Ago 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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Ago 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
1 ago-set/10 ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 17 – AGOSTO/SETEMBRO 2010 ago-set/10 2 O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422 Fax: 53 3242.9522 e-mail: [email protected] home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos 2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira Filho 1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa 2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares 2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de Garcia CONSELHO FISCAL Titulares Carlos Alberto Teixeira Ruy Armando Gessinger Leonardo Rohrsetzer de Leon Suplentes Emanoel da Silva Biscarde Joel Rodrigues Bitar da Cunha Fabrício Wollmann Willke SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O. Superintendente Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Substituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Fabrício Wollmann Willke SUPERVISOR ADMINISTRATIVO Paulo Sérgio Soares GERENTE ADMINISTRATIVO Bismar Augusto Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral Agropress Agência de Comunicação Edição Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação/Redação Nicolau Balaszow Colaborador Luca Risi Fotografia Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial Carolina von Poser Milego/Daniela Levandovski [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] Foto de Capa: Robespierre Giuliani E Momento Desejado enfim chegamos ao momento tão sonhado na vida de um produtor de cordeiros. Um mercado ávido para consumir, um preço bem acima das médias históricas e um bom número de compradores batendo nas nossas porteiras à procura do nosso produto. Ah, que maravilha estar vivenciando este momento que tanto desejamos... ! E por quê estamos tendo este momento diferenciado? Porque pela primeira vez vamos ter menor oferta de carne na maior parte dos estados brasileiros, pois o Uruguai que era um fornecedor bem ativo ao longo do ano diminuiu drasticamente o volume de carne enviada para o Brasil. Isto porque eles conseguiram abrir mercados importantes no exterior, conseguindo com isto melhores preços. Já abasteciam a União Européia e hoje exportam para o Canadá, os Estados Unidos e um pouco da Arábia. Soma-se a isto o fato de a Austrália e a Nova Zelândia terem diminuído sua oferta ao mercado externo, devido às repetidas secas que aconteceram por lá. E o mais interessante é que não há perspectivas de um outro fornecedor externo tomar o lugar do Uruguai. O máximo que poderia acontecer é o Peru, que tem um rebanho próximo ao do Brasil, mas que exporta sua carne para outros mercados também. Esta situação retrata bem o que nós da ARCO vínhamos falando há algum tempo. É preciso organizar a produção de rebanhos comerciais, de produtores de cordeiros, de confinadores e/ou “engordadores” de cordeiros porque muito em breve HUMOR Editorial vai faltar produto no mercado. E esta falta traz um risco que é o de desestimular todo o sistema e desmontar toda a caminhada que já fizemos até agora. Creio sinceramente que não podemos voltar ao modelo do cachorro atrás do rabo, e devemos aproveitar esta oportunidade para discutirmos com toda a franqueza, o que vamos fazer para aproveitar este momento tão favorável para nós criadores. Sei que não estamos prontos para suprir o mercado local, mas que se verdadeiramente nos unirmos para listar as ações factíveis e lutarmos com todas as nossas forças para que isto aconteça, muito em breve teremos um outro cenário na produção de carne ovina. Sei também que há por todo este Brasil, entidades, pessoas, pesquisadores, travando uma luta às vezes inglória, para mudar a situação do seu estado ou da sua região. Buscando construir uma organização mínima de produção de carne ovina. E que muitos estados estão criando programas de desenvolvimento do setor, por conta do estado ou em conjunto com a iniciativa privada. Todos merecem elogios e parabéns. Mas está na hora de juntarmos todos em uma grande sala e começarmos a listar o que já sabemos que é necessário fazer, e por em prática tudo isto. Por experiência própria sei que a criação não é uma coisa matemática e que acontece como escrevemos no papel, mas, como já disse uma outra vez, é hora de arregaçar as mangas e partir para fazer. O mercado está hoje do jeito que sempre sonhamos, e realmente não creio que possamos mais uma vez, perder uma ótima oportunidade de virarmos a mesa e mudarmos o rumo desta prosa que vem sendo a mesma há muito tempo. Paulo Schwab - Presidente da ARCO 3 ago-set/10 Reportagem Kuvasz - eficiente cão de pastoreio É conhecida a importância dos cachorros de pastoreio quando é discutido o tema de proteção dos rebanhos de ovinos e mesmo de outras espécies de animais. Utilizado em larga escala e há muitos séculos, este tipo de recurso se deu quase que exclusivamente pelos criadores do continente europeu. A Romênia, por exemplo, tem uma das maiores populações de ursos e lobos da Europa e é, também, uma grande produtora de ovinos. As perdas são mínimas e não é considerado um problema, devido ao uso tradicional dos cães. É comprovada solidamente a eficiência da raça Kuvasz, de origem bastante controvertida, mas que se sabe estabelecido e desenvolvido na Hungria, começou a ganhar espaço na América do Norte a partir da década de 70. O s americanos Lorna e Ray Coppinger foram os primeiros pesquisadores de várias raças de cães protetores de rebanho com o objetivo de diminuir a predação. Eles criaram o “Livestock Guard Dog Project” no Hampshire College, Massachusetts. O primeiro passo foi introduzir nas fazendas alguns cachorros para verificar o seu desempenho. Os testes provaram redução nas perdas e, com isso, o programa cresceu. Eles formaram um registro ativo do trabalho dos cães, sendo que o Kuvasz é uma das 12 raças atualmente utilizadas. Conforme informações do criador da raça, Paulo Ricardo Viegas, do Canil Refúgio na Montanha, Morro Reuter, RS, o Kuvasz pertence ao grupo de guardiões de rebanho, que realiza seu trabalho há séculos. “Diferente das raças de cães de guarda recentes, essa traz uma genética totalmente formada por essa herança”. Seu nome turco significa “protetor” e o termo foi encon- Um encantador cão de guarda trado inscrito em formato cuneiforme nas placas escavadas em cidades sumérias, tendo aproximados 6 mil anos. “O Kuvasz é percebido principalmente como cão de defesa e é totalmente confiável e seguro com o rebanho”, informa Viegas. Sua inteligência, independência e bom senso como um guardião faz dele um protetor ideal. São recomendáveis dois cães para o trabalho de campo, já que agem como uma equipe quando confrontados. No Brasil, conforme relatos, as maiores perdas de ovinos são para cães vadios. Em locais onde ainda existem grandes predadores, os fazendeiros apelam para o abate, mas muitos criadores já estão dando a devida importância ao cão protetor de rebanho, dispondo de uma solução de alta tecnologia - eficaz e ecologicamente correta. O Kuvasz sabe interpretar as ameaças reais e tem a característica de resolver desafios solitariamente, com pouco ou nenhum contato humano durante suas funções. “Esta é uma característica essencial no comportamento da raça e deve ser preservada”, orienta o criador. Poderosamente constituído, rápido, ágil e com notável coragem no ataque, chega a medir 76 cm na centelha (macho), 70 cm (fêmea) e pesam 50 kg e 42 kg, respectivamente. Ele marca seu território deixando claro aos predadores de sua presença. Bastante tranquilo, ele será visto andando ao redor do perímetro do rebanho ou em repouso em algum ponto estratégico. E esta experiência passou a ser um fato Fotos: Divulgação Eles têm o gosto pelo trabalho em equipe positivo para os proprietários da Agropecuária Estrela da Serra, localizada no município de Tremembé, SP. “Em um ano a média de perdas de ovinos girava em torno de 70 a 80 animais devido à presença de onças neste local que fica encravado na Serra da Mantiqueira”, relata Luiz Brito, sócio da Agropecuária. Há aproximados dois anos foram adquiridos um casal da raça Kuvasz e para o pecuarista o resultado tem sido plenamente favorável: “Houve uma drástica mudança nas perdas de ovinos que hoje gira em torno de 500 cabeças”. Segundo informa Brito, são raríssimos os ataques das onças depois que os cães passaram a dominar os pastos. Também conhecido como Pastor Húngaro, esta raça possui uma pelagem longa e um pelo macio, sua cor é o branco, mas hoje existe também a cor marfim. Trata-se de um cão muito dócil, especialmente com as crianças, nem tão manso com estranhos. É um dos cachorros considerados mais limpos e pode ser criado dentro de casa, pois não se suja na grama ou no barro, mas se cair em uma poça de lama em pouco tempo já está quase branco. Viegas complementa dizendo que o Kuvasz tem um pêlo praticamente autolimpante. • ago-set/10 4 Reportagem Ganhos com a correta suplementação alimentar A escassez ou a alimentação inadequada resultante de fatores como clima e pastagens são, por certo, as variáveis de maior limitação no potencial da criação de ovinos. A falta de leite para o desmame dos cordeiros e a perda de peso dos animais destinados à produção de carne, de leite ou de lã são as principais consequências que barram uma produção estimulante e compensadora. Mas, posto o problema, a solução é buscar alternativas; elas existem na forma de suplementação alimentar quando realizada em determinados períodos do ciclo reprodutivo, como por exemplo, antes e durante a estação de