VI Seminário Paranaense de Meliponicultura
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Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura 16 e 17 de novembro de 2012 Universidade Estadual de Maringá – Maringá – PR Organização Coordenador Geral: Vagner de Alencar Arnaut de Toledo Comissão Organizadora: Maria Cláudia C. Ruvolo‐Takasusuki Lucimar Pontara Peres de Moura André Luiz Halak Heber Luiz Pereira Comissão Científica Maria Cláudia C. Ruvolo‐Takasusuki Lucimar Pontara Peres de Moura André Luiz Halak Heber Luiz Pereira Dados Internacionais de Catalogação‐na‐Publicação (CIP) (Biblioteca Central ‐ UEM, Maringá – PR., Brasil) Seminário Paranaense de Meliponicultura (6. : 2012 : Maringá, PR) S471s Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura : 16 e 17 de novembro de 2012 / coordenador Vagner de Alencar Arnaut de Toledo. -- Maringá : UEM/DZO, 2012. 1 CD-ROM : il. col., 4 3/4 pol. ISSN 1. Departamento de Zootecnia - Congresso. 2. Meliponicultura - Paranaense - Congresso. 3. Abelhas sem ferrão - Produção - Conservação - Sustentabilidade. I. Toledo, Vagner de Alencar Arnaut de, coord. II. Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Zootecnia. III. Título. IV. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura. CDD 22.ed. 630 Sumário Resumos: Alteração em nível molecular de abelhas Tetragonisca angustula L. visitantes de flores de café (Coffea arabica L.) após pulverização com o inseticida nim Mayra Cristina de Araújo, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Simone Aparecida dos Santos, Katlin Fernanda de Araujo, Rodrigo Amaral kulza, Maria Claudia CollaRuvolo‐Takasusuki..................................................................................... 1 Atividade de voo da abelha iraí (Nannotrigona testaceicornes) no decorrer do dia Darclet T. Malerbo‐Souza; Daniela Fagotti Soares; Adilson Massei Junior; André L. Halak................................................................................................... 7 Avaliação da ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apoidea) em campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa – Pr Kátia Regina Ostrovski, Rejane Stubs Parpinelli, Arilson Tomporoski, Eli Aparecida Rosa de Oliveira, Nicole Mülenhoff.................................................. 8 Comportamento de saque por Oxytrigona tataira em colônias de Apis mellifera Tânia Patrícia Schafaschek, Rodrigo Horvath Meneguzzi.................................. 13 Desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900) e Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Rodrigo Amaral Kulza, Heber Luiz Pereira, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 17 Identificação de leveduras cultiváveis presentes em pólen alveolar de Apis mellifera e pólen de pote de quatro gêneros de abelhas nativas de Colômbia Carla Portillo Carrascal, Judith Figueroa Ramirez.............................................. 21 Levantamento faunístico da população de abelhas sem ferrão no campus sede da Universidade Estadual de Maringá Heber Luiz Pereira, Thaysa Mazzo Mura, Caio Leonardo Stem Menocci, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo............................................................................. 32 Metodologia aplicada ao resgate de arapuá manso (Trigona fulviventris) na Usina Hidrelétrica de Mauá Tatiana de Mello Damasco, Diego Nunes, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 37 Metodologia aplicada ao resgate de mombucão (Cephalotrigona capitata) na Usina Hidrelétrica de Mauá Tatiana de Mello Damasco, Diego Nunes, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 41 Observação dos visitantes florais em Dombeya wallichi na Fazenda de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá –Pr Rejane Stubs Parpinelli, Katia Regina Ostrovski, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Arielen Patrícia Balista Casagrande‐Pozza............................................ 45 Perfil eletroforético de esterases de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Douglas Galhardo, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Rodrigo Amaral Kulza, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 50 Perfil eletroforético de proteínas totais de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Rodrigo Amaral Kulza, Ana Paula Nunes Zago Oliveira, Douglas Galhardo, Simone Aparecida dos Santos, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo, Maria Claudia Colla Ruvolo‐Takasusuki....................................................................... 55 Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula Latreille (Hymenoptera: Apidae) no câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão Thaís Luana Grzegozeski, Letícia Braga da Silva, Natalia Martelozzo Santos, Murilo Keith Umada, Maria Josiane Sereia, Elizabete Satsuki Sekine............... 60 Programa de resgate e salvamento científico da melissofauna na região da Usina Hidrelétrica Mauá nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira – PR Diego Nunes, Tatiana de Mello Damasco, Lucas Ribeiro Jarduli....................... 65 Uso da termografia infravermelha na avaliação do ambiente interno de colônias de abelhas sem ferrão Heber Luiz Pereira, Tânia Patrícia Schafaschek, Rafael Eduardo Pérez Cárdenas, Priscilla Ayleen Bustos Mac‐Lean, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo................................................................................................................ 69 Resumos de Palestras: Produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão Mauro Prato...................................................................................................... 74 Apoio........................................................................ 75 Agradecimentos........................................................ 76 Realização................................................................. 77 Patrocínio................................................................. 78 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Alteração em nível molecular de abelhas Tetragonisca angustula L. visitantes de flores de café (Coffea arabica L.) após pulverização com o inseticida nim Mayra Cristina de Araújo1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Simone Aparecida dos Santos2, Katlin Fernanda de Araujo2, Rodrigo Amaral kulza3, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki4 1 Discente da Especialização em Biotecnologia Aplicada à Agroindústria da UEM, Universidade Estadual de Maringá 2 Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Discente do curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] 4 Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] Resumo Este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações na atividade relativa das esterases e expressão de peptídeos solúveis em abelhas Tetragonisca angustula visitantes de florais de cafffeiros (Coffea arabica) pulverizados com o inseticida Nim. Operárias de T. angustula foram coletadas na entrada de colmeias próximas de cafeeiros floridos e pulverizados com Nim, após 24h, 48h e 72h da aplicação do inseticida. As análises dos géis de esterases mostraram que houve inibição parcial das EST-3 e EST-4 após 48h da pulverização, em comparação com o controle. Nos extratos de proteínas totais foi observado uma alteração na intensidade de bandas de peptídeos após 24h da pulverização, provavelmente devido a um aumento na síntese de proteínas. No campo foi observado que os pés de café pulverizados repeliram parte das T. angustula que estavam forrageando, e que não houve mortalidade de abelhas após a aplicação do inseticida. Pode-se concluir que o Nim causa efeitos em insetos benéficos como as abelhas T. angustula que serão observáveis em longo prazo, devido às modificações ocorrerem em nível de inibição parcial das esterases e aumento da síntese de proteínas. Palavras-chave: Azadiractina, esterases, biomonitoramento Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página This study aimed to evaluate changes in relative activity of esterases and expression of soluble peptides in floral visitors bees Tetragonisca angustula of coffee tree (Coffea arabica) sprayed with the insecticide Neem. Workers of T. angustula were collected at the entry of 1 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão hives near flowering trees and sprayed with Neem, after 24h, 48h and 72h of insecticide application. Analyzes of gels showed an partial esterase inhibition of EST-3 and EST-4 after 48 hours the spraying, compared with the control. In extracts of total protein a change in intensity of bands peptides was observed 24h after spraying, probably due to an increase in protein synthesis. In the field was observed that the coffee sprayed repelled part of T. angustula who were foraging, and there was no mortality of bees after insecticide application. It can be concluded that Neem cause effects on beneficial insects like bees T. angustula that will be observable in long term due to changes occur in the level of partial inhibition of esterases and increased protein synthesis. Key words: azadirachtin, esterases, biomonitoring Introdução A associação entre insetos e flores e a necessidade delas serem polinizadas para produzirem sementes fazem parte do conhecimento cotidiano. Pois a polinização representa atualmente um fator de produção fundamental nas culturas agrícolas (Santos, 2008). Além das A. mellifera as abelhas nativas sem ferrão tem potencial para serem utilizadas como polinizadoras de plantas cultivadas (Alonso, 2010). O cafeeiro (Coffea arabica) é uma espécie de planta cultivada que pode ser polinizada por abelhas para aumentar sua produtividade. Os agrotóxicos podem afetar as abelhas de duas maneiras: por contato ou por ingestão de alimentos contaminados (Malaspina e Stort, 1980; Wolff, 2000). Devido à necessidade de controlar insetos pragas nas culturas de café são utilizados vários tipos de agrotóxicos. Um inseticida natural que está sendo analisado em laboratório e que tem potencial para ser usado no controle de várias pragas do café como o bicho-mineiro, a broca-do-café, a cochonilha branca, a mosca-da-fruta e o ácaro-da-leprose, é o Nim (Martinez, 2003). Esse inseticida é produzido a partir de extratos de (Azadirachta indica L.) pertencente à família Meliaceae. O principal composto dessa planta é a azadiractina que tem ação inseticida e repelente aos insetos (Martinez, 2003). Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Diante dessas considerações esse estudo teve como objetivo avaliar as alterações na atividade relativa das esterases e expressão de peptídeos solúveis em abelhas T. angustula visitantes de flores de cafeeiros (C. arabica) pulverizadas com o inseticida Nim. 2 Uma forma de avaliar a contaminação por esse agrotóxico seria utilizando técnicas de marcadores moleculares como as isoenzimas, e as proteínas totais. Essa metodologia permite avaliar diferentes populações ou espécies, revelando mudanças na qualidade fisiológica, na regulação gênica, bioquímica e ontogenética, de forma bastante eficiente e rápida (Carvalho at al., 2006; Rossiter et al., 2001). VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Materiais e Métodos Para a execução dessa pesquisa foram utilizadas duas colmeias localizadas no cafezal do Sítio Penitente em Apucarana – Paraná. No início da florada cafeeira uma das caixas foi instalada a 100m de uma fileira lateral e 24 horas depois foi realizada a aplicação do inseticida comercial Nim de acordo com as instruções constantes da embalagem; a segunda colmeia de jataí foi instalada na extremidade oposta a aproximadamente 600m de distância da caixa anterior e os pés de café (localizados a aproximadamente 100m de distância) foram pulverizados apenas água (controle), após 24 horas da colocação da caixa de T. angustula. As coletas de operárias foram realizadas após 24h, 48h e 72h da aplicação do Nim. As abelhas foram sacrificadas e estocadas a -20°C. Extratos de cabeça/tórax foram submetidos à eletroforese PAGE (esterases), sendo a concentração do gel de visualização a 8% e o de empilhamento a 5%, e para SDS-PAGE (proteínas totais), a concentração de 7% para visualização e 5% para empilhamento. As regiões de esterase foram evidenciadas com os substratos α e β-naftil acetato juntos e corante Fast Blue RR Salt. A coloração das proteínas totais foi realizada incubando os géis em uma solução com 100 mg de azul brilhante de comassie e 100 mL da solução PAGE (45% de etanol, 10% de ácido acético glacial em 45% de água destilada), por um período mínimo de 24 horas. Em seguida, os géis foram descorados em lavagens sucessivas com a solução PAGE, até a completa visualização das bandas. Após a coloração, os géis foram mantidos em solução conservante até a digitalização e secagem. Resultados e Discussão Página 3 A exposição das abelhas T. angustula ao inseticida Nim em campo mostrou que 48 horas após a contaminação houve uma diminuição das EST-3 e EST-4 em comparação com o controle (Figura 1). Após 72 horas a atividade relativa das esterases voltou a ser parecida com o controle (Figura 1). Esses resultados podem estar relacionados com a capacidade que essas abelhas apresentam de desintoxicação por xenobióticos. No estudo realizado por Stuchi (2009) a EST-3 foi classificada como uma acetilesterase e a EST-4 como uma carboxilesterase. Dentre essas duas esterases presentes nas abelhas jataí a EST-4 (uma carboxilesterase) tem maior importância para a desintoxicação do organismo das T. angustula após a contaminação com inseticida. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão Figura 11. Perfil elettroforético das esterases de operárias de T. angusstula em gel dde poliacrilaamida 8% após conntaminação com c o inseticcida nim Na figura 2 pode serr observadoo que não houve h alteraação em rellação ao nú úmero de peptídeoos presentess nos extrattos de abelhhas controlee e contamin nadas, mas houve um aumento a na intensidade daas bandas após 24 hhoras de co ontaminaçãão. Posterioormente as bandas apresenntaram a meesma intensidade do coontrole. Con ntudo, será necessário desenvolveer novos estudos com outrass ferramentaas biotecnollógicas paraa identificaçção dessas m moléculas. A utilizaçção do Nim m em cultuuras que podem p ter sua produçção aumenttada por polinizaação pode ser prejudicaada, pois ass abelhas irãão procurarr recursos fllorais como o pólen e Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 Página No presennte estudo foi f observaddo ainda, que os pés de d café pulvverizados com Nim repeliam m parte dass abelhas T. Angustulaa que tentav vam utilizarr essas planntas como fonte de recursoss alimentarees. Essa resposta de reepelência aos insetos foi f mostradaa anteriorm mente por Martineez (2003). 4 d T. angustu ula após conntaminação com c Nim. Figura 22. Perfil elettroforético SDS-PAGE dde extratos de Seta indiica sentido de d migração. PM = peso m molecular em m KDa (Kilodaltons). VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão néctar em outros locais, reduzindo a polinização e produção de frutos e sementes. A meliponicultura que pode ser uma fonte extra de renda para pequenos produtores não terá o sucesso esperado. Conclusões A utilização no campo do inseticida natural Nim provoca a inibição parcial das esterases de T. Angustula, em especial a EST-4 que é uma carboxilesterase e que tem papel importante na detoxificação do organismo desta abelha. Eesse inseticida, portanto, leva a alteração da expressão das esterases e proteínas solúveis, mas não causa mortandade dessas abelhas. O Nim foi repelente para T. Angustula, ou seja, as forrageiras não visitavam as flores pulverizadas. Em longo prazo poderá ocorrer prejuizo para a meliponicultura como fonte alternativa de renda para pequenos produtores. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas. Referências ALONSO, W.J. Abelhas sem ferrão: centenas de espécies para polinização, produção de mel, lazer e educação. Disponível em: http://www.snagricultura.org.br/artitec_abelhas.htm. Artigos técnicos. Animais de criação – Abelhas, ano 101, n. 626, 1998. Acesso em: 13 de abril de 2010. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página MALASPINA. O.; STORT, A.C. 1980. As abelhas e os pesticidas. In: Congresso brasileiro de apicultura, 5., Congresso Ibero Latino Americano de Apicultura, 3., Viçosa, 1980. Anais, Viçosa: UFV, p. 61-69. 5 CARVALHO, D.; FERREIRA, R.A.; OLIVEIRA, L.M. et al. Eletroforese de Proteínas e Izoenzimas em sementes de Copifera langsdorffii Desf. (Leguminosae caesalpiniodeae) envelhecidas artificialmente. Revista Árvore, v. 30, p. 19-24, 2006. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão MARTINEZ, S.S. O Uso do Nim no Café e em outras Culturas. Revista Agroecologia Hoje, n. 4., p. 13-14, 2003. MARTINEZ, S.S.; MENEGUIM, A.M. Redução da oviposição e da sobrevivência de ovos de Leucoptera coffeella causadas pelo óleo emulsionável de nim. Man. Integr. Plagas Agroecol. v.67, p.30-34, 2003. ROSSITER, L.C.; GUNNING, R.V.; ROSE, H.A. The use of polyacrylamide gel electrophoresis for the investigation and detection of fenitrothion and clorpyriphos-methil resistance in 19 Oryzaephilus surinamensis (Coleoptera: Silvanidae). Pest. Biochem. and Physiol., v. 69, n. 1, p. 27-34, 2001. SANTOS, S.A.B. Polinização em culturas de manjericão Ocimum basilium L. (Lamiaceae), berinjela Solanum melongena L. (Solanaceae) e tomate Lycopersicon esculentum (Solanaceae) por espécies de abelhas sem ferão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini). Tese (Doutorado de Ciências em Entomologia) – Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2008. WOLFF, L.F.B. Efeitos dos agrotóxicos sobre a apicultura e a polinização de soja, citros e macieira. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, XIII, Florianópolis. Anais. Florianópolis: Página 6 Confed. Brás, 2000. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Atividade de voo da abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis) no decorrer do dia Darclet T. Malerbo-Souza1*; Daniela Fagotti Soares1; Adilson Massei Junior2; André L. Halak3 1 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal Centro Universitário Moura Lacerda 3 Universidade Estadual de Maringá * Autor para contato: [email protected] 2 RESUMO: A abelha iraí (Nannotrigona testaceicornis) é encontrada principalmente em zonas tropicais, mais especialmente, do norte do Paraná, no Brasil, até os Estados Unidos, na América do Norte. A origem do seu nome vem do Tupi e significa: Ira = abelha, mel: Y = rio, rio do mel ou rio doce. Essa abelha indígena é pertencente a tribo dos Trigonini. Este experimento foi realizado em agosto de 2012, em uma colônia dessa espécie de abelha, mantida a três anos, no setor de Apicultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, SP. A atividade de voo dessas abelhas foi avaliada por meio de contagens a cada 50 minutos, cinco minutos em cada horário (das 7h00-7h05, das 8h00 às 8h05, e assim sucessivamente), do amanhecer até o final da tarde. Para registrar a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar foi utilizado um termohigrômetro, instalado ao lado da colônia. Observou-se que as abelhas iniciaram a atividade de voo ás 9h00 e finalizaram ás 18h00. O número de abelhas entrando na colônia aumentou até às 13h00, diminuindo em seguida. Essa abelha mediu de 3,5 a 4,2 mm e a entrada do seu ninho era um tubo com 2,0 cm de diâmetro e 11,0 cm de comprimento. Essa abelha apresentou comportamento de fechar a entrada (tubo) com cerume ao entardecer e reabri-lo na manhã seguinte, antes do início da atividade de voo. A atividade de voo mostrou correlação positiva com a temperatura ambiente. Página 7 Palavras-chave: abelhas indígenas, atividade de voo, iraí, Nannotrigona testaceicornis Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Avaliação da ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apoidea) em campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa– Pr Kátia Regina Ostrovski1, Rejane Stubs Parpinelli1, Arilson Tomporoski2, Eli Aparecida Rosa de Oliveira3, Nicole Mülenhoff3 1. Prof.Colaborador do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG . E-mail: [email protected] (42) 99285077 2. Discente do Curso de Agronomia. