo.Atd a estradada PerobaAmarela o
caminhosofre muitos aclivese declivescruzandocurrcsd'6gua,masa
partir desseponto {ou seja,no inicio da porgSonorte da regieoll) o
as maisproterrenofica muito maisplano.Na regieolll asravinassa-o
l9
Eipaco, Ambi€nte e Plan€jamento, vol. 2, n9 8, set. 88
(da Diretoriade
fundasde toda a Reserva.Na FiguraI reproduzimos
Geoddsiae Cartografia,
1979)a curvade nivel de 50 m que atravessa
a
Reserva,
o que torna um poucomaisevidentesuadiviseotopogrAfica.
Valeriaa pena investigarfuturamentese tal diviseopoderiaestarrelacionada a distribuiQSoda populaQeode Crax blumenbachii na Reserva.
Em florestaspluviaistropicaisna peninsulada lVa16sia,
algumasesp6de sobreviver- e outras sobrevivem
cies de baixadasdo incapazes
apenasnuma densidademuito baixa- mesmonasprimeiraselevag6es
(estefen6meno6 discutidopor Collare
de terrenosmaisacidentados
Round,no prelo).
que naspartesmaisaltase maisprofundamente
Podemosespecular
recortadasda Reservaa umidadese escoeum poucomaisrapidamente.
lsto poderiaser o bastanteparatornar ascondi96esno pisoda floresseca(abrila setembro)- menosprota - ao menosdurantea estageo
pfciasparao mutum que asprevalecentes
nas6reasmaisbaixas.Existe
que podeao menossermenum complexoconjuntode possibilidades
cionado.Doengas
e prevengeo
de doengaspodemvir ao caso.Predaqa'o
poderiamtamb6mestarrelacionadas
e prote9eocontra predadores
ao
problema(folhassecasno solo podemfazer mais ruido quandopisadaspelasavesenquantoprocuramalimentoe portantodenunciarsua
presenga).
preA incidanciade frutos caducos{ao menosdasespdcies
feridaspelosmutuns)pode ser maior nas6reasmaisbaixasdurantea
estageoseca.Uma vez que a chuvaobviamentegeracondig6esapropriadaspara nidificac;o,ireas mais imidas devem ser naturalmente
mais favor6veis,
de algumamaneira,i reprodugSo,
de modo que na
estagSosecatalvezocorra um deslocamento
das avespara as regi6es
mais baixase tmidas, numa competiqaopelos melhoresterrit6rios
para nidificar.lssopoderiatalvezexplicarnossaobs€rvageo
de quatro
machosem I de outubro, caminhandojuntos na estradada Gdvea
(ponto r da Figura4). Poderiamser individuosque neo tinham - ao
menosainda - conseguido
estabelecer
territ6rios.E possivelque, iniciando-seas chuvas, eles se movessempara oeste em direcSoa terras
para nidificar (podendohaverassimuma estaqeorepromaiselevadas
dutora escalonada,
como ali6ssugeremas datascitadasmaisadiante).
em julho de 1985por funciondOs dois paresde mutunsencontrados
rios da Reservana estradado Flamengo(ponto h na Figura5) poderiam assimser vistoscomo um par e seusdois filhotes jd crescidos
nascidosmuito maistardenaquelaestaggo
mas aindadependentes,
do
em 6reasmaisorientais.
oue os mutunsnascidos
parao fen6menoobserExistem,6 claro, outraspossiveisexplicaQ6es
feita acimaj6 6 suficienteparaindicarque o
vado, mas a especulagSo
maisdetalhada,nio apenasem funceo
tema mereceuma investigagdo
conservacionistas
como tamb6mpelo
de suasimportantesimplicag6es
cientifico.
seuintrlnsecointeresse
E s p a 9 o ,A m b i e n l e e P t a n e i a m e n t o v, o l . 2 , n 9 8 , s e t . 8 8
Vale dizer que todosos nossosregistros
de duasoutrasavesque vivem
no chSo da floresta, o macucoTinamussolitarius e o uru Odontophorus capueira,restringiram-se
igualmenteds dreasbaixasda Reserva,
o
macuconasregi6esI e ll e o uru somentena regieol. Temosque mencionar tamL€m que. em aparentecontradiQeo
d nossaespeculagao,
Sick (apud Delacour & Amadon, 1973) enconlrou Crax blumenbachii
em regiaode relevoacidentado,"cortado por c6rregos",perto do vizinho rio S5o Jos6antesda derrubadadas matasque o circundavam;
contudo. isto ocorreu em dezembro/janeiroe, em todo caso,Sick
que "os mutuns gostavam
assinalou
de visitar6reasrestritascom vegepor exemplodsmargens
taQaode menorporte existentes
dos rios mais
largos,em pequenasv6rzease barranqueiras
inclinadas,
todas,no entanto. cobertasde mata", o que aparentemente
significaque mesmo
iquela 6pocado ano os mutunsprocuravamlugaresmais0mldos.