monta, terço final da gestação e períodos pós-parto. P esquisas sobre a utilização de subprodutos da agroindústria têm-se destacado no campo da nutrição animal, constituindo-se numa opção eficiente, especialmente quando aplicadas em dietas balanceadas. No Nordeste, por exemplo, a instalação de inúmeras indústrias de beneficiamento de frutas por conta de a região ter se tornado um importante pólo de fruticultura, trouxe como resultado a disponibilidade de subprodutos oriundos do processo de sucos tropicais. Entre as muitas possibilidades que surgiram foi visto que os resíduos das indústrias de caju acabaram ocupando um lugar especial. O produto resultante da extração de suco - bagaço - pode ser utilizado na alimentação de ovinos, como substituto a outros componentes de rações. A vantagem é que a safra de produção dessa fruta acontece na época de seca, justamente no período caracterizado pela baixa produção de concentrados comerciais. É possível reduzir em até 43%, dependendo das variações de preço da ração tradicional, afirmam os pesquisadores do Centro de Informações Tecnológicas e Comerciais da Fruticultura Tropical. O bagaço de caju pode ser utilizado diretamente na alimentação animal ou ser desidratado para uso posterior. No entanto, é preciso cuidado na formulação para evitar prejuízos ao animal. Conforme o estudo, a formulação da ração de ruminantes pode conter até 45% de bagaço de caju. Os testes realizados com galinha caipira, mostram que o uso de até 30% de bagaço na ração não compromete a produção de carne. O uso de aditivos e outros ingredientes na formulação da ração é necessário para balancear o produto e melhorar a palatabilidade. Para aumentar a eficiência, o bagaço do caju deve ser enriquecido por meio de um processo de bioconversão proteica (transformação do açúcar em proteína por meio de leveduras nativas), e da adição de fósforo, cálcio e nitrogênio. O produto obtido apresenta no mínimo 18% de proteína bruta, 0,50% de fósforo, 1,90% de cálcio e NDT (Nutrientes Digestivos Totais) acima de 70%. Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará concluíram, após estudos práticos que a silagem contendo bagaço Luiz Eduardo dos Santos Fotos: Divulgação Cada região brasileira apresenta as suas peculiaridades de caju permitiram maior ganho de peso e conversão alimentar quando utilizadas em dietas suplementadas com concentrado na proporção de 1,5% do peso vivo, concluindo que tais silagens podem ser usadas para minimizar os custos de produção, principalmente no nordeste. Outra experiência realizada pelo laboratório de agropecuária da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), é o uso da Palma enriquecida com uréia que tem proporcionado o aumento dos níveis de proteína na nutrição dos rebanhos. “A importância do enriquecimento protéico desse suplemento alimentar está no aumento da oferta de fontes nitrogenadas à dieta dos ovinos, com vistas à maior produção de carne e leite em períodos de escassez de pasto, particularmente na região semi-árida”, informa Cezar Detoni, pesquisador da empresa. A palma forrageira, por ser uma planta adaptada ao clima, é considerada uma das melhores opções para o produtor aumentar a quantidade de matéria seca na dieta dos animais, além de ser um excelente recurso energético. Também um outro trabalho vem sendo efetivado pela Embrapa Caprinos e Ovinos e que trata do farelo de Cambre. Esta planta pode substituir o farelo de soja na alimentação de ovinos em até 90% da ração. O zootecnista da Embrapa, Fernando Reis, explica que o uso do cambre traz vantagens econômicas, já que a soja é muito valorizada no mercado. As pesquisas estão em fase final e um dos desafios é saber se não há substâncias anti-nutricionais que possam comprometer a saúde dos animais. “É importante esclarecer que estamos realizando pesquisas sobre a cultura e os primeiros resultados se mostram bastante favoráveis”, diz o pesquisador ao informar que não existe cultivares de cambre específicas para a alimentação animal. O que é usado é o resíduo da cultura que serve para fazer cobertura verde do solo na entre safra de inverno. “O farelo é um subproduto que poderá ser potencializado para uso da alimentação animal e utilizamos os ovinos para o experimento e os resultados obtidos até o momento foram considerados normais”, conclui. Ele acrescenta que para se chegar ao produto oferecido para os animais, o farelo de crambe teve uma extração natural por prensa. O pesquisador explica que, assim como a soja, o óleo de crambe também pode ser utilizado para a produção de biodiesel, apesar de ainda pouco valorizado e estudado para esta finalidade. Reis explica que é preciso que as áreas de plantio de crambe sejam incentivadas e que as plantações cresçam pelo País. Dessa forma, haveria mais produtos disponíveis no mercado e o preço também seria beneficiado. Segundo o pesquisador, em comparação à soja, que, além de competir com a alimentação humana tem sido bem explorada para a produção de biodiesel, o crambe é uma alternativa vantajosa em termos econômicos, desde que sua utilização como cultura de inverno seja aumentada. Alimentos volumosos Para os pesquisadores do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP, Eduardo da Cunha, Mauro Sartori Bueno e Luiz Eduardo dos Santos, a produção de leguminosas, para corte ou pastejo direto, na propriedade pode resultar em custos menores que a produção de gramíneas, pois as leguminosas dispensam a adubação nitrogenada. “A produção desse tipo de forragem, na propriedade, resulta na diminuição da necessidade de aquisição de farelos protéicos, que tem preço elevado”, orienta Cunha, e ele garante ser este um item de grande expressão no preço final na produção do cordeiro para abate precoce. Assim são denominadas as forragens verdes (pasto, capim elefante, leguminosas) ou conservadas, como silagens e fenos, também recomendadas para suplementação alimentar e que tem sua descrição a seguir. >>> 5 ago-set/10 Reportagem Pastagem - As espécies recomendadas, conforme explica Cunha, são aquelas de bom valor nutritivo e alta produção por área como os capins dos gêneros Cynodon e Panicum. Pode-se aproveitar ainda o pangola, rhodes, pensacola, entre outros. Capim-elefante - De excelente valor nutritivo quando colhido até 45 dias, possui entre 8 e 12% de proteína bruta e 55 a 60% de nutrientes digestíveis e bom teor de cálcio e fósforo. Feijão guandu - Rico em proteína e cálcio e de boa aceitação pelos animais. Diminui a necessidade de suplementação protéica com concentrados. No período seco perde as folhas e não pode ser utilizado. Susceptível à geada e deve ser replantado a cada 2 anos, pois seu rebrote fica prejudicado após vários cortes e não necessita de adubação nitrogenada. Amoreira - Alimento de elevado nível de proteína (22%). Ressalte-se que devido às suas características, no período do inverno o seu crescimento é lento. No verão, podem ser efetuado corte entre 45 e 60 dias, podendo ser armazenada na forma de feno. Restos e subprodutos agrícolas Alguns resíduos produzidos durante ou após a colheita de cereais, oleaginosas, tubérculos ou raízes e mesmo do processamento de frutíferas, podem ser utilizados para alimentação de ovinos. As palhadas são, geralmente, pobres em proteína, com baixo valor energético. Podem ser usados para manutenção de ovelhas secas, devidamente suplementadas com alimentos protéicos. A utilização de palhas e cascas de arroz não é recomendada devido a sua baixa digestibilidade. Palhadas de milho, sorgo, aveia e trigo podem ser eficazes para manutenção de ovelhas secas e farelos de oleaginosas ou ração concentrada com elevado teor protéico (18 a 20%). Palhadas de soja e feijão apresentam teor mais elevado de proteína bruta que as palhadas de cereais, mas também apresentam baixo teor energético. As vagens, por sua vez, apresentam valor nutritivo mais elevado e as cascas dos grãos tem bom valor nutritivo. “Não se recomenda à utilização do bagaço de cana cru na alimentação de ovinos, devido a seu baixo valor nutritivo, porém, quando hidrolizado, apresenta maior digestibilidade e, por isso, um valor energético maior, servindo para animais pouco exigentes”, informa Santos. As ramas de mandioca, após a colheita das raízes e aproveitamento das manivas para novo plantio, podem ser aproveitadas e deve-se usar o terço superior que apresenta maior quantidade de folhas e menor de talos. Esta possui entre 9 e 15% de proteína bruta e expressivo valor energético. Elas devem ser picadas e secas ou conservadas como silagem, sem necessidade de aditivos ou emurchecimento. As variedades de mesa (mansas) apresentam baixo teor de ácido cia- Rendimento do rebanho depende da pastagem e dos suplementos alimentares pequenos ou em raspas e secar em terreiro; ou na forma de ensilagem, não necessitando de aditivos. Eduardo da Cunha nídrico, mas as variedades para farinha, denominadas bravas, apresentam teor elevado desta toxina; picagem, secagem e ensilagem diminuem o teor desta substância e assim não causam problemas aos animais. Substitui, parcialmente, o milho ou polpa cítrica e pode combinar-se com uréia ou farelos. Cascas de mandioca podem ser utilizadas, desde que seu conteúdo de solo aderido seja pequeno. Concentrados São denominados os ingredientes de elevado teor energético ou protéico utilizados como complemento das dietas volumosas. São concentrados energéticos o milho e outros cereais (aveia, trigo, arroz), os altamente protéicos os farelos de soja, de algodão e de girassol, e os de valor protéico inferior os farelos de trigo e arroz. Rolão de milho - Apresenta valor energético e protéico inferior ao