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. E-mail: 3. Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. E-mail: Resumo Esta análise foi conduzida com o objetivo de verificar a ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão em áreas localizadas nos campus de Castro e Uvaranas e Fazenda Escola Capão da Onça - FESCON da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG. Foram observadas 1085 árvores nas duas cidades. Os ninhos foram observados e o númerode espécies de abelhas e árvores foram anotados. Foram encontrados um ninho no campus de Castro, cinco ninhos no campus de Uvaranas e nenhum na FESCON. Embora um grande número de árvores tenha sido investigado (384 e 701, em Castro e Ponta Grossa), foi observado uma incidência de ninhos de 0,26% no campus de Castro, 0,78% no campus de Uvaranas e 0% na FESCON devido à escassez de árvores com ocos e uso de agrotóxicos. A ocorrência de ninhos foi mais frequente na cidade de Ponta Grossa (0,78%). As espécies de abelhas encontradas foram:Trigona spinipes e Tetragonisca angustula. Quanto às árvores com ninhos, as espécies são: Araucaria angustifólia, Ligustrum sinense, Eucalyptus globulus e Tipoana tipo. Sugerese que em futuros planos de arborização sejam inseridas árvores que forneçam ocos para as abelhas nidificarem. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Abstract This analysis was conducted in order to verify the occurrence of nests of stingless bees in areas located in the campus of Castro and Uvaranas and Farm School Capon of Ounce FESCON State University of Ponta Grossa - UEPG. 1085 trees were observed in the two cities. The nests were observed and the number of bee species and trees were recorded.We found a nest on the campus of Castro,five nests on the campus of Uvaranas and none in FESCON. Although a large number of trees have been investigated (384 and 701, in Castro and Ponta Grossa), was observed an incidence of 0.26% of nests on the campus of Castro, 0.78% on the campus of Uvaranas and 0% in FESCON due to scarcity of trees with hollows and use of pesticides. The occurrence of nests was more frequent in the city of Ponta Grossa (0.78%). The bee species found were: Trigona spinipes and Tetragonisca angustula. As for trees with nests, the species are: Araucaria angustifolia, Ligustrumsinense, Eucalyptus 8 Palavras-chave:abelha nativa, espécies vegetais, ninho. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão globulus and Tipoanatipo. It is suggested that in future plans trees are inserted hollow trees that provide for nesting bee. Key-words:native bee, species vegetables, nest. Introdução Para Kerret al.(1996), as abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à superfamília Apoidea que é subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae, Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em quatro subfamílias: Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua vez, se dividem em duas tribos: Meliponini e Trigonini. Encontradas em todos os ecossistemas brasileiros, estas abelhas são eficientes na polinização de plantas nativas, colaborando de forma efetiva na produção de frutos e sementes (Mateus, 1998), desempenhando um papel importante na polinização da flora brasileira. Estas abelhas fazem seus ninhos em cavidades pré-existentes como ocos de árvores, ou espaços no solo, tais como, tocas abandonadas, ou até mesmo dentro de cavidades de ninhos de algumas espécies de cupins e formigas. Outras espécies constroem seus ninhos em fendas de rochas, construções, dentre outros locais (Velthuis, 1997). Dentre as abelhas sociais, a maior parte das espécies de Meliponini depende de árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik,2006), ocupando ocos, tanto nos troncos como nos ramos das árvores. O tamanho das abelhas sem ferrão bem como a população de seus ninhos varia muito (Roubik, 2006), assim como suas necessidades de nidificação, apresentando, portanto, exigências diferentes com relação à qualidade do habitat (Batista et al. 2003). Os desmatamentos e a fragmentação de habitats têm sido apontados como importantes causas da diminuição das populações de abelhas nativas,pois a sobrevivência dessas abelhas depende também de recursos florais para a alimentação e de locais adequados para a nidificação (Roubik, 2006). Outro fator que interfere diretamente na sobrevivência dessas espécies é o uso indiscriminado e irracional de agrotóxicos nas lavouras, causando desequilíbrios em todo o agroecossistema. Como resultado, Laroca& Orth (2002) indicam que algumas espécies de abelhas são levadas à extinção, podendo este fato afetar diretamente muitas populações de plantas. Entretanto, em certas circunstâncias, algumas espécies de abelhas podem tornar-se relativamente abundantes em ambientes urbanos (Taura&Laroca, 2001), o que torna importante o levantamento dessas espécies existentes. Este estudo teve por objetivo registrar a ocorrência de ninhos de abelhas sem ferrão nos campos da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG na cidade de Ponta Grossa e Castro - Pr. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O estudo foi desenvolvido em duas cidades distintas localizadas no primeiro e no segundo planalto dos Campos Gerais, Castroe Ponta Grossa respectivamente, no período de setembro a outubro de 2012, no qual foram observadas árvores localizadas na UEPG, campus do curso de Zootecnia em Castro, latitude 24o 46’53” S, longitude 49o 58’28” W e altitude 9 Material e Métodos VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão 994.9m, no campus de Uvaranas na cidade de Ponta Grossa, localizada na latitude 25o 5’23” S, longitude 50o 6’23” W e altitude 958m,. Também foram realizadas observações na sede da Fazenda Escola Capão da Onça (FESCON) pertencente a esta universidade localizada na latitude 25o 05’29” S, longitude 50o 03’26” W e altitude de 1027m (Liga – Fundação ABC, 2012). Quando detectados, os ninhos eram contabilizados e identificadas as espécies vegetais e a espécie de abelha encontrada. Resultados e Discussão No campus de Castro foram observadas 284 árvores de 14 diferentes espécies vegetais, em aproximadamente dois ha de área avaliada (Tabela1). Apenas uma árvore apresentouninho de abelha nativa (Tabela 2). Tabela 1. Número de espécies vegetais e ninhos de abelhas nativas observadas no campus de Castro, Uvaranas e na Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Número de % Número de Número de espécies Número de de ninhos espécies árvores com Local vegetais com árvores encontrados ninho vegetais ninho Castro 384 14 01 01 0,26 Uvaranas 642 24 05 04 0,78 FESCON 59 04 0 0 0 Total 1085 42 6 5 1,04 Fonte: Os autores Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Na área do campus de Uvaranasforam investigadas 642 árvores de 24 diferentes espécies vegetais, em aproximadamente cinco ha de área analisada(Tabela1).Apenascinco árvores de quatro espécies distintasapresentaram ninhos de abelhas nativas (Tabela 2). 10 Tabela 2. Número de espécies vegetais e de espécies de abelha nativa observadas no campus de Castro, Uvaranas e na Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Número Local Espécie Vegetal Espécies de abelha de ninhos Castro Eucalipto (Eucalyptusglobulus) Arapuá (Trigonaspinipes) 01 Araucária (Araucaria angustifolia) Arapuá (Trigonaspinipes) 01 Ligustro (Ligustrum sinense) Jataí (Tetragoniscaangustula) 01 Uvaranas Eucalipto (Eucalyptusglobulus) Arapuá (Trigonaspinipes) 02 Tipoana(Tipoana tipo) Jataí (Tetragoniscaangustula) 01 Fonte: Os autores VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Na sede da FESCON, no qual analisaram-se aproximadamente 1,5 ha não foram detectadas abelhas nativas em 59 árvores de quarto espécies diferentes(Tabela1). Assim, nos campus de Castro eUvaranas, e FESCON foram encontrados 0,26%,0,78%e 0% respectivamente das árvores que apresentaram ninhos de abelhas nativas,apresentandouma baixa incidência dos mesmos nas áreas avaliadas. As razões podem estar relacionadas à ausência de ocos nas árvores, ou de espécies de árvores apropriadas para a nidificação. A maioria das árvores observadas nãoapresentavam ocos e possuía troncos maciços, o que impossibilita a presença desses ninhos. A utilização de agrotóxicos em pesquisas na FESCON pode estar relacionada com a ausência dessas abelhas nesta região, causando desequilíbrios ambientais. Do total de espécies de árvores observadas, apenas 1,04%representa a preferência destas abelhas para a construção de seus ninhos. Conclusões De acordo com os resultados, embora haja um número significante de árvores nas três áreas avaliadas, a ocorrência de ninhos de abelhas é pequena. Isto porque a maioria das espécies vegetais é desprovida de ocos. A oferta de locais para nidificação dasabelhas se torna escassa, observado pelo número reduzido de espécies vegetais com ninhos, as quais devem ser indicadas para a utilização em programas de arborização enriquecendo a biodiversidade de áreas urbanas e rurais. Referências BATISTA, M.A.; RAMALHO, M.; SOARES, A.E.E. (2003). Nest sites and abundance of Meliponini (Hymenoptera: Apidae) in heterogeneous habitats of the Atlantic Rain Forest, Bahia, Brazil. Lundiana, v.4, p.19-23, 2003. FUNDAÇÃO ABC.Laboratório de Informações Geográficas e Ambientais, 2012.Available at: <http://www.fundacaoabc.org.br/.> Accessed on: Nov. 08, 2012. KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. 2.ed. Coleção Manejo da vida silvestre – Belo Horizonte-MG : Acangaú, 1996. 144 p. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página MATEUS, S. Abundância relativa, fenologia e visita as flores pelos Apoidea do Cerrado da Estação Ecológica de Jataí, Luiz Antônio – SP. 1998. 168 f. Dissertação (Mestrado Entomologia) -Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, RibeirãoPreto. 11 LAROCA, S.; ORTH, A.I. Melissocoenology: historical perspective, method of sampling, and recommendations to the “Program of conservation and sustainable use of pollinator, with emphasis on bees” (ONU). In: KEVAN, P.; IMPERATRIZ–FONSECA, V.L. (Ed.)Pollinating bees: the conservation link between agriculture and nature. Brasília: MinistryofEnvironment, 2002. p. 217-225. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª. ed.Tecnapis, 1970. 365p. ROUBIK, D.Stingless bee nesting biology.Apidologie, v.37, p.124-143,2006. TAURA, H.M; LAROCA, S. Abelhas altamente sociais (Apidae) de uma área restrita em Curitiba (Brasil): distribuição dos ninhos e abundância relativa. Acta Biológica Paranaense, v.20, p.85-101, 1991. TAURA, H.M.; LAROCA, S. A associação de abelhas silvestres de um biótopo urbano de Curitiba (Brasil), com comparações espaço-temporais: abundância relativa, fenologia, diversidade e exploração de recursos (Hymenoptera, Apoidea). Acta Biológica Paranaense, v. 30, p. 35-137, 2001. Página 12 VELTHUIS, H.H.W. Biologia das abelhas sem ferrão. Utrecht: Departamento de Processamento de Imagens e Design da Universidade de Utrecht, 1997, 33 p. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Comportamento de saque por Oxytrigona tataira em colônias de Apis mellifera Tânia Patrícia Schafaschek¹, Rodrigo Horvath Meneguzzi² ¹ Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina | Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá – Maringá | PR. E-mail: [email protected] ²Apicultor Resumo Abelhas do gênero Oxytrigona apresentam um mecanismo de defesa baseado na secreção de químicos cáusticos a partir de glândulas cefálicas. Há vários relatos do comportamento de saque destas abelhas a outras espécies nativas e também a colônias de Apis mellifera. A presença da Oxytrigona pode ser muitas vezes um entrave ao estabelecimento da apicultura, sendo necessário o conhecimento do comportamento destas abelhas a fim de se estabelecer manejos preventivos ao característico comportamento de saque. Este trabalho relata um caso de ataque de Oxytrigona tataira às colônias de Apis mellifera, no município de Irineópolis, no estado de Santa Catarina. A O. tataira invade as colônias de A. mellifera, provocando a enxameação destas independente das condições climáticas propícias ou não ao fenômeno. Os ataques ocorrem em períodos de escassez de alimento do ambiente, possivelmente por competição entre as espécies nativa e exótica. É importante estabelecer medidas de manejo preventivas ao comportamento de saque das Oxytrigonas a fim de garantir a preservação da espécie, principalmente em áreas com predominância da apicultura. Palavras chave: Oxytrigona tataira, saque, Apis mellifera. Keywords: Oxytrigona tataira, looting, Apis mellifera. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página The bees of the genus Oxytrigona presents a defense mechanism based on the secretion of caustic chemicals from cephalic glands.There are several reports of looting behavior of these bees to other native species and also colonies of Apis mellifera.The presence of Oxytrigona can often be an obstacle to the establishment of beekeeping, being necessary to the understanding of the behavior of these bees in order to establish preventive managements duethe characteristic behavior of looting.We report a case of attack Oxytrigona tataira the colonies of Apis mellifera, in the Irineópolis city in the state of Santa Catarina. The O. tataira invade the colonies of A. mellifera, causing swarming, these regardless of weather conditions conducive to the phenomenon or not.The attacks occur in periods of food scarcity environment, possibly by competition between native and exotic species.It is important to establish preventive management measures to behavior of looting of Oxytrigonas to ensure the preservation of the species, especially in areas with a predominance of beekeeping. 13 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Introdução A tribo Trigonini abrange o maior número de gêneros e espécies de abelhas sem ferrão (Meliponinae) conhecidas, sendo consideradas na sua maioria como pequenas, altamente defensivas e pouco produtivas. Muitas espécies ainda não foram estudadas e as características biológicas e ecológicas ainda são desconhecidas, embora suas colônias venham sendo destruídas com as alterações promovidas pelo homem nos ecossistemas naturais, agrícolas e urbanos (Nogueira-Neto et al. 1986, Carvalho & Marchini 1999). De acordo com Silveira et al. (2002),à espécie Oxytrigonatataira (Smith, 1863), possui ampla distribuição, sendo encontrada nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, onde são comuns os relatos de ocorrência e abundância de seus ninhos por diversos autores em estudos de levantamentos de abelhas, em diferentes regiões do País. Esta espécie possui cerca de 5,5 mm de comprimento; cabeça e abdome ferrugíneos e o restante do corpo preto; fronte ampla (distância mínima entre os olhos distintamente maior que o comprimento dos olhos), sua superfície muito lisa e brilhante; cabeça larga, cerca de 1,5x mais larga que largura do mesoscuto entre as tégulas (Silveira et al., 2002). Aos meliponíneos falta um ferrão funcional, o que implica em diferenças no comportamento defensivo quando comparado às espécies de Apismellifera. Entretanto, um mecanismo de defesa sem equivalentes entre os meliponíneos é apresentado pelas espécies do gênero Oxytrigona, baseado na secreção de químicos cáusticos a partir de glândulas cefálicas. Os ferimentos causados por essa substância assemelham-se a queimaduras, podendo levar dias para cicatrizar (Wille, 1983;Breedet al., 2004). A presença da Oxytrigona pode ser muitas vezes um entrave ao estabelecimento da apicultura, sendo necessário o conhecimento do comportamento destas abelhas a fim de se estabelecer manejos preventivos ao característico comportamento de saque. Este trabalho relata um caso de ataque de Oxytrigonatataira às colônias de Apismellifera. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O trabalho traz um relato de caso de saque por Oxytrigonatataira, conhecidas popularmente como abelhas caga-fogo, a colônias de Apismelliferaobservado em uma visita rotineira ao apiário, para alimentar as abelhas no período do inverno. O caso foi observado no município de Irineópolis, localizado no Planalto Norte do Estado de Santa Catarina, latitude 26°14’01” e longitude 50° 47’59” a uma altitude de 762 metros. O clima predominante é o Mesotérmico Úmido, com verões amenos (Cfb de Köppen). A formação vegetal predominante é a Floresta Ombrófila Mista, com vegetações secundárias e áreas de atividades agrícolas (Klein, 1978). A primeira observação do ataque ocorreu no início do mês de julho de 2012. A partir desta data, passou-se a vistoriar o apiário com maior frequência sendo que foram então 14 Material e métodos VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão observados novos ataques em períodos de escassez de alimento (poucas espécies em floração), no período do inverno, sendo o último ataque verificado, entretanto,no mês de outubro, em uma colônia forte. Resultado e discussão Página 15 Após a observação da presença das Oxytrigonatatairana parte externa da colmeia, verificou-se no dia seguinte, que as colmeias encontravam-se desabitadas pelas Apismellifera e tomadas por O. tataira em procedimento de saque. As colônias apresentavam reservas satisfatórias de alimento e presença de cria (larvas e pupas). A alguns metros de distância, observou-se um enxame de A. mellifera, entrando em um núcleo vazio localizado em um depósito de equipamentos do apiário. A enxameação seria normal em condições em que as temperaturas não estivessem tão baixas como as daquele dia frio de inverno, fato este que levou a conclusão que se tratava de um dos enxames expulsos pelas O. tatairas. Duas semanas depois, em visita ao mesmo apiário, a observação foi que estava tudo normal, sem a presença das invasoras em novas caixas. Porém, no dia seguinte, observou-se novamente a presença da O. tatairaemmais uma das colmeias do apiário, apresentando as mesmas características da primeira invasão: sem a presença das A. mellifera, porém com quadros em perfeitas condições. Tratava-se novamente de um procedimento de roubo por parte das mesmas abelhas nativas e da fuga das abelhas africanizadas. Fuga constatada quando no terceiro dia de visita consecutiva ao apiário, observou-se que mais dois núcleos estavam sendo invadidos e notouse a presença de dois enxames de A. mellifera pousado em arbustos nos arredores, novamente em condições de temperatura atípicos para esse fenômeno. A enxameação é uma característica das abelhas africanizadas, sendo uma tendência defensiva de, quando em situação de risco, abandonarem a colônia em busca de um local seguro. Segundo Souza (2007), algumas destas constatações também foram feitas no campo por pesquisadores e apicultores/meliponicultores em diferentes regiões, como na região de Bom Jesus da Lapa, Estado da Bahia, onde esta espécie tem atacado colônias de Apis mellifera que se encontram próximaa remanescente de mata de transição entre caatinga e cerrado, relatando que a O. tataíratem sido um dos maiores empecilhos para a implementação da apicultura nesta região. No Estado do Tocantins, durante os anos de 1999 e 2000 também foi presenciado o saque a colônias enfraquecidas e mal manejadas na região do Bico-doPapagaio. Ainda segundo esse autor, os apicultores dessa região consideram O. tataira uma espécie nociva para A. mellifera, principalmente no período de escassez de alimento. Nogueira-Neto (1997) relata que, inclusive, ninhos de outras espécies de meliponíneos podem ser tomados por O. tataira. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Considerações finais A introdução de uma espécie não nativa em uma região cuja população de O. tataira encontra-se presente, contribuí para a competição por alimento, o que causam ataques por parte das abelhas nativas, com o intuito de saquear e enfraquecer a colônia invasora. É importante estabelecer medidas de manejo preventivas ao comportamento de saque das Oxytrigonas a fim de garantir a preservação da espécie, principalmente em áreas com predominância da apicultura. Referências BREED, M.D., GUZMÁN-NOVOA, E. & HUNT, G.J. Defensive behavior of honey bees: organization, Genetics, and comparisons with other bees. AnnualReviewofEntomology, v. 49, p.271-298,2004. KLEIN, R.M. Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina. Itajaí: SUDESUL, FATMA, HBR, 1978. 24p. (Flora ilustrada Catarinense; 5). NOGUEIRA-NETO, P., IMPERATRIZ-FONSECA, V.L., KLEINERT-GIOVANNINI, A., VIANA, B.F. & CASTRO, M.S. Biologia e manejo das abelhas sem ferrão. São Paulo, EditoraTecnapis, 1986. SILVEIRA, F. A., MELO, G.A.R, ALMEIDA, E.A.B. Abelhas brasileiras: sistemática e identificação. BeloHorizonte, 2002. 253 p. SOUZA, B. A. Diagnóstico da arquitetura de ninho de Oxytrigonatataira (Smith, 1863) (Hymenoptera: Meliponinae). Biota Neotrop.v.7 n.2, 2007. Página 16 WILLE, A.Biology of the stingless bees. Annual Review of Entomology, v.28, p. 41-64, 1983. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900) e Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Ana Paula Nunes Zago Oliveira1, Rodrigo Amaral Kulza2, Heber Luiz Pereira3, Simone Aparecida dos Santos1, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5 1 Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 2 Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 3 Discente do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 4 Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. [email protected] 5 Profª. Associado do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] Resumo No Brasil a criação racional de abelhas sem ferrão é denominada meliponicultura. As abelhas sem ferrão possuem diferentes comportamentos de nidificação, com ninhos internos (cavidades naturais ou não) e externos. O presente trabalho teve como objetivo relatar o desaparecimento de abelhas sem ferrão Plebeia droryana (Friese, 1900), e Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) de um meliponário localizado na cidade de Cambé, Estado do Paraná. O meliponicultor relata que as colônias estavam estabilizadas no meliponário que tem mais de 100 caixas de abelhas, porém algumas colmeias foram abandonadas. Ele supõe que possa ter ocorrido devido à falta de alimento na região. Outro fenômeno que pode explicar o sumiço das abelhas seria a desordem de Colapso de Colônia (CCD) que é caracterizado por uma perda rápida e inexplicada da população de uma colônia de abelhas adultas. Segundo o meliponicultor, fato semelhante vem ocorrendo em outros meliponários da região. Palavras–chave: Meliponicultura; CCD; relato de caso Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página In Brazil the rational creation of stingless bees is called beekeeping. The stingless bees have different nesting behaviors, with internal nests (natural cavities or not) and external. This study aimed to report disappearance of stingless bees Plebeia droryana (Friese, 1900), and Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) of a meliponary located in the city of Cambé, Paraná State. Meliponycultor reports that the colonies were stabilized in meliponary which has more than 100 boxes of bees, but some hives have been abandoned. He supposes that may have occurred due to lack of food in the region. Another phenomenon that may explain the disappearance of bees would be the Collapse Colony Disorder (CCD), which is characterized 17 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão by a rapid and unexplained loss of the population of adult bees. According to meliponicultor, similar fact has been happening in other beehives in the region. Keywords: meliponiculture, CCD, case report Introdução A "Desordem de Colapso de Colônia" (CCD) é um fenômeno que pode ocorrer diminuindo o número de indivíduos dos ninhos, fazendo com que culmine com o abandono dos mesmos. Nos Estado Unidos da América tem sido relatadas perdas em torno de 90% da produção de mel (Underwood e vanEngelsdorp, 2007). Uma recente pesquisa realizada pelos Inspetores de Apiários da América estimou a perda de 2,4 milhões de colônias durante o inverno de 2006 – 2007. Embora a maioria destas perdas fosse atribuída às ameaças já conhecidas para as abelhas, mais de 25% dos apicultores constataram o fenômeno CCD (Underwood e vanEngelsdorp, 2007). A CCD tem sido relatada com maior frequência em abelhas do gênero Apis, porém tem sido verificado fenômeno semelhante em abelhas nativas sem ferrão brasileiras. Essas abelhas são responsáveis, conforme o ecossistema, por 40 a 90% da polinização das plantas nativas (Kerr et al.,1996). As abelhas P. droryana, conhecidas também como abelhas mirins, são sociais, com comportamento manso, cujos ninhos são encontrados em árvores e até barrancos. A entrada do ninho destas abelhas é feita com própolis e é geralmente curta no sem eu exterior, não sendo fechada à noite. Os favos de cria são horizontais ou helicoidais e ocorrem células reais. O invólucro está presente nos favos de cria, sendo construído com cerume (Nogueira-Neto, 1970). As colônias podem ser constituídas por 2.000 a 3.000 abelhas e os favos de cria são suspensos no inverno (Lindauer e Kerr, 1960). Nesta espécie, ocorrem machos normais e gigantes ambos são tratados da mesma maneira pelas operárias (Cortopassi-Laurino, 1978). As L. muelleri, são consideradas as menores abelhas do mundo, com o comprimento do corpo de operárias raramente superiores a dois milímetros. São conhecidas popularmente como "lambe-Olhos" por possuírem o hábito de ter contato com a pele humana, especialmente os olhos, este contato acaba ocasionando a lágrima, causando um grande incômodo. Estas abelhas são distribuídas no Sul do Brasil (Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina) e Paraguai (Sakagami e Zucchi, 1974). O objetivo do trabalho foi relatar o desaparecimento de abelhas sem ferrão P. droryana e L. muelleri de um meliponário de Cambé, Estado do Paraná, Brasil. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Para relatar o caso, foi elaborado o seguinte questionário: 1- Nome do meliponicultor; 2- O local onde ocorreu o desaparecimento das abelhas; 3- Como o meliponário era organizado; 4- Como se encontrava o local ao redor do meliponário; 5- Qual a quantidade de colônias no local; 6- O possível motivo do desaparecimento das abelhas; 7- A frequência com que o manejo foi realizado. 18 Materiais e métodos VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Com as respostas do questionário, foi possível elaborar uma análise sobre os possíveis motivos do desaparecimento das abelhas. Resultados e Discussão O desaparecimento de colônias ocorreu no meliponário do Senhor Robison Luis Cossolin de Souza, que fica próximo à sua residência, em perímetro urbano, sendo a área bem arborizada, ventilada e com a entrada da luz solar. O meliponário está localizado no município de Cambé – PR. O meliponicultor possui mais de 100 colônias, com várias espécies de abelhas sem ferrão. Foi relatado que ocorreram mudanças no comportamento das abelhas, bem como o desaparecimento repentino em algumas colmeias. Ao observar colônias de P. droryana e L. muelleri o meliponicultor constatou que houve uma estagnação em sua produção. Ao retirar o invólucro presente nos favos, não foram encontrados vestígios de cria e nem reserva de pólen. A rainha não estava no local e havia pequena quantidade de mel. Segundo o Sr. Robison, as abelhas “lambe olhos” (L. muelleri) são difíceis de serem manejadas, porém nunca houve problemas com sua criação até o incidente relatado. O meliponicultor não realizou qualquer tipo de manejo fora do que já era de costume, e nem retirou o mel das colônias. Figura 1. Leurotrigona muelleri Figura 2. Leurotrigona muelleri em sementeira de castanha-do-pará Figura 3. Plebleia droryana Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O fato mais intrigante é o de que em determinado momento, sem nenhum motivo aparente, não foi mais observado alimento armazenado, e logo em seguida abandonaram o local. De acordo com o Sr. Robison esse tipo de ocorrência está sendo frequente e relatado por outros meliponicultores da região. 19 O Sr. Robison supõem que por não ter sido encontrada reserva de pólen suficiente dentro das colônias as abelhas abandonaram o ninho, provavelmente se instalando em outra localidade com uma fonte maior de alimento. Além disso, devido às colônias estarem localizadas próximas umas das outras poderia ocorrer competição por alimento, fazendo com que algumas abelhas deixassem o local para forragear em outros. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Conclusões Uma possível explicação para o abandono dos ninhos relatados seria a ocorrência da desordem de colapso de colônia em abelhas nativas sem ferrão. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas. Referências CAMARGO, J.M.F.; PEDRO, S.R.M. Systematics, phylogeny and biogeography of the Meliponae (Hymenoptera, Apidae): a mini-review. Apidologie, v. 23, p. 509-522, 1992. CORTOPASSI-LAURINO, M. Contribuição para o conhecimento dos machos de Plebeia droryana Friese (Apidae, Meliponinae). Dissertação, IB-USP, 1978. KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. (Organizadores) Abelha Uruçu Biologia, manejo e conservação, Coleção, Manejo da vida silvestre nº 2 - Fundação Acungaú, Belo Horizonte, MG, 144pp, 1996. LINDAUER, M, KERR, W.E. Communication between the workers of stingless bees. Bee World 41: 29-41 & 65-71, 1960. NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). Editora Chácaras e Quintais, São Paulo, Brasil. 2ª edição, 365p, 1970. SAKAGAMI, S.F.; ZUCCHI, R. Oviposition Behavior of Two Dwarf Stingless Bees, Hypotrigona (Leurotrigona) muelleri and H. (Trigonisca) duckei, with Notes on the Temporal Articulation of Oviposition Process in Stingless Bees. J. Fac. Sci. HokkaidoUniver. Ser. VI Zool. 19: 361-421, 1974. Página UNDERWOOD, R.; VANENGELSDORP, D. Colony Collapse Disorder: Have we seen this Before? Bee Culture 135(7) 13-18, 2007. 20 SILVEIRA, F.A.; MELO, G.A.; ALMEIDA, E.A.B. Abelhas brasileiras sistemática e identificação. Belo Horizonte: Fundação Araucária, 2002. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Identificação de leveduras cultiváveis presentes em pólen alveolar de Apis mellifera e pólen de pote de quatro gêneros de abelhas nativas de Colômbia Carla Portillo Carrascal 1, Judith Figueroa Ramirez 2 1 Zootecnista , candidata MSc , Universidade Nacional da Colômbia. [email protected] 2 Micro bióloga MSc. Docente Universidade Nacional da Colômbia Faculdade de Medicina Veterinária e de Zootecnia Grupo de Investigação em Ciência e Tecnologia Apícola AINY. [email protected]. RESUMO No processo de maduração do pólen recolhido das flores pelas abelhas, até se converter no produto que finalmente é consumido por estes insetos, interveem uma variedade de microrganismos que interatuam em cinéticas complexas. Com o objetivo de realizar aportes para o entendimento deste processo, foi realizado um estudo no qual foram isolados em culturas, cepas de leveduras presentes em quatro estágios de enchimento de pólen no alvéolo (2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais) de colmeias de Apis mellifera (198) localizadas no estado de Cundinamarca (Colômbia) e de pólen de potes fechados provenientes de abelhas nativas do estado de Santander (Colômbia) das espécies Tetragonisca angustula (21), Paratigrona sp (15), Plebeia sp (6), Scaptotrigona sp (4) e uma abelha não identificada. As cepas de leveduras foram identificadas pelo seu perfil bioquímico contra 46 compostos pelo sistema Vitek ®. As leveduras mais frequentes nos isolamentos para Apis mellifera foram Kodamaea ohmeri, Candida pulcherrima e Candida famata, para os isolamentos de abelhas nativas as cepas de leveduras achadas foram Candida famata, Kodamaea ohmeri e Candida parapsilosis. Dos meios de cultura utilizados para o isolamento, o ágar WL foi o mais efetivo, além de ser um meio de grande utilidade para a diferenciação fenotípica da maioria das espécies de leveduras isoladas. Palavras Chave: Pão de abelhas, pólen de pote, leveduras, perfil bioquímico. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página During the “brewing” process of the pollen collected by the bees on the flowers, up to the time it is converted on the product consumed by these insects, a great variety of microorganisms intervene and interact in complex dynamics. With the objective of generating knowledge for the understanding of this process, an study was conducted on which strains of yeasts were isolated in cultures that were present in four different pollen cell filling stages (2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais) in Apis mellifera hives (198) located in Cundinamarca state (Colombia) and in closed wax pots containing pollen from stingless 21 ABSTRACT VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão bees from Santander state (Colombia), for this, Tetragonisca angustula (21), Paratigrona sp (15), Plebeia sp (6), Scaptotrigona sp (4) species and an unidentified bee were studied. The yeasts strains were identified by their biochemical profile against 46 compounds using the Vitek system. The most frequent yeasts on the isolations for Apis mellifera were Kodamaea ohmeri, Candida pulcherrima and Candida famata, for the stingless bees isolations, the yeasts strains found were Candida famata, Kodamaea ohmeri and Candida parapsilosis. Of the culture media used for the isolations, the WL agar was the most effective, besides that, it is a culture media of great utility for the phonotypical differentiation of the vast majority of the yeasts isolated. Keywords: Beebread, wax pot pollen, yeasts, biochemical profile. INTRODUÇÃO O pólen alveolar ou pão de abelhas e o pólen de pote, são elaborados a partir de pólen floral, pertencem aos produtos de recolecção e transformação das abelhas (Vit, 2004), correspondem à principal fonte de proteína, minerais e gorduras para estes insetos. No caso da espécie Apis mellifera existem coletores capazes de apanhar os grãos de pólen antes de que a abelha entre-os ao interior da colmeia, estes grãos são colhidos e comercializados como suplemento nutricional sob o nome de pólen apícola (Del Risco Rios, 2002). Devido que no processo de maduração do pólen interveem uma ampla variedade de microrganismos com diversas funções, já seja como responsáveis diretos da fermentação ou Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O alto valor biológico observado no pão de abelhas, tem gerado um interesse na sua valoração como alimento funcional, no entanto, o produto não tem sido comercializado frequentemente devido a que a extração é difícil e se realiza de forma manual. Esta limitante tem gerado um desenvolvimento de estudos orientados a simular o processo de maduração do pólen em condições controladas (Fuenmayor Bobadilla, Quicazan, & Figueroa Ramíres, 2011), (Risco Ríos, y otros, 2010). 22 A composição do pão de abelhas é similar à do pólen apícola, sendo rico em proteínas de alto valor biológico, carboidratos assim como uma fonte de potássio e vitaminas do grupo B (Fuenmayor Bobadilla, Quicazan, & Figueroa Ramíres, 2011), porém, devido às mudanças bioquímicas, causadas pelo efeito de enzimas adicionadas pela abelha e pela ação de microrganismos no processo de maduração do produto ao interior da colmeia, o pão de abelhas apresenta uma maior biodisponibilidade e por tanto melhor valor biológico que o pólen apícola (Gilliam, 1979)a, ( Human & Nicolson, 2006), (Del Risco Rios, 2002). VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão como provedores do meio necessário para a mesma (Gilliam, 1979)a; é preciso desenvolver pesquisas encaminhadas à compreensão da microflora responsável deste processo. A maioria dos estudos reportados na literatura, neste assunto, correspondem ao pão de abelhas ou pólen alveolar da espécie Apis mellifera, nos quais tem se observado uma diminuição na variabilidade de microrganismos na medida que o pólen amadurece no interior da colmeia, coincidindo com um processo de acidificação do substrato (Gilliam, 1979)a (Babendreier , Joller, Romeis , Bigler , & Widmer, 2006). A caracterização da microflora presente no pão de abelhas, tem se centrado na identificação das espécies bacterianas, achando cepas pertencentes aos géneros Lactobacillus, Streptococcus, Pseudomonas, Escherichia e Bacillus, (Moreno Galarza & Figueroa Ramírez, 2011), (Gilliam, 1979)a, (Garcia Garcia, Rojas Mogollón, & Sánchez Nieves, 2006 ). Destes géneros, os que se consideram de maior importância são os Lactobacillus e os Streptococcus, responsáveis da fermentação láctica. Às Pseudomonas lhes é atribuída a contribuição ao requerimento anaeróbico para o processo. A origem da microflora presente no pólen alveolar é diversa, achando-se cepas de origem floral e do meio ambiente , porém, com o processo de maduração tendem a prevalecer as cepas aportadas pela abelha, isto foi demonstrado em um estudo realizado por Guilliam 1979 a , no qual se observo no pão de abelhas maduro a presença das cepas B. subtilis, B. megaterium,B. licheniformis, B. pumilus e B. Circulans as quais, também tinham sido isoladas do intestino de abelhas operarias de Apis mellifera; das cepas de origem floral somente perdurou a bactéria B.subtilis. Em um estudo recente, realizado na Colômbia, foi identificado no pão de abelhas, a bactéria Lactobacillus kunkei, como uma das cepas de maior persistência durante o processo de maduração do produto, presentando características que a fazem candidata para ser empregada como pro-biótico (Moreno Galarza & Figueroa Ramírez, 2011). Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O pólen de pote também chamado saburá, corresponde ao sistema de maduração do pólen recolhido pela maioria das abelhas da Tribo Meliponini ou abelhas sem ferrão, no qual, o produto é obtido pelos insetos de um jeito similar ao pólen apícola, mediante a coleta do pólen floral, e ao qual a abelha adiciona sustâncias próprias e o traslada à colmeia, mas para este caso o pólen é depositado em vasilhas ou potes que estão dispostos de forma horizontal 23 As leveduras se encontram presentes em todo o processo de maduração do pólen apícola e sabe-se que proporcionam fatores de seu próprio metabolismo, os quais contribuem às características organolépticas do produto. Coincidindo com o ocorrido com as bactérias, as leveduras de origem floral diminuem na medida que o pólen amadurece ao interior da colmeia; deste jeito têm se identificado no pão de abelhas 7 géneros de leveduras em mais de 8 trabalhos desde 1967 (Gilliam, 1979)b. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão na colônia, os quais são finalmente selados para gerar o processo de maduração (NogueiraNeto, 1997). O pólen de pote tem sido um produto pouco estudado, no entanto, em quanto à sua composição se reportam alguns casos com porcentagens de proteína e cinzas maiores com relação ao pão de abelhas de Apis mellifera. Em quanto a seus usos, para o caso Colombiano, é popularmente empregado para o tratamento de doenças respiratórias, cefaleias e como afrodisíaco (Cepeda Granados, 2009). A composição microbiana do pólen de pote não tem sido determinada, porém, o produto final difere do pão de abelhas em suas características organolépticas, o qual sugere uma via de fermentação diferente. Com este estudo procurou-se estabelecer as cepas de leveduras cultiváveis presentes em Apis mellifera e abelhas da tribo Meliponini. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo realizou-se a partir de amostras de pão de abelhas e de pólen de pote. Para o primer caso, as amostras provinham de um apiário localizado no estado de Cundinamarca – Colômbia, pertencente ao Laboratório de Abelhas da Universidade Nacional LABUN. Nas colmeias foram identificados favos que tivessem pelo menos o 50% dos alvéolos com pão de abelhas, os quais foram depositados em sacolas plásticas estéreis e trasladados ao laboratório de microbiologia, para a extração do produto sob condições de biossegurança. O traslado dos favos da colmeia ao laboratório realizou-se de forma imediata, com um intervalo de tempo máximo de uma hora entre a apertura da colônia e a extração do pão de abelhas. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página No caso do pólen de pote, o estudo realizou-se em meliponarios localizados no estado de Santander, pertencentes a produtores da Associação Apícola Comunera ASOAPICOM. A identificação taxonômica das abelhas empregadas no estudo foi realizada pelo LABUN; deste jeito obtiveram-se 21 amostras provenientes de colônias da espécie T. angustula (Moure, 1946), 15 amostras de colônias da espécie Paratrigona sp., (Schwarz, 1938), 6 amostras 24 Na obtenção das amostras, realizou-se um seguimento do processo que realizam as abelhas para amadurecer o pólen alveolar e estandardizou-se a amostragem, levando em conta o nível de enchimento do mesmo como um indicador do estado de amadurecimento do produto, deste jeito empregaram-se 4 níveis assim: nível 1 de 2 mm de profundidade com 31 amostras, nível 2 de 10 mm com 40 amostras, nível 3 de 15 mm com 55 amostras e nível 4 de 20 mm ou mais que correspondem a alvéolos com aspecto de enchimento completo, com 72 amostras, para um total de 198 amostras processadas. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão provenientes de colônias da espécie Plebeia sp. (Schwarz, 1938), Scaptotrigona sp., (Moure, 1942) 4 e uma amostra de uma espécie de abelha não identificada. Para a coleta de amostras das abelhas sem ferrão correspondentes à tribo Meliponini se cortaram secções completas de potes com pólen completamente selados, os quais foram depositados em frascos estéreis e trasladados refrigerados até o laboratório onde se realizou a apertura do pote e a extração do pólen sob cabina de fluxo laminar. As amostras de pão de abelhas e pólen de pote foram processadas no laboratório mediante a técnica de inoculação direta nos ágares PDA (Oxoid ®) e WL (Condalab ®) empregando 0,5gr de cada amostra no ágar. As culturas foram incubadas a 35°C por 48 horas. Passadas as 48 horas de incubação, as placas com crescimento inocularam-se novamente em ágar Sabouraud cloranfenicol (Oxoid ®) pelo método de esgotamento em estrias, e se incubaram a 35°C por 48 horas; este procedimento repetiu-se em varias ocasiões até obter colônias isoladas em cultura pura, as quais foram inoculadas de novo no médio WL e observadas em lâminas tingidas com Gram ao microscópio, com o objeto de definir se correspondiam a formas levedurais e se eram diferentes umas das outras. As características morfológicas macroscópicas que se tiveram em conta foram: textura (Lisa, Rugosa) = R., cor (Rosa = R. Branco = B. Laranja = A. Azul = A Verde = V), intensidade da cor (Claro = 1. Obscuro = 2) e presencia do halo micelial (Sim existe = S. Não existe = N). Cada colônia morfologicamente distinta (Macro e microscopicamente) foi mediante congelação ( - 70oC) em caldo Sabouraud (Oxoid). preservada As cepas levedurais isoladas do pão de abelhas e pólen de pote foram caracterizadas em quanto a seu perfil bioquímico frente a 46 compostos, empregando o sistema Vitek ® 2 Systems: 04.01 RESULTADOS E DISCUSSÃO Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Das 31 amostras de pão de abelhas de Apis mellifera analisadas, com 2 mm de enchimento do alvéolo, se diferenciaram 4 leveduras por morfologia, porém, ao realizar as provas bioquímicas o equipo somente conseguiu identificar uma com alto nível de confiabilidade (Tabela 1). Para as 40 amostras com nível de enchimento dos alvéolos a 10 mm, se presentaram 7 leveduras com diferencias morfológicas, no entanto, na classificação pelo perfil bioquímico 6 leveduras foram classificadas como uma só cepa e uma das amostras não foi identificada pelo sistema Vitek ® 2. Para as amostras correspondentes ao enchimento de alvéolo de 15 mm, obtiveram-se 8 leveduras diferenciadas morfologicamente, das quais 2 25 Para Apis mellifera os % de isolamentos das cepas, corresponderam a 39%, 55%, 40% e 54% para enchimentos de 2 mm,10 mm, 15 mm e 20 mm ou mais respectivamente. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão cepas foram classificadas de acordo ao perfil bioquímico e 6 não puderam ser identificadas pelo sistema. Das amostras com nível de enchimento de 20 mm ou mais, obtiveram-se 10 leveduras que evidenciaram diferencias morfológicas, destas o perfil bioquímico permitiu identificar 3 leveduras como uma só cepa e três como diferentes cepas de leveduras; 4 das leveduras diferenciadas morfologicamente não foram identificadas. A Tabela 1 resume os resultados obtidos para o pão de abelhas de Apis mellifera. Tabela 1. Cepas de leveduras de pão de abelhas de Apis mellifera identificadas pelo perfil Bioquímico NÍVEL DE ENCHIMENTO DO CEPA IDENTIFICADA ALVÉOLO 2 mm Rhotodorula glutinis 10 mm Rhotodorula glutinis Candida pulcherrima 15 mm Candida Famata Kodamaea ohmeri Candida pulcherrima 20 mm o mas Rhodotorula glutinis Candida famata PROBABILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO POR VITEK ® 89% 89% 96% 91% 91% 96% 89% 91% Fonte: Elaboração própria, 2012. Página 26 Do pólen de pote, correspondente às 4 espécies de abelhas nativas, obtiveram-se um total de 40 leveduras diferenciadas por morfologia assim: Paratrigona sp., 16 leveduras das quais 12 se agruparam como três cepas diferentes de acordo ao perfil bioquímico e 4 não foram identificadas (Tabela 2). Para a espécie Plebeia sp., obtiveram-se 7 leveduras cujo perfil bioquímico agrupo 6 em dois cepas e uma não foi identificada pelo perfil bioquímico. Para a espécie Scaptotrigona sp., obtiveram-se 4 leveduras agrupadas em dois cepas e para Tetragonisca angustula, obtiveram-se 12 cepas com diferencias morfológicas das quais 9 foram agrupadas em 3 cepas pelo perfil bioquímico e 3 não foram identificadas. A tabela 2 resume as leveduras identificadas, de acordo à espécie de abelha. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Tabla 2. Cepas de leveduras de pão de pote de 4 espécies de abelhas sem ferrão identificadas pelo perfil Bioquímico ESPÉCIE CEPA IDENTIFICADA Paratrigona sp. Plebeia sp. Scaptotrigona sp. Tetragonisca Angostula Candida parapsilosis Candida famata Kodamaea ohmeri Candida parapsilosis Candida famata Candida famata Kodamaea ohmeri Candida parapsilosis Candida famata Kodamaea ohmeri PROBABILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO POR VITEK ® 95% 93% 94% 95% 93% 93% 94% 95% 93% 94% Fonte: Elaboração própria, 2012. Do total de leveduras obtidas no primer isolamento (198 de Apis mellifera e 48 de espécies nativas), somente puderam ser mantidas por culturas posteriores 14,6% das cepas de Apis mellifera e 83,3% das cepas das espécies nativas. As cepas cultiváveis em segunda passaje correspondem às reportadas pelo perfil bioquímico. O encontrado amostra a diversidade de formas levedurais que empregam as abelhas para acondicionar o pólen floral ao pólen empregado na sua dieta. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Rhotodorula glutinis é reportada em isolamentos de pólen de milho por Ariza et al em 1967 (Citado por Guillian 1979 b), esta mesma espécie foi isolada por Guillian, em pólen das corbiculas de Apis mellifera (Gilliam, 1979) b, sua presença na primeira etapa de enchimento poderia estar associada à localização natural em pólen fresco, porém, outros reportes de isolamento do género Rhotodorula se associam ao intestino de T. angustula de abelhas adultas e de Mellipona cuadrifaciata, assim como também tem se encontrado sua presença em méis de T. angustula (Rosa et ao, 2003) e Rhodotorula muscilaginosa (bioquimicamente relacionada a R. glutinis) tem se isolado em méis de Apis mellifera (Carvalho, Merinho, Estevinho, & Choupina, 2010). Em este estudo conseguiu-se isolar de 2 mm, 10mm e 20mm de enchimento do alvéolo. Kodamaea ohmeri foi isolada de adultos de Apis cerana 27 Apis mellifera apresenta variabilidade na flora microbiana na medida que se registram mudanças na altura do enchimento das células, onde o pólen es processado até a obtenção de um produto estável. Se encontrou para as leveduras cultiváveis maior variabilidade em espécies na medida que aumento o enchimento, assim como variação nas espécies mesmas, possivelmente associado ao processo de transformação do pólen corbicular ao pólen alveolar. VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão (Basikriiadi, Sjamsuuridzal, & Beristama B P Putra, 2012)), de adultoss de M. cuaadrifaciata por p Rosa 2003, eem Bombuss impatiens (Cresson 22011) e Bo ombus pensyylvanicus ((DeGeer 20 011). No geral, nna literaturaa se reportaam isolameentos de Ca andida sp. nas abelhaas (Gilliam, 1979)b, (Rosa ett ao, 2003). Em abeelhas nativass Candida famata, f esteeve presentee no pólen de pote dass quatro esp pécies de vedura tem m sido isolada frequeentemente de amostraas meio abelhas estudadass. Esta lev ambienttais , tem se reportado como pprodutora de d riboflavina e se aassocia à produção p industrial de esta vitamina (Staahmann, Reevuelta , & Seulberger, 2000). Candidaa parapsiloosis esteve presente em m Paratrigo ona sp., Pleebeia sp. e T. angustu ula. Esta leveduraa tem sido reportada r como associiada a Apis mellifera, em e pão de aabelhas por Egorora b em 19677, em pólenn floral por Guillian G em m 1979 , no intestino dee adultas poor (Gilliam, Morton, Prest, M Martin, & Wickerham, W 1977), em m méis por Caarvalo em 20 010. Candidaa famata fooi a única levedura quue esteve prresente tanto o em pólenn alveolar como c em pólen dde pote dass abelhas nativas, seguuida de Ko odamaea oh hmeri preseente em qu uatro das espéciess, Candida parasilopssis encontroou-se em três t das esp pécies de aabelhas nattivas em quanto qque Rhodottorula glutin nis e Candiida pulcherrrima isolou u-se somentee em Apis mellifera m Fig 1. Leveduras issoladas de pólen p madurrado, segun ndo a espécie de abelhaa. Fig 1. L A A.mellifera T. Angustula Candid a parapsilosiss Candid a famata Scaptottrigona sp. Kodam maea ohmeri Rhotoddorula glutiniss P Plebeia sp. Candid a pulcherrima a 1 2 3 4 5 Fonte: E Elaboração própria 201 12 Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 Página 0 28 Parattrigona sp. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão A variabilidade de leveduras cultiváveis presentes nos polens acondicionados pelas abelhas, amostra a importância que devem ter estes microrganismos sobre o processo de maduração, dos quais se conhece que aportam fatores antimicrobianos, vitaminas e outros componentes de importância nutricional, também amostra uma complexa cinética microbiana ao interior dos alvéolos e os potes nas distintas espécies de abelhas estudadas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Nacional da Colômbia e ao Departamento Administrativo de Ciência, Tecnologia e Inovação COLCIENCIAS pelo financiamento do projeto. À professora Guiomar Nates do Laboratório de Abelhas da Universidade Nacional LABUN por facilitar o apiário e ao meliponicultor Jacobo Porras por nos permitir a amostragem dos meliponarios. CONCLUSÕES A partir do pólen alveolar de Apis mellifera e do pólen de pote das espécies T. angustula, Paratrigona sp., Scaptotrigona sp e Plebeia sp, se isolaram e identificaram por perfis bioquímicos cinco leveduras diferentes. O gênero Candida esteve presente em as amostras de todas as espécies de abelhas do estudo, particularmente C. famata. A levedura C. parapsilosis correspondeu a abelhas nativas e C. pulcherrima a Apis mellifera. Rhodotorula glutinis esteve presente somente em Apis mellifera. Kodamaea ohmeri esteve presente em amostras de Apis mellifera e em abelhas nativas com exceção de Plebeia sp. Não todas as leveduras isoladas puderam ser classificadas bioquimicamente pelo sistema Vitek ®, pelo que se prevê em próximos estudos realizar classificações moleculares. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Babendreier , D., Joller, D., Romeis , J., Bigler , F., & Widmer, F. 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Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Levantamento faunístico da população de abelhas sem ferrão no campus sede da Universidade Estadual de Maringá Heber Luiz Pereira1, Thaysa Mazzo Mura2, Caio Leonardo Stem Menocci3, Ana Paula Nunes Zago Oliveira4, Maria Claudia Colla Ruvolo-Takasusuki5, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo5 1 Discente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected] 3 Discente do Ensino Médio, bolsista IC-Júnior/CNPq. 4 Discente da Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. 5 Profª. do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM. 6 Profª. do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] Resumo Este trabalho teve como objetivo estimar a quantidade e diversidade de espécies de abelhas sem ferrão no campus sede da Universidade Estadual de Maringá. Foram contadas, fotografadas e identificadas todas as colônias de abelhas nativas presentes próximas as áreas mais movimentadas do campus. Foram encontradas três colônias de Plebeia droryana,sete de Plebeia remota, cinco de Tetragonisca angustula, e duas de Trigona spinipes, totalizando 17 colônias de abelhas nativas, e observando as flores do campus identificamos mais duas espécies, Tetragona clavipes, e Scaptotrigona postica, indicando a existência de colônias dessas espécies aos redores do campus. O campus sede da Universidade Estadual de Maringá serve de abrigo para várias espécies de abelhas sem ferrão, e merece ser alvo de mais estudos, iniciativas de preservação e conservação das espécies existentes. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Abstract This study aimed to estimate the amount and diversity of species of stingless bees in the headquarters campus of the State University of Maringá. Were counted, photographed and identified all the colonies of native bees present near the busiest areas of the campus. We found three colonies of Plebeia droryana, seven Plebeia remota, five Tetragonisca angustula, and two Trigona spinipes, totaling 17 colonies of native bees, in the flowers around the campus were identified two more species, Tetragona clavipes, and Scaptotrigona postica, indicating the existence of colonies of these species to the outskirts of campus. The 32 Palavras-chave: Abelhas nativas, meliponini, maringá VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão headquarters campus of the State University of Maringá serves as a shelter for several species of stingless bees, and deserves to be the subject of further research, conservation initiatives and conservation of existing species. Key words: native bees, meliponini, maringá Introdução As abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à superfamília Apoidea que é subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae, Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em quatro subfamílias: Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua vez, se dividem em duas tribos: Meliponini e Trigonini, Kerr et al. (1996). A sua criação constitui a MELIPONICULTURA, palavra usada pela primeira vez no livro do Dr. Paulo Nogueira-Neto de 1953. A maior parte das espécies de Meliponini depende de árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik,2006), os desmatamentos e a fragmentação de habitats têm sido apontados como importantes causas da diminuição das populações de abelhas nativas,pois a sobrevivência dessas abelhas depende também de recursos florais para a alimentação e de locais adequados para a nidificação (Roubik, 2006). Maringá é conhecida como uma das cidades mais arborizadas do Brasil, o campus sede da Universidade Estadual de Maringá se situa próximo ao centro da cidade, e possui uma boa diversidade vegetal servindo as populações de abelhas sem ferrão com flores e locais de nidificação. Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento faunístico da população de abelhas nativas dentro do campus universitário. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Este trabalho foi realizado no campus universitário de Maringá da Universidade Estadual de Maringá, no período de setembro a outubro de 2012. Foram observadas colônias de abelhas sem ferrão que eram percebidas por nós do grupo e colônias relatadas por vigilantes da universidade, eram catalogadas nos finais de semana quando havia menor movimentação de pessoas, fotografadas suas entradas, coletada três campeiras com auxilio de rede entomológica para identificação em laboratório quando necessário, e sua localização registrada, conforme a Figura 1. Era observado o comportamento de forrageamento nas flores 33 Materiais e Métodos VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão de algumas plantas citas por Toledo et al. (2003), para identificar se haviam outras espécies forrageando no campus. Figura 1. Imagem de satélite do Campus sede da Universidade Estadual de Maringá e os pontos onde se encontra ninhos de abelhas sem ferrão, Plebeia droryana (verde), Plebeia remota (vermelho), Tetragonisca angustula (amarelo), e Trigona spinipes (azul). Foram encontradas três colônias de Plebeia droryana, destas uma se encontrava em uma fenda na guia do estacionamento de motos ao lado da biblioteca central e duas nas madeiras de eucalipto ocas dos quiosques no centro do campus. Sete ninhos de Plebeia remota, três estavam nas vigas de eucalipto dos quiosques (Figura 2), as outras quatro em estruturas de concreto, como no desembarcador do restaurante universitário e nas paredes de blocos como no bloco G56 e H67 (Figura 3) Página . 34 Resultados e Discussão Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Figura 2. Vigas de eucalipto da estrutura de quiosques com dois ninhos de abelhas nativas. Figura 3. Ninho de Plebeia remota em fenda da estrutura do bloco G56 na UEM. Página Figura 3. Ninho de Tetragonisca angustula em fenda da estrutura do bloco D67 na UEM. 35 Cinco de Tetragonisca angustula, todas saindo de fendas de estruturas de concreto (Figura 4) e duas de Trigona spinipes, totalizando 17 colônias de abelhas nativas, e observando as flores do campus identificamos mais duas espécies, Tetragona clavipes, e Scaptotrigona postica, indicando a existência de colônias dessas espécies aos redores do campus. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Conclusões O campus sede da Universidade Estadual de Maringá serve de abrigo para várias espécies de abelhas sem ferrão, e merece ser alvo de mais estudos, iniciativas de preservação e conservação das espécies existentes. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas. Referências KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. 2.ed. Coleção Manejo da vida silvestre – Belo Horizonte-MG : Acangaú, 1996. 144 p. NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª. ed.Tecnapis, 1970. 365p. ROUBIK, D.Stingless bee nesting biology.Apidologie, v.37, p.124-143,2006. TOLEDO, V. A. A.; FRITZEN, A. E. T.; NEVES, C. A. et al. Plants and pollinating bees in Maringá, state of Paraná, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.46, Página 36 p.705-710, 2003. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Metodologia aplicada ao resgate de arapuá manso (Trigona fulviventris) na Usina Hidrelétrica de Mauá. Tatiana de Mello Damasco1, Diego Nunes2, Lucas Ribeiro Jarduli3 1 Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected] 2 Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected] Resumo O resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão foi realizado no período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante a supressão da vegetação para a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Mauá, construída no rio Tibagi, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no estado do Paraná. Durante o trabalho, a equipe de resgate deparou-se com problemas metodológicos que exigiam estudo e observação dos hábitos naturais e da ecologia das espécies. A espécie Trigona fulviventris faz seus ninhos semi-subterrâneos, entre as raízes das árvores e sempre em associação com cupins. Tal fato fez com que a equipe procurasse novas formas de poder resgatá-la com eficiência, criando o método de retirar o ninho do campo com o auxílio de retroescavadeira e de enterrá-lo próximo do centro de triagem, método que resultou ser eficaz, pois este ninho está vivo, há mais de um ano neste local, o que indica uma provável inter-relação desta espécie com os cupins e com a umidade do solo. Palavras-chave: Resgate, usina hidrelétrica, Trigona fulviventris Keywords: Rescue, hydroelectric, Trigona fulviventris Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página The rescue and retrieval of scientific native stingless bees was conducted during the removal of vegetation to the lake formation of Maua Hydroelectric Plant, built in Tibagi River, between the cities of Telemaco Borba and Ortigueira in the state of Paraná, in the period January 2011 to February 2012. While working rescuers native bees encountered methodological problems that required study and observation of the natural habits and ecology of the species. The species Trigona fulviventris make their nests semi-underground, among tree roots and always in association with termites. This fact made the team look for new ways to rescue her power with efficiency, creating the method to remove the nest of the field with the help of backhoe and bury him near the center of sorting method that proved to be effective because this nest is alive, well over a year at this location, indicating an interrelationship with termites and soil moisture. 37 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Introdução O resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão foi realizado no período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante a supressão da vegetação para a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Mauá, construída no rio Tibagi, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no estado do Paraná. A abelha Trigona fulviventris foi encontrada em ambos os municípios nas margens do rio Tibagi, no total de 10 ninhos. Popularmente conhecida por arapuá manso, na região de Ortigueira, e também por abelha cachorro ou mel de cachorro, é uma espécie de trigona com hábitos muito dóceis, não demonstrando nenhuma agressividade. Além disso, seus hábitos de nidificação são bem peculiares ocorrendo na base das árvores, entre as raízes das mesmas e semi-subterrâneos, em íntima associação com cupins, ao que parece, beneficiando-se do calor produzido por seus ninhos. Por esses fatores e pelas condições ecológicas muito específicas em que se encontra na natureza, esta espécie não obteve boa adaptação nas caixas de madeira modelo Fernando Oliveira (Oliveira & Kerr, 2000) e alguns enxames transferidos para estas caixas racionais vieram a óbito. Material e Métodos Página 38 Os primeiros ninhos dessa espécie foram retirados da área de supressão da vegetação, transferindo-os para caixas racionais, devido à dificuldade de retirá-los a partir do corte dos trancos por serem semi-subterrâneos. Observou-se então que os mesmos não sobreviviam nessa condição e se optou em mantê-los nos troncos originais, tal como foram encontrados no campo, juntamente com os cupins. No entanto, em determinado momento, notou-se que os cupins deixavam o local e que, em pouco tempo, as abelhas morriam. Sob a hipótese de que as abelhas são dependentes dos cupins, e que os cupins são dependentes da madeira da árvore, a estratégia utilizada foi de retirar todo o conjunto formado pelo toco da árvore com as raízes, pelo ninho das abelhas e o ninho dos cupins, com o auxílio de uma máquina retroescavadeira. Dessa forma, as abelhas até permaneceram algum tempo no centro de triagem, mas também vieram a óbito. Na tentativa de recriar as condições ecológicas naturais encontradas no campo, a equipe de resgate aprimorou a nova estratégia, enterrando um novo conjunto contendo um ninho resgatado(Figuras 1 e 2), nas proximidades do centro de triagem, através de abertura manual no solo(Figura 3). O ninho foi enterrado com o cuidado de manter a mesma altura em que foi encontrado no solo e a mesma orientação encontrada no campo (Figuras 4 e 5). Foi realizado plantio de mudas para sombreamento do ninho de arapuá manso que, na maioria das vezes, eram encontrados em locais sombreados (Figura 6). Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Figura 1. Retirada com máquina retroescavadeira Figura 2. Auxílio da retroescavadeira na colocação Figura 3. Abertura manual do local Figura 4. Colocação do ninho no buraco Página 39 Figura 5. Detalhe do cuidado com a entrada do ninho Figura 6. Plantio de mudas para sombreamento Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Resultados e Discussão Durante as atividades de resgate de abelhas nativas sem ferrão na usina hidrelétrica de Mauá a equipe deparava-se constantemente com a necessidade de resolver problemas metodológicos como o apresentado aqui, pelo fato de ser um trabalho pioneiro nesta área e pela inexistência de dados sobre a ecologia e manejo de algumas espécies. Soluções foram encontradas com o estudo dos hábitos e na observação da ecologia destas espécies resgatadas. O bom e velho método da “tentativa e erro” também demonstrou ainda ser atual, como descrito acima. O fato de o enxame ter sobrevivido à operação de ser desenterrado com o toco da árvore e ser enterrado novamente nas proximidades do centro de triagem indica uma possível interdependência com o teor de umidade do solo e com os cupins, com os quais sempre foi encontrada em campo. Um dos resultados mais interessantes sobre este estudo é que o enxame, após um ano de sua realocação, continua vivo e forte, com muitas campeiras retornando do campo com pólen, principalmente no período matutino. Este fato indica que, além de uma provável relação positiva com os cupins, existe uma relação com o teor de umidade proveniente do solo, como ocorre com outras espécies com ninhos subterrâneos. O método recém-descoberto poderá ser utilizado em trabalhos futuros, garantindo maior taxa de sobrevivência a esta espécie durante programas de resgate. Conclusões Pelo que foi visto conclui-se que abelhas sensíveis requerem metodologias diferenciadas, baseadas na ecologia e hábitos naturais das espécies, bem como soluções criativas e vontade da equipe em criar novas metodologias e métodos de manejo avançado. Estes resultados podem contribuir para a conservação desta espécie e servir de subsídio para futuros projetos de resgate de abelhas nativas sem ferrão, em áreas de supressão da vegetação. Agradecimentos Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o trabalho realizado no local. Referências Página 40 OLIVEIRA, F.; KERR, W. E. 2000. Divisão de uma colônia de jupará (Melipona compressipes) usando-se o método Fernando Oliveira. INPA, Manaus - AM. 7pp. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Metodologia aplicada ao resgate de mombucão (Cephalotrigona capitata) na Usina Hidrelétrica de Mauá. Tatiana de Mello Damasco1, Diego Nunes2, Lucas Ribeiro Jarduli3 1 Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected] 2 Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected] Resumo Durante atividades de resgate de abelhas nativas sem ferrão, como as ocorridas em desmatamentos para formação de reservatórios de usinas hidrelétricas, muitas vezes existem “gargalos” metodológicos, pois nem todas as espécies adaptam-se as caixas racionais e ao manejo convencional. Assim devem-se buscar soluções criativas adaptáveis na prática e baseadas na ecologia natural das espécies. Dentro deste conceito, o presente trabalho vem descrever a metodologia empregada para o resgate de uma espécie sensível de abelha sem ferrão, encontrada durante as atividades de supressão da vegetação para formação da bacia de acumulação da usina hidrelétrica de Mauá, no rio Tibagi, nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira, Paraná. A espécie em questão é a mombucão (Cephalotrigona capitata) cujos métodos empregados para seu efetivo resgate e salvamento científico na UHE Mauá são descritos como um “estudo de caso”. Palavras-chave: Resgate, usina hidrelétrica, Cephalotrigona capitata Keywords: Rescue, hydroelectric, Cephalotrigona capitata Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página During rescue activities of native stingless bees, as seen in deforestation for forming reservoirs of hydroelectric plants, often there are "bottlenecks" methodological because not all species fit the boxes rational and conventional management. So one must seek creative solutions adaptable in practice and based on natural ecology of the species. Within this concept the present work is to describe the methodology used for the rescue of a susceptible species of stingless bee, found during activities of removal of vegetation for training Basin hydroelectric plant accumulation of Maua, in Tibagi river in the counties of Telemaco Borba and Ortigueira, Parana. The species in question is the mombucão (Cephalotrigona capitata) whose methods employed for its effective rescue and retrieval in scientific HPP - Maua are described as a "case study". 41 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Introdução O programa de resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão ocorreu no período de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, durante as atividades de supressão da vegetação da Usina Hidrelétrica de Mauá, nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no Estado do Paraná. Durante as atividades de resgate, a equipe se deteve ante a situação de que as abelhas mombucão simplesmente não se adaptavam às caixas utilizadas. Na busca por respostas e solução para o problema, recorreu-se ao estudo da ecologia desta espécie e adaptaram-se metodologias de manejo que demonstraram ser eficientes, o que foi confirmado pela sobrevivência destes enxames após aplicada o novo método. Material e Métodos Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Foi transferido um enxame (Figura 1), diante do que foi observado, realizando-se adaptações no modelo de caixa Fernando Oliveira, dotando-a de uma “lixeira” ou um compartimento usado exclusivamente para deposição dos resíduos e formação do escutelo. Assim a colmeia ficou composta de um ninho (servindo como “lixeira”), uma melgueira, onde foram assentados os discos de crias e o invólucro (Figura 2), com o sobre-ninho acima desta (formando o compartimento das crias) e acima do sobre-ninho foram colocadas duas melgueiras com os potes de mel (Figura 3). A adaptação resultou ser eficiente, pois esta “lixeira” pode ser substituída por outra limpa, quando está infestada com larvas de forídeos, mantendo os discos de crias salvos e utilizando-se somente as colmeias de que se dispunha no centro de triagem. Além disto, utilizaram-se as clássicas armadilhas de forídeos com vinagre de maçã, tomou-se o cuidado de não colocar nenhum pote de pólen e de só devolver os potes de mel no dia seguinte e após serem lavados e bem secos. Foi implantado na colmeia o tubo de entrada para melhor reconhecimento das campeiras que estavam em campo (Figura 4). Esta foi a forma encontrada pela equipe para fazer sobreviver os enxames resgatados e que 42 A espécie em questão é a mombucão (Cephalotrigona capitata), conhecida na região como mombuca, contida na lista oficial do Instituto Ambiental do Paraná como ameaçada de extinção. Durante o resgate, observou-se que tal espécie era muito suscetível ao ataque de forídeos (Phoridae, Diptera) e alguns enxames morreram depois de serem transferidos para caixas racionais modelo Fernando Oliveira (Oliveira & Kerr, 2000). Ao verificar a literatura existente, encontrou-se em Nogueira-Neto (1997) que “nos ocos habitados pelo mombucão os depósitos de detritos são permanentes e estão na parte inferior dos ninhos, onde ocupam muito espaço.” Estes depósitos permanentes de detritos são chamados de escutelo e que “trata-se de uma grande, pesada e consistente massa que é constituída de material de refugo como restos de casulos, abelhas mortas, dejeções, detritos, etc.” Fato que pôde-se confirmar nas observações de campo, acrescentando-se apenas que o mesmo apresenta um cheiro amoniacal quando é quebrado e que, junto deste material, encontrou-se larvas grandes, segmentadas e achatadas no sentido dorsoventral, que pertencem a espécie Hermetia illuscens. Essas larvas, com mais de 2 cm de comprimento, não causam danos às abelhas como os forídeos, alimentando-se apenas dos detritos. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão não tinham condições de serem mantidos nos troncos originais, tal como foram coletados no campo. Figura 1. Retirada do enxame do tronco Figura 2. Detalhe da câmara de cria e lixeira abaixo Figura 3. Melgueira com potes após uma semana Figura 4. Transferência do tubo de entrada Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página As adaptações adotadas pela equipe de resgate no modelo de caixa racional Fernando Oliveira, descritas em Oliveira & Kerr, 2000, resultaram muito eficientes na sobrevivência dos enxames transferidos para as mesmas, visto que levam em consideração a ecologia e os hábitos naturais da espécie de formar um grande depósito de detritos na parte inferior dos ninhos, conhecido como escutelo. Esta “lixeira”, ou compartimento exclusivo para depósito dos resíduos, foi a peça fundamental para o sucesso da transferência e para evitar o ataque de forídeos, pois um fato observado é que as abelhas carregam para este compartimento, logo no 43 Resultados e Discussão VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão primeiro dia, restos de casulos, larvas mortas, sujeiras e outros detritos. O fato de poder retirar esta “lixeira” e poder por outra limpa no lugar contribuiu para controlar as larvas de forídeos. Conclusões Metodologias como as apresentadas neste trabalho podem contribuir para aumentar o leque de conhecimentos e estabelecer técnicas de manejo avançado que podem contribuir para a conservação desta espécie, já que a mesma encontra-se na lista oficial das espécies ameaçadas de extinção no estado do Paraná, na categoria vulnerável (Mikich & Bérnils, 2004). Agradecimentos Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o trabalho realizado no local. Referências MIKICH, S.B. & R.S. BÉRNILS. 2004. Livro da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 763 p. OLIVEIRA, F.; KERR, W. E. 2000. Divisão de uma colônia de jupará (Melipona compressipes) usando-se o método Fernando Oliveira. INPA, Manaus - AM. 7pp. Página 44 NOGUEIRA-NETO, P. Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997.446 p. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Observação dos visitantes florais em Dombeya wallichi na Fazenda de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá - Pr Rejane Stubs Parpinelli1, Katia Regina Ostrovski1,Vagner de Alencar Arnaut de Toledo2, Arielen Patrícia Balista Casagrande-Pozza3 1 Prof. Colaborador do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG . E-mail: [email protected] (44) 99434843 2 Professor do Departamento de Zootecnia / Universidade Estadual de Maringá – UEM. 3 Bióloga pela Faculdade de Dracena Resumo Esta análise foi conduzida com o objetivo de verificar a ocorrência de visitantes florais e seu comportamento em plantas de astrapéia (Dombeya wallichii) localizadas na Fazenda Experimental de Iguatemi – FEI, da Universidade Estadual de Maringá - UEM. As observações foram realizadas durante 60 segundos em diferentes horários num período de três dias, totalizando 1620 minutos experimentais. Os insetos visitantes foram capturados e identificados. Entre os visitantes florais registrados nota-se a maior participação de abelhas polinizadoras representadas principalmente pelas Apis mellifera africanizada e a abelha nativa Trigona spinipes (Arapuá). A frequência destes visitantes demonstra que a astrapéia faz parte de sua dieta alimentar, e que pode ser classificada como uma planta mista, devido o comportamento de coleta de néctar e pólen. Este fato também confirma a importância apícola desta planta para abelhas nativas como a Trigona e para Apis mellifera, sem que haja concorrência entre elas, sendo uma espécie vegetal que dá suporte à instalação e manutenção de apiários e meliponários. Keywords: Honeybee, native bees, astrapéia. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Abstract This analysis was conducted in order to verify the occurrence of floral visitors and their behavior in plants astrapéia (Dombeya wallichii) located in Iguatemi Experimental Farm FEI, the State University of Maringá - UEM. The observations were performed for 60 seconds at different times over three days, totaling 1620 minutes experimental. Insect visitors were captured and identified. Among the visitors recorded floral notes up the largest share of pollinating bees mainly represented by Africanized A. mellifera and native bee Trigona spinipes (Arapuá). The frequency of these visitors shows that astrapéia part of their diet, and can be classified as a mixed plant, because the behavior of collecting nectar and pollen. This fact also confirms the importance of this plant for beekeeping native bees such as Trigona and Apis mellifera, with no competition between them, being a plant species that supports the installation and maintenance of beehives and apiaries. 45 Palavras-chave: Abelhas Apis, abelhas nativas, astrapéia. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Introdução O conhecimento de plantas que florescem numa determinada região podem auxiliar na escolha de espécies destinadas a pasto apícola. A Dombeya wallichii conhecida como astrapeia, é uma espécie originária de Madagascar, caracterizada por se apresentar como arbustos ou arvoretas com flores rosas ou brancas reunidas em umbelas globosas com longos pedúnculos pendentes (Lorenzi & Souza, 2001), sendo largamente cultivada no Brasil, apresentando destacada importância apícola e ornamental, sendo utilizada em projetos de urbanização e paisagismo (Toledo et al. 2003). Seus recursos florais oferecem substratos nutricionais como o néctar e pólen para diversas espécies de polinizadores. Algumas estratégias como a coleta de néctar e pólen em diferentes horas do dia ou diferentes períodos de uma estação e, em diferentes espécies de plantas (Ginsberg, 1983) garantem o acesso dos vários visitantes aos recursos florais disponíveis em toda uma comunidade. O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento dos visitantes e o comportamento de forrageamento em diferentes horários do dia em plantas de astrapéia (Dombeya wallichii). Material e Métodos O experimento realizou-se na Fazenda de Iguatemi (FEI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) localizada numa altitude de 550 m no terceiro planalto do Estado do Paraná, na latitude 23o25’S, longitude 51o57’ W e altitude de 550m (FEI, 2012). Três observadores coletaram as informações num período de três dias no mês de julho de 2009, durante o qual foram observadas plantas da espécie Dombeya wallichii – astrapéia, que é de interesse apícola. As observações foram realizadas a cada hora do dia (8:00 às 16:00 horas) e, para avaliar a entomofauna visitante das flores, uma umbela de flores da astrapéia foi observado durante 01 minuto em cada período, nos três dias, e todos os insetos observados forrageando nessa planta foram capturados com rede entomológica e identificados. Resultados e Discussão As observações de dias e horas contidas na tabela 1 mostram a associação da Astrapéia com insetos visitantes e o comportamento destes. Tabela 1: Visitantes florais em Dombeya wallichii e comportamento de forrageamento. (continua) Visitantes Comportamento 08:00 Seis abelhas Apis1 Coleta de néctar 09:00 Três abelhas Apis1 Coleta de néctar e pólen 10:00 Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 11:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 1 Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 46 Hora Página Dia VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão 12:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Apis: coleta de néctar Trigona: coleta de pólen 13:00 Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 14:00 Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Apis: coleta de néctar Trigona: coleta de pólen 15:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Apis: coleta de néctar e pólen Trigona: coleta de néctar 16:00 Duas abelhas Apis1 Coleta de néctar e pólen (conclusão) Comportamento 08:00 Duas abelhas Apis1, três coleópteros3 e uma mosca Dermatobia hominis4 Apis: coleta de néctar 09:00 Três abelhas Apis1 Coleta de néctar e pólen 10:00 Duas abelhas Apis1 e duas abelhas Trigona2 Coleta de néctar e pólen 11:00 Duas abelhas Apis1 e duas abelhas Trigona2 Coleta de néctar e pólen 12:00 Quatro abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 13:00 Cinco abelhas Apis1 e uma mosca Dermatobia hominis4 Coleta de néctar e pólen 14:00 Seis abelhas Apis1 e uma mosca Dermatobia hominis4 Coleta de néctar 15:00 Cinco abelhas Apis1 e uma mosca Dermatobia hominis4 Coleta de néctar e pólen 16:00 Quatro abelhas Apis1, uma abelha Trigona2, e moscas Drosophila melanogaster5 Coleta de néctar e pólen 08:00 Nenhuma visitação Nenhuma coleta 2 3 Visitantes Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 47 Hora Página Dia VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão 09:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 10:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 11:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 12:00 Três abelhas Apis1 e duas abelhas Trigona2 Apis: coleta de néctar e pólen Trigona: coleta de néctar 13:00 Três abelhas Apis1, uma abelha Trigona2 e um coleóptero3 Coleta de néctar e pólen 14:00 Duas abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Apis: coleta de néctar e pólen Trigona: coleta de néctar 15:00 Três abelhas Apis1 e uma abelha Trigona2 Coleta de néctar e pólen 16:00 Cinco abelhas Apis1 e três abelhas Trigona2 Coleta de néctar e pólen 2- Abelha nativa Trigona spinipes (Arapuá) 5- Mosca da banana Mesmo que pareça se comportar como uma planta apenas nectarífera nas primeiras observações da manhã, a astrapéia pode ser classificada como uma planta mista conforme o comportamento apresentado pelos visitantes que realizaram atividades de coleta de néctar e pólen. Segundo Rocha et al. (2010), a diversidade de insetos visitando flores de astrapéia possivelmente está relacionada com a presença, no néctar, de diferentes classes de substâncias químicas de grande valor nutricional. Entre os visitantes florais registrados nota-se a maior participação de abelhas polinizadoras representadas principalmente pelas Apis mellifera africanizada e a abelha nativa Trigona spinipes (Arapuá), sendo menor a participação de outros insetos como moscas e coleópteros. A freqüência destes visitantes demonstra que a astrapéia faz parte de sua dieta alimentar. Para Kiill et al. (2000), o êxito das abelhas como polinizadores deve-se ao fato de serem insetos sociais numerosos, que visitam as flores não só para satisfazer suas necessidades alimentícias individuais, mas também para armazenar o alimento excedente que será utilizado na alimentação de outros indivíduos da colmeia. As médias de temperatura (máxima e mínima), umidade (manhã e tarde), e precipitação para os três dias de observação foram respectivamente de 23, 33ºC e 16ºC, 81,47% e 58,7%, e 0,13 mm. Abelhas sociais não são tão influenciadas pela variação na temperatura (Kevan & Baker, 1983), mas para Antonini et al. (2005) as diferenças nas tolerâncias fisiológicas às variáveis climáticas podem gerar a partilha temporal ou espacial dos recursos disponíveis. Segundo Buchmann (1996), a partição de recursos florais é uma forma de evitar competição entre espécies de polinizadores. Assim, parece não haver Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 48 1- Abelha Apis mellifera africanizada 4- Mosca-berneira ou varejeira Página Fonte: O autor 3-Joaninha VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão competição de forrageamento entre as diferentes espécies de polinizadores observadas neste estudo. Conclusões A Dombeya wallichii pode ser considerada uma planta de interesse apícola, fonte de néctar e pólen para abelhas tanto de espécie nativa como a Trigona como para Apis, sem que haja concorrência entre elas, podendo ser utilizada para estabelecimento ou manutenção de apiários e meliponários. Referências ANTONINI, Y.; SOUZA, H.G.; JACOBI, C.M. et al. Diversidade e Comportamento dos Insetos Visitantes Florais de Stachytarpheta glabra Cham. (Verbenaceae), em uma Área de Campo Ferruginoso, Ouro Preto, MG. 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Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3. ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2001 Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página TOLEDO, V. A. A.; FRITZEN, A. E. T.; NEVES, C. A. et al. Plants and pollinating bees in Maringá, state of Paraná, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.46, p.705-710, 2003. 49 ROCHA, J.F.; PIMENTEL, R.R.; ROSA, M.M.T. et al. Anatomia e histoquímica dos nectários florais de Dombeya wallichii (Lindl.) K. Schum. e Dombeya natalensis Sond. (Malvaceae). Revista Biologia Neotropical, v. 7, p. 27-36, 2010. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Perfil eletroforético de esterases de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Douglas Galhardo1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Rodrigo Amaral Kulza3, Simone Aparecida dos Santos2, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5 1 Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 2 Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 3 Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 4 Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 5 Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] Resumo As abelhas sem ferrão Scaptotrigona bipunctata tem uma ampla distribuição no território brasileiro, e apresentam um comportamento generalista de coleta de alimento floral em uma grande variedade de espécies vegetais. O objetivo deste trabalho foi identificar os padrões de esterase dessas abelhas nativas sem ferrão. Operárias de S. bipunctata foram coletadas na entrada do ninho, levadas ao laboratório, sacrificadas e submetidas à eletroforese PAGE a 10%, e coloração para esterases. Com relação à caracterização bioquímica das esterases foi possível observar seis regiões: EST-1 (αβ-esterase), EST-2 (αβ-esterase), EST-3 (αβ-esterase), EST-4 (αβ-esterase), EST-5 (β-esterase) e EST-6 (β-esterase). Pode-se concluir que com a identificação destas regiões esterásicas poderão ser desenvolvidos estudos sobre os efeitos de resíduos de pesticidas nessas abelhas em áreas de criação e em matas nativas. Palavras-chave: tubuna, isoenzimas, biomonitoramento Keywords: tubuna, isoenzymes, biomonitoring Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Stingless bees Scaptotrigona bipunctata has a wide distribution in Brazil, and presents a generalist behavior floral food collection in a wide variety of plant species. The objective of this study was identify patterns of esterase of native stingless bees. Workers of S. bipunctata were collected from the entry of the hive, taken to the laboratory, sacrificed and subjected to electrophoresis on 10% PAGE and stained for esterase. Concerning to biochemical characterization of esterases were observed six regions: EST-1 (αβ-esterase), EST-2 (αβesterase), EST-3 (αβ-esterase), EST-4 (αβ-esterase), EST -5 (β-esterase) and EST-6 (βesterase). It can be concluded that with the identification of these esterasicas regions studies may be developed on the effects of pesticide residues in these bees in breeding areas and native forests. 50 Abstract VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão Introdução o Dentre ass que form mam colônnias, de 30 00 a 400 espécies ssão do gru upo dos Meliponníneos, senddo que 200 espécies ddeste grupo vivem no Brasil B especcialmente na n região amazônnica, conheccida como o berço m mundial das abelhas seem ferrão ((Kerr et al.., 2001). Muitas plantas loccais como araçá a e cam mu-camu sãão polinizadas pelas aabelhas sem m ferrão, sendo qque algumaas espécies dependem exclusivam mente dessaas abelhas para se reproduzir (Kerr ett al., 2001). O estudo dos d efeitos dos agrotóxxicos sobre as abelhas é fundamenntal, uma vez que o agriculttor deve sabber selecion nar e aplicarr produtos fitossanitári f ios, de form ma tal a con ntrolar as pragas e doenças seem colocar em risco a sobrevivência dos inseetos benéficcos (Wolff, 2000). 2 A suscetibbilidade daas abelhas a vários agrotóxicos, comumeente usadoos na proteeção de plantaçõões, possibiilitou que ellas fossem uusadas como o um bioind dicador paraa a determin nação da presença de seus resíduos, bem b como para detecctar a toxicidade delees para as abelhas (Mansour, 1987). Aliado A ao esstudo de dosses subletaiis de pesticidas, as alterrações na ex xpressão de izoennzimas com mo as esterrases, que eestariam atu uando como xenobiótiicos das ab belhas, é mais um ma maneira de se utilizaar esses inseetos como bioindicado b res (Stuchi,, 2009). E Em insetoss, as esteraases agem extensivam mente sobrre vários ttipos de su ubstratos (Turuneen e Chippeendale, 197 76) e mostrram alto po olimorfismo (Mathienseen et al, 19 993). As esterasees tem sido caracterizaadas e purifficadas em uma varied dade de orgganismos in ncluindo leveduraas. Para Rossiter R et al. a (2001) a eletroforrese é umaa ferramentta eficaz paara uma detecçãoo simples e rápida da resistência r ppela atividaade esterásicca, sendo m mais eficiente do que a determ minação quuantitativa dessas d enzim mas pelo faato de sua capacidade c para detecttar tanto diferençças quantitaativas quanto o qualitativ as. Abelhas da d espécie S. bipuncctata conh hecida popu ularmente ccomo Tubu una são classificcadas na suubfamília Meliponinae, M tribo Trigo onini (Figurra 1). Poucoos estudos têm t sido desenvoolvidos sobrre sua biolo ogia. Esta abbelha é de distribuição d o ampla quee se estendee desde o Rio Graande do Sul até o Méxiico. Ela aprresenta asas e abdome com c coloraçção negra brilhante. b Seu abddome possuui ainda dois pontos ppratas em su ua porção final, podenndo variar até uma listra prrata (Pereiraa e Tannús-N Neto, 2009)). Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 Página Esta espéécie de abeelha é bastaante defenssiva quando o o enxam me é numerroso, até mesmo em relaçãoo às abelhaas de outraas colônias (Nogueira-Neto, 19977). Seu ninho pode atingir m mais de 20.000 indivíd duos. Os ninnhos geralm mente são en ncontrados eem ocos de árvores. A entradda é ampla de cerumee e com a foorma de fun nil. Os favo os de cria têêm sempre a forma espiral. O invólucrro de cerum me que envoolve o favo de cria é pouco desennvolvido em m relação 51 Figura 1: Ninho e rain nha de S. bip punctata VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão às outras espécies de abelhas sem ferrão. Esta espécie necessita ter uma realeira para sua multiplicação (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000). As Tubunas são consideradas grandes produtoras de mel (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000). Em caixa racional pode ser considerada uma produção de oito litros de mel, sendo 6,8 L colhidos e o restante deixado para a alimentação das abelhas (Costa e Impretatriz-Fonseca, 2000). Pela importância das abelhas como polinizadoras, o frequente convívio da apicultura com a agricultura, e a presença de áreas com matas naturais nas proximidades agriculturáveis, torna-se necessário o estudo dos efeitos subletais que os pesticidas causam nas abelhas. Desta forma, uma maneira de tentar suprir tais efeitos, é por meio das esterases, verificando se há ausência de alguma região esterásica, por meio do uso de alguma região como marcador de determinado pesticida. E devido às poucas informações referentes à Tubuna, o objetivo do trabalho foi identificar o perfil de esterases desta espécie. Materiais e Métodos Foram utilizadas operárias de S. bipunctata provenientes de uma caixa racional localizada no apiário central da Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá – PR (Figura 2). As Tubunas foram sacrificadas e estocadas no freezer a -20ºC. As amostras consistiam de extratos de cabeça/tórax e abdome de operárias adultas homogeneizadas individualmente em solução β-mercaptoetanol 0,1%, com volume padronizado em 40 µL, e 10 µL de tetracloreto de carbono para precipitar gordura. Em seguida, o macerado foi centrifugado a 12.000 rpm por 15min a -4°C. Em seguida, 20μl do sobrenadante de cada amostra foram aplicados no gel. Os géis PAGE de visualização foram preparados na concentração de 10% e os géis de empilhamento a 5%. As corridas eletroforéticas foram realizadas com tampão Tris-Glicina 1,5M pH 8.8, a 4°C, 200V por 5 horas. As regiões de esterase foram evidenciadas com os substratos α e β-naftil acetato juntos e corante Fast Blue RR Salt. Após a coloração, os géis foram mantidos em solução conservante até a digitalização e secagem. Página Nas análises eletroforéticas das esterases foram detectadas várias diferenças em relação ao número de esterases observadas, padrão de migração e afinidade ao substrato. O número de regiões com atividade esterásica variou de acordo com a região do corpo, totalizando seis esterases, que foram denominadas como EST-1, EST-2, EST-3, EST4, EST-5 e EST-6 de acordo com sua molibilidade eletroforética (Figura 2). De acordo com a especificidade aos substratos α e β-naftil acetato, em S. bipunctata as EST-5 e EST-6 foram classificadas como β-esterase, pois apresentaram coloração vermelha frente a estes substratos. As demais esterases foram classificadas com αβ-esterase pelo fato de terem apresentado coloração marrom frente a esses substratos (Figura 2). A EST-2 apresentou maior expressividade nos extratos de cabeça/tórax em relação aos de abdome. A EST-4 foi específica de extratos de abdome. Novos estudos serão necessários para verificar os tipos dessas isoenzimas e relacionar sua expressão frente a presença de resíduos de inseticidas. 52 Resultados e Discussão Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão Figuraa 2: Perfil eletroforético das esterasess de operáriaas de S. bibunnctata em geel de poliacriilamida a 10% %. A= extrattos de cabeçaa/tórax e B= extratos de aabdome. Conclusõess O que see espera é que as abbelhas S. bipunctata possam p serr futuramen nte mais estudaddas com o inntuito de serrem utilizaddas no moniitoramento da presençaa de agrotóx xicos em áreas naaturais e connservadas. Aggradecimen ntos A Agradecem mos a Coorrdenação dee Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES S) e ao Proggrama Instittucional de Bolsas de Iniciação I Ciientífica/Coonselho Naccional de Desenvoolvimento Científico C e Tecnológicco (PIBIC/C CNPq) pelass bolsas de estudo conccedidas. R Referência as COSTA A, A.J.S, IMPRETAT TRIZ-FON SECA, VL L. Intra and a intespeecific nestm matmate recognittion in Scaaptotrigona workers (H Hymenoptera: Apidae: Meliponinnae). Anaiss do IV Encontro sobre ab belhas, p. 283, 2000. KERR, W.E., CAR RVALHO, G. G A., COL LETTO-SIL LVA, A.; AS SSIS, M.G..P. Aspecto os Pouco Mencioonados daa Biodiveersidade Amazônica a In Biiodiversidaade, Pesq quisa e Desenvvolvimento na Amazzônia, Parrcerias Esstratégicas,, Ministérrio da Ciência e Tecnoloogia, v. 12: p. 20-41, 2001. Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 Página MATTH HIENSEN A. A E., TELL LECHEA E E., LEVY, J. J A. Biochemical charracterization n for the genetic interpretatiion of esterrase isozym mes in Micro opoginias furnieri f (Pissces, Sciaen nidae) in the Soutth of Brazill. Comp. Biiochem. Ph hysiol. 104, 349-352, 19 993. 53 MANSO OUR, S. A.. Is it possib ble to use thhe honeybeee adult as a bioindicattor for the detection d of pesticcide residuees in plants??. Acta. Biool. Hung. 38 8, 69-76, 19 987. VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão NOGUEIRA-NETO. A criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997. PEREIRA C. D., TANNÚS-NETO, J. observações sobre abelhas sem ferrão (hymenoptera: meliponini) coletoras de látex em abricó do pará mammea americana (l.) jacq. (clusiaceae), manaus, amazonas, Brasil. Biosci. J., Uberlândia, v. 25, n. 6, p. 133-135, 2009. ROTISSER, L. C., GUNNING, R. V., ROSE, H. A. 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Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Perfil Eletroforético de proteínas totais de Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Rodrigo Amaral Kulza1, Ana Paula Nunes Zago Oliveira2, Douglas Galhardo3, Simone Aparecida dos Santos2, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo4, Maria Claudia Colla RuvoloTakasusuki5 1 Discente do Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 2 Discente do Curso de Pós-graduação em Genética e Melhoramento. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 3 Discente do Curso de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] 4 Prof. Associado do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM 5 Profª. Adjunta do Departamento de Biotecnologia, Biologia Celular e Genética/Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected] Resumo A abelha Scaptotrigona bipunctata é conhecida como tubuna ou abelha canudo devido à entrada de sua colônia ser em formato de funil, ela pertence ao grupo dos meliponíneos, sendo uma espécie amplamente distribuída. O objetivo deste trabalho foi identificar as proteínas totais dessas abelhas nativas sem ferrão. Operárias de S. bipunctata foram coletadas na entrada do ninho, levadas ao laboratório, sacrificadas e submetidas à eletroforese SDS-PAGE a 10%, e coloração com nitrato de prata. Os peptídeos detectados variaram de 10 KDa a 120 KDa. Os extratos de cabeça/tórax apresentaram maior intensidade de coloração do que os de abdome. Além disso, foram observados nove polipeptídeos específicos para cabeça/tórax. Tal fato pode ser decorrente da presença de glândulas secretoras na cabeça, como as glândulas mandibulares, hipofaringeanas e salivares, cujos produtos são proteínas que podem ter papel no cuidado e alimentação da prole. Esses resultados contribuem para o entendimento da atuação dessas proteínas no desenvolvimento das larvas de operárias e rainhas e na resposta ao estresse causado por xenobióticos como os inseticidas. Palavras–chave: tubuna, peptídeos, eletroforese SDS-PAGE Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página The Scaptotrigona bipunctata is known as tubuna or straw bee due to the entry of your colony be shaped funnel, it belongs to the group of stingless bees, being widely distributed. The objective of this study was identify total proteins of this native stingless bee. Workers of S. bipunctata were collected from the entry of the hive, taken to the laboratory, sacrificed and subjected to SDS-PAGE electrophoresis on 10% and staining with silver nitrate. Peptides detected ranged from 10 KDa to 120 KDa. Extracts of head/thorax showed higher staining intensity than the abdomen. In addition, nine specific polypeptides were observed for head/thorax. This fact may be due to the presence of secretory glands in the head as mandibular, hypopharyngeal and salivary, whose products are proteins that may have role in 55 Abstract VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão care andd feeding of o the youn ng. These rresults contrribute to un nderstandinng the role of these proteinss in the devvelopment of o larvae of workers an nd queens an nd in responnse to stress caused by xenoobiotics suchh as insecticcides. K Keywords: tubuna, t pepttide, SDS-P PAGE electrrophoresis Introdução o O domínio ecológico das abelhass sem ferrãão entre os insetos quee visitam flores nas planíciees neotropiccais tem sido o atribuído à sua alta eusocialidad e de, atividadde perene daa colônia e aos háábitos alimeentares gen neralizadas ((MICHENE ER; GRIMA ALDI, 19799; ROUBIK K, 1992). A Scaptotrigona bipunctata conhhecida pop pularmente como Tubuuna é uma espécie pertenceente à subfamília Meeliponinae e a tribo Trigonini (Figura ( 1). Esta abelh ha é de distribuuição ampla que se esteende desde o Rio Gran nde do Sul até o Méxiico. Ela aprresenta a coloraçãão negra briilhante, com m as asas beem negras e abdome neegro com doois pontos pratas em sua porçção final (poode variar de d uma listraa prata) (PE EREIRA; TA ANNÚS-NE ETO, 2009)). Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 Página A entrada do ninho destas d abelhhas é construída de ceerume escurro, possui forma f de funil e nnão é fechaada à noite. Os favos dde cria são construídos c helicoidalm mente, mas também podem ser construuídos horizzontalmentee (NOGUE EIRA-NETO O, 1997). A As colônias destas abelhas podem teer aproxim madamente 20.000 in ndivíduos (LINDAUER ER; KERR,, 1960). Apresenntam um coomportamen nto altamennte defensiv vo, sendo muito m agresssivas (NOGUEIRANETO, 1997). O estudo e por meio m de prooteínas totaais tem com mo intuito aavaliar as allterações em suaa expressiviidade pela contaminaçção por in nseticidas. Essa E avaliaação pode ser s feita observaando o núm mero de poliipeptídeos ppresentes em m extratos de tecidos ou partes do d corpo das abelhas. Tal caaracterísticaa é decorrennte da respo osta imediatta desses innsetos após estresse, como poor exemplo, contaminaação por insseticidas. C Células de todos t os org ganismos reespondem a uma varied dade de conndições estrressantes por meeio de umaa rápida traanscrição e subsequen nte tradução de uma série de proteínas p altamennte conservadas, denom minadas geenericamentte de proteeínas de esstresse (Hea at shock proteinss - HSPs) (LOCKE; NOBLE; N A ATKINSON N, 1990). Nesse N sentiddo, Ryan; Gisolfi G e Moseleyy (1991) propuseram p m que a quuantidade dessas d protteínas sinteetizadas parrece ser dependeente da sevveridade do o estresse ssubmetido ao organism mo e do nnível celulaar destas 56 Figura 1: A= A Ninho com m cria de S. bbipunctata; B= B Ninho dee S. bipunctatta VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão proteínas existente anteriormente à esta condição. O objetivo deste trabalho foi de verificar a expressividade gênica de protéinas em diferentes partes do corpo de S. bipunctata por meio da análise eletroforética em gel de poliacrilamida. Materiais e Métodos Foram utilizadas operárias adultas de S. bipunctata provenientes de uma caixa racional localizada no apiário central da Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade Estadual de Maringá - PR. As Tubunas foram sacrificadas e estocadas em freezer a -20ºC. As amostras consistiam em extratos de cabeça/tórax em tubos de propileno 1,5ml contendo 60 µl de tampão de extração β-mercaptoetanol + glicerol 10% e de abdome contendo 40 µl de tampão de extração com 10 µl de tetracloreto de carbono para precipitar a gordura. Em seguida, as amostras foram maceradas e centrifugadas a 12.000 rpm por 5min. Para a verificação do conteúdo proteico solúvel, 15μl do sobrenadante foram utilizados, juntamente com 10µl de tampão de amostra contendo glicerol, Tris-HCl (0,24M pH 6,8), β-mercaptoetanol, azul de bromofenol e SDS a 10%, aquecidos a 96°C por 3min. Eletroforeses no sentido vertical foram realizadas utilizando géis SDS-PAGE a 10% de concentração e gel de empilhamento com concentração igual a 5%. As corridas eletroforéticas foram realizadas com tampão TrisGlicina 1,5M pH 8.8 e SDS 10% em temperatura ambiente, a 100V e posterior coloração por nitrato de prata. Por fim, os géis foram mantidos em solução conservante até a digitalização e secagem. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Em extratos de cabeça/tórax pode ser observada uma coloração mais intensa em relação à coloração apresentada no abdome, provavelmente devido uma maior quantidade de proteínas solúveis presente (Figura 2). Polipetídeos específicos de cabeça/tórax foram detectados entre 30 e 40 KDa, 50 e 60 KDa e entre 90 e 100 KDa (Figura 2). Ainda é possível observar que a região de 60 KDa poderia ser considerada como uma Heat shock protein – HSP. A grande expressividade e a intensidade de bandas existentes na região da cabeça/tórax poderia ser explicada pela composição de determinadas glândulas nestes insetos, como as salivares, as mandibulares, e as hipofaringeanas. As glândulas salivares sofrem influência ambiental em seu desenvolvimento e estão presentes no tórax de todas as espécies de abelhas, bem como na cabeça de algumas espécies, sobretudo na subfamília Apinae (Euglossini, Bombini, Meliponini e Apini) (LANDIM, 2009). Em operárias sem ferrão, o ciclo secretor desta glândula é bem definido, à medida que as operárias aumentam de idade, a secreção aumenta (LANDIM, 2009). Quanto maior o ciclo de vida das operárias de abelhas sem ferrão, menor é a capacidade funcional das glândulas mandibulares. Em alguns Trigonina, os produtos das glândulas estão ligados a procedimentos de obtenção de alimento, sendo usados para trilhas (LANDIM, 2009). Neste mesmo grupo, as glândulas hipofaringeanas estão presentes tanto nos machos como nas fêmeas, porém são maiores nas rainhas do que nas operárias e maiores nestas do que nos machos (LANDIM, 2009). 57 Resultados e Discussão VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão E Em espéciees eussociass, estas glânndulas tamb bém estão associadas com a variiação de idade ddas abelhass (LANDIM M, 2009). Contudo, a capacidad de de cadaa glândula realizar determinada funçãão está direttamente rellacionada ao o estado fissiológico doo indivíduo o, o qual apresennta variaçõees individuaais para um ma mesma idade, quee pode ser determinad do pelas necessiddades da colônia (LAN NDIM, 20099). Figura 22: Perfil de proteínas to otais de extrratos de cab beça/tórax e abdome dee S. bipuncta ata Conclusõess Espera-se que com o conhecimeento adquirrido sobre o padrão dee expressiviidade de peptídeoos em abellhas S. bip punctata, ass mesmas possam serr futuramennte estudad das mais profunddamente tannto em áreaas naturais como em áreas conservadas, poor meio do o uso de inseticiddas para, poor exemplo, combater aalgumas doeenças nestess insetos. Aggradecimen ntos A Agradecem mos a Coorrdenação dee Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES S) e ao Proggrama Instittucional de Bolsas de Iniciação I Ciientífica/Coonselho Naccional de Desenvoolvimento Científico C e Tecnológicco (PIBIC/C CNPq) pelass bolsas de estudo conccedidas. R Referência as LANDIIM, C. C. Abelhas: A mo orfologia e função de sistemas. s São Paulo: U UNESP, 200 09. Página LOCKE E, M, NOB BLE E. G.; ATKINS ON, B. G.. Exercising mammalls synthesizze stress proteinss. American n Journal of o Physiolo gy ; 258: C723-C729,1 1990. 58 LINDA AUER, M.; KERR, W. E. Commuunication beetween the workers off stingless bee. b Bee World, v. 41, n. 2, p. 29-71, 1960. Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão MICHENER, C. D. & GRIMALDI, D. A. A Trigona from late Cretaceous amber of New Jersey (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae).American Museum Novitates 2917: 1-10, 1979. NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997. PEREIRA, C. D.; TANNÚS-NETO, J. Observações sobre abelhas sem ferrão (Hymenoptera: Meliponini) coletoras de látex em abricó do pará Mammea americana (L.) jacq. (Clusiaceae), Manaus, Amazonas, Brasil. Biosci. J., v. 25, n. 6, p. 133-135, 2009. ROUBIK, D. W. Loose niches in tropical communities: why are there so few bees and so many trees? Pp. 327354. In HUNTER, M. D.; OHGUSHI, T. & PRICE, P. W. (eds.).Effects of resource distribution on animal-plant interactions. Academic Press, San Diego, 1992. Página 59 RYAN, A. J.; GISOLFI, C. V.; MOSELEY, P. L. Synthesis of 70K stress protein by human leukocytes: effect of exercise in the heat. Journal of Applied Physiology. 70: 466-471, 1991. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula Latreille (Hymenoptera: Apidae) no câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão Thaís Luana Grzegozeski¹, Letícia Braga da Silva¹, Natalia Martelozzo Santos¹, Murilo Keith Umada¹, Maria Josiane Sereia², Elizabete Satsuki Sekine² ¹Alunos de Engenharia Ambiental, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. Email: [email protected] ² Professoras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR- Campo Mourão. Email: [email protected] Resumo Dentre as espécies de abelhas nativas, Tretagonisca angustula (jataí), é a mais conhecida e criada com finalidades comerciais na região em estudo. Este trabalho teve como objetivo conhecer as espécies vegetais utilizadas por T. angustula no câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão. Schinus sp e Ricinus communis foram encontradas como espécie dominante. Apenas três tipos polínicos estiveram presentes com freqüências maiores que 15%. Em comparação com a literatura, os recursos utilizados por esta espécie são variados e divergentes, o que pode estar relacionado ao seu pequeno raio de vôo, utilizando floradas mais próximas. Palavras-chave: Análise polínica; meliponicultura; abelhas sem ferrão. Abstract Among the species of native bees, Tretagonisca angustula (jataí), is the best known and created for commercial purposes in the study area. This study aimed to identify the plant species most used by T. angustula on Universidade Tecnológica Federal do Paraná in Campo Mourão. Schinus sp and Ricinus communis was the dominant species. Only three pollen types were present with frequencies higher than 10%. Comparing with the literature, the resources used by this species are varied and divergent, which may be related to its small flight radius using blossoms near the hive. Página 60 Keywords: Pollinic analysis; meliponiculture; stingless bees. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Introdução O pólen, coletado pelas abelhas ao visitarem as flores, é colocado em compartimentos separados do néctar na colmeia, e ocasionalmente, ficam misturados ao mel. A análise dos tipos polínicos no mel permite a determinação de sua origem floral. Na região em estudo, Tetragonisca angustula (jataí) é a espécie de abelha nativa mais conhecida. Este trabalho teve como objetivo conhecer as espécies vegetais utilizadas por T. angustula na Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, Campo Mourão. Material e Métodos Amostras de mel foram obtidas em quatro caixas de T. angustula localizadas na UTFPR, Campo Mourão-PR e preparadas pelo método da acetólise (Erdtman, 1952). Foram produzidas três lâminas/amostra para análises microscópicas. A determinação de tipos polínicos teve por base o laminário depositado no Laboratório de Ecologia/ UTFPR-Campo Mourão. Para as análises quantitativas foram contados 500 grãos de pólen por amostra (lâminas em triplicata) e agrupamento por famílias botânicas e/ou tipos polínicos. Resultados e Discussão Foram visualizados nove famílias e 13 tipos polínicos, e dois tipos permanecem sem identificação. Schinus sp. e Ricinus communis tiveram valores acima de 60% nas amostras (Tabela 1). Apenas três tipos estiveram presentes com porcentagens acima de 10%. Fontes de pólen com representatividade até 10% apresentam pouca atratividade, mas podem 1986). As espécies com flores alvas e floradas abundantes foram as mais frequentes (Figura Página 1). 61 complementar as necessidades nutricionais da colmeia (Ramalho & E Kleinert-Giovannini, Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminári S io Parannaense dee Melipon niculturaa Criaçãoo Sustentá ável e Connservação de Abelha as sem Fer errão Tabela 11. Freqüênciia de tipos polínicos em mel de Tetrragonisca an ngustula - C Campo Mourrão-PR. Amostras Famíliaa T Tipo polínicco 1 2 3 4 Anacarddiaceae 70,8 8 (D) 69,,7 (D) 69 9,1 (D) S Schinus tereb binthifolius Arecaceeae T Tipo Arecaceeae 8,4 (I) 2,5 (O) 3,77 (O) 4,1 4 (O) Brassicaaceae 9,3 3 (I) 7,,5 (I) 9,1 9 (I) R Raphanus sa ativus Caesalppinaceae 0,9 (O) ( 2,7 2 (O) C Caesalpinia peltophoroid p des Euphorbbiaceae 65,5 (D) 0,22 (O) R Ricinus comm munis A Alchornea sp p. 0,4 (O) Mimosaaceae 0,1 (O) 0,77 (O) S Senegalia sp. ( 1,1 (O) 1,3 (O) 0,5 (O) ( 1,8 (O) 2 (O) P Parapiptaden nia rigida Myrtaceeae 3,3 E Eucalyptus sp. 5,2 (I) 3 (I) 5,,5 (I) 6,1 6 (I) Oleaceaae L Ligustrum sp p. 17,7 (A) 1,1 (O) 1,22 (O) Sapindaaceae S Serjania sp 1,2 (O) ( 1,88 (O) N identificcada sp1 Não 8,3 3 (I) 5,,1 (I) 7,1 7 (I) N identificcada sp2 Não 0,5 (O) ( 1,4 (O) 2,66 (O) 0,5 0 (O) D = póleen dominante (+ de 45%); A = pólen accessório (16-4 45%); I = póleen isolado im mportante (3- 15%) 1 O= pólen isolado ocasionaal (- de 3%) (B BARTH, 19899; LOUVEAU UX et al. , 1978 8). Página 62 Anais do VI Seminárioo Paranaensse de Melipon nicultura, 16 ee 17 de novem mbro de 201 12 ‐ Maringá – PR www.dzo.ueem.br/melippo6 ISSN N: 2316‐76888 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Figura 1. Plantas utilizadas por Tetragonisca angustula, no câmpus da UTFPR- Universidade Tecnológica Federal do Paraná-Campo Mourão, com seus respectivos tipos polínicos. As amostras não foram homogêneas com relação aos tipos polínicos dominantes e acessórios, sugerindo que diferentes colônias podem apresentar preferência de coleta em recursos alimentares diferentes. No entanto, outros estudos são necessários para verificar a variação na preferência floral de colmeias instaladas no mesmo local. De acordo com Nogueira-Neto (1997), T. angustula possui raio de vôo de cerca de 500m. Provavelmente o raio de vôo explica a divergência dos tipos polínicos em diferentes estudos, uma vez que a ocorrência dos tipos polínicos é influenciada pelas espécies nas proximidades das colmeias. Conclusões Dentre as floradas coletadas por T. angustula, apenas Ricinus communis, Schinus sp e Ligustrum sp. apresentaram freqüências maiores que 10%. Comparando-se os dados com a literatura, percebe-se que os recursos utilizados por esta espécie são bastante variados e divergentes, o que pode estar relacionado ao seu pequeno raio de vôo, que leva esta abelha a buscar recursos nas floradas mais próximas disponíveis. Referências BARTH OM. O pólen do mel brasileiro. Rio de Janeiro: Luxor, 1989. 226p. ERDTMAN G. Pollen morphology and plant taxonomy- Angiosperms. Stockholm: Almqvist e Wiksel, 1952. 539 p. Página NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. ed. única. São Paulo, 1997. 445 p. 63 LOUVEAUX, J.; MAURIZIO, A.; VORWOHL, G. Methods of melissopalynology. Bee World v. 59, p. 139-157, 1978. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Página 64 RAMALHO M AND KLEINERT-GIOVANNINI A. Some aspects of the utilization of pollen analysis in ecological research. Apidologie v. 17, p. 159-174, 1986. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Programa de resgate e salvamento científico da melissofauna na região da Usina Hidrelétrica Mauá nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira - PR Diego Nunes1, Tatiana de Mello Damasco2, Lucas Ribeiro Jarduli3 1 Engenheiro Florestal. E-mail: [email protected] Técnica em Meio Ambiente E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciências Biológicas E-mail: [email protected] 2 Resumo As abelhas nativas sem ferrão (Meliponina) são um grupo de abelhas sociais nativas do Brasil, por possuírem hábitos sociais, ou seja, viverem em ninhos permanentes que podem viver muitas décadas, são consideradas importantes e eficientes polinizadores da flora nativa. Estas abelhas geralmente habitam os ocos das árvores, apesar de também serem encontradas em outras cavidades pré-existentes e até mesmo ninhos externos construídos por elas mesmas. Durante as atividades de supressão da vegetação para a limpeza da bacia de acumulação do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Mauá, espécimes deste grupo de animais, com importante papel ecológico nos ecossistemas, foram relocados da área, de maneira científica e sistemática, através do Programa de Resgate e Salvamento Científico da Melissofauna. Palavras-chave: Abelhas sem ferrão, resgate, usina hidrelétrica. Abstract The native stingless bees (Meliponina) are a group of social bees native to Brazil, by having social habits, or live in permanent nests that can live many decades, are considered important and efficient pollinators of native flora. These bees often inhabit hollow trees, although they are also found in other pre-existing cavities and even external nests built by themselves. During the activities of the vegetation removal for cleaning the basin of the reservoir accumulation of HPP Mauá, specimens of this group of animals with important ecological role in ecosystems was relocated of that area, with scientific and systematic way, through the Scientific Rescue of Stingless Native Bees Program. Keywords: stingless bees, rescue, hydroelectric Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página Atividades de supressão da vegetação, como as ocorridas atualmente em usinas hidrelétricas, acabam por eliminar abelhas nativas juntamente com as árvores que abrigam seus ninhos, desencadeando um desequilíbrio ecológico. A diminuição do número de colônias 65 Introdução VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão de uma área pode torná-las vulneráveis à endogamia, ou cruzamento de indivíduos aparentados. Nas abelhas sem ferrão, isto pode ocasionar a morte das colônias pela produção de machos diploides, conhecido por “efeito Yokoiama e Ney”. A fragmentação da floresta impede o fluxo gênico entre colônias diferentes na mesma área de reprodução acarretando que rainhas acasalem-se com machos aparentados. O resultado é a produção de 50% de indivíduos machos diploides. Assim, as colônias morrem gradualmente pela eliminação da rainha e por falta de abelhas operárias. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página O resgate e salvamento científico da melissofauna foi realizado durante as atividades de supressão da vegetação para a limpeza da bacia de acumulação do reservatório da UHE Mauá que se situa na porção média do rio Tibagi, sob as coordenadas 24º02’24” de latitude Sul e 50º41’33” de longitude Oeste, na divisa dos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira Paraná. A equipe era composta de dois especialistas em abelhas nativas, sendo um deles o coordenador, três auxiliares de campo e um auxiliar do centro de triagem. Posteriormente houve ampliação da equipe devido ao aumento das frentes de supressão. Nas atividades de campo eram utilizadas caminhonetes 4x4, que eram equipadas com materiais específicos para resgate de abelhas nativas sem ferrão, como por exemplo: cunhas de metal para rachar madeira, marreta, martelo, pregos grandes e médios, sugador de abelhas (aspirador entomológico), fita zebrada para marcação de ninhos, máquina fotográfica, aparelho GPS para marcação das coordenadas geográficas, ficha de campo, macacão completo de apicultor (no mínimo dois), máscara de apicultura (no mínimo duas), luvas de couro, cera alveolada, fita adesiva, caixa de plástico com tampa, e caixas de criação racional modelo Fernando Oliveira. Estas caixas eram utilizadas no caso de haver a necessidade de realizar uma transferência do ninho a ser resgatado, geralmente quando o tronco que o continha estava muito danificado e sem condições de oferecer proteção adequada ao enxame. Somente era realizada a transferência para caixas de criação racional em casos de extrema necessidade, como rachaduras irreparáveis que expunham demasiadamente os enxames neles contidos. No centro de triagem, ou meliponário, realizavam-se revisões diárias dos enxames alojados em caixas racionais, anotando-se os dados em uma ficha. Era realizado o controle de inimigos naturais, como forídeos (Diptera), por exemplo, com a armadilha de vinagre, na qual utilizava-se vinagre de maçã, por ser o mais atrativo. Também eram removidas as aranhas, as formigas e as vespas ou quaisquer outros predadores que eram encontrados dentro ou nas proximidades das caixas racionais. Periodicamente estes enxames eram alimentados com xarope de água e açúcar cristal a 60% de diluição e, esporadicamente, com pólen apícola quando o ninho encontrava-se deficiente. Quando havia a disponibilidade de mel da própria espécie de abelha, o mesmo era fornecido. Os enxames alojados em troncos eram revisados apenas externamente para acompanhar seu desenvolvimento e recuperação e para verificar se havia presença de algum inimigo natural ou predador. Se constatado, o controle de predadores naturais era efetuado. 66 Material e Métodos VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Página De uma área desmatada de cerca 2900 hectares, foram resgatados 1.345 enxames de abelhas sem ferrão pertencentes a 15 espécies e 11 gêneros. As quantidades resgatadas por espécie são: 17 de arapuá branco (Trigona fuscipennis), 10 de arapuá manso (Trigona fulviventris), 5 de boca-de-sapo (Partamona helleri), 148 de borá (Tetragona clavipes), 11 de iraí (Nannotrigona testaceicornis), 18 de irapuã (Trigona spinipes), 8 de iratim (Lestrimelitta rufipes), 232 de jataí (Tetragonisca angustula), 1 de mandaguari (Scaptotrigona postica), 185 de manduri (Melipona marginata), 420 de mirim droriana (Plebeia droryana), 141 de mirim guaçu (Plebeia remota), 42 de mirim preguiça (Friesella schrottkyi), 33 de mombucão (Cephalotrigona capitata) e 74 de tubuna (Scaptotrigona bipunctata). A espécie conhecida popularmente na região por mombuca e, na literatura, como mombucão (Cephalotrigona capitata) consta na lista oficial do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) como ameaçada de extinção no Estado, na categoria vulnerável. Desta espécie foram resgatados 33 enxames, demonstrando haver na área condições ambientais favoráveis para a manutenção de populações viáveis desta espécie. Para a destinação dos ninhos após o término do resgate, foram identificadas propriedades próximas das áreas de preservação permanente do futuro reservatório, com condições de abrigar enxames alojados em troncos, para reintrodução dos mesmos na natureza, com o único objetivo de conservação. Espera-se que, com o tempo, estes enxames proporcionem uma recolonização das áreas, pelo processo natural de enxameamento (reprodução onde parte do enxame matriz sai do ninho para fundar uma nova colônia). Os interessados em receber os ninhos participaram de mini-curso de meliponicultura, ministrado pelos especialistas da equipe de resgate, onde receberam treinamento teórico e prático, e foram previamente cadastrados no Ibama, através do cadastro técnico federal – CTF, como criadores de fauna silvestre. Receberam os enxames: apicultores da Cooperativa de Apicultores e Meliponicultores Caminhos do Tibagi – Coocat (Telêmaco Borba – PR), apicultores da Associação Ortigueirense de Apicultores – Apomel (Ortigueira – PR), com o objetivo de desenvolver a meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) em suas propriedades. Também receberam enxames, mas com o único objetivo de conservação e reintrodução na natureza, áreas cedidas pela empresa Klabin Produtos Florestais no Setor de Fitoterápicos (meliponário Lagoa) e na Klabin Parque Ecológico (criadouro conservacionista), ambas em Telêmaco Borba – PR, e a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Monte Sinai, em Mauá da Serra – PR. Parte dos ninhos permaneceu na área do meliponário do horto das Caviúnas localizado próximo à barragem da UHE - Mauá, com o objetivo de conservação e polinização para aumento da produção de sementes de árvores nativas. Está sendo realizado desde de junho de 2012, o monitoramento trimestral que fornecerá dados de adaptação dos ninhos às novas áreas, bem como sua taxa de sobrevivência. Até a presente data, foram realizadas duas campanhas para avaliação e assistência técnica aos receptores. Constatou-se que 75% dos enxames estão vivos e se desenvolvendo muito bem nos locais e condições em que foram dispostos. 67 Resultados e Discussão Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Conclusões O desaparecimento das abelhas sem ferrão numa área causada por desmatamento pode implicar na extinção de algumas espécies de árvores que dependem da polinização cruzada de suas flores, causando um desequilíbrio nas populações destas espécies que são interrelacionadas. Assim, atividades de resgate e salvamento científico das abelhas nativas sem ferrão podem minimizar os impactos ambientais decorrentes de atividades de supressão da vegetação, para implantação de reservatórios de usinas hidrelétricas, contribuindo para que os polinizadores permaneçam na área do entorno do reservatório e mantendo um número mínimo de colônias na população intercruzante e a variabilidade genética na área de reprodução. Agradecimentos Ao Departamento de Biodiversidade da Companhia Paranaense de Energia – Copel e ao Consórcio Energético Cruzeiro do Sul pela permissão do uso dos dados obtidos durante o trabalho realizado no local. Referências KERR, W. E.; CARVALHO, G. A. & NASCIMENTO, V. A. Abelha uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. Livre Patrocínio: Fundação Banco do Brasil e Universidade Federal de Uberlândia. Publicação 2 da Fundação Ancagau, Belo Horizonte (MG). 143p. 1996. MIKICH, S.B. & R.S. BÉRNILS. 2004. Livro da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná. 763 p. Página 68 NOGUEIRA-NETO, Paulo. Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. São Paulo: Chácara e Quintais, 1953. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Uso da termografia infravermelha na avaliação do ambiente interno de colônias de abelhas sem ferrão Heber Luiz Pereira1,Tânia Patrícia Schafaschek1, Rafael Eduardo Pérez Cárdenas2, Priscilla Ayleen Bustos Mac-Lean3, Vagner de Alencar Arnaut de Toledo3 1 Discente doPrograma de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá.Email: [email protected] 2 Discente de Zootecnia. Universidad Nacional de Colombia. 3 Profª. do Departamento de Zootecnia/Universidade Estadual de Maringá – UEM. Resumo Este trabalho teve como objetivo mostrar a utilização da termografia infravermelha como uma ferramenta para futuros estudos sobre a capacidade de termorregulação e controle da temperatura interna de colônias de abelhas sem ferrão. O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi, pertencente à Universidade Estadual de Maringá, na manhã de 26 de outubro de 2012. Para os registros fotográficos utilizou-se a câmera termográfica da marca Fluke® Ti110 e as imagens foram avaliadas no programa Smartview 3.2 da mesma marca. Foram fotografadas áreas com ninhos em caixas abertas de diferentes espécies: Tetragonisca angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, e uma colmeia de observação de Apis mellifera.Com as observações realizadas pode-se concluir que a câmera termográfica é uma ferramenta eficiente para a avaliação da temperatura de diferentes regiões das colônias de abelhas, propiciando novas alternativas de estudos da capacidade termorregulatória dessas espécies. Palavras-chave: abelhas nativas, termografia, termorregulação Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Página This study aimed to show the use of infrared thermography as a tool for future studies on thermoregulation and the ability to control the internal temperature of the colony. The study was conducted at the Iguatemi Experimental Farm, owned by the State University of Maringá, in the morning of October 26, 2012. The electronic equipmentused was a thermographic camera brand Fluke ® Ti110 and images were evaluated in the program Smartview 3.2 of the same company. Nests were photographed on open boxes with different species: Tetragonisca angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, and an observation hive of Apis mellifera. With the observations we can conclude that the thermographic camera is a powerful tool for assessing the temperature of different regions on 69 Abstract VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão bee colonies, providing new alternatives for studies of thermoregulatory capacity of these species. Key words: thermography, thermoregulatory capacity, native bees Introdução Página A termografia segundo o dicionário médico Dorlands vem das palavras latinas “calor” y “escrever”, e é definida como: “uma técnica não invasiva que mede as emissões infravermelhas (temperatura) da superfície de um objeto, produzindo uma representação gráfica da temperatura”. Avaliar parâmetros fisiológicos de animais, em ambientes tropicais, é de fundamental importância e é uma forma direta para se maximizar a eficiência fisiológica e econômica da exploração. O uso da câmera termográfica como alternativa de avaliação aos parâmetros fisiológicos dos animais de produção é um método menos invasivo, algumas formas de avaliação e manejo acabam levando o animal a um estresse acentuado pela intervenção humana (Bustos Mac-Lean, 2012). Desta forma este trabalho teve como objetivo mostrar a utilização da termografia infravermelha como uma ferramenta para futuros estudos sobre a capacidade de termorregulação e controle da temperatura interna de colônias de abelhas sem ferrão. 70 As abelhas sem ferrão nativas do Brasil pertencem à superfamília Apoidea que é subdividida em 8 famílias: Colletidae, Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae, Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os Apidae se subdividem em quatro subfamílias: Apinae, Meliponinae, Bombinae e Euglossinae. Os Meliponinae, por sua vez, se dividem em duas tribos: Meliponini e Trigonini, Kerr et al. (1996).A maior parte das espécies de Meliponini depende de árvores vivas para construção dos ninhos (Nogueira-Neto, 1970; Roubik, 2006), os desmatamentos e a fragmentação de habitats têm sido apontados como importantes causas da diminuição das populações de abelhas nativas,pois a sobrevivência dessas abelhas depende também de recursos florais para a alimentação e de locais adequados para a nidificação (Roubik, 2006).A sua criação constitui a MELIPONICULTURA, palavra usada pela primeira vez no livro do Dr. Paulo Nogueira-Neto de 1953, esta atividade consiste no uso de caixas racionais que devem simular as condições que teriam em um local natural de nidificação.Os insetos sociais são capazes de manter a temperatura dos ninhos dentro deu ma faixa “adequada” (zona de equilíbrio térmico) para seu desenvolvimento. Esse mecanismo de regulação da temperatura é realizado pelas abelhas sem ferrão passivamente, por meio de adaptações estruturais em determinadas espécies, como um invólucro que envolve a área de cria e o escutelo que envolve o ninho, formando assim camadas de isolação térmica. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Materiais e Métodos O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental de Iguatemi, pertencente a Universidade Estadual de Maringá, na manha de 26 de outubro de 2012. Para os registros fotográficos utilizou-se a câmera termográfica da marca Fluke® Ti 110 e as imagens foram avaliadas no programa Smartview 3.2 da mesma empresa. Para a avaliação das imagens, foram fotografadas área de ninhos de caixas abertas de diferentes espécies: Tetragonisca angustula, Plebeia remota, Scaptotrigona bipunctata, e uma colmeia de observação de Apis mellifera, como mostradas nas Figuras 1, 2, 3 e 4. Figura 4. Apis mellifera Página Figura 3. Tubuna (Scaptotrigona bipunctata) Figura 2. Mirim (Plebeia remota) 71 Figura 1. Jataí (Tetragonisca angustula) Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Resultados e Discussão O uso da câmera termográfica permitiu o registro das temperaturas máxima, mínima e média no interior dos diferentes tipos de colmeia. Os valores de temperatura são apresentados na tabela 1. Tabela 1: Temperaturas máxima, mínima e média em ºC registradas com a utilização de câmera termográfica em colmeia horizontal de Jataí (Tetragoniscaangustula), colmeia vertical de Mirim (Plebeia remota) e Tubuna (Scaptotrigonabipunctata) e colmeia de observação de Apismellifera, em outubro de 2012, Maringá, PR. Colmeia Temp. máxima (ºC) Temp. mímina (ºC) Temp. média (ºC) 27,9 25,1 26,7 29,5 25,8 27,4 31,1 26,9 29,3 32,5 28,5 31,5 Jataí (Tetragoniscaangustula) - colmeia horizontal Mirim (Plebeia remota) - colmeia vertical Tubuna (Scaptotrigonabipunctata) colmeia vertical Apismellifera - colmeia de observação Utilizando data loggers, Roldão et al. (2009) encontrou temperaturas entre 30,2 e 31,4°C na área de cria de Meliponascutellaris. A utilização da termofotografia é um método não invasivo para a mensuração da temperatura Página 72 interna das colônias, reproduzindo com fidelidade as condições do ninho. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Conclusões Com as observações realizadas pode-se concluir que a câmera termográfica é uma ferramenta eficiente para a avaliação da temperatura de diferentes regiões das colônias de abelhas, propiciando novas alternativas de estudos da capacidade termorregulatória dessas espécies. Agradecimentos Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de estudo concedidas. Referências KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V.A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. 2.ed. Coleção Manejo da vida silvestre – Belo Horizonte-MG : Acangaú, 1996. 144 p. BUSTOS MAC-LEAN, P.A.B. Programa de suplementação de luz e relações entre variáveis fisiológicas e termográficas de bezerros em aleitamento em clima quente. 2012. 103f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade de São Paulo, Pirassununga. NOGUEIRA-NETO, P. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). 2ª. ed.Tecnapis, 1970. 365p. ROLDÃO, Y. S., HRNCIR, M., ZUCCHI, R.(2009) Investigações sobre a termorregulação em abelhas sem ferrão,Melipona scutellaris (Apidae, Meliponini). In Resumos do XXVII Encontro Anual de Etologia, Bonito - MS, Brazil,CD-ROM. ROUBIK, D.Stingless bee nesting biology.Apidologie, v.37, p.124-143,2006. Página 73 SILVA, R. G. Biofísica ambiental – os animais e seu ambiente. Jaboticabal: Funep, 2008. 326 p. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 VI Seminário Paranaense de Meliponicultura Criação Sustentável e Conservação de Abelhas sem Ferrão Produção in vitro de rainhas e multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão Mauro Prato Laboratório de Biologia e Genética de Abelhas, Depto. de Genética da FMRP-USP. Av. Bandeirantes 3900. Monte Alegre. Ribeirão Preto- S.P. CEP: 14049-900, [email protected] A meliponicultura avançou bastante nos últimos anos, com isso, além da produção de mel, novas demandas têm surgido, como o uso na polinização de culturas agrícolas. A principal limitação para a utilização comercial desses polinizadores é a dificuldade de produção de colônias em larga escala, o que é prejudicado pelo pouco conhecimento sobre a biologia reprodutiva dessas abelhas. Nas abelhas indígenas sem ferrão (exceto gênero Melipona) a quantidade de alimento ingerido pelas larvas fêmeas é o fator responsável pela diferenciação das castas, pois as larvas que se tornarão rainhas ingerem mais alimento que as larvas de operárias, não havendo diferença qualitativa entre o alimento fornecido a ambas as castas. Assim, oferecendo maior quantidade de alimento às larvas de operárias, podemos induzir seu desenvolvimento em rainhas, técnica conhecida como produção in vitro de rainhas que junto com a formação de mini-colônias podem ser utilizadas como ferramentas para tornar a multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão mais eficiente e produtiva. Palavras chave: abelhas sem ferrão, produção in vitro de rainhas, determinação de castas, Página 74 multiplicação de colônias. Anais do VI Seminário Paranaense de Meliponicultura, 16 e 17 de novembro de 2012 ‐ Maringá – PR www.dzo.uem.br/melipo6 ISSN: 2316‐7688 Apoio: Amanda Camila de Oliveira Poppi André Luiz Seccatto Garcia Caio Leonardo Stem Menocci Djanety Batista Araújo Douglas Galhardo Eduardo Carvalho de Aquino Erica TravainiGrecco Ferenc Istvan Bankuti Fernando Hiroshi Kurozawa Junior Gustavo Henrique de Araújo Isabela Ferreira Leal Jaqueline de Souza Horugel Karla Mariana Mateus Bioni Marcos Leandro Batista Melina Franco Coradini Paola Casagrande Página Pamela Roberta de Souza 75 Murilo Monteiro Priscila Martins Ribeiro Rafael Eduardo Pérez Cárdenas Renata Pavan de Souza Ricardo Gomes Petrucci Taisa Kesi Campos Tânia Patrícia Schafaschek Vinicius D. Vieira da Costa Agradecimentos: Anna Christina Esper Amaro de Faria Djanety Batista Araújo Ferenc Istvan Bankuti Rodrigo Horvath Meneguzzi Silvio Magalhães Barros Tânia Patrícia Schafaschek Página 76 Thaysa Mazzo Mura Realizaçã ão: Página 77 Patrocinadores: Página 78