Ainda que nossaespeculagSo
sobreo papelda altitudena distribuigSo
do mutum na Reservasejaplausivel,n6oexplicaporquen5o o encontramos na porgeo meridionalda regieoll, que 6 tao baixaquanto o
restoda regieoll e a regiio l. Todavia,como a dreafoi exploradadupodemossimrante um rinico itinerdrio(e numavisitaao entardecer),
plesmenteter tido pouca sorte.Uma outra possibilidade
6 a de que, a
que afirmamter
despeitodas informag6es
de funcionariosda Reserva
encontradoa esp6cietambim ali, a mata nessa6reapode ser excessivamentepequenae isolada(insuficienteportanto para manter uma
populagSode mutuns)ou mesmoa caqaclandestinapode ter contriexpostoda
bufdo para a sua elimina9Sodesterecantorelativamente
Reserva.
N5o se sabeporque a chuva geracondig6espropicias d reprodugeode
Crax blumenbachiilo que, em todo caso,6 apenasuma assunqSo),
mas
pareceprov6velque sejaem virtude de uma conseqoente
abund6ncia
de alimentos.Os mutuns sdodependentes
de invertebrados
terrestres
para se alimentardurante os seusprimeirosest6giosde crescimento
(Delacour& Amadon, 1973) e um periodoprolongadode chuvaspode ocasionarum aumentona abund6nciade invertebrados
na camada
de detritosdo solo da mata.Ao crescerem,
os filhotesde mutum adotam o regimepredomi6antemente
frugivoro de seuspais {Delacour
& Amadon, 1973) e, maisuma vez,podeserque uma certaquantidapara deflagraro processoreprode e durageode chuvasseianecess6ria
dutivo nas aves,de modo que uma previstvelprodugio de frutos em
quantidadesuficienteno territ6rio - se as avesmant€mterrit6rioscoincidacom a 6pocade mudangano regimealimentardosjuvenis,E
provavelque ambosos fatoresatuemno caso.
Durantenossoestudo,nio encontramosqualquerevid6nciasegurade
nidificag6o,al6m do canto de machos,mas mesmo issondo 6 certo
que estejaligadoexclusivamente
a atividadesreprodutoras.
Todavia.
em uma ocasido,em 9 de outubro, um par foi espantadodo cheoda
E s p a g o ,A m b r e n t e e P l a n e j e m e n t o v, o l . 2 , n 9 8 , s e t . 8 8
mata (ponto p na Figura4) e, enquantoo machoafastou-se
desaparecendo como por encanto.a f€meavoou e pousouacimado observador, emitindo seugrito de alarme.Essecomportamentoera um forte
por filhotespequenos,
indicio de que ela poderiaestaracompanhada
n5o teve6xito. Se issofosse
masuma buscano sentidode encontr6-los
verdade,os ovosdevemter sido postoscercade 35 diasou maisantes
daqueladata,ou seja,at6 no mdximoa primeirasemanade setembro.
lsto nio 6 de todo inconsistente
com outrasevidancias,
nem com a
alegaceode que a chuva deflagraa rep.odugio nessasaves.Sick (apud
Delacour& Amadon,1973) relataa opini5olocalde que os ovoseclodem em outubro; Wied lapud Delacoor& Amadon, 1973) registrou
acasalamento
ocorrendoem novembro,dezembroe janeiro;Scott &
(1985)
Brooke
encontraramuma f€meacom dois filhotespequenos
em janeiro;e Teixeira & Snow (1982) encontraramum ninho com
ovos em 15 de novembro,ao mesmotempo em que outros casais
tinham, ou foi dito aosautoresque tinham.filhotesjii bem crescidos,
com cercade 100 diasde idade;estesdevemter nascidode ovospostos no comecode julho, o que 6 quaseteo dificil de acreditarquanto
de exolicar.
Todavia, a despeito da escassez
de evid€ncia,parece-nosprov5velque
a aparentevariagSode datas de posturasentre diversosanosseiadevida a uma prolongadaestageoreprodutivadentro de cadaano.Alguns
casais,em territ6riosonde certas6rvoresfrutifiquem maiscedo que
em outros lugares,podem ser capazesde se reproduziraos primeiros
sinaisdo t6rmino da estageoseca,em agosto;outros podem ser obrigodosa esperarat6 dezembroou ianeiro.