milho-grão devido à presença do sabugo e palha. Polpa cítrica - possui valor energético similar ao do milho e pode substituí-lo integralmente em rações para ovinos. Deve ser utilizada quando apresentar preço de até 85% do milho. Possui elevado teor de cálcio e baixo de fósforo e proteína. Deve ser armazenado adequadamente, pois absorve umidade com facilidade, o que leva a proliferação de fungos e bolores prejudiciais aos animais. Mandioca raiz - Bom valor energético, mas pobre em proteína e minerais. Pode ser utilizada para compor a dieta em até 30%, para ovelhas de 60kg. Deve ser fornecida picada, devendo os animais ser previamente adaptados ao seu consumo, iniciando com um terço da quantidade que se desejar fornecer e aumentar progressivamente até atingir o máximo em sete a dez dias. Pode ser armazenada na forma seca: picar em pedaços Concentrados Protéicos Farelo de soja - é uma das melhores fontes protéicas utilizadas na alimentação de animais domésticos. Possui 45 a 47% de proteína bruta. Deve compor preferivelmente rações para cordeiros, devido seu preço elevado. Farelo de algodão - Fonte protéica de boa qualidade, utilizado para todas categorias, inclusive machos reprodutores, pois apresenta-se detoxificada. No comércio pode ser encontrada com 28 ou 38% de proteína bruta. Farelo de trigo - Possui teor protéico médio (16%) e maior teor de fibra que as demais fontes protéicas. É excelente fonte de micro-elementos minerais, como selênio, zinco e outros. Possui elevadíssimo teor de fósforo e desta maneira não deve ser utilizado em grande quantidade, máximo de 20 a 25% da ração concentrada, pois a ingestão elevada de fósforo pode causar cálculos na uretra, principalmente em machos. Uréia - É uma fonte de nitrogênio não protéico que pode ser convertido, pelos microrganismos ruminais, em proteína microbiana e ser, assim, aproveitada pelos animais. Deve ser direcionada, preferivelmente para animais adultos, com grande capacidade de fermentação ruminal, como ovelhas e animais em fase final de crescimento. Soja em grão - Apresenta elevado teor protéico e energético, contudo devido ao seu elevado teor de óleo e presença de princípios não nutritivos tem seu consumo restrito. Animais adultos podem receber até 20% da dieta total ou até 400-500g dia/ovelha. Caroço de algodão - Como a soja grão, tem bom valor energético e protéico, rico em óleo e com presença de substancias tóxicas. Jamais fornecer para machos reprodutores, pois possui elevado teor de gossipol, que pode causar infertilidade. Pode ser utilizado em quantidades moderadas para ovelhas e borregas, na quantidade de 200-500g/dia, por períodos não muito longos para se evitar problemas hepáticos. • ago-set/10 Notícias da ARCO 6 A brasilidade estava toda representada com a presença de gente de todas as partes do País, todas as regiões, de capitais a sertões, do amazonas ao pampa gaúcho, das serras paranaenses ao cerrado do centro-oeste. Todos os sotaques regionais, todas as “línguas”, costumes e formas de agir e de se expressar. Mas tudo em torno de um assunto, a ovinocultura. Fotos: Divulgação Um Encontro Pai D´égua de Buenacho Uai!!! O IIº Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, reuniu em Bagé, no Rio Grande do Sul, cerca de 130 profissionais que atuam junto ao Serviço de Registro Genealógico Ovino, com a função de aprimorar a seleção genética dos rebanhos, através da assistência técnica aos criadores em todo o País. O evento aconteceu entre os dias 21 e 25 de junho e objetivou atualizar os técnicos no conhecimento de raças e de procedimentos, conforme determina o Ministério da Agricultura. Segundo o superintendente do Serviço de Registro Genealógico Ovino, SRGO, Francisco José Perelló de Medeiros, a ARCO já havia realizado um primeiro encontro em 2008, na cidade de Avaré, São Paulo. No ano passado a opção foi por eventos regionais, reunindo os técnicos por regiões brasileiras. “Agora voltamos a este modelo Alexandre Bombardelli de Melo Cerca de 130 técnicos foram reunidos pela ARCO em Bagé porque os próprios técnicos se beneficiam com o contato entre todos, pois podem trocar experiências e vivências de campo, é uma forma muito dinâmica de aprendizado”, esclarece Perelló. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Paulo Schwab, o profissional que atua na área de Registro Genealógico precisa entender dos mais diversos assuntos relacionados ao tema e as 26 raças criadas no País. “E hoje elas podem ser encontradas em qualquer estado, por isto eles precisam se atualizar e o encontro de todos em um local favorece a integração da equipe e na transmissão destes conhecimentos”, assinala Schwab. Ele acrescenta que nos últimos 10 anos houve um crescimento no material genético disponível ao mercado em torno de 10 vezes, apesar disto, o rebanho não aumentou na mesma proporção. “Este encontro serve também para organizarmos as informações que os técnicos de campo precisam ter, discutirmos procedimentos, enfim, atualizar a todos, inclusive nossa equipe interna”, ressalta o presidente da ARCO. O evento foi bastante dinâmico com visitas em propriedades rurais, à sede da Embrapa Pecuária Sul, que tem forte atuação de pesquisas em ovinocultura. Também foi visitada a sede da fronteira Sul da Paramount, indústria de processamento de lã e fabricação de tops. Quando o grupo esteve na Embrapa, assistiu a palestra de Alexandre Melo, da Tortuga sobre o sistema RRT. Conforme explica Melo esta técnica foi criada há mais de 15 anos para bovinos, e utilizada em diversas propriedades rurais de todo o Brasil, a tecnologia funciona como um sistema de divisão de pastagem, que permite um revezamento de áreas protegidas por cercas, garantindo a qualidade de alimentação dos animais e facilitando o manejo de forma absolutamente planejada. “O RRT proporciona um melhor aproveitamento da área, aumenta a pressão de lotação, respeita a altura e o descanso do pasto”, observa o técnico, acrescentando que é perfeitamente adaptável ao manejo de ovinos, com excelentes resultados. O grupo de técnicos também pode conhecer mais sobre a tecno- logia do gen Booroola, introduzida e pesquisada no Brasil pela Embrapa de Bagé e atualmente sob a responsabilidade do pesquisador Carlos José Hoff de Souza. De acordo com ele, a tecnologia do Gene Booroola consiste em introduzir uma variação em um gene, que foi chamado de B e de N, o gene inalterado. O gene B atua independente da raça e por ser de herança simples pode ser transferido para qualquer raça de ovinos. Todo gene possui uma versão her- dada do pai e outra da mãe. Para o pesquisador, até o momento a diferença identificada nos animais adultos Booroola é um maior número de ovulações nas fêmeas, o que determina maior número de cordeiros nascidos. “O efeito do gene B é aditivo, assim se apresentarem duas cópias do gene B, na maioria das situações os animais vão apresentar prolificidade excessiva, com alta frequência de partos triplos e quádruplos, podendo chegar a quíntuplos”, diz Souza. “O uso das ovelhas Booroola em rebanhos comerciais pode aumentar a média de produção atual, que é de 70 cordeiros desmamados produzidos por 100 ovelhas paridas, para 100 cordeiros desmamados de 70 ovelhas (BN) paridas, usando a mesma área pastoril”, explica. Ele explicou ainda que a introdução destes animais só deve acontecer em cabanhas que apresentem taxa de desmame acima dos 80% em seu rebanho. O trabalho na Embrapa ainda contou com a palestra de Edson Siqueira, Gerente Técnico de Ovinos da empresa Alta Genetics. Em sua apresentação, Edson falou sobre programas de melhoramento genéticos que Mulheres já compõem boa parte do corpo técnico >>> 7 ago-set/10 Notícias da ARCO Carlos Hoff de Souza existem hoje e suas contribuições para os rebanhos, quando adotados nas fazendas. “É uma ferramenta que ajuda muito ao criador a fazer uma seleção genética mais qualificada, saindo do antigo sistema do olhômetro”, salienta. Depois de assistirem a palestras sobre controle de verminose os técnicos foram a campo conhecer de perto a raça ovina Crioula, considerada a raça que deu origem a varias outras. A Crioula tem características bem específicas como alta prolificidade, docilidade e excelente habilidade materna. Possui 65% de pelo (fibra longa) e 35% de lã. Os machos podem apresentar múltiplos cornos e as fêmeas eventualmente podem ser aspadas. Segundo a pesquisadora da Embrapa e hoje aposentada, Clara Vaz, que dedicou vários anos de sua vida profissional à manutenção desta raça, principalmente pela sua importância genética, ela é muito dócil e excelente mãe. “Ao que se sabe deve ter vindo com os Jesuítas para o Brasil e aqui se instalou por vários lugares. Se adaptou e fez o rebanho crescer. Por conta de cruzamentos absorventes, com outras raças, principalmente as laneiras, quase foi extinta, mas conseguimos recuperar a sua genética, através de um projeto desenvolvido aqui na Embrapa Pecuária Sul”, lembra Clara. Outros rebanhos importantes O frio estava inclemente com temperaturas próximas a zero, mas a sensação térmica era mais baixa principalmente com o vento que soprava no campo. Mas o dia estava lindo e proporcionou a todos os técnicos um encontro com uma das principais Cabanhas criadoras de Romney Marsh do Rio Grande do Sul. A Estância São Francisco está na quarta geração, administrando a propriedade. O foco de trabalho segundo o proprietário Lito Sarmento é com os ovinos Romney, bovinos Hereford e Polled Hereford, e cavalos Crioulos. Técnicos conhecem detalhes da raça Crioula O Romney está na São Francisco desde o tempo de seu pai e a seleção genética foi direcionada para ter uma qualidade na lã e boa produção