Lectin activity in leaves from Indigofera suffruticosa
Transcrição
Lectin activity in leaves from Indigofera suffruticosa
ATIVIDADE LECTÍNICA EM FOLHAS DE INDIGOFERA SUFFRUTICOSA Sônia P. Leite1; Ana C. R. Leite2; Maria B. R. Silva2; Patrícia M. G. Paiva2; Edeltrudes E. O. Lima3; Luana C. B. B. Coelho2; Vera L. M. Lima2. 1 Departamento de Histologia e Embriologia do CCB –UFPE. Av. Prof. Moraes Rego, s/n – Cidade Universitária – Recife/PE. Fone:(81) 3271.8515. CEP 50670-420. 2 Departamento de Bioquímica – CCB – UFPE. Av. Prof. Moraes Rego, s/n – Cidade Universitária – Recife/PE. Fone: (81) 3271.8540. CEP 50670-420.* E-mail: [email protected] ou vlml@ ufpe. br 3 Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa - Pb. Lectin activity in leaves from Indigofera suffruticosa Lectin activity was detected in aqueous extracts obtained from stems, seeds, and leaves of Indigofera suffruticosa (Fabaceae). Haemagglutination activity was detected in an ammonium sulphate fraction (F 0-60 %) obtained from leaves. The highest agglutination activity of F 0-60 % was found with glutaraldehydetreated rabbit erythrocytes; human erythrocytes of blood group AB were also agglutinated. I. suffruticosa leaf lectin (IsuLL) was partially inhibited by glucose and mannose. The lectin was inhibited by ovalbumin, casein and human colostrum. Introdução As lectinas são proteínas ou glicoproteínas de origem não imunológica, capazes de interagir de forma reversível com carboidratos através de pelo menos dois sítios de ligação, aglutinam células vegetais e/ou animais e precipitam glicoconjugados (Goldstein et al., 1980). Essas proteínas são amplamente distribuídas na natureza sendo encontradas em animais e vegetais. Nas plantas, as lectinas podem ser detectadas em tecidos tais como folhas (Koike et al., 1995), sementes (Kamemura et al., 1996), cascas (Wititsuwannakul et al., 1998) e raízes (Yamashita et al., 1992). Lectinas de leguminosas têm sido intensamente estudadas (Sharon & Lis, 1990; Paiva & Coelho, 1992, Coelho & Silva, 2000). A especificidade de uma lectina pode ser observada através de um ensaio de inibição da atividade hemaglutinante (AH) utilizando carboidratos ou glicoconjugados. De acordo com o monossacarídeo e/ou oligossacarídeo que mais efetivamente inibe sua aglutinação por eritrócitos, as lectinas são classificadas em grupos de reconhecimento e especificidade. Indigofera suffruticosa Mill (Fabaceae), comum em Regiões Tropicais e Subtropicais, é uma leguminosa utilizada na adubação verde e cobertura dos solos. Esta forrageira anual ou perene é adaptada à Região do Semi-Árido e Agreste do Estado de Pernambuco. A planta é considerada como tintória; as raízes e folhas têm propriedades antiespasmódicas, sedativa e diurética (Braga, 1985). Estudos farmacológicos mostraram que extratos de I. suffruticosa apresentam atividade anticonvulsivante (Alejo et al., 1996), anti-genotóxica (Badell et al., 1998) e antiepiléptica (Roig & Mesa, 1974). No estudo farmacognóstico da droga, Kamal & Mangla (1993) identificaram, isolaram, e quantificaram seis rotenóides verificando a bioeficácia desta planta contra larvas de Anopheles e Callosobruchus chinensis adultos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de lectina em folhas de I. suffruticosa. Experimental Obtenção de extrato de I. suffruticosa I. suffruticosa foi coletada na fazenda Estivas em São Caetano, Estado de Pernambuco; a amostra da planta encontra-se catalogada no Herbário UFP (nº 32859) da Universidade Federal de Pernambuco. Os extratos das folhas, caules