RenatoMoraesde Jesustamb6mcompanilhanossaopinieode que a
mata 6 maisOmidana regiSoI que em qualqueroutra parteda Reserva, fato que eleatribui nao s6 a um escoamento
maispronunciadodas
porg6esocidentaismaiselevadas,
como tamb€ma uma maior irrigagSo
da regiEoI por cursosd'6guaque se tornam mais lentose maislargos
no rio BarraSeca
nessaporgSomaisbaixado terreno,ondedes6guam
a norte e a este. Esseponto de vista e a nossapr6pria especulag6o
n6o
s€ excluem,6 claro, sendo pelo contrdrio bastantecomplementares.
Todavia,a opinieode Moraesde Jesuspossuia vinude de ressaltar
a
possivelcorrelagSo
entre a distribuicdo(ou ao menosdensidade)
de
Crax blumenbachii e a presenQa
de algum outro tipo de habitat al6m
de florestaprimariamadura.lssopode ser uma pista falsa,masvalea
penaprossegurr
um poucopor ela.
que uma
claramente
entre as figuras2 e 3 evidencia
Uma comparagSo
grande proporgeo de nossos registros de Crax blumenbachii deu'se
pr6xima a outros tipos de vegetageo.em muitos casosvegetageopaludosa (brejo). Sick (apud Delacour& Amadon, 19731relatouque os
cracfdeos(ou seja,mutunse afins)is vezescolocamseusninhosacima
da agua,e esteera o casodo ninho encontradopor Teixeira& Snow
E s p a g o ,A m b i e n t e e P l a n e j a m e n t o v, o l . 2 , n 9 8 , s e l . 8 8
{1982) i margemde uma lagoa,numa drvoredebrugadasobre ela.
- se 6 que elaexiste- da esp6'
Podeser,contudo,que a necessidade
cie seja por habitat i borda da mata. Excetuando'seapenasum caso,
todos os nossosregistrosde mutuns foram obtidosem caminhosna
largospara causaruma distinta interrupqeo,
florestasuficientemente
ainda que pequena,na ab6bodada mata (com issopermitindoo deheli6fila
senvolvimento
de uma fina masdensa"parede"de vegetagdo
na orla da floresta).A excegaoa que aludimosfoi nossoregistromais
setentrional(ponto a na Figura4), maselefoi feito de uma picadaestreita situada entre a mata e o breio e margemdo rio Barra Seca,de
modo oue tamt|6m neste caso estava oresente borda de mata no
habitatda aveque vocalizava.
Como dissemosanteriormente,
um dos
ninhosencontradosem Linharesestavabem ao ladode um aceiro,e o
outro bastantepr6ximo, ao mesmotempo, de uma estradae de um
brejo.
pr6priasobservag6es,
E claro que no casodesses
ninhose no de nossas
a concentrageode registrosperto de estradaspode ser apenasum reflexo de uma utilizaceomuito maior das mesmaspelosfuncion6riosde
Reservae por n6s mesmos,em comparac6ocom o uso das picadasno
interior da mata, que seo em todo caso muito maiscurtase menos
numerosasoue as estradas{embora as tenhamosexploradotanto
quanto posslvel).Apesardisso,n5o conseguimos
obter qualquerevid€ncia inequivoca de que Crax blumenbachii sejauma esp6cieestritaos guardasndo puderamnos
mente florestal.Mesmoem.Sooretama,
da mata;afirmaramque os
dizersea espdcieeraencontradano recesso
mutuns podiam ser vistossobretudoem uma certa estradaque perNasduas
corre a parte setentrionalda Beservana diregaoleste-oeste.
segundoos guardase D. A. Scott (com. pess.1985),os mureservas.
tuns v€m para as estradasap6sa chuvapara secare ajeitara plumagem. A presengade pegadasjunto a pocasd'dguanasestradasnos deu
enquana impressSo
de que as avespodemtambdmali sedessedentar,
to Delacour& Amadon (1973) se referemd ocorrenciade banhosde
poderiamportantoter m0ltiplas
sol e poeiraentre mutuns.As estradas
valor paraa esp6cie,
emborase
utilidades,sendoassimde considerevel
possapresumir que a mata adjacentea brejos seiatambdm capaz de
fornecer espago para as atividadesde manutengeocitadas anteriormenre.
Finalmente,temosque nosreferira Sooretamae ao problemada caqa.
Collar, em seu projeto de pesquisainicial,baseadona informaceode
que Linhares e Sooretamas6o contlguas, sugeriuque, se Sooretama
fosse menos etetivamenteprotegida contra a cagaclandestinae s€ os
deslocamentos
sazonais,
existiao perigode que
mutuns realizassem
mutuns nascidosem Linhares pudessemser perseguidosem Sooretama, Todavia. a despeito da nossaespeculag5ode que pode ocorrer
uma movimentageodessasavesatravdsda mata, estamosbastantesc
guros de que a conexSocom Sooretamanao representauma ameaga
23
24
E3pa9o,
Ambient€e Planeiamento,
vol.2, n9 8, !€r.88
muito s6ria.A zona de contato entre as duas reservas
6 relativamente
pequenae mesmoa por9io principalda Reserva
de Sooretama6 cortada em suaextremidadeorientalpelarodoviaLinhares- S5ol\4ateus.