de cordeiros para abate. A apresentação das características da raça coube ao filho, Manoel Sarmento Filho e foi acompanhada atentamente por todos os técnicos presentes. Conforme explicou Manoel a raça é de origem inglesa, também conhecida pelo nome de Kent, condado onde foi criada desde a antiguidade sem infusão de sangue estranho. Os antecessores desta raça já eram criados na época das Cruzadas, vivendo sempre isolados das demais raças inglesas, tendo havido apenas uma tentativa de melhorá-lo com a introdução de sangue Leicester, cujo resultado não agradou, sendo o procedimento logo abandonado. Há dois séculos passados os ovinos desta raça eram animais grandes, de inferior qualidade, tinham a cabeça grande, pescoço fino e comprido, membros longos e finos, velo escasso e lã muito grosseira. O melhoramento da raça foi um processo demorado, em que foi empregado sistematica- >>> ago-set/10 mente o método de seleção visando à obtenção de um ovino para carne, descuidando da produção de lã. Levado para a Nova Zelândia o Romney foi orientado para o duplo propósito, melhorando a sua aptidão laneira, resultando na formação de uma raça produtora de carne 60% e lã grossa e longa 40%, Na formação do Romney Marsh, além do método de seleção foi também usada consanguinidade. Em 1897 foi criado o primeiro registro genealógico da raça “Kent or Romney Marsh Sheep Breeder Association”, entretanto documentos antiguíssimos mantidos na Biblioteca da Catedral de Canterbury fazem referência a rebanhos existentes no ano de 1275 no “Priorato de Christchurch”. “O Romney Marsh deve ter o aspecto geral de um animal compacto, vigoroso e bem implantado, denotando vivacidade e nobreza racial”, explica Alexandre Cassal, inspetor técnico da região de Jaguarão, e que também foi o responsável pela apresentação da raça neste dia. Segundo ele sendo uma raça desenvolvida e aperfeiçoada mais para a produção de carne, deve ser grande, com a boa carcaça, possuindo membros fortes e vigorosos. É uma raça de duplo propósito, apresentando um equilíbrio zootécnico orientado 60% para a produção de carne e 40% para a produção de lã grossa. “A conformação carniceira e a constituição robusta são portanto os principais atríbutos que o ovino Romney Marsh deve ostentar. Deve ainda apresentar desenvoltura no caminhar”, finalizou o técnico. O dia foi complementado com Fotos: Divulgação Notícias da ARCO 8 As três gerações da São Francisco: Lito, Manoel Filho e Manoel Neto uma visita a Cabanha Fortaleza do Seival, em Candiota, município a 30 km de Bagé. Criadora de ovinos Texel há 20 anos, é de propriedade de Darci Miolo, um dos sócios da vinícola Miolo. Segundo explicou seu administrador, Altino Raota, o rebanho é composto por sangues franceses e alemães e trabalhado em torno de famílias, para buscar sempre o melhoramento genético de maior qualidade. Nesta propriedade a apresentação das características raciais ficou a cargo do técnico Roberto Azambuja, complementadas por detalhes sobre o sistema de manejo pelo administrador da fazenda. Produzindo leite São 250 cabeças com padrão zootécnico bem elevado e com o objetivo de produção de leite, lã e cordeiros para o consumo. O foco da Cabanha da Maya, localizada em Bagé é a criação da raça Crioula com o intuito de mostrar as habilidades que ela tem está produzindo leite e fabricando queijos, iogurtes e doces de leite, produtos que foram colocados para degustação de todos que foram conhecer a propriedade. Conforme a veterinária responsável pelo rebanho, Francine Eickhoff, as ovelhas estão produzindo cerca Altino apresenta o rebanho da Fortaleza do Seival de 800 ml de leite por dia, o que é um resultado muito bom para a raça. Os técnicos ainda tiveram um trabalho de conhecimento das características raciais das raças Ideal, Corriedale, Suffolk, Merino Australiano, Ilê de France e Hampshire Down. E também foram conhecer a sede da ARCO onde entraram em contato com todos os funcionários da Associação. • Vozes e opiniões de todo o Brasil Sem dúvida que foi um encontro com a multiplicidade de conhecimentos e vivências no campo. Também proporcionou o encontro de técnicos de várias épocas da entidade, como Pedro Simião, um dos mais antigos técnicos do nordeste, ou mesmo Dirceu Vieira, o mais antigo em atuação na ARCO. Para ele foi um encontro muito dinâmico com palestras e dias de campo. Já para Marcos Oliveira Franco, de Sergipe, o evento permitiu aumentar o vínculo com a ARCO e seus funcionários além de poder trocar experiências com os outros técnicos da entidade. Joselito Barborsa, da Bahia, afirmou que o encontro em Bagé permitiu aos técnicos de outros estados, conhecer uma realidade diferente da que conhecem. “O Rio Grande do Sul é bastante característico na sua criação de ovinos”, assinala. O estreante nas funções de Inspetor Técnico, Michael Medeiros, do Ceará, disse que foi uma grande experiência ver de perto a ovinocultura gaúcha: “principalmente com outros colegas de todo o Brasil”, assinala, e acrescenta que estando junto com outros inspetores pode sanar muitas dúvidas que ele tinha. A inspetora técnica do Rio Grande do Norte, Karoline Lopes, ressaltou que estar reunida com todos os inspetores e com os dirigentes da ARCO foi importante para conhecer melhor certos processos e também as raças que são criadas no Rio Grande do Sul. Um outro estreante na função veio do Pará, apesar de ser gaúcho. Juliano Mendes disse que estava muito satisfeito e grato por poder participar deste encontro e iniciar-se nas funções de Inspetor Técnico da ARCO. "Conheço ovinos do tempo que morava em São Borja, no RS, e acho que isto vai ajudar muito nas funções que vou exercer lá no Pará, junto aos criadores", conclui. • 9 ago-set/10 Notícias do brete Rio Grande do Sul terá Unidade Móvel de Ovinos A Germer Consultoria em Agronegócios lançará na Expointer – Esteio/RS -, entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro, a primeira Unidade Móvel de Ovinos do Estado, batizada como Borregão. O principal objetivo desse projeto é colocar as novas tecnologias ao alcance de empresários rurais, visando à qualificação da carne ovina e da eficiência produtiva dos rebanhos gaúchos. O Borregão vai realizar consultoria nas propriedades dos criadores assistidos pelo Sebrae/ RS e pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, participantes do Programa Cordeiro de Qualidade ARCO e outros interessados. O veículo estará equipado para efetivar exames de avaliação de aptidão reprodutiva em carneiros (andrológico), exa- me de diagnóstico de gestação por ultrasom e acompanhamento do controle da verminose através de exames de OPG. Graças a estas ferramentas, o resultado dos exames será obtido na hora e os produtores receberão a orientação de um veterinário para manejar o rebanho e, assim, ser um facilitador no apuro dos índices de produtividade. O projeto da Unidade Móvel de Ovinos conta com o apoio da ITC do Brasil, Belgo Bekaert Arames, Intervet Shering Plough, Sebrae, ARCO e Capril Virtual. Para os interessados, mais informações podem ser conseguidas junto à médica veterinária, Marlise Geremer – Equipe Capril Virtual http://www.caprilvirtual.com.br e pelo fone: (51) 9756-6733 - [email protected] • Acre organiza associação de criadores Em reunião realizada ontem criadores de ovinos e caprinos deram início as formalidades para a criação da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Acre, ACCOA, cuja fundação deve ser oficializada ainda no mês de agosto. Segundo o veterinário que está orientando os criadores na seleção de rebanhos, Alex Cicinato, a presidência deve ficar com Adalberto José Moreto, criador e empresário que está inclusive investindo na construção de um abatedouro para estes animais. Alex afirma que o Acre possui hoje cerca de 80 mil cabeças sendo que a maior parte é com uma raça local, chamada de crioula que foi o resultado de cruzamentos diversos. “Mais recentemente é que está entrando a Santa Inês e a Dorper”, assinala. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Paulo Schwab, a partir da formalização desta associação, o Brasil está praticamente coberto por representações deste tipo, faltando apenas no Amapá. “Isto traz um fortalecimento para a atividade porque organiza a produção de forma sistemática”, ressalta Schwab. Ele destaca o fato de no Acre já haver interesse pela formação do sistema produtivo, com apoio do Governo Estadual, do Sebrae e outras entidades. A instalação de um abatedouro também foi apontada como fato relevante pelo presidente da ARCO pois dá um norte aos criadores que vão ter mercado certo para vender seus produtos. “Eles estão com planos de produzir cortes de carne e também embutidos”, relata Schwab. • ABCDorper realiza Nacional em outubro Dorper e White Dorper farão sua 4ª Nacional junto ao Congresso Mundial da Raça Brahman em Uberaba/MG As principais raças ovinas selecionadas no Brasil, a Dorper e a White Dorper, realizam sua 4ª Exposição Nacional durante o maior evento pecuário de Brahman do mundo: XV Congresso Mundial da Raça Brahman, que este ano acontece pela primeira vez no Brasil, entre os dias 17 e 24 de outubro, em Uberaba/MG. A parceria foi acertada pelos presidentes da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), José Amauri Dimarzio e da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper (ABCDorper), Valdomiro Poliselli Júnior, com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), entidade apoiadora do Congresso Mundial da Raça Brahman. Além de exposição e julgamentos de ovinos, acontece entre os dias 17 e 24 de outubro três leilões de Dorper e White Dorper e palestras sobre o mercado da carne. A