e sementes foram efetuados em água destilada para uma concentração final de 10% (p/v). O processo de extração ocorreu em temperatura ambiente por 16 h. O material foi submetido à centrifugação a 12.100 x g, por 15 min. A concentração protéica e a atividade hemaglutinante foram determinadas nos extratos. A purificação parcial das proteínas das folhas foi feita através de fracionamento com sulfato de amônio e seguiu a metodologia de Green & Hughes (1955). Cada fração obtida da precipitação do extrato da folha por sulfato de amônio, ou seja, o material precipitado (F 0-60 %) e o sobrenadante (S 0-60 %) foram dialisados em água destilada, tendo em seguida sido determinada a concentração protéica e a atividade hemaglutinante. Atividade protéica hemaglutinante e quantificação A suspensão de eritrócitos glutarizados foi procedida segundo Bing et al. (1967). Para a determinação da atividade hemaglutinante (AH) foram utilizados eritrócitos de coelho e de humano tipo AB tratados com glutaraldeído. AH foi descrita de acordo com Correia & Coelho (1995) e foi definida pelo inverso da maior diluição em que foi observada a aglutinação total. AH específica (AHE) foi encontrada pela divisão da AH pela concentração protéica (mg/ml). Ensaio de inibição da AH foi realizado com os carboidratos D(+)galactose, D(+)rafinose, D(+)sacarose, D(+)frutose, D(+)arabinose, D(+)manose e D(+) glicose, bem como glicoproteínas (ovoalbumina, caseína e colostro humano). Placas de microtitulação foram preenchidas com 50 µl da solução dos carboidratos (200 mM) em NaCl 0,15 M ou glicoproteínas (1 mg/ml) em NaCl 0,15 M e em seguida foram adicionados 50 µl da preparação lectínica (F 0-60 %). Foi procedida a incubação em temperatura ambiente, por 45 min, ao término da quais, 50 µl da suspensão de eritrócitos glutarizados de coelho a 2,5 % (v/v) em NaCl 0,15 M foram adicionados a cada poço. As inibições da AH em cada concentração dos carboidratos e glicoproteínas foram avaliadas após 45 min. Resultados e Discussão Na Tabela 1 estão representados os dados referentes à concentração protéica e a AHE dos extratos de folhas, caules e sementes de I. suffruticosa. A maior AHE foi obtida no extrato de sementes. Entretanto, as folhas constituíram o material de escolha desde que são utilizadas na medicina popular com atividade antimicrobiana. Tabela 1. Concentração protéica e atividade hemaglutinante específica de diferentes extratos de I. suffruticosa. Extratos Proteína (mg/ml) Folhas Caules Sementes 10,7 3,9 8,1 AHE 192 531 8091 AHE, atividade hemaglutinante especifica. AH, com eritrócitos glutarizados de coelho. . Preparações protéicas de folhas foram principalmente ativas na fração F 0-60 %, com eritrócitos glutarizados de coelho. F 0-60 % e S 0-60 % apresentaram AH para eritrócitos de coelho e humanos do tipo AB (Tabela 2). Tabela 2. Atividade hemaglutinante preparações de folhas de I. suffruticosa. de Preparações de folhas Eritrócitos Humano (AB) Coelho F 0-60 %a S 0-60 %b 64 64 2048 8 a - Precipitação de proteínas; b - Sobrenadante. A purificação parcial de lectinas de folhas de I. suffruticosa através de precipitação com sulfato de amônio (F 0-60 %) mostrou AHE de 225 (Tabela 3). F 0-60 % foi inibida parcialmente por glicose e manose; ovoalbumina, caseína e colostro humano também inibiram IsuLL (Tabela 4). Resultados similares referentes à atividade hemaglutinante foram reportados por Coelho e Silva (2000) em folhas de Bauhinia monandra. Dahot (1999) utilizou o mesmo gênero Indogofera para isolar e caracterizar 4 frações protéicas de