S€gundoDelacour& Amadon{1973),mutunsnio realizamlou apenas
raramenteo fazem) v6os prolongados,sendonormalmentecapazes
por um
de asasseguidas
apenasde dar umaspoucasbatidasvigorosas
vdo planado.Um v6o sobrea rodoviaBR 101
longo e desc€ndente
se{que 6 margeadados dois ladospor uma largafaixa de vegetagSo
cunddria) parece improv,vel de ocorrer, iK, menos regularmente.
Ouase certamente,portanto, se os mutuns de Linharesrealizam
"passeios"paraal6m de suasdivisas,devemchegara apenasuma pe.
quenaporgSoda Reservade Sooretama,e assimsendoo risco para a
esp6ciepareceminimo. Todavia,se essapequenaporgSode Sooretama for invadidacom muita freqii€nciapor cagadores{e n6o parece
claro o que os guardasdo IBDF podem tazer parc impedir isso),a
CVRD poderia propor um acordo mutuamentesatisfat6riocom o
IBDF paravigiara dreaem nome deste6195oou mesmoadquiriressa
porcio da Reserva.
Sick (apud Delacour& Amadon. 1973) refere-se
a um aparenteexde Sooretama.
com basenumaobservacessode fameasna populaQSo
Qaofeita em janeirode 1961 - de um grupo de setemachose doze
pelosguardas
lemeasque sealimentava
de restosde comidaJornecidos
nasproximidadesda sededa Reserva.
Delacour& Amadon(1973) interpretaramestefato como, muito provavelmente,
o resultadoda atividade venat6ria,uma vez que os machos,por seu canto, sio mais
lSceisde seremtocaiados.Vinte anosdepois,em janeirode 1981,de
24 mutuns vistosem tres semanas,
nove eram machos,11, f6meas,e
quatro de sexo indeterminado(Scott & Brooke. 1985). Poucacoisa
podemosconcluir a partir dessen0mero,mas valerianotar que em
principalmente
Linharesencontramosmuito maismachosque tOmeas,
pela vocalizaQeo,
e issoao menossugereque a ca9aneo € um fator
limitante na Reserva(ou ao menos na porgio em que encontramos
mutunsl.
Existem,naturalmente,
outrasireas tlorestaisndo protegidas
adjacen'
tes d Reserva
de Linharesnasquaisos mutuns Dodemeventualmente
penetrar e ser caQados.Achamos, todavia, que esterisco 6 pequeno,e
mfnimasas chancesde que isto tenha um efeito nocivosobrea populag6o de Linhares.N5o estamoscertos quanto a aplicaceodo C6digo
Florestalbrasileiro,que requera manuteng6oda metadede uma propriedadequalquer recoberta pela floresta nativa no casode o restante
ser derrubado.Ndo hd qualquerevid6nciade que essalei tenha sido
respeitadanas cercaniasda Reservade Linhares;conclamamosa
a estrita
CVRD, no entanto,a Jazero esforQopossfvelparaassegurar
obedi€nciaa essalei nas terras contfguasAs da Reserva.de modo que
da mata fiquem limitrofes i suapropriedade
as parcelasremanescentes
e possam,em 0ltima anelise,sera ela incorporadas.
E s p a g o ,A m b i e n t e e P l a n e j a m e n t o ,v o l . 2 , n 9 8 , s e t . 8 8
25
Torna-se 6bvio a partir da extens5n e da naturezadessadiscusseoque
os dados sobre CGx blumenbachii s5o ainda muito poucos para permi'
t i r u m a s i m p l e s i n t e r p r e t a q S do e s u a h i s t o r i an a t u r a l e , c o n s e q t e n t e mente, do que d necess6riopara sua conservaqSo.Apesar disso, os resultados que trazemos representamum desafio para que se acumulem
novos dados sobre a especie,tanto pelo seu interesseintrfnseco quanto pelo seu valor pr6tico. Nossasrecomendac6esinclinam-se,portanto, no sentido de se iniciar um programa de pesquisa intensivo sobre
. s s ap e s q u i s ad e v e r i ad e
l o u d e a l g u m m o d o e n v o l v e n d o )a e s p 6 c i e E
orcferdncia ser precedida de um levantamento de todas as localidades
mencionadas no terceiro par6grafo da secao ldeste relatorio. Tal levantamento reverteria em importante informaceo de valor comparalivo, especialmentesobre habitat e possivelmentesobre densidade po
p ,e r m i t i r i ad e l i n e a ra
p u l a c i o n a l .D o p o n t o d e v i s t a c o n s e r v a c i o n i s t a
Beserva
pesquisa em Linhares dentro de um contexto mais claro (o mesmo
florestal de
valendo para o trabalho proposto a seguir com relacSo d criaqSo de Linhates / CVRD
m u t u n se m c a t i v e i r o ) .