expectativa é que aproximadamente 1500 animais participem da exposição, que já foi realizada por duas vezes em São Paulo/SP e uma vez em Salvador/ BA. São esperados 100 exposito- res, de vários Estados do Brasil, com destaque para criatórios da Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. A diretoria da ABCDorper espera também que criadores vindos de outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Guatemala, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, estejam presentes como nas edições anteriores. • ago-set/10 Especial 10 Fotos: Divulgação No RS, agora a carne é o centro das atenções Luciana Radicione Não há como negar as origens da ovinocultura no Rio Grande do Sul, que por anos a fio, foi voltada exclusivamente à produção de lã, de alto valor comercial. Também não há como negar o impacto que a crise da lã causou no mercado gaúcho, quando em meados da década de 1980 houve um desestímulo geral inflado pelos altos estoques australianos e pelo ingresso de fios sintéticos na confecção do vestuário. Esse foi o estopim de uma mudança cujas conseqüências são vistas até os dias de hoje nas mais de 100 mil propriedades que mantêm a ovinocultura no Estado: a exploração diversificada e a busca de espaço no mercado com valor agregado. A crise que levou a uma drástica redução do rebanho gaúcho, de 12 milhões de cabeças para cerca de 4 milhões nos dias de hoje, por um lado forçou os produtores a buscar novos nichos de mercado para a ovinocultura. Embora o fator cultural ainda seja um complicador – muitos têm dificuldades em se adaptar à realidade ditada pelo mercado – uma grande parcela dos criadores está de olho nas demandas que se abrem. E o filão da vez é, sem dúvida, a carne de cordeiro - cortes nobres ainda restritos a poucos pontos de venda como supermercados e casas especializados. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab, lembra que o Rio Grande do Sul sempre consumiu carne ovina na própria fazenda e em poucas casas de carne. Somente nos últimos 10 anos é que ocorreu um interesse sistemático pelo produto. “A promoção da carne e a formação de grupos interessados na oferta regular e com escala é que vem transformando este cenário de forma positiva”, afirma. Embora a passos lentos, o dirigente considera que o cordeiro está ampliando a sua presença no mercado e no dia-a-dia das famílias. “Ainda há muito que aprender nos RS ainda éo maior rebanho de ovinos do Brasil quesitos apresentação e regularidade”, diz. A escala certamente é um dos fatores que complica a atividade já que a crise do setor levou ao abate indiscriminado de fêmeas e à queda na produção de animais. Para o presidente da Federação Brasileiros dos Criadores de Ovinos Carne (Febrocarne), Vilson Ferretto, o cenário é muito atrativo para quem está investindo no segmento, ao menos, por enquanto. Os produtores estão recebendo, em média, R$ 3,60 pelo quilo, preço considerado por ele “compensador”, impulsionado especialmente pela redução do ingresso de cordeiros do Uruguai, “Esperamos que mesmo com o final da entressafra as cotações se mantenham”, diz. A grande procura e a ausência de oferta têm garantido nos últimos anos um equilíbrio nos preços, que tradicionalmente devem ficar entre 20% e 30% acima da cotação da carne bovina. O desafio, explica o dirigente, é ampliar a oferta com a manutenção dos preços. “Neste quesito perdemos para outras praças, por isso mantemos a expectativa de preços mais remuneradores e custos mais baixos para que haja um aumento do interesse pela carne”, salienta Ferretto, que vê nas propriedades um movimento de criadores de raças laneiras que estão investindo em cruzamentos a fim de tirar proveito do mercado da carne de cordeiro. Mas um dos fatores limitantes da atividade voltada à carne, segundo Ferretto, é o alto índice de mortalidade dos animais – na casa dos 30% - algo que se colocado na balança não produz o efeito esperado mesmo com o aumento gradativo do rebanho. “Esse é um problema sério”, afirma. Parceria produtor x indústria é o que impulsiona a comercialização Iniciativas que visam fomentar a ovinocultura de carne estão sendo deflagradas em todo o Estado, entre elas o Programa Cordeiro de Qualidade da Arco, promovido em parceria com o Sebrae/RS dentro do Juntos para Competir. A ação visa ampliar a eficiência dos sistemas de produção a partir de uma estratégia de comercialização baseada na integração e diferenciação do produto. O coordenador de Agronegócios do Sebrae/ RS, Angelo Aguinaga, informa que mais de 80% dos esforços da entidade são feitos da porteira para dentro, já que não se pode ir em busca de espaço sem que haja uma organização do setor produtivo. “O programa é uma tentativa de estimular o criador a trabalhar em parceria com as indústrias, fazendo com que ele atue de acordo com o que o mercado quer, ou seja, cortes nobres, diferenciados e com preços competitivos”, salienta. Os números confirmam o sucesso: hoje são 50 criatórios participantes responsáveis por um rebanho que deve fechar o ano com >>> 11 ago-set/10 Especial cerca de 20 mil animais, contra 12 mil de 2009 e apenas 5 mil no ano de lançamento do programa, em 2008. Uma boa notícia, resultado da implantação do programa, foi a criação do Selo Nacional de Qualidade, cuja certificação é dada aos produtos oriundos de animais dente de leite, com peso vivo entre 25 e 42 quilos e acabamento de 2,5 a 3,5 quilos. Aguinaga explica que a cada ano são realizadas rodadas de negócios nos municípios, oportunidade em que são montadas escalas de abate com a indústria. “A ideia é sempre concentrar a entrega em uma única indústria que ficará responsável pela pulverização da carne no mercado.” Na Expointer deste ano, o programa Cordeiro Arco passará a disponibilizar ainda uma consultoria aos produtores participantes, com o lançamento de uma unidade móvel que permitirá a realização de exames laboratoriais nos animais, com foco em análise sanitária e reprodutiva dos rebanhos. Se por um lado os produtores trabalham para resgatar a atividade por meio da carne com resultados positivos para quem aposta, investe e aguarda pelo retorno, por outro, um fator limitante dessa expansão é a carência de apoio no âmbito da assistência técnica. E Schwab reforça o coro dessa importância: “é preciso que o governo estadual reestruture a assistência técnica da Emater para que possamos ter novamente a extensão rural trabalhando para levar ao criador, todas as tecnologias já desenvolvidas pelas áreas de pesquisas. Isto sim trará resultados fortes e imediatos”, diz. A posição do governo, no entanto, diverge do ponto de vista do coordenador da Câmara Setorial da Ovinocultura da Secretaria da Agricultura (Seappa), José Antônio Simões Pires, que diz que a falta de assistência é resultado de anos de desarticulação da cadeia produtiva. “As entidades do setor têm que ter um objetivo em prol da atividade. Iniciativas isoladas são válidas, mas não formam a força necessária para dar o Rio Grande do Sul possui excelentes rebanhos produtores de lã que estão em constante aprimoramento crescimento esperado à ovinocultura. Cada um defende seus interesses e não comungam para um objetivo comum”, afirma Pires. Segundo ele, a Câmara Setorial atende as demandas da cadeia quando elas existem, e cita como exemplo o fato de as reuniões não serem realizadas desde novembro do ano passado. “Se não há reunião é porque não há demanda.” Apesar dos entraves comuns a qualquer atividade em rota de crescimento, a ovinocultura gaúcha nos últimos quatro anos agregou cerca de 400 mil animais ao rebanho, número que comprova a expansão – ainda que lenta – do setor. E, na avaliação de Pires, da Câmara Setorial, fruto das oportunidades que se abrem especialmente para o segmento carne. “O mercado consumidor, por demandar mais carne de cordeiro, motivou o criador a produzir mais e melhor e a buscar uma acomodação para o seu produto o mercado, não só visando o churrasco, mas os pratos do dia a dia das donas de casa”, salienta. No caso da lã, mesmo com aumento na produção nos últimos anos – passou de 9,8 milhões de quilos em 2008 para 10,6 milhões de quilos em 2009, o ritmo e a empolgação não são os mesmos no Estado que concentra 95% da produção nacional. “Acho muito difícil que a lã retome a expressão do Schwab: ovinocultura gaúcha tem tudo para voltar a ser forte passado, pois o mundo hoje exige tecnologias mais baratas”, analisa o dirigente da Câmara Setorial. Um novo “sopro” para a atividade, segundo o presidente da Arco, é o crescimento do mercado para lãs ultrafinas ou finas, com a finalidade de atender ao mercado de alto poder aquisitivo. “Quando os produtores começarem a olhar para este mercado e perceberem que ele pode ser uma boa saída, vão retomar seus investimentos na melhoria genética do rebanho”, afirma Schwab, que compara o nível zootécnico do rebanho brasileiro ao de grandes países produtores de lã. “Este investimento também vai puxar a melhoria dos preços pagos ao produto que neste momento tem se mantido estável, sem grandes picos de valorização”, afirma o dirigente. O Uruguai, que virou corredor de exportação para a lã brasileira, vem comprando em torno de 7 milhões de quilos do País – movimento que, na opinião do presidente da Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (Fecolã), Álvaro Lima da Silva, revela a qualidade do que está sendo produzido nos campos gaúchos. “Nosso produto tem total condição de competir com a lã do Uruguai e qualquer outro grande produtor, basta ver os números de exportação, onde o Uruguai revende parte do que compra para a China, a maior consumidora do mundo”, afirma. >>> ago-set/10 No