extrato aquoso de folhas de I. oblongifolia. Os eritrócitos quando tratados com glutaraldeido promovem a estabilidade e aumentam a sensibilidade das células para a lectina, através da exposição de grupos reativos (Moreira et al., 1991; Correia e Coelho, 1995). Tabela 3. Purificação parcial da lectina de folha de I. suffruticosa. Amostra V P PT AH AHE (ml) (mg/ml) (mg) Extratos 400 8,2 3280 64 8 F 0-60% 50 9,1 455 2048 225 V- volume; P- proteínas; PT- proteínas totais. AH - Atividade Hemaglutinante de eritrócitos de coelho; AHE – AH específica. Tabela 4 - Atividade hemaglutinante de F 0-60 % de folhas de I. suffruticosa em presença de carboidratos e glicoproteínas. Carboidratos (100 mM) Glicose Manose Galactose Rafinose Sacarose Frutose Arabinose AH 512 512 2048 2048 2048 2048 2048 Glicoproteínas (1mg/ml) Ovoalbumina Caseína Humano Colostro 8 2 32 AH - F 0-60% em NaCl 0,15 M (2048). A similaridade das estruturas sacarídicas encontradas em diversas glicoproteínas e receptores de superfície celular permitem que ligantes específicos de carboidratos como as lectinas possam reconhecer unidades monossacarídicas ou semelhantes estruturas oligossacarídicas em uma proteína e em superfície celulares (Coelho e Silva, 2000). A purificação de IsuLL por afinidade está em desenvolvimento e as preparações contendo a lectina serão avaliadas para atividade antimicrobiana. Conclusões Extratos de folhas, caules e sementes de I. suffruticosa possuem atividade lectínica. IsuLL foi principalmente detectada com eritrócitos de coelho, sendo inibida por carboidratos e glicoproteínas. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro. Os autores agradecem à Bióloga Marlene Barbosa do Departamento de Botânica da UFPE pela identificação e catalogação da espécie vegetal em estudo. Referências Bibliográficas J. P. Alejo; P. Miranda; R. Rodrigues. Revista Cubana de Planta Médica. 1996, 1(2): 710. B. Badell; A R. Ruiz; A B. Parra; M. D. Michelengela; M. J. M. Michelangela; A Experimental Biology and Medicine. 1998, 124: 1116-1170. H. D. Bing; J. G. M. Weyand; A. B. Stavinsky. Proceeding of the Society for Experimental Biology and Medicine. 1967, 124: 1116-1170. R. Braga. Plantas do Nordeste, Especialmente do Ceara. 4ª edição, 41-43. Editora Universitária da UFRN. Natal, 1985. L. C. B. B. Coelho; M. B. R. Silva. Phytochemical Analysis. 2000, 11: 295300. M. T. S. Correia; L. C. B. B. Coelho. Applied Biochemistry and Biotechnology. 1995, 55: 261-273. M. U. Dahot. Journal of Ethnopharmacology. 1999, 64: 277-282. A. A. Green; W. L. Hughes. Methods in Enzymology. 1955, 1: 67-90. J. Goldstein, I .J., R. C. Hughes; M. Monsigny Osawa, N. Sharon. Nature. 1980, 285: 66. R. Kamal; M. Mangla. Journal of Bioscience. 1993, 18(1), 93-110 T. Koike; H. Beppu; H. Kuzuya; K. Maruta; K. Shimpo; M. Suzuki; K. Titan; K. Fujita. Journal of Biochemistry. 1995, 118;1251210. K. Kamemumura; Y. Furuichi; H. Umekawa; T. Takahashi; Biochimica et Biophysica Acta. 1996, 608-611. R. A. Moreira; I. L. Ainouz; J. T. A. Oliveira; B. S. Cavada. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 1991, 86: 211-218. P. M. G. Paiva; L. C. B. B. Coelho; Applied Biochemistry and Biotechnology. 1992, 36: 113-118. T. J. Roig y Mesa. Plantas medicinais e aromáticas de Cuba. La Habana: Editorial Cientifico Técnico. 1974, 163-5. N. Sharon; H. Lis. FASEB Journal. 1990, 4: 3198-3208. R. Wittsuwannakul; D. Wittsuwannku; C. Sakulborirug. Phytochemistry. 1998, 47: 193-187 K. Yamashita; T. Ohkura; K. Umetsuk; T. Suzuki; Journal of Biological Chemistry. 1992, 267: 25414-25422.