26
Espago, Ambiente € Plan€iamonto, vol. 2, nq 8, s6r. 88
CriagSode animair em cativeiro e o casode Crax blumenbachii
A perguntadeve ser feita: para que servea criaCeode animaissilvestres
em cativeiro?
Serve,obviamente,como um importanteinstrumentoparaa conseryaQeo,mas normalmenteapenasquando o habitat de uma esp6ciefoi
destrufdo atd o ponto em que n6'o 6 mais capazde mant€-la (neste
caso, a menos ou atd que o habitat possaser restaurado,a espicie 6
condenadaa viver exclusivamente
no cativeiro)ou ouandoa cacareduziu o tamanhoda populagSoa nlveiscriticos,Aldm disso,a criaqeo
de animaisem cativeiropode ser um simplesprazer(muitoscriadores
parlicularesfazem issosemvisarlucro, mascom um vivido interesse
em propagaresp6ciesraras ou belas),uma Jonte de orgulho e de
"status" (muitosjardinszool6gicosforam criadosa panir de uma rivalidadeentre administrac6es
de localidades
vizinhas)ou aindatonte de
lucro (o com6rciode animaisraros nascidosem cativeirod esoecialmente rendoso).
Como conservacionistas
s€ntimosque sempreque uma esp6cieamea.
gadade extincSoestiverenvolvida,a primeiracoisaa ser levadaem
conta 6 sua protegio, e nao estamosainda convencidosde que Crax
blumenbachii orecisas€r criado em cativeiro Darater aumentadassuas
p€rspectivas
A despeitodisso,jii que a CVRD mande sobrevivencia.
tdm cinco mutuns(um machoe quatro t6meas)em cativeirona Reserva de Linhares,6 obviamente melhor tentar sua reproduqaodo que
permitir a perdade seupotencial;com essafinalidade,reunimosasinformag6esa seguir.
Visitamosdois criadoresde mutuns:PedroNardellie Jos6SalazarMachado. Falamos ainda, pelo telefone, com duas outras pessoasque
mant€m Crax blumenbachii em seus criadouros: Hugo Barroncase
Roberto Azeredo. Sabemosque existem ainda outrascolec6esonde se
encontramindividuosda esp6cie:o Jardim Zool6gicodo Rio de Janeiro e o Jardim Zool6gicode Sorocaba(Silveira& Pais,1986) e o
Jardim Zool6gicode S5o Paulo.Ao iodo existiampelo menosquatro
casaisna cidadede Seo Paulo{C. Torresin litt.,1985l. AugustoRuschi, do Museude BiologiaMello Leitao (ES),costumavamantere reproduzir a esp6cie(H. Sick com. pess.,1985).A aparentefacilidade
com que Crax blumenbachii ainda pode ser obtido por comerciantes
na natureza6 motivo tanto de surpresaquanto de preocupagao.
Nardelli mant6m quatro individuos(dois casaislem seu avi6rio;s6
pudemosver um macho. Ele alegaque havia muito mais em anos
passados,
a maiorianascida16mesmo,e explicaque os distribui para
outros lugares,inclusivepara o Jardim Zool6gicodo Rio. Segundo
disse,seusexemplaresvieram "da regi;o de Linhares".
vol.2, n9 8, sst.88
Erpaco.Ambisntee Planoiamento.
Machadotem quatro mutuns (doiscasais),
vindosdo EspiritoSantoe
possuiutamdo mineiro RobertoAzeredo(um exemplar);no passado
bdm um outro individuoproveniente
de um criadorfalecido,chamado
Paduin. Machadoesperavaconseguirnaqueleano pela primeiravez
lilhotes de Crcx blumenbachii nascidosem seucriadouro.
Barroncaspossuitamb6mquatroexemplares,
sendoum machojuvenil
e tr6s femeasadultaslele teve um onico macho hd algunsanosmas
cedeu-oa um amigoque tinha uma fimea). Seusmutunsforam obtidos de um comerciante no sul da Bahia.Ainda n6o conseguiua reproducdo da esp6cieem seu criadouro, mas tem obtido crias de outras
esp6ciesde mutum.