entanto, admite que a lã hoje ficou em segundo plano em detrimento da carne e, como toda commodity, tem sua atividade atrelada às condições do câmbio. “Quando o dólar está muito baixo, há um desestímulo muito grande”, afirma. Mercado cativo para leite e pele O volume não é expressivo e não há sequer marketing em torno deles. Estamos falando de outros dois segmentos da ovinocultura que muitos ainda não conhecem, mas cuja qualidade já lhes garantiu mercado cativo: o leite e a pele. Um dos mais importantes empreendimentos do Estado que valoriza e comercializa os subprodutos do leite, a Casa de Ovelha, com sede em Bento Gonçalves, não se depara com o consumo “desenfreado”, mas observa constância no ritmo e na procura dos clientes. “O mercado está excelente, na casa dos 100 mil litros por ano. Há procura e melhores preços de uns anos para cá”, constata o proprietário Tárcio Michelon, que desde 2003 mantém laticínio e uma loja que comercializa variados tipos de queijo, iogurtes, doces e molhos à base de leite de ovelha. Além dos 2 mil turistas que normalmente passam pelo estabelecimento todos os meses, a estratégia de Michelon inclui a venda por meio de site, onde constam todos os produtos da linha Casa da Ovelha. O resultado são vendas diretas para consumidores e empresas (restaurantes e supermercados) também de fora do Rio Grande do Sul, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com Michelon, o consumo dos derivados de leite de ovelha ainda é muito restrito a uma faixa específica, como alérgicos à lactose e casas que vendem especiarias. No entanto, sabe que se for ofe- Fotos: Divulgação Especial 12 Criadores também investem na produção de leite e pele recido um produto em embalagem pequena e atraente em estabelecimentos como supermercados, por exemplo, é quase certo que o consumidor seja tentado a levar o produto para casa. “Quem não gosta de experimentar algo que só de olhar já reconhece sua excelência?”. Para fisgar o consumidor, a Casa da Ovelha vem apostando neste tipo de ação, oferecendo produto em embalagens menores e preços mais atrativos. “Promoção neste segmento não existe, e como o litro do leite de ovelha é cotado a R$ 7,70, a saída é fazer uso dessa estratégia para levar nossos produtos para dentro das casas”, explica o empresário que mantém rebanho próprio de 300 animais da raça Lacaune, além de parceria com três produtores que fornecem 60% do que é industrializado na fábrica de Bento Gonçalves – formando uma bacia com 1.000 animais. Outro segmento que se bem explorado pode fazer a diferença para quem trabalha na ovinocultura é o de peles. Um bom exemplo é o trabalho tocado pela Polipeles, curtume com sede em Flores da Cunha, que além de abastecer todo o Brasil com diversos produtos (forro para calçados e tapetes, camurça para fabricação de botas, rolos para pintura e discos para polimento de veículos) ainda exporta (por meio de outra empresa, a Softpeles) 20 mil metros por ano para os países do Leste Europeu – que compram peles com 1 cm de altura para uso em calçados. De acordo com o proprietário Aquilino Rosset, o maior desafio da atividade é manter a fábrica com estoques, já que a disponibilidade de peles é de apenas 120 dias por ano. “Não há abate nas demais épocas”, afirma. Para pode atender à clientela – e não deixar ocioso o curtume com capacidade para processar 350 peles/dia - normalmente ele compra de dois ou três frigoríficos gaúchos e de comerciantes que se dedicam exclusivamente a juntar as peles para curtumes. “O que vem dos frigoríficos não obedece a um padrão, por isso se mantém um preço médio. Já o que é entregue pelos comerciantes é produto com qualidade garantida, e o preço vai para US$ 5,50 a US$ 6,00”, conta o empresário, referindo-se a pele tipo lanar, de 5 cm de altura e muito usada na confecção de tapetes e artigos de decoração. A falta da matéria-prima e a manutenção da escala um dos entraves, argumenta Rosset. E nos últimos anos uma grande parte da produção sul-americana vem sendo requisitada, o que contribui para a alta valorização do produto no mercado. Ele conta que os preços estão 50% acima da média, fato que prejudica quem está do outro lado da cadeia. Apesar das dificuldades, Rosset não se arrepende de ter apostado neste nicho de mercado. E motivos para mais otimismo não faltam. “Nada substitui a pele ovina para o aquecimento, é um produto extremamente aceito pelo consumidor - não gera suor e nem provoca transpiração-, é sustentável, pois se decompõe no meio ambiente e, o mais importante, tem mercado garantido em regiões mais frias”, argumenta. Para o presidente da ARCO, independentemente do tipo de exploração que se faz, o importante é incentivar à produção, proporcionando renda com valor agregado. “Se tudo for trabalhado corretamente, isso vai resultar em riqueza para o agronegócio ovino e ajudar a ampliar o rebanho, algo que estamos precisando”, destaca Schwab. • 13 ago-set/10 Reportagem Cruzamentos Industriais: Alquimia para elevar a produtividade Nicolau Balaszow N a descrição do professor Edson Ramos de Siqueira, doutor em zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Paulista (Unesp), Campus de Botucatu, SP, quando são realizados cruzamentos é preciso levar em consideração os objetivos a serem alcançados, a genética do rebanho e as condições de manejo. No sistema industrial, por exemplo, a utilização dos cruzamentos será mais efetiva quando forem tecnicamente planejados, no sentido de se escolherem raças que atendam às especificidades do meio ambiente. “Considerando a produção a pasto, nas quais as condições ambientais variam muito, teremos de trabalhar com genótipos adaptados a cada região e situação”, explica. Essas condições ambientais fazem que, na maioria das vezes, não seja adequado usar raças puras muito exigentes, sendo mais vantajoso fazer cruzamentos. Seguindo-se pela manutenção da linha materna de raças adaptadas, utilizam-se, para cobrir estas ovelhas, raças mais exigentes, especializadas em carne. Os animais mestiços tendem a manifestar as vantagens das duas raças, tirando melhor proveito do ambiente e do manejo. “São estratégias que predominam em todo o mundo onde se criam ovinos para corte de forma eficiente”, informa Siqueira, que dá um exemplo para o caso. Considerando-se uma suposta propriedade na região Sudeste, onde se ofereça manejo e pastagem de média qualidade, e se pretenda fazer a terminação dos cordeiros em confinamento. “Qualquer especializada em carne poderia ser utilizada com sucesso no confinamento, onde o manejo é intensivo, e as condições ambientais são controladas. Entretanto, na pastagem, podem surgir problemas para as ovelhas, que devem ser criadas a campo para viabilizar economicamente a atividade”, orienta. As altas temperaturas podem causar estresse térmico, enquanto a alimentação baseada no pasto de gramínea tropical, especialmente nos períodos secos, poderá não atender às exigências nutricionais desses genótipos. Em consequência, poderá ocorrer diminuição da taxa de natalidade e a demanda de animais muito leves, além de uma possível elevação na taxa de mortalidade. Uma possível solução para esse problema seria a escolha de uma raça de origem tropical. Para Siqueira, esses animais, em função de seu grau de adaptação nesse ambiente, podem manter as taxas reprodutivas e outros índices, em nível satisfatório. “O problema é que os cordeiros podem não apresentar o mesmo A totalidade dos trabalhos de cruzamentos ou de absorção entre raças busca desenvolver aptidões que adaptem o novo animal às necessidades de produção e da produtividade, mas para isso, é preciso levar em conta as condições de clima, pastagem e manejo da propriedade e procurar o apoio técnico que orientará o trabalho no campo. As pesquisas estão aí para apoiar e apontar caminhos e é preciso ter sempre em mente que a escolha da raça ou grupo genético é um aspecto decisivo para o sucesso do agronegócio. Interessante lembrar que atualmente inúmeras raças ovinas que ocupam lugar de destaque na produção de leite, carne e lã, resultaram de cruzamentos. A raça Santa Inês - um exemplo brasileiro - com sua origem na década de 50 e chamado na época de Pelo-de-boi, é consequência do cruzamento entre as raças Bergamácia, Morada Nova e Somalis, produzindo um animal criado para suportar as limitações do clima semi-árido do Nordeste. A própria Dorper que hoje está sendo criada em todo o Brasil, foi resultado de vários cruzamentos para que se adaptasse às condições produtivas da África do Sul. Fotos: Divulgação da raça Texel, que crio há 37 anos para a produção de leite, com a Lacaune e nada poderia ter sido melhor”, começa Martins. Essa afirmativa está baseada no fato de que na hora de realizar a ordenha de suas ovelhas, o criador somava, em média, 800 ml/dia com os animais Texel e o obtido com a cruza fez dobrar a produção. “Iniciei comprando um bom macho Laucaune para cruzar com as ovelhas Texel e após a terceira geração obtive animais com a maioria das características do carneiro”, informa. Melhor ainda é que o cabanheiro tornou-se mais conhecido por esta originalidade e passou a vender estes animais para outros criatórios em todo o Brasil. “O interesse do pessoal que compra meus animais se justifica pelo aumento na produção de leite e, especialmente, pelas qualidades maternas das fêmeas que proporcionam alta taxa de desmame”, reconhece Martins. Chaves vem realizando absorções com a raça Ile de France desempenho no confinamento, que os de raça especializada teriam, sendo o cruzamento industrial a solução para o problema”, afirma. Na pastagem serão mantidas borregas e ovelhas da raça adaptada, que serão