Azeredo afirma que possui34 exemplaresde Crax blumenbachii,e na
€poca teria ovos da espdciesendo incubados{nossocontato foi em 16
de Craxblude outubro de 1985). Em maio de 1987,75 exemplares
menbachii estavamsendocriadospor Azeredo {W. Oliver, rn //tt.). Seu
plantel original constou de dois casaiscapturadoscom redesnuma
ceva instaladana floresta enteo existenteentre Pradoe Alcobaca {BA)
em 1978, mas n5o pudemosesclarecer
se todo o seu plantelatual 6
quatro primeirosindividuosou sealorigindriodo cruzamentodess€s
guns outrosexemplares
silvestres
com outroscriadores
ou permutados
foram obtidos posteriormente.
que se reproduzcom
€ evidente que Crcx blumenbachr'i6uma es6r6cie
relativa facilidade em cativeiro. Em nossosdiversoscontatoscom criadores aprendemosque os mutuns devemser mantidosaospares(e ndo
em gruposmaiores),e cadapar precisade apenasum pequenoviveiro
incluindopoleide vegeta9ao,
de, p.ex.,3 x 3 x 3 m, com abundAncia
ros,folhassecasno piso,e 50%de sombrae 50%de luz solar,
Tanto na colec6ode Nardelliquantona de Machado,o localfornecido
paraa postura{ninho artificial)erauma cestalargade vime,inclinada
perto do teto do viveiro,
a 60 grausa partir da verticale posicionada
Nardellialirmou que os
com a "entrada" de lado para o observador.
dois ingredientesprincipais para se obter sucessona criaqSode cracie um ambientetranquilo;neste!ltimo caso
deoss5oboa alimentagdo
para
emparedados
ele recomendouo uso de viveiroscompletamente
minimizara penurbacSovisualcausadapor visitantesou por avesem
que a previveirosvizinhos.Tanto Nardelliquanto Machadodisseram
pessoas
perto
senQade
as estranhases aves)
dos viveiros
{especialmente
podedetlagrarum comportamentoagressivo
dos machosem relageois
suas companheiras,o que pudemostestemunharno criadouro de
Machado.
O alimentofornecidopor Azeredoaosseusmutunsconsistede rag6o,
banana,goiaba,mamio (cujassementesatuam como vermifugo)e
abacate{item muito importante na sua opiniSo).Tambdm fornece
cilcio {industrializado
ou cascade ovo moida),que melhoraa capaci-
27
28
Etpe9€,Ambionto€ Planejsmento,
vol. 2, n9 8, rot.88
dade de postura das f6meas,.eos filhotes s6o alimentadoscom larvas
de insetos. Machado alimenta seus filhotes de cracfdeoscom uma
mistura de frutas e ovos picados,d qual saoadicionadaslarvasde ten6brios (um tipo de besouro).
No avidriode Azeredoos mutunscomecama se reproduzirem outubro, com a chegadadas chuvase o aumentoda temperatura.Em 90%
dos casosa fomea p6e dois ovos, em 10%, p6e trCs;os ovos s5opostos
em dias sucessivos,
em 95% dos casosentre 17h30mine 18h30min.
Nardelli retira a primeira e a segundapostura,para estimulara fdmeaa
p6r mais ovos, mas evidentementedeixa algunsovos para seremchocadospela pr6priaave.Azeredo,igualmente,
removealgumasposturas
e permite que as avesincubem seuspr6prios ovos numa certa proporC6o. Ambos usam chocadeirasanificiais; Machadoutiliza-seainda de
galinhaschocaspara incubarovos de mutuns. Azeredodisseque os
filhotes nascidos em chocadeirae criados nas m6os de uma Dessoa
ficam muito ligadosa elas; Barroncastamtr€m nos preveniusobreeste
problemaa partir de suaexperiencia
com outrasesp6cies
de mutum.
Tanto Machadoquanto Azeredo diss€ramque os filhotes criados por
seuspr6prios pais s5o geralmentemais 6geise espertos,mas n5o ficou
claro com que frequ€ncia eles deixaram que issoacontecesse.Os iovens tornam-se adultos aos tr€s anos de idade; alguns machoscomegam a copular jd aos dois anos e meio. Os mutuns sao mon6gamos,
embora Ruschi (apud Delacout & Amadon, 1973) afirme que seo
pollgamos;6 possivelcolocarum machoiunto a duasfemeas.masas
fdmeas podem se agredir mutuamente, Em geral o macho d o mais
violentodo casal,
Os mutuns calivos em Linhares s6o um macho {A) e quatro tameas
lB. C, D, EI- 8 e C s5o irmis, com cercade oito anosde idade,nascidasde ovos recolhidosde um ninho em 1977 lponto o na Figura5).
A e D sdo tam*m irmios, com aproximadamentetrEsanosde idade,
provenientes
de ninho achadoem 1982 lponto d na Figura51.€. com
um ano de idade,foi capturadaainda filhote em 1984 {ponto b na
Figura5).
Essasavess5o mantidasem tr6s viveiros,separadosentre si por 50 m
oelo menos.Todos seo basicamenteestruturasde tela de arame.O vi.
veiro l, orde estao os mutuns 4 e 8, 6 circular, com um diemetro de
e uma alturade 5 a 7 m {5 m na parte
16 m (50 m de circunferencia)
maisexterna,7 m no centro).Construidoem torno de uma 6rvore,6
bem sombreadopor vegetacio. Os dois viveirost€m dimens6esid€nticas, mdem 20 m de comprimento (ao longo de uma suaveinclinageo
d o t e r r e n ov o l t a d ap a r ao n o r t e ) ,1 0 m d e l a r g u r ae 2 a 4 m d e a l t u r a
{2 m na pade maisexterna,4 m na parte central). Nassuaspartesposteriores, e mais elevadas,hd uma dreasombreadacom paredesde alvenaria. No viveiro 2, o mais pr6ximo da casade h6spedes,esti o mu-
Ambientee Planejamento,
Espaco.
vol.2, n9 8, sot.88
tum C; nele existe muita sombrafornecida por arbustos.No viveiro 3,
onde se encontramos mutunsD e F, n6o h6 qualquersombranatural,
emboratenham sido plantadasalgumas6rvores.No viveiro 1 os mutuns dividem seu espaqocom umas poucasoutras aves,todas relativamente silenciosas.No viveiro 2 estSotamb€m alojadasmuitas avesmenores, mas elas passama maior parte do tempo nos arbustose nio s6o
muito incdmodas.No viveiro3, contudo,asduasf€meast6m que con.
vivercom uma grandequantidadede pequenas
e ruidosasavescanoras.
S€undo R. M. de Jesus,os mutunsmantidosno cativeiroem Linhares
s5aalimentadosdiariamentecom uma misturade caniiquinha,milho,
ra95ode postura,banana,mamdo,goiabae iaca (asduas0ltimasdurante a safra).A e I t'm e suadisposigeouma pequenacestade bambu colocadana verticalpara nidificarem.Ela foi aparentemente
usada
em 1985 paraa posturade um ovo, masneo foi feita qualquertentativa de incub6-lo,nem por I nem pelosfuncion6riosda Reserva,Essa
cesta neo parecesuficientementegrande e sombreadaem comparagio
com as usadasgor Nardellie Machado.O machoemitiu seucantodurante todo o tempo de nossaestadana Reserva,e estava,presumivelmente, em seu primeiro ano f6nil. Neo se sabeseo ovo posto por sua
comoanheira
era fecundo,
Podemosdize. que as instalag6esna Reservasec razoavelmenteboas
para se obter a reprodugSodos mutuns, precisandoapenasde alguns
aiustes. Haveria,entretanto, a necessidde de um investimentoconsider6vel de dinheiro e mesmo de pesrcalcaso se pretendessefazer da
criageode mutuns em cativeirouma pr6tica mais sdriee intensiva,
Nossasrecomendag6essio no sentido de ajustesreo intensivosao
invds de uma produgeo em grande escala.No momento conhecemos
muito pouco da situaceode Crax blumenbachii na naturezaDarasaber
o exato valor que representasuapropagaQeo
em cativeiro. Se puder ser
demonst.ado, atrav6sde pegquisa,que a espdciepode sobreviverna
Reservade Linharesdesdeque o atual sistemade manejo seja aplicado, ou feitas umas poucas modificag6es, recomendarlamosque a
CVRD investisseseu dinheiro na manutenCeoou modificaqeo dess€
sistema,e nio em um programade criag5ode mutunsem cativeiro.
Em relagaoao uso de mutuns nascidosem cativeiro para repovoarcerprimelropesquisarpara
tas 5reas,deve ser lembradoque 6 necess6rio
descobrir se essasereasexistem, se a causa do desaparecimentoda
esp6cie6 natural ou por interferenciahumana. e - muito importan.
te - se tal desaparecimentopode ser evitado no futuro. Neo faz sen.
tido gEstartempo e dinheiro acumulandoavesem quantidadesuficiente para repovoaruma floresta de onde a esp€ciefora previamente
exterminadapor cagadores,se os cagadorespuderem continuar a agir
livrementecomo antese reDetiro extermfnio.
29
30
Eapaco,
Ambientee Planeiam.nto,
vol. 2, n9 8, set.88
Uma colecSolimitadade mutunscuidadosamente
mantidosem Linhares pode ser usada com prop6sitos ornamentais,para cenos estudos
cientfficoscomparativos(paralelosou complementares
aquelesreco.
mendadosem relacaois avessilvestresl,e como uma reservaou estoque besicoparao casode se concluirque um programaintensivode
reprodugSoem cativeiro poderia ser de especialvalor na conservag'o
da espdcie.