cobertas pela raça especializada, resultando em cordeiros meio sangue. Com isso, ficará garantida maior produtividade nas fases de cria e terminação, graças à manifestação do vigor híbrido, que vai garantir aos descendentes, velocidade de ganho de peso e carcaças de boa qualidade. Na modalidade de cruzamento triplo as fêmeas meio sangue são aproveitadas como matrizes, sendo cobertas por machos puros de uma terceira raça. As fêmeas meio sangue poderiam provir do cruzamento entre raças mais adaptadas ao meio ambiente, com uma raça de alta aptidão leiteira, buscandose fêmeas 1/2 sangue, com boa habilidade materna, o que vai diminuir sensivelmente a taxa de mortalidade de cordeiros. “Além disso, explica Siqueira, teriam adaptabilidade às pastagens tropicais, sob um manejo mais simples”. Essas matrizes serão cobertas por machos de raças especializadas em produção de carne. Este é um tipo de cruzamento terminal, onde a geração F2, tanto machos como fêmeas, se destina ao abate. Leite em dobro De Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai, mais precisamente da Cabanha Novo São João, de propriedade de David Martins, vem um trabalho que acontece já há quase duas décadas. “Um dia resolvi experimentar o cruzamento Investimento empresarial Já no extremo norte do Brasil a Lanila Agropecuária, localizada no município de Ceará Mirim, a 46 km de Natal, Rio Grande do Norte, está investindo forte na raça Dorper. Atualmente, a empresa possui sete mil matrizes, separadas em minifazendas a cada >>> ago-set/10 14 Reportagem lote de 500 cabeças. “Nosso rebanho já possui um grau elevado de sangue Dorper, sendo a maioria entre ½ e ¾”, informa o seu proprietário, Gustavo Andrade Rocha. Ele conta que a implantação de sua empresa começou há 10 anos e, paralelo a esta iniciativa, também foram adquiridos alguns machos PO da raça Dorper, junto à Empresa de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa). Estes animais também são frutos de cruzamentos, acontecidos há 50 anos na África do Sul e a meta da empresa é constituir um rebanho puro. “O nosso objetivo, visto ser o Brasil um importador da carne ovina, é oferecer um produto de qualidade, com cortes especiais e ocupar um espaço existente no mercado”, justifica. A propriedade possui 1.200 ha, localizada na zona da mata, sendo a maior parte implantada com capim braquiária e 20% de reservas nativas. “Percebemos que a Dorper se adapta melhor com a braquiária, diferentemente de outras raças e, ao mesmo tempo, queríamos dar qualidade ao nosso rebanho inicial de fêmeas deslanadas no qual predomina a Santa Inês”, explica Rocha ao entender que a raça Dorper oferece excelente fertilidade, resistência ao clima da região e uma carne de boa qualidade. “Ainda não atingimos os nossos objetivos, mas estamos chegando lá”, conclui Rocha. Carne e a cadeia produtiva Com a finalidade de atender demandas de produtores e indústria de processamento de carne ovina, em 2004 a Embrapa Pecuária Sul de Bagé, RS, através do pesquisador Nelson R. Manzoni de Oliveira conduziu projeto que pretendia oferecer alternativas de maior produtividade de cordeiros para abate, de alimentação animal e qualificação das carcaças para a indústria. Conforme o pesquisador Sérgio Gonzaga, o trabalho foi dividido em três subprojetos sequenciais e as investiga- Fotos: Divulgação O momento é totalmente favorável para atender às indústrias de processamento ções se desenrolaram nos campos experimentais da Embrapa, no mesmo município, e contou com as parcerias das Universidades Federais de Santa Maria e de Pelotas. A primeira etapa referiu-se à obtenção de fêmeas F1 para serem utilizadas em cruzamentos terminais. “Ovelhas Corriedale e ovelhas Ideal foram inseminadas com carneiros Texel e estas formaram um rebanho para produzir cordeiros tricross, quando inseminadas com carneiros Suffolk”, descreve Gonzaga. Estes cruzamentos foram usados como ferramenta para o aumento do potencial de produção de carne, através da genética. “Eles trouxeram benefícios para os componentes da cadeia produtiva ao possibilitar o incremento dos índices de eficiência dos rebanhos, atuando nas taxas de crescimento dos animais destinados ao abate e na qualidade da matéria-prima para a indústria”, esclarece. Ele enfatiza a ideia de que os cruzamentos devem ser bem planejados. “A nossa proposta foi o de utilizar a técnica para incrementar a produção de carne, mantendo intactas as aptidões produtivas do rebanho, tradicionalmente qualificado produtor de lã”, afirma o pesquisador. A conclusão do trabalho apresentou uma maior produção de cordeiros, redução da idade do abate de 80 a Vieira: sempre na busca da melhor lã 120 dias e carcaças melhoradas, com índice 3 de acabamento e não houve interferência na capacidade dos animais em oferecer lã de qualidade superior. Lã de qualidade O engenheiro agrônomo, especializado em zootecnia, Ricardo Wagner Saraiva Vieira, personagem da história da ovinocultura no Brasil e que deu o nome da hoje conhecida raça Santa Inês, também contribui com experiência nesta área. Ele e mais um grupo de criadores da fronteira gaúcha decidiram pesquisar a absorção da raça Dohne Merino em parte de seus rebanhos. “Inicialmente, enviamos um técnico para a África do Sul com a finalidade de conhecer melhor a raça, os seus predicados e o modo como os animais se comportavam naquele ambiente onde se originaram”, diz Vieira. Terminada esta etapa, os criadores, já de posse das informações, decidiram que era o momento de importar embriões e começar com o projeto de inseminação artificial com seus animais. A Dohne Merino é reconhecida no mundo como uma das produtoras de lã da mais alta qualidade. “É preciso deixar bem claro de que estamos falando de uma lã fina, mas também da sua maciez, tamanho e a propriedade de seu fio, que compõe uma textura especial”, reforça o criador que, em conjunto com os seus colegas, tencionavam realizar a inseminação com as suas ovelhas das raças Ideal e Corriedale. A principal finalidade do grupo é obter lã com as mesmas características da raça sul-africana. “Estamos há dois anos trabalhando neste empreendimento e já chegamos à segunda geração de cordeiros. Além disso, pudemos verificar que este novo animal também ganhou as características de resistência ao foot-root, manifestou uma excelente precocidade, a taxa de desmame subiu, a carne é saborosa, a fertilidade é alta e acontecem muitos partos gemelares”, atesta. Paralelo a este projeto, o criador conta em primeira mão que este grupo já trabalha em um outro programa. “Estamos comprando fêmeas da raça Dohne Merino na Austrália para a produção de embriões que vamos utilizar em nossos rebanhos aqui no Brasil”, divulga Vieira ao destacar que esta estratégia vai diminuir em 50% os custos desse procedimento e possibilitar o incremento nos negócios. A proteção e o marmoreio A Escola Técnica de Agricultura (ETA), localizada no município de Viamão - RS está no processo de experimentação em que os animais das raças Texel, Suffolk e Crioulo estão envolvidos. Na palavra do professor na área de ovinos da instituição, Alexandre Nessy, a pesquisa traz a raça Crioula como uma referência por suas aptidões de rusticidade, qualidades maternas e suculência de sua carne. “Este trabalho tem a intenção de atender, em especial, àquelas cabanhas que realizam a sua criação no sistema intensivo e que apresentam grandes extensões de campo”, informa. A experiência foi conduzida de modo que os carneiros Crioulo fossem cruzados com fêmeas Texel e Suffolk e também houve >>> 15 ago-set/10 Reportagem a cruza com machos Texel com as fêmeas Crioulo. Estas combinações permitiram que as principais características de cada raça se mantivessem em patamares de 25% de Crioulo e 75% das demais. “Levamos em consideração todos os aspectos que conservassem o melhor de cada animal, agregando especialmente o marmoreio característico do Crioulo, que oferece a suculência e a maciez da carne tão apreciada pelos consumidores brasileiros”, enfatiza o professor. Os produtos oferecidos atualmente, explica Nessy, caracterizam-se pela carne com pouca gordura, apreciada pelo mercado americano e europeu, diferentemente dos consumidores do nosso país. “Eu falo da gordura boa, aquela localizada na musculatura do animal e não em outras partes da carcaça, estas sim, têm a preferência de um consumidor carente desse tipo de produto”, finaliza. Pretinho básico Osvaldo Chaves Lima, com o seu registro de número 25 na Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO – é proprietário da Cabanha Lagoas do Horizonte, uma das mais antigas do Brasil, no município Água Doce, Santa Catarina. “Desde 79 venho fazendo absorções com a Ile de France, considerada uma das melhores raças para a produção de carne”, comenta. Ele informa que, há dois anos, iniciou uma pesquisa para constituir um rebanho puro da raça Ile de France, com animais exclusivamente pretos. “Para isso, fomos atrás de machos puros da cor preta; compramos, depois de muito pro- Greidanus tem o apoio do zootecnista Edson Maciel (ao lado) para as pesquisas e experimentos curar, quatro desses exemplares, um em Santa Catarina, dois no Rio Grande do Sul e um em São Paulo e mais 15 fêmeas”, descreve ao comentar que em muitos criatórios, quando os cordeiros nasciam com esta cor, eles eram descartados. Atualmente, a cabanha contabiliza 2 mil cabeças de ovinos, sendo 700 de fêmeas puras e o foco do cabanheiro está orientado para o mercado do Norte brasileiro. “Oferecemos esta raça de animais para um mercado onde predominam pastagens de braquiárias, pois sabemos que este animal se adapta muito bem a situação”, explica Lima. Ele