RECOMENDAg6ES
Recomendamos
com veemenciaque a CVRD continue a protegera
ReservaFlorestalParticularde Linharescomo um santu{rio da nature
za brasileirae em particular da Mata Atlintica, id bastanteameaoadae
empobrecida em outros lugires, e tamb6m como base para estudos
cienttficos. Com esta finalidade a Companhiapoderia inclusivesolicitar o reconhecimentoda Reservacomo um refugio particular, nos
termos da Portaria327/77-P do IBDF.
Propomosque seia iniciado em Linharesum programade pesquisasobre o mutum Crax btumenbachii em estado silvestro,estenderdes€
por um certo nomero de anos e utilizando, entre outros mdtodos,radiotelemetris e observagtodireta, com o obietivo de conhecera dinamica e a ecologiada populagSo(incluindo preterenciasde habitat, alim€nta9eo,organizaciiosocisl, etc.). Essapesquisa,que visariatambdm
obter uma estimativado n0mero real de mutuns existentesna Reserva
e fornecer um m6todo de monitoramento permanenteda populag6o,
seria de grandevalia para se esclarecercomo a Res€rvapoderiaser ma.
neiada para garantir a sobrevivenciada esp6ciea longo prazo, o que
poderia ser aplicado tambdm 6m outros lugaresonde a esp6cieainda
ocorra.
Sugerimosque outros estudossobrea fauna e sobrea tlora, suasinter-relac6ese interac6es,seiamconsiderados,atravdsdo desenvolvimsnto
de um plano integrado de p$quisa, envolvendo,p. ex., botenica,silvicultura, hidrologia, mamalogia,entomologiae herpetologia.Documenta€o bdsicasobre todas as es#cies de vertebradose de grupos cons.
olcuos da invertebrados(tais como borboletas) seria uma valioss me
dida inicial. Soria oanicularmente interessantea realizac5ode estudos
sobrepoliniza€o I sobredispErseode sementesna tloresta, o que viria
a complementarestudossilviculturaisi6 em andamonto.Pderia serds
senvolvido,por exomplo, um proieto para investigsro p8p€l das av6s
que se alimentamde frutos no €cossistema
da R$erva de Linhares.
vol.2, n9 8, $t, 88
E!pa9o,Ambientoe Planoiamonto.
Propomosque as condi96esdos viveiros de p5ssarosexistentesem Linharessejam modificadasde forma que a reprodugSodos mutuns ali
mantidos sela facilitada, mas neo intensificada.Outro mutum macho
poderia ser obtido de um criador como R. Azeredo, a fim de que um
segundocasal possase adaptar e reproduzir; mas nenhum outro ovo
ou filhote deve ser apanhadona pr6pria Res€rva.Uma vez que os mutuns comecema se reproduzir, os viveiros maiores (2 e 3) podem ser
zubdivididospara alojar melhor o plantel. Nessefnterim,6 preciso
para descobrir se existem outras
uma s6rie de estudose investigag6es
florestas onde seja genuinamenteposslvel introduzir ou reintroduzir
mutuns nascidosem cativeiro {v. nosrcscoment6rios anteriorss},ou
se haveria parquesou jardins ornamentaisonde o plantel obtido em
(como
Linharespudesseser introduzidoem regimede semi-liberdade
i feito em alguns lugarescom pav6€s).Com bas€ nos resultadosde
tal trabalho, a criaqSode mutuns em cativeiro em Linharesteria que
ser revista,
31
c2
E.p.go, Ambi.
.. Pl.n i..n ito, rrol. 2, n9 8, .r. 88
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FOTOGRAFIAS
Ar fobr toram G.did|r pah SupcrinundCnciad. ComuniorCo EmDl|r.rhl d. CVRD.
AGBAOECIMETOS
Somo:gratosI ComprnhirV:le do Rio Docop€b oportunidads
que
nos otsrecsude trsbslharam Linhares,s om paniculara Mariade
lourd3| Davi$ do Frcit$, MdrloBorgonovi,
AgripinoAbranch6Vi&
ns r Ronrto Mor!6 dc Joart s a toda a suaequipenr Rectva.
Agrdccemoc trmb6m 80 Intomational Watsrfowl RcrearchEursar. e
rm plrticular a Drrek A, Scott, palasprovidancirr tomrdrr paraa realizato d6te 6trdo; sd3lviqlltor.s H. Barroncd Con€a,J, S. Machado, R. M. de A. Azarcdoc P, M. Nadelli por nra gcntilczaomfornecer
drdoc :obre :arr plent6ir; I H.lmut Sick, A. Aouirre e a f8lecidaC.
Torrcc pcla: informag&r qu. nor Bdcram 6 que muito arxiliaram na
deststnbalho,
Praparacao