informa que a experiência mostra uma primeira geração com bom desempenho, na qual predominam uma ótima estrutura física, com bom volume de carne e rendimento de carcaça, com partos gemelares na ordem de 160 a 180%. “No sabor da carne não houve mudanças significativas e, dos 100 animais nascidos neste ano, observamos que a precocidade manteve-se nos mesmos patamares”, diz o cabanheiro ao informar que ainda estuda a resistência desses animais de casco preto ao foot-root, e também pretende iniciar pesquisa que inclua a raça Texel preta. Prudente, Lima vem adiando mostrar os seus animais, mas garante que em 2011 vai apresentá-los em algumas feiras. Dorper e Texel Localizada na colônia holandesa de Castrolanda, na cidade de Castro, Paraná, a Fazenda Portão Vermelho desenvolveu trabalho de pesquisa para verificar a possibilidade de melhorar o seu rebanho. Conforme o zootec- nista da Fazenda, Edson Souza Maciel, o trabalho consistiu em cobrir com machos Dorper o rebanho Texel. “Buscamos verificar o grau de heterose desta combinação de raças que chamamos de Dorpex. Para tanto colocamos em confinamento os machos Texel e Dorpex e observamos que este novo animal teve um ganho de peso médio de cinco quilos superior ao Texel”, relata Maciel. Para o dono da propriedade, Taeke Greidanus, este diferencial foi um pouco além das expectativas devido ao fato de que, com este cruzamento, os animais não só ganhavam em peso como também em gordura. “Os animais Dorper são ótimos para dar ganho de carne em raças com baixo rendimento, mas como o nosso nicho de mercado exige um produto com sabor mais delicado e menos gordura, resolvemos guardar nosso projeto e esperar para aplicá-lo num momento mais oportuno”, informou. Hoje, a Fazenda Portão Vermelho se consolidou na criação do Texel e conta com um plantel formado por cerca de 1.300 animais. • Alexandre Nessy buscou solução para as propriedades de grande extensão Informe Publicitário As vantagens do cruzamento com Poll Dorset pernil, o produto resultante terá pernil diferenciado, a cruzar com Poll Dorset, melhorando a carcaça e qualiexcelente comprimento e conformação de carcaça, pro- dade da carne. Isto sem perder a qualidade de sua lã, já duzindo um carré também excelente, um produto que que o Poll Dorset é uma raça semilanada, com lã de cor branca de 23 a 32 micras. pode atingir até R$ 60,00 o quilo. No Uruguai, devido aos Ao cruzar Poll Dorset com Santa ótimos resultados, este Inês, será agregada a maravilhosa cruzamento está se torcapacidade de sobrevivência da raça nando muito comum. Santa Inês à ótima conformação de No rastro do sucesso carcaça e precocidade da Poll DorProdutos resultantes de mães cruza Corriedale x Texel com pais Poll Dorset do cruzamento Poll Dorset. Por serem duas raças de grande set x Suffolk em países habilidade materna e característicomo Austrália e Nova cas reprodutivas, as fêmeas desse Cruza Ideal x Poll Dorset Nos principais criatórios internacionais – AusZelândia, já surgiu uma cruzamento serão excelentes mães trália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e até nova raça, White Suffolk, com uma carcaça exuberanque, acasaladas com outras raças, formarão um ótimo >>> na Europa -, a raça Poll Dorset está servindo como te, de alta valorização no mercado internacional, além e rentável Tricross. complemento de várias raças, completando-as e torAté os criadores de raças especializadas em lã, que de qualidades como rusticidade e precocidade obtidas nando os produtos resultantes dos seus cruzamentos não têm como ponto com a raça Poll Dorset. mais lucrativos para os vendedores No cruzamento com Poll Dorset, é importante forte a qualidade de e mais atraentes ao consumidor. Esdestacar que, por imprimir em alto grau suas caractecarcaça e a produção de tes cruzamentos ocorrem em graus rísticas fenotípicas e genotípicas na sua progênie, as carne, pela queda dos variados de sangue, de acordo com valores internacionais fêmeas F1 já nascem com a características de estro (cio) clima, geografia e alimentação da lã, também passa- o ano todo. disponível em cada região. Assim O Poll Dorset é reconhecido mundialmente pelo saram a investir em crutambém no Brasil, muitos produbor e qualidade de sua carne, característica repassada zamentos. Criadores de tores de cordeiros comerciais estão para os produtos oriundos de seu cruzamento. Outra Merino, Ideal, Corriedadescobrindo as vantagens de cruzar le – identificando a pos- importante vantagem é que animais trazidos para o com Poll Dorset. sibilidade de aumentar Brasil foram adquiridos da cabeceira dos principais No cruzamento com o Texel, por Cruza Poll Dorset x Texel seus ganhos - passaram criadores da raça no mundo: exemplo, raça que possui ótimo Cruza Texel x Poll Dorset - Nova Zelândia: linhagens Adelong, Windermere, Heatherdowns, Glengarry, Goldstream; - Estados Unidos: linhagens Bradford Farms, Riverwood Farms, Myers, McCarthy; - Austrália: linhagens Tatykeel, Polambi, Baringa. O Poll Dorset é uma valiosa ferramenta para a ovinocultura do Brasil e do mundo – leia mais em www. abcpolldorset.com.br. Programação Expointer 2010 - Julgamento: 29/08 - domingo às 9 horas - Leilão: 30/08 - segunda - 18h ago-set/10 16 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS ASSISTÊNCIA AOS REBANHOS DE CRIADORES DE OVINOS -ARCOASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA – 1ª E 2ª CONVOCAÇÕES Pelo presente edital, ficam convocados os associados da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos para a Assembleia Geral Ordinária, a realizar-se no dia 03 de setembro do corrente ano, no auditório da Federacite, no Parque Assis Brasil, em Esteio/RS, às 10h. em primeira convocação, com a presença mínima da metade mais um do corpo social, e às 11h., com qualquer número, conforme estabelece o Capítulo IV do Estatuto vigente, para deliberar sobre o seguinte ORDEM DO DIA : 1- Relatório da Diretoria e Balanço 2- Eleição e posse da Diretoria para o Biênio Social 2010 a 2012. Bagé, 01 de agosto de 2010. PAULO AFONSO SCHWAB Presidente CHAPA ORIENTAÇÃO: DIRETORIA EXECUTIVA PRESIDENTE 1º VICE-PRESIDENTE 2 º VICE-PRESIDENTE 1º SECRETARIO 2º SECRETARIO 1º TESOUREIRO 2º TESOUREIRO CONSELHO FISCAL - TITULAR CONSELHO FISCAL - SUPLENTE Paulo Afonso Schwab Suetônio Vilar Campos Arnaldo dos Santos Vieira Filho Carlos Ely Garcia Júnior Almir Lins Rocha Júnior Paulo Sérgio Soares Teófilo Pereira Garcia de Garcia Wilfrido Augusto Marques Joel Rodrigues Bitar da Cunha Thiago Beda Aquino Inojosa de Andrade José Teodorico de Araújo Filho Ricardo Altevio Lemos Francisco André Nerbass Informe Publicitário Cordeiro Guartelá é mais uma atração em Tibagi A paisagem vista do alto do Vale do Rio Iapó, principalmente ao amanhecer, é surpreendente. A bruma que cobre os campos vai se escoando e, aos poucos, surgem copas de Araucárias ou “Pinheiros-do-Paraná” centenárias e formações rochosas muito interessantes. Sinuosas, altíssimas, irregulares, recortadas em fendas, surgem duas cadeias de montanhas, separadas pelo leito do Iapó. Chegando mais perto o visitante é tomado por um cenário que deixa a respiração em supenso; o Canyon Guartelá, o maior do Brasil, com seus 32 km de extensão. Localizado entre as cidades de Tibagy e Castro possui um ecossistema extremamente rico e inúmeras atrações naturais. São várias as quedas dágua, corredeiras, formações areníticas, vales profundos e inscrições rupestres, que podem ser conhe- cidas através de várias trilhas em meio à flora e fauna muito diversificada e pela prática de esportes de aventura, como o rafting, por exemplo. Depois de passar por todas estas emoções oferecidas pela natureza o turista ainda precisa guardar o fôlego porque a cidade de Tibagi reserva deliciosas surpresas a serem descobertas. Eleita a melhor cidadezinha do Brasil e considerada um centro de referência para a prática de esportes de aventura, Tibagi acaba de lançar mais uma novidade para os amantes do bom paladar. O prato “Cordeiro Guartelá”, originalmente criado pelo restaurante Itagy leva o nome do município para todos os cantos do país. O prato, composto por fatias de cordeiro flambadas na cachaça e aromatizadas com alecrim, é acompanhado de ervilhas tortas e mandioca salsa. “Elaboramos um prato atrativo, diferente e com a cara de Tibagi”, explica Ivo Arnt Filho, proprietário Hotel e Restaurante Itagy. O cordeiro recebeu o nome do cânion que atrai milhares de turistas anualmente a Tibagi e é considerado o maior ponto turístico da cidade. “É um nome muito forte e lembrado no estado inteiro. Os criadores do prato acertaram em cheio ao nomeálo”, afirma a gerente de Turismo de Tibagi, Juliana Nogueira. Segundo ela, o novo atrativo atinge um público diferente. “Quem visita Tibagi hoje procura a cidade por suas cachoeiras, pelo cânion e pelos esportes de aventura. Com o lançamento desse prato iremos receber outro tipo de visitante. O turista gastronômico que valoriza o bom paladar”, finaliza. Paralelamente ao lançamento do novo prato, o restaurante Itagy passou por uma série de modificações. “Fizemos algumas alterações para deixar o ambiente mais aconchegante para o jantar”, garante a administradora do restaurante Simone Arnt. Outra novidade é a elaboração do cardápio tipicamente tibagiano. Desenvolvemos um cardápio com nome de pratos e lendas em Tupi-guarani. Foi a maneira que encontramos para homenagear os povos indígenas que ainda fazem parte da cultura do nosso município”, conta Simone. O “Cordeiro Guartelá” pode ser apreciado de Segunda à Sábado das 18 às 22:30 horas. Mais informações pelo telefone (42